Desde o desejo de alcançar um mercado maior, reduzir custos de produção ou explorar
oportunidades de crescimento, entre outros, vários são os argumentos que podem conduzir uma empresa à decisão de internacionalização das suas operações. Neste sentido, importa estabelecer uma estratégia, havendo que considerar, para o efeito, a forma de organização detida pela empresa, em particular, as suas capacidades organizacionais e de gestão, sabendo de antemão que a pressão sobre os custos e para a adaptação local serão determinantes para o seu processo de definição. Os professores Christopher A. Bartlett e Sumantra Ghoshal, de origens australiana e indiana, respetivamente, conceberam pela primeira vez, em 1989, um modelo dedicado à atividade das empresas multinacionais, na sua obra Managing Across Borders: The Transnational Solution. Aqui, estatuem a existência de três tipos de forças a condicionar a atividade das companhias multinacionais: forças para a coordenação global; forças de diferenciação local; forças, por último, para a inovação à escala mundial. Nesta última, os autores propõem uma classificação repartida em quatro tipos distintos: i) multinacional, ii) internacional, iii) global e iv) transnacional. Mais tarde, no ano 2000, os autores vêm reconhecer que estes diferentes tipos de classificações podem ser traduzidos em estratégias para consumar o processo de internacionalização. Assim, no modelo de organização multinacional as relações ocorrem entre a sede e as filiais. Há um controlo mais simples, na medida em que é pessoal, informal e complementado com controlos financeiros, também eles simples. As filiais assumem uma posição muito ativa, dotada de responsabilidade e tomando as decisões-chave de forma descentralizada face à sede. Em suma, as operações da empresa no estrangeiro decorrem como uma carteira de negócios independentes. Este modelo potencia a exploração de vantagens próprias da localização e, também nesse sentido, permite a obtenção de um produto diferenciado e um alto grau de adaptação às preferências locais. No modelo de organização internacional as relações são distintas. Há um controlo mais eficaz das operações no estrangeiro, segundo sistemas formais de planeamento e controlo. Neste modelo, o controlo pela sede é mais efetivo, muito embora preveja a existência de recursos, responsabilidades e decisões descentralizadas. As operações fora do plano nacional são então tidas como apêndices de uma atividade central que se radica no país de origem. O modelo global, altamente centralizado, vê e toma as operações estrangeiras como canais de distribuição para um mercado global unificado. Todas, ou pelo menos a maioria, dos ativos, recursos, responsabilidades e decisão ocorrem de forma marcadamente centralizada. Provoca uma padronização dos produtos em todos os mercados em que a empresa se encontra estabelecida, o que gera, inversamente, uma falta de adaptação aos mercados locais. Esta linha de ação encontra-se sujeita a uma enorme pressão para redução de custos, razão pela qual as empresam exploram todas as vantagens de localização de modo a mantê-los num nível reduzido e competitivo. Por último, o modelo transnacional prevê como estratégia-chave a partilha. O conhecimento é desenvolvido em simultâneo e objeto de partilha pela rede global de operações da empresa, cujo controlo é fortemente central. Quanto à forma de atuação, há novamente uma partilha de contribuições, transferindo vantagens além-fronteiras para os polos de operações, dentro de uma natureza dispersa, porém interdependente, e especializada, que aposta numa habilidosa relação sinalagmática entre eficiência global e adaptação local.
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