O impacto das alterações

climáticas na perspetiva
europeia
UC: Dinâmicas Geopolíticas Internacionais
2020
 Plano da apresentação

O fenómeno das alterações climáticas

I Como se manifesta na Europa, em África e no Médio Oriente?

O impacto na perspetiva europeia

II Fatores de tensão e desafios geopolíticos advenientes

Medidas e estratégias de cooperação
União Europeia: reforço do mecanismo de resposta
I
O fenómeno das alterações climáticas

As transformações do meio ambiente permitem atualmente interpretar

e prever alguns dos futuros resultados com impacto na economia,
saúde, biodiversidade, ecossistemas, bem-estar humano e até
segurança.

Naturalmente, esse impacto não será geograficamente uniforme

 Como se manifesta na Europa
Ártico
• Aumento de temperatura muito superior à
média mundial;
• Perda de biodiversidade;
• Riscos para subsistência das populações
locais.
Região Montanhosa
• Aumento da temperatura superior à média europeia;
• Risco elevado de extinção de espécies, pragas florestais,
queda de rochas e deslizamentos de terras;
• Risco para turismo de desportos de inverno

Região Boreal
Região Continental
• Condições meteorológicas extremas;
• Risco de pragas florestais;
• Menos chuva no verão e
• Tempestades de inverno destrutivas
• Risco elevado de cheias fluviais e incêndios florestais;
Região Atlântica
• Risco de temperaturas de inverno
destrutivas;
Região Mediterrânica
• Competição pelos recursos hídricos;
• Ocorrência de condições
• Dificuldades na produção de energia;
atmosféricas desfavoráveis;
• Efeitos adversos na maioria dos setores económicos;
• Mortalidade causada por vagas de calor;
Zonas Costeiras e Mares • Aumento de possibilidade de transmissão de doenças
• Subida do nível do mar; através de insetos
• Migração de espécies marinhas para
norte; Elevada vulnerabilidade aos efeitos indiretos das
• Zonas marinhas mortas;
alterações climáticas fora da Europa
• Risco acrescido de doenças
transmitidas pela água.
 Como se manifesta em África
Zonas costeiras e mares
• Aumento do nível médio do mar de 5 mm ao ano
(superior à média global: 3-4 mm);
• A costa ocidental será a mais afetada, com a
degradação e erosão costeira;
• Cerca de 56% das costas do Benim, Costa do
Marfim, Senegal e Togo a sofrerão erosão
Região Sul
• A tendência para maior aquecimento e menos
precipitação;
• Eventos extremos, como o ciclone tropical Idai,
que atingiu Moçambique em 2019;
• A região do corno de África é especialmente
vulnerável, tanto aos efeitos das alterações
climáticas, como à ocorrência de conflitos
Região Norte / Deserto do Saara
• Entre 2020-2024, o aquecimento no continente, com
especial incidência nas regiões norte e sul, será
contínuo e acompanhado de uma diminuição da
precipitação.
• Deserto do Saara registou um aumento de 10% em 100
anos
Região continental
• Temperaturas a subir mais rapidamente do que a
temperatura média global da superfície da Terra;
• Na região subsariana prevêem-se - devido ao calor,
seca e aumento de danos causados por pragas,
doenças e inundações – riscos para a agricultura,
com destaque para a redução do rendimento da
produção de arroz (12%) e trigo (21%) até 2050
 Como se manifesta no Médio Oriente

Israel, Palestina e
Turquia, Iraque, Síria e
Jordânia
Arábia Saudita
• Previsão de que o caudal dos rios
Jordão (Israel) e Yarmuk
(Jordânia) diminua
Previsão de fortes perturbações no
substancialmente;
• Região já marcada por uma forte abastecimento de água,
escassez hídrica, prevendo que acompanhados do aumento médio
restrições no acesso à água se
intensifiquem; da temperatura e escassez de

• Aumento do aquecimento e chuvas.

diminuição da precipitação;
Water Stress
Fonte:
World Resources Insitute
I
I
O impacto na perspetiva europeia
Fatores de tensão e desafios geopolíticos

Regiões já com diversas Por isso,as alterações climáticas, devem ser

=
fragilidades encaradas como um multiplicador de
ameaças que agrava tendências, tensões e
Inflamadas pelo efeito das
+ alterações climáticas
instabilidades existentes

A multiplicação de conflitos e Quais são os fatores de tensão gerados neste

+ instabilidade contexto e quais os desafios que se colocam à
Europa no plano das dinâmicas, comportamentos e
Desestabilização geopolítica sem interações decorrentes da sua inserção no conjunto
+ precedentes geopolítico mediterrânico?
 O impacto na perspetiva europeia
Prejuízos e riscos económicos
para urbes costeiras
• 1/5 da população mundial, número
que tende a aumentar, habita nas
regiões costeiras do globo;
• A subida do nível do mar e
ocorrência de fenómenos extremos
compromete aglomerados
populacionais e estruturas
económicas instaladas nessas regiões
Conflito em torno do acesso a recursos
• A queda da atividade agrícola gerará / agravará insegurança alimentar;
• Aumentará insustentavelmente os preço dos alimentos;
• Escassez no acesso a água pode conduzir a agitação civil e perdas
económicas
Migração por motivos ambientais
• Aumentará a vulnerabilidade das populações que já vivem
em más condições sanitárias ou económicas marcadas por
elevadas taxas de desemprego e até de exclusão social, o que
levará a um aumento dos fluxos migratórios e a Europa é
dos destinos mais visados.
Perda de território e litígios
fronteiriços
• Expetável desaparecimento de territórios
insulares, por submersão, como o Tuvalu
e Kiribati;
• A forte desertificação irá desencadear
não só fenómenos migratórios em massa
como outros conflitos territoriais e
fronteiriços, colocando em causa a
estabilidade política nacional e regional.

Risco de radicalização política Tensões pela corrida energética

• Estados fragilizados e perante incapacidade de proteção ou resposta às necessidades
das populações, podem evoluir para contextos de tensão entre diferentes grupos
étnicos e religiosos no seu interior bem como para uma radicalização política, com
efeitos desestabilizadores a nível regional.
• Como grande parte das reservas de hidrocarbonetos se encontram em zonas
vulneráveis às alterações do clima (Médio Oriente), despoletará uma corrida
fortemente concorrencial em torno dos recursos;
• Pode até provocar o aumento de uso de energia nuclear, contrariando
preocupações relativas à respetiva proliferação.
A Europa, inserida no conjunto
mediterrânico, tem na sua
periferia o Norte de África e o
Médio Oriente, duas regiões
altamente vulneráveis
 O impacto na perspetiva europeia

Grandes desafios geopolíticos

Instabilidade no próprio território Movimentos migratórios em Abastecimento e dependência

europeu (IMEDIATO) massa (MEDIATO) energética (SEM IMPACTO)

A segurança interna do continente Poderia colocar-se em causa com
O próprio espaço europeu as (expectáveis) altercações futuras
(principalmente no Sul e Sudeste), não ficará indiferente a elevados
contingentes de migrantes que na região do médio oriente, porém,
sofrerá eventos climáticos extremos, parecem não existir riscos de maior
diminuição de rendimentos de culturas, fogem de condições climáticas
extremas, ficando, muitas delas, associados, uma vez que o grosso
de biodiversidade, fomentando o do abastecimento de energias
surgimento de doenças infeciosas, tudo sem a mínima habitabilidade, o
que também exclui qualquer primárias e produtos derivados
isto potenciais ameaças para a saúde, (gasóleo/óleo diesel) é assegurado
economia, bem-estar humano e possibilidade de refoulement.
pela Federação Russa.
segurança da região.
 O impacto na perspetiva europeia

Medidas e estratégias de cooperação

Diferentes vias pelas quais a Europa poderá preparar e responder às dinâmicas
decorrentes das fragilidades e desafios já analisados

Medidas de sustentabilidade
económico-social
• Cumprir metas para
neutralização carbónica 2050;
• Adaptação da economia à
urgência climática (Pacto
Ecológico Europeu + missão
Horizonte Europeu)
Cooperação com países em risco
• UE é já o maior fornecedor mundial de
ajuda aos países em desenvolvimento;
• UE e Banco Europeu de Investimento
maior fornecedor de financiamento
público climático;
• Fornecimento de assistência técnica e
aconselhamento político para
cumprimento estratégias do Acordo de
Paris
Cooperação com principais atores
• Cumprimento exemplar de metas;
• Ação diplomática global e permanente de
convergência entre os maiores emissores;
• Investigação e sensibilização dos maiores
organismos multilaterais;
• Estimular partilha permanente de
conhecimentos, informações estratégicas e
monitorização de ameaças, com base em
observatório sediado na Europa
O impacto na perspetiva europeia

UE: Reforço do mecanismo de resposta

A UE é um ator cuja identidade e estratégia se baseia numa forte aversão ao

risco: 79% (2019, pré-pandemia) dos cidadãos da UE consideram as alterações
climáticas “um problema extremamente grave”

Forte indicador de que a UE tenderá a Assim, tudo indica que tentará

procurar mais estratégias cooperativas aprofundar e ser consequente com
conjuntas, do que a direcionar-se para o as medidas ou ações já aludidas
confronto ou unilateralismo
atrás
O impacto na perspetiva europeia

UE: Reforço do mecanismo de resposta

Contudo, e antecipando o cenário de crise, fará sentido criar um mecanismo de proteção
civil e ecológica, destinado à prevenção e reação imediata a contextos de catástrofe,
humana ou ambiental, operando em todo o território da União

Responder, com grau de Desenvolver programas de

prontidão imediato e auxílio e fiscalização
permanente, a todas as Uma força operacional, preventiva de estruturas
situações de: com estrutura e e outros planos
• emergência civil ou comando próprio da destinados a enfrentar os
ecológica assim como União, capaz de: desafios advenientes das
• proteção social e alterações climáticas
socorro humano
 “(…) apesar do período de paz europeia sem precedentes que
Que benefícios traz a
dura há mais de 65 anos e apesar dos problemas e dificuldades
unidade da Europa? que ainda teremos de ultrapassar,

é a paz.”
Helmut Kohl, 1998

(último líder alemão a ter vivido durante a II GM)

Obrigado