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Bem X Mal
Nos contos de fadas o mal é tão presente quanto o bem. Isso por algum
tempo assustou adultos que optaram por banir os contos de fadas da educação das
crianças.
Se nosso medo de ser devorado toma a forma tangível de uma bruxa, podemos
nos livrar dele queimando a bruxa no fogão. Mas estas considerações não
ocorrem aos que baniram os contos de fadas (BETTELHEIM, 2000, p.151).
O adulto, muitas vezes, quer que a criança aceite a sua visão de mundo
e que pense “racionalmente”. E acredita que isso acontecerá se mantê-la longe da
fantasia.
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Portanto, não é negando o “lado negro” de todos nós que a criança será
instrumentalizada a lidar com ele e muito menos esse aspecto deixará de existir.
Por isso, a divisão feita nos contos de fadas, onde a mãe é sempre boa
e a madrasta é sempre má é muito importante para a criança porque ela se permite
“odiar” a figura da madrasta, sem culpas. Ou seja, a imagem da “mãe boa” é
preservada. Muitas vezes, a criança separa mesmo cada um de seus dois pais em duas
pessoas, uma boa e uma má, não tendo nada de comum entre si.
Quando uma história não tem final feliz (como alguns contos de
Andersen, por exemplo) não promovem na criança o “escape” e o “consolo”, ou seja, a
criança não se sente forte para enfrentar a vida, pois não lhe dizem da chance do
sucesso. Ao contrário, nos contos tradicionais, onde o final é sempre feliz, a criança
sente-se satisfeita em seu desejo de justiça.
Assim, o final feliz dos contos auxiliam para a formação de uma crença
positiva na vida.
O conto de fadas não deixa dúvidas na mente da criança de que a dor deve ser
suportada e que as chances arriscadas devem ser enfrentadas, pois deve-se
adquirir a própria identidade, e, apesar de todas as ansiedades, não há dúvidas
quanto ao final feliz (BETTELHEIM, 2000).
A criança, como todos nós, está a todo momento num tumulto de sentimentos
contraditórios. Mas enquanto que os adultos aprenderam a integrá-los, a
criança é esmagada por estas ambivalências dentro de si mesma. Experimenta
a mistura de amor e ódio, desejo e medo dentro de si mesma como um caos
incompreensível (BETTELHEIM, 2000, p.91).