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INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO,CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO PARÁ

CAMPUS CONCEIÇÃO DO ARAGUAIA


INFORMÁTICA APLICADA À HISTÓRIA- TURMA ND
Professor: Ailvan Nascimento Tenório
Edna Silva Morais
Izabel da Silva Nunes
Valdirene Almeida Nogueira

ATIVIDADE AVALIATIVA
A PRESERVAÇÃO DA HISTÓRIA
PRESERVAÇÃO E RESTAURAÇÃO DE PRÉDIOS HISTÓRICOS
GRUPO - 03

CONCEIÇÃO DO ARAGUAIA – PA
Junho de 2023
A preservação do patrimônio histórico teve início como
atividades sistemáticas no século XIX, após a Revolução Francesa e a
Revolução Industrial, inicialmente para restaurar os monumentos e edifícios
históricos destruídos na guerra..
O termo patrimônio histórico cultural diz respeito a tudo aquilo
que é produzido, material ou imaterialmente, pelo ser humano e que definimos
como cultura de uma sociedade. De acordo com sua importância, em geral, deve
ser preservado por representar uma riqueza cultural para a comunidade e para
a humanidade.
A valorização do patrimônio histórico cultural é a valorização da
identidade que molda as pessoas. Por isso, preservar as paisagens, as obras de
arte, as festas populares, a culinária ou qualquer outro elemento cultural de um
povo, é manter a identidade desse povo.
Preservar o patrimônio histórico e arquitetônico é manter viva a
memória de uma cidade, de um país. Um povo que não preserva sua história
dificilmente conseguirá planejar o seu futuro. O patrimônio construído e
preservado é um ativo urbano de fundamental importância para as futuras
gerações.
O objetivo principal é assegurar que este marco histórico seja
preservado, para que sirva como um objeto de transmissão de história, tradição
e conhecimento para que as gerações futuras aprendam com o passado e
possam preservar sua identidade cultural.
O tombamento de bens materiais e imateriais é uma das
maneiras de manter vivas as riquezas, memórias e histórias de um país. Quando
um bem é tombado, ele passa a estar, a partir de então, sob a proteção integral
do poder público e não pode ser destruído ou descaracterizado.
O Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) é
uma autarquia federal vinculada ao Ministério da Cultura que responde pela
preservação do Patrimônio Cultural Brasileiro.
Para que essa memória seja preservada, é preciso conservar
fotos, documentos, objetos e organizar os registros dos fatos. Os erros e acertos
do passado ajudam a entender o presente e a planejar ações futuras.
PRESERVAÇÃO: Noções de Preservação, Fatores de
deterioração
Os suportes modernos apresentam, desde a sua produção,
fatores intrínsecos de deterioração, pois existe pouco cuidado com a sua
durabilidade. O papel moderno, por exemplo, é ácido e frágil, um disquete dura
poucos anos e uma fotografia colorida perde rapidamente suas cores. Existem
também fatores extrínsecos que, isolados ou conjugados, ocasionam a
deterioração dos documentos, qualquer que seja o seu suporte.

São fatores extrínsecos:

• umidade e temperatura;
• radiações luminosas;
• poeira e poluição atmosférica;
• ataques biológicos (insetos e microrganismos);
• catástrofes (enchentes, incêndios);
• manuseio e acondicionamento inadequados.

A deterioração dos documentos pode ser controlada ou


amenizada com a adoção de medidas preventivas, capaz de prolongar a vida
dos documentos e garantir o acesso às informações que eles contêm.

Como deve ser o ambiente de guarda

O local de guarda dos documentos deve ser muito limpo. O


acúmulo de pó no ambiente favorece o desenvolvimento e a proliferação de
microrganismos, prejudicando tanto a integridade dos documentos quanto a
saúde das pessoas. Deve ser realizada sistematicamente a higienização das
estantes, dos armários e do chão, com aspiradores e panos levemente
umedecidos, de forma a não dispersar o pó.

Nunca devem ser consumidos alimentos e bebidas nas áreas de


trabalho e de guarda de documentos. Restos de comida e migalhas atraem
roedores e insetos que atacam os documentos, e os líquidos podem facilmente
ser derramados, sujando papéis ou danificando equipamentos.
É proibido fumar nas áreas de trabalho e de guarda de
documentos. Além da questão da segurança, os resíduos químicos da fumaça
causam danos aos documentos.
A área de guarda de documentos deve ser mantida com índices
de 20ºC de temperatura e 50% de Umidade Relativa do Ar. Altos índices de
temperatura e umidade são extremamente prejudiciais aos documentos. Esses
fatores aceleram processos químicos de deterioração, além de permitir a
proliferação de pragas (insetos) e o ataque de microrganismos (fungos e
bactérias). Atenção especial deve ser dedicada aos filmes, fotografias, negativos
e microfilmes, que são facilmente atacados por fungos.
Ambientes muito secos determinam a perda da umidade dos
materiais. O papel, por exemplo, se torna quebradiço e frágil.
Estantes, mapotecas e armários devem ser de metal com
revestimento à base de esmalte e tratados por fosfatação para evitar ferrugem.
É contraindicado o uso de mobiliário de madeira, que pode ser atacado por
cupins e outros insetos que causam danos ao papel. Recomendam-se móveis
adequados ao tipo e ao tamanho dos documentos.
A entrada de luz solar deve ser controlada com filtros UV nas
janelas, ou com cortinas e persianas. O mobiliário deve ser posicionado de forma
que não receba luz direta. As radiações luminosas são fatores de deterioração
de documentos, causando alterações físico-químicas na estrutura do papel, das
tintas, das fotografias e do couro da capa dos livros. As luzes solar e artificial
emitem diversos tipos de radiações, sendo que as radiações ultravioleta estão
entre as mais prejudiciais. A emissão desse tipo de radiação, existente
principalmente nas lâmpadas fluorescentes, pode ser controlada com filtros
especiais.
Manuseio

As mãos devem ser lavadas no início e no final do trabalho. É


comum que os dedos estejam sujos de tinta, manchando o papel. A gordura
natural existente nas mãos também danifica o documento ao longo do tempo.
Ao consultar livros ou documentos, não apoiar mãos e cotovelos.
Recomenda-se sempre manuseá-los sobre uma mesa.
Cuidar para não rasgar o documento ou danificar capas e
lombadas ao retirá-lo de uma pasta, caixa ou estante.
Ao retirar um livro da estante, é preciso segurá-lo com firmeza
na parte mediana da encadernação. Retirar um livro puxando-o pela borda
superior da lombada ocasiona danos na encadernação.
Não dobrar ou rasgar os documentos, pois o local em que ele é
dobrado resulta em uma área frágil que se rompe e rasga facilmente.
Evitar o uso de grampeador. Além das perfurações produzidas,
os grampos de metal enferrujam rapidamente.
Evitar o uso de clipes de metal em contato direto com o papel.
Utilizar de preferência clipes plásticos ou proteger os documentos com um
pequeno pedaço de papel na área de contato.
Não usar fitas adesivas diretamente sobre os documentos. Esse
tipo de cola perde a aderência rapidamente, resultando em manchas escuras de
difícil remoção.

O uso de cópias (fotocópias) de documentos é contraindicado:


• as máquinas copiadoras, que operam com luz
ultravioleta em grande intensidade, causam danos tanto ao papel
como à tinta do documento original;
• o manuseio inadequado na operação das
máquinas copiadoras pode ocasionar dobras e rasgos nos
documentos (no caso de encadernados, pode danificar a costura e
a lombada).
Acondicionamento

Em sua maioria, as caixas e pastas disponíveis no mercado são


feitas de papéis e papelões ácidos e apresentam elementos prejudiciais, como
lignina e enxofre. A acidez, considerada um dos piores fatores de deterioração
do documento ao longo do tempo, tem a característica de migrar pelo contato.
Ou seja, uma embalagem confeccionada com material de má qualidade
fatalmente irá ocasionar danos aos documentos nela acondicionados. Diante
disso, deve-se ter especial atenção no momento da escolha dos materiais para
a confecção de embalagens. Recomenda-se utilizar papéis e papelões com pH
alcalino e livres de lignina.
Recomenda-se, ainda:
• Analisar as melhores opções de embalagens;
• Adotar diversos modelos de caixas, envelopes,
folders, pastas, etc.;
• Considerar, na definição da melhor forma de
acondicionamento, o tamanho e o tipo de documento, o espaço
disponível, os custos e o tempo de guarda;
• Considerar, como solução de
acondicionamento, as pacotilhas, que devem ser feitas com papel
de boa qualidade e amarradas com cadarço de algodão;
• Jamais utilizar barbantes ou elásticos que
cortam e danificam a embalagem e os documentos ali
acondicionados;
• Utilizar pastas com prendedores e hastes
plásticas;
• Evitar fixadores de metal, que enferrujam
facilmente e danificam o documento;
• Usar embalagens de tamanho maior que o
documento, para não o dobrar ou amassar;
• Não acondicionar documentos acima da
capacidade da pasta ou da caixa.
TECNOLOGIA E PRESERVAÇÃO DO PATRIMÔNIO
Um resgate do patrimônio cultural através da tecnologia

Apesar de tamanha importância, o patrimônio cultural na maioria


das cidades contemporâneas vem sendo ameaçado nas últimas décadas. No
contexto brasileiro, por exemplo, a falta de manutenção e conservação das
arquiteturas históricas e equipamentos culturais os comprometem ao risco de
desabamento ou casos de incêndios, como o caso recente da Cinemateca
Brasileira, em São Paulo. O descaso na gestão e manutenção da construção
foi um dos principais motivos pelo incêndio do edifício que eliminou um acervo
precioso da arte e audiovisual e que jamais poderá ser recuperado.
A descaracterização dos edifícios patrimoniais também é
comum na maioria dos centros urbanos, ameaçando não só a conservação da
herança sociocultural como toda a estética histórica de determinada região da
cidade. A falta de uma educação patrimonial somada às dificuldades de
tombamento das construções acaba resultando em roubos ou destruição de
partes características de casarões, igrejas e outros monumentos da cidade, ou
até a sua total transformação e adaptação a novos usos.

Alternativas inteligentes na preservação do patrimônio


cultural
Nos últimos anos, as tecnologias da informação e comunicação
vêm sendo aplicadas para contribuir com a educação patrimonial, o registro e
documentação e consequente conservação do patrimônio cultural. Nesse
sentido, a tecnologia se estabelece como ferramenta auxiliar que complementa
as políticas de preservação do patrimônio, fortalecendo a memória e identidade
das cidades e de seus habitantes]. Essa pesquisa, destacam quatro alternativas
inteligentes para a preservação do patrimônio cultural, pelas autoras Dutra e
Porto, sendo elas:

1) Técnicas de digitalização 3D
Se refere às representações tridimensionais, realidade
aumentada e modelagem virtual dos acervos e objetos do patrimônio através da
digitalização 3D. O registro virtual do patrimônio auxilia a preservação da
herança cultural, uma vez que compõe um banco de dados digital, com
dimensões, materiais e formato das peças dos acervos culturais, armazenando
essas informações de forma mais segura e precisa do que em meio analógico.
Com esses dados é possível, por exemplo, a construção de réplicas das obras
ou até a reconstrução dos bens originais.
Além do mais, a digitalização dos acervos compõe a criação de
coleções virtuais, acessíveis também em plataformas online para a população.
Dessa forma, o registro do patrimônio no meio digital contribui para a
disseminação do conhecimento e memória social, principalmente em relação às
pesquisas e à educação patrimonial das novas gerações, cada vez mais
conectadas.
O Laboratório de Arquitetura e Urbanismo, da Universidade
Federal de Mato Grosso, realiza diversos trabalhos neste âmbito. Em um de seus
projetos, a equipe digitaliza peças que integram o acervo do Museu de Arte
Sacra de Mato Grosso por meio da modelagem tridimensional ou técnicas de
fotogrametria digital, permitindo a construção de réplicas e reconstrução dos
objetos com impressões 3D.

2) Building Information Modeling (BIM)


A tecnologia BIM se refere a um modelo de informação para
edificações, permitindo o acesso aos dados sobre as construções de forma
precisa, ágil, organizada e consistente, desde a sua fase de planejamento e
construção até a manutenção e restauro.
As informações das edificações junto ao BIM geram arquivos
eletrônicos que auxiliam na gestão da preservação do patrimônio. O
acompanhamento dos dados através do recurso BIM pode resultar, por exemplo,
em um mapa de danos do edifício ou um diagnóstico do estado de conservação
do acervo, que ajudam a determinar as diretrizes de intervenção no edifício para
lidar com problemas estruturais, de irregularidade elétrica, etc. [2], evitando os
possíveis danos e riscos ao patrimônio cultural.

3) Aplicativos para gestão participativa


A alta conectividade da população torna-se um aspecto
favorável à criação de aplicativos com recursos de crowdsourcing que fomentam
a troca de informações entre as pessoas em tempo real. Com os aplicativos,
visitantes de museus, por exemplo, podem notificar alertas do estado de
conservação das obras em exposição; cidadãos e turistas conseguem indicar a
necessidade de reparo e manutenção de monumentos implantados na cidade.
A troca de informação sobre o estado de preservação do
patrimônio em tempo real entre os usuários dos aplicativos instiga a
conscientização da importância da preservação, tornando as pessoas mais
vigilantes e interessadas no assunto e, portanto, mais participativas no
desenvolvimento da memória e identidade social.

4) Sensoriamento do ambiente
Refere-se à aplicação de sensores para capturar e monitorar
dados do ambiente construído ou dos objetos do acervo, atuando como um
dispositivo de segurança adicional do patrimônio cultural. É muito comum, por
exemplo, a utilização de sensores que permitem acompanhar a temperatura das
salas de museus para a conservação de seu acervo.
Atualmente, há uma série de diferentes tipos de sensores, como
os de luminosidade, radiação ultravioleta, condensação em parede, qualidade
do ar e detectores de incêndios]. Em sua maioria, os sensores se conectam em
uma rede e utilizam recursos como a Internet das Coisas e análise e
armazenamento de dados.

ESTUDO DE CASO - PATRIMÔNIO HISTÓRICO

PRESERVAÇÃO E RESTAURAÇÃO DE PRÉDIOS HISTÓRICOS

Patrimônio Histórico, Preservação

Os edifícios históricos narram a história e o desenvolvimento das


cidades e a sua preservação é fundamental para proteger a memória e o
passado, como herança para as gerações futuras. Ao invés de serem demolidos,
eles devem ser protegidos, pois são evidências do estilo de vida e da cultura das
pessoas que neles vivem ou nos seus arredores. A importância da preservação
de um patrimônio histórico, portanto, implica a construção da identidade de uma
sociedade.
Dentro dessa temática iremos apresentar dois estudos de caso,
sendo um regional e outro em nível nacional:
• A catedral de Santíssima Conceição do Araguaia - PA
• Igreja de São Francisco de Assis em Mariana - MG

Igreja Matriz de Conceição do Araguaia

O patrimônio cultural edificado abordado neste texto é a Igreja


Matriz de Conceição do Araguaia, construída sob a direção dos missionários
dominicanos nos idos da primeira metade do século XX.
A pedra fundamental foi colocada no dia de todos os santos em
1º de novembro de 1917. De acordo com Luz (2011, p. 141) “D. Domingos teve
o prazer e o consolo de benzer e colocar a pedra fundamental da construção da
monumental Igreja Catedral de Nossa Senhora da Conceição”.
O autor segue a narração dos acontecimentos daquele dia
histórico para os conceicionenses celebrado pelo Bispo D. Domingos Carrerot
Após ler a Ata de construção da igreja matriz D. Domingos
colocou o documento dentro de uma garrafa e, após lacrá-la devidamente, esta
foi colocada numa urna feita por Frei André, com meio metro de profundidade,
no local onde seria o altar mor, sob o primeiro arco do fundo da igreja. A manhã
estava bastante quente. O dia, imensamente claro, D. Domingos finalizou aquela
cerimonia com estas palavras :
“Meus filhos, até o sol, com sua claridade e calor, convida a todos nós a
sermos fervorosos, cheios de fé e coragem na construção da Matriz de N. Senhora da Conceição,
a mãe da justiça, da paz e do amor” (LUZ, 2011, p. 141).
O dominicano Frei André Blatgé foi o arquiteto responsável pelo
projeto arquitetônico. Já havia construído obras semelhantes como o Colégio
Nossa Senhora das Dores em Uberaba, a Igreja Matriz da cidade de Porto
Nacional e a Capela do Colégio Santa Rosa de Lima, inaugurada em 1916, um
ano antes do inicio da construção da Igreja matriz. São de autoria de Blatgé,
segundo Luz (2011, p. 140) a construção do Colégio Santa Rosa e o sobrado
para a residência dos padres, conhecido como Convento dos Dominicanos.

O material usado na construção foi retirado da própria região. A


pedra calcária era retirada do leito de um ribeirão, carregada no lombo de quinze
burros adquiridos por Blatgé, depois eram embarcadas em canoas e ubás até a
margem esquerda do rio de onde era desembarcada e carregada até o forno,
onde era queimada e peneirada. Após esse processo eram ensacadas e
carregadas até o local da construção.
As pedras usadas nos alicerces e nas colunas eram extraídas
de cachoeiras da região. Luz (2011, p. 143) relata que “várias ubás e canoas,
passavam o dia inteiro carregando pesadas pedras e depositando na beira do
rio. Dali, as pedras mais pesadas eram carregadas no lombo dos muares e as
mais leves eram transportadas por homens e mulheres do povoado”, entre
religiosos, indígenas e moradores vindos de outras regiões para morar em
Conceição.
Os tijolos eram fabricados em olarias montadas por Blatgé. A
madeira também era retirada da mata, abundante na época.
Além de voluntários e dos próprios religiosos e indígenas,
segundo Luz (2011, p. 143-4)
Haviam operários que trabalhavam na construção da igreja eram
relativamente bem pagos. A diária das 6 às 18 horas, era paga num valor de 600
réis para os qualificados e 300 réis para os ajudantes. Essas diárias viriam a
melhorar bastante a partir de 1920, quando o administrador Frei Sebastião
Tomás, substituto de D. Domingos, conseguiu uma verba para o término dos
trabalhos.
(...)Foram empregados em toda a construção, o valor de cento e
cinquenta e dois contos de réis. (...).
Fotografia da parte interna da catedral

Fonte: : imagem cedida por Ana Mourão, junho de 2019

A solenidade de inauguração da Catedral ocorreu no dia 08 de


dezembro de 1934, 17 anos após o inicio da construção. Estavam presentes
representantes de instituições religiosas, políticas e população do povoado.
A procissão partiu da antiga igreja (hoje Seminário S.
Domingos), conduzindo a imagem de Nossa Senhora da Conceição para a nova
matriz. Era grande a multidão de féis. Entoavam cânticos em despedida da
antiga igreja (...).
Aglomerados dentro da nova igreja, as autoridades eclesiásticas
e os demais presentes, assistiram embevecidos à benção da matriz pelo Sr.
Bispo D. Sebastião Tomás. O cortejo acompanhava a cerimonia por todo o
interior da igreja (...). (LUZ, 2011, p. 144-5).
Construída em estilo gótico Francês e de frente para o Rio tem
uma torre terminada em estilo de castelo, no centro da torre possui um relógio
com algarismos romanos, adquirido por D. Sebastião Tomás no sul do país e
inaugurado em 1940. Foram padrinhos do relógio o casal Joaquim de Sousa
Lima e Julieta Maranhão.
centro da torre, um relógio com algarismos romanos

Tem um sino que também veio do sul do país e que foi


inaugurado em 1939. Esse sino veio pelo bispo e teve como padrinhos o Cel.
Benedito Gonçalves Rocha e Joana Ribeiro Rocha. O sino era considerado como
a voz de Deus e foi dito por D. Sebastião: “O sino é a voz de Deus e a voz de
Deus nos chama quando é preciso”.

O patrimônio tem um valor cultural para a memória e história de


Conceição do Araguaia, na medida em que perpassa as trajetórias individuais e
coletivas dos moradores da cidade. O traçado urbano que deu início ao povoado
é marcado pela lógica de organização do espaço trazidas pelos dominicanos.
Neste sentido, invariavelmente a identidade do povo desse território social
evidencia experiências vividas no lugar de memória e comemoração fundada
pelos religiosos .
PATRIMÔNIO HISTÓRICO, PRESERVAÇÃO

PATRIMÔNIO E CIÊNCIA ALIADOS À HISTÓRIA SOCIAL

Igreja de São Francisco de Assis, Mariana - MG

O passado, cada vez mais, vai de encontro ao presente. Da


modernidade até os patrimônios históricos, mais que preservação em si, a
ciência se faz presente no auxílio do processo de conservação de um contexto
social, fazendo com que o tempo não apague o que a natureza ou humanidade
se empenharam em criar.
Para o processo de conservação, técnicas minuciosas
participam como verdadeiros ciclos de movimentos que, unidos, proporcionam a
volta da sutileza de detalhes dos patrimônios da humanidade. Mas sempre fica
a dúvida: Por que alguns monumentos duram mais do que outros?
Minas Gerais por ser o berço de muitos fatos que marcaram a
história mundial, o estado possui algumas cidades históricas, como Ouro Preto
e Mariana, que mantêm construções antigas, que devido ao tempo e outras
condições, acabam se degradando.
Trecho do decreto

Em 30 de novembro de 1937, foi aprovado pelo presidente


Getúlio Vargas, o Decreto-Lei nº 25, que organiza a proteção ao patrimônio
artístico e cultural do Brasil. Com isso, órgãos de proteção acabaram surgindo
aos poucos, como o Instituto de Patrimônio Histórico e Artístico Nacional –
IPHAN, que desenvolve vários trabalhos na área como a preservação,
divulgação e fiscalização dos bens culturais brasileiros.
Segundo o responsável pelo acervo histórico do IPHAN da
cidade de Mariana (MG), Cássio Vinícius Salles, algumas obras e prédios já se
submeteram a reestruturação, contando com materiais químicos e misturas de
produtos que foram utilizados na época de suas construções. Tentativa que
surtiu efeito durante a reforma da Igreja Nossa Senhora do Carmo, de 1784, que,
após o incêndio em 1999, passou por grandes recuperações, até ser totalmente
reformada e aberta ao público após alguns anos.
Igreja de São Francisco de Assis em Mariana, antes e depois do
Incêndio
Processos construtivos

A Fundação de Arte de Ouro Preto (FAOP), órgão do estado,


proporciona diversas atividades com o intuito de fomentar as ações artísticas
que envolvem a restauração de bens históricos. Para Sérgio Nonato, Técnico em
Cultura e aluno da instituição, vários fatores interferem no processo de
deterioração dos patrimônios históricos: “Estão relacionados o clima,
intemperismo químico, ação humana, falta de conservação, intervenções
inadequadas e até mesmo falta de manutenção do bem”, afirma.
No entanto, muitas pessoas preferem valorizar mais a
conservação dos bens pelos quais gastaram o dinheiro, do que monumentos
públicos. “Uma casa toda fechada vai deteriorar muito mais rápido do que uma
do mesmo estilo construtivo, do mesmo material, que tiver uma função. Então,
a primeira coisa é atribuir uma função a um bem.” exemplifica Nonato

Igreja de São Francisco de Assis em Mariana

Iniciativas de fomentação para manter o uso de técnicas do


passado surgem a todo momento na fundação. Tatiana Xavier, coordenadora do
Núcleo de Ofícios, ressalta que oficinas são oferecidas para ensinar as técnicas
que foram utilizadas durante o processo de construção dos monumentos. Entre
os objetivos está o de formar as pessoas e mostrar a importância do processo
construtivo, para que os participantes possam atuar na manutenção dos bens
em Ouro Preto.
Com intervenções significativas, a ciência por meio de pesquisas
e produtos químicos, contribui para o desenvolvimento de maneiras para garantir
a existência do patrimônio. O técnico conclui que “a ciência sempre está
facilitando a conservação dos bens, em suas diversas áreas, só tem trazido
benefícios, principalmente na parte dos diagnósticos”. Sobre o papel negativo
da ciência, salienta ainda que alguns materiais recentes podem não surtir o efeito
desejado a longo prazo.

Política de preservação cultural

A fim de conservar a história de um povo – que por vezes se


reflete em seus costumes, tradições e produções artísticas -, a preservação
cultural fixou-se na Constituição Federal para resguardar de modo mais eficiente
que outras gerações usufruam de um conteúdo histórico devidamente
conservado.
Quando se pensa em deterioração dos patrimônios culturais,
causada por diversos itens como fatores climáticos, ação do tempo ou humana,
percebe-se a necessidade de ações mais efetivas de preservação. Entretanto, a
quem cabe a responsabilidade pela conservação do patrimônio?
O Brasil busca amparo cultural nos Artigos 215 e 216, que
delegam ao Estado a função de proteção especial aos documentos, obras e
locais de valores históricos ou artísticos; monumentos e paisagens naturais
notáveis, bem como as jazidas arqueológicas. No Artigo 215, está previsto que
o Estado deve garantir o pleno exercício dos direitos culturais e acesso às fontes
da cultura nacional, além de apoio e incentivo à valorização e difusão das
manifestações culturais. Já no Artigo 216, a Constituição define patrimônio
brasileiro cultural como “bens de natureza material e imaterial, tomados
individualmente ou em conjunto, portadores de referência à identidade, à ação,
à memória dos diferentes grupos formadores da sociedade brasileira”.
Além da Constituição, propriamente dita, o Estado também
conta com o auxílio das leis de incentivo fiscais que privilegiam os investimentos
em preservação do patrimônio histórico, artístico e cultural, mantendo uma
aliança muito próxima entre poder público e iniciativa privada.
A IMPORTÂNCIA DE SE PRESERVAR A HISTÓRIA

É, fundamentalmente, planejar o futuro. O que se preserva hoje


é aquilo o que nossos filhos e netos conhecerão amanhã. Os monumentos, as
cidades históricas, as paisagens, as festas e as tradições são importantes
heranças, porque compõem a identidade cultural e histórica, base sobre a qual
se constrói uma Nação.
A história de uma nação é alicerçada por memórias, fatos,
lembranças que dão sentido à vida. Preservar a memória é ressignificar as
lembranças de um povo, é manter viva a fórmula que fortalece suas bases. Para
que essa memória seja preservada, é preciso conservar fotos, documentos,
objetos que registram toda a trajetória que forma a cultura e costumes de uma
comunidade, a valorização do patrimônio histórico cultural é a valorização da
identidade que molda as pessoas. Por isso, preservar as paisagens, as obras de
arte, as festas populares, a culinária ou qualquer outro elemento cultural de um
grupo de pessoas, é manter a identidade dessa gente.

Referências

DUTRA, L. F.; PORTO, R. M. A. B. Alternativas inteligentes para


a preservação do patrimônio cultural no contexto das smart cities. Revista Ibero-
Americana de Ciência da Informação, [S.L.], v. 13, n. 1, p. 372-390, 4 out. 2020.
DOI:http://dx.doi.org/10.26512/rici.v13.n1.2020.26210.

BRANDÃO, Luísa S. R. O uso de Tecnologias de Informação


baseadas em mídias digitais visando a preservação do patrimônio histórico.
Anais do 11º Congresso Brasileiro de Pesquisa e Desenvolvimento em Design,
[S.L.], v. 1, n. 4, 12 p., Editora Edgard Blücher: dez. 2014. DOI:
http://dx.doi.org/10.5151/designpro-ped-00699.

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