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espaço de formação
mARiA RosA RodRiguEs mARtins dE CAmARgo
fEliPE fERREiRA JoAquim
(oRgAnizAdoREs)
são PAulo
2012
PROEX
Realização.
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Ficha catalográfica
Serviço de Biblioteca e Documentação – UNESP – campus de Marília
P379 PEJA Rio Claro como espaço de formação : nossas práticas, nossas his-
tórias / Maria Rosa Rodrigues Martins de Camargo, Felipe Ferreira
Joaquim (organizadores). – São Paulo : Proex ; São Paulo : Cultura
Acadêmica ; 2012.
170 p. ; 23 cm
Inclui bibliografia.
ISBN
Prefácio
Maria Rosa Rodrigues Martins de Camargo.............................................. 7
Apresentação
José Carlos Miguel................................................................................... 9
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M ar i a R o s a R. M. C a m ar g o & Felipe Ferreira Joaquim (Org.)
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Apresentação
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nossas práticas, nossas histórias
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Palavra e imagem como pontes para
a escrita de si e do mundo1
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à sua frente, existe uma ponte. Uma ponte, a seu ver, estreita e assustadora,
que representa para ele algo novo, uma experiência diferente de tudo o que já
viveu. Isso gera expectativa, e ao mesmo tempo, resistência, medo. “E se eu me
desequilibrar, cair da ponte? E se a ponte cair?” – assim pensa o sujeito dessa
experiência que, embora simples para alguns que já a atravessaram, para ele
representa uma grande aventura. Seus medos vão dos mais simples: desequilibrar-
se e cair da ponte, aos mais improváveis, como a possibilidade de a ponte quebrar
e cair. Como atravessar a ponte? Atravessar ou não a ponte? Reflete um instante,
e decide: “Sim, apesar do medo e da insegurança, vou aceitar o desafio!”
Palavras, tantas... imagens, infinitas... a ponte, talvez, seja a matéria
concreta.
O início do exercício de caminhar sobre um lugar tão novo, que ele
enxerga estreito, instável e perigoso, é o mais difícil. O caminhante, porém, vence
o medo, e consegue dar o primeiro passo. Esse primeiro passo, assim como os
que logo o sucedem, são apoiados na experiência já existente. O sujeito que está
a caminhar utiliza-se dos pontos de apoio que foi adquirindo ao longo de suas
vivências anteriores, ao recordar de momentos vividos, momentos em que teve
de pisar nas pedras, e sobre elas, momentos em que teve de aprender a subir nas
árvores para vencer os perigos... ao recordar também de momentos de alegria em
que, após dias caminhando debaixo do sol quente, encontrou riachos com água
fresca e cristalina para molhar os pés, ou que caminhou cantarolando debaixo
de árvores frondosas. Enfim, ao chegar à ponte, o sujeito traz consigo desejos,
anseios, temores, angústias, enfim, tudo o que viveu por entre os tantos caminhos
que atravessou. E é essa a bagagem de experiência que vai lhe dar sustentação
para esse novo desafio.
Porém, a experiência que agora se impõe, difere em alguns sentidos
das demais já vividas. Fazia-se necessário ser cuidadoso, como nunca fora antes.
Fazia-se necessário também aprender a lidar com a vertigem. Mas aos poucos,
o caminhante vai deixando de lado o medo. Olha para os lados, e percebe
outros que, como ele, também têm o mesmo desafio de atravessar pontes. E fica
surpreso. Como estava tão preocupado, tão ansioso com seu caminho, com a
ponte tão extensa à sua frente, ele não havia se dado conta das outras pontes ao
seu lado, e de tantos outros que caminham ao seu lado. Tantas veredas possíveis...
E pensa: “Como é ampla essa ponte! Não é tão estreita como eu pensava quando
cheguei aqui.” Percebe também que as pontes se cruzam, e que não existe um
único caminho a seguir, mas possibilidades múltiplas de se locomover ali.
Esse cruzamento de pontes faz com que se cruzem, também, os sujeitos sobre
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nossas práticas, nossas histórias
elas, que vão, aos poucos, se aproximando, de forma que novas relações vão se
estabelecendo. Surgem espaços para pequenas conversas, e esses caminhantes,
que vão e vêm sobre diferentes pontes, vão se transformando em companheiros
de jornada. Compartilham-se olhares de incentivo, palavras de encorajamento,
relatos de experiências – tais como batalhas travadas contra monstros, ou a visão de
belíssimas paisagens encontradas depois de fortes tempestades. Compartilham-se
também formas diferentes de ver a ponte. Alguns contam que no início a acharam
tenebrosa, por ser ampla, diante da dificuldade de reconhecer tantas coisas ao
mesmo tempo, e escolher o caminho a seguir; para outros, ela é assustadora
porque eles a sentem estreita tal como uma corda bamba sem ter certeza de sua
possibilidade equilibrista. Ao ouvir essas diferentes versões sobre o lugar em que
caminha, nosso sujeito fica confuso, porém, segue sua travessia.
Diversos encontros vão surgindo, cada um acrescentando algo diferente
à sua gama de experiências, aumentando ou diminuindo sua potência de vida.
Um dos caminhantes se torna um grande amigo. Assim como ele, julga-se incapaz
de atravessar a ponte. Outro, desiste, fala até em pular... e repensa... pois um pulo
da ponte também acaba levando ao desconhecido... Outro, totalmente tomado
pela vertigem, atira-se ponte abaixo. É um momento marcante, que impregna
todo o campo com forças despotencializadoras. Muitos passam a pensar se não
valeria a pena encurtar a travessia e... pular também.
Mas há ainda os que contam que já atravessaram muitas pontes,
encorajando os demais. Um deles relata que não há melhor sensação que chegar ao
outro lado. Outro, viciado em atravessar pontes, conta como foi a primeira vez em
que passou por tal situação. Diz ele que continuou caminhando e nem percebeu
que a ponte chegara ao fim; só depois de muito tempo percebeu onde estava,
quando a paisagem mudou completamente. Outros apenas caminham entre eles,
ouvindo as histórias de cada um e transmitindo apoio. Um outro, com jeito de
conselheiro, conta um segredo, sugere uma estratégia: não olhar para baixo.
De repente, o amigo, também receoso, tem uma ideia:
– Por que não caminhamos de mãos dadas?
E assim se fazem, ambos, amigos. O medo diminui. E a ponte? Essa já
não é mais o foco da atenção dos caminhantes. Eles riem, conversam, admiram
a paisagem, contam piadas, enfim, vivem a experiência de olhar o mundo com
outros olhos, com olhos de viajantes que veem as coisas pela primeira vez. Após
um tempo, eles decidem soltar as mãos, e percebem que, finalmente, o medo
sumiu. Cheio de alegria, um deles, aquele do início da história, abre os braços,
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e experimenta uma sensação de liberdade tão grande que sua vontade naquele
momento é sair correndo, assim, de braços abertos, até o final da ponte. E não
hesita mais. Despede-se do amigo que o acompanhou por tanto tempo, mas
escolhe seguir por outro caminho.
Correndo, de braços abertos, sentindo o vento bater em seu rosto, o
caminhante, antes temeroso e assustado, agora se sente livre, tão livre que nem
percebe o tempo passar. Quando se dá conta, já está ao final da ponte.
Agora, a paisagem é outra. Novas florestas continuam a surgir à sua
frente, entretanto, menos tenebrosas. Os monstros, menos assustadores. Sente-se
pronto para novos desafios, novas aventuras, novas pontes...
De repente, nosso amigo viajante lembra-se do companheiro que,
fracassado, jogou-se da ponte. E olha para baixo na esperança de poder vê-lo,
e quem sabe, tirá-lo dali. Mas o que vê são cobras, jacarés, e monstros muito
piores que os já conhecidos. Bem que o conselheiro avisou. O ideal é não olhar
para baixo. E nesse momento tem certeza. Não valeria a pena desistir. Após esse
momento de melancolia, prossegue. Lembra-se também do grande amigo. Onde
estará? Terá encontrado seu caminho? Acelerou o passo? Continuou no mesmo
ritmo? Encontrar-se-ão, quem sabe, em uma próxima ponte?
Poucos passos à frente, surge um novo personagem, cantarolando e
vestindo um uniforme diferente de tudo o que já viu.
– Quem é você? – pergunta a ele, se aproximando e, tendo, talvez, a
impressão de já o conhecer de algum lugar.
– Sou um construtor. Minha função é construir pontes que possam
auxiliar os caminhantes a atravessarem aquele trecho perigoso ali embaixo.
– Mas é difícil atravessar a ponte. Exige coragem, determinação e
persistência.
– Sim, compreendo isso, caro caminhante. E confesso que também,
como você, já atravessei várias pontes. A cada nova ponte, enfrento muitos medos
e inseguranças, inclusive, em meu trabalho de construção.
– Medo? O construtor também tem medo? Mas por quê? – pergunta
surpreso o caminhante.
– Bem, não sei se é medo. É uma preocupação. Muito me inquieta
a estrutura da ponte que construo. Ela não pode ser frouxa, com grandes
espaços, senão os caminhantes cairão. Também não pode ser dura demais, de
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nossas práticas, nossas histórias
forma que os caminhantes não suportem pisá-la, pois lhe doerão os pés. Por isso
nós, construtores de pontes, estudamos muito, reunimo-nos com frequência,
conversamos com construtores mais experientes, refletimos, para que nossas
pontes se tornem cada vez mais firmes, seguras e agradáveis.
– Mas, mesmo assim, alguns desistem e caem.
– Infelizmente, pois não podemos caminhar por vocês. Apenas ajudá-
los a caminhar. E isso aumenta nossa responsabilidade.
– Ei, espere! – lembra o caminhante – me lembro de ter visto você. Foi
quando estava iniciando minha travessia na ponte. Você chegou a meu lado, me
ouviu e me encorajou a continuar.
– Sim, amigo, uma de nossas preocupações é justamente essa. A de
auxiliar os caminhantes, e, principalmente, ouvi-los.
– Sua ajuda foi essencial para mim naquele momento. Mas, sabe de
uma coisa que me deixou bastante intrigado? Para mim, a ponte, no início, era
estreita, e aos poucos foi se ampliando. Para outros, ela era enorme. Ouvi alguns
colegas contando que não sabiam para onde ir. Afinal, como é essa ponte?
– Esse é exatamente o mistério da ponte que criamos. Cada um a vê de
uma forma diferente, cada um tem sensações e objetivos diferentes ao chegar a
ela. Cada um tem a sua forma de caminhar sobre ela. E nossa missão é, além de
construí-la, caminhar por ela, inventar modos de sobre ela caminhar, ouvindo os
caminhantes e, mais do que isso, auxiliá-los, desafiá-los a viver a experiência de
passar por ela da forma mais marcante possível.
– E qual é a melhor forma? Há muitas possibilidades, muitos
cruzamentos e muitos caminhos. Mas, afinal, qual é o melhor caminho?
– O melhor caminho não existe. O que existe é a forma que cada um
cria, inventa, ao caminhar.
Saíram, cada um para um lado diferente. Levaram a experiência
desse encontro. O caminhante não compreendeu totalmente o que explicou o
construtor. Compreendeu apenas que muitas milhas ainda tinha a caminhar. O
construtor, também, despediu-se do caminhante. Estava satisfeito com sua etapa
vencida, mas sabia que tinha ainda muitos caminhantes a ouvir, a encorajar, e
em seu trabalho de construção, ainda havia muito a pesquisar, a descobrir e a
inventar.
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– Antes a gente via uma placa assim, a gente nem ligava... Agora a
gente fica tentando ler... É tão bom a gente aprender a ler. Você não tem mais
vergonha, você não é mais uma pessoa tímida...
Tomando de Larrosa (2002) o termo experiência, como “o modo como
nos colocamos diante de nós mesmos, diante dos outros e diante do mundo em
que vivemos. E o modo como agimos em relação a tudo isso” (p. 21), podemos
situar esses adultos num espaço intervalar – como se estivessem entre os saberes
construídos ao longo de toda uma vida e os saberes sistematizados, próprios da
educação formal.
Após concretizarem muitas vivências de interlocução, de contato
com conhecimentos, oportunidades, nos dão como retorno uma escrita de si,
revelando e desvelando o que ficou das experiências que lhe tocaram, do que lhe
aconteceu, e como respondem, ou responderam, a situações que viveram.
– Eu tinha medo de não conseguir aprender.
– Eu nem sei se era medo. Era vergonha. Me sentia muito humilhada.
– Eu tinha medo até de ir no supermercado, de pegar ônibus.
– Era difícil mesmo. Tinha que soletrar.
– E quando tinha que perguntar pros outros então? Uma vez eu perguntei
pra uma moça pra onde ia aquele ônibus. Ela olhou pra mim toda sem educação
e falou: “Olha lá, lê!”
– É verdade. Eu já passei muita coisa ruim na minha vida porque não
tinha estudo. Agora que eu estou aprendendo a ler, eu não vejo só as letras de
outro jeito, eu vejo a minha vida também diferente.
– Ah, eu também vejo assim. Parece que antes eu era cego em muita
coisa. Agora eu vejo muita coisa diferente.
– Eu também. Agora eu me sinto menos humilhada. Posso enfrentar o
mundo de cabeça erguida.
– Trouxe um coração pra vocês, porque depois de tudo o que já passei
na vida, a minha vida melhorou muito. Agora a minha vida é cheia de amor e
felicidade.
– Quem escreveu foi o meu marido que, depois de muito tempo, está
me apoiando na escola. Eu fui falando e ele escreveu pra mim. Eu fiz a escola,
porque a escola mudou a minha vida.
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Abraços!
Eliane
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Ler estas palavras depois destes anos me deixou com desejo de escrever
um novo texto a respeito dos educadores, dos educandos e das pontes. Mas desta
vez escrever a respeito de outro tipo de construção das pontes: um mutirão.
Penso que esse desejo tem relação com uma das linhas que constituem
o texto e que representa quão diferentes são os educandos com que tínhamos
contato na época em que o redigimos.
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Silvio i
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Maria Rosa
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Referências
BLANCHOT, M. A conversa infinita. Tradução Aurélio Guerra Neto. São Paulo: Escuta, 2010.
DELEUZE, G.; PARNET, C.. Diálogos. Tradução de Eloisa Araújo Ribeiro. São Paulo: Escuta,
1998.
______. Foucault. São Paulo: Brasiliense, 2005.
FOUCAULT, M. A escrita de si. In: ______. Ditos e escritos: estratégia, poder-saber. Rio de
Janeiro: Forense Universitária, 2006. Págs.: 144-162. (vol.V)
FREIRE, P. A importância do ato de ler: em três artigos que se completam. 28 ed. São Paulo:
Cortez, 1993.
LARROSA, J. Notas sobre a experiência e o saber de experiência. Tradução de João Wanderlei
Geraldi. Revista Brasileira de Educação. ANPED, jan-abr, n. 19, 2002. p. 20-28.
______. Nietzsche e a educação. 2.ed. Belo Horizonte: Autêntica, 2004.
______. Pedagogia profana: danças, piruetas e mascaradas. Belo Horizonte:
Autêntica, 2003.
ROLNIK, S. Geopolítica da cafetinagem. Texto mimeografado.
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Compartilhações no Peja:
aprendizados e emoções...
Redações
16/03/2011
A mudança na minha vida após os estudos
Há mais ou menos uns dois anos atrás, a minha vida mudou, depois que
eu conheci o PEJA. Jamais imaginei que fosse ter esse percurso, estou escrevendo
e lendo bem, minha letra melhorou bastante e estou a um passo de terminar os
estudos.
Graças ao PEJA, voltei a estudar na escola durante à noite, comecei na
quinta série, fiz as provas de classificação e passei para a sexta série.
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Neste ano, estou na sétima e vou concluir a oitava, para pegar o meu
diploma.
No ano passado, participei de concursos de redações, sendo que em
um eu fiquei em terceiro lugar com direito a fotos no jornal, um coquetel e tudo
mais.
Fiz vários passeios entre os quais eu visitei o Museu de Ciência que
para mim foi uma experiência incrível, visitei a Bienal que foi ótimo, conheci
várias obras de arte de artistas nacionais e estrangeiros, artes fáceis de entender e
também as complexas.
No caminho que eu pretendo seguir, espero conquistar todos os meus
objetivos e realizar um dos meus sonhos que é fazer um curso de inglês, e trabalhar
com esse idioma, se for possível na área de turismo.
28/11/2011
Os direitos humanos e a escravidão
A igualdade para todos
Os direitos humanos foram criados para manter-se a paz, a harmonia e
a igualdade entre as pessoas, sem importar com a sua raça, cor, religião, cultura
ou nacionalidade, mas na realidade não é isso que acontece, e esses direitos são
válidos no papel, porque em prática, eles são esquecidos e desrespeitados.
Mas esse fato vem ocorrendo desde o início da humanidade, e passa de
geração em geração, e a cada ano, década que passa, vem aumentando a violência,
a desigualdade e a exclusão social.
Para que então foram inventados os direitos humanos, se eles não
são cumpridos e respeitados pela própria lei? Se muitas vezes os poderosos têm
partilhado de muitas ilegalidades: a escravidão, a guerra, a época da ditadura que
se era proibido o direito de se expressar e opinar sobre vários assuntos e a livre
escolha de ser quem você é, de ser você verdadeiramente, de ter seus próprios
gostos e crer naquilo que achar melhor para si mesmo, era proibido. Poder ser
você mesmo é um dos maiores privilégios de sermos humanos.
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08/12/11
Voltando à infância
Querido diário, segunda-feira dia 05 de dezembro de 2011, eu fui
ao Lago Azul, um lugar maravilhoso com pessoal do PEJA. Chegando lá, nos
reunimos, a turma do Bonsucesso e da Unesp.
Foi uma tarde muito gostosa e inesquecível, pois todos nós voltamos à
infância e fizemos várias atividades de criança e isso me fez lembrar de como era
bom ser criança, viver na inocência , pureza e esperança que somente as crianças
têm.
Antes de irmos embora, saboreamos um delicioso piquenique com doces
e salgados diversos, eu fiz uma homenagem aos professores do PEJA, um mural
com um texto, uma música, um acróstico, e uma foto com toda a turma.
A Patrícia ficou muito emocionada e chorou ao ver a homenagem e os
presentes que eu levei para cada um. Sei que eu emocionei a todos, fui abraçada
por eles e me agradeceram muito pelo imenso carinho que tenho por eles.
03/12/2011
Homenagem
O PEJA fazendo parte de nossas vidas
Mais um ano que se acaba e outro que se inicia, e com ele também fica
na memória os bons momentos com os nossos verdadeiros amigos, conselheiros
e que consideramos como se fossem membros da nossa família.
Uma das coisas que aconteceram, que mudou completamente, a minha
vida, foi ter conhecido e participado do PEJA.
O PEJA para mim foi muito importante, porque mudou a minha
maneira de pensar, de agir e aprender sempre a conviver adquirindo cada vez
mais conhecimento e o aprendizado.
Os educadores são muito atenciosos, carinhosos e estão sempre nos
incentivando a lutarmos para realizar os nossos sonhos e nunca desistir dos
nossos objetivos.
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M ar i a R o s a R. M. C a m ar g o & Felipe Ferreira Joaquim (Org.)
06/12/2011
Para sempre...
Querido diário, ontem dia 07 de dezembro de 2011, fomos ao passeio,
na fazenda de São Carlos, Santa Maria do Monjolinho.
Chegando ao destino, a turma do PEJA, da Unesp e do Bonsucesso,
conhecemos a senzala, a praça e entramos na belíssima fazenda ao lado de um
agente de turismo simpático.
Quando entramos, fiquei admirada ao ver tanta beleza e eu imaginei
estar no século XVIII. Foi uma viagem e tanto, porque eu vi diversos objetos
daquela época, que hoje é algo muito raro de se ver.
Mas o que me chamou a atenção foi uma vitrola que eu vi numa das
salas da fazenda. Foi fascinante, pois eu só tinha visto uma vitrola em filmes e
novelas.
Depois disso, fizemos um piquenique na praça da fazenda e conversamos
sobre o que tínhamos visto e a emoção que sentimos.
Tirei várias fotos da fazenda e do pessoal, e fiz amizade com uma pessoa
parecida comigo, inclusive o seu primeiro nome é igual ao meu, temos os mesmos
gostos, pensamos parecido e trocamos telefone e endereço e com certeza eu irei
visitá-la em sua casa.
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PEJA Rio Claro como espaço de formação:
nossas práticas, nossas histórias
11/12/2011
A formatura... quando escrevo...
Querido diário, quinta-feira dia 08/12/2011, tivemos o ensaio para a
formatura.
Foi muito bom, a direção da escola e os professores fizeram uma festinha
surpresa para todos nós da 8ª série, com direito a tortas, salgados e um pavê que
estava deliciosíssimo, pela primeira vez, eu pude ver e experimentar o pavê que
eu tinha ouvido falar, rolou músicas da década de 80 e 90, que eu curto bastante.
Na sexta dia 09/12/2011, aconteceu finalmente a esperada formatura.
Todos ficaram muito emocionados desde os professores até os alunos.
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M ar i a R o s a R. M. C a m ar g o & Felipe Ferreira Joaquim (Org.)
Teve a entrega dos diplomas, depois ocorreu a leitura dos textos que eu
produzi, a Graça leu o texto “A homenagem aos professores”, e eu li o texto “O
dom de viver a vida”.
Quando eu fui chamada para ler o texto, fiquei muito nervosa, abaixei
a minha cabeça e li o texto sem olhar para os lados e não olhei para ninguém.
Quando terminei de ler tive uma surpresa, eu vi as pessoas chorando de
emoção e então percebi que as redações que eu escrevo, frases e poemas tocam
profundamente as pessoas, porque quando escrevo, eu passo todos os sentimentos
emoções no papel, tiro do meu coração o mais puro sentimento e daí que as
coisas acontecem e consigo obter um resultado bom com isso.
Fizemos a homenagem a Luciana e a Josiane. Tirei muitas fotos, fiz mais
um texto bem bonito, coloquei os meus mais sinceros sentimentos, coloquei
num cartão vermelho que eu mesma fiz e entreguei para a Josiane.
Ela ficou bem feliz e me deu um longo abraço. Também havia lhe levado
um vasinho com uma rosa dentro que eu achei a coisa mais linda e entreguei-o a
ela, mas por acidente o vasinho caiu e quebrou. O que ela não sabe é que nesta
semana estarei levando outro vasinho igual e entregarei para ela.
A formatura, o cenário, as músicas, enfim, tudo ficou muito lindo,
fui prestigiada por todos os professores, pelo meu 1º lugar na redação jornal
Cidade, o Vitor ganhou do professor Vinícius um lindo caminhão cegonheira de
presente, e ficou todo feliz.
Esse dia vai ficar para sempre na minha memória, como muitos dias
maravilhosos que eu vivi nesta semana, e este dia foi muito especial para mim.
07/06/12
Os contos de Cordel e cada uma das pessoas que tem o espaço reservado no
meu coração
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PEJA Rio Claro como espaço de formação:
nossas práticas, nossas histórias
simpática e eu achei muito bonita essa homenagem que fizeram para ela, gostei
muito da festa porque eles tocaram músicas que eu gosto e que fazem parte do
meu estilo.
No começo dessa semana eu escrevi duas cartas, uma para a Maria
Carolina e a outra para a Patrícia, e ontem escrevi mais uma carta para a Luiza, e
espero que elas possam receber logo e que me mandem as suas correspondências.
Gostei muito da ideia da Flávia de escrever essas cartas para elas, porque
são pessoas que eu gosto muito e cada uma tem o espaço reservado no meu
coração.
Na segunda feira da semana passada, eu fiz duas entrevistas com a
Flávia, uma sobre a migração e outra sobre o passeio a Bauru, fiquei tímida,
nervosa e meio sem jeito por expor as minhas sensações e desejos e sentimentos,
porque sou uma pessoa bastante reservada, não gosto de falar muito dos meus
sentimentos, me sinto melhor em colocá-los numa folha de papel como escrita
que é o meu forte, mas tudo saiu bem afinal.
05/06/2012
... No PEJA o que eu mais gostei de aprender foi inglês, que é uma
matéria que eu gosto bastante e utilizo no meu dia a dia pelas músicas que escuto
e, em breve, pretendo utilizar na profissão que vou exercer.
06/06/2012
Depoimento
Já faz quatro anos que eu estou no PEJA. Durante esse período, a
minha vida mudou e progrediu bastante, porque voltei a estudar e terminei o
ensino fundamental, participei de vários concursos de redações, conheci museus
e fiz diversos passeios, dos quais eu gostei muito, e fiz amizades com muitos
professores do PEJA e EJA, e tenho boas lembranças de tudo que vivi, porque
eu considero esses profissionais como amigos e mais do que isso, para mim eles
fazem parte da minha família, porque são amigos e companheiros e muitas vezes
confidentes, porque nos dão conselhos para resolvermos os nossos problemas.
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M ar i a R o s a R. M. C a m ar g o & Felipe Ferreira Joaquim (Org.)
Também têm aqueles que nos conquistam com seu carisma, e com o
tempo vão embora, e nos deixam muita saudade e nos emocionam com a sua
partida.
O que eu quero dizer é que eu agradeço por esses quatro anos que
conheci o PEJA, que vocês continuem sempre a estimular as pessoas a não
desistirem de seus objetivos e ideais e que dessa forma como eu fui tratada eu só
presenciei aqui com vocês educadores do PEJA.
Agradeço também à educadora Flávia Priscila Ventura por passar para
o computador as palavras do meu diário, redações e o depoimento presentes
nesse capítulo, e à Maria Rosa e ao Felipe, que organizaram este livro, pela
oportunidade.
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Experiências de vida de educandos (Jovens e Adultos)
e eeducadores no planejamento de
um programa de atividades
Introdução
1
Os professores do PEJA são alunos de cursos de licenciatura da Unesp, coordenados por um docente do campus. Há
aqueles que recebem bolsa da Pró-Reitoria de Extensão da Unesp, enquanto que outros são voluntários.
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PEJA Rio Claro como espaço de formação:
nossas práticas, nossas histórias
Atividade dos objetos em uma sala de Educação de Jovens e Adultos do PEJA de Rio Claro.
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nossas práticas, nossas histórias
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PEJA Rio Claro como espaço de formação:
nossas práticas, nossas histórias
Reuniões pedagógicas
Inseridas na proposta de um programa de atividades dinâmico para
jovens e adultos estão as reuniões entre professores e coordenador do PEJA,
ocorrendo semanalmente. Nesses encontros são realizados estudos sobre pontos
teóricos da educação, resgate e análise dos registros e, finalmente, a proposta das
atividades seguintes.
Quanto aos pontos teóricos, discute-se Paulo Freire; o estudo experimental
do desenvolvimento dos conceitos de Vigotski; a interdisciplinaridade como
matéria de ensino, desfragmentando as áreas do conhecimento; a obtenção do
certificado do ensino fundamental e médio, propósito de muitos educandos,
mas não de todos; entre outros assuntos que permeiam a Educação de Jovens e
Adultos.
O resgate e análise dos registros são realizados pela leitura dos registros
feitos por todos ou por alguns educadores, sendo comentados conforme a
narrativa acontece. E, finalmente, durante os comentários, em um movimento
dialético, resgatando-se inclusive registros de atividades passadas, propostas de
atividades são criadas. Posteriormente, os educadores planejam as próximas aulas.
Uma característica sublime dessas reuniões são os depoimentos dos
educadores, que são ouvidos por todos os presentes. É um momento de reflexão
sobre os fatos ocorridos em aula. Tais depoimentos, certamente, estão associados
à percepção e à sensibilidade de cada educador. É quando os sucessos e os
pontos de tensão percebidos e ou sentidos durante a realização das atividades são
colocados; casos particulares de cada educando são pontuados e observados com
diligência. Destaca-se que na educação de jovens e adultos um ponto fundamental
é o respeito às dificuldades do educando. Cada pessoa tem um ritmo próprio de
aprendizagem que deve ser levado em consideração na elaboração das atividades.
Considerações finais
Feita a explanação da proposta de como conduzir um programa de
atividades em educação de jovens e adultos, é possível resumi-lo em uma única
palavra: a arte. A arte no sentido da criação, do inesperado, do surpreendente...
da flexibilidade, da mobilidade, da mutação..., isto é, o programa de atividades
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M ar i a R o s a R. M. C a m ar g o & Felipe Ferreira Joaquim (Org.)
tem “vida própria”, não é engessado. Este é embasado no dia a dia, estando em
constante transformação. Vale-se da sensibilidade dos educandos e educadores.
“O método de educar deve basear-se na arte” (COMÉNIO, 1985).
Assim, fugimos da visão de que o currículo é uma lista de conteúdos a serem
aprendidos em determinados períodos de tempo. Para expressar a importância de
um currículo que contemple essa dimensão, Valdo Barcelos apresenta o cotidiano
escolar a partir dos próprios sujeitos que nele aprendemensinam (FORTUNATO,
2010). Valdo defende um currículo que é constituído na própria relação que
educadores e educando estabelecem no cotidiano escolar.
E, dessa forma, a aprendizagem se mostra como um processo
transformador da experiência da vida dos educandos e educadores no decorrer
do qual se dá a construção do saber. E, dentro da proposta adotada pelo PEJA
de Rio Claro, seu sucesso está vinculado aos eixos ora discutidos neste trabalho:
atividades educativas em que se valorizam as trocas entre educandos e educadores,
o registro das ocorrências, as análises dos fatos ocorridos em aula embasados em
discussões teóricas e o planejamento de atividades com resgate das vivências dos
educandos.
Agradecimentos
Agradeço a Fábio Pereira Nunes, pelas discussões que moveram o
presente capítulo e por trabalhar ao meu lado como educador do PEJA de Rio
Claro. Também sou grato a Débora Aparecida Machi Gabriel e Karina Mayara
Leite Vieira pela revisão deste texto. Agradeço a outros ex-bolsistas do PEJA de Rio
Claro, que trabalharam comigo nos primeiros anos do Projeto, por contribuírem
com discussões, registros de ocorrências e planejamento, entre os quais gostaria de
mencionar: Aline di Thommazzo, Andreza Barboza e Denis Eduardo Bianconi.
Sou grato também à profa. Dra. Maria Rosa Rodrigues Martins de Camargo,
pelo convite para participar deste livro e orientação, enquanto coordenadora do
PEJA de Rio Claro. E, finalmente, aos educandos do PEJA de Rio Claro com os
quais tenho aprendido sobre a Educação de Jovens e Adultos.
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PEJA Rio Claro como espaço de formação:
nossas práticas, nossas histórias
Referências
COMÉNIO, J. A. Didáctica Magna: Tratado da arte universal de ensinar tudo a todos. 3 ed.
Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 1985.
CONFERÊNCIA INTERNACIONAL SOBRE A EDUCAÇÃO DE ADULTOS (1997).
– Agenda para o Futuro. Brasília: SESI/UNESCO,1999. 67p.
FREIRE, P. A importância do ato de ler: em três artigos que se completam. 28 ed. Coleção
Questões da Nossa Época, v. 13, São Paulo: Cortez, 1993.
______. Pedagogia do Oprimido. 32.ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2002.
FAZENDA, I. C. Interdisciplinaridade: História, teoria e pesquisa. Coleção Magistério:
Formação e trabalho Pedagógico. Campinas: Papirus, 1994.
FORTUNATO, I. Educação de Jovens e Adultos. Revista de Estudos Universitários, Sorocaba,
v. 36, n. 3, p. 281-284, dez. 2010.
GABRIEL, V. A.; CAMARGO, M. R. R. M. Indagações, Comentários e Saberes dos Educandos
– Jovens e Adultos – na Construção do Conhecimento Científico: contribuições da Biologia.
Educação: Teoria e Prática, Rio Claro, v. 11, n. 20-21, jan-jun/jul-dez. p. 23-28, 2003.
LÜDKE, M.; ANDRÉ, M. E. D. A Pesquisa em Educação: abordagens qualitativas. São Paulo:
EPU, 1986.
OLIVEIRA, M. K. Jovens e adultos como sujeitos de conhecimento e aprendizagem. Revista
Brasileira de Educação, Rio de Janeiro, n. 12, p. 59-73, set/out/nov/dez. 1999.
RODRIGUES, N. Educação: da formação humana à construção do sujeito ético. Educação &
Sociedade, São Paulo, n. 76, p. 232-257, out, 2001.
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M ar i a R o s a R. M. C a m ar g o & Felipe Ferreira Joaquim (Org.)
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Registros do Projeto de Educação de Jovens e Adultos –
Peja-Rio Claro: por entre memórias e histórias
Mariana Bortolazzo
Acta sunt verba volant (as ações permanecem, as palavras voam), costuma-se
dizer. Mas não é certo. São as ações, em muitos casos, que voam. (...) Uma
jornada de trabalho em que enfrentamos muitas exigências (...) passa em
um piscar de olhos. As pegadas que deixa são muito fracas (...) dali a pouco,
tudo desaparece, e as lembranças e imagens que restam são demasiadamente
vagas e imprecisas para conceder-lhe atenção. As palavras, em troca, podem
permanecer. Principalmente se estão escritas. Se fizermos esse pequeno esforço
suplementar de usar alguns minutos no final do dia para reconstruí-lo e narrá-
lo, as palavras do diário se tornam “reservatório” da experiência, em garantia
de sua conservação. E poderemos voltar sobre elas quantas vezes queiramos
para relê-las e nos reler (ZABALZA, 2004, p. 136-7).
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M ar i a R o s a R. M. C a m ar g o & Felipe Ferreira Joaquim (Org.)
1
O Exame Nacional para Certificação de Competências de Jovens e Adultos (Encceja) tem como objetivo avaliar as
habilidades e competências básicas de jovens e adultos que não tiveram oportunidade de acesso à escolaridade regular na
idade apropriada. O participante se submete a uma prova e, alcançando o mínimo de pontos exigido, obtém a certificação
de conclusão daquela etapa educacional. O exame é aplicado anualmente e a adesão das redes de ensino é opcional. Fonte:
www.mec.gov.br.
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nossas práticas, nossas histórias
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nossas práticas, nossas histórias
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dela escrever, falou que só tinha sentido dor. A Dona A. escrevia devagar. Fui
fazendo as correções, pedindo que elas imaginassem um outro jeito de escrever
a palavra (Registros do PEJA. Caderno de C., 2004).
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PEJA Rio Claro como espaço de formação:
nossas práticas, nossas histórias
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Registros dos educandos e educandas: o que, para que e para quem escrever?
São múltiplos os suportes de escrita utilizados pelos educandos do
PEJA: há os cadernos de registros de atividades das aulas – que também não
deixam de ter registros mais pessoais – os papéis avulsos de atividades, textos,
poesias, além de cartas e um livro de um educando falando sobre sua trajetória
como funcionário da Unesp e aluno do PEJA, entre outros.
Os mais representativos e mais numerosos são os cadernos de registros
individuais ou coletivos, que geralmente são produzidos em momentos das
aulas ou, como acontece em muitos casos, em outros espaços e tempos, sempre
que a pessoa sente-se instigada a escrever. Um registro bastante interessante é
o da educanda M. Ap., que nessa ocasião não utilizou seu caderno de registros
individual para acomodar sua escrita:
Hoje foi falado sobre o modo de falar. Porinxemplo, na letra da música asa
branca está escrito óios enves de olhos. A C. [nome da professora] também
disse que ouvir ou escutar são a mesma coisa. Eu hoje acordei as cinco horas
da manhã arrumei a marmita, depois lavei roupas e fiz almoço e depois, limpei
minha casa, e depois vim para a escola. A M.J [nome de uma outra aluna]
disse que lá no norte se diz tomar uma pinga é tomar um ‘mé’. Toda a vez
que terminar um asuto e for começar outro, temos que deixar o paráfrafo
[parágrafo] para que o texto fica correto. A N. e a Dona O. leu no jornar que
o arroz está gustando R$9,49 centavos a marca do arroz e prato fino p. de
5k. Dona O. disse que o arroz colhido no mesmo ano, é mais ruim para fazer
porque ele vira papá o arroz para ficar soltinho tem que ficar na tulha, de um
ano para outro. Também foi falado sobre os onibus que si agente não tiver,
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PEJA Rio Claro como espaço de formação:
nossas práticas, nossas histórias
cinco centavos para pagar a passage nos não entramos no onibus mas eles pode
ficar com os nossos trôcos (Registros do PEJA. Caderno de C., 2004. Registro
feito pela educanda M. Ap. 25/11/2004).
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3
Livro: Fernão Capelo Gaivota, de Richard Bach. Publicado em 1970.
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PEJA Rio Claro como espaço de formação:
nossas práticas, nossas histórias
Logo abaixo, A. responde: Sim, porque ele tem vontade e é inteligente. Mais
adiante, ela comenta um pouco mais sobre a persistência e inteligência de Fernão
Capelo, virtudes que, para ela, poderiam ajudá-lo a conseguir voar um dia.
O caderno da educanda A., do qual foi tirada esta fotografia, tem apenas
dezoito páginas escritas, e todas sobre a história de Fernão Capelo Gaivota. Ao
que nos parece, essa senhora se afeiçoou muito à história, pois sempre se refere
a ela com entusiasmo e admiração, além de dedicar um tempo considerável
para escrever suas impressões sobre a história lida. Mais do que isso: ao ler todas
as escritas dessa educanda sobre Fernão Capelo Gaivota, me parece que ela se
identifica com o personagem, afinal, se trata de uma história de superação de
limites, de passar a ser capaz de fazer algo que até então achava impossível ser
feito – e que todos diziam ser mesmo impossível. Ao que parece, mesmo sem
perceber, ela também se acha um pouco Fernão Capelo ao enfrentar a difícil
tarefa de aprender a ler e a escrever depois de adulta. Fernão Capelo queria
aprender a voar cada vez mais alto e para ela, esse desafio é dominar a leitura e a
escrita... um voo e tanto!
Na imagem acima, podemos observar o trabalho realizado na tentativa
de registrar da melhor forma possível a história de Fernão Capelo Gaivota, livro
que provavelmente estava sendo utilizado nas aulas daquele período. A ilustração
parece ter sido produzida como forma de complementar o texto escrito.
O trabalho do educador é complexo, já que deve olhar para registros
singulares, considerando a complexidade das pessoas que produziram cada
um deles: quem são, a cultura que trazem consigo, as crenças que carregam.
Os indícios mais singulares referentes às práticas de leitura e escrita individual,
que permeiam a escrita de cada pessoa, podem representar marcos importantes
para o processo de aprendizagem. Estimular a mesclar a escrita técnica, mais
ligada ao registro de fatos objetivos, com uma escrita mais pessoal e prazerosa,
pode contribuir para que o processo de aquisição da escrita seja mais efetivo.
Condizente com Freire (1993),
O processo de aprendizagem na alfabetização de adultos está envolvido na
prática de ler, de interpretar o que lêem, de escrever, de contar, de aumentar
os conhecimentos que já têm e de conhecer o que ainda não conhecem, para
melhor interpretar o que acontece na nossa realidade (p. 48).
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nossas práticas, nossas histórias
Referências
ALVES, N. Diário de classe, espaço de diversidade. In: MIGNOT, A. C. V.; CUNHA, M. T. S.
(org). Práticas de Memória Docente. Série Cultura, Memória e Currículo. São Paulo: Cortez,
2003. v 3.
CHARTIER, R. A história cultural. Entre práticas e representações. Lisboa: Difel, 1990.
DI PIERRO, M. C.; JOIA, O; RIBEIRO, V. M. Visões da Educação de Jovens e Adultos no
Brasil. Cadernos Cedes. Ano XXI. n. 25. nov 2001.
FREIRE, P. A importância do ato de ler: em três artigos que se completam. São Paulo: Cortez,
1993.
_______, P. Pedagogia da Autonomia. 12.ed. São Paulo: Paz e Terra, 1999.
_______, P. Educação como prática da liberdade. 29.ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2006.
IRELAND, T. A EJA tem agora objetivos maiores que a alfabetização. Revista Nova Escola.
Edição 223. jun 2009.
ZABALZA, Miguel. Diários de Aula: um instrumento de pesquisa e desenvolvimento
profissional. Tradução: Ernani Rosa. Porto Alegre: Artmed, 2004.
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(Re)visitando “minha Unesp”
Caminhar...
Caminhando, o encontro
Encontrando, a experiência
Experimentando, o aprendizado
Aprendendo, o questionamento
Questionando, a busca
Buscando... o caminho.
Introdução
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nossas práticas, nossas histórias
sobre o que foi participar de todo o processo criativo de Minha Unesp. Por opção
consensual, aliviaremos a formalidade deste ponto em diante. É difícil manter a
sobriedade face às recordações de acontecimentos tão repletos de significados.
O caminhar
Peripatéticos. Assim queremos começar. Como os discípulos de
Aristóteles que, ao ar livre, saíam a caminhar. De forma ambulante, confluente,
itinerante: passear, aprender e ensinar. Temos uma missão, um percurso pela
frente. O que vislumbramos: recordar certas trajetórias, revisitar imagens e
processos, reler. Caminhantes no presente, pelas trilhas da obra Minha Unesp,
entrever, no registro, a memória.
Pelo filme. Que pós-feito é visto e revisto. A obra ainda em aberto.
Os sujeitos em construção. A estrada experimental do audiovisual, trilhada em
consonante ação entre educandos e educadores do PEJA em 2008, continua
habitada. Momento outro, novos olhares, permanente dinâmica. Educandores e
obra reencontram-se. Confluência. O filme segue.
Em cena, educadores e educandos a caminhar. A registrar os caminhos.
A tocar nas folhas. E a vivenciar os espaços da educação de jovens e adultos.
Refletindo sobre esses espaços e sobre si, engendram a gravação do vídeo.
Imagens e ações em conjunto seguem no filme. Segue o fazer. Através dos momentos,
variadas mãos seguram o olhar pela câmera. A ela, olhares outros se dirigem; e as
palavras vibram pelas cenas: significâncias de um grupo em experimentação.
Novos quadros sucedem. A aventura dos caminhos educativos suscita
criatividade nos sujeitos que se envolvem. E vice-versa. O enredo espontâneo se
desenha enquanto é vivido, registrado, pulsante.
Essas aventuras narradas, que ao mesmo tempo produzem geografias de ações
e derivam para os lugares comuns de uma ordem, não constituem somente
“um” suplemento aos enunciados pedestres e às retóricas caminhatórias. Não
se contentam em deslocá-los e transpô-los para o campo da linguagem. De
fato, organizam as caminhadas. Fazem a viagem, antes ou enquanto os pés a
executam (CERTEAU, 1994, p. 200).
1
Convencionamos que as citações literais extraídas do filme serão acompanhadas dos momentos (mm:ss) nos quais as
falas se iniciam.
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O lugar, os espaços
Eu gostei muito de vir para esse curso, porque eu nem sabia que ele existia. Estou
aprendendo, relembrando aquilo que aprendi há cinquenta anos atrás. (Minha
Unesp, 03:18).
Não conhecia nem onde é que era a Unesp; nem sabia que existia a Unesp. (Minha
Unesp, 03:34).
A Unesp era um lugar, assim, somente para os estudantes, muito reservado.
E agora não, abriu as portas para as pessoas de bom senso. (Minha Unesp, 04:03).
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Os aprendizados, os ensinamentos
Em O mestre ignorante, Jacques Rancière (2002) nos conta a história de
um excêntrico professor, Joseph Jacotot, que ensinou o que ignorava. Partindo
de uma inusitada experiência com estudantes holandeses, a de ensinar francês
desconhecendo o idioma local, Jacotot tornou-se o fundador do método do
Ensino Universal, pautado na igualdade das inteligências humanas. Assim, e
pelos variados percursos que se seguiram desde então, o professor abdicou de
suas explicações e fez-se mestre ignorante.
Que tal aproximar dois legados, os ensinamentos de Jacotot com as
experiências de Minha Unesp, e entrever o que ambos têm a comunicar para o
outro?
Ah, eu não sei. Eu achava que iria ser complicado. Que eu não iria acompanhar.
Que vocês iam exigir da gente o que eu não sabia. Eu falei – ‘como que eu vou, eu
parei na oitava...’– entendeu? (Minha Unesp, 15:35).
Não digas que não podes. Tu sabes ver, tu sabes falar, tu sabes mostrar, tu
podes te lembrar. O que mais é preciso? Uma atenção absoluta, para ver e
rever, dizer e redizer. Não procures me enganar e te enganar. Foi bem isso que
viste? O que pensas disso? Não és um ser pensante? Ou acreditas ser apenas
corpo? (RANCIÈRE, 2002, p. 34, grifos do autor).
Em geral, o adulto que não pôde estudar quando criança teve sua vida
atrelada, ainda muito jovem, ao trabalho; ou seja, tinha participação efetiva,
direta ou indiretamente, na geração da renda familiar. Mas, sem dúvida, ainda
que não tenham passado por um processo formal de educação, esses sujeitos
formaram-se, constituíram o seu caráter e aprenderam a interpretar o mundo que
habitam, segundo as suas próprias experiências de vida.
Entretanto, tendo em vista as demandas da atual “sociedade da
informação”, essas pessoas podem se deparar com situações que exigem certos
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nossas práticas, nossas histórias
nossos encontros que ficamos instigados a ler Paulo Freire, Milton Santos,
Jacques Rancière e tantos outros. Que refletimos sobre as nossas práticas, que
nos indagamos sobre o nosso posicionamento no mundo; é por onde se aflora
o desejo, a ânsia, a coragem para sairmos à luta por um mundo ético e com
oportunidades para todos.
Somos jovens e ignorantes. Mestres? Não sabemos. Nossa incumbência
é despertar o interesse e viabilizar o acesso ao conhecimento. Como?
O que o mestre ignorante deve exigir de seu aluno é que ele prove que estudou
com atenção. É pouco? (RANCIÈRE, 2002, p. 42).
***
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M ar i a R o s a R. M. C a m ar g o & Felipe Ferreira Joaquim (Org.)
Referências
BENJAMIN, W. Sobre a linguagem em geral e sobre a linguagem humana. Lisboa: Relógio
D’água, 1992.
CERTEAU, M. A invenção do cotidiano: 1. Artes de fazer. Petrópolis: Vozes, 1994.
FOUCAULT, M. Las meninas. In: ______. As palavras e as coisas: a arqueologia das ciências
humanas. 8. ed. São Paulo: Martins Fontes, 1999. p. 3-21.
MATURANA, H. R. VARELA, F. J. A árvore do conhecimento: as bases biológicas da
compreensão humana - São Paulo: Palas Athena, 2001.
Minha Unesp. Direção: Antonio Roberto Achel, Arthur Bernardo Cruz Bernardes, Felipe Ferreira
Joaquim - Rio Claro: UNESP-IB, 2011.
RANCIÈRE, J. O mestre ignorante: cinco lições sobre a emancipação intelectual. Belo
Horizonte; Autêntica, 2002.
SANTOS, M. A natureza do espaço: Técnica e Tempo, Razão e Emoção. 4. ed. São Paulo:
Editora da Universidade de São Paulo, 2006.
SILVEIRA, M. L. Totalidade e Fragmentação: o Espaço Global, o Lugar e a Questão Metodológica,
um Exemplo Argentino. In: SANTOS, M et al. (Orgs.). O Novo Mapa do Mundo. São Paulo:
Hucitec/Anpur, 2002. p. 201-209.
70
Um percurso entre realidades:
passeando pela 29ª Bienal de Artes de São Paulo
O percurso pela 29ª Bienal de São Paulo foi idealizado por integrantes
do PEJA-Rio Claro (Projeto de Educação de Jovens e Adultos) e realizou-se
como fechamento das atividades educativas do ano de 2011. Encontro entre
educadores e educandos. Entre as diferentes turmas que compõem o Projeto.
Entre saber científico e saber popular. Entre cidades. Salientando a criatividade
possível na educação e a importância de percorrer diferentes espaços para ampliar
os horizontes das práticas educativas e aprendizados.
Saímos numa sexta-feira chuvosa pela manhã, bem cedo. O destino
era São Paulo. A exposição reuniu cerca de 850 obras de artistas do mundo.
Situada no pavilhão Ciccillo Matarazzo no Parque do Ibirapuera, a Bienal de Artes
preocupou-se com uma atuação significativa no campo educativo, realizando ao
longo do ano formações e encontros de educadores interessados em aproximar-se
e aprofundar-se no universo da arte contemporânea.
O tema central da Bienal 2011 foi a impossibilidade de separar arte
e política. Nesse sentido o título dado à exposição é um verso do poeta Jorge
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M ar i a R o s a R. M. C a m ar g o & Felipe Ferreira Joaquim (Org.)
de Lima, de sua obra Invenção de Orfeu: “Há sempre um copo de mar para um
homem navegar” (FARIAS; ANJOS, 2010).
O percurso possibilitou algumas reflexões sobre a prática educativa,
como a questão da troca de realidades, ou seja, a oportunidade de, através da
educação, experienciar realidades diferentes das que os sujeitos educandos e
educadores estão imersos cotidianamente, que carregadas de práticas, relações e
paisagens repetitivas, moldam nossas rotinas e consequentemente nossas vidas,
muitas vezes, impedindo-nos de enxergar outras perspectivas de existência e
atuação. O contato, o percurso, a troca de realidades pode proporcionar novas
relações entre saber, experiência, contextos socioeconômicos, culturas e etc.
Visitar a Bienal. Aprender a palavra Bienal. Pois esse vocábulo era
inexistente na vida dos educandos, e talvez ainda seja na vida de grande parte
da população brasileira. Linguagens, paisagens, sentimentos, memórias que não
fazem parte do universo diário de cada um de nós. O contato com aspectos,
conceitos, palavras e formas novas e diferentes reafirma a importância de
percorrer, adentrar, explorar, sentir, trocar experiências inusitadas e possíveis de
serem revolucionárias, ou talvez, inovadoras, por realidades distintas das que
estamos habituados.
Percorrer cidades. De Rio Claro a São Paulo, muita observação pode
ser feita. Observar paisagens, sentir cheiros, passar calor, suar. Viver. Conhecer o
além. Além-mar. Lembrança de que há sempre um copo cheio de mar para cada
um de nós.
Mares internos. Mares externos. Ondas nos assolam. Trazem-nos
esperanças e levam-nas outra vez. A prática educativa é repleta de angústias,
cabe a nós ter criatividade para contornar essas dificuldades e possibilitar novos
olhares. Adentrar em novas categorias. Produzir vanguarda.
A importância do ampliar horizontes para educação, para vida (por
que não?). O mundo amplia-se a cada passo que damos. A cada quilômetro
percorrido. Estradas. Cidades. Regiões. Fronteiras. Climas. Culturas. Realidades.
E a arte nisso tudo? A arte esconde-se e flutua por cada palavra. Ela
está lá, fechada na Bienal. Aberta ao público. Esperando para ser vista. Servindo
para refletirmos sobre o que somos. Onde estamos. Quais as possibilidades
temos e ao mesmo tempo negamos tudo isso. Subvertendo as ordens. Causando
estranhamentos. Construindo indagações. Sensações que estão adormecidas pelo
cotidiano. Pela moral. Pela dureza da vida.
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PEJA Rio Claro como espaço de formação:
nossas práticas, nossas histórias
Referências
FARIAS, A.; ANJOS. M. Há sempre um copo de mar para um homem navegar. In: Catálogo
da 29ª Bienal de São Paulo: Há sempre um copo de mar para um homem navegar. Curadores
Agnaldo Farias, Moacir dos Anjos. São Paulo: Fundação Bienal de São Paulo, 2010.
BARBIERI, S. Lugar de respirar. In: Há sempre um copo de mar para um homem navegar. In:
Catálogo da 29ª Bienal de São Paulo: Há sempre um copo de mar para um homem navegar.
Curadores Agnaldo Farias, Moacir dos Anjos. São Paulo: Fundação Bienal de São Paulo, 2010.
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M ar i a R o s a R. M. C a m ar g o & Felipe Ferreira Joaquim (Org.)
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O Peja em imagens e poesia
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M ar i a R o s a R. M. C a m ar g o & Felipe Ferreira Joaquim (Org.)
Educanda da Turma do Bonsucesso, que acontece no Núcleo ArteVida, na periferia de Rio Claro.
Navega pela escrita ao trabalhar com as atividades do material da Bienal de Artes de 2010.
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PEJA Rio Claro como espaço de formação:
nossas práticas, nossas histórias
expandem os horizontes.
O lápis até pode furar a folha,
mas ela não reclama; aguarda
a escrita de uma vida repleta de esperança.
Lista de compras
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M ar i a R o s a R. M. C a m ar g o & Felipe Ferreira Joaquim (Org.)
Trabalho proposto a partir do eixo temático ‘Florestas’: diferentes trajetórias pelo Horto
Florestal de Rio Claro; trocas de experiências; tinta, cartolina e pincel. Educanda da Turma da
Comunidade – que acontece nas dependências da Universidade –
pinta suas impressões dos encontros.
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PEJA Rio Claro como espaço de formação:
nossas práticas, nossas histórias
Deixa, por um instante, seu material de trabalho (cortador de grama, pá, enxada...); pega o seu
violão e vai se apresentar no anfiteatro da universidade em um evento do Projeto.
Educando da Turma dos Funcionários da Unesp.
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Paulinho, Maria Lúcia e Rafael. Bienal de Artes, São Paulo. Numa cidade de aço e concreto,
pequena parada para observar a linda paisagem no Parque Ibirapuera.
(Maria Lúcia, educanda da Turma da Comunidade).
Enfim, chegamos!
Renovam-se os ânimos
Ao observar a paisagem
Após uma longa viagem.
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nossas práticas, nossas histórias
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PEJA Rio Claro como espaço de formação:
nossas práticas, nossas histórias
Ler e escrever.
Que mistério há nisso?
Buscamos uma escrita consciente
Sem erros ortográficos e atraente
Que mostre o desenvolvimento do raciocínio
E que, portanto, seja coerente.
Então que tal
Um tema legal?
Em que o contexto
Se misture no próprio texto
...
Mas espera aí,
Por que e pra quem se escreve mesmo?
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PEJA Rio Claro como espaço de formação:
nossas práticas, nossas histórias
- Dia!
- Dia! Cê tá sabendo que ele bateu o carro?
- Tamem né, o pão tá gamado na moça.
- Sei não, acho que ele só quer perder a cabacinha.
- Será? Tem é que tomar cuidado pra moça não ficar embuchada.
...
- Chega de falar da vida dos outros. Comprei uma bengala, tá na cozinha.
- Vamo comer porque daqui a pouco é hora da jardineira...
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A proposta era reconstruir a casa da infância. A maquete foi o meio de fazê-lo. Os cenários
foram vários. Esta é uma delas. Maquete ou infância?
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nossas práticas, nossas histórias
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M ar i a R o s a R. M. C a m ar g o & Felipe Ferreira Joaquim (Org.)
Referências
Acervo de fotos do Projeto de Educação de Jovens e Adultos (PEJA).
FREIRE, P. Pedagogia da Autonomia: saberes necessários à prática educativa. 41.ed. São Paulo:
Paz e Terra, 1996.
VIOLA, P. Acústico MTV. Sony/BMG, 2007.
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“Vou para a Unesp” e utros escritos
Dirce Tomitan Perinotto
Andava na enxurrada
mesmo ficando encharcada,
da cabeça até os pés.
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Contava as estrelas,
caçava borboletas.
Colhia maravilhas
e rezava a Ave-Maria!
O menino químico
Era uma vez um menino chamado Hélio, ele era um menino Estanho.
De vez em quando jogava bola com seus amigos, Túlio, Germânio,
Arsênio, Lawrêncio e Irídio.
Seu pai Einstêncio Berquélio gostava de ouvir Rádio, para saber se o
Ouro e a Prata estavam em alta.
Para aguentar o tranco comia uma banana todo dia por causa do
Potássio, e tomava um copo de leite, rico em Cálcio.
Ele era um garoto muito Césio e ao mesmo tempo muito peralta; se
machucava com sua espingarda de Chumbo. Sua mãe, dona Platina cuidava dos
ferimentos com Mercúrio e Iodo.
Sua brincadeira favorita era brincar de Índio, e ontem mesmo caiu de
um Gálio, mas nem reclamou.
Eita, o menino parece de Ferro!
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PEJA Rio Claro como espaço de formação:
nossas práticas, nossas histórias
O tempo
O tempo passa.
Para mim já se passaram cinquenta e quatro anos.
Nasci, cresci, vivi, aprendi, mas ainda encontrei tempo para aprender o
que ainda não aprendi.
Já pensou que maravilhoso seria o tempo para as pessoas que dizem que
não têm tempo?
O tempo para mim está sendo o agora, e estou feliz por ter essa
oportunidade nesse tempo de duas horas de aprendizado, que jamais pensei em
tê-lo. Está muito bem aproveitado esse tempo.
Também agradeço a Deus o tempo não só meu, mas o tempo dos
professores que ensinam, discutem e aprendem a todo tempo.
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Visita à Bienal
No dia 3 de dezembro de 2010, nos reunimos em frente à portaria da
Unesp com a professora Maria Rosa, educadores e colegas do PEJA e partimos
para São Paulo.
Foi uma viagem gostosa com os jovens muito animados.
Alegria total em estar fazendo piquenique no ônibus.
Chegamos ao parque às 13hs e 40m.
Esse evento acontece a cada dois anos na cidade de São Paulo, por ser
um local de grande população.
As obras de artes que estão expostas lá refletem a vida das pessoas no
seu dia a dia.
Eu pude perceber isso, pois os artistas usaram na criação das obras
materiais comuns como: terra, semente, jornais, madeira, arame, tecido, colchão,
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PEJA Rio Claro como espaço de formação:
nossas práticas, nossas histórias
Cinthia Marcelle, “Sobre Este Mesmo Mundo”, 29ª Bienal de São Paulo
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94
Poemas na Eja: da leitura à escrita
1
Por questões éticas o nome dos educandos é mantido em sigilo, e refiro-me a eles como educandos ou educandas
somente.
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cópia do poema para as alunas, fizemos uma leitura coletiva, e depois individual
e silenciosa, e uma das educandas comentou:
Ahh então Pasárgada é o paraíso pra ele! Mas será mesmo que é paraíso ou
ele pensa que é?
Continuando a leitura silenciosa, ela completou:
Hum, agora entendi, é o lugar onde ele morava quando era criança!
E essa educanda acrescentou ainda que quando era criança o lugar onde
ela morava também era o paraíso.
O poema remeteu às educandas lembranças boas do passado, de quando
ainda havia muitas árvores, muitas folhagens, muito verde nas cidades que eram
pouco industrializadas e ainda havia muita vida no campo.
Movida por essas lembranças, memórias das educandas, fiz um pedido
inusitado, solicitei que fizessem um poema, isto é, não uma reprodução, mas sim
que escrevessem algo ligado com a temática que o poema de Manuel Bandeira
nos evoca.
Uma das educandas que realizou a proposta sempre gostou de poemas,
e já havia escrito alguns espontaneamente. Ela, porém, me surpreendeu muito,
pois utilizou de cenas presentes na sua memória para compor a poesia. Vale
destacar que essa aluna gosta muito da escrita [e leitura] poética, por isso procurei
incentivá-la mais, propondo sempre reescritas de poemas, ou então sugerindo
temáticas que pudessem despertar esse prazer.
Lembrando que a escrita e a leitura andam juntas, sendo que uma
complementa a “função” da outra, pois quando lemos aprendemos a escrever
melhor, Larrosa (1998) constata que ensinar e aprender implicam relações
adversas que envolvem diferentes sujeitos.
Ensinar a ler é produzir esse deixar escrever, a possibilidade de novas palavras,
de palavras não pré-escritas. Porque deixar escrever não é apenas permitir
escrever, dar permissão para escrever, mas entender e alargar o que pode ser
escrito, prolongar o escrevível (p. 183).
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nossas práticas, nossas histórias
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M ar i a R o s a R. M. C a m ar g o & Felipe Ferreira Joaquim (Org.)
Referências
BANDEIRA, M. Bandeira a Vida Inteira. Rio de Janeiro: Editora Alumbramento, 1986, p. 90.
LARROSA, J. Notas sobre a experiência e o saber de experiência. Tradução de João Wanderlei
Geraldi. Revista Brasileira de Educação. ANPED, jan-abr, n. 19, 2002. p. 20-28.
______. Sobre a lição. In: Pedagogia Profana: Danças, piruetas e mascaradas. P.A.: Contrabando,
1998.
BOGDAN, R.C.; BIKLEN, S.K. Investigação qualitativa em educação: uma introdução à
teoria e aos métodos. Tradutores: Maria João Alvarez [et.al.]. Porto: Porto Editora, 1994. Cap. I,
II e IV, p. 47-62 e p. 169-180.
FREIRE, P. A importância do ato de ler: em três artigos que se completam. 50ª ed. – São Paulo:
Editora Cortez, 2009.
LOURENÇO. P. R. Percepções de uma educadora aprendiz em busca da compreensão
da escrita significativa na EJA. 2011. 82 f. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em
Licenciatura Plena em Pedagogia). Instituto de Biociências, Universidade Estadual Paulista, Rio
Claro, 2011.
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A relevância das palavras geradoras
para as aulas do Peja
Introdução
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alunas, é como se o livro que existe dentro delas não pudesse ser lido a qualquer
momento e ser transcrito em palavras imediatas, e todo o contexto se resume,
muitas vezes, em uma única linha.
Cada aula desenvolvida permite a criação de uma imagem da educação a
partir das palavras geradoras, desencadeando um trabalho que complete a etapa de
aquisição da escrita não só por meio do conteúdo pragmático, mas também com
uma leitura da realidade, representando um processo essencial da alfabetização.
As palavras geradoras
Primeiramente é válido ressaltar que a educação não deve ser imposta,
deve haver uma contínua troca entre o educando e o educador, conduzindo a
pesquisa, dessa forma, a uma redução da diferença entre os dois.
O que está prestes a ser descoberto não são simplesmente palavras,
nestas falas estão sentimentos, realidades, experiências de mundo contidas no
sujeito. Segundo Brandão (1981), “o vivido e o pensado que existem vivos na
fala de todos, todo ele é importante: palavras, frases, ditos, provérbios, modos
peculiares de dizer, de versejar ou de cantar o mundo e traduzir a vida” (p. 26).
As palavras geradoras abrem espaço para a criação de procedimentos
de trabalho adaptados aos mais variados contextos culturais, preservando seus
valores no tempo presente, e dando um objetivo a ser atingido naquele processo
de aprendizagem.
Segundo Paulo Freire, as palavras devem servir para dois focos de leitura,
a leitura da língua e a releitura coletiva da realidade social onde a língua está
inserida, seguindo a três critérios de escolha: aquela que apresenta uma riqueza
fonêmica, uma semântica e uma pragmática (FREIRE apud BRANDÃO, 1981).
As fonêmicas devem incluir todas as dificuldades de pronúncia e escrita,
mas deve carregar também uma carga afetiva, assim como as demais devem conter
esse caráter existencial explícito.
No caso das alunas do Bonsucesso, as palavras seguiram à risca aquilo
que permeia suas vidas e as trajetórias percorridas, palavras como dificuldade,
vontade, medo, coragem, são algumas daquelas palavras que nortearam o trabalho,
talvez pelas semelhanças encontradas entre algumas delas no que se diz respeito aos
relacionamentos pessoais, a questão de ser migrante, o trabalho, entre outros.
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PEJA Rio Claro como espaço de formação:
nossas práticas, nossas histórias
Os resultados do trabalho
As atividades de leitura e escrita mostraram sensibilidade para a escolha
das palavras geradoras que estivessem no referencial das alunas, como foi o caso
do assunto relacionado à família. A atividade solicitou a participação de todas,
respeitando as regras e estimulando a consciência invadida de símbolos. Ficam
notáveis as marcas características de cada pessoa, elaboradas na maneira de pensar,
transmitir e constituir seus textos, e esse processo de apreensão e compreensão
da memória viva consegue determinar com exatidão o espaço ao qual pertence
aquela pessoa, suas relações com o mundo e o desenvolvimento do espírito crítico
por meio das discussões e trocas de experiência.
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M ar i a R o s a R. M. C a m ar g o & Felipe Ferreira Joaquim (Org.)
Considerações Finais
Ao finalizar este texto, pode-se afirmar que o trabalho com as palavras
geradoras, estimulando um estudo da memória e da experiência, permite uma
visão de uma educação que amplia o diálogo, favorece a leitura crítica da realidade
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PEJA Rio Claro como espaço de formação:
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Referências
BRANDÃO, C. R. O que é método Paulo Freire. São Paulo: Brasiliense, 1984, 113p.
EINSTEIN, A. Como vejo o mundo. Tradução de H. P. Andrade. Rio de Janeiro: Nova
Fronteira, 1981.
FREIRE, P. A importância do ato de ler: em três artigos que se completam. São Paulo: Autores
Associados, Cortez, 1983.
______. Pedagogia do oprimido. Rio de Janeiro: Guerra e Paz, 1987.
GARCIA, R. L (org). Novos olhares sobre a alfabetização. São Paulo: Cortez, 2001.
LARROSA, J. Notas sobre a experiência e o saber de experiência. Tradução de João Wanderlei
Geraldi. Revista Brasileira de Educação. ANPED, jan-abr, n. 19, 2002. p. 20-28.
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Práticas educativas no Peja:
diálogo entre saberes
Introdução
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PEJA Rio Claro como espaço de formação:
nossas práticas, nossas histórias
são os professores, vocês que sabem mais que a gente” foram ditas por educandas.
Diante disso, buscamos, pela prática, construir um ambiente que permitisse às
educandas se reconhecerem como “educandas-educadoras”.
O diálogo e a problematização não adormecem a ninguém. Conscientizam.
Na dialogicidade, na problematização, educador-educando e educando-
educador vão ambos desenvolvendo uma postura crítica da qual resulta a
percepção de que este conjunto de saber se encontra em interação. Saber que
reflete o mundo e os homens, no mundo e com êle, explicando o mundo, mas
sobretudo, tendo de justificar-se na sua transformação (FREIRE, 1980, p. 55).
2
Bolsista durante o ano de 2011: Rafael Caetano do Nascimento.
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Considerações finais
O fazer pedagógico no PEJA não é estanque, a criatividade, a cooperação
e o trabalho em grupo, o encontro entre educadores e educandos teve e tem
singular contribuição para minha formação como educadora.
Os desafios gerados do contato com os educandos suscitam reflexões e
práticas, algumas aqui apresentadas e outras tantas que já surgiram e continuarão
a surgir. Pensar sobre elas, agir com compromisso como uma educação que liberta,
que transforma, tem sido o objetivo a ser seguido e perseguido no fazer diário.
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M ar i a R o s a R. M. C a m ar g o & Felipe Ferreira Joaquim (Org.)
Referências
BOSI, E. Memória e sociedade: Lembranças de velhos. São Paulo: Companhia das Letras, 1994.
BRASIL. Plano Nacional de Extensão Universitária Edição Atualizada. Fórum
de Pró-Reitores de Extensão das Universidades Públicas Brasileiras e SESu/MEC.
2000/2001.
CASIMIRO, V. Interdisciplinaridade de A a Z <http://www.educacional.com.br/reportagens/
educar2001/texto04.asp.> Acesso em 28/02/2012.
CERTEAU, M de. A invenção do cotidiano: 1. Artes de fazer. Petrópolis: Vozes, 2001.
CERTEAU, M. de; GIARD, L.; MAYOL, P. A Invenção do cotidiano: 2. Morar, cozinhar.
Petrópolis, Ed. Vozes, 1996.
FREIRE, P. À sombra desta mangueira. São Paulo: Olho D’ Água, 1995.
______. Pedagogia do oprimido. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2005.
______. Extensão ou comunicação? Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1980.
RAMOS, G. Vidas Secas. Rio de Janeiro: Record, 2006.
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Leituras do lugar–leituras do mundo:
notas sobre a construção de conhecimentos com
educandos adultos nas atividades do PejA
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M ar i a R o s a R. M. C a m ar g o & Felipe Ferreira Joaquim (Org.)
Referências
ANDRADE, C. D. de. Confidência do itabirano. In: Sentimento do mundo. Rio de Janeiro:
Mediafashion, 2008, 80 p. (Coleção Folha Grandes escritores brasileiros).
FREIRE, P. A importância do ato de ler: em três artigos que se completam. São Paulo: Cortez,
1993.
______. Pedagogia da Autonomia: saberes necessários à prática educativa. 34.ed. São Paulo:
Paz e Terra, 2006, 147 p. (Coleção Leitura).
HOLZER, W. O lugar na geografia humanista. Território. Rio de Janeiro, ano IV,
n. 7, p. 67-78, jul./dez. 1999.
NUNES, F. P. Geografias produzidas no lugar: os saberes dos educandos adultos nas atividades
do Projeto Educativo de Integração Social (PEIS). 2009. 130 p. Dissertação (Mestrado em
Educação). Faculdade de Educação, Universidade Estadual de Campinas, Campinas, 2009.
OLIVEIRA JUNIOR, W. M. As fotografias e a instituição do lugar onde se vive. Notas sobre
linguagem fotográfica e Atlas municipais escolares. Encontro de didática e Prática de Ensino.
Conhecimento Local e conhecimento Universal, XIII, 2004. Curitiba [ s.n.] 2004. p. 1-17.
ROSA, J. G. Grande sertão: veredas. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1986, 538 p.
WRIGHT, J. K. Terrae Incognitae: the place of the imagination in Geography. Annals of the
Association of American Geographers, v. 37, p. 1-15, 1947.
126
Importa que eu ame
Márcia Marques
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M ar i a R o s a R. M. C a m ar g o & Felipe Ferreira Joaquim (Org.)
era ou se já foi, dentro deste órgão pulsar chamado coração, eu não sei, só sei que
é amor.
Amor, que faz com que grandes escritores busquem metáforas,
atravessem os oceanos, vão à lua, viajem nas estrelas, ultrapassem todas as regras
da linha da imaginação.
Naveguem em mar de pensamentos, peguem carona com vidas passadas,
busquem dentro das histórias bem resolvidas, ou nos maiores conflitos de dor, eu
não sei, só sei que é amor.
Não importa se sou anônima, sem grandes expressões linguísticas, sem
menor experiência científica, sem diploma, sem nenhum histórico de família
importante, não sei, importa que eu ame.
Pois, pense que o amor é livre, pra mim não importa aquilo que chamam
de regras tradicionais que nunca chegam a um final feliz.
Só se chegam no final pessoas frustradas, limitadas, medrosas e cheias
de crenças, como donos das verdades, solitários e infelizes.
Isso também não sei, só sei que é amor.
Importa que seja livre como o amor é, capaz de atravessar barreiras que
ele sabe, mas não as mede,
Amor, muitos precisam da Consumação mesmo que não encontrem
nenhuma realização de prazer.
Outros, quem sabe, muitos, ou poucos, precisam apenas da ilusão, para
sentir na pele o maior prazer, pelo simples toque de um beijo,
Numa simples saudação.
Importa que eu ame!
Adolespausa
Lá do canto da sala que nem vidraça tinha
Com seus olhos esvermelhados
Da chaminé entupida, a fumaça da cozinha vinha
Ainda assim seus olhares vagueavam
Longe, longe... além da cerca vizinha.
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Passou o tempo...
A mãe a levou pra bem longe
Dos sonhos daquela menininha
Coisas que agora entende
O que outrora não conhecia
Aquelas sensações estranhas
Nas calcinhas de rendinha.
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PEJA: a construção de um
percurso de pesquisa
Thais Surian
1
Márcia é educanda no PEJA – Projeto de Educação de Jovens e Adultos.
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M ar i a R o s a R. M. C a m ar g o & Felipe Ferreira Joaquim (Org.)
E
ste percurso teve início com uma busca. Estava em processo de
formação, cursando Pedagogia na Universidade Estadual Paulista, campus de Rio
Claro. Contudo, entre as disciplinas cursadas e atividades acadêmicas realizadas
buscava uma atividade complementar, um projeto, que me possibilitasse ter um
outro aprendizado e, por que não dizer, um sentido outro à minha formação.
Nesse momento, conheci através de um amigo o Projeto de Educação
de Jovens e Adultos – PEJA, em 2005. Encantada com a proposta de trabalhar
com adultos, iniciei minha tímida e insegura participação nas aulas juntamente
com outros universitários de vários cursos oferecidos pela Unesp. Conheci os
alunos, os participantes e assisti às aulas ministradas pelos graduandos com o
objetivo de entender melhor a proposta do Projeto baseada em Paulo Freire.
Cito um trecho do livro “A importância do ato de ler”, no qual a ideia
de alfabetização de Paulo Freire se faz compreensível.
A um ponto, porém, referido várias vezes neste texto, gostaria de voltar,
pela significação que tem para a compreensão crítica do ato de ler e,
consequentemente, para a proposta de alfabetização a que me consagrei. Refiro-
me a que a leitura do mundo precede sempre a leitura da palavra e a leitura
desta implica a continuidade da leitura daquele. Na proposta a que me referi
acima, este movimento do mundo à palavra e da palavra ao mundo está sempre
presente. Movimento em que a palavra dita flui do mundo mesmo através da
leitura que dele fazemos. De alguma maneira, porém, podemos ir mais longe
e dizer que a leitura da palavra não é apenas precedida pela leitura do mundo
mas por uma certa forma de “escrevê-lo” ou de “reescrevê-lo”, quer dizer, de
transformá-lo através de nossa prática consciente (FREIRE, 2008, p. 20).
1
Os trechos retirados dos escritos da educanda Márcia mantêm a escrita original da aluna.
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EJA – Educação de Jovens e Adultos.
Pesquisa foi desenvolvida no período de março de 2007 a setembro de 2009 com o apoio da CAPES – Coordenação de
3
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Esses textos, criados por Márcia, dizem de pessoas que ela conhece,
outras que não, mas que tomou contato com estas de alguma forma, mesmo
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M ar i a R o s a R. M. C a m ar g o & Felipe Ferreira Joaquim (Org.)
Referências
CAMARGO, M. R. R. M. de. Cartas e escrita. 2000. 148 f. Tese (Doutorado em Educação) -
Faculdade de Educação, Universidade Estadual de Campinas, Campinas, 2000.
CERTEAU, M. de. A invenção do cotidiano: artes de fazer. Petrópolis: Vozes, 1994. v.1.
CHARTIER, R. A história cultural: entre práticas e representações. Lisboa: Difel, 1990.
FREIRE, P. A importância do ato de ler: em três artigos que se completam. São Paulo: Cortez,
2008.
138
PEJA Rio Claro como espaço de formação:
nossas práticas, nossas histórias
JESUS, Carolina Maria de. Quarto de despejo: diário de uma favelada. 8. ed. São Paulo: Ática,
2001.
PERROT, M. Minha história das mulheres. São Paulo: Contexto, 2007.
COTT, J. História das Mulheres. In: BURKE, Peter. (Org.) A escrita da história: novas
perspectivas. São Paulo: Editora da Unesp, 1992, p. 63-95.
SURIAN, T. Mulheres escritoras relatam sua condição de mulher enquanto escrevem. 2006.
52 f. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Pedagogia) - Instituto de Biociências,
Universidade Estadual Paulista, Rio Claro, 2006.
SURIAN, T. Um estudo das práticas da escrita de mulheres (escritoras ou não). 2009. 154 f.
Dissertação (Mestrado em Educação) - Instituto de Biociências, Universidade Estadual Paulista,
Rio Claro, 2009.
139
140
Cartas inconclusas e desconformes
sobre encontros e travessias no Peja
Caro Silvio,
Inicio a escrita deste e-mail numa manhã fria, mas ensolarada aqui
em Portugal. Aliás, desde que cheguei por essas bandas do hemisfério norte,
descobri que aquele papo que aprendemos na escola sobre o Sol ser uma esfera
incandescente que transmite calor é a maior balela. Prefiro pensar neste astro
como uma bola amarela, pois calor mesmo ele deixa a desejar… E olha que
Portugal nem é tão frio se compararmos com outros países deste continente.
Mas enfim, como combinado, chegou a hora de começar essa escrita
coletiva para o livro do PEJA da Unesp Rio Claro e penso que a forma encontrada
na nossa conversa por telefone de ontem foi realmente muito boa e muito
interessante. Talvez, o leitor que esteja percorrendo o nosso diálogo precise saber
que só decidimos a forma de escrita deste trabalho com menos de um mês para
a entrega do texto final.
Acho que precisamos contar o quanto demorou e quantos e-mails
trocamos nesse tempo para encontrar uma forma de escrever em parceria, que por
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Caro Marcelo,
Estou em Pirassununga. Ao contrário da manhã fria em que iniciou
a escrita do teu e-mail, aqui os dias e as noites são estupidamente quentes.
Vivemos cercados por desérticos canaviais das tantas usinas de açúcar e álcool.
Sinto que a vida se arrasta, que seu movimento é lento. Necessária uma alquimia
para transformar essa vida em algo mais fluido, mais próxima da velocidade do
nosso Rio Mojiguaçu: intenso, volumoso, veloz. Nestes escritos, quem sabe, a
possibilidade de aproximar-me do fluxo do rio, para além da monotonia das
plantações!
Você descreveu com precisão nosso acordo. Acrescentaria apenas duas
coisas.
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Silvio,
Demorei uns quatro dias para conseguir escrever alguma coisa após
a minha leitura do seu último e-mail. Cheguei a escrever vários textos, mas a
verdade é que não gostei de nenhum deles e agora volto mais uma vez ao exercício
de inscrever-me neste trabalho a partir das minhas experiências no PEJA. Gostei
do seu texto, principalmente da referência feita a nossa república, mas devido ao
espaço que temos pré-definido neste livro, vou tentar escrever mais a partir do
seu texto do que sobre o seu texto.
Bom, depois de muito refletir sobre a continuação deste trabalho, resolvi
priorizar neste e-mail uma característica muito forte do PEJA que em nenhum
momento havia passado pela minha cabeça quando propus-me a trabalhar
contigo neste espaço. Aliás, essa característica do PEJA reapareceu nas minhas
memórias graças à leitura do seu e-mail.
Mas para chegar até onde pretendo preciso confessar-lhe uma coisa: a
última linha do seu texto deixou-me com uma enorme enxaqueca nestes dias.
Quando li o seu e-mail, logo na primeira vez, fiquei muito angustiado, pois
depois de enviar o meu primeiro texto fiquei imaginando o que você escreveria
“no seu espaço”. Eu esperava que a partir da minha escrita você fosse contar
sobre o seu início no Projeto, comentando um pouco sobre a nossa participação
na turma do Bonsucesso e por último, deixaria um fio condutor para que eu
retomasse “a minha parte”.
Entretanto, como você não fez nenhuma destas coisas, fiquei um pouco
desesperado e pensando o porquê da sua economia na escrita, além do trabalho
que eu teria para recomeçar a minha parte. Mas hoje, depois desses quatro ou
cinco dias de escritas e reescritas apercebi-me da importância do seu texto para o
meu entendimento de um trabalho coletivo feito com sinceridade!
De certa forma, comecei a pensar no meu segundo texto antes mesmo
de ler o seu e-mail e acredito que esse tipo de indução indireta impeça qualquer
possibilidade de trabalho coletivo, ainda que o discurso pedagógico de uma
escrita coletiva seja, por si só, consensualmente estimável nos textos académicos
mais inovadores.
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Desde a última vez que conversei com a Maria Rosa e ela contou
algumas de suas reflexões acerca da complexidade do pensamento do Paulo Freire,
comecei a ter a sensação de que muitas vezes levamos “os temas dobradiças”
para os educandos, mas quando publicamos os nossos trabalhos em congressos
académicos, apresentamos uma abordagem desenvolvida a partir da investigação
dos “temas geradores” e depois incluímos o Paulo Freire nas referências
bibliográficas do artigo.
Durante a minha formação inicial, eu penso que só experienciei esta
dimensão tão complexa dum trabalho coletivo na educação pelo PEJA, e não
nas inúmeras horas de estágio que fiz no curso de Pedagogia. Foi no PEJA que
despedacei-me por diversas vezes ao longo da minha formação inicial enquanto
educador. Despedacei-me com leituras de autores marginalizados e esquecidos
pelo curso de Pedagogia, como Philippe Ariès, Jorge Larrosa e Paulo Freire;
da mesma forma que despedacei-me durante minha atuação prática e política
nos encontros com as educandas, nas reuniões com a Maria Rosa e nas longas
conversas que tínhamos em nossa casa. E isso sem contar as vezes que tentamos
levar o PEJA para outros bairros de Rio Claro, ou, quando tentei apresentar o
PEJA para vários universitários durante o movimento de greve da Unesp em
2007.
Assim, corroboro de corpo inteiro com a sua expressão: “a nossa
verdadeira formação estava acontecendo fora das salas de aula da universidade –
nossa verdadeira formação estava acontecendo no PEJA!”.
Termino este e-mail com receio de ter extrapolado uma suposta divisão
matemática das nossas páginas, mas penso que podemos editar no final...
Com um abraço, e na esperança de ter causado algum incômodo.
Marcelo
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PEJA Rio Claro como espaço de formação:
nossas práticas, nossas histórias
Marcelo,
Você escreveu que tinha dúvidas: até onde escutamos as pessoas com quem
trabalhamos e damos sentido ao que elas nos dizem, e até onde imaginamos o que
elas querem dizer e a partir daí classificamos isso como um espaço de troca numa
atividade educacional.
Essas palavras soaram mais forte que todas as outras. Ainda assim, optei
por responder o e-mail abordando outro assunto. E deixei para escrever, num breve
post scriptum, uma pequena observação relatando que compartilhava teu enigma
e não conseguia parar de pensar em duas falas do filme Clube da Luta (FIGHT...,
1999): As pessoas não ouvem mais. Elas apenas esperam a sua vez de falar.
Pois bem. Já havia escrito minha resposta. Assinado embaixo. Mas depois
de escrever o post scriptum apaguei tudo e recomecei. Não podia negligenciar a
força que tuas palavras tiveram em mim. Fui caminhar, colocar os músculos
para pensar, e pensar mais e mais sobre o assunto. Pouco consegui. Mas, feliz ou
infelizmente, algumas palavras de Nietzsche me atingiram com força total!
Apressei-me em voltar e encontrar o trecho. Saber se realmente tinha
conexão com teu e-mail e com tudo aquilo que havia despertado. E realmente
estava lá! Na seção Por que escrevo tão bons livros, escrevendo sobre a (im)
possibilidade da compreensão de suas obras pelos modernos, Nietzsche (2007)
escreve algo que oferece terríveis elementos para construir uma terrível resposta
para essa dúvida enigmática: não podemos ouvir nada que já não tenhamos
experimentado! Não podemos conhecer outrem, mas apenas refazê-lo à nossa
própria imagem! Eis o trecho:
Em última instância, ninguém pode escutar mais das coisas, livros incluídos,
do que aquilo que já sabe. Não se tem ouvido para aquilo a que não se tem
acesso a partir da experiência. Imaginemos um caso extremo: que um livro
fale de experiências situadas completamente além da possibilidade de uma
vivência frequente ou mesmo rara – que seja a primeira linguagem para uma
nova série de vivências. Neste caso nada se ouvirá, com a ilusão acústica de que
onde nada se ouve, nada existe... Quem acreditou haver compreendido algo de
mim, havia me refeito como algo à sua imagem - não raro o oposto de mim,
um ‘idealista’, por exemplo; quem nada havia compreendido de mim, negou
que eu tivesse que ser considerado (p. 53).
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M ar i a R o s a R. M. C a m ar g o & Felipe Ferreira Joaquim (Org.)
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PEJA Rio Claro como espaço de formação:
nossas práticas, nossas histórias
Silvio,
O seu último e-mail apanhou-me numa semana bastante complicada
e somente hoje comecei a escrever qualquer coisa. Algumas ideias estiveram
fermentando neste tempo, mas optei por não utilizá-las. Eu gostaria de aproveitar
um pouco do que já conversamos até agora para abordar o tema da formação
inicial de educadores em EJA, que de certa forma caracteriza institucionalmente o
trabalho desenvolvido pelo PEJA enquanto um projeto de extensão universitária.
A leitura do seu último e-mail foi imprescindível para que os meus
pensamentos chegassem a esse tema da formação de educadores no PEJA. Após
a leitura do seu texto, um acontecimento bastante esquecido da minha memória
ressurgiu com muita vivacidade: recordei-me quando levamos a Tia Dag [Nota ao
leitor: Pedagoga Dagmar Garroux, idealizadora da Casa do Zezinho, uma entidade
não governamental localizada na periferia do município de São Paulo] para conhecer
o nosso trabalho do PEJA no bairro Bonsucesso. Lembro-me que logo depois do
almoço ela me perguntou: “E que metodologia de trabalho vocês utilizam neste
projeto?” Silvio, isso foi arrebatador para mim, pois naquela altura eu já estava há um
ano e meio participando do PEJA e não sabia qual era a nossa metodologia.
Tentei lembrar de alguma coisa que a Maria Rosa tivesse dito em alguma
reunião, mas não me veio nada à cabeça; também pensei em ficar enrolando até a
hora que você aparecesse para me ajudar, o que também não aconteceu; e como
alternativa C, pensei em arriscar no construtivismo, pois seria o jeito mais fácil
de agradar pedagogos e troianos. Mas sei lá por que, ainda que balbuciando em
alguns momentos, expliquei o nosso trabalho de forma muito próxima a sua
descrição feita no seu último texto. Falei com as minhas palavras sobre a sala com
poucos educandos, da proximidade com as pessoas que frequentavam o Projeto
e da questão da diferenciação e da singularização.
Como devolutiva obtive: “Ótimo! Era isso mesmo que eu queria saber,
porque eu não me interessava em conhecer um projeto que vendesse ‘drogas’ para
uma comunidade” (não me recordo com precisão das palavras dela, mas a minha
memória resolveu guardar exatamente desta forma).
Faço agora uma aceleração nesta linha temporal de recordações sobre
o PEJA e estaciono exatamente no dia da minha despedida do Projeto, cerca de
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M ar i a R o s a R. M. C a m ar g o & Felipe Ferreira Joaquim (Org.)
um ano e meio após o referido encontro com a Dagmar. Recordo-me bem que na
minha última fala durante o encontro anual de educadores e educandos do PEJA
Rio Claro, esse tema da metodologia e da nossa formação enquanto educadores
esteve mais uma vez presente nos meus pensamentos e explanei sobre essa reflexão
mais ou menos assim: “Despeço-me do PEJA sem saber exatamente que tipo
de professor eu sou. Não me considero piagetiano, vygotskiano, construtivista,
tradicionalista, foucaultiano e de qualquer outra corrente que aprendemos no
curso de Pedagogia, mas acho que consegui ajudar de alguma forma no PEJA”.
Escrevi tudo isso porque penso que a partir do momento em que
optávamos por essa metodologia um tanto inclassificável, desvirtuávamos
dos bons princípios da formação inicial de professores. Afinal de contas, que
professor “bem formado” inicialmente demostra-se incapaz “de produzir uma
grade curricular que atravesse o semestre”? Da mesma forma que não tentávamos
encaixar as educandas nos nossos esquemas imaginativos, acabávamos por fugir
de muitos enquadramentos propostos pelo nosso curso académico. E acredito
que a Maria Rosa teve um papel muito importante nisso tudo. Não me recordo
de ter que apresentar para ela a tal grade curricular ou qualquer coisa do gênero.
Vou além, no meu caso em específico, posso dizer que ela esperou uns
seis meses para me conhecer antes de deixar comigo o livro “O tempo da história”
de Philippe Ariès (1992). Aquela leitura sugerida disparou-me para pensar o
PEJA enquanto um espaço de investigação académica, pensar na História de um
outro jeito, pensar na educação de adultos de um outro jeito. E estranhamente,
esse livro orientou todo o meu TCC, ainda que eu só o tenha citado uma vez ao
longo do texto, quase que de propósito, para forçá-lo a aparecer nas referências
bibliográficas como uma forma de retribuição e de justiça.
Mesmo que a formação de professores em EJA se configure como um
dos objetivos do PEJA, eu penso que experimentamos o conteúdo da palavra
formação de maneira diferente da habitual ou da recomendada. Nós não nos
sentíamos prontos quando iniciamos a nossa participação no Projeto e posso
afirmar que quase cinco anos após deixar o PEJA, eu ainda não me sinto pronto.
Penso que foi uma formação feita mais para nos entendermos “inconclusos”
(Freire, 1987) e “desconformes” (Larrosa, 2006) dentro duma ação
permanente, multifacetada, multivariada e híbrida, do que propriamente para
alcançarmos a certeza do sentir-se pronto e preparado.
Finalizo essa reflexão deixando o grande abraço que você merece!
Marcelo
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PEJA Rio Claro como espaço de formação:
nossas práticas, nossas histórias
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PEJA Rio Claro como espaço de formação:
nossas práticas, nossas histórias
Silvio,
“Talvez… continuemos em alto mar, inconclusos e desconformes”.
Fizeste uma bela poesia com um punhado de palavras amarradas numa
frase, meu caro! E o fato de tê-la elaborado no plural despertou-me por completo
para registrar um último tema neste trabalho que vimos construindo até agora:
os educadores do PEJA!
Iniciei a escrita deste quarto e-mail com uma certa sensação de
tranquilidade e com alguma certeza de que este texto deve encerrar a minha
participação no nosso processo de escrita coletiva. Digo isso, pois assim que
terminei a leitura do seu texto senti uma vontade muito maior de reler todos os
e-mails que trocamos neste período do que propriamente em pensar novas ideias
para a continuidade do texto.
É verdade, em algum momento teríamos de parar este trabalho, tal como
você colocou. Assim como também é verdade que nunca esqueci a quantidade de
páginas estipuladas pelo Felipe e pela Maria Rosa. Entretanto, penso que a minha
sensação de tranquilidade pelo término desta travessia a qual nos propusemos
deve-se a outros motivos e a outras reflexões.
Neste exercício de releitura dos e-mails trocados, não só revisitei os
textos selecionados para a composição do trabalho até o momento, como também
recuperei todas as conversas “informais” que tivemos ao longo deste processo,
principalmente aquelas mais antigas, de quando ainda estávamos discutindo a
organização do texto. Gostei tanto dessa proposta de releitura do nosso debate
que peço licença para “colar” neste espaço um depoimento seu, feito quinze dias
antes de começarmos a escrever “oficialmente” o trabalho:
Sinto que estou distante demais daquele tempo. Muitas coisas eu me lembro e sinto
que são lembranças vagas demais.
Novamente, SINTO que estou mais apto a escrever sobre como a experiência
me deu a possibilidade der ser pedagogo fora da sala de aula, no meio dos
excluídos, quase um são francisco de assis freireano - mas sem o humanismo
(Silvio, 5/jan/2012).
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M ar i a R o s a R. M. C a m ar g o & Felipe Ferreira Joaquim (Org.)
memórias dos tempos do PEJA. Relendo o meu primeiro texto percebi uma certa
maiêutica impregnada em alguns parágrafos e imagino o quanto nos atrapalharia
se você caísse neste pseudo-diálogo socrático (Rancière, 2002). Isso foi
muito importante para minha reflexão sobre a complexidade dum trabalho
verdadeiramente coletivo, seja numa escrita seja numa ação educacional. Por
outras palavras, percebi que eu também precisava de você para lembrar mais do
que os acontecimentos episódicos dos tempos do PEJA, precisava de você para
disparar outras reflexões que até então eu não tinha experienciado de maneira
tão forte. Sinto que essa constatação reduziu até mesmo a minha vontade de
relatar uma série de acontecimentos daquela época para o nosso leitor e optei por
aprofundar-me no diálogo contigo.
Entretanto, aquela sistematização proposta no seu último texto, quando
elaboraste os cinco elementos articulados do PEJA, comprovou-me por completo
que a nossa troca de e-mails não foi apenas uma sobreposição de lembranças dum
passado distante. Por mais que você diga que tudo o que escreveste no último
e-mail seja fruto duma análise aprimorada pelas suas andanças pós-PEJA, eu
afirmo-te com todas as letras que vi no seu último texto um Silvio de seis ou sete
anos atrás, idêntico! Se você não recordou das suas lembranças daquele tempo, eu
recordei dum velho amigo que admirava por vivenciar comigo o mesmo projeto
de maneira tão intensa.
Ao ler o seu último texto, lembrei-me de quando você fazia aquelas
reflexões tão complexas que eu, em silêncio, imaginava-me incapaz de
compreendê-las, e quando muito, dizia em tom de brincadeira: “o senhor está
ficando muito revolucionário Silveirinha”. Admirava-te tanto, que fiquei muito
feliz por continuar no PEJA mesmo depois da sua saída, assim eu não ficaria a
esperar que você resolvesse os imprevistos e os grandes problemas que surgissem.
Dediquei o meu último ano do curso de Pedagogia ao PEJA e coloquei-
me na linha de frente da batalha. Vivi um ano muito intenso com os colegas que
na altura compunham a “nova geração” do Projeto, e quatro estações depois da
sua saída, percebi que já ocupava muito espaço no Projeto e já estava começando
a atrapalhar, já tinha completado a minha travessia.
E nisso eu vejo um diferencial muito forte no grupo de educadores do
PEJA, criávamos uma grande admiração por todas as pessoas que compartilhavam
as suas experiências disparadas pelo Projeto, que respiravam o Projeto. E o mais
interessante é que cada educador do PEJA tinha uma forma bem peculiar de
expressar essa cumplicidade, particularmente sempre me lembro duma frase dita
158
PEJA Rio Claro como espaço de formação:
nossas práticas, nossas histórias
pelo Arthur (Atum) numa reunião: “Eu não entendo como o PEJA não é disputado
‘no tapa’ pelos estudantes da Unesp”. E também recordo-me com vivacidade
de quando o Felipe (Close Up) foi até onde eu trabalhava em São Paulo para
mostrar-me o vídeo que eles tinham feito do PEJA após a minha saída do Projeto
e depois confessou ter chorado ao ver a primeira exibição do trabalho final.
Aliás, fiz do meu último dia no PEJA uma novela mexicana, nem tinha
terminado de falar o que tinha programado e comecei chorar. Percebi que Atum
chorou junto, que a Míriam chorou também e depois disso só me lembro de
abraçar o Close Up e o resto do pessoal. Para completar o roteiro dramático,
tudo isso aconteceu bem no encontro de educadores e educandos do final do
ano… Mas sei que saí feliz do PEJA-Rio Claro e cheio de histórias para contar.
Na verdade para contar-te antes de contar para qualquer pessoa, mas até hoje não
consegui encontrá-lo com tempo exclusivamente para isso.
Agora, essas histórias acumularam-se com outras da minha vida pós-
PEJA, que também queria contar, mas acho que já esqueci muitas delas neste
período. Porém, o que me deixa tranquilo após essa troca de e-mails é ter a certeza
de que as nossas memórias do PEJA não se esgotaram e tampouco deixaram de
gerar outras (novas) reflexões, crises e indagações.
(Esse lance de colocar a palavra “outras” seguido pela palavra “novas”
entre parênteses é a marca da Maria Rosa, resolvi fazer uma média para atenuar o
nosso atraso na entrega do texto, veja se bola alguma coisa assim também).
Enfim, já exauri todas as minhas forças de escrita para este período
e espero que você termine o texto, mesmo que eu não te responda mais neste
processo, estarei ansioso para ler o seu texto e para ver os nossos nomes no livro
do PEJA-Rio Claro futuramente.
Um grande abraço,
Marcelo Pereira
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M ar i a R o s a R. M. C a m ar g o & Felipe Ferreira Joaquim (Org.)
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PEJA Rio Claro como espaço de formação:
nossas práticas, nossas histórias
Ao mesmo tempo, sinto que fizemos tudo o que poderíamos fazer. Fomos
francos em nossos dizeres, radicais em nossa composição. Penso, sinceramente,
que produzimos algo novo e desafiador com essa breve experiência. Lembrando
que a proposta era que todos pudessem falar por meio destes escritos (educadores
e educandos), talvez tenhamos conseguido povoar estas páginas com muitas
vozes.
Enfim, como muitos (talvez milhões de vezes) já escreveram: é impossível
transformar estas experiências em palavras. Talvez seja, inclusive, impossível
teorizá-las! E, talvez, não se trate de uma dificuldade, mas de uma característica...
(aqui vai a minha parte para tentar compensar nosso atraso redigindo uma frase
tantas vezes e em tão variadas circunstâncias ditas pela Maria Rosa!).
Penso que todas essas nossas cartas eletrônicas poderiam ser seladas por
duas palavras: travessia e encontro. Travessia porque nossa república se chamava
travessia, porque a vida em Rio Claro era uma travessia e porque o PEJA foi uma
travessia e uma coisa que nos atravessou e nos transformou... Uma experiência, tal
como o texto do Larrosa (2002), que tantas vezes lemos, consultamos, citamos!
Encontro porque foi nos últimos meses de meu curso que conheci duas aulas de
Deleuze sobre Espinosa, por meio das quais conheci o quanto os encontros podem
ser vitais ou mortais, a depender dos afetos envolvidos. Vivemos, principalmente,
bons encontros, que nos aproximaram ao máximo de nossa potência de viver!
Gostaria, por fim, de agradecer esta última (?) parceria que realizamos
no âmbito do PEJA. Como poderíamos escrever isoladamente a respeito de
uma experiência que foi vivida também por meio de nossa parceria? Agradeço a
oportunidade de escrever estas duas dezenas de páginas contigo!
E que venham novas travessias e novos encontros!
Com ternura,
Silvio Munari
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M ar i a R o s a R. M. C a m ar g o & Felipe Ferreira Joaquim (Org.)
Referências
ARIÈS, P. O tempo da história. São Paulo: Cortez, 1992.
DELEUZE, G. Aula sobre Espinosa em 24/01/78, disponível em http://www.webdeleuze.com
[acesso em 30/03/2012].
“FIGHT CLUB”. CLUBE DA LUTA. Direção de David Fincher. EUA: Vídeo Lar, 1999. 1
cassete (139 min): son.; 12mm., legendado, VHS NTSC.
FREIRE, P. Pedagogia do Oprimido. 17.ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1987.
LARROSA, J. Notas sobre a experiência e o saber de experiência. Tradução de João Wanderlei
Geraldi. Revista Brasileira de Educação. ANPED, jan-abr, n. 19, 2002. p. 20-28.
______. Pedagogia Profana. Belo Horizonte: Autêntica, 2006.
NIETZSCHE, F. Ecce Homo: como alguém se torna o que é. 2.ed. Trad. Paulo César de Souza.
São Paulo: Editora Companha das Letras, 2007.
RANCIÈRE, J. O mestre ignorante: cinco lições sobre emancipação intelectual. Belo Horizonte:
Autêntica, 2002.
RESTREPO, L. C. O Direito à Ternura. 2.ed. Trad. Lúcia M. Endlich Orth. Petrópolis: Editora
Vozes, 2000.
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Sobre os autores
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M ar i a R o s a R. M. C a m ar g o & Felipe Ferreira Joaquim (Org.)
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PEJA Rio Claro como espaço de formação:
nossas práticas, nossas histórias
Camaçari, região metropolitana de Salvador, Bahia. Atuo em sala de aula, como professora de
ciências humanas e na coordenação de um projeto sobre a temática ambiental.
Márcia Marques
Nasci aos nove de fevereiro de 1961, na Fazenda Santa Lucília, onde estudava em escolas
rurais. Vim para Rio Claro em 1979 e tive que parar de estudar para trabalhar, entre outras
circunstâncias. E foi em 2005, por uma amiga, que conheci o PEJA; então voltei ao meu sonho,
agora minha realidade. Porque o PEJA é uma porta aberta, pois nos dá a liberdade de expressar
nossas opiniões. Somos tratados com respeito e carinho. Isso fez com que eu retomasse a escrita,
que sempre fez parte da minha vida. “Sem estudo não há Conhecimento, e sem Conhecimento
não há Vida”.
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M ar i a R o s a R. M. C a m ar g o & Felipe Ferreira Joaquim (Org.)
Mariana Bortolazzo
Graduada em Licenciatura Plena em Pedagogia pela Unesp – campus de Rio Claro, onde
atuou como bolsista do PEJA nos anos de 2007 e 2008 e como colaboradora até 2010. No
PEJA, desenvolveu atividades de secretária do projeto e educadora de turmas de jovens e adultos
dentro da Universidade e em parceria com a ONG Núcleo Artevida, no mesmo município,
atuando principalmente na área de Linguagens e Práticas Culturais. Atualmente cursa Mestrado
em Educação na Faculdade de Educação da Unicamp, onde também é membro do grupo de
pesquisas ALLE – Alfabetização, Leitura e Escrita, desenvolvendo pesquisas sobre práticas de
escrita.
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PEJA Rio Claro como espaço de formação:
nossas práticas, nossas histórias
Thais Surian
Formada em Pedagogia e Mestre em Educação pela Unesp – campus de Rio Claro. Iniciei no
PEJA em 2005, quando realizou atividades de ensino em conjunto com outros graduandos.
Do contato e da experiência com/no PEJA, desenvolvi o Trabalho de Conclusão de Curso de
Graduação “Mulheres escritoras relatam sua condição de mulher enquanto escrevem” (2006) e
a dissertação de Mestrado “Um estudo das práticas da escrita de mulheres (escritoras ou não)”
(2009). Atuo como professora, no Ensino Fundamental I, na rede pública de ensino no município
de Rio Claro. O PEJA me mostrou caminhos possíveis e diferentes para a educação, na prática de
ensinar e aprender, no fazer-se professor diante de alunos tão sábios e experientes.
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168
Sobre o livro
Formato 16X23cm
Tipologia Adobe Garamond Pro
Tiragem 300
2012
Impressão e acabamento
169
M ar i a R o s a R. M. C a m ar g o & Felipe Ferreira Joaquim (Org.)
170