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Nota 2: Esta obra foi elaborada de forma colaborativa, tornando-se uma coletânea. Os
capítulos respeitam as normas técnicas e recomendações da ABNT. A responsabilidade
pelo conteúdo de cada capítulo é de competência do respectivo autor, não representando,
necessariamente, a opinião da editora, tampouco da organizadora.
Impresso no Brasil.
Printed in Brazil.
20 Práticas Pedagógicas realizadas no
Ensino Remoto em 2020
V&V Editora
Diadema – SP
2021
Conselho Editorial
Expediente
Vários autores
Inclui bibliografia
ISBN 978-65-88471-16-6
https://doi.org/10.47247/VV/LV/88471.16.6
1. EaD. 2. Ensino remoto. 3. Educação. I. Borges, Rita de
Càssia. II. Série. III. Coleção.
CDD 371.72
Prefácio .................................................................................... 9
Ressignificando a prática docente no Ensino Remoto Emergencial:
reflexões e experiências .......................................................... 11
Taís de Souza Barbosa
Narrativas da minha terra: uma atividade desenvolvida em
Campinas - SP ........................................................................ 21
Ademilde Aguilar Moreira
Philippe Pires de Lima
Renata Balduino Zuppi
A Gameficação no Ensino Remoto .......................................... 32
Adrielly Sontag Bertipalha
Daiane Pereira Fraile
O cuidado como política de gestão escolar: relato de uma
experiência na educação básica durante a pandemia em Ribeirão
Pires - SP ................................................................................ 42
William Santos Nascimento
Sanny S. da Rosa
Reflexões sobre o desenvolvimento de um clube de Ciências e de
Robótica para crianças em fase de alfabetização no contexto da
pandemia de Covid-19 ............................................................ 58
Caroline de Souza Silva
Desenvolvimento e implementac de e egia colaborativa
de aprendizagem: Escape Zoom® na Graduação em Enfermagem69
Ellen Cristina Bergamasco
Mariana Lucas da Rocha Cunha
Humberto Dellê
Thomaz Augusto Alves da Rocha e Silva
Roberta Maria Savieto
Percepções de uma coordenadora pedagógica atuando durante a
pandemia em Diadema - SP .................................................... 82
Queila dos Santos
Aulas remotas: Metodologias Ativas, Tecnologias Digitais
e Criatividade na Educação Profissional em tempos de
pandemia................................................................................ 97
Fabiana Rosa de Lima
Radian Vega Consejero
Estratégias para adaptação do aluno ingressante à rotina
universitária, no contexto de ensino remoto emergencial: jogo
educacional e avaliações formativas ..................................... 107
Pamella Teles Pessoa
Karina Reche Casale
Lais Tono Cardozo
Fernanda Klein Marcondes
Uma proposta didática para o ensino remoto de Sistemas Lineares
2x2 com uso das TDICs ........................................................ 123
Fernanda Nery de Assis Pio
Giovana da Silva Cardoso
Joan Myrrha Alves
José Ricardo Ferreira de Almeida
Um novo jeito de ver a Ciência: adaptações curriculares durante a
pandemia em uma escola em Diadema - SP .......................... 137
Vanessa Verônica Vaz
Giuliana Rapp Cinezi
Ciências da Natureza e Ensino de Física: desafios e possibilidades
nas práticas pedagógicas remotas realizadas na Escola de Ensino
Integral José de Alencar em Roraima ................................... 147
Hiderly da Silva Costa dos Santos
Walter Fiusa dos Santos
Gestores Escolares no contexto da pandemia de Covid-19:
entre atuações e interpretações das políticas educacionais em
Itajaí - SC ............................................................................. 160
Karoline Bento
Ivana Weissheimer Rebelo
Aprendizagem baseada em Inquérito em tempos de
pandemia.............................................................................. 175
Leonardo Ristow
Diretrizes para realização do Estágio Supervisionado do curso de
Pedagogia: frente à Pandemia de Covid-19............................ 188
Andreia de Bem Machado
Vera Regina Lúcio
Jair Joaquim Pereira
Jussara Carmisini de Lima Ferreira
Horácio Dutra Mello
O processo educacional visto como simbólico ...................... 202
Marco Antônio Ribeiro Merlin
Andressa Gobbi
Programa Saberes em Casa: uma proposta de trabalho para o
contexto remoto em Guarulhos - SP ..................................... 209
Eliane de Siqueira
Patrícia Cristiane Tonetto Firmo
Solange Turgante Adamoli
A Formação de Professores de Educação Digital durante a
Pandemia: uma trajetória de descoberta e possibilidades ... 220
Solange Cristina Corregio
Experiência de ensino remoto no curso de pós-graduação em
Psicologia da Universidade Federal do Ceará ........................ 231
Maria Vânia Abreu Pontes
Aluísio Ferreira de Lima
Stephanie Caroline Ferreira de Lima
Encontros formativos virtuais: estratégia de formação continuada
remota .................................................................................. 242
Lara Santana
Giovanna Tonzar
Letícia Viesba
Everton Viesba-Garcia
Marilena Rosalen
Sobre as organizadoras ......................................................... 244
Sobre as autoras e os autores ............................................... 245
Índice remissivo ................................................................... 251
Ficha técnica ........................................................................ 252
Prefácio
Texto.
9
Texto.
10
Ressignificando a prática docente no Ensino Remoto Emergencial:
reflexões e experiências
doi.org/10.47247/VV/LV/88471.16.6.1
11
Plano de mudança
12
transmissão” (MOREIRA & SCHLEMMER, 2020). Com isso, a
preocupação única com a transmissão mecânica do conteúdo, de fato,
nos leva aos ambientes virtuais não para promover reflexões que
partam da nova conjuntura, mas sim para reproduzir o mesmo modelo
tradicional em que o educador permanece cativo a posições fixas,
invariáveis (EVELLIN, KARAKASSARA, 2020).
Ressignificar e flexibilizar ressoam como palavras de ordem para
“sobrevivência” em um contexto com necessidades e limitações
emergenciais, como no caso da pandemia da Covid-10, exigindo rápida
transposição das práticas pedagógicas tradicionais para o digital. Nesse
contexto, alguns autores afirmam que a organização, a sistematização e
o planejamento prévios não são características do ERE, as quais o
distanciam das outras modalidades de ensino à distância (HODGES et
al., 2020; JULIANI, 2020). Por outro lado, a falta destes tampouco
favorece a prática pedagógica em circunstâncias emergenciais que, a
meu ver, clamam por maior motivação e engajamento tanto dos
docentes quanto dos discentes.
13
Como medida institucional, os planos de curso, originalmente
desenvolvidos para o ensino presencial, tiveram as práticas pedagógicas
adaptadas às particularidades do modelo remoto de ensino. Com
mudanças na forma de ensinar, alterações nas formas de avaliar
também seriam necessárias, exigindo bom senso, bom ânimo e boa
vontade dos principais personagens deste novo capítulo da história da
educação. Em uma busca abrupta por motivação e engajamento, não é
incomum que se perca o discernimento e a sabedoria, características
necessárias para preservar uma educação que realmente educa. Em
meio a uma enxurrada de práticas pedagógicas inovadoras, como o uso
de jogos educativos e gamificação; através de plataformas, aplicativos
ou funcionalidades digitais, como o QR Code, Google Classroom, Kahoot;
dentre outros, o maior desafio é justamente simplificar os conteúdos, as
disciplinas, para que se tenha uma educação mais próxima da
realidade.
Professores e alunos, formados e atuantes na metodologia
tradicional de ensino, embarcaram em uma viagem de emergência, sem
destino certo e sem data de retorno. A máscara de oxigênio, quando
necessária, deve ser utilizada primeiro em si próprio, para preservar a
própria integridade e auxiliar a do próximo. Como ajudar sem estar
sendo ajudado? Como cuidar sem receber o devido cuidado? Como
motivar sem estar motivado? A necessidade de implementação de
medidas de cuidado em saúde mental dos docentes nunca foi tão
alarmante, como na realidade pandêmica atual. É tempo de (auto)
empatia, é tempo de (auto) cuidado, é tempo de cumplicidade!
14
da relação de reciprocidade entre professores e alunos. A reciprocidade
preserva a dignidade dos envolvidos e favorece o desenvolvimento
pessoal das partes (DIAS, 2019). Por outro lado, o distanciamento social
devido à pandemia, dificulta as formas de comunicação verbal e não
verbal, e, consequentemente, a criação de vínculos afetivos.
Conforme Lucas e Silva (2020, p. 1) essa realidade:
15
que sabia. Agora chegou a hora de ensinar o que não
sabe: o desconhecido.
16
Para Dias (2019, p. 144), “A descoberta do sentido, nos ajuda a
atravessar a vida com integridade, sem nos despedaçarmos”. Diante da
mudança e da tribulação, é inevitável a experiência de emoções, como
medo, raiva, alegria, tristeza repulsa, confiança, as quais se expressam
positiva ou negativamente a depender de como concebemos o processo
de mudança. Cada indivíduo vai interpretar, sentir e agir de uma forma
própria, a partir de suas crenças e valores. Os obstáculos decorrentes
da pandemia revelaram as nossas limitações e as nossas
potencialidades internas, apresentando-nos as ferramentas já
disponíveis em nossa bagagem e as demandas de transformação
necessárias neste momento.
Particularmente, a minha experiência com o ERE, enquanto
docente na Universidade Federal de Juiz de Fora, campus Governador
Valadares, e mãe de uma estudante do Ensino Infantil da rede
particular, tem possibilitado a construção de sentidos e significados em
diferentes níveis de relevância em busca dos meus propósitos pessoais e
profissionais. Tenho construído, gradativamente, uma nova rotina de
trabalho, dividida com as tarefas domésticas e com os cuidados
familiares. Na minha instituição, fomos recomendados e “capacitados”
(por vídeo no Youtube) para utilizar a plataforma Google, tanto nas
atividades síncronas (Google Meet) quanto assíncronas (Google
Classroom). Para mim, a sensação inicial foi de que o ensino tradicional
havia ganhado uma nova roupagem, com manutenção das aulas
expositivas, e enfraquecimento da conversação entre docentes e
discentes, possivelmente por dificuldades tecnológicas, timidez,
dispersão, comunicação não verbal ineficaz, dentre outros. Segundo
Silva (2012), a comunicação não verbal efetiva e eficaz encoraja a fala
do outro, porque demonstra aceitação e respeito. Para outros autores,
tornar a comunicação não verbal efetiva/eficaz requer, além de
conhecimentos específicos em comunicação, dedicação para o
aprendizado e reflexão sobre o tema, treino para decodificar
adequadamente os sinais emitidos pelos interlocutores da relação,
capacidade de observação do outro e de si mesmo (BRAGA, 2007;
WOOD, 2007; SILVA, 2012), e motivação, ou seja, vontade para realizá-
la. O ensino remoto dificulta a comunicação não verbal, tanto para o
professor quanto para o aluno, comprometendo o processo de ensino e
aprendizagem.
A minha experiência com ERE, especialmente no primeiro
semestre de 2020, foi pobre de comunicação interpessoal. As aulas
17
expositivas de Odontopediatria, com duração de 60 a 90 minutos, mais
pareciam um monólogo, no qual conversava comigo mesma sobre o tem
em questão, ou me dirigia a um público passivo, anuente ou
indiferente, expressando meus pensamentos e reflexões sobre o
conteúdo. As avaliações foram parciais, em grupo, divididas
semanalmente sobre cada tema ministrado, com prazo de entrega de
uma semana, com atividades de Quiz e confecção de cartilhas,
protocolos, e material educativo. Tive dificuldade no planejamento do
envio de feedback semanal, via Google Classroom, em função da falta de
domínio com a ferramenta pedagógica, mas também por acúmulo de
tarefas na nova rotina, principalmente relacionados aos cuidados
pessoais e deveres escolares da minha filha.
Como “professora particular/monitora/mentora” da minha filha
tive a oportunidade de comparar a minha atuação como mãe-professora
com a profissional-professora, e descobri diversas potencialidades e
desafios que me fizeram refletir sobre a minha identidade docente. As
potencialidades me impulsionaram a fazer a coisa certa no momento
certo, para obter os melhores resultados possíveis na realidade atual.
Os desafios me incentivaram a buscar um caminho mais transformador
para minha carreira docente a partir da interação com outros colegas,
participação em cursos/capacitações/eventos sobre formação docente,
fortalecimento, resgate e criação de antigas e novas parcerias, e a
valorização do processo de troca com os discentes.
Segundo Dias (2019, p.15), “Quando se sabe a direção e o
sentido, há sempre ventos favoráveis”. Assim iniciei o segundo semestre
de 2020, motivada a aprimorar o meu planejamento pedagógico em prol
do maior engajamento com os alunos. Estabeleci cronogramas de
feedback para as atividades avaliativas, ampliei as possibilidades de
contato com os discentes, além das fronteiras do Google Classroom,
participando de uma roda de conversa sobre as estratégias e vivências
de discentes e docentes durante o ERE, e venho elaborando
continuamente uma lista de alterações para o próximo semestre a partir
das demandas atuais. Enquanto partilho as vivências e experiências
sobre práticas, de forma crítica e reflexiva, trilho o caminho da
formação continuada, com a (re) construção da minha identidade
pessoal, como afirma NÓVOA (1995). Como ser inacabado que sou, vivo
em busca de novos saberes, enquanto nutro a relação de amor por
aprender e amor por ensinar. Profetizou o Mestre Paulo Freire (1996).
18
Referências
19
Movimentos docentes: experiências, vivências e histórias. Diadema, SP:
V&V Editora, 2020. p. 212-229.
20
Narrativas da minha terra: uma atividade desenvolvida em
Campinas - SP
doi.org/10.47247/VV/LV/88471.16.6.2
21
Introdução
22
matar a cultura primeira do aluno (GADOTTI;
ROMÃO, 2011, p. 33).
23
Quanto ao professor de EJA, segundo Arroyo (2006), não existe um
perfil definido e de certo modo, isso é positivo, pois esse professor
precisa se adequar à cultura do aluno e dialogar com a comunidade
para realizar um bom trabalho em sala de aula. Em nosso grupo de
professores, uma professora reside em bairro próximo à escola Dr. João
Alves dos Santos, o que permite a ela fazer um diagnóstico mais
completo da comunidade e consequentemente favorecer o trabalho em
sala de aula.
Por esta razão, realizamos a pesquisa, em que os sujeitos foram
estudantes eprofessores, em um contexto em que eles estejam
inseridos, com uma cultura própria, as suas histórias de vida. O aluno
de EJA pela própria trajetória escolar é uma pessoa insegura, que
muitas vezes se sente incapaz para estudar e pensando dentro dessa
perspectiva, acreditamos que inseri-lo na sua própria história,
contribuirá para a sua autonomia, sua segurança na sociedade e nos
processos educativos.
Desenvolvimento
24
Resultados previstos
25
foi boa, graças a Deus, é morei 6 anos em Ibirajá,
Bahia, morei 10 anos em Santa Luzia do Norte, né e
convivi muito em Medeiros Neto, por que era uma
cidade próxima da gente eh... eu pra minha infância
foi muito muito boa, teve algumas dificuldades como
todos nóis temos né? mais a gente não tem que
reclamar, tem mais é que agradecer sobre essa
passage da vida que a gente teve. É onde a gente fala
que tem altos e baixos né? É alegria, tristeza, tem
várias coisas pra envolver a nossa vida. Éh... fico
muito grata estar falando com você e obrigada por
esse dia que a gente tamo falando, maravilhoso e
vamos seguir em frente e a batalha continua, tá,
vamos que vamos.
26
infância, que era muito gostoso naquele tempo. Tinha
umas brincadeira era muito gostosa, umas
brincadeira que a gente brincava as criança, era
diferente de hoje em dia, que é tudo televisão, é
internet, é celular, primeiro não existia nada disso, se
existia era muito raro as pessoa tem condições de
pissui um celular, uma televisão, era tudo mesmo e
vivia tudo na roça morando na roça, era no escuro a
gente usava a luz era de lamparina, era de luz a gás e
num tinha energia, então era uma vida bem sofrida
mas era uma vida bem gostosa de se viver, tranquilo,
a vida mais tranquila, não era tão apavorada,
medrontada como a gente vévi agora neste neste
mundo de Deus. Sinto muita saudade da minha
infância daquele tempo, e então eu vim pra cá, morar
pra cá, e aqui tô ainda, casei aqui tive meus dois filho
aqui e vivo aqui ainda, mais sinto muito vontade de ir
embora de volta para minha terra. E é isso professora,
a minha história é assim, parecida com meu mundo
de vontade de ir embora de volta, tá bom?? M. C.
27
gostaria muito de recordar as minhas lembranças mas
muitas lembranças minha não gosto de recordar por
que é dolorida, gosto muito de lembrar que uma vez
minha vó falou pra mim quando eu era moça que eu
me casasse com um véio pra não passar fome porque
não tinha o que comer, e ela ficava muito triste por
que as vezes a gente dormia com fome e era muito
triste e ao mesmo tempo alegre por que a gente
mesmo a gente tendo a dificuldade mais a gente era
feliz. Hoje eu tenho praticamente tudo, eu falo isso
pros meus filhos que nós somos rico, temo o que visti,
temo onde durmi, temo uma casa, não passa fome e
todo mundo hoje é alegre, as vezes os meus filho, um
dos meus filho recrama as vezes e eu falo pra eles não
recramá por que se eu pensar o que eu passei
antigamente ai eu poderia chorar mais não eu não
choro, eu falo pros meus filho que eles tem uma vida
de rico. Dinheiro não é tudo na vida, o dinheiro é só
sobrevivência para viver nesse mundo grande que
Deus deu para nós. Não gosto de recordar o meu
passado essa é minha mensagem. Que Deus abençoe,
obrigado.
Considerações
28
Atividade proposta:
29
população fazem com que tenhamos também uma enorme diversidade
cultural.
A religião católica, originária dos colonizadores europeus,
embora durante muitos anos tenha sido absoluta, maioria, não é a
única. Os brasileiros professam religiões de matriz africana, os
indígenas possuem seus próprios cultos e divindades, além de haver
uma infinidade de denominações religiosas cristãs além da católica.
A constituição do povo brasileiro é multiétnica, tendo em vista a
variedade de grupos que constituíram a nossa população. Além do
nativo indígena, o africano e o europeu colonizador, imigrações
importantes, como a italiana, japonesa e árabe, contribuíram, e muito,
para ampliar ainda mais a enorme diversidade histórico-cultural
brasileira.
(mundoeducacao.uol.com.br/geografia/identidade-brasileira)
Observe o desenho a seguir:
Fonte: https://www.filosofiaesoterica.com/os-dois-campos-culturais-do-brasil/
30
Para responder:
Faça uma pequena pesquisa familiar e escreva um texto
narrando suas origens regionais, de onde sua família veio? Tem origens
multiétnicas? Do que você se lembra da sua infância? Quais são seus
gostos, seus costumes e hábitos?
Interferência do professor:
Faremos uma dinâmica com eles, em que os alunos poderão
fazer uma narrativa escrita ou um podcast, sobre a vida deles através
do Google Forms ou whatsApp.
Os professores fazem algumas interferências em alguns trechos,
para melhorar a história ou para contar mais sobre algum fato,
poderemos entrar na história escrita ou oral, através do Google Forms,
WhatsApp e meet.
Podem trabalhar a história da vida deles, do lugar de origem
deles e de onde moram. Essas histórias poderão ser contadas, por meio
de lendas e parlendas.
Referências
31
A Gameficação no Ensino Remoto
doi.org/10.47247/VV/LV/88471.16.6.3
32
Para começar...
33
globalizada dominam com excelência desde muito cedo, assim, é muito
óbvio que o aluno se interesse por um game onde ele é desafiado a
explorar um determinado problema e ser protagonista de uma situação
proposta, do que interessar-se por um conteúdo que lhe é proposto
passivamente, onde ele é apenas um receptor.
Ficar aprisionado aos livros didáticos e aulas expositivas,
certamente não será um caminho eficaz para uma aprendizagem ativa.
As escolas nos moldes comeniano, onde o professor explica o conteúdo
e tem a receita a ser seguida no material didático, já nos apresentou
nos seus mais de 200 anos de atuação que não é a melhor opção,
principalmente considerando hoje em um mundo globalizado, a
quantidade de ferramentas que os nossos alunos têm acesso desde seus
anos iniciais de vida. É comum desde a primeira infância as crianças
terem acesso ao mundo digital, como smartphones, tablets, acesso à
conteúdos lúdicos pela internet e, com isso, vão criando interação com
esse mundo digital, consequentemente, isso aos poucos vai tornando
parte do cotidiano da criança e, ao descobrir tantas possibilidades de se
aprender e a extensa variedade de tecnologias ao seu redor, ela
internaliza e tudo aquilo passa a ser parte do seu viver. Com isso, é
cada vez mais necessária que o professor busque formas de utilizar os
recursos em suas aulas, propondo aos alunos protagonizar o processo
de aprendizagem, por meio de desafios permeados no contexto, por isso,
a melhor maneira é utilizar de processos que motivem o aluno a buscar
conhecimento, como os games. Vale pontuar que para isso seja
construído de forma efetiva, é importante a formação contínua do
docente quanto à sua prática de ensino para aprender a utilizar os
recursos e estratégias de ensino de forma a engajar seus alunos
durante suas aulas, sejam elas remotas ou presenciais.
Muito se fala que a educação deve ser pensada de forma
diferente e nós professores sabemos que o processo de aprendizagem se
dá através do envolvimento do aluno nas etapas do processo de ensino,
bem como da interação deste com o seu professor, no papel de
mediador. Dessa forma, a partir do momento em que o professor oferece
ao aluno a possibilidade de interação numa aula dinâmica, de uma
maneira mais desafiadora e divertida, as relações de afetividade se
fortalecem e os processos de ensino e de aprendizagem se tornam muito
mais eficientes.
34
As discussões acerca de metodologias ativas na educação se
intensificaram com o cenário de aulas remotas, em todos os níveis de
ensino, do infantil à pós-graduação. Foi possível perceber situações
como a dificuldade de muitos docentes em utilizar tecnologias no ensino
remoto, entretanto, muitos professores que nunca haviam utilizado
recursos tecnológicos em suas aulas, se superaram e reinventaram
suas estratégias de ensino, agregando músicas, leituras, games,
animações, dentre outras estratégias para engajar seus alunos em uma
aula mais ativa e dinâmica.
De fato, a metodologia ativa pode estar presente tanto no ensino
presencial, como no ensino remoto e híbrido, independentemente do
nível de ensino. Quando falamos de metodologias ativas, consideramos
aulas baseadas em desafios que são pautados no contexto do aluno e
tornam esse aluno protagonista do processo de aprendizagem. Dessa
forma, independente se a escolha do professor é trabalhar com sala de
aula invertida, projetos ou gameficação, por exemplo, o importante é
envolver os alunos no processo da reflexão que levam a solução de
desafios.
Vivenciar a gameficação, por exemplo, em sala de aula remota
pode tornar uma simples aula expositiva em uma grande experiência
cheia de aprendizado e conhecimento que é o principal objetivo de cada
aula. Utilizar a gameficação em sala de aula é agregar para o aluno a
possibilidade de inserção do seu contexto, de maneira dinâmica,
divertida e desafiadora. A sétima edição da Pesquisa Game Brasil (PGB)
em 2020, mostra que 73,4% dos brasileiros utilizam jogos eletrônicos e,
de acordo com os resultados das edições anteriores, esse número vem
crescendo.
O processo de gameficação é uma estratégia a qual o professor
insere elementos de jogos em suas aulas para torná-las mais atrativas e
promover o engajamento dos alunos durante um assunto ministrado.
Os elementos podem ser uma regra, rankings, fases, níveis, pontuações,
um desafio, um personagem, uma competição, uma narrativa, uma
história, uma interface e premiações sejam elas tangíveis ou não. O
objetivo é tornar o aprendizado mais prazeroso e que o aluno se sinta
mais motivado a buscar o conhecimento, tornando-se mais autônomo e
protagonista neste processo. Dessa forma, a gameficação não é tornar a
aula um jogo, mas sim, utilizar-se de seus elementos virtuais ou
analógicos para deixar a aula mais dinâmica. Existem diversas
35
maneiras de se gameficar uma sequência didática, umas vão exigir mais
ou menos horas de planejamento do professor, mais tempo de aulas
para aplicação e outras poderão incluir ou não recursos digitais.
Para este capítulo trataremos de exemplos de gameficação em
aulas remotas aplicadas no ano de 2020 em um colégio do Município de
Campo Mourão – Pr. A proposta é exemplificar a aplicação da
gameficação no ensino remoto, por isso, será apresentado neste
capítulo o relato de uma aula de biologia ministrada em turma de
Ensino Médio, composta por 28 alunos que foram divididos em 6
equipes. Na semana anterior à aplicação da atividade, a professora
explicou aos alunos como iria acontecer o desenvolvimento da atividade
e apresentou a eles um tabuleiro (figura 1) no qual pudessem
acompanhar o desempenho de suas tarefas. O tabuleiro foi fracionado
em seis níveis. Cada nível contém um problema/desafio que a equipe
precisara buscar pela resolução. As frações maiores representam uma
“recompensa” e consequentemente uma imersão maior também do
aluno.
Tabuleiro de Progresso.
Fonte: As Autoras.
36
didática era Ciclos Biogeoquímicos. Assim que todos escolheram seus
personagens, a professora conduziu as equipes para o primeiro nível e
orientou a primeira tarefa a ser realizada, que seguindo um conceito de
metodologias ativas, era uma leitura breve sobre macro e
micronutrientes. O grande objetivo deste texto foi provocar uma reflexão
nos alunos sobre os elementos químicos como carbono, hidrogênio,
fósforo, potássio, oxigênio e enxofre com as plantas e os animais. Dessa
forma, após a leitura, o professor poderia levantar questões como: como
esses elementos se encontram disponíveis para os seres vivos? O
professor é peça fundamental nesta etapa de imersão, tanto na escolha
da atividade inicial como no processo de provocação do aluno. O texto
era breve e objetivo e foi enviado para os alunos em PDF através dos
canais de comunicação da escola, a plataforma Teams.
A cada tarefa completada, o professor faz a validação quando a
recebe e avança o personagem escolhido pela equipe no tabuleiro de
progresso (Figura 2) através da sua lousa digital compartilhada em
ambiente remoto pelo Whiteboard. Encerrado esse primeiro momento
de introdução, algumas equipes ainda precisaram se manter no nível 1
e realizarem a leitura do texto, pois não haviam realizado em casa ou
precisavam rever algumas informações novamente. Enquanto isso,
outras equipes avançaram com seus personagens para o nível 2.
Assim, partindo da ideia de Hodson (1992) em que um aluno irá
desenvolver melhor seu aprendizado quando estiver engajado em um
processo de investigação, o segundo nível apresentava aos estudantes
imagens esquemáticas e bastante coloridas dos ciclos biogeoquímicos
da água, do carbono, do oxigênio, do nitrogênio e do enxofre. Ao lado de
cada ciclo um problema pontual sobre o assunto foi proposto, como por
exemplo, em relação ao ciclo do nitrogênio a equipe teria que analisar o
esquema, relacionar com o problema e buscar uma explicação baseada
na interpretação da imagem.
No caso do ciclo do nitrogênio, por exemplo, o problema que os
alunos teriam que explicar era a maneira como esse elemento é
incorporado às plantas e aos animais, destacando principalmente o
papel das bactérias envolvidas no processo. Então as equipes iriam
analisando e discutindo, assim que chegavam a uma conclusão
poderiam enviar uma resposta no chat da plataforma Teams, que era
verificada e validada pelo docente. A resposta da equipe poderia ser
visualizada por toda a turma, assim como cada equipe tinha um
37
problema sobre um determinado ciclo biogeoquímico, todas elas
poderiam compartilhar suas respostas e assim, o conhecimento estava
sendo construído em conjunto.
Fonte: As Autoras.
38
E no nível 6, cada equipe desenvolveu uma narrativa para fechar
o aprendizado sobre os ciclos que estudaram ao longo das atividades do
tabuleiro. A narrativa é uma estratégia de atividade gameficada que
pode ser desenvolvida de forma bastante positiva no ensino remoto.
Todo game tem uma história atraente capaz de envolver os jogadores.
Dessa forma, também é possível agregar a narrativa, como estratégia de
aprendizagem e este processo pode acontecer de algumas maneiras: a
contextualização de uma história ou de um cenário pode ser elaborada
pelo professor e apresentada aos alunos para imergi-los em um
determinado assunto; ou o professor pode usar personagens de séries,
jogos e filmes, bem como utilizar os cenários dos mesmos para
contextualizar um determinado tema da aula. No caso do nível 6 os
alunos desenvolveram uma narrativa relacionada ao ciclo do enxofre
ciclo do enxofre (figura 3).
39
com um grau de dificuldade acentuada pelos alunos, pudesse ser
trabalhada através de aulas gameficadas, que foram chamadas de
Business Game. Inicialmente a professora, que apenas à título de
informação é doutora em Administração, propôs aos seus alunos, por
meio da plataforma digital utilizada pela Universidade, a leitura do
material de subsídio. Logo na primeira aula da disciplina, a professora
após se apresentar e conhecer os seus alunos, contextualizou o material
já enviado e explicou a dinâmica de toda a disciplina, enfatizando que
todo o conteúdo seria abordado por meio de um jogo, no qual era
dividido em equipes, compostas por 5 ou 6 alunos, e simulava uma
empresa.
A primeira dica da professora foi para montarem suas equipes
com profissionais com formações diferentes, para que, ao processo que
o jogo avançava, todos pudessem entender e contribuir detalhadamente
com cada fase. Algumas equipes seguiram as dicas e outras não. No
final da disciplina game, os alunos mediados pela professora puderam
refletir a importância de contarem com profissionais de diferentes
formações no contexto do dia-a-dia, e reportaram à docente a
importância de, por meio de um jogo dinâmico e divertido, terem a
oportunidade de assimilarem conteúdos e contarem com a inserção do
contexto real vivenciado na área, que são coisas extremamente
relevantes e necessárias à formação do curso.
Quando falamos em gameficação, tratamos de um horizonte
cheio de possibilidades atrativas aos olhos não somente das crianças e
jovens que estão inseridos no contexto da escolarização, mas também
de todos os níveis de ensino, pois trazemos dinamicidade e engajamento
com a proposta. É a oportunidade que temos de demonstrar que as
aulas podem ser entusiasmantes e repletas de significados, além de
serem importantes no processo de formação.
Com esses exemplos apresentados neste capítulo, podemos ver
que essa organização não exigiu tempo a mais de dedicação e
planejamento do professor, tampouco recursos financeiros que possam
ser considerados extras ao processo já planejado, mas sim, dedicação,
entusiasmo e conhecimento das ferramentas digitais que, normalmente,
nós professores precisamos buscar por meio de formações continuadas,
pesquisas e incansáveis buscas de atualizações diárias, afinal, o
processo de ensino e aprendizagem requer constantemente do professor
a disponibilidade de ensinar e também de aprender, todos os dias.
40
Aceitar que nossos alunos, seja da Educação Básica ou Ensino
Superior, são meros receptores de conteúdo, é pensar na escola como
uma instituição retrógrada, por isso, é tão importante que nós
professores não nos limitemos ao papel de apenas despejar conteúdos e
avaliar de forma mecanizada um processo tão rico e que precisa ser
cheio de significado. Quando motivamos os nossos alunos na busca
pelo conhecimento, oportunizando que protagonizem o processo de
aprendizagem, permitindo que façam parte desse processo tão
importante, a nossa missão de educadores se torna mais efetiva e
gratificante.
Referências
41
O cuidado como política de gestão escolar: relato de uma
experiência na educação básica durante a pandemia em Ribeirão
Pires - SP
doi.org/10.47247/VV/LV/88471.16.6.4
42
Considerações iniciais
43
Embora dados da PNAD Contínua TIC 2018 (IBGE, 2020)
apontem que 79,1% dos domicílios brasileiros já utilizam a Internet, a
principal forma de acesso à rede se dá via celular (99,2%). Mas, como se
sabe, a conexão por banda larga móvel (3G ou 4G) dos pacotes de dados
econômicos utilizados pela maioria da população é limitada e, portanto,
insuficiente para atender ao aumento da demanda, especialmente,
durante a pandemia.
Assim sendo, o uso das redes sociais como uma das principais
estratégias para o ensino remoto não conseguiu mitigar as previsíveis e
irreparáveis perdas educacionais da população mais carente. Não
obstante, tal como no setor de saúde, não fosse o comprometimento e o
trabalho incansável dos servidores públicos de Educação, a situação de
desamparo dos cerca de 40 milhões2 de estudantes das escolas públicas
brasileiras teria sido muito mais grave.
Com esse reconhecimento não pretendemos reforçar o
imaginário social de que os educadores são sujeitos abnegados,
imbuídos de um espírito missionário e que, por isso, não sucumbem
frente às adversidades que circundam o seu trabalho. O relato da
experiência que motivou a escrita deste texto também não tem a
intenção de apresenta-la como modelo de “boas práticas” de gestão que
possa ser reproduzido a partir de um protocolo de procedimentos
técnicos à moda de um “como fazer”. Tampouco alimentamos a
expectativa de que sejam enaltecidas por revelarem um espírito cheio de
“boas intenções”.
Ao contrário, o que se pretende é dar relevo - como o fez Cury em
seu ensaio - ao valor desses profissionais como mediadores de um
direito público e de um bem comum que apenas se fez mais visível no
contexto da pandemia: o direito a uma educação com qualidade social.
Queremos, com este relato, e com as reflexões que se desdobram a
partir dele, ilustrar que o projeto de uma “educação com qualidade
social” pressupõe, antes de tudo, a subjetivação da noção de justiça (e
44
de justiça curricular) que se expressa nos cuidados depositados nas
palavras e gestos com que educamos. Mesmo remotamente!
45
salas de aula com pé direito baixo que as deixam quentes e pouco
ventiladas.
Devido à necessidade tornar o ambiente escolar mais atrativo e
seguro para as crianças, ao longo do ano de 2018, a direção
providenciou algumas reformas e melhorias, como a substituição dos
portões e grades das escadarias por corrimãos; pintura e decoração
completa da escola e do refeitório com motivos lúdicos, sugeridos pelos
alunos; manutenção do mobiliário; organização de salas temáticas com
materiais educativos apropriados às atividades das oficinas pedagógicas
de artes (como, pintura, música, dança, teatro, etc.), de língua
portuguesa, inglesa, matemática, ciências, etc.
Essas pequenas melhorias não apenas tornaram os ambientes
de convivência mais confortáveis e alegres, como motivaram os
professores a explorarem mais e com maior frequência os materiais
pedagógicos para os processos de ensino-aprendizagem. Como
desdobramento dessas iniciativas, ao longo do ano de 2019, a equipe
gestora envolveu todos os docentes na construção colaborativa de um
novo currículo para as oficinas pedagógicas, projeto este vinculado a
uma pesquisa-ação desenvolvida pelo diretor, sistematizada em sua
dissertação de Mestrado em Educação finalizada no início de 2020
(NASCIMENTO, 2020).
E, então...veio a pandemia. Professores e gestores tiveram que se
despedir dos alunos de forma rápida, sem preparo para enfrentar os
desafios impostos pelo longo período de isolamento social que se
estendeu por todo o ano de 2020. Naquela altura, pouco se sabia sobre
o novo Coronavírus (SARS-CoV-2), causador da Covid-19, doença
infecciosa que já foi responsável pela morte de mais de 2 milhões de
pessoas em todo o planeta até o presente momento.
Sem um direcionamento claro por parte dos poderes públicos
sobre como seriam realizados os estudos remotos, a primeira
preocupação da direção da escola foi buscar informações mais precisas
a respeito da doença para orientar os pais e responsáveis sobre as
medidas de proteção, sobre como evitar o contágio e proteger a saúde de
toda a comunidade escolar. Concebendo o currículo como o conjunto
das experiências que fazem parte da vida (e não apenas da vida escolar),
entendemos que essas eram as prioridades exigidas pelo momento
inusitado por que todos estávamos passando. (MOREIRA; CANDAU,
2007; ARROYO, 2013; SACRISTÁN, 2013; 2017).
46
Tínhamos também a preocupação de dizer às crianças que se
tratava de uma fase passageira e que, em breve, estaríamos novamente
compartilhando nossas experiências, quando todos voltassem para a
escola. Enquanto isso, era preciso encontrar formas de ajudar os alunos
a criarem rotinas de estudos em casa a fim de minimizar os prejuízos de
aprendizagem que, sabíamos, seriam inevitáveis. Para tanto, seria
necessário acostumar as famílias à prática de comunicação a distância,
por meio das tecnologias digitais e, na medida do possível, orientá-las
sobre como apoiar os filhos nas atividades preparadas pelos
professores.
Como em todas as escolas dos sistemas públicos, a equipe
escolar enfrentou dificuldades e desafios para dar continuidade ao
trabalho pedagógico pois, em sua maioria, os alunos não dispõem dos
recursos materiais e de condições adequadas para a realização de
atividades remotas. No entanto, o cumprimento do planejamento
curricular e das tarefas de casa não foram as nossas preocupações
mais imediatas, e sim os cuidados necessários à preservação da saúde
física e emocional das crianças. Por ser uma escola de tempo integral,
elas estavam acostumadas a passar mais tempo na escola do que com
seus familiares e a interrupção abrupta dessa rotina, com o
afastamento dos colegas e dos professores, poderia causar ansiedade e
agravar problemas e carências já existentes que a escola, como
instituição pública, tinha como dever mitigar.
No ensaio já mencionado, Cury fez uma observação a esse
respeito:
47
Fig.1 – Carta endereçada a(os) aluno(a)s da escola.
48
compromisso comum: zelar pelo que compreendemos como “qualidade
social da educação”.
49
Em meio a tantas adversidades vividas durante o isolamento
imposto pela pandemia (muitas das quais talvez nunca tenhamos
acesso ou consigamos avaliar precisamente seus efeitos duradouros), o
fato é que, com esse gesto, as crianças se sentiram mais amparadas e
criaram uma rotina de estudos. A devolutiva das atividades contribuiu
para o planejamento pedagógico dos docentes, considerando as
diferenças de cada uma das crianças, e para a própria organização
administrativa da escola.
Com efeito, foi possível identificar quem estava sendo atendido
(material, emocional e pedagogicamente) e direcionar atenção àqueles
que enfrentavam maiores dificuldades. Com esse compromisso coletivo,
conseguimos melhorar o relacionamento com as famílias e fazer com
que muitas se tornassem parceiras no empenho comum de mitigar os
efeitos do distanciamento das crianças do convívio escolar.
Muito importante também foi permanecer em constante contato
com as famílias dos nossos alunos. Fizemos isso pelas mais diferentes
vias: ligações telefônicas, envio de mensagens pelas redes sociais,
bilhetes, avisos e atividades impressas a fim de acompanhar a situação
vivida por todas elas. Por meio de uma pesquisa, identificamos que
84,3% dos responsáveis preferiam usar o WhatsApp como forma de
comunicação (Gráfico 1), ferramenta que passou a ser mais utilizada
pelos professores para complementar as aulas e atividades
disponibilizadas pela Secretaria de Educação do Estado de São Paulo
via Centro de Mídias da TV UNIVESP.
50
plantões semanais de atendimento aos pais/responsáveis para a
retirada e devolutiva das atividades enviadas em materiais impressos.
Nesse processo, notamos que nem todos possuíam preparo suficiente
e/ou paciência para acompanhar as lições. Diante disso, a escola
pensou um plano de acolhimento e orientação às famílias com o
objetivo de fortalecer o espírito de solidariedade entre elas, que incluiu
até uma campanha de doação de cestas básicas para as mais carentes.
Como resultados dessas ações, até o mês de julho/2020
tínhamos a seguinte situação:
51
Na escola, esse ideal se concretiza por meio do currículo que,
como pontuam Ponce e Araújo (2019, p.1050) é “uma construção que
conta com a participação de todos os sujeitos implicados”. Foi o que
fizemos, ao longo dos anos de 2018 e 2019, por entendermos que
currículo é algo que transcende em muito os planos de trabalho de sala
de aula, tenham estes sido estes elaborados a partir de um rol
conteúdos, competências ou habilidades previamente prescritos. Em
nossa escola, assumimos que o currículo é “todo o processo de ensino-
aprendizagem convivência-cuidado na construção do conhecimento
significativo para a vida” (PONCE; NERI, 2017, p. 1223, grifo nosso).
Daí a importância de observar, cuidadosamente, e escolher os
conhecimentos considerados mais importantes e significativos para
alunos concretos: os nossos alunos!
A noção de cuidado - privilegiada na experiência relatada - é
uma das dimensões do conceito de justiça curricular, ao lado de duas
outras: a do conhecimento (que visa à construção de uma vida digna) e
a da convivência (democrática e solidária), calcada no respeito ao outro.
Trata-se de uma tríade conceitual, intimamente articulada, cujo
pressuposto é o entendimento de que a justiça social se funda no
respeito à dignidade humana devido a todos e a cada um dos sujeitos.
Ponce e Araújo (2019) assim sintetizam a articulação das três
dimensões que constituem o conceito:
52
de que tratam os autores é a que dispõe o cuidado na base deste
conceito tridimensional (Fig. 3).
53
Considerar as demandas e necessidades de uma comunidade
escolar é, portanto, pré-condição para a escolha criteriosa dos
conhecimentos necessários à construção de uma vida digna e para uma
convivência solidária entre sujeitos concretos. É essa a matéria-prima
da educação, denominada por Saviani (1996) como processo de
humanização. Este processo, por sua vez, é enraizado em uma história
que se mantém viva nas relações estabelecidas pelos sujeitos dentro de
uma coletividade.
Uma educação com “qualidade social”, portanto, é aquela que
leva em conta e cuida dos elementos que constituem a trajetória de
humanização de cada criança. Nesse sentido, é importante que a
formação do sujeito:
Considerações finais
54
aprendermos a conviver de forma mais respeitosa e atenciosa,
condições da vida democrática.
Na condição e no lugar de gestores de escola, principalmente de
uma escola pública, era nosso dever priorizar o cuidado com tudo e
todos, preservando a convivência respeitosa e solidária com os
professores, funcionários, familiares e alunos que já havíamos
construído em anos anteriores. Garantidas essas condições básicas, a
dimensão do conhecimento – sempre a mais valorizada em tempos de
“normalidade” - foi reconhecida e recolocada em seu devido lugar na
escala de nossas prioridades, compondo, com as outras duas
dimensões da justiça curricular o verdadeiro significado do currículo.
As dificuldades, sofrimentos, as pequenas conquistas, as
descobertas, dúvidas e inquietações vividas, suscitadas e
compartilhadas com os sujeitos da escola devido à pandemia, ao
contrário de interromper o currículo, fizeram parte dele no ano de 2020.
A despeito do distanciamento social, ou por causa dele, laços sociais e
afetivos, indispensáveis a uma convivência democrática, se estreitaram
e se fortaleceram, mitigando um pouco as perdas “pedagógicas” que,
acumuladas, nos colocam agora diante do desafio de lidar com muitas
outras perdas decorrentes do aprofundamento das desigualdades
sociais em nosso país.
Para finalizar, cabe lançar uma reflexão sobre o papel e
importância do gestor escolar. A pandemia também nos dá a
oportunidade de redimensionar essa questão. A literatura acadêmica
(DRABACH; MOUSQUER, 2009) sobre o tema nos coloca quase sempre
diante de duas tendências: a de aderir às severas críticas às posturas
centralizadoras e de controle dos administradores/gestores, dado o
lugar que ocupam na hierarquia escolar; ou a de supervalorizar suas
ações, seja pelo viés de seu papel de liderança de “boas práticas”, seja
pela expectativa de que sejam capazes de conduzir uma gestão
verdadeiramente democrática. As duas alternativas, a nosso ver,
incorrem no mesmo equívoco: o de postular, explícita ou
implicitamente, a “centralidade” deste ator escolar.
Considerando as reais condições em que desenvolve o seu
trabalho, um gestor “de carne e osso” é convocado, em circunstâncias
diversas, a desempenhar um e/ou outro papel. Para que sejamos fiéis
às responsabilidades, possibilidades e limites das atribuições de um
diretor ou diretora de escola pública, talvez valha a pena lembrar as
55
considerações feitas por Anísio Teixeira sobre quem deve ocupar o papel
desse personagem. Para ele, somente um educador ou professor poderia
fazer a administração da escolar, visto que são os docentes que de fato
conhecem as atividades fins dessa instituição e o que é necessário para
desempenhá-las. Por isso mesmo, concluía que a verdadeira natureza
da administração escolar escolar e de “subordinação e não de comando
da obra da educação, que, efetivamente, se realiza entre o professor e o
aluno” (TEIXEIRA, 1961, p. 14-17).
Em meio ao agravamento das desigualdades sociais e às
incertezas e indefinições que persistem neste segundo ano de pandemia
da Covid-19 sobre o retorno (ou não) às atividades presenciais, cabe aos
gestores da escola pública trabalhar com os docentes na função
precípua de serem os mediadores desse bem comum. E, como tais,
persistirem juntos na luta para que o Estado brasileiro reconheça e
cumpra o seu dever de zelar pelo direito à vida, à saúde e à educação. A
experiência relatada neste texto nos ensinou que essa luta começa na
escola e que o cuidado é a chave de uma política de gestão escolar que
tenha como compromisso uma educação de qualidade social.
Referências
56
IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. PNAD Contínua
TIC 2018: Internet chega a 79,1% dos domicílios do país. Agência IBGE
Notícias, 24/04/2020. Disponível em:
https://agenciadenoticias.ibge.gov.br/agencia-sala-de-imprensa/2013-
agencia-de-noticias/releases/27515-pnad-continua-tic-2018-internet-
chega-a-79-1-dos-domicilios-do-pais
57
Reflexões sobre o desenvolvimento de um clube de Ciências e de
Robótica para crianças em fase de alfabetização no contexto da
pandemia de Covid-19
doi.org/10.47247/VV/LV/88471.16.6.5
58
Como tudo começou...
59
de escrever”, entretanto esta tem um potencial muito mais amplo.
Assim, é preciso que o estudo literalmente “veja” a tecnologia em sala de
aula, por meio de metodologias de ensino mais ativas.
Dessa forma, podemos compreender a robótica como uma forma
na qual o estudante interage com o meio externo por meio de uma
máquina (robô). Silva (2009) discute que os robôs atuam como
mediadores do processo de ensino e aprendizagem e que a robótica
educacional envolve “um processo de motivação, colaboração,
construção e reconstrução” (p.31). Mas para que isso se concretize é
necessário o apoio das diversas disciplinas da escola (Idem, Ibidem).
Além disso, com o uso da robótica é possível apresentar os
conteúdos e temas escolares de forma articulada e interdisciplinar,
utilizando a tecnologia como uma forma de motivação e de
aprendizagem, onde os estudantes aprendem que “são capazes de
fazer”, além de poder aproximar os estudantes dos temas estudados.
Zilli (2004) traz então que a robótica é uma nova forma de
relação nos processos de ensino e de aprendizagem, uma proposta que
está apoiada em uma relação mais horizontal, onde professor e
estudantes caminham juntos. Paralelo a isso também está relacionada
a uma organização pautada na prática, onde o estudante aprende com
seus erros, além de permitir ao professor demonstrar de forma prática
conceitos/conteúdos abstratos e desenvolve nos estudantes a
autonomia.
Silva (2009) afirma que os robôs são elaborados a partir de
conceitos/conteúdos escolares (na maioria científicos), que são
desenvolvidos ao longo da educação básica. E é devido a isso que se
acredita que a robótica educacional pode ser um movimento de
interdisciplinaridade na escola, indo contra a fragmentação do saber
apontada por autores como Japiassú (1986).
Considerando uma abordagem histórico cultural, o robô atua
junto com o professor como instrumento mediador do conhecimento,
sendo uma forma do estudante manipular o mundo, e como os
estudantes são os agentes responsáveis pela criação do modelo robótico
(programação e montagem), ele atua como um instrumento de mediação
física (mundo material) quanto cognitivo (SILVA,2009).
O projeto de robótica, e principalmente no contexto do ensino
remoto, também tem um foco na programação. Além da construção de
60
modelos, a robótica educacional ensina o estudante a programar. Chella
(2002) compreende a programação como a conexão estabelecida entre
os componentes que irão formar o robô. Além do mais, a programação
auxilia os estudantes na compreensão da lógica, bem como facilita o
raciocínio.
Face ao exposto, fica clara a necessidade de começar a trabalhar
com a robótica desde os anos iniciais da escolaridade. Assim,
desenvolver um projeto de robótica no 1º ano do ensino fundamental I é
de extrema importância para consolidar o uso das tecnologias na
escola, bem como de utilizar as potencialidades delas nos processos de
ensino e aprendizagem.
Entretanto, ao olhar o nome do projeto, percebe-se a ênfase nas
ciências (no caso, as ciências naturais). Isso acontece pois, a ideia do
projeto “Robotizando com as ciências” é utilizar a robótica como uma
forma de desenvolvimento dos conteúdos do componente curricular de
ciências. Assim, gerando aprendizado e também motivação para os
estudantes. Bem como pretendia desenvolver habilidades gerais como:
incentivo ao trabalho em grupo, resolução de problemas, autonomia,
autoestima, promoção do diálogo e outros.
A escolha pela ênfase na disciplina de ciências ocorre pela
formação básica da professora responsável e pela interligação da ciência
com a tecnologia (consequentemente com a robótica). Ensinar ciências é
importante, pois permite que o estudante compreenda uma das formas
de explicar o mundo que é visto, portanto, as ciências são uma das
formas de construção de um conhecimento de mundo (SÃO PAULO,
2017). Ainda mais na idade dos estudantes dos primeiros anos, já que
nessa fase é importante que habilidades como a observação e o
levantamento de hipóteses sejam desenvolvidas.
Junto a isso, podemos entender que nesta fase do
desenvolvimento as crianças apresentam muita criatividade, e assim
podemos compreender esse aspecto como positivo, pois permite que o
melhor desenvolvimento das habilitadas relacionadas à robótica.
Assim o projeto “Robotizando com as ciências” caminha nos
eixos estruturantes da alfabetização científica, propostos por Sasseron e
Carvalho (2008) como: a compreensão básica dos termos científicos
(considerando o papel da ludicidade e do brincar) e a compreensão da
natureza da ciência (aprender por meio dos erros, do trabalho coletivo).
61
Reflexõe b e p je “R b iz nd c Ciênci ”
62
conversa onde perguntou aos estudantes o seu nome, idade e o que
gostavam de fazer. A maioria das respostas foi voltada ao brincar, o que
trazia para a docente a importância de incorporar brincadeiras nas
aulas.
A primeira dinâmica foi fazer com que os estudantes dessem
comandos para um robô real (no caso, a professora). A docente, sem dar
muitos detalhes, disse para as turmas que eles precisavam fazer com
que ela chegasse a um determinado ponto da sala de aula. A proposta
era fazer com que eles pensassem o que é necessário para isso, contar
os passos, dar as direções corretas. Tudo isso para discutir com eles
que um robô precisa dos comandos certos, que ele “não sabe fazer isso”.
A participação das turmas foi muito interessante, e conforme eles
diziam “vire para o lado da mesa” ou “ande tantos passos” o robô
obedecia.
Nas outras aulas, ainda dentro do contexto do ensino presencial,
também foi explorado o manuseio dos Kits de robótica. Os mesmos
estiveram livres para realizar as construções. Os resultados foram os
mais variados: castelos, carros, construções sem nome, brinquedos,
bonecos e animais. Os protótipos elaborados pelos estudantes,
apresentavam movimentos, a professora notou como os estudantes
procuravam dividir o material que tinham a disposição com os colegas,
ou então juntavam-se para realizar uma construção coletiva e assim ter
mais material a disposição.
O primeiro tema a ser explorado em sala de aula foi peixes. Isso
aconteceu, pois, os estudantes do fundamental II (das turmas de
ciências), haviam iniciado um projeto de ter um aquário dentro do
laboratório de ciências. As crianças das turmas de robótica ficaram
admirados com o aquário. Desta forma, foi desenvolvida uma roda de
conversa com as experiências pessoais de cada estudante (se eles
tinham aquários em casa, se conheciam alguém, o que sabiam sobre os
peixes), foram construídos peixes robóticos e trabalhados os
movimentos de natação.
As turmas também fizeram desenhos de peixes que foram
utilizados em uma experiência sobre a tensão superficial da água. Os
peixes coloridos pelos estudantes foram colocados em bacia e depois
quando os mesmos jogavam um pouco de detergente os peixes se
moviam.
63
As dinâmicas na sala de aula física se encerraram com essa
proposta do aquário robótico das turmas. Com a pandemia e o ensino
remoto, as aulas começaram a ocorrer por meio da plataforma Google
Sala de Aula, onde eram postadas atividades semanais de acordo com a
carga horário do projeto.
Neste momento, os desafios se tornaram mais complexos para a
docente, já que era necessário planejar aulas considerando: a ausência
de materiais específicos para a robótica, a dificuldade de acesso dos
estudantes, a ausência do outro colega para auxiliar nas atividades, os
pais atuando como mediadores (e que poderiam nunca ter tido contato
com a robótica), dentre outros.
Para procurar solucionar os desafios postos pela nova realidade
foi necessário um processo constante de reflexão, conforme os
estudantes devolviam as atividades propostas a diversificação de
estratégias continuou. E procurou-se desenvolver atividades que os pais
e/ou responsáveis pelos estudantes conseguissem realizar em casa.
Mantendo a proposta do projeto de usar a robótica, e nesse momento
principalmente a programação para ensinar ciências, sem perder o foco
na alfabetização. Deste modo, a sala de aula na plataforma era um
ambiente para aprender ciências usando a robótica e valorização da
alfabetização.
Procurou-se desenvolver atividades, onde os pais e/ou
responsáveis eram convidados a ter uma roda de conversa com as
crianças sobre a importância da alimentação, os estudantes foram
convidados a investigar a origem dos alimentos que mais gostavam,
além de observar insetos que moravam em suas casas. Os registros
dessas atividades eram diversificados, consistiam na elaboração de
vídeos, desenhos ou relatos dos pais e/ou responsáveis sobre o
desenvolvimento das atividades.
Tais atividades foram pensadas para que os estudantes tivessem
contato com a cultura científica e elementos da alfabetização científica,
como a compreensão dos termos científicos e também com a utilização
da natureza da ciência propostas por Sasseron e Carvalho (2008). Já
que o diálogo, a construção de um roteiro de investigação e a
observação são elementos essenciais para a construção da
aprendizagem em ciências.
64
Um recurso muito utilizado foi o Google Formulários para o
desenvolvimento de diferentes propostas de aula. O uso desse recurso
em diversas atividades aconteceu porque a professora notou um maior
retorno por parte dos estudantes durante todo o processo. Com esse
instrumento foi trabalho a aprendizagem de comandos simples (direita,
esquerda, cima, baixo...), os estudantes tinham o desafio de chegar a
locais propostos, construir palavras, montar linhas de comando e
outros.
Além disso, por meio dos formulários, a docente também
desenvolveu com os estudantes blocos de comandos específicos sobre
os assuntos que estavam sendo discutidos na sala de aula virtual.
Foram desenvolvidas assim, aulas sobre os sentidos do corpo humano,
educação ambiental, ambientes, seres vivos, dentre outros.
Nestes formulários os estudantes foram convidados a dizer a
origem dos alimentos, os sentidos que usamos, como deixar os
ambientais mais saudáveis tudo por meio da linguagem da
programação. Os blocos de comandos elaborados buscavam utilizar
diversas cores e muitas imagens para atrair a atenção dos estudantes.
Para auxiliar os estudantes em responder essas atividades, a docente
gravou vídeos explicativos, tanto dos conteúdos específicos do projeto
quanto para ajudar na realização das tarefas.
Também se procurou desenvolver atividades em que os
estudantes construíssem objetos a partir de materiais acessíveis. Essas
propostas didáticas consistiram em construir um robô usando
materiais de baixo custo, como: rolos de papel higiênico, blocos de
montar de papel machê, para arquitetar prédios ou outros edifícios com
os blocos de montar e simular fenômenos da natureza como furacões e
terremotos, além de trabalhar com lançadores de avião de papel de
elástico, elaboração de um paper squishy com papel sulfite, dentre
outros.
Nessas aulas, a docente notou a alegria dos estudantes (por
meio dos vídeos) na realização das atividades e em como eles
aprenderam com os erros (já que muitos protótipos não ficaram prontos
ou não deram certo na primeira tentativa), a criatividade, o uso das
cores e da imaginação. As construções dos estudantes tinham
simbologia, apresentavam uma história para contar e tudo com base
nas sua imaginação. Nas propostas de construção, também ficou nítido
65
o brincar durante a elaboração da atividade proposta, era possível ver
nos registros eles brincando.
Outro ponto de destaque foram as dinâmicas realizadas pela
docente. Nesta categoria, foi proposto que eles explorassem os cinco
sentidos por meio da experimentação (experimentar um doce de olhos
fechados, sentir cheiros, ouvir sons da sua casa...), eles também tinham
que assumir o papel de um robô e dar comandos para alguém da sua
casa chegar ao seu lugar dos sonhos.
Portanto, as atividades sempre buscaram associar a robótica e
as ciências, além de incentivar os estudantes a repensar nos hábitos de
consumo (usar materiais recicláveis e/ou reutilizados nas aulas), refletir
sobre o lixo e a necessidade da preservação ambiental. Tudo tem como
foco a robótica, bem como os conteúdos propostos para essa turma e
principalmente o brincar como atividade principal dessa fase de
desenvolvimento.
Considerações finais
66
kit atende um grupo de 5 estudantes), no desenvolvimento das aulas
para 30 crianças em sala de aula (já que o projeto no ano anterior
atendia turmas de 15 estudantes) e todas essas questões tiveram que
ser pensadas dentro do período do projeto (duas aulas de 45 minutos
por semana).
Ou seja, eram questões voltadas para a organização da prática
pedagógica da docente, também existia todo um repertório (de
experiências anteriores) que a mesma poderia utilizar nas suas
reflexões e reformulações da aula. O material de uso coletivo, as formas
de inserção dos conteúdos científicos por meio dos protótipos robóticos
já eram questões que a professora tinha desde o ano passado ao pensar
no contexto envolvendo crianças em fase de alfabetização.
As reflexões sobre a prática ocorreram durante todo o processo,
a cada aula elaborada, nas mudanças de estratégias era esperado o
retorno dos estudantes (ou mesmo a não devolução da atividade) e se
repensava o que poderia mudar para facilitar a aprendizagem dos
conteúdos propostos.
Com a pandemia e a instalação do ensino remoto, os desafios
aumentaram. Era preciso pensar em aulas que iriam acontecer dentro
de casa e em locais sem a infraestrutura do laboratório de Ciências e
Robótica. Dentro do que a realidade permitia, os desafios postos foram
superados pela docente, já que a mesma procurou diversificar as
estratégias e utilizar recursos acessíveis a todos os estudantes.
Referências
67
CHELLA, Marco Túlio. Ambiente de Robótica Educacional com Logo. In:
XXII Congresso da Sociedade Brasileira de Computação - SBC2002.
Florianópolis, 2002.
68
Desenvolvimento e implementac de e egia colaborativa
de aprendizagem: Escape Zoom® na Graduação em Enfermagem
doi.org/10.47247/VV/LV/88471.16.6.6
69
Introdução
70
Em instituições internacionais, o Escape Room vem sendo
utilizado no ensino em enfermagem para o aprendizado de cuidados
intensivos ao paciente cardíaco, avaliações de pacientes internados e
resolução de cálculos de medicação. No Brasil, a proposição desta
estratégia ainda é incipiente, sobretudo no contexto acadêmico. Uma
instituição privada de ensino em saúde elaborou uma proposta de
gamificação pautada no Escape, mas, realizada em plataforma digital
com o objetivo de alinhar metodologia ativa de ensino às exigências
demarcadas pela pandemia pelo SARS-CoV-2.
Devido à declaração de pandemia por SARS-CoV-2 (vírus que
causa o COVID-19) em março de 2020, realizada pela Organização
Mundial de Saúde (OMS), somada a recomendação de distanciamento
social para redução de novos casos da doença e da mortalidade, houve
a necessidade de as instituições de ensino adotarem o ensino
emergencial remoto.
O uso de plataformas digitais se tornou o acesso mais seguro de
estudantes e professores para o desenvolvimento de atividades
pedagógicas. Convergentemente a essa necessidade, um grupo de
docentes desenvolveu um projeto mediado por tecnologia que foi
denominado de Escape Zoom®, em alusão a uma das plataformas mais
populares de videoconferência usadas durante a pandemia. Este
capítulo tem como objetivo descrever a experiência de docentes de uma
faculdade de Enfermagem na construção de um jogo on-line.
71
construíram um plano de ensino da atividade e selecionaram o material
de preparo prévio – que foi enviado aos alunos, para que tivessem
tempo para se preparar para a atividade. A docente de Semiologia
construiu então o caso clínico considerando antecedentes do paciente,
manifestações clínicas, resultados de exames laboratoriais, entre
outros.
A partir daí decidiu-se que seriam criadas oito tarefas: as
primeiras três consideraram conteúdo da disciplina de Saúde Doença
(Patologia) para abordar temas como fatores de risco do IAM, processo
fisiopatológico e enzimas cardíacas; a quarta tarefa tratou de questões
da disciplina de Semiologia para abordar aspectos de anamnese e
exame físico; a quinta, sexta e sétima tarefas foram construídas com o
conteúdo da disciplina de Farmacologia para discutir sobre
farmacocinética, classes de antimicrobianos e tipos de diuréticos; a
oitava e última tarefa teve como objetivo a realização de cálculos de
diluição de medicação, gotejamento e transformação de soro das
medicações utilizadas no caso clínico.
Etapa 2 – Em uma segunda reunião, cada docente apresentou
suas questões e respostas, foram escolhidas quais seriam as „senhas‟ de
cada resposta e qual ferramenta seria utilizada. Discutiu-se o uso de
plataforma de ensino Canvas® e o uso de recursos de Power Point®.
Cada docente saiu da reunião com a incumbência de ajustar as
questões de acordo com a senha e as ferramentas propostas.
Etapa 3 – Para essa etapa os docentes trouxeram suas tarefas e
tentou-se simular a participação dos alunos, dando sequência às
tarefas. Nesse momento foi construído um arquivo mestre para ser
utilizado como roteiro aos docentes no dia da aplicação da atividade.
Depois da simulação da realização das tarefas, optou-se por mudar a
ferramenta e utilizar o Formulário do Google®; uma vez que ele permite
que todas as atividades sejam inseridas em um mesmo link e que o
aluno só avance para a etapa seguinte quando a resposta estiver
correta. Foi agendado um quarto encontro para realizar o teste das
tarefas.
Etapa 4 – Nessa etapa, os docentes apresentaram as tarefas
criadas na ferramenta de Formulários do Google® e simularam o papel
do aluno no cumprimento dos desafios, realizando os ajustes
necessários. Ao final, decidiram que para a próxima etapa, seriam
72
convidados alunos do 4º semestre da graduação em enfermagem para
realização do teste piloto do game.
Etapa 5 – O teste piloto foi realizado com um grupo de oito
alunos do 4º semestre da graduação em enfermagem. Durante essa
etapa, os docentes observaram possíveis dificuldades na progressão
entre as atividades do jogo, a clareza no comando dos desafios, e tempo
para resolução de cada um deles. Ao final, foi solicitado aos alunos que
dessem feedback sobre cada uma das tarefas e os professores anotaram
esses pontos para realizarem as possíveis adequações.
Etapa 6 – Nessa última etapa, foi realizada a última reunião,
para validar todas as correções realizadas a partir da etapa anterior.
Assim como na Etapa 4, os docentes simularam o preenchimento das
tarefas para verificar se todas estavam corretas.
Findados os ajustes e reuniões, o momento seguinte foi a
aplicação do Escape Zoom®
73
receberem as saudações de boas-vindas, sucederam-se os passos a
seguir:
1º Passo – Os alunos receberam todas as instruções e regras
sobre a atividade, salientando-se que cada equipe de alunos iniciaria o
jogo com a nota 9,0 (nove), podendo perder nota à medida que
solicitassem pistas4 em cada tarefa. As equipes poderiam solicitar
pistas para ajudá-los na conclusão de cada tarefa, entretanto, a regra
orientava que a solicitação de cada pista descontaria 0,3 pontos da nota
final do Escape. As equipes solicitaram de uma a quatro pistas ao longo
de todo o jogo.
Além disso, as equipes foram informadas sobre a
complementação da nota de acordo com a ordem de escape da sala
Zoom® (conclusão das oito tarefas), ou seja, a equipe que “escapasse”
primeiro ganharia 1,0 ponto na nota final, a segunda equipe 0,5 pontos,
a terceira equipe 0,3 pontos e a última equipe não ganharia pontos
extras;
2º Passo – Os docentes solicitaram aos alunos que elegessem
um líder por equipe, o qual ficaria responsável por compartilhar o caso
clínico, bem como o transcorrer da atividade no Formulário Google®.
Além disso, eles deveriam escolher um nome para a equipe;
3º Passo – Os grupos foram alocados em quatro salas do Zoom®
(por meio da funcionalidade da própria ferramenta o Breakout Rooms), e
cada equipe foi acompanhada por um docente. O quinto docente
permaneceu na sala principal do Zoom® à espera dos grupos;
4º Passo – O caso clínico foi fornecido por meio digital para
todos os alunos e, na sequência, eles tiveram acesso ao link do
Formulário Google® no qual as tarefas deveriam ser resolvidas. Para
cada tarefa, a resposta correta originava uma senha de liberação do
acesso à tarefa seguinte;
74
5º Passo – À medida que as equipes saíam (escapavam) das
salas do Zoom® (Breakout Rooms), foram recepcionadas pelo docente na
sala principal e aguardavam pelos demais grupos.
6º Passo – Quando todas as equipes conseguiram concluir a
atividade e retornaram para a sala principal, uma discussão geral sobre
a atividade foi conduzida pelos docentes com o intuito de esclarecer
dúvidas remanescentes sobre o tema abordado. Cabe ressaltar que cada
docente pode acompanhar as discussões e o modo de resolução dos
problemas de uma equipe, o que facilitou o resgate de possíveis lacunas
do conhecimento.
Observações importantes: cada docente ficou responsável por
cronometrar a atividade e por fornecer as “dicas” de acordo com as
solicitações. Todos os docentes iniciaram a atividade ao mesmo tempo,
utilizando uma comunicação paralela que mantiveram usando o
aplicativo WhatsApp®.
75
É importante que o docente só se manifeste quando solicitado,
ou seja, apenas quando os alunos solicitarem dicas;
O docente deve anotar possíveis fragilidades dos exercícios, a fim
de melhorá-los para as próximas aplicações;
É importante que todos os alunos testem seus dispositivos
(áudio e câmera) antes do início da atividade.
Resultados iniciais
76
Definir os cuidados a serem realizados a paciente pós-evento de
IAM (considerando exame físico, administração de medicamentos
e cuidados gerais).
Como de costume na instituição, antes do início da atividade,
tais objetivos foram apresentados aos alunos, com intuito de esclarecer
o que se era esperado da tarefa e estimular a reflexão sobre o processo
de ensino-aprendizagem.
Ao final da atividade, após as quatro equipes saírem do Escape,
foi realizada uma breve conversa entre todos os participantes, docentes
e alunos, para que pudessem contar sobre sua percepção, mesmo que
de maneira informal.
A totalidade dos alunos participantes descreveu a atividade
como experiência inovadora, capaz de promover rápido engajamento e
envolvimento, com aprendizado importante e relevante. Ressaltaram
ainda, a importância do trabalho em equipe, que envolveu aspectos
como escuta, comunicação verbal clara, resolução de conflitos e
manutenção do foco no objetivo.
Os docentes perceberam que, além do favorecimento do
aprendizado do conteúdo e conceitos das disciplinas envolvidas, as
habilidades de relacionamento interpessoal, tão necessárias para
formação e atuação profissional do enfermeiro, também foram
estimuladas. Assim, foi possível perceber o quanto a tarefa tem
potencial de engajar os discentes, consolidar conhecimento e contribuir
de forma efetiva para a formação profissional.
Dificuldades e desafios
77
desafio passa a ser mais relevante que o conteúdo, fugindo do objetivo
central da atividade.
Este é um dos maiores desafios na construção da tarefa, uma
vez que os docentes devem evitar a formulação de novas etapas após a
informação central do desafio ter sido atingida pelos alunos. Todos os
passos para que os alunos cheguem à resposta devem estar atrelados
ao conceito central, evitando criatividade voltada para o método do jogo
em detrimento da fixação de conceitos como objetivo da tarefa.
Essa situação é diferente de utilizar métodos consagrados, como
por exemplo, caça palavras, que poderá até diferenciar alunos que já
possuem familiaridade com o método de resolução de outros que não
possuam. Porém, neste caso a resolução natural é a diversidade de
tipos de atividades associado à pluralidade de perfis individuais dentro
dos grupos, a qual garantirá a participação de todos mediante
diferentes desafios. Por outro lado, caso as atividades sejam concebidas
por diferentes professores (ou idealizadores), é necessário um estreito
contato entre eles, a fim de garantir um equilíbrio de complexidades,
alternando desafios de maiores e menores dificuldades como em
qualquer avaliação; além disso, evita que estratégias se repitam.
As reuniões que repassam cada um dos desafios são
fundamentais para que os professores ganhem familiaridade com
aquelas atividades que não desenvolveram, uma vez que serão
monitores de toda a avaliação frente a um grupo de alunos.
As plataformas utilizadas – Zoom® e Formulários Google ® –
apresentam pontos favoráveis como a divisão em salas (Breakout
Rooms), compartilhamento de tela, chat, questionários em etapas que
dependem de resposta correta para avanço, inclusão de figuras, dentre
outros. No entanto, uma plataforma que permita mais interatividade,
por exemplo, arrastar conteúdo pela tela, preenchimento direto sobre a
imagem, múltiplos usuários simultâneos em uma mesma tela,
possibilitaria maior diversidade de desafios e poderia facilitar a
resolução daqueles que envolvem interação direta com esquemas e
figuras. É importante ressaltar que tais recursos devem ser utilizados
com finalidade de melhorar a interface dos alunos para que cheguem
até o conceito central da questão, e que deve ser evitada sofisticação
que remeta a outras habilidades como dito anteriormente.
78
Assim como em muitas atividades on-line realizadas em grupo, a
participação de todos os alunos também é um desafio no Escape Zoom®.
A divisão das equipes e a atuação do professor monitor são importantes
e complementares. As equipes não devem ser grandes, uma vez que a
própria comunicação on-line é dificultada em grupos maiores e torna-se
mais fácil permanecer oculto uma vez que a tela não permite um grande
número de imagens de participantes. Cabe ao monitor da equipe
solicitar que todos estejam com as câmeras ligadas e, se considerar
pertinente, questionar diretamente o aluno não participante sobre
algum aspecto do exercício em resolução.
Sobre a atuação dos professores monitores, é mandatório um
alinhamento prévio dos limites de atuação. Por se tratar de uma
atividade competitiva que vale nota, os alunos não podem finalizar o
Escape Zoom® com a sensação de terem sido prejudicados tampouco
favorecidos pelo monitor. Para tanto, são fundamentais as reuniões
voltadas à discussão de cada um dos desafios, antecipando possíveis
dúvidas e estabelecendo o sistema de dicas, escrevendo as resoluções
claramente no roteiro do monitor.
A comunicação entre discentes e docente deve se restringir ao
essencial, preferencialmente por escrito – e salva integralmente em
arquivo separado. O sistema de pistas deve ser hermeticamente
respeitado e também documentado. É útil manter um grupo de
comunicação em tempo real entre os docentes paralelamente à
atividade e é de grande valia para resolução de dúvidas e situações
imprevistas. Deve-se evitar transpor aos alunos qual o desempenho dos
demais grupos, pois isso pode gerar uma ansiedade desnecessária e
deletéria ao objetivo maior que é o aprendizado.
Devido à esperada empatia de educadores, os docentes
geralmente se compadecem das dificuldades dos alunos que muitas
vezes estão a um detalhe da resolução do desafio. É uma forma
aceitável de intervenção orientar que uma pista pode valer menos do
que o tempo perdido. Porém, qualquer consideração específica dentro
do assunto da atividade é considerada dica e deve ser tratada como tal,
evitando qualquer ajuda que posteriormente poderia ser interpretada
como favorecimento. Incentivos impessoais são bem-vindos, mas devem
ser parcimoniosos, uma vez que podem ser interpretados como forma de
pressão.
79
Por fim, a presença de uma parte – geralmente coordenação –
que não esteja envolvida diretamente na concepção das atividades, mas
sim na garantia de execução adequada do Escape Zoom ® é importante
como uma visão panorâmica dos diferentes compartimentos idealizados
pelos professores. Essa visão atua no balanço dos graus de dificuldade,
na linearidade dos desafios propostos por diferentes professores,
voltados à consecução dos objetivos, mas também atua na gestão da
equipe da avaliação.
Referências
FARIAS, Pablo Antonio Maia de; MARTIN Ana Luisa de Aguiar Rocha,
CRISTO Cinthia Sampaio. Aprendizagem ativa na educação em saúde:
percurso histórico e aplicações. Revista Brasileira de Educação Médica,
Rio de Janeiro, v.39, n.1, p.143-150, 2015.
80
study of nursing students' experiences. Medical Teacher, London, v. 41,
n.4, p. 403-410. Nov. 2020.
81
Percepções de uma coordenadora pedagógica
atuando durante a pandemia em Diadema - SP
doi.org/10.47247/VV/LV/88471.16.6.7
82
Para começar...
83
Esse meu tempo na coordenação abriu meus olhos e percebi o
quanto falhava, enquanto professora, mudei muito minha postura de
lidar com os alunos, hoje sou mais justa, imparcial e consigo muito bem
fazer o aluno entender o papel dele dentro da escola. Acho que todo o
professor pelo menos uma vez em sua trajetória deveria passar pela
gestão e conhecer as atribuições e funções do professor coordenador e
entender e modificar sua prática.
Quando falo ou descrevo sobre a coordenação me empolgo, pois
ainda acredito que o professor coordenador sendo parceiro,
acompanhando as aulas e favorecendo a democracia a escola tem muito
a ganhar, amo o que faço e tento e tento dar o meu melhor para
alcançar os objetivos da Unidade Escolar que é o de ajudar no processo
de transformação da escola, para melhorar nossos índices e que os
alunos aprendam e tenham a melhor educação com excelência e
desenvolver minhas atribuições.
Houve momentos prazerosos de docentes me elogiando e com
palavras de conforto e força para caminhar e continuar a jornada
exaustiva e de muito contentamento para mim.
Devemos sempre estar abertos a aprender, e que a cada dia
possamos lidar com as lutas e realmente fazer valer nossa palavra em
um ambiente onde todos ajudem a escola se transformar, pois é nisso
que eu acredito e que quero que aconteça. Cada dia é um desafio que
eu adoro passar, pois só assim para chegarmos ao resultado. Rumo à
transformação dos discentes e docentes. Devemos seguir as etapas por
mais árdua que ela seja.
Assim foi meu diário de bordo e ao final percebi que eu amava
cada instante da função e eu queria mais, me desdobrava para que
realmente a educação fosse de qualidade, que meu professor fosse
preparado, com novas ideias, trabalhar com atividades diversificadas,
cumprindo a Proposta Pedagógica alinhado a todos os documentos
necessários e obrigatórios.
84
atribuições pertinentes a função que norteiam nosso trabalho e que
direciona a função pedagógico:
85
gestores da unidade escolar, em consonância com os
princípios de uma gestão democrática participativa e
das disposições curriculares, bem como dos objetivos
e metas a serem atingidos;
86
h) a obtenção de bons resultados e o progressivo êxito
do processo de ensino e aprendizagem na unidade
escolar.
87
O professor coordenador necessita apoiar o professor na
elaboração de planejamento alinhando as matrizes de habilidades
essenciais e aos recursos didáticos com foco na recuperação contínua e
aprofundamento dos nossos alunos.
É fundamental que o professor troque experiências aos pares e
que socializem suas boas práticas, momento esse enriquecedor e
transformador na vida dos nossos professores e alunos.
O professor deve conhecer quais os documentos orientadores
que rege a Instituição, se apropriar e nos momentos coletivos de ATPCs
discutir e refletir como atuar nas diversas séries/anos e alunos com
diferentes níveis de proficiência. Cabe ao professor sistematizar,
acompanhar e oportunizar atividades diversificadas a esses alunos para
que todos avancem no processo de ensino aprendizagem.
A convivência com a gestão se dá nos alinhamentos semanais e
na organização para desenvolver um trabalho com excelência. É de
extrema importância a gestão falar a mesma linguagem com o professor
e entre os pares, para uma comunicação efetiva e assertiva.
A prior ização na escola sempre será a formação continuada dos
professores e a aprendizagem dos nossos alunos. O clima escolar para
melhor andamento deve ser de harmonia, respeito e um bom
relacionamento com todos.
Na atual realidade (Pandemia) foram necessárias adequações
para que a coordenação continuasse a desenvolver o seu trabalho
pedagógico com excelência, pois o cenário nos foi apresentado e tivemos
que reavaliar toda nossa estratégia de como era o certo para formação
de professores e propiciar momentos de trocas de ideias, sendo assim,
adaptamos nossas reuniões de ATPCs pelo aplicativo Teams onde
interagimos entre os pares e os demais professores para as trocas de
ideias e finalmente colocar em prática a gestão democrática na escola,
muitas vezes essa democracia é só no papel e eu tentei a cada reunião
colocar em prática essa gestão para o melhor andamento das atividades
/ações da escola.
88
O que aprendi
89
na escola para uma aprendizagem efetiva, lembrando que são sugestões
que podem ser adaptadas a realidade da Unidade Escolar.
De acordo com o artigo Gestão Democrática e Participação
Familiar no Âmbito da Educação Infantil de Bianca Cristina Côrrea, a
gestão democrática, deveria ocorrer em todos os níveis e instâncias de
decisão junto à escola; de que ela seria, por um lado um direito da
família e, por outro uma necessidade da escola e, finalmente, de que tal
participação poderia influenciar positivamente na qualidade do trabalho
desenvolvido pela escola.
Nas palavras de Vitor Paro:
Assim,
90
Com certeza a escola dividindo a responsabilidade tem mais a
ganhar, pois assim, estaremos envolvendo todos no processo ensino
aprendizagem e cada um fazendo sua parte, envolvendo a família, pois
ela pode nos ajudar enquanto escola para que os alunos aprendam no
processo ensino aprendizagem.
Desde 1988 na Constituição Federal a gestão democrática já
estava prevista, e a Nova Lei de Diretrizes e Bases da Educação
Nacional (Lei n.9.394 de 20/12/96) em seus Artigos 12 e 13 que tratam
das incumbências dos estabelecimentos de ensino e dos docentes,
respectivamente:
91
a construção juntamente com todos os envolvidos e a execução do Plano
político pedagógico. É nossa tarefa a de levar ao grupo a refletir sobre o
resultado das avaliações externas e internas e implementar planos de
ações para que as habilidades em defasagens sejam alcançadas e
superadas para os alunos.
A função coordenação é essencial, porque podemos através dos
nossos estudos, reflexões e trocas de ideias, motivar nossos professores,
alinhar nosso trabalho, onde o professor não terá dúvidas no processo e
iremos incentivá-los a se preparar para uma aula com excelência, pois é
isso que nossos alunos merecem e cabe ao professor coordenador
viabilizar e oportunizar essas ações. Gerir a gestão do tempo é
fundamental para que seja possível realizar todo o cronograma
determinado pelos órgãos superiores.
A coordenação contribui com o papel do professor com o apoio
pedagógico; mediação e construção coletiva de ações que fortalecem o
trabalho da equipe e comunidade escolar (trocas, sugestões,
flexibilidade e reconstruções de ideias); indicações e compartilhamentos
de conteúdos capazes de embasar conhecimentos práticos e teóricos;
ações formativas, conjuntas e contínuas.
A maneira como a coordenação conduz a própria função, como
interage com o corpo gestor, alunos, pais e ou responsáveis, reverbera
no trabalho do professor, dentro e fora da sala de aula (em todos os
cantos da escola).
É diferente quando o professor sabe que terá com quem contar...
Mesmo que seja para dizer: "Não é assim que se faz".
No ano de 2020, um cenário atípico e com tantas mudanças,
professores desanimados, doentes, depressivos, um quadro diferente,
consegui ser elogiada pelos meus professores como sendo o momento
formativo sendo algo transformador e de muito aprendizado.
92
Texto 1 - Depoimento de uma professora.
93
Texto 3 Depoimento de uma professora.
94
Texto 5 Depoimento de uma professora.
95
mesmo tempo, o envolvimento da escola em projetos sociais da
comunidade, onde a escola se localiza, pode trazer novos elementos
para a compreensão da cultura dos alunos. Acima de tudo, os
professores devem estar dispostos a mudar, a ver a escola e os alunos
de uma forma diferente, mas, para isso, eles devem abandonar o sonho
de uma escola disciplinada e hierarquizada.
Esse trecho foi muito pertinente porque realmente necessitamos
pensar no todo, deixar de lado o fragmentado e preparar nossos alunos
para o que será útil, que ele seja um cidadão crítico, responsável por
suas atitudes, deixar os rótulos de lado para que os alunos que
perderam a perspectiva de vida e que modifique juntos com esses
alunos o rumo das suas vidas e que mesmo a labuta seja árdua,
acreditar que está fazendo a diferença, modificar suas estratégias
diárias e ser acima de tudo humano.
A cada minuto repenso nas minhas ações dentro de sala de aula
e diagnostiquei que eu enquanto professora, devo mudar minhas
metodologias e conquistar meu aluno.
Enquanto coordenadora pedagógica, aprecio e sou apaixonada
pela função e realmente acredito em uma escola com ideais e que o
aluno é o nosso Ser com muito conhecimento de mundo e que precisa
ser lapidado pelos nossos mestres os professores. Enquanto gestora me
realizo a cada discussão e a cada devolutiva que passo aos meus
professores, pois eu o orientando sei que eles são os the best na sala de
aula, mesmo com toda a adversidade da vida.
Parabéns aos meus mestres.
Referências
96
Aulas remotas: Metodologias Ativas, Tecnologias Digitais e
Criatividade na Educação Profissional em tempos de pandemia
doi.org/10.47247/VV/LV/88471.16.6.8
97
Introdução
98
Os procedimentos/metodologias transcorreram a partir de
minicursos com seis (06) oficinas no AVA - Ambiente Virtual de
Aprendizagem (remotamente) e com duração de uma hora cada. As
atividades foram vivenciadas e aplicadas por esses educadores em sala
de aula com o uso de metodologias ativas e TDIC (Tecnologias Digitais
da informação e comunicação), realizadas através de reunião on-line
com os participantes, para o estudo das metodologias ativas e também
com o estudo de textos motivacionais sobre a importância da
estimulação da criatividade nas práticas pedagógicas, destacando-se os
temas: Aprendizagem da sala de aula invertida, Aprendizagem Baseada
em Projetos (PBL), Aprendizagem Baseada em Problemas (ABP),
Gamificação e Storytelling. Logo após, os docentes construíram um
plano de aula para a aplicabilidade dessas metodologias em sala de
aula e realizaram o registro das etapas das atividades no processo de
construção do conhecimento e da prática pedagógica através da
ferramenta Google Classroom e os aplicativos desse software.
A integração de espaços e tempos propiciados pela tecnologia
oportuniza aos educadores e educandos um aprender e ensinar
transformado e diferenciado. Nesse sentido, Soares et al. (2018, p. 16)
explica que “acontece numa interligação simbiótica, profunda,
constante” entre o “mundo físico e mundo digital”. Não se trata de “dois
mundos ou espaços, mas um espaço estendido, uma sala de aula
ampliada, que se mescla, hibridiza constantemente”.
Os relatos de experiências dos professores foram, sem dúvida,
uma das partes essenciais deste trabalho. Realizado através de
questionários, ressaltamos algumas citações em comuns, dividido em
três sessões.
Considerando que os relatos aconteceram de forma remota,
iniciamos com a sessão sobre as expectativas dos professores diante da
pandemia. Para isso, utilizamos o seguinte questionamento:
99
Na sessão seguinte, abordamos a reflexão sobre as experiências
vivenciadas, com a seguinte questão:
100
currículos e da nova atuação docente como mediador dos processos de
ensino e aprendizagem que privilegiam o protagonismo do estudante.
O produto final dessa pesquisa foi a produção de
conhecimentos, por meio dos resultados relatados, bem como as
reflexões sobre as práticas pedagógicas diversificadas em sala de aula
com o emprego das metodologias ativas e o uso das TDIC, e sobre a
capacitação para formação contínua docente.
101
“criatividade”, termo usado de forma genérica e sem maiores critérios
por vezes. No entanto, a imaginação em um indivíduo se constrói a
partir das relações que se realizam com o meio e com o momento
histórico-cultural, como apontam os estudos de Vigotski, pesquisador
russo, nascido em 1896, que estudou o comportamento humano e o seu
desenvolvimento a partir da construção das funções psíquicas
superiores possibilitando, através da elaboração dessas funções, um
modo de relacionamento social e modelo próprio de cada homem para
compreender e responder às relações com o meio em que se insere.
Seus estudos mesmo apresentados próximos à Revolução russa, ainda
hoje são referências importantíssimas, pois respondem ao processo de
construção e convívio social, a partir da formação do indivíduo.
Diversos pesquisadores têm como referência as propostas do
autor russo, e apresentam estudos que demonstram como os
indivíduos, a partir da construção das funções psíquicas, decorrentes
das vivências, determinam seu comportamento social, inclusive a
criatividade, essa função que utilizamos em todos os momentos e áreas
da existência e relacionamentos e que, por vezes, parece nos faltar em
instantes que mais necessitamos. Os trabalhos de Vigotski, quando da
explanação da construção do modo de relacionamento do homem,
descreve como as funções psíquicas são construídas em relação ao
ambiente, podendo perceber que a dificuldade que possamos ter sobre
algumas funções é decorrente da própria forma como construímos essas
estruturas e de como foram as mediações que tivemos ou temos como o
meio, lembrando que essas construções não terminam em determinado
momento e sim, vão se alternando e reconstruindo ao longo da
existência humana.
Do processo de ingresso do homem ao meio social, descrito por
Cruz (2011), surge o desenvolvimento das funções psíquicas superiores:
linguagem, cognição, atuações culturais, aparecimento da fala,
permitindo ações de interação com o outro e que, dentro de um
contexto sócio-histórico-cultural, proporciona os comportamentos
criativos.
Esse processo, aponta Cruz (2011), surge da relação entre
imaginação e linguagem, ao descrever que a fala, a palavra é utilizada
como instrumento do entendimento, proporcionando a criança um
despertar sobre o mundo real, sensorial e material, surgindo, então, os
conceitos de abstração e generalizações, decorrentes das relações com
102
as distintas linguagens e apontando para o dinamismo que ocorre nas
ações psicológicas (pelo uso da palavra e da polissemia), promovendo a
criação de novos significados, inseridos em um determinado momento
histórico-cultural.
O autor também lembra que a habilidade de representação dos
símbolos, a constituição do pensamento e a capacidade de simbolizar,
ocorrem através dos convívios sociais, em que a percepção e o processo
cognitivo é um auxiliador da construção da imaginação, lembrando
Vigotski:
103
Nesse processo construtivo são utilizados dois elementos
mediadores importantes, os signos e os instrumentos, podendo ser
considerado o instrumento como elemento mediador na relação do
homem com o mundo, e os signos como representações de outros
objetos, eventos ou situações, que servem como instrumentos da
atividade psicológica, para o próprio indivíduo, participando da
construção da memória e armazenamentos de informações.
Todo o processo mediador dos signos, decorrente dessa
construção psíquica, é importante não só pela possibilidade de reunir
informações, mas essencial para a atividade psicológica voluntária,
controlada pelo indivíduo, e vão se transformando ao longo do
desenvolvimento do homem, por meio de internalização desses signos e
significados, compartilhados posteriormente, por distintas linguagens,
promovendo uma interação e aprimoramento social. É importante
lembrar que a linguagem é uma forma básica de comunicação dos
grupos sociais, em que é possível a percepção do real, organização e
construção de estruturas psicológicas capazes da mediação com o
ambiente, recordando que esse mesmo ambiente cultural vai
construindo com esses signos, códigos para decifrar o próprio meio.
Oliveira (1991) descreve que as significações que ficam
impregnadas no homem são decorrentes da influência do social, o que
ocorre pela mediação, passando pelas fases da filogênese e ontogênese,
nas quais o indivíduo vai se afirmando como entidade, após a relação
com esse meio social. Esse processo possibilita uma experiência
particularizada e permite uma transmissão com os demais membros do
grupo através da linguagem, que propicia compressão e mediação sobre
as vivências, até o momento em que pensamento e linguagem, que são
elementos distintos se reúnem.
Essas questões proporcionam um grau maior de sofisticação
psíquica, por meio da linguagem, relembrando o papel da fala em todo
esse processo, que age como instrumento importantíssimo na interação
e comunicação, possibilitando uma ação no ambiente, expondo todo um
modo de significados decorrentes de suas vivências, promovendo,
assim, uma maior interação social e primordial para o seu
desenvolvimento, pois essas relações concebem a construção das
funções psicológicas e formação individual do homem.
Também é importante salientar que a reconstrução e a
reelaboração de significados, como aponta Oliveira (1991), ocorre pela
104
transmissão do grupo social, internalizados pela linguagem, conceitos e
significados de uma cultura, por meio de uma percepção que deixa, em
dado momento, de ser por uma relação direta e passa a ser mediada por
conteúdos culturais, sendo que a memória mediada atua e proporciona
ao homem o controle de seu comportamento, o que o faz lembrar, de
forma consciente, de suas ações. “É impossível pensar o ser humano
privado do contato com um grupo cultural, que lhe fornecerá os
instrumentos e signos que possibilitarão o desenvolvimento das
atividades psicológicas mediadas, tipicamente humanas” (OLIVEIRA,
2011, p. 79).
Avaliando a importância para a educação, dos escritos dos
estudiosos de Vigotski, que pesquisou, estudou e desenvolveu
criteriosamente o desenvolvimento das funções psíquicas superiores, e
assim, a criatividade, que tanto utilizamos em distintas atividades
cotidianas e que vão alémde nossa percepção, pois são resultado de
uma construção que o indivíduo elabora gradualmente em sua
existência e vai reelaborando durante todo processo existencial, o
professor tem a possibilidade de rever todo um processo que pode ser
alterado, ampliado e lapidado, na procura de modelos qualitativos que
proporcionem um desenvolvimento psíquico, promotor de novos
relacionamentos sociais, com mais amplitude de conhecimento cultural,
intelectual e criativo, que possibilitará, uma vivência mais atuante no
meio onde está inserido, com maior plenitude como indivíduo, e que
possibilitará neste momento que passamos, repostas e posturas mais
criativas.
Considerações finais
105
configuram tão somente em desafios a serem vencidos e não em
impedimentos incapazes de serem transformados.
Referências
106
Estratégias para adaptação do aluno ingressante à rotina
universitária, no contexto de ensino remoto emergencial: jogo
educacional e avaliações formativas
doi.org/10.47247/VV/LV/88471.16.6.9
107
Introdução
108
dúvidas, sem, porém, apresentarem respostas diretas. São feitas
perguntas direcionando o raciocínio dos alunos para que relembrem e
integrem conhecimentos prévios, e ajudem-se mutuamente. Estes jogos
educacionais não são competitivos. Desta forma objetiva-se que todas
as equipes, mesmo que em diferentes tempos, cheguem ao resultado
final demonstrando terem compreendido os temas trabalhados. As
atividades são planejadas e realizadas no período de duas aulas
práticas seguidas, no mesmo dia, totalizando 2h. O uso de jogos
educacionais tem sido considerado útil para o aprendizado, na opinião
dos alunos (MARCONDES et al., 2015; MARCONDES et al., 2019),
sendo que, para alguns jogos utilizados, esta percepção discente
positiva foi confirmada por melhora no desempenho em testes, em
comparação com o resultado obtido após aulas teóricas (CARDOZO et
al., 2016; LUCHI et al., 2017).
A utilização de estratégias ativas de ensino requer a verificação
contínua do aprendizado por meio de avaliações formativas ou
processuais, que possibilitam ao aluno identificar suas dúvidas,
procurar esclarecê-las e refazer o planejamento de seus estudos. Estas
avaliações também permitem ao professor identificar os temas em que
os alunos apresentam maior dificuldade e planejar estratégias para
promover a sua compreensão (HOFFMANN, 2012). Assim, a utilização
dos jogos educacionais possibilitam que, durante a própria atividade, os
alunos percebam o que sabem e aprendam o que não sabiam. E como
após as atividades são aplicados testes individuais, a professora
também identifica como está o processo ensino-aprendizagem e, se
necessário, pode rever seu planejamento (MARCONDES et al., 2020).
No ano de 2020, somaram-se aos fatores que influenciam a
adaptação de alunos ingressantes à universidade, as limitações
impostas pela pandemia de COVID-19, incluindo a suspensão das aulas
presenciais. Na UNICAMP, as aulas foram suspensas 10 dias após
terem sido iniciadas. As coordenações dos cursos de graduação, após
discussão com seu corpo docente, definiram quando as aulas seriam
retomadas por meio de plataformas para vídeo conferência, quais aulas
seriam ministradas no formato denominado de ensino remoto
emergencial (ERE). Na maioria dos cursos de graduação da UNICAMP,
foi definido que as aulas teóricas seriam ministradas por ERE, e as
aulas práticas seriam ministradas após o retorno das atividades
presenciais. À medida que a pandemia se agravou, em diferentes
109
cursos, alguns professores decidiram adaptar as aulas práticas para o
ensino digital. E, neste contexto, foram adaptadas para o ERE, as aulas
de Fisiologia Humana, ministradas na disciplina Biociências I, durante
o primeiro semestre de 2020. O primeiro tema de Fisiologia Humana
estudado nesta disciplina é Osmose, e neste capítulo será descrito como
as estratégias ativas de ensino e avaliações formativas foram adaptadas
para abordar este tema no ERE, para alunos ingressantes no curso de
Odontologia, que haviam tido 10 dias de aula presenciais. No ensino
presencial não utilizávamos recursos digitais, excetuando-se um
aplicativo interativo gratuito Socrative, por meio do qual eram
elaboradas questões para as avaliações formativas. Jogo educacional e
avaliações formativas: adaptação para o ensino remoto
O jogo educacional sobre osmose aborda um tema relevante para
os alunos da área da saúde, que devem compreender a relação entre
concentração de soluções administradas no organismo e seus efeitos
sobre o volume e função celular. Por tratar-se de um assunto, em que
os alunos apresentam dificuldades desenvolvemos um jogo educacional
impresso do tipo quebra-cabeça, que tem sido utilizado, desde 2018,
combinado com a aula teórica expositiva. Esta estratégia de ensino foi
desenvolvida porque geralmente nas aulas teóricas, poucos alunos
apresentam suas dúvidas – por “acreditarem” que compreenderam o
que foi explicado, por timidez, ou por terem perdido parte da explicação
e acreditarem que poderão rever o conteúdo e entender o tema, em
outro momento.
Muitas vezes os alunos não fazem perguntas por que não houve
tempo para processar e compreender as informações, de forma a
capacitá-los a aplicá-las em situações “práticas”. Neste contexto, fazer
interrupções durante a aula, e oportunizar atividades que permitam ao
aluno identificar o que compreendeu ou não, é fundamental para
garantir, que ao final da aula, o processo ensino-aprendizagem tenha
ocorrido, e as explicações orais do professor não tenham sido
“perdidas”.
No ensino presencial, o jogo educacional é utilizado durante uma
aula teórica, com duração total de 2h, na qual são utilizados slides em
Power Point. Para despertar o interesse dos alunos e mostrar a
importância do tema, são inicialmente apresentadas três situações
clínicas (desidratação, hipoglicemia e administração de anestésico local)
e é perguntado como se define o tipo e a concentração das soluções que
110
devem administradas nos casos apresentados. A professora explica que,
ao final da aula, os alunos deverão ser capazes de responder esta
questão.
Em seguida, a professora inicia a explicação que é interrompida,
em três momentos, para a apresentação de 3 experimentos. Em equipes
de 5 a 6 integrantes, os alunos analisam imagens e preenchem tabelas,
com fichas específicas, identificando o efeito de soluções sobre o volume
celular, relacionando e integrando os conceitos apresentados na
explicação teórica. As tabelas e fichas são impressas e plastificadas, e
em mesas redondas, as equipes fazem a discussão, definindo onde
posicionar as fichas.
Cientes de que, em uma aula ministrada por videoconferência a
dificuldade para se manter a atenção é maior do que em uma aula
presencial, as autoras deste capítulo adaptaram a atividade como o jogo
educacional para o ERE, combinado à aula teórica síncrona ministrada,
na plataforma Google Meet, utilizando os mesmos slides em PowerPoint.
Anteriormente, havia sido solicitado que os 79 alunos matriculados na
disciplina se dividissem em 14 equipes. Na primeira parte da aula, foi
explicado como diferentes substâncias atravessam membranas
biológicas, recordando conceitos do ensino médio (difusão e osmose), e
foram apresentados os conceitos de permeabilidade seletiva da
membrana plasmática, transporte através de membranas biológicas e
tonicidade. Nesse momento, a professora interrompeu a explicação e
solicitou que os alunos enviassem suas dúvidas, abrindo seus
microfones, pelo chat da plataforma ou pelo aplicativo WhatsApp para
as monitoras da disciplina que as apresentariam oralmente na aula
online, durante a discussão. Dos 77 alunos presentes, na sala virtual,
apenas um aluno apresentou dúvidas pelo microfone, as quais foram
esclarecidas pela professora.
O primeiro experimento do jogo educacional foi então
apresentado, projetando-se a imagem de 4 tubos de ensaio, que
mostram a mistura de volumes iguais de soluções (não identificadas) e
sangue heparinizado, após centrifugação (Fig. 1A).
111
Figura 1. Imagem do experimento 1 (A) e do experimento 2 (B),
do jogo educacional sobre osmose, projetada em tela, na adaptação
feita para ensino remoto.
112
presença de hemoglobina contida nas hemácias. As equipes foram
instruídas a analisar as diferenças observadas no volume do
precipitado, entre os tubos, indicar qual fluxo resultante da água
explicaria as diferenças observadas, e classificar as soluções quanto à
tonicidade (efeito da solução no volume celular). Os alunos foram
orientados a discutir a resposta, em cada equipe, por meio do aplicativo
WhatsApp, chegando a uma resposta de consenso. Assim como é feito
no ensino presencial, foram explicados os objetivos da atividade:
possibilitar aos alunos verificar o que de fato haviam compreendido na
explicação oral da professora, identificar dúvidas, promover a
aprendizagem colaborativa.
Foi informado que a aprendizagem por pares é um método
eficiente, de acordo com estudos científicos (MAZUR, 2015) e foi
destacada a importância da participação de todos. Especificamente no
ERE, a professora chamou a atenção para o fato de que esta
participação e o esforço dos alunos, nas aulas e nas atividades
propostas seriam fundamentais porque, naquele momento eles estavam
enfrentando dois desafios: a adaptação à rotina universitária e a
pandemia, e cada um, professor e aluno, precisavam se envolver para
enfrentarem juntos os desafios.
Durante a atividade com o jogo educacional, a professora e as
monitoras respondiam as dúvidas das equipes, também pelo aplicativo.
Presencialmente, esta parte da atividade com o jogo educacional demora
aproximadamente 15 minutos, e na adaptação para o ensino remoto, as
equipes utilizaram de 20 a 40 minutos para preencher a tabela. Quando
todos as equipes finalizaram o experimento 1, a professora fez a
correção, solicitando a manifestação dos grupos, enquanto posicionava
as fichas em sua tela, apresentando as respostas corretas.
Em seguida, a professora retomou a explicação oral,
apresentando o conceito de osmolaridade, que permite determinar o
efeito de uma solução, sobre o volume celular (tonicidade), a partir de
sua concentração molar e da permeabilidade da membrana celular aos
seus solutos. Foi então apresentado o experimento 2, que consistiu em
identificar a osmolaridade, o fluxo resultante de água nas células e a
tonicidade de soluções com a mesma concentração molar. Para isto, foi
projetado um slide com figuras de tubos de ensaio, contendo o
sobrenadante e o precipitado de 3 soluções, e informações sobre a
permeabilidade da membrana aos solutos das mesmas (Fig. 1B). Foi
113
solicitado às equipes que comparassem o volume do precipitado, entre
os tubos, e indicassem a osmolaridade, tonicidade e o efeito nas células
sanguíneas das soluções. E, conforme indicado para o experimento 1,
após 45 min, a professora discutiu e corrigiu o experimento 2.
Para finalizar a aula, a professora apresentou o terceiro
experimento,projetando na tela a imagem de tubos de ensaio, uma
tabela e fichas, em um arquivo em Power Point (Fig. 2). Este arquivo foi
enviado por e-mail para os alunos, e cada equipe foi orientada a se
reunir em salas do Google Meet. Um aluno deveria projetar o arquivo
recebido em sua tela, e o grupo deveria discutir como movimentar as
peças para o preenchimento da tabela. Após o preenchimento completo
da tabela, por consenso, a equipe deveria enviar o arquivo, via e-mail,
para a professora. Após 1 hora, todos os alunos retornaram para a sala
virtual e a professora discutiu a resolução do experimento 3. Ao final,
para a síntese do tema abordado, a professora retomou as situações
clínicas, apresentadas no início da aula, e discutiu as soluções corretas
que deveriam ser administradas nos casos apresentados.
No ensino presencial, para garantir que todos os alunos, em
cada equipe, prestem atenção e participem da discussão, solicita-se que
os telefones celulares sejam desligados ou guardados em suas mochilas
ou bolsas. Esta solicitação é prontamente acatada e é possível observar
o envolvimento e interação desejada na maioria das equipes. E, quando
necessário, a professora ou monitores intervêm, por exemplo, fazendo
pergunta ao aluno que esteja participando pouco, ou solicitando que
aguarde um pouco, ao aluno que, eventualmente não permite a
participação dos outros.
114
Figura 2. Imagem do experimento 3 do jogo educacional sobre osmose,
projetada em tela, na adaptação feita para ensino remoto.
115
primeiros meses do ERE, não houve treinamento específico para isso
promovido pela instituição. Na FOP houve reuniões sobre orientações
básicas de como “criar” uma reunião online, compartilhar link, iniciar e
gravar a reunião, compartilhar a tela, e inserir e responder questões no
chat, por iniciativa de um docente que já sabia utilizar este recurso, e se
prontificou a compartilhar seu conhecimento com outros colegas
professores. Posteriormente, a partir do segundo mês de ERE, houve
ações institucionais disponibilizadas para a instrumentalização dos
docentes, em que a participação era voluntária. Além de participar de
algumas destas ações, as autoras deste capítulo também participaram
de eventos online aprenderam sobre as ferramentas digitais que
poderiam ser utilizadas. E ao longo do 1º semestre de 2020, foi possível
aprimorar o acompanhamento das discussões em grupos, por meio da
utilização de salas simultâneas na plataforma Google Meet.
Com o objetivo de possibilitar aos alunos verificarem, após a
aula e pós estudo individual, o que haviam compreendido e
identificarem suas dúvidas, foi proposto um exercício, com 4 situações
para aplicação dos conceitos discutidos na aula. As equipes deveriam
preparar as respostas em uma apresentação oral, a ser realizada em
data posterior. Durante a resolução do exercício, os alunos
encaminharam dúvidas à professora e monitoras, por meio de correio
eletrônico e aplicativo de mensagens. Assim, diante das dúvidas
verificadas, foi realizada uma revisão, não obrigatória, em que
participaram 60 dos 79 alunos matriculados na disciplina. Assim, como
para a primeira aula, a gravação desta revisão também foi
disponibilizada a todos os alunos da disciplina.
No início, e alguns dias após a revisão, foram aplicados testes,
sem identificação individual dos alunos ou atribuição de notas, no
aplicativo interativo gratuito Socrative, que fornece, ao professor, as
respostas em tempo real. A aplicação destes testes permitiu identificar o
avanço no aprendizado, e rever o planejamento das atividades
seguintes. E, como nestes testes foram incluídas questões sobre as
estratégias utilizadas, as respostas obtidas também orientaram a
professora no planejamento das explicações teóricas, exercícios, e
atividades avaliativas.
Para as apresentações do exercício proposto, foram formados 4
grupos, com 3 ou 4 equipes cada. E, em datas diferentes, por sorteio,
cada equipe explicou oralmente uma das situações do exercício, após o
116
envio do exercício completo, respondido por escrito, à professora. Cada
apresentação foi seguida de uma discussão, em que a professora
indicou os pontos positivos, destacando os conceitos principais e, em
seguida, corrigiu os erros, solucionando as dúvidas.
Após finalizadas as apresentações, os exercícios corrigidos
contendo feedbacks formativos (NICOL; MACFARLANE-DICK, 2006)
foram enviados, via correio eletrônico, às equipes. Estes feedbacks
consistiram na indicação dos progressos observados (conceitos chave
aprendidos e clareza na apresentação das informações) nas respostas
corretas do exercício escrito e na apresentação oral da equipe, correções
acompanhadas de explicação e indicação de bibliografia. Vale destacar
que a elaboração e envio dos feedbacks formativos foram
implementados no ERE, devido ao aprendizado obtido, pela professora,
sobre a elaboração dos mesmos, em um minicurso e um congresso on
line, e mediante o aprendizado do uso da plataforma Google Classroom.
No ensino presencial era feita a discussão e correção de questões, sem
comentários específicos às equipes ou alunos.
Nas aulas seguintes, o período de 2h foi dividido entre
verificação do aprendizado sobre o tema osmose e explicação e
atividades referentes a novos temas. Para esta verificação, foi aplicado
um teste individual identificado, na plataforma Google Forms, com
questões de verdadeiro ou falso. Em seguida as equipes discutiram as
mesmas questões, devendo também indicar a correção das afirmativas
falsas. A correção do exercício resolvido em equipe foi realizada pela
professora, que novamente encaminhou a correção com feedbacks
formativos. E, no início da aula posterior, foi realizada a discussão e
correção das mesmas, sob coordenação da professora.
No contexto do ERE, as avaliações formativas foram
fundamentais para ajudar os estudantes na organização de seus
estudos, e evitar que somente assistissem às aulas, sem fixação dos
conhecimentos e conceitos. Em ambientes online, esse tipo de avaliação
apresenta inúmeras possibilidades de monitorar e avaliar a construção
dessa aprendizagem, uma vez que a maioria das plataformas oferecem
uma visão geral do progresso dos estudantes, por meio do feedback
fornecido (TINOCA, OLIVEIRA, 2013).
E, em outra aula, foi aplicado outro teste individual, por meio do
aplicativo Socrative, contendo 2 questões dissertativas. Os testes
117
identificados foram considerados avaliações somativas e, para aqueles
que não demonstraram compreensão dos conceitos, foram
encaminhadas questões via aplicativo de mensagem, cujas respostas
deveriam ser enviadas em áudio à professora.
Com o objetivo de verificarmos se as estratégias utilizadas
estavam sendo bem aceitas pelos alunos, incluímos, nos testes
anônimos e identificados, questões, em que os alunos avaliaram o jogo
educacional, os testes individuais e em grupo e a discussão mediante
com oral feita pelas equipes. A maioria dos discentes avaliou que as
estratégias utilizadas ajudaram no seu aprendizado e indicaram que a
maior dificuldade era a organização do tempo para estudo.
Considerando que a Universidade disponibilizou chips para conexão de
internet, computadores e tablets para alunos que não dispunham
destes recursos, houve alguns casos de problema na conexão e sinal de
internet, sendo que estes foram pontuais, ocorrendo em alguma aula ou
atividade. E, quando isso ocorreu, as atividades foram repostas, em
horário combinado com a professora e monitoras. Certamente esta
situação favorável contribuiu para a percepção positiva dos alunos.
Outro item que merece destaque é o fato de que, na UNICAMP,
foi flexibilizado o cronograma das aulas, e a forma de avaliação da
aprendizagem para definição do desempenho dos alunos. Em cada
disciplina, os docentes puderam definir se haveria atribuição de notas
ou conceito suficiente para aprovação dos alunos, sendo que as
disciplinas com atribuição de conceito suficiente não seriam
consideradas no cálculo do coeficiente de rendimento do aluno. E, para
as disciplinas em que aulas práticas não puderam ser adaptadas para o
ERE, foi atribuído o conceito F (faltando), para posterior correção,
quando do retorno das atividades práticas presenciais.
A possiblidade de ajustes no cronograma, oferecendo mais
tempo para o estudo assíncrono, foi fundamental para as atividades
acadêmicas desenvolvidas, tendo sido possibilitado pela ampliação do
calendário acadêmico do 1º semestre de 2020, até a segunda quinzena
de agosto.
E finalmente destacamos que a comunicação entre a professora
e os alunos, por meio do aplicativo de mensagens parece ter sido
fundamental para que eles se sentissem à vontade para não somente
esclarecer dúvidas, mas para expor dificuldades e pedir orientações
118
para organizar o seu tempo para o estudo e coordenar todas as
atividades das diferentes disciplinas, e também para controlar a
ansiedade frente a questões acadêmicas pessoais e familiares. Este
aspecto mereceu grande atenção, pois o processo ensino-aprendizagem
é diretamente influenciado por fatores emocionais (RELVAS, 2012), que
podem ser determinantes para a permanência e sucesso do aluno em
um curso de graduação, sobretudo no relato de experiência apresentado
com alunos ingressantes.
Considerações finais
119
Nota: Este relato de experiência refere-se à parte do projeto de
Iniciação Científica da aluna Pamella Teles Pessoa, com financiamento
da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP –
Processo 2019/06430-3).
Referências
120
seja um modismo? In: Santos, PV. Metodologias ativas – Modismo ou
Inovação? 1ed. Quirinópolis – GO. Editora IGM. p. 175 - 189, 2021.
121
TINOCA, L; OLIVEIRA, I. Formative assessment of teachers in the
context of an online learning environment. Teachers and Teaching:
Theory and Practice, 19(2): 221-234, 2013.
122
Uma proposta didática para o ensino remoto de Sistemas Lineares
2x2 com uso das TDICs
doi.org/10.47247/VV/LV/88471.16.6.10
123
Introdução
124
Ensino remoto e a produção de vídeos
125
Ensino de sistemas lineares com o auxílio do geogebra
126
solução de um sistema linear, mas também para classificá-lo e discuti-
lo quando necessário.
Tinoco (2005) destaca que “existem programas computacionais
gráficos disponíveis, gratuitos e de fácil uso, que podem ser utilizados
como ferramentas pedagógicas valiosas para este tipo de abordagem”.
Além disso, ainda afirma que:
Metodologia
127
Além disso, elaborou-se um questionário on-line do Google
Forms, com o objetivo de conhecer o perfil dos estudantes e propiciar
uma melhor acessibilidade nas atividades que serão desenvolvidas de
forma remota, uma vez que fazer-se-á o uso das TDICs para tratar do
assunto de Sistemas Lineares.
A proposta didática irá explorar os recursos citados
anteriormente e está dividida em 6 (seis) etapas. Cada etapa contempla
estratégias variadas com o uso do aplicativo GeoGebra e ao final de
cada uma delas o estudante deverá realizar uma atividade avaliativa e
enviar para o professor. Desta forma terá um feedback dos estudantes
durante todo o processo.
Ao final da proposta, será disponibilizada uma avaliação on-line
pelo Google Forms, cujo objetivo é verificar a aprendizagem do conteúdo
Sistemas Lineares 2x2.
128
As etapas a seguir contemplam a produção de vídeos, tutoriais
em pdf, o software GeoGebra e uma atividade avaliativa pelo Google
Forms.
129
Além do vídeo, esteve disponível um arquivo em formato pdf com
um tutorial de instalação do aplicativo GeoGebra, contendo as mesmas
orientações dadas no vídeo. O objetivo em disponibilizar a proposta
didática no formato de vídeo e em pdf é proporcionar um melhor acesso
às informações.
O quadro 1 sintetiza a organização desta etapa.
130
Quadro 2: Descrição da Etapa 2
Material Descrição Formato Recursos
Vídeo 1 Explicação da atividade 1, construção no MP4 Leitor
aplicativo GeoGebra para criar familiaridade MP4
com o software. Software
GeoGebra
Tutorial Explicação do passo a passo do vídeo 1 em PDF Leitor
1 arquivo escrito. PDF
Software
GeoGebra
Vídeo 2 Explicação da atividade 2, utilizando o MP4 Leitor
GeoGebra para criar matrizes. MP4
Software
GeoGebra
Tutorial Explicação do passo a passo do vídeo 2 em PDF Leitor
2 arquivo escrito. PDF
Software
GeoGebra
Avaliação Formulário com questões envolvendo as Google
da etapa ferramentas do GeoGebra. Forms
Fonte: Autores (2020)
131
Quadro 3: Descrição da Etapa 3
Material Descrição Formato Recursos
Vídeo 1 Explicação da atividade 1, construção de MP4 Leitor
retas no aplicativo GeoGebra. MP4
Software
GeoGebra
Tutorial 1 Explicação do passo a passo do vídeo 1 em PDF Leitor
arquivo escrito. PDF
Software
GeoGebra
Vídeo 2 Explicação da atividade 2, trabalhando com MP4 Leitor
controle deslizante e coeficientes das retas. MP4
Software
GeoGebra
Tutorial 2 Explicação do passo a passo do vídeo 2 em PDF Leitor
arquivo escrito. PDF
Software
GeoGebra
Avaliação Formulário com questões envolvendo o Google
da etapa estudo das retas. Forms
Fonte: Autores (2020)
132
Quadro 4: Descrição da Etapa 4
Material Descrição Formato Recursos
Vídeo Explicação da atividade, construção das MP4 Leitor
retas e a relação dos coeficientes com os MP4
tipos de retas, paralelas, coincidentes e Software
concorrentes. GeoGebra
Tutorial Explicação do passo a passo do vídeo em PDF Leitor
arquivo escrito. PDF
Software
GeoGebra
Avaliação Formulário com questões envolvendo as Google
da etapa retas paralelas, coincidentes, concorrentes e Forms
suas equações.
Fonte: Autores (2020)
y = -5x + 4 y = 2x + 3
y = -5x – 7 4y = 8x +12
133
Etapa 6: Classificação dos Sistemas Lineares
x – 2y = 5 x+y=12 x+y=1
2x – 4y = 7 2x + 2y = 2 3x + 2y = 30
Figura 3: Avaliação
134
Avaliação
Conclusão
Referências
135
BORBA, Marcelo de Carvalho; OECHSLER, Vanessa. Tecnologias na
educação: o uso dos vídeos em sala de aula. Revista Brasileira de
Ensino de Ciência e Tecnologia, volume 11. Ponta Grossa, 2018.
136
Um novo jeito de ver a Ciência: adaptações curriculares durante a
pandemia em uma escola em Diadema - SP
doi.org/10.47247/VV/LV/88471.16.6.11
137
Para começar...
138
Tratando sobre as diferenças, os alunos sugeriram práticas com
materiais utilizados em casa para não precisar que nenhum parente
saia de sua residência para comprar os materiais.
139
conclusões e contribuições, bibliografia (Figura 1). O mesmo foi
corrigido e devolvido aos alunos, relatando os possíveis problemas e
inviabilidades de cada projeto. No decorrer dos meses foram feitas
várias versões dos escritos e realizando os testes, substituindo
materiais por de baixo custo e se possível de reaproveitamento ou
reciclagem.
140
e a escola, quais são os sentimentos ocultos e não ditos por eles,
destacando seus relacionamentos e a dificuldade de interação que eles
têm com seus próprios familiares. Outro trabalho que teve grande
público na feira de ciências foi sobre poluição nas águas e danos que o
uso indevido do plástico causa na população marinha, com várias
imagens e vídeos impactantes (Figura 2).
141
Feira de Ciências 2020
142
As turmas do 6º anos desenvolveram o tema “experimentando na
cozinha”, pois como é um território fértil para a Ciência, toda a sua
estrutura pode ser analisada cientificamente, desde os alimentos que
estão lá para o nosso consumo, até os equipamentos utilizados no
preparo dos mais diversos pratos. A cozinha também é um espaço de
fortalecimento das relações sociais, pois proporciona vivências e
memórias afetivas das receitas de família, resgatando histórias e
relacionando sentimentos e sensações a sabores, odores e texturas. A
ajuda familiar nesse processo foi de extrema importância, desde a
seleção dos ingredientes, do preparo e degustação do prato. A seleção
das receitas e todo o seu preparo, desde a escolha dos ingredientes até
o resultado final, resultou em diversos tipos de bolos, sorvetes,
panquecas, até mesmo receitas “low carb”.
Após as aulas síncronas e plantão de dúvidas, os alunos ficaram
livres para a escolha da receita de sua preferência, porém, com um
roteiro estruturado para o desenvolvimento da mesma. Além de
informar os ingredientes e o modo de preparo, houve uma pesquisa dos
materiais utilizados e suas transformações durante o processo. Todas
essas etapas foram relatadas na confecção de um relatório e também
em registros fotográficos e/ou de vídeo, culminando com um vídeo como
resultado final.
Na turma do 7º ano, complementando as habilidades previstas
pela BNCC, o tema meio ambiente foi o norteador do desenvolvimento
dos projetos. A proposta foi estudar os biomas brasileiros e os
problemas ambientais, relacionando à ações de consciência da
preservação necessária para garantir o equilíbrio do planeta. As
pesquisas foram direcionadas aos assuntos pertinentes no momento
atual, como desmatamento, queimadas, degradação ambiental, lixo e
reciclagem, aquecimento global, industrialização e meio ambiente, e
ecoturismo. No decorrer das aulas síncronas, os alunos foram
instigados a pesquisar o tema com mais propriedade. Músicas
relacionadas ao meio ambiente, documentários, reportagens, serviram
para aguçar a curiosidade durante a busca por informações. A
finalização ficou a critério de cada aluno, com opções de produção
vídeo, apresentação de power point e artigo científico.
Os 8º anos utilizaram a ludicidade para tratar de um assunto de
extrema seriedade: a sexualidade. Através de uma atividade lúdica
“Cuidados com o bebê ovo”, na qual cada aluno foi responsável durante
143
sete dias por um ovo cru, que é uma estrutura frágil e que requer muita
atenção para evitar acidentes, ocorreram diversas discussões de temas
como responsabilidade com o outro, maternidade/paternidade precoce
e com suas obrigações e tipos de métodos contraceptivos, sendo
abordadas de forma natural e incorporadas nas vivências desse período.
Para os 9ºs anos, a oferta de temas foi maior, possibilitando sua
escolha conforme a afinidade ao assunto. O primeiro tema proposto foi
Mulheres nas STEMs (ciência, tecnologia, engenharia e matemática),
ressaltando a importância da participação feminina nessas áreas,
contando a história de vida de importantes cientistas em forma de
vídeo. O segundo tema ciência e tecnologia, abordou a presença da
tecnologia no nosso cotidiano em todos os setores, em todos os lugares
e em todos os momentos, instigando a curiosidade para conhecer o
funcionamento de equipamentos utilizados em nossa rotina, com uma
apresentação no formato de podcast.
144
Fonte: Vanessa Vaz, 2020
Conclusão
145
muitas vezes, divertido. Existem muitos obstáculos a serem superados,
como equipamentos tecnológicos, internet de qualidade e baixo custo a
todos, porém, mesmo com poucos recursos, esse projeto mostrou que é
possível desenvolver e promover o letramento científico mesmo à
distância, engajando o aluno a ser protagonista da sua trajetória
acadêmica.
Referências
146
Ciências da Natureza e Ensino de Física: desafios e possibilidades
nas práticas pedagógicas remotas realizadas na Escola de Ensino
Integral José de Alencar em Roraima
doi.org/10.47247/VV/LV/88471.16.6.12
147
Introdução
148
A teoria de David Ausubel consiste numa abordagem em que, a
aprendizagem torna-se significativa quando uma informação adquire
significado ao aluno. Ou seja, o aluno já possui conhecimento sobre um
determinado assunto, e após o professor abordar o conteúdo de forma
científica, as ideias que já se encontravam em seu cognitivo tornam-se
âncora e partindo das novas informações, o aluno consegui
compreender o conteúdo proposto.
Deste modo, pretende-se apresentar relatos de estratégias de
práticas pedagógicas, pautada na teoria de David Ausubel, na
perspectiva de possibilidades de aquisição de aprendizagem
significativa, superando os desafios no ensino de Física, no período de
pandemia.
Objetivo
Caminho metodológico
149
determinado horário de aula. Sendo que por sua vez, por ser um ano
atípico, o aluno poderia acompanhar em tempo indeterminado o estudo
e atividades propostas.
Além disto, utilizou-se o método de impressão e envio de
material didático aos alunos da zona rural.
É importante destacar que a metodologia de ensino foi pautada
na teoria de David Ausubel, buscando sempre assimilar os conteúdos e
atividades propostas a realidade do aluno. Trata-se de um processo que
envolve aluno, professor e ambiente qual o aluno está inserido, para
que a aprendizagem esteja vinculada à vivência do aluno.
Relato da experiência
150
De acordo com a demanda de alunos, todos os professores foram
orientados a realizar material didático aos alunos da zona rural, sendo
este material impresso. Devido à circunstância de pandemia, os
professores foram orientados a planejar o material didático de forma
clara e objetiva, sendo que não seria possível tirar dúvida em tempo
real, e somente após o retorno das atividades realizadas pelos alunos,
seria possível a devolutiva do professor contendo observações de acertos
e ajustes contendo sugestões para o desenvolvimento da aprendizagem.
Os materiais de estudo, foram encaminhados a coordenação da
escola por e-mail, e por sua vez, após impressão, estes foram enviados
aos alunos da zona rural, por meio de transporte escolar, sendo que a
cada quinze dias os materiais seriam recolhidos e entregues novos
materiais de estudo.
A metodologia de ensino para os alunos da zona urbana ficou a
critério de cada professor em sua respectiva disciplina. Sendo que seria
obrigatório o acompanhamento e realização de aula no horário
estabelecido pela escola. Os alunos foram adicionados no ambiente
virtual, grupos de whatsapp e orientados a realizarem os estudos,
conforme disciplina. Cada turma, continha professores de cada
disciplina, diretor, coordenador, e tutor quais de acordo com a
necessidade contribuíam de acordo com a necessidade pedagógica.
Por sua vez, alguns professores quais destaco os de ensino de
Física além de utilizar o grupo de estudo, optaram por utilizar outros
recursos tecnológicos para realização de suas aulas como o google
Classroom (fig.1), possibilitando assim, recursos adicionais e
organização de material de estudo e controle de envio e recebimento de
atividades.
151
Fig. 1 – Grupos das turmas de aulas remotas em
Whatsapp e Google Classroom.
152
adicionais como sites de pesquisa, vídeos entre outros. É importante
destacar que, um dos desafios da prática pedagógica foi o
desenvolvimento de aulas utilizando áudios e vídeos, sendo realizados
em suas residências, o que em algumas situações houve interferências
de ruídos, sons externos, sendo necessário repetição de gravação.
Durante a realização da prática pedagógica para os alunos da
zona urbana, utilizou-se áudios explicativos sobre os conteúdos
propostos, imagens, e para dinamizar as aulas, foi proposto realização
de experimento pelos alunos, sendo que os mesmos teriam que realizar
o experimento e gravar um vídeo apresentando os fenômenos físicos e
posteriormente socializar no grupo de estudo (fig. 2).
Fonte-Próprio Autor.
153
de em muitos casos não dispor de um aparelho celular para participar
de forma efetiva durante as aulas on-line.
Vale ressaltar que mesmo diante de dificuldades, os alunos com
acesso à internet participavam e socializavam as atividades realizadas,
apresentando o contexto físico através de execução das atividades
práticas.
Durante a socialização dos resultados obtidos, os alunos
apresentavam as descobertas, os obstáculos para se chegar ao objetivo
proposto. Alguns alunos relataram que para se obter o resultado de um
experimento, tiveram que repetir várias vezes, até perceber o fenômeno
físico. Conforme a Base Nacional Comum Curricular (2017, p. 320),
pressupõe organizar as situações de aprendizagem partindo de questões
que seja desafiadora e, reconhecendo a diversidade cultural, estimulem
o interesse e a curiosidade científica dos alunos e possibilitem definir
problemas, levantar, analisar e representar resultados: comunicar,
conclusões e propor intervenções.
A metodologia guiada por orientação pedagógica e executada
pelos docentes atuantes no ensino de Física possibilitou o que propõe a
Base Nacional Comum Curricular (BNCC), dando ênfase às três
competências específicas da área para o Ensino Médio:
154
longos e cansativos (fig. 3-A), após avaliação por parte da coordenação
pedagógica juntamente com os professores, resolveu-se realizar
atividade mais clara, objetiva e sucinta (fig. 3 B), tendo em vista que no
Ensino Integral os alunos cursam aproximadamente 27 disciplinas.
Tornando assim possível maior desenvoltura n realização dos estudos.
Fonte-Próprio Autor
155
Devido às grandes dificuldades vivenciadas diariamente e
relatadas pelos professores e gestores, a secretaria estadual de
educação propôs a realização de aulas por meio de podcasts tendo seu
início no mês de abril, estendendo-se até o mês de julho. Essas aulas
eram gravadas pelos professores das diversas áreas de conhecimento
com duração de 5 a 10 minutos que após gravar a aula sobre um
determinado conteúdo da disciplina, enviava para a professora
responsável em Boa Vista/RR, que por sua vez enviava ao técnico de
programação da rádio a fim de serem feitos os ajustes necessários como
diagramação, fundo musical e chamada para posteriormente serem
exibidas na rádio.
Essas aulas foram veiculadas por meio do Programa Ondas do
Saber, uma parceria entre a Secretaria de Estado de Educação e
Desporto com a Rádio Roraima AM 590, sendo exibidas todos os dias
pela manhã às 9 h 40 min e reprisadas à tarde às 16 horas. Aos poucos
o programa recebeu grande adesão por parte de alunos e professores e
assim se fez presente em todo o Estado de Roraima, atingindo
comunidades de difícil acesso que tiveram a oportunidade de ampliar
seus conhecimentos por meio de aulas curtas e dinâmicas voltadas
para a realidade dos alunos.
Na disciplina de Física nossa escola participou com o professor
Walter Fiúsa dos Santos que aceitou o desafio de gravar aulas sem
dispor de um ambiente adequado para realizar as gravações, além do
fato de ser uma experiência nova e ao mesmo tempo gratificante pela
possibilidade de atingir um maior contingente de alunos na
aprendizagem dos conteúdos de Ciências da Natureza e de modo
particular na socialização dos conhecimentos físicos não só com os
alunos, mas, também os familiares que acabavam também recebendo
as informações durante as aulas.
Dessa forma, o Programa Ondas do Saber surgiu como um
suporte a mais para a formação dos alunos no processo de ensino e
aprendizagem durante o período de Pandemia, fortalecendo e ampliando
os conceitos físicos e científicos de tantos jovens que necessitavam de
um reforço em seus estudos. Na escola José de Alencar a coordenação
pedagógica avisava com antecedência nos grupos das diferentes turmas
sobre o dia e os horários da exibição das aulas na rádio e convida os
alunos para participar e prestigiar esse momento de formação.
156
No ano letivo de 2020, foram muitos os desafios, medos,
angústias diante de uma doença até então desconhecida, no entanto
sabe-se a importância da ciência na busca da cura da Covid-19.
Durante a realização da prática pedagógica no período de
pandemia, buscou-se estabelecer o que propõe a Base Nacional Comum
Curricular (2017), destacando a área de Ciência da Natureza no Ensino
Médio que “oportuniza o aprofundamento e ampliação dos
conhecimentos explorados na etapa anterior. Trata a investigação como
forma de engajamento dos estudantes na aprendizagem de processos,
práticas e procedimentos científicos e tecnológicos, e promove o domínio
de linguagens especificas, o que permite aos estudantes analisar
fenômenos e processos, utilizando modelos e fazendo previsões.
Considerações finais
157
tornou-se um recurso indispensável no processo de ensino e
aprendizagem pois, ele possibilitou a comunicação entre professor e
aluno antes, durante e após a realização das aulas on-line.
A prática pedagógica no ensino de Física realizada no Ano Letivo
2020, em plena pandemia foi desafiadora, pois mudou o cenário. O
ensino ultrapassou o limite de sala de aula presencial. As aulas remotas
possibilitaram alternativas de estudos, abrangendo todas as demandas
da escola, conforme representado no fluxograma 01.
Fonte-Próprio Autor.
158
Nacional Curricular Comum que estabelece as habilidades e
competências a serem desenvolvidas e adquiridas pelos alunos do
ensino Médio e Integral.
Referências
159
Gestores Escolares no contexto da pandemia de Covid-19: entre
atuações e interpretações das políticas educacionais em Itajaí - SC
doi.org/10.47247/VV/LV/88471.16.6.13
Karoline Bento
Ivana Weissheimer Rebelo
160
O reconhecimento do contexto
161
contexto da pandemia Covid-19, diante das atribuições descritas na
resolução 002/COMED/2020?
A interpretação que os sujeitos da política possuem sobre sua
prática, em tempo de ensino remoto, e as implicações que essas
interpretações acarretam a sua atuação, especificamente na época de
isolamento social, é nosso ensejo pesquisar.
162
A importância do Projeto Político-Pedagógico
163
obrigatoriedade de tomar atitudes. Também não se sabia o tempo de
isolamento que teríamos pela frente.
Agora, ao final do ano de 2020, podemos fazer uma
interpretação e análise dos prós e contras, das medidas e ações que
foram tomadas de forma repentina, muitas vezes sem escutar os
anseios e dificuldades que cada setor da educação teria diante da
situação, como e de que maneira cada funcionário poderia atuar e quais
as interpretações dos gestores, quais os desafios por eles analisados,
como seria a possível atuação dos professores, quais as condições de
segurança a sua saúde física e emocional, e quais ferramentas digitais
teriam disponíveis. Somente a partir do levantamento desses dados,
seria possível a elaboração de um planejamento elaborado com a
participação de todos os representantes e, consequentemente, de um
projeto político pedagógico para a época de pandemia, com novas
medidas, novas ações conjuntas, reconhecidas e divulgadas para toda
comunidade escolar.
Os objetivos devem ser pautados nas necessidades do público-
alvo, agora isolados em seus lares. Questões como as condições de
acesso tanto do professor como do aluno não podem ser
desconsideradas. Os professores em seus lares com seus filhos, que
também possuem tarefas a serem cumpridas, às vezes não têm um
local propício para transmissão de suas aulas, o que pode causar
muitos desconfortos, descontentamento e estresse para professores e
alunos.
Diante de tantas mudanças na sociedade e, principalmente,
neste momento de isolamento social com aulas remotas, cabe à escola
rever seu papel e (re)significar o papel do professor e equipe gestora,
neste novo cenário. Portanto, o professor, gestores e equipe técnico-
administrativa precisam de tempo e valorização em formação
continuada para que possam se aprimorar com as diversas mídias
digitais. A reorganização das atividades e da aprendizagem são
necessárias frente à suspensão das atividades escolares por conta da
necessidade de ações preventivas à propagação da Covid-19.
164
construída por Stephen Ball e colaboradores nos anos 1990. Nesse
sentido, Mainardes (2006) enfatiza que a abordagem do ciclo de
políticas mostra-se útil para a análise de políticas educacionais, a qual
permite a análise da trajetória desde sua formulação inicial até a sua
implementação no contexto da prática e seus efeitos (MAINARDES,
2006, p. 48). Tal abordagem consiste em um ciclo contínuo baseado em
três contextos: o contexto de influência, o contexto da produção de texto
e o contexto da prática – todos conectados sem uma dimensão de
tempo, sequência, tampouco linearidade.
O contexto de influência se caracteriza como o campo onde as
políticas públicas e os discursos são elaborados, com a atuação de
partidos políticos. Nele, o governo e o processo legislativo adquirem
legitimidade e formam um discurso de base para a implantação de leis,
decretos e portarias nos diversos âmbitos. No contexto da produção de
texto, a Resolução do COMED representa a política e essas
representações ocorrem por meio de textos legais oficiais e textos
políticos. O contexto da prática é o espaço de atuação dos sujeitos da
política.
Para o tratamento dos dados e informações coletadas durante a
pesquisa foi adotado o método de Análise de Conteúdo, que, segundo as
concepções teóricas de Bardin (2011), pode ser definida como um
conjunto de técnicas de análises das comunicações visando obter, por
procedimentos sistemáticos e objetivos de descrição de conteúdo das
respostas, indicadores (quantitativos ou não) que permitam a inferência
de conhecimentos relativos às condições de produção e percepção
(variáveis inferidas).
As referências bibliográficas e documentos referentes às ações
diante da pandemia foram escolhidos para leitura flutuante. A partir
daí, foi realizada a aproximação com hipóteses e, consequentemente,
elaborado um questionário para gestores. A análise do conteúdo trouxe
uma aproximação com o PPP, documento elaborado anualmente e/ou
de acordo com a situação do momento e implícito nas respostas devido
a organização das práticas. Para tal estudo, este artigo fez um
levantamento dos desafios, anseios e necessidades por parte dos
gestores e equipe técnico-administrativa e os agrupou em categorias de
análise diante do questionário apresentado a seguir.
O questionário, composto de doze questões, apresenta-se
subdividido em dois núcleos. As primeiras questões identificam o perfil
165
dos gestores e equipe técnico-administrativa, sendo esses apresentados,
ou como atores, ou como os sujeitos da política. O segundo núcleo
busca entendimento desses sujeitos a respeito da interpretação e
atuação das questões que fundamentam o texto, pois busca identificar
as palavras classificadas mais relevantes dentro das atribuições
indicadas pelos gestores, contrapondo com as atribuições previstas na
Resolução 02/2020.
166
Parágrafo único. Os gestores das unidades de ensino
da Rede Municipal de Ensino submeterão seus planos
de ação para avaliação da Secretaria Municipal de
Educação.
167
do contexto da prática. A primeira e a quarta perguntas do
questionário, quais sejam “Cite quais são suas principais atribuições
diante do contexto da pandemia do COVID-19?” e “Descreva como ocorre
a orientação e o acompanhamento das atividades dos professores no
cumprimento das diretrizes da resolução do COMED”, têm como objetivo,
respectivamente, fazer um levantamento da tradução que os sujeitos da
política têm de suas atribuições e das orientações aos professores
dentro do contexto escolar e de isolamento social.
Para a análise fizemos a classificação das atribuições, na
plataforma Google Highlights, divididas em três categorias: ações,
métodos e sujeitos. Dentre as respostas, a ação mais levantada pelos
sujeitos da política foi “auxiliar”, com dez ocorrências seguida de
“acompanhar”, “distribuir” e “entregar”. Enquanto “orientar”, “atender”
e “revisar” aparecem em um número reduzido de respostas, e, por
último, a ação de “incentivar” aparece em apenas uma resposta.
De acordo com BALL (2016), a política cria o contexto, mas o
contexto também precede a política. As ações são preponderantes
dentro dos contextos que surgem; mesmo em casos excepcionais, a
política assume caminhos diferentes dependendo das práticas adotadas
em cada contexto escolar.
Continuando a análise, inserimos a categoria método. Os
“materiais impressos” ficaram em evidência, com 24 (vinte e quatro)
colocações. Quando classificamos os sujeitos dentro das atribuições,
obtivemos, na maioria, o “professor”. Perante o exposto, notamos que a
maior preocupação quanto ao método é com os “materiais impressos”, e
quanto aos sujeitos, é com o “professor”.
Nossa preocupação é com a compreensão de como atuar na
política e não com as próprias políticas. A análise da "interpretação de
interpretações" com diferentes atores da política, com diferencial de
poder e de conhecimento diferenciados levam à "contextos de
interpretação". Conforme Ball (2016), as dimensões externas como a
própria gestão de política da autoridade local constituem diferentes
“contextos de interpretação”, esses têm impacto nas escolas e podem
influenciar as definições de outras prioridades institucionais. (BALL,
2016, p.63)
As atribuições descritas na Resolução trazem a interpretação de
interpretações do contexto da influência, representado aqui como a Lei
168
de Diretrizes e Bases e o disposto no Decreto n.º 9.057, de 2017, que
regulamenta o art. 80 da Lei nº 9.394, de 1996. Esse decreto
regulamenta o art. 1º que “considera educação a distância a modalidade
educacional na qual a mediação didático pedagógica nos processos de
ensino e aprendizagem ocorra com a utilização de meios e tecnologias
de informação e comunicação, com pessoal qualificado, com políticas de
acesso, com acompanhamento e avaliação compatíveis, entre outros”.
Analisamos que as atribuições delegadas aos gestores foram
“planejar” e “elaborar” em parceria com equipe técnico-administrativa e
corpo docente, com o objetivo de viabilizar material de estudo e
aprendizagem de fácil acesso, divulgação e compreensão por parte dos
estudantes e familiares. No entanto, conforme relatos de gestores e
equipe técnico-administrativa, nota-se que o planejar foi citado por
somente 20% (vinte por cento) dos sujeitos. Segundo Lück (2013), os
fundamentos, ideais e princípios comuns, claramente entendidos e
aceitos por todos, estabelecem o fio integrador de ações específicas e
garantem a sua articulação e interligação.
A fim de relacionar as condições e as ferramentas que os sujeitos
da política têm disponíveis para a realização de suas atribuições,
perguntamos: “Descreva quais as condições e ferramentas que você tem
disponíveis para realização das exigências do COMED?”. A categorização
das respostas se deu em duas unidades de registro: ferramentas e
condições.
No que tange a ferramentas, a maioria dos sujeitos descreve que
a utilização dos computadores, celulares e internet para a realização
das exigências do COMED, são recursos próprios. Com base na análise
acima apresentada, evidencia-se que o Sistema Municipal de Educação
de Itajaí, não priorizou ações de atendimento na demanda das
necessidades dos sujeitos da pesquisa para a utilização dessas
tecnologias. Se as ferramentas são um dos principais instrumentos de
trabalho e não se encontram disponíveis, então a exigência por parte
dos governantes não poderá exceder as condições de acesso de cada
gestor, equipe técnico-administrativa e pedagógica.
Já no que diz respeito à categoria condições, 10 (dez) sujeitos
pesquisados referem-se às condições de segurança, à sua saúde
emocional e física quanto ao atendimento presencial às famílias que vão
até a escola retirar os materiais impressos, e às visitas domiciliares
realizadas em casos de alunos que não acessam a plataforma digital,
169
como sendo condições prioritárias para realização das exigências do
COMED.
A interpretação da interpretação se fez presente também na
análise: “Segundo sua interpretação, qual é o principal objetivo das ações
planejadas em parceria com a Secretaria da Educação para o período de
pandemia?
Lidamos, aqui, com o “problema do significado”, que pode ser
abordado por meio do desenvolvimento de uma distinção heurística
entre interpretação e tradução. Os procedimentos de exploração
utilizados permitem, a partir dos próprios textos, conectar as ligações
entre as diferentes variáveis, funcionam segundo o processo dedutivo e
facilitam a construção de novas hipóteses (BARDIN, p.99). Dessa forma,
reunimos um grupo de elementos sob um título genérico, agrupando
suas características comuns. Sendo assim, classificamos a descrição de
objetivos por parte desses sujeitos como interpretativa no processo da
política e, assim, dividimos os elementos em duas categorias:
interpretação da política e tradução da política. Separamos os objetivos
descritos em hipóteses de análise da política.
Na interpretação da política, obtivemos 25 (vinte e cinco)
respostas, entre elas: “validar o ano escolar”; “manter o vínculo com a
escola e a aprendizagem”; “continuar mantendo a qualidade de ensino e
atendimento que são referências em nossa unidade escolar”; “atingir
com qualidade todas as crianças e profissionais”; “não deixar perder o
ano letivo de 2020”; “cumprir os aspectos legais, que envolvem direitos
e deveres no que diz respeito à educação”; “permitir acesso ao
conhecimento, promovendo a prática pedagógica”; “dar oportunidades
de ensino aprendizagens aos alunos”; “não perder o ano letivo”;
“assegurar a aprendizagem”; “acredito que se está fazendo o possível”;
“manter os alunos com vínculo escolar e garantir o ano letivo”; “não tive
nenhuma informação, somente repasses da diretora”; “fazer com que o
ano letivo não seja perdido”; “fiscalizar e controlar o trabalho do
professor”.
No entanto, apenas um terço do total respondeu alcançando a
tradução da política, assim definida por estar mais próxima da prática,
um terceiro espaço entre a política e a prática. Em referência a ela,
obtivemos as seguintes respostas: “para que alunos possam aprender
de uma maneira mais tranquila”; “proporcionar aprendizagem aos
alunos da melhor maneira possível”; “manter o vínculo com os alunos e
170
assegurar que eles tenham acesso aos conteúdos”; “reuniões pelo
Google Meet”; “atingir a maior participação dos alunos”; “possibilitar às
crianças acesso a oportunidades de aprendizagem remota”; “conquistar
o apoio das famílias”; “cumprir as 800 horas”; “atender os alunos de
maneira não presencial”; “manter o vínculo do estudante com os
conteúdos”; “evitar evasão escolar”; “dar suporte às famílias durante
este período sem aula presencial”.
Nas respostas que mais se aproximam da prática, ou seja, da
tradução da política, observa-se uma preocupação com a plataforma
digital. É perceptível a disparidade entre alunos que possuem acesso
aos meios digitais e os que não o possuem. Isso também é perceptível
na equipe técnica-administrativa. A Resolução cita que, com o “objetivo
de atender o princípio da equidade na oferta do ensino, permite-se a
utilização de mais de uma forma de reposição das horas letivas,
mediante o devido plano de ação”. Percebe-se que a falta de recursos
digitais para o ensino, tanto para discentes quanto para docentes, pode
causar iniquidade de resultados.
Nossa intenção é averiguar qual a interpretação que os sujeitos
estão tendo da prática dos professores na condução das aulas na
plataforma digital na quinta pergunta: “Como você interpreta a atuação
dos professores na plataforma digital diante das orientações realizadas
por vocês, gestores e equipe técnico-administrativa?” Resumidamente,
obtivemos algumas colocações como “professores estão se adequando
diariamente”; “estão fazendo o seu melhor, têm se reinventado, têm
ultrapassado seus limites para dar conta das aulas e atividades on-
line”; “todos com dificuldades, à medida que estamos em um momento
atípico, e que fomos direcionados de uma hora pra outra para o
ambiente virtual”; “uma forma de manter os alunos ativos e em rotina”;
“todos temos dificuldades, considerando o pouco tempo que tiveram
para entender o uso dos recursos, de modo especial o Google
Classroom”; “cada profissional tem suas particularidades e limitações”;
“temos uma equipe majoritariamente empenhada e buscando novas
alternativas constantemente”; “depende muito do profissional, quando
não tem profissionalismo, não cumpre datas, não cumpre nada que lhe
é orientado[...] já os que tem, o fazem com excelência[...]”.
Diante do exposto, analisamos que a partir do ponto de vista dos
gestores, alguns professores não possuíam formação continuada
suficiente na área tecnológica antes do isolamento social e estão em
171
posições diferentes em relação à política atual. Professores estão em
pontos diferentes de suas carreiras, com quantidade diversa de
experiência acumulada, têm quantidades e tipos de responsabilidade
diferentes, aspirações e competências variadas.
A interpretação dos sujeitos da pesquisa no que tange à
avaliação da aprendizagem dos alunos foi questionada na sexta
pergunta: “De que forma sua Unidade Escolar vem realizando a
avaliação da aprendizagem dos alunos?”. Com o objetivo de relacionar
tal interpretação, a determinação da resolução do COMED, no art. 8°,
estabelece a estes sujeitos a atribuição de planejar e elaborar um plano
de ação para a avaliação da aprendizagem nas atividades escolares não
presenciais. Os dados coletados revelam que o foco das avaliações não
está sendo na aprendizagem dos alunos, e sim na frequência de acessos
à plataforma digital. Podemos considerar que os registros em
instrumentos de controle de frequência possam auxiliar gestores na
orientação aos docentes para elaboração de um plano de ação, a fim de
atender as demandas dos alunos.
Com os desafios e dificuldades que vêm encontrando para com o
cumprimento das exigências da Resolução 002/2020 durante a
pandemia do Covid-19, bem como a partir de alguns comentários
adicionais, os gestores escolares e equipe técnico-administrativa nos
apresentam um leque amplo de interpretações do cenário educacional
atual e das políticas públicas instituídas pela resolução do COMED, o
que nos leva às considerações finais deste estudo, no anseio de ampliar
os olhares para tal realidade.
Nesta pesquisa, entendemos a atuação da política de uma
maneira fundamentada, escolhendo a política da “interpretação da
interpretação” como nosso suporte para análise das políticas dentro do
Contexto da Influência, do Contexto da Produção de texto; e no
Contexto da Prática respondemos como os gestores atuam e
interpretam sua atuação no contexto da pandemia da Covid-19.
172
A interpretação que os sujeitos da política fazem do que lhes
cabe como atribuição é díspar, bem como a relação que fazem dessa
interpretação com sua prática cotidiana. é possível pensar que a
discrepância, faz com que cada sujeito da pesquisa realize suas ações
de acordo com suas experiências individuais, podendo fazê-lo sem levar
em consideração as decisões do coletivo, fazendo com que a
participação democrática dos envolvidos na escola acabe não se
confirmando.
Conforme Ball (2016), “as políticas podem ser consideradas
como representações de conhecimento e poder”. Dessa forma, a partir
de uma prática imposta, professores e representantes da comunidade
não participam da elaboração de um planejamento estratégico para um
determinado contexto, aqui apresentado como o da pandemia por
Covid-19.
Nesse contexto, com a participação democrática, acreditamos ser
mais fácil atingir a terceira atribuição determinada no contexto da
produção de texto, que atribui aos gestores e equipe “zelar pelo registro
da frequência dos estudantes, por meio de relatórios e
acompanhamento da evolução nas atividades propostas, que
computarão como aula, para fins de cumprimento das 800 (oitocentas)
horas do ano letivo de 2020”. Assim determinada, a equipe teria claro
os seus objetivos e metas a serem cumpridas para acompanhar a
evolução da aprendizagem dos alunos, reavaliar para retomar objetivos
não alcançados, se preciso, e, assim, coordenar e supervisionar a
execução de todas as ações de reposição de aulas. De toda forma, não
podemos esquecer que o indivíduo é um ser multidimensional, que
precisa ser acompanhado além da aprendizagem, em sua estabilidade
emocional e física, abalada nesse momento pela repentina sensação de
“prisão” em seus lares, sem contato com seus amigos, sem a escola
para poder realizar suas atividades físicas, lúdicas e de convivência.
O comentário que um dos sujeitos da política deixa registrado
em sua resposta nos aponta uma tradução da política atual: “Sobre
pressão, a direção e toda equipe, busca na escuridão uma forma de não
ser responsabilizada e tão menos, punida, por algo do qual todos estão
envolvidos, e consiga, ainda que diante desta realidade, trazer o menor
prejuízo aos nossos alunos, sujeitos principais de toda nossa dedicação.
A educação precisa se atualizar, essa Pandemia veio trazer algo a força,
173
que já deveria estar acontecendo há tempo, é preciso investir em
tecnologia, em internet”.
Acreditamos, portanto, que investimento em TICs, formação
continuada em novas tecnologias, elaboração e implementação de
planos de ação a serem realizados através dos PPP‟s, são relevantes na
interpretação dos gestores e equipe técnico-administrativa das escolas
de Ensino Fundamental da cidade de Itajaí, e que deveriam ser
priorizados pelos Sistemas Municipais de Educação.
Referências
174
Aprendizagem baseada em Inquérito em tempos de pandemia
Leonardo Ristow
doi.org/10.47247/VV/LV/88471.16.6.14
Leonardo Ristow
175
Introdução
176
uma questão-problema, iguais as que compõem projetos de pesquisa.
Na segunda, são geradas hipóteses. Após a análise da literatura e
discussões é definido a hipótese que será testada (DE JONG, 2006;
PEDASTE et al., 2015).
Na investigação, a teoria se transforma em prática. Esta etapa é
dividida em três subfases: exploração, experimentação e interpretação
de dados. Na exploração é realizado o levantamento dos recursos para a
coleta de dados referente ao tempo, material, recursos financeiros entre
outros. Na experimentação, é elaborado um planejamento estratégico
dos procedimentos de coleta de dados. Na interpretação dos dados,
ocorre a coleta e a análise dos dados (DE JONG, 2006; PEDASTE et al.,
2015).
Na fase de conclusão, os alunos descrevem os resultados e
analisam se respondem a questão-problema. Por fim, na fase de
discussão, embora não seja uma fase que envolve diretamente a
pesquisa, é um momento extremamente importante para a
aprendizagem dos alunos, devido a possibilidade de análise de todo o
processo. Esta é dividida em subfases: comunicação e reflexão. Na
primeira, os alunos apresentam suas pesquisas e conclusões. Enquanto
os colegas emitem comentários e/ou críticas. Na segunda, o aluno
reflete sobre a sua aprendizagem dentro de cada etapa do ciclo de
inquérito (SCANLON et al., 2011; DE JONG, 2006; PEDASTE et al.,
2015).
Reconhecendo os benefícios da metodologia ABI na
aprendizagem e a possibilidade de aplicá-la no ensino remoto, o objetivo
deste capítulo é apresentar um relato de experiência do uso da
aprendizagem baseada em inquérito no formato à distância na
disciplina de Avaliação Física em um curso de graduação em Educação
Física.
Metodologia
177
Estado de Santa Catarina (UDESC). E atua como professor da Unifebe
há 9 anos.
A Unifebe é mantida pela Fundação Educacional de Brusque e é
classificada como uma instituição de Ensino Superior comunitária.
Estas instituições têm como objetivo promover contribuições a
sociedade nos âmbitos da pesquisa, ensino e extensão. Já o curso de
Educação Física tem a duração de 3200 horas, dívidas em: 56
disciplinas, Práticas como Componente Curricular (PCCs) e horas de
atividades complementares.
O curso é ofertado no período noturno e as aulas de cada
disciplina ocorrem uma vez por semana das 18:30 às 22:00. A
disciplina de Avaliação Física é ofertada na oitava fase do curso, com a
carga horária de 60 horas. Na sua ementa consta os seguintes
conteúdos: “Estudos biométricos e antropométricos em Educação
Física, avaliação da aptidão física relacionada à saúde, medidas e
avaliação”. Especificamente, os conteúdos desenvolvidos nesta
disciplina são:
Introdução a Cineantropometria: Evolução Histórica, Conceitos,
símbolos, Abreviações e Definições em Cineantropometria;
Fundamentos da Composição Corporal; Anamnese e questionários de
avaliação prévia; Medidas Antropométricas e Protocolos: comprimentos
e perímetros corporais, dobras cutâneas, Pesagem Hidrostáticas,
Impedância bioelétrica; Convenção e demarcação de pontos anatômicos;
Avaliação da Atividade Física e da aptidão Física em crianças, adultos e
idosos; Medida da Flexibilidade; Medida da Capacidade Aeróbia; Medida
da força e resistência muscular; Valores normativos e critérios de
referência para os testes; Diretrizes para testes de habilidades
esportivas e desempenho motor.
No segundo semestre de 2020, a turma possuía 20 acadêmicos e
o objetivo geral proposto pelo professor foi “analisar criticamente
condições para realização de medidas e avaliação em Educação Física”.
Devido ao isolamento social imposto para conter o avanço da pandemia
do novo corona vírus, as aulas presenciais ficaram proibidas por
decreto estadual. Em pouco mais de duas semanas, instituições de
ensino superior tiveram que inovar e elaborar estratégias de ensino que
se adequassem ao decreto estadual. Dessa forma, a Unifebe
desenvolveu uma proposta de ensino com a utilização do Google Meet,
denominado “Take-home”.
178
Nesta proposta, os professores deveriam realizar uma parte
expositiva de aproximadamente uma hora. Após a explanação, o
professor deveria sugerir uma atividade para que os acadêmicos
realizassem em casa, por aproximadamente uma hora e meia. Na última
hora de aula, professores e acadêmicos deveriam se reunir novamente
para fazer o fechamento da aula.
Diante desse contexto, o professor refletiu sobre as
possibilidades metodológicas para organizar a disciplina. Os resultados
a seguir apresentam o relato de experiencia do planejamento e
intervenção sobre a utilização metodologia da ABI.
Resultados
179
serem realizadas para os próximos encontros, conforme apresentado na
tabela 1.
180
Módulo 1
Objetivo (s) de Atividades para os
Data Tópico
aprendizagem próximos encontros
- Aplicar o manuseio - Organizar ficha de
Composição corporal: avaliação e
dos instrumentos e
11/09 técnicas, protocolos e
procedimentos de instrumentos.
procedimentos.
avaliação.
- Leitura do Roteiro
de Relato de
Composição corporal:
- Aplicar/testar a Experiência.
18/09 técnicas, protocolos e
hipótese. - Leitura do artigo
procedimentos.
Kokubun et al.
(2007).
- Socializar com a
- Entregar relato de
turma sobre as
Composição corporal: experiência
experiências (sucessos
25/09 técnicas, protocolos e - Leitura do artigo
e dificuldades)
procedimentos. Anderson; Knowles;
- Elaborar o relato de
Gilbourne (2004).
experiência.
- Realizar uma análise
crítica de todo o - Leitura do capítulo
Composição corporal: processo. 9 do livro Gomes
02/10 técnicas, protocolos e - Debater sobre as (2011).
procedimentos. experiências. - Leitura do artigo
- Entrega do relato de Medeiros (2018).
experiência.
09/10 Aplicação da prova
Módulo 2
Objetivo (s) de Atividades para os
Data Tópico
aprendizagem próximos encontros
- Análise das
Testes das
capacidades físicas em - Apreciação dos
capacidades físicas:
16/10 diferentes esportes capítulos 4, 6 e 10 do
técnicas, protocolos e
- Elaborar o problema livro Heyward (2004).
procedimentos.
de pesquisa
- Elaborar a
apresentação para a
- Identificar diferentes socialização do
tipos de protocolos, problema e
Testes das
técnicas e hipóteses.
capacidades físicas:
23/10 procedimentos de - Enviar para os
técnicas, protocolos e
testes físicos. colegas o problema e
procedimentos.
- Elaborar as as hipóteses
hipóteses. levantadas.
- Leitura do arquivo
enviado pelo grupo.
Continua...
181
Módulo 2
Objetivo (s) de Atividades para os
Data Tópico
aprendizagem próximos encontros
- Debater sobre as o
problema e hipóteses
Testes das - Entrar em contato
apresentadas.
capacidades físicas: com atletas / equipe
30/10 - Analisar a viabilidade
técnicas, protocolos e para a realização dos
da aplicação.
procedimentos. testes.
- Definir protocolo a
ser utilizado.
Testes das - Praticar o manuseio
- Organizar ficha de
capacidades físicas: dos instrumentos e
06/11 avaliação e
técnicas, protocolos e procedimentos de
instrumentos.
procedimentos. avaliação.
Testes das - Elaboração do
capacidades físicas: - Aplicar/testar a banner para a
13/11
técnicas, protocolos e hipótese. semana de iniciação
procedimentos. científica.
- Socializar com a
Testes das turma sobre as
capacidades físicas: experiências (sucessos - Entregar relato de
20/11
técnicas, protocolos e e dificuldades) experiência
procedimentos. - Elaborar o relato de
experiencia.
- Realizar uma análise
crítica de todo o
Testes das - Pesquisar sobre
processo.
capacidades físicas: novas tecnologias e
27/11 - Debater sobre as
técnicas, protocolos e protocolos de
experiências.
procedimentos. avaliação física.
- Entrega do relato de
experiência.
04/12 Aplicação da prova
11/12 Revisão do conteúdo e encerramento da disciplina
Fonte: Do autor (2020).
182
definir um problema, (2) elaborar hipóteses, (3) debater sobre as
hipóteses, (4) definir a avaliação que seria utilizada, (5) testar a
hipótese, (6) realizar uma análise crítica de todo o processo.
Por exemplo, no primeiro módulo, no qual o foco foi à avaliação
da composição corporal. Um grupo definiu como problema: como
determinar a composição corporal de jovens sedentários. Para isso, eles
investigaram diferentes estratégias de avaliação e definiram como
hipótese a utilização do protocolo proposto por Petroski (1995). Esta
decisão foi tomada após o cumprimento de três objetivos (2, 3 e 4). Na
sequência, eles realizaram a avaliação física (testar hipótese) e por fim,
realizaram a análise crítica ao produzir o relato de experiência.
Em cada encontro, para cumprir os objetivos, foram propostas
pequenas tarefas. Como por exemplo, procurar em sites, artigos ou
livros três protocolos de avaliação física para composição corporal. Ou
apresentar sua opinião sobre os testes de capacidades físicas.
Dependendo da complexidade, algumas aulas tinham apenas uma
tarefa, outras tinham duas ou mais. Cada tarefa proposta tinha como
objetivo auxiliar os alunos no cumprimento do objetivo da aula.
Um ponto crítico desta disciplina ter sido realizada no formato
remoto foram testar as hipóteses. Nesse caso, a realização das
avaliações física. Para isso, solicitei que os acadêmicos conversassem
com pessoas que elas já estavam tendo contato, como familiares ou
amigos próximos, para que eles fossem os avaliados. As avaliações
foram realizadas em suas residências e os acadêmicos deveriam
registrar com fotos para posteriormente anexá-las na avaliação final do
módulo, o relato de experiência.
Para diminuir o tempo em que eu expunha o conteúdo, antes de
cada aula, foram disponibilizados o Ambiente Virtual (AVA) da
instituição os textos referentes às atividades preparatórias. O AVA da
disciplina foi organizado por dia. Em cada um era escrito uma
mensagem de boas-vindas, o objetivo principal, um campo para os
acadêmicos fazerem o upload das atividades prévias e o link da vídeo
conferência.
As aulas foram organizadas em três partes: introdução,
desenvolvimento e conclusão. A parte introdutória era realizada em
duas etapas. A primeira, das 18:30h até as 19h, eu realizava uma breve
explanação do material proposto previamente e a sua ligação com o
183
conteúdo do dia. A segunda, entre 19h e 19:30h, era aberto para os
acadêmicos apresentarem seus pontos de vista, suas dúvidas e demais
comentários. Esta etapa da aula, geralmente passava do horário
previsto, pois a participação dos acadêmicos sempre foi muito grande.
A segunda parte, desenvolvimento, era realizada geralmente
entre 19:30h as 21h e era destinado para a execução do objetivo
principal do dia. Nesta parte, era estabelecido com os acadêmicos uma
tarefa, alinhada com o objetivo principal do dia. Neste espaço de tempo,
os acadêmicos ficavam livres para se organizarem como achavam
melhor. Como as atividades eram realizadas em grupo, muitos
preferiam sair para abrir uma sala no Google Meet só com os
integrantes do grupo. Durante esta atividade, eu permanecia conectado
para sanar dúvidas ou orientar os acadêmicos.
A terceira parte, conclusão, era realizada entre 21h e 22h. Nesta
parte, os acadêmicos deveriam apresentar o que eles conseguiram
produzir durante a etapa de desenvolvimento. Eu avaliava se o objetivo
tinha sido cumprido e os acadêmicos tinham liberdade em comentar
sobre os trabalhos dos colegas. Ao final da aula, caso algum grupo não
tivesse cumprido com o objetivo, eles deveriam finalizar a tarefa ao
longo da semana, para que no próximo encontro, o cronograma fosse
mantido.
Para que o calendário de atividades fosse cumprido, era
essencial que os acadêmicos realizassem as tarefas prévias. Como
estímulo, antes de cada encontro, eles deveriam postar no AVA uma
síntese ou um simples comentário do conteúdo dos textos. Cada
postagem valia uma nota, que somando todas, resultava em 20% (peso
2) da nota do módulo.
Ao final de cada módulo, os acadêmicos deveriam entregar o
“relato de experiência” com no máximo 5 laudas. Para a realização deste
trabalho, disponibilizei no AVA um modelo, que era composto por: (1)
introdução (contextualização, objetivo e metodologia); (2) marco teórico;
(3) resultados e discussão; (4) considerações finais e (5) referencias.
O modelo continha, uma breve explanação do que deveria conter
em cada tópico. Por exemplo: contextualização, explicitar do que se
trata a atividade e como ela foi realizada; objetivo, apresentar de forma
clara o objetivo da experiência; e metodologia, descrever como a
experiência foi vivenciada. Este trabalho compunha 40% (peso 4) da
184
nota. O relato de experiência, além de descrever o resultado do
inquérito. Também contemplava a fase de discussão da ABI, em que os
acadêmicos apresentavam suas reflexões sobre as suas aprendizagens
dentro do módulo.
A última avaliação, era a prova operatória. Esta é uma exigência
da IES, que em cada módulo deva ter ao menos um prova operatória.
Assim, esta avaliação valia 40% (peso 4) da nota e era composta por dez
questões dos mais variados tipos: discursivas, múltipla escolha, padrão
ENADE entre outras.
Conclusão
185
base teórica robusta para a sua aplicação, adaptando a metodologia
para as especificidades de cada contexto.
Referências
186
KESELMAN, Alla. Supporting inquiry learning by promoting normative
understanding of multivariable causality. Journal of Research in
Science Teaching, v. 40, n. 9, p. 898-921, 2003.
187
Diretrizes para realização do Estágio Supervisionado do curso de
Pedagogia: frente à Pandemia de Covid-19
doi.org/10.47247/VV/LV/88471.16.6.15
188
Introdução
189
de modificar e transformar o contexto social em que estão inseridos,
mesmo com as adversidades impostas pela Pandemia (COVID-19).
De acordo com Pimenta (2010, p. 86), a “[...] práxis é a atitude
(teórico-prática) humana de transformação da natureza e da sociedade.
Não basta conhecer e interpretar o mundo (teórico) é preciso
transformá-lo (práxis). Sendo assim, a teoria deve ser compreendida e
estudada nas instituições de formação docente inicial, porém, essas
devem dar subsídio para a prática exercitada, experimentada em
espaços escolares e não escolares. Ou seja, em um contexto escolar,
mesmo de ensino não presencial, o estudante, em estágio
supervisionado, precisa refletir sobre a concepção de aprendizagem e de
conhecimento que está contemplada no seu planejamento e na sua
docência. Se o estudante não possui este discernimento de que
concepção permeia a sua prática docente fica mais difícil refletir na
ação e, consequentemente, promover mudanças nas suas ações e
práticas pedagógicas, o que pode fragilizar sensivelmente o seu processo
inicial de formação. Nessa perspectiva, a “[...] prática pela prática e o
emprego de técnicas sem a devida reflexão podem reforçar a ilusão de
que há uma prática sem teoria ou uma teoria desvinculada da prática”
(PIMENTA, 2010, p.37).
Além dos ajustes teóricos, a Pandemia (COVID-19) forçou uma
reestruturação das observações para a reflexão da prática docente. Com
medida de isolamento social, o Parecer CNE/CP nº 5/2020, em termos
educacionais, trata das atividades remotas, não presenciais ou a
distância, referentes às disciplinas ou atividades práticas e
laboratoriais. Com base nesse contexto, o objetivo desse capítulo é
apresentar as diretrizes que nortearam o estágio supervisionado no
Curso de Pedagogia da Faculdade Municipal de Palhoça (FMP) frente à
pandemia (COVID-19). Para tanto, num primeiro momento, tem-se a
introdução; em seguida, mostra-se o percurso metodológico; na
sequência, discorre-se sobre as diretrizes legais educacionais para o
enfrentamento à pandemia (COVID-19); posteriormente trata-se da
esfera educacional, propriamente dita: relato de experiência; e, por fim,
apresentam-se as considerações finais.
Metodologia
190
alcançar o objetivo traçando o caminho a ser seguido, detectando erro e
auxiliando as decisões do cientista. A metodologia pode ser usada de
várias maneiras, porém ela possui um só objetivo que é o de conseguir
alcançar a realidade (MARCONI e LAKATOS, 2006).
Este estudo pode ser caracterizado como uma pesquisa
bibliográfica e também documental. Bibliográfica uma vez que buscou o
acesso às informações a partir de materiais já existentes sobre o
assunto como livros, revistas, sites e legislações que contribuíram no
levantamento de dados. Documental, pois recorreu à legislação
educacional que trata das regulamentações frente à Pandemia (COVID-
19).
O campo de pesquisa é a FMP. Uma Instituição mantida
totalmente com recursos do município de Palhoça (SC) e, portanto, está
sobre a avaliação e regulamentações do Conselho Estadual de Educação
de Santa Catarina/CEE-SC que autorizou, a partir do PARECER
CEE/SC N° 222 de 12 de maio 2020, “[...] que estágios vinculados às
práticas na escola, em sala de aula, possam ser realizados de forma
igualmente virtual ou não presencial, seja a distância, seja por aulas
gravadas etc.” A FMP é única Instituição pública de Ensino Superior do
estado de Santa Catarina que deu continuidade ao estágio
supervisionado, do curso de Licenciatura em Pedagogia, no primeiro
semestre de 2020, mantendo o vínculo com o campo de estágio. Ou
seja, elaboraram-se planejamentos e atividades, para as turmas de anos
iniciais do ensino fundamental, consonantes à organização da Rede de
Ensino do município de Palhoça e às diretrizes legais do CEE/SC para
que o estágio fosse validado.
O estágio Interdisciplinar II em anos iniciais foi realizado no
primeiro semestre do ano de 2020, com 28 estagiários e duas
professoras orientadoras em dois campos sendo uma escola da rede
municipal de ensino (envolvendo 7 turmas) e outro na rede estadual de
ensino de Santa Catarina (envolvendo 8 turmas) dos anos iniciais do
ensino fundamental. Nesse processo de interação com o campo de
estágio, envolveram-se professores da turma, os diretores, supervisores
e orientadores das referidas escolas, além da coordenação de Curso,
coordenação de estágio e as professoras orientadoras de estágio da
FMP. Após o período de estágio, os estudantes produziram o relato da
experiência de suas vivências nas turmas dos anos iniciais do ensino
fundamental.
191
A sistematização do estágio, na modalidade não presencial, deu-
se a partir de documento regulatório específico, visando atender às
diretrizes legais e teve a anuência do NDE (Núcleo Docente
Estruturante), Colegiado de Curso e CONFAP/FMP (Conselho Superior
da Faculdade Municipal da Palhoça), conforme descrito no quadro a
seguir:
192
Na FMP, a criatividade, a inovação e as metodologias foram
repensadas para vincular o conhecimento teórico à prática docente
prático, por meio de recursos da tecnologia da informação e
comunicação foi possível viabilizar, de forma excepcional, o estágio
supervisionado na modalidade não presencial.
193
c) encaminhamento dos documentos (convênio e seguro) para a
Secretaria de Educação do Município de Palhoça (SC). Após este trâmite
burocrático, ocorreu a primeira reunião com a direção da instituição de
ensino fundamental, onde seria realizado o estágio em anos iniciais.
Participou da reunião toda a equipe diretiva que fez a apresentação aos
acadêmicos da infraestrutura do campo de estágio disponível. Esse
momento foi necessário para que os estudantes pudessem conhecer a
escola, onde iriam atuar durante o período de estágio.
A princípio, na FMP, o estágio supervisionado iria ocorrer em
regime presencial, porém, em virtude da pandemia (COVID-19), as
aulas presenciais no município de Palhoça (SC) foram suspensas como
uma medida de controle à pandemia, o que afetou, sobremaneira, o
estágio supervisionado no curso de Pedagogia.
Para o enfrentamento da Pandemia (COVID-19) foram
publicados inúmeros documentos que afetaram diretamente o
funcionamento dos sistemas de ensino. Entre estes documentos,
merecem destaque: Decreto Estadual Nº 525, de 23 de março de 2020 e
suas alterações e o Art. 7º, do Decreto Municipal 2.566/2020 que
determinou a antecipação do recesso de meio de ano, pelo período de 15
dias a partir de 08/04/2020; Decreto Estadual 554, de 11 de abril de
2020, que prorrogou a suspensão das aulas nos estabelecimentos de
ensino em todo território Catarinense até o dia 31 de maio de 2020;
Parecer CNE/CP nº 5 de 7 de julho de 2020; Resolução do CEE/SC Nº
009/2020 de 19 de março de 2020; Decreto Municipal nº 2.566, de 23
de Março de 2020 que prorroga a declaração de situação de emergência
e consolida às medidas de prevenção e combate ao contágio pelo
Coronavírus, a serem adotadas no âmbito do Município de Palhoça/SC;
Portaria FMP 017/2020 de 29 de Abril de 2020 que dispõe sobre regime
de atividades acadêmicas não presenciais.
Tratando-se do estágio supervisionado é preciso fazer referência
ao Parecer do CEE/SC Nº 222 de 12 de maio de 2020 que orientou
sobre a continuidade dos estágios obrigatórios dos cursos de
licenciaturas, adotando-se atividades não presenciais frente à Pandemia
(COVID-19). Tal documento determinou, em suma, que devido a
situação de emergência na Saúde Pública, as Instituições integrantes do
Sistema Educacional de Ensino do Estado de Santa Catarina,
adotassem atividades escolares não presenciais, em caráter de
excepcionalidade e temporalidade, enquanto permanecerem as medidas
194
de isolamento previstas pelas autoridades estaduais e municipais na
prevenção e combate à COVID-19. (SANTA CATARINA, 2020). A partir
dessa determinação legal, o estágio supervisionado do curso de
Pedagogia da FMP passou por adaptações no seu funcionamento. Todo
processo de estágio que era presencial teve que ser adaptado ao uso das
tecnologias disponíveis. Por ser uma atividade obrigatória, conforme o
Projeto Pedagógico do Curso (PPC), as atividades de estágio
supervisionado, exigiram reuniões constantes, debates intensos e,
ainda, planejamento atento às especificidades da modalidade ensino
não presencial, em consonância à Resolução CEE/SC Nº 009 de 19 de
março de 2020 e ao PARECER CEE/SC N° 222 de 12 de maio 2020.
Esta resolução trouxe uma grande oportunidade, mas com ela
também se fez necessário repensar o estágio supervisionado, do curso
de Pedagogia da FMP, de forma a atender às expectativas de todos os
envolvidos (equipe gestora da Rede parceira, equipe gestora e docentes
da unidade curricular de estágio, equipe gestora e professores da escola
da Rede e estudantes). Tudo isso sob os efeitos assustadores da
Pandemia (COVID-19) que afetaram, em cheio, o sistema educacional
do país.
Portanto, pode-se dizer que, diante do compromisso do Curso de
Pedagogia com a continuidade do estágio supervisionado, a FMP foi a
única Instituição de Ensino Superior Pública do Estado de Santa
Catarina a dar continuidade ao estágio e manter o vínculo com a
instituição parceira. Ou seja, os planejamentos propostos pelos
estudantes foram utilizados pela Rede Municipal de Educação, nas
turmas dos anos iniciais do ensino fundamental, em 2020/01. Esse
modelo só pode ser implantado devido ao uso das tecnologias, do
comprometimento das escolas, da persistência dos professores de
estágio e do engajamento dos estudantes.
195
Instituição na modalidade presencial que proporciona, sobretudo, a
interação entre estudantes, professores, coordenadores e gestores.
Mesmo em ambiente virtual, manteve-se em relação ao estágio,
os procedimentos definidos no seu regimento próprio, em conformidade
à legislação pertinente. Desse modo, de acordo com as orientações do
regimento, a primeira etapa do estágio supervisionado foi a observação.
Nesta etapa, as professoras orientadoras (FMP) selecionaram vídeos
pedagógicos que trouxessem prática exitosas que pudessem provocar e
desencadear o processo investigativo e reflexivo da prática docente. De
forma que, ao serem examinados, os acadêmicos pudessem questionar
e avaliar criticamente o seu fazer; o seu pensar e a sua prática-reflexão
(BARREIRO e GEBRAN, 2006).
A observação dos vídeos sobre a prática docente ocorreu com a
seleção de diferentes vídeos pedagógicos de turmas dos anos iniciais do
Ensino Fundamental, que possibilitaram a análise de pontos essenciais
à prática docente. Os vídeos foram selecionados com a intencionalidade
pedagógica de fazer com que os estudantes pudessem observar os
diferentes métodos de ensino das escolas, além de observar e refletir o
fazer pedagógico, a partir do pressuposto legal da Base Nacional
Comum Curricular (2018).
A cada observação realizada, a partir de vídeos pedagógicos, os
estudantes puderam ter contato com o perfil de uma turma. Os
conflitos entre alunos e com o meio, as preferências, a didática dos
professores e também a prática docente e a intencionalidade pedagógica
foram tecendo o registro do diário de observação do campo virtual e de
suas práticas docentes.
As observações e as conversas com as professoras das turmas de
estágio contribuíram para que o planejamento do projeto de docência se
aproximasse da realidade das turmas, proporcionando uma maior
interação entre educandos e as realidades das famílias. Além disso,
também, essa aproximação com a escola possibilitou que fossem
abordados e aprofundados os aspectos relacionados aos componentes
curriculares de Língua Portuguesa e Matemática, de acordo com a Base
Nacional Comum Curricular (BNCC/2018) que define, em âmbito
nacional, as aprendizagens essenciais ao educando na Educação
Básica.
196
Outros documentos legais que sustentaram o Projeto de
docência foram: a Base Curricular da Rede Municipal de Ensino de
Palhoça (PALHOÇA, 2019) e o Projeto Político Pedagógico – PPP da
instituição de ensino que, não somente nortearam as questões
curriculares da Rede Municipal de Ensino, mas também promovem um
aprendizado mais significativo do contexto local, propiciando aos
estagiários desenvolverem atividades significativas com autonomia, a
partir de materiais pedagógicos instrucionais e autoexplicativos, para
que crianças e familiares, em trabalho colaborativo, conseguíssemos
realizar as atividades. É importante dizer que essas atividades
elaboradas pelos estagiários, em planos de aula, chegaram às famílias
via plataforma EducarWeb (plataforma online para inserção de
atividades), a partir do aval da professora e coordenação pedagógica da
escola parceira, que analisaram cada atividade proposta, pois segundo
Silva (2011, p.57), “[...] antes da aula ser colocada em prática, o plano
seja submetido para análise e sugestões do professor orientador e do
professor de sala de aula onde o estagiário atuará.”
Os planos de docência foram pensados e elaborados após
reunião realizada com a equipe gestora e os professores regentes
responsáveis pelo estágio nas escolas. Depois de realizada a reunião,
definiu-se que seriam organizados grupos no whatsapp para cada dupla
de estágio, com a participação das professoras orientadoras (FMP) e
regentes (escola). E na sequência, as professoras da escola
encaminharam os tópicos que deveriam ser contemplados nas
atividades, juntamente com o template do plano de docência que
orientou, de forma única, as instruções e adaptações a serem seguidas
para que o mesmo fosse inserido na plataforma EducarWeb.
Seguindo as normativas do estágio do curso de Pedagogia da
FMP, após a conclusão dos planos de docência, os mesmos foram
compartilhados com as professoras (regente e orientadora). E após
revisados, refeitos e validados, para que atendessem às exigências da
Base Curricular da Rede Municipal de Palhoça e às demandas de
aprendizagem nas escolas, foram encaminhados à supervisora da escola
para a sua aprovação definitiva. Somente depois deste processo, de idas
e vindas, as atividades propostas pelos estagiários foram
compartilhadas na plataforma EducarWeb para que, de fato, chegassem
aos educandos em suas casas.
197
Mesmo na modalidade não presencial, os planos de docência
foram planejados e elaborados levando em consideração a
intencionalidade, de forma que, os educandos pudessem realizar as
atividades sem prejudicar o processo contínuo de aprendizagem.
Outro momento desafiador para a realização do estágio em
ambiente virtual foi a obrigatoriedade da elaboração de três vídeos, a
fim de garantir aos estagiários o uso das tecnologias da informação e
comunicação, já que para a maioria era algo totalmente novo e não
contemplava as suas habilidades e competências. A produção desses
vídeos, como um exercício de docência, provocou, num primeiro
momento, incertezas nos estagiários, mas, depois de elaborados,
reforçaram positivamente as atividades encaminhadas aos estudantes
e, ainda, mostraram às professoras regentes (escola) que esses vídeos
podem enriquecer, sobremaneira, a aprendizagem das crianças, mesmo
em situação de ensino não presencial. Ou seja, a produção dos vídeos
alcançou as crianças em suas casas e as professoras nas escolas, que
puderam conhecer outras possibilidades de ensino.
Quanto ao relatório de estágio, uma das etapas relevantes do
processo de estágio, por ser tratar do registro do pensar e do como fazer
a docência, já vinha sendo discutido pelo Núcleo Docente Estruturante
(NDE), pois, os professores orientadores (FMP) e o NDE sentiam a
necessidade de um documento que fosse mais objetivo e que trouxesse
o registro efetivo das etapas de todo o processo dessa experiência,
mesmo o estágio sendo realizado de forma virtual. Assim, definiu-se que
o documento da prática de estágio virtual seria em forma de relato de
experiência. Esse documento permitiu que os estagiários refletissem
sobre o objetivo do curso e registrassem suas experiências, angústias,
aprendizados, vivências, entre outros.
Permitir os alunos que percebam que a criança e a escola se
situam, a dinâmica da vida escolar, para, posteriormente, adequar sua
prática docente às diferentes realidades que encontrarem. Importa o
contato do aluno com a realidade que envolve o processo ensino-
aprendizagem na pré-escola e nas primeiras séries do 1º grau.
(PIMENTA, 2010, p. 164).
A partir dessa prática reflexiva, os futuros professores
observaram, registraram, problematizaram e questionaram a prática
pedagógica. Para tanto, utilizaram como referencial teórico e prático as
aprendizagens (re)construídas nas unidades curriculares do curso em
198
que estão inseridos. Essa reflexão crítica, tão importante à formação do
professor, foi realizada a partir da análise minuciosa da realidade da
escola onde o estágio aconteceu, com fundamentação na teoria e na
legislação vigente.
O documento final, relato de experiência, provocou a reflexão da
prática vivenciada, mesmo nesse momento turbulento em função da
pandemia (COVID 19), pois permitiu aos estagiários reflexões teóricas e
práticas essenciais para à prática docente, seja na modalidade
presencial ou não. Esse documento também trouxe a necessidade dos
estagiários se auto avaliarem, no que se refere a busca pelo
conhecimento, já que foram constantemente desafiados emocional e
profissionalmente. Em suma, os estagiários, pelo relato de experiência
registraram que a tecnologia, não vai substituir o professor, mas os
seus inúmeros recursos podem tornar a prática docente mais dinâmica
e, como consequência, mais atrativa aos educandos dos anos iniciais do
ensino fundamental.
A socialização, última etapa do estágio supervisionado, foi
realizada por meio da plataforma GMeet. Esse momento de interação
pedagógica reuniu os seguintes grupos: os estagiários da unidade
curricular Estágio Interdisciplinar II; turmas do curso de
Pedagogia/FMP; professores e supervisores das escolas onde o estágio
em anos iniciais se desenvolveu. De fato, a socialização permitiu, entre
outras coisas, mostrar a rede municipal de ensino que mesmo, na
modalidade de ensino não presencial, a prática docente pode ser
significativa aos estudantes, sim.
Considerações finais
199
estudantes na FMP planejar propostas pedagógicas para o ensino não
presencial. Na verdade, todos os segmentos envolvidos precisaram
repensar posturas já consolidadas, para que, de fato, o estágio pudesse
atender a formação inicial do futuro professor e, da mesma forma,
contemplar as demandas pedagógicas das escolas.
Em suma, mesmo na modalidade não presencial, os estagiários
realizaram um trabalho de consistência pedagógica junto às escolas,
por meio de metodologias inovadoras, contextualizadas e criativas.
Essas metodologias planejadas à luz da teoria e da legislação vigente
permitiram aos estagiários do curso de Pedagogia da FMP reflexões
inerentes à prática docente, o que garantiu a conclusão com êxito do
estágio nos anos iniciais do ensino fundamental.
É importante também ressaltar que o processo de formação dos
estagiários, neste período de afastamento social, teve o
acompanhamento sistemático da coordenação de curso, da coordenação
de estágio, dos professores orientadores, além da supervisão de
professores e gestores nas escolas. Assim, a partir do uso dos recursos
da tecnologia, defende-se que o estágio supervisionado para alcançar o
seu objetivo na formação do inicial do professor, mesmo na modalidade
não presencial, necessita de ações planejadas e coordenadas, que
contemplem, sobretudo, o estudo aprofundado da teoria e da legislação,
assim como o desenvolvimento de novas estratégias pedagógicas para a
prática docente.
Referências
200
BRASIL. Conselho Nacional de Educação. Parecer CNE/CP nº 5/2020
de 07 de julho de 2020. Dispõe sobre orientações Educacionais para a
Realização de Aulas e Atividades Pedagógicas Presenciais e Não
Presenciais no contexto da Pandemia. Disponível em :
http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_docman&view=downlo
ad&alias=148391-pcp011-20&category_slug=julho-2020-
pdf&Itemid=30192 Acesso em: 31 de out. de 2020.
201
O processo educacional visto como simbólico
doi.org/10.47247/VV/LV/88471.16.6.16
202
Introdução
203
de modo que só é ensinado o processo de uma forma mecânica, na qual
a linguagem só é aprendida, e não exercitada da forma como deveria,
que seria transmitir sentimentos e mensagens ao ser utilizada, e isso
acaba com que o processo como um todo se torne desprovido de
recursos e enfadonho, não despertando o interesse .
Paulo Freire em suas obras apresenta uma análise do contexto
educacional em que a falta de diálogo durante o processo e ensino da
aprendizagem leva a uma falta de entendimento por parte do educando,
o que resulta em um processo sem significado para quem está
aprendendo. É neste ponto que ambos os autores se cruzam, pois tanto
para Vygostsky quanto para Paulo Freire, o processo educacional deve
ser alimentado por símbolos e signos, pois isto favorece o
desenvolvimento do indivíduo durante sua aprendizagem.
O processo de aprendizado da criança tem início muito antes de
adentrar uma sala de aula, pois em algum momento da sua vida ela irá
solicitar um lápis e um papel, e através dele ela registrará os símbolos
que permeiam o seu cotidiano, isto de acordo com a teoria de
Vygostsky, favorece o início do processo de aprendizagem da
criança. Por exemplo, o desenho pode revelar o grau de maturidade do
equilíbrio emocional e afetivo da criança, bem como por servir de meio
de comunicação para os seus sentimentos ou situações conflituosas
que possam estar acontecendo ou que tenham impactado de alguma
forma o processo de formação dessas crianças.
De acordo com Pillar (1996, p.17), o desenho está muito próximo
dos aspectos figurativos da realidade e do símbolo, sendo assim,
buscaremos analisar dois desenhos de uma criança de 1 ano e 5 meses
e de uma criança de 3 anos, que neste caso, busca expor o grau de
maturidade e desenvolvimento do indivíduo.Em atendimento ao
Estatuto da Criança e do Adolescente (BRASIL, 1990), em seus artigos
17 e 18 que dispõem sobre a preservação de imagem, de identidade e a
proteção de situações que podem ser consideradas vexatórias ou
constrangedoras, os dados dos indivíduos foram suprimidos do
presente trabalho. Sendo denominada Criança 1 para o indivíduo de 1
ano e 5 meses e Criança 2 para o indivíduo de 3 anos.
204
Análise de desenhos utilizando os signos que os rodeia
Fonte: Criança 1.
205
O desenho por si só é um importante meio de coleta de
informações na pesquisa com crianças conforme afirma Natividade,
Coutinho e Zanella (2008), além disso, existe a necessidade de um meio
complementar de análise, a entrevista. Pois é por meio da entrevista,
sendo verbalizado pela criança que é possível o entendimento dos
significados da produção realizada pela mesma.
Todo este processo pode ser classificado como uma forma da
evolução do desenho realizado pela criança, neste caso, como informal,
pois ainda não há uma intenção por parte do indivíduo em criar algo
preciso e coeso, desta forma, pode ser classificado no plano plástico
como um borrão ou um simples aglomerado de formas, já no plano
gráfico são conhecidos como rabiscos.
No período em que a criança começa a explorar os seus
desenhos para obter ações em seu benefício de quem convive, Mèredieu
(2006) nomeia de "jogo de manipulações", tendo em vista que o bebê
permanece em contato constante com papinhas, mingaus entre outros,
sentindo necessidade de se sujar, também segundo ele este fato está
vinculado a estudos de psicologia que referem- se a fase sádico-anal:
Avaliando o raciocínio de Mèredieu (2006, p.25), antes do traço,
existe a mancha, que podem ter duas grandes razões, a primeira diz
respeito ao psicológico pelo ato de se sujar, e a segunda pela técnica,
pois neste caso, o traçado ganha uma precisão maior, e vem
acompanhado de vários processos motores.
Para Edith Derdyk (1989) a criança rabisca com alegria, e se
sente realizada ao deslizar o lápis sobre o papel, assim ocorrem
inúmeras reações tais como, aperfeiçoamento da coordenação motora,
alterações biológicas, e notável melhora no desenvolvimento de
aprendizagem. Segundo ela, estas alterações ocorrem na continuação
deste contato com o lápis e o papel e a repetitividade e aprimoramento
das habilidades contribuem para um melhor desempenho motor da
criança. Dessa forma constata-se que o desenho da criança não se
inicia no conceito tradicional de educação trabalhado nas
instituições educacionais atuais.
Derdyk (1989), diz que uma criança deve ser autor dos seus
rabiscos, expressando assim ideias, modos de expressão, ou até mesmo
apenas uma forma de divertimento. Assim é considerado que o desenho
é o palco de suas criações, encenações e este universo de construção é
206
particularmente dela Derdyk (1989), ou seja, cada indivíduo poderá
expressar suas emoções e ideias por meio da grafia.
Para Iavelberg (2013) a cultura influencia neste aspecto,
revelando que, desde muito pequenos já fazem a apresentação e seleção
de meios e suportes e na observação dos atos dos desenhos. As crianças
que moram na zona rural, por exemplo, costumam desenhar na terra,
oportunidade que não é tão comum para as crianças que residem em
grandes cidades. Os hábitos culturais, portanto, diversificam as ideias
da criança sobre o desenho. (IAVELBERG, 2013, p.35).
Sendo assim, pode se observar que o que indivíduo vivencia em
seu cotidiano se reflete em sua cultura, na qual pode ser visualizada na
Figura 2, que foi elaborada por uma criança de três anos, no qual pode-
se observar um destaque para a imagem de um caminhão que é familiar
a criança, pois em sua rua apresenta-se inúmeras construções e
comércios que recebem mantimentos e materiais para seus devidos fins,
pertencendo assim, a sua cultura diária e contextualizando-se com sua
rotina.
Fonte: Criança 2.
207
Considerações finais
Referências
208
Programa Saberes em Casa: uma proposta de trabalho para o
contexto remoto em Guarulhos - SP
doi.org/10.47247/VV/LV/88471.16.6.17
Eliane de Siqueira
Pat rícia Cristiane Tonetto Firmo
Solange Turgante Adamoli
209
Introdução
210
e o desenvolvimento integral, compreendendo que “o aprendizado ocorre
na relação com o outro e com o meio, ao se socializar, produzir e
reproduzir cultura” (GUARULHOS. QSN-Introdutório, 2019, p. 7), bem
como nosso princípio norteador de educação como direito social com
foco na transformação da sociedade, na superação de preconceitos e
barreiras sociais que perpetuam desigualdades econômicas, culturais,
de gênero, raça e etnia, entre outras.
211
para dentro da casa dos educandos da rede municipal, lançando mão
de uma variedade de possibilidades que permitiram o acesso às
atividades propostas.
Organização do programa
212
O programa de TV foi formado por vídeos gravados pelos
profissionais do Departamento de Orientações Educacionais e
Pedagógicas da Secretaria de Educação, com apoio dos professores das
classes bilíngues de educandos surdos do município e dos professores
de música da GruSinfônica6, apresentados em programas diários com
blocos variados com a seguinte organização:
Morando nas histórias - entre os objetivos do quadro estava
despertar para a literatura através do encantamento;
Alecrim dourado: brincadeiras e cheirinho de saudades –
contava com a apresentação de parlendas, adivinhas, trava-
línguas etc.;
Um bocado por vez, a história se fez – onde tínhamos a leitura
de livros em capítulos;
Desenhos animados - transmissão de desenhos obtidos através
de autorização relacionados com a temática abordada nas
semanas.
Desafio do Dia – com temáticas variadas que possibilitasse o
conhecimento de saberes variados;
Desafio do Dia EJA – com videoaulas cedidos pelo Canal
Futura;
6 A Gru Sinfônica é parte do Projeto Música nas Escolas, que atuará nas
unidades escolares da rede municipal para promover o ensino, a integração e o
convívio dos educandos com o universo da música. Além da oferta de iniciação
musical para crianças, o projeto também apresenta temporadas de espetáculos
sinfônicos gratuitos, para que a rede municipal.
213
Quinta e Sexta-feira: Arte com Experiência; É hora de Inglês;
Educação Física: Brincando e pensando cultura – possibilitar
o acesso a saberes que propiciam a criação ao mesmo tempo em
que proporciona a compreensão do mundo por outras
linguagens.
Com a necessidade de manutenção do programa por mais
tempo do que estava previsto inicialmente, as ações foram se
modificando e outros professores foram se juntando à equipe,
contribuindo com o planejamento e com sugestões inseridas
diariamente na programação.
No Portal SE Informe os programas ficaram disponíveis para que
os educandos pudessem assistir novamente ou acessá-lo fora do
horário da TV, caso não conseguissem no horário aberto. Também
puderam encontrar outros materiais, organizados com diferentes
ícones, tais como (figura 3):
Figura 3 - menu
Dá um Play - Espaço com links de acesso
para canais do YouTube que acrescentaram
conteúdos e propostas para seus estudos;
Minha Biblioteca - Disponibilização de
livros semanais para serem lidos online ou
baixados para leitura no celular ou
computador;
Vamos Brincar! - Espaço com jogos
educativos para serem baixados.
E ainda, foi dada a orientação às famílias,
para que compartilhassem as produções dos
seus filhos nas redes sociais utilizando a
hashtag #saberesemcasa, assim pudemos
acompanhar o que estava sendo realizado
nas casas, pelo menos um pouco.
E o tempo foi pa nd …
214
n M ” e retiramos os quadros “Um bocado por vez a história se fez”
e “Alecrim dourado, brincadeiras e cheirinho de saudades”. O bloco
destinado para os educandos da EJA foi assumido gradativamente pelos
nossos educadores, e por último, entrou o quadro destinado à
Educação Infantil com a proposta de mediar as Sugestões e
Orientações para a Educação Infantil distribuídas às famílias.
Também, preocupados com a motivação e participação dos
educandos, criamos o “Q eb nd C c ” com o objetivo de
desenvolver um pensamento investigativo. O quadro levava
semanalmente uma pergunta ou uma situação-problema para que as
crianças pudessem pesquisar, investigar e levantar hipóteses acerca de
um assunto. As respostas eram registradas em um espaço próprio no
Portal SE INFORME para serem apresentadas e discutidas
posteriormente no Programa, com a finalidade de despertar a
curiosidade e o interesse pelo conhecimento, além de mobilizar o que já
sabiam sobre o assunto.
Por último, introduzimos o bloco “V cê bi S úde”, planejado
e executado pelo grupo de trabalho do PSE para levar aos educandos,
os saberes relacionados às doze ações do Programa Saúde na Escola.
Tivemos discussões acerca de arboviroses; vacinação, alimentação etc.;
ao mesmo tempo que foram disponibilizados para os educandos da EJA,
vídeos sobre: Prevenção ao uso de álcool, tabaco, crack e outras
drogas; Direito sexual e reprodutivo e prevenção de DST/AIDS; etc.
Encerrando o ano letivo, substituímos o “Quebrando a Cuca”
pelo “E f ç hi ó i ” com o objetivo de valorizar a construção da
identidade e o sentimento de pertencimento. A cada semana os
educandos foram desafiados a construir um pedacinho de sua história,
incluindo a origem do seu nome, gostos pessoais, observação do seu
espaço de vivência, sonhos entre outras questões. A primeira proposta
de atividade desta série foi a instalação artística "Desenhos para mudar
o mundo", proposta no quadro "Arte como Experiência" pelas
professoras Angela D. Consiglio e Mônica de Oliveira C. G. Ribeiro, que
nasceu após outros estudos e criações a respeito da Arte enquanto
linguagem e, portanto, como ferramenta de expressão e comunicação. A
exposição foi montada no prédio da Secretaria de Educação com
resultado bastante significativo, que pode ser observado na figura 4.
215
Figura 4 - Exposição arte como experiência.
216
que possível, entre pares, incluindo membros da família e pessoas
próximas da mesma faixa etária.
Concomitante a veiculação dos programas diários havia a
circulação antecipada de banners para celular e redes sociais (Figura 5).
Estes eram compartilhados pelos professores informando sobre a
proposta do dia a fim de auxiliar as famílias na organização de
materiais para a realização das atividades.
Figura 5 - Banner
217
Figura 6 - Revista
P c nhece i ….
218
Considerações Finais
Referência
219
A Formação de Professores de Educação Digital durante a
Pandemia: uma trajetória de descoberta e possibilidades
doi.org/10.47247/VV/LV/88471.16.6.18
220
Introdução
O ano de 2020 com certeza irá entrar pra história por inúmeros
motivos, lembraremos dele muitos anos depois, como em qualquer
momento histórico só conseguiremos avaliar realmente muitas das
ações tomadas quando houver certo distanciamento dos fatos, no
entanto esse distanciamento não tornará o percurso percorrido menos
importante, muito pelo contrário, as possibilidades e descobertas
realizadas durante esse período é que indicarão os próximos caminhos
a serem seguidos, por isso é importante reservarmos um olhar para
essas atitudes tomadas no agora para depois podermos usá-las com
mais assertividade no futuro.
Levando isso em consideração, este capítulo tem a intenção de
analisar a trajetória de formação realizada durante o período de
pandemia na Diretoria Regional de Educação em São Paulo na região de
Santo Amaro registrando as escolhas formativas realizadas a partir do
Currículo da Cidade para a área de Tecnologias para Aprendizagem.
Para melhor entendimento do contexto o relato partirá da formação
presencial realizada em 2019 expondo as temáticas abordadas, as
metodologias escolhidas para a realização das formações e o
embasamento teórico-pedagógico para seu desenvolvimento. Após essa
retomada analisaremos as mudanças necessárias para adequação da
formação do formato presencial para o remoto e as escolhas realizadas
conjuntamente com a equipe que permitiram que o planejamento
pudesse se adequar às necessidades de ensino no período de
distanciamento social.
Consideramos que a organização do relato de forma temporal e
abordando todos os aspectos pedagógicos observados antes e após a
pandemia poderá assim tornar-se um relato completo que permitirá
analisarmos posteriormente os impactos das decisões formativas
tomadas e assim buscarmos uma nova identidade para educação em
tecnologia e em outras disciplinas no período de pós pandemia.
Desenvolvimento
221
Educação Digital da região de Santo Amaro, fruto do processo anterior o
qual não havia participado.
A primeira temática discutida com o grupo foi sobre pensamento
computacional, assunto que faz parte do Currículo da Cidade de
Tecnologias para Aprendizagem (2017, p. 78) que diz:
222
encontros que se seguiram essa demanda aparecia com muita
frequência, e os assuntos que estavam planejados para serem
abordados na formação iam ao encontro dessa necessidade colocada
pelos profissionais.
As demais formações trataram de Modelagem 3D, onde
exploramos softwares de desenho gráficos que podiam materializar os
projetos por meio da impressão (as impressoras 3D haviam acabado de
chegar às unidades e era necessário tratar com os professores as
possibilidades de uso desse recurso). Outro assunto abordado em
parceria com a Professora Gislaine Batista Munhoz (Fellowship do MIT -
premiada pelo Projeto Jogos do Rivia) foi o uso do Scratch, a
metodologia adotada foi a programação usando cartões modelos para
que os professores explorassem as possibilidades da Plataforma, em
outra formação a mesma parceria foi sobre Aprendizagem Criativa em
que os professores produziram jogos de trilhas usando materiais físicos
e mecanismos digitais, além de explorarmos a robótica livre por meio
dos conceitos de eletrônica.
Toda essa trajetória no ano de 2019 possibilitou avanços em
relação à apropriação dos conteúdos voltados para Linguagem de
Programação, no entanto as requisições de mais formações nessa área
por meio das avaliações eram constantes, para isso organizamos
formações fora do horário de trabalho para explorarmos com mais
profundidade a Programação em Blocos por meio do Software Scratch.
Essa formação foi um diferencial, no entanto nem todos os professores
conseguiram participar. Após a formação foi possível perceber algumas
evidências que o conteúdo abordado passou a fazer parte dos
planejamentos dos professores. No início de 2020 enquanto estava
sendo organizado o início do ano letivo foi solicitado que os educadores
compartilhassem com os formadores o esqueleto de seu planejamento e
foi constatado que o uso do Scratch e da Linguagem de Programação
em Blocos apareceu em diversos planejamentos para o ano.
Mas infelizmente os planejamentos não conseguiram se
concretizar, pois logo no começo do ano fomos os planos foram
interrompidos pela Pandemia que nos isolou dentro de nossas casas
impossibilitando que os planejamentos fossem realizados mostrando
que os planejamentos no presencial não se adequaram à nova realidade
imposta, mesmo posteriormente sendo explorados caminhos para
223
introdução de conteúdos mais complexos ao longo das experiências o
caminho inicial foi olharmos para a realidade das Unidades.
Desta forma foi necessário um replanejamento, enquanto no ano
anterior estávamos focando em conteúdos voltados à programação,
neste ano depois de ouvir o relato dos professores após o
distanciamento social percebemos alguns pontos fortes que poderiam
ser considerados para o replanejar.
Nosso primeiro encontro online teve o objetivo inclusive de ouvir
os professores e fazer a reorganização dos protocolos para as reuniões
visto que no novo formato eram necessárias posturas diferentes. Esse
encontro foi essencial para o replanejamento
Combinamos protocolos de participação nas reuniões, pois era
necessário pensar uma organização diferente frente ao novo formato, e
ouvimos as impressões dos professores com relação a dinâmica de
aulas possíveis. O comentário dos professores indicava algumas
preocupações, entre estas a principal era o acesso dos estudantes à
dispositivos e à internet que permitiriam que eles participassem das
aulas, o que se comprovou ser uma preocupação real durante as aulas
remotas pois pode-se constatar por meio dos relatos e levantamentos
oficiais o pequeno número de estudantes que conseguiam acessos às
ferramentas online e maioria deles o faziam de dispositivos móveis.
Diante de tudo isso pensamos e discutimos coletivamente
formas de possibilitar o acesso. Uma das perguntas feitas durante as
reuniões foi o quanto cada atividade online usava de dados de um
pacote de internet móvel. Numa busca por respostas na internet foi
possível perceber que o áudio era um dos recursos que menos gastava
dados, outra estratégia pensada foi a utilização de vídeos, tanto para as
aulas quanto para as atividades dos estudantes visto que a maioria
deles tinha acesso a um dispositivo de celular que possibilitava usar
esse recurso. Além do vídeo, as fotos também podiam ser utilizadas
para registro dos materiais, bem como como estratégia de
aprendizagem.
Com esses levantamentos passamos a nos encontrar
quinzenalmente em formações de duas horas dando foco ao primeiro
encontro a parte teórica e no segundo encontro à prática (anteriormente
as formações eram feitas 4h por mês), essa periodicidade permitiu
melhorar a comunicação visto que o período para nos revermos foi
224
diminuído e assim era possível trazer para as discussões as situações
vividas nas Unidades Escolares diante das inusitadas situações
impostas pela nova forma de fazer a educação funcionar.
As temáticas foram organizadas pensando em tudo que
havíamos detectado empiricamente até ali, e passamos a desenvolver as
formações ao longo dos encontros fechando as temáticas seguintes a
partir da avaliação do encontro anterior, fizemos isso pelo menos até
entendermos melhor tudo que estava envolvido.
A formação seguinte foi sobre vídeo-aulas, fizemos uma parceria
com o Núcleo de Educomunicação da Secretaria Municipal de Educação
e eles trouxeram informações importantíssimas sobre equipamentos,
posicionamento, áudio, etc. Pensando em formas de produzir os
conteúdos das aulas de maneira a produzir conhecimento de uma
maneira que pudéssemos atingir os estudantes. O Currículo da Cidade
de Tecnologia (2017, p.67) nos relembra a importância de trabalharmos
as TIC (Tecnologias de Informação e Comunicação) de uma maneira
ampla e focando na aprendizagem:
225
que refletir em como trazer esse recurso sem que os professores se
preocupassem demais com as questões técnicas e assim não vissem o
potencial pedagógico da ferramenta. Ao desenvolver a formação me
lembrei de uma citação de Schaeffer falando do potencial da linguagem
de rádio (2014, p.230),
226
A próxima ideia foi discutirmos atividades pensando no
presencial e nos protocolos de saúde e de distanciamento, pois se
considerava uma volta presencial nas Unidades, então em agosto
discutimos atividades pensando como seria esse presencial. Para essa
dinâmica a estratégia utilizada foi uma Tempestade de Idéia
(Brainstorming) utilizando uma ferramenta chamada Idea Boardz que
criava blocos de notas que cada um podia fixar com sua ideias como se
fosse um mural e os demais podiam validar ou não a ideia por meio de
um recurso parecido com o curtir das redes sociais. Assim após a
interação dos professores com a ferramenta discutimos algumas ideias
postas, mas o fechamento da reunião se daria em nosso próximo
encontro que foi planejado em forma de discussão em grupos se
utilizando da Plataforma do Teams que permite criar canais temáticos
para encontros virtuais:
Atividades interdisciplinares
Cultura maker
Educomunicação
Étnico-racial
Jogos e gamificação
Linguagem de programação
Narrativas digitais
Produções artísticas
Ao final das discussões cada grupo deveria criar a partir de um
roteiro propostas de atividades para encontros presenciais e apresentá-
los na Plenária final para todos os participantes discutirem a ideia do
grupo numa forma de compartilhar o que era possível ou não e
identificar pontos fortes e fracos num movimento de Design Thinking.
No final desta formação contamos com a produção de uma
Revista usando a Plataforma do FlipSnack que continha todas as ideias
iniciais de atividades e as produções dos Roteiros com as ideias mais
desenvolvidas no Google Docs. Todos esses materiais criados neste e
nas demais formações ficaram disponíveis para consulta aos
professores sempre que precisassem por meio da Plataforma do Google
Sala de Aula que era a plataforma oficial que estava sendo utilizada pela
Prefeitura para a realização das aulas onlines.
O tema escolhido para as próximas formações foram voltadas
para os audiovisuais, tratamos de Stop Motion. A metodologia utilizada
nessa formação foi a Sala de Aula Invertida, em que primeiro os
227
professores colocaram a mão na massa criando Stop Motions com o
Aplicativo Stop Motion Studio, e para estarem aptos para isso
primeiramente assistimos um tutorial do uso da ferramenta. Depois
eles criaram os vídeos se utilizando de materiais caseiros que foram
pedido antes da formação que deixassem disponíveis, eles exploraram
por pouco tempo a ferramenta, mas saíram ideias ótimas, assistimos
então algumas animações do Festival do Minuto para que eles
visualizassem uma produção trabalhada mais profissionalmente,
discutimos o que era uma narração, exploramos rapidamente alguns
conceitos como: enredo, planos-sequência e storyboard.
Na sequência do trabalho com Stop Motion eles produziram seus
vídeos agora se utilizando dos conceitos explorados, eles enviaram os
vídeos antes da próxima formação que permitiu que fosse organizado
todo o material para assistirmos juntos antes da formação e então
analisarmos o que havia sido possível assimilar dos conceitos
apresentado na formação anterior e assim avaliarmos o avanço do
grupo na temática.
Já indo para o encerramento do ano, mas continuando na
temática de audiovisual o próximo assunto que tratamos foi sobre
edição de vídeo, para a apresentação utilizamos a Plataforma
Canva.com que é um recurso para trabalho com qualquer peça de
comunicação visual muito fácil de usar e que deixa as produções muito
bonitas esteticamente pensando neste tipo de linguagem, além de ter
inúmeros modelos para apoio das produções. Em todas as formações ao
longo do ano sempre foi priorizado a apresentação de recursos
diferenciados para que os professores pudessem ter muitas opções de
trabalho no formato online, o Canva foi apenas um deles, embora o foco
da formação não fosse ele, pelo menos não a princípio.
Nessa formação exploramos mais a fundo os conceitos de plano-
sequência com exemplos mais práticos, mas o foco da discussão foi
mostrar aos educadores que a edição de vídeo era muito mais que
apenas um trabalho técnico e que o trabalho com a linguagem do
audiovisual permite explorar muitas ideias e conceitos importantes para
a formação do indivíduo crítico. Para finalizar a primeira parte
propomos criar um vídeo conjunto na formação prática que viria em
seguida.
Como inspiração apresentei um vídeo com estilo desses criados
para Redes Sociais em que médicos questionavam se havia realmente
228
ausência de profissionais negros e negras por se apresentarem no vídeo,
tamparam a imagem do vídeo e em seguida aparecerem de jaleco branco
e estetoscópio com a indicação de seus nomes e sua formações, e entre
os vídeos simulava-se a passagem do estetoscópio jogando para o
próximo do vídeo que o segurava.
A ideia inicial era fazermos o mesmo a máscara de um vídeo ao
outro, e editar o vídeo final juntos na formação prática, depois de
algumas discussões criamos algo um pouco diferente, mas que levava a
mensagem de autocuidado tão importante para o momento. Os
educadores sempre traziam muitas contribuições em suas avaliações
após os encontros e nessa formação eles disseram que a metodologia de
construção coletiva proposta como prática os ajudava muito a explorar
as potencialidades das ferramentas que muitas vezes no dia-a-dia não
era possível. O resultado final dessa formação foi um vídeo produzido
coletivamente na Plataforma Canva e disponibilizado posteriormente no
Youtube com a autorização de todos envolvidos no Canal da DIPEP
Santo Amaro.
Avaliando todas as formações que foram oferecidas ao grupo
levando em consideração as estratégias, metodologias, dinâmicas
aplicadas ficou evidente pelas práticas apresentadas a importância da
construção coletiva das formações levando em conta a realidade que
estamos inseridos, o tipo de público que estamos dialogando, suas
habilidades já conquistadas e as que se deseja desenvolver. Outra
evidência é a importância de apresentarem-se diferentes estratégias e
recursos que podem ser explorados e usá-los na própria formação para
que sirvam de modelos não para serem seguidos, mas para inspirar os
educadores e para que eles possam observar como os recursos podem
ser utilizados na prática - esse ponto apareceu recorrentemente nas
avaliações dos professores como um ponto positivo das formações: o
assunto abordado era também parte da prática da formação.
E assim desenhamos colaborativamente a formação dos
Professores de Educação Digital no ano de 2020 na Diretoria de Santo
Amaro da prefeitura de São Paulo utilizando como base o Currículo da
Cidade de São Paulo de Tecnologia Para Aprendizagem para lidar com
todos os desafios apresentados diante da adaptação curricular
necessária durante a Pandemia.
229
Referências
230
Experiência de ensino remoto no curso de pós-graduação
em Psicologia da Universidade Federal do Ceará
doi.org/10.47247/VV/LV/88471.16.6.19
231
Introdução
232
remotas. Para tanto, foram adotadas as plataformas online mais
avançadas para um contexto pandêmico, o que possibilitou a reunião
de alunos e professores em salas virtuais, com aulas ao vivo,
conciliadas com o uso das mais diversas redes sociais, pelas quais
foram enviados materiais digitais à comunidade acadêmica, como
iremos mostrar dentro do presente relato de experiência.
233
Figura 01: Grupo de WhatsApp do grupo de estudos Paralaxe em que era
disponibilizado o link de acesso às aulas remotas.
234
Conforme dito anteriormente, as diretrizes da plataforma Google
Drive definem que as aulas gravadas ficam disponíveis temporariamente
na pasta, tempo o suficiente para a realização da disciplina. A partir do
conhecimento pedagógico, foi possível perceber sua forma de direção,
organização, orientação e estímulo à comunidade acadêmica. Para
tanto, a prática educativa utilizada levou em consideração uma direção
de sentido para formação humana dos alunos, com uso de processos
que asseguraram uma atividade didática e metodológica exitosa
(LIBÂNEO, 2013).
Nessa perspectiva, Aluísio cuidou da criação e disponibilização
dos arquivos no Drive, mas deu, principalmente, a liberdade de tempo e
espaço dentro dos processos de aprendizagem que configuram o novo
cenário educacional, onde várias situações de aprendizagem foram
possíveis com ajuda de uma metodologia diferenciada e dialógica, com
apoio das tecnologias (MORIN, 2013).
235
decorrentes do contexto pandêmico, que culminaram em uma
reinvenção do jeito de ensinar do professor Aluísio. De acordo com
Carbonell (2002, p. 19), a inovação é “um conjunto de intervenções,
decisões e processos, com certo grau de intencionalidade e
sistematização, que tratam de mudar atitudes, ideias, culturas,
conteúdos, modelos e práticas pedagógicas”.
236
Aluísio Lima apresenta, de forma concreta, aquilo que Paulo
Freire (2008) chama de consciência político-pedagógica, isto é, a
capacidade docente para o desenvolvimento de ações, sob a observância
das dimensões de clareza, honestidade, coerência e respeito, pois
entende que o ensino dos conteúdos não pode dar-se alheio à formação
da história de vida do educando. Isso posto, o ato de ouvir e ser sensível
às dificuldades desse aluno, no contexto de pandemia, sem perder o
foco central da aprendizagem de cada um dentro da sala virtual, é
fundamental.
No que diz respeito à organização didática-pedagógica dos
conteúdos, é importante assinalar que proposta da disciplina
“Identidade, Alteridade e Reconhecimento” teve como foco o estudo e
discussão das principais produções de autores clássicos e
contemporâneos acerca das temáticas: identidade, alteridade e
reconhecimento. Para dar conta dessa proposta, a disciplina foi dividida
em 3 módulos que se inter-relacionaram de modo complementar. O
primeiro módulo tratou da discussão sobre as polêmicas envolvendo as
concepções de personalidade, Self e identidade, distinguindo
contribuições de autores que trabalham essas concepções a partir de
modelos que apresentam concepções complexas compatíveis com a
perspectiva da Psicologia Social Crítica. No segundo módulo, por sua
vez, foi apresentada a proposta de Antonio da Costa Ciampa acerca de
identidade como metamorfose, assinalando os caminhos desde sua
condição enquanto categoria de análise até sua proposição enquanto
uma teoria de identidade e reconhecimento compatível com a Psicologia
Social Crítica. Finalmente, desenvolveu-se uma discussão acerca da
localização dessa teoria na chamada perspectiva narrativa, articulando-
a assim com autores como Paul Ricoeur, Judith Butler, Nancy Fraser
entre outros(as), apresentando as contribuições de autores
contemporâneos para os estudos da identidade, bem como destacando,
especificamente, o que se refere à compreensão dos enquadramentos,
biopolíticas, preconceitos e reconhecimentos perversos. De forma mais
específica, o professor construiu o seguinte cronograma de discussões,
com indicações dos textos que estavam no Google Drive, das quais os
alunos participaram ativamente:
237
CONTEÚDO REFERÊNCIAS
Apresentação da disciplina e do
cronograma
Distinções entre as concepções de
MEAD, G. H. O Self. p. 151-246
personalidade, Self e identidade.
As concepções clássicas acerca da
identidade e a proposta de identidade
BERGER, P. L. & LUCKMANN, T. A
como metamorfose. Os processos de
construção social da realidade.
preconceito, estigmatização e condições
de reconhecimento.
As concepções clássicas acerca da GOFFMAN, E. Os quadros da
identidade e a proposta de identidade experiência social. p. 424-462.
como metamorfose. Os processos de CIAMPA, A. C. A Estória do
preconceito, estigmatização e condições Severino e a História da Severina.
de reconhecimento. p. 129-251.
RICOEUR, P. O si mesmo como um
Contribuições contemporâneas para a outro. p. 145-181.
crítica da identidade e das condições de
reconhecimento. HONNETH, A. La sociedad del
desprecio. p. 165-181.
BUTLER, J. Quadros de guerra. p.
13-55.
AGAMBEN, G. Identidade sem
pessoa. p. 75-86.
FOUCAULT, M. Michel Foucault,
uma entrevista: sexo, poder e a
Contribuições contemporâneas para a
política da identidade. P. 260-277.
crítica da identidade e das condições de
CYFER, I. “Razão, narrativa e Corpo
reconhecimento.
no modelo de Self de Seyla
Benhabib”. Dissonância: Revista de
Teoria Crítica, v. 2, n. especial, p.
43-65, junho de 2018.
FRASER, N. Da redistribuição ao
reconhecimento. p. 231-239.
LIMA, A. F. Psicologia Social
Crítica e Identidade: as
Contribuições contemporâneas para a contribuições da Teoria Crítica nos
crítica da identidade e das condições de estudos de Antonio da Costa Ciampa
reconhecimento. e a possibilidade pensar a doença
mental como um problema de
identidade. p. 135-231.
Fonte: Produzido pelos autores a partir do Plano de Aula da disciplina,
considerando a distribuição de textos para cada aula ministrada.
238
contexto de excepcionalidade vivenciado em decorrência da suspensão
das atividades presenciais de ensino da UFC, sua competência docente
e didática permitiu que alcançássemos todos os objetivos curriculares,
ou seja, seu planejamento das atividades com o apoio de TEDs
contemplou as necessidades do processo de ensino e aprendizagem de
forma significativa, a partir do uso de programas, dispositivos e
aplicativos disponíveis atualmente. Além do mais, o quadro teórico por
trás de cada texto possibilitou o desenvolvimento de um conhecimento
tecno-pedagógico-disciplinar-dialógico dentro da sala virtual (MISHRA E
KOEHLER, 2006).
239
perguntar, de ser, de viver. Uma experiência em que a avaliação foi
construída em diálogo com os alunos, de modo a incentivar estes a
vencerem etapas. Com isso, os critérios de avaliação selecionados foram
capazes de resultados satisfatórios, condizentes com seu
comprometimento profissional (SANT‟ANNA, 2014).
No último encontro da disciplina, realizado no dia 06 de outubro
de 2020, foi consolidada a discussão e análise de dois capítulos do livro
“Metamorfose, anamorfose e reconhecimento perverso”, de Aluísio Lima
(2010). Durante a aula, o professor organizou, dirigiu situações para
discussões que proporcionassem a aprendizagem e possibilitou que
cada aluno compartilhasse sua experiência com o ensino remoto da
disciplina. Ao final das falas, percebemos que cada indivíduo encontrou,
com suas competências e habilidades, formas diferentes de enfrentar os
desafios do ensino em um contexto pandêmico.
Considerações finais
240
Figura 05: Parte IV pasta com o registro do último encontro da disciplina.
Referências
241
Encontros formativos virtuais:
estratégia de formação continuada remota
doi.org/10.47247/VV/LV/88471.16.6.20
Lara Santana
Giovanna Tonzar
Letícia Viesba
Everton Viesba-Garcia
Marilena Rosalen
242
Introdução
Texto.
243
Sobre as organizadoras
Letícia Viesba
Marilena Rosalen
244
Sobre as autoras e os autores
Andressa Gobbi
Minibiografia.
245
Eliane de Siqueira
Minibiografia.
Everton Viesba-Garcia
Minibiografia.
Giovanna Tonzar
Minibiografia.
246
Giuliana Rapp Cinezi
Minibiografia.
Humberto Dellê
Minibiografia.
247
Jussara Carmisini de Lima Ferreira
Minibiografia.
Karoline Bento
Minibiografia.
Lara Santana
Minibiografia.
Leonardo Ristow
Minibiografia.
248
Mariana Lucas da Rocha Cunha
Minibiografia.
Sanny S. da Rosa
Minibiografia.
249
Solange Cristina Corregio
Minibiografia.
250
Índice remissivo
251
Ficha técnica
REFERÊNCIA
VIESBA, L.; ROSALEN, M. 20 Práticas Pedagógicas realizadas
no Ensino Remoto em 2020. Diadema: V&V Editora, 2021.
https://doi.org/10.47247/VV/LV/88471.16.6
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