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Dissertação de Mestrado
Orientadora
Profª. Dra.Maria da Graça Nicoletti Mizukami
São Paulo
março / 2010
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Dissertação de Mestrado
São Paulo
março/2010
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CDD 372.5
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Banca Examinadora
AGRADECIMENTOS
À Deus.
Milton Santos
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SUMÁRIO
Resumo........................................................................... 08
Abstract........................................................................... 09
Introdução....................................................................... 10
1. Capítulo 1
1.1. Revisão da Literatura................................................ 20
2. Capítulo 2 – A Pesquisa
2.1.Caracterização............................................................ 31
2.2.Intervenção e pesquisa............................................... 37
2.3.Procedimentos da Intervenção................................... 44
3. Capítulo 3
3.1. Algumas Considerações Finais................................ 65
4. Referências Bibliográficas........................................ 76
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RESUMO
Trata-se, mais especificamente, de uma pesquisa intervenção por meio da qual se analisa
contribuições de obras do pintor Candido Portinari para a discussão do tema “raça negra” com
intervenção foi realizada por meio de um projeto interdisciplinar o qual, a partir de algumas
obras de arte do pintor Candido Portinari, possibilitou tratar do tema “raça negra”,
contemplando assim a Lei n 10639/2003, que visa incluir no currículo oficial de ensino a
de 09 de janeiro de 2003, o presidente da república Luiz Inácio lula da Silva, alterou a lei
conhecimento através de atividades que fizessem sentido para os alunos foi escolhido o site
“Viagem ao Mundo de Candinho” que serviu de suporte para a intervenção deste projeto de
pesquisa. Os resultados evidenciam alto envolvimento dos alunos com as obras e com a
temática. Há indicadores de que houve valorização da raça negra e interesse por conhecer a
Cultura Africana, após sentirem a raça negra valorizada e retratada nas obras de Candido
Portinari.
ABSTRACT
INTRODUÇÃO
O presente trabalho de pesquisa visa apresentar e discutir as questões raciais nas séries
iniciais do ensino fundamental I. Esta pesquisa tem como contexto a intervenção, a qual
através de algumas obras do Pintor Candido Portinari que retrata o negro, selecionadas pelos
alunos da 2ª.B na EMEF “Joaquim Candido de Azevedo Marques” no site “Viagem ao Mundo
minha primeira faculdade, obtive sucesso durante onze anos na área, fiz especialização em
Recursos Humanos, porém, senti que faltava algo, precisava haver mais sentido em lidar com
as pessoas. Quando minha filha nasceu, em 1994, resolvi realizar meu sonho e passei a
trabalhar com crianças, aluguei um espaço e tornei-me Autônoma, abri uma franquia do
método Kumon (ensino de matemática) e permaneci por dez anos nessa atividade. Nesse
aprendia em sala de aula e iniciei um trabalho voluntário numa escola da prefeitura. Havia na
escola uma sala de apoio pedagógico, onde uma professora atendia os alunos considerados
“grupo de alerta”. Recebi autorização da diretoria para trabalhar nesta sala com crianças que
trabalho para as professoras em uma reunião, ressaltei que estava participando de um trabalho
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voluntário, o qual era conhecido por “Amigos da Escola”, e atuaria com as crianças que
resgatar a auto-estima do aluno, pois uma pessoa para aprender precisa se permitir aprender,
e o grau de insegurança destas crianças estava bem elevado segundo informações das
professoras. Usei como fonte de pesquisa o autor Jean Piaget, com esta leitura pude refletir e
determinadas fases do desenvolvimento para que o aprendizado seja mais efetivo, porém,
transformados em aquisições individuais. Piaget não aponta respostas sobre o que e como
ensinar. É possível, no entanto, compreender, por suas obras, como a criança e o adolescente
condições intelectuais do aluno e um modo de interpretar suas condutas verbais e não verbais
para poder trabalhar melhor com elas. (Piaget,J. e Greco, P., 1974,p.59).
Para minha surpresa no decorrer da atividade, a qual fui para colaborar descobri a
contribuição do lúdico na aprendizagem das crianças, pois apesar dos professores verem a
sala de apoio pedagógico como “sala de reforço”, a professora que coordenava as atividades
era uma psicopedagoga apaixonada por sua profissão e pelas crianças, ao invés de utilizar
como único recurso de aprendizagem a leitura e a escrita, o que confesso que também
acreditava que era o único meio de uma criança aprender, apresentava desafios como: jogos,
músicas, arte e diálogo. Descobri a partir deste trabalho voluntário que minha vocação era a
Trabalhei como Psicopedagoga voluntária em uma Instituição filantrópica por um ano, onde
Infantil na prefeitura de São Paulo (passei) e no ano de 2005, prestei concurso para trabalhar
fundamental I, (passei).
“dificuldade no que tange a aprendizagem das crianças”. Inúmeros são os fatores que
contribuem para isso, no entanto, o que fazer para solucionar? Que medidas propor para
da possibilidade de contribuir para uma formação cidadã, por meio de um trabalho em equipe
na escola. Tendo em vista que cabe ao educador buscar o saber através da pesquisa
negros, percebi então que estava diante de um dilema, mudar o conteúdo a ser estudado ou
De imediato parti para a pesquisa na própria escola com as colegas, com a seguinte
questão: quais livros infantis com personagens negros conheciam para trabalharmos o Dia dos
Pais e o dia Nacional da Consciência Negra - 20 de novembro,” nesta data em 1695, foi
assassinado Zumbi, um dos últimos líderes do Quilombo dos Palmares.” Estava latente a
necessidade de ressaltar mais as contribuições dos negros tanto nas aulas de história e
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onde o presidente da República Luiz Inácio Lula Da Silva, alterou a lei de nº 9.394, de 20 de
dezembro de 1996, que estabelece as diretrizes e bases da educação nacional, para incluir no
Brasileira”.
Mesmo com a promulgação da lei 10639/2003 que alterou a Lei 9394/96, determinando a
ensino formal, o tema é pouco explorado entre os professores. A principal razão apontada é a
de que trabalhar essas questões, requer mais literatura disponível no mercado literário.
uma Escola Estadual de São Paulo - SP com as contribuições da cultura africana para o Brasil
enfocando desde o período da escravidão até os dias atuais onde o cidadão afro-descendente
ainda precisa de cotas políticas para se inserir em determinados mercados, sejam eles
“As cotas raciais representam uma das estratégias de ação afirmativa e, ao serem
implantadas, revelam a existência de um processo histórico e estrutural de
discriminação que assola determinados grupos sociais e ético/raciais da sociedade.
Talvez por isso elas incomodem tanto a sociedade brasileira, uma vez que desvelam a
crença de que somos uma “democracia racial” (que todas as raças e etnias convivem
harmoniosamente e participam democraticamente de todas as oportunidades sociais em
nosso país) e que se resolvermos a questão socioeconômica resolveremos a racial”.
(Munanga, 2006, p.192).
Ao planejar as aulas buscava várias fontes de pesquisa, detectei uma ausência na literatura
infantil brasileira de livros com personagens bem sucedidos negros. Utilizava recursos da
disciplina de Artes e História para enriquecer o repertório dos alunos, os quais em grupo
conhecimentos. Porém, no mês de agosto do ano (2007), ao iniciar uma leitura para a classe,
Livro que relata a história de uma família negra. Durante a leitura um aluno comentou "-Olha
um macaco!", solicitei que mostrasse onde viu um macaco no livro, levantou e mostrou, porém,
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era o personagem do bebê da família, percebi então, que meu trabalho estava precisando ir
além da sala de aula e comecei a pesquisar como falar de assuntos tão carregados de
preconceitos em uma sociedade complexa onde o ser humano deve ser respeitado no seu todo
Para se fazer uma análise de uma imagem é preciso identificar os principais elementos da
composição. E tratar a imagem não como a semiótica, o que faz a análise da ligação com o
significado das partes que a compõem, mas sim do ponto de vista da percepção do olho
humano, do modo de estruturar naturalmente os seus elementos gráficos em nossa mente. Foi
justamente para estudar essa percepção que se desenvolveu a Teoria da Gestalt a qual propõe
organizá-las de acordo com semelhanças de forma, tamanho, cor, textura, etc. As quais serão
exposto.
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“Fotos aflitivas não perdem necessariamente seu poder de choque. Mas não ajudam
grande coisa, se o propósito é compreender. Narrativas podem nos levar a
compreender. Fotos fazem outra coisa nos perseguem... A imagem conta tudo o que é
preciso saber. Mas é claro que ela não nos conta tudo o que nós precisamos saber”.
(Sontag, Susan. Diante da dor dos Outros. Cap.5 – pág.76)
Trocando a palavra “fotos” por imagem, a frase representa exatamente o choque que senti
naquela manhã de agosto de 2007 em sala de aula. Porém, a partir daquela angústia,
Até hoje este sonho de igualdade continua inspirando milhares de pessoas que acreditam
Importante esclarecer a dificuldade que a sociedade brasileira, tem para aceitar a temática
étnico-racial, e as crianças pequenas são também fruto desse meio preconceituoso. Podemos
convivência racial pacífica, cunhada por Freyre... É essa representação mestiça do país que de
país é alvo de outros tipos de apreensão, persiste certa representação racial da nação,
herdeira das primeiras discussões do século passado. Buscando suprir essas falhas, propostas
e ações tem sido implementadas, vale ressaltar: suprir as bibliotecas das escolas públicas e
privadas com Livros infantis com temática afro onde os personagens representam com
Importante esclarecer que a oralidade é um traço marcante dos povos africanos, esta
oralidade manteve viva a tradição africana. Não se contam histórias para apenas aprender,
mas sim para manter um diálogo, onde você aprende e ensina concomitantemente. E esse ato
se dá de forma coletiva; há uma maior socialização da prática neste caso, o que difere de uma
simples leitura, onde se estabelece apenas um diálogo entre autor e leitor. (Padilha,1995)
[...] na África em geral, dada sua condição cultural eminentemente não letrado,
este gozo (do texto) se deslocava, e em certa medida ainda se desloca do espaço
estático do papel (= livro) para o mundo em mutação da voz. É ela a condutora
do gozo e é por ela que o contador de estórias libera a força do seu imaginário e
a do seu grupo, fazendo do processo de recepção um ato coletivo, ao contrário
do homem branco ocidental que, a partir de um certo momento da história, fez
de seu processo de recepção – pela leitura – na essência um ato solitário, um
prazer de voyeur. (PADILHA,1995 apud KOPERNICK, 1999, p. 88)
Enquanto professores que somos, estamos sempre buscando novidades para tornar nossas
aulas mais atraentes e atualizadas. Com o fenômeno da internet observamos uma reviravolta
no ensino, nossos alunos exigem aulas mais interativas e dinâmicas, assim a necessidade
Ao estudar “raça negra” por meio de uma pesquisa-intervenção, oferecendo aos alunos
Segundo Lee Shulman (1999), tudo o que fazemos tem que estar sujeito à investigação.
Seguindo sugestão da banca de qualificação, voltei ao campo “a escola” para pesquisar nos
anos iniciais do ensino fundamental, qual a visão das crianças sobre a raça negra, por meio de
Portinari, pintor ilustre fez parte de uma fase de grande mudança no conceito estético e
cultural do Brasil. Pintou cerca de cinco mil obras. Entre quadros relacionados à infância,
Vale ressaltar nas pinturas de Portinari a presença de negros, o que lhe causava muitos
problemas.
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MOMA (Museu de Arte Moderna de Nova York). Convidou dez negros para a inauguração, mas
não os deixaram entrar. Quando lhe perguntaram se os negros do Brasil eram mais felizes que
os negros americanos, respondeu: “Sim, porque, apesar de pobres, são tão livres e iguais aos
brancos”.
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CAPÍTULO 1
Este trabalho consolidou-se por meio de referências teóricas, as quais apresento neste
capítulo.
Inácio Lula da Silva, alterou a lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996, que estabelece as
diretrizes e bases da educação nacional, para incluir no currículo oficial da Rede de Ensino a
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA
"Art. 79 -B. O calendário escolar incluirá o dia 20 de novembro como 'Dia Nacional da
Consciência Negra'."
Segundo Adami (2007) em março de 2005 foram apresentados alguns pontos relacionados
Educação. Porém, os professores que em sua formação não receberam preparo especial para
o ensino da cultura africana e suas reais influências para a formação da identidade do nosso
país, entram em conflito quanto à melhor maneira de trabalhar essa temática na escola. Assim,
este ponto pode ser um dos obstáculos estabelecidos com a lei. O objetivo principal para a
comuns que garantam respeito aos direitos legais e valorização de identidade cultural brasileira
e africana.
Sendo que foi incluído no calendário escolar o dia 20 de novembro como Dia Nacional da
Consciência Negra. Além dos conteúdos referentes à História e Cultura Afro-Brasileira serem
Ministrados no âmbito de todo o currículo escolar, em especial nas áreas de Educação Artística
e de Literatura e História Brasileira. Incluindo a luta dos negros no Brasil, a cultura negra
negro nas áreas social, econômica e política pertinentes à história do Brasil. Tema relevante,
“(...) Durante muito tempo, quando se realizava alguma comemoração sobre a questão
do negro no Brasil, somente a data do dia 13 de maio, dia da assinatura da Lei Áurea,
em 1888, abolindo a escravatura no Brasil era lembrada (...) Os movimentos negros
atribuem, atualmente, um significado político ao 13 de maio, vendo-o como o dia
Nacional de Luta contra o Racismo”. (Munanga, 2006, p.130).
Esta pesquisa recebeu, contribuições dos livros infantis com personagens negros: Tanto,
Tanto!; As tranças de Bintou; Que mundo Maravilhoso!; Menina bonita do laço de fita; Irmãos
Zulus; O Rei Zumbi; Gosto de África; Bichos da África, Lendas e Fábulas; Lendas Negras.
Porém, destaco o livro Tanto,Tanto! O qual retrata a história de uma família negra durante uma
A partir da experiência em sala de aula com o livro “Tanto,Tanto!” a pesquisa com livros
somente no esporte, culinária, mas nas artes, tecnologia, política, educação, efetivou-se. E a
importância deste recurso em sala de aula para desenvolver uma consciência cidadã desde a
Sendo a educação um dos principais mecanismos de introdução dos valores e idéias que
consciência social formada passa a ser divulgada e reproduzida, quando internaliza conteúdos
apreendidos.
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Convivendo quase que diariamente com comentários preconceituosos sobre racismo, tanto
informativo na sala de aula onde atuava, através das aulas de história levantava temas sobre
Racismo
“O racismo é burrice
Mas o mais burro não é o racista
É o que pensa que o racismo não existe
O pior cego é o que não quer ver
E o racismo está dentro de você
Porque o racista na verdade é um tremendo babaca
Que assimila os preconceitos porque tem cabeça fraca
E desde sempre não pára pra pensar
Nos conceitos que a sociedade insiste em lhe ensinar
E de pai pra filho o racismo passa
Em forma de piadas que teriam bem mais graça
Se não fosse o retrato da nossa ignorância
Transmitindo a discriminação desde a infância
E o que as crianças aprendem brincando
É nada mais nada menos do que a estupidez se propagando
Qualquer tipo de racismo não se justifica
Ninguém explica
Precisamos da lavagem cerebral pra acabar com esse lixo que é uma
herança cultural....”
aversão, por vezes do ódio, em relação às pessoas que possuem um pertencimento racial
observável por meio de sinais, tais como: “cor de pele, tipo de cabelo, formato de olho...”.
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ETNIA – RAÇA
Munanga (2006) enfatiza que muitos intelectuais e educadores rejeitam o conceito raça e
preferem o termo “etnia” para se referir ao segmento negro da população brasileira. O conceito
etnia não carrega o sentido biológico, atribuído à raça, o que colabora para superação da idéia
Segundo Vesentini (1998), o conceito de raça é biológico e não deve ser confundido com
nações culturais, sociais ou psicológicos. No ser humano, ao contrário dos outros animais, não
existem temperamentos próprios de raças. Não se deve empregar o termo “raça” como
sinônimo de povo, nação ou grupo lingüístico, como às vezes ocorre... Tendo em vista a
substituí-lo por “etnia”. Assim, quando observamos a população de certos países, notamos que
ali existem vários grupos que possuem traços comuns (físicos e culturais) e um sentimento de
PRECONCEITO
grupo, de uma religião constroem em relação ao outro. Julgamentos estes com característica
“(...) Ninguém nasce com preconceitos: eles são aprendidos socialmente, no convívio
com outras pessoas. Todos nós cumprimos uma longa trajetória de socialização que se
inicia na família, vizinhança, escola, igreja, círculo de amizades e até na inserção em
instituições enquanto profissionais ou atuando em comunidades e movimentos sociais
e políticos(...)” (Munanga, 2006, 182).
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Podemos concluir que esses termos estão enraizados em nossa sociedade, urgente se faz
Em 2007, houve uma pesquisa na escola estadual na qual lecionava. Cada família indicava
qual a raça da criança (branca, parda, negra ou amarela). Porém, as crianças levaram os
formulários com marcas de borracha ou corretivo na raça branca, então, perguntei: - Por que
seus pais resolveram mudar no papel a raça para parda? A maioria dos alunos respondeu que
a professora explicou que algumas pessoas tem a cor de pele diferente por herança genética
de seus pais, avós, tataravós. Principalmente no Brasil que houve escravidão e desde este
período começou haver miscigenação entre os povos de origem européia, africana e os índios
que já se encontravam no Brasil. O mais interessante foi o comentário de um aluno que falou
para os pais: “– Sou da cor da professora Carla, a qual contou que também tem descendência
africana e indígena por isso ela é parda”. Ao comentar este fato na sala dos professores,
novamente surpresa! Alguns professores, falaram que não poderiam fazer este comentário em
sala, pois sua descendência era só européia. Justamente esta professora era parda, porém,
se considerava branca. Então, como abordar este preconceito em sala de aula se o próprio
relação política, que pode ajudar a ressituar uma preocupação que toca tão de perto os
educadores dos coletivos populares e que condiciona o direito à educação de tantos milhões
de crianças, adolescentes, jovens e adultos pobres, negros, das periferias e dos campos. As
Ao considerar que podemos ajudar a rever conceitos, faz-se necessário que o professor
tampouco se interessa pelas práticas pedagógicas dos professores que acolhem as crianças
desfavorecidas.
Como se vê, essas discussões fomentam que ter êxito na escola supõe de certa forma
Gatti (2009, p.45, in Arroyo/Abramowicz), destaca que desigualdade racial no Brasil não se
Desigualdade racial neste trabalho é entendida como aspectos que devem ser foco de
preocupações no que se refere à progressão escolar, evidenciando que ações amplas sem
Destaca ainda, o referido autor, que prover Educação escolar sem perspectivas
sociofilosóficas claras sem metas torna-se um amontoado de fazeres sem um pensamento que
Vale comentar a desigualdade social, regional e racial, herdada do Apartheid nas escolas
Sul-Africanas. Desde 1994 o maior objetivo da política Sul-Africana foi o de reduzir todo tipo de
desigualdade no país, onde o sistema educacional é seletivo e com baixo desempenho. Uma
assim, ver a questão da aprovação escolar como um verdadeiro problema social e não apenas
Torna-se urgente pesquisar por que e como as boas intenções de avaliar para integrar os
colaboração, da boa vontade das políticas, das instituições e dos profissionais, retirá-lo dos
de todo direito, o campo da justiça, do dever justo. Qualquer direito que fique à mercê do
direito a um percurso de formação digno deixa de ser direito. Daí ser urgente avançarmos em
mecanismos de justiça.
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Como vemos, se faz necessário repensar em estratégias para promover um ensino que
Nos termos de aprendizagem e desigualdade, cabe citar que a escola habita o social, lugar
de intervenção e de governo, e por esta via, procura responder às complexas questões que se
referem à relação entre sociedade e economia. (Abramowicz, Rodrigues e Cruz, 2009, p. 121,
in Arroyo/Abramowicz).
Segundo Abramowicz, Rodrigues e Cruz, com base no vetor raça, o debate entre igualdade
Cabe, ressaltar sobre algumas ações realizadas pelo Programa de Apoio aos Educadores.
internet que tem como um de seus objetivos principais fomentar o desenvolvimento profissional
raízes das práticas reflexivas podem ser localizadas nos trabalhos de Dewey, o qual pautou-se
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nas idéias de: Platão; Aristóteles e Confúcio; Aprender com o outro e a relação estabelecida é
CAPÍTULO 2 – A pesquisa
2.1. Caracterização
Trata-se, mais especificamente, de uma pesquisa intervenção por meio da qual se analisa
contribuições de obras do pintor Candido Portinari para a discussão do tema “raça negra” com
Foi desenvolvida em uma sala de aula da 2ª série B do ensino fundamental, com 22 alunos,
R. Dos 22 alunos, nenhum lembrou no ato de livros com personagens negros. Começaram
R. Dos 22 alunos, nenhum ouviu. Uma aluna associou o nome Candido com o nome da
R. Uma aluna comentou que foi o dia que libertaram os escravos. Os outros desconheciam
esse feriado.
relevância, o qual contribui para aplicar em sala de aula a Lei 10639/2003, lei que torna
obrigatório o ensino sobre História e Cultura Afro-Brasileira nas escolas públicas e privadas,
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além de promover um resgate das contribuições da cultura africana e da luta dos negros no
Brasil nas áreas social, econômica e política. Porém, é um tema que extrapola a sala de aula,
novembro. Por isso, se fez necessário desenvolver um projeto que abordasse as áreas de
Quais contribuições as obras do pintor Candido Portinari oferecem para o estudo do tema
Por meio de algumas obras de Candido Portinari com personagens negros, “selecionadas
pelos alunos da sala de aula – 2ª.B”, pesquisadas na galeria virtual do site “Candinho Portinari”,
negro na sociedade atual, preconceito, racismo e até mesmo como se identificam em relação à
que possa propiciar vínculo positivo com as crianças por meio de uma proposta lúdica de
trabalhando com o tema transversal “Ética”, uma vez que os Parâmetros Curriculares
OBJETIVOS
Sabe-se que é grande a diversidade das pessoas que compõem a população brasileira:
diversas etnias, diversas culturas de origem, profissões, religiões, opiniões. Esta diversidade
Contribuir com informações que fortaleça a auto-estima das crianças e estimule o professor
Estimular o aluno a SER um cidadão consciente de seus direitos e deveres “dez na vida” e
A Ética não estabelece regras de conduta. Faz bem mais do que isso. Questiona as regras
miscigenação(...)”. (Oliveira,2006,p.217).
numa escola pública “EMEF”, em uma sala de aula da 2ª série do ensino fundamental I,
sala de informática, perguntavam se podiam participar, explicava que era um projeto para a 2ª
fizessem sentido para os alunos. Através da arte, música e espaços virtuais como o site do
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Portinari que serviu de suporte para todo este projeto, o caminho para o aprendizado tornou-
Semente do Amanhã
Nunca se entregue.
Fé na vida, fé no homem,
fé no que virá.
JR., Gonzaga.
Visando compreender como as crianças vêem a raça negra por meio de obras de Candido
http://www.portinari.org.br/candinho/candinho/abertura.htm
um adulto ou um companheiro.
Idéias que completam a idéia central, tais como: - O que a criança consegue hoje com a
colaboração de uma pessoa mais especializada, mais tarde poderá realizar sozinha na
resolução do problema, através da assistência e auxílio do adulto, ou por outra criança mais
desenvolvimento.
são capazes de atuar quando a criança encontra interagida com o meio ambiente e com
outras pessoas. O autor ressalta a importância de que esses processos sejam internalizados
pela criança.
Vygotsky colocou que “as funções mentais superiores são produto do desenvolvimento
sócio-histórico da espécie, sendo que a linguagem funciona como mediador”. Lima (1990), por
interagirem com outras pessoas, que sejam professores, pais e outras crianças mais velhas e
seu processo de aprender. Quando o professor, utiliza da mediação, consegue chegar a zona
de desenvolvimento proximal, através dos “por quês?” e do “como”, ele pode atingir maneiras
através das quais a instrução será mais útil para a criança. Desta forma, o professor terá
condições de não só utilizar meios concretos, visuais e reais, mas, com maior propriedade,
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fazer uso de recursos que se reportem ao pensamento abstrato, ajudando à criança a superar
suas capacidades.
sala para utilizarmos a sala de informática às sextas-feiras das 16:05 às 18:05, horário de aula
“2º semestre”.
interesse mútuo em participar do processo de pesquisa o qual duraria dois meses, sendo
aula das 16:50 às 18:05 e às sextas-feiras na sala de informática das 16:05 às 18:05.
Visando contribuir para o fortalecimento da identidade das crianças à respeito da raça negra
pesquisar em algumas obras do pintor Candido Portinari, vislumbrou apresentar o tema “raça
A arte pode estar, às vezes, muito mais preparada do que a ciência para captar o devir e a
fluidez do mundo, pois o artista não quer manipular, mas sim “habitar” as coisas (FEITOSA,
2004, p.12.)
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http://www.portinari.org.br/candinho/candinho/abertura.htm
muita reflexão.
Segundo Padilha (2002, p. 30), planejamento é processo de busca de equilíbrio entre meios
a partir dos resultados das avaliações. Em sentido amplo, é um processo que "visa a dar
respostas a um problema, estabelecendo fins e meios que apontem para sua superação, de
Com a oportunidade de utilizar a sala de informática, nada melhor que apresentar aos
alunos uma pesquisa realizada numa galeria “virtual”, Um dos mais conhecidos autores a tratar
do tema é Pierre Lévy, francês. Em seu livro "O que é o virtual?", define:
"O virtual não se opõe ao real, mas sim ao actual. Contrariamente ao possível, estático e
Para que esta pesquisa se desenvolvesse, foi necessário eleger algumas obras do Pintor
considerar era desenvolver nas crianças além de autonomia para trabalhar durante a pesquisa
vislumbrar e apreciar as obras. Porém, antes de acessar a página do site , foram passadas as
seguintes informações: Observar obras com figuras humanas; Escolher a que mais gostou;
Figura 4 – Galeria
Nenhum outro pintor pintou mais um país do que Portinari pintou o seu…
Israel Pedrosa, 1983
Portinari, esta página se iluminaria. Além da facilidade de navegar pelo site, a página “galeria”,
os convidava a viajar por um museu virtual. Ao clicar em cada quadro, surgiam as informações
da obra.
Vale comentar o conhecimento prévio dos alunos quanto ao uso do computador. Durante o
(...) os computadores permitem que cada sala de aula se torne " um centro de
comunicação, uma casa de edição, um centro de arte multimídia e um centro de
pesquisas, onde o aluno pode se valer dos recursos da Livraria”
Herbert Kohl (www.baixakijogos.com.br/fórum/tópico.php?topicos)
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Sabemos que nenhum recurso tecnológico tem o poder mágico de aprimorar o desempenho
de um aluno se ele e o professor não souberem o que estão buscando ao utilizá-lo. Diferentes
estudos revelam que ter objetivos claros ao adotar tecnologia educacional é o elemento mais
sugerir sites seguros, onde os temas pesquisados sejam trabalhados por especialistas,
garantidos por um árduo trabalho de composição e coleta de dados, como é, por exemplo, o
algum joguinho. Informava que durante todo o projeto poderia utilizar tudo a respeito do site
Candinho Portinari, assim o jogo escolhido pela sala foi “o baú escondido”.
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Necessário se fez trabalhar teoria com os alunos, aulas que poderiam torna-se enfadonhas
ficaram interessantes e lúdicas, pois os alunos através do site “Viagem ao mundo de Candinho”
Cabe destacar que a presença dos computadores na educação, com os inúmeros jogos
educacionais e demais softwares disponíveis para esse processo são recursos a serem
Oliveira (2001) afirma que o ato de ensinar e aprender ganha novo suporte com o uso de
trabalhos com o computador. Acrescenta que o computador com seus inúmeros softwares
conhecimento, capaz de favorecer a reflexão do aluno, viabilizando a sua interação ativa com
determinado conteúdo de uma ou mais disciplinas e não só, um recurso auxiliar ao aluno na
Vale ressaltar que a sala de informática da EMEF onde foi desenvolvida esta pesquisa, está
bem equipada, com vinte computadores marca “Positivo” novos, a sala possui refrigeração
ambiente “ar condicionado”. Porém, no início da pesquisa dez computadores estavam com
defeito, assim fez-se necessário que os alunos sentassem em duplas, mesmo assim foi
arrumados.
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Essas atividades de intervenção na EMEF Jocan, desenvolvidas com os alunos da 2ª. Série
B, despertaram interesses sobre o tema raça tendo como contribuição obras do ilustre pintor
brasileiro, Candido Portinari, a pesquisa tornou-se mais cativante com a utilização do site
A sala de informática
“Estamos gostando das aulas na sala de informática é muito melhor aprender utilizando o
Confrontando desenho realizado em sala com imagem da obra, acessada a partir do site
Foto 8 - Pesquisa
A obra Menina com laço agradou o grupo, principalmente após a pesquisa no You tube
com os cartazes confeccionados com fotos de obras do pintor Candido Portinari e assinado por
da África, valorizando sua Cultura. Articulando com as obras de Candido Portinari, os alunos
forte ( pés grandes e mãos fortes) , fato que os alunos comentaram: “- Candido Portinari gosta
Cartazes com imagens de obras de Candido Portinari, escolhidas e decoradas pelos alunos.
Ao concluir esta atividade os alunos da 2ª. Série B, fizeram uma análise sobre o processo
da pesquisa realizado com as obras de Candido Portinari, através do site “Viagem ao Mundo
de Candinho”.
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Foto 12 - Cartaz elaborado por alunos 2ª.B - João Candido Portinari – 30/12/1903 – 06/02/1962
Nasceu em Brodósqui – SP, começou a pintar desde criança, seu primeiro desenho
anos.
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Foto 13 - Futebol, 1935 – óleo/tela – 97 X 130 cm. Callado, Antonio. Candido Portinari. Projeto Cultural Artistas do Mercosul.
Rio de Janeiro: Finambras, 1997.
Este quadro foi o preferido dos garotos, vale comentar a observação de alguns alunos sobre
haver crianças brancas e negras brincando juntas. Após este comentário outro aluno disse: “-
(...) Apesar de ter uma perna mais curta que a outra, Candinho era bom no futebol... Os
meninos tentavam imitar o drible de Candinho, que os enganava com sua perna mais
curta, mas nunca conseguiam.
Às vezes jogavam com bola de meia, feita com tiras de papel de embrulho
amassado, amarrado com cordão e enfiado em uma meia velha. Às vezes jogavam com
bola de bexiga de boi, mas todos tinham de mostrar as unhas do pé...
(Trzmielina.Página 7 e 8, 1997).
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Foto 14 - A família, 1935 – óleo /tela – 60 X 73 cm. Callado, Antonio. Candido Portinari. Projeto Cultural Artistas do
Mercosul. Rio de Janeiro: Finambras,1997.
Esta imagem trouxe à tona o cerne da questão racial, a maioria dos alunos da sala
comentaram que o quadro era estranho, mesmo perguntando por quê? Não respondiam,
apenas olhavam e falavam que era diferente. Após, confeccionar o cartaz sobre a Consciência
Negra, onde utilizamos esta imagem, foi realizado na sala um sorteio de todos os cartazes que
estavam no mural. Os alunos reagiram com euforia quando foram avisados sobre o sorteio,
porém, quando foi realizado o sorteio desta imagem, um aluno disse que este cartaz ele não
queria, outra aluna ganhou, mas, largou o cartaz na mesa (achou feio).
Cabe ao professor observar as reações dos alunos, assim informei que teriam 5 minutos
para trocar os cartazes. Vale comentar que apenas uma aluna “branca” aceitou trocar a
imagem que tinha (Meninos com Pipas) pela imagem da Família. Após a troca, comentei sobre
a beleza desta obra de Portinari, a qual foi muito premiada, após esse comentário dois alunos
Foto 15 - Cabeça de Menina – 1955 - desenho em crayon – 47 x 30 cm, fonte. Callado, Antonio. Candido Portinari. Projeto
Cultural Artistas do Mercosul. Rio de Janeiro: Finambras,1997.
História do quadro – “Primeiro amor, a mais amiga se parecia com artista de cinema íamos
Vale comentar o porque da preferência da maioria da sala por este quadro, as meninas se
identificaram com a beleza da menina, algumas até falavam: “- Parece comigo, até a franjinha
é igual!”
Foto 16 - Menina sentada, 1943 – óleo/Tela – 74 x 60 cm. Callado, Antonio. Candido Portinari. Projeto Cultural Artistas do
Mercosul. Rio de Janeiro: Finambras,1997.
A obra “Menina Sentada”, foi a escolhida entre outras obras pesquisadas para
pintura a partir do momento que a professora solicitou que escolhessem entre as obras com
personagens negros uma que mais gostassem. Assim, focaram a atenção para esta obra e
durante todo o projeto era só falar em Candido Portinari para os alunos associarem ao pintor
Candido Portinari.
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Vale comentar que alguns alunos não pintaram a “menina” com lápis marrom ou preto,
deixaram com a cor clara, mesmo durante a atividade ser solicitado, observar todos os
detalhes que o pintor usou.
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Podemos concluir com mais esta atividade, que é real a dificuldade que as crianças
Vale ressaltar neste registro a aluna escreveu “cabelo todo bagunçado e ela também estava
suja”. Reportando a Gestalt, termo alemão intraduzível, com um sentido aproximado de figura,
forma, aparência. Esta doutrina traz em si a concepção de que não se pode conhecer o todo
Em contrapartida neste registro a aluna cita a raça negra e ainda usa o adjetivo “linda”. Vale
comentar que esta aluna é branca. Última aluna a entregar, no começo da atividade disse que
não sabia o que escrever, procurei incentivá-la e disse para imaginar que ela era o pintor e
precisava criar uma estória para seu novo quadro. Pensou e depois escreveu poucas palavras
Atividade: Pesquisa no site Candinho, na página “galeria”, quadros com pessoas da raça
negra.
Texto 3 – Alunos pesquisaram site “Candinho” obras de Candido Portinari com personagens negros.
Este estudo foi realizado com sucesso, pois durante o processo os alunos foram
alguns alunos (tem computador em casa), para utilizar o computador, os encontros eram
aguardados com curiosidade e alegria, haja vista quando chegava na sala de aula, era
recebida com beijos e abraços. Muito bom poder contribuir para o aprendizado com alegria.
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Foto 18 - Sala de aula da 2ªB – Dia que receberam o livro “Crianças famosas – Portinari – Editora Callis”
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Capítulo 3
3.1. ALGUMAS CONSIDERAÇÕES FINAIS
pensamento. Mudanças essas que permitem tanto aos alunos quanto aos professores
aprender através de vivências conjuntas, novas ferramentas de trabalho, por exemplo nesta
tornou-se mais prazeroso, tanto para os alunos quanto para o professor. O interesse da sala
em participar foi real, alunos questionando, observando, refletindo em grupo. Apesar da tenra
idade (8 anos à 11 anos), a sala em foco demonstrou um bom grau de maturidade e interesse
para com um assunto ainda considerado polêmico. Estudar a raça negra com a contribuição
negativo da mídia sobre as crianças, haja vista os apelidos utilizados entre as crianças e a
Durante a pesquisa os alunos não conseguiram achar definição para sua cor de pele ou raça.
Somente um aluno da sala considerou-se da raça negra, o restante ficou na dúvida se eram
morenos ou mestiços. Vale ressaltar que inconscientemente sabem que há algo a ser
esclarecido, são informações que já vem modificadas de família, onde todos se consideram
nossa sociedade.
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Este trabalho de pesquisa realizado em uma escola da prefeitura de São Paulo com alunos
subsídios teóricos que possibilitaram uma maior compreensão dos processos de construção
Candido Portinari, discutimos temas como preconceito; etnia; raça. Ao aproximar a semana da
Consciência Negra”, através de vídeos musicais, bem coloridos, com várias opções onde as
pesquisa sobre preconceito racial, conversamos sobre a importância da Lei 10639/2003 que
obriga a inclusão de disciplinas e conteúdos que visam estudar a história da África e a cultura
Elaboração de cartaz com conteúdo da temática afro, escolhidas pelos alunos. Foram
selecionadas 7 pinturas de Candido Portinari, para constar no cartaz: “Meninos com pipas –
1947; Espantalho – 1957; Menina Sentada – 1943; Futebol – 1940; Meninos com carneiro –
Após selecionar pinturas de Candido Portinari, iniciou a pesquisa de imagens sobre a temática
para ilustrar a semana da Consciência Negra, pesquisa realizada também nos vídeos do You
Consciência Negra:
Aluno – “B”
Aluno – “C”
ilustração
Aluno – “E”
Assim, concluímos que a inclusão de disciplinas e conteúdos que visam estudar a história da
Pesquisar atividades lúdicas para desenvolver aulas, onde os alunos possam vivenciar o
aprendizado.
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Muitas pesquisas são realizadas visando contribuir para que a Educação torne-se uma
tarefa que contemple não só as leis mas, também melhore sobremaneira a tarefa do
o aluno é aquele que também traz conhecimentos e merece ser estimulado em sua
curiosidade natural.
Direitos do Magistério:
No Estado de São Paulo – “...Os deveres dos professores estão consubstanciados na Lei
Complementar No.444, de 27/12/85...Art. 63 – O integrante do quadro do magistério tem o dever
constante de considerar a relevância social de suas atribuições mantendo conduta moral e funcional
adequada à dignidade profissional...deverá IX – respeitar o aluno como sujeito do processo
educativo e comprometer-se com a eficácia de seu aprendizado...”
(Muller, 2006. p. 85)
dos trabalhos de Candido Portinari, para verificar qual a visão destes alunos à respeito da
raça negra. Porém, durante os encontros questões são trazidas à tona, como por exemplo, ao
solicitar que os alunos escrevessem sobre “Por que Portinari pintou a Menina Sentada?
Quem era a Menina Sentada? Por que Portinari pintava negros tão bonitos? Enfim, após
também refletir sobre a própria vida, pois ao tratar de um tema carregado de tanto preconceito
“Raça Negra”, necessário rever: quem somos? quem são nossos familiares, será que somos
A partir desta idéia, foi solicitado aos alunos para realizarem uma pesquisa em sobre os
primeiros anos de suas vidas, uma linha do tempo. Foi entregue para cada aluno o material
Desenho 4 – Realizado por uma aluna a partir da cópia da foto com papel vegetal.
Vale ressaltar, que as crianças precisaram consultar seus familiares, onde receberam
valiosas informações, sobre suas infâncias. Entretanto, após o prazo de 15 dias para realizar
esta tarefa, 16 alunos dos 22 fizeram a atividade. Cabe ressaltar, o comentário de uma aluna
que não realizou a atividade “- minha mãe e meu pai falaram que não lembram nada da minha
infância...”.
para realizar uma atividade, necessário uma pesquisa sobre o conhecimento prévio do aluno.
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No caso do comentário acima citado por uma aluna, a qual após uma frase sobre o
racismo, o qual não acontece somente a respeito da raça negra, mas já foi uma crueldade
também com os judeus, levou a aluna a articular as informações que já havia recebido e no
final da aula, contou que era judia e que seus pais sempre falam à respeito deste “sofrimento”.
Dentro desta perspectiva, continuamos a refletir sobre raça , tendo como base a obra
escolhida de Candido Portinari “Menina Sentada”, foi a escolhida da classe para ser realizada
uma releitura e imaginar qual seria a estória desta menina. Assim, foi solicitado aos alunos
que escrevessem sobre a “Menina Sentada”, dos 15 alunos destaco 3 que comentaram sobre
as características raciais, os outros contaram estórias sem citar uma palavra à respeito da cor
de pele, cabelo.
Objetivos foram alcançados através deste projeto de pesquisa. Apresentar aos alunos a
arte de Candido Portinari, foi uma atividade tão atraente quanto o uso da tecnologia. Estar na
sala de informática para os alunos os fez sentir-se importantes e conectados com novas
aprendizado.
Herói, Zumbi dos Palmares, também foi novidade para a sala haver um herói negro no
Brasil. O nome também foi motivo de surpresa, um aluno comentou: “- Zumbi, conheço marca
de álcool”.
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Foto 20- Reprodução de Zumbi dos Palmares ( Antônio Parreiras, 1917. Óleo sobre tela,113x86cm)
Importante destacar que aula de história e geografia, atrai muita atenção com a utilização de
mapa do Brasil”. Expliquei que Brasil e África há muito tempo atrás já foi unido em território,
Conhecer novas culturas gera além de curiosidade inicial um patriotismo comum, quando os
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alunos entendem o dinamismo que há nos fatos da história, despertam para um desejo de
Concluindo, esta pesquisa mostrou o quanto se fazem necessários trabalhos que valorizem
culturas diferentes. Podemos afirmar que neste grupo já existem preconceitos formados a
mencionados ao longo do texto, de que o grupo está disposto a aprender novos conceitos.
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SCHWARCZ, Lilia Moritz. O espetáculo das raças: cientistas, instituições e questão racial
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SHULMAN,Lee, http://ia.fc.ul.pt/destaques/album/shulman.htm
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http://www.gestaltsp.com.br/gestalt.htm
www.baixakijogos.com.br/fórum/tópico.php?topicos
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