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Soledade, minha cidade tem história

Juliana Falcão

CARRINHO DE MINA
Campina Grande, 2021
Revisão e preparação:
Everton Avelino

Diagramação:
Joarlan de Sousa Colaço - Allant Sousa

Capa e Ilustrações:
André Anjo (@anjodraww)
Neidinha Araújo (@nnmywa)
MN CRIATIVA DESIGN (@mncriativa)

Todos os direitos reservados ao autor – Juliana Karol de Oliveira Falcão.


Este livro ou parte dele não pode ser reproduzido por qualquer meio sem
a autorização do autor ou da Editora Locomotiva responsável pela primeira
edição. As ideias contidas neste livro são de responsabilidade de seu autor,
embora trate-se de uma obra de ficção, sendo portanto, toda e qualuer
semelhança com fatos ou pessoas reais mera coincidência.

CARRINHO DE MINA - SELO INFANTIL E.L.


EDITORA LOCOMOTIVA
Camila Abraão Jorge, 286 - Jardim Paulistano - Campina Grande - PB.
CEP: 58415-200
editoralocomotiva@gmail.com
editoralocomotiva.wixsite.com/editora
Aos meus pais: Assis e Dora,
A toda família Falcão,
E a todas as crianças soledadenses.
SUMÁRIO

PREFÁCIO, 7

EM BUSCA DO DESCONHECIDO, 9

CADÊ OS ANIMAIS QUE ESTAVAM AQUI?, 12

SEGUINDO OS RASTROS DOS INDÍGENAS, 15

ESTÁ ESCRITO NOS LIVROS, 18

A CAPELINHA DE ANA, 21

A CONSTRUÇÃO DA IGREJA E A PARTICIPAÇÃO DOS PRETOS,


24

OS OBSTÁCULOS, A FUNDAÇÃO E O PRIMEIRO PADRE, 27

PARA SOBREVIVER: MOBILIDADE, COMÉRCIO, AGRICULTURA


E PECUÁRIA, 30

A EDUCAÇÃO NOSSA DE CADA DIA, 33

HINO E BANDEIRA, 36

VOCÊS CONHECEM O FINAL DA HISTÓRIA?, 39

POSFÁCIO, 42

SOBRE A AUTORA, 45

SOBRE A ILUSTRADORA E O ILUSTRADOR, 46


PREFÁCIO

A CIDADE E SUA HISTÓRIA

Soledade é conhecida no estado da Paraíba como cidade


passagem, ou seja, um município que interliga através da BR
230 o litoral ao sertão. Um caminho de milhares de pessoas
que cruzam o nosso estado diariamente e que muitas vezes
conhecem apenas nossa culinária e artesanato. Constituído
por um povo acolhedor e empreendedor, em diversos casos
pragmáticos, sua história e memória são em várias ocasiões
desconhecidas de sua própria população.
No intuito de dar visibilidade à trajetória desta cidade
a historiadora e escritora paraibana Juliana Falcão, de forma
lúdica e leve, procurou nesta narrativa “Soledade: minha cidade
tem história” revelar ao grande público os acontecimentos mais
marcantes da história de Soledade, através do relato do que
o personagem Pedro, um menino esperto e curioso, descobriu
em seu diálogo com a historiadora Maria, uma professora
aposentada.
Contendo ilustrações singelas, em texto breve e
direto, “Soledade: minha cidade tem história” procura ainda
evidenciar o papel que a cultura indígena e negra contribuiu
para formação histórica e cultural do município, indicando
também outros elementos identitários, como a história de
monumentos e personalidades marcantes, bem como o hino e a
bandeira da cidade.
Desta forma, o menino Pedro, neste relato conciso, nos
dá uma lição de curiosidade infantil sobre o passado ao seu
redor, assim como também sua criadora, Juliana Falcão, que

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nos apresenta um bom modelo enquanto historiadora, indicando
formatos mais amplos de divulgação do conhecimento histórico.
Ambos ensejados na ficção, em seu contato com a história.
Fica o convite por essa aventura pelo passado de Soledade.

Bruno Gaudêncio
Doutorando em História Social pela USP

Campina Grande, fevereiro de 2021.

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EM BUSCA DO DESCONHECIDO
Olá, gente boa. Meu nome é Pedro, mas todo mundo
me chama de Pepê. Esta semana eu estava pensando sobre o
surgimento de tudo que há no mundo e é engraçado, porque
não sabemos de onde a maioria das coisas vem e como elas
nasceram.
A cada dia que passa a gente descobre, aprende e vai
guardando em nossas memórias o que a vida nos oferece, isto
é incrível! A nossa memória é um pote de tesouro, já imaginou
acordar um dia e se esquecer do que viveu? Não saber a sua
própria história é assustador.
Eu moro em uma pequena cidade paraibana chamada
de Soledade. Eu não sabia quase nada sobre ela, acredita?
Da mesma maneira que a nossa memória é importante para
sabermos quem somos, a memória da cidade em que vivemos
também é, porque na sua história encontra-se o seu valor. E
só sabemos dar relevância ao que há ao nosso redor quando
entendemos de verdade a sua importância.
Sobre Soledade eu só sabia que ela fica próxima às
cidades de Campina Grande, Juazeirinho, Seridó, Olivedos e
Gurjão. Então, fiquei curioso para saber mais sobre este lugar
em que jogo bola, corro na rua com os meus amigos e amigas,
vou à escola e onde escrevo a minha própria história em cada
respirar e batida do meu coração.
A primeira ideia que eu tive para aprender mais sobre
a minha cidade foi pesquisar no meu celular, mas não entendi
nada que estava escrito. Confesso, fiquei com preguiça. Então,
perguntei a minha mãe:
— Mainha, como foi que surgiu essa cidade?
— Não sei, filho. Só sei que tem uma história de um
Padre que a fundou.

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— E o painho? Ele sabe?
— Esse é que não sabe mesmo.
Um pouco chateado com a desinformação peguei a
bicicleta e fui ao lado do Banco, porque lá sempre tem vários
velhinhos jogando dominó. Eles devem saber de algo.
Ao chegar ao local encontrei vários senhores, mas
nenhum soube me informar nada. No entanto, eles apontaram
para uma senhora que estava sentada no banco da praça.
— Aquela senhora é professora. Pergunte a ela, moleque.
A mulher que eles apontaram se chama Maria e é uma
professora de história aposentada. Dona Maria me recebeu
feliz, pois, segundo ela, eu sou uma criança disposta a aprender.
Contou-me histórias inimagináveis sobre o surgimento da
cidade e, até mesmo, de antes disso.
Vocês podem usar a imaginação para poder enxergar os
acontecimentos que me foram narrados naquela tarde feliz em
que pela primeira vez eu pude entender, ainda mais, quem sou
através do lugar em que vivo. E foi assim que tudo começou.

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CADÊ OS ANIMAIS QUE ESTAVAM AQUI?
Há muitos anos a cidade de Soledade não existia.
Não dá mesma maneira que hoje conhecemos. Não havia
casas, ruas, supermercados, lojas, praças, escolas e outros
estabelecimentos. Só havia a natureza: as plantas, o vento,
a terra... Este tempo foi definido por intelectuais como pré-
história, isto é, algo antes da história, porque eles acreditavam
que ela só podia existir caso houvesse a escrita.
Vocês já devem ter ouvido na escola falar da Pré-História,
aquele tempo em que existiam os dinossauros, os homens da
caverna, pois saiba que o que atualmente conhecemos como
Paraíba também viveu este período. Nessas terras existiam
apenas as plantas e os animais. Estes eram seres vivos que
foram extintos ao longo dos séculos. Ainda existem diversas
pistas de que houve a presença dos dinossauros na Paraíba,
por exemplo, pegadas isoladas dos bichos gigantes e sítios
arqueológicos.
Dá para imaginar que seres como estes podem ter
passado por Soledade quando estavam caminhando de um
lugar para o outro? Pode ter acontecido, sabe por quê? Foram
encontrados em diversas cidades, como Campina Grande e
Taperoá, vestígios desses animais. Bem pertinho, não é?
O Estado da Paraíba contém fosseis da Fauna Gigantes,
que eram animais que pesavam mais de 10 quilos, conhecidos
como Megafauna Pleistocênica. Esses animais viveram de 2
milhões a 10 mil anos A.C. Nossa, é bastante tempo, é mais
tempo do que eu aprendi a contar na escola! Mas, eu gostaria
de entrar em uma máquina do tempo para poder ver todos
esses animais andando bem despreocupados com a vida.
O planeta muda junto com tudo que há nele. Nada
permanece da mesma maneira para sempre. Por causa das

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mudanças climáticas e das doenças esses animais acabaram
sendo extintos. Eu não sabia o que significava as palavras
“mudanças climáticas” e “extinção”, contudo a Professora
Maria me explicou. As mudanças climáticas ocorrem quando o
tempo vai ficando em uma temperatura a qual os seres vivos
não estão acostumados e eles acabam morrendo. Já a palavra
“extinto” significa que algo deixa de existir para sempre, por
exemplo, se não existisse nenhum ser humano na terra ele
seria extinto. Esta palavra não está sempre ligada a algo
ruim. Eu gostaria que, por exemplo, algumas atitudes humanas
entrassem em extinção como o racismo.
A professora me falou algo que eu achei radical: alguns
pesquisadores indicam que as cidades do Junco e Santa Luzia
têm rochas que comprovam que há bilhões de anos existia um
mar naquela região. Surpreendente! Vocês já visitaram estas
cidades? Eu gostaria que ainda houvesse um mar por lá, pois,
quem sabe assim, eu poderia ir mais vezes à praia.

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SEGUINDO OS RASTROS DOS INDÍGENAS
Nas nossas terras houve a presença dos indígenas. Tupis
no litoral e os Tapuias no sertão. Os Tapuias foram vistos pelos
colonizadores como selvagens e indomesticados, no entanto
eles eram bastante inteligentes. Os indígenas conheciam a
fauna e a flora, tiravam todo proveito das terras por onde
passavam por mais secas ou inférteis que parecessem. Eles
foram considerados selvagens apenas porque tinham uma
cultura diferente da nossa. Isso é besteira, pois devemos
respeitar os costumes de cada pessoa mesmo que eles sejam
diferentes dos nossos.
Podemos dizer que onde hoje é a cidade em que moramos
passavam os chamados Indígenas Tapuias dos Sertões da
Paraíba (os Tarairiús). Eles eram errantes, nômades. Sabe
o que estas palavras significam? Eles não ficavam sempre no
mesmo lugar, estavam caminhando, viajando, passando por
vários locais em busca de alimentos.
Em suas caminhadas andavam próximos aos rios para
poderem ter acesso à água para beber e, por causa disso,
podemos achar várias pinturas rupestres em suas margens
que ainda estão espalhadas nos sítios próximos da cidade.
Em Soledade existem diversos vestígios da presença
dos indígenas. Um desses é o sítio Arqueológico que está
localizado a 9 quilômetros da cidade, chamado Furna do
Caboclo. Nele foram encontrados ossos de crianças e de
adultos (bem conservados), fios de cabelos avermelhados,
vestígios de fogueiras, contas de colares e trançados de fibra
de caroá.
O sítio é um cemitério indígena na Serra do Pires. Este
local foi escavado pela primeira vez, em 1950, por Carlos
Alberto Azevedo e Inocêncio Nóbrega Filho. Os objetos

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encontrados no local foram destinados ao primeiro museu da
cidade chamado de José Alves de Miranda. Este museu foi
extinto e todas as peças que foram encontradas na Furna do
Caboclo e em outros locais desapareceram. Misteriosamente?
Não sei. Este é um conto para ser investigado outro dia.
Em outros sítios podemos encontrar vestígios como
pinturas rupestres e gravuras em baixo relevo, este último
pode ser encontrado no Sítio Arruda perto do Riacho do
Livramento. No timbaúbinha foi encontrada uma caverna que
aparentemente serviu de casa para diversos grupos e animais.
Há uma rocha chamada de Pedra dos Caboclos que possui
pinturas rupestres em tintas vermelha e branca. São muitos
lugares e eu nunca fui visitar nenhum. Agora esses lugares vão
se tornar um dos meus objetivos de vida, eu quero embarcar
nessa aventura.

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ESTÁ ESCRITO NOS LIVROS
O primeiro dono das terras de Soledade foi um
português chamado de José Alves de Miranda (Ao buscar
homenageá-lo, seu nome foi dado ao primeiro museu da cidade.
Aquele de quem eu falei há pouco) com a criação da Fazenda
Malhada Vermelha. Esse nome foi dado devido a cor da grande
quantidade de areia avermelhada que existia no local. Miranda
vendeu essas terras para um homem chamado de João de
Gouveia e Sousa.
Lembra que eu falei que tudo está em constante
mudança? Então, a fazenda mudou sua passagem natural.
Aquela areia que era vermelha passou a ser branca e aquelas
terras passaram a ser chamadas de Malhadas das Areias
Brancas. Eu percebi que eles davam o nome dos lugares por suas
características ou por algo que aconteceu por lá, dá mesma
maneira que a gente acaba ganhando apelidos dos amigos.
Em outros locais, não tão pertos, existiam algumas
pessoas que moravam pela redondeza. Apesar disso, podemos
afirmar que os portugueses não se interessaram por essa
região. Era apenas como se houvesse diversos sítios distantes.
Por isso, ela me explicou que para a cidade surgir e crescer, da
forma que é, foi necessário um personagem importantíssimo
que foi o tal padre do qual a minha mãe havia falado.
O nome do Padre era José Antônio Maria Ibiapina, mais
conhecido como Padre Ibiapina. Ele nasceu em 05 de agosto
de 1806, no Ceará. Foi deputado, advogado e juiz de direito
antes de se tornar padre aos 47 anos. Ele era um missionário
que saiu pelo Nordeste construindo açudes, capelas, igrejas,
casas de caridade, cacimbas e cemitérios.
No século XIX, a saúde da população era péssima. As
pessoas morriam de gripe ou de diarreia o tempo todo. Eu não

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consigo nem imaginar alguém morrendo disso, contudo acho
que daqui a 100 anos ninguém vai conseguir imaginar que houve
um tempo em que tanta gente morreu de coronavírus, pois já
há vacinas e remédios que farão com que ninguém mais morra
dessa doença, porque ela não será mais uma ameaça.
Então, na metade do século XIX, existiu uma epidemia
que foi chamada de cholera morbus que estava matando muitas
pessoas. Ela surgiu na Índia e foi uma das maiores deste século.
Ela era transmitida pela água ou alimentos contaminados por
uma bactéria, a vidrio cholerae, que são aqueles seres super
pequenos que só enxergamos com um microscópio.
Os principais sintomas eram diarreias, desidratação,
febres altas e vômitos. Quando esta epidemia tomou conta,
a população começou a morrer. Era uma situação triste, pois
a cada dia que passava tinha que existir mais lugares para
enterrar aqueles que vinham a falecer. Para vocês terem uma
ideia, existiam cerca de 300 mil habitantes e morreram uns
30 mil.

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A CAPELINHA DE ANA
Quem mais sofreu com a cholera morbus foi o povo
pobre, porque eles não tinham acesso a saneamento e nem a
médicos. Não era como é hoje, não existia um hospital público
nas cidades e nos sítios com médicos que atendessem as
pessoas com frequência. Entre os falecidos, uma jovem que
tinha entre 18 e 20 anos chamada de Ana de Farias Castro
reservou um espaço especial na história local.
Ana estava hospedada na casa do seu tio Tomaz, no Sítio
São José, quando ficou doente de cólera e acabou falecendo.
Ela não pertencia a essa região, era moradora dos Algodoais
de Cabaceiras. O cemitério mais próximo para enterrá-la era
na cidade de São João do Cariri que estava sob os cuidados
do Padre Sousa Marques. Ele não permitiu enterrá-la,
porque todos tinham medo da doença, acreditavam que se a
enterrassem naquelas terras poderia contagiar a população.
Foi nesse momento que Padre Ibiapina entrou para a
história da cidade de Soledade ao construir um cemitério
onde atualmente é a Igreja Católica Nossa Senhora Santa
Ana. O primeiro corpo a ser enterrado foi justamente o de
Ana de Farias Castro. Dizem que o local aonde ela foi colocada
é onde fica o altar da igreja e, por isso, seria o ponto de marco
inicial da nossa fundação.
Quando eu penso em Ana ou “Aninha”, que era o apelido
com o qual a família a chamava, a imagino uma jovem bonita
de cabelos castanhos longos e ondulados. Um pouco parecida
com Santa Ana. Imagino-a flutuando com os cabelos ao vento,
vestida com um longo vestido de cor amarela, sorrindo para
mim.
Em cima do túmulo foi construído pela sua família uma
capelinha com uma cruz de madeira. Acredito que aquele

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era, a partir daquele instante, não apenas uma construção
aleatória no ermo de um território praticamente abandoado,
mas uma ponte de luz, amor e saudade fincada em uma terra
seca, uma semente que estava sendo aquecida e que findou
por germinar vidas tão belas. Pela força da natureza este dia
que, aparentemente não tem nada a ver comigo, foi o que me
trouxe até aqui e cada passo dado, desde então, marcou e
definiu os enredos de infinitas histórias.
Foi, em 1856, em frente à capela da Ana, no dia de
natal, celebrada em latim a primeira missa pelo Padre Manoel
Ubaldo da Costa Ramos. Outros corpos passaram a ser
enterrados no cemitério e as pessoas começaram a morar
mais próximos dele para poderem ficar mais perto do local onde
os seus entes queridos foram enterrados. Desse modo, foram
surgindo cada vez mais casas, o povo, as famílias se unindo,
os bebês nascendo, as ruas crescendo e o mundo se
modificando...

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A CONSTRUÇÃO DA IGREJA E A PARTICIPAÇÃO DOS
PRETOS
Em 1865 foi iniciado pelo Padre Ibiapina a construção
da Igreja que foi realizada pelos moradores da região por meio
de doações, arrecadações e/ou com trabalho braçal. Inclusive,
nesta construção, houve a participação de trabalho escravo.
Isto mesmo, nas fazendas próximas existia a escravidão de
pessoas. Guilhermino, Venceslau, Lourenço, Valdevino, Félix
da Rocha e Benedito Cambito são apenas alguns nomes de
pretos que eram escravizados e que acabaram por trabalhar
na estrutura da futura paróquia.
Quando os negros ganharam a liberdade continuaram
trabalhando para seus ex-donos, pois eles não tiveram estudo,
oportunidades e benefícios. Perto da Fazenda Malhada
Vermelha havia um terreiro, o lugar onde eles praticavam os
atos religiosos das religiões africanas. Eles cultuavam Olurum
(deus supremo do povo Yorubá conhecido por Olodumaré) e
Batalá livremente.
A igreja católica foi feita em cima do cemitério de
Soledade. A construção demorou mais tempo que o previsto.
Tanto, que durante a sua produção, Padre Ibiapina chegou a
morar por Soledade em uma casa de taipa. No Museu Benedito
Filgueira de Gois a gente pode visitar uma réplica da casa onde
Ibiapina morou quando estava aqui. É como viajar no tempo.
Durante a construção havia missas nas ruas, local onde a
população se reunia. As mulheres saíam de suas casas vestidas
da cabeça aos pés com seus terços nas mãos e com as orações
na ponta da língua. Os homens com suas roupas alinhadas e com
as suas bengalas marcavam presença naquele que era um dos
principais lugares de convivência disponível para as pessoas.
Elas brincavam nas ruas com jogos tradicionais, não
apenas as crianças, mas os adultos também tinham tempo

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de brincar de quebra-panela, pau-de-sebo... Eu não conheço
nenhuma dessas brincadeiras, na época todos conheciam e
gostavam bastante. A vida passava mais devagar, não havia
televisões, celulares, que tomassem o tempo livre. Para bater
papo era preciso ir até o outro, olhar em seus olhos em um
contato mais próximo.
Ibiapina definiu o primeiro nome da cidade que foi
Solidão, mas as pessoas protestaram porque pensaram que
esse é um nome meio que triste, sabe? Eu também acho.
Ninguém gosta de viver na solidão. Foi então que definiram
Soledade que é um sinônimo de solidão, só que não dá tão na
cara.
Neste período, ele decidiu que a padroeira da igreja
seria Nossa Senhora Santa Ana em homenagem a mãe de
Maria, ou seja, a avó de Jesus, e a Ana Farias de Castro, aquela
jovem que foi a primeira a ser enterrada. Além da construção
do cemitério e da igreja, Padre Ibiapina construiu um açude
chamado de Santa Ana que não mais existe. Ibiapina lançou a
seguinte frase: “Soledade nasce do crauá e nele florescerá”.

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OS OBSTÁCULOS, A FUNDAÇÃO E O PRIMEIRO PADRE
Quando Soledade ainda estava engatinhando como
se fosse um bebezinho de fralda, ou seja, estava surgindo,
compartilhou com todo Nordeste um período triste que foi a
seca de 1877 em que milhares de pessoas acabaram morrendo
de fome devido à falta de chuvas. Alguns, para não morrerem
de fome, acabavam comendo animais e plantas que antes eram
considerados não comestíveis.
Seria como se a gente estivesse passando tanta fome
que começasse a comer cachorros, gatos e ratos. Eu me senti
culpado ao descobrir isso, porque não dou valor a todo dia ter
o que comer. Tem dias em que não quero comer feijão, alface,
brócolis... Seria pior sentir a fome que já matou e ainda mata
tantas crianças. Elas não tiveram a chance de brincar, de
correr, de estudar e de sorrir. A fome é uma assassina.
Apesar dos obstáculos como a falta de chuva, a fome
e as doenças, Soledade começou a surgir. Com o aumento do
número de casas e de gente que morava na região, Soledade
acabou se tornando um Distrito de São João do Cariri em 31
de outubro de 1888 (lei provincial nº 853). Tornou-se Vila em
24 de setembro de 1885 ao deixar de fazer parte de São
João do Cariri (lei provincial nº 791). Passou a fazer parte da
povoação Pedra Lavrada em 21 de outubro de 1891 (decreto
estadual nº 70). Em 21 de março de 1892 volta a se chamar
de Soledade (decreto estadual nº 22). Em 1938, Soledade
passou a ser chamada de Juazeiro ao pertencer à cidade de
Juazeirinho (decreto estadual 1.164). Em 31 de dezembro de
1943, Soledade mudou de nome para Ibiapinópolis (decreto
estadual nº 520). Em 17 de setembro de 1948, tornou a se
chamar Soledade.
Ufa! Soledade mudou demais de nomes. Porém, outras

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cidades, ao nosso redor, modificaram os seus nomes. Você
conhece a cidade de Juazeiro, São Francisco e Santo Antônio?
Acho que não, pelo menos não assim, pois elas agora se chamam
de Juazeirinho, Olivedos e Seridó.
Soledade foi emancipada em 24 de setembro de 1885.
Em 1917 tivemos o primeiro padre oficial que foi José Betâmio
de Gouveia Nóbrega mais conhecido como Padre Zuza, quatro
anos após o curato ter se tornado uma paróquia, uma Igreja
Matriz (10 de novembro de 1913).
Não pense que o Padre Zuza veio de longe, ele nasceu
em Soledade mesmo, em 27 de setembro de 1898, e se tornou
padre no Seminário de Olinda-PE. Ele faleceu aqui, em 15 de
abril de 1948, e seu corpo está enterrado dentro da Igreja
Nossa Senhora Santa Ana, onde fica o altar de São José.
Fiquei espantado quando descobri que embaixo da Igreja foi
um cemitério, mais ainda quando descobri que depois de ser
igreja ainda continuaram a enterrar gente naquele local, tem
alguns corpos nas paredes. Nossa!

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PARA SOBREVIVER: MOBILIDADE, COMÉRCIO,
AGRICULTURA E PECUÁRIA
Como sabemos: nada cai do céu. Temos que ter dinheiro
para comprar aquilo que desejamos e, para isso, tem que haver
empregos. As pessoas que viviam em Soledade, logo no início,
tinham que ter as suas maneiras de sobreviver. Existiam três
formas principais de ganhar dinheiro: a agricultura, a pecuária
e o comércio.
Na chamada bodega tinha bastante variedade para uma
cidade pequena (vendiam-se cordas, lamparinas, querosenes e
outros produtos) e o açude do Estado dava bastantes peixes
que serviam para a alimentação. Os açudes eram uma verdadeira
dádiva, porque em um território de seca forneciam água e
alimentação. Na fazenda criavam carneiros, bodes, cabras,
porcos e outros animais. Realizavam a plantações de cereais,
milho, feijão, verduras e algodão, que eram transportados
para Campina Grande por meio dos tropeiros e dos trens.
Em 1915, o presidente Wesceslau Braz construiu
a estrada de rodagem de Campina Grande a Soledade. O
Epitácio Pessoa, quando foi presidente da República, por meio
da Inspetoria Federal de Obras Contra a Seca (IFOCS) –
que foi um modo do governo lidar para combater as secas e
evitar tragédias como a de 1877 – construiu outras estradas,
por exemplo, a de Soledade a Patos. A estrada de ferro foi
importantíssima para o desenvolvimento da cidade, mas depois
do asfaltamento da BR-230, na década de 60, ela passou a ser
menos utilizada.
A estação ferroviária era simples, sem luxos, apenas
com um espaço suficiente para atender as necessidades mais
básicas. Foi construída em 1956 e inaugurada com trilhos
em 1958. Este antigo prédio está em ruínas, encontra-se
abandonado, da mesma forma o armazém ao lado. Não há mais

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tetos, portas, janelas, nem uns canos de cobre que existiam,
apenas as paredes permanecem para recordação. Desde 1997
a estação foi privatizada, fechada e saqueada.
O crescimento da cidade ocorreu lentamente. Na
década de 1920 existiam somente 3 ruas, depois de 30 anos
continuava igual. Primeiro, porque a população estava, em sua
maioria, na Zona Rural e porque as pessoas que queriam morar
na cidade não podiam construir as casas de qualquer jeito.
Para morar na rua tinha que ter dinheiro o suficiente para
construir moradias dignas de um local que desejava ser visto
como moderno. Não era só chegar e fazer.
A residência devia ter uma altura certa, um modelo tal,
porque os signos da modernidade estavam em primeiro lugar.
Só podia fazer uma construção bem feita, nada de casinha
baixinha, de taipa e sem planejamento. Parece-me um absurdo.
Só podia morar na cidade latifundiários, comerciantes e
funcionários públicos.

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A EDUCAÇÃO NOSSA DE CADA DIA
No início, não havia preocupação com educação nem por
parte dos mais pobres, porque eles necessitavam dedicar o
seu tempo para sustentar a família, nem da parte dos mais
ricos, porque não queriam diminuir o número de trabalhadores
no campo. Por isso, não havia investimento na educação e a
população, em sua maioria, era analfabeta.
Para você ter uma ideia, em 1910, só existiam duas
pessoas que sabiam ler e escrever, de acordo com documentos
registrados na época pelo governo, que eram o padre José
Bethamio de Gouveia Nóbrega e o Dr. José Severino G. de
Araújo.
Eu não conheço nenhum adulto que não saiba ler ou
escrever, só os bebês e as crianças pequenas. Mas, parece
que o analfabetismo não era um problema só de Soledade. Ele
atingia todas as regiões do Brasil. Para mim é difícil imaginar
tanta gente que não consiga ler. Felizmente esta realidade
mudou.
As primeiras escolas de cidade eram improvisadas,
funcionavam em pequenas casas e o ensino era particular.
Então, apenas famílias que tinham uma boa condição financeira
podiam colocar os seus filhos na escola.
Dona Maria Figueiredo Nóbrega e Gervásio
Fernandes Bonavides foram uns dos primeiros professores
a disponibilizarem a oportunidade de ensino. Além destes,
diversas outras escolas começaram a funcionar na região e
a maioria não está mais ativa, por exemplo, Colégio São Luiz
Gonzaga, Escola de Dona Josefa Gomes, Ginásio Comercial
Gervásio Bonavides, Professor José Pereira de Oliveira,
Tapera de Inácio Nogueira e outras instituições.
A escola mais antiga de Soledade é a Escola Estadual de

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Ensino Fundamental e EJA Padre José Antônio Maria Ibiapina.
Ela mantém funcionamento e a sua estrutura sofreu algumas
modificações desde a sua inauguração.
O acesso às universidades era uma realidade de poucas
pessoas tanto quando falamos em questões econômicas quanto
a distância e o acesso das estradas, que eram muito precárias,
porém isto não impediu que diversas pessoas conseguissem
se formar e conseguir um diploma universitário.
Apesar de todos os obstáculos, a educação ultrapassou
diversas barreiras para chegar a praticamente toda a população.
Agora nós temos mais escolas públicas do que privadas, tanto
na zona rural quanto na zona urbana. Há na cidade escolas
municipais e estaduais, até mesmo, uma Instituição Federal.

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HINO E BANDEIRA

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O hino e a bandeira de Soledade foram criados pela
mesma pessoa, uma mulher pernambucana da cidade de
Sertânia, o seu nome era Irmã Ana de Nazareth. A Irmã Ana
pertencia a Ordem Nossa Senhora de Fátima e, antes de vir
a Soledade, ela morou no Estado do Rio de Janeiro. Ela veio
para a cidade com o objetivo de fundar uma Ordem Religiosa.
A bandeira foi criada no ano de 1966. Ela possui apenas
duas cores: branca e verde. Na parte branca se encontra um
cacto que é uma planta comum na vegetação local. Já tentaram
várias vezes mudá-la durante o governo de Marinaldo Castelo
Branco, mas, por fim, continuou a mesma. Apenas em 2010 que
a bandeira juntamente com o Hino Sentinela do Cariri foram
nomeados, oficialmente, como símbolos cívicos soledadenses.
Este Hino eu aprendi na escola, diz assim:

Sentinela do Cariri
Sentinela do Cariri,
Soledade Deus vela por ti (bis).
Soledade cidade fraterna
Sob um céu de eterno esplendor
A história do teu povo encerra
Grande exemplo de paz e valor
És tão simples acolhedora e pura
Qual Santana imortal padroeira
Mar no cerne de tua candura
Brilha a paz a nação brasileira.
Sentinela do Cariri,
Soledade Deus vela por ti (bis).
Quem do berço o futuro ilumina
Quem sagrou teu primeiro caminho

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Foi o labor do Padre Ibiapina
Foi a benção do Frei Martinho
O futuro hoje guia teus passos
O progresso te eleva e conduz
Mas acima de todos os laços
És fiel ao comando da cruz
Soledade Terra viril
Soledade Brasil. (BIS)

Demorei muito para aprendê-lo, mas valeu a pena. A


professora disse que podemos encontrar diversos elementos
do cristianismo na letra deste hino como a referência à
padroeira da cidade e a pessoas importantes da religião
católica que tiveram ligação direta com a nossa história como
o Padre Ibiapina e o Frei Martinho.
A Irmã Ana tinha vários talentos, além de compositora,
missionária, cantora e música – ela tocava sanfona, violão
e outros instrumentos – também era educadora. Ela foi
professora e diretora de uma das escolas mais importantes
de sua época que foi o Antigo Ginásio Comercial Gervásio
Bonavides. Nele os alunos usavam aqueles uniformes formais
que hoje a gente só vê em filmes e novelas.

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VOCÊS CONHECEM O FINAL DA HISTÓRIA?
Ufa! Acho que já falei demais, mas a história é mesmo
muito longa. Eu não contei nem a metade da metade do que
aconteceu. Até, porque mesmo que eu quisesse não poderia.
Ainda há muito que ser pesquisado e a ser descoberto. Minha
investigação não vai parar por aqui. Eu vou perguntar a outras
pessoas, vou colher diversas informações.
Tenho grandes pretensões. Quem sabe no futuro
não seja eu a estar passando o meu conhecimento adquirido
para uma criança tão curiosa quanto eu. Talvez escreva um
livro, deixe registrado de maneira física aquilo que a vida me
ensinou. Vou marcar na minha existência o que busco na minha
jornada, guardo na minha memória e carrego no coração.
Por enquanto que não sou tão bom com as palavras
escritas, vou me contentar com o uso das palavras faladas ou,
até mesmo, dos desenhos nos quais registrei e vou registrar
em variadas cores aquilo que não vivi, com tudo que pude e
posso imaginar. Agora percebo o quão valioso é o poder da
imaginação para as pessoas que pensam e desejam sonhos que
estão mais alto que as nuvens.
Contei para vocês, para minha família, os resultados
de um dia incrível de conversa com a professora Maria que me
fez entender um pedaço da história do lugar do meu caminhar.
Percebi que há um passado que está no meu respirar e se
faz mais presente do que muita gente. O mapa da cidade é
testemunha, física e estrutural, é um corpo marcado pelos
dias.
As paredes, os postes, os asfaltos, as calçadas, cada
pedra escolhida faz parte de uma história, de uma construção
feita para proteger e acolher. O espaço em que estou conta
uma história, como o meu corpo narra em cada pequena

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cicatriz um acontecimento da minha vida. Até as esquinas mais
estranhas têm algo para dizer.
Minha casa reproduz minha história, minha rua, minha
escola, minha cidade... Todos os espaços contribuíram para
me fazer crescer, da mesma forma, as pessoas que por eles
passaram. Posso dizer que presto atenção e enxergo a história
caminhando diante dos meus olhos, que consigo me perceber
enquanto protagonista, que atuo no presente, portanto, a soma
dos meus atos será lembrada no futuro quando eles forem
somente o passado, um vestígio de poeira do tempo.
A cidade é onde tudo se mistura: cheiros, gostos,
jeitos, cores e sons. A cidade é o meu espaço, por isso, eu
tenho que dizer: por mais que eu tente ou me esforce para
ditar o final da história de Soledade não vou conseguir, porque
ele não chegou. Estamos apenas no começo de tudo que ainda
está por vir.

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POSFÁCIO

Depois da leitura do livro “Soledade: minha cidade tem


história”, é impossível não se emocionar com as aventuras
do menino Pedro, criado pela autora Juliana Falcão. A gente
termina de ler com aquele calorzinho no coração fomentado
pelas imagens que criamos da narrativa a partir do belo
trabalho das ilustrações do livro. Nos sentimos dentro da
história, correndo ao lado de Pedro pelas ruas de Soledade,
atravessando a praça, passando em frente à igreja, brincando
em frente à escola, cumprimentando os mais velhos,
ziguezagueando pela feira da cidade.
Esse sentimento de estar dentro do livro e de acompanhar
as descobertas do menino Pedro, se dá graças a sensibilidade
e habilidade da autora Juliana Falcão em construir essa
narrativa. Juliana faz um movimento muito delicado com esta
obra: enunciar a história para crianças, esse público exigente,
crítico, imaginativo e questionador. Nesse movimento, ela
aborda três dimensões caras ao ofício do historiador: a
temporalidade dos eventos, a teoria e metodologia da História
e a importância da escrita da historiografia local.
Uma primeira dimensão se dá quando ela enuncia a
história da cidade numa dimensão temporal linear, quando
apresenta características do lugar desde a pré-história,
apresenta os povos indígenas, reconhece o trabalho de homens
e mulheres escravizados, aponta a atuação de religiosos e
influência da igreja na política local, reconhece aqueles que
deram contribuições para a educação e cultura, enfatiza as
atividades comerciais e as ligações com cidades vizinhas.

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Numa segunda dimensão, a autora trabalha conceitos
da teoria e metodologia da História. Os conceitos de tempo,
de identidade e de memória estão postos por Pedro quando
ele fala do seu desejo de conhecer a história de Soledade,
quando ele investiga aquelas memórias junto aos mais velhos,
quando ele ouve os relatos orais de memória, tão preciosos à
metodologia da História Oral, ditos pela professora Maria. Na
conversa com Maria, Pedro compreende que a sua história de
vida, assim como a de seus familiares e seus amiguinhos, estão
intimamente ligadas à história da cidade, de suas ruas, de seus
antepassados, e daquilo que cotidianamente eles constroem.
Pedro se sente parte da história da cidade ao passo em que a
cidade é parte de sua história.
O fortalecimento da historiografia local é uma terceira
dimensão que percebemos da obra de Juliana Falcão. Quando
ela intitula “Minha cidade tem História” ela defende o fato
de que a historiografia brasileira não é feita apenas pelas
histórias dos grandes centros urbanos, geralmente localizados
no eixo sul/sudeste/centro-oeste. Ela reforça que cada vez
mais há a necessidade de se conhecer e registrar as histórias
dos pequenos centros populacionais, porque ali também se dão
as experiências dos cidadãos em suas mais variadas esferas
culturais, políticas e religiosas, porque ali há também (des)
harmonias que envolvem o mundo do trabalho e do comércio,
que fomentam a identidade de um povo.
Além das contribuições que este livro dá para a História
enquanto ciência, enquanto registro de memória, enquanto
forma de ler o mundo e de estar nele, há também a contribuição
didática do livro. Com esta linguagem clara, compreensível
e honesta que a autora usa, essa obra deve ser muito bem

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usada por professores e alunos da rede básica de ensino. Este
livro se oferece como um aliado ao processo de ensino que,
de forma lúdica, porém criteriosa, aponta grandes questões
da historiografia local. E sabemos como é importante que,
desde cedo, as crianças conheçam a história de sua cidade.
Isto é imprescindível para a formação dos cidadãos e para a
manutenção dos seus direitos e da cidadania. Com a publicação
deste livro, ganha a historiografia, ganha Soledade, ganhamos
todos!
Por fim, como leitora, o que mais me emociona no livro
é o final da história, em que o menino Pedro reconhece como
inacabada, em que ele percebe que há mais por conhecer e
por contar, que ele constata que há outras versões, outros
significados, e a necessidade de partir em busca de outras
experiências. Viver, sentir, experimentar, lembrar... Ora, não
é isto que todos fazemos de maneira muito particular, e que
enche de sentidos o nosso estar neste mundo?

Hilmaria Xavier
Doutora em História pela UFPE

Campina Grande, fevereiro de 2021

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SOBRE A AUTORA

Juliana Karol de Oliveira Falcão (@julianakarolfalcao)


nasceu, em 16 de outubro de 1991, em João Pessoa, Paraíba.
Residiu durante quase toda sua vida na cidade de Soledade,
Paraíba. Atualmente mora na cidade de Garanhuns,
Pernambuco. Ela é Graduada em Licenciatura Plena em
História pela Universidade Estadual da Paraíba (UEPB),
Graduada em Licenciatura Plena em Letras - Língua
Espanhola (UEPB), Pós-Graduada em História Local (UEPB)
e Mestre em Literatura e Interculturalidade (UEPB).
Participou de diversas antologias literárias desde que, em
2018, se dedicou a participar de concursos literários nacionais
e internacionais. E-mail: Julianakarol-16@hotmail.com.

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SOBRE OS ILUSTRADORES

André Anjo (@anjodraww) e Neidinha Araújo (@nnmywa) são


artistas de designer gráficos. Juntos criaram a MN CRIATIVA
DESIGN (@mncriativa), onde expõem parte dos seus trabalhos.
Eles desenvolvem artes em variados segmentos como designer
gráfico, cartoon, caricaturas, grafites e ilustrações.

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