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Ergonomia e Segurança

do Trabalho
Análise do Trabalho em Ergonomia

Responsável pelo Conteúdo:


Prof. Me. Alessandro José Nunes da Silva

Revisão Textual:
Prof.ª Dra. Luciene Oliveira da Costa Granadeiro
Análise do Trabalho em Ergonomia

• Abrangência da Ergonomia;
• Norma Regulamentadora nº 17 (NR-17) – Ergonomia;
• Antropometria;
• Biomecânica;
• Fisiologia;
• Métodos de Aplicação da Ergonomia.


OBJETIVOS

DE APRENDIZADO
• Apresentar as normativas básicas de ergonomia;
• Fornecer instrumentos de trabalho que permitam o desenvolvimento de projetos e concepções
de postos/ambientes de trabalho que levem em consideração as características psicofisiológicas
dos trabalhadores;
• Apresentar a Antropometria, Biomecânica e Fisiologia, que são elementos necessários à aná-
lise do trabalho, bem como o projeto do posto de trabalho para as atividades relacionadas à
indústria e às atividades relacionadas à prestação de serviços.
UNIDADE Análise do Trabalho em Ergonomia

Abrangência da Ergonomia
A amplitude do conceito de Ergonomia vem sendo ampliado dia após dia.

Quanto maior o conhecimento das pessoas em geral sobre o que vem a ser Ergonomia
e suas respectivas aplicações, não só o conceito fundamental se consolida, como também
se aperfeiçoa de acordo com a resposta da Sociedade.

No Brasil, não há cursos de graduação que formam ergonomistas. Todavia, há uma


grande variedade de cursos de pós-graduação nessa área, para os mais diversos profissio-
nais, que vão desde a Engenharia até disciplinas ligadas à Saúde, à Psicologia e à Sociologia.

A maioria das empresas que aplicam a Ergonomia não possui uma área composta de
ergonomistas, mas possui um grupo de profissionais ligados, direta ou indiretamente, à
execução do trabalho e suas derivações.

Esse grupo deve ser multidisciplinar, ou seja, composto por profissionais de áreas
diversas, com aptidões e competências diferentes e complementares.

Isso permite que grupos multidisciplinares de Ergonomia possam e devam agir ergo-
nomicamente em qualquer tipo de trabalho e em qualquer segmento de mercado, no que
diz respeito à atividade ocupacional.

Seguindo esse princípio, sua aplicação depende do ser humano.

Na organização do meio ambiente de trabalho, que é um ambiente cada vez mais


competitivo, não é raro as empresas “incorporarem” a preocupação com a Ergonomia
e a segurança do trabalho, até porque existem normas brasileiras que regulamentam a
relação entre empregador e empregado.

A fim de aplicar devidamente a Ergonomia em toda sua amplitude, muitas empresas


criam e mantêm o “Comitê de Ergonomia”, que é um grupo de profissionais multidisci-
plinar, a fim de “garantir” que, nessa organização, as interações entre homens e sistemas
aconteçam harmonicamente.

Esse grupo deve se reunir periodicamente e planejar a aplicação de ações imedia-


tas, além de planejar eventos futuros, guardando a premissa de “melhoria contínua”.
De acordo com Lida (2005), há profissionais ligados à saúde do trabalhador, à organi-
zação do trabalho, ao projeto de máquinas e equipamentos. Trazem consigo sua contri-
buição em conhecimentos úteis que devem ser considerados na solução de problemas
ergonômicos, dentre os quais, destacam-se:
• Médicos do Trabalho: Podem ajudar na identificação dos locais que provocam
acidentes ou doenças ocupacionais e realizar acompanhamentos de saúde e, ainda,
criar um dossiê de “histórico de dor” por setor. Essa prática vai servir para orientar
o “Comitê de Ergonomia” na revisão de processos de trabalho atuais e no projeto
de novos processos de trabalho;
• Engenheiros de Projeto: Contribuem com os técnicos, procurando adequar máqui-
nas e ambiente de trabalho;

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• Engenheiros de Produção: Procuram distribuir o trabalho sem sobrecarga, esta-
belecendo um fluxo racional de materiais e postos de trabalho; devem estudar os
métodos de trabalho, tempos e postos de trabalho;
• Engenheiros de Segurança e Manutenção: Identificam áreas, máquinas e pro-
cessos de trabalho que podem oferecer risco ao trabalhador;
• Desenhistas Industriais: Ajudam na adaptação de máquinas e de equipamentos,
projeto do posto de trabalho e sistemas de comunicação;
• Psicólogos: São comumente envolvidos na análise dos processos cognitivos, relacio-
namentos humanos, seleção e treinamento de pessoal e podem dar sua contribuição
no estabelecimento de novos métodos;
• Enfermeiros e Fisioterapeutas: devem procurar agir preventivamente no histórico
de dor e de lesões ocupacionais. Quando a prevenção não tiver sido possível, atuam
na recuperação desses trabalhadores;
• Programadores de Produção: podem contribuir definindo, na medida do possível,
um fluxo contínuo de produção e evitando trabalhos noturnos;
• Administradores: podem atuar na elaboração de cargos e salários mais justos,
melhorando a autoestima do trabalhador;
• Compradores: devem ser conhecedores dos Princípios de Ergonomia, a fim de
procurarem adquirir máquinas, equipamentos e materiais mais limpos, seguros,
confortáveis e menos tóxicos.

Quando não existe um grupo multidisciplinar, que aqui chamamos de “Comitê de


Ergonomia”, apoiado incondicionalmente pela alta administração, ou quando a orga-
nização dá os primeiros passos dentro do universo da Ergonomia, muitas vezes, ela é
aplicada de acordo com a ocasião que é feita e, segundo Lida (2005) essa “Ergonomia
de ocasião” é classificada em concepção, correção, conscientização e participação:
• Ergonomia de concepção: Quando a abordagem ergonômica nasce com a ideia
inicial sobre uma máquina, um equipamento, um mobiliário é um processo de fa-
bricação e/ou prestação de serviços, o projetista já pensa na aplicação final de seu
produto e/ou serviço dentro dos preceitos da Ergonomia;
• Ergonomia de correção: Quando o problema já existe, seja histórico de dor física
seja alguma patologia psíquica desenvolvida pela natureza do trabalho feito, é ne-
cessária a mobilização de profissionais capacitados nessas áreas específicas, a fim
de corrigir esse histórico já existente;
• Ergonomia de conscientização: Ainda que a empresa forneça EPIs (Equipamentos
de Proteção Individual), ainda que haja palestras de integração quando o trabalhador
inicia seu trabalho na empresa, ainda que a empresa disponibilize equipamentos
ergonômicos para os funcionários e os engenheiros e fisioterapeutas promovam trei-
namentos sobre os movimentos corretos em novos processos; o trabalhador PRE-
CISA entender que toda essa mobilização de recursos é para ele; todavia, depende
dele o trabalho correto. É preciso preparar devidamente o trabalhador, por meio
de palestras de informação e conscientização da sua própria responsabilidade, para
a manutenção da sua própria saúde e motivação no ambiente de trabalho. Altos
investimentos são feitos por parte das organizações e, sem a devida participação
do trabalhador, todos esses esforços, bem como os investimentos mobilizados por

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UNIDADE Análise do Trabalho em Ergonomia

parte da empresa de NADA valem. A dor vai existir, o assédio moral vai existir, o
afastamento e o aumento nos custos, bem como a perda de eficiência vão persistir.
Por mais que seja oneroso “parar” a operação para palestras, ainda é bem mais
barato do que perder os investimentos de energia, de tempo e de dinheiro para
“aplicar devidamente a Ergonomia”;
• Ergonomia de participação: É quando o trabalhador ou o usuário participam do
processo de desenvolvimento de máquinas, equipamentos, mobiliário e processo
de fabricação e/ou prestação de serviços. A Ergonomia de participação é efetiva
quando o trabalhador ou usuário já possui conhecimentos prévios sobre o que vem
a ser Ergonomia.

Traçando um paralelo entre o conceito de Ergonomia e o conceito de qualidade, igual-


mente atuais, aplicáveis em qualquer segmento de mercado, em constante ampliação de
escopo, sabemos que, quando o conceito de qualidade invade toda a organização, podemos
entender que ela ampliou o escopo, de tal forma que tomou, invadiu toda a organização.

Para essa situação, é possível afirmar que a empresa chegou ao estágio de QUALI-
DADE TOTAL. Bem como a empresa que invade toda a organização com os conceitos
de qualidade e chega ao estágio de qualidade total, a organização, seja de natureza
manufatureira, seja de prestação de serviços, quando “invade” toda a empresa com os
conceitos de Ergonomia, podemos afirmar que aplicou a MACROERGONOMIA. Onde
há trabalho humano, sempre, em qualquer segmento de mercado, inclusive em nossa
vida cotidiana, deve haver Ergonomia. No ato de um estudante levar uma mochila para
escola, deve haver ergonomia de correção, na conscientização sobre como carregar a
mochila: as duas alças devem ser usadas uma em cada ombro. Caso seja possível, as
mochilas com rodinhas devem ser escolhidas.

Norma Regulamentadora
nº 17 (NR-17) – Ergonomia
No Brasil (2018), a NR 17 é a normativa que estabelece os parâmetros que permitam a
adaptação das condições de trabalho às características psicofisiológicas dos trabalhadores,
de modo a proporcionar um máximo de conforto, segurança e desempenho eficiente.

Nesse caminho, os profissionais com especialização em ergonomia, bem como pro-


fissionais que atuam no campo da saúde, segurança, projeto, produção etc., todos esses
atores podem observar as condições de trabalho onde incluem aspectos relacionados ao
levantamento, transporte e descarga de materiais, ao mobiliário, aos equipamentos e às
condições ambientais do posto de trabalho e à própria organização do trabalho.

Ponto importante que os profissionais precisam estar atentos é avaliar a adaptação


das condições de trabalho às características psicofisiológicas dos trabalhadores, e cabe
ao empregador realizar a Análise Ergonômica do Trabalho, devendo a mesma abordar,
no mínimo, as condições de trabalho, conforme estabelecido na NR 17.

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Como exemplo, o livro Pontos de Verificação Ergonômicas, traduzido pela Funda-
centro, mostra exemplos de ações simples que podem ser realizadas no meio ambiente
de trabalho (FUNDACENTRO, 2018).

Figura 1 – O profissional pode apontar ações que eliminem


as diferenças de altura das superfícies de trabalho
Fonte: Fundacentro, 2018

Figura 2 – Criar estratégias para que o trabalhador possa empurrar ou puxar os materiais pesados, em
lugar de erguê-los ou baixá-los. Mover os materiais ao longo de superfícies da mesma altura
Fonte: Fundacentro, 2018

O item 17.3 da NR 17 trata do mobiliário dos postos de trabalho. Para isso, o profissional
tem vários instrumentos de trabalho, desde o mais simples ao mais complexo, dependendo
muito da necessidade de cada momento de atuação, seja ele na fase de projeto ou de
melhorias. Para auxiliar, a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) elaborou
algumas normas que permitem auxiliar os profissionais, conforme apresentado a seguir:

Quadro 1 – Coletânea Eletrônica de Normas Técnicas | Ergonomia | Antropometria e Biomecânica

Diretrizes ergonômicas para a otimização das cargas de tra-


ABNT ISO/TS 20646:2017 balho sobre o sistema musculoesquelético.

ABNT NBR ISO 11226:2013 Avaliação de posturas estáticas de trabalho.

ABNT NBR ISO 11228-1:2017 Ergonomia – Antropometria e Biomecânica.

ABNT NBR ISO 11228-2:2017 Ergonomia – Movimentação manual – Parte 2: Empurrar e puxar.

Ergonomia – Movimentação manual – Parte 3: Movimenta-


ABNT NBR ISO 11228-3:2014 ção de cargas leves em alta frequência de repetição.

Requisitos gerais para o estabelecimento de bases de dados


ABNT NBR ISO 15535:2015 antropométricos.

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Um exemplo de proposta de melhoria do mobiliário e posto do trabalho é uma em


que se alterne a postura de pé com a posição sentada, que permite uma maior eficiência
e um maior conforto. Assim o designer pode seguir o exemplo uma banqueta alta com
um bom repouso para os pés, o que é muito útil para alternar as posições de pé e sen-
tada quando se realizam as mesmas tarefas ou tarefas semelhantes sobre uma mesa de
trabalho. Certifique-se de que haja disponibilidade de espaço suficiente para as pernas
em ambas as posições da figura a seguir:

Figura 3 – Mobiliário e posto do trabalho que permitam alternância de posição corporal


Fonte: Fundacentro, 2018

Condições Ambientais de Trabalho Iluminação


As condições ambientais de trabalho são variadas e devem estar adequadas às carac-
terísticas psicofisiológicas dos trabalhadores e à natureza do trabalho a ser executado.
Como exemplo, vamos destacar a iluminação geral ou suplementar que deve ser projeta-
da e instalada de forma a evitar ofuscamento, reflexos incômodos, sombras e contrastes
excessivos. Os métodos de medição e os níveis mínimos de iluminamento a serem ob-
servados nos locais de trabalho são os estabelecidos na Norma de Higiene Ocupacional
nº 11 (NHO 11) da Fundacentro – Avaliação dos Níveis de Iluminamento em Ambientes
de Trabalho Internos.

Figura 4 – As luminárias altas proporcionam uma melhor distribuição da luz


Fonte: Fundacentro, 2018

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Nota-se que as luminárias altas proporcionam uma melhor distribuição da luz. Uma
ação simples que os profissionais que atuam no campo da ergonomia podem proporcionar
para os trabalhadores uma iluminação suficiente, de forma que possam operar em todo
momento de modo eficiente e confortável.

Os benefícios de uma boa iluminação são:


• Aumento do seu rendimento do trabalhador, porque o posto de trabalho passa
a ser um lugar agradável para a execução das tarefas;
• Diminui erros nas tarefas e proporciona redução de riscos de acidentes;
• A iluminação de boa qualidade ajuda os trabalhadores a visualizarem os ele-
mentos de trabalho de forma rápida e com o nível de detalhamento exigido
pela tarefa, portanto, auxilia na melhora da qualidade.

Organização do Trabalho
A ergonomista aposentada da Fundacentro Leda Leal Ferreira aponta que devemos
olhar para a organização do trabalho, considerando nove elementos: 1) Deve haver
instrumentos de trabalho apropriados; 2) Deve haver uma ideia clara sobre o produto
que se quer 3) Deve haver local de trabalho apropriado para trabalhar, isto é, com boa
iluminação, espaço para se movimentar, ventilação etc. 4) Deve haver matéria-prima;
5) Ter tempo suficiente; 6) Ter trabalhadores em número suficiente; 7) Ter qualificação
necessária; 8) Ter tranquilidade para se dedicar ao trabalho; 9) Ter uma remuneração
condizente com as suas necessidades (FERREIRA, 2016).

Se o trabalhador tiver todas as nove condições já mencionadas, poderá fazer um tra-


balho útil, bonito e bem feito e ser reconhecido como um bom trabalhador. Mesmo que
tenha que trabalhar duro e ficar cansado no fim da jornada, se sentirá bem.
Mas, se algumas dessas condições faltarem, o que pode acontecer?

A primeira conclusão que a autora tira é que, quando analisamos o trabalho, conse-
guimos compreender: a) o que está neste trabalho é bom e faz bem aos trabalha-
dores e o que neste trabalho é ruim e pode fazer com que os trabalhadores sofram e
até fiquem doentes, com doenças físicas e mentais (FERREIRA, 2016).

O item da NR 17 descreve a organização do trabalho, onde os profissionais devem


sempre levar em consideração, no mínimo:
• As normas de produção;
• O modo operatório;
• A exigência de tempo;
• A determinação do conteúdo de tempo;
• O ritmo de trabalho;
• O conteúdo das tarefas.

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“O” de Organização do Trabalho. Disponível em: https://bityl.co/7jPX

Um exemplo que podemos utilizar neste tema é o retorno de experiência dos tra-
balhadores. Para podermos colocar em prática melhorias nos itens citados, podemos
utilizar um espaço de formação ou treinamento aos trabalhadores para que assumam
responsabilidades e fornecer-lhes os meios para que tragam melhorias nas suas tarefas.
A Fundacentro (2018, p. 271), sobre a organização do trabalho, destaca:

Os trabalhos interessantes e produtivos são aqueles nos quais os traba-


lhadores assumem responsabilidades no planejamento e na produção. Os
trabalhos com responsabilidades podem aumentar o grau de satisfação no
emprego. Os trabalhos sem responsabilidades reais não apenas são abor-
recidos, como ainda exigem supervisão contínua, convertendo-se em uma
carga adicional tanto para a empresa quanto para os trabalhadores. Todos
nós necessitamos sentir que nosso trabalho serve para algo, e que ele nos
permite desenvolver nossas capacidades e habilidades. Para alcançar esse
fim, é necessário formar os trabalhadores a fim de que assumam trabalhos
com responsabilidades.

• Organize grupos de discussão sobre como melhorar os trabalhos. Inclua nas


discussões as maneiras pelas quais os trabalhos com mais responsabilidades
podem beneficiar tanto a empresa quanto os trabalhadores;
• Forme grupos de discussão sobre organização do trabalho e das tarefas nas
sessões de treinamento sobre melhorias do trabalho e de desenvolvimento
profissional. Nessas sessões de treinamento, utilize exemplos de trabalhos bem
organizados que possam melhorar a satisfação no trabalho;
• Promova planos de trabalho em grupo, já que isso pode aumentar a consciência
de que os trabalhos que acarretam mais responsabilidades para o grupo são
mais interessantes e melhores para o desenvolvimento de habilidades;
• Proporcione boas oportunidades para a formação, seja no trabalho, seja me-
diante sessões especiais de treinamento ou de cursos, para a realização de tra-
balhos com mais responsabilidades e com múltiplas habilidades.

Antropometria
Segundo Lida (2005), a origem da antropometria está na Antiguidade, pois egípcios
e gregos já observavam e estudavam a relação das diversas partes do corpo. O reconhe-
cimento dos biótipos aparece nos tempos bíblicos, e os nomes de muitas unidades de
medida, utilizados hoje em dia, são derivados de segmentos do corpo.
A antropometria trata das medidas do corpo humano. Aparentemente, medir as pes-
soas seria uma tarefa fácil, bastando para isso ter uma régua, trena e balança.

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Entretanto, isso não é tão simples assim quando se pretende obter medidas represen-
tativas e confiáveis de uma população, que é composta de indivíduos dos mais variados
tipos e dimensões.

Uma das muitas aplicações das medidas antropométricas na ergonomia é relacionada


ao dimensionamento do espaço de trabalho, desenvolvimento de mobiliário, definições
dos espaços internos dos automóveis, ferramentas e dispositivos, além de melhor definição do
“tamanho humano” relacionado a roupas e equipamentos, principalmente com os avanços
tecnológicos associados às coordenadas tridimensionais da Engenharia e da Biomecânica.
Com isso, amplia-se a possibilidade do uso da tecnologia supracitada em procedimentos
diagnósticos e construção de próteses ortopédicas, por exemplo.

Quando os profissionais que estiverem na linha de frente do projeto, deve observar


que o trabalho deverá ser projetado de forma que resulte no menor desgaste de energia
e menor tensão fisiológica possível, portanto propiciando as melhores condições de tra-
balho para os trabalhadores (BARNES, 1977).

A antropometria Divide-se em:


• Antropometria estática: Refere-se a medidas gerais de segmentos corporais com
o indivíduo em posição estática (parado);
• Antropometria dinâmica: Refere-se a pequenos movimentos realizados por seg-
mentos corporais nos três planos de secções anatômicas;
• Antropometria funcional: Refere-se à análise dos movimentos específicos de uma
atividade considerando os três planos de secção e delimitações anatômicas em um
posto de trabalho.

Biomecânica
Qual a importância da Biomecânica para os estudos ergonômicos?
Para refletirmos sobre isso, precisamos compreender do que trata essa ciência. Ou seja:
• Considerando que a análise do movimento humano é feito pela Biomecânica e
Cinesiologia, respectivamente. A primeira refere-se às formas de avaliação dos mo-
vimentos (provas e funções), e a segunda busca analisar o movimento e o efeito da
força ao trabalhador (LIDA; GUIMARÃES, 2018);
• Considerando que o corpo humano é movido por um sistema musculoesquelético
e possui limitações, as quais devem ser respeitadas no desenvolvimento de um pro-
jeto ou uma atividade de trabalho (LIDA; GUIMARÃES, 2018);
• Considerando que a biomecânica é uma disciplina que estuda a estrutura e a função
dos sistemas biológicos, contribuindo para a devida compreensão do funcionamento
do sistema musculoesquelético que é composto por ossos, articulações, ligamentos,
músculos e tendões.
Para mostrar a importância dessa ciência, vamos refletir sobre o estudo realizado
por Vilela et al. (2015, p. 38). Eles realizaram uma análise ergonômica da atividade de
trabalho de um trabalhador no corte de cana manual e chegaram ao seguinte resultado:

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UNIDADE Análise do Trabalho em Ergonomia

O trabalhador destinou durante o período de 107 minutos de filmagem


1.373 golpes de podão e realizou 1.209 flexões de coluna. Com base na
medição linear de cana cortada durante o tempo da filmagem, a metragem
total do dia e a produção do trabalhador amostrada pela empresa nesse
dia, pode-se estimar que o trabalhador realizou nesse dia cerca de 3.080
flexões de coluna e pelo menos 3.498 golpes de podão durante aproxima-
damente 8 horas de jornada de trabalho. Essa atividade, realizada em alta
repetitividade, é composta por operações que exigem força, precisão no
golpe, flexão de coluna (44% do tempo da atividade), atividade exercida em
pé (43% do tempo), rotações de quadril (9% do tempo) e sentado (4% do
tempo), as três primeiras em situações extremamente prejudiciais a saúde.
O golpe no feixe de cana é “devolvido” na forma de impactos no sistema
musculoesquelético. Uma das evidências do risco de lesões é o tamanho
do ciclo medido em segundos. O ciclo de trabalho no corte da cana, so-
mando-se os tempos médios de cada ação que compõem a operação de
corte em diversas modalidades, obteve um ciclo médio no corte de três
ruas de 5,68 segundos; no corte de uma rua, 4,36 segundos.

Qual o papel do ergonomista ao avaliar biomecanicamente uma atividade de trabalho? Qual


a importância dessa avaliação?

Fisiologia
As análises ergonômicas do trabalho devem ser realizadas para avaliar a adaptação
das condições de trabalho às características psicofisiológicas dos trabalhadores e subsi-
diar a implementação das medidas e adequações necessárias previstas na NR-17.
Portanto, precisamos compreender o que significa a Fisiologia, que é uma área de es-
tudo sobre o funcionamento físico, orgânico, mecânico e bioquímico dos seres humanos.
A fisiologia do trabalho está relacionada aos gastos energéticos, preocupando-se em re-
duzir a carga física e os fatores de sobrecargas fisiológicos, como temperatura ambiental
e ruídos (LIDA; GUIMARÃES, 2018).
Como usar o conhecimento da fisiologia nas avaliações ergonômicas?
Um exemplo pode ser uma avaliação realizada junto aos trabalhadores cortadores de
cana no estudo conduzido por (VILELA et al., 2015), no qual, ao avaliar um trabalhador,
evidenciou o corte de 22,4 toneladas no dia do monitoramento. Tal situação trouxe uma re-
percussão fisiológica que pode ser vista no registro dos batimentos cardíaco do trabalhador:

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Figura 5 – Monitoramento de parâmetros fisiológicos (frequência cardíaca) e do Índice de Bulbo Úmido
Termômetro de Globo (IBUTG) durante uma jornada de trabalho no corte manual de cana-de-açúcar
Fonte: VILELA et al., 2015

Alguns aspectos do funcionamento dos estudos da Fisiologia:


• Respiração;
• Circulação;
• Reprodução;
• Digestão;
• Cardiovação (sistema circulatório).

Figura 6 – Sistemas do Corpo Humano


Fonte: Getty Images

Métodos de Aplicação da Ergonomia


Considerando que a NR 17 determina que a elaboração da AET é originalmente
composta de procedimentos de coleta de dados como entrevistas, análise de dados da
empresa e da população trabalhadora, análise dos procedimentos de trabalho, análises
dos levantamentos de riscos/perigos e observações do trabalho real. Nota-se que, antes
de iniciar uma AET na empresa, é preciso criar o método de análise que pode ser de-

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UNIDADE Análise do Trabalho em Ergonomia

senvolvido por uma equipe multidisciplinar. A fim de promover uma análise ergonômica
adequada e técnica do posto de trabalho, são utilizadas as ferramentas auxiliares aplica-
das à ergonomia.

Importante!
A Análise do Trabalho em Ergonomia, existem termos “modelo”, “método” e “ferramenta”
que são, muitas vezes, utilizados de maneira indiscriminada e acabam se confundindo nos
estudos práticos, por isso, abaixo, apresentamos uma descrição para ajudar na reflexão.

Quadro 2 – Termos utilizados na Análise do Trabalho em Ergonomia

Um modelo é uma redução, uma simplificação da realidade que


contêm somente algumas características do seu objeto (caso
contrário, seria o objeto em si). Ele funciona como “ponte” entre
a teoria e a realidade, servindo algumas vezes para verificação
Modelo empírica de uma teoria, e outras vezes para dar origem a novos
modelos e novas teorias. Um modelo é, assim, uma representação
(desenho, diagrama, esboço, ilustração, maquete etc.), fruto de
uma elaboração mais ou menos complexa de modelização a partir
de uma teoria.

Um método propõe as bases – o passo a passo – para se realizar


um conjunto de tarefas visando a chegar a um objetivo. Trata-se
Método de uma maneira sistemática e organizada de realizar algo. Em ci-
ência, ele visa a guiar o processo de produção de conhecimento
científico através de experiências, observações, cálculos etc.

As ferramentas, por sua vez, são instrumentos ou recursos empre-


Ferramentas gados na aplicação do método.

Fonte: Adaptado de NASCIMENTO; ROCHA, 2021

Os profissionais que atuam com o campo da Ergonomia precisam ficar atentos às


ferramentas utilizadas, uma vez que a sua maioria é quantitativa e traduz em números
os dados coletados, que são analisados e classificados. O uso indiscriminado dessas
ferramentas, muitas vezes, “fechando diagnósticos” errôneos, mostra o cuidado que o
profissional deve ter em evitar o que não corresponde à realidade. Mas as ferramentas,
quando utilizadas em momentos corretos – ou seja, na fase de tratamento de dados da
AET, conforme determina a NR 17 –, após terem passado por todas as fases relacionadas
à construção de hipóteses, análises de documentos, observações em campo e entrevistas,
podem servir de auxílio na construção de um diagnóstico do trabalho (NASCIMENTO;
ROCHA, 2021).

A equipe que vai analisar pode escolher um modelo ou mais, e uma ou várias ferramen-
tas de análise. Veja, como exemplos, as tradicionais (OCRA, Owas, Equação NIOSH, Rula,
Reba, Questionário Nórdico, EWA, lista de verificação etc.) que serão descritas abaixo.

Antes de dar continuidade no estudo, assista ao vídeo Ferramentas Ergonômicas? Para quê?
Disponível em: https://bityl.co/7jPB

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O uso das ferramentas ergonômicas é variada e, por isso, é preciso refletir sobre suas
características, tais como:
• Qualidade da aplicação;
• Rapidez em obtenção de resultados;
• Resultado objetivo;
• Reconhecimento internacional;
• Uso para identificação de funções de maior risco;
• Estudo comparativo após melhorias;
• Efeito judicial;
• Comercial.
Segundo Pavani e Quelhas (2006), a legislação brasileira, embora afirme que visa es-
tabelecer parâmetros para a adaptação das condições de trabalho às características psi-
cofisiológicas dos trabalhadores e que para avaliar essa adaptação cabe às organizações
realizar análise ergonômica do trabalho, não deixa claro ou não sugere metodologias
para essas avaliações de riscos ergonômicos.
O manual de aplicação da NR 17 (MINISTÉRIO DO TRABALHO, 2002) também
não define ou orienta quanto aos métodos a serem utilizados para avaliação dos riscos er-
gonômicos das atividades ocupacionais, citando apenas a equação do National Institute
for Occupational Safety and Health – NIOSH, órgão do governo americano que desen-
volveu uma equação que permite calcular qual seria o limite recomendável para levan-
tamento e transporte manual de peso, levando-se em conta alguns fatores específicos.
Existem muitas ferramentas de análise de riscos ergonômicos encontrados na lite-
ratura disponível, delineados para determinar e quantificar a exposição a fatores de
risco devido à sobrecarga biomecânica dos membros superiores. Entre eles, destacam-se
aqueles que evidenciam de forma qualitativa a presença de características ocupacionais
que podem levar o avaliador em direção à possível presença de um risco, aqueles que,
por outro lado, na base de checklist, permitem um rápido enquadramento do problema
e aqueles mais complexos que podem caracterizar a multifatoriedade da exposição. Não
existem métodos de avaliação de risco que podem atender completamente todos os
critérios, apesar disso, alguns deles se apresentam mais completos em sua formulação.
Nesse cenário, abordaremos algumas das ferramentas aplicadas à ergonomia:

Quadro 3 – Ferramentas Ergonômicas

Avalia os fatores de risco, considerando a postura, repetitividade,


RULA aplicação de força e ações musculares;

Determina o limite do peso recomendado considerando a cons-


Equação NIOSH tante carga, distância horizontal, distância vertical, deslocamento
vertical, assimetria, frequência e qualidade da pega;

Avalia a postura de trabalho, no que concerne à posição das cos-


Owas tas, braços e pernas, o manuseio de carga e uso da força e a frequ-
ência, considerando diagramas posturais e tabelas;

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UNIDADE Análise do Trabalho em Ergonomia

Avalia fatores de risco trabalhos com uma única tarefa repetitiva


ou multitarefas, em que se centraliza a análise nos membros su-
periores, como ombro e braço (flexão, extensão e abdução), coto-
OCRA velo (flexão, extensão e supinação com a palma da mão para cima
e pronação com a palma da mão para baixo), pulso (flexão, exten-
são, desvio lateral), mãos e dedos (movimento de pega). Avalia
a repetitividade, ausência de pausas, temperaturas e vibrações.

Avalia a postura e a capacidade de manipulação de cargas, consi-


REBA derando as posições do tronco, pescoço, pernas, braços, antebraços
e punhos;

Caracteriza o local de trabalho, considerando o espaço de traba-


lho, a atividade física desempenhada, manuseio de carga, postu-
EWA ras, movimentos, risco de acidentes, conteúdo do trabalho entre
outros, com peso de validação dos trabalhadores.

Revisão de Ferramentas para Avaliação Ergonômica. Disponível em: https://bityl.co/7jOx

Exemplos de Ferramentas Ergonômicas


RULA – Rapid Upper Limb Assessment
A ferramenta foi desenvolvida para ser usada em investigações ergonômicas de
postos de trabalho onde existe a possibilidade de desenvolvimento de LER/DORT em
membros superiores.

A ferramenta RULA avalia: Postura, Atividade Muscular e Força


Segundo Pavani e Quelhas (2006), a ferramenta RULA (Rapid Upper – limb assessment)
é um instrumento ágil e veloz que permite obter uma avaliação da sobrecarga biomecânica
dos membros superiores e do pescoço, em uma tarefa ocupacional. Essa ferramenta deve
ser utilizada em um contexto de avaliação ergonômica geral. Essa afirmação parece eviden-
te pelo fato de que o output principal da ferramenta é aquele de identificar a necessidade
de uma análise mais profunda do risco com outros métodos, portanto, é um instrumento de
investigação genérica como o de outros checklist.

O determinante de risco ergonômico nessa ferramenta é representado pelas postu-


ras assumidas pelos trabalhadores, na jornada de trabalho. As posturas avaliadas são
as adotadas pelos membros superiores, o pescoço, o tronco e os membros inferiores.
A avaliação de risco é feita a partir de uma observação sistemática dos ciclos de trabalho,
pontuando as posturas, frequência e força dentro de uma escala que varia de 1 (um),
correspondente ao intervalo de movimento ou postura de trabalho onde o fator de risco
correlato é mínimo, até ao valor 9 (nove) onde o fator de risco correlato é máximo. Essa
pontuação é fundamentada na literatura especializada em Biomecânica ocupacional.

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Tabela 1 – Nível de Intervenção para os Resultados do Método RULA
Nível de Ação Pontuação Intervenção
A postura è aceitável se não for mantida ou repe-
1 1-2
tida por longos períodos;
São necessárias investigações posteriores; Algum
2 3-4
intervenções podem se tornar necessárias;
3 5-6 É necessário investigar e mudar em breve;
4 ≥ É necessário investigar e mudar imediatamente.

REBA – Rapid Entire Boby Assessment


É usado para avaliar a exposição dos trabalhadores a fatores de risco.

Segundo Pavani e Quelhas (2006), a ferramenta REBA (Rapid Entire Boby Assessment)
foi desenvolvida para estimar o risco de desordens corporais ao que os trabalhadores estão
expostos. As técnicas que se utilizam para realizar uma análise postural têm duas caracterís-
ticas que são a sensibilidade e a generalidade. Uma alta generalidade quer dizer que é apli-
cável em muitos casos, mas provavelmente tenha uma baixa sensibilidade, que quer dizer
que os resultados que se obtenham podem ser pobres em detalhes. Porém, as técnicas com
alta sensibilidade, em que é necessária uma informação muito precisa sobre os parâmetros
específicos que se medem, parecem ter uma aplicação bastante limitada.

A ferramenta REBA é para avaliar a quantidade de posturas forçadas nas tarefas ma-
nipuladas pessoas ou qualquer tipo de carga animada, apresentando uma grande simi-
laridade com a ferramenta RULA, e assim como ela, é dirigida às análises dos membros
superiores e a trabalhos onde se realizam movimentos repetitivos. A ferramenta inclui
fatores de carga postural dinâmica e estática, na interação pessoa-carga, e um conceito
denominado de “a gravidade assistida” para a manutenção da postura dos membros supe-
riores; isso quer dizer que é obtida a ajuda da gravidade para manter a postura do braço
onde é mais custoso manter o braço levantado do que tê-lo pendurado para baixo. Ela foi
concebida inicialmente para ser aplicada em análises de posturas forçadas, adotadas pelo
pessoal da área médica e hospitalar, como auxiliares de enfermagem, fisioterapeutas etc.

A avaliação de risco também é feita a partir de uma observação sistemática dos ciclos
de trabalho, pontuando as posturas do tronco, pescoço, pernas, carga, braços, antebraços
e punhos em tabelas específicas para cada grupo. Após a pontuação de cada grupo, é
obtida a pontuação final, que é comparada com uma tabela de níveis de risco e ação em
escala que varia de 0 (zero), correspondente ao intervalo de movimento ou postura de
trabalho aceitável e que não necessita de melhorias na atividade, até ao valor 4 (quatro),
onde o fator de risco é considerado muito alto sendo necessária atuação imediata.

Tabela 2 – Verificação dos níveis de risco e ação do método REBA


Intervenção e
Nível de Ação Pontuação Nível de Risco
Posterior Análise
0 1 Inapreciável Não necessário
1 2-3 Baixo Pode ser necessário
2 4-7 Médio Necessário

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UNIDADE Análise do Trabalho em Ergonomia

Intervenção e
Nível de Ação Pontuação Nível de Risco
Posterior Análise
3 8 - 10 Alto Prontamente necessário
4 11 - 15 Muito Alto Atuação imediata

NIOSH
Em 1981, nos Estados Unidos, sob iniciativa do National Institute for Ocupational
Safety and Health – NIOSH, patrocinou-se o desenvolvimento da ferramenta para de-
terminar a carga máxima a ser manuseada numa atividade de trabalho.

A ferramenta NIOSH foi revisada em 1991, sendo proposto o limite de peso reco-
mendado (LPR) e o Índice de levantamento (IL).

Ao determinar o LPR e o IL, estima-se o risco de lesão naquela situação, naquele


posto de trabalho.

Deve-se respeitar o peso que uma pessoa possa levantar em situação de trabalho, na
qual 90% dos homens e, no mínimo, 75% das mulheres o façam sem lesão.

Tarefas de levantamento e de abaixamento de pesos têm idêntico potencial para


causar lesões lombares.

Cálculo:

Limite de peso recomendado:


• LPR = 23 x FDH x FAV x FDVP x FFL x FRLT x FQPC ou;
• LPR = 23 x HM x VM x DM x FM x AM x CM.

Onde o valor 23, corresponde ao peso limite ideal, quer dizer, aquele que pode ser ma-
nuseado sem risco particular, quando a carga está idealmente colocada, compreendendo:
• FDH (Fator de Distância Horizontal em relação à carga) = 25 cm;
• FAV (Fator de Altura Vertical em relação ao solo) = 75 cm;
• FRLT (Fator de Rotação Lateral do Tronco) = 0;
• FFL (Fator Frequência de Levantamento) menor que uma vez a cada 5 minutos;
• Pega carga fácil e confortável (boa).

Questionário Nórdico
O questionário nórdico foi desenvolvido para autopreenchimento. Há um desenho
dividindo o corpo em 9 partes. Os trabalhadores devem responder “sim” ou “não” para
3 situações que envolvem essas 9 partes:
• Você teve algum problema nos últimos 7 dias?
• Você teve algum problema nos últimos 12 meses?
• Você quis deixar de trabalhar algum dia nos últimos 12 meses devido ao problema?

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O questionário é distribuído juntamente com uma carta explicando os objetivos do
levantamento e solicitando a colaboração. Segue-se um bloco de caracterização do su-
jeito, pedindo para indicar o sexo, idade, lateralidade (destro, canhoto, ambidestro). Fi-
nalmente, indica-se onde devem ser entregues os questionários preenchidos e faz-se um
agradecimento pela colaboração.

Figura 7 – Formulário – Questionário Nórdico


Fonte: Reprodução

Segundo Lida (2005), o questionário é válido, sobretudo, quando se quer fazer um le-
vantamento abrangente, rápido e de baixo custo. Ele pode ser usado para que se faça um
levantamento inicial das situações que requerem análises mais profundas e medidas cor-
retivas. Os dados podem ser processados eletronicamente para identificar os principais
problemas posturais em uma empresa. Pode ser usado como diagnóstico preliminar que
será usado no primeiro pilar da primeira fase de implantação do Comitê de Ergonomia.

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UNIDADE Análise do Trabalho em Ergonomia

Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:

 Sites
Ferramentas ergonômicas podem ser pesquisadas no site Ergolândia 7.0
https://bityl.co/7jNn

 Vídeos
Antropometria
https://youtu.be/b7kdFt2Hpdc
Técnicas Antropométricas
https://youtu.be/QwXcKAuhooE
Biomecânica do Pé
https://youtu.be/0EHV2PfDv7I
Laboratório de Biomecânica
https://youtu.be/AUYYjawZsH0
Ciência das artes marciais – Biomecânica do judô
https://youtu.be/oLRpzvBkXmE
Fisiologia humana
https://youtu.be/w4-1-QaXc5c

 Leitura
Manual de Aplicação da Norma Regulamentadora Nº 17
https://bityl.co/7jNj
Manual de Auxílio na Interpretação e Aplicação da Norma Regulamentadora nº 36
https://bityl.co/7jNk

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Referências
BARNES, R. M. Estudo de movimentos e de tempos: projeto e medida do trabalho.
São Paulo. Editora Blucher, 1977.

BRASIL. Escola Nacional da Inspeção do Trabalho. Normas Regulamentadoras de


Segurança e Saúde no Trabalho. NR 17 – Ergonomia, 2018. Disponível em: <https://
enit.trabalho.gov.br/portal/images/Arquivos_SST/SST_NR/NR-17.pdf>. Acesso em:
13/04/2021.

FERREIRA, L. L. Análises do Trabalho: Escritos Escolhidos. Belo Horizonte:


Fabrefactum, 2016.

FUNDACENTRO. Pontos de verificação ergonômica: soluções práticas e de fácil apli-


cação para melhorar a segurança, a saúde e as condições de trabalho. Organização In-
ternacional do Trabalho. Tradução, Fundacentro. 2. ed. São Paulo: Fundacentro, 2018.

LIDA, I. Ergonomia, projeto e produção. São Paulo: Blucher, 2005.

LIDA, I.; GUIMARÃES, L. B. M. Ergonomia: projeto e produção. 3. ed. São Paulo:


Blucher, 2018.

LAPERUTA, D. G. P.; OLIVEIRA, G. A.; PESSA, S. L. R.; LUZ, R. P. da. Revisão


de Ferramentas para Avaliação Ergonômica. Revista Produção Online. Florianópolis,
SC, v. 18, n. 2, p. 665-690, 2018.

NASCIMENTO, A.; ROCHA, R. Análise do Trabalho em Ergonomia: modelos, mé-


todos e ferramentas. Livro Engenharia do Trabalho. Saúde, Segurança, Ergonomia e
Projeto. Campinas: Libris, 2021. Prelo. Disponível em: <http://engenhariadotrabalho.
com.br/sobreolivro/>.

PAVANI, R. A.; QUELHAS, O. L. G. Avaliação dos riscos ergonômicos como ferramen-


ta gerencial em saúde ocupacional. XIII SIMPEP, Bauru, São Paulo. Novembro de 2006.

VILELA, R. A. de G. et al. Pressão por produção e produção de riscos: a “maratona”


perigosa do corte manual da cana-de-açúcar. Rev. bras. saúde ocup. [on-line]. 2015,
vol. 40, n. 131 [cited 2021-04-13], pp. 30-48.

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