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FUNDAMENTOS DE
TOXICOLOGIA

Professora : Me. Flavianny Brencis da Silva Mikalouski

Objetivos de aprendizagem
• Compreender os conceitos básicos da toxicologia.

• Conhecer as possíveis fontes de contaminação ambiental e a dinâmica das substâncias tóxicas no ambiente.

• Identificar as formas de intoxicação e seus principais efeitos.

Plano de estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade:

• Conceitos Básicos de Toxicologia

• Contaminação Ambiental

• Intoxicação – Formas e Efeitos Contribuições do profissional de pedagogia para a sociedade ao longo da

Introdução
Neste estudo serão abordados os conceitos básicos e principais da Toxicologia, com ênfase na Toxicologia Ambiental, considerando a Toxicologia como a ciência que estuda os
efeitos nocivos decorrentes das interações de substâncias químicas com o organismo. Logo, a toxicologia ambiental estuda os efeitos nocivos causados pela interação de agentes
químicos contaminantes do meio ambiente (água, ar, solo). Dentro dessa área da toxicologia, temos a ecotoxicologia, a qual estuda especificamente o impacto de substâncias tóxicas
na população dinâmica de um ecossistema. Será abordada a diferença entre contaminação, relacionada diretamente aos efeitos na saúde, e a poluição ambiental, relacionada
diretamente aos efeitos no ambiente.

Com principal interesse na contaminação, serão abordadas as suas classificações a partir da sua natureza, podendo ser de origem biológica, física ou química. Veremos ainda sobre
os meios de introdução de contaminantes no meio ambiente e seu comportamento, de transformar, degradar e sequestrar, podendo ocorrer por processos químicos, biológicos e
físicos, com base em suas características específicas. Outro tema a ser discutido em nosso material será a rota de exposição do composto tóxico, separadas em fonte de contami-
nação, compartimentos ambientais afetados, mecanismo de transporte, ponto de exposição, vias de exposição, população receptora.

Abordaremos também as formas de intoxicação, que correspondem ao conjunto de sinais e sintomas devido ao desequilíbrio orgânico proveniente da ação de uma substância
tóxica. Assim, veremos que os principais meios encontrados pelas substâncias do ambiente para acesso ao corpo humano são o trato gastrointestinal, os pulmões e a pele.
Lembrando que a introdução de uma substância química no organismo poderá ocorrer por uma ou mais vias.

Por fim, conheceremos as alterações decorrentes de contaminação, sejam elas genéticas, bioquímicas, morfológicas ou fisiológicas (sinais e sintomas), que ocorrem por processos
toxicodinâmicos e correspondem à interação das substâncias com os meios específicos de ação, considerando sua intensidade, que varia de acordo com a quantidade de substância
presente no local.

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UNICESUMAR | UNIVERSO EAD


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CONCEITOS BÁSICOS DE TOXICOLOGIA


Caro(a) aluno(a) a toxicologia é a ciência que estuda os efeitos nocivos decorrentes das interações de substâncias químicas com o organismo, sob condições específicas de
exposição, incorporando conhecimentos de bioquímica, biologia, química, genética, matemática, medicina, farmacologia, fisiologia e física (KLAASSEN; WATKINS III, 2012); (OGA et
al., 2008); (SISINNO; OLIVEIRA-FILHO, 2013).

Conceitos Básico

Podemos considerar que a toxicologia envolve três pontos básicos, uma substância (agente) que produz um efeito; um sistema biológico com o qual o agente possa inte- ragir
produzindo um efeito; e um efeito (resposta) que possa ser considerado nocivo ao sistema de interação (SISINNO; OLIVEIRA-FILHO, 2013).

Segundo a National Academy of Sciences, um efeito é nocivo quando: em exposi- ção prolongada resulte em transtornos da capacidade funcional e/ou da capacidade do organismo
em compensar a sobrecarga; diminui a capacidade do organismo de manter sua homeostasia (processo de regulação pelo qual um organismo mantém constante o seu equilíbrio),
seja o efeito reversível ou irreversível; e/ou aumenta a suscetibilidade a efeitos indesejáveis de outros fatores ambientais tais como os químicos, físicos, biológi- cos ou social (OGA
et al., 2008).

Um agente tóxico ou toxicante corresponde ao agente químico com capacidade de causar dano a um sistema biológico, alterando uma função e podendo ocasionar a morte. O termo
veneno é usado popularmente para expressar substâncias ou misturas químicas que provocam intoxicação ou morte com baixas doses, ou para designar substâncias de funções de
autodefesa ou de predação de animais, como veneno de cobra e abelha. Já o conceito de droga é toda substância capaz de modificar o sistema fisiológico ou estado patológico,
podendo ser usada ou não como benefício para o organismo. Diferente do fármaco , que é considerada toda substância química capaz de modificar o sistema fisiológico em benefício
ao organismo. E toda a substância capaz de combater, agir de forma contrária aos efeitos tóxicos de uma substância, é chamada antídoto (OGA et al., 2008).

Toxicidade é a capacidade do agente tóxico de promover efeito nocivo aos organismos vivos, na maioria das vezes, ocorre devido a vários fatores e tem início com a exposição,
seguida da distribuição e biotransformação, concluindo com a interação com macromoléculas. A ação tóxica é maneira que um agente tóxico exerce sua atividade, enquanto que a
intoxicação é a manifestação dos efeitos tóxicos.

Os principais fatores que influenciam na toxicidade são a rota de administração da substância, a duração, a frequência de exposição e a existência de processos químicos, físicos e
biológicos no ambiente, sendo o efeito tóxico proporcional à dose do toxicante. A tolerância corresponde ao estado de resposta diminuída ao efeito tóxico, resultante da exposição
prévia, podendo ocorrer devido ao mecanismo de redução da quantidade de toxicante do local que ocorre o efeito tóxico (tolerância disposicional), ou pelo mecanismo de
diminuição da resposta ao produto químico. Lembrando que cada sistema biológico pode apresentar uma resposta diferente, de acordo com a sua tolerância e sensibilidade,
envolvendo fatores hereditários e de idade (KLAASSEN; WATKINS III, 2012; OGA et al., 2008; SISINNO; OLIVEIRA-FILHO, 2013).

A ocorrência da intoxicação permite efeitos adversos (sinais e sintomas), que correspondem ao conjunto de alterações genéticas, bioquímicas, morfológicas ou fisiológicas. Essas
alterações são decorrentes de processos toxicodinâmicos, ou seja, da interação das substâncias com os seus sítios específicos de ação.

A toxicologia pode ser dividida em diversas áreas, Toxicologia Analítica ou Química, Toxicologia Clínica ou Médica, Toxicologia Forense e Toxicologia Experimental. Vamos detalhar
um pouco cada uma delas (OGA et al., 2008; SISINNO; OLIVEIRA-FILHO, 2013).

• Toxicologia Analítica: corresponde à detecção do agente químico ou parâmetro relacionado à exposição ao toxicante. Tendo o objetivo de prevenir ou diagnosticar a intoxicação.
Pode ser usada no aspecto forense, a fim de detectar e identificar substâncias tóxicas para fins médico-legais, ou em materiais como água, alimento, medicamentos, drogas ilícitas.
Também ocorre no monitoramento terapêutico, em pacientes que realizam longos tratamentos, a fim de corrigir as doses, e no monitoramento biológico, a fim de detectar os
toxicantes, seus metabólitos ou qualquer alteração de parâmetros bioquímicos, no material biológico do paciente. Outra ativida- de, corresponde ao controle antidopagem, na
investigação de substâncias proibidas no meio esportivo.

• Toxicologia Clínica: tem como responsável um profissional da área, que realize o atendimento a fim de prevenir ou diagnosticar uma intoxicação, aplicando a terapia necessária.
Com auxílio da toxicologia analítica para a determinação do toxicante envolvido.

• Toxicologia Forense: estuda o aspecto médico-legal das intoxicações. Principalmente na elucidação das causa de mortes. Também pode ser em- pregada na área esportiva na
avaliação de dopping em competições.

• Toxicologia Experimental: corresponde aos estudos dos mecanismos de ação dos agentes tóxicos sobre o sistema biológico e avaliação dos efeitos.

A Toxicologia objetiva melhorar a qualidade de vida e a saúde ambiental, com amplo campo de atuação. Dentro da toxicologia, existem diversas áreas de atuação, de- pendendo da
natureza do agente ou como ele age no sistema biológico, podendo ser definidas como: Toxicologia Ambiental, Toxicologia Ocupacional, Toxicologia de Alimentos, Toxicologia de
Medicamentos e Cosméticos, e Toxicologia Social (OGA et al., 2008).

• Toxicologia Ambiental: estuda os efeitos nocivos causados pela interação de agentes químicos contaminantes do meio ambiente (água, ar, solo). Dentro dessa área da toxicologia
temos a Ecotoxicologia, a qual estuda especificamente o impacto de substâncias tóxicas na população dinâmica de um ecossistema.

• Toxicologia Ocupacional: estuda os efeitos nocivos decorrentes da interação de agentes químicos com os indivíduos expostos a eles em ambiente de trabalho.

• Toxicologia de Alimentos: estuda os efeitos nocivos provocados por substâncias químicas presentes nos alimentos, a fim de definir condições e padrões que não causem danos ao
organismo.

• Toxicologia de Medicamentos e Cosméticos: estuda os efeitos nocivos de produtos decorrentes da interação de medicamentos ou cosméticos com o organismo, na maioria dos casos
devido ao uso inadequado ou da suscetibilidade individual.

• T oxicologia Social: estuda os efeitos nocivos do uso, não medicinal, de fármaco ou drogas.

Toxicante: agente químico com capacidade de causar dano a um sistema biológico.

Veneno: substâncias ou misturas químicas que provocam intoxicação ou morte com baixas doses.

Droga: substância capaz de modificar o sistema fisiológico ou estado pato- lógico, podendo ser usado ou não como benefício para o organismo.

Fármaco: substância química capaz de modificar o sistema fisiológico em benefício ao organismo.

Toxicidade: capacidade do agente tóxico de promover efeito nocivo aos or- ganismos vivos.

Ação tóxica: maneira que um agente tóxico exerce sua atividade. Intoxicação: manifestação dos efeitos tóxicos.

Fonte: a autora.

Toxicologia Ambiental
Dentro da toxicologia ambiental temos o termo ecotoxicologia , que corresponde a caracterização, entendimento e identificação dos efeitos dos produtos químicos de origem
antrópica produzidas pelo homem. Logo, ela estuda os efeitos tóxicos das substâncias químicas na população e no ecossistema e suas maneiras de prevenção e tratamento, assim
como a influência dos fatores bióticos (tipos de organismos envolvidos) e abióticos (características do ambiente) (OGA et al., 2008).

Com foco na toxicologia ambiental, alguns termos devem ser definidos, como o caso da diferenciação entre contaminação e poluição ambiental. Contaminação está relacionada
diretamente aos efeitos na saúde humana, este termo é utilizado também quando a substância está no meio ambiente, mas não causa dano aparente. Já o termo poluição, está
relacionado diretamente aos efeitos no ambiente, utilizado também para substâncias que causam danos evidentes. Pode também ser denominado como contaminação, o aumento
nos níveis naturais de substâncias; e poluição como o resultado deste aumento, causando danos aos organismos vivos (SISINNO; OLIVEIRA-FILHO, 2013).

A toxicologia está relacionada com a contaminação por estar diretamente ligada à saúde humana. Toda matéria ou energia que entra em um sistema pode se acumular, se
transformar ou ser eliminada, quando ocorrem os processos de assimilação, transformação ou eliminação, chamamos a situação estável ou equilibrada. A alteração desse equilíbrio
irá ocorrer quando o aumento da substância ultrapassa a capacidade do sistema de transformar ou eliminar o excesso, gerando a acumulação de matéria nos sistemas. Isso ocorre
devido às muitas atividades humanas, que eliminam no ambiente substâncias indesejáveis, causando uma contaminação temporal ou parcial, a qual pode ser evitada ou eliminada.
Esse processo é agravado por contaminações de longo prazo, os quais podem não apresentar danos aparentes imediatos (SISINNO; OLIVEIRA-FILHO, 2013).

“DOENÇA DO CHAPELEIRO MALUCO”, se refere ao personagem da Inglaterra vitoriana descrita no famoso livro de Lewis Carrol, Alice no país das
maravilhas. Na Inglaterra dessa época, os chapéus eram tratados no vapor de mercúrio metálico para atender aos requisitos de elegância. Com anos
de exposição ao vapor de mercúrio, e a contaminação do ar, os chapeleiros desenvolviam uma forma clínica de mercurialismo caracterizada por
exuberante sintomatologia neurológica.

Fonte: Silveira, Ventura e Pinheiro (2004).

Figura 1- Chapeleiro Maluco, personagem de Alice no país das maravilhas

Dessa maneira, podemos classificar a contaminação quanto à sua origem, como an- trópica, ocasionada pelas atividades do homem; e natural, ocasionada por atividades naturais,
como a contaminação de alimentos por micotoxinas (SISINNO; OLIVEIRA- FILHO, 2013).

Outra maneira de classificar a contaminação é devido à sua natureza, podendo ser de origem biológica, física ou química (SISINNO; OLIVEIRA-FILHO, 2013).

• Contaminação Biológica: ocorre pela ocorrência de um microrganismo (bactéria, protozoário ou vírus), em um meio ao qual pode pertencer ou não, mas em concentrações acima
do normal. É um tipo de contaminação controlável através de métodos de higiene, educação em saúde e obras de saneamento. Contudo, o número de mortalidade e morbidade é
relativa- mente alto, devido a contaminações da água, solo, alimentos e ar.

• Contaminação Física: corresponde às contaminações de formas de energia acima dos níveis naturais, como as contaminações térmica, por ruído e radioativa. Elas possuem efeito
em longo prazo e por isso demoram ser detectadas, identificadas e controladas.

• Contaminação Química: ocorre com o acúmulo de uma substância química, em concentrações acima dos níveis naturais, podendo a substância ser classificada como natural ou
sintética. A contaminação química natural, em geral, possui tempo e espaço limitado, devido à sua origem de circunstâncias biogeoclimáticas, podendo ser facilmente identificada e
até eliminada. Em casos de contaminação sintética, também podemos denominá-la de xenobiótica, ou seja, sintetizada pelo homem.

CONTAMINAÇÃO AMBIENTAL

Contaminação ambiental

A introdução de contaminantes no meio ambiente pode ocorrer através de sólidos, líquidos, gases, vapores, fumaças, aerossóis ou pós. Após sua introdução, ele pode se dispersar no
solo, ar e água, interagindo com os outros elementos do meio. Sua persistência no meio está relacionada com a espécie química e seu ciclo de vida, que corresponde às etapas que
vão desde sua produção até sua decomposição, ou degradação, lembrando que a degradação de uma substância poderá dar origem a outro componente tóxico (SISINNO;
OLIVEIRA-FILHO, 2013).

Esse processo de contaminação do ambiente pode ocorrer devido à utilização direta da substância química ou, como ocorre na maioria dos casos, ser decorrente de processos
químicos geradores de subprodutos e resíduos descartados no meio ambiente (SISINNO; OLIVEIRA-FILHO, 2013).

A dinâmica das substâncias químicas no ambiente vai depender da sua quantidade exposta, da frequência que ocorre a emissão, das características físico-químicas específicas, das
características físico-químicas do meio, da presença de organismos vivos e do grau de interação entre esses organismos e as substâncias (SISINNO; OLIVEIRA-FILHO, 2013).

As propriedades físico-químicas das substâncias químicas são determinantes no seu transporte entre as fases do meio ambiente, além dos processos físicos abióticos, como
movimentação das massas de ar e água, e os fatores bióticos. Os sistemas do meio ambiente, ar (atmosfera), água superficial (hidrosfera), superfície terrestre (solo) e organismos
vivos, apesar de divididos, possuem meios de transferência diretas (AZEVEDO; CHASIN, 2003).

Os contaminantes nas águas superficiais podem estar na forma de solução ou suspensão. Em suspensão ainda podem estar como partícula ou gotícula (como óleo), estando os
contaminantes dissolvidos ou adsorvidos nas gotículas ou partícu- las sólidas. Podem ser transportados a longas distâncias, e esse trajeto dependerá da estabilidade e estado físico
da substância química e do fluxo d´água. Quanto mais estável, e estando em solução, o composto tende a percorrer maiores distâncias. As partículas e gotículas poderão ser
depositadas no sedimento, devido à sua densidade (AZEVEDO; CHASIN, 2003).
Os contaminantes do solo sofrem transporte por difusão, por intermédios do fluídos presentes na porosidade do solo, ou pela movimentação da água nos poros.

Esse processo depende no peso molecular, da temperatura e do pH do solo, além do gradiente de concentração do contaminante e dos constituintes do solo. Já os contaminantes
presentes na atmosfera, sofrem transporte de acordo com o seu estado físico e a movimentação das massas de ar (AZEVEDO; CHASIN, 2003).

Comportamento químico

Toda substância química presente no ambiente está sujeita a alterações durante seu transporte e distribuição entre as fases (ar, água, solo), e seu comportamento é influenciado por
forças naturais. É necessário avaliar as propriedades físico-químicas que influenciam o comportamento do contaminante, a fim de estimar suas concentrações e especiações nos
diferentes meios, com importância na determinação do potencial de bioconcentração, ingresso dos contaminantes do ambiente externo para alimentos e biomagnificação nos
organismos, aumento da concentração do contaminante em altos níveis (AZEVEDO; CHASIN, 2003).

Em relação à persistência das substâncias químicas, podemos classificá-las como não-degradáveis, semidegradáveis e degradáveis. As substâncias não-degradáveis per- manecem
tóxicas, como os metais arsênio, cádmio, cromo e mercúrio. As substâncias semidegradáveis correspondem àquelas que em condições normais se degradam lentamente em
compostos menos tóxicos. E as substâncias degradáveis se transformam rapidamente em compostos voláteis ou menos tóxicos na presença de oxigênio, luz solar ou bactéria
(AZEVEDO; CHASIN, 2003).

O comportamento dos compostos tóxicos, em transformar, degradar e sequestrar, podem ocorrer por três processos: químico, como a oxidação atmosférica pelo oxigênio e reações
fotoquímicas; biológico, pela degradação decorrente de microrganismos, principalmente bactérias no solo e sedimentos aquáticos; e físico, como a solubilidade e sedimentação.
Todos esses processos estão relacionados com as características específicas de cada composto, logo, o tempo necessário para a reação completa é variável (AZEVEDO; CHASIN,
2003).

Dentre os comportamentos dos compostos, a degradação é o mais importante, considerando que substâncias não degradáveis persistirão no meio, dado origem a efeitos crônicos. A
velocidade em que ocorre o processo de degradação está relacionada com a estrutura molecular do composto, as condições do ambiente, o potencial redox, o pH e a presença de
microrganismos. Lembrando que decomposição consiste na decomposição de moléculas orgânicas em moléculas menores, podendo ser dióxido de carbono, água e sais. A
degradação quando ocorre por meio de microrganismos é chamada de biodegradação primária ou biotransformação (AZEVEDO; CHASIN, 2003).

O processo de degradação pode ocorrer de quatro maneiras, através da hidrólise, alteração da estrutura química por reação direta com a água; oxidação, a transformação ocorre
com a transferência de elétrons do toxicante para um receptor de elétrons oxidante; por redução, através da transferência de elétrons de um agente redutor para o toxicante a ser
reduzido; e por degradação fotoquímica, causada pela interação com a luz solar (AZEVEDO; CHASIN, 2003).

A bioacumulação corresponde à transferência dos contaminantes do meio externo para um organismo, no qual as concentrações encontram-se acima da concentração do ambiente,
dependendo do processo de absorção envolvido, ou seja, refere-se ao acúmulo da substância tóxica de acordo com a sua via de exposição. Organismos aquáticos são
frequentemente expostos a poluentes na água, e o processo de bioacumulação pode ocorrer pelo contato a sedimentos, água e alimentos. Os organismos terrestres podem ter
contato com substancias tóxicas expostos no solo, plantas, ar, sedimento e água. Esse comportamento de bioacumulação está relacionado a fatores como a velocidade de absorção,
da via de absorção, e da velocidade que o composto é expelido do organismo, além de fatores ambientais, físicos e biológicos (AZEVEDO; CHASIN, 2003; OGA et al., 2008).

A biomagnificação corresponde ao aumento da concentração dos compostos tóxicos nos tecidos dos organismos conforme encontram-se em nível trófico superior. Neste caso,
considera-se a alimentação a principal fonte de contaminação. Em geral, envolve uma sequência de etapas de bioacumulação que ocorre na cadeia alimentar, resultando no
aumento da concentração do tóxico nos organismos do topo da cadeia (AZEVEDO; CHASIN, 2003; OGA et al., 2008).

Após as substâncias estarem no ambiente, poderão entrar em contato com os sistemas biológicos, podendo causar efeitos adversos à saúde. Esse processo é conhecido como rota
de exposição, processo que permite o contato do indivíduo com o contaminante.

A rota de exposição é composta por:

a. Fonte de contaminação: a qual pode ter origem natural ou antropogênica, tais como a exploração de recursos renováveis e não-renováveis, a agricultura, a indústria, as atividades
domésticas, a urbanização, o crescimento demográfico.

b. Compartimentos ambientais afetados: o local contaminado, ar, solo, sedimento, água, biota.

c. Mecanismo de transporte: determinando o fluxo do contaminante, desde sua fonte.

d. Ponto de exposição: onde ocorre o contato humano com o meio contaminado.

e. Vias de exposição: formas de intoxicação, ingestão, inalação, absorção e/ ou contato.

f. População receptora: as pessoas expostas ao contaminante.

Toxicocinética e Toxicodinâmica

Toxicocinética corresponde ao estudo do comportamento do tóxico após estar em contato com o organismo, ou seja, busca conhecer em detalhes o processo de absorção,
distribuição e acumulação no organismo, além dos processos de biotransformação e eliminação. Este estudo é realizado principalmente por meio de modelos e cálculos,
possibilitando deduzir a probabilidade de quantia absorvida no órgão-alvo (AZEVEDO; CHASIN, 2003).

Já a toxicodinâmica corresponde ao estudo dos mecanismos de ação dos tóxicos, incluindo a estrutura molecular, efeitos bioquímicos e fisiológicos. Na fase dinâmica, a substância
tóxica interage com as células, podendo ser dividia em três fases, reação primária com o órgão-alvo, a resposta bioquímica e efeitos observáveis. Enquanto que na cinética a
substância é absorvida e não sofre alterações (AZEVEDO; CHASIN, 2003; MANAHAN, 2016).

Dentro da toxicocinética o processo de absorção corresponde à passagem da substância tóxica para o interior do organismo, ou seja, para o sangue, que ocorre pelo transporte
através de membranas. Assim, as barreiras do tecido e também as biológicas devem ser ultrapassadas. Para isso, alguns fatores estão relacionados (AZEVEDO; CHASIN, 2003;
KLAASSEN; WATKINS III, 2012):

• Quanto à substância: como suas características de hidrossolubilidade (facilidade em reagir ou se ligar com a água) e lipossolubilidade (facilidade de se solubilizar em meio oleoso
ou de penetrar em uma membrana biológica).

• Quanto ao coeficiente de partição óleo-água: razão da lipossolubilidade/ hidrossolubilidade, que quanto maior a razão, mais fácil o transporte da substância pela membrana.

• Quanto ao grau de ionização: considerando que algumas substâncias tóxicas são ácidos ou bases fortes, podendo estar na forma ionizada e não-ionizada (lipossolúvel), a forma
ionizada é na maioria das vezes incapaz de penetrar na membrana, devido à sua baixa lipossolubilidade.

• Quanto ao tamanho e carga da partícula.

As membranas possuem as funções de proteção mecânica da célula ou de organelas, transporte de substancias através da estrutura permeável, compartimentalização da matriz
citoplasmática (a fim de dividir enzimas, substratos e produtos), desempenha papel matriz para moléculas de enzimas, executa processos bioelétricos e a faz a manutenção da
homeostase celular (AZEVEDO; CHASIN, 2003).

Após a absorção da substância tóxica pelas membranas e seu contato com o sangue, o tóxico se divide em fração globular (fase lipídica) e fração plasmática (fase aquosa), de acordo
com suas características físico-químicas. Esse processo de distribuição e armazenamento ocorre de acordo com as características específicas do composto, lipossolubilidade, grau
de ionização e afinidade química do agente, com a hemoglobina ou ossos, por exemplo.

Esse processo de distribuição e armazenamento está relacionado com fatores do organismo como a irrigação do órgão, onde quanto maior a vascularização deste órgão, mais fácil o
contato com o tóxico, entre os principais órgãos estão o fígado, baço e rins.

Outros fatores do organismo são o conteúdo de água ou lipídio, que está ligado à capacidade do organismo em biotransformar o composto em um derivado mais lipossolúvel,
dificultando sua eliminação, e também a integridade do órgão-alvo, no qual se houver uma lesão, pode propiciar a acumulação do tóxico (AZEVEDO; CHASIN, 2003; KLAASSEN;
WATKINS III, 2012).

Muitos estudos têm sido realizados quanto à contaminação do leite materno por agrotóxicos, apesar de pesquisas apontarem o decréscimo dessa
conta- minação conforme ocorrem suas proibições, segundo pesquisas do período de 2005 a 2014. Alguns fatores relevantes para a contaminação
foram es- tudados e ainda são interesse de pesquisa, como os hábitos alimentares, a idade materna, o local de moradia, o índice de massa corporal e o
tempo de gestação.

Fonte: Da Silva Corralo et al. (2016).

Na toxicodinâmica os principais objetivos são fornecer informações para descrever os dados toxicológicos, estimar a probabilidade da substância em causar efeito nocivo,
estabelecer métodos de prevenção e antecipar os efeitos tóxicos, auxiliar no estudo e desenvolvimento de medicamentos e auxiliar o estudo e o desenvolvimento de praguicidas
mais seletivos aos organismos-alvo (AZEVEDO; CHASIN, 2003).
INTOXICAÇÃO - FORMAS E EFEITOS

Formas de intoxicação

A intoxicação corresponde ao conjunto de sinais e sintomas devido ao desequilíbrio orgânico proveniente da ação de uma substância tóxica. Podemos dizer também que é um
estado patológico diante da presença de uma substância tóxica em determinada concentração (AZEVEDO; CHASIN, 2003).

Os principais meios de acesso das substâncias do ambiente para o corpo humano são o trato gastrointestinal, os pulmões e a pele. Sendo que as rotas de efeitos mais rápidas são por
via intravenosa, pulmonar, intraperitoneal, subcutânea, intramuscular, intradérmica, oral e dérmica. Vale lembrar que é importante se ter a comparação de dose letal de uma
substância por diferentes meios de exposição (SISINNO; OLIVEIRA- FILHO, 2013).

Quanto ao tempo de exposição, poderá ser aguda , decorrente da administração de grande quantidade de substância, em dose única ou múltipla, dentro do período de 24 horas ou
menos, com efeito tóxico imediato. Uma exposição de médio prazo, intoxicação subaguda , caso a exposição seja frequente em um período de vários dias ou semanas, até a detecção
de sintomas. Ou uma exposição crônica , decorrente da administração de pequenas quantidades por longos períodos, com efeitos durante a exposição, ou ao término, ou mesmo
apresentar efeitos somente nas próximas gerações (AZEVEDO; CHASIN, 2003; SISINNO; OLIVEIRA-FILHO, 2013).

Quando duas substâncias são expostas simultaneamente ao organismo, podem ocorrer quatro processos, aditivos , quando o efeito combinado é igual à soma do efeito de cada uma
isoladamente; sinérgicos , quando o efeito combinado é maior que a soma dos efeitos; de potenciação , quando o efeito de um do toxicante é aumentado por um agente não tóxico;
antagônicos, quando ocorre a interferência de uma substância sobre a ação de outra, agindo como antídoto (SISINNO; OLIVEIRA- FILHO, 2013).

Uma única dose de uma substância tóxica, pode produzir efeitos severos. Mas a mesma substância administrada em pequenas doses, em diferentes
intervalos, pode não produzir qualquer efeito.

(Cristina L. S. Sisinno e Eduardo C. Oliveira-Filho).

A introdução de uma substância química no organismo poderá ocorrer por uma ou mais vias, pelo trato gastrointestinal (ingestão), pulmões (inalação), pele (tópica, percutânea ou
dérmica) e olhos (ocular) (HACHET, 1997).

A via inalatória é uma das principais devido ao constante contato do sistema respiratório com o meio externo, e também a mais perigosa, devido as áreas dos pulmões serem
permeáveis e com grande vascularização, proporcionando rápida absorção, pela possibilidade de retenção de agentes químicos nas vias superiores, pela facilidade em atingir
centros vitais, como o sistema nervoso central, e pelo fato de o tóxico não passar pelo fígado. Assim toxicantes presentes no ar, poderão entrar em contato com a via respiratória,
agindo no local, causando irritação, inflamação, edema pulmonar, ou ser absorvida, agindo em nível sistêmico (HACHET, 1997; SISINNO; OLIVEIRA-FILHO, 2013).

Figura 2 - Principais meios de exposição, metabolismo, acumulação e rotas de distribuição e eliminação de substâncias tóxicas no organismo
Fonte: MANAHAN (2013).

A contaminação por meio do contato com a pele pode ser reagir de maneira superficial, provocando irritação local; pode ser absorvida, reagindo com proteínas teciduais, causando
sensibilização e reação alérgica; e pode ainda se difundir na epiderme, glândulas sebáceas, sudoríparas, folículos pilosos e ingressar na corrente sanguínea com ação sistêmica
(SISINNO; OLIVEIRA-FILHO, 2013).

A contaminação oral ocorre devido a condições higiênicas inadequadas, pela ingestão de alimentos contaminados, através do uso de fármacos ou de forma acidental. Esse tipo de
contaminação, por via digestiva, possui menores efeitos nocivos, e alguns dos fatores é devido às substâncias químicas estarem sujeitas ao pH ácido do estômago, devido à ação das
enzimas digestivas e devido à baixa absorção na corrente sanguínea pela diluição com água e outros alimentos (HACHET, 1997; SISINNO; OLIVEIRA-FILHO, 2013).

Avaliação de toxicidade

Os efeitos tóxicos decorrentes de um agente tóxico ou de sua degradação biológica, ocorre mediante concentração e tempo de exposição suficientes para tal efeito, considerando o
acesso da substância ao seu órgão-alvo e a suscetibilidade do indivíduo. Essas características de exposição e seus efeitos, estão relacionados com a avaliação de toxicidade através
da dose-resposta. Podendo a relação dose-resposta ser classificada em dois tipos, d ose-resposta individual , correspondente a resposta de um organismo individual a diferentes doses
da substância tóxica, também conhecida como dose-resposta graduada, ou dose-efeito. E o outro tipo de relação, a dose-resposta quântica , que corresponde a resposta de uma
população de organismos

individuais, mediante diferentes doses. A dose-resposta quântica, diferentemente da dose-efeito, possui resposta direta, logo, qualquer dose administrada é classificada como
“respondente” ou “não respondente”, na qual a única dose calculada corresponde a DL50, dose capaz de causar a morte de 50 % dos animais submetidos ao teste (KLAASSEN;
WATKINS III, 2012; SISINNO; OLIVEIRA-FILHO, 2013).

Para a realização da avaliação de toxicidade de um composto, alguns parâmetros devem ser avaliados, como o exame anatomopatológico, exame dos aspectos macroscópicos
(necropsia) e microscópicos dos órgãos após a administração de diferentes doses do toxicante; teste fisiológicos, como funcionais pulmonares, toxicidade hepática (lesão no fígado)
e função renal; testes bioquímicos, inibição de enzimas; avaliação comportamental; efeitos sobre a fertilidade e fetos (efeito teratogênico); e a dose-efetiva (DE50), dose-letal
(DL50), concentração efetiva (CE50) e concentração letal (CL50) (AZEVEDO; CHASIN, 2003).

DE50: dose efetiva, toxicidade da substância administrada por qualquer via a curto prazo, que afeta metade (50 %) do grupo exposto, a fim de deter-
minar um efeito específico.

DL50: dose letal, a quantidade de substância necessária para ocorrer a morte de 50 % dos animais em estudo.

CE50: concentração efetiva, quando a substância ingressa por inalação, a fim de determinar sua concentração no ar.

CL50: concentração letal, quando a substância ingressa por inalação, a fim de determinar sua concentração letal no ar.

Fonte: Azevedo e Chasin (2003).

A toxicidade é específica de cada substância, dependendo de suas características próprias, tais como:

• Propriedades físico-químicas: na determinação da velocidade de ação de acordo com sua concentração, os efeitos tóxicos e o grau de severidade, sua solubilidade, pressão de vapor,
constante de ionização, reatividade química, estabilidade, dimensão das partículas. Diretamente relacionadas com o comportamento toxicocinético e sua toxicodinâmica.

• Via de exposição: para o efeito ser manifestado é necessário a substância atingir seu órgão alvo. A forma de introdução, de contato, vai determinar a velocidade e extensão da
intoxicação.

• Duração e frequência de exposição: a frequência com que a substância é exposta pode reduzir a intensidade do efeito, pelo fracionamento da dose, devido aos processos de
eliminação e biotransformação, ou causar efeitos crônicos. Podendo ocorrer também uma exposição por curto período e altas concentrações, causando efeitos agudos.

• Espécies testadas e características individuais: diferenças significativas na suscetibilidade de diferentes espécies a um composto, podendo ocorrer até diferença qualitativa, no tipo
do efeito, devido às diferenças na absor- ção e metabolismo.

• Posição nutricional e fatores da dieta: somos capazes de adaptações metabólicas, que influenciam na absorção de substâncias tóxicas.

• Idade e maturação: a capacidade de indivíduos jovens em biotransformar (e destoxificar) substâncias é menor do que em adultos, porém, indivíduos idosos estão mais suscetíveis a
alguns agentes, devido à sua menor capa- cidade hepática e renal.

• Natureza do efeito: podem ocorrer efeitos de hepatotoxicidade, genotoxicidade (dano ao cromossomo), teratogenicidade (anomalias estruturais e funcionais), fetotoxicidade e
carcinogenicidade.

Efeitos da intoxicação

As alterações decorrentes de contaminação, sejam genéticas, bioquímicas, morfológicas ou fisiológicas (sinais e sintomas), são denominadas efeito adverso. Isso ocorre por
processos toxicodinâmicos, que correspondem à interação das substâncias com os meios específicos de ação, considerando sua intensidade de acordo com a quantidade de
substância presente no local. Podemos classificar os efeitos como agudo e crônico (OGA et al., 2008; SISINNO; OLIVEIRA-FILHO, 2013).

• Efeito agudo: corresponde à resposta rápida e severa do efeito, ocorrendo em um curto espaço de tempo. Para sua prevenção são utilizados os dados de Dose Letal 50 ou DL50,
que corresponde à quantidade de substância necessária para causar a morte de 50% dos animais em estudo. Para substâncias presentes no meio atmosférico ou aquático, utiliza-se
o termo Concentração Letal 50 ou CL 50. Quando o interesse é determinar um efeito específico, utilizam-se os termos Dose Efetiva 50 ou DE 50, ou Concentração Efetiva 50 ou CE
50.

• Efeito crônico: corresponde à resposta cumulativa de uma substância. Neste efeito podem ser detectados problemas de mutagênese, carcinogênese e teratogênese.

A mutagênese, alteração do material genético de uma célula, pode ocorrer de forma somática, propagando-se pelo corpo, podendo dar origem a um processo carcinogênico; ou
germinal, transmitida para as próximas gerações, através de doenças ou malformações (OGA et al., 2008; SISINNO; OLIVEIRA-FILHO, 2013).

O efeito carcinogênico corresponde ao processo anormal, sem controle de diferenciação e proliferação celular, tem seu início localizado podendo se disseminar pelo organismo.
Esse efeito ainda pode ser classificado como genotóxico e epigenético ou não-genotóxico. O primeiro, genotóxico, também conhecido como iniciadores, interagem com o DNA
produzindo a mutação. O segundo tipo, não-genotóxicos, cohecidos como promotores, não causam tumores, mas potencializam os efeitos dos carcinógenos genotóxicos (OGA et al.,
2008; SISINNO; OLIVEIRA-FILHO, 2013).
O efeito teratogênese é o processo pelo qual anomalias em células e tecidos do organismo em desenvolvimento (concepção e nascimento) são induzidas por agentes estranhos,
teratógenos, dando origem a malformações estruturais ou funcionais. Esses efeitos são mais facilmente manifestados quando a exposição à substância ocorre no primeiro trimestre
de vida, por isso a preocupação e cuidado que gestantes devem ter no primeiro trimestre da gestação (OGA et al., 2008; SISINNO; OLIVEIRA-FILHO, 2013).

Podemos utilizar outra classificação de efeitos tóxicos, de acordo com a sua ocorrência:

• Efeito local ou sistêmico: ocorre no local do primeiro contato com a substância tóxica, como composto corrosivos e irritantes. O efeito sistêmico necessita da absorção do
composto até o órgão-alvo para gerar os efeitos.

• Efeito imediato ou retardado: o imediato aparece logo após a exposição. E efeito retardado aparece após um prazo, como o efeito carcinogênico.

• Efeito reversível ou irreversível: o reversível ocorre em tecidos e desaparece após a presença do tóxico. Os efeitos irreversíveis, mesmo após o término da exposição, estarão
presentes, como danos neurais e carcinomas.

• Efeito morfológico, funcional e bioquímico: morfológico, refere-se às mudanças na morfologia, como necrose, e são irreversíveis. Efeitos funcionais correspondem às mudanças
reversíveis, geralmente detectadas antes ou em exposições de baixa concentração. Os bioquímicos correspondem aos efeitos não aparentes das modificações morfológicas.

• Efeito somático ou germinais: somático afeta uma ou mais funções. E germinal corresponde ao efeito nas funções reprodutivas.

• Efeito alérgico e idiossincrático: os efeitos alérgicos, ou hipersensibilidade, se diferem dos efeitos tóxicos, por necessitarem de contato prévio ao contato com efeito. E o efeito
idiossincrático está determinado geneticamente.

Os efeitos de uma substância tóxica dependerão do organismo receptor. Depende da espécie animal, pois a sensibilidade de um tóxico variar de acordo com a espécie, isso ocorre
pelas diferenças no nível de penetração, distribuição e metabolismo dos tóxicos. Outro fator é a etnia, devido às diferenças enzimáticas de origem hereditária. O sexo também é um
fator que pode influenciar, devido à dependência hormonal, para a variação de intensidade dos efeitos. Outro fator é peso, considerando a relação entre a superfície corporal e a
dose tóxica, já que o estoque de células adiposas desempenha fundamental papel na fixação de tóxicos lipossolúveis. E por fim, outro fator é a idade, devido à alteração das
atividades metabólicas de acordo com a idade (HACHET, 1997).

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ATIVIDADES
1. Leia o texto a seguir e complete suas lacunas:

__________ é a capacidade do agente tóxico de promover efeito nocivo aos organismos vivos, devido a vários fatores, tem início com a exposição, seguida da distribuição e __________, e
concluindo com a interação com macromoléculas. A __________, maneira que um agente tóxico exerce sua atividade, enquanto que a intoxicação é a manifestação dos efeitos tóxicos.

Assinale a alternativa que apresenta as palavras que preenchem, respectiva- mente, as lacunas do texto:

a) Ação tóxica; absorção; toxicidade.

b) Toxicidade; absorção; ação tóxica.

c) Toxicidade; biotransformação; ação tóxica.

d) Biotransformação; ação tóxica; toxicidade.

e) Ação tóxica; biotransformação; toxicidade.

2. Sobre o termo toxicocinética, assinale a alternativa que melhor apresente sua definição:

a) Corresponde ao estudo do comportamento do tóxico após estar em contato com o organismo, ou seja, os processos de absorção, distribuição e acumulação no organismo, além
dos processos de biotransformação e eliminação.

b) Corresponde ao estudo dos mecanismos de ação dos tóxicos, incluindo a estrutura molecular, efeitos bioquímicos e fisiológicos.

c) Corresponde ao processo anormal, sem controle de diferenciação e proliferação celular, tem seu início localizado podendo se disseminar pelo organismo.

d) Corresponde ao aumento da concentração dos compostos tóxicos nos tecidos dos organismos conforme encontra-se em nível trófico superior.

e) Corresponde à transferência dos contaminantes do meio externo para um organismo, no qual as concentrações encontram-se acima da concentração do ambiente.

3. “Decorrente da administração de grande quantidade de substância, em dose única ou múltipla, dentro do período de 24 horas ou menos, com efeito tóxico imediato”. A definição
descrita corresponde a qual tipo de efeito de intoxicação? Assinale a alternativa correta:

a) Crônico.

b) Agudo.

c) Sinérgico.

d) Subagudo.

e) Somático.

Resolução das atividades

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RESUMO
Neste estudo o foco foi a apresentação dos principais conceitos da toxicologia, ciência que estuda os efeitos nocivos decorrentes das interações de substâncias químicas com o
organismo, objetivando o estudo da toxicologia ambiental e ecotoxicologia.

Por meio de nossos estudos, vimos que um agente tóxico ou toxicante corresponde ao agente químico com capacidade de causar dano a um sistema biológico, alterando uma
função, podendo ocasionar a morte. Esse efeito é nocivo quando em exposição prolongada resulte em transtornos da capacidade funcional e/ou da capacidade do organismo em
compensar a sobrecarga.

Toda substância química presente no ambiente está sujeita a alterações durante seu transporte e distribuição entre a fases (ar, água, solo), e seu comportamento é influenciado por
forças naturais. Estas podem ser classificadas em relação à persistência das substâncias químicas, como não-degradáveis, semidegradáveis e degradáveis. Após as substâncias
estarem no ambiente, poderão entrar em contato com os sistemas biológicos, sendo capazes de causar efeitos adversos à saúde.

Esses efeitos adversos (sinais e sintomas) correspondem ao conjunto de alterações genéticas, bioquímicas, morfológicas ou fisiológicas, e essas alterações são decorrentes de
processos toxicodinâmicos, ou seja, da interação das substâncias com os seus sítios específicos de ação ou órgãos-alvo.

Outra definição importante dentro da ecotoxicologia que corresponde à contaminação, relacio- nada aos efeitos na saúde humana. Esta definição também é utilizada quando a
substância está no meio ambiente, mas não causa dano aparente. Vimos ainda o termo poluição, que está relacionado diretamente aos efeitos no ambiente, para substâncias que
causam danos evidentes.

A contaminação ou exposição geram efeitos, e estes correspondem à relação dose-resposta, que por sua vez podem ser classificadas como a dose-resposta - que descreve a
resposta de um indivíduo - ou a dose-efeito - referente a várias doses de uma substância. Analisando toxicidade, vimos que ela é específica de cada substância, dependendo de suas
características próprias, como as propriedades físico-químicas, via de exposição, duração e frequência de exposição, espécies testadas e suas características individuais, posição
nutricional e fatores da dieta, idade e maturação, e a natureza do efeito.

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Material Complementar

Leitura
Princípios de Toxicologia Ambiental

Autor: Cristina Lúcia Silveira Sisinno e Eduardo Cyrino Oliveira-Filho

Editora: Interciência

Sinopse: a toxicologia ambiental estuda os efeitos adversos das substâncias químicas presentes no
ambiente sobre os seres vivos. Essa disciplina vem ganhando cada vez mais importância, sobretudo
em função dos crescentes episódios de contaminação ambiental. Em geral, a Toxicologia Ambiental é
pouco estudada nos cursos de graduação, sendo uma disciplina mais difundida nos cursos lato sensu e
stricto sensu. Todavia, entendemos que a demanda por essa área de conhecimento também tem
aumentado muito, o que traz a necessidade da transmissão dessas informações às diversas áreas de
formação, sobretudo àquelas relacionadas às ciências da saúde. Assim sendo, “Princípios de
Toxicologia Ambiental” é uma apresentação deste tema de maneira simplificada e resumida, podendo
servir como material didático para todas as categorias de estudantes, principalmente para aqueles
que querem começar a entender melhor o princípio que afirma: todas as substâncias são tóxicas.

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REFERÊNCIAS
AZEVEDO, F. D.; CHASIN, A. D. M. As bases toxicológicas da ecotoxicologia . São Carlos, SP: RiMa, 2004.

CORRALO, V. S. et al. Presença de pesticidas organoclorados no leite materno: fatores de contaminação e efeitos à saúde humana. Hygeia : Revista Brasileira de Geografia Médica e
da Saúde, v.12, n. 22, p. 101, jun., 2016.

HACHET, J. C. Toxicologia de urgência : produtos químicos industriais. São Paulo: Organizaçao Andrei Editora Ltda, 1997.

KLAASSEN, C. D.; WATKINS III, J. B. Fundamentos em Toxicologia de Casarett e Doull (Lange) . 2. ed. Porto Alegre: AMGH Editora, 2012.

MANAHAN, S. E. Química ambiental . Porto Alegre: Bookman Editora, 2016.

OGA, S. et al. Fundamentos de toxicologia , São Paulo: Atheneu Editora, 2008.

SILVEIRA, L. C. L.; VENTURA, D. F.; PINHEIRO, M. D. C. N. Toxicidade mercurial: avaliação do sistema visual em indivíduos expostos a níveis tóxicos de mercúrio. Ciência e Cultura , v.

56, n. 1, p. 36-38, jan./mar., 2004.

SISINNO, C. L. S.; OLIVEIRA-FILHO, E. C. Princípios de toxicologia ambiental , Rio de Janeiro: Interciência, 2013.

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APROFUNDANDO

Poluição Radioativa

Os organismos vivos, desde seu aparecimento na face da Terra, têm ficado sempre expostos a diferentes níveis de radiação ionizante, provenientes da desintegração espontânea de
materiais radioativos, naturalmente presentes no meio ambiente e nos próprios organismos. Os raios cósmicos que, através do espaço, atingem a Terra formam parte também das
radiações ionizantes.

Radiação ionizante

Denomina-se aquela que possui energia suficiente para produzir a ionização de átomos e moléculas num determinado meio.

Pode ser gerada em alguns equipamentos, como aparelhos de geradores de raio X e os aceleradores de partículas .

a.Partículas α (alfa), essa desintegração é característica de elementos com elevado número atômico, como é o caso do U (urânio), Pu (plutônio) e outros. Geralmente ela é
acompanhada por emissão de radiação γ (gama). Sua energia é bastante elevada, mas possui baixo poder de penetração, uma folha de papel consegue frear a partícula ou poucos
centímetros de ar.

b. Partículas β (Beta) são partículas idênticas a um elétron, podendo apresentar cargas positivas ou negativas, são de origem do núcleo do elemento radioativo. Possuem poder de
penetração maior que a partícula alfa, e geralmente está a associada à liberação de partículas gama.

c.Radiação eletromagnética (raio X e raios gama), de natureza idêntica à da luz ou das ondas de rádio, mas com uma quantia de energia muito maior. Não possuem nem massa nem
carga elétrica. O que diferencia esses dois tipos de radiação são suas origens, o raio x tem suas origens dos elétrons e a radiação gama do núcleo.

Interação da radiação com a Matéria

Quando as radiações ionizantes atravessam a matéria provocam ionização e excitação dos átomos e moléculas, transferindo parte de sua energia ou toda ela para a matéria. Assim,
íons e radicais livres são formados como consequência, e em um segundo momento os íons e radicais livres produzem alterações químicas, modificando as características das
moléculas. Se a matéria

for viva, em um terceiro momento, essas modificações trarão alterações bioquímicas e fisiológicas. Após o decorrer do tempo, podem surgir lesões no plano celular e/ou no
organismo.

Fontes Naturais de Radiação

Os raios cósmicos são provenientes do espaço interestelar e do próprio Sol. Sua incidência no planeta não é uniformemente distribuída, devido ao campo magnético terrestre, os
polos recebem mais radiações que a região do equador. E sua intensidade aumenta com a altitude.

a. Radiação terrestre: em muitos materiais de construção, provenientes de minerais, existem traços de diferentes materiais radioativos, como: Potássio (K) 40, Rúbidio (Rb) 87,
além do urânio (U) 238 e Tório (Th) 232. No Brasil, existem dois lugares onde o sole é rico em minérios de tório, são as praias de Guarapari-ES e o Morro Chapéu de Ferro- MG,
produzindo, consequentemente, maiores doses nas pessoas.

b. Radiação interna: aproximadamente 2/3 da dose equivalente efetiva recebida pelo homem se originam de fontes naturais, são provenientes de substâncias radioativas
presentes no ar, na água e nos alimentos. Dentre os elementos o Carbono (c) 14, Trítio (H) 3 (isótopo do hidrogênio), o potássio 40, Chumbo (Pb) 210 e Polônio (Po) 210, sendo os
últimos com mais comumente encontrados em peixes e moluscos.

c. Radônio: gás nobre, tem sido reconhecido nos últimos anos como a fração mais importante da radiação natural à qual o homem está exposto. Principalmente em países frios, que
o ambiente tende a ficar mais tempo fechado, evitando a circulação de ar, ou em prédios climatizados onde não há a renovação do ar.

Fontes Artificiais de Radiação

O uso crescente de materiais que liberam radiações ionizantes tem aumentado as doses recebidas pela humanidade. Existe uma imensa variação nos níveis de exposição de
diferentes indivíduos às fontes artificiais de radiação.

a. Fontes médicas: o raio X utilizado para diagnóstico é a forma mais utilizada, em alguns países o número de exames chega a 860 radiografia por 1000 habitantes.

b. Explosões nucleares: a partir da explosão das primeiras bombas atômicas em Hiroshima e Nagasaki em 1945, vários os foram os testes realizados na atmosfera até 1980. A
soma total de todas as bombas detonadas na atmosfera equivale a 545 megatons.

c. Centrais nucleoelétricas: usinas nucleares. Com mais de 420 usinas em funcionamento em todo o mundo. A liberação de radioatividade e, consequentemente, a

exposição da população às radiações ionizantes não ocorre apenas durante a operação das centrais, mas também na exploração do minério de urânio.

REFERÊNCIAS

BATISTUZZO, J.; CAMARGO, M.; OGA, S. Fundamentos de toxicologia. São Paulo: Atheneu, 2008.

PARABÉNS!

Você aprofundou ainda mais seus estudos!

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EDITORIAL

DIREÇÃO UNICESUMAR

Reitor Wilson de Matos Silva

Vice-Reitor Wilson de Matos Silva Filho

Pró-Reitor de Administração Wilson de Matos Silva Filho

Pró-Reitor Executivo de EAD William Victor Kendrick de Matos Silva

Pró-Reitor de Ensino de EAD Janes Fidélis Tomelin

Presidente da Mantenedora Cláudio Ferdinandi

C397 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MARINGÁ . Núcleo de Educação

a Distância; MIKALOUSKI , Flavianny Brencis da Silva;

Toxicologia Ambiental. Flavianny Brencis da Silva Mikalouski;

Maringá-Pr.: UniCesumar, 2017.

36 p.

“Pós-graduação Universo - EaD”.

1. Toxicologia. 2. Ambiental. 3. EaD. I. Título.

CDD - 22 ed. 363

CIP - NBR 12899 - AACR/2

Pró Reitoria de Ensino EAD Unicesumar

Diretoria de Design Educacional

Equipe Produção de Materiais

Fotos : Shutterstock

NEAD - Núcleo de Educação a Distância

Av. Guedner, 1610, Bloco 4 - Jardim Aclimação - Cep 87050-900

Maringá - Paraná | unicesumar.edu.br | 0800 600 6360

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POLUENTES AMBIENTAIS

Professora : Me. Flavianny Brencis da Silva Mikalouski

Objetivos de aprendizagem
• Conhecer as toxinas naturais do meio ambiente e seus efeitos tóxicos.

• Identificar os principais metais tóxicos e seus efeitos e poluentes atmosféricos.

• Compreender os efeitos causados por toxinas de origem natural e dos poluentes atmosféricos no ambiente global.

Plano de estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade:

• Toxinas Naturais

• Metais

• Poluentes Atmosféricos

Introdução
Neste estudo veremos os principais poluentes ambientais, suas fontes de emissão natural e de origem antrópica, assim como seus efeitos nos ambientes e nos seres. Iniciaremos
pelas toxinas naturais, ou seja, aquelas que têm origem na própria natureza. As zootoxinas são substâncias tóxicas produzidas por seres vivo, principalmente animais como aranha,
cobra e escorpiões. As fitotoxinas são substâncias com efeito danoso aos animais e seres humanos, proveniente de plantas, que podem ser utilizadas como defesa contra outros
organismos. Vale lembrar que as plantas também produzem substâncias fitoquímicas, com efeitos benéficos (drogas e hormônios). As micotoxinas são substâncias tóxicas
produzidas por fungos.

Em um segundo momento abordaremos os principais metais tóxicos, compostos químicos encontrados na natureza e explorados pelas atividade antrópicas, que causam exposição
humana direta, além da poluição ambiental do ar, água, solo e sedimento. Esse contaminante possui a peculiaridade de não ser produzido nem destruído por ações humanas. Os
principais a serem abordados aqui serão o mercúrio, cádmio, chumbo e arsênio.

Por fim conheceremos e estudaremos sobre os principais poluentes atmosféricos, o dióxido de enxofre, monóxido de carbono, dióxido de nitrogênio, ozônio, compostos orgânicos
voláteis e os materiais particulados. Estudaremos as atividades antrópicas, que são as principais fontes da poluição atmosférica, uma poluição complexa de ser pesquisada devido à
variedade de compostos presentes na atmosfera e aos diversos fatores que influenciam nas reações ocorrida neste meio. Além de abordar as suas influentes nos efeitos no meio,
nos seres e no âmbito global, como o aquecimento global, o processo de chuva ácida, do smog fotoquímico e inversão térmica.

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TOXINAS NATURAIS
As toxinas, ou substâncias tóxicas, que correspondem ao agente químico com capacidade de causar dano a um sistema biológico, alterando uma função, podendo ocasionar a morte,
pode estar presente no ambiente natural. Dentre elas, podemos citar as zootoxinas, fitotoxinas e micotoxinas.

ZOOTOXINAS

As zootoxinas correspondem às substâncias tóxicas produzidas por seres vivos, prin- cipalmente animais como aranha, cobra e escorpiões. Esses animais podem ser classificados
como peçonhentos ou venenosos.

Animais peçonhentos são aqueles que produzem veneno em determinado grupo de célula ou glândula secretora, podendo inocular a toxina no momento da mordida ou picada. Já
animais venenosos são aqueles cujos tecidos são tóxicos e a intoxica- ção geralmente ocorre por meio da ingestão (KLAASSEN; WATKINS III, 2012).

As substâncias venenosas são complexas e possuem polipeptídeos, proteínas de alto e baixo peso molecular, aminas, esteroides, lipídeos, glucosídeos, quinonas,
aminopolissacarídeos, aminoácidos livres, serotonina, histamina, entre outros com- postos. Essa composição presente nos venenos é de difícil determinação, exigindo constante
estudos. Sabe-se que a biodisponibilidade é determinada pela composi- ção do veneno, sua quantidade, concentração, solubilidade, tamanho da molécula, taxa de fluxo sanguíneo
no tecido, além das propriedades da superfície atingida (KLAASSEN; WATKINS III, 2012).

Dentre os animais artrópodes, podemos citar os grupos de maior relevância: os aracnídeos (compreende os escorpiões, aranhas, escorpiões-chicote, ácaros, carrapa- tos e
solífugos); os miriápodes (compreende os quilópodes e diplópodes); os insetos (barata d´água e percevejos“assassinos”); besouros (besouros vesicantes); lepidópte- ros (borboletas,
mariposas e lagartas) e os himenópteros (formigas, abelhas e vespas) (KLAASSEN; WATKINS III, 2012).

Araquinídeos – Escorpião

São conhecidas pelo menos 75 espécies de escorpiões venenosos, e a espécie de maior interesse corresponde ao escorpião “casca”, Centruroides exilicauda , que recebe este nome por
ser encontrado em cascas soltas de árvore, árvores mortas, toras e até em casas. Essa espécie de escorpião possui coloração palha a marrom-amarelado, marrom-a-vermelhado,
possui longa cauda e garras tipo pinça finas (KLAASSEN; WATKINS III, 2012). De acordo com a espécie, cada escorpião pode apresentar em suas vítimas diferentes sinais de
envenenamento, podendo causar dor localizada, edema, perda de sensibilidade e leve paralisia. Algumas reações são mais difíceis de ocorrer, como fraqueza, febre e fasciculações
musculares. Em crianças, algumas espécies podem gerar sinais de inquietude, movimentos anormais e aleatórios da cabeça e pescoço, movimentos errantes e rotatórios do globo
ocular, podendo ocorrer taquicardia, hipertensão e dificuldade respiratória, que poderá ocasionar uma paralisia respiratória, piorada pelo excesso de saliva. No adulto, os sintomas
são similares, porém, apresentam dor imediata após a picada, causando ansiedade e tensão, favorecendo o quadro de taquicardia e hipertensão (KLAASSEN; WATKINS III, 2012).

Araquinídeos – Aranhas

Dentre as mais de 30 mil espécies conhecidas de aranha, pelo menos 200 causam danos aos humanos pela picada. Algumas espécies são as Latrodectus, conhecidas como aranhas
viúvas, viúva-negra, viúva-marrom ou pernas vermelhas, ampulheta, madame veneno, aranha mortal, aranha do ventre vermelho, aranha T, aranha madame cinza e aranha botão de
sapato. Tanto os machos quanto as fêmeas possuem veneno, porém somente as fêmeas têm presas grandes e fortes para penetrar a pele humana e causar o envenenamento. Seus
sintomas, em geral, são dor no local da picada com entorpecimento na área, cãibra, sudorese, fraqueza, dor na região lombar, coxas ou abdome, rigidez muscular abdominal,
espasmos musculares e sinais de hipertensão.

A espécie Steatoda, conhecida como falsa viúva-negra, causa apenas dor intensa no local da picada, endurecimento, prurido e rachaduras no local lesionado (KLAASSEN; WATKINS
III, 2012). Outra espécie muito conhecida, a tarântula, Theraphosidae, alimenta-se de vertebrados e invertebrados utilizando do método de captura seguido de envenenamento no

sistema nervoso periférico e central. Nos humanos seus efeitos são de dor local, prurido e sensibilidade, além de edemas, eritema, rigidez articular, sensação de queimadura e
espasmos (KLAASSEN; WATKINS III, 2012).

Araquinídeos – Carrapatos

A picada de carrapato gera o contato da presa com sua saliva, que contém muitos componentes ativos. Seu envenenamento não possui sinais ou sintomas imediatos, podendo
demorar dias para o aparecimento de máculas, seguida de paresia, paresia locomotora e por fim paralisia. O carrapato pode ficar alojado até sua remoção (que resulta na
recuperação rápida da pessoa). Caso, o carrapato permaneça por muito tempo, a pessoa pode apresentar quadro de problemas na fala e respiração, podendo ocorrer uma parada
respiratória (KLAASSEN; WATKINS III, 2012).

Insetos – Heteroptera

Entre os heteropteras, ou percevejos, os mais importantes são o barbeiro, percevejo assassino e percevejo com nariz cônico. Os principais sinais e sintomas de envene- namento são
dor no local da picada, prurido, elevação da temperatura no local e edema, podendo causar reações alérgicas à saliva do inseto, como náusea, vômito e angioedema (KLAASSEN;
WATKINS III, 2012).

Outro tipo de percevejo corresponde aos que vivem na água, conhecidos como baratas d´água, sua saliva contém enzimas digestivas, componentes neurotóxicos e frações
hemolíticas. Sua picada causa dor local imediata, edema, endurecimento e formação de pápula (KLAASSEN; WATKINS III, 2012).

Hymenoptera – formigas, abelhas, vespas e vespões

As formigas podem ter ferrões ou ter a capacidade de borrifar uma secreção defen- siva no local que realiza a picada. Seu veneno varia de acordo com a espécie, e os sinais e
sintomas de envenenamento podem ser sensação de queimação dolorosa, formação de pápula e eritema local e, posteriormente, uma vesícula clara. O fluido pode se tornar
purulento ou uma crosta. A picada de múltiplas formigas pode causar náusea, vômito, vertigem, dificuldade respiratória, aumento da transpiração, cianose, coma e até a morte
(KLAASSEN; WATKINS III, 2012).

spicadas de abelhas causam envenenamento com sintomas de dor aguda ou queimação imediata, eritema local e edema seguido de comichão. A picada de várias abelhas, podem
causar disfunção respiratória, hemólise intravascular, dano no mio- cárdio, alterações hepáticas, hipertensão, choque e falência renal, podendo causar a morte (KLAASSEN;
WATKINS III, 2012).
Répteis – Serpentes

Os venenos presentes nas serpentes são complexos e podem ser classificados como toxinas neurotóxicas, coagulantes, hemorrágicas, hemolíticas, miotoxinas, citotoxi- nas e
nefrotoxinas (KLAASSEN; WATKINS III, 2012).

As neurotoxinas causam paralisia neuromuscular, podendo gerar tonturas, af- talmoplegia, paralisia muscular facial flácida e inabilidade para deglutição, paralisia muscular,
podendo atingir a musculatura respiratória, gerando asfixia. As coagulantes inibem a coagulação normal ou a agregação plaquetária, podendo causar hemor- ragia. Os citotóxicos
causam dor, edema maciço, bolhas, descoloração, hematomas e feridas. As nefrotoxinas, causam danos na estrutura renal, causando sangramento, privação de oxigênio tissular e
falência renal (KLAASSEN; WATKINS III, 2012).

Os sintomas de envenenamento estão relacionados ao tipo e quantidade de veneno, local da picada, saúde, idade e tamanho do paciente e tipo e tempo para o tratamento.

FITOTOXINAS

As plantas são essenciais para a vida animal, pelo fornecimento de oxigênio, energia e abrigo. Elas possuem diversos produtos naturais, podendo ser classificadas como substâncias
fitoquímicas, com efeitos benéficos (drogas e hormônios), ou subs- tâncias fitotóxicas, com efeito danoso aos animais e seres humanos. Essas toxinas podem ser utilizadas como
defesa contra outros organismos, designadas de alelo- patia (SHIBAMOTO; BJELDANES, 2014).

As fitotoxinas causam efeitos diferentes, até mesmo quando tratamos de uma mesma espécie. Isso ocorre devido à planta (compreendida por raiz, caule, folhas e sementes)
apresentar diferentes concentrações de determinada substância; devido à sua idade, ao clima e solo do ambiente onde se encontra; e devido às diferenças genéticas de uma mesma
espécie, alteração na capacidade de sintetizar a substância tóxica (KLAASSEN; WATKINS III, 2012).

Figura 1 - Planta de óleo de rícino com frutas vermelhas e folhas coloridas

Uma dessas plantas corresponde a espécie Urtica (urtiga), que após penetração na pele causa dor e eritema. Isso ocorre devido os tricmos que recobrem as folhas, que em contato
com a pele se rompem liberando o fluido de histamina, acetilcolina e serotonina (KLAASSEN; WATKINS III, 2012).

A espécie Hypericum perforatun , conhecida como erva-de-são-joão, tem raro efeito nos humanos, porém causa lesões na pele do gado, nas regiões
não cobertas por pelos (orelhas, nariz e olhos), isso ocorre após o contato com a toxina e a exposição solar- fotossensibilidade.

Fonte: KLAASSEN; WATKINS III (2012).

O pólen das plantas também pode causar intoxicação por meio da rinite alérgica. Espécies de pimenta, como caiena e chili, causam sinais de tosse durante o dia, principalmente em
pessoas que manuseiam constantemente os produtos, devido às substâncias irritantes capsaicina e dihidrocapsaicina (KLAASSEN; WATKINS III, 2012).

A semente da noz de Tung corresponde à sua parte tóxica, a ingestão dela madura causa efeitos tóxicos, como dor abdominal, vômitos e diarreia. A castanha-da-índia contém o
glicosídeo esculina, que causa aos seres humanos gastrenterite, devido à sua baixa absorvidade pelo sistema digestório, no gado, esse glicosídeo presente na semente é hidrolisado
no rume, causando intoxicação com sintomas de pernas duras e convulsão tônica (KLAASSEN; WATKINS III, 2012).

A planta conhecida como mamona, da família Euphorbiacea, não causam sintomas da intoxicação rapidamente, podendo ocorrer gradativamente a perda de apetite, vômito, náusea.
Caso a intoxicação seja de modo grave, haverá persistência do vômito, diarreia com presença de sangue, desiratação e icterícia, podendo ocorrer a morte entre 6 e 8 dias após a
intoxicação (KLAASSEN; WATKINS III, 2012; SHIBAMOTO; BJELDANES, 2014).

Outra planta, conhecida como chapéu-de-napoleão (Thevetia peruviana), possui suas folhas e sementes tóxicas aos animais e humanos, com sinais de intoxicação como náusea,
vômito e arritimia cardíaca (KLAASSEN; WATKINS III, 2012).

Vários gêneros de azaleias (Ericacea) produzem, tanto nas folhas e flores quanto no pólen e néctar a toxina graianotoxica. Por isso, pode intoxicar o mel produzido pelas abelhas,
devido ao pólen contaminado, causando intoxicação com sinais de bradicardia intensa, hipertensão, parestesia oral, fraqueza e desconforto gastrointestinal e, em casos mais graves,
ocorrer depressão respiratória e perda da consciência (KLAASSEN; WATKINS III, 2012).

Diversos cogumelos possuem toxinas, considerando que são espécies não comestíveis, sua intoxicação causa distúrbios gastrointestinais e, algumas espécies, podem ocasionar até a
morte devido aos danos hepáticos. Sementes de maçã, cereja e pêssego, assim como a amêndoa amarga, possuem o composto amigdalina, a qual em contato com o estômago, libera
ácido cianídrico e reage com íon ferro, causando intoxicação por cianeto com sintomas de asfixia (KLAASSEN; WATKINS III, 2012).

MICOTOXINAS

As micotoxinas correspondem a substâncias produzidas por fungos. A palavra micotoxina é derivada do grego, mykes quer dizer cogumelo, e toxina remete a substâncias tóxicas,
assim são substâncias tóxicas produzidos por determinados cogumelos. São vários os fungos que podem produzir substâncias venenosas denominadas de micotoxinas e que podem
produzir sintomas graves de doenças. O envenenamento causado pelo consumo de certos cogumelos, tais como Amanita virosa , é um dos exemplos típicos (PELCZAR JR. et al.,
1997).

Figura 2 - Amanita virosa , comumente confundido com cogumelos comestíveis


Sua toxicidade varia de acordo com a espécie. Os sinais de intoxicação por micotoxinas depende da espécie, assim como da dose e duração do contato, e de características dos
indivíduos, como idade, sexo, estado de saúde e genética (SEHNEM, 2015).

As micotoxinas são produtos do metabolismo secundário de alguns fungos filamentosos (bolores) que podem se proliferar em diversos substratos como sementes, cereais,
alimentos e reações, acarretando, quase sempre, graves danos à saúde do homem e dos animais (OLIVEIRA; OLIVEIRA, 2010).

Substâncias tóxicas também podem ser produzidas por fungos microscópicos, crescendo em produtos alimentícios, tais como cereais, amendoim, grãos de café, tabaco e presuntos
curados, como a micotoxina fumonisina, produzida pelo fungo Fusarium e Gibberella, que ocorre principalmente no milho. Quando há contamina- ção, principalmente de cavalos,
por ingestão de milho “mofado”, pode ocorrer sinais de letargia, ataxia, convulsões e até a morte (KLAASSEN; WATKINS III, 2012; PELCZAR JR. et al., 1997).

O ergotismo é uma intoxicação por micotoxina que ocorria frequentemente nos tempos medievais. Por exemplo, no ano de 743, mais de 40.000 mortes ocorreram na França,
aparentemente, devido a um surto de ergotismo. Diversos países, como Rússia, Inglaterra, França e Índia já apresentaram surtos relatados no século XX (PELCZAR JR. et al., 1997).
A ergotina é uma micotoxina produzida por Claviceps purpurea , um fungo que cresce em arroz umedecido e outros grãos. Quando con- sumida pelo homem, a ergotina pode causar
acessos, desordem mental, gangrena dos dedos dos pés e das mãos e, algumas vezes, morte (TORTORA et al., 2017). Ela também pode causar sintomas alucinógenos, produzindo
um comportamento bizarro, similar ao causado pelo LSD (TORTORA et al., 2017).

Sabendo que pelo menos 14 micotoxinas possuem efeitos carcinogênicos, destacamos dentre elas as aflatoxinas. A aflatoxina é uma micotoxina produzida pelo fungo Aspergillus
flavus , um bolor comum. Essa micotoxina tem sido encontrada em muitos alimentos, mas é mais provável de ser encontrada em amendoins. São compostos severamente tóxicos,
imunossupressores, mutagênico, teratogênico e carcinogênico. O principal órgão atingido pela toxicidade e carcinogenicidade é o fígado (KLAASSEN; WATKINS III, 2012; SEHNEM,
2015; TORTORA et al., 2017).

Tabela 1 - Algumas micotoxinas e seus respectivos substratos e efeitos tóxicos

Os tóxicos mais importantes são as aflatoxinas B1, G1, B2 e G2. Destas, a aflatoxina B1 (AFB1) é considerada o agente natural mais carcinogênico que se conhece. Por conta disso e
pela prevalência deste fungo (e de outras espécies produtoras) em nosso meio, é a mais importante micotoxina no Brasil (SEHNEM, 2015).

METAIS
Os metais são compostos químicos encontrados na natureza e explorados pelas atividades antrópicas. Suas principais características são a alta refletividade (brilho), alta densidade,
dureza, ductibilidade, maleabilidade e resistência, possuem propriedades de condução de calor e corrente elétrica (KLAASSEN; WATKINS III, 2012; SISINNO; OLIVEIRA-FILHO,
2013).
O uso dos metais em atividades industriais causa a exposição humana direta, além de ter a capacidade de poluição ambiental, em todos os meios, ar, água, solo e sedimento. Seu
diferencial, com relação à maioria dos poluentes, é ao fato de não ser produzido, nem destruído por ações humanas (KLAASSEN; WATKINS III, 2012).

Ductibilidade:capacidade de se transformar em fios. Maleabilidade:capacidade de adquirir diferentes formas sob pressão. Fonte: Atkins e Jones
(2012).

Na natureza os metais participam dos ciclos biológicos e geológicos. Por meio de processos como a dissolução, pela chuva, nas rochas e minérios acarretando o pro- cesso de
deposição e transporte desses compostos para as águas. Os ciclos biológicos causam o processo de biomagnificação por plantas e animais, mas a principal fonte de contaminação
são as atividades antrópicas, causando contaminação de plantas, organismos aquáticos, invertebrados, peixes, mamíferos marinhos, pássaros e animais domésticos (KLAASSEN;
WATKINS III, 2012).

Figura 3 - Toxicologia dos metais.

Fonte: a autora.

Diversos fatores interferem na toxicidade dos metais, entre eles estão a dose, a via de exposição e a frequência da exposição, além da idade, sexo e capacidade de bio-
transformação do ser contaminado. Para identificação e confirmação da intoxicação por metais, utiliza-se a avaliação de biomarcadores, analisando as concentrações do metal no
sangue, urina ou cabelo (KLAASSEN; WATKINS III, 2012).

Mercúrio

O mercúrio corresponde ao único metal líquido na temperatura ambiente, de alta densidade e coloração prata brilhante, na natureza pode ser encontrado na forma líquida, sólida e
gasosa. Os compostos de maior interesse no ambiente correspondem aos cloretos, nitratos, sulfatos e hidróxidos. Sua forma de vapor é a forma mais tóxica de origem natural e
ocorre pela desgaseificação da crosta, erupções vulcânicas e evaporação dos oceanos e solos. As principais fontes de atividades humanas, e as mais poluidoras, são as emissões
provenientes da mineração e fundição de metais e a combustão do carvão (KLAASSEN; WATKINS III, 2012; SISINNO; OLIVEIRA-FILHO, 2013).

A contaminação por mercúrio, por exposição ambiental, pode ocorrer principalmente pela exposição alimentar através do consumo de peixes contaminados com metilmercúrio
(que entra na cadeia alimentar inicialmente pelo plâncton). A contaminação por inalação de vapor pode causar bronquite aguda e corrosiva, em altas concentrações, pneumonite
intersticial e causar efeitos no sistema nervoso central, como insônia, timidez, nervosismo e enjoo, a níveis elevados pode causar delírios, alucinações, melancolia suicida e psicose
maníaco-depressiva (KLAASSEN; WATKINS III, 2012; SISINNO; OLIVEIRA-FILHO, 2013).

Os sintomas da intoxicação estão relacionados à intensidade da dose e tempo de exposição, assim como a via de exposição ao metal. Considerando a espécie de exposição, de
acordo com a toxicologia, esta pode ser dividida em mercúrio metálico, compostos mercuriais inorgânicos e compostos organomercuriais (SISINNO; OLIVEIRA-FILHO, 2013).

Diferentemente da contaminação por inalação, em que o tóxico é quase total- mente absorvido, o mercúrio metálico, se ingerido, é pouco absorvido, causando irritação local e
diarreia. Considerando o órgão-alvo do tóxico, o rim, sua exposição crônica induz uma doença glomerular imunológica, além de necrose dos tubos pro- ximais, nefrite e possível
insuficiência renal (KLAASSEN; WATKINS III, 2012; SISINNO; OLIVEIRA-FILHO, 2013).

Uma propriedade significante dos compostos organomercuriais corresponde à capacidade de atravessar as membras biológicas (lipossolubilidade), como a hematoencefálica e a
placentária, podendo causar danos encefálicos no feto, pois observando as grávidas intoxicadas, constatou-se que o nível do metal é superior no feto, pela sua sensibilidade
(SISINNO; OLIVEIRA-FILHO, 2013).

No ambiente, o mercúrio tem alta capacidade de bioacumulação e biomagnificação ao longo da cadeia alimentar, na qual os organismos aquáticos apresentam a maior sensibilidade
ao tóxico, enquanto que as plantas, em geral, não sofrem danos (SISINNO; OLIVEIRA-FILHO, 2013).

Cádmio

O cádmio pode ser encontrado no ambiente de forma natural nas águas em baixas concentração. Este corresponde um metal branco-prateado, com pontos de fusão e evaporação
baixo, logo é facilmente evaporado para a atmosfera, e consequente- mente oxidado, podendo gerar compostos como, óxidos, carbonatos, hidróxidos e sulfetos. As fontes naturais
correspondem a minérios de zinco, cobre e chumbo. Nas atividade antrópicas, o cádmio foi muito utilizado nas indústrias de galvanoplastia, pigmentos e estabilizantes de plásticos,
atualmente seu principal uso é na fabricação de baterias de níquel-cádmio (GALDINO, 2015; SISINNO; OLIVEIRA-FILHO, 2013). A disposição no ambiente tem principal origem
desses resíduos industriais, e de efluentes das indústrias de extração e processamento de minérios de metais não ferrosos. Outra fonte contaminante, é a fabricação de fertilizantes
químicos, que causam a liberação do cádmio das rochas fosfatadas, assim como seu uso nos solos (SISINNO; OLIVEIRA-FILHO, 2013).

Esse metal possui característica de acumulação irreversível no organismo, por longo período, o sangue e a urina podem ser usados como bioindicadores, para quantificar a
concentração do metal. E os principais órgãos-alvo, são o fígado e os rins. A contaminação pode ocorrer pela alimentação, pois muitas plantas acumulam do cádmio do solo, sua
ingestão em dose elevada pode causar irritação do epitélio gastrointestinal, com náuseas, vômitos e dor abdominal. A exposição a baixas concentrações por longo prazo, pode
causar danos renais, doenças pulmonares obstrutivas, osteoporose e doenças cardiovasculares. Incluindo a preocupação da característica carcinogênica devido a exposição
ocupacional (KLAASSEN; WATKINS III, 2012; SISINNO; OLIVEIRA-FILHO, 2013).

Chumbo

O chumbo corresponde a um metal azulado ou cinza-prateado, encontrado naturalmente na crosta terrestre, em rochas fosfatadas e sedimentos marinhos, além de ser encontrado
em concentrações-traço no carvão e petróleo. Seus sais, em geral, possuem baixa solubilidade em água. Considerado um poluente global presente em toda biosfera (GALDINO,
2015; SISINNO; OLIVEIRA-FILHO, 2013).

Por muito tempo utilizou-se o chumbo tetraetila e tetrametila como aditivos da gasolina e, devido a sua alta volatilidade, foi transferido para a atmosfera, conta- minando mesmo
ambientes distantes da fonte. Atualmente seu principal uso está na fabricação de baterias, tanto na forma metálica, quanto em liga com antimônio. Outras fontes de menor impacto
no ambiente são as fundições e indústrias metalúr- gicas, incineradores de resíduos e usinas de energia, pela queima de carvão (SISINNO; OLIVEIRA-FILHO, 2013).

A contaminação humana ocorre pela água, alimentação e ar. As crianças compõem o grupo de maior preocupação, pela maior absorção gastrointestinal e falta de desenvolvimento
total da barreira hematoencefálica, assim como as grávidas e os fetos, pois a placenta não é uma barreira efetiva ao chumbo.

A contaminação pode ocorrer no sangue, nos tecidos moles e nos dentes e ossos, e seu excesso não absorvido pode ser excretado pela urina e fezes. Os efeitos dessa contaminação
variam de acordo com diversos fatores, como o tempo e dose de ex- posição, com efeitos neurológicos, hematológicos e renais (KLAASSEN; WATKINS III, 2012; SISINNO;
OLIVEIRA-FILHO, 2013).
No ambiente, a baixa solubilidade dos sais caracteriza a sedimentação, com associação ao solo e sedimentos. As plantas podem incorporar o metal tanto do solo quanto do ar. Neste
caso, não ocorre o processo de biomagnificação ao longo da cadeia trófica, e as taxas de concentrações são dependentes apenas do meio (SISINNO; OLIVEIRA-FILHO, 2013).

Arsênio

O arsênio corresponde a um metaloide, com propriedades dos metais e dos não-metais. Sua forma predominante é o arsenato e seus compostos são encontrados facilmente na
natureza, na crosta terrestre, rochas fosfáticas e sedimentos argilosos e em concentrações-traço nos diferentes meios, ar, água, solo e sedimentos. Suas fontes de origem
antropogênicas são a mineração, fundição, queima de combustíveis fósseis e pesticidas (KLAASSEN; WATKINS III, 2012; SISINNO; OLIVEIRA-FILHO, 2013).

Sua principal fonte natural na atmosfera é a atividade vulcânica, já nas atividades industriais é a fundição de metais, queima de combustíveis fósseis e uso de pesticidas, podendo
contaminar também o ambiente aquático (SISINNO; OLIVEIRA-FILHO, 2013). Os compostos inorgânicos de arsênio podem causar efeitos agudos e crônicos, sua toxicidade
depende da especiação química, podendo afetar a pele, com sinais de hiperceratose, verrugas e melanose; e os sistemas respiratório, cardiovascular, imune, genitouritária,
reprodutivo, gastrointestinal e nervoso, com apresentação de sinais como salivação, dispepsia irregular, cólicas abdominais e perda de peso. Sua capacidade carcinogênica está
associada a tumores de pele, pulmões, bexiga e, possivelmente, de rins, fígado e próstata (KLAASSEN; WATKINS III, 2012; SISINNO; OLIVEIRA-FILHO, 2013).

Na biota aquática e terrestre as espécies inorgânicas são mais tóxicas, com seu grau variando de acordo com as propriedades do ambiente, tendo como consequência uma baixa
diversidade de espécies e indivíduos (SISINNO; OLIVEIRA-FILHO, 2013).

POLUENTES ATMOSFÉRICOS
A atmosfera corresponde à fina camada de gases que envolve o planeta e está em contato direto com a superfície da Terra, é dividida em troposfera, estratosfera, mesosfera,
termosfera, ionosfera e exosfera. A região de maior interesse é a troposfera (abrange os 20 Km a cima do solo), composta por nitrogênio, oxigênio, argônio, dióxido de carbono,
vapor de água e outros gases em menor quantidade (neônio, hélio, metano, monóxido de carbono) (OGA et al., 2008).

A poluição atmosférica é avaliada pela quantidade de poluentes existentes no ar, e a exposição da pessoas, em geral, ocorre por períodos prolongados, com baixa exposição.
Diversas são essas substâncias poluentes que alteram a qualidade do ar, e esses poluentes podem ser classificados de acordo com a origem, como poluentes primários e
secundários. Poluentes primários são lançados de forma direta da fonte de emissão, representam pelo menos 98 % dos poluentes das áreas urbanas, sendo os principais o monóxido
de carbono, óxido de enxofre, hidrocarbonetos, material particulado e óxidos de nitrogênio. Os Poluentes secundários correspondem às substâncias formadas na atmosfera por
meio de reações químicas dos poluentes primários com componentes naturais da atmosfera (KLAASSEN; WATKINS III, 2012; OGA et al., 2008).

Outra classificação, muito utilizada, é de acordo com a natureza química redox dos componentes primários. Atmosfera redutora está relacionada aos processos de fundição e
combustão na indústria, devido à poluição por dióxido de enxofre e fumaça, formando névoa ácida (KLAASSEN; WATKINS III, 2012).

Em ambientes internos, o ar tem composição mais complexa que no ambiente externo. Devido à menor circulação do ar e à concentração da
substância poluente.

Fonte: Klaassen e Watkins III (2012).

As fontes poluidoras da atmosfera podem ser classificadas como estacionárias (fixas), caracterizada pelas indústrias, ou móveis caracterizada pelos veículos. As fontes estacionárias
contribuem com a maior porcentagem de poluição de óxidos de enxofre (SOx) e material particulado, enquanto que as fontes móveis contribuem com a maior porcentagem de
monóxido de carbono (CO), hidrocarbonetos (HC) e óxidos de nitrogênio (NOx) (OGA et al., 2008).

O aumento do uso do etanol como combustível veicular, reduz a emissão de compostos poluentes, porém, aumenta a produção de cana-de-açúcar, e
consequentemente as queimadas da sua palha, lançando na atmosfera poluentes como material particulado, aldeídos, monóxido de carbono,
hidrocarbonetos e hidrocarbonetos policíclicos aromáticos.

(Seizi Oga, Márcia Maria de A. Camargo, José Antonio de O. Batistuzzo)

Os efeitos causados pela poluição atmosférica são muito variáveis, dependendo das condições de exposição e do indivíduo exposto. Pode ocorrer intoxicação aguda, em casos de
acidentes, ou quando ocorre a inversão térmica, com sinais de lacrimeja- ção, dificuldade de respiração e diminuição da capacidade física. No entanto a principal intoxicação é a
crônica, com a exposição a longo prazo, causando alteração de acui- dade visual, alteração da ventilação pulmonar, bronquite, asma, doenças cardiovasculares, enfisema pulmonar e
câncer pulmonar. O câncer pulmonar é de difícil relação, pois está muito relacionado ao histórico de vida do paciente, principalmente se for fumante (KLAASSEN; WATKINS III,
2012; OGA et al., 2008).

DIÓXIDO DE ENXOFRE (SO2)

O dióxido de enxofre é um gás incolor ou amarelo, com odor característico de enxofre, solúvel em água e irritante, que em contato com a água se transforma em SO3, e
posteriormente em ácido sulfúrico (H2SO4). Classificado como poluente primário, tem como principais fontes os combustíveis fósseis, como carvão e petróleo, emitidos pelos
automóveis, usinas termoelétricas, fundições, produção de ácido sulfúrico e papel. Naturalmente é emitido pelas erupções vulcânicas e oxidação de gases de enxofre da
decomposição de plantas (KLAASSEN; WATKINS III, 2012; OGA et al., 2008). Na natureza algumas plantas são sensíveis ao dióxido de enxofre, apresentando um amarelamento das
folhas. Na atmosfera, pode levar à formação da chuva ácida (OGA et al., 2008; SPIRO; STIGLIANI, 2009).

A chuva ácida tem origem nas conversões dos compostos SO2, NOx e os COVs, em produtos ácidos. Seus efeitos estão na acidez do meio aquático, danos a plantações e florestas e
prejuízos a materiais de construção. Em geral o pH da chuva não poluída é de aproximadamente 5,6, já em uma chuva ácida ocasionada pela poluição atmosférica fica em torno de
3,5 a 4,5 (DAVIS; MASTEN, 2016; MIHELCIC et al., 2012).
Figura 4 - Sistema da chuva ácida

O dióxido de enxofre é facilmente absorvido pelas vias aéreas superiores, causando broncoconstrição e secreção de muco. Ao entrar em contato com as vias aéreas e a água ali
presente, o dióxido de enxofre se converte em ácido sulfúrico, sulfito, bissulfito e sulfato (contaminantes secundários), ficando grande parte ali retido, sendo o restante é liberado
para o corpo. O aumento do fluxo de ar auxilia na penetração do gás nas áreas mais profundas do pulmão (KLAASSEN; WATKINS III, 2012; OGA et al., 2008).

MONÓXIDO DE CARBONO (CO)

O monóxido de carbono é considerado um asfixiante químico, sendo um gás incolor e inodoro, agindo na formação de carboxiemoglobina, que impede a oxigenação do sangue. A
hemoglobina possui maior afinidade pelo monóxido de carbono do que pelo oxigênio (O2), privando o organismo do O2. Níveis de 5 a 10 % de carboxiemoglobina no sangue afetam
a visão e os reflexos (DAVIS; MASTEN, 2016; KLAASSEN; WATKINS III, 2012). Sua fonte natural está na atividade vulcânica e descargas elétricas em tempestades. E as fontes
antrópicas estão na queima incompleta dos veículos, sistemas de aquecimento, usinas termoelétricas a carvão, queima da biomassa, queima de tabaco e churrasqueira. A exposição
ao poluente está associada a prejuízos na acuidade visual, na capacidade de trabalho, no aprendizado e no aumento da mortalidade por infarto agudo entre os idosos (OGA et al.,
2008).

DIÓXIDO DE NITROGÊNIO (NO2)

O gás dióxido de nitrogênio tem a cor marrom avermelhada, com odor forte e irri- tante. Os óxidos de nitrogênio (NOx), são formados a partir da oxidação atmosférica no processo
de combustão. Sua principal fonte natural são bactérias que emitem na atmosfera óxido nítrico. E suas fontes antrópicas vêm da combustão de veículos, processos industriais,
usinas térmicas à base de óleo ou gás, incineração e oxidação de fertilizantes à base de nitrogênio. Em geral o composto emitido na atmosfera é o óxido nítrico (NO), não tóxico, que
sofre rapidamente oxidação, formando o com- posto NO2 (KLAASSEN; WATKINS III, 2012; OGA et al., 2008).

Sua capacidade de permanência, ou pouca reatividade na troposfera, auxilia no efeito estufa , facilmente transportado para a estratosfera, favorecendo reações fotoquímicas e
químicas. O efeito estufa ou greenhouse é o processo que ocorre na troposfera e consiste na passagem e retenção de radiações solares que chegam ao planeta, esse impedimento
da saída da radiação refletida conserva parte da energia, mantendo a temperatura atmosférica em torno de 30°C, naturalmente. O aumento da produção dos gases do efeito estufa
(como o dióxido de carbono, metano, ozônio e o óxido nitroso), gera o maior aquecimento global devido às diferentes capacidades de absorção do calor dos gases e,
consequentemente, diferentes potenciais de aquecimento global (MIHELCIC et al., 2012; OGA et al., 2008).

Na troposfera o NO e NO2 são compostos do “smog” fotoquímico . O smog fotoquímico é caracterizado pela formação de produtos altamente oxidantes, quando associado aos
processos de inversão térmica, à presença de hidrocarbonetos, aos óxidos de nitrogênio e à radiação eletromagnética. A inversão térmica corresponde a um fenômeno natural na
atmosfera quando as correntes de ar cessam, ficam estacionárias. Em condições específicas, uma camada (nuvem ou nevoeiro) se forma, interceptando a radiação e deixando o
ambiente abaixo dessa camada mais fria por não aquecer o ar e não formar as correntes de ar. Essa inversão térmica não é nociva, mas ocasiona o acúmulo das substâncias ali
presente, logo, a ocorrência de poluente nesse ambiente pode alcançar níveis tóxicos (LENZI; FAVERO, 2011).

Figura 5 - Nevoeiro com fumaça em ambiente urbano devido à poluição atmosférica

No ambiente o NO2 também pode ser transformado em ácido nítrico (HNO3), com- posto irritante, encontrado na chuva ácida, que pode gerar danos à vegetação e às plantações
(LENZI; FAVERO, 2011; OGA et al., 2008).

O dióxido de nitrogênio inalado atinge os pulmões, e seus efeitos tóxicos estão relacionados ao seu caráter oxidante. Em intoxicações crônicas causa irritação nas vias aéreas e
enfisema pulmonar, e nas intoxicações agudas, edema pulmonar, além de ser relacionado a infecções respiratórias, aumento da sensibilidade, asma e bronquite (OGA et al., 2008).

OZÔNIO (O3)
O ozônio é um gás incolor e inodoro. Naturalmente encontrado na estratosfera devido à fotólise do oxigênio (O2), possui a função de proteção dos organismos vivos por absorver a
radiação ultravioleta do sol.

Através de atividade humanas é encontrado na troposfera, principalmente em áreas urbanas, causando efeitos tóxicos. É classificado como poluente secundário, envolvendo
diversas reações catalisadas pela radiação ultravioleta e compostos de óxido de nitrogênio e orgânico voláteis (OGA et al., 2008). Na natureza, causa danos à vegetação, agindo
como inibidor da fotossíntese e causando lesões nas folhas das plantas. Além do seu importante papel no aquecimento global (OGA et al., 2008).

A perda de ozônio na troposfera, depleção ou desaparecimento, ocorre pelos processos químico e fotoquímico. O processo químico age como um processo de limpeza da atmosfera,
eliminando poluentes por meio da oxidação desses compostos orgânicos e inorgânicos devido ao poder oxidante do ozônio, que por usa vez também é consumido nas reações. Um
dos compostos, muito conhecido, é o clorofluorocarbono (CFC), que ocasiona essa diminuição de ozônio na estratosfera. Esse composto é utilizado como propelentes de aerossóis,
gases de refrigeração, fluidos de ar condicionado e na fabricação de isopores. Não corresponde a um tóxico, é estável, pouco reativo e não inflamável (LENZI; FAVERO, 2011; OGA
et al., 2008).

Os efeitos de intoxicação por ozônios, devido ao seu potencial oxidante e cito- tóxico, são irritação nos olhos e sistema respiratório, dor de cabeça, baixa do ritmo cardíaco e da
pressão, favorece infecções respiratórias, agrava doenças já existentes, como a asma, e pode causar doenças crônicas com enfisema e bronquite (LENZI; FAVERO, 2011; OGA et al.,
2008).

COMPOSTOS ORGÂNICOS VOLÁTEIS (COV)

Os compostos orgânicos voláteis, correspondem a várias substâncias químicas, utilizadas na principalmente na indústria, como refinarias de petróleo e indústria petroquímica,
exaustão veicular, produção e distribuição de gás natural, praguicidas, processos de combustão e emissões florestais (OGA et al., 2008).

No ambiente, os COVs atuam no processo de “ smog ” fotoquímico, formando radicais orgânicos com posterior formação de O3. Em geral, são tóxicos aos humanos, além de alguns
apresentarem características mutagênicas e carcinogênicas (OGA et al., 2008).

Esses compostos voláteis são conhecidos como solventes, líquidos orgânicos de alta volatilidade, usados para dissolver, diluir ou dispersar materiais insolúveis em água. Sua
toxicidade depende de fatores específicos, como o número de átomos de carbono, o tipo de ligações entre os átomos de carbono (simples, dupla ou tripla), sua configuração (cadeia
linear, ramificada ou cíclica) e da presença de grupos funcionais (KLAASSEN; WATKINS III, 2012).

A exposição ambiental ocorre por várias vias, e os solventes estão presentes tanto no ar quanto na água. Na atmosfera, a contaminação ocorre por meio da evaporação, envolvendo
uma mistura de produtos, o vento tem a função de diluir e dispersar esses solventes, podendo transportar essas substâncias para ambientes afastados da fonte de contaminação
(KLAASSEN; WATKINS III, 2012; OGA et al., 2008).

Os principais solventes tóxicos sãos hidrocarbonetos clorados, como o 1,1,2-tricloroetileno (TCE), usado como desengordurante de metais. O tetracloroetileno é utilizado como
desengraxante, na lavagem a seco, lavagem de tapetes e estofa- mentos, acabamento de tecidos, tintas e removedores de manchas. O cloreto de metileno, ou diclorometano,
solvente em processos industriais, é utilizado também no preparo de alimentos, como agente desengordurante, propelente de aerossol e na agricultura. O clorofórmio, ou
triclorometano, é usado na produção do clorodifluormetano, gás refrigerante.

Dentre o grupo dos hidrocarbonetos aromáticos, os principais solventes são o benzeno, derivado do petróleo, usado na gasolina e presente no tabaco. O tolueno é utilizado nas
tintas, lacas, diluentes, agentes de limpeza e colas, além de ser encontrado na gasolina, assim como os xilenos e etilbenzene, presentes também em outros combustíveis. Dentro do
grupo dos álcoois, os mais utilizados são o etanol, combustível, e também utilizado como solvente na indústria, em produtos domésticos e farmacêuticos. E o metanol, presente nos
fluidos de máquina de lavar para-brisas, na indústria de formaldeído e éter metil tercbutílico (KLAASSEN; WATKINS III, 2012).

MATERIAL PARTICULADO (MP)

O material particulado é composto por diversas partículas sólidas e líquidas em sus- pensão no ar. Podendo ser divididos de acordo com o material, como poeiras, fumos, fumaça,
névoa e neblina (OGA et al., 2008).

A poeira é um composto de diâmetro variável, entre 0,01 e 100 µm, com a mesma composição química do material de origem, dispersóide sólido gerado por desagregação mecânica.
O fumo , aerodispersóide sólido, tem origem de processos de combustão, sublimação e fundição, possui portanto a composição diferente do mate- rial de origem, com diâmetro
menor que 0,1 µm. A fumaça , aerodipersóide resultante da combustão de matéria orgânica, possui um diâmetro menor que 0,5 µm. A névoa tem origem de processos mecânicos e
são partículas líquidas com diâmetro variável. E a neblina também corresponde a partículas líquidas, mas obtidas da condensação de vapores (OGA et al., 2008).

As fontes do material particulado podem ser as mais diversas, como poeira do solo, emissões veiculares, emissões industriais, de combustão, originária de construção e demolição,
da pulverização de pesticidas, cinzas vulcânicas e bioaerossóis. Sua toxicidade vai depender do tipo da fonte poluente e da substância dispersa. O material particulado, classificado
como MP10 (partículas inaláveis com diâmetro menor que 10 µm) são consideradas perigosas por atingir facilmente os pulmões e alvéolos.

As partículas maiores são retidas no nariz, causando apenas incômodo, e removidas com o muco (OGA et al., 2008).

Dentre os possíveis componentes do material particulado, podemos citar alguns, como: sódio, potássio, cálcio e magnésio (emitidos pelo sal marinho e poeiras transportadas pelo
vento); sulfato (emitido pela combustão de combustíveis contaminados com enxofre); nitrato (dos óxidos de nitrogênio emitidos por combustão); cloreto (do sal marinho e do ácido
clorídrico produzido em combustões); e minerais insolúveis (de poeira transportada pelos ventos) (LENZI; FAVERO, 2011).

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ATIVIDADES
1. Considerando as substâncias produzidas pelas plantas, como são denominadas aquelas que causam efeitos benéficos? Assinale a alternativa correta:

a) Fitotóxicas.

b) Fitoquímicas.

c) Fitorgânicas.

d) Fitornamentais.

e) Nenhuma das alternativas anteriores está correta.

2. Leia a afirmativa a seguir e preencha as lacunas. “Na natureza os metais participam dos ciclos biológicos e geológicos. Através de processos como a__________, nas rochas e
minérios, pela__________, com consequente processo de __________ e transporte desses compostos para __________.”

Com base no preenchimento das lacunas anteriores, assinale a alternativa que apresenta, respectivamente, as palavras utilizadas:

a) Dissolução; chuva; deposição; águas.

b) Chuva; dissolução; deposição; águas.

c) Deposição; água; dissolução; chuva.

d) Absorção; chuva; deposição; água.

e) Nenhuma das alternativas anteriores está correta.

3. O material particulado é composto por diversas partículas, sendo elas:

a) Líquidas e gasosas.

b) Sólidas e gasosas.

c) Sólidas e líquidas.

d) Apenas líquidas.

e) Nenhuma das alternativas anteriores está correta.

Resolução das atividades

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RESUMO
Poluentes ambientais são todas as substâncias químicas, de origem natural ou antrópica, que causam danos ao meio ambiente e aos seres vivos nele presentes. As toxinas naturais,
ou seja, aquelas que têm origem na própria natureza, estão presentes em nosso cotidiano, mas podem causar danos tão graves quanto contaminações por poluentes de origem
antrópica, com origem nas atividades humanas.

Dentre as toxinas naturais, temos as zootoxinas, substâncias tóxicas produzidas por seres vivos, principalmente animais como aranhas, cobras e escorpiões. As fitotoxinas são
substâncias com efeito danoso aos animais e seres humanos, proveniente de plantas, que podem ser utilizadas como defesa contra outros organismos. Lembrando que as plantas
também produzem substâncias fitoquímicas, com efeitos benéficos (drogas e hormônios). As micotoxinas são substâncias tóxicas produzidas por fungos, que contaminam
principalmente alimentos como grãos, atingindo a população diretamente.

Outros poluentes ambientais são os metais tóxicos, compostos químicos encontrados na natureza e explorados pelas atividade antrópicas, causando exposição humana direta, além
da poluição ambiental do ar, água, solo e sedimento. Esse contaminante possui a peculiaridade de não ser produzido nem destruído por ações humanas.

E outros tipos de poluentes, também de alta relevância, são os poluentes atmosféricos, ocorridos principalmente pela atividade antrópica. Correspondem uma contaminação
complexa devido à variedade de compostos presentes na atmosfera e aos diversos fatores que influenciam nas reações ocorridas neste meio, podendo eliminar ou produzir
compostos com maior toxicidade que os compostos originais emitidos. Os principais poluentes atmosféricos de interesse são: dióxido de enxofre, monóxido de carbono, dióxido de
nitrogênio, ozônio, compostos orgânicos voláteis e os materiais particulados. As suas influentes no meio podem causar danos nos seres, assim como no âmbito global, como o
aquecimento global, o processo de chuva ácida, do smog fotoquímico e inversão térmica.

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Material Complementar

FILME
An Inconvenient Truth

Ano: 2006

Sinopse: um dos documentários mais conhecidos sobre os efeitos do aquecimento global, realizado
por Davis Guggenheim e que retrata a campanha de Al Gore, ex-candidato à presidência dos EUA, no
circuito de palestras para conscientizar o público sobre os perigos do aquecimento global, e pede uma
ação imediata para conter seus efeitos destrutivos ao meio ambiente. Foi reconhecido com o Óscar
para melhor documentário. Al Gore ganhou o Prémio Nobel da Paz em 2007 pela sua campanha de
consciencialização.

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REFERÊNCIAS
ATKINS, P.; JONES, L. Princípios de Química. 5. ed. Bookman Companhia Editora: Porto Alegre, 2012.

DAVIS, M. L.; MASTEN, S. J. Princípios de engenharia ambiental. Porto Alegre: AMGH, 2016.

GALDINO, A. M. R. Introdução ao estudo da poluição dos ecossistemas . Curitiba: InterSaberes 2015.

KLAASSEN, C. D.; WATKINS III, J. B. Fundamentos em Toxicologia de Casarett e Doull (Lange). 2. ed. Porto Alegre: AMGH Editora, 2012.

LENZI, E.; FAVERO, L. O. B. Introdução à Química da Atmosfera: ciência, vida e sobrevivência. Rio de Janeiro: Grupo Gen-LTC, 2011.

MIHELCIC, J. R. et al. Engenharia Ambiental : fundamentos, sustentabilidade e projeto. Rio de Janeiro: Grupo Gen-LTC, 2012.

OGA, S. et al. O. Fundamentos de toxicologia . São Paulo: Atheneu Editora, 2008.

OLIVEIRA, F. A. D.; OLIVEIRA, F. C. Toxicologia experimetal de alimentos . Porto Alegre: Sulina; Editora Universitária Metodista IPA, 2010.

PELCZAR JR., M. J.; CHAN, E. C. S.; KRIEG, N. R. Microbiologia: conceitos e aplicações. 2. ed. São Paulo: Pearson Education do Brasil, 1997.

SEHNEM, N. T. Microbiologia e imunologia. São Paulo: Pearson Education do Brasil, 2015.

SHIBAMOTO, T.; BJELDANES, L. F. Introdução à Toxicologia de Alimentos. São Paulo: Elsevier Brasil, 2014.

SISINNO, C. L. S.; OLIVEIRA-FILHO, E. C. Princípios de toxicologia ambiental. Rio de Janeiro: Interciência, 2013.

SPIRO, T. G.; STIGLIANI, W. M. Química ambiental. Pearson Prentice-Hall, 2009.

TORTORA, G. J. et al. Microbiologia . 12. ed. Porto Alegre: Artmed Editora, 2017.

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APROFUNDANDO
As cianobactérias, também conhecidas como cianofíceas (algas azuis), representam microrganismos aeróbicos fotoautotróficos. Necessitam de fotossíntese para obtenção de
energia para o metabolismo, além da necessidade da presença de água, dióxido de carbono e substâncias inorgânicas (OGA et al., 2008).

Elas podem ser encontradas nos solos e rochas, porém, é na água doce que desempenham seu principal crescimento, devido às características do pH (neutro, na faixa de 6 a 9), à
temperatura (15°C a 30°C) e à elevada concentração de nutrientes (nitrogênio e fósforo) (ZAGATTO; BERTOLETTI, 2006).

O excesso de nutrientes, originários de fontes poluidoras como

os efluentes domésticos, causam o processo de eutrofização, que consiste no intenso crescimento desses microrganismos na superfície da água, causando a redução de oxigênio
dissolvido na água e posterior mortandade de peixes (OGA et al., 2008).

As cianobactérias podem produzir toxinas, produtos do metabolismo secundário, conhecidas como cianotoxinas, uma fonte natural de toxina, produzida por microrganismos (OGA
et al., 2008). Algumas toxinas são conhecidas pelo seus efeitos intensos, como os alcaloides ou organofosforado neurotóxicos (Neurotoxinas), podendo causar a morte devido à
parada respiratória após pouco tempo de exposição. Temos também as toxinas de efeito menos rápido, como peptídeos ou alcaloides hepatotóxicos (Hepatotoxinas) (ZAGATTO;
BERTOLETTI, 2006).

Diversos fatores podem influenciar na produção e degradação das cianotoxinas. Pode haver variação temporal das ocorrências, com intervalos curtos de tempo, até intervalos
sazonais, anuais e espaciais. Além dos fatores como luminosidade e temperatura nas águas (ZAGATTO; BERTOLETTI, 2006).

As hepaotoxinas hepatopeptídeos, chamadas de microcistinas, são estáveis e de fácil degradação (OGA et al., 2008). Algumas toxinas produzidas podem levar até 3 meses para
serem degradadas pelo ambiente, podendo variar de um local para outro, uma vez que as cianobactérias apresentam características genéticas distintas uma das outras, mesmo na
mesma espécie.

Verifica-se que diversas espécies de cianobactérias apresentam grande crescimento em ambientes de água doce e em estuários, apresentando produção de toxinas capazes de
causar a morte de animais domésticos e selvagens, além de causar problemas

à saúde humana (ZAGATTO; BERTOLETTI, 2006). Podem levar a intoxicações que incluem distúrbios hepáticos, neurológicos, gastrointestinais e reações alérgicas (OGA et al.,
2008). Comumente são observados casos de intoxicação pelas cianotoxinas registrados em diversos países, principalmente do Hemisfério Norte, e esses registros se devem aos
grandes

investimentos em pesquisas e a preocupação que se tem com o potencial de intoxicação que estas podem causar na população.

No Brasil, estudos realizados pelo Laboratório de Ecofisiologia e Toxicologia de Cianobactérias da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) têm confirmado a ocorrência de
cepas tóxicas em reservatórios de abastecimento público, em lagos

artificias, lagoas salobras e rios, do Estado de São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Paraná, Bahia, Pernambuco e do Distrito Federal. Destas amostras mais de 80% das cepas
mostram-se tóxicas em testes de bioensaio, os quais aproximadamente 10% das cepas apresentaram neutoxinas e as demais apresentaram hepatotoxinas (ZAGATTO;
BERTOLETTI, 2006)

Uma pesquisa realizada em 1993 na Bahia descreve forte evidência de correlação entre a ocorrência de floração de cianobactérias no reservatório de Itaparica e a morte de 88
pessoas, dentre as 200 intoxicadas, pelo consumo de água do reservatório, em 1988 (ZAGATTO; BERTOLETTI, 2006).

Em 1996, 123 pessoas com problemas renais crônicos, após terem sido submetidas a sessões de hemodiálise em uma clínica da Cidade de Caruaru (PE), passaram a apresentar
quadro clínico compatível com grave hepatotoxicose, que não era relacionada com nenhum outro fator comumente causados. Destes, 54 faleceram até 5 meses após apresentarem
os sintomas. De acordo com a Secretaria de Saúde do Estado, a clínica recebia água sem tratamento (ZAGATTO; BERTOLETTI, 2006).

Em muitos casos, as cianobactérias causadoras dos danos desaparecem do reservatório antes que as autoridades de saúde pública considerem uma floração como possível risco,
pois geralmente desconhecem os danos resultantes da ocorrência de floração de cianobactérias e, portanto, assumem que os padrões de purificação de água utilizados nas estações
de tratamento são capazes de remover qualquer problema potencial. Várias são resistentes ao tratamento, algumas são resistentes até à fervura (ZAGATTO; BERTOLETTI, 2006).

Além da microcistinas, existem outras toxinas de água doce como: nodularinas (hepatotoxina), cilindrospermopsinas (hepatotoxina), anatoxina-a e homoanatoxina-a (neurotoxinas),
saxitoxinas (neurotoxina), dentre outras (OGA et al., 2008).

Devido à capacidade de bioacumulação em peixes e moluscos, onde esses animais estejam tradicionalmente reunidos ou sendo cultivados, pode ser um risco, impondo o
monitoramento dos produtos de aquicultura. Muitos países implantaram programas de monitoramento de água e animais aquáticos (OGA et al., 2008).

No Brasil, a ANVISA (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), por meio da portaria nº1469/2000, passou a exigir dos órgãos competentes e responsáveis pelo tratamento e
fornecimento de água o controle de toxinas de cianobactérias. Em 2004 o MS (Ministério da Saúde) por meio da portaria nº518/04 reformulou e revogou a portaria 1469/00, onde
também estabeleceu limites para cianotoxinas, como: microcistina 1µg/L (máx); clilindrospermopsinas 15 µg/L (máx); saxitoxina 3 µg/L (máx). As duas últimas há apenas uma
recomendação (OGA et al., 2008).

REFERÊNCIAS

OGA, S. et al. Fundamentos de toxicologia . São Paulo: Atheneu Editora, 2008.

ZAGATTO, P. A.; BERTOLETTI, E. Ecotoxicologia aquática - princípios e aplicações. São Carlos: RiMa, 2006.

PARABÉNS!

Você aprofundou ainda mais seus estudos!

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EDITORIAL

DIREÇÃO UNICESUMAR

Reitor Wilson de Matos Silva

Vice-Reitor Wilson de Matos Silva Filho

Pró-Reitor de Administração Wilson de Matos Silva Filho

Pró-Reitor Executivo de EAD William Victor Kendrick de Matos Silva

Presidente da Mantenedora Cláudio Ferdinandi

C397 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MARINGÁ . Núcleo de Educação

a Distância; MIKALOUSKI , Flavianny Brencis da Silva;

Educação Ambiental na Escola e a Interdisciplinaridade . Flavianny Brencis da Silva Mikalouski;

Maringá-Pr.: UniCesumar, 2017.

42 p.

“Pós-graduação Universo - EaD”.

1. Educação. 2. Ambiental. 3. Interdisciplinaridade.

4. EaD. I. Título.

CDD - 22 ed. 372

CIP - NBR 12899 - AACR/2

Pró Reitoria de Ensino EAD Unicesumar

Diretoria de Design Educacional

Equipe Produção de Materiais

Fotos : Shutterstock

NEAD - Núcleo de Educação a Distância

Av. Guedner, 1610, Bloco 4 - Jardim Aclimação - Cep 87050-900

Maringá - Paraná | unicesumar.edu.br | 0800 600 6360

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ECOTOXICOLOGIA AQUÁTICA

Professora: Me. Flavianny Brencis da Silva Mikalouski

Objetivos de aprendizagem
• Compreender o meio de interesse – água.

• Conhecer os mecanismos físicos, químicos e bioquímicos envolvidos no meio.

• Identificar as principais fontes poluidores das águas, poluentes elementa- res, metais e semimetais e poluentes inorgânicos.

• Identificar os principais poluentes orgânicos e de origem na agroindústria, pesticidas e fertilizantes, nas águas.

Plano de estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade:

• Ambiente Aquático

• Mecanismos Bioquímicos

• Poluentes aquáticos

• Poluentes orgânicos e agroindustrial

Introdução
Neste estudo abordaremos a toxicologia aplicada ao meio aquático, com a apresentação dos conceitos básicos do meio, da vida aquática, e também as características principais e
fundamentais da água, seu equilíbrio e avaliação da qualidade, por meio da salinidade, dureza, alcalinidade, corrosividade, ferro e manganês, impurezas orgânicas, nitrogênio e
cloretos, além da presença de oxigênio dissolvido.

Serão apresentadas as principais interações que esse meio realizada com o ambiente, principalmente com sedimento, através dos processos de transporte, dissolução, precipitação,
dos processos bioquímicos de bioacumulação, biomagnificação e biodegradação. Além dos mecanismos bioquímicos en- volvidos na presença de uma substância tóxica, poluente,
biotransformação, bioacumulação e biodegradação.

As fontes poluidoras serão explanadas e classificadas como pontuais, não-pontuais ou lineares. Também serão apresentadas as formas de contaminação e os tipos de poluentes que
atingem os meios aquáticos, bem como seus efeitos tóxicos no ambiente e nos seres. Faremos o detalhamento dos principais poluentes, sendo eles elementares, metais e
semimetais, poluentes inorgânicos, orgânicos, pesticidas e fertilizantes.

Tendo em vista que a maior fonte poluidora das águas é por ação antrópica, pelo descarte inadequado de efluentes industriais, domésticos e agroindustrial, através das erosões e
lixiviações. O uso indevido da água pelo homem vem cau- sando a acumulação de poluentes na água, sedimento, solo, e ar. Fazendo-se necessária a conquista e o aprimoramento das
avaliações e monitoramentos do meio, com o conhecimento básico do meio.

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AMBIENTE AQUÁTICO

Meio Aquático

A água superficial corresponde aos rios, lagos e reservatórios, enquanto que as águas subterrâneas localizam-se nos aquíferos no subsolo. A hidrosfera sofre impacto direto com as
atividades humanas e também está ligada à contaminação da geosfera (solo), com a qual a água tem contato.

A água é extremamente importante no processo de transporte de compostos químicos (substâncias tóxicas) e também nos processos físicos, de volatilização, dis- solução,
precipitação, absorção e liberação dos sedimentos. Além dos processos químicos ocorridos no transporte, como a dissolução ou precipitação, hidrólise, complexação, oxidação-
redução e reações fotoquímicas, que sofrem influência bioquímica, como a bioacumulação, a biomagnificação em cadeia alimentar e a biodegradação (MANAHAN, 2016).

Os recursos hídricos podem ser caracterizados de duas formas, quanto à quantidade e quanto à sua qualidade. A quantidade de água pode ser interferida pela escassez, estiagem e
cheias, podendo ocorrer também escassez devido à sua contaminação. A qualidade depende diretamente da quantidade de água disponível para dissolver, diluir e transportar as
substâncias do meio aquático. O transporte de nutrientes, resíduos de processos biológicos e substâncias tóxicas ocorre devido à sua propriedade de alta solubilidade. Outro fator
importante é sua estabilidade de temperatura, que facilita as reações bioquímicas, além de possuir um alto calor de vaporização, influenciando na troca de calor e vapor com a
atmosfera.

Figura 1 - Ciclo da água: evaporação, transpiração, condensação, precipitação, percolação e lençol freático

Fonte: Braga (2005) e Manahan (2016).

A água tem seu movimento e conservação através do ciclo natural hidrológico, em que a água é transferida para a atmosfera pelos processos de evaporação, conver- são da água dos
lagos e córregos, e outras fontes hídricas, para o estado de vapor; e da transpiração, liberação da água das plantas para a atmosfera.

A precipitação da água pode ocorrer na forma de chuva, granizo, neve, chuva e neve, e chuva congelada, provendo água a partir da atmosfera. Partindo da precipi- tação, a água
pode sofrer escoamento superficial direto, escorrendo sobre o solo e desaguando nos rios, córregos e outros meios aquáticos; ou pelo escoamento sub- superficiais, quando a água
escoa abaixo da superfície mas não atinge os lenções freáticos; e pode ocorrer ainda a infiltração e percolação, alimentando as águas sub- terrâneas (DAVIS; MASTEN, 2016).

VIDA AQUÁTICA

O ecossistema aquático pode possuir organismos vivos, podendo ser classificados como autotróficos ou heterotróficos, sendo chamado de biota. Os seres autotróficos utilizam a
luz solar para fixação de elementos, agindo como produtores que utilizam a energia solar para geração de biomassa, partindo do CO2 e espécies inorgânicas simples. Já os
organismos heterotróficos utilizam as substâncias orgânicas produzidas pelos organismos autotróficos como fonte de energia e matéria-prima para a produção de biomassa, esses
são chamados de decompositores (ou reduto- res), compondo as bactérias e fungos, responsáveis pela decomposição da matéria (MANAHAN, 2016).

Para que o meio aquático tenha uma biota, ou seja, produtividade alta, é necessário fatores físicos e químicos específicos, tais como: a disponibilização correta de carbono (CO2),
nitrogênio (nitrato), fósforo (ortofosfato) e elementos traços como o ferro. Estabelecer um nível de produtividade é necessário à vida aquática, sua produção excessiva dá origem a
decomposição da biomassa, no alto consumo de oxigênio dissolvido (OD) e na produção de odores, e tal processo é conhecido como eutrofização. Ambientes com baixa
produtividade são ideais para o uso no abastecimento (MANAHAN, 2016).

Algumas propriedades físicas da água interferem na vida aquática, dentre elas as principais são temperatura, transparência e turbulência. A temperatura, se muito baixa, torna os
processos biológicos lentos, enquanto que altas temperatura acabam por destruir a maioria dos organismos. A transparência da água está relacionada à proliferação de algas. Já a
turbulência está relacionada com os processos de transporte de nutrientes e resíduos na água (MANAHAN, 2016).

PROPRIEDADES DA ÁGUA

A água é conhecida como solvente universal, devido à sua capacidade de dissol- ver um grande número de substâncias orgânicas e inorgânicas nos estados sólido, líquido e gasoso.
Alguns dos principais compostos estão descritos a seguir (BRAGA, 2005; MANAHAN, 2016):
• Oxigênio dissolvido (OD): corresponde a um dos gases dissolvidos na água, sem o qual muitos organismos aquáticos não sobreviveriam, além de ser usado, consumido, no
processo de degradação da matéria orgânica presente na água. A origem desse gás está principalmente na atmosfera, pois a oxigenação decorrente da ação fotossintetizante das
algas não é eficiente para oxigenar a água, uma vez que estas produzem oxigênio no processo de fotossíntese durante o dia, mas o consome durante a noite no processo metabólico.
Muitos casos de mortandade de peixes estão envolvidos com o baixo teor de OD, devido ao consumo na degradação de poluentes, mais do que na contaminação direta da água com
um poluente.

• Dióxido de carbono (CO2): presente em quase todas as águas naturais e residuais devido à sua presença na atmosfera e à produção decorrente da decomposição microbiana da
matéria orgânica presente na água. A dissolução do gás atmosférico nas águas do mar geram a redução do seu teor na atmosfera, auxiliando na redução de gás para o efeito estufa e,
consequente, aquecimento global. O CO2 pode ser ionizado gerando íon bicarbonato (HCO3) e íon carbonato (CO3-).

• Acidez : corresponde aos processos ácido-base na água, nas águas naturais ou residuais corresponde à capacidade de neutralizar o íon OH-. Não é comum encontrar águas ácidas,
exceto em casos de poluição, com a presença de ácidos fracos e/ou fortes.

• Alcalinidade : corresponde à capacidade de receber íons H+. Seu alto teor representa alto nível de sólidos dissolvidos no meio, principalmente bicarbonato, carbonato e hidróxido.
A alcalinidade atua como tampão do pH e fonte de carbono inorgânico, o que inibe a elevada proliferação de algas.

• Cálcio, e outros metais: são determinados pelas rochas com que a água tem contato. O íon cálcio, o magnésio e até o ferro são responsáveis pela dureza da água, a qual pode ser
detectada por um precipitado. A dureza temporária ocorre a partir de íons cálcio e bicarbonato na água.

INTERAÇÕES DO AMBIENTE AQUÁTICO

Os fenômenos químicos e bioquímicos que envolvem o meio aquático, em geral, são interações entre as espécies na água com outras fases. As principais interações correspondem à
produção de biomassa sólida pela fotossíntese de algas. Muitos elementos-traços, como o ferro, são transportados pelas águas ou absorvidos pelas partículas sólidas. Os materiais
de natureza orgânica e inorgânica se associam à água por processos de superfície, como adsorção, complexação e reprecipitação (MANAHAN, 2016).

Os sedimentos correspondem às camadas de matéria presentes nos leitos de rios, riachos, lagos, reservatórios, baías, estuários e oceanos. São compostos por mis- turas de
minerais, sendo reservatório de resíduos biológicos, químicos e poluentes, acumulando substâncias tóxicas ao meio. Em muitos casos, participa do processo de transferência de
tóxicos para cadeias alimentares, que pode ser de forma direta, entre sedimentos e organismo, ou indireta, com um estágio intermediário na solução aquosa (MANAHAN, 2016).

A presença de contaminantes nos sedimentos está relacionada com a biodisponibilidade, que caracteriza o grau de absorção do sistema de um organismo. Uma substância presente
no sedimento pode ser liberada na água, tendo contato tóxico com um microrganismo (MANAHAN, 2016; ZAGATTO; BERTOLETTI, 2006).

A solubilidade de um composto é a característica principal para a formação de fases não aquosas no meio. Quando o composto tem baixa solubilidade é chamado de insolúvel, como
o carbonato de chumbo, gerando a introdução de íon chumbo na água (MANAHAN, 2016).

Quando os poluentes estão na forma suspensa na água são conhecidos como partículas coloidais, assim também como as pequenas partículas de minerais, proteínas, algumas algas
e bactérias. Os coloides possuem a capacidade de transportar contaminantes orgânicos e inorgânicos pelas águas e podem ser classificados como hidrofílico, macromoléculas com
forte interação com a água; hidrofóbicos, interagem com a água com baixa intensidade; ou de associação, agregados especiais de íons e moléculas conhecidos como micelas
(MANAHAN, 2016).

Processos de agregação e precipitação de partículas em suspensão são muito importantes no meio aquático, principalmente no tratamento biológico de resíduos.

O processo de agregação pode ser dividido em duas etapas: a coagulação e a floculação. A coagulação corresponde ao agrupamento dessas substâncias devido à redução da
repulsão eletrostática, enquanto que a floculação utiliza agentes químicos capazes de agregar as partículas (MANAHAN, 2016).

O transporte da substância química irá ocorrer de acordo com a fonte contamina- da, considerando que os meios não são estáticos. Nos rios, o transporte ocorre pelo movimento de
advecção, deslocamento gravitacional de massas de água, estando relacionada com a mistura, diluição rápida em porções que se deslocam em diferentes velocidades, fazendo com
que logo o contaminante no rio espalhe-se enquanto segue a correnteza. Nos lagos e reservatórios não há grande movimentação, são es- táticos em comparação ao rio, o principal
fator de interferência são os ventos (BRAGA, 2005; MANAHAN, 2016).

INDICADORES DE QUALIDADE DA ÁGUA

A qualidade da água é avaliada através de parâmetros físicos e químicos. Dentre os parâmetros físicos estão a cor, derivada de substâncias geralmente orgânicas presentes na água;
turbidez, capacidade de desviar os raios luminosos devido a presença de materiais suspensos, podendo ser organismos microscópicos; além do sabor e odor, associados à presença
de poluente ou substâncias indesejáveis como matéria orgânica em decomposição (BRAGA, 2005).

Das características químicas, podemos destacar a salinidade, sais dissolvidos, formados principalmente por bicarbonatos, cloretos e sulfatos; a dureza, presença de sais de metais,
cálcio e magnésio, principalmente; alcalinidade, devido à presen- ça de bicarbonatos, carbonatos e hidróxidos; corrosividade, devido à presença de ácidos e solução de oxigênio, gás
carbônico e gás sulfídrico; ferro e manganês, que conferem sabor e cor a água; impurezas orgânicas, produtos de origem animal ou vegetal, matéria orgânica em geral; nitrogênio,
com base no seu ciclo sob a forma de nitritos, afim de avaliação a distância da fonte poluidora; cloretos, podendo apontar recente contaminação. Outro fator é a presença de
oxigênio dissolvido, necessário para manter a comunidade de organismos do meio aquático, através da análise de demanda de oxigênio (DBO) (BRAGA, 2005; MIHELCIC et al.,
2012).

DBO – Demanda Bioquímica de Oxigênio: corresponde à capacidade da matéria orgânica e biológica presente na água de consumir o oxigênio. Seu
valor é referente à quantidade de oxigênio consumido no processo de oxi- dação da matéria orgânica presente na amostra. Quanto maior o seu valor,
maior a quantidade de poluente na amostra.

Fonte: Baird e Cann (2011).

Podem ser utilizados no controle da qualidade da água bioindicadores de poluição aquática, que são organismos que vivem ou estão associados aos meios hídricos, fornecendo
evidências de poluição. Os mais comuns são os peixes, usados para análise dos seus tecidos adiposos (gordura) para identificação de acumulação de compostos poluentes
(MANAHAN, 2016).

MECANISMOS BIOQUÍMICOS
No ambiente aquático há um equilíbrio entre produção e consumo, entre a população produtora e consumidora, entre fotossíntese e respiração Para que esse equilíbrio ocorra, os
nutrientes devem estar nas quantidades necessárias. Quando uma substância é introduzida no ambiente aquático, o contaminante pode ser transformado, degradado ou
acumulado (OGA et al., 2008; SISINNO; OLIVEIRA-FILHO, 2013).

BIOTRANSFORMAÇÃO

As substâncias podem alterar suas toxicidades de acordo com o destino metabólico, e a biotransformação pode aumentar a solubilidade em água, facilitando sua eliminação e
reduzindo sua toxicidade. Contudo pode também produzir um composto com maior toxicidade (AZEVEDO; CHASIN, 2003; ZAGATTO; BERTOLETTI, 2006).

A biotransformação no ambiente ocorre por enzimas específicas presentes nas bactérias, algas, fungos, plantas, invertebrados, vertebrados, mamíferos entre outros. Esse processo
pode ser utilizado na avaliação da toxicidade de um composto a partir da sua conversão em outros produtos. Porém nem sempre essa investigação é fácil, pois depende das espécies
envolvidas em cada caso (OGA et al., 2008).

Este processo pode ser dividido em duas etapas, Fases I e II, podendo ocorrer apenas uma fase, ou as duas. As reações da Fase I são conhecidas como pré-conjugação, por facilitar a
Fase II, na primeira, as principais enzimas envolvidas são o álcool e aldeídos desidrogenases, flavina monooxigenases, monoamino oxidase, em que um átomo de oxigênio é
transferido para o poluente e outro átomo de oxigênio é reduzido a água (OGA et al., 2008).

Na Fase II, algumas das enzimas envolvidas são glutationa transferase, metiltransferase, sulfotransferases, acetiltransacetilase. Na maioria das reações ocorre aumento do peso
molecular do composto e da polaridade (OGA et al., 2008).

Diversos fatores influenciam na biotransformação e na toxicidade, podendo ser classificados como fatores internos, relacionados ao sistema biológico, como a espécie, idade, peso,
sexo e fatores genéticos; e a fatores externos, relacionados ao poluente, via de introdução e condições ambientais (ZAGATTO; BERTOLETTI, 2006). Neste processo podem ocorrer
três situações, a substância tóxica inicial é destoxificada, gerando uma substância não tóxica; a substância tóxica inicial produz uma substância de igual toxicidade; ou a substância
tóxica produz uma substância de maior toxicidade, conhecida como síntese letal (ZAGATTO; BERTOLETTI, 2006).

BIOACUMULAÇÃO

Os poluentes lançados no meio causam efeitos adversos, dependendo de suas propriedades e características físico-químicas, sua concentração e as características do meio.
Algumas substâncias possuem a propriedade de persistência no ambiente, logo, não se degradam facilmente, causando a acumulação desse no meio, atingindo concentrações
elevadas no os organismos presentes no meio, esse processo é conhecido como bioacumulação (ZAGATTO; BERTOLETTI, 2006).

Os principais compostos bioacumuladores são os metais pesados, como mercúrio, cádmio, chumbo e cobre, organoclorados, pesticidas organoclo-
rados e as bifenilas policloradas (PCBs).

Fonte: Zagatto e Bertoletti (2006).

Esse processo pode ser classificado de acordo com o tipo de processo.

• Bioacumulação : ocorre quando a substância tóxica acumulada no organismo é proveniente do meio ambiente, podendo estar na água, no sedimento e/ou outros organismos.
Ocorre com absorção em todas as vias de exposição (respiração, nutrição, e contato na pele).

• Bioconcentração ou bioacumulação direta : ocorre quando a acumulação da substância tóxica é realizada exclusivamente a partir da fase aquosa. Esse processo ocorre na
contaminação de peixes.

Biomagnificação ou bioacumulação indireta: ocorre quando a substância tóxica é transferida de um nível trófico a outro, com aumento na concentração do tóxico conforme a elevação
do nível (ZAGATTO; BERTOLETTI, 2006).

Diversos fatores estão relacionados ao processo de bioacumulação, podendo ser referentes ao contaminante, ao sedimento, à água e à biota.

É possível perceber alguns fatores relacionados à substância tóxica: a solubilidade , em geral, quanto maior a solubilidade do composto menor o potencial de bioacumulação, devido
ao favorecimento da assimilação e eliminação do composto; estabilidade , o composto deve ser estável e resistente à degradação; estereoquímica , configuração espacial e tamanho da
molécula, afetando a hidrofobicidade e o transporte nas membranas; hidrofobicidade, característica que confere associação a superfícies, ao invés de permanecer em solução aquos;
fugacidade , tendência do composto em migrar de um meio para outro, o composto se desloca para o meio de menor fugacidade (ZAGATTO; BERTOLETTI, 2006).

Quanto aos sedimentos aquáticos, estes são resultado da deposição de partículas, agindo como depósito do poluente. Portanto, normalmente a concentração do poluente é maior
no sedimento do que na água (ZAGATTO; BERTOLETTI, 2006).

Os fatores interferentes da bioacumulação de poluente na água estão relacionados às características específicas do meio, como o carbono orgânico dissolvido , que reage com os
poluentes, com a redução da fração dissolvida, desfavorecendo sua biodisponibilidade. Assim como a dureza e a salinidade (ZAGATTO; BERTOLETTI, 2006).

Para o processo de bioacumulação do poluente algumas características da biota são relevantes. Dentre eles está o processo de biotransformação , a dextoxificação do composto. O
teor de lipídios , devido à característica hidrofóbica dos poluentes e sua tendência a armazenamento em lipídios, logo, quanto maior o de lipídio nos organismos, maior a capacidade
de bioacumular a substância tóxica. A depuração , capacidade de eliminar as toxinas do organismo aquático, juntamento com a assimilação. A dieta , a ingestão de alimento
contaminado, eleva a intoxicação e a concentração da substância nos tecidos de peixes (ZAGATTO; BERTOLETTI, 2006).

BIODEGRADAÇÃO

A degradação corresponde ao processo pelo qual a substância tóxica é convertida em moléculas mais simples através de degradação abiótica, transformação química, como fotólise,
oxidação-redução, hidrólise e troca iônica. Ou degradação biótica ou biodegradação, realizada através de microrganismos presentes no ambiente, para obter energia para
crescimento e metabolismo (ZAGATTO; BERTOLETTI, 2006).

Podemos classificar os compostos de acordo com a sua biodegradabilidade (ZAGATTO; BERTOLETTI, 2006):

• Rapidamente biodegradável: relação meia-vida/tempo de residência inferiores a 1 (0,1 a 0,3). Não persistem no ambiente e seu potencial tóxico é limitado.

• Praticamente biodegradável: composto com meia-vida inferior ao tempo de residência, alcançam concentrações de equilíbrio rapidamente, sem sofrer acumulação.

• Pouco biodegradável: conhecido como persistente, sua meia-vida é superior ao tempo de residência, acumulando-se devido ao uso e às taxas de remoção, persistindo por longo
período no ambiente.

• Não biodegradável ou recalcitrantes: sua biodegradação se aproxima a zero, se acumulam diretamente ao uso sem atingir as concentrações de equilíbrio.

Figura 2 - Água do mar contaminada com efluente contendo poluentes


O processo de biodegradação está condicionado a alguns fatores, referentes ao substrato, ao microrganismo e ao meio. Quanto ao substrato, podemos citar sua concentração e
propriedades físico-químicas, como volatilidade, solubilidade em água, tendência de sorção por sólidos. O microrganismo estará dependendo da composição da população,
presença e densidade, interações e exposição. As características do meio mais relevantes são a temperatura, pH e tensão de oxigênio, além da presença de nutrientes (nitrogênio e
fósforo) e a disponibilidade de elementos-traços essenciais (ZAGATTO; BERTOLETTI, 2006).

POLUENTES AQUÁTICOS
A poluição da água está relacionada à degradação da sua qualidade, que define seu potencial de uso, podendo estar associada à agricultura, usinas termoelétricas, processos
industriais e abastecimento doméstico (BOTKIN; KELLER, 2011).

Os poluentes podem ter origem natural, industrial, urbana e agropastoril. Dentro da poluição natural podemos classificar as causas como sendo devido a chuvas e escoamento
superficial e a salinização e decomposição de vegetais e animais mortos. Nestes, nenhuma das atividades sofrem interferência da ação humana (BOTKIN; KELLER, 2011; DERISIO,
2012).

A poluição industrial corresponde a ações antrópicas, relacionadas aos descartes de resíduos gerados nos processos industriais, dentre eles os de maior impacto são as indústrias de
papel e celulose, refinarias de petróleo, usinas de açúcar e álcool, siderúrgicas e metalúrgicas, químicas e farmacêuticas, abatedouros e frigoríficos, têxteis e curtumes (DERISIO,
2012).

A poluição que ocorre nas águas subterrâneas é diferente da poluição da água superficial. Devido à falta de oxigênio, é consequentemente inviável
para muitos microrganismos.

(Daniel Botkin e Edward A. Keller)

A poluição urbana se refere àquela proveniente da cidade, principalmente os esgotos domésticos lançados direta ou indiretamente. Já a fonte agropastoril se refere a atividades da
agricultura e pecuária, principalmente pelos defensivos agrícolas, fertilizantes e excrementos de animais (DERISIO, 2012).

Podemos citar ainda uma importante fonte poluidora, a acidental, ocorrida por derramamentos de materiais tóxicos na água, sendo necessárias ações de controle de urgência.

Uma forma de classificar as fontes poluidoras é:

• Fonte pontual: descarga direta nos corpos hídricos, podemos citar como exemplos a rede de efluente doméstico e industriais, os derramamentos acidentais e as atividades de
mineração.

• Fontes não-pontuais: deposições parciais dos poluentes antes de atingir o corpo hídrico, podendo variar em relação ao espaço, forma e tempo. Exemplo: práticas agrícolas,
deposições atmosféricas, trabalhos de construção e enxurradas em solos.

• Fontes lineares: enxurradas em autoestradas.

A fonte poluidora pode exercer emissão contínua, atividade constante por longo período, ou descontínua, emissão com variações de volume, tempo e concentração (ROCHA et al.,
2009).

Os poluentes podem ser divididos em classes, sendo as principais, os elementos-traço, metais, metais ligados a compostos orgânicos, poluentes inorgânico e orgânico, amianto,
nutriente de algas, poluentes orgânicos-traço, bifenilas policloradas, pesticidas, resíduos de petróleo, esgoto, resíduos humano e animal, demanda bioquímica de oxigênio,
patógenos, detergentes, carcinógenos químicos, sedimentos, gosto, odor e cor (MANAHAN, 2016).

Poluente : qualquer substância química presente no meio ambiente em concentração maior que a natural, originada da atividade do homem, com
efeito negativo sobre o meio ambiente.

Contaminante: qualquer substância química, que não natural do ambiente e que tenha efeitos prejudiciais , causando desvio da composição normal
do ambiente.

Composto orgânico : composto químico que contém carbono na estrutura combinado com hidrogênio (hidrocarbonetos), podendo ligar-se com
outros elementos, tais como, oxigênio, nitrogênio, fósforo, enxofre etc.

Composto inorgânico : composto químico de origem mineral formada por qualquer elemento, exceto o carbono.
Metal : substância química que se apresenta como material sólido e propriedades físicas características, como brilho metálico, condutor de calor e de
eletricidade, em geral, ponto de fusão elevado, é maleável e dúctil. Quimicamente, em geral, é um agente redutor.

Não-metal : substância que não apresenta as propriedades dos metais, isto é, mau condutor de calor e de eletricidade, no estado sólido é quebradiço,
não apresenta brilho metálico. Quimicamente, em geral, é um agente oxidante. Fonte: MANAHAN (2016).

POLUENTES ELEMENTARES

Corresponde à classe de poluentes elementos-traço, disponíveis nas águas de forma natural em nível de ppm (parte por milhão) ou menores. Muitos possuem a função de nutriente
para plantas e animais, porém, em níveis elevados se tornam tóxicos (MANAHAN, 2016).

Podemos observar os principais elementos, expostos na Tabela 1:

Tabela 1 - Elementos-traço das águas naturais

Fonte: Manahan (2016, p. 188).

Dentre as fontes poluidoras, as principais dos elementos-traço correspondem às indústrias produtoras de cloroálcali, ácido fluorídrico, dicromato de sódio, fluoreto de alumínio,
pigmentos de cromo, sulfato de cobre, sulfato de níquel, bissulfato de sódio, hidrossulfato de sódio, bissulfito de sódio, dióxido de titânio e cianeto de hidrogênio (MANAHAN,
2016).

METAIS E SEMIMETAIS

Alguns dos principais metais poluentes correspondem ao cádmio , originário de resíduos de mineração e despejos industriais, em caso de intoxicação de seres humanos, causa
envenenamento agudo, com efeitos na hipertensão arterial, dano renal, dano ao tecido testicular e destruição dos glóbulos vermelhos. Devido à sua semelhança química com o
zinco, o cádmio substitui o zinco, alterando a estrutura de enzimas, reduzindo sua atividade, gerando doenças específicas.

No Japão, o uso da água contaminada na irrigação de arroz causa uma doença conhecida como “itai-itai” (ai-ai), que ocorre em mulheres pós-menopausa, combinando a osteoporose
e a osteomalacia, relacionadas à doença renal (KUMAR et al., 2013; MANAHAN, 2016).

O chumbo inorgânico tem origem de fontes industriais e de mineração, e antigamente também era encontrado na gasolina. Sua intoxicação em humanos causa nefropatias graves,
afeta o fígado, o sistema reprodutor, o cérebro e o sistema nervoso central, podendo ocasionar morte. Muitas crianças já foram diagnosticadas com retardo mental devido à
exposição ambiental ao chumbo. Outros efeitos de nível modera- do podem ser manifestos, como anemia, dores de cabeça e musculares, cansaço e irritabilidade (MANAHAN,
2016).

O mercúrio é encontrado em minerais como elemento-traço, além de estar presente em combustíveis fósseis, como carvão e lignita. Sua contaminação no ambiente tem como
principal origem o antigo uso na extração de ouro e de minérios, contaminando rios e córregos. Atualmente a principal fonte de contaminação é o consumo de peixes contaminados.
Os efeitos da contaminação podem ser danos cerebrais, irritabilidade, paralisia, cegueira ou insanidade (KUMAR et al., 2013; MANAHAN, 2016).

O semimetal arsênio está presente na crosta terrestre, em minerais de fosfato. Sua contaminação no ambiente ocorreu devido ao seu uso em pesticidas e por rejeitos da mineração.
A contaminação da água por arsênio está relacionada à presença de ferro, enxofre e matéria orgânica, e processo biodegradáveis. Sua intoxicação em alta concentração, gera efeitos
agudos, com severos distúrbios do sistema nervoso, cardiovascular e gastrointestinal, podendo ser fatal. Enquanto que a exposição crônica causa hiperpigmentação e
hiperqueratose da pele, podendo desenvolver carcinomas (KUMAR et al., 2013; MANAHAN, 2016).

POLUENTES INORGÂNICOS

Os poluentes inorgânicos podem alterar as características das águas, como acidez, alcalinidade ou salinidade. Dentre eles, temos o cianeto, substância letal, presente na água como
cianeto de hidrogênio, ou cianureto de hidrogênio (HCN), um ácido fraco, volátil e tóxico, utilizado em câmara de gás nos Estados Unidos na execução de pessoas. Este poluente é o
principal contaminante em efluentes de lavagem de gases e em processamento de metais, ocasionado a mortandade de peixes nos corpos hídrico (MANAHAN, 2016).

A amônia corresponde ao produto inicial da decomposição de resíduos de orgâ- nicos nitrogenados, sua presença indica a presença de resíduos no ambiente. Pode ser encontrada
naturalmente em águas subterrâneas, além do seu uso como adjuvante na desinfecção de água para consumo (MANAHAN, 2016).

O íon nitrito (NO2-) ocorre nas águas no estado de oxidação intermediário do nitrogênio. Sua fonte de contaminação ocorre nos resíduos de industrias utilizado como inibidor da
corrosão (MANAHAN, 2016).

O sulfeto de hidrogênio (H2S), corresponde ao produto da decomposição anaeróbia de matéria orgânica que contenha enxofre, devido a sua volatilidade pode ser transferido das
águas para a atmosfera como um poluente gasoso. A contaminação dos recursos hídricos pode ocorrer devido a resíduos de fábricas de produtos químicos, de papel, de têxteis e de
curtume. Sua presença é facilmente detectada devido seu odor característico de “ovo podre” (MANAHAN, 2016).

O dióxido de carbono (CO2), corresponde a um produto da decomposição de matéria orgânica. Além do seu uso no tratamento da água, seu excesso pode tornar a água corrosiva
prejudicando a vida aquática (MANAHAN, 2016).

O amianto corresponde à um composto de toxicidade desconhecida na água, mas que gera grande preocupação devido ao alto teor tóxico quando inalado e pela ocorrência de
despejos derivados da mineração (MANAHAN, 2016).
POLUENTES ORGÂNICOS E AGROINDUSTRIAL

POLUENTES ORGÂNICOS

Os ambientes aquáticos são frequentemente contaminados por poluentes orgânicos, por meio do descarte de esgoto urbano e industrial, além do esgoto de origem agroindustrial.
A composição do esgoto doméstico está baseada em substâncias com alto DQO (Demanda Química Orgânica), principalmente fezes humanas; materiais orgânicos refratários,
presentes em produtos de limpeza; detergentes, sabões e semelhantes; graxas e óleos utilizados no preparo de alimentos; sais; materiais inorgânicos de descartes incorretos;
patógenos; e sólidos de origem diversa (LENZI; FAVERO, 2011).

A presença de oxigênio dissolvido na água propicia a biota aeróbica, proporcionando a oxidação bioquímica da matéria orgânica presente nos corpos d`água. Com o crescimento
elevado dessa população de microrganismo, o consumo de oxigênio dissolvido será intensificado, ocasionando seu déficit e consequentemente a morte dessa biota. Logo, faz-se
necessário o monitoramento desse índice de qualidade através da medida da quantidade de oxigênio consumido pela atividade bioquímica dos microrganismos, conhecida como
Demanda Bioquímica de Oxigênio (DBO) . Outro teste que pode ser realizado é a medida da massa de oxigênio (mg O2 por litro de água), necessária para consumir um agente
oxidante, conhecido como Demanda Química de Oxigênio (DQO) (LENZI; FAVERO, 2011).

Outro fator importante que pode ocorrer devido à poluição das águas por matéria orgânica, é a presença de nutrientes essenciais, macronutrientes e micronutrientes, para o
crescimento de plantas. Este ambiente, com excesso de nutriente, é chamado de eutrofizado , e ocasiona um crescimento exagerado de algas que podem levar a deteriorização do
ambiente aquático.

O processo de eutrofização se inicia com a entrada de nutrientes no meio, partindo do descarte de esgoto, cujos principais macronutrientes nele presente cor- respondem ao
carbono, oxigênio, hidrogênio, nitrogênio, potássio, cálcio, fosforo, magnésio e enxofre. Em relação aos micronutrientes, os de maior ocorrência são o molibdato, cobre, zinco,
manganês, ferro, boro e cloro. Em alguns casos, a presença de nitrogênio e carbono pode limitar esse crescimento das algas (LENZI; FAVERO, 2011; MANAHAN, 2016).

Eutrofização, vem do inglês euthrophication, considerando o prefixo de origem grega “eu”, que significa “bem”, a raiz “trof”, do verbo grego “trephein”,
que significa “alimentar”, “nutrir”. Logo, o termo eutrofização, tem o significado de enriquecer de nutrientes.

Fonte: Lenzi e Favero (2011).

Outro poluente orgânico muito consumido e descartado em grande escala nos ambientes aquáticos são os sabões e detergentes. O sabão , corresponde a agentes tensoativos (ou
surfactantes), ou seja, possuem propriedade de baixar a tensão superficial da água, proporcionando a capacidade de dissolver materiais que somente a água não é capaz de fazer. O
sabão é produto de um álcali (como o hidróxido de sódio) e um ácido graxo de origem de gorduras naturais e possui desvantagens em relação aos detergentes, pelo fato de que em
presença de águas duras (alto teor de cálcio e magnésio), o sabão perde o efeito; e em presença de ácidos, o sabão sofre decomposição (LENZI; FAVERO, 2011).

Figura 3 - Rio Tiete, São Paulo, poluído por detergentes

O detergente corresponde a uma mistura de diversos compostos químicos, como agente surfactante ou tensoativo, diluentes, amolecedores de água, agentes quelantes,
removedores de tinta, colóides protetores, corantes, aromatizantes, ácidos, bases e solventes. Por muito tempo, não eram biodegradáveis e seu descarte era identifica- do pela
grande presença de espuma nas águas. Em busca da sua biodegradabilidade, o principal surfactante utilizado, o alquilbenzeno sulfonato (ABS), foi substituído pelo α-
benzenossulfinato (LAS). A presença de detergente na água cria uma camada na interface ar-água, afetando a troca de gases entre os meios (BRAGA, 2005; LENZI; FAVERO, 2011;
MANAHAN, 2016).

O petróleo corresponde à mistura de várias substâncias, sendo que cada uma possui um taxa de biodegradabilidade diferente. Seu contato com os meio aquáticos ocorrem de
forma acidental, durante sua extração, transporte, aproveitamento industrial ou consumo. Seus danos ao meio ocorrem devido à formação de uma camada superficial, na interface
ar-água, afetando a troca de gases entre os meios, além da impermeabiliza- ção das raízes de plantas e vedação dos órgãos respiratórios dos animais (BRAGA, 2005).

PESTICIDAS
Os pesticidas ou praguicidas correspondem a produtos capazes de destruir pragas, organismos animais ou vegetais, capazes de reduzir ou prejudicar a qualidade dos ali- mentos,
sementes, rações, forragens, plantas ornamentais, nocivas e madeiras, tanto nos processos de plantio quanto na produção, colheita, processamento, armazenamento, transporte e
uso. Podem transmitir doenças ao homem e aos animais (LARINI, 1999). Os pesticidas podem ser classificados de acordo com a sua finalidade, como inseticidas, herbicidas,
fungicidas, raticidas, acaricidas, molusquicidas, algicidas, bactericidas e repelentes.

O crescimento do uso de pesticidas ocorreu devido ao crescimento demográfico e à necessidade de otimização da produção de alimentos e no processo de estocagem e
conservação. A maioria dos pesticidas tem origem sintética, e poucos são usados diretamente na água, porém, sua aplicação no ambiente sofre transporte para o meio aquático,
através de vento e chuva, e transporte direto, pelo homem e animais. Cerca de 85% do uso mundial de pesticidas correspondem ao uso na agricultura, lembrando que nos produtos
orgânicos são utilizados pesticidas naturais (BAIRD; CANN, 2011; LENZI; FAVERO, 2011).

Classificação dos praguicidas

Inseticidas: utilizado no combate de insetos. Herbicidas: utilizado no controle de ervas daninhas. Fungicidas: utilizado no controle de fungos.

Raticidas (zoocidas): utilizados no controle de mamíferos indesejáveis (ratos).

Acaricidas: utilizado no combate de aracnídeos (ácaros).

Molusquicidas: utilizados no combate de caramujos, hospedeiros de para- sitas transmissores de moléstia.

Algicidas: utilizado no controle de algas em sistemas aquáticos. Bactericidas: utilizado no de bactérias em geral.

Repelentes: utilizados para afastar a praga, e não eliminá-la. Fonte: KLAASSEN; WATKINS III (2012).

Todo pesticida é tóxico ao homem e aos organismos vivos, e sua avaliação toxicológica depende dos dados toxicológicos do composto principal puro, do produto técnico e suas
formulações. Nos produtos técnicos podem conter impurezas e produtos de decomposição, os quais podem causar efeitos adversos. Sua exposição pode ocorrer por via oral,
dérmica ou inalatória, em elevadas doses pode causar a morte, por via oral, podendo ter origem acidental ou suicida. Mas em geral a exposição ocorre de forma crônica, em
pequenas quantidades, presentes na água e alimentos (KLAASSEN; WATKINS III, 2012; LARINI, 1999).

O primeiro pesticida usado em grande escala foi o DDT (1,1,1-tricloro-2,2-bis (4- clorofenil) etano), em 1942, seguido do arsenito de chumbo. O DDT foi amplamente utilizado como
inseticida e carrapaticida em bovinos, além da eficácia com insetos transmissores de tifo, malária e febre amarela. Porém o seu acúmulo em tecidos gordurosos animais, incluindo o
ser humano, forçou a pesquisa para novos substituintes. Seu uso atualmente é proibido, mas ainda encontram-se resíduos na biosfera devido seu elevado tempo de vida-médio
(KLAASSEN; WATKINS III, 2012; LARINI, 1999).

Os pesticidas organoclorados, como o DDT, possuem propriedades como estabilidade à decomposição ou degradação no ambiente, baixa solubilidade em água e alta solubilidade
em ambientes lipofílicos (tecidos adiposos). Devido à sua persistência no ambiente, alguns fazem parte da lista de Poluentes Orgânicos Persistentes – POPs , apresentados na Tabela 2.
O DDT produz metabólitos, como DDE, que também é produzido no ambiente pela degradação do DDT. Suas concentrações no ambiente vêm reduzindo significativamente desde
meados dos anos 70 após a sua proibição em diversos países, inclusive no Brasil (BAIRD; CANN, 2011).

Tabela 2 - Poluentes Orgânicos Persistentes – POPs

Fonte: Baird e Cann (2011, p. 442).

Os organoclorados DDT e DDE ainda são encontrados nos tecidos de peixes, em concentrações superiores a das águas, devido suas características hidrofóbicas e também pelo
processo de bioacumulação. O processo de biomagnificação também pode ocorrer através da ingestão dos peixes de particulados em água e sedimentos contaminados,
aumentando a concentração da substância no tecido adiposo dos peixes, que poderão ser consumidos pelo ser humano, ocasionando sua contaminação (BAIRD; CANN, 2011).

Os inseticidas organofosforados possuem vantagens sobre os organoclorados, por não serem persistentes, não bioacumulam na cadeia alimentar. Porém apresentam efeito tóxico
mais agudo para humanos e outros mamíferos. As intoxicações humanas podem ter efeito no sistema nervoso central, além de sintomas como sudorese e salivação, grave secreção
bronquial, broncoconstrição, miose, motilidade gastrointestinal aumentada, diarreia, tremores e espasmos musculares (BAIRD; CANN, 2011; KLAASSEN; WATKINS III, 2012).

Dentre os herbicidas, o mais utilizado é a triazina e o seu principal composto a atra- zina, usada em grandes quantidades no combate de ervas daninhas em campos de milho. No
solo, a atrazina é degradada por microrganismos, dando origem ao seu metabólito, sendo um deles não tóxico para plantas, e outro sim, dependendo do pro- cesso de degradação
ocorrido. Esses metabólitos, cuja meio-vida é de anos, entram facilmente em contato com os recursos hídricos, não sendo possível sua remoção através dos tratamentos
convencionais das águas (BAIRD; CANN, 2011).

Outro herbicida muito utilizado, o glifosato, é menos tóxico e não possui comprovação de que ele seja bioacumulado nos tecidos animais, ou que seja carcinogênico ou teratogênico.
Ele possui características de permanência no solo, ou seja, possui menor risco de contaminação das águas através da lixiviação (BAIRD; CANN, 2011).

FERTILIZANTES

Os fertilizantes ou adubos correspondem a substancias mineral ou orgânica, natural ou sintética, com a função de fornecer nutrientes às plantas. Os corretivos são as substâncias
capazes de corrigir alguma das características do solo. No entanto a aplicação desses materiais no solo, se feita de forma incorreta, pode contaminar os corpos d´água através da
chuva, pela lixiviação e erosão ou via percolação (LENZI; FAVERO, 2011).

Os fertilizantes possuem grandes quantidades de nitrogênio inorgânico, o qual é decomposto na forma de amônia e posteriormente oxidada a nitrato e nitrito. O nitrato não é
absorvido pelas plantas, normalmente atingem os corpos d´água, se caracterizando como fonte de contaminação das águas por nitrito (OGA et al., 2008). A contaminação por
nitrato e nitrito causam diversos efeitos, mas o de maior atenção é conhecido como ”síndrome do bebê azul”, em que o nitrato é reduzido a nitrito no estômago de lactantes e o
nitrito oxida a hemoglobina para metemoglobina, incapaz de transportar o oxigênio para os tecidos (OGA et al., 2008).

Pode ocorrer também a contaminação por excesso de fósforo, da mesma forma que ocorre a contaminação de nitrito, de origem dos fertilizantes. Esse excesso de nutrientes na
água gera um desequilíbrio, elevando a proliferação de alguns organismos e ocasionando o processo de eutrofização (DAVIS; MASTEN, 2016).

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ATIVIDADES
1. Qualquer substância química presente no meio ambiente em concentração maior que a natural, originada da atividade do homem, com efeito negativo sobre o meio ambiente.
Assinale a alternativa que apresenta o termo a que se refere o texto:

a) Contaminante.

b) Poluente.

c) Substância orgânica.

d) Oxigênio dissolvido.

e) Nenhuma das alternativas.

2. De acordo com o conceito de bioacumulação, identifique suas classificações e faça a correspondência das afirmativas a seguir:

I - Ocorre quando a acumulação da substância tóxica é realizada exclusivamente a partir da fase aquosa. Esse processo ocorre na contaminação de peixes.

II - Ocorre quando a substância tóxica é transferida de um nível trófico a outro, com aumento na concentração do tóxico conforme a elevação do nível.

III Ocorre quando a substância tóxica acumulada no organismo é proveniente do meio ambiente, podendo estar na água, no sedimento, e/ou outros organismos. Ocorre com
-

absorção em todas as vias de exposição (respiração, nutrição, e contato na pele).

( )Bioacumulação.

( )Bioacumulação direta.

( )Bioacumulação indireta.

A partir da relação das afirmativas anteriores, assinale a alternativa que apresenta, respectivamente, a sequência correta:

a) I, II e III.

b) II, III e I.

c) III, I e II.

d) III, II e I.

e) Nenhuma das alternativas anteriores está correta.

3. Quais os principais processos naturais que causam poluição natural das águas?

Assinale a alternativa correta:

a) Chuvas, escoamento superficial, salinização, decomposição de vegetais e animais mortos.

b) Chuvas ácidas, escoamento superficial, salinização, decomposição de vegetais, atividades agroindustrial.

c) Chuva, escoamento subterrâneo, dessalinização, decomposição e efluentes domésticos.

d) Chuva, escoamento superficial, salinização, decomposição, animais mortos, efluentes.

e) Nenhuma das alternativas anteriores está correta.

4 . O processo que corresponde à poluição das águas por matéria orgânica devido à presença de excesso nutrientes essenciais é conhecida como:

a) Demanda Bioquímica de Oxigênio.

b) Eutrofização.

c) Demanda Química de Oxigênio.

d) Zoocidas.

e) Nenhuma das alternativas anteriores está correta.

Resolução das atividades

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RESUMO
Neste estudo verificamos a importância da água no processo de transporte de compostos químicos (substâncias tóxicas), considerando os processos físicos de volatilização,
dissolução, precipitação, absorção e liberação dos sedimentos, além dos processos químicos ocorridos no transporte, como a dissolução ou precipitação, hidrólise, complexação,
oxidação-redução e reações fotoquímicas.

Vimos ainda a importância da água para que o meio tenha uma biota, ou seja, produtividade alta, e suas características específicas para avaliação da qualidade e equilíbrio, tais como
salinidade, dureza, alcalinidade, corrosividade, ferro e manganês, impurezas orgânicas, nitrogênio e cloretos, além da presença de oxigênio dissolvido. Além da possibilidade de
utilizar bioindicadores, que são organismos que vivem ou estão associados aos meios hídricos, fornecendo evidências de poluição.

Verificamos os mecanismos bioquímicos que podem ocorrer após o contado do contaminante com o meio aquático. Como a biotransformação, na qual as substâncias podem alterar
suas toxicidades de acordo com o destino metabólico, podendo aumentar a solubilidade em água, facilitando sua eliminação e reduzindo sua toxicidade. A bioacumulação
corresponde à propriedade de persistência no ambiente, ou seja, o composto não se degrada facilmente, causando sua acumulação no meio e atingindo concentrações elevadas nos
os organismos nele presentes. E a biodegradação, processo pelo qual a substância tóxica é convertida em moléculas mais simples através de degradação abiótica, biótica ou
biodegradação.

Os poluentes podem ter origem natural, industrial, urbana e agropastoril. A poluição industrial, corresponde a ações antrópicas, relacionadas aos descartes de resíduos gerados nos
processos industriais. A poluição urbana se refere àquela proveniente da cidade, principalmente os esgotos domésticos lançados direta ou indiretamente. Enquanto que a fonte
agropastoril, se refere a atividades da agricultura e pecuária, principalmente pelos defensivos agrícolas, fertilizantes e excrementos de animais. Os poluentes podem ser divididos
em classes, sendo as principais, os elementos-traço, metais, poluentes inorgânico e orgânico, amianto, nutriente de algas, pesticidas, resíduos de petróleo, esgoto, resíduos humano
e animal, demanda bioquímica de oxigênio, detergentes e fertilizantes.

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Material Complementar

Leitura
Ecotoxicologia Aquática – Princípios e Aplicações

Autor: Pedro Antonio Zagatto

Editora: RIMA

Sinopse: este livro contém informações básicas e necessárias para entender os conceitos e princípios
da ‘Ecotoxicologia Aquática’, descrevendo a aplicação dessa ciência com vistas não só ao diagnóstico
da qualidade ambiental como também à previsão de impactos ambientais. Esta obra reúne a
experiência de 21 especialistas brasileiros de universidades, de empresas priva- das e de órgãos
ambientais, cada um transmitindo conhecimento específico de sua área de atuação. Esses
profissionais, reconhecidos nacional e internacionalmente, abordam em 18 capítulos distintos o
histórico e a evolução dessa ciência no mundo, a introdução e o destino de agentes químicos no
ambiente, os princípios e a terminologia utilizados nessa ciência, assim como as formas de aplicação
dos resultados de ensaios ecotoxicológicos no controle da poluição hídrica.

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REFERÊNCIAS
AZEVEDO, F. D.; CHASIN, A. D. M. As bases toxicológicas da ecotoxicologia . São Carlos, SP: RiMa, 2004.

BAIRD, C.; CANN, M. Química Ambiental . 4. ed. Porto Alegre: Bookman, 2011.

BOTKIN, D. B.; KELLER, E. A. Ciência Ambiental : Terra, um planeta vivo. Rio de Janeiro: 2011.

BRAGA, B. Introdução à engenharia ambiental . 2. ed. São Paulo: Person Prentice Hall, 2005.

DAVIS, M. L.; MASTEN, S. J. Princípios de engenharia ambiental . Porto Alegre: AMGH, 2016.

DERISIO, J. C. Introdução ao controle de poluição ambiental . São Paulo: Oficina de Textos, 2012.

KLAASSEN, C. D.; WATKINS III, J. B. Fundamentos em Toxicologia de Casarett e Doull (Lange) . 2. ed. Porto Alegre: AMGH Editora, 2012.

KUMAR, V. et al. Robbins, patologia básica . Elsevier Brasil, 2013.

LARINI, L. Toxicologia dos praguicidas . São Paulo: Editora Manole Ltda, 1999.

LENZI, E.; FAVERO, L. O. B. Introdução à Química da Atmosfera: ciência, vida e sobrevivência. Rio de Janeiro: Grupo Gen-LTC, 2011.

MANAHAN, S. E. Química ambiental . Porto Alegre: Bookman Editora, 2016.

MIHELCIC, J. R. et al. Engenharia Ambiental : fundamentos, sustentabilidade e projeto. Rio de Janeiro: Grupo Gen-LTC, 2012.

OGA, S. et al. Fundamentos de toxicologia . São Paulo: Atheneu Editora, 2008.

ROCHA, J. C. et al. Introdução à química ambiental . Porto Alegre: Artmed Editora, 2009.

SISINNO, C. L. S.; OLIVEIRA-FILHO, E. C. Princípios de toxicologia ambiental . Rio de Janeiro: Interciência, 2013.

ZAGATTO, P. A.; BERTOLETTI, E. Ecotoxicologia aquática . São Carlos: RiMa, 2006.

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APROFUNDANDO

Histórico da ecotoxicologia aquática

Quanto aos primeiros testes de toxicidade com efluentes e resíduos industriais tenham sido realizados entre 1863 e 1917, alguns anos mais tarde, em 1930 foram incorporados
alguns testes de toxicidade aguda com organismos aquáticos, com despejos líquidos. Muitas pesquisas realizadas na década de 1940 indicavam o uso de testes com peixes,
bioindicadores, para avaliar a toxicidade de despejos líquidos. Nesse período, as pesquisas mostraram também a maior resistência de algumas espécies de peixes aos agentes
químicos, a partir disto, foram desenvolvidas pesquisas com espécies mais sensíveis, de importância econômica e representativas do ambiente aquático, tornando evidente a
diferença na sensibilidade das espécies e seu significado ecológico.

Nas décadas de 50 e 60, paralelamente à identificação dos agentes tóxicos e suas fontes pontuais de poluição, foram estabelecidos, em diversos países, critérios e padrões que
permitiram a disposição desses agentes em níveis compatíveis à manutenção da qualidade dos recursos hídricos. Tais critérios e padrões foram estabelecidos com
embasamento na potabilidade. No que se refere à proteção da vida aquática, apenas os critérios norte-americanos e soviéticos fizeram menção a esse aspecto, sendo que os
níveis de substâncias tóxicas aceitáveis para a biota aquática foram determinadas, ainda que de forma rudimentar, com base nos efeitos dos agentes tóxicos isolados, ou seja,
não foram consideradas as interações sinérgicas, aditivas e antagônicas que poderiam potencializar ou reduzir os efeitos danosos de misturas desses agentes químicos aos
organismos aquáticos.

Na década de 60, o Water Quality Act – USA estabeleceu os primeiros padrões de qualidade das águas para proteção da vida aquática, baseados em resultados de testes de
toxicidade aguda, sobre os quais eram utilizados fatores de aplicação para maior segurança ambiental.

Nesse mesmo período foram desenvolvidos estudos com ênfase na escolha de organismos sensíveis e representativos do ambiente aquático e no cultivo de organismos em
escala laboratorial. Observou-se então a necessidade de tornar os testes práticos, confiáveis e reprodutíveis. A partir dos resultados dos estudos, na década de 70 houve
grande desenvolvimento de sistemas sofisticados para condução de testes de toxicidade aguda e crônica, utilizando ovos e larvas de peixes para avaliação da toxicidade de
substâncias químicas

em diferentes fases do desenvolvimento dos organismos. Nesse período, foi dada ênfase aos critérios de qualidade de águas para proteção da vida aquática, baseando-se
principalmente nos resultados de testes de toxicidade crônica.

No Brasil, em 1976, foram estabelecidos os padrões numéricos de substâncias, visando assegurar a qualidade das águas interiores (decreto 8468 de 08/09/76, do Estado de
São Paulo, que aprova o regulamento da Lei nº 997, de 31 de maio 1976). Vale ressaltar que tais padrões, semelhantes aos critérios norte-americanos para potabilidade das
águas, não contemplam aqueles necessários à preservação da vida aquática.

Na época em que eram estabelecidos os referidos critérios e padrões, as atividades em ecotoxicologia aquática, o delineamento de seus princípios e, principalmente, sua
aplicação no controle de poluição hídrica estavam apenas se iniciando. Ao longo dos anos 70, alguns pesquisadores americanos observaram que os limites estabelecidos para
vários agentes tóxicos isoladamente não poderiam preservar, efetivamente, a qualidade da água necessária à manutenção da vida aquática. A partir dessas observações, a
Toxicologia Aquática teve seu desenvolvimento acelerado, em função do conhecimento da toxicidade de efluentes líquidos complexos e das interações entre os agentes tóxicos
presentes em efluentes e seus efeitos à biota aquática.

Com os novos conhecimentos oriundos dos testes de toxicidade crônica e sistemas-teste mais eficientes, foi possível substituir os fatores de aplicação e obter critérios de
qualidade da água mais seguros para o ambiente, integrando assim, dentre outros parâmetros ecotoxicológicos, resultados de efeitos crônicos, biodegradação e bioacumulação.

REFERÊNCIAS

ZAGATTO, P. A.; BERTOLETTI, E. Ecotoxicologia aquática - princípios e aplicações. São Carlos: RiMa, 2006.

PARABÉNS!

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EDITORIAL

DIREÇÃO UNICESUMAR

Reitor Wilson de Matos Silva

Vice-Reitor Wilson de Matos Silva Filho

Pró-Reitor de Administração Wilson de Matos Silva Filho

Pró-Reitor Executivo de EAD William Victor Kendrick de Matos Silva

Presidente da Mantenedora Cláudio Ferdinandi

C397 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MARINGÁ . Núcleo de Educação

a Distância; MIKALOUSKI , Flavianny Brencis da Silva;

Toxicologia Ambiental . Flavianny Brencis da Silva Mikalouski;

Maringá-Pr.: UniCesumar, 2017.

40 p.

“Pós-graduação Universo - EaD”.

1. Toxicologia. 2. Ambiental. 3. EaD. I. Título.

CDD - 22 ed. 363

CIP - NBR 12899 - AACR/2

Pró Reitoria de Ensino EAD Unicesumar

Diretoria de Design Educacional

Equipe Produção de Materiais

Fotos : Shutterstock

NEAD - Núcleo de Educação a Distância

Av. Guedner, 1610, Bloco 4 - Jardim Aclimação - Cep 87050-900

Maringá - Paraná | unicesumar.edu.br | 0800 600 6360

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RESÍDUOS DE DROGAS E
BIORREMEDIAÇÃO
AMBIENTAL

Professora : Me. Flavianny Brencis da Silva Mikalouski

Objetivos de aprendizagem
• Conhecer as principais drogas/fármacos presentes nas águas por ação humana, bem como compreender a contaminação por resíduos de drogas/ fármacos veterinários em
alimentos de origem animal.

• Identificar a importância da toxicologia de monitoramento e conhecer os meios de tratamento de intoxicações.

• Conhecer os métodos de remediação da poluição ambiental e o conceito de química verde na indústria.

Plano de estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade:

• Resíduo de drogas

• Toxicologia de Monitoramento e Clínica

• Remediação e Biorremediação Ambiental

Introdução
Neste estudo serão abordadas as principais drogas, ou fármacos, encontradas como resíduo nos ambientes aquáticos, bem como seus efeitos, principalmente para as vivos do
ambiente. Conheceremos os resíduos de drogas encontrados nos alimentos de origem animal devido ao uso de medicamentos veterinários, e ainda sua importância e seus efeitos na
forma de resíduo para o meio e para o ser humano.

Na toxicologia de monitoramento será explanada a importância do acompanhamento de pacientes expostos a ambientes de risco de intoxicação, assim como pacientes em
tratamento com fármacos específicos, que podem causar quadros de acúmulo tóxico no organismo e efeitos adversos, afim de ajustar as dosagens conforme a necessidade de cada
indivíduo e sua capacidade metabolizadora.

Na toxicologia clínica, abordaremos a necessidade da rápida ação e avaliação mediante um caso de intoxicação, a importância do conhecimento de fatores ambientais, individuais e
dos possíveis compostos tóxicos da intoxicação para a realização do procedimento indicado e eficaz de desintoxicação, podendo existir um antídoto ou não para o tóxico.

Os processos de remediação e biorremediação são processos para eliminação de contaminações ambientais, principalmente do solo e águas subterrâneas, variando de acordo com
as características específicas do ambiente e do contaminante. Com explanação dos principais métodos e seu uso.

Com foco na necessidade de reduzir as emissões poluentes no meio, o conceito de química verde é explanado, a fim de mostrar formas de prevenir e eliminar possíveis
contaminações ambientais e populacionais, com ações de uso de produtos e compostos químicos de baixa geração de resíduos, como dar preferência a insumos renováveis, utilizar
catalisadores e evitar o uso de aditivos químicos, que além aumentar a eficiência energética, contém um projeto de degradabilidade dos compostos químicos gerados, com
monitoramento e controle de riscos.

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RESÍDUOS DE DROGAS

Nas águas

Drogas, como fármacos, são descartadas constantemente com o esgoto. O resíduo fármaco e seus metabólitos são eliminados pelo organismo humano principalmente pela urina,
atingindo as águas residuárias, ou pelo descarte de fármaco com prazo de validade vencido. Mesmo que detectados em baixas concentrações nas águas de rios, devido ao sistemas
de tratamento do esgoto, que em geral não removem essas substâncias, sua importância está na atividade biológica e na característica de resistência a degradação (DAVIS;
MASTEN, 2016; MANAHAN, 2016).

No ambiente aquático, o principal efeito observado é a feminização de peixes machos próximos ao ponto de despejo do esgoto tratado, indicando a presença de estrógenos, 17 α-
etinilestradiol e o hormônio natural 17 β-estradiol, presentes em contraceptivos. A maioria dos fármacos em concentrações abaixo de 1mg/L não apresentam efeito tóxico agudo
conhecido nos organismos aquáticos (DAVIS; MASTEN, 2016).

Em 1997 foram detectados antilipêmicos, antiinflamatórios e metabólitos, estrogênio natural e contraceptivos sintéticos no esgoto, no efluente da
estação de tratamento de esgoto e em águas de rio no estado do Rio de Janeiro.

Fonte: Bila e Dezotti (2003).

Os principais fármacos com potencial dano aos organismos aquáticas são (REIS FILHO et al., 2007):

• Antibiótico : amoxicilina, tetraciclina, azitromicina, ciprofloxacina e eritromicina.

• Antiinflamatório : diclorofenaco, ibuprofeno.

• Hormônios : 17 α-etinilestradiol, 17 β-estradiol, dietilbestrol, levonorgestrel, testosterona, tiroxina.

• Anti-hipertensivo : reserpina.

• Antiulceroso : omeprazol, ranitidina.

• Analgésico : paracetamol, dipirona sódica, codeína, ácido acetilsalicílico, tramadol.

• Cardiovascular : captopril, propanolol, diltiazem, verapamil, lisinopril.

• Antidepressivo : diazepan, fluoxetina, citalopram.

• Quando os ambientes aquáticos apresentam múltiplos fármacos, também podem ocorrer múltiplas ações, podendo agir na fisiologia, metabolismo e comportamento das espécies,
além da possibilidade de alterar a defesa imunológica dos organismos (REIS FILHO et al., 2007).

Dentre os compostos, os antibióticos contribuem para o desenvolvimento de bactérias resistentes, mesmo em baixas concentrações. Os estrogênios naturais e contraceptivos são
classificados como perturbadores endócrinos, por causarem esses sinais tanto nos organismos humanos quanto animais. Essas substâncias também têm re- lações com doenças
como câncer de mama, testicular e de próstata, dependendo da dose e tempo de exposição, além da síndrome de ovário policísticos e redução de fertilidade masculina (BILA;
DEZOTTI, 2003).

Figura 1- Possíveis rotas dos fármacos no meio ambiente Fonte: Bila e Dezotti (2003).

Em alimentos de origem animal

Os alimentos podem conter diversas substâncias sem função nutritiva, podendo ser agentes tóxicos naturais, como nitratos, glicosídeos e oxalatos; contaminantes químicos
oriundos de fatores ambientas; contaminação química direta, por adição de substâncias; contaminação química por microrganismos, como micotoxinas. E para alimentos de origem
vegetal, há a preocupação com a contaminação por re- síduos de medicamentos veterinários (drogas veterinárias). O resíduo de drogas veterinárias corresponde à fração da droga,
aos seus metabólitos, aos produtos de conversão ou reação e às impurezas que permanecem no alimento de origem animal (BRINQUES, 2015).
O Governo Brasileiro tem o Plano Nacional de Controle de Resíduos e Contaminantes - PNCRC/Animal - a fim de promover a segurança química dos
alimentos de origem animal produzidos no país. Anualmente amostras de ovos, leite, mel e animais para abate são encaminhados para análise de uma
ampla variedade de drogas veterinárias autorizadas e proibidas, agro- tóxicos, contaminantes inorgânicos, micotoxinas e dioxinas, para garantir que
estejam dentro do limite permitido. Os planos e os resultados obtidos anualmente podem ser acessados pelo site do Ministério da Agricultura,
Pecuária e Abastecimento.

Para saber mais, acesse: < http://www.agricultura.gov.br/assuntos/inspecao/produtos-animal/plano-de-nacional-de-controle-de-residuos-e-


contaminantes >.

Fonte: Brasil (2017, on-line)¹

A confirmação de resíduos veterinários em alimentos de origem animal está associada ao uso incorreto desses medicamentos, sem respeitar as boas práticas que recomendam ou
autorizam seu uso e os períodos de utilização, bem como a suspensão do tratamento indicado. O Codex Alimentarius, a FAO (Food and Agriculture Organization of the United
Nations) da Organização das Nações Unidas (ONU) e a Organização Mundial de Saúde (OMS) determinam os limites permitidos para as substâncias de uso veterinário, com a
finalidade de assegurar a segurança alimentar (MOREAU; SIQUEIRA, 2017).

Com base na Instrução Normativa SDA n° 42, de 20 de dezembro de 1999 (BRASIL, 1999), as drogas de maior interesse, são avaliadas devido aos seus efeitos tóxicos e
probabilidade de exposição e classificadas como:

• Droga de alta probabilidade de exposição a seres humanos, representando grave perigo a saúde.

• Droga de moderada probabilidade de exposição e moderado perigo a saúde.

• Droga de baixa probabilidade de exposição e baixo perigo a saúde.

• Droga de mínima probabilidade de exposição e mínimo perigo a saúde.

• Droga com informações insuficientes quanto a probabilidade de exposição e sua toxicologia.

Dentre as principais drogas estão os hidrocarbonetos clorados , de uso proibido, mas que devido às suas características de persistência no ambiente, ainda são necessários serem
analisados, pois a maioria possui propriedade carcinogênica, principalmente os organoclorados, por possuem a capacidade de bioacumular na cadeia alimentar. Os policlorados
bifenílicos possuem alta toxicidade, afetando os sistemas reprodutivo e hepático, causando adenomas hipofisários. Muito utilizado na aplicação de plantações, em geral próximas
aos ambientes de criação dos animais de consumo, gerando seu contato direto na pele e sua contaminação (MOREAU; SIQUEIRA, 2017).

Os antibióticos são agentes antibacterianos com função de inibir processos vitais de microrganismos, usados para evitar infecções, melhorar a eficiência da ração e e promover
massa muscular em aves, suínos e bovinos, por isso são alguns dos resíduos mais detectados nas carnes, leite, ovos. Além disso, favorecem a resistência de patógenos nos
ecossistemas. Seu uso impossibilita a utilização do leite para produção de queijo e iogurtes, pois interferem na atividade bacteriana necessária, dificultando o processo de
fermentação. Seus efeitos tóxicos aos seres humanos podem se manifestar com problemas auditivos. O cloranfenicol, por exemplo, é altamente tóxico, podendo ocasionar o
surgimento da anemia aplástica em pessoas com hipersensibilidade (MOREAU; SIQUEIRA, 2017).

Os anabolizantes pecuários, usados de forma correta, são eficientes no processo de engorda e crescimento dos animais. O uso de drogas anabólicas endógenas (estradiol,
testosterona e progesterona), assim como as exógenas (zeraol e trembolona), é restrito para fins terapêuticos, sincronização do cio e preparação de doadores e re- ceptores de
embriões. O uso as substâncias do grupo estilbeno são proibidos devido à sua alta toxicidade aos humanos (BRASIL, 1999).

Os tireostáticos têm a função inibidora da tireodeana. São usados no processo de desenvolvimento dos animais e banidos da pecuária devido à alta toxicidade, por causarem
regressão do crescimento e estados de hipotireoidismo (BRASIL, 1999).

As sulfonamidas são administradas pela adição na ração e água de consumo de suínos e aves, são agentes tireotóxicos, com atividade bacteriostática, podendo causar reações
alérgicas em indivíduos sensíveis (BRASIL, 1999).

Os anti-helmínticos são usados para eliminação de ovos e larvas nas fezes, seu uso incorreto gera acúmulo nos tecidos e leite dos animais, podendo ser detectadaos também no
músculo, fígado, rins e gordura (BRASIL, 1999; MOREAU; SIQUEIRA, 2017). As principais classes de drogas, seu uso e agentes principais, segundo Moreau e

Siqueira (2017), estão descritas a seguir:

• Organoclorados (Parasiticidas): Aldrin BHC, clordane, dieldrin, DDT e seus metabólitos, endrin, heptaclor, heptaclor epóxido, lindano, gama BHC, metoxiclor, PCB (policlorados
bifenílicos), HCB (hexaclorobenzeno), Mirex (dodecacloro);

• Antibióticos (Tratamento e prevenção de doenças): Penicilina, estreptomicina, cloranfenicol, tetraciclina, eritromocina, neomicina, ocitetraciclina, amoxicilina, ampicilina e
ceftiofur;

• Anabolizantes (Promotores de crescimento): Dietilestilbestrol – DES, zeranol, trembolona, hexestrol, dienestrol;

•Tireostáticos (Promotores de crescimento): Tiouracil, metiltiouracil, propiltiouracil, tapazol;

•Sulfonamidas (Tratamento e prevenção de doenças): Sulfadimetoxina, sulfametazina, sulfatiazol, sulfaquinoxalina.

O comportamento das drogas veterinárias no organismo é importante tanto do ponto de vista terapêutico quanto para a prevenção de não geração
de resíduos nos tecidos comestíveis. Avaliando o tempo de meia-vida do composto, que corresponde o tempo de retirada das substância no
organismo do animal, vemos que esse tempo de eliminação depende de diversos fatores biológicos e das propriedades físico-químicas da droga. Para
vacas e cabras leiteiras, é necessário determinar o tempo de descarte do leite, pois devido à sua contaminação, este não pode ser consumido até total
eliminação da droga (ADAMS, 2013).

TOXICOLOGIA DE MONITORAMENTO E CLÍNICA

Toxicologia de Monitoramento

A toxicologia de monitoramento tem como princípio prevenir o aparecimento de efeitos tóxicos decorrentes da exposição de substâncias tóxicas e seus metabólicos, bem como a
permanência de resíduos desses compostos tóxicos no organismo. O monitoramento biológico utiliza marcadores químicos e bioquímicos, em amostras biológicas. Pode ser
realizada em trabalhadores expostos a compostos tóxicos ou pacientes em tratamento medicamentoso. O monitoramento biológico avalia os compostos tóxicos e seus metabólitos
em amostras de tecidos, fluidos, secreções, excreções e ar expirado (MOREAU; SIQUEIRA, 2017).

Os biomarcadores são as alterações de um componente devido à contaminação por uma substância tóxica, podendo ser utilizadas medidas físicas, como peso, cor, espessura e
pressão; medidas químicas, dos tóxicos e seus metabólitos; ou medidas biológicas, de alterações fisiológicas e celulares. Os biomarcadores podem ser divididos da seguinte forma
(MOREAU; SIQUEIRA, 2017):
• Biomarcador de exposição: corresponde à substância tóxica e seu meta- bólito, medido em amostra biológica, como compostos voláteis e metais pesados no sangue ou urina,
medindo a dosagem interna do tóxico, de- monstrando a dosagem absorvida pelo organismo.

• Biomarcador de dose biologicamente efetiva : expressa a quantidade de tóxico no órgão-alvo, em geral são determinados pelos tecidos periféricos, como sangue, com adutos de DNA
ou de proteínas.

• Biomarcador de efeito : correspondem às alterações bioquímicas, fisiológicas ou comportamentais, reversíveis, podendo ser medidas em amostras biológicas, como os adutos de
DNA e substratos enzimáticos. Alguns são utilizados tanto na prevenção de efeitos quanto na detecção da alteração tóxica.

• Biomarcador de suscetibilidade : corresponde à habilidade individual de um organismo diante da exposição de um tóxico. Podem ocorrer erros inatos do metabolismo, diferença de
níveis de imunoglobulinas e outras variações genéticas.

Para a avaliação são utilizados valores de referência (VR), que correspondem às concentrações dos biomarcadores em indivíduos não expostos à substância tóxica de interesse.
Esses valores sofrem diversas variações decorrentes dos hábitos individuais, alimentação e fatores ambientais, além do sexo, tabagismo e consumo de álcool e fármacos. A
influência do sexo, por exemplo, está nas propriedades específicas, como o feminino que concentra alguns tóxicos em maior concentração nos tecidos adipo- sos que o masculino. O
tabagismo pode influenciar na biotransformação de tóxicos no organismo, assim como o consumo de álcool (MOREAU; SIQUEIRA, 2017).

No monitoramento terapêutico objetiva-se a efetividade do fármaco, a fim de registrar qualquer evento adverso de sua toxicidade, com objetivo de não ocorrer resíduos dessas
drogas/fármacos no organismo. Essa ocorrência de resíduo no organismo pode variar de acordo com diversos fatores, como farmacocinéticos (diferença na capacidade individual
de biotransformar e excretar o fármaco, variação na absorção, interações fármaco-fármaco ou fármaco-alimento); fisiológicos (como sexo, idade e gestação); patológicos
(insuficiência hepática, renal e doenças cardiovasculares); além dos socioambientais (consumo de álcool e tabagismo) (MOREAU; SIQUEIRA, 2017).

Para realização do monitoramento terapêutico são analisadas as concentrações desse fármaco no plasma do indivíduo, sendo necessário o conhecimento dos mecanismos de
absorção, distribuição e eliminação desses compostos. Os principais fármacos monitorados são os anticonvulsivantes, cardioativos, antiplasmáticos, imunossupressores,
antidepressivos, antimicrobianos, antivirais, antineoplásticos e analgésicos (MOREAU; SIQUEIRA, 2017).

Toxicologia Clínica

A toxicologia clínica compreende às áreas de toxicologia média, toxicologia aplicada e informações toxicológicas, com intuito de estabilizar o paciente intoxicado, reali- zar avaliação
clínica, prevenir a absorção continuada do agente tóxico, administrar antídotos e dar seguimento clínico (KLAASSEN; WATKINS III, 2012).

O tratamento inicial da intoxicação tem como objetivo prevenir a absorção posterior do agente tóxico. Para intoxicações por inalação, o principal procedimento é a remoção do
paciente do ambiente contaminado para um ambiente com ventilação e oxigenação. Para contaminações pela pele, caso as roupas estejam contamina- das, devem ser retiradas, e a
pele lavada com água abundante e sabão neutro. Para intoxicação por via oral, os possíveis métodos são a indução de êmese com xarope de ipeca, lavagem gástrica, irrigação
intestinal total e administração oral de carvão ativado (KLAASSEN; WATKINS III, 2012).

Para facilitar a eliminação do agente tóxico do organismo, existem diversos métodos, os mais empregados são a alcalinização da urina, carvão ativado seriado via oral, hemodiálise,
hemoperfusão, hemofiltração, plasmaferese ou exsanguineo- transfusão (KLAASSEN; WATKINS III, 2012).

Na alcalinização da urina , o princípio básico é o aumento do pH do filtrado urinário, a fim de ionizar o ácido fraco e evitar a reabsorção tubular da molécula. A diálise , tanto peritoneal
quanto hemodiálise, tem como princípio o transporte da substância tóxica por uma membrana dialisadora semipermeável. O processo de hemoperfusão é semelhante à hemodiálise,
porém não utiliza a membrana dialisadora, e sim um cartucho de perfusão (geralmente de carvão ativo). A hemofiltração conduz o sangue do paciente por tubos de fibra oco, e um
ultrafiltrado do plasma é removido por pressão. Os processos de plasmaferese e exsanguineotransfusão têm uso limitado devido à possibilidade de complicações, como reações
alérgicas, infecções e hipotensão. E a prática de administração oral seriada de carvão ativo, ou carvão ativo em múltiplas doses (CAMD) , é capaz de eliminar diversos tóxicos, pois
aumenta a depuração sistêmica dos fármacos (KLAASSEN; WATKINS III, 2012).

Além desses métodos, ainda podem ser utilizados antídotos, contudo, por serem específicos, poucos estão disponíveis para as intoxicações, necessitando de estudos constantes
para desenvolvimento de novos compostos que tenham essa propriedade. Da mesma forma que os antídotos são específicos para cada composto tóxico, sua forma de agir também
é específica, de acordo com o tóxico de interesse (KLAASSEN; WATKINS III, 2012).

Alguns dos principais antídotos disponíveis para intoxicações são (OLSON, 2014):

• Acetilcisteína: indicado para superdosagem de paracetamol, intoxicações por tetracloreto de carbono, clorofórmio, acrilonitrila, arsênio, ouro, cogumelo, amanitina, monóxido de
carbono, cromo, cianeto, nitrofurantoína e metilmercúrio.

• Ácido fólico e leucovorina cálcica: para intoxicação por metanol.

• Antiveneno para crotalíneos : usado no envenenamento por espécies de cascavel.

• Antiveneno para Latrodectus mactans : para sintomas de envenenamento da viúva-negra, como hipertensão grave e dores musculares, usado princi- palmente em crianças, idosos e
gestantes.

• Antiveneno para Micrurus fulvius (cobra-coral) e antivenenos exóticos: para envenenamento por cobra-coral oriental ou cobra-coral do Texas.

• Atropina e Glicopirrolato: para excesso de secreções orais decorrentes de intoxicação, por exemplo, de inseticidas organofosforados e carbamatos.

• Azul da prússia: contaminação por césio ou tálio, radioativos ou não.

• Bal (dimercaprol): para intoxicações agudas por arsênio inorgânico, mercúrio, chumbo e ouro.

• Bicarbonato de sódio: intoxicação por metanol, etilenoglicol ou salicilatos. Usado na alcalinização urinária, processo de eliminação do tóxico.

• Cálcio: intoxicação por fluoreto e ácido fluorídrico.

• Deferoxamina: intoxicação por ferro e alumínio.

• EDTA cálcico: intoxicações por chumbo, zinco e manganês.

• Etanol: utilizado na suspeita de intoxicação por metanol ou etilenoglicol.

• Hidroxocobalamina: intoxicação por cianeto.

• Nitrito de sódio e nitrito amílico: intoxicação sintomática por cianeto e por sulfeto de hidrogênio.

• Penicilamina: intoxicação por metais pesados, chumbo, mercúrio e cobre.

• Succímero (DMSA): intoxicação por chumbo, contra efeitos agudos letais dos sais de mercúrio e do arsênio.

REMEDIAÇÃO E BIORREMEDIAÇÃO AMBIENTAL

Remediação
Remediação ambiental é o conjunto de técnicas e procedimentos utilizados para recuperar uma área degradada pela ação antrópica, a fim de amenizar os efeitos nocivos para o
homem e para o ambiente (GALDINO, 2015).

Alguns fatores precisam ser previamente analisados, como a localização e extensão do ambiente poluído e suas condições geotécnicas, as condições hidrogeológicas, ocorrência da
contaminação, características físicas e químicas das substâncias contaminantes, identificação dos risco para a população local, os aspectos legais e viabilidade técnica e econômica.
Quanto às características do poluente, deve-se conhecer sua concentração e composição química, a biodegradabilidade, a densidade e viscosidade, se líquido, seu pH,
condutividade elétrica, solubilidade em água, ponto de ebulição, pressão de vapor e constante dielétrica (GALDINO, 2015).

Os processos de remediação podem ser realizados no próprio local degradado (in situ) , ou pela remoção do local contaminado para outro local (ex situ) , utilizada apenas para
pequenas áreas. A remediação in situ pode ser feita mediante a imobilização física, química ou termal, ou por mecanismos de isolamento hidrogeológico (GALDINO, 2015).

Um dos mecanismos de remediação é o bombeamento (pump and treat) , utilizado para águas subterrâneas contaminadas, com o bombeamento da água para tratamento ex situ,
porém, atualmente pouco usado devido sua baixa eficiência na descontaminação (GALDINO, 2015).

Para remoção de vapores tóxicos do solo, é utilizado o método SVE (Soil Vapor Extraction) / Air sparging , que corresponde à circulação de ar através do subsolo, promovendo a
retirada dos composto volatilizados, podendo também pro- mover sua biodegradação. Muito utilizado em áreas contaminadas com petróleo e seus derivados, que possuem alta
volatilidade e biodegradabilidade (GALDINO, 2015).

O método de extração de vapores do solo ou SVE é utilizado na remediação para líquidos em fase não aquosa, realizada in situ , para a remoção de contaminantes que volatilizam e
evaporam. Isso se dá com uso de ar na área não saturada do solo, seguida da extração dos vapores por um sistema de vácuo (GALDINO, 2015).

A técnica air sparging é realizada in situ para áreas subterrâneas, com injeção de gás sob pressão, promovendo a remoção dos compostos volatilizáveis, usado em solos saturados e
águas subterrâneas, removendo o contaminante e acelerando o processo de biodegradação ( biosparging ), de acordo com fatores de permeabilidade do solo, profundidade do lençol
freático e do contaminante (GALDINO, 2015).

Biorremediação

A biorremediação é o processo de tratamento de uma área contaminada com uso de microrganismos do solo para biodegradar qualitativa e quantitativamente os compostos
tóxicos do solo e de águas subterrâneas, gerando compostos de mais baixa toxicidade (GALDINO, 2015).

Muitos são os benefícios desse processos, e nas diversas áreas, como na indústria, tornando processos mais limpos; na agricultura, agilizando o processo de decomposição da
amônia, nitrato e nitrito; nos centros urbanos, através do tratamento de águas residuais e esgoto (DA SILVA et al., 2015).

Neste processo diversas reações químicas ocorrem, em que os microrganismos metabolizam as substâncias orgânicas, transformando os compostos orgânicos tóxicos em
compostos não tóxicos, conhecido como processo de mineralização . E quando o produto gerado é um composto com menor toxicidade que o original, é conhecido como detoxificação
(GALDINO, 2015).

Para que a biorremediação ocorra de forma eficiente, alguns fatores devem ser analisados, como os microrganismos apropriados, os nutrientes disponíveis (nitrogênio, fósforo,
cálcio e magnésio), condições ambientais (temperatura, radiação, pH, salinidade e pressão hidrostática), fonte de carbono (para consumo das bactérias), receptores de elétrons
(reações de oxidação dos contaminantes) e fontes de energia (GALDINO, 2015).

Os processos podem ser classificados como aeróbicos , quando os microrganismos necessitam de oxigênio, ou anaeróbico , quando a atividade ocorre sem oxigênio, podendo ser
esse subdividido em respiração anaeróbica , utilizando os elétrons nitrato, sulfato e dióxido de carbono como receptores de elétrons, ou em fermentação , na qual os compostos
orgânicos tanto doam quanto recebem elétrons (DA SILVA et al., 2015; GALDINO, 2015).

A aplicação da técnica aeróbica in situ é mais frequente, porém, o uso da biodegradação anaeróbica tem se mostrado eficiente para compostos orgânicos persistentes, como os
hidrocarbonetos halogenados ou orgânicos clorados. Os processos in situ causam menor custo, devido à falta de necessidade de escavação, mesmo em áreas de grande porte
(GALDINO, 2015).

Alguns desses procedimentos in situ são realizados em ambientes contaminados com derivados de petróleo, compostos fenólicos e solventes organoclorados. São feitos com uso de
bioestimulação, colocando nutrientes no ambiente que favoreçam o crescimentos dos microrganismo (GALDINO, 2015).

Existe também a biorremediação intrínseca, em que não há intervenção humana, pois ocorre por meio do monitoramento dos processos de atenuação natural (GALDINO, 2015).

Outro processo é a embebição e lavagem do solo in situ , que ocorre através da injeção de uma solução no solo contaminado, seguido da sua extração. Como solução podem ser
usados surfactantes, ácidos, bases, solventes, cossolventes ou água limpa (GALDINO, 2015).

A biorremediação pode ser classificada de acordo com o microrganismo utilizado, como a fitoremediação , com uso de plantas (como na descontaminação do solo contendo zinco);
biorremediação bacteriana , com uso de bactérias (usado na descontaminação de águas com nitrato); e a biorremediação enzimática , pelo uso de enzimas naturais.

A fitorremediação é muito utilizada para poluentes na água e solo, e quando comparadas às técnicas de bombeamento, ela é vantajosa, devido seu baixo custo e alta eficiência (DA
SILVA et al., 2015).

Algumas plantas capazes de absorver os metais presentes no ambiente contaminado são:

- Azolla pinnata e Eichhornia crassipes / Hydrocotyle umbellata / Lemna minor: metais chumbo, cobre, cádmio, ferro e mercúrio.

-Bacopa monnieri L. Pennell / Ceratophyllum demersum L / Hygrorrhiza aris- tata / Spirodela polyrrhiza L.: metais cobre, cromo, ferro, manganês,
cádmio e chumbo.

Fonte: DA SILVA et al. (2015).

Figura 2 - Floração de Azolla pinnata na superfícia do ambiente aquático

Prevenção e redução da poluição

A prevenção é uma forma de redução da poluição, busca diminuir os danos gerados e evita a emissão de poluente. Esse processo pode ser feito por meio da adoção de medidas como
a reciclagem, tratamento ou disposição dos resíduos com capacidade de contaminar o meio (GALDINO, 2015).

Esse controle da poluição engloba a ecologia industrial e o conceito de química verde , que corresponde à prática sustentável da química em uma estrutura de boas práticas de
ecologia industrial visando a segurança e a não geração de poluentes, com o mínimo de consumo de materiais e energia. Buscando o conceito de sustentabilidade industrial
(MANAHAN, 2016).

Figura 3- - Conceito moderno de ecologia indústria


Dentro dessa prática, os objetivos são de projetar os produtos e compostos químicos a fim de reduzir a geração de resíduos, considerando a segurança desses compostos, para
promover a redução de perigos de toxicidade humana e ambiental; dar preferência a insumos renováveis, a fim de praticar os processos de reciclagem; utilizar catalisadores, para
otimizar reações, com geração mínima de subprodutos e evitar o uso de aditivos químicos; aumentar a eficiência energética; e conter um projeto de degradabilidade dos compostos
químicos gerados, com monitoramento e controle de riscos (MANAHAN, 2016).

Alguns solventes tóxicos já possuem substituintes menos tóxicos, apresentados a seguir:

Fonte: Manahan (2016).

A química verde tem atenção especial a três grupos de substâncias tóxicas, os metais, como chumbo, mercúrio e cádmio; os materiais orgânicos persistentes e não biodegradáveis,
como as PCB; e os compostos orgânicos voláteis (COV) (MANAHAN, 2016).

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ATIVIDADES
1. Quando os ambientes aquáticos apresentam múltiplos fármacos, seus efeitos no ambiente e nas espécies são:

a) Iguais aos efeitos do contaminante de maior concentração.

b) Correspondentes ao efeito de maior toxicidade.

c) De ações apenas metabólicas.

d) De ações múltiplas, fisiológica, metabólica e comportamental.

e) Nenhuma das alternativas anteriores está correta.

2. Na toxicóloga de monitoramento são utilizados biomarcadores. Qual outro método é associado para a quantificação do tóxico no organismo? Assinale a alternativa correta:
Valores de referência (VR), que correspondem às concentrações dos biomarcadores em indivíduos não expostos a substância tóxica de interesse.

a) Valores de referência (VR), que correspondem às concentrações dos biomarcadores em indivíduos não expostos a substância tóxica de interesse.

b) Valores de referência (VR), que correspondem às concentrações dos biomarcadores em indivíduos igualmente exposto a substância tóxica de interesse.

c) Valores de resíduos (VR), que correspondem às concentrações dos biomarcadores em indivíduos não expostos a substância tóxica de interesse.

d) Valores de resíduos (VR), que correspondem às concentrações dos biomarcadores em indivíduos igualmente expostos a substância tóxica de interesse.

e) Nenhuma das alternativas anteriores está correta.

3. Para que a biorremediação ocorra de forma eficiente, alguns fatores devem ser analisados. Assinale a alternativa que apresenta esses fatores:

a) O único microrganismo existente para o processo, nitrogênio, fósforo, magnésio, condições ambientais, fonte de carbono, receptores de elétrons e fontes de energia.

b) Os microrganismos apropriados, nitrogênio, fósforo, cálcio e magnésio, condições ambientais, fonte de carbono, receptores de elétrons e fontes de energia.

c) Os microrganismos apropriados, nitrogênio, ferro, cobre e magnésio, condições ambientais, fonte de carbono, doadores de elétrons e fontes de energia.

d) Os microrganismos apropriados, nitrogênio, fósforo, cálcio e magnésio, condições ambientais, fonte de carboidratos, doadores de elétrons e fontes de energia.

Resolução das atividades

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RESUMO
Drogas, como fármacos, são encontrados como resíduos nos ambientes aquáticos devido seu descarte constantemente com o esgoto. Mesmo que detectados em baixas
concentrações nas águas de rios, sua importância está na atividade biológica e na característica de resistência à degradação.

Assim como na água, nos alimentos diversas substâncias sem função nutritiva podem ser encontradas, tanto provocadas por agentes tóxicos naturais quanto pela contaminação por
resíduos de medicamentos veterinários (drogas veterinárias). Fazendo-se necessário o seu monitoramento para garantia da segurança alimentar.

A toxicologia de monitoramento tem como princípio prevenir o aparecimento de efeitos tóxicos decorrentes da exposição de substâncias tóxicas e seus metabólicos, e a
permanência de resíduos desses compostos tóxicos no organismo. Também pretende realizar o monitoramento de pacientes em tratamento com fármacos específicos, que podem
causar quadros de acúmulo tóxico no organismo e efeitos adversos.

A toxicologia clínica compreende as áreas de toxicologia média, toxicologia aplicada e informações toxicológicas, com objetivo de estabilizar o paciente intoxicado, prevenir a
absorção continuada do agente tóxico e administrar antídotos.

O processo de remediação ambiental é o conjunto de técnicas e procedimentos utilizados para recuperar uma área degradada pela ação antrópica, a fim de amenizar os efeitos
nocivos para o homem e para o ambiente. Os métodos são escolhidos mediante fatores como a localização e extensão do ambiente poluído e características físicas e químicas do
contaminante. E o pro- cesso de biorremetiação, com uso de microrganismos, é utilizado para biodegradar qualitativa e quantitativamente os compostos tóxicos do solo e de águas
subterrâneas, gerando compostos de mais baixa toxicidade.

Para o controle da poluição, surge o conceito de química verde, que corresponde à prática sus- tentável da química em uma estrutura de boas práticas de ecologia industrial visando
a segurança e a não geração de poluentes.

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Material Complementar

Leitura
Áreas contaminadas – remediação e revitalização

Autor : Ernesto Niklaus Moeri; Delcio Rodrigues; Andreas Nieters

Editora : SIGNUS

Sinopse : este livro reúne estudos sobre os principais aspectos que envolvem a remediação e
redesenvolvimento de áreas contaminadas, um dos principais problemas ambientais da atualidade,
destacando-se os temas: reincorporação de áreas contaminadas, plano de remediação para depósito
de resíduos perigosos e a remediação sustentável de grandes áreas de resíduos na Suíça. Traz,
também, detalhes sobre algumas das mais modernas técnicas de remediação e apresenta estudos de
casos internacionais que são emblemáticos e que podem ser referência importante em trabalhos de
recuperação realizados no País.

Na Web
Após três décadas da pior situação de poluição atmosférica, da cidade de Cubatão no Brasil, a
reportagem mostra como está a cidade atualmente e também a sua luta constante contra os altos
índices da poluição na região.

Acesse

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REFERÊNCIAS
ADAMS, H. R. Farmacologia e terapêutica em veterinária. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2013.

BILA, D. M.; DEZOTTI, M. Fármacos no meio ambiente . Química Nova, v. 26, n. 4, p. 523-530, 2003.

BRASIL. Ministério da Agricultura e do Abastecimento . Instrução Normativa no 42, de 20 de dezembro de 1999. Brasilia 1999. Disponível em:
< http://www.agricultura.gov.br/assuntos/inspecao/produtos-animal/plano-de-nacional-de-controle-de-residuos-e-contaminantes/documentos-da-pncrc/instrucao-normativa-
sda-n-o-42-de-20-de-dezembro-de-1999.pdf/view >. Acesso em: 23 out 2020

BRINQUES, G. B. Higiene e vigilancia sanitária . São Paulo: Pearson Education do Brasil, 2015.

DA SILVA, J. D. S. et al. A biotecnologia como estratégia de reversão de áreas contaminadas por resíduos sólidos. Electronic Journal of Management, Education and Environmental
Technology (REGET) , v. 18, n. 4, p. 1361-1370, 2015.

DAVIS, M. L.; MASTEN, S. J. Princípios de engenharia ambiental . Porto Alegre: AMGH, 2016.

GALDINO, A. M. R. Introdução ao estudo da poluição dos ecossistemas . Curitiba: InterSaberes 2015.

KLAASSEN, C. D.; WATKINS III, J. B. Fundamentos em Toxicologia de Casarett e Doull (Lange) . 2. ed. Porto Alegre: AMGH Editora, 2012.

MANAHAN, S. E. Química ambiental . Porto Alegre: Bookman Editora, 2016.

MOREAU, R. L. D. M.; SIQUEIRA, M. E. P. B. D. Toxicologia analítica . 2. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2017.

OLSON, K. R. Manual de toxicologia clínica . Porto Alegre: AMGH Editora, 2014.

REIS FILHO, W. et al. Fármacos, ETEs e corpos hídricos . Ambiente & Água-An Interdisciplinary Journal of Applied Science, v. 2, n. 3, 2007.

REFERÊNCIAS ON-LINE

1 Em: < http://www.agricultura.gov.br/assuntos/inspecao/produtos-animal/plano-de-nacional-de-controle-de-residuos-e-contaminantes > . Acesso em: 23 out 2020.

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APROFUNDANDO

Tratamento de efluentes industriais

Os efluentes industriais constituem sérios perigos para os sistemas de tratamento de efluentes domésticos, pois a estrutura de coleta e o sistema de tratamento não são projetados
para transportar ou tratar este tipo de efluente. Uma vez que os efluentes industriais possuem substâncias que podem danificar tubulações e interferir na operação das unidades de
tratamento dos efluentes domésticos. Alguns contaminantes presentes nos efluentes industriais podem passar inalterados pelas ETEs ou ser concentrados no lodo gerado ao final
do tratamento, gerando um resíduo perigoso.

Os principais objetivos dos sistemas de pré-tratamento são:

• Impedir a introdução de poluentes capazes de interferir com as operações das ETEs, especialmente com relação ao descarte do lodo.

• Impedir a introdução de poluentes que passem pelo sistema de tratamento de efluentes ou que sejam incompatíveis com as operações destes.

• Melhorar as oportunidades de reciclagem e de recuperação dos efluentes tratados e lodos municipais e industriais.

A legislação brasileira define alguns critérios para lançamento de efluentes, resolução CONAMA 357/2005. As diretrizes ou recomendações são propostas por entidades de
aceitação geral (como a OMS).

SISTEMAS LOCAIS DE DISPOSIÇÃO

Em regiões com pequena população, onde as propriedades possuem grandes extensões e a distância entre residências é grande, os efluentes domésticos podem ser tratados no
próprio local, não havendo a necessidade de um sistema de coleta e tratamento central. Normalmente, os sistemas de tratamento locais são de pequeno porte e atendem
residências isoladas, pequenos conjuntos habitacionais ou a estabelecimentos comerciais individuais, como pequenos hotéis e restaurantes.

SISTEMAS DE TRATAMENTO DE EFLUENTES DOMÉSTICOS

Os sistemas de tratamento de efluentes domésticos são divididos em três categorias: (1) tratamento primário, (2) tratamento secundário e (3) tratamento terciário. Conforme a
necessidade, as configurações do sistema de tratamento possuem um arranjo que melhor atenda as atenda, sendo necessária a utilização de unidades de condicionamento dos
efluentes, antes do tratamento primário. Por exemplo, o tratamento primário ocorre após o tratamento preliminar dos efluentes, que pode incluir as operações de gradeamento,
remoção de areia e equalização.

De modo similar, o tratamento secundário só é realizado após o tratamento preliminar, detalhado anteriormente, e o tratamento primário, que consiste na remoção dos sólidos
sedimentáveis presentes no efluente bruto.

O objetivo do tratamento preliminar é proteger os equipamentos da ETE. Algumas estações não têm a etapa da equalização.

O tratamento primário pode ser feito por sedimentadores ou flotadores, que têm a função principal de remover os sólidos em suspensão. O tratamento primário comum, de
sedimentação, re- move aproximadamente 60% dos sólidos suspensos totais presentes no esgoto bruto e 35% da DBO5. Os constituintes solúveis não são removidos. Há alguns
anos, esta era a única etapa adotada nas ETEs de muitas cidades.

O tratamento secundário tem a finalidade de remover a DBO5 solúvel que não foi retirada pelo processo primário e também parte dos sólidos em suspensão que acabou chegando
a esta etapa. O tratamento secundário comumente é realizado por processos biológicos ocorrendo as mesmas reações observa- das em um corpo receptor que tenha a capacidade
de assimilar os constituintes presentes no efluente lançado, processo chamado de autodepuração, que é a capacidade do corpo d’água retornar as suas condições normais, mas
esse processo é relativamente lento. Neste processo os microrganismos presentes nos corpos receptores utilizam a matéria orgânica dos efluentes com alimento e consomem o
oxigênio dissolvido durante seu metabolismo. As etapas do tratamento secundário são elaboradas para agilizar os processos naturais, para que os poluentes orgânicos degradáveis
sejam decompostos mais rápido. O tratamento secundário remove mais de 85% da DBO5 e dos sólidos suspensos. No entanto, ele não possui a capacidade de retirar nutrientes,
como nitrogênio e fósforo, metais pesados e organismos patogênicos, principalmente bactérias e vírus.

Quando o tratamento secundário não reduz as quantidades de poluentes a níveis aceitáveis, o efluente secundário deve ser submetido a mais um tratamento, chamado de
tratamento terciário. Os processos terciários podem envolver tratamentos biológicos adicionais, como nitrificação, desnitrificação e remoção biológica de fósforo, tratamento
químico e filtração. Resumidamente, o tratamento terciário equivale à utilização de processos biológicos complementares ou à utilização de um sistema adicional de tratamento
após o sistema de tratamento secundário. Quando possível, o tratamento terciário

se resume à aplicação do efluente secundário no solo ou em áreas alagadas (wetlands), sistemas minunciosamente projetados, nos quais os contaminantes são captados por
plantas. Alguns destes processos possuem capacidade de remover até 95% do nitrogênio e até 99% dos teores de DBO5, de fósforo, de sólidos suspensos e de bactérias. O efluente
resultante é muito limpo, inodoro e incolor.

Embora esses processos e os sistemas de tratamento em solo sejam utilizados para tratar o efluente resultante do tratamento terciário, eles também são úteis como substitutos do
tratamento secundário convencional. Em muitas vezes são visualmente agradáveis (como jardins alagados).

REFERÊNCIAS

DAVIS, M. L.; MASTEN, S. J. Princípios de engenharia ambiental . Porto Alegre: AMGH, 2016.

PARABÉNS!

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EDITORIAL

DIREÇÃO UNICESUMAR

Reitor Wilson de Matos Silva

Vice-Reitor Wilson de Matos Silva Filho

Pró-Reitor de Administração Wilson de Matos Silva Filho

Pró-Reitor Executivo de EAD William Victor Kendrick de Matos Silva

Presidente da Mantenedora Cláudio Ferdinandi

C397 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MARINGÁ . Núcleo de Educação

a Distância; MIKALOUSKI , Flavianny Brencis da Silva;

Toxicologia Ambienta l. Flavianny Brencis da Silva Mikalouski;

Maringá-Pr.: UniCesumar, 2017.

30 p.

“Pós-graduação Universo - EaD”.

1. Toxicologia. 2. Ambiental. 3. EaD. I. Título.

CDD - 22 ed. 363

CIP - NBR 12899 - AACR/2

Pró Reitoria de Ensino EAD Unicesumar

Diretoria de Design Educacional

Equipe Produção de Materiais

Fotos : Shutterstock

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Av. Guedner, 1610, Bloco 4 - Jardim Aclimação - Cep 87050-900

Maringá - Paraná | unicesumar.edu.br | 0800 600 6360

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