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IFAR

Instituto de Estudos Farmacêuticos

TOXICOLOGIA – I

Professor Camargo
Introdução à toxicologia
Tópicos que serão estudados
1. Introdução à toxicologia e conceitos aplicados;

2. Fases da Intoxicação;

3. Avaliação e Classificação toxicológica;


Tópicos que serão estudados
1. Introdução à toxicologia e conceitos aplicados;

2. Fases da Intoxicação;

3. Avaliação e Classificação toxicológica;


Introdução à toxicologia
TOXICOLOGIA: ciência prática antiga, que se preocupa com o
estudo dos efeitos deletérios (nocivos) decorrentes das interações
entre as substâncias químicas com o organismo, sob condições
específicas de exposição.

Toxicologia Contemporânea: ciência social, que estuda maneiras


seguras de se expor a substâncias químicas, permitindo ao
homem se beneficiar das conquistas da atual era tecnológica.
Introdução à toxicologia
TOXICOLOGIA CONTEMPORÂNEA: investigação experimental da
ocorrência, natureza, incidência, mecanismos de ação e dos fatores de risco
dos efeitos deletérios de agentes químicos.

Escopo: diagnóstico, tratamento e prevenção.


Objetivo: melhorar a qualidade de vida do homem e à saúde do meio
ambiente.
Objeto de estudo: a intoxicação sobre todos os aspectos.
Finalidade: avaliar lesões, investigar mecanismos de ação, identificar e
quantificar agentes tóxicos e determinar níveis de tolerância.
Introdução à toxicologia
a) Intoxicação
- É a manifestação clínica e/ou laboratorial dos
efeitos tóxicos/adversos, que se revelam em um estado patológico,
causados por substâncias químicas endógenas ou exógenas.
- É caracterizada por sinais, sintomas ou exames
laboratoriais.
- no caso de medicamentos, é diferente de reação
adversa (causada em doses terapêuticas e decorrentes de baixa
seletividade ou de elevada distribuição dos receptores). Em
medicamentos, a intoxicação é decorrente de dosagem excessiva
(acidental ou intencional).
Introdução à toxicologia
b) Efeito nocivo
- transtornos da capacidade funcional e/ou
capacidade do organismo em compensar nova sobrecarga após
exposições prolongadas.
- diminuição perceptível da capacidade do organismo
em manter a homeostasia, sejam efeitos reversíveis ou não.
- aumento da susceptibilidade aos efeitos
indesejáveis de outros fatores ambientais (químicos, físicos,
biológicos ou sociais).
Introdução à toxicologia
c) Agente tóxico / toxicante: endógeno ou exógeno
- Entidade química capaz de causar dano a um
sistema biológico, alterando seriamente a função e podendo levar
à morte (rompem o equilíbrio orgânico):
-- quantitativo: nocividade depende da dose.
-- qualitativo: nocividade depende da espécie.
d) Veneno
- substância química ou misturas, que provocam
intoxicação ou morte em pequenas doses.
Introdução à toxicologia
e) Antídoto
- substância capaz de antagonizar o efeito nocivo.

f) Toxicidade
- propriedade dos agentes tóxicos (inerente) de causa
injúrias às estruturas biológicas, por meio de interações físico-químicas.
- É inerente ao agente tóxico e é representada por uma
cascata de eventos (exposição, cinética, dinâmica e sinais clínicos),
sendo atenuada pela excreção e reparo e podendo variar de um órgão
para outro (idade, genética, gênero, dieta, condição fisiológica, estado
de saúde etc):
-- Aguda: decorrente de exposição (única ou
múltiplas) em até 24 horas, com efeitos imediatos ou em até 14 dias.
-- Crônica: decorrente de exposições repetidas
em período prolongado.
Introdução à toxicologia
g) Ação Tóxica
- maneira pela qual o agente tóxico exerce a
atividade sobre às estruturas teciduais.

h) Risco
- probabilidade estatística de ocorrer a intoxicação.

i) Xenobiótico
- substância química estranha ao organismo e que
não possui papel fisiológico conhecido ou que é estranha
quantitativamente.

O organismo procura removê-los


Introdução à toxicologia
Finalidade da toxicologia
Investigar experimentalmente os efeitos deletérios dos
agentes químicos quanto a:

a) Ocorrência (onde?);
b) Natureza (o quê?);
c) Incidência (quem?);
d) Mecanismos de ação (como?);
e) Fatores de risco (por quê?).
Introdução à toxicologia
Objetivo

a) Possibilitar o uso seguro de substâncias químicas


e alimentos;
b) Efetuar medidas de prevenção (microambiente,
macroambiente, alimentos);
c) Evitar riscos ocupacionais e danos ao meio
ambiente;
d) Propiciar terapêutica segura e eficiente ao
paciente intoxicado.

MELHORAR A QUALIDADE DE VIDA


Introdução à toxicologia
Processos

a) Avalia lesões;

b) Identifica mecanismos de ação;

c) Identifica e quantifica agentes tóxicos ou sinais


destes;

d) Determina níveis de tolerância.


Introdução à toxicologia
Áreas de atuação

a) Toxicologia Analítica: atua na detecção do agente químico


ou de parâmetros relacionados à exposição. Envolve o conhecimento da
química analítica. Atua na prevenção e no diagnóstico de intoxicações. Está
envolvida com as áreas forense, monitoramentos, antidoping, diagnóstico,
controle de farmacodependência etc.
Introdução à toxicologia
Áreas de atuação

b) Toxicologia Clínica: atua no atendimento ao paciente


exposto ou intoxicado. Envolve a prevenção, diagnóstico e tratamento.
Introdução à toxicologia
Áreas de atuação

c) Toxicologia Experimental: atua em estudos para elucidar


mecanismos de ação dos agentes tóxicos. Está envolvida com a avaliação da
toxicidade.
Introdução à toxicologia
Áreas de atuação

d) Ecotoxicologia: atua nos estudos dos efeitos nocivos ao


meio ambiente.
Introdução à toxicologia
Subdivisões

a) Ambiental: estuda os efeitos nocivos decorrentes da interação dos agentes


químicos contaminantes do meio ambiente com o organismo humano.
b) Ocupacional: estuda os efeitos nocivos decorrentes da interação dos
agentes químicos presentes no ambiente de trabalho com os trabalhadores a
eles expostos.
c) Alimentos: estuda os efeitos nocivos das substâncias químicas ocasional
ou intencionalmente presentes nos alimentos, definindo condições para
ingestão segura.
d) Medicamentos: estuda os efeitos nocivos decorrentes da interação destes
compostos com o organismo humano em razão do uso inadequado ou de
susceptibilidade individual.
e) Social: estuda os efeitos nocivos decorrentes da interação de drogas e
fármacos em razão do emprego não médico, causando prejuízos ao indivíduo
e à sociedade.
Tópicos que serão estudados
1. Introdução à toxicologia e conceitos aplicados;

2. Fases da Intoxicação;

3. Avaliação e Classificação toxicológica;


Fases da intoxicação

a) Exposição: quando a superfície externa e interna entram em contato com o


toxicante. Disponibilidade química (fração disponível para
absorção).
Fases da intoxicação
b) Toxicocinética: relação entre absorção e concentração do toxicante nos
diferentes tecidos. É o percurso/deslocamento do toxicante pelo organismo.
Biodisponibilidade.

c) Toxicodinâmica: interação do agente tóxico com os sítios de ação.


Ação tóxica e toxicidade (aparecimento do
desequilíbrio homeostático).
Fases da intoxicação
d) Fase Clínica: evidencias de sinais, sintomas e/ou alterações patológicas
detectáveis. Caracterização do efeito nocivo. (provas
diagnósticas).
Fases da intoxicação
a) Exposição

- Dose;
- Via de Introdução (maior ou menor absorção);
- Freqüência e duração da exposição (interfere na
penetração);
- Propriedades físico-químicas do agente tóxico
(interfere na absorção);
- Susceptibilidade individual (deficiência imunológica,
lesões etc).
Fases da intoxicação
b) Toxicocinética
- Relação entre a quantidade de um agente tóxico
que atua no organismo e a sua concentração no plasma,
envolvendo processos de absorção, distribuição e eliminação; em
função do tempo.
- É a avaliação matemática dos movimentos dos
agentes tóxicos no organismo.
- Envolve os mecanismos de travessia de
membrana, via de introdução, sítios de armazenamento, barreiras,
biotransformação, indução e inibição de enzimas, excreção.

Plasma: parâmetro de escolha para avaliar o efeito tóxico, uma


vez que é difícil dosá-lo no tecido alvo (o sangue está em
comunicação estes tecidos).
Fases da intoxicação
b.1) Absorção – locais de absorção
a) dérmica:
- Impermeável: íons, soluções aquosas e substâncias
de alto PM.
- Permeável: substâncias lipossolúveis.

a.1) epiderme: camada mais externa. Epitelial (possui o


extrato córneo que é limitante da absorção);
a.2) derme: camada mais interna. Composto por tecido
conjuntivo, contendo fibras proteicas, vasos sanguíneos e fibras nervosas.

Fatores de influência: grau de hidratação, umidade, temperatura, luz solar,


irritação mecânica etc.
Efeitos locais: corrosão/irritação (reação com a superfície), sensibilização
(combinação com proteínas), mutações (DNA) etc.
Fases da intoxicação
b.1) Absorção – locais de absorção
Fases da intoxicação
b.1) Absorção – locais de absorção
b) Respiratória: principal via de entrada ocupacional.
-- Partículas suspensas: região traqueobrônquica
(diâmetro entre 2 e 5 micrômetros) ou alveolar (diâmetro menor que 1
micrômetro);
-- gases;
-- substâncias voláteis.

Fatores de influência: solubilização no sangue e das diferenças de pressão


entre ar alveolar e sangue. Coeficiente de partição sangue/ar.

- Estimulação da circulação sanguínea e aumento da perfusão pulmonar:


eleva a absorção de agentes com baixo coeficiente de partição.
- Elevação da frequência respiratória: eleva a absorção de gases com alto
coeficiente de partição.
Fases da intoxicação
b.1) Absorção – locais de absorção
c) Oral: trato digestivo (estômago e intestino). Pode ser
acidental ou voluntária (auto-extermínio, dependência, medicamentos).

Fatores de influência: pH, irrigação, características anatômicas,


propriedades físico-químicas (coeficiente de partição O/A, grau de
ionização, PM), dieta, quelantes, contra-transportadores (glicoproteína
P), via de introdução, forma farmacêutica, transportadores (transporte
ativo. ex: ferritina para o ferro).

Ciclo êntero-hepático: reabsorção de uma substância já excretada


(pela bile. Mesmo na forma conjugada pode ser re-metabolizada pelos
microorganismos intestinais, voltando à forma absorvível).
Fases da intoxicação
b.2) Distribuição - conceito
- Passagem do leito vascular (sangue e linfa) para os
espaços extracelulares (fluidos intersticiais) e intracelulares.

Fatores de influência: fluxo sanguíneo e linfático regionais, ligação


às proteínas, diferenças regionais de pH, coeficiente de partição
O/A, permeabilidade capilar, débito cardíaco, volume tecidual.

Velocidade:
a) rápida (fase I): tecidos mais perfundidos (cérebro, fígado e
coração);
b) lenta (fase II): tecidos menos perfundidos (ossos, unhas, dentes,
tecido adiposo) – pode haver depósito (reservatórios, prolongando
a ação e intensificando efeitos tóxicos).
Fases da intoxicação
b.2) Distribuição – Volume de distribuição (Vd)

- Parâmetro toxicocinético que indica a extensão da


distribuição de uma substância.
-- Alto Vd: elevada distribuição e elevada
concentração tecidual (maior fração do agente tóxico se encontra
no tecido em comparação ao sangue).

Atenção: nem sempre o local mais distribuído é onde ocorrerá a


maior ação tóxica e/ou serão sentidos os maiores efeitos.
Fases da intoxicação
b.2) Distribuição – Proteínas plasmáticas

- Albumina: agentes tóxicos mais ácidos;


- Glicoproteína alfa-1 ácida: agentes tóxicos mais
alcalinos.

Os agentes tóxicos normalmente efetuam fracas ligações (reversíveis


do tipo dipolo e wan der waals) com as proteínas plasmáticas.
-- pode haver competição.
-- pode haver modificações na produção das proteínas
(ex. patologias).
-- há seletividade.

A ligação às proteínas plasmáticas forma a fração inativa ou de


reserva.
Fases da intoxicação
b.2) Distribuição – Barreiras (estruturas seletivas)
- Barreira hemato-encefálica (BHE): separação entre
sangue/cérebro. Formada por células justapostas. Possui sistema de
transporte (absorção e efluxo)

- Barreira placentária: separação sangue


materno/sangue fetal. Possui sistema de transporte (absorção e efluxo).
Além disso, também possui atividade enzimática e capacidade
metabólica. Possibilita a passagem de nutrientes, trocas gasosas,
remoção de material excretado.
Fases da intoxicação
b.2) Distribuição – Redistribuição

- Processo que ocorre com agentes muito lipossolúveis, em


especial no SNC e músculo cardíaco, e cuja administração se dá
por vias de grande biodisponibilidade. Envolve a manutenção do
equilíbrio do sistema e é fator limitante da ação.
Fases da intoxicação
b.3) Metabolização - conceito

- Alterações que ocorrem na estrutura química do agente


tóxico (endógeno ou exógeno) no organismo, as quais são usualmente
catalisadas por enzimas inespecíficas (eventualmente pode se dar por
processos não enzimáticos, mas é mais raro).

- Objetivo: eliminar os agentes tóxicos e reduzir a


toxicidade.

- Local:
-- TGI e Fígado (importante no metabolismo de
primeira passagem).
-- Mucosas nasais e pulmão (importante no
metabolismo de primeira passagem de aerossóis e poluentes
Fases da intoxicação
b.3) Metabolização - conceito

- Metabolismo de primeira passagem: metabolização


do agente tóxico antes do mesmo entrar na circulação sistêmica.
Ocorre principalmente via sistema porta-hepático (atingido pela via
oral e também retal – 50%):

-- interfere na biodisponibilidade.
-- pró-droga.
Fases da intoxicação
b.3) Metabolização - reações

- Fase I (pré-sintética ou não sintética): ocorre


aumento da polaridade do agente tóxico mediante a inserção ou
exposição de radicais SO2, OH, NH2 e COOH; preparando a
molécula para reações de fase II. Pode ocorrer bioativação,
aumentando a toxicidade (aumenta a eletrofilicidade,
nucleofilicidade e ações de estresse oxidativo).

- As principais reações desta fase são: oxidação e


redução (CYP) e hidrólise (monoaminoxidases, esterases etc).

- As enzimas podem ser microssomais (no RE. Ex.


CYP) ou citossólicas (desidrogenases).
Fases da intoxicação
b.3) Metabolização - reações

- Fase II (sintética): incorporação de cofatores


endógenos às moléculas originadas na fase I (há exceções que
não passam pela fase I).

- As principais reações são: glicuronidação,


sulfatação, acetilação, metilação, conjugação com glutationa.

- As enzimas são citossólicas (sintetases: sintetizam


os cofatores / transferases: transferem os cofatores sintetizados),
exceto glicuronil-transferase (ocorre na superfície luminar do RE).
Fases da intoxicação
b.3) Metabolização – principais de reações da fase II

- glicuronidação: a reação mais frequente em


mamíferos. Envolve a conjugação com o ácido glicurônico pela
Glicuronil-transferase (que é ausente ou em diminutas
concetrações em recém-nascidos). Os compostos glicuronados
podem sofrer reabsorção em razão de beta-glicuronidases
presentes no intestino (em especial os O e S-glicuronídeos).
- Sulfatação: conjugação com o H2SO4 por meio da
sulfotransferase (PAPS), gerando sulfatos orgânicos ionizados.
- Metilação: por meio de metiltransferases.
- Acetilação: por meio de N-acetiltransferases.
- Conjugação com a glutationa (GSH): por meio da
glutationa-S-transferase (GST) e posterior hidrólise à cisteína.
Fases da intoxicação
b.3) Metabolização – principais enzimas

a) oxigenases:
- CYP
- FMO
- EH

b) Transferases:
- UGT
- SULT
- GST
- NAT
- MT

c) Outras:
- ADH
- ALDH
Fases da intoxicação
b.3) Metabolização – processo
Fases da intoxicação
b.3) Metabolização – processo

- Dissolução do fármaco lipofílico na bicamada lipídica (normalmente


dos hepatócitos):
- liberação das enzimas pelo RE;
- reações de Fase I;
- reações de Fase II (usualmente no citossol);
- transporte para fora da célula:
- corrente sanguínea (excreção renal).
- canalículos biliares (excreção fecal).
Fases da intoxicação
b.3) Metabolização – fatores de influência

a) internos:
- espécie e raça: presença ou ausência de enzimas e
diferenças nas concentrações das mesmas;
- genéticos: influência na capacidade metabolizadora
das enzimas em razão de polimorfismo;
- gênero: diferença nas quantidades de enzima e
interferência de medicamentos específicos (ex. anticoncepcionais).
- idade: fetos e recém-nascidos (desprovidos de
capacidade bioquímica de biotransformação). A atividade das CYP aumenta
com a idade, diminuindo na velhice (que também possuem menor capacidade
renal).
- estado nutricional: redução no nível de proteínas,
sais minerais e vitaminas (desnutrição) que diminuem a atividade enzimática
- estado patológico: doenças hepáticas (redução da
atividade enzimática) e cardiovasculares (redução do fluxo sanguíneo,
Fases da intoxicação
b.3) Metabolização – fatores de influência

b) externos:
-- Aumento da síntese ou diminuição da degradação das
enzimas – normalmente CYP
--- usualmente enzimas de fase I (GSH-S
transferase – fase II – também pode ser induzida)
--- eleva biotransformação e excreção
--- Fenobarbital e 3,4-benzopireno

-- Inibição microssomal
--- Inibição da expressão e da atividade das
enzimas metabolizadoras.
--- usualmente colinesterases,
monoaminoxidases, aldeidodesidrogenases e CYP.
--- diminuição da biotransformação e excreção.
--- Imipramina, etilmorfina, codeína
Fases da intoxicação
b.3) Metabolização – fatores de influência
Fases da intoxicação
b.4) Excreção - conceito

- Processo por meio do qual a substância é


eliminada do organismo, usualmente como composto
hidrossolúvel.

- vias mais comuns: urinária (hidrossolúvel), fecal


(substâncias não absorvidas ou pela bile), pulmonar (gases e
vapores - lipossolúveis).

- os agentes podem ser eliminados sob a forma de


metabólitos ou inalterados.
Fases da intoxicação
b.4) Excreção - renal

- Papel depurador do sangue. Excreta substâncias polares e


hidrossolúveis.

a) filtração glomerular: moléculas menores;


b) secreção tubular: passagem dos agentes
diretamente do sangue para a urina (túbulo proximal).
-- Transporte ativo (há competição).
--- glicoproteína P (ânions anfipáticos)
--- MRP2 (conjugados)
--- transportadores cassete (bases
orgânicas)
c) reabsorção tubular: transporte ativo e difusão
passiva (manipulação urinária: instalação de tolerância, aumento de efeitos,
detoxicação).
Fases da intoxicação
b.4) Excreção - renal
Fases da intoxicação
b.4) Excreção – trato digestivo

- Parte não absorvida.


- Produtos oriundos da bile (eliminação pré-
sistêmica).
- secreção ativa do sangue para o intestino.

- pode haver reabsorção (circulação êntero-


hepático).
Fases da intoxicação
b.4) Excreção – pulmão

- gases e substâncias voláteis.


- inversamente proporcional à solubilização no
sangue.

- fatores limitantes:
a) ventilação: maior solubilidade do sangue.
b) circulação: menor solubilidade do sangue.
Fases da intoxicação
b.4) Excreção – parâmetros da eliminação

- Tempo de meia-vida (T1/2): tempo requerido para


que a concentração plasmática seja reduzida a 50% após sua
completa absorção e distribuição.

- Depuração: capacidade do organismo em eliminar


uma substância do plasma.
Fases da intoxicação
c) Toxicodinâmica

- estuda o mecanismo de ação tóxica (depende do


agente tóxico atingir o local de ação).

-- estima a possibilidade do agente químico


em causar dano e avalia o risco.
-- estabelece procedimentos preventivos e
estabelece tratamento.
-- desenvolvimento de produtos específicos
que não causem intoxicação.
Fases da intoxicação
c) Toxicodinâmica – locais de ação

- órgãos: irritação e corrosão na superfície de contato.

- estruturas alvo: moléculas proteicas:


-- enzimas.
-- transportadores.
-- DNA.
-- canais.
-- receptores fisiológicos.

- fatores de influência:
-- seletividade
-- diferenças nas enzimas de biotransformação
-- tipo de tecido atingido (envolvido com a
capacidade de regeneração).
Fases da intoxicação
c) Toxicodinâmica – mecanismos gerais de ação

-- interação com receptores (respostas


indesejadas, bloqueio de sítio ativos, Kd).
-- interferência nas funções e membranas
excitáveis (alteração de potencial de ação).
-- inibição da fosforilação oxidativa (redução na
produção do ATP, transtornos no fornecimento de oxigênio).
-- complexação com biomoléculas (ação sobre
enzimas, proteínas, lipídeos etc).
-- perturbação da homeostase cálcica (alteração
nos níveis de cálcio).
Fases da intoxicação
d) Fase Clínica

- Sinais, sintomas e/ou alteração de parâmetros.

-- Efeito quanto à região:


--- local.
--- sistêmico.

-- Efeito quanto à duração:


--- reversível.
--- não reversível.
--- Imediato, crônico ou retardado.
Tópicos que serão estudados
1. Introdução à toxicologia e conceitos aplicados;

2. Fases da Intoxicação;

3. Avaliação e Classificação toxicológica;


Avaliação da toxicidade
Considerando que todas as substâncias químicas possuem certo grau
de toxicidade, é necessário avaliar a resposta tóxica e identificar estes
níveis para definição das condições de uso seguro, tanto para o ser
humano quanto para o meio ambiente.

Envolve a análise dos dados toxicológicos (resposta tóxica obtida pela


experimentação em animais, ensaios com microorganismos ou por
registros de intoxicação em seres humanos) de uma substância ou
composto químico, fornecendo dados para utilização na avaliação do
risco para o homem.

- Classificação toxicológica
- Estabelecimento de formas corretas de emprego
- Estabelecimento de medidas preventivas e curativas, quando do uso
inadequado.
Avaliação da toxicidade
Fatores importantes:

a) conhecimento do efeito e da dose para produzi-lo;


b) dados do agente tóxico (propriedades
físico/químicas);
c) condições de exposição (VA, duração e
frequência);
d) cinética (susceptibilidade do organismo);
e) nível de exposição (VA, duração e frequência).
Avaliação da toxicidade
Como é feita

Mediante o estabelecimento de curva dose x resposta


(função da dose x tempo = efeito tecidual e celular).

A curva dose x resposta descreve as características da exposição


e o espectro de efeitos tóxicos:
-- alterações celulares.
-- alterações no consumo de alimentos.
-- variações de massa corpórea ou órgãos.
-- alterações anátomo-patológicas.
-- alterações de níveis enzimáticos.
-- morte (mais drástico).
Avaliação da toxicidade
Curva dose resposta
Utilizada para cálculo da DL50 / CL50 (relacionadas à VA, excipiente
e animal testado), cujos valores podem ser aplicados para classificar e
comparar a toxicidade entre substâncias químicas.
Também se presta a definir a menor dose em que se produzem efeitos
tóxicos observáveis (LOEL) e a dose a partir da qual não se observam efeitos
tóxicos (NOEL).
Avaliação da toxicidade
Curva dose resposta – premissas

A) a resposta deve ser inequivocadamente relativa à


administração da substância.

B) A reposta deve ser relacionada à dose.

C) A resposta deve ser avaliada por métodos quantificáveis e


expressar exatamente à toxicicidade.
Avaliação da toxicidade
Classificação toxicológica (baseada na curva dose resposta)

União Europeia
I. Muito tóxica: efeitos tóxicos em doses menores que 25 mg/kg ratos
VO;
II. Tóxica: efeitos tóxicos entre 25 e 200 mg/kg ratos VO;
III. Nociva: efeitos tóxicos entre 200 e 2000 mg/kg ratos VO.

ANVISA
I. Extremamente tóxico: efeitos tóxicos em doses menores que 25
mg/kg
II. Altamente tóxico: efeitos tóxicos entre 25 a 500 mg/kg
III. Moderadamente tóxico: efeitos tóxicos entre 500 e 2000 mg/kg
IV. Pouco tóxico: efeitos tóxicos acima de 2000 mg/kg
Avaliação da toxicidade
Procedimentos

Séries de testes que objetivam prever possíveis efeitos em


humanos. Em muitos casos, fármacos por exemplo, são realizados
apenas após exaustivas triagens:

-- testes in vivo.

-- testes in vitro.
Avaliação da toxicidade
Tendência atual das análises:

a) diminuição no uso de animais (“in vivo”).


b) aumento no uso de exames (“in vitro”):
- mimetizam condições biológicas para testar
materiais, simulando implantação nos tecidos do organismo ou sobre
eles:
-- redução no emprego de animais.
-- mais facilmente controláveis e com
melhor reprodutibilidade.

3 R’s: reduce (diminuição do n°de animais) / refine (refinamento das


técnicas para redução do sofrimento) / replacement (substituição dos
testes in vivo por in vitro, sempre que possível).
Avaliação da toxicidade
Testes in vitro envolvem:

- sistema biológico.
- contato entre células e materiais.
- avaliação dos resultados.

Dependem fundamentalmente de cultura de células:

-- Linhagens celulares com corantes vitais (MTT e


NRU).
-- linhagens celulares de córnea de coelho (SIRC).
-- Linhagens celulares de tecido de embrião de
camundongo albino (NIH/3T3).
Avaliação da toxicidade
Testes:

Resolução n° 1/78 – CNS (obrigatório para novas


substâncias que serão utilizadas/produzidas em larga escala –
acima de 1t/ano):
-- aguda.
-- subaguda.
-- crônica.
-- teratogenicidade/embriotoxicidade.
-- estudos especiais.
Avaliação da toxicidade
Premissas dos testes:

1) os efeitos produzidos pelo composto químico no


animal de laboratório, também deverão ocorrer no homem.

2) A exposição em animais com altas doses do


agente tóxico é método válido e necessário.

Testes in vivo ainda são imprescindíveis


Avaliação da toxicidade

Objetivos dos testes toxicológicos:

Caracterizar o tipo de efeito tóxico que uma


substância química poderá ser capaz de produzir.

Não é objetivo do teste demonstrar que um agente químico é


seguro
Avaliação da toxicidade

Informações preliminares:

Objetiva conhecer a substância que será submetida aos


exames de toxicidade:

- caracterização química.
- presença de impurezas.
- propriedades físico-químicas.
- dados conhecidos sobre níveis de exposição da
população (condução do teste dentro da realidade).
- mobilidade no ecossistema.
Avaliação da toxicidade
Toxicidade aguda:

Verifica os efeitos adversos que ocorrem dentro de um


período curto (24 horas), após administração de uma única dose
(determinação de potência) ou de doses múltiplas (efeitos
cumulativos).

O período de observação após a administração nas 24 horas será


de 14 dias.

Testes in vitro ainda sem regulamentação.


Avaliação da toxicidade
Toxicidade aguda:

A VO é a mais comum, mas também pode ser dérmica (24 horas em contato
com a pele) ou pulmonar.

Caracteriza a relação D/R para o cálculo da DL50 ou CL50 (por inalação ou


meio aquático).

Gerada a partir da observação da mortalidade após exposição a doses


relacionadas à substância:
-- DL50 (dose necessária para levar a morte
50% da população testada).
-- LOEL (dose limite. Menor nível de dose
testada em que se observa efeito adverso).
Avaliação da toxicidade
Toxicidade aguda

Relação Dose-Resposta
Avaliação da toxicidade
Toxicidade aguda

- Determinar potência (dose única) – importante para promover


conhecimento sobre eventual envenenamento ou ingestão acidental.
- Determinar efeitos cumulativos (dose múltiplas).
- Determinar DL50 e LOEL: úteis para promover a comparação de
toxicidade e classificar toxicologicamente o agente químico.
- Determinar IT e MS.
Avaliação da toxicidade
Toxicidade aguda:

Protocolo:
- usualmente VO.
- temperatura: 22°C +/- 3°C
- 3 grupos teste (sendo 1 não roedor) + controle negativo
- 4 doses crescentes, sendo que a menor dose deverá ter 0 mortes
e a maior dose deverá ter 100% mortes.
- tendência para emprego de apenas uma espécie de animal e de
um sexo*
- observação dos efeitos durante a exposição e até certo período
posterior (até 14 dias).
- não são observados apenas a mortandade, mas também o início,
natureza e duração da intoxicação.
- realização de exames anátomo-patológicos.
Avaliação da toxicidade
Toxicidade aguda:
Resultados:

- identificação de toxicidade relativa.


- identificação de mecanismo de ação.
- identificação de possíveis órgãos ou sistemas
sensíveis.
- determinação de reversibilidade de efeitos.
- definição de IT e MS.
- delineamento dos estudos de toxicidade sub-
crônica (escolha das doses).
Avaliação da toxicidade
Toxicidade aguda:
Críticas:

- emprego elevado de animais.


- morte elevada de animais.
- parâmetro mais estatístico do que toxicológico.
- sujeito a muitas variáveis:
a) espécie (linhagem, sexo, idade, nutrição,
patologia).
b) substância (VA, veículo, volume, velocidade e
impurezas).
c) instalações (gaiola, temperatura, umidade,
duração, período do dia, ração).
Avaliação da toxicidade
Toxicidade aguda
Novas tendências:

a) Teste de dose fixa


Emprega menos animais, provoca menos sofrimento (pode não haver
morte) e utiliza doses pré-fixadas:

b) Teste “up and down”


Ajuste de doses conforme resultados anteriores

c) Toxicidade aguda de classe


Dose fixa mas com objetivo de mortalidade

d) DL10
Avaliação da toxicidade
Avaliação da toxicidade
Teste de dose fixa
Avaliação da toxicidade
Toxicologia aguda de classe
Avaliação da toxicidade
Toxicidade sub-aguda:

Verifica efeitos adversos que ocorrem após exposições


repetidas (em geral entre 21 e 90 dias, não devendo ser superior a
10% da expectativa de vida do animal). Muitas vezes é o primeiro
e único teste feito com doses repetidas.
Avaliação da toxicidade

Toxicidade sub-aguda:

Objetivos:

- Determinar NOEL.
- Identificar e caracterizar os órgãos afetados.
- Severidade após exposições repetidas.
- Verificação de acúmulo da substância e reversibilidade de efeitos.
Avaliação da toxicidade
Toxicidade sub-aguda
Relação Dose- Resposta / definição de NOEL
Avaliação da toxicidade
Toxicidade sub-aguda:
Protocolo:
- usualmente VO.
- emprega no mínimo 02 espécies animais, sendo uma não
roedora. (18 animais de ambos os sexos/grupo*).
- utiliza pelo menos 03 doses, sendo que a maior dose não pode
produzir mas do que 10% de mortes a partir da dose única inicial e a menor dose
não deve demonstrar sinais e sintomas da ação tóxica.
- realização mínima de 01 exame ao dia durante todo o
experimento:
-- modificação no consumo da ração.
-- modificação no peso.
-- modificação na cor e textura de pelos.
-- alterações de circulação e respiração.
-- anormalidades motoras e de comportamento.
-- crescimento de tecidos.
Avaliação da toxicidade
Toxicidade sub-aguda:

Protocolo (continuação):

- emprega uso de controle negativo.


- exames anátomo-patológicos (os animais
sobreviventes serão sacrificados).
- exames hematológicos (antes e durante).
- exames bioquímicos e de urina (antes, durante e
depois).
Avaliação da toxicidade
Toxicidade sub-aguda:
Resultados:
- identificação de caracterização de órgãos afetados.
- severidade após exposições repetidas.
- avaliação de efeitos cumulativos.
- análise de estabilidade e reversibilidade de efeitos
tóxicos.
- estabelecimento de limite de segurança (Noel / FS)
- indicação para outros testes.
- estabelecimento de doses para estudos de
toxicidade crônica.

não avalia potencial carcinogênico


Avaliação da toxicidade
Toxicidade crônica:

Verifica os efeitos tóxicos após exposição prolongada a doses


cumulativas (acima de 3 meses):
-- roedor de 6 meses a 2 anos.
-- não roedor, cerca de 1 ano.

A duração dos ensaios também leva em consideração a previsão


de uso da substância.
Avaliação da toxicidade
Toxicidade crônica:
Objetivo:

- complementar testes de toxicidade sub-aguda.

- avaliar o potencial carcinogênico (a escolha da


dose é o ponto crítico).
Avaliação da toxicidade
Toxicidade crônica:
Protocolo: (semelhante ao teste sub-agudo)
- usualmente por VO.
- emprego de 2 espécies (uma não roedora) testadas
durante o período médio de vida.
- 32 animais de ambos os sexos/grupo* (ideal
garantir n°adequado ao final - cerca de 30).
- 03 grupos teste + controle negativo.
- realização de exames clínicos ao menos 2 vezes
ao dia (peso, consumo de ração e sinais clínicos) e anotados
semanalmente durante as 13 primeiras semanas (dados de início e
progressão de efeitos tóxicos).
Avaliação da toxicidade
Toxicidade crônica:

Protocolo - continuação:

- avaliação de parâmetros hematológicos,


bioquímicos e urina a cada 6 meses. Ao final dos testes avaliar em
pelo menos 10 animais/grupo.

- exames histopatológicos ao final.


Avaliação da toxicidade

Toxicidade crônica:

Resultado:

- definição de efeitos cumulativos.

- determinação de potencial carcinogênico.


Avaliação da toxicidade
Mutagenicidade

Mutagenicidade: avalia efeitos tóxicos da substância testada (e


metabólitos) sobre o material genético, indicando a capacidade em
interagir com o DNA que não é reparado e, portanto, é transmitido a
futuras gerações. São mecanismos genotóxicos.

a) Inviabilidade de desenvolvimento da célula ovo.


b) Morte do embrião/feto.
c) Desenvolvimento de anormalidades congênitas que podem ser
transmitidas hereditariamente.
Avaliação da toxicidade
Mutagenicidade

Objetivo?

Para prever desenvolvimento de câncer (aumento da


sensibilidade ao câncer. Alteração do genoma e
processos metabólicos).

A mutagênese, em geral, é o evento inicial. Funciona


como espécie de triagem para previsão do potencial
carcinogênico.
Avaliação da toxicidade
Mutagenicidade

Como faz?

Por meio da realização de ensaios “in vitro” e “in


vivo” que avaliam propriedades:

a) mutagênicas
(exclusões/inserções/substituições que afetam os
genes);
b) clastrogênicas (alterações estruturais –
quebra de cromossomos);
c) aneuploidia (aberrações numéricas).
Avaliação da toxicidade
Mutagenicidade

a) Teste de Ames (“in vitro”).


b) Micronúcleos (“in vitro” e “in vivo”).
c) Ensaio cometa (“in vitro” e “in vivo”).
d) Ensaio do dominante letal (“in vivo”).
Avaliação da toxicidade
Mutagenicidade
Teste de Ames

Avalia mutações pontuais em cepas de S. typhimurium em meio


contendo microssoma hepático de ratos (avalia biometabólitos
tóxicos).

As cepas empregadas não possuem enzima fosforribosil ATP


sintetase e, portanto, não produzem histidina, impedindo a
multiplicação.

Emprega ágar pobre em histidina, 37°C – 2 dias.


Avaliação da toxicidade
Mutagenicidade

Teste de Ames (continuação)

Agentes mutagênicos possuem a capacidade de reverter esta


falha e permitir que as bactérias se multipliquem, fato este que
poderá ser visualmente observado no meio.

Mede a indução de mutações reversas (HIS – para His +).

Envolvem o emprego de controle negativo e controle positivo


(concentração definida de agente mutagênico).
Avaliação da toxicidade
Mutagenicidade

Teste de Ames (continuação)


Avaliação da toxicidade
Mutagenicidade

Teste de Ames - modificações

Teste de Kado:

- microssuspensão.
- culturas concentradas.
- aumento da sensibilidade.
Avaliação da toxicidade
Mutagenicidade

Teste de Micronúcleos

- Pode empregar sangue periférico (linfócitos).


- Pode empregar células de medula óssea.
- Agentes mutagênicos provocam fragmentação
cromossômica, quebrando o DNA e interferindo na
formação do fuso mitótico:
-- observações de danos a cromossomos
de células de medula óssea em anáfase.
-- aparecimento de micronúcleos em
linfócitos*.
Avaliação da toxicidade
Mutagenicidade

Teste de Micronúcleos
Avaliação da toxicidade
Mutagenicidade

Teste de Micronúcleos (protocolo in vivo)


Normalmente emprega camundongos swiis
albinos branco jovens (04 a 05 semanas de idade);
03 grupos teste + controle positivo
(ciclofosfamida) + controle negativo. Uso “SC”.
Recomendação de 10 animais por grupo
(preferencialmente machos).
Cada grupo teste receberá 01 dose
(totalizando 03 tipos de doses)
Análise de amostra do sangue da cauda e
da medula óssea (sacrifício) para avaliação dos
resultados (30 horas após aplicação).
Avaliação da toxicidade
Mutagenicidade

Teste de Micronúcleos

Também podem avaliar efeitos genotóxicos no meio


ambiente.

Realizados em organismos sentinelas (mexilhões,


ouriços, peixes, esponjas etc).
Avaliação da toxicidade
Mutagenicidade

Ensaio cometa

Precisa de poucas células.


Bastante sensível.
Eletroforese: se houver quebra simples do DNA,
crosslink, sítios lábeis etc, a estrutura ficará mais frágil
ficando esta situação representada na eletroforese.
Avaliação da toxicidade
Mutagenicidade

Ensaio cometa
Avaliação da toxicidade
Mutagenicidade

Ensaio dominante letal

Alteração dos espermatozoides de ratos e as


manifestações na prole, após o acasalamento com
fêmeas não tratadas.
Avaliação da toxicidade
Carcinogenicidade
Processo anormal, não controlado, de divisão celular
e proliferação.

Nem todos os mecanismos indutores de câncer são


genotóxicos:
- Citotoxicidade com regeneração
acompanhada de aumento da síntese de DNA.
- Desbalanço hormonal.
- imunossupressão.
- promoção da expressão de oncogenes.

Não são detectados pelos testes mencionados.


Avaliação da toxicidade
Carcinogenicidade

Testes de carcinogênese (especialmente quando envolvem


substâncias para uso prolongado em Humanos).

Detectam lesão no DNA, alterações de produtos gênicos e avaliam


alteração de tumores.

Podem ser combinados com teste de toxicidade crônica, mas também


podem ser “in vitro” (cell transference assay).

Testes específicos empregam a maior dose tolerada (dose


administrada durante o período médio de vida que não provoca morte
e não produz redução do peso superior a 10% comparada ao
controle).

Observa a quantidades de tumores desenvolvidos em determinado


período de tempo (mg produto administrado/tumor desenvolvido).
Avaliação da toxicidade
Carcinogenicidade

Usa roedores (pelo menos duas espécies)

- 130 semanas (ratos), 120 semanas (camundongos) e 100


semanas (hamsteres).
- 50 animais por grupo.
- 02 grupos (maior dose tolerada e maior dose tolerada/2 – a
maior dose tolerada é aquela que não provoca a morte e não
reduz o peso acima de 10%).
- Ao final do teste deve ser realizada a necropsia completa a fim
de localizar e efetuar o diagnóstico patológico das neoplasias.
Avaliação da toxicidade
Carcinogenicidade

Outras metodologias:

Teste DEN-PH em ratos machos de 6 semanas de idade.

a)Durante 2 semanas – administração de 10% da DL50.

b)3ª semana - realizada hepactetomia parcial.


Avaliação da toxicidade
Estudos de desenvolvimento, reprodução e
embriofetotoxicidade

Toxicologia do Desenvolvimento: estudo dos efeitos adversos que ocorrem no


organismo em desenvolvimento, decorrentes da exposição a substâncias
químicas antes da concepção, durante o período peri e pós-natal, até a
puberdade.

- Embriotoxicidade: avalia as alterações induzidas (baixas doses


durante a gestação) em organismos em desenvolvimento (entre concepção e
nascimento).

-- Teratogenicidade: mal formações congênitas que


podem ser causadas por agentes tóxicos, sobretudo quando administrados (altas
doses) no período da organogênese (2ª a 10ª semana de gestação).

- Toxicologia da reprodução: estudo dos efeitos adversos que


ocorrem nos sistemas reprodutores masculino e feminino resultantes da
exposição a agentes químicos.
Avaliação da toxicidade
Estudos de desenvolvimento, reprodução e
embriofetotoxicidade

Avalia:
-- fertilidade e desempenho para
reprodução (maturação dos gametas, comportamento no
acasalamento, danos em aparelhos reprodutores).
-- potencial teratogênico.
-- toxicidade peri e pós-natal.
Avaliação da toxicidade
Estudos de desenvolvimento, reprodução e
embriofetotoxicidade

1ª Fase: administração da substância 60 dias antes do


acasalamento (machos e fêmeas) continuando após
acasalamento apenas nas fêmeas (gestação e lactação).

2ª Fase: administração de doses diárias na dieta de fêmeas


prenhas durante a organogênese. Avaliação de mães e filhos.

3ª Fase: administração da substância do último terço da


gestação até o desmame.
Avaliação da toxicidade
Estudos toxicocinéticos

Avalia diferenças de comportamento de substâncias


químicas em diferentes espécies de animais
Estuda produção de metabólitos tóxicos.

Estudos de ecotoxicidade (agente tóxico no MA)

Ensaios químicos, potencial de biodegradação,


toxicidade aguda, toxicidade crônica, desaparecimento
atmosférico, bioacumulação, eutroficação, solo e
físicos.
Avaliação da toxicidade
Efeitos locais sobre a pele e olhos

Aplicado conforme características de uso humano:


- cosméticos.
- colírios.
- risco de exposições acidentais.

Citotoxicidade: define o potencial de degeneração ou morte


celular provocado pelo material constituinte no produto a ser
testado.
- irritação local ou aguda
- irritação cumulativa
- irritação induzida fotoquimicamente
Avaliação da toxicidade
Efeitos locais sobre a pele e olhos
Testes “in vivo”
- empregam animais sensíveis,
aumentando a margem de segurança dos testes.

a) coelhos (pele e olhos) – alteração


nas conjuntivas, córnea, íris e cristalino.
b) cobaia (pele) – formação de
eritremas, escara, edema e corrosão.
- teste de Draize (avalia potencial irritante).
- sensibilização pele.
- irritação ocular.
- adjuvante de freund.
- citotoxicidade.
Avaliação da toxicidade
Efeitos locais sobre a pele e olhos

Testes “in vivo” – teste de draize


Avaliação da toxicidade
Efeitos locais sobre a pele e olhos

Testes “in vivo” – teste de draize


Avaliação da toxicidade
Efeitos locais sobre a pele e olhos

Testes “in vitro”

- Ensaio de difusão em gel de


agarose.
- Ensaio de incorporação do
vermelho neutro.
- Teste de opacidade e
permeabilidade de córnea bovina – BCOP.
- Teste de olho enucleado de galinha
– IEC.
Avaliação da toxicidade
Efeitos locais sobre a pele e olhos

Ensaio de difusão em gel de agarose

- exame qualitativo.
- envolve controle “+” e “–”.
- avalia formação de halo claro
(controle visual).
- avalia integridade celular (controle
microscópico).
Avaliação da toxicidade
Efeitos locais sobre a pele e olhos

Ensaio de incorporação do vermelho neutro

- exame quantitativo;
- o V.N. penetra nos lisossomas das
células;
- se houver citotoxicidade ele é
liberado e a coloração ficará menos intensa.
Avaliação da toxicidade
Estudos de sensibilidade cutânea

Avalia a capacidade de uma substância em induzir reações de


sensibilização cutânea e é realizado quando há possibilidade de
contatos repetidos da substância com a pele.
- emprega coelhos e cobaias.
- doses repetidas com ou sem adjuvante (ACF -
imunopotenciador).
- duração de 1 a 2 semanas.
- 2 a 3 semanas após a última exposição os
animais são submetidos a dose não irritante devendo ser observando-
se o aparecimento de eritrema.

Detecta substâncias alergênicas.

Teste in vitro em mastócitos (verificação de histamina) e red blood cell


(hemólise).
Pesquisa Clínica
Investigação em seres humanos, objetivando descobrir ou verificar efeitos
farmacodinâmicos, farmacológicos, clínicos etc, com a finalizada de
averiguar segurança e/ou eficácia.

a)Fase pré-clínica: testes toxicológicos em animais.

b)Fase I: avaliação inicial em humanos (20 a 100). Voluntários saudáveis.


Efeitos cinéticos e, eventualmente, dinâmicos.

c)Fase II: estudo terapêutico piloto. 1º teste controlado em pacientes (100 a


200). Avalia o potencial da medicação. Determina segurança a curto prazo e
estabelece a dose resposta.

d)Fase III: estudo terapêutico ampliado. Estudos internacionais de larga


escala, multicêntrico (maior que 800). Avalia reações adversas. Demonstra
as vantagens em relação a competidores. Estudos de farmacoeconomia.

e)Fase IV: pós-comercialização.


Avaliação do risco
Processo sistemático por meio do qual se identifica e
quantifica o perigo/exposição e risco.
-- perigo (toxicidade - capacidade).
-- exposição.
-- risco (probabilidade).
Analisa efeitos adversos resultados da exposição
e outros fatores como o benefício para a sociedade.
Envolve tomada de decisão (manejo do
risco):
-- custo x benefício.
-- nível de segurança.
-- auxílio na definição de atividades
Avaliação do risco
Fases:

1. Identificação do perigo (identificação dos efeitos


adversos).
2. Caracterização do perigo (relação entre dose x
resposta – quantifica o perigo).
3. Avaliação da exposição (medida da intensidade,
frequência e duração).
4. Caracterização do risco (estimativa da incidência) .
Avaliação do risco
Toxicidade Exposição Risco
+ + ++
+ +/- +
+ - + ou +/-
+ -/- +/- ou –
+/- + + ou +/-
+/- +/- +/-
- + - ou +/-
- +/- -
- - zero
(+) alta
(-) baixa
Avaliação do Risco
O risco poderá ser:
- negligenciável.
- tolerável.
- intolerável.

O manejo levará em conta:


- considerações pessoais (tolerado ou não
tolerado).
- considerações políticas.
- considerações sociais.
- fatores sociais.
- disponibilidades tecnológicas.
- fatores econômicos.
OBRIGADO
camargopcf@gmail.com

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