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BAN 501: Toxicologia de Inseticidas e Acaricidas
Editoração Eletrônica: Diogo Rodrigues, Hamilton Henrique Teixeira Reis; José Timó-
teo Júnior; Marcelo dos Santos Teixeira; Rômulo Siqueira Santos.
Sumário
1 - Introdução...................................................................................................................04
2 - Escopo.........................................................................................................................06
3 - Toxicidade de Inseticidas...............................................................................................07
4 - Avaliação Toxicológica................................................................................................08
5 - Formulações................................................................................................................12
6 - Classificação e Características de Inseticidas e Acaricidas.......................................14
7 - Inseticidas no Indivíduo (Toxicocinética)......................................................................26
8 - Inseticidas no Indivíduo: Translocação em Planta......................................................30
9 - Inseticidas no Indivíduo (Toxicodinâmica).....................................................................32
10 - Literatura Recomendada.............................................................................................48
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BAN 501: Toxicologia de Inseticidas e Acaricidas
Toxicologia de Inseticidas
e Acaricidas
Raul Narciso Guedes
1 Introdução
1) Definições
Áreas da toxicologia:
Toxicologia descritiva: baseada em testes de quão tóxico é um com-
posto, provendo informações para avaliações de segurança e requerimen-
tos regulatórios.
Toxicologia regulatória: responsabilidade de tomada de decisão com
base em dados gerados por toxicologia descritiva estudos mecanísticos.
Toxicologia de desenvolvimento: estuda os efeitos adversos no de-
senvolvimento do organismo (desde fase pré-natal).
Toxicologia reprodutiva: estuda os efeitos adversos nos sistemas re-
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BAN 501: Toxicologia de Inseticidas e Acaricidas
Níveis de estudo:
Ecotoxicologia: termo cunhado por Truhaut em 1969 (ver Truhaut,
1977, Ecotoxicology and Environemtal Satefy 1: 151-173), derivado das
palavras “toxicologia” e “ecologia”. Este ramo da toxicologia ambiental en-
foca os efeitos adversos de compostos químicos (toxicologia) no contexto
da ecologia. Enquanto a toxicologia enfoca o indivíduo, a ecotoxicologia ex-
plora níveis organizacionais superiores, abordando o impacto de compos-
tos químicos na dinâmica de populações num ecossistema. A ecotoxicolo-
gia representa assim uma nova visão: “de moléculas para ecossistema”,
explorando escalas variadas de trabalho, como populações e comunida-
des, normalmente não consideradas na toxicologia tradicional. Esse tipo
de preocupação foi muito alavancado pelas preocupações com o uso de
pesticidas, particularmente inseticidas, a partir da década de 1960 e muito
bem ilustrada pelo livro de Rachel Carson, “Silent Spring” (1962, Houghton
Mifflin, Boston), um dos marcos do período. A ecotoxicologia se insere no
contexto da Toxicologia Ambiental.
Toxicologia bioquímica e molecular: enfoca interações entre subs-
tâncias tóxicas e organismos vivos em nível bioquímico e molecular.
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2 Escopo
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3 Toxicidade de Inseticidas
Determinação:
- Aguda (exposição única e curta duração).
- Subaguda (exposição múltipla, mas por curto intervalo de tempo –
poucos dias).
- Subcrônica (exposição múltipla por período mais longo de tempo – até
por poucos meses).
- Crônica (exposição contínuo por muito tempo – até anos).
- Fundamental para classificações toxicológicas:
• Toxicidade aguda e crônica (DL50 etc)
• Reações alérgicas
• Irritação (pele e olhos)
• Sensibilização (pele)
• Testes crônicos e subcrônicos para estabelecimento de NOEL (ou
NNE, NOAEL, LOAEL)
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4 Avaliação Toxicológica
Invertebrados:
• Minhoca (OECD; terra artificial com poluente e observa mortali-
dade, crescimento populacional, reprodução [formação de casulos]
e bioconcentração.
• Collembola (reprodução e mortalidade; em desenvolvimento).
• Barata de madeira ou tatuzinho (lento, avaliação alimentação).
• Abelhas (teste para organismos benéficos).
4.4) Hormese
Efeito benéfico ocasionado por substâncias tóxicas em
baixas doses. É caracterizada por distorcer curvas dose-
Atenção
resposta em baixas doses, levando a curvas em forma de U
ou J (Figura 2)
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b) Testes Toxicológicos
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c) Parâmetros Toxicológicos
c.1. Nível de não efeito (NNE) ou de não efeito observável (NOEL): dose
inócua que pode ser ingerida continuamente (mg subs./Kg peso vivo).
c.2. Fator de segurança (FS): entre 100 e 1000 ao extrapolar para o
homem.
c.3. Ingestão diária aceitável (IDA): quantidade do produto químico que
parece poder ser ingerida diariamente sem riscos apreciáveis (mg subs./Kg
peso vivo): IDA = NNE/FS.
c.4. IDA provisória: estabelecida por tempo limitado à espera de dados
complementares (usa-se maior FS).
c.5. Limite máximo de resíduo (LMR): resíduo de inseticida remanes-
cente em produto a ser comercializado, após emprego de boas práticas agrí-
colas, comparado a IDA e dieta usual da população.
c.6. Período de carência ou intervalo de segurança: tempo decorrido en-
tre a última aplicação ou tratamento com inseticidas e à colheita ou coleta.
c.7. Dieta alimentar: alimentos consumidos usualmente pela população
(importante para o estabelecimento do LMR).
Estudos de
Boa prática Dieta
resíduo Resíduo
agrícola usual
(mg i.a./Kgproduto)
Máxima ingestão
Possibilidades: potencial (MIP
MIP)
IDA > MIP OK (mg i.a./kg peso/dia)
mg i.a./Kg ração
Estudos
toxicológicos
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5 Formulações
Tipos de formulação:
- pré-mistura (geralmente diluída em água)
- pronto uso
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6 Classificação e Características de
Inseticidas e Acaricidas
6.1) Organoclorados
Características gerais:
- Produtos sintéticos que possuem C, Cl e H em sua estrutura química.
- Pouco solúveis em água, mas alta solubilidade em tecido gorduroso
(lipofílicos).
- Moderada a alta toxicidade para mamíferos.
- Baixo custo de síntese.
- Muito persistentes devido a:
• Baixa reatividade;
• Baixa pressão de vapor;
• Baixa solubilidade em água.
- Amplo espectro de ação (i.e., tóxico a várias espécies)
- Não são sistêmicos
- Neurotóxicos
- Mutagênicos
gama purificado.
- Não mais usado.
c) Ciclodienos
Características gerais:
- Representavam 35.5% do mercado mundial de
inseticidas em 1995;
- Ésteres do ácido fosfórico (e derivados);
- Pouco solúveis em água, mas solubilidade
mais elevada que a de clorados.
- Toxicidade variável de baixa a alta para ani-
mais superiores.
- Alguns compostos necessitam de ativação para expressar seu po-
tencial tóxico (normalmente por monoxigenases dependentes de cito-
cromo P450; exemplo: paratiom passa a paraoxon).
- Alguns possuem atividade sistêmica em plantas (exemplo: forato) ou
animais (p.ex. triclorfom).
- Compostos bem reativos quimicamente e, portanto, têm baixa per-
sistência no ambiente (alguns dias; para sistêmicos pode chegar a se-
manas ou poucos meses); facilmente degradados por enzimas e fa-
tores químicos (exemplo: esterases, alto pH etc.).
- Espectro de ação variável (i.e., tóxico a várias espécies).
- Neurotóxicos; à semelhança de carbamatos, são também venenos
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Estrutura geral:
- Derivados do ácido fosfórico (e análogos)
- Ésteres do ácido fosfórico e diferentes álcoois
- Formam uma ampla e diversa família de inseticidas contendo diferen-
tes combinações de O, C, S e N e diferentes identidades (partindo do ácido
que a integra, ou do álcool)
a) Derivados alifáticos:
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b) Derivados fenílicos:
Fenitrotion
c) Derivados heterocíclicos:
6.3) Carbamatos
Características gerais:
- Toxicidade variável com composto;
- Maior pressão de vapor que clorados;
- Não são bioacumulados;
- Menor lipofilicidade (baixa solubilidade em água, mas superior a de
clorados);
- Menor persistência (degradação mais rápida – são ésteres);
- Alguns compostos são sistêmicos em plantas e alguns são nematici-
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Estrutura geral:
- Derivados do ácido carbâmico:
R'
6.4) Piretróides
Características gerais:
- Representavam 21% do mercado mundial de inseticidas em 1995
- Inseticidas sintéticos derivados das piretrinas naturais
- Inseticidas não persistentes de ação por contato
- Pouco voláteis e altamente lipofílicos
- Ação de repelência contra algumas pragas e às vezes causam alergia
no homem
- Muito tóxico (potente) contra insetos, mas baixa toxicidade para
mamíferos
- Fraca ação acaricida, exceto alguns compostos recentes (exemplos:
fempropatrina e bifentrina)
- Fotoestáveis, mas degradavéis rapidamente no solo (persistência de
algumas horas)
- Custo de síntese relativamente elevado, compensado pela alta potên-
cia para insetos
- Espectro de ação variável (i.e., tóxico a várias espécies e normal-
mente pouco seletivo a inimigos naturais)
- Neurotóxicos; venenos axônicos com modo de ação semelhante ao
DDT
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- Alguns piretróides (mais antigos) são tóxicos para peixes e alguns favore-
cem desenvolvimento de ácaros.
- O primeiro piretróide sintetizado foi a aletrina, pelo grupo do Dr. M.S. Schech-
ter (1949). O grupo do Dr. M. Elliot sintetizou a resmetrina em 1957. Os piretróides
fotoestáveis só apareceram na década de 70 graças ao trabalho pioneiro do Dr. M.
Elliott da Rothamsted Exp. Station (Inglaterra) e a companhia Sumitomo (Japão).
Posteriormente o grupo do Dr. J. Casida, University of California – Berkeley, tam-
bém possibilitou grandes avanços no desenvolvimento deste grupo de inseticidas.
Estrutura geral:
- Grupo vinil, anel de três carbonos e grupo carboxílico identificam os
piretróides (ésteres)
- Ésteres derivados do ácido crisantêmico (= ácido monocarboxílico) e ácido
pirétrico (= ácido dicarboxílico)
- Primeiro piretróide: aletrina (fotoinstável)
O O
O
O
Resmetrina
H2
O C
O
Tipos de piretróides quanto à estrutura:
a) Tipo I: não possuem o grupo ciano (CN) na porção alcoólica da molécula
(p.ex., resmetrina, aletrina).
b) Tipo II: possuem a porção -cianofenoxibenzil em suas moléculas (p.ex.,
cipermetrina, deltametrina).
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6.6) Organossulforados
Propargite
Possuem dois anéis fenílicos (ou
derivados) ligados por um S central
(CH3)3C O
à molécula.
- Acaricidas específicos bem eficien-
tes que agem sobre todas as fases S O
6.8) Formamidinas
Compostos inseticidas/acaricidas neu- Clordimeforme
rotóxicos com forte ação comporta-
mental; Cl N C N(CH3)2
- Atuam sobre os receptores de ami- H
6.10) Oxadiazinas
O exemplo que se tem é o composto indoxacarbe, lançado no Brasil
em 2001
- Composto neurotóxico que demanda ativação no organismo para ex-
pressão de seu potencial tóxico.
6.11) Fenilpirazóis
Aminas aromáticas ou heterocíclicas.
- Inseticida fipronil é o representante em uso atualmente.
- Grupo surgiu em 1992.
- Composto neurotóxico que vem mostrando possibilidade diversificada
de uso (agrícola e contra inseto sociais, como formigas cortadeiras).
6.13) Clorfenapir
- Composto de natureza ácida que atua desacoplando a fosforilação
oxidativa e assim interferindo com metabolismo respiratório de inse-
tos. Atua de forma semelhante aos antigos dinitrofenóis, inseticidas que
eram muito tóxicos a mamíferos, ao contrário do clofenapir.
6.14) Tiouréias
Seu representante no mercado é o diafentiurom.
- Pró-inseticida ativado no organismo ou pela luz.
- Atua inibindo cadeia de transporte de elétrons.
- Outros inibidores da cadeia de transporte de elétrons (pertencentes a
outros grupos inseticidas distintos)
- Acaricidas METI (p.ex. fempiroximato, pirimidifem, piridabem, tebu-
fempirade).
- Dicofol e hidrametilnom; acetoquinocil e fluacripirim.
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6.17) Juvenóides
Fenoxicarbe
- Fotoestáveis só re- O
metoxifenozide e halofenozide O
6.19) Aciluréias
- Chamados ainda benzoilfenil uréias ou uréias substituídas;
- Desenvolvidas a partir do final da década de 70 (1978);
- Exemplos: diflubenzurom, triflumuron, flufenoxirum, lefumuron etc.
- Em plena expansão e uso vem aumentando;
- Inibidores da formação de cutícula;
- Outros inseticidas que intereferem na formação de cutícula:
• buprofezina
• ciromazina
6.20) Sinergistas
Compostos que, em doses subletais, aumentam a letalidade dos inseti-
cidas;
- principal grupo: metilenodioxifenóis (exemplo: butóxido de piperonila);
Inseticidas Naturais
h) Juvenóides e anti-HJ:
- Produtos análogos ou derivados do hormônio juvenil (i.e., juvenóides)
encontrados em insetos e que interferem com a muda destes para a
fase adulta, gerando estádios imaturos anômalos (p.ex. juvabiona ou
fator papel).
- Anti-HJ são produtos que antagonizam a ação do hormônio juvenil,
causando metamorfose precoceno em insetos (p.ex., precoceno I e II).
c) Inseticidas virais:
Principalmente da família Baculoviridae, onde estão sendo tentadas in-
serções com venenos de artrópodes para acelerar ação do vírus.
6.24) Inorgânicos
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7.1) Introdução
• Áreas relevantes à toxicologia de inseticidas
Toxicocinética: engloba os processos de penetração, distribuição e
metabolismo de xenobióticos. Análogo à farmacodinâmica de drogas.
São os processos toxicocinéticos que determinam quando o composto
tóxico atinge seu sítio de ação. Seus modelos são de grande valor pred-
itivo quanto ao destino de xenobióticos no organismo.
Toxicodinâmica: engloba as interações moleculares do xenobiótico
com seus sítios de ação. A natureza e o grau de interação entre o com-
posto tóxico e seu sítio de ação vão determinar a resposta tóxica a ser
produzida. Análogo à farmacodinâmica de drogas.
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Integumento
Tecidos
Sítio de
metabólicos
ação
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Via de penetração:
a) pela cutícula (insetos):
- modos de entrada:
- transporte lateral: via sistema traqueal;
- difusão através do integumento: similar a mamíferos;
- fatores determinantes da taxa de penetração cuticular:
• solvente
• polaridade do inseticida (estrutura cero-aquosa)
• composição cuticular (varia de acordo com espécie, população e
dieta)
b) pelo intestino:
- importante via se for feita ação por ingestão ou sistêmicos
- menos estudos sobre o caso
- geralmente alta polaridade favorece penetração (exemplo: para-
tiom > aldrim)
- correlação baixa ou inexistente entre taxas de penetração via oral
e dérmica em mamíferos
c) por membranas:
- estrutura de membranas: modelo do mosaico fluido de Singer &
Nicholson
- coeficiente de particição (Kow): boa correlação com taxa de penet-
ração
- ionização: membranas pouco permeáveis a íons; ionização função
de pKa (log negativo da constatnte ácida de dissociação) e pH do meio.
Grau de ionização é dado pela equação de Henderson-Hasselbalch:
Processos de Distribuição
Vertebrados:
- Via corrente sanguínea, o líquido linfático e distribuição vai depender
de solubilidade de xenobiótico. Absorção vai acontecer no intestino e
muito do composto vai ser retido no fígado (ao contrário que ocorre com
inalação):
Compostos muito lipofílicos (alto Kow) ficam associados a lipoproteínas
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Invertebrados:
- Distribuição via hemolinfa. Caso contrário acontece de forma similar
a mamíferos
Plantas:
- Via floema (transporte simplástico)
- Via xilema (transporte apoplástico)
7.3) Armazenamento
Xenobióticos podem ser alocados a posições em que não são capazes
de interagir com seus sítios de ação e não são sujeitos a metabolismo.
Ambientes lipofílicos (especialmente gorduras, mas também micelas li-
poprotéicas e membranas celulares) não possuem sítios de ação ou
enzimas para interagir com xenobióticos. Mobilização rápida de gor-
dura, contudo, pode possibilitar a liberação de xenobióticos no sangue.
Isso possibilita a ação tóxica e degradação destes (exemplo: inseticidas
clorados do grupo do DDT e análogos).
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8 Inseticidas no Indivíduo:
Translocação em Plantas
Sistemas vasculares:
- Espaços extra-protoplásmicos (via apoplasto):
• Espaços inter-celulares.
• Vasos xilemáticos (sucção-transpiração; estrias de Caspari).
- Espaços protoplásmicos (via simplasto):
• Por plasmodesmata.
• Vasos floemáticos (teoria de Münch: açúcar entra ativamente nas
células e água entra por gradiente osmótico gerando pressão hidro-
stática; com a remoção do açúcar em algumas regiões há a criação
de um fluxo de água e açúcares).
- Normalmente usa-se log Kow para reduzir variação (em geral fica entre
–2 e 7)
- Funções tio-éter (R1-S-R2) são normalmente oxidadas no solo e plan-
tas resultando em formas sulfóxido (R1-SO-R2) e sulfona (R1-SO2-R2)
de maior atividade inseticida e menos lipofílicas;
- Kow pode ser estimado a partir da solubilidade do composto em água:
log WS = - log Kow – 0,01 (Tm – 25)
Onde:
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9 Inseticidas no Indivíduo
(Toxicodinâmica)
Organização:
- Sistema nervoso central: cérebro e cordão nervoso ventral.
- Sistema nervoso periférico: formado por células nervosas senso-
riais (ou receptoras) e motoras.
- Sistema nervoso visceral: consiste de uma série de pequenos gân-
glios distintos conectados ao sistema nervoso central e órgãos ou glân-
dulas internas.
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Estímulo inibitório
- Estímulo inibitório leva a uma hiperpolarização da membrana do axô-
nio através do fluxo de íons Cl- para o interior da membrana via canais
de Cl.
- Efeito inibitório bloqueia o excitatório.
- Neurotransmissor envolvido em sinapses inibitórias é o ácido
-aimnobutírico (GABA).
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BAN 501: Toxicologia de Inseticidas e Acaricidas
Exemplos:
- Juvenóides estruturalmente mais semelhantes estruturalmente ao HJ:
metopreno, hidropreno, quinopreno (mais usados contra Diptera)
- Compostos mais recentes (+ potentes, + estáveis sob luz solar e com
uso agrícola): fenoxicarbe e piriproxifem.
Agonistas de Ecdisona
Disacilhidrazinas (= bisacilhidrazinas) são agonistas não-esteroidais
da 20-hidroxiecdisona que exibem sua ação inseticida via interação com
as proteínas receptoras da ecdisona em insetos (complexo receptor EcR/
USP).
Seus efeitos em insetos são devidos a esta interação com o complexo
receptor EcR/USP e sua persistência nos tecidos do inseto, persistência
essa que possibilita a expressão de genes e eventos comportamentais de-
pendentes de sua presença, como:
- Bloqueio da expressão de DOPA-descarboxilase para esclerotização.
- Prevenção do desencadeamento do comportamento de eclosão.
Esses compostos foram obtidos a partir de 1983 pela Rohm and Haas
e os compostos do grupo atualmente disponíveis são:
• Tebufenozide
• Halofenozide
• Metoxifenozide
• Cromafenozide
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Exemplos:
- Clorfenapir: pró-inseticida ativo contra lagartas e sugadores.
- Acaricida DNOC (4,5-dinitro-o¬-cresol) e pro-pesticidas dinocap e di-
nocton.
- Sulfonamidas fluorinadas: sulffluramida é principal exemplo (uso em
isca formicida no Brasil).
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Modo de ação:
As inclusões cristalizadas são dissolvidas no intestino (médio) do in-
seto, liberando as protoxinas, que são proteoliticamente convertidas (i.e.,
ativadas por proteases) a peptídeos tóxicos de menor tamanho (pH alcalino
parece importante). Os fragmentos ativos são de tamanho variado (27 kda
para cyt, até 60-70 kda para cry). O modo de ação da toxina ativada está
ligado à sua estrutura tridimensional. O fragmento ativo constitui-se de uma
porção tóxica (formadora de poro na membrana) e uma porção de ligação à
célula. Baseado em estudos de cristalografia conduzidos com cryIIIA (ativa
contra Coleoptera), a toxina ativada possui três porções funcionais. A por-
ção carboxílica constitui-se de um sanduíche de duas folhas- antiparale-
las (- sanduíche; porção III).
Esta porção é mais variável e parece estar envolvida na seletividade da
toxina, assim como a porção II. A porção II, intermediária entre as porções
I e III, é formada por três folhas-. É a porção II que se liga aos receptores
(aparentemente de natureza glicoproteica, mas ainda pouco conhecidos)
da membrana do epitélio intestinal. Tal ligação leva a uma mudança de con-
formação na porção III e à inserção da porção I (formada por um grupo de
seis -hélices hidrofóbicas e anfipáticas) na membrana lipídica das células
intestinais. A inserção da porção III causa mudanças estruturais no poro,
possibilitando penetração de moléculas cada vez maiores, até a eventual
lise da célula. A morte acontece por paralisia intestinal e/ou septicemia (i.e.,
infecção bacteriana generalizada).
Outra toxina de B. thuringiensis, cip, foi recentemente integrada a ge-
nomas de plantas de algodão e está entrando em comercialização. Cip é
uma exotoxina, demanda ativação e também se liga a receptores intes-
tinais (diferentes dos das endotoxinas) atuando de forma semelhante às
endotoxinas ativadas de B. thuringiensis;
Inibidores de proteases
Vem sendo explorados principalmente em transgenia visando resistên-
cia de plantas a insetos. Inibidores de protease agem inibindo a atividade
estas enzimas e com isso reduzem a quantidades de proteínas que podem
ser digeridas. Além disso, tal deficiência desencadeia a hiperprodução de
enzimas digestivas, o que acentua a perda principalmente de aminoácidos
sulfurados, comprometendo outras vias de utilização destes em outras vias
fundamentais ao funcionamento do organismo. O resultado disso é fraque-
za do inseto, interrupção de crescimento e eventualmente morte;
Terpenóides:
Modo de ação pouco conhecido, mas importante em defesa de plan-
tas. Principal exemplo em uso comercial é o sesquiternepo azadiractina
– principal ingrediente ativo da planta indiana nim. Contudo, a ação regu-
ladora de crescimento deste composto é geralmente mais importante que
a fagoinibitória. Outras Meliaceas também apresentam pronunciado efeito
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BAN 501: Toxicologia de Inseticidas e Acaricidas
Fagoinibidores Sintéticos:
- Pimetrozina: bloqueia a penetração do estilete de afídeos na planta,
levando à morte destes por falta de alimentação. Sítio e mecanismo de
ação não foram elucidados. Tem ação por contato e sistêmica, além de
reduzir transmissão de vírus persistente e talvez não-persistente.
- Flonicamide: aficida seletivo e sistêmico. Modo de ação não conhecido.
- Crioleto: fagoinibidor com mecanismo ainda não conhecido.
Outros:
Fumigantes:
- Brometo de metila é agente alquilante e pode afetar de formas múlti-
plas o organismo, inclusive causando mutações.
- Fluoreto sulfurilado.
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10 Literatura Recomendada
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