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Consultoria e Certificação Ambiental

DISCIPLINA
CONSULTORIA E CERTIFICAÇÃO AMBIENTAL

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Consultoria E Certificação Ambiental |

Sumário

Sumário
Sumário ----------------------------------------------------------------------------------------------------- 2
1 Consultoria e Certificação Ambiental ---------------------------------------------------------- 3
1.1 Introdução --------------------------------------------------------------------------------------------------------- 3
1.2 Indústria, Poluição e Gestão Ambiental ------------------------------------------------------------------- 5
1.2.1 Origens da Poluição ----------------------------------------------------------------------------------------------------- 9
1.2.2 Medidas Profiláticas ---------------------------------------------------------------------------------------------------- 9
1.2.3 Medidas: nível das organizações ------------------------------------------------------------------------------------ 10
1.3 Gestão Ambiental --------------------------------------------------------------------------------------------- 10
1.3.1 Conceitos iniciais-------------------------------------------------------------------------------------------------------- 11
1.3.2 Posicionamento da Organização ------------------------------------------------------------------------------------ 14
1.3.3 Gestão Ambiental – ISO 14000 e 14001 --------------------------------------------------------------------------- 16
1.4 Auditorias-------------------------------------------------------------------------------------------------------- 37
1.5 Avaliação do Ciclo de Vida – ISO 14.040 ----------------------------------------------------------------- 38
1.6 Fases da ACV ---------------------------------------------------------------------------------------------------- 38
1.6.1 Objetivo e Escopo ------------------------------------------------------------------------------------------------------ 39
1.6.2 Análise do Inventário -------------------------------------------------------------------------------------------------- 43
1.6.3 Avaliação de Impactos ------------------------------------------------------------------------------------------------- 44
1.6.4 Problemas Ambientais------------------------------------------------------------------------------------------------- 45
1.7 Análise Multicritério: Ferramenta de Apoio na ACV ------------------------------------------------- 50
1.7.1 Conceitos Elementares ------------------------------------------------------------------------------------------------ 50
1.7.2 Princípios básicos de análise multicritério ------------------------------------------------------------------------ 51
1.7.3 Elaboração da uma família coerente de critérios.--------------------------------------------------------------- 52
1.7.4 Agregação dos Critérios. ---------------------------------------------------------------------------------------------- 53
1.7.5 Métodos Multicritério – Abordagem Multi Atributo ----------------------------------------------------------- 54
1.8 Considerações Finais ------------------------------------------------------------------------------------------ 59
1.9 Referências Bibliográficas ----------------------------------------------------------------------------------- 60

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1 Consultoria e Certificação Ambiental


1.1 Introdução
A consultoria e certificação são importantes aspectos no contexto organizacional
de empresas com ênfase no sistema de gestão ambiental. Um sistema de gestão
ambiental (SGA) é uma estrutura que ajuda as empresas a gerenciar seus impactos
ambientais e melhorar o desempenho ambiental geral. Os SGAs são geralmente
baseados na norma ISO 14001, que estabelece as diretrizes para a gestão ambiental.

A consultoria em SGA ajuda as empresas a implementar um SGA efetivo, o que


inclui a identificação dos aspectos ambientais e a avaliação dos impactos ambientais
da empresa, bem como a definição de objetivos e metas para melhorar o desempenho
ambiental. A consultoria também auxilia na elaboração de um plano de ação para
implementar as práticas necessárias para atingir esses objetivos e metas, além de
fornecer treinamento para os funcionários.

Já a certificação é um processo em que uma organização é avaliada por uma


terceira parte independente para verificar se o seu SGA está em conformidade com as
normas estabelecidas pela ISO 14001. A certificação demonstra que a empresa está
comprometida com a gestão ambiental e tem processos eficazes para controlar e
reduzir seus impactos ambientais.

A certificação também traz benefícios para a empresa, como a melhoria da


reputação, a redução de riscos ambientais e a obtenção de vantagens competitivas no
mercado. Além disso, a certificação pode ser um requisito para licitações de órgãos
públicos e empresas privadas.

Em resumo, a consultoria e a certificação são aspectos importantes para


empresas que desejam melhorar sua gestão ambiental. A consultoria ajuda a
implementar um SGA eficaz, enquanto a certificação demonstra que a empresa está
comprometida com a gestão ambiental e tem processos eficazes para controlar e
reduzir seus impactos ambientais. Ambas as práticas são fundamentais para empresas
que desejam atender às demandas crescentes por práticas empresariais sustentáveis
e demonstrar seu comprometimento com a responsabilidade ambiental.

O presente capítulo tem por objetivo apresentar e discutir aspectos da


consultoria e certificação no contexto organizacional de empresas com ênfase no
sistema de gestão ambiental, além de mostrar o procedimento para elaborar o perfil
poluidor.

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A Gestão ambiental pode ser definida como um sistema que inclui a estrutura
organizacional, atividades de planejamento, responsabilidades, práticas,
procedimentos, processos e recursos para desenvolver, implementar, atingir, analisar
criticamente e manter a política ambiental.

Pode-se afirmar que a gestão ambiental é uma forma pela qual a organização se
mobiliza, interna e externamente, para a conquista da qualidade ambiental desejada.
Ela consiste em um conjunto de medidas que visam ter controle sobre o impacto
ambiental de uma atividade.

Antes de adentrarmos no assunto, é importante mencionar que no mercado


ambiental a terminologia “consultoria” muitas vezes se confunde com “assessoria, ” os
quais possuem definições distintas.

Pois bem, a consultoria ambiental é um serviço que pode estar relacionado à


inúmeros aspectos da questão ambiental dentro de uma corporação. Como forma de
ilustrar, podemos citar que uma empresa pode contratar uma consultoria ambiental
para melhorar sua eficiência energética, ou contratar uma consultoria ambiental para
realizar alguma ação ambiental relacionada a marketing.

A consultoria pode ainda estar vinculada ao jurídico da empresa (pareceres


técnicos, laudos, TAC´s, etc) relacionada à gestão empresarial, onde citamos os
sistemas de gestão ambiental interno, com as devidas certificações ambientais de
processos internos (ISO14001 etc.), e também a um universo paralelo, ainda mais
amplo, que é a engenharia.

Neste caso a consultoria ambiental atua nos processos de licenciamento


ambiental das atividades, que podem já estar em operação ou em novas instalações
ou atividades, e é sobre esse último ponto que teceremos nossa abordagem hoje.

Para que possamos compreender os serviços em si, é fundamental entendermos


o porquê deles.

Obviamente, todos sabem que vivemos em um mundo com uma demanda por
recursos naturais cada vez maior, onde a capacidade de reposição já foi há muito
superada, que produzimos uma quantidade de resíduos muito maior daquela que é
possível se decompor naturalmente.

Neste sentido há bastante tempo existem normas legais que preveem a adoção
dos preceitos de sustentabilidade das atividades humanas.

Por razões óbvias tal, adoção é de extrema complexidade de implantação plena

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em toda a sociedade, seja porque cada pessoa de hoje consome mais recursos que
no passado, seja porque possuímos muito mais habitantes em nosso planeta.

Buscando um desenvolvimento econômico sustentável ambientalmente, foram


criadas as Políticas de Meio Ambiente, as quais, por sua vez se desdobraram em
diversas outras, mais específicas.

Esse processo, gerou uma série de regramentos para utilização dos recursos
naturais, ao tratá-los como bem de uso comum de todos visando, não somente
explorá-los de forma sustentável, mas também preservá-los para futuras gerações.

Como resultado deste processo, foi criada uma das ferramentas mais importantes
que a sociedade possui para administrar este enorme patrimônio, o Licenciamento
Ambiental.

1.2 Indústria, Poluição e Gestão Ambiental


A indústria é uma das principais fontes de poluição ambiental, sendo responsável
por uma série de impactos negativos no meio ambiente, como a emissão de gases de
efeito estufa, a poluição do ar e da água, a geração de resíduos tóxicos, entre outros.
A gestão ambiental tornou-se uma necessidade para a indústria devido à crescente
preocupação da sociedade com o meio ambiente e às pressões regulatórias para que
as empresas reduzam seu impacto ambiental.

A gestão ambiental pode ser definida como o conjunto de práticas e estratégias


que uma empresa adota para minimizar seus impactos ambientais e melhorar seu
desempenho ambiental. Isso inclui a implementação de sistemas de gestão ambiental,
a identificação e avaliação de impactos ambientais, a definição de objetivos e metas
ambientais, a implementação de práticas e tecnologias de gestão ambiental, entre
outras ações.

A gestão ambiental pode trazer diversos benefícios para a indústria, como a


redução de custos operacionais, a melhoria da imagem da empresa, a prevenção de
riscos ambientais e legais, a obtenção de vantagens competitivas no mercado, entre
outros. Além disso, a gestão ambiental pode contribuir para a melhoria da qualidade
de vida das pessoas e para a conservação do meio ambiente.

No entanto, a gestão ambiental enfrenta desafios, como a falta de


conscientização e comprometimento dos funcionários, a falta de recursos financeiros,
a complexidade dos regulamentos ambientais, entre outros. Para superar esses

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desafios, é importante que a gestão ambiental seja integrada aos processos e


atividades da empresa, envolvendo todos os níveis hierárquicos e departamentos. A
educação ambiental e a conscientização dos funcionários também são fundamentais
para o sucesso da gestão ambiental.

Em resumo, a gestão ambiental é uma estratégia importante para a indústria lidar


com os desafios da poluição e melhorar seu desempenho ambiental. Isso envolve a
implementação de práticas e tecnologias de gestão ambiental, a identificação e
avaliação de impactos ambientais, a definição de objetivos e metas ambientais e o
comprometimento de todos os níveis hierárquicos e departamentos da empresa. A
gestão ambiental pode trazer benefícios para a empresa e contribuir para a
preservação do meio ambiente.

Tratando do processo de desenvolvimento industrial; ocorreu de forma


extremamente acelerada a partir da revolução industrial, após meados do século XIX.
A partir deste período, a poluição ambiental causada pelo homem aumentou
consideravelmente e de modo descontrolado, de forma que as relações entre o
homem e o seu meio ambiente se modificaram. Atualmente não é possível estimar a
enorme quantidade de produtos e substâncias produzidas industrialmente, sendo que
os dejetos e emissões das mesmas ao meio ambiente são igualmente diversos.

A poluição industrial ocorre em todos os meios da biosfera, na água doce, nos


oceanos, na atmosfera e no solo. Consequentemente as comunidades biológicas dos
ecossistemas estão em contato com substâncias e materiais não naturais, a maioria
dos quais causando algum tipo de dano ecológico. A poluição industrial afeta
diretamente o homem, uma vez que estamos sujeitos a ingerir água e alimentos
contaminados e respirar o ar poluído. Exemplos da seriedade deste problema são a
intoxicação e morte de dezenas de pessoas em Minamata, no Japão, após consumirem
peixes contaminados com mercúrio. Eventos como este, envolvendo contaminação de
alimentos com poluentes industriais, têm sido comuns ao longo das últimas décadas.

Agentes principais da poluição industrial são os gases tóxicos liberados na


atmosfera, os compostos químicos orgânicos e inorgânicos lançados nos corpos
hídricos e a poluição do solo com o uso de pesticidas.

De fato, os gases tóxicos liberados na atmosfera, os compostos químicos


orgânicos e inorgânicos lançados nos corpos hídricos e a poluição do solo com o uso
de pesticidas estão entre os principais agentes poluidores gerados pela indústria.

Na atmosfera, a emissão de gases tóxicos, como o dióxido de carbono, o dióxido

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de enxofre e os óxidos de nitrogênio, contribuem para a poluição do ar e para o


agravamento de problemas ambientais, como o efeito estufa e as mudanças
climáticas.

Os compostos químicos orgânicos e inorgânicos lançados nos corpos hídricos,


como rios, lagos e oceanos, também são um problema grave de poluição industrial.
Além de prejudicar a fauna e a flora aquática, a contaminação das águas também pode
afetar a saúde humana, uma vez que muitas vezes os contaminantes acabam sendo
consumidos por seres humanos através da cadeia alimentar.

A a poluição do solo causada pelo uso de pesticidas e outros produtos químicos


na agricultura é uma preocupação ambiental relevante. Esses produtos podem
contaminar o solo e as águas subterrâneas, além de afetar a qualidade dos alimentos
produzidos e a saúde de agricultores e consumidores.

Entres os poluentes mais prejudiciais ao ecossistema estão os metais pesados.


Estes elementos existem naturalmente no ambiente e são necessários em
concentrações mínimas na manutenção da saúde dos seres vivos (são denominados
oligoelementos, ou micronutrientes). Alguns metais essenciais aos organismos são o
ferro, cobre, zinco, cobalto manganês, cromo, molibdênio, vanádio, selênio, níquel e
estanho, os quais participam do metabolismo e formação de muitas proteínas,
enzimas, vitaminas, pigmentos respiratórios (como o ferro da hemoglobina humana
ou o vanádio do sangue das ascídias). No entanto, quando ocorre o aumento destas
concentrações, normalmente acima de dez vezes, efeitos deletérios começam a surgir.

A crescente quantidade de indústrias atualmente em operação, especialmente


nos grandes polos industriais do mundo, tem causado o acúmulo de grandes
concentrações de metais nos corpos hídricos como rios, represas e nos mares
costeiros. Isto ocorre, pois grande parte das indústrias não trata adequadamente seus
efluentes antes de lançá-los no ambiente.

Os metais, quando lançados na água, agregam-se a outros elementos, formando


diversos tipos de moléculas, as quais apresentam diferentes efeitos nos organismos
devido a variações no grau de absorção pelos mesmos. O zinco, por exemplo, pode
formar ZnOH, ZnCO3; o mercúrio pode constituir HgCl2, Hg2SO3; o chumbo pode
constituir PbOH, PbCO3, e assim por diante.

Apesar da toxicidade de cada metal variar de acordo com a espécie, existe uma
classificação da toxicidade relativa dos metais mais comuns no meio ambiente, em
ordem decrescente de periculosidade: Hg, Ag, Cu, Zn, Ni, Pb, Cd, As, Cr, Sn, Fe, Mn, Al,

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Be, Li.

Um dos efeitos mais sérios da contaminação ambiental por metais pesados é a


bioacumulação dos poluentes pelos organismos vivos. Animais e plantas podem
concentrar os compostos em níveis milhares de vezes maiores que os presentes no
ambiente.

O acúmulo de metais e outros poluentes industriais pelos organismos pode ter


efeito bastante abrangente já que possibilita o transporte dos contaminantes via teia
alimentar para diversos níveis tróficos da cadeia alimentar. Este efeito culmina com a
ocorrência das maiores taxas de contaminação nos níveis mais altos da teia trófica
(consumidores secundários e terciários).

Metais Pesados

O termo metais pesados é de definição ambígua, mas vem sendo intensamente


utilizado na literatura científica como referência a um grupo de elementos
amplamente associados à poluição, contaminação e toxicidade.Conceitualmente
metais pesados são definidos como elementos que possuem densidade superior a 6
g/cm3 ou raio atômico maior que 20. Essa definição é abrangente e inclui, inclusive,
alguns ametais ou semi-metais, como As e Se. Alguns metais pesados são
micronutrientes essenciais aos seres vivos como Cu, Zn, Mn, Co, Mo e Se e outros não
essenciais como Pb, Cd, Hg, As, Ti e U. Para esses últimos talvez o termo metais tóxicos
cairia melhor. Existem metais traços essenciais para plantas como ferro (Fe), zinco (Zn),
manganês (Mn), cobre (Cu), boro (B), molibdênio (Mo) e níquel (Ni). Já o cobalto (Co),
crômio (Cr), selênio (Se) e estanho (Sn), não são requeridos pelas plantas, mas são
essenciais para animais. Já outros como arsênio (As), cádmio (Cd), mercúrio (Hg) e
chumbo (Pb), não são requeridos nem por plantas, nem por animais, porém foram
estudados extensivamente por serem potencialmente perigosos para plantas, animais
e microrganismos.

A atividade industrial está, inevitavelmente, associada a uma certa degradação


do ambiente, uma vez que não existem processos de fabrico totalmente limpos. A
periculosidade das emissões industriais varia com o tipo de indústria, matérias primas
usadas, processos de fabrico, produtos fabricados ou substâncias produzidas, visto
conterem componentes que afetam os ecossistemas.

O desenvolvimento da indústria no Brasil ocorreu sem um correto planejamento


e ordenamento, o que resultou na concentração industrial em áreas geográficas

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limitadas, provocando casos específicos e localizados de poluição. Deste modo, estas


concentrações implicam uma maior vigilância ambiental, exigindo a existência de
infra-estruturas adequadas de controlo que combatam os níveis cumulativos de
poluição.

Neste sentido, torna-se prioritário a implementação de medidas que visem


reduzir ou eliminar estas fontes de poluição, o que tem vindo a ser concretizado
através da publicação de um quadro legislativo apropriado associado a um conjunto
de programas e incentivos econômicos que colocam a disposição das indústrias meios
financeiros capazes de melhorar a qualidade do ambiente.

1.2.1 Origens da Poluição

De um modo geral as principais origens da poluição industrial são:

▪ As tecnologias utilizadas, muitas vezes envelhecidas e fortemente


poluentes, com elevados consumos energéticos e de água, sem
tratamento adequado dos efluentes com rara valorização de resíduos;
▪ A inexistência de sistemas de tratamento adequado dos efluentes;
▪ A inexistência de rotas de eliminação adequados dos resíduos, em
particular dos perigosos.
▪ Localização das unidades na proximidade de áreas urbanas, causando
incômodos e aumentando os riscos;
▪ Localização das unidades em solos agrícolas, causando a sua
contaminação e prejudicando as culturas;
▪ Localização das unidades em zonas ecologicamente sensíveis,
perturbando e prejudicando a fauna e a flora;
▪ Realização das descargas de efluentes em águas subterrâneas ou
superficiais, com risco de contaminação das águas de consumo;
▪ Depósitos indevidos de resíduos, cuja lixiviação é fonte de poluição do solo
e do meio hídrico.

1.2.2 Medidas Profiláticas

Geralmente salientam-se duas medidas para controle da poluição industrial:

• Atuando no processo de licenciamento de novos estabelecimentos referidos na


legislação, na sua ampliação ou modificação, tendo em especial atenção a avaliação

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do impacte ambiental, privilegiando a utilização de tecnologias menos poluentes e


medidas que permitam o tratamento dos efluentes líquidos, emissões gasosas e
resíduos e o seu efetivo controle; forçando a capacidade fiscalizadora das entidades
que superintendem a atividade industrial.

1.2.3 Medidas: nível das organizações

As organizações têm um papel determinante no controle da poluição industrial.


Como medidas mais importantes destacam-se:

▪ Definir as zonas mais adequadas para a instalação das atividades


industriais "poluentes", integradas nos Planos Diretores Municipais tendo
em atenção à integração paisagística, os recursos hídricos, a possibilidade
de enchentes, ou outras catástrofes naturais, as condições meteorológicas,
a existência de áreas protegidas, a fauna e flora de importância relevante
ou ainda de elementos arqueológicos e históricos de interesse;
▪ Garantir que as condutas de descarga dos efluentes líquidos finais de cada
estabelecimento industrial sejam claramente individualizadas e tenham
condições de acesso que permita o controlo efetivo e regular da sua
qualidade, antes da sua descarga na rede de esgotos urbanos, nos cursos
de água ou no mar.
▪ Garantir que a qualidade dos efluentes industriais, geralmente
necessitando de um pré-tratamento, permita o seu lançamento no sistema
de saneamento urbano a fim de serem tratados nas Estações de
Tratamento de Águas Residuais (ETA) sem prejuízo do bom funcionamento
destas;
▪ Promover, no caso das indústrias já instaladas, contratos-programa com a
participação do Estado, de outras autarquias ou entidades, para a
resolução dos problemas existentes;
▪ Criar redes de prevenção e alerta em zonas críticas e planos de emergência
para casos de acidentes ou situações anormais;
▪ Fiscalizar a ocupação dos estabelecimentos.

1.3 Gestão Ambiental


A gestão ambiental na cadeia produtiva consiste em um conjunto de práticas e
estratégias voltadas para a minimização dos impactos ambientais das atividades

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produtivas, desde a extração das matérias-primas até a disposição final dos resíduos
gerados pelo processo produtivo. Essas práticas e estratégias podem ser adotadas por
empresas, governos e outros atores da cadeia produtiva, com o objetivo de promover
uma produção mais sustentável e responsável.

Uma das principais abordagens da gestão ambiental na cadeia produtiva é a


análise do ciclo de vida dos produtos, que consiste em avaliar os impactos ambientais
de um produto ao longo de toda a sua vida útil, desde a extração das matérias-primas
até o descarte final. Com base nessa análise, é possível identificar os principais
impactos ambientais gerados pelo produto e adotar medidas para minimizá-los.

Além disso, a gestão ambiental na cadeia produtiva pode incluir a adoção de


práticas de ecoeficiência, que visam a redução do consumo de recursos naturais e a
minimização dos resíduos gerados pelo processo produtivo. Essas práticas podem
incluir desde a melhoria dos processos produtivos até a escolha de matérias-primas
mais sustentáveis e a implementação de programas de reciclagem e reaproveitamento
de resíduos.

Outra estratégia importante da gestão ambiental na cadeia produtiva é o diálogo


e a cooperação entre os diferentes atores da cadeia, como fornecedores, fabricantes,
distribuidores e consumidores. Através da troca de informações e da definição de
metas e objetivos comuns, é possível promover uma produção mais sustentável e
responsável em toda a cadeia produtiva.

1.3.1 Conceitos iniciais

Os conceitos estão baseados com Coimbra (1985); ABNT NBR ISO 14.001 (2004)
e Soares (2006):

▪ Meio-Ambiente: “tudo que envolve” ou o meio no quais os seres vivos se


desenvolvem. Coimbra (1985) define Meio Ambiente como: “o conjunto de
elementos físico-químicos, ecossistemas naturais e sociais em que se
insere o homem, individual e socialmente, num processo de interação que
atenda ao desenvolvimento
▪ Atividade Humana: Das atividades humanas, à preservação dos recursos
naturais e das características essenciais do entorno, dentro de padrões de
qualidade definidos”.
▪ Ecologia: ciência dos ecossistemas estuda as relações dos seres vivos entre
si e com o meio;

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▪ Avaliação ambiental: avaliação de sistemas baseada fundamentalmente


na variável ambiental, ou seja, para sistemas que cumprem uma mesma
função, a avaliação ambiental consistirá na definição de um conjunto de
critérios que agregados convenientemente podem fornecer uma posição
relativa do desempenho ambiental destes sistemas.
▪ Poluição: Introdução em um sistema de agentes químicos, físicos ou
biológicos em quantidade suficiente para provocar anomalias do
ecossistema considerado ou a deterioração física de bens materiais.
▪ Poluição crônica local: Está associada com pequenas doses localizadas de
poluentes, porém de modo continuado. Ex. lançamento contínuo de
efluentes em uma lagoa ou no solo, exposição contínua a pequenas doses
de radioatividade, etc.
▪ Poluição crônica global: Se refere àquelas emissões contínuas cuja
repercussão se dá muito além do ponto emissor. Por exemplo, emissão de
gases a efeito estufa, gases que degradam a camada de ozônio, etc.
▪ Poluição acidental (ou aguda): Emissão de uma grande dose de poluente
em um curto intervalo de tempo. Ex, desastre com um petroleiro,
▪ Impacto ambiental: Modificação identificável e mensurável, benéfica ou
adversa, das condições ambientais de referência. O impacto ambiental
pode ser caracterizado por um efeito (direto) ou soma de efeitos (diretos
e indiretos) com relação a um alvo específico.
▪ Gestão ambiental: sistema que inclui a estrutura organizacional,
atividades de planejamento, responsabilidades, práticas, procedimentos,
processos e recursos para desenvolver, implementar, atingir, analisar
criticamente e manter a política ambiental.

A gestão ambiental é a forma pela qual a organização se mobiliza, interna e


externamente, para a conquista da qualidade ambiental desejada. Ela consiste em um
conjunto de medidas que visam ter controle sobre o impacto ambiental de uma
atividade. A Figura mostra que a gestão inclui a medição, reflexão, planejamento e
execução das atividades numa organização (ABNT NBR ISO 14.001, 2004).

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Figura 1-Etapas de gestão ambiental

FONTE: Soares, 2006.

As estratégias para uma gestão eficiente do meio ambiente incluem as atividades


a montante e a jusante do sistema considerado, entre as quais se destacam o consumo
de matérias-primas, a produção de resíduos (sólidos, líquidos e gasosos), a
modificação do ambiente natural, as perturbações (ruído, temperatura...), emissões
eletromagnéticas, radioativas, etc.

A gestão ambiental é um processo contínuo que visa minimizar os impactos das


atividades humanas no meio ambiente e promover a sustentabilidade. As etapas
básicas da gestão ambiental incluem:

▪ Diagnóstico ambiental: consiste na avaliação do ambiente natural,


levantamento das atividades que possam impactar o meio ambiente e o
estudo dos impactos potenciais.
▪ Planejamento: com base no diagnóstico ambiental, é elaborado um plano
de ação para minimizar os impactos ambientais e promover a
sustentabilidade.
▪ Implementação: as ações definidas no plano são implementadas, com a
adoção de práticas e medidas para minimizar os impactos ambientais.
▪ Monitoramento: consiste no acompanhamento contínuo dos impactos
ambientais, com o objetivo de avaliar a eficácia das medidas adotadas e
fazer ajustes sempre que necessário.
▪ Avaliação: avaliação dos resultados obtidos pela gestão ambiental, com a
análise dos impactos ambientais e dos resultados das ações adotadas.
▪ Melhoria contínua: a partir da avaliação, são identificadas as
oportunidades de melhoria e novas ações são planejadas e implementadas
para aprimorar a gestão ambiental.

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Essas etapas são interdependentes e devem ser aplicadas de forma integrada,


com o objetivo de promover uma gestão ambiental eficaz e sustentável. A gestão
ambiental pode ser aplicada em diversos setores, como empresas, órgãos
governamentais, organizações não governamentais e outras entidades que têm
impacto sobre o meio ambiente.

1.3.2 Posicionamento da Organização

A questão ambiental, quando considerada do ponto de vista empresarial, levanta


dúvidas com respeito ao aspecto econômico. A idéia que prevalece é de que qualquer
providência que venha a ser tomada em relação à variável ambiental traz consigo o
aumento de despesas e o consequente acréscimo dos custos do processo produtivo.

Algumas empresas, porém, têm demonstrado que é possível ganhar dinheiro e


proteger o meio ambiente, mesmo não sendo uma organização que atua no chamado
"mercado verde". É necessário que as empresas possuam uma certa dose de
criatividade e condições internas que possam transformar as restrições e ameaças
ambientais em oportunidades de negócios.

Entre essas oportunidades pode-se citar a reciclagem de materiais; o


reaproveitamento dos resíduos internamente ou sua venda para outras empresas
através de Bolsas de Resíduos ou negociações bilaterais; o desenvolvimento de novos
processos produtivos com a utilização de tecnologias mais limpas ao ambiente, que
se transformam em vantagens competitivas e até mesmo possibilitam a venda de
patentes; o desenvolvimento de novos produtos para um mercado cada vez maior de
consumidores conscientizados com a questão ecológica; o mercado de seguros contra
riscos de acidentes e passivos ambientais; desenvolvimento de novas especializações
profissionais como auditores ambientais, gerentes de meio ambiente, advogados
ambientais, bem como o incremento de novas funções técnicas específicas. O Quadro
1 mostra o posicionamento de uma organização em relação à questão ambiental
(NORTH, 1992).

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Figura 2- Posicionamento da organização em relação a questão ambiental.

FONTE: North (1992).

Para colaborar com este anseio, North (1992) apresenta uma avaliação do
posicionamento da empresa em relação à questão ambiental. Este procedimento
propõe a avaliação do perfil da organização segundo diversas variáveis indicando,
para cada um dos quesitos colocados, se a empresa apresenta características
"amigáveis" ou "agressivas" ao meio ambiente (quadro). Ou seja, quanto mais "amiga"
do meio ambiente mais apta estaria a empresa, neste tocante, a enfrentar as
exigências sociais e regulamentares.

A utilização do quadro 1 pode ser feita da seguinte maneira: Cada um dos itens
apresenta duas afirmativas extremas. Se a afirmativa da esquerda reflete plenamente
a situação da empresa assinalar 1. Se a afirmativa da direita reflete plenamente a
situação, assinalar 5. Se a situação da empresa está mais próxima da situação da

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esquerda ou da direita, assinalar respectivamente 2 ou 4. Finalmente, adotar 3 para


uma situação intermediária. Por exemplo, se no quesito "Produtos" não ocorrer
nenhum aproveitamento dos resíduos, a nota do item seria 1. Por outro lado, se todos
os resíduos fossem aproveitados a nota seria 5. Se metade dos resíduos fossem
valorizados a nota seria 3 e assim sucessivamente.

Com relação aos resultados, se a maioria dos valores atribuídos estiver entre 1 e
2, a empresa está provavelmente diante de um importante desafio: identificar e
integrar os requisitos qualidade ambiental aos requisitos de qualidade de sua
empresa, eliminando assim a vulnerabilidade característica deste desempenho;

Se a maioria dos valores atribuídos às questões foi 3, provavelmente a empresa


vem realizando um esforço para sustentar seu atual desempenho ambiental. Se os
valores atribuídos estiverem concentrados em 4, é muito provável que a empresa
esteja no caminho certo. Ela deve continuar a reavaliar as oportunidades de melhoria;

Finalmente, se a maioria dos valores atribuídos às questões foi 5, é muito


provável que o desempenho ambiental da empresa seja excelente.

Seja qual for o resultado obtido, eles permitirão identificar "Onde estamos?". A
partir daí identificar "Onde queremos chegar?".

1.3.3 Gestão Ambiental – ISO 14000 e 14001

O que é ISO? A ISO (International Standardization Organization) é uma


organização não governamental que foi fundada em 1947 e sediada em Genebra na
Suíça. É o fórum internacional de normalização, harmonizando as diversas agências
nacionais, em que mais de 100 membros representantes vários países. O Brasil é
representado pela ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas).

A estrutura da ISO está apresentada abaixo, com o Comitê Técnico (207) e com
vários subcomitês (SC).

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ISO/CT 207
Canadá

SC 1 SC 2 SC 3 SC 4 SC 5 SC 6
Sistemas Auditoria Rotulagem Desempenho Ciclo de vida Definições
Ambiental
RU Holanda Austrália EUA França Alemanha

Princípios Princípios Princípios Genérico Princípios


( França ) ( Canadá ) ( Suécia ) ( EUA ) ( França )

Diretrizes Procedimento Reclamações Indústria Inventário


( EUA ) ( EUA ) ( Canadá ) ( Noruega ) ( Alemanha )
Inv. Especif.
Qualificação Diretrizes ( Japão)
( RU ) ( EUA ) Aval. Impacto
Pesquisas (Suécia )
( Holanda ) Melhoria
( França )

Figura 3-Comitês e subcomitês técnicos

A série ISO 14.000 está voltada para a organização e para o produto.

A gestão ambiental apresenta as seguintes normas:

• Sistema de Gestão Ambiental (ISO 14001 e 14004);

• Auditoria Ambiental (ISO 14010, 14011, 14012);

• Rotulagem ambiental (ISO/DIS 14020, 14021, 1424);

• Avaliação do desempenho ambiental (ISO/DIS 14031);

• Análise do ciclo de vida (ISO 14040, ISO/DIS 14041 e 14050).

No Brasil a norma ISO 14001 foi adotada pela ABNT sob a designação de
ABNT NBR ISO 14.001

Para implantar a ISO 14.001, deve-se levar em consideração os seguintes


aspectos:

• Ela é voluntária e orientadora;

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• Não impõe limites;

• A certificação deve ser feita por entidade especializada reconhecida junto


a um órgão de credenciamento;

• A certificação ambiental depende: a Implantação de um sistema de


gestão ambiental; o Cumprimento da legislação ambiental local; o
Cumprimento de um compromisso de melhoria contínua.

1.3.3.1 Normas da Série ISO 14000

Na sua concepção a série de normas ISO 14000 tem como objetivo central um
Sistema de Gestão Ambiental que auxilie as empresas a cumprirem suas
responsabilidades com respeito ao meio ambiente. Como objetivos decorrentes, criam
sistemas de certificação, tanto das empresas como de seus produtos, possibilitando
identificar aquelas que atendem à legislação e cumprem os princípios do
desenvolvimento sustentável.

As normas as séries ISO 14.000 não substituem, portanto, a legislação ambiental


vigente no local onde está instalada a empresa. Na realidade a reforçam, ao exigirem
o cumprimento integral dessa legislação local para que possa ser concedida a
certificação da empresa.

Tomando por base o Sistema de Gestão Ambiental que propõem, as normas


também vão estabelecer, quando inteiramente implantadas, as diretrizes para
auditorias ambientais, avaliação do desempenho ambiental, rotulagem ambiental e
análise do ciclo de vida dos produtos, exigindo assim a total transparência da empresa
e de seus produtos com relação aos aspectos ambientais. As normas da série ISO
14.000 deverão, portanto, servir de modelo para a implantação desses programas no
âmbito da empresa, possibilitando harmonizar os procedimentos e diretrizes aceitos
internacionalmente, com a experiência e a tradição empresarial local.

A abrangência da série de normas ISO 14.000 é bem maior que sua equivalente
para gestão da qualidade, a ISO 9000, pois esta apenas certifica sistemas e linha de
produção, porém não certifica os produtos propriamente ditos. Já a série de normas
ISO 14.000 tem um âmbito de atuação que alcança toda a sociedade, pois ao certificar
produtos estará atingindo e influenciando diretamente o consumidor final.

A estruturação da série de normas ISO 14.000, tal como foi desenvolvida pelo
comitê TC 207, sua amplitude dos temas a serem cobertos pelas normas já permite

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antever o grande impulso que as questões ambientais receberão quando todo o


sistema estiver implantado.

Haverá, seguramente, maior conscientização e maturidade da sociedade com


relação aos temas ambientais, provocando um efeito positivo no comportamento das
empresas e gerando atitudes pós-ativas em favor da qualidade ambiental.

Hoje, espera-se que a mesma importância dedicada á qualidade, disseminada


pela série de normas ISO 9000 de Gestão da Qualidade, se repita com relação aos
temas ambientais, com a adoção das normas ISO 14.000 de Gestão Ambiental.

O grande mérito de um sistema de normalização abrangente, como é a série de


normas ISO 14.000, consiste em proteger o produtor responsável contra concorrentes
predadores que, por não respeitarem as leis e os princípios da conservação ambiental,
produzem mais barato, não internalizando alguns custos que acabam sendo arcados
pela sociedade (VALLE, 1995).

A grande vantagem incorporada no programa de normalização da série ISO


14000 é a uniformização das rotinas e procedimentos necessários para uma empresa
certificar-se, cumprindo um mesmo roteiro-padrão de exigências que será válido
internacionalmente. As dificuldades atualmente encontradas por empresas que são
obrigadas a comprovar a correção ambiental de seus produtos e a cumprir exigências
burocráticas em cada país para onde exportam ficam, assim, superadas ou, pelo
menos, bastante reduzidas (VALLE, 1995).

Segundo Valle (1995), a sequência a ser seguida para obter a certificação nas
normas ISO

14.000 deverá obedecer, basicamente, às seguintes fases:

1ª fase →Deverá ser implantada os compromissos e princípios gerenciais, os


procedimentos a serem seguidos e deverá ter início o treinamento do pessoal, no que
se pode chamar de fase preparatória;

2ª fase → Uma segunda fase, de diagnóstico ou pré-auditoria, permitirá


identificar, com o auxílio de consultores, os pontos vulneráveis existentes;

3ª fase →A empresa se submeterá a uma auditoria ambiental que deverá


comprovar sua conformidade com os padrões de qualidade exigidos pela legislação
e pelos manuais de qualidade utilizados pela empresa.

A série ISO 14.000 não é apenas uma norma técnica, mas sim um sistema de

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normas gerenciais e administrativas que contêm um leque de alternativas, entre os


quais se inclui a possibilidade de certificação dos produtos da empresa. Para obter
essa certificação de um produto existem, contudo, dois temas de grande importância
a serem considerados – o Ciclo de Vida e a Reciclagem Ecológica (VALLE, 1995).

A série de normas ISO 14.000 tem como objetivo central um Sistema de Gestão
Ambiental que auxilie as empresas a cumprirem suas responsabilidades com respeito
ao meio ambiente. Como objetivos decorrentes, criam sistemas de certificação, tanto
das empresas como de seus produtos, possibilitando identificar aquelas empresas que
atendem à legislação ambiental e cumprem os princípios do desenvolvimento
sustentável (VALLE, 1995).

Conforme afirma Vale (1995), as normas da série ISO 14.000 não substituem a
legislação ambiental vigente no local onde está sendo instalada a empresa. Na
realidade a reforçam, ao exigirem o cumprimento integral dessa legislação local para
que possa ser concedida a certificação da empresa. As normas também vão
estabelecer, quando inteiramente implantadas, as diretrizes para auditorias
ambientais, avaliação do desempenho ambiental, rotulagem ambiental e análise do
ciclo de vida dos produtos, exigindo assim a total transparência da empresa e de seus
produtos com relação aos aspectos ambientais.

As normas da série ISO 14.000 deverão, portanto, servir de modelo para a


implantação desses programas no âmbito da empresa, possibilitando harmonizar os
procedimentos e diretrizes aceitas internacionalmente, com a experiência e a tradição
empresarial local.

1.3.3.2 Enfoque Organizacional: SGA (ABNT NBR ISO 14.001: 2004)

Neste contexto, surge uma pergunta importante: O QUE É UM SISTEMA DE


GESTÃO AMBIENTAL (SGA)?

Para responder este questionamento nos reportemos à definição da ABNT NBR


ISO 14.001 de 2004: “É a parte do Sistema de Gestão Global que inclui estrutura
organizacional, atividades de planejamento, responsabilidades, práticas,
procedimentos, processos e recursos para desenvolver, implementar, atingir, analisar
criticamente e manter a política ambiental” (ABNT NBR ISO 14.001, 2004).

As organizações, para manter e melhorar a qualidade de seus serviços e produtos


necessita reavaliar continuamente os seus procedimentos e comportamentos. Isto se

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aplica as variáveis, incluindo a ambiental. Entretanto, a maior parte das organizações


ainda se concentra na busca somente da redução de impactos ambientais
(procedimento reativo). Neste caso, o gerenciamento ambiental é baseado na
adequação à legislação, à redução de custos e à melhoria da imagem (SOARES, 2006).

Por outro lado, para organizações mais modernas com comportamento pró-
ativo, o meio ambiente é uma estratégia de negócio e fator de sucesso, assim como
programas de qualidade, de segurança e de custos. A cultura da organização é voltada
para o desenvolvimento sustentável. Em vez de programas institucionais visando
externalidades, os recursos são direcionados à prevenção e à minimização de
impactos. O meio ambiente passa a ser visto também como uma oportunidade
(SOARES, 2006).

A passagem do primeiro procedimento comportamental para o segundo requer


evidentemente uma mudança cultural de todos os colaboradores da organização. E a
consolidação de uma empresa pró-ativa passa, entre outros, pelo planejamento e
implantação de um Sistema de Gestão Ambiental (SGA) apropriado às suas
características (SOARES, 2006).

A elaboração de um SGA passa pelo diagnóstico e análise ambiental da


organização. Para tal finalidade, as técnicas mais utilizadas são:

▪ Análise de Risco (AR);


▪ Estudo de Impacto Ambiental (EIA);
▪ Auditoria Ambiental;
▪ Avaliação do Desempenho Ambiental;
▪ Avaliação do Ciclo de Vida (ACV).

De modo mais detalhado, o desenvolvimento e a implantação de um SGA em


organizações produtivas passam por uma série de etapas contínuas, que podem ser
assim resumidas (SOARES, 2006):

▪ Estabelecimento de princípios e compromissos ambientais;


▪ Revisão inicial das condições ambientais;
▪ Estabelecimento da política ambiental;
▪ Organização e pessoal;
▪ Comunicação às partes interessadas;
▪ Inventário de leis, normas e regulamentações;
▪ Análise de conformidade;

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▪ Elaboração do sistema de gestão ambiental;


▪ Manual, documentação e registros de gestão ambiental;
▪ Ações corretivas e preventivas;
▪ Controle operacional;
▪ Auditorias internas;
▪ Revisões gerenciais.

É importante ressaltar que a elaboração de um SGA é baseada nos preceitos


estabelecidos pelas normas ABNT NBR ISO 14.001 (ABNT, 2004).

Com a ISO 14.001 a organização apresentará as seguintes características:

▪ Melhoramento da imagem de marca;


▪ Efeitos pró-ativos em favor do meio ambiente;
▪ Passo para alcançar a qualidade total; iv. Abertura de mercados (derrubada
de barreiras);
▪ Redução de custos operacionais (programas de redução de perdas);
▪ Sobrevivência futura.

O que a ISO 14.001 requer?

▪ Compromisso com a melhoria contínua;


▪ Compromisso com a preservação da poluição;
▪ Compromisso com o cumprimento da legislação e outros requisitos.

Observações importantes sobre a ISO 14.001:

▪ Não exige a adoção da melhor tecnologia disponível!


▪ Não significa atestado de “excelência” ambiental!

Ou seja, para a implantação da ISO 14.001, não é necessário à organização adotar


ou desenvolver a melhor tecnologia existente, não é necessário modificar o layout de
produção e comprar as máquinas mais modernas. Não é necessário a organização ser
a número um na questão ambiental.

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1.3.3.3 Roteiro de Implantação do SGA e Elaboração do SGA

A implantação de um Sistema de Gestão Ambiental (SGA) pode ser dividida em


várias etapas. Um roteiro básico para implantação do SGA pode ser o seguinte:

▪ Sensibilização: a primeira etapa consiste na sensibilização de todos os


envolvidos sobre a importância da gestão ambiental e dos benefícios de
um SGA.
▪ Diagnóstico ambiental: o diagnóstico ambiental é fundamental para
identificar os aspectos e impactos ambientais significativos da
organização. Essa etapa envolve a identificação e avaliação dos processos,
atividades e produtos da organização, bem como dos riscos e
oportunidades ambientais associados a cada um deles.
▪ Definição da Política Ambiental: com base no diagnóstico ambiental, é
elaborada a Política Ambiental da organização, que deve refletir seus
compromissos com o meio ambiente e definir as metas e objetivos
ambientais a serem alcançados.
▪ Elaboração do Plano de Ação: o Plano de Ação é o documento que define
as ações a serem tomadas para atingir as metas e objetivos ambientais da
organização. Nessa etapa, são definidos os prazos, responsáveis e recursos
necessários para cada ação.
▪ Implementação das ações: após a definição do Plano de Ação, as ações
são implementadas de acordo com os prazos estabelecidos e os recursos
alocados.
▪ Monitoramento e Avaliação: é importante monitorar e avaliar
regularmente o desempenho ambiental da organização, com o objetivo de
avaliar a eficácia das ações implementadas e identificar oportunidades de
melhoria.
▪ Revisão e Melhoria Contínua: a revisão e a melhoria contínua são
fundamentais para o sucesso do SGA. A organização deve realizar revisões
periódicas do SGA e promover a melhoria contínua das práticas e
processos ambientais.

Essas etapas são interdependentes e devem ser implementadas de forma


integrada, com o objetivo de promover uma gestão ambiental eficaz e sustentável.

O roteiro de implantação e elaboração de um SGA são aspectos importantes na


gestão ambiental.

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Roteiro de Implantação de um SGA (ISO 14.001)

A Figura mostra um exemplo com o roteiro de implantação com etapas e


responsabilidades para implantação de um SGA.

Figura 4- Exemplo de Implantação de um SGA

Na Figura, o roteiro serve de exemplo para ser adaptado para diversas


organizações, tais como indústria sucro alcooleira, curtume, laticínio, cerveja e outras.

ETAPA 1:

A organização tem como compromisso principal implantar um SGA visando


reduzir os impactos ambientais causados por suas atividades, para manter e melhorar
a qualidade de seus serviços. Nesta etapa é importante que a organização assuma o
compromisso de implantar e acompanhar todo o processo.

Nesta etapa é realizado também o diagnóstico e avaliação inicial da organização,


ou seja, o perfil poluidor da empresa é avaliado em todas as suas fases de produção.

Segundo Soares (2006), qualquer atividade de gestão passa primeiramente pelo


conhecimento das variáveis que regem o sistema analisado. No caso do estudo de

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repercussões ambientais de uma atividade, o conhecimento do fluxo de matéria (ou


balanço de massa) envolvido é o procedimento primordial para a tomada de decisões.

Tradicionalmente, em se tratando de matéria, nada se cria, nada se elimina. Tudo


se transforma (Apesar de que em reações nucleares massa pode ser convertida em
energia).

As fronteiras do sistema devem estabelecer uma distinção entre os elementos


que o compõem dos elementos pertencentes ao ambiente. O ambiente representa
um sistema de ordem mais elevada no qual o aquele que está sendo examinado é
uma parte e, as modificações nos elementos do primeiro podem acarretar mudanças
diretas nos valores dos elementos contidos no sistema sob exame.

Sendo identificadas as fronteiras do sistema, é estabelecido o fluxograma das


operações e pode-se começar a avaliar o fluxo (e eventual acumulação) de materiais
no interior destas. Esta avaliação, em função do grau de conhecimento das variáveis
envolvidas, poderá seguir um dos dois modelos citados anteriormente.

Figura 5-Figura - Representação esquemática de balanço de massa

Fonte: SOARES (2006).

As substâncias que entram no sistema têm três destinos possíveis: sair


inalteradas, acumular no sistema ou serem convertidas em outras substâncias. Assim
sendo, pode-se representar matematicamente o balanço de massa pela equação (1).

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(Taxa de entrada) = (Taxa de saída) + (Taxa de decaimento) + (Taxa de


acumulação) (1)

Nesta equação, a conceito de taxa está associado ao fluxo de matéria em um


dado período de tempo. O decaimento apresentado não implica na violação da lei de
conservação das massas. Ele indica uma modificação (e não eliminação) da substância
original.

A equação (1) pode ser considerada para duas condições: sistemas conservativos
e sistemas não conservativos. A simplificação mais comum resulta quando o sistema
é considerado conservativo e em equilíbrio (O estado de estabilidade ou equilíbrio é
atingido quando a importação e a exportação de matéria e energia forem
equacionadas por meio do ajustamento das formas do próprio sistema,
permanecendo constantes enquanto não se alterarem as condições externas)

Neste caso nada muda com o tempo. A concentração de poluentes é constante.


A taxa de acumulação é considerada nula e não há decaimento (radioativo,
decomposição biológica ou reações químicas). Em outras palavras, a quantidade de
matéria que entra no sistema é a mesma que sai.

No que se refere ao decaimento, pode-se citar como exemplo de substâncias


consideradas com taxa de decaimento igual a zero, os sólidos totais dissolvidos ou
CO2 no ar (substâncias que se mantêm estáveis ao longo do tempo).

I - Um Sistema conservativo em equilíbrio:

Um sistema conservativo em equilíbrio pode ser representado como na equação

Taxa de entrada = Taxa de saída

Na Figura existe um fluxo de matéria, esgoto doméstico por exemplo, com vazão
QS (volume/tempo), e com concentração em poluente de CS (massa/volume). A outra
entrada pode ser um efluente industrial com vazão

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QR e concentração de poluente CR. A saída do sistema é uma mistura com vazão


QM e concentração CM. Se o sistema é considerado conservativo e em equilíbrio, o
balanço de massa poderá ser escrito segundo a equação (3).

CSQS + QRCR = CMQM

Onde QM pode ser considerado como igual a QS + QR.

Figura 6-Sistema conservativo em equilíbrio.

Fonte: SOARES(2006)

Uma tubulação industrial tem uma vazão de 10,0 m3.s-1 e uma concentração de
cloretos de 20 mg.L-1. Esta tubulação recebe a contribuição de um outro duto, cuja
vazão é de 5,0 m3.s-1 e a concentração em cloretos é de 40 mg.L-1.

Considerando o cloreto como uma substância conservativa e admitindo uma


mistura completa entre as duas vazões, qual a concentração de cloretos na saída do
sistema?

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Figura 7- Exemplo 1

Fonte: SOARES (2006).

II - Um Sistema não conservativo em equilíbrio:

Muitos dos poluentes ambientais sofrem reações química, biológica ou nuclear


em proporções tais a serem considerados como substâncias não conservativas, ou
seja, elas tendem a “desaparecer” com o tempo, ou ainda, a matéria de referência não
se conserva. Se admitirmos uma situação de equilíbrio e poluentes não conservativos,
então,

Taxa de entrada = Taxa de saída + Taxa de decaimento

O decaimento de substâncias não conservativas é em geral modelado como


reações de primeira ordem, isto é, assume-se que o fluxo de "perda" da substância é

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proporcional a quantidade da substância que está presente (SOARES, 2006).

Na equação (5), K é o coeficiente de reação com dimensão 1/tempo, o sinal


negativo significa uma diminuição da substância no tempo e C é a concentração de
poluente. A equação diferencial pode ser resolvida da seguinte maneira:

𝐶 𝑡
𝑑𝐶
∫ = ∫ (−𝑘). 𝑑𝑡
𝐶0 𝐶 0

De onde,

𝐶
In(C)-In(𝐶0 ) = 𝐼𝑛 𝐶 = 𝐾𝑡
0

Resultado,

C=𝐶0 𝑒 −𝐾𝑡

Sendo C0 = Concentração inicial, a concentração da substância em questão decai


exponencialmente.

Considerando que a substância é distribuída uniformemente no volume V, o total


de substância disponível no sistema é CV. A taxa total de decaimento da substância
não conservativa é d (CV)/dt = V dC/dt, ou seja,

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Taxa de decaimento = KCV

Pode-se, portanto, reescrever a equação do balanço de massa como sendo:

Taxa de entrada = Taxa de saída + KCV

A figura apresenta um lago com volume 10, 0.106 m3 que recebe uma vazão
(taxa) de 5,0 m3/s com concentração de poluente de 10,0 mg/l. Há também uma
descarga de 0,5 m3/s de um efluente industrial com a mesma poluição (concentração
= 100,0 mg/l). O coeficiente de reação é de 0,2/dia. Considerando que a poluição é
totalmente misturada e que não há evaporação ou outras perdas ou ganhos de
líquido, calcular a concentração de equilíbrio (na saída do sistema).

Solução

Hipótese: assumindo uma mistura completa e instantânea da poluição


originalmente presente no lago com o efluente industrial, a concentração C no interior
do lago é a mesma da saída, CM. Assim,

Taxa de entrada = taxa de saída + taxa de decaimento

Taxa de entrada = QSCS + QRCR

= (5,0 m3/s x 10,0 mg/l + 0,5 m3/s x 100,0 mg/l) x 103 l/m3

= 1,0.105 mg/s

Taxa de saída = QMCM = (QS + QR)C

= (5,0 + 0,5)m3/s x C mg/l x 103 l/m3

= 5,5.103C mg/s

Taxa de decaimento = KCV = (0,2/dia x C mg/l x 10,0 x 10 m3 x 103 l/m3)


/ (24 h/dia x 3600 s/h)

= 23,1.103C mg/s

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1,0.105 mg/s = 5,5.103C mg/s + 23,1.103C mg/s

C = 3,5 mg/l

Figura 8- Exemplo 2

Observação: a noção de conservação depende da referência utilizada para o


balanço de massa. Se esta referência for, por exemplo, uma molécula composta, existe
a possibilidade do sistema ser não conservativo devido à decomposição da molécula.
Se a referência for os elementos que compõem a molécula anterior, o sistema em
geral será conservativo.

ETAPA 2:

Nesta etapa são realizadas e definidas as seguintes ações:

Aspectos ambientais: São elementos das atividades, produtos ou serviços de


uma organização que pode interagir com o meio ambiente (ABNT NBR ISO 14.000,
2004), tais como:

▪ Emissões atmosféricas (CO, SO2, CO2);


▪ Lançamentos de contaminantes em corpos d'água (matérias sólidas
inorgânicas, DBO, metais pesados etc);
▪ Uso de matérias-primas e recursos naturais (jazidas, aditivos, água, etc);

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▪ Uso da energia;
▪ Resíduos e subprodutos.

Impactos ambientais: Mudanças no meio ambiente, prejudiciais ou benéficas,


que resultem total ou parcialmente dos aspectos ambientais (ABNT NBR ISO 14.000,
2004).

▪ Aquecimento global;
▪ Acidificação;
▪ Toxicidade;
▪ Poluição do rio;
▪ Esgotamento de matérias-primas;
▪ Contribuição ao esgotamento de recursos naturais.

Legislação Ambiental: É o conjunto de normas jurídicas que se destinam a


disciplinar a atividade humana para torná-la compatível com a proteção do meio
ambiente.

A legislação ambiental varia de acordo com o local onde está instalada a


empresa. As normas da série ISO 14.000 não a substituem, na realidade a reforçam,
ao exigirem o cumprimento integral dessa legislação local para que possa ser
concedida a certificação da empresa.

É necessário conhecer a legislação ambiental vigente no local onde está instalada


a organização, para em seguida, definir a política, os objetivos e as metas ambientais
da empresa.

No Brasil podem ser seguidas as recomendações do CONAMA (Conselho


Nacional do Meio Ambiente). No estado brasileiro que adotar uma política ambiental,
pode seguir a legislação específica como: São Paulo (CETESB), Rio de Janeiro (FEEMA),
Santa Catarina (FATMA), Paraíba (SUDEMA), etc.

Política ambiental da organização: A organização deve definir a sua política


ambiental adotando por exemplo:

• Adequar-se à legislação para reduzir multas e penalidades;

• Racionalizar o uso de energia e água;

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• Reciclar resíduos e subprodutos;

• Reciclar água;

• Fazer parcerias institucionais na tentativa de vincular a empresa a uma


imagem “ecologicamente correta”.

Objetivos ambientais da empresa: baseado no perfil poluidor a organização


deve definir os seus objetivos, tais como:

• Controlar as emissões gasosas;

• Reduzir a poluição do rio;

• Reduzir a geração de resíduos sólidos.

Meta ambiental da empresa: As metas são a quantificação dos objetivos em


termos de redução, tais como:

• Reduzir em 20% a poluição atmosférica;

• Reduzir em 35% a poluição líquida a ser lançada no rio;

• Reduzir em 50% a geração de resíduos sólidos industriais.

ETAPA 3:

Documentação: Nesta etapa todas as atividades devem ser expressas


formalmente em um único documento contendo os seguintes tópicos:

• Os princípios e compromissos ambientais da organização;

• A política ambiental e o programa de gestão ambiental da organização;

• As normas da função gestão da qualidade ambiental;

• A legislação nacional e internacional pertinente às atividades e processos


típicos da organização assim como requisitos internos de funcionamento;

• A estrutura orgânica da função;

• As atribuições da função gestão ambiental e os responsáveis;

• Os padrões de desempenho e de resultados da organização;

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• A descrição dos equipamentos e sistemas, existentes e previstos, que


passarão a ser geridos pela função;

• Os indicadores e variáveis ambientais de monitoração, indicando a


periodicidade das aferições, o responsável pelas aferições, e os meios de
divulgação dos resultados;

• A descrição do relatório de desempenho ambiental;

• A descrição dos processos de ações corretivas.

Treinamento:

Todos da organização têm que estar envolvidos desde o início do processo de


implantação do plano de ação, visando a futura certificação (a empresa é certificada
por uma auditoria).

Auditoria Interna:

As auditorias ambientais são processos de inspeções e levantamentos detalhados


acerca do nível de conformidade atingindo pela organização e dos impactos
ambientais dela resultantes, ocorrentes e previstos. Têm-se assim as auditorias de
conformidade legal e as auditorias de impactos ambientais.

Uma auditoria interna (através de equipes próprias) deve ser realizada com a
finalidade de:

▪ Determinar se as atividades do SGA estão em conformidade com o


programa ambiental aprovado e se estão sendo implementados de
maneira eficiente;
▪ Determinar a eficiência do SGA no cumprimento da Política Ambiental da
Organização;
▪ Treinar todo o pessoal da empresa.

ETAPA 4:

Avaliação Final:

As atividades para implementação de SGA serão propostas e colocadas em ação,

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de modo a atender os requisitos propostos pela legislação ambiental vigente no local


onde está instalada a empresa. O Plano de Ação do SGA proposto pode ser executado
conforme a Política Ambiental da empresa, já que as metas e os objetivos serão
implementados visando obter, no futuro, resultados ambientais positivos.

Com a implantação do SGA a indústria se compromete em atender os requisitos


preestabelecidos pela Norma ISO 14001, já que a mesma pode provocar um grande
impacto ambiental negativo. Geralmente as indústrias além de utilizar um grande
volume de água, geram efluentes de alta carga poluidora constituídos por matéria
orgânica, substâncias tóxicas e metal pesado.

As principais razões para a implementação de um SGA não estão só relacionadas


com a pressão legislativa, mas também são devidas a uma combinação de fatores, tais
como: exigências de clientes, melhoramento e recuperação da imagem no sentido de
responsabilidade com a comunidade, investimento ético e política de grupo.

Um SGA pode ser implantado em qualquer empresa, independentemente da


natureza da sua atividade ou do seu tamanho, permitindo que a mesma atinja o nível
de desempenho ambiental por ela determinado e promova sua melhoria ao longo do
tempo. Após a implementação do SGA, a empresa pode solicitar a sua certificação
pela ISO 14001.

ETAPA 5:

Nesta etapa são realizados os ajustes de implantação dos SGA em função das
atividades anteriores.

ETAPA 6:

Certificação

A certificação ambiental vem se revelando um importante instrumento de política


ambiental doméstica. Auxilia o consumidor, na escolha de produtos menos nocivos
ao meio ambiente, servindo de um instrumento de marketing para as empresas que
diferenciavam seus produtos no mercado, atribuindo-lhes uma qualidade a mais. A
eco compatibilidade dos produtos passa a ser, então, uma informação adicional ao
preço na escolha da cesta de consumo ambiental das organizações. A certificação não

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é concedida pela ISO, que é uma entidade normalizadora internacional, mas sim por
uma entidade de terceira parte devidamente credenciada.

No Brasil, foi estabelecido pelo CONMETRO (Conselho Nacional de Metrologia,


Normalização e Qualidade Industrial) o Sistema Brasileiro de Avaliação da
Conformidade, tendo sido o Inmetro designado por aquele Conselho como
organismo credenciador oficial do Estado brasileiro.

Uma certificação feita no âmbito do Sistema Brasileiro de Avaliação da


Conformidade tem que necessariamente ser realizada por organismo credenciado
pelo Inmetro. Como a Norma ISO 14001 tem caráter voluntário, as certificações
podem ser feitas fora do Sistema Brasileiro de Avaliação da Conformidade por
organismos credenciados ou não pelo Inmetro.

Independentemente da certificação ser feita dentro ou fora do Sistema Brasileiro


de Avaliação da Conformidade, quando realizada por organismo credenciado pelo
Inmetro, a mesma é conduzida com base nos mesmos requisitos e metodologia.

1.3.3.4 Elaboração do Plano de Gestão - SGA

A elaboração de um plano de gestão ambiental pode ser realizada aplicando os


componentes da Tabela.

Tabela- Principais componentes para elaboração de um plano de gestão - SGA

As Im Re Crité O M P C Resp
pectos pactos quisitos rios bjetivo eta razo usto onsável
Ambie Ambie Legais
Dese
ntais ntais
mpenho

(inte
rnos)

E
missõe
s
Líquida
s

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E
missõe
s
Gasosa
s

E
missõe
s
Sólidas

Na Tabela as emissões líquidas, gasosas e sólidas apresentam respectivamente


os aspectos ambientais, os impactos ambientais.

1.4 Auditorias
As auditorias ambientais são um processo de avaliação sistemática e
documentada dos aspectos ambientais de uma organização, com o objetivo de
verificar a conformidade com as normas e regulamentações ambientais, identificar
oportunidades de melhoria e promover a sustentabilidade. As auditorias podem ser
realizadas tanto internamente, pela própria organização, quanto externamente, por
empresas especializadas ou órgãos reguladores.

As auditorias ambientais podem ser classificadas em três tipos:

▪ Auditoria de conformidade: verifica se a organização está em


conformidade com as normas e regulamentações ambientais aplicáveis.
▪ Auditoria de desempenho: avalia o desempenho ambiental da
organização em relação aos seus objetivos e metas ambientais, bem como
às melhores práticas do setor.
▪ Auditoria de due diligence: avalia o desempenho ambiental de uma
organização como parte de um processo de avaliação de risco em uma
transação comercial, como uma fusão ou aquisição.

As auditorias ambientais podem ser realizadas de forma voluntária ou serem


exigidas por órgãos reguladores. A partir dos resultados da auditoria, são elaborados
relatórios com as conclusões e recomendações para a melhoria do desempenho
ambiental da organização. A implementação dessas recomendações pode ajudar a

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reduzir os riscos ambientais e a promover a sustentabilidade.

1.5 Avaliação do Ciclo de Vida – ISO 14.040


Avaliação do Ciclo de Vida (ACV) é uma técnica para avaliação dos aspectos
ambientais e dos impactos ambientais associados a um produto, compreendendo
etapas que vão desde a retirada da natureza de matérias-primas elementares que
entram no sistema produtivo (berço) a disposição do produto final (túmulo) (CHEHEBE
1998).

A ACV trata-se de uma ferramenta relativamente nova no mundo e, atualmente,


está sendo introduzida no Brasil, embora o país ainda não possua um banco de dados
público disponível as consultas para estudos de ACV.

A maneira como é definida a Análise do Ciclo de Vida (ACV) nos dias atuais
demonstram cada vez mais a sua importância nas avaliações de impactos ambientais,
sendo normalizadas pelas:

▪ ISO 14040 Gestão Ambiental – Avaliação do Ciclo de Vida: Princípios e


Estruturas.
▪ ISO 14041 Gestão Ambiental – Avaliação do Ciclo de Vida: Definição de
objetivo, análise do inventário e escopo.
▪ ISO 14042 Gestão Ambiental – Avaliação do Ciclo de Vida: Análise de
impostos associados ao ciclo de vida.
▪ iv. ISO 14043 Gestão Ambiental – Avaliação do Ciclo de Vida: Interpretação.

A Avaliação do Ciclo de Vida tem se mostrado uma ferramenta importante nas


questões de economia, qualidade e preservação do meio ambiente, pois concede
informações importantes na elaboração de novos produtos bem como
melhoramentos significativos nos processos atuais de funcionamento das empresas
que a empregam como ferramenta gerencial (CHEHEBE 1998).

1.6 Fases da ACV


Com base na ABNT NBR ISO 14040 (ABNT 2004) a metodologia com técnica de
ACV inclui quatro fases principais, inter-relacionadas entre si, como estão
mencionadas abaixo:

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1. Definição do objetivo e escopo da análise;

2. Inventário dos processos envolvidos, com enumeração das


entradas e saídas do sistema;

3. Avaliação dos impactos ambientais associados às entradas e saídas


do sistema (cálculos);

4. Interpretação dos resultados das fases de inventário e avaliação,


levando-se em conta os objetivos do estudo.

A ISO 14.040 estabelece que a Análise do Ciclo de Vida de Produtos deve incluir
a definição do objetivo e do escopo do trabalho, uma análise do inventário, uma
avaliação de impacto e a interpretação dos resultados, como mostrado na Figura.

Figura 9- Fases da ACV

Fonte: Chehebe(1998)

1.6.1 Objetivo e Escopo

Na ACV, o primeiro passo a ser seguido é a definição do objetivo do estudo, e


segundo Ferrão (1998), deve considerar as seguintes questões:

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▪ Quais razões levam à realização do estudo?


▪ Qual objetivo do estudo?
▪ Que produto ou função pretende-se estudar?
▪ A quem se destina os resultados?

O segundo passo em um estudo de ACV constitui o escopo da análise, o qual


definirá o sistema, os limites do sistema, os requisitos de dados, as pressuposições e
as limitações (quando conhecidos).

De acordo com Reis (1996) o objetivo de um estudo deve ser definido, incluindo-
se uma declaração clara e inequívoca do motivo pelo qual a ACV será conduzida, o(s)
uso(s) pretendido(s) para os resultados, o público-alvo, as metas iniciais de qualidade
dos dados e o tipo de processo de revisão crítica a ser utilizado.

Segundo Reis (1996) o escopo de um estudo definirá o sistema, os limites do


sistema, os requisitos de dados, as pressuposições e as limitações (quando
conhecidas).

Na prática, de acordo com Chehebe (1998) é recomendado que inicialmente seja


gasto relativamente pouco tempo formulando o escopo quando se inicia uma ACV A
experiência adquirida na busca de informações fará com que sejam necessários a
reformulação e o ajustamento do escopo do estudo.

Na definição do objetivo e do escopo do estudo de Avaliação do Ciclo de Vida


(ACV), devem ser considerados os seguintes pontos:

▪ Finalidade do estudo: o objetivo do estudo deve ser claramente definido,


considerando o que se pretende avaliar e as questões que se deseja
responder. Isso pode incluir a avaliação de impactos ambientais, a
comparação de diferentes produtos ou processos, ou a identificação de
oportunidades de melhoria.
▪ Fronteiras do sistema: é preciso definir as fronteiras do sistema a ser
avaliado, considerando quais as fases do ciclo de vida do produto ou
processo que serão consideradas. Essas fases podem incluir a produção de
matéria-prima, o transporte, a fabricação, o uso e a disposição final.
▪ Funcionalidade do sistema: é importante definir a funcionalidade do
sistema avaliado, ou seja, o que se espera que o produto ou processo
realize. Isso permite que sejam comparados produtos ou processos que
têm a mesma finalidade.
▪ Unidade funcional: a unidade funcional é a medida de desempenho do

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sistema avaliado e deve ser definida de forma clara e consistente. Ela


permite que sejam comparados produtos ou processos que têm a mesma
finalidade, mesmo que tenham tamanhos ou capacidades diferentes.
▪ Categorias de impacto: as categorias de impacto são as medidas
utilizadas para avaliar os impactos ambientais do produto ou processo. É
importante definir quais categorias de impacto serão consideradas, como
as emissões de gases de efeito estufa, o uso de recursos naturais, a
poluição do ar e da água, entre outras.
▪ Dados e limitações: é preciso definir quais dados serão utilizados no
estudo e quais as limitações da avaliação, como a falta de dados confiáveis
ou a incerteza associada a algumas informações.

Ao considerar esses pontos na definição do objetivo e do escopo do estudo de


ACV, é possível garantir a qualidade e a relevância dos resultados obtidos.

O estabelecimento da função e da unidade funcional do sistema.

A unidade funcional é uma das etapas mais importantes, sendo que serve de
comparação para cada parte do processo. Ex: kg de sabão por kg de roupa limpa, ou
kg de sabão por litros de água.

Os procedimentos de alocação.

Quando se estuda a reutilização de subprodutos no processo. Ex: água de


moagem para resfriamento dos fornos ou para remoção de particulados na chaminé.

Os requisitos dos dados.

Verifica-se a validade dos dados bem como sua origem e ano de estudo.

As hipóteses e limitações.

Os estudos de ACV são amplos, pode-se estender o estudo ao local ou até ao


âmbito global o que se torna inviável.

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Se for realizada Avaliação de Impacto e a metodologia a ser adotada.

A avaliação de impacto deve ser quantificada e qualificada.

Se for realizada a fase de Interpretação e a metodologia a ser adotada.

Avaliar qual impacto no meio ambiente merece priorização.

O tipo e o formato do relatório necessário ao estudo.

O relatório deve ser de fácil interpretação e utilização conforme onde os


resultados serão aplicados. Ex: laboratório de análises, para o governo.

A definição dos critérios para a revisão crítica, se necessária.

Deve-se rever todo o estudo para poder avaliar sua validade e utilização.

A Figura mostra o sistema relacionado ao produto e sua vizinhança. Onde os


fluxos elementares são as entradas ou passagens de matérias primas e outros
materiais no processo, ou saídas de materiais para outras indústrias, no caso de
subprodutos.

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OUTROS LIMITES DO SISTEMA


SISTEMAS
EXTRAÇÃO DE
FLUXO DO
PRODUTO
MAT-PRIMAS
FLUXO ELEMENTAR

TRANSPORTE
PRODUÇÃO
FLUXO ELEMENTAR
FLUXO ELEMENTAR

ENERGIA
USO
FLUXO ELEMENTAR
FLUXO ELEMENTAR

RECICLAGEM
REUSO
FLUXO DO
PRODUTO
FLUXO ELEMENTAR
TRATAMENTO
DE RESIDUOS
OUTROS
SISTEMAS

Figura 10- Sistema relacionado ao produto e sua vizinhança

Fonte: CHEHEBE (1998)

1.6.2 Análise do Inventário

Segundo Chehebe (1998) uma vez que o objetivo e o escopo do estudo foram
estabelecidos, a próxima fase da ACV é o Inventário. A definição do objetivo e do
escopo do estudo fornece um planejamento inicial sobre a forma como o estudo será
conduzido, O Inventário do Ciclo de Vida de um produto refere-se à coleta de dados
e aos procedimentos de cálculos. Em tese, o inventário é semelhante a um balanço
contábil-financeiro, só que medido em termos energéticos ou de massa. O total do
que entra no sistema em estudo deve ser igual ao que sai.

De uma forma geral deve-se organizar a fase de análise do inventário de acordo


com as seguintes atividades: preparação para a coleta de dados, coleta de dados,
refinamento dos limites do sistema, determinação dos procedimentos de cálculo e
procedimentos de alocação.

Como essas atividades devem ser realizadas em acordo com o objetivo e o


escopo do estudo e devem obedecer a uma série de parâmetros estabelecidos na
norma ISO 14041 estabelece alguns princípios que devem ser seguidos durante a fase
de inventário. A figura mostra as etapas operacionais que devem ser feitas durante
esta fase.

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Figura 11- Etapas operacionais

Fonte: CHEHEBE (1998)

1.6.3 Avaliação de Impactos

O resultado da etapa anterior é uma tabela de inventário para o sistema


estudado: uma longa lista de dados com intervenções ambientais que podem ser de
difícil interpretação, especialmente quando se comparam produtos.

O texto ISO CD 14042, aprovado em Kioto (Japão), em maio de 1997, propõe que
o processo de avaliação de impacto seja composto, no mínimo, dos seguintes
elementos:

a) Seleção e definição das categorias — onde são identificados os grandes


focos de preocupação ambiental, as categorias e os indicadores que o
estudo utilizará.
b) Classificação — onde os dados do inventário são classificados e grupados
nas diversas categorias selecionadas (relacionadas a efeitos ou impactos
ambientais conhecidos aquecimento global, acidificação, saúde humana,
exaustão dos recursos naturais, etc).
c) Caracterização — onde os dados do inventário atribuídos a uma
determinada categoria são modelados de forma a que os resultados

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possam ser expressos na forma de um indicador numérico para cada


categoria

Os dados são classificados e agrupados nas diversas categorias selecionadas


como o aquecimento global, acidificação, etc. Pode-se classificar em: Meios
receptores;

1.6.4 Problemas Ambientais

Atribuição de pesos

Alguns técnicos poderão desejar atribuir pesos aos resultados da avaliação de


impacta. Como a ponderação é um processo baseado em valores e pode envolver
critérios subjetivos, essa etapa e considerada por grande parte dos especialistas como
não-científica, altamente subjetiva e sujeita a distorções de caráter político-ideológico.

Segundo Soares (2006), o desempenho ambiental de um produto ou processo


passa primeiramente pela definição de um conjunto de critérios que possam
descrevê-lo, segundo a justificativa dos implicados no processo, como por exemplo,
consumo de matérias-primas, contribuição à produção de chuvas ácidas, etc.
Seguindo os termos anteriormente citados, os fatores de impacto (fluxo de matéria)
levantados durante o inventário devem ser classificados ou agrupados em categorias,
que são os grandes focos de preocupação ambiental.

Esta classificação pode considerar dois enfoques, utilizada independentemente


ou de forma complementar:

I ) Em função dos meios receptores nos quais os poluentes são rejeitados;

II) Em função dos problemas ambientais: neste caso cada fator de impacto vai ser
analisado com relação às consequências que ele tem sobre o ambiente.

Para caracterizar os impactos ambientais segundo a abordagem dos meios


receptores, será apresentada uma proposição que considera as emissões no ar e na
água pela utilização de volumes críticos e uma proposição que considera os volumes
de diferentes resíduos sólidos produzidos e destinados a aterro sanitário (SOARES,
2006).

I - Meios Receptores

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Volume crítico do ar e da água

Este procedimento suíço se apoia sobre os valores regulamentares de


concentração de rejeitos no ar e na água: atribui-se a cada fator de impacto
regulamentado (poeiras, cloro, chumbo, compostos orgânicos, etc.) a quantidade de
água ou de ar que seria necessária para "diluir" e atingir o limite de concentração
limite (volume crítico = emissão/valor limite) (SOARES, 2006).

Por exemplo, se uma regulamentação autoriza um rejeito no ar de 8 mg/m 3 de


CO, o ciclo de vida de 1 kg de vidro produz 78 mg de CO. Isto produz um volume
crítico de 9,75 m3 de ar (78/8) para o monóxido de carbono. O mesmo cálculo é
repetido para os demais poluentes. O volume crítico para um determinado sistema é
dado pela equação a seguir:

Volume crítico = S (rejeitado mi/Norma mi)

O volume crítico é um artifício matemático que permite simplesmente a


comparação entre os impactos dos diferentes materiais na água e no ar, e mesmo
assim, o usuário deve considerar os seguintes aspectos:

• As normas não são necessariamente científicas;

• As normas são variáveis de uma região a outra;

• Aplicável para rejeitos regulamentados;

• Não considera efeitos de sinergia e antagonismo.

Produção de resíduos sólidos

Pode-se considerar, por exemplo, o volume de resíduos de Classe I, Classe II A e


II B, a necessidade de tratamentos específicos, etc. No caso de volume, pode-se
recorrer à equação a seguir:

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𝐹𝑖
𝑉𝑟= ∑𝑛𝑖=1 𝑚𝑖
𝑃𝑖

Onde,

mi: massa do resíduo i

Fi: fator de compactação do resíduo

Pi: massa específica do resíduo i

II - Problemas ambientais

i) Esgotamento de matérias-primas

Consumo de matéria-prima

m = Smi

Onde:

mi: massa da matéria-prima i utilizada

ii) Potencial de aquecimento global: (PAG ou GWP de Global Warming


Potential)

Faz a medida em relação ao efeito de 1 kg de CO2.

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Figura 12- Potencial de aquecimento global em um horizonte de 100 anos

iii) Potencial de acidificação equivalente (PAE)

É a unidade escolhida para a medida da contribuição de uma substância gasosa


à acidificação.

O PAE (potential acid equivalent) que é igual a massa molar da substância x/


número de moles de H+ liberáveis por mol de S (enxofre). A tabela apresenta alguns
valores de PAE.

Figura 13- Tabela - Potencial de acidificação equivalente (PAE)

iv) Potencial de redução da camada de ozônio (PRCO ou ODP de Ozone


Depletion Potential)

É a medida em relação ao efeito de 1 kg de CFC-11.

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Figura 14-Potencial de redução da camada de ozônio

Estes índices significam que, por exemplo, no caso do aquecimento global deve-
se converter a contribuição de todos os gases que causam o aquecimento do planeta
tomando-se o CO2 como substância de referência (SOARES, 2006).

Em outras palavras, o efeito de aquecimento do metano é expresso em termos


da quantidade equivalente de CO2 que causaria o mesmo efeito de aquecimento
global.

Potencial de eutrofização:

É a medido em relação a 1 kg de fosfato

- Neste enfoque, uma mesma substância pode contribuir em mais de uma classe
de impacto, participando da pontuação final.

- Os critérios aqui apresentados, como já mencionados, não constituem uma lista


exaustiva. Outros podem fazer parte da avaliação como, por exemplo, ruído, odor,
toxicologia, ecotoxicologia, etc.

Interpretação dos Resultados

Hipóteses estabelecidas durante a Análise do Ciclo de Vida de um Produto


afetam seu resultado final. Necessita-se, portanto, realizar, ao término do trabalho,
antes do relatório final, uma avaliação dos resultados alcançados e dos critérios
adotados durante sua realização.

Os resultados da ACV devem ser relatados à audiência pretendida de forma justa,


completa e precisa. O tipo e o formato do relatório devem ser definidos na fase de

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escopo do estuda. Dois conceitos básicos são importantes na apresentação dos


resultados de um estudo de ACV.

▪ TRANSPARÊNCIA - Os resultados, dados, métodos, hipóteses e limitações


devem ser apresentados de forma transparente e com um grau de
detalhamento suficiente para permitir ao leitor uma completa
compreensão das complexidades e trocas inerentes a um estudo de ACV.
▪ DESAGREGAÇÃO - A desagregação dos dados é necessária a fim de
facilitar a interpretação dos resultados.

Deve-se apresentar a ACV como uma ferramenta de avaliação ambiental, para


assegurar uma maior eficácia da solução proposta, identificar e responsabilizar os
diferentes atores envolvidos.

A ACV é uma ferramenta de avaliação do impacto ambiental que tem como meta
(SOARES, 2005):

▪ Melhorar a compreensão dos aspectos ambientais associados aos


processos produtivos;
▪ Avaliar a seleção de diferentes materiais e processos;
▪ Permitir a seleção de indicadores ambientais e avaliação do perfil
ambiental;
▪ Auxiliar o processo de tomada de decisões;
▪ Avaliar os impactos para a implantação de SGA - ISO 14001.

1.7 Análise Multicritério: Ferramenta de Apoio na ACV


A Análise de multicritério será uma ferramenta usada para auxiliar na tomada de
decisão na avaliação do ciclo de vida.

As Metodologias Multicritério de Apoio à Decisão (Multicriteria Decision Aid –


MCDA) objetivam auxiliar analistas e decisores em situações nas quais há a
necessidade de identificação de prioridades sob a ótica de múltiplos critérios, o que
ocorre normalmente quando coexistem interesses em conflito (Gomes, 1999).

1.7.1 Conceitos Elementares

Em um problema multicritério vários agentes são atuantes. É preciso notar que


sua definição é meramente didática, muitas vezes confundindo-se entre si. Os

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componentes básicos de um problema de decisão multicritério são:

▪ Decisores – São os indivíduos que fazem escolhas e assumem


preferências, como uma entidade única, chamada de decisor, agente ou
tomador de decisão.
▪ Analista – É a pessoa encarregada de interpretar e quantificar as opiniões
dos decisores, estruturar o problema, elaborar o modelo matemático e
apresentar os resultados para a decisão. Deve atuar em constante diálogo
e interação com os decisores, em um processo de aprendizagem
constante. Embora não seja recomendável, é comum que o analista seja
um dos decisores.
▪ Modelo – É o conjunto de regras e operações matemáticas que permitem
transformar as preferências e opiniões dos decisores em um resultado
quantitativo
▪ Alternativas – Alternativas são ações globais, ou seja, ações que podem
ser avaliadas isoladamente. Podem representar diferentes cursos de ação,
diferentes hipóteses sobre a natureza de uma característica, diferentes
conjuntos de características etc.
▪ Critérios – Os critérios são as ferramentas que permitem a comparação
das ações em relação a pontos de vista particulares (Roy, 1985). Bouyssou
(1990) define um critério mais precisamente como uma função de valor
real no conjunto A das alternativas, de modo que seja significativo
comparar duas alternativas a e b de acordo com um particular ponto de
vista, ou seja, é a expressão qualitativa ou quantitativa de um ponto de
vista utilizado na avaliação das alternativas. Cada alternativa possui um
valor segundo cada critério.

A cada critério está associado um sentido de preferência (indica se o valor é tanto


melhor quanto mais elevado – maximização – ou se o valor é tanto melhor quanto
mais baixo – minimização); uma escala (por exemplo, ótimo = 3; bom = 2; ruim = 1);
uma estrutura de preferências.

1.7.2 Princípios básicos de análise multicritério

O apoio à decisão caracteriza-se por ser um processo desenvolvido em etapas.


Quando este processo apresenta um grande número de decisores com posições
divergentes, este passa a ser uma negociação, exigindo certo formalismo, a fim de
manter a estrutura do processo (Maystre e col, 1994).

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De um modo geral, os processos de apoio à decisão baseados em análise


multicritério passam pelas seguintes etapas (SOARES, 2006):

▪ Formulação do problema. De um modo bastante simplista, corresponde,


a saber, sobre o que se quer decidir.
▪ Determinação de um conjunto de ações potenciais. O problema
estando formulado, os atores envolvidos na tomada de decisão devem
constituir um conjunto de ações (alternativas) que atendam ao problema
colocado. Por exemplo, áreas para implantação de um aterro sanitário,
materiais para produção de uma embalagem, processos para eliminação
de resíduos, etc.

1.7.3 Elaboração da uma família coerente de critérios.

Definição de um conjunto de critérios que permita avaliar os efeitos causados


pela ação ao meio ambiente. Esta etapa passa por um processo de definição do
sistema e quantificação dos elementos intervenientes no mesmo, em geral, baseados
em uma unidade funcional A quantificação/medição desta função identificada e
realizada é chamada unidade funcional. Ela é a referência a qual são relacionadas às
quantidades mencionadas no inventário (balanço de massa). Ela considera
simultaneamente uma unidade de produto e uma unidade de função.

Determinação de pesos dos critérios e limites de discriminação. Os pesos


exprimem de alguma maneira, através de números, a importância relativa de cada
critério. A ponderação de critérios pode ser realizada por meio de diversas técnicas
(hierarquização de critérios, notação, distribuição de pesos, taxa de substituição,
regressão múltipla, jogos de cartas, etc.).

Os valores dos critérios podem ser expressos basicamente em escalas ordinais e


cardinais. A escala ordinal é caracterizada por permitir apenas a aplicação das relações:
maior que (>), menor que (<) ou igual a (=) sobre seus valores. As classificações,
escores, rankings, notas escolares, são exemplos de escalas ordinais, mesmo que
sejam expressas através de números.

A experiência tem demonstrado (Maystre e Bollinger, 1999) que a construção de


uma família coerente de critérios, caracteriza-se por ser uma tarefa longa com
sucessivas aproximações, entre os objetivos desejados e a possibilidade de
atendimento com os recursos financeiros, tempo e conhecimentos disponíveis. Neste
sentido, a construção de uma família coerente de critérios exige que sejam respeitados

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três princípios:

▪ Não Redundância: Obriga a excluir critérios que estejam avaliando


características já avaliadas por outro critério. Requer que não se possa
retirar nenhum critério da família de critérios sem afetar as duas primeiras
condições. Bouyssou (1990) cita ainda duas importantes qualidades de
uma família de critérios: legibilidade, isto é, uma família deve conter um
número suficientemente pequeno de critérios de modo que o acesso a
informações Inter critérios seja facilitado na implementação de um
procedimento de agregação; operacionalidade, isto é, a família deve ser
considerada por todos os atores com uma base para a continuidade do
processo de apoio à decisão.
▪ Exaustividade: Impõe a necessidade de descrever o problema levando em
conta todos os aspectos relevantes. Segundo Roy e Bouyssou (1993), o
axioma da exaustividade implica em considerar como indiferentes duas
alternativas que apresentam desempenhos iguais em todos os critérios. Na
exaustividade todos os pontos de vista devem ser levados em
consideração;
▪ Coerência: Obriga à correta análise de quais são os critérios de
maximização e quais os de minimização. Supõe que se a alternativa a
apresenta desempenhos iguais aos da alternativa b, excetuando-se o
desempenho em um critério j em que a é melhor que b, então a não poderá
ser considerada pior que a alternativa b, para todos os critérios.

1.7.4 Agregação dos Critérios.

Consiste em associar, após o preenchimento da matriz de avaliação e segundo


um modelo matemático definido, as avaliações dos diferentes critérios para cada ação.
As ações serão em seguida comparadas entre si por um julgamento relativo do valor
de cada ação.

Com relação à maneira de proceder à agregação dos critérios, dois métodos


podem ser utilizados: a agregação total e a agregação parcial. Na agregação total as
ações são comparadas em conjunto, através de uma operação única, enquanto que a
agregação parcial permite a comparação par a par das ações estabelecendo relações
de superação entre as mesmas.

A seguir são apresentados alguns métodos utilizados para a realização de análise

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multicritério (sem intenção de serem referências). São eles a soma ponderada, o


produto ponderado e a média ponderada modificada.

1.7.5 Métodos Multicritério – Abordagem Multi Atributo

Pode ser dividido em: Métodos de Eliminação Sequencial ou Métodos


Elementares e em Métodos de Ponderação.

Os Métodos de Eliminação Sequencial estão decididos em Métodos Conjuntivos


e Disjuntivos, Método de Dominância e Método Lexicográfico.

Os métodos de ponderação estão divididos em Método de Tradeoffs, Método


AHP (Analytic Hierarchy Process), Método UTA (Utilité Additive) e O método MACBETH
(Measuring Attractiveness by a Categorical Based Evaluation Technique).

Os métodos mais utilizados são aqueles nos quais as preferências são agregadas
de maneira aditiva e podem ser classificados como Métodos de Agregação por uma
Função de Síntese.

Neste contexto será estudado apenas o método de ponderação: soma


ponderada.

Soma Ponderada:

Após a elaboração da matriz de avaliação, a soma ponderada consiste em atribuir


pesos para cada critério e em seguida, para cada ação, realizar um somatório do
produto do peso pela avaliação do critério. O somatório obtido é divido pela soma
dos pesos atribuídos equação 1). A seguir é mostrado um exemplo conforme Soares
(2006):

C1 C2 Cm

p1 p1 . pm

A1 E11 E12 E1m

A2 E21 E22 E2m

An En1 En2 Enm

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Figura 15- Matriz de avaliação multicritério

Legenda: Ci: Critério; Ai: Opção ou ação; pj: Coeficiente de ponderação; Ei: Avaliação (valor) do critério i
para ação j.

Atenção: Os pesos pj permitem “relativizar” os critérios entre si segundo a


importância que lhes é dada pelas partes envolvidas.

𝑗
∑𝑛𝑖−1 𝐸𝑖𝑗 . 𝑃𝑖
𝑆 =
∑𝑛𝑖−1 𝑃𝑖

Sj: Soma ponderada da ação j

Por exemplo, para um conjunto de 3 critérios, a soma ponderada de uma ação j


seria: Sj = (C1.p1 + C2.p2 + C3.p3)/(p1 + p2 + p3)

Se a soma dos pesos (Spi) for igual a 1, a soma ponderada será facilitada, pois
haverá redução do número de operações matemáticas, de acordo com a equação 8 a
seguir:
𝑛
𝑗
𝑆𝑗 = ∑ 𝐸𝑖 . 𝑃𝑖
𝑗−1

A melhor opção entre as ações analisadas será aquela que apresentar o maior ou
menor valor (de acordo com a notação utilizada) Para que o resultado não seja
matematicamente distorcido há necessidade de que as avaliações de todos os critérios
tenham o mesmo sentido de preferência. Em outras palavras, se para um critério
quanto maior a sua avaliação pior o desempenho da ação, então este sentido deve
ser usado para os demais critérios considerados.

Por exemplo, supor hipoteticamente a avaliação de uma ação pelos critérios


emissão de particulados e eficiência de remoção de odores. Se para o primeiro quanto
menor o valor melhor o desempenho ambiental, para o segundo a situação é invertida.

Neste caso, se os critérios forem mantidos, a solução está em multiplicar as


avaliações de um dos critérios por um fator negativo. Assim, para o segundo critério,
quanto menor o número (negativo), melhor será a eficiência do processo.

O método da soma ponderada busca a sintetização de vários critérios em um

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critério único (agregação total transitiva) eliminando qualquer tipo de


incomparabilidade e garantindo um ordenamento das ações (procedimento?) Para os
problemas de gestão ambiental, a soma ponderada na sua forma mais simples
apresenta algumas limitações, dentre as quais se podem citar a sensibilidade à
mudança de escala e a compensação entre critérios.

1.7.5.1 Sensibilidade à Mudança de Escala

Considere um exemplo hipotético de escolha de um equipamento para realizar


uma determinada atividade. 3 opções, que realizam a função desejada, são pré-
selecionadas (A, B e C).

Definiu-se que a escolha do equipamento dar-se-á pela análise de dois critérios


ambientais: consumo de energia (kWh/ano) e massa de resíduos produzidos
(ton/ano). Para o primeiro critério a comissão julgadora atribuiu uma importância de
80% e para o segundo, 20%.

A escolha deverá recair sobre a ação que consumir a menor quantidade de


energia e igualmente produzir a menor quantidade de resíduos. Através de soma
ponderada a alternativa C é a que melhor sintetiza as condições estabelecidas, de
acordo com a tabela.

Figura 16- Dados iniciais: Mudança de Sensibilidade

Fonte: Soares (2006)

Considere agora que a produção de resíduos seja expressa não mais em


toneladas, mas em quilogramas. Esta mudança de escala é uma operação simples e
totalmente aceitável, por exemplo por conveniências de cálculo.

Os novos dados e resultados são apresentados na tabela.

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Figura 17-Tabela - Dados modificados: Mudança de escala

Fonte: Soares (2006)

Constata-se que a classificação das ações foi alterada. Portanto, a mudança de


escala, influencia os resultados da soma ponderada num segundo caso considere, por
exemplo, a escolha da área mais apta para um aterro sanitário dentre as opções A, B
e C. Esta definição será feita baseada nos critérios 1, 2, 3 e 4.

Figura 18- Dados iniciais – Mudança de escala

Fonte: Soares (2006)

Percebe-se novamente a alteração da classificação final entre as alternativas


analisadas em função da sensibilidade à mudança de escala, mesmo que,
matematicamente a operação não esteja incorreta.

1.7.5.2 Compensação Entre Critérios

Um segundo inconveniente da soma ponderada refere-se à compensação de


critérios: um projeto, sofrendo uma avaliação muito negativa sobre um critério, pode
compensá-la por avaliações mais positivas sobre outros critérios.

Suponha por exemplo que dois alunos de primeiro grau sejam comparados com
relação a quatro disciplinas. As notas variam de 0 a 10 sendo a média de aprovação

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geral seja igual a 6.

Na tabela é constatado que o aluno 1 apresenta globalmente um melhor


rendimento que o aluno 2. Ele tem um desempenho ligeiramente superior ao segundo
nas três primeiras disciplinas e nitidamente inferior na quarta disciplina (menos
importante é verdade).

Na tabela, a situação é ainda mais problemática. Novamente, o aluno 1 é


globalmente preferível ao aluno 2, entretanto o aluno 2 foi aprovado em todas as
disciplinas, enquanto que o aluno 1, mesmo com média global superior, foi reprovado
em uma disciplina.

Para que esta situação ocorra, na maior parte das escolas a média ponderada dos
resultados é reforçada por notas mínimas de admissibilidade.

Figura 19-Primeiro conjunto de dados

Fonte: Soares (2006)

Figura 20- Segundo conjunto de dados

Fonte: Soares (2006)

Este fenômeno de compensação é particularmente constrangedor em gestão


ambiental.

As deficiências da soma ponderada são graves, sobretudo quando os critérios


considerados são de caráter geral e buscam representar o universo mental dos atores.
Neste caso, a compensação de avaliações conduz a uma traição dos pontos de vista.

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Por outro lado, a soma ponderada é um instrumento cômodo, quando se trata de


critérios diretamente associados a um fenômeno observável, ou mensurável (Maystre
e col., 1994).

ETAPA 3:

Documentação:

A gestão ambiental, a ser implantada na usina será expressa em um único


documento contendo os seguintes tópicos:

• Os princípios e compromissos ambientais da organização;

• A política ambiental e o programa de gestão ambiental da organização;

• As normas da função gestão da qualidade ambiental;

• A legislação nacional e internacional pertinente às atividades e processos


típicos da organização assim como requisitos internos de funcionamento;

• A estrutura orgânica da função;

• As atribuições da função gestão ambiental e os responsáveis;

1.8 Considerações Finais


Com a implantação do SGA a usina se compromete em atender os requisitos
preestabelecidos pela Norma ISO 14.001, já que a mesma provoca um grande impacto
ambiental negativo. A usina de álcool, além de utilizar um grande volume de água, é
uma das indústrias mais poluidoras que se conhece, pois gera efluentes de alta carga
poluidora constituídos por matéria orgânica.

As principais razões para a implementação de um SGA não estão só relacionadas


com a pressão legislativa, mas também são devidas a uma combinação de fatores, tais
como: exigências de clientes, melhoramento e recuperação da imagem no sentido de
responsabilidade com a comunidade, investimento ético e política de grupo.

Um SGA pode ser implementado em qualquer empresa, independentemente da


natureza da sua atividade ou do seu tamanho, permitindo que a mesma atinja o nível
de desempenho ambiental por ela determinado e promova sua melhoria ao longo do
tempo. Após a implementação do SGA, a empresa pode solicitar a sua certificação

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pela ISO 14.001.

1.9 Referências Bibliográficas


Associação Brasileira de Normas Técnicas – ABNT – ABNT ISO 14.000 - Sistemas da
Gestão Ambiental – Requisitos com orientações para uso. 2004. 24p.

BOUYSSOU, B. Building criteria: a prerequisite for MCDA. In: BANA E COSTA C.A. (Org.).
Readings in Multiple Criteria Decision Aid, 1990, p. 58-80.

CHEHEBE, J. R. B. Análise do Ciclo de Vida de Produtos – ferramenta gerencial da


ISO14000. Ed. Qualitymark, Rio de Janeiro, 1998.

COIMBRA, J. A. O outro lado do meio ambiente. São Paulo: Cetesb, 1985.

FERRÃO, P.C. Introdução à Gestão Ambiental – a avaliação do ciclo de vidados


produtos. IST Press. Lisboa, Portugal 1998.

GOMES, E.G. Integração entre Sistemas de Informação Geográfica e Métodos


Multicritério no Apoio à Decisão Espacial. 1999. Tese (Mestrado em Engenharia de
Produção), COPPE/UFRJ, Rio de Janeiro.

MACEDO, ISAIAS DE C. IMPACTS ON THE ATMOSFHERE, IN HASSUAMI, SULEIMAN, J.


ET AL.

BIOMASS POWER GENERATION: SUGAR CANE BAGASSE AND TRASH. SÉRIE


CAMINHOS PARA A SUSTENTABILIDADE. PIRACICABA. CTC, CD-ROM, 2005.

MAYSTRE, L. Y.; PICTET, J.; SIMOS, J. Méthodes multicritères ELECTRE. 1. ed. Lausanne:
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MAYSTRE, L. Y.; BOLLINGER, D. Aide à la négociation multicritère. 1. ed. Lausanne:


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NASCIMENTO, DIANA. CORRIDA PELA CÉLULA A COMBUSTÍVEL BRASILEIRA.


RIBEIRÃO PRETO, IDEANEWS, ANO5, NO.57, JULHO DE 2005.

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SANTAELLA, S. T. (2000) “Estudo de Tecnologias Apropriadas para o Tratamento dos


Efluentes da Indústria de Castanha do Caju”. Engenharia Sanitária e Ambiental ABES,
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VALLE, C. E. do. Qualidade ambiental: O desafio de ser competitivo. Editora Pioneira.

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