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NÚCLEO DE ASSISTÊNCIA EM SAÚDE MENTAL CASA VERDE

A DANÇA DOS LOBOS


Giovana Bion

Full Fathom Five, por Jackson Pollock, 1947

Rio de Janeiro
Março de 2022
“Minha pintura não vem do cavalete... No chão fico mais à vontade. Eu me sinto mais
perto, mais parte da pintura, pois assim eu posso andar em volta dela, trabalhar pelos
quatro lados e literalmente estar na pintura.”
- Jackson Pollock
1. Ensaio e O Tempo

“não sou o silêncio


que quer dizer palavras
ou bater palmas
pras performances do acaso

sou um rio de palavras


peço um minuto de silêncios
pausas valsas calmas penadas
e um pouco de esquecimento

apenas um e eu posso deixar o espaço


e estrelar este teatro
que se chama tempo”
- Paulo Leminski

Eu havia acabado de ler a obra “Toda Poesia” quando comecei minha experiência
como estagiária no Casa Verde. Esse poema, especificamente, me povoou, pois,
diferente de Leminski, eu não conseguia estrelar este teatro que se chama tempo.
Com cenas angustiantes e papéis excruciantes, esta peça especialmente era algo que
me assombrava. Nunca me senti preparada para tal protagonismo. Do imediatismo ao
outro extremo da procrastinação, não era comum minha dança com o tempo fluir de
forma despojada.
Após algumas – muitas – sessões de análise entre o meu “sim” e o de fato início da
minha experiência no Casa Verde, meu primeiro estágio, prometi a mim mesma que
tentaria aceitar o protagonismo. Sem procrastinações, sem imediatismos e a régua que
mediria meu progresso seria a minha própria, não a alheia. E assim foi. Mesmo com
algumas recaídas e tropeços inerentes, pouco demorou para eu me sentir confortável
naquele ambiente. Confortável no desconforto, confortável na insegurança,
confortável no não saber. Minha primeira prática era um mundo completamente novo.
Quando tive as disciplinas que tangenciavam a Psicopatologia na faculdade, todas as
minhas percepções sobre saúde mental e visões subjetivas ficaram biologizadas. Foram
manuais e manuais transmitidos e eu carregava o DSM debaixo do braço, como um
padre que carrega a bíblia numa missa de domingo, achando que aqueles escritos
seriam a fonte de todas as verdades. Ao passar no processo seletivo do Casa Verde,
prestado pela segunda vez, achava que lidaria de forma relativamente fácil. Decoraria
um punhado de sintomas e pronto: tudo se tornaria calculadamente previsível.
Contudo, o primeiro tapa na cara que levei foi o da singularidade. Após meses e meses
de incertezas e inseguranças, soube que não daria mais para me guiar cegamente
pelos manuais. É um mundo feito de apostas, de erros e, de vez em quando, alguns
acertos. Cada caso é um caso, cada um é cada um e eles mesmos escrevem seus
próprios manuais, permanentemente modificados e atualizados. A angústia, nesse
trabalho, seria minha melhor amiga, e mal sabia eu que, além de tratar, seria também
tratada.
Meses se passaram, até que o tempo, mais uma vez, bateu em minha porta. Sabia que,
no final dessa experiência, teria que entregar um caso clínico. Mas sobre o que falar?
Sobre quem falar? Como falar? Eram tantos questionamentos que me tomavam conta,
parecia que todo meu processo no hospital dia havia sofrido um apagão. Achava que
não tinha nada a oferecer, que não tinha criado vínculos profundos e comecei a
questionar todo o meu desempenho até aquele momento.
Novamente, após algumas – muitas – sessões de análise e trocas essenciais com
minhas afinidades dentro da instituição, tudo ficou muito mais claro. Era para eu
continuar fazendo o que sempre fiz. Estava bem ali. A transferência havia me dado
tudo. Já dizia Freud, em “A Dinâmica da Transferência” (1912),

“Essa luta entre médico e paciente, entre intelecto e vida instintual, entre conhecer e
querer ‘dar corpo’, desenrola-se quase exclusivamente nos fenômenos da
transferência. É nesse campo que deve ser conquistada a vitória (...)”

Depois de incontáveis reflexões e com a volta da perspectiva do tempo como meu


aliado, não meu inimigo, reparei que passava boa parte dos turnos manejando a
relação entre dois frequentadores, maestrando a dança de dois lobos. Ambos
massivos, ambos presentes. Para com ele, auxiliava no controle de consumo de
cigarros; para com ela, fazia um trabalho de diluição de ações e falas repetitivas ao
som de muito Rolling Stones; para com ambos, manuseava, segundo ela, um casal.
Uma bomba quase sempre prestes a explodir. Ele chamarei de O Militar, ela chamarei
de Angie.

2. O Militar

“E agora, José?
Sua doce palavra,
seu instante de febre,
sua gula e jejum,
sua biblioteca,
sua lavra de ouro,
seu terno de vidro,
sua incoerência,
seu ódio – e agora?”
- Carlos Drummond de Andrade

V.: Faz massagem na minha mão?


Ele começa a fazer, mas a atividade dura pouco.
O Militar: Eu realmente preciso fazer isso?
- Você não precisa fazer massagem nela se não quiser, O Militar. Isso te deixa
desconfortável?
O Militar: Sim. Carinho, para mim, é uma coisa íntima, né? Me lembro da minha mãe e
como ela fazia carinho em mim.

Sempre que me refiro a’O Militar, este diálogo me vem à mente. A doçura em pessoa,
com uma importância inestimável dada à intimidade. Todavia, longo foi o tempo que
levou para eu conseguir acessar e captar esse lado dele, com a transferência já
estabelecida e concretizada. Para trançá-la, fiz o uso de uma arma que, por mim, era
subestimada: o silêncio. Antes disso, meu narcisismo era meu escudo. Sendo a
Psicanálise a cura pela fala, eu sempre queria ter algo a dizer. Tentava sustentar um
discurso do saber completamente incompatível com a técnica psicanalítica. Como alvo
de crítica de Lacan em “A Direção do Tratamento e Os Princípios do Seu Poder” (1953),
me encontrava fazendo uma Psicologia do Ego com O Militar. Em vez de dirigir o
tratamento, acabava por dirigir a pessoa, impondo o que eu achava ser o melhor para
ela. Uma dança que ele não queria participar.
Após muitos textos lidos, sendo este dos Escritos uma chave de virada, e feridas
narcísicas abertas, percebi que não era eu que dirigiria o tratamento de forma alguma.
Na orquestra analítica, eu jamais seria o maestro. Essa posição seria ocupada pela Ética
da Psicanálise, do desejo, força motriz do tratamento. Já dizia Bruce Fink em
“Introdução Clínica à Psicanálise Lacaniana” (1997),
“O ‘desejo do analista’ é um desejo que mantém um equilíbrio muito delicado,
enfatizando cada manifestação do inconsciente (mesmo quando ela interrompe algo
que o analista está pessoalmente interessado em escutar, mesmo quando ela não
parece combinar com o que o analista conseguiu compreender até esse momento)(...),
sem sugerir que o analista tem uma dada intenção e está tentando levá-lo a dizer ou
fazer algo em particular.”

Sendo assim, manejaria a relação analítica a partir da minha própria ignorância sobre
O Militar, me dando a teoria um norte, mas jamais ultrapassando o discurso do não
saber. Para a vitória ser conquistada, não teria que me portar como um mestre, e sim
como um resto. E o silêncio, nessa análise, foi o solo fértil para o estabelecimento da
transferência, para a organização do paciente dentro dela. Em certas situações, tudo
que O Militar precisava era espaço, não palavras. A partir disso, tudo se encaminhou
para a construção de um vínculo.
Após o manejo ter começado a dar frutos, finalmente consegui conhecê-lo mais
afundo, entender mais suas características e sua história. Já serviu na Aeronáutica e
sempre exercia uma postura de guardião da instituição. Se interessava muito pelas
músicas do Fábio Júnior. Sempre com um dicionário em mãos e questionando os
significados das palavras, O Militar se mostrava bastante interessado pela linguagem.
Contudo, por ter estrutura psicótica – predominância do Imaginário -, sua relação com
ela se mostrava muito diferente da estrutura neurótica – predominância do Simbólico.
Como um bloco de concreto, a palavra vira coisa. Esta última predominância é
organizada pelo que Lacan chama de “estádio do espelho”, didaticamente explicado
por Bruce Fink, ainda em “Introdução Clínica à Psicanálise Lacaniana” (1997). É uma
época em que a vida da criança se encontra desorganizada, um misto de sensações e
percepções sem a formação de qualquer coesão, de qualquer concretude e, de acordo
com Lacan, a imagem especular da criança é a primeira a lhe passar uma imagem de
sua unidade. Tal imagem é investida de libido, se tornando o molde do ego infantil, e
isso acontece por causa de um gesto de aprovação feito pelo Outro parental que está
com a criança no momento em que a mesma se olha no espelho. A imagem especular
é legitimada pelo reconhecimento, quando afirmam “sim, é você”. O estádio do
espelho é promotor de ordem, de estruturação, de organização do caos de percepções
e sensações anterior. Assim, a criança é levada ao desenvolvimento de um sentimento
de “eu”, antecipando um princípio de identidade pessoal. Esse reconhecimento é
associado ao ideal do eu, ou seja, como ela internaliza os ideais dos pais (expressos
simbolicamente) e julga a si mesma de acordo com eles. Ela internaliza a visão
percebida que os pais têm dela e passa a se ver como os pais a veem. Assim, o registro
imaginário – imagens visuais, auditivas, olfativas, táteis, outras percepções sensoriais e
o campo da fantasia – é reescrito pelo simbólico, pelas falas usadas pelos pais para
expressar sua visão do filho. A substituição do Imaginário pelo Simbólico leva à
subordinação das relações imaginárias, caracterizadas pela agressividade, às relações
simbólicas, caracterizadas pela preocupação com ideais, lei, autoridade, desempenho,
culpa, etc. Essa substituição está estritamente ligada ao complexo de castração.
Contudo, na psicose essa reescrita não é feita. Teoricamente falando, pode-se dizer
que isso se deve à instalação falha do ideal do eu, à foraclusão do Nome-do-Pai, à não
iniciação do complexo de castração, entre muitas outras alternativas. Nessa estrutura,
a predominância é do Imaginário, e o Simbólico sofre um processo de
“imaginarização”, ou seja, é assimilado não como um aspecto completamente
diferente, mas pela via da mimetização. Como já dito anteriormente, o ideal do eu
serve para a amarração de uma ideia de si mesmo, para ligá-lo ao reconhecimento de
um Outro parental, e sua ausência deixa o sujeito com uma noção precária de si
mesmo, sendo muito comum testemunharmos na psicose uma confusão entre o eu e o
outro.

O Militar: Deus escreve certo por linhas tortas.


- O que você acha desse ditado?
O Militar: por que Deus escreve certo por linhas tortas? Ele não consegue usar uma
régua? Um compasso? Um transferidor?

L: vamos dançar?
O Militar: eu não vou pagar esse mico. O mico está custando caríssimo. Está custando
20 reais!
A nota de 20 reais é ilustrada por um mico.

Sendo a linguagem na psicose assimilada de uma forma completamente diferente da


neurose, um dos exemplos é a coisificação da palavra, a falha em cunhar metáforas,
devido à ausência ou estabelecimento falho do sentido primário, da metáfora
primária: a paterna. Ela cria um significado fundador e inabalável da proibição do
incesto, sendo um ponto articulador entre a linguagem e o significado (este sendo a
realidade socialmente construída).
Algo muito comum também na psicose – e n’O Militar – é a utilização de neologismos.
Incapaz de criar novos sentidos pela utilização das mesmas palavras e do cunho de
novas metáforas, o psicótico é levado à tal figura de linguagem.
O Militar: eu sou “natiundo” de Pernambuco.
Nascido em tal lugar, era natural e oriundo. Fez a afirmação de forma ansiosa, disse
que era verdade, que tinha muita certeza de tal alegação.

3. Angie

“I can’t get no satisfaction


I can’t get no satisfaction
Cause I try, and I try and I try”
-“I Can’t Get No Satisfaction”, The Rolling Stones

Boca incapaz de barrar a língua. Excesso. Incontinência. Transbordamento. Várias


são as palavras e expressões que definiriam a famosa logo dos Rolling Stones, mas
aqui falo de Angie, sendo bastante curiosa sua relação com sua banda preferida.
Assim como um dos maiores hits dos artistas britânicos, ela não consegue obter
satisfação, mesmo tentando, tentando e tentando. Seja com cigarros, com
incontáveis pedidos para ir à rua, com solicitações para colocar na rádio JB FM,
Angie, com um repertório simbólico já bastante precário, jamais se encontrava
satisfeita. Quando alguém realizava alguma de suas requisições, ela já saía de cena
e pedia algo novo, um gozo extremamente desenfreado.
Por causa da escassez simbólica e do elevado número de atitudes e falas
repetitivas, relações e manejos para com Angie tenderiam a se tornar massantes,
pobres e até mesmo opressores. Contudo, tentar fazê-la parar era como tentar
fazer uma cachoeira parar de cair. No incício, me inclinei para esse caminho, sendo
o trabalho feito com ela quase nulo. Era o que eu via, também era o que eu fazia.
Me sentia andando em círculos dentro da música do Tom Zé:

“Eu tô te explicando
Pra te confundir
Eu tô te confundindo
Pra te esclarecer
Tô iluminado
Pra poder cegar
Tô ficando cego
Pra poder guiar”
- “Tô”, Tom Zé

A chave de virada para este se tornar um dos trabalhos mais ricos que eu já fiz no
Casa Verde foi uma orientação que recebi de um dos técnicos – relação essencial
para a minha formação e evolução como profissional: “para todo ‘não’, deve haver
um ‘sim’”. Durante certo período de tempo, meus diálogos com Angie eram
resumidos em:

Angie: vamos à rua?


-Não, você já foi.

Angie: coloca na JB?


- Não.

Angie: coloca Rolling Stones?


- Não, o rádio já está ligado.

Com contornos muito rígidos, impaciências e uma prevalência egoísta de meu


narcisismo, eu não permitia Angie a simplesmente ser. Não havia trabalho.
Novamente, caí na armadilha da Psicologia do Ego, do foco ser direcionado à
pessoa e não ao tratamento. Todavia, após a orientação que recebi, Angie se
tornou um de meus vínculos mais profundos do Casa Verde. No mesmo ritmo,
nossos diálogos passaram a fluir de forma muito mais amena e flexível.
Angie: vamos à rua?
-Você já foi hoje. Mas e se a gente desenhar aquela bruxa que você queria?

Angie: coloca na JB?


-Agora o pessoal está ouvindo música. Podemos colocar mais tarde?

Angie: coloca Rolling Stones?


-Agora o rádio já está sendo usado. Posso colocar lá fora, no meu celular, para
ouvirmos juntas. O que acha?

A fluidez e a flexibilidade abriram espaço para a construção de um vínculo, o que


possibilitou o princípio de um trabalho. Algo que eu achava extremamente curioso
e fascinante era a relação de Angie com os Rolling Stones. Além da ligação feita
anteriormente entre ela, a logo e uma das músicas da banda, Angie saía de seus
momentos de reptições nas nossas sessões de Rolling Stones no fumódromo da
instituição. Sempre que a música tocava, ela me falava sobre sua sexualidade, seus
velhos amores, sua família, perdas, seu antigo trabalho na Furnas, suas viagens,
suas aventuras, entre muitos outros temas diversos que tatuaram sua vida. Nesse
tratamento, fiquei particularmente feliz. Ela, enfim, comigo, conseguiu ser.

4. A Valsa

Antes de solidificar os vínculos, já percebia que ambos passavam grande parte do


tempo institucional juntos. “Estou namorando O Militar há dois meses”, Angie
sempre dizia. Bem depois de dois meses, inclusive. E essa relação continuou após a
minha aproximação, sendo sempre muito delicada. A suavidade muitas vezes
dependeria da organização d’O Militar no dia. “É uma mulher de beleza
exuberante”, dizia ele em alguns momentos. “Essa mulher está me invadindo”,
dizia, agitado, em outros. Era realmente um manejo muito complicado. Uma dança
entre desorganizações, organizações, gozos desenfreados e polifonias. Já sabia que
apostaria em ambos como protagonistas de meu caso clínico, então tentaria
analisar e experimentar a valsa ainda mais de perto, trazê-los ainda mais para
perto. Levava-os juntos aos cafés diários na CREMERJ, ajudava no controle de
cigarros para freiar o gozo de ambos, observava-os juntos no fumódromo, ela
suplicando por carinho, às vezes ele. Tentava analisar, nomear, dar sentido a cada
detalhe.
Errei de novo.
Inconsciente a céu aberto, ausência da lei, densidade. Se tem algo em que ambos
não cabem é na lente idealizadora pela qual eu estava tentando observá-los. É um
amor em natura, é um amor sem idealizações. O que eu estava fazendo estava
desorganizando-os cada vez mais. O Militar se sentindo cada vez mais invadido,
Angie se colocando em uma presença cada vez mais massiva, cada vez mais
corpórea.
Esse caso clínico e esse estágio me convidaram a ver e vivenciar posições cada vez
mais inóspitas em mim e a mim. Não era uma valsa. Talvez nunca tenha sido. Cada
um passeando pela vida em suas danças solo. Há uma relação que provavelmente
só eles, cada um em sua loucura particular, entendam nesses eternos dois meses.
Sendo um mundo de apostas, erros e alguns acertos, como já dito anteriormente,
sobram muitas tentativas mais para aqueles que ficaram.
Ou seja: curiosa essa profissão de analista. Uma imensidão de cheiros, cores e
sabores, muitas possibilidades, muitas máscaras. Condenada à solidão da função
pela via da proximidade com a alma do outro. O que será que me mantém nessa
jornada? A teimosia? A persistência? A loucura presente em mim e em todos? Não.
A fé, creio eu.
Bastidores
Por trás do espetáculo, há meu mais barulhento agradecimento a todos que me
fizeram chegar até aqui:
Aos frequentadores do Núcleo de Assistência em Saúde Mental Casa Verde, por serem
meus maiores professores.
À singularidade da equipe e toda sua polifonia, que ampliou e continua ampliando os
limites da minha escuta, empatia e sensibilidade.
Aos estagiários e a força estonteante que eles emanam, pois não foi fácil fazer a
engranagem girar em tempos tão tempestuosos. A rede de amparo trançada por eles
foi essencial.
Ao Jayme, por acreditar no meu potencial desde o início, pela generosidade e fluídez
em transmitir, por todo o incentivo, por me mostrar o solo fértil que é uma ausência
presente, por me mostrar a riqueza que pode ser dizer um “não” mas oferecer um
“sim” e por fazer eu reviver minha playlist de Alice In Chains.
Ao Diego, por suas pontuações cirúrgicas e por levar o senso de humor de forma
maestral tanto para a clínica quanto para a vida, tornando os dias de trabalho
consideravelmente mais leves.
À Sônia, por todas as conversas profundas e orientações precisas e pacientes, sejam
elas no Casa Verde ou no Metrô Rio.
Ao Fernando, pela disponibilidade, incentivo, ensinamentos e respingar em todos uma
gentileza rara quase palpável.
À Laís, por ter sido meu primeiro contato no estágio, por me permitir crescer com,
pelos diálogos sensibilizados, por todo o trilhar feito dentro e fora dos muros do Casa
Verde.
À Esther, simplesmente por estar, ser e se tornar. Apesar da palavra matar a coisa,
Esther quase que concretiza as palavras “determinação”, “inspiração” e “amizade”, e
só tenho a agradecer por me enxergar nos meus momentos mais brutos e por me
auxiliar a sempre enxergar além, tanto na clínica quanto na vida.
À Isadora, pela aproximação tardia, porém intensa. Só tenho a agradecer por me
ensinar muito sobre leveza e sensibilidade na clínica e fora dela, pelos momentos de
descontração (muito provavelmente com comida envolvida) e gostaria de dizer que Os
Inimigos do Ritmo ainda farão sucesso.
E que Fechem As Cortinas
Ao Casa Verde: em 1891, o matemático Georg Cantor provou que alguns infinitos são
maiores do que outros, e estes se escondem nos vãos entre os números. Há
incontáveis números entre 0 e 1. Há o 0.1, o 0.2, o 0.112, entre outros. Logicamente,
essa ponte é muito maior entre 0 e 2. Mesmo com o Casa Verde me dando uma
eternidade dentro de um ano, acho que nenhuma extensão de “para sempre” seria
suficiente para apagar meu desejo de estar nessa dança única, nesse aprendizado
permanente, com passos que só ele sabe reproduzir. Espero que não seja um adeus, e
sim um até logo.
E que fechem as cortinas.

Referências Bibliográficas
FREUD, Sigmund – A Dinâmica da Transferência (1912)
LEMINSKI, Paulo – Toda Poesia (2013)
FINK, Bruce – Introdução Clínica à Psicanálise Lacaniana (1997)
LACAN, Jacques – A Direção do Tratamento E Os Princípios do Seu Poder (1953)
DOURADO, Thiago Augusto S. – O Pequeno Livro da Grande História da Teoria dos
Infinitos (2017)
ANDRADE, Carlos Drummond de – Poesias (1942)

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