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Temporada Lírica 2010-2011 Cavalleria Rusticana

Pietro Mascagni
CAVALLERIA
RUSTICANA
CONTAR UMA ÓPERA

Cavalleria rusticana
Pietro Mascagni

2010

Teatro Nacional de São Carlos

Quarta-feira, 3 Novembro, 20h00


Quinta-feira, 4 Novembro, 20h00
Sábado, 6 Novembro, 16h00
Domingo, 7 Novembro, 16h00

Sem intervalo

Cavalleria rusticana 1
Índice

Nota do director artístico 5

Ficha artística 8

Argumento 11

Libreto 12

Cavalleria rusticana in breve


por João Pedro Cachopo 28

Biografias 32

Fichas técnicas 37

Cavalleria rusticana 5
Caros amigos,

Bem-vindos à nossa mais recente iniciativa: Contar Uma Ópera. Neste contexto, alegro-me por poder receber
no Teatro Nacional de São Carlos uma mulher muito especial, Beatriz Batarda, actriz sobejamente conhecida
do público português por trabalhos, tais como A Caixa, de Manoel de Oliveira, ou Alice, de Marco Martins.
Reunindo-se-lhe um magnífico elenco de cantores, esperamos levar-vos numa viagem através da história
trágica desta ópera, executando-a na íntegra com a orquestra e o coro em palco. Guiados pelo desempenho
dramático de Beatriz Batarda, as cenas serão interpretadas por ordem, com pausas intercaladas, a fim de
contar a história dos protagonistas e, idealmente, tornar a experiência mais espontânea e acessível a um
público mais alargado.

Paralelamente à apresentação desta ópera, também estamos absorvidos pela preparação de três espectáculos
importantes a acontecer muito em breve. Na próxima semana, apresentamos a obra mais famosa de
Mendelssohn, Elias, no Centro Cultural de Belém. Seguidamente, recebemos os amigos e parceiros da
Companhia Nacional de Bailado, que estarão em residência no teatro, durante o próximo mês, para interpretar
o belíssimo bailado, La Sylphide. E, por fim, durante a permanência do bailado neste palco, é no Teatro Camões
que iremos apresentar a versão de câmara de Hansel und Gretel para o nosso público e também para as escolas.

Na semana passada, no Salão Nobre, tivemos o segundo da nossa série de concertos para orquestra de
câmara. É um enorme orgulho anunciar que a nossa nova aquisição para o teatro fez a sua estreia! Comprámos
um magnífico cravo, que utilizaremos em muitos dos nossos concertos, assim como em óperas de Mozart,
entre outras. Esta aquisição representa um investimento importante para a vertente artística do nosso teatro
e espelha o empenho da nossa administração, o OPART, em apoiar e, sempre que possível, contribuir para
melhorar as condições do Teatro Nacional de São Carlos. A compra de um instrumento tão especial quanto este
é uma manifestação clara da boa saúde artística do teatro.

Confio que a interpretação que oferecemos hoje desta ópera fabulosa será do vosso agrado, e espero voltar a
vê-los muito em breve numa das nossas salas.

Saudações cordiais,

Director artístico do Teatro Nacional de São Carlos

Cavalleria rusticana 7
CONTAR UMA ÓPERA

Cavalleria rusticana
Pietro Mascagni

Melodramma em um acto.
Libreto de Giovanni Targioni-Tozzetti e Guido Menasci,
segundo a peça autobiográfica de Giovanni Verga.

Versão de concerto

Estreia Absoluta
Teatro Costanzi de Roma a 17 de Maio de 1890

Estreia em Portugal
Teatro de São Carlos a 12 de Outubro de 1891

Coro do Teatro Nacional de São Carlos


Maestro titular Giovanni Andreoli
Maestro convidado Emanuele Pedrini

Orquestra Sinfónica Portuguesa


Julia Jones
Maestro titular

8
Direcção musical Personagens e intérpretes
Martin André
Santuzza, uma aldeã
Sónia Alcobaça

Dramaturgia Turiddu, um aldeão


Jorge Rodrigues Fernando del Valle

Alfio, marido de Lola


Luís Rodrigues

Lola
Maria Luísa de Freitas
Maestro assistente
João Paulo Santos Lucia, mãe de Turiddu
Laryssa Savchenko
Maestro co-repetidor
Nuno Lopes

Ópera contada por


Beatriz Batarda

Cavalleria rusticana 9
Ilustração publicada numa das primeiras edições da peça de Giovanni Verga,
Cavalleria rusticana, (c. 1880).
Argumento Terminado o ofício festivo, os camponeses saem da
A acção decorre numa aldeia da Sicília, no século XIX. igreja. Turiddu dirige-se para a estalagem e oferece
vinho a todos.
Amanhece. É domingo de Páscoa; a praça da aldeia
anima-se. Ao som dos sinos que repicam alegremente, Alfio aproxima-se e saúda os presentes. Turiddu
abre-se a porta da igreja. Os camponeses vão à oferece-lhe um copo, mas ele recusa brutalmente. É o
missa e cantam em coro. Santuzza procura saber desafio. Observando um velho costume siciliano, os
junto da mãe de Turiddu onde este se encontra. rivais abraçam-se e Turiddu morde a orelha de Alfio.
Surpreendida, Lucia convida Santuzza a entrar em Depois de uma breve troca de palavras em que
sua casa. Santuzza diz não poder fazê-lo, por ser Turiddu reconhece a sua culpa, Alfio diz que esperará
uma excomungada. O diálogo é interrompido pelo por ele atrás do muro do jardim e afasta-se
ruído alegre de guizos e estalos de chicote. É Alfio, apressadamente.
o carroceiro, marido de Lola, que, em animada
companhia, se dirige para a praça. Ao passar pela Turiddu chama a mãe. Simulando embriaguês,
porta da estalagem, Alfio pede vinho a Lucia que, pede-lhe a bênção e implora-lhe que se ele não
justamente, aguarda a chegada de Turiddu com voltar, trate Santuzza como se fora sua filha.
nova remessa. Inocentemente, Alfio comenta que Turiddu afasta-se a correr, deixando Lucia inquieta,
Turiddu foi visto para os lados de sua casa. mas sem compreender toda a gravidade da
Discretamente, Santuzza faz um sinal a Lucia para situação. Santuzza cai nos braços de Lucia. Neste
que termine a conversa. preciso momento, os gritos de uma mulher
denunciam a morte de Turiddu. Lucia e Santuzza
A sós com Santuzza, Lucia quer saber por que motivo desmaiam.
tinha de se calar. Dolorosamente, Santuzza explica-se
– antes de partir para a vida militar, Turiddu namorava
Lola. Quando voltou, já esta era mulher de Alfio.
Turiddu quis esquecer o desgosto e a decepção com
um novo amor e escolheu Santuzza, que o amou de
volta. Apercebendo-se que Turiddu a trocara por
outro amor, Lola, cheia de inveja e ciúme,
reconquistou-o deixando Santuzza desonrada.
Apreensiva e triste, Lucia dirige-se para a igreja.

Nesse momento aparece Turiddu. Santuzza corre para


ele; fala-lhe sem conter o seu ciúme e desespero.
Entretanto, Lola aproxima-se e, vendo-os a conversar,
estranha que não estejam já na missa. Santuzza
responde-lhe ofensivamente. Irónica, Lola segue o seu
caminho e entra na igreja.

Santuzza implora a Turiddu que não a abandone. Este


manda-a embora, observando que depois da ofensa é
inútil o arrependimento. Santuzza amaldiçoa-o e,
vendo Alfio que se aproxima com ar preocupado,
precipita-se, revelando-lhe toda a verdade. Primeiro
incrédulo, Alfio acaba por acreditar no que ouviu,
sentindo, subitamente, que todo o seu amor se
transforma em ódio e desejo de vingança.

Cavalleria rusticana 11
Cavalleria rusticana

Libretto Libreto
Preludio Prelúdio

Siciliana Siciliana

Turiddu (a sipario calato) Turiddu (por detrás da cortina)


O Lola ch’ai di latti la cammisa Ó Lola que tens a camisa da cor do leite,
Sì bianca e russa comu la cirasa, és branca e vermelha como a cereja,
Quannu t’affacci fai la vucca a risa, quando apareces à janela e ris;
Biato cui ti dà lu primu vasu! feliz aquele que te deu o primeiro beijo!
Ntra la porta tua lu sangu è sparsu, Há sinais de sangue na tua porta
Ma nun me mporta si ce muoru accisu... mas não me importo de ser morto;
E s’iddu muoru e vaju’n paradisu se por tua causa morrer e for para o paraíso
Si nun ce truovo a ttia, mancu ce trasu. Ah! não me sentirei lá bem se tu lá não estiveres. Ah!

Atto Unico Acto Único


La scena rappresenta una piazza in un paese della A cena representa uma praça numa aldeia da Sicília.
Sicilia. Nel fondo, a destra, chiesa con porta Ao fundo, à direita, uma igreja com a porta aberta.
praticabile. A sinistra l’osteria e la casa di Mamma À esquerda, a hospedaria e a casa de Mamma Lucia.
Lucia. È il giorno di Pasqua. La scena sul principio è É domingo de Páscoa. Inicialmente, a cena está vazia.
vuota. Albeggia. Amanhece.

Coro d’introduzione Coro introdutório

Coro (di dentro) Coro (de dentro)


Ah! Ah!

Donne (di dentro) Mulheres (de dentro)


Gli aranci olezzano As laranjas cheiram bem
Sui verdi margini, nos verdes campos,
Cantan le allodole as cotovias cantam
Tra i mirti in fior; entres as murtas em flor;
Tempo è si mormori é tempo de cada um
Da ognuno il tenero murmurar a terna
Canto che i palpiti canção que faz redobrar
Raddoppia al cor. o palpitar do coração.

(le donne entrano in scena) (as mulheres entram em cena)

Uomini (di dentro) Homens (de dentro)


In mezzo al campo No meio do campo,
Tra le spiche d’oro entre as espigas de ouro,
Giunge il rumor chega-nos o som
Delle vostre spole, das vossas lançadeiras;
Noi stanchi cansados,
Riposando dal lavoro repousando do trabalho,
A voi pensiam, pensamos em vós,
O belle occhi-di-sole. belos olhos de sol.
A voi corriamo Corremos para vós
Come vola l’augello tal como o pássaro voa
Al suo richiamo. ao encontro do chamamento.

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(gli uomini entrano in scena) (os homens entram em cena)

Donne Mulheres
Cessin le rustiche Que cessem as tarefas
Opre: la Vergine rústicas: a Virgem
Serena allietasi regozija-se serena
Del Salvator; no Salvador;
Tempo è si mormori é tempo de cada um
Da ognuno il tenero murmurar a terna
Canto che i palpiti canção que faz redobrar
Raddoppia al cor. o palpitar do coração.

(il coro attraversa la scena ed esce) (o coro atravessa a cena e sai)

Scena Cena
Santuzza e Lucia Santuzza e Lucia

Santuzza (entrando) Santuzza (entrando)


Dite, mamma Lucia... Dizei-me, mamma Lucia...

Lucia (sorpresa) Lucia (surpreendida)


Sei tu? Che vuoi? És tu? O que queres?

Santuzza Santuzza
Turiddu ov’è? Onde está Turiddu?

Lucia Lucia
Fin qui vieni a cercare Vieste até aqui à procura
Il figlio mio? do meu filho?

Santuzza Santuzza
Voglio saper soltanto, Perdoai-me, só quero
Perdonatemi voi, dove trovarlo. saber onde o posso encontrar.

Lucia Lucia
Non lo so, non lo so, Não sei, não sei,
Non voglio brighe! não quero brigas!

Santuzza Santuzza
Mamma Lucia, vi supplico piangendo, Mamma Lucia, em lágrimas vos suplico,
Fate come il Signore a Maddalena, fazei como o Senhor a Madalena,
Ditemi per pietà dov’è Turiddu... dizei-me onde está Turiddu...

Lucia Lucia
È andato per il vino Foi buscar vinho
A Francofonte. a Francofonte.

Santuzza Santuzza
No! l’han visto in paese Não! Foi visto na aldeia,
Ad alta notte. ia alta a noite.

Lucia Lucia
Che dici? Que dizes?
Se non è tornato a casa! Mas não regressou a casa!

Cavalleria rusticana 13
(avviandosi verso l’uscio di casa) (virando-se para a porta da casa)
Entra! Entra!

Santuzza (disperata) Santuzza (desesperada)


Non posso entrare in casa vostra. Não posso entrar em vossa casa.
Sono scomunicata! Fui excomungada!

Lucia Lucia
E che ne sai E o que sabes tu
Del mio figliolo? do meu filho?

Santuzza Santuzza
Quale spina ho in core! Que espinho tenho no coração!

Sortita di Alfio con coro Cena de Alfio com coro


Alfio, coro e dette. Alfio, coro e os anteriores.

Alfio Alfio
Il cavallo scalpita, O cavalo pateia,
I sonagli squillano, os guizos ressoam,
Schiocca la frusta. Ehi là! o chicote estala. Eh, lá!
Soffi il vento gelido, Que sopre o vento gélido,
Cada l’acqua o nevichi, que caia água ou neve,
A me che cosa fa? que tenho eu com isso?

Coro Coro
O che bel mestiere Oh, que bela profissão
Fare il carrettiere é ser carreteiro,
Andar di qua e di là! andar daqui para ali!

Alfio Alfio
Schiocchi la frusta! Estala o chicote!
M’aspetta a casa Lola Em casa espera-me Lola
Che m’ama e mi consola, que me ama e me consola,
Ch’è tutta fedeltà. que é só fidelidade.
Il cavallo scalpiti, O cavalo pateia,
I sonagli squillino, os guizos ressoam,
E Pasqua, ed io son qua! é Páscoa e eu estou aqui!

Scena e preghiera Cena e oração

Lucia Lucia
Beato voi, compar Alfio, Feliz de vós, compadre Alfio,
Che siete sempre allegro così! que estais sempre tão alegre!

Alfio Alfio
Mamma Lucia, Mamma Lucia,
N’avete ancora tendes ainda
Di quel vecchio vino? daquele vinho velho?

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Lucia Lucia
Non so; Não sei;
Turiddu è andato Turiddu foi
A provvederne. buscar mais.

Alfio Alfio
Se è sempre qui! Mas se está cá!
L’ho visto stamattina Vi-o esta manhã
Vicino a casa mia. perto da minha casa.

Lucia (sorpresa) Lucia (surpreendida)


Come? Como?

Santuzza (rapidamente) Santuzza (rapidamente)


Tacete. Calai-vos.

(Dalla chiesa odesi intonare l’Alleluja) (da igreja ouve-se cantar o Aleluia)

Alfio Alfio
Io me ne vado, Vou-me agora embora,
Ite voi altre in chiesa. ide vós para a igreja.
(esce) (sai)

Coro (interno della chiesa) Coro (dentro da igreja)


Regina coeli laetare. «Regina coeli laetare.
Alleluja! Alleluja!
Quia quem meruisti portare. Quia quem meruisti portare.
Alleluja! Alleluja!
Resurrexit sicut dixit. Resurrexit sicut dixit.
Alleluja! Alleluja!»

Santuzza, Lucia e coro esterno (sulla piazza) Santuzza, Lucia e coro no exterior (na praça)
Inneggiamo, Cantemos hinos,
Il Signor non è morto, o Senhor não está morto;
Ei fulgente brilhante,
Ha dischiuso l’avel, abriu o túmulo.
Inneggiam Cantemos hinos
Al Signore risorto ao Senhor ressuscitado
Oggi asceso que ascendeu hoje
Alla gloria del Ciel! à glória celeste!

Coro (interno della chiesa) Coro (dentro da igreja)


Ora pro nobis Deum. «Ora pro nobis Deum.
Alleluja! Alleluja!
Gaude et laetare, Virgo Maria. Gaude et laetare, Virgo Maria.
Alleluja! Alleluja!
Quia surrexit Dominus vere. Quia surrexit Dominus vere.
Alleluja! Alleluja!»

(tutti entrano in chiesa tranne Santuzza e Lucia) (entram todos na igreja excepto Santuzza e Lucia)

Cavalleria rusticana 15
Romanza e scena Romança e cena
Lucia e Santuzza Lucia e Santuzza

Lucia Lucia
Perché m’hai fatto Porque me fizeste
Segno di tacere? sinal para me calar?

Santuzza Santuzza
Voi lo sapete, o mamma, Bem o sabeis, ó mamma,
Prima d’andar soldato, que antes de ser soldado
Turiddu aveva a Lola Turiddu tinha jurado
Eterna fè giurato. a Lola eterna lealdade.
Tornò, la seppe sposa; Regressou, soube que tinha casado,
E con un nuovo amore e quis apagar a chama
Volle spegner la fiamma que lhe queimava o coração
Che gli bruciava il core: com um novo amor:
M’amò, l’amai. amou-me e eu amei-o.
Quell’invidia d’ogni delizia mia, Ela, com inveja da minha felicidade,
Del suo sposo dimentica, esquecida do seu marido,
Arse di gelosia... ardendo de ciúmes...
Me l’ha rapito... roubou-mo...
Priva dell’onor mio rimango: Fiquei privada da minha honra:
Lola e Turiddu s’amano, Lola e Turiddu amam-se,
Io piango, io piango! eu choro, choro!

Lucia Lucia
Miseri noi, Pobres de nós,
Che cosa vieni a dirmi que coisas me contas
In questo santo giorno? neste santo dia?

Santuzza Santuzza
Io son dannata. Estou condenada.
Andate o mamma, Ide, mamma,
Ad implorare Iddio, implorar a Deus
E pregate per me. e rezai por mim.
Verrà Turiddu, Turiddu virá,
Vo’ supplicarlo quero suplicar-lhe
Un’altra volta ancora! mais uma vez!

Lucia (avvicinandosi alla chiesa) Lucia (aproximando-se da igreja)


Aiutatela voi, Ajudai-a
Santa Maria! Santa Maria!
(esce) (sai)

Scena Cena
Santuzza e Turiddu Santuzza e Turiddu

Turiddu (entrando) Turiddu (entrando)


Tu qui, Santuzza? Tu aqui, Santuzza?

Santuzza Santuzza
Qui t’aspettavo. Esperava-te.

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Turiddu Turiddu
È Pasqua, É Páscoa,
In chiesa non vai? não vais à igreja?

Santuzza Santuzza
Non vo. Não vou.
Debbo parlarti... Tenho de falar contigo...

Turiddu Turiddu
Mamma cercavo. Procurava a minha mãe.

Santuzza Santuzza
Debbo parlarti... Tenho de falar contigo...

Turiddu Turiddu
Qui no! Qui no! Aqui não! Aqui não!

Santuzza Santuzza
Dove sei stato? Onde estiveste?

Turiddu Turiddu
Che vuoi tu dire? Que queres dizer?
A Francofonte! Em Francofonte!

Santuzza Santuzza
No, non è ver! Não, não é verdade!

Turiddu Turiddu
Santuzza, credimi... Santuzza, acredita...

Santuzza Santuzza
No, non mentire; Não, não mintas;
Ti vidi volger vi-te dar a volta
Giù dal sentier... lá em baixo no caminho...
E stamattina, all’alba, e esta manhã, à aurora,
T’hanno scorto foste visto
Presso l’uscio di Lola. perto da porta de Lola.

Turiddu Turiddu
Ah! mi hai spiato? Ah! Espiaste-me?

Santuzza Santuzza
No, te lo giuro. Não, juro-to.
A noi l’ha raccontato Quem nos contou
Compar Alfio foi o compadre Alfio,
Il marito, poco fa. o marido, há pouco.

Turiddu Turiddu
Cosi ricambi Assim retribuis
L’amor che ti porto? o amor que te tenho?
Vuoi che m’uccida? Queres que me mate?

Santuzza Santuzza
Oh! questo non lo dire... Oh! Não digas isso...

Cavalleria rusticana 17
Turiddu Turiddu
Lasciami dunque, lasciami; Então deixa-me, deixa-me;
Invan tenti sopire em vão tento acalmar
Il giusto sdegno a minha justa indignação
Colla tua pietà. com a tua piedade.

Santuzza Santuzza
Tu l’ami dunque? Então ama-la?

Turiddu Turiddu
No... Não...

Santuzza Santuzza
Assai più bella Lola é bastante
È Lola. mais bonita.

Turiddu Turiddu
Taci, non l’amo. Cala-te, não a amo.

Santuzza Santuzza
L’ami... Ama-la...
Oh! maledetta! Oh! Maldita!

Turiddu Turiddu
Santuzza! Santuzza!

Santuzza Santuzza
Quella cattiva femmina Aquela má mulher
Ti tolse a me! afastou-te de mim!

Turiddu Turiddu
Bada, Santuzza, Tem cuidado, Santuzza,
Schiavo non sono não serei escravo
Di questa vana destes teus
Tua gelosia! ridículos ciúmes!

Santuzza Santuzza
Battimi, insultami, Bate-me, insulta-me,
T’amo e perdono, amo-te e perdoo-te,
Ma è troppo forte mas a minha angústia
L’angoscia mia. é demasiado grande.

Stornello di Lola Refrão de Lola


Lola e detti Lola e os anteriores

Lola (dentro alla scena) Lola (nos bastidores)


Fior di giaggiolo, Flor de gladíolo,
Gli angeli belli há milhares de belos
Stanno a mille in cielo, anjos no céu,
Ma bello come lui mas belo como ele
Ce n’è uno solo. Ah! só há um.

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(entrando) (entrando)
Fior di giaggiolo... Flor de gladíolo...
Oh! Turiddu... È passato Alfio? Oh! Turiddu... Alfio passou por aqui?

Turiddu Turiddu
Son giunto ora in piazza. Cheguei agora à praça.
Non so... Não sei...

Lola Lola
Forse è rimasto Talvez tenha ficado
Dal maniscalco, em casa do ferrador,
Ma non può tardare. mas não deve tardar.
(ironicamente) (com ironia)
E... voi E... vós
Sentite le funzioni in piazza? assistis à cerimónia na praça?

Turiddu Turiddu
Santuzza mi narrava... Santuzza dizia-me...

Santuzza (tetra) Santuzza (sombria)


Gli dicevo che oggi è Pasqua Dizia-lhe que hoje é Páscoa
E il Signor vede ogni cosa! e que o Senhor vê tudo!

Lola Lola
Non venite alla messa? Não ides à missa?

Santuzza Santuzza
Io no, ci deve andar chi sa Eu não, devem ir apenas
Di non aver peccato. aqueles que não pecaram.

Lola Lola
Io ringrazio il Signore Eu dou graças ao Senhor
E bacio in terra. e beijo a terra.

Santuzza (ironicamente) Santuzza (com ironia)


Oh, fate bene, Lola! Oh! Fazes bem, Lola!

Turiddu (a Lola) Turiddu (a Lola)


Andiamo, andiamo! Vamos, vamos!
Qui non abbiam che fare. Não temos nada a fazer aqui.

Lola (ironicamente) Lola (com ironia)


Oh! rimanete! Oh! Ficai!

Santuzza (a Turiddu) Santuzza (a Turiddu)


Sì, resta, resta, Sim, fica, fica,
Ho da parlarti ancora! ainda tenho de falar contigo!

Lola Lola
E v’assista il Signore: Que o Senhor fique convosco:
Io me ne vado. eu vou-me embora.
(entra in chiesa) (entra na igreja)

Cavalleria rusticana 19
Duetto Dueto
Santuzza e Turiddu Santuzza e Turiddu

Turiddu (irato) Turiddu (encolerizado)


Ah! lo vedi, Ah! Vês,
Che hai tu detto...? o que disseste...?

Santuzza Santuzza
L’hai voluto, e ben ti sta. Assim o quiseste e bem o mereces.

Turiddu (le s’avventa) Turiddu (atirando-se a ela)


Ah! perdio! Ah! Por Deus!

Santuzza Santuzza
Squarciami il petto! Despedaça-me o peito!

Turiddu (s’avvia) Turiddu (afasta-se)


No! Não!

Santuzza (trattenendolo) Santuzza (detendo-o)


Turiddu, ascolta! Turiddu, ouve!

Turiddu Turiddu
Va! Não!

Santuzza Santuzza
No, no, Turiddu, Não, não, Turiddu,
Rimani ancora. fica ainda.
Abbandonarmi Queres então
Dunque tu vuoi? abandonar-me?

Turiddu Turiddu
Perché seguirmi, Porque me persegues,
Perché spiarmi porque me espias
Sul limitare até mesmo à entrada
Fin della chiesa? da igreja?

Santuzza Santuzza
La tua Santuzza A tua Santuzza
Piange e t’implora; chora e implora;
Come cacciarla como podes
Così tu puoi? rejeitá-la assim?

Turiddu Turiddu
Va, ti ripeto Vai-te embora, repito,
Va non tediarmi, vai, não me aborreças,
Pentirsi è vano é inútil o arrependimento
Dopo l’offesa! depois da ofensa!

Santuzza (minacciosa) Santuzza (ameaçadora)


Bada! Tem cuidado!

Turiddu Turiddu
Dell’ira tua non mi curo! Não me preocupo com as tuas ameaças!

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(la getta a terra e fugge in chiesa) (atira-a ao chão e foge para a igreja)

Santuzza (nel colmo dell’ira) Santuzza (no cúmulo da fúria)


A te la mala Pasqua, spergiuro! Desejo-te uma má Páscoa, perjuro!
(cade affranta ed angosciata) (cai alquebrada e angustiada)

(Entra Alfio e s’incontra con Santuzza) (Alfio surge e encaminha-se para Santuzza)

Duetto Dueto
Santuzza e Alfio Santuzza e Alfio

Santuzza Santuzza
Oh! il Signore vi manda, Oh! É Deus que vos envia,
Compar Alfio. compadre Alfio.

Alfio Alfio
A che punto è la messa? Em que ponto está a missa?

Santuzza Santuzza
E tardi ormai, ma per voi Está a acabar, mas digo-vos
Lola è andata con Turiddu! que Lola esteve com Turiddu!

Alfio (sorpreso) Alfio (surpreendido)


Che avete detto? Que disseste?

Santuzza Santuzza
Che mentre correte Que enquanto correis
All’acqua e al vento à chuva e ao vento
A guadagnarvi il pane, para ganhar o pão,
Lola v’adorna il tetto Lola adorna-vos a cabeça
In malo modo! de má maneira!

Alfio Alfio
Ah! nel nome di Dio, Ah! Em nome de Deus,
Santa, che dite? Santa, que dizes?

Santuzza Santuzza
Il ver. Turiddu A verdade. Turiddu
Mi tolse l’onore, retirou-me a honra
E vostra moglie e a vossa mulher
Lui rapiva a me! priva-me dele!

Alfio Alfio
Se voi mentite, Se mentis
Vo’ schiantarvi il core! arrancar-vos-ei o coração!

Santuzza Santuzza
Uso a mentire A minha boca não
Il labbro mio non è! costuma mentir!
Per la vergogna mia, Pela minha vergonha,
Pel mio dolore pela minha dor,
La triste verità disse-vos a triste
Vi dissi, ahimè! verdade, ai de mim!

Cavalleria rusticana 21
Alfio Alfio
Comare Santa, Então, comadre Santa,
Allor grato vi sono. estou-vos agradecido.

Santuzza Santuzza
Infame io son Fui infame
Che vi parlai così! por vos falar assim!

Alfio Alfio
Infami loro: Infames são eles:
Ad essi non perdono; não lhes perdoo;
Vendetta avrò vingar-me-ei
Pria che tramonti il dì. antes de o dia acabar.
Io sangue voglio, Quero sangue,
All’ira m’abbandono, abandono-me à ira,
In odio tutto todo o meu amor
L’amor mio finì! transformou-se em ódio!

(escono) (saem)

Intermezzo sinfonico Interlúdio sinfónico


Tutti escono di chiesa, Lucia traversa la scena Saem todos da igreja; Lucia atravessa a cena
ed entra in casa. e entra em casa.

Scena, coro e brindisi Cena, coro e brinde


Lola, Turiddu e Coro. Lola, Turiddu e Coro.

Uomini Homens
A casa, a casa, Amigos, para casa,
Amici, ove ci aspettano para casa onde nos esperam
Le nostre donne, as nossas mulheres,
Andiam! vamos!
Or che letizia Agora que a alegria
Rasserena gli animi serena os ânimos,
Senza indugio corriam! corramos sem demora!

Donne Mulheres
A casa, a casa, Amigas, para casa,
Amiche, ove ci aspettano para casa onde nos esperam
I nostri sposi, os nossos maridos,
Andiam! vamos!
Or che letizia Agora que a alegria
Rasserena gli animi serena os ânimos,
Senza indugio corriam! corramos sem demora!

(il coro si avvia) (o coro aproxima-se)

Turiddu (a Lola che s’avvia) Turiddu (a Lola que se aproxima)


Comare Lola, Comadre Lola,
Ve ne andate via ide-vos embora
Senza nemmeno salutare? sem ao menos me saudar?

22
Lola Lola
Vado a casa: Vou para casa:
Non ho visto compar Alfio! ainda não vi o compadre Alfio!

Turiddu Turiddu
Non ci pensate, Não vos preocupeis,
Verrà in piazza. deve estar na praça.
(al coro) (ao coro)
Intanto amici, qua, Entretanto, amigos, vá,
Beviamone un bicchiere. bebamos um copo.
(tutti si avvicinano alla tavola dell’osteria (aproximam-se todos da mesa da hospedaria
e prendono i bicchieri) e pegam nos copos)
Viva il vino spumeggiante Viva o vinho espumoso
Nel bicchiere scintillante, que brilha nos copos
Come il riso dell’amante como o riso dos amantes
Mite infonde il giubilo! infunde docemente a alegria!
Viva il vino ch’è sincero Viva o vinho que é sincero
Che ci allieta ogni pensiero, que faz regozijar o pensamento
E che affoga l’umor nero, e afoga o negro humor
Nell’ebbrezza tenera. na terna embriaguez.

Coro Coro
Viva il vino spumeggiante, ecc. Viva o vinho espumoso, etc.
(si riprende il brindisi) (retomam os brindes)

Turiddu (a Lola) Turiddu (a Lola)


Ai vostri amori! Aos vossos amores!
(beve) (bebe)

Lola (a Turiddu) Lola (a Turiddu)


Alla fortuna vostra! À vossa boa sorte!
(beve) (bebe)

Turiddu Turiddu
Beviam! Bebamos!

Coro, Turiddu e Lola Coro, Turiddu e Lola


Viva! Beviam! Bebamos! Viva o vinho!

(entra Alfio) (entra Alfio)

Finale Final
Alfio e detti Alfio e os anteriores

Alfio Alfio
A voi tutti salute! As minhas saudações a todos!

Coro Coro
Compar Alfio, salute. Compadre Alfio, saúde.

Cavalleria rusticana 23
Turiddu Turiddu
Benvenuto! Bem-vindo!
Con noi dovete bere: Deveis beber connosco:
(empie un bicchiere) (enche um copo)
Ecco, pieno è il bicchiere. pronto, o copo está cheio.

Alfio (respingendolo) Alfio (repelindo-o)


Grazie, ma il vostro vino Obrigado, mas não aceito
Io non l’accetto. o vosso vinho.
Diverrebbe veleno Transformar-se-ia em veneno
Entro il mio petto. dentro do meu peito.

Turiddu (getta il vino) Turiddu (deita fora o vinho)


A piacer vostro! Como quiserdes!

Lola Lola
Ahimè! che mai sarà? Ai-de mim! O que acontecerá agora?

Alcune donne (a Lola) Algumas mulheres (a Lola)


Comare Lola, Comadre Lola,
Andiamo via di qua. vamo-nos embora daqui.

(Tutte le donne escono conducendo Lola) (todas as mulheres saem acompanhando Lola)

Turiddu Turiddu
Avete altro a dirmi? Tendes algo a dizer-me?

Alfio Alfio
Io? Nulla! Eu? Nada!

Turiddu Turiddu
Allora sono agli ordini vostri. Então estou às vossas ordens.

Alfio Alfio
Or ora? Agora?

Turiddu Turiddu
Or ora! Agora!

(Alfio e Turiddu si abbracciano. Turiddu morde (Alfio e Turiddu abraçam-se. Turiddu morde a orelha
l’orecchio destro di AIfio.) direita de AIfio.)

Alfio Alfio
Compare Turiddu, Compadre Turiddu,
Avete morso a buono... o desafio foi aceite...
(con intenzione) (intencionalmente)
C’intenderemo bene, Ao que parece
A quel che pare! compreendemo-nos bem!

24
Turiddu Turiddu
Compar Alfio! Compadre Alfio!
Lo so che il torto è mio: Sei que sou culpado:
E ve lo giuro e juro-vos,
Nel nome di Dio em nome de Deus,
Che al par d’un cane que me deixarei degolar
Mi farei sgozzar, como um cão,
Ma... s’io non vivo, mas... se eu morrer
Resta abbandonata... a pobre Santa
Povera Santa!... ficará abandonada!
Lei che mi s’è data... Ela, que se entregou a mim...
(con impeto) (impetuosamente)
Vi saprò in core Saberei cravar a minha
Il ferro mio piantar! lâmina no vosso coração!

Alfio (freddamente) Alfio (friamente)


Compare, Compadre,
Fate come più vi piace; fazei como vos agradar;
Io v’aspetto qui fuori espero-vos lá fora,
Dietro l’orto. em frente da horta.
(esce) (sai)

Lucia e Turiddu Lucia e Turiddu

Turiddu Turiddu
Mamma, Mãe,
Quel vino è generoso, e certo este vinho é generoso e acho
Oggi troppi bicchieri que hoje bebi uns
Ne ho tracannati... copos a mais...
Vado fuori all’aperto. Vou sair para apanhar ar.
Ma prima voglio Mas primeiro quero
Che mi benedite que me deis a bênção
Come quel giorno como no dia
Che partii soldato. em que parti como soldado.
E poi... mamma... sentite... E depois, mãe... ouvi...
S’io... non tornassi... se eu... não voltasse...
Voi dovrete fare deveríeis ser
Da madre a Santa, uma mãe para Santa
Ch’io le avea giurato porque eu jurei
Di condurla all’altare. conduzi-la ao altar.

Lucia Lucia
Perché parli così, figliuol mio? Porque falas assim, meu filho?

Turiddu Turiddu
Oh! nulla! Oh! Por nada!
È il vino che mi ha suggerito! Foi o vinho que mo sugeriu!
Per me pregate Iddio! Pedi a Deus por mim!
Un bacio, mamma... Um beijo, mãe...
Un altro bacio... addio! um beijo mais... adeus!
(l’abbraccia ed esce precipitosamente) (abraça-a e sai precipitadamente)

Cavalleria rusticana 25
Lucia, Santuzza e coro. Lucia, Santuzza e coro.

Lucia (Disperata, correndo in fondo.) Lucia (Desesperada, correndo para o fundo.)


Turiddu?! Che vuoi dire? Turiddu?! O que queres dizer?
Turiddu? Turiddu? Ah! Turiddu? Turiddu? Ah!
(entra Santuzza) (entra Santuzza)
Santuzza!... Santuzza!...

Santuzza (Getta la braccia al collo di Lucia) Santuzza (lança os braços ao pescoço de Lucia)
Oh! madre mia! Oh! Minha mãe!

(si sente un mormorio lontano) (ouve-se um murmúrio ao longe)

Donne (correndo) Mulheres (entrando a correr)


Hanno ammazzato compare Turiddu! Mataram o compadre Turiddu!

(tutti gettano un grido) (soltam todos um grito)

Tradução do libreto para efeitos de legendagem


e publicação no programa
Adriana Latino

(Publicado originalmente no programa de sala


Cavalleria rusticana/La Navarraise, TNSC, Março 2005.)

26
Em cima: Pietro Mascagni e os libretistas de Cavalleria rusticana,
Giovanni Targioni-Tozzetti e Guido Menasci (in Ashton R. Willard, Pietro
Mascagni, the Author of the Cavalleria Rusticana, New England
Magazine, Vol. VIII, Março/Agosto 1893). Em baixo: Giacomo Puccini
e Pietro Mascagni no funeral de Ruggero Leoncavallo (1919).
João Pedro Cachopo De Larderel no sentido de apoiar o jovem
compositor, é determinante: é ele quem convence o
pai de Mascagni do excepcional talento do filho cujo
sucesso vindouro se sente em condições de antecipar.
Cavalleria rusticana in breve
No Conservatório de Milão, Mascagni estuda Estética,
Literatura Dramática, Harmonia, Contraponto, entre
O compositor outras disciplinas... É nesta fase que conhece Puccini,
Pietro Mascagni (1863-1945) conta-se entre aqueles com quem chega a partilhar – ambos são, na altura,
compositores de ópera – como Gounod, Bizet ou jovens compositores não propriamente abastados –
Leoncavallo, por exemplo –, de quem a maioria dos um pequeno apartamento; além deste, partilham
melómanos conhece, por vezes com injustiça, apenas também a companhia de amigos e amigas comuns e,
uma ópera. No caso de Mascagni, pensa-se, de ao que parece, uma partitura de Parsifal, que ambos
imediato, em Cavalleria rusticana. Acerca desta ópera, estudam a fundo. Mascagni permanecerá no
que compôs com vinte e quatro anos, o compositor conservatório apenas dois anos. Descontente com o
viria a declarar: «Foi uma pena eu ter escrito Cavalleria facto de a partitura, com que pretende concorrer a um
tão cedo. Fui coroado antes de ser rei.» A par de concurso aberto às classes de composição, ser
Pagliacci de Leoncavallo, Cavalleria rusticana é, de recusada por razões meramente burocráticas
facto, uma das óperas mais emblemáticas do (relativas ao prazo de entrega), Mascagni troca o
chamado verismo italiano. Quanto a Mascagni, seria estudo em Milão pela itinerância ao serviço de
obviamente simplista reduzir a sua obra àquela ópera, companhias de ópera. Esta assegura-lhe uma nova
por mais que esta tenha representado o verdadeiro experiência: a da direcção de orquestra, que tanta
«detonador» da carreira do compositor. importância terá na sua carreira futura.

Oriundo de uma família da pequena burguesia de Em 1888, o ano em que se casa com Argenide
Livorno, o jovem Pietro é enviado pelo pai, após a Marcellina Carbognani, Mascagni interrompe a
morte da mãe em 1873, para o liceu comunal de composição da ópera Guglielmo Ratcliff – em que
San Sebastiano. Desde cedo, o jovem manifesta trabalhava, intermitentemente, desde 1883, e cuja
apetência para a música. Estuda Canto e Piano, estreia só terá lugar em 1895, no Scala – para
desde os doze anos, e integra, antes da mudança de concorrer ao concurso, lançado pelo editor milanês
voz – como contralto –, a Schola Cantorum da igreja Sonzogno, para a composição de uma ópera em um
local de San Benedetto. Pouco tempo depois, já no acto. Do entusiasmo de Mascagni por este desafio –
Instituto Musical de Livorno – que acabara de ser em que se lança em colaboração com os poetas
fundado por Alfredo Soffredini –, os progressos Giovanni Tozzetti e Guido Menasci, após convencer o
excepcionalmente céleres de Mascagni chamam a primeiro a colaborar como libretista, nascerá
atenção do director do instituto que, se não foi o seu Cavalleria rusticana. O melodramma em um acto é um
primeiro professor, foi certamente quem mais enorme sucesso; e não só em Itália. A reputação do
profundamente marcou os anos decisivos do seu compositor – que, nos anos seguintes, alastrará a
amadurecimento enquanto músico e compositor. outros centros musicais europeus – vê-se consolidada
Com efeito, é sob a sua direcção que Mascagni no ano seguinte com a estreia, desta vez, de uma
envereda, de modo cada vez mais confiante, na commedia lirica, L’amico Fritz (Roma, 1891).
composição de obras sinfónicas e corais – um
ciclo juvenil que culminará com In Finlandia. A obra A carreira de Mascagni prossegue, ao longo das
é interpretada, pela primeira vez, em Fevereiro décadas seguintes, em duas vertentes: a da direcção
de 1881, sob a direcção do próprio Soffredini. de orquestra – compromissos vários tornam habituais
O excelente acolhimento da obra vale ao compositor as suas viagens pela Europa e levam-no até aos
o apoio de um mecenas, o conde Florestano De Estados Unidos da América e ao Canadá – e a da
Larderel, que financiará o prosseguimento dos composição. Neste último plano, cabe dizer que,
estudos musicais de Mascagni no Conservatório apesar dos sucessos relativos de Iris (Roma, 1898), de
de Milão. O compositor terá, no entanto, de Amica (Monte Carlo, 1905), ou Isabeau (Buenos Aires,
enfrentar a resistência do pai que apostara numa 1911), o patamar de sucesso da Cavalleria não voltará
carreira de advogado para o filho. Neste processo, a ser atingido. De resto, a partir da década de Vinte,
a acção de Soffredini, que aconselhara já o conde Mascagni comporá bastante menos.

28
Ao declínio da criatividade segue-se, alguns anos mais compositor a escrever o libreto, propôs a adaptação
tarde, uma consagração de natureza bem distinta da operática do drama siciliano. O compositor soubera
que viera na esteira do sucesso inicial de Cavalleria do concurso lançado pelo editor milanês Sonzogno,
rusticana: Mascagni representará, para o regime para a composição de uma ópera em um acto, através
fascista de Mussolini, um motivo de orgulho para a do jornal Il Secolo, em Junho de 1888, e deslocara-se
nação: a sua obra constituiria a epítome musical da a Livorno no intuito, precisamente, de convidar o
raça italiana. Mascagni poderá não ter sabido escapar, antigo amigo. O libreto vai sendo escrito – a Tozzetti
no final da vida, ao lamentável estatuto de junta-se, por convite deste, um outro poeta, Guido
«compositor do regime»; a sua obra, porém – e será Menasci – e partes da adaptação da peça de Verga,
isso que hoje importa em primeiro lugar –, resistiu à em que ambos trabalham, vão sendo enviadas ao
memória dessa fase menos feliz da carreira do compositor. Em Dezembro de 1888, o libreto está
compositor e merece ser ouvida e apreciada pronto e Mascagni trabalha a bom ritmo, terminando
independentemente daquela. a composição em Maio (a data limite para a
apresentação das óperas concorrentes). Consta que
a confiança do compositor terá vacilado perto do final
A obra e que terá sido Lina, a sua mulher, a enviar a partitura
Não foi alheio ao florescimento do chamado verismo in extremis, poucos dias antes de expirar o prazo
italiano a preponderância que marcou a segunda limite para a submissão das partituras. Ao impacto
metade do século XIX, do estilo realista/naturalista de fortemente positivo que teve sobre o júri do concurso,
escritores franceses como Balzac e Zola: a arte e, segue-se o acolhimento entusiástico do público.
particularmente, a literatura, é chamada – na óptica A ópera estreia em Roma, no Teatro Constanzi, a 17
dos preconizadores desta estética, inspirados pelo de Maio de 1890, e obtém um sucesso memorável
positivismo emergente nas ciências humanas e sociais que, como se sabe, alastrou rapidamente a outros
–, a confrontar-se com a crueza do real, a lidar com ela centros musicais e alimentou a reputação do compositor
de modo naturalista, a ser, em suma, veraz. A par de durante mais de meio século.
Luigi Capuana, o siciliano Giovanni Verga, o autor de
Cavalleria rusticana – um drama estreado em Turim (no O drama de Verga e, em particular, o libreto concebido
Teatro Carignano) em 1884 – foi, em Itália, uma das por Tozzetti e Menasci, presta-se, pela sua brevidade,
figuras mais destacadas deste «movimento». a uma curta síntese. O envolvimento amoroso de
Turiddu e Lola, tendo como pano de fundo a vida
Que se possa falar de verismo, como de uma corrente quotidiana de uma aldeia siciliana no século XIX, é
independente, congénere à francesa, tem sido interrompido pela partida do jovem para a guerra.
discutido por teóricos da literatura e das artes, assim Durante a sua ausência, Lola desposa Alfio, um
como por musicólogos. Em ópera, esta discussão condutor de carroças, e Turiddu, de volta à aldeia – e
depara-se com o facto de que poucas óperas, para esquecer Lola –, envolve-se, por sua vez, com
considerando, sobretudo, algumas das compostas uma outra jovem, Santuzza. Todavia, incapazes de
por Mascagni, Leoncavallo e Giordano – Puccini, o enterrar a paixão que os une, Turiddu e Lola
compositor de La Bohème, seria, no contexto deste continuam a encontrar-se e mantêm uma relação
alinhamento de nomes, um compositor ambíguo –, amorosa secreta. A ópera passa-se ao longo de um
cumpririam o ideal verista sendo efectivamente domingo de Páscoa: Turiddu canta, numa serenata, a
representantes da corrente. Além disso, a fronteira sua paixão por Lola; Santuzza, mais tarde, pergunta
entre o exacerbamento romântico e a crueza realista à mãe de Turiddu, pelo filho; Alfio comenta tê-lo visto,
não seria nítida. Este aspecto torna-se patente bem cedo, perto de sua casa. Ao longo do dia,
quando se considera a proximidade – não só Turiddu e Santuzza encontram-se, discutem e, na
temática, mas também estilística – entre Carmen de sequência desta discussão, Santuzza – que até então
Bizet e a Cavalleria. Em todo o caso, admitindo que é encobrira Turiddu – conta a Alfio tudo o que sabe
legítimo falar em verismo, ele teria em Cavalleria sobre o envolvimento adúltero de Turiddu e Lola. Sem
rusticana de Mascagni e em I pagliacci de Leoncavallo, poder resistir à vontade de vingança, Alfio, no
os seus emblemas. decorrer de uma festa popular em que troca com
Turiddu palavras azedas, desafia este para um duelo.
Na verdade, o drama homónimo de Verga, Cavalleria Turiddu – não sem antes se despedir da mãe e de
rusticana, chamara já a atenção de Mascagni, quando lhe pedir que trate Santuzza como uma filha –
Giovanni Targioni-Tozzetti, finalmente convencido pelo comparece no duelo e é assassinado.

Cavalleria rusticana 29
Trata-se, como se vê, de uma história de paixão, espelho da coerção social. Isto reflecte-se na música,
adultério, ciúme e vingança – um enredo algo banal, de modo exemplar – como se esta também
aos olhos de hoje. No entanto, cabe salientar que a reflectisse o curso inexorável dos acontecimentos –,
acção, na sua vulgaridade e crueza, destrona as na presença intermitente de um tema reminiscente
temáticas míticas e históricas que dominavam, como de Carmen, que acompanha a entrada de Santuzza
se sabe, a tradição operática, em Itália e alhures, nas cordas, reaparece no dueto entre esta e Turiddu
substituindo-as pelo retrato – o mais cru possível – da (quando Santuzza lhe lança a maldição, gritando
violência e da dureza que caracterizaram a vida «Mala Pasca»), e ressurge, como um Leitmotiv, à
quotidiana das camadas sociais mais pobres. Há, beira do final.
entretanto, outros aspectos a ter em conta e a
problematizar. Eles são, pelo menos, dois e dizem Mantendo os números fechados que Verdi,
respeito ao contexto histórico e artístico desta ópera. designadamente em Otello, abandonara, Mascagni
Refiro-me, em primeiro lugar, a um certo apego à esgota, com Cavalleria rusticana, uma certa concepção
tradição nacional/local que torna refém de uma da ópera italiana. No entanto, este facto e um certo
perspectiva nacional(ista) a visão crítica da sociedade convencionalismo da harmonia e da orquestração são
que a ópera veicula e, em segundo lugar, a uma amplamente compensados pela concisão e pelo
concepção algo positivista da arte que, no seu equilíbrio extraordinários de Cavalleria, a que acresce
determinismo, favorece uma visão trágica e fatalista a estilização bem conseguida de uma ópera pontuada
da realidade que retrata e, por outro lado, procuraria por romances, canções e hinos religiosos. Além
denunciar e alterar. Em todo o caso – cabe constatá-lo destas características, a imediaticidade do lirismo de
–, a componente nacional e a visão trágica constituem Cavalleria rusticana é, talvez, a característica mais
dois elementos indispensáveis para compreender o saliente da ópera.
sucesso de Cavalleria rusticana, a ópera que lançou a
carreira internacional de Mascagni.

Estes dois aspectos acham-se imbricados na ópera do


princípio ao fim: desde a serenata de Turiddu, no
prelúdio que, pelo seu ritmo, nos instala no ambiente
siciliano em que a acção decorre – não sem
proporcionar um sentimento de inquietante
estranheza, em virtude de ser interpretado antes da
subida do pano –, até ao anúncio da morte, há muito
adivinhada, de Turiddu, pela palavra entreposta de
uma camponesa aterrada: «Hanno ammazzato
compare Turiddu». Nesta frase final, convergem
aqueles dois aspectos: o elemento nacional (ou
comunitário) e o elemento trágico. Por um lado, a
tragédia individual dá-se sobre o pano de fundo,
sempre implícito, de uma comunidade que celebra a
Páscoa, sendo esta tragédia, no fundo, o reflexo de
contradições sociais recalcadas; além disso – voltando
explicitamente ao grito com que termina a ópera –, é
através de um membro desta comunidade que
Santuzza e Mamma Lucia – e o espectador –
conhecem o desenlace trágico do duelo entre Turiddu
e Alfio. Por outro lado, o emprego genérico de um
«eles», subentendido como sujeito de «mataram
Turiddu», mostra, literalmente, toda a «passividade» e
«impotência» do indivíduo. Quer dizer, nem Turiddu,
nem Alfio podem, afinal, escolher outro destino:
ambos se vêem impelidos pela ignorância, pela
alienação da guerra, pelo álcool, pela pressão da
sociedade e os seus costumes... O anátema a que
tragicamente não podem escapar é, afinal, um

30
A obra de relance … no São Carlos

Prelúdio e Siciliana (Turiddu) O historial das produções de Cavalleria rusticana em


– O Lola ch’ai di latti la cammisa Portugal e, em particular, no Teatro Nacional de São
Carlos, é bem representativo da sorte internacional do
melodramma de Mascagni.
Acto Único
Coro de introdução (Camponeses, Santuzza, Lucia) Como dissemos, a internacionalização da ópera foi
– Gli aranci olezzano sui verdi margini célere e, aquando da sua estreia no Teatro de São
Carlos, a 12 de Novembro de 1891 – no ano seguinte
Cena e sortita de Alfio (Santuzza, Lucia, Alfio, à sua estreia absoluta (a 17 de Maio de 1890) –, já a
Camponeses) obra tinha sido apresentada em Madrid, Berlim,
– Dite, mamma Lucia... Viena, Budapeste, Moscovo, Rio de Janeiro e Nova
– Il cavallo scalpita Iorque. Note-se que este apontamento geográfico,
atendendo a que a ópera só estrearia em Paris (na
Cena e oração (Lucia, Alfio, Santuzza, coro popular) Opéra-Comique), em Janeiro de 1892, e em Londres
– Beato voi, compar Alfio (no Covent Garden), em Maio de 1892, nada nos
– Regina Coeli, laetare – Alleluja! diz acerca de uma pretensa condição periférica da
vida musical portuguesa, antes sendo um indício
Romance e cena (Santuzza, Lucia) insofismável da extraordinária popularidade
– Voi lo sapete, o mamma... alcançada de imediato por Cavalleria rusticana. Na
década que se seguiu, a ópera voltou aos palcos do
Dueto (Turiddu, Santuzza) Teatro de São Carlos, de modo quase ininterrupto,
– Tu qui Santuzza? nas temporadas de 1894/95, 1895/96, 1896/97,
1897/98, 1898/99, 1900/01 e 1901/02. A presença
Refrão de Lola (Lola, Turiddu, Santuzza) do magnum opus de Mascagni neste teatro viria a
– Fior di giaggiolo decrescer, com uma certa naturalidade, ao longo do
século XX, contando-se cerca de uma dezena de
Dueto [continuação] (Turiddu, Santuzza) produções ao longo do último século. Destas,
– Ah! lo vedi, che hai tu detto? destaca-se o duplo cartaz (com La Navarraise)
apresentado em Março de 2005, com um elenco que
Dueto (Santuzza, Alfio) incluiu Elisabete Matos no papel de Santuzza.
– Oh! Il Signore vi manda, compar Alfio!

Interlúdio sinfónico

Cena, coro e brinde (Coro popular, Turiddu, Lola)


– A casa, a casa, amici

Final (Alfio, coro popular, Turiddu, Lola, Lucia,


Santuzza)
– A voi tutti, salute!

Cavalleria rusticana 31
Martin André
Direcção musical

É director artístico do Teatro Nacional de São Carlos desde Agosto último. Estudou
Piano na Escola «Yehudi Menuhin» e, posteriormente, na Universidade de Cambridge
conciliando a Direcção Musical. No Reino Unido dirigiu, entre outras, a Philharmonia,
Scottish Chamber Orchestra, BBC Concert Orchestra, English Chamber Orchestra,
Royal Scottish National Orchestra, New London Sinfonia, London Concert Orchestra,
City of London Sinfonia, e New Queen’s Hall Orchestra; concertos nos festivais de
Bournemouth e de Edimburgo; e transmissões na Rádio BBC. Trabalha regularmente
com as Orquestras Sinfónica de Limburg (Holanda); Nacional do Porto e Remix
Ensemble; e com o Collegium Musicum, e a Sinfónica de Tromsø e Filarmónica de
Bergen (Noruega). Na Austrália dirigiu a Filarmónica Queensland e a Sinfónica da
Tasmânia, com a qual lançou o seu primeiro disco. Também dirigiu a Sinfónica de
Jerusalém e a Sinfónica de Pequim (Macau). Estreou-se na direcção de óperas na Ópera Nacional do País de
Gales, onde foi maestro residente e dirigiu um leque diversificado de obras. Do seu alargado repertório,
destacam-se as interpretações de Verdi, Mozart e Janáček. É o único maestro a ter dirigido em todos os
principais teatros líricos britânicos: Royal Opera House, Glyndebourne Touring Opera, Scottish Opera, English
National Opera, Opera North, Opera 80 e Ópera da Irlanda do Norte. De 1993 a 1996 foi Director Musical da
English Touring Opera; assegurou a direcção musical de Showboat (Opera North/RSC) no Palladium (Londres).
Dirigiu uma versão televisiva, ao vivo, de Le nozze di Figaro para a BBC (2000). A sua carreira inclui os teatros
líricos do Canadá, República Checa, França, Alemanha, Holanda, Israel, Nova Zelândia, Portugal, África do Sul
e EUA. Estreou-se em Itália (Ravenna), com Julietta (Martinu), ° seguindo-se a Deutsche Oper am Rhein
(Düsseldorf), e os festivais de Bregenz e de St. Pölten com Os Gondoleiros (A. Sullivan) e Barbe-bleue (Offenbach).
Criou a Orquestra Momentum Perpetuum que dirigiu numa digressão italiana. Em 2010 prossegue a sua
colaboração com o Royal College of Music (Londres), e regressa à Central City Opera (Colorado) para dirigir
Orphée aux enfers (Offenbach).

Giovanni Andreoli
Maestro titular do Coro

Estudou Piano, Composição e Direcção Coral e de Orquestra. Iniciou a sua actividade


enquanto maestro residente. Na qualidade de maestro de coro colaborou na RAI de
Milão, Arena de Verona, e Teatros La Fenice de Veneza e Carlo Felice de Génova.
Trabalhou com os maestros Delman, Muti, Chailly, Barshai, Karabtchevsky, Arena,
Santi, Campori, R. Abbado e Renzetti. Na Bienal Música de Veneza estreou
mundialmente obras de Guarnieri, De Pablo, Clementi e Manzoni.
Dirigiu os Carmina Burana e a Petite Messe solennelle (Coro e Orquestra do La Fenice),
repondo esta última no Teatro Municipal de São Paulo. Seguiu-se «L’esperienza corale
nel ‘900 italiano» (Dallapiccola, Rota e Petrassi). De 1998 destacam-se L’elisir d’amore
em Reiquiavique; Missa da Coroação (Mozart) e Missa n.º 9 (Haydn), em São Paulo; Via
Crucis de Liszt (Orvieto); Les Noces (Stravinski), no Festival de Granada; Otello
(Rossini), no Theater an der Wien; e a primeira audição moderna da Missa Amabilis e Missa Dolorosa de Caldara
(Orquestra e Coro do La Fenice). Em 1999 dirigiu Il barbiere di Siviglia (Teatro dei Vittoriale, Gardone-Riviera),
La traviata (Teatro Real de Copenhaga) e Una cosa rara de Soler (Teatro Goldoni, Veneza). Em 2000 dirigiu duas
produções de La Bohème (Teatro Grande de Brescia, com Giuseppe Sabbatini; Lanciano, com a Orquestra
Giovanile Internazionale). Gravou para a BMG Ricordi, Fonit Cetra e Mondo Musica Munchen, entre outras obras,
Orfeo cantando... tolse (A. Guarnieri) na RAI de Florença (1996), e os Carmina Burana com o Teatro La Fenice.
De 1994 a 2004 foi o responsável artístico pela temporada lírica do Teatro Grande de Brescia. Dirigiu, com João
Paulo Santos, concertos corais obras de Brahms, Kodály, Lopes-Graça, e Freitas Branco. Em 2006 iniciou a sua
colaboração com a Companhia de Ópera Portuguesa dirigindo Madama Butterfly, La traviata e o Requiem de Verdi
em Lisboa e no Festival de Óbidos. De regresso ao São Carlos, retoma o cargo de maestro titular do Coro que
já ocupara entre 2004 e 2008.

32
Emanuele Pedrini
Maestro Convidado do Coro

Nascido em Livorno (Itália) em 1972, vive em Veneza. Diplomou-se em Canto Lírico,


Direcção Coral e Orquestração pelo Conservatório «Arrigo Boito» de Parma, e em
Composição pelo Conservatório «Benedetto Marcello» de Veneza. Em 2005 diplomou-
-se, com a menção summa cum laude, em Direcção de Orquestra pelo Conservatório de
Veneza sendo o primeiro aluno de todos os conservatórios e instituições de música da
região de Triveneto a diplomar-se naquela disciplina. Entre 1990 e 1996 dirigiu o Coro
Lirico Lombardo. De 1998 a 1999 foi maestro do Coro do Teatro Arena Sferisterio de
Macerata, tendo recebido os maiores elogios e excelentes críticas, quer na imprensa
regional quer na nacional. Desde 2004 ocupa o cargo de director artístico e director
musical da Associação Cultural Musical «Quodlibet» de Mogliano Veneto, constituída
por orquestra e coro. Actualmente, especializa-se em Direcção de Orquestra na
Academia Musical de Pescara, sob a orientação do maestro Donato Renzetti. Paralelamente, ocupa-se da
preparação artística e direcção de importantes festivais de música em colaboração com prestigiados maestros,
dentro e fora de Itália. Na presente temporada inicia funções de maestro convidado do Coro do Teatro Nacional
de São Carlos.

Jorge Rodrigues
Dramaturgia

Estudou Canto com Maria Cristina de Castro. Em 1981 aceitou o convite do TNSC para
exercer as funções de assistente de encenação (colaborando com Carlos Avilez, Paolo
Trevisi, Gino Bechi, Elia Delfosse, Fred Hartmann, entre outros), e pouco depois tornou-
-se membro efectivo do Coro.
Manteve em finais dos Anos 80 uma colaboração regular com o Diário de Notícias.
Apresentou e foi autor, na Antena 2, dos programas: «Palcos de Ópera»; «Cantores do
Passado»; «A Palavra aos Músicos»; «Vozes do São Carlos»; «Para a História da Ópera
Romântica Italiana»; «Óperamania»; «Dicionário dos Grandes Pianistas» (este último
em co-autoria com Paulo Santiago). Foi ainda aí, durante mais de onze anos, autor e
apresentador do «Ritornello», recorde de longevidade de um programa diário em
directo. Foi, de resto, o programa que mais internacionalizou a Antena 2, com uma
Viagem à Volta do Mundo (Junho a Agosto de 2006) que foi emitida em directo de Berlim, S. Petersburgo,
Tóquio, Pequim, Macau, Sidney, Auckland, Los Angeles, Buenos Aires e Rio de Janeiro, entre outras. Outras
emissões internacionais levaram o «Ritornello» a São Paulo, Fortaleza, Curitiba, Florianópolis, Banguecoque,
Díli, Goa, Madrid, ou Viena.
Como encenador assinou já várias produções com obras de Purcell, Donizetti, Scarlatti, Salieri e Boismortier.
Em 2007 foi convidado pelas universidades de Moscovo e de São Petersburgo para proferir conferências sobre
Luisa Todi.
Apresenta-se regularmente em Portugal e no Brasil como comentador em concertos. Colaborou com a Casa
Museu Teixeira Lopes (Gaia), à frente do ciclo «Esculpir a Música» (2007, 2008). Em 2009 apresentou e foi co-
-autor, com Ana Paula Lemos, do programa «Esferas» (diário e em directo) na CSB Rádio.
Foi apresentador e anfitrião de todo o «Festival ao Largo» em 2010.

Cavalleria rusticana 33
Beatriz Batarda
actriz

Nasceu em Londres em 1974. Cresceu em Lisboa, onde começou o seu trabalho


como actriz. A sua primeira participação no cinema foi em E agora Maria, de Maria
Armanda Passos e Cláudia Fernandes, em 1978, seguida por pequenas
participações em Tempos Difíceis de João Botelho e Vale Abraão de Manoel de
Oliveira. Mas foi só em A Caixa, também de Manoel de Oliveira, em 1993, que surgiu
a oportunidade de se afirmar.
Em 2000, terminou a sua formação na Guildhall School of Music and Drama em
Londres, sendo galardoada com a medalha de ouro.
Tem trabalhado tanto em Inglaterra como em Portugal com realizadores, tais como
José Álvaro de Morais, Vicente Jorge Silva, Ivo Ferreira, Jeanne Waltz, Pedro Caldas,
João Canijo, Margarida Cardoso, Marco Martins, David Moore, Christopher
Morahan, Andy Wilson, Nick Laughland e Mike Dowse; e no teatro, com Luis Miguel Cintra, Diogo Dória, João
Perry, Carlos Pimenta, Steven Unwin, Edouard Kemp e Joseph Blatchley.

Sónia Alcobaça
soprano

Licenciada em Canto pela ESML, trabalha actualmente com a professora Elena


Dumitrescu-Nentwig. Das produções realizadas há a destacar: Götterdämmerung
(Gutrune), encenada por Graham Vick; La voix humaine, de Poulenc, no CAM; I pagliacci
(Nedda) de Leoncavallo, e Le nozze di Figaro (Condessa de Almaviva) no CAE da Figueira
da Foz; The Beggar’s Opera (Lucy) de Britten, no Teatro Aberto; Outro Fim (Mulher) de
António Pinho Vargas, na Culturgest; Os mortos viajam de metro (Sarah Kane), de Hugo
Ribeiro, no Teatro São Luiz; La Vida Breve (Carmela), de Falla, no São Carlos; Jeanne
d’Arc au bûcher (Sainte Marguerite), de Honegger, no São Carlos; Carmen (Micaela), de
Bizet, no Festival de Óbidos; Così fan tutte (Despina), no Castelo de Silves; Le pauvre
matelot (Mulher), de Milhaud, no CAM; Die Zauberflöte (Primeira Dama), na Cidadela de
Cascais. Em 2009 apresentou-se em recital com João Paulo Santos no Auditório 2 da
Fundação Calouste Gulbenkian, no contexto do Ciclo Novos Intérpretes. Em oratória e repertório de concerto foi
solista em Stabat Mater de Pergolesi, Missa em Sol de Carlos Seixas, Membra Jesu Nostri de Buxtehude, Missa em
Fá menor de Bruckner, A Sea Symphony de Vaughan Williams, De Profundis de Oscar Esplá, Petite Messe solennelle
de Rossini, Missa in Angustiis de Haydn e Nona Sinfonia de Beethoven (Dias da Música 2010, CCB).

34
Fernando del Valle
tenor

Nascido em New Orleans, já cantou nos EUA, Europa, América do Sul e Canadá.
Diplomado pela Universidade de Tulane, integrou o Programa Merola da Ópera de S.
Francisco e foi distinguido com o prémio da Ópera de Dallas. Posteriormente, venceu
o Concurso de Bel Canto de Chicago, o que lhe possibilitou estudos na Europa com
Carlo Bergonzi. O International Institute of Vocal Arts atribuiu-lhe um prémio para
estudar com William Woodruff, em Itália, e uma bolsa de estudos para frequentar o
Israeli Vocal Arts Institute em Telavive. Já se fez ouvir nos seguintes teatros: Ópera de
Roma, La Fenice de Veneza, Carlo Felice de Génova, Massimo Bellini de Catania,

© Lisa Kohler
Deutsche Oper de Berlim, Ópera de Frankfurt, Nacional de Mannheim, Opéra National
du Rhin, e nos teatros de Darmstadt, Wiesbaden, Bremen, Giessen, Kassel, Dortman,
Finlândia (Ópera Nacional), Palm Beach, Festival de Wexford, Ópera de Dorset, Belo
Horizonte (Brasil) e Seul (Centro de Artes); nos papéis de Andrea Chénier, Forresto
(Attila), Don José (Carmen), Rodolfo (La Bohème), Hoffmann, Faust (Gounod e Boito), Enzo Grimaldi (La
gioconda), Macduff (Macbeth), Canio (I pagliacci), Werther, Nadir (Les Pêcheurs de perles), Ismaele (Nabucco),
Pinkerton (Madama Butterfly), Oronte (I Lombardi alla prima crociata), Narraboth (Salome), Alfredo (La traviata),
Duque (Rigoletto), Edgardo (Lucia di Lammermoor), Paolo (Fosca) e Salvator Rosa. Apresenta-se regularmente em
concerto com um vasto repertório que inclui a Missa Solemnis e a Nona Sinfonia de Beethoven, Stabat Mater de
Dvořák e Rossini, Requiem de Verdi, War Requiem de Britten, Requiem de Lloyd-Webber, Messa di Gloria de Puccini
e Dream of Gerontius de Elgar.

Luís Rodrigues
barítono

Estudou no Conservatório Nacional com José Carlos Xavier e na Escola Superior de


Música de Lisboa com Helena Pina Manique. Cantou os papéis de Arlequim (Ariadne
auf Naxos), Ping (Turandot), Figaro (Il barbiere di Siviglia) e Guglielmo (Così fan tutte) no
Teatro Nacional de São Carlos; Papageno (Die Zauberflöte) e Sumo-Sacerdote (Samson
et Dalila em versão de concerto) na Fundação Calouste Gulbenkian; Mr. Gedge (Albert
Herring) e Eduard (Neues vom Tage) no Teatro Aberto; Semicúpio (Guerras do Alecrim e
Mangerona) no Acarte, Teatro da Trindade e Teatro Nacional D. Maria II (Prémio
Bordalo de Imprensa 2000 para Música Erudita); Marcello (La Bohème) com o CPO e
a ONP no Coliseu do Porto, e com o São Carlos no CAE da Figueira da Foz; Tom (The
English Cat) com a Cornucópia e a ONP no Rivoli e São Carlos; Guarda-Florestal
(A Raposinha Matreira) com a Casa da Música no Rivoli; Yoshio (Hanjo) com o São
Carlos na Culturgest; Giorgio Germont (La traviata), o papel titular de Don Giovanni e Iago (Otello) com a
Orquestra do Norte; e Belcore (L’elisir d’amore), Figaro (Il barbiere di Siviglia), Escamillo (Carmen) e a parte de
barítono nos Carmina Burana com a Eventos Ibéricos e a ON. Mais recentemente, foi Arsénio em La Spinalba e
Marcaniello em Lo frate ‘nnamorato no CCB, com os Músicos do Tejo, e participou na estreia das óperas Outro
Fim, de António Pinho Vargas, e Jerusalém, de Vasco Mendonça, na Culturgest. Intérprete de reconhecida
versatilidade, apresenta-se também regularmente em concerto e oratória ou em recitais de música de câmara.

Cavalleria rusticana 35
Maria Luísa de Freitas
meio-soprano

Nascida em Luanda, iniciou os seus estudos de Canto no Conservatório de Lisboa com


José Carlos Xavier. Actualmente trabalha repertório com o maestro João Paulo Santos.
Conquistou os prémios: «Bocage» no Concurso Nacional de Canto «Luisa Todi»; «La
Voce», Concurso «Spiris Argiris» em Itália; 1.º prémio do Concurso Internacional de
Canto «Bidu Sayão» no Brasil; 2.º prémio no Concurso Nacional de Canto «Luisa Todi».
Do seu repertório destacam-se os papéis de Carmen, Maddalena (Rigoletto), Alte None
(Sancta Susanna), Marthe (Faust), Zefka (Diário de um desaparecido), Marcellina
(Le nozze di Figaro), Miss Baggott (Let’s Make an Opera), Segunda Norna
(Götterdämmerung), e Filipievna e Olga (Evgueni Oneguin). Em concerto participou na
interpretação das obras Nona Sinfonia (Beethoven), Missa em Si menor (Bach),
L’enfance du Christ (Berlioz) e In Terra Pax (Frank Martin).
Trabalhou com os maestros Marc Tardue, Marko Letonja, Johannes Stert, Julia Jones, Michail Jurowski, Ferreira
Lobo, Osvaldo Ferreira, José Cura, César Viana, entre outros. Dos seus futuros compromissos, destaque-se a sua
participação em Zita (Gianni Schicchi) e Baronesa (Il cappello di paglia di Firenze) no Teatro São Carlos; Rainha
Louca (Alexandre Delgado) no Centro Cultural de Belém; e Folk Songs (Berio) na Fundação Calouste Gulbenkian.

Laryssa Savchenko
meio-soprano

Nasceu na Ucrânia. Estudou no Conservatório Superior de Kiev e obteve o diploma de


Canto Lírico. No Teatro de Ópera de Kiev interpretou os seguintes papéis: Maddalena
(Rigoletto), Siébel em Faust (Gounod), Olga (Evgueni Oneguin), Duenia (Noivado no
mosteiro) de Prokofiev, Marta (Iolanta) de Tchaikovski, Liubacha (A noiva do czar) de
Rimski-Korsakov. Em 2001, começou a sua actividade como professora de Canto, no
Conservatório Nacional de Lisboa.
Na Temporada de 2001/02 do Teatro Nacional de São Carlos cantou em Aleksandr
Nevski e, na seguinte, integrou o elenco de Charodeika (Tchaikovski) e interpretou o
papel de Catherine em Jeanne d’Arc au bûcher (Arthur Honegger). Em 2004 cantou nas
obras Petite Messe solennelle (Rossini) e Stabat Mater (Dvořák), e interpretou o papel de
Suzuki em Madama Butterfly (Puccini). Em 2006 integrou o elenco de Iolanta no Teatro
de São Carlos. Trabalhou com os maestros Volodymyr Gluchko, Zoltán Peskó, Jonathan
Webb, Christopher Bochmann, José Lobo, João Paulo Santos e Vladymyr Fedoseev. Em 2007 foi convidada a
juntar-se ao elenco de Iolanta, no Teatro da Arena de Verona, sob a direcção de Vladymyr Fedoseev. Em 2008
cantou na versão de concerto de Aleko (Rakhmaninov), com direcção de Will Humburg, no Teatro de São Carlos.
No mesmo ano, interpretou o papel de Santuzza (Cavalleria rusticana) na Companhia Portuguesa de Ópera.
Em 2009 integrou o elenco que fez a estreia da ópera Outro Fim (António Pinho Vargas), na Culturgest,
sob a direcção de Cesário Costa. No mesmo ano, cantou o papel de Terceira Dama em Elektra
(R. Strauss). Em 2010 interpretou o papel de Larina em Evgueni Oneguin (Tchaikovski), com direcção de
M. Yorowski.

36
Teatro Nacional de São Carlos Director Artístico do Teatro Nacional de São Carlos
Martin André
Conselho de Administração do OPART E.P.E.

Presidente Maestro Titular da Orquestra Sinfónica Portuguesa


Jorge Salavisa Julia Jones

Vogais Maestro Titular do Coro do Teatro Nacional


César Viana de São Carlos
Rui Catarino Giovanni Andreoli

Director Técnico
Francisco Vicente

Directora de Espectáculos Adjunta


Alda Giesta

Coordenador do Gabinete de Estudos Musicais


e Dramaturgia
João Paulo Santos

Director de Marketing
Mário Gaspar

Directora Financeira e Administrativa


Sónia Teixeira

Directora de Recursos Humanos


Sofia Dias

Coordenadora do Gabinete Jurídico


Fernanda Rodrigues

Coordenador do Gabinete de Gestão do Património


Nuno Cassiano

Coordenador do Gabinete de Sistemas de Informação


Pedro Penedo

Cavalleria rusticana 37
Orquestra Sinfónica Portuguesa Violas
Pedro Saglimbeni Muñoz (Coordenador de Naipe)
Maestro Titular
Julia Jones Céciliu Isfan (Coordenador de Naipe Adjunto)
Galina Savova (Coordenador de Naipe Assistente)
Adjunto Musical do Maestro Titular
Moritz Gnann Cécile Pays (Coordenador de Naipe Assistente)
Etelka Dudas
I Violinos
Isabel Teixeira da Silva
Teimuraz Janakashvili (Concertino Convidado) Joaquim Lima
Alexander Stewart (Concertino Adjunto) Maria Cecília Neves
Pavel Arefiev (Concertino Adjunto) Maria Lurdes Gomes
Leonid Bykov (Concertino Assistente) Rogério Gomes
Veliana Hristova (Concertino Assistente) Sandra Moura
Alexander Mladenov Ventzislav Grigorov
Anabela Guerreiro Vladimir Demirev
António Figueiredo
Asmik Bartikian
Ewa Michalska
Violoncelos
Iskrena Yordonova
Irene Lima (Coordenador de Naipe)
Jorge Gonçalves
Hilary Alper (Coordenador de Naipe Adjunto)
Laurentiu Ivan Coca
Kenneth Frazer (Coordenador de Naipe Adjunto)
Luís Santos
Ajda Zupancic (Coordenador de Naipe Assistente)
Margareta Sandros
Alberto Campos (Coordenador de Naipe Assistente)
Marjolein de Sterke
Diana Savova
Natalia Roubtsova
Emídio Coutinho
Nicholas Cooke
Gueorgui Dimitrov
Pedro Teixeira da Silva
Luís Clode
Regina Stewart
Margarida Matias
Maria Lourdes Santos
II Violinos
Klara Erdei (Coordenador de Naipe Adjunto)
Contrabaixos
Rui Guerreiro (Coordenador de Naipe Adjunto)
Pedro Wallenstein (Coordenador de Naipe)
Mário Anguelov (Coordenador de Naipe Assistente)
Petio Kalomenski (Coordenador de Naipe)
Nariné Dellalian (Coordenador de Naipe Assistente)
Adriano Aguiar (Coordenador de Naipe Adjunto)
Aurora Voronova
Duncan Fox (Coordenador de Naipe Adjunto)
Carmélia Silva
Anita Hinkova (Coordenador de Naipe Assistente)
Inna Rechetnikova
João Diogo
Kamélia Dimitrova
José Mira
Katarina Majewska
Manuel Póvoa
Maria Filomena Sousa
Svetlin Chichkov
Maria Lurdes Miranda
Slavomir Sadlowski
Sónia Carvalho
Tatiana Gaivoronskaia
Witold Dziuba

38
Flautas Trombones
Katharine Rawdon (Coordenador de Naipe) Hugo Assunção (Coordenador de Naipe)
Nuno Ivo Cruz (Solista A) Jarrett Butler (Solista A)
Anthony Pringsheim (Solista B) Kevin Hakes (Solista A)
Anabela Malarranha (Solista B) Vítor Faria (Solista B)

Oboés Tuba
Ricardo Lopes (Coordenador de Naipe) Ilídio Massacote (Solista A)
Hristo Kasmetski (Solista A)
Elizabeth Kicks (Solista B)
Luís Marques (Solista B) Tímpanos e Percussão
Luís Alves (1.º oboé convidado)* Elizabeth Davis (Coordenador de Naipe)
Richard Buckley (Solista A)
Lídio Correia (Solista B)
Clarinetes Pedro Araújo e Silva (Solista B)
Francisco Ribeiro (Coordenador de Naipe)
Joaquim Ribeiro (Solista A)
Felício Figueiredo (Solista B) Harpas
Jorge Trindade (Solista B) Carmen Cardeal (Solista A)

Fagotes
David Harrison (Coordenador de Naipe)
Carolino Carreira (Solista A)
João Rolo Brito (Solista B)
Piotr Pajak (Solista B)

Trompas
António Nogueira (Coordenador de Naipe)
Laurent Rossi (Solista A)
Paulo Guerreiro (Solista A)
António Rodrigues (Solista B)
Carlos Rosado (Solista B)
Tracy Nabais (Solista B)

Trompetes
Jorge Almeida (Coordenador de Naipe)
António Quítalo (Solista A)
Latchezar Goulev (Solista B)
Pedro Monteiro (Solista B) * Reforço

Cavalleria rusticana 39
Coro do Teatro Nacional de São Carlos Tenores
Alberto Lobo da Silva
Maestro Titular
Giovanni Andreoli Alcino Vaz
Álvaro de Campos
Maestro Convidado
Aníbal Real
Emanuele Pedrini
Arménio Afonso Granjo
Maestro Assistente Carlos Pocinho
Kodo Yamagishi
Carlos Silva
Diocleciano Pereira
Sopranos
Francisco Lobão
Ana Cosme
João Miguel Queirós
Ana Luísa Assunção
João Miguel Rodrigues
Ana Rita Cunha
Luís Castanheira
Angélica Neto
Mário Silva
Ana Maria Serro
Miguel Calado
Filipa Lopes
Nuno Cardoso
Glória Saraiva
Vítor Carvalho
Isabel Biu
Isabel Silva Pereira
Luísa Brandão
Barítonos e baixos
Maria do Anjo Albuquerque
Patrícia Ribeiro Aleksandr Jerebtsov
Rita Paiva Raposo António Louzeiro
Sandra Lourenço Carlos Homem
Sónia Alcobaça Carlos Pedro Santos
Teresa Gomes Ciro Telmo
Costa Campos
Daniel Paixão
Meio-sopranos David Ruella
Ana Cristina Carqueijeiro Eduardo Viana
Ana Margarida Serôdio Frederico Santiago
Ana Maria Neto João Miranda
Ângela Roque João Rosa
Antónia Ferraz de Andrade Joel Costa
Cândida Simplício Jorge Rodrigues
Isabel Assis Pacheco Mário Pegado
Laryssa Savchenko Osvaldo Sousa
Luísa Lucena Simeon Dimitrov
Luísa Tavares
Manuela Teves
Maria da Conceição Martinho
Natália Brito
Neide Gil
Susana Moody

40
Gabinete de Estudos Musicais e Dramaturgia Sector de Som e Vídeo
Director de Estudos Musicais e Director Musical de Cena Miguel Pessanha (Chefe do Sector)
João Paulo Santos (Coordenador) Luís Santos

Maestro Correpetidor Sector de Contra-regra


Nuno Margarido Lopes João Lopes (Chefe do Sector)
Arnaldo Ferreira
Estúdio de Ópera Herlander Valente
Coordenador
André Heller-Lopes Sector de Adereços
António Lameiro
Direcção Técnica José Luís Barata
Director Técnico
Francisco Vicente Sector de Costura
Zita Pires (Chefe do Sector)
Director Técnico Adjunto Maria de Lurdes Landeiro
Félix Manuel Wolf Anabela Pires
Ana Paula Simaria
Assistente da Direcção Técnica
Maria José Santos
Joana Camacho
Miriam Mendonça
Director de Cena
Bernardo Azevedo Gomes
Direcção de Espectáculos
Adjunta da Direcção de Cena Directora de Espectáculos Adjunta
Paula Meneses Alda Giesta
Assistente da Direcção de Cena Coordenação de Programação
Álvaro Santos Alessandra Toffolutti
Sector de Maquinaria
Novos Projectos
José Silvério (Chefe do Sector)
Graciano Lopes (Maquinista Chefe) Fernando Carvalho
Augusto Baptista
Fernando Correia Gabinete de Gestão da Produção
Jacinto Matias Alda Giesta (Coordenadora)
João Soares Fátima Machado
Joaquim Cândido Costa Filomena Barros
José António Feio Lucília Varela
José Luís Reis
Luís Filipe Alves Gabinete de Gestão do Coro e Orquestra
Manuel Friães da Silva Margarida Clode (Coordenadora)
Nilo Lopes Celeste Patarra
Jerónimo Fonseca
Sector de Electricidade Margarida Cruz
Pedro Martins (Chefe do Sector) Maria Beatriz Loureiro
Serafim Baptista (Electricista Principal) Nuno Guimarães
Carlos Santos Rui Ivo Cruz
Carlos Vaz
José Diogo Gabinete de Pesquisa e Documentação Musical
Paulo Godinho Paula Coelho da Silva (Coordenadora)
Victor Silva Agostinho Sorrilha
Jan Schabowski
José Carlos Costa

Cavalleria rusticana 41
Direcção de Marketing Limpeza e Economato
Director de Marketing Lurdes Mesquita
Mário Gaspar Maria Conceição Pereira
Maria de Lurdes Branco
Anabela Tavares (Assistente) Maria de Lurdes Moura
Maria do Céu Cardoso
Relações Públicas Maria Teresa Gonçalves
Ana Fonseca Maria Isabel Sousa

Design
Ana Rego Direcção de Recursos Humanos
Directora de Recursos Humanos
Desenvolvimento Comercial Sofia Dias
Bruno Silva
Diogo Faro Manuel Alves
Sofia Teopisto
Canais Internet Vânia Guerreiro
João Mendonça Zulmira Mendes
José Luís Costa
Gabinete de Gestão do Património
Projectos Especiais
Nuno Cassiano (Coordenador)
Maria Gil
António Silva
Daniel Lima
Comunicação
Maria João Franco
Gabinete de Sistemas de Informação
Patrocínios/Marketing Directo Pedro Penedo (Coordenador)
Venâncio Gomes João Filipe Reis
Luís Miguel Costa
Bilheteira
Luísa Lourenço Gabinete Jurídico
Mário Oliveira Fernanda Rodrigues (Coordenadora)
Rita Martins Juliana Mimoso*
Susana Clímaco Sandra Correia

Secretárias do Conselho de Administração


Direcção Financeira e Administrativa
Regina Sutre
Directora Financeira e Administrativa Gabriela Metello
Sónia Teixeira

Albano Pais (Tesoureiro) Secretária da Direcção Artística


Ana Maria Peixeiro Teresa Serradas Duarte
António Pinheiro
Edna Narciso Assessor do Conselho de Administração
Fátima Ramos Egídio Heitor*
João Pereira
Marco Prezado (Técnico Oficial de Contas) Motorista
Rui Amado Artur Raposo

Expediente e Arquivo
Susana Santos
Carlos Pires
Miguel Vilhena * Prestadores de Serviço

42
Teatro Nacional de São Carlos
Bilheteira Outras Informações
Horário de bilheteira Bilhetes
Dias úteis – das 13:00h às 19:00h O Teatro reserva-se o direito de alterar a sua programação
Dias de espectáculo - (incluindo sábados, domingos e em casos de força maior. A alteração substancial da sua
feriados): das 13:00h até trinta minutos após o início do programação constitui causa única para efeitos de
espectáculo. Duas horas antes do início do mesmo apenas reembolso de bilhetes adquiridos.
poderão ser adquiridos bilhetes para o próprio dia.
Legendas
Bilheteira On-line No caso de apresentação de óperas em língua estrangeira o
Pode adquirir os seus bilhetes on-line em www.ticketline.pt Teatro garante um sistema de legendagem em português.
bem como através de contacto telefónico com a Ticketline
(707 234 234). Pontualidade
Rede Ticketline: Depois do início do espectáculo não é permitido o acesso à
FNAC, WORTEN, ABREU, El Corte Inglés, C. C. Dolce Vita plateia até que tenha lugar o primeiro intervalo, durante o
qual os espectadores serão conduzidos aos seus lugares
Reservas pelos assistentes de sala.
As reservas podem ser efectuadas por e-mail ou telefone
da bilheteira, as quais serão garantidas por 48 horas após Gravações e fotografias
a reserva. Só serão aceites reservas até 48 horas antes do Não é permitida a utilização de qualquer tipo de gravadores
dia do espectáculo. ou máquinas fotográficas no interior do Teatro.
Tel. 213 253 045/6
email: reserva.bilhetes@saocarlos.pt Bengaleiro
O Teatro conta com um serviço de bengaleiro situado dos
Formas de pagamento dois lados exteriores da plateia.
Numerário, Cheque, Multibanco, Cartão de crédito.
A bilheteira do Teatro Nacional de São Carlos dispõe de Aparelhos sonoros
uma caixa de multibanco durante o seu horário de Agradecemos que sejam desligados telemóveis e relógios
funcionamento. electrónicos no interior da sala de espectáculos.

Descontos Restaurante e Cafetaria


É necessário apresentar comprovativo de idade no acto de Para além do restaurante/cafetaria no Foyer, o Teatro conta
compra dos bilhetes para aplicação deste desconto. com um serviço de esplanada no Largo de São Carlos.
Jovens até 25 anos e Maiores de 65
Desconto de 35%. Transportes
Jovens até 18 anos Autocarros: 58, 100, 204* (*só serviço nocturno)
Desconto de 50%. Eléctrico: 28; Metro: Baixa-Chiado

Grupos Contactos:
30% na aquisição de, no mínimo, 15 bilhetes por espectáculo. Teatro Nacional de São Carlos
Rua Serpa Pinto, n.º 9 – 1200-442 Lisboa
Matinées Família Tel. 213 253 000 – Fax 213 253 083
Adultos sem jovens até 18 anos, pagam preço de récita
normal. Máximo de 2 adultos por jovem até 18 anos. Consulte a programação em www.saocarlos.pt
A partir do terceiro adulto, estes pagarão preço de récita
normal. É necessário apresentar comprovativo de idade dos
jovens no acto de compra dos bilhetes para matiné família.

Bilhetes «Última Hora»


Ópera: duas horas antes de cada espectáculo, os bilhetes
disponíveis serão colocados à venda ao preço de 20 euros
para a plateia, frisas grandes e camarotes de 1.ª e 2.ª
Ordem Grandes. Os restantes lugares da sala poderão ser
adquiridos a 15 euros.

Concertos: duas horas antes de cada concerto, os bilhetes


disponíveis serão colocados à venda ao preço de 10 euros.

Cavalleria rusticana 43
O Teatro Nacional de São Carlos é membro da
Opera-Europa e observador da Pearle*

Apoios do
Teatro Nacional de São Carlos

Apoio na divulgação

Coordenação editorial
Paula Vilafanha

Design Gráfico
Ana Rego

Preço do programa5D
Tiragem 400 exemplares

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