Escola de Arquitetura Disciplina: ACR 038 - Tópicos em Arquitetura, Arte e Ciências Humanas: Transporte, urbanização e mobilidade popular Aluno: Matheus Maurício Rodrigues
Resenha referente aos seguintes textos:
- VINÍCIUS, Leo. Antes de junho: rebeldia, poder e fazer da juventude autonomista. Florianópolis: Editora em Debate / UFSC, 2014 [Capítulo 5 – Sob outra bandeira: passe livre].
- CORDEIRO, Leonardo; MARTINS, Caio. Revolta popular: o limite da
tática. Coletivo PassaPalavra. Publicado em 27 de maio de 2014.
Tendo em vista a abordagem de Léo Vinicius no referido texto, aponta-se
primeiramente para a complexidade que foram as manifestações ocorridas no ano de 2013, uma vez que reunia não só uma, mas diversas reivindicações por parte da população nacional. Pode-se perceber que a eclosão desse movimento extravasou formas tradicionais de ação coletiva, que por sua vez estavam “adormecidas”. Nesse mesmo contexto, o ocorrido teve como resultado uma nova forma de mobilização na esfera social e pública no que tange interesses comuns. Cabe ressaltar aqui que, nesse cenário de insatisfação geral, destaca-se o papel do indivíduo enquanto questionador do espaço que o envolve e a incessante busca por autonomia e legitimidade desse mesmo processo.
O sentido das jornadas de 2013 e das posteriores não foi somente o
questionamento acerca das questões diversas levantadas nos dias de manifestação. O caráter dessas eventualidades apresentaram uma conduta social absolutamente concreta, na tentativa de construir condições que são comuns à todos, de forma coletiva e horizontal. Nesse sentido, reforça-se o sentido de coletividade e de comu(m)nidade nessas ocasiões urbanas – as manifestações. Em conclusão, Léo Vinícius infere sobre esse fato:
Para além das bandeiras, esses próprios movimentos e ações são
uma tentativa de (re)constituir esse controle e participação: uma atividade conduzida nos próprios termos de quem a produz. Nessas formas a “dinâmica social” da sua autonomia – vinculada às suas moratórias – levou a essa autoafirmação e auto-organização que, embora frágeis quanto à continuidade e amplitude, se revelam ao longo das ultimas décadas, sob determinadas circunstâncias, um importante impulsionador de lutas sociais e de vitórias em algumas delas. (VINÍCIUS, 2014)
De maneira complementar, podemos suscitar o texto Revolta Popular: o limite da
tática, que observa com mais precisão os movimentos contra o aumento da tarifa do transporte público reforçando sempre que esse movimento, antes de questionar a diferença do preço do transporte, intensifica as dinâmicas da cidade viva. De acordo com o texto, as mobilizações urbanas tem sua estrutura não correspondente à outros movimentos sociais pelo fato de as reivindicações acerca do aumento da tarifa, além de levantar uma pauta de interesse de todos, ter sua realização enquanto uma manifestação abrangente à grande parte da população de maneira direta ou indireta, enquanto eventualidade, uma vez que ocorrências nas ruas interferem diretamente na atividade da cidade, fato esse que reafirma sua competência e efetividade enquanto luta urbana, no entanto, mais uma vez observando sua potencialidade e sua perspectiva enquanto um fato de construção coletiva, como abordado pó Leo Vinícius no estudo acima discorrido.