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BARROCO

Colégio Master
1° ano – LITERATURA
Profª: Asenate Brasil
GREGÓRIO DE MATOS
(BOCA DO INFERNO)
• POEMAS:
- SATÍRICOS
- LÍRICOS
- ERÓTICOS
- RELIGIOSOS / SACROS
Pequei, Senhor, mas não porque hei
pecado, Se uma ovelha perdida e já cobrada
Da vossa alta clemência me despido; Glória tal e prazer tão repentino
Porque quanto mais tenho delinquido Vos deu, como afirmais na sacra história.
Vos tem a perdoar mais empenhado.
Eu sou, Senhor a ovelha desgarrada,
Se basta a voz irar tanto pecado, Recobrai-a; e não queirais, pastor divino,
A abrandar-vos sobeja um só gemido: Perder na vossa ovelha a vossa glória.
Que a mesma culpa que vos há ofendido,
Vos tem para o perdão lisonjeado.
A cada canto um grande conselheiro,
Que nos quer governar cabana e vinha; Muitos mulatos desavergonhados,
Não sabem governar sua cozinha, Trazidos sob os pés dos homens nobres,
E podem governar o mundo inteiro. Posta nas palmas toda a picardia,

Em cada porta um bem frequente Estupendas usuras nos mercados,


olheiro, Todos os que não furtam muito pobres:
Que a vida do vizinho e da vizinha E eis aqui a cidade da Bahia.
Pesquisa, escuta, espreita e esquadrinha,
Para o levar à praça e ao terreiro.
Um soneto começo em vosso gabo;
Contemos esta regra por primeira; Agora, nos tercetos, que direi:
Já lá vão duas, e esta é a terceira, Direi que vós, Senhor, a mim me honrais,
Já este quartetinho está no cabo. Gabando-vos a vós eu fico um rei.

Na quinta torce agora a porca o rabo: Nesta vida um soneto já ditei;


A sexta vai também desta maneira; Se desta agora escapo, nunca mais.
Na sétima entro já com grã canseira, Louvado seja Deus, que o acabei!
E saio dos quartetos muito brabo.
O Amor é finalmente
um embaraço de pernas,
uma união de barrigas,
um breve tremor de artérias.

Uma confusão de bocas,


uma batalha de veias,
um rebuliço de ancas;
quem diz outra coisa, é besta.
Ardor em firme coração nascido! Se és fogo como passas brandamente?
Pranto por belos olhos derramado! Se és neve, como queimas com porfia?
Incêndio em mares de água disfarçado! Mas ai! Que andou Amor em ti prudente.
Rio de neve em fogo convertido!
Pois para temperar a tirania,
Tu, que em um peito abrasas escondido, Como quis, que aqui fosse a neve
Tu, que em um rosto corres desatado, ardente,
Quando fogo em cristais aprisionado, Permitiu, parecesse a chama fria.
Quando cristal em chamas derretido.
Se Pica-Flor me chamais,
Pica-Flor aceito ser,
Mas resta agora saber,
Se no nome que me dais,
Meteis a flor que guardais
No passarinho melhor!
Se me dais este favor,
Sendo só de mim o Pica,
E o mais vosso, claro fica,
Que fico então Pica-Flor.
Cultismo
(Jogo de Palavras)
• Descrição
• Termos rebuscados, cultos
• Valoriza a forma
• Valoriza os detalhes
• Uso de figuras de linguagem (Hipérbole, sinestesia,
antítese...)
Nasce o Sol, e não dura mais que um dia,
Depois da Luz se segue a noite escura, Mas no Sol, e na Luz, falte a firmeza,
Em tristes sombras morre a formosura, Na formosura não se dê constância,
Em contínuas tristezas a alegria. E na alegria sinta-se tristeza.

Porém se acaba o Sol, por que nascia? Começa o mundo enfim pela ignorância,
Se formosa a Luz é, por que não dura? E tem qualquer dos bens por natureza
Como a beleza assim se transfigura? A firmeza somente na inconstância.
Como o gosto da pena assim se fia?
"O todo sem a parte não é o todo;
A parte sem o todo não é parte;
Mas se a parte o faz todo, sendo parte,
Não se diga que é parte, sendo o todo.

Em todo o Sacramento está Deus todo,


E todo assiste inteiro em qualquer parte,
E feito em partes todo em toda a parte,
Em qualquer parte sempre fica todo."
Conceptismo
(Jogo de Ideias)
• Retórica aprimorada
• Imposição de conceitos
• Argumentos racionais
• Pensamentos lógicos
• Objetivo: convencer o leitor
• Concisão do texto
Pe. ANTÔNIO VIEIRA
• SERMÕES
• CATEQUESE AINDA
• RACIONAL
• FILÓSOFO
“Será porventura o estilo que hoje se usa nos
púlpitos? Um estilo tão empeçado, um estilo tão
dificultoso, um estilo tão afetado... O estilo há de ser
muito fácil e muito natural. Por isso Cristo
comparou o pregar ao semear. (...)

(...) Como hão de ser as palavras? Como as estrelas.


As estrelas são muito distintas e muito claras. Assim
há de ser o estilo da pregação, muito distinto e
muito claro.”
(Pe. Antônio Vieira)
“Vós, diz Cristo, Senhor nosso, falando com os pregadores, sois o sal da
terra: e chama-lhes sal da terra, porque quer que façam na terra o que faz
o sal. O efeito do sal é impedir a corrupção; mas quando a terra se vê tão
corrupta como está a nossa, havendo tantos nela que têm ofício de sal,
qual será, ou qual pode ser a causa desta corrupção? (...) Enfim, que
havemos de pregar hoje aos peixes? Nunca pior auditório. Ao menos têm
os peixes duas boas qualidades de ouvintes: ouvem e não falam. Uma só
cousa pudera desconsolar o Pregador, que é serem gente os peixes que se
não há-de converter. Suposto isto, para que procedamos com clareza,
dividirei, peixes, o vosso sermão em dois pontos: no primeiro louvar-vos-
ei as vossas atitudes, no segundo repreender-vos-ei os vossos vícios. (...) “
E é isso, people!!!

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