Você está na página 1de 5

NBR 7199 – VIDROS NA CONSTRUÇÃO CIVIL

No fim de julho, a grande referência para a aplicação do vidro na construção civil mudou
com a publicação pela ABNT da revisão da norma NBR 7199 — Vidros na construção
civil — Projeto, execução e aplicações. O mais importante texto técnico vidreiro passou
por completa atualização, num trabalho coordenado pelo Comitê Brasileiro de Vidros
Planos (ABNT/CB-37), sediado na Abravidro.

Visão geral da nova versão

Clareza no texto
A norma teve sua redação alterada, de forma a eliminar dúvidas de interpretação —
principalmente em relação à indicação dos vidros para cada tipo de aplicação;

Referências internacionais
Outro objetivo da revisão era deixar o texto de acordo com as mais reconhecidas normas
internacionais — considerando, claro, as particularidades do mercado brasileiro;

Mais segurança
Todo vidro instalado abaixo de 1,1 m em relação ao piso, seja interno ou externo, em
qualquer pavimento, deve ser de segurança. Para cada aplicação, devem ser verificados
quais são os tipos de vidro de segurança (temperado, laminado ou aramado) exigidos
pela norma, pois em algumas aplicações somente o laminado e o aramado são
permitidos.
O que é a ‘NBR 7199’? Como o próprio nome indica, é ela quem estabelece as regras
gerais para a utilização dos vidros na construção civil. Todos os profissionais vidreiros
e especificadores de vidro devem segui-la, sem exceção. A nova versão foi publicada
em 20 de julho e já está em vigor.
Números da nova ‘NBR 7199’
Possui 57 páginas
Mais de 60 profissionais participaram da revisão
Esses profissionais representam mais de 40 empresas
Ficou em consulta nacional por 60 dias, entre 8 de abril e 9 de junho de 2016
O texto contou com mais de mil acessos no site da ABNT durante a consulta nacional.

Aplicações de vidro
Esse é o “coração” da NBR 7199. Aqui são definidos os tipos de vidro para cada
aplicação. Na versão anterior, os requisitos estavam listados ao longo do texto, o que
poderia causar interpretações erradas. Agora, o conteúdo está organizado em uma
tabela — muito mais simples de ser consultado. A tabela também inclui novas
aplicações como muros de vidro, piso de vidro, vidro blindado, vidro resistente à
explosão, vidros para retardar ações de arrombamento, entre outras.
Agora, veja o que a norma diz sobre o vidro correto em diferentes aplicações. Atenção,
pois esse é um dos erros mais encontrados em instalações, o que é inadmissível por
comprometer a segurança dos usuários!

Coberturas, marquises, claraboias e fachadas inclinadas (vidros não verticais)


Laminado
Aramado
Insulado (em sua composição, a peça interior deve ser laminada ou aramada)
Na versão anterior: desde 1989, o vidro laminado e aramado já era exigido.

Guarda-corpos
Laminado
Aramado
Insulado (composto com os vidros acima)
Na versão anterior: desde 1989, o vidro laminado e aramado já era exigido.

Portas, vitrinas e divisórias


Nestas aplicações, todos os vidros instalados abaixo de 1,1 m em relação ao piso devem
ser de segurança, independente do pavimento em que estejam instalados: Temperado
Laminado
Aramado
Insulado (composto com os vidros acima)
Acima de 1,1 m em relação ao piso, além dos vidros de segurança citados, o vidro a ser
utilizado também pode ser float ou impresso, desde que encaixilhado ou colado em todo
o perímetro.
Na versão anterior: essas aplicações eram citadas somente no parágrafo em que se
referia ao pavimento térreo de edificações.

Aplicações com vidros que retardam a propagação do fogo


Para fechamentos em que é exigida resistência à propagação do fogo durante
determinado período de tempo:
Laminado (com camada intermediária resistente ao fogo)
Aramado
Insulado (composto com os vidros acima)
Obs.: a classificação quanto ao tempo de resistência ao fogo deve ser conferida na NBR
14925 — Unidades envidraçadas resistentes ao fogo para uso em edificações.

Envidraçamentos projetantes móveis


Instalações com caixilhos móveis que se projetam para o exterior:
Laminado
Aramado
Insulado (em sua composição, a peça interior deve ser laminada ou aramada)
Temperado
– No térreo e 1º pavimento: pode ser autoportante ou totalmente encaixilhado;
– Acima do 1º pavimento: deve ser totalmente encaixilhado e com projeção máxima
limitada a 250 mm da face da fachada ou da aba de proteção.
‘Float’ ou impresso
– No térreo e 1º pavimento: deve ser encaixilhado ou colado em todo o perímetro;
– Acima do 1º pavimento: deve ser encaixilhado ou colado em todo o perímetro e com
projeção máxima limitada a 250 mm da face da fachada ou da aba de proteção;
– Em todos os casos, a área do vidro não pode exceder 0,64 m².
Na versão anterior: A exigência dos vidros de segurança era apenas nos edifícios com
mais de dois pavimentos, com projeção superior a 250 mm em relação à face da fachada
ou aba de proteção. Não havia diferenciação entre os vidros de segurança, nem
limitação de área para o vidro comum, nem sobre a instalação.

Fachadas (vidros verticais)


ABAIXO DE 1,1 M EM RELAÇÃO AO PISO
A partir do primeiro pavimento (inclusive), e no pavimento térreo dividindo ambientes
com desnível superior a 1,5 m:
Laminado
Aramado
Insulado (composto com os vidros acima)
No pavimento térreo:
Temperado
Laminado
Aramado
Insulado (composto com os vidros acima)
ACIMA DE 1,1 M EM RELAÇÃO AO PISO
Temperado
Laminado
Aramado
‘Float’ ou impresso (encaixilhado ou colado em todo o perímetro)
Insulado (composto com os vidros acima)
Na versão anterior: não havia citação aos vidros em fachadas aplicados no pavimento
térreo com ou sem desnível.

Aplicações com vidros para retardar ações de arrombamento


Para isolamento de jaulas em zoológicos, barreiras de separação em estádios
esportivos, vitrinas e fechamentos em geral que necessitem dessa característica:
Laminado
Insulado (composto com laminado)

Instalações especiais
São consideradas instalações especiais pisos, degraus, visores de piscinas e aquários,
além de estruturas de vidro. Nestes casos, o vidro exigido é:
Laminado Obs.: em pisos, quando a estrutura não estiver com a superfície totalmente
apoiada, pode-se utilizar também laminado temperado. Além disso, os apoios das
bordas devem ter uma vez e meia a espessura total do piso.

Cálculo da espessura: o passo a passo


O novo texto estabelece a metodologia de cálculo para a espessura do vidro. A norma
inclui um passo a passo para a operação. As fórmulas usadas foram atualizadas
conforme a norma francesa DTU 39, passando a considerar também vidros apoiados
em dois e três lados.
Ficou mais fácil fazer o cálculo! Veja as etapas:
Determine a pressão do vento, de acordo com a norma NBR 6123 — Forças devidas ao
vento em edificações;
Especifique a pressão do cálculo (de acordo com o tipo de aplicação: vidros verticais ou
inclinados, instalados em áreas internas ou externas);
Calcule a espessura de referência, de acordo com a quantidade de apoios e dimensões
da peça;
Avalie se a instalação permite a aplicação do fator de redução na espessura;
Efetue a verificação da resistência, expressa em mm, referente à composição de vidro
preestabelecida;
Calcule a “flecha” e confira se os valores encontrados atendem aos critérios admissíveis;
Por fim, confira se a espessura da composição atende os requisitos de resistência e de
“flecha admissível”.
Obs.: Além do roteiro, a norma traz exemplos de cálculos aplicados, em Anexos
normativos.
Na versão anterior: não contemplava o cálculo da flecha, o fator de equivalência para
cada tipo de vidro e a orientação para cálculo de espessura de vidros não retangulares,
que estão abordados neste texto revisado.

CÁLCULO DE ESPESSURA ‘ONLINE’


A Cebrace possui um software online
(www.cebrace.com.br/CalculoEspessura/#/pressao-vento/primeiro-passo) no qual o
usuário informa dados sobre o projeto, como região do País, topografia, números de
apoios do vidro e demais informações da edificação e o cálculo é feito conforme a
norma.
Aplicações com vidros blindados e resistentes à explosão
A NBR 7199 cita a norma do produto, NBR 15000 — Blindagens para impactos
balísticos — Classificação e critérios de avaliação, que trata sobre a avaliação e
classificação dos vidros blindados. Sobre os vidros resistentes à explosão, a norma
referenciada é a americana ASTM F 1642, que possui os métodos de ensaio para vidros
com essa característica.

Instalações com normas específicas


Boxes de banheiro, NBR 14207;
Sistemas de envidraçamento de sacadas, NBR 16259.

Curiosidades da nova ‘NBR 7199’


Normas dentro de normas: é bastante comum uma norma técnica citar outras em seu
texto. Por exemplo: na parte de aplicações de vidro, para falar sobre boxes de banheiro,
a NBR 7199 faz menção à NBR 14207 — Boxes de banheiro fabricados com vidros de
segurança, norma que contempla os requisitos para esse tipo de instalação. Ao todo,
são dezenove normas referenciadas.
Tipos de instalação: alguém aí sabe de cor quais as formas de se instalar o vidro?
Segundo a norma, são seis: em esquadrias, autoportante, mista, estrutural, painel
colado (estrutural) e revestimento.
Aprenda a armazenar: a norma indica também a espessura máxima da pilha com
chapas de vidro para armazenamento:
Float, espelhos e laminados: pilhas de até 600 mm
Insulados e impressos: pilhas de até 300 mm
Temperados: pilhas de até 800 mm.
Incline corretamente: a inclinação das chapas é importante para o armazenamento e
transporte dos vidros. O texto informa que o material deve ser inclinado de 4 a 6 graus
em relação à vertical.
Utilize equipamentos de proteção individual: foi incluído um Anexo com as
informações sobre os equipamentos de proteção individual recomendados durante o
manuseio dos vidros.

Vidros em esquadrias
Todas as regras sobre esquadrias referenciam a norma ABNT NBR 10821, que
estabelece os requisitos e os métodos de ensaio de esquadrias.

Você também pode gostar