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Charles Spurgeon – O Príncipe dos Pregadores (1834-1892)

Charles Haddon Spurgeon foi um dos pregadores mais influentes nos últimos séculos. Não
bastasse o fato de ser alguém que viveu próximo de Cristo, Spurgeon expôs sermões que
levaram milhares de pessoas ao arrependimento na Inglaterra, e também no mundo. Sendo
um instrumento utilizado por Deus para chamar os homens ao Seu Reino, este herói da fé
apresentou o Salvador a tantos quanto puderam ouvir suas mensagens no século 19, e
também a uma quantidade incalculável de pessoas que leram seus livros em diferentes épocas
– inclusive nesta – e em diferentes lugares. No Brasil há uma grande quantidade de
publicações dos escritos de Spurgeon a venda em sites de editoras. Além disto, em nosso caso
especificamente, há ainda mais uma razão para conhecer o legado deste homem: Ele foi um
Batista.

Um chamado

Desde pequeno, Charles apresentava evidências de que fora enviado a este mundo para
anunciar a mensagem da salvação. Quando tinha apenas cinco anos de idade, protagonizou
uma cena curiosa. Ao ver um membro da igreja, o “Velho Roads”, sentado em um bar e
entregue à bebida, o menino o confrontou dizendo “O que faz aqui, Roads?”. Após o episódio
o homem confessou ao seu Pastor que, ao ser confrontado por uma criança sentiu-se
profundamente irritado, contudo o gesto daquele menino o levou a uma reflexão sobre o
rumo espiritual de sua vida. A partir dali o “Velho Roads” compromissou-se de forma
verdadeira com Cristo e nunca mais retornou ao caminho do erro.

Filho e neto de Pastores, Charles Spurgeon tomou consciência de seu estado pecaminoso
durante a adolescência. Em torno dos seus 15 anos de idade entendeu que algo lhe faltava no
aspecto espiritual. Frequentava aos cultos e conhecia o ambiente da igreja, mas carregava
consigo a angústia de alguém que não conseguia se livrar de seus pecados. A esta altura
decidiu se entregar de forma especial à oração, até que pudesse experimentar um verdadeiro
relacionamento com Deus. E foi neste período que Deus o tocou de forma especial.

A biografia de Charles Spurgeon conta que sua experiência de conversão aconteceu em uma
capela modesta. O jovem saiu em direção àquela igreja, em uma manhã de domingo no ano de
1850. Devido a uma intensa tempestade de neve, o pregador não conseguiu chegar ao local.
Apresentou-se para expor a mensagem naquela manhã um sapateiro, homem bem limitado
em sua oratória e nos conhecimentos teológicos, não era um grande mestre. O pregador
improvisado se fixou no texto de Isaías 45 v 22 “Olhai para mim e sereis salvos”. O homem
com simplicidade seguia “Olhem para mim, olhem para o meu sangue derramado por vocês.
Olhar para Cristo é simples. Para olhar não é preciso entrar numa escola e aprender algo, para
olhar para Cristo não é preciso nenhum esforço físico. Olhar é apenas olhar. Olhe na direção de
Cristo”. A objetiva mensagem que era exposta por aquele homem impactava o coração de
Charles. De repente, o pregador se vira na direção dele, olha-o nos olhos e diz “Moço, serás
infeliz na vida se não obedeceres a Deus. Olhe para Cristo, olhe para Ele agora”. Naquele
momento a paz que aquele adolescente procurava lhe encheu o coração. Ele conseguiu olhar
para Cristo e toda a sua angústia se desfez.

Nasce o Ministério

Após o encontro profundo com Cristo, Charles se entregou à obra de Deus por completo.
Distribuía folhetos em seu tempo disponível e dava aulas na escola dominical. Seus alunos
reconheciam nele uma vocação especial. Aos 16 anos começou a realizar pregações.

Vida pessoal

Acerca da vida familiar, Suzana Spurgeon, sua esposa, disse “Fazíamos cultos domésticos, quer
hospedados em ranchos nas serras, quer num suntuoso hotel. E a bendita presença de Cristo,
que muitos crentes diziam ser impossível de alcançar, era para ele a atmosfera natural: Ele
vivia e respirava nEle”.

Spurgeon tentou contato com o diretor de uma escola, pois desejava adquirir mais
conhecimento formal. Houve um desencontro entre os dois, e aquele homem não pôde ajuda-
lo. Diante desta tentativa frustrada, o jovem entendeu que aquele não era o propósito para o
qual Deus o chamou. Direcionou completamente sua vida ao Ministério. No entanto, não
abdicou de ser um homem intelectual. A leitura fazia parte de sua vida desde a infância.
Dentre as leituras que fez, Peregrino (John Bunyan) o marcou especialmente. Era conhecido
como homem culto. Não em vão ficou conhecido como o Príncipe dos Pregadores, pois suas
mensagens mesclavam profundidade, simplicidade e oratória digna dos grandes mestres.

Frutos

Havia algo diferente naquele jovem, e algum tempo depois de realizar sua primeira pregação
foi chamado para pastorear a igreja de Water Beach. Quando assumiu aquela congregação
havia quarenta membros. Após dois anos o número de membros havia aumentado para cem, e
Spurgeon foi convidado para estar a frente da Park Street Chapel. O local tinha 1200 assentos,
capacidade muito acima da quantidade de fiéis que a igreja possuía. Incialmente, o cenário era
desanimador. Muito espaço para pouca gente. Contudo, conforme relato do próprio Spurgeon,
os crentes daquela igreja não cessavam de orar: “No início eu pregava somente para um
punhado de ouvintes. Contudo, não me esqueço da insistência de suas orações. Às vezes,
parecia que rogavam até verem realmente a presença de Cristo querendo abençoá-los. Mais
de uma vez nos admiramos com a solenidade das orações até alcançarmos quietude, enquanto
o poder do Senhor nos sobrevinha. Assim desceu a benção, a casa se encheu de ouvintes e
foram salvas dezenas de almas”.
A oração sempre foi uma marca especial no ministério de Charles Spurgeon. As orações feitas
pelo Pastor durante os cultos tocavam o coração das pessoas de forma especial. O conteúdo
destas orações e a atmosfera espiritual gerada impactavam os presentes. Certa vez, ao ser
perguntado qual era o segredo para que as pessoas se sentissem tão atraídas por suas
pregações, ele respondeu “O mistério de nossos cultos consiste no fato de que enquanto
cultuamos, os intercessores estão na sala abaixo nos sustentando em oração”.

Alguns meses depois o prédio não podia comportar a quantidade de pessoas que se
aglomeravam para participar dos cultos. Sem conseguir adentrar o espaço de culto, centenas
de pessoas ficavam nas proximidades tentando desfrutar de algo que acontecia naquele
encontro. Diante deste cenário, ficou decidido que a Park Street Chapel seria reformada para
um aumento em sua capacidade. Durante as obras os cultos foram transferidos para o Exeter
Hall prédio, que contava com 4500 assentos.

Mesmo com a mudança temporária de prédio, a questão não foi resolvida. No novo endereço
o número de frequentadores seguia aumentando. As ruas próximas ficavam intransitáveis nos
horários de culto. Quando as obras em Park Street Chapel foram concluídas, o número de
frequentadores havia crescido de maneira que a reforma feita não foi eficaz. Sendo assim, a
congregação voltou a realizar seus cultos no Exeter Hall Prédio. Pouco tempo depois,
precisaram ir para um espaço ainda maior. A igreja alugou o Surrey Music Hall, o prédio mais
amplo e imponente de Londres à época. No culto de inauguração havia uma multidão de
pessoas. Alguns zombadores, aproveitando-se da aglomeração, gritaram “Fogo, fogo”. Não
havia um incêndio real, mas os gritos foram suficientes para gerar histeria. A confusão foi tão
grande que 7 pessoas morreram. A tragédia fez com que Spurgeon passasse por um período
de prostração, todavia o ocorrido fez com que o interesse das pessoas por aquela igreja
aumentasse. E Spurgeon foi convidado para pregar em vários países da Europa. Por fim, a
igreja iniciou a construção do Tabernacle Metropolitan, templo situado em Londres e que
abriga a congregação até hoje.

Foto do Tabernacle Metropolitan, em Londres.


O sermão brasileiro

Liberdade aos Cativos - O Sermão mais Brasileiro de C.H.Spurgeon - Nº 2371 Sermão pregado
na noite de Domingo, 13 de maio de 1888 Por Charles Haddon Spurgeon, No Tabernáculo
Metropolitano, Newington, Londres. (e destinado para leitura pública no domingo de 29 de
junho de 1894)

“A proclamar liberdade aos cativos.” Isaías 61:1 Eu não sei com que frequência vocês
geralmente leem o jornal diário. Eu acho que nós poderíamos ter uma “Sociedade pela
Supressão do Conhecimento Inútil”. Um grande negócio que aparece nos jornais apenas para
isto - e muito tempo é desperdiçado lendo-o. Mas, algumas vezes, nós temos uma jóia em
meio das notícias, e, em minha mente, há uma jóia contida no telegrama da Reuter’s1
proveniente do Rio de Janeiro, de 10 de maio: “A Câmara dos Deputados Brasileira votou a
imediata e incondicional abolição da escravatura no Brasil”.2 Meu coração regozijou enquanto
eu lia este parágrafo! Eu espero que isto não signifique que esta votação possa ser derrotada
em alguma outra Câmara, ou que a abolição possa ser evitada por algum outro poder. Mas, se
significa que a escravidão está para ser imediata e incondicionalmente abolida no Brasil, eu
convoco todos vocês a agradecer a Deus e se regozijar em Seu nome! Onde quer que exista a
escravidão, há uma horrível maldição, e a abolição é uma benção indescritível. Todos os
homens livres deveriam louvar a Deus e especialmente aqueles que Cristo tornou livre, pois
eles são “realmente livres”. Eu não vou pregar sobre a escravidão no Brasil, ainda que a
mensagem sobre a abolição será uma grande parte do meu tema. Há outra escravidão, uma
escravidão na qual nós nascemos, uma escravidão na qual nós temos vivido, e, infelizmente,
uma escravidão sob a qual alguns de nós ainda permanecem. Jesus Cristo veio, como o Grande
Libertador, “para proclamar liberdade aos cativos”.

Legado evangelístico, teológico e Social

Inspirado pelo avivalista George Muller, Spurgeon também se dedicou a ações evangelísticas e
sociais. Fundou um orfanato através do qual investiu no evangelismo e na assistência às
crianças. Além disto, foi idealizador de um colégio de Pastores, pois desejava fornecer
formação àqueles que almejavam o episcopado. Ele foi o autor de 135 livros, além de escrever
em uma revista mensal chamada “a espada e a espátula”.

Spurgeon morreu em 1892, na França. Seu corpo foi trasladado da França para Inglaterra,
onde foi sepultado no West Norwood Cemetery and Crematorium, próximo a Londres. O
funeral foi acompanhado por uma multidão de pessoas.

Fontes: Livro Heróis da fé, Ebook “O sermão Brasileiro”, Projeto Spurgeon

Escola Bíblica Dominical – Classe de jovens


Igreja Batista Central da Penha
Thaiana Cruz
Thiago Dnardo

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