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PERÍCIA CONTÁBIL EM MATÉRIA FINANCEIRA

SUMÁRIO

PF 00 – edição pessoal para fins de estudo e venda em PDF

Revisado em maio/2019.

1º - MÓDULO
JUROS EM GERAL, COMISSÃO DE PERMANÊNCIA, MULTA E REGIMES DE
CAPITALIZAÇÃO.
01.1. Juros Remuneratórios ou Contratuais
01.2. Juros Moratórios ou Juros de mora (juros no Crédito Rural)
01.3. Juros Compensatórios ou Indenizatórios
01.4. Comissão de Permanência
01.5. Multa Contratual ou Multa de Mora
01.6. Regimes de Capitalização
01.7. Agiotagem (Juros Usurários)
01.8. Orientação Técnica
01.9. Exemplo de laudo em que foi constatada a prática de agiotagem

2º - MÓDULO
JUROS SIMPLES E CAPITALIZAÇÃO SIMPLES
2.1. Conceito comum de juro
2.2. Juros simples e capitalização simples
2.3. Exercícios Resolvidos
2.4. Orientação Técnica
2.5. Exemplo de laudo pericial contábil em matéria financeira com juros simples

3º - MÓDULO
JUROS COMPOSTOS E CAPITALIZAÇÃO COMPOSTA
3.1. Sobre a legalidade da taxa de juros
3.2. O processo de cálculo que transforma juros em capital
3.3. Juros Compostos & Anatocismo
3.4. Visão Contábil da Renda denominada Juro
3.5. Anotações Legais sobre capitalização de juros
3.6. Exercícios Resolvidos
3.7. Orientação Técnica

4º - MÓDULO
TAXA REAL, TAXA NOMINAL, TAXA EFETIVA, TAXA PRO-RATA E CONCEITO DE
“DATA DE ANIVERSÁRIO”.
4.1. Taxa Real
4.2. Taxa Nominal
4.3. Taxa Efetiva
4.4. Taxa Pro-rata e “dias bancários”
4.5. Conceito de “data de aniversário”
4.6. Exercícios Resolvidos
4.7. Orientação Técnica

5º - MÓDULO
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SELIC, TR-TBF, TJLP E SPREAD
5.1. SELIC (sistema especial de liquidação e custódia)
5.2. TR (taxa referencial) e TBF (taxa básica financeira) e orientação técnica pontual
5.3. TJLP (taxa de juros de longo prazo) e orientação técnica pontual
5.4. SPREAD e orientação técnica pontual
5.5. Orientação técnica

6º - MÓDULO
EXPURGOS INFLACIONÁRIOS E ATUALIZAÇÃO MONETÁRIA.
6.1. Conceito de Atualização Monetária
6.2. Conceito de Expurgo Inflacionário.
6.3. Estudo de alguns casos de atualização monetária objeto de controvérsia
a) Plano Verão – janeiro de 1989
b) Plano Collor I (março/90) - MP nº. 168, de 15.03.1990, convertida na Lei 8.204 de
13/04/1990
c) Plano Collor II (fevereiro/91) = Criação da primeira TR
d) O efeito da URV nos salários de março a julho de 1994 (março, abril, maio, junho e julho
de 1994).
e) O antigo caso do “Plano Bresser” - Decreto-Lei nº 2.335/87 de junho de 1987 e as
Cadernetas de Poupança
6.4. Caderneta de Poupança: sobre a responsabilidade do agente financeiro de indenizar o
depositante em ação de indenização.
6.5. Primeiro exemplo de um caso em que foram considerados expurgos inflacionários
6.6. Segundo exemplo de um caso em que foram considerados expurgos inflacionários.
6.7. Orientação Técnica

7º - MÓDULO
MÉTODO HAMBURGUÊS, CONTA CORRENTE COM JUROS e FINANCIAMENTO
FLOOR PLAN
7.1. Conceito de Método Hamburguês ou Conta Corrente com Juros.
7.2. Conceito e funcionamento da Conta Corrente com Juros.
7.3. Elementos de uma conta corrente
7.4. Conta corrente com direito a “crédito rotativo” ou “Cheque Especial” ou “conta corrente
garantida”
7.4.1. Os documentos objeto de perícia em casos de “cheque especial” ou “conta garantida”.
7.4.2. O contrato bancário de conta garantida é um contrato DE adesão ou um contrato POR
adesão?
7.4.3. Encadeamento de operações
7.5. Do cálculo dos juros pelo Método Hamburguês
7.5.1. Quanto aos regimes ou modalidades das taxas de juros
7.5.2. Relacionamento dos bancos com os clientes que têm conta corrente garantida e o
Método Hamburguês
7.6. Justificativa financeira para lançar juros maturados a débito da conta corrente garantida
mesmo que não exista saldo para serem quitados.
7.7. A Conta Corrente chamada Floor Plan
7.7.1. Conceito
7.7.2. Fluxo operacional do Floor Plan
7.7.3. Inspeção do estoque do distribuidor/concessionário pelo fabricante /montador
7.7.4. Extinção da dívida do distribuidor ou concessionário junto ao fabricante /montador
7.7.5. Quanto à confiança e interesses recíprocos dos contratantes.
7.7.6. Quanto ao cálculo dos acrécimos financeiros incidentes sobre o prazo decorrido da
data da nota-fiscal/fatura de venda do fabricante/montador, até a data da liquidação
financeira do bem pelo distribuidor ou concessionário
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7.7.7. Floor Plan de usados.
7.7.8. Quanto à origem dos fundos para o financiamento do Sistema Floor Plan
7.7.9. Quando é que a rotatividade do Sistema Floor Plan para de girar?
7.7.10. O que dizem geralmente os que criticam o Floor Plan?
7.8. Orientação Técnica
7.8.1. Procedimentos técnicos periciais mais usuais
7.9. Alguns exemplos de cálculos e laudos

8º - MÓDULO
CARTÕES DE CRÉDITO
8.1. Conceito de Cartão de Crédito
8.2. Capitalização dos juros na conta corrente dos cartões de crédito
8.3. Argumentos dos advogados que questionam a atuação da ad - ministradora de cartões de
crédito:
8.4. A respeito da abusividade na cobrança de encargos remunera - tórios e moratórios.
8.5. Orientação Técnica
8.6. Exemplo de um laudo, respectivas planilhas.

9º - MÓDULO
DESCONTO DE RECEBÍVEIS E FACTORING
9.1 – Conceito.
9.2 – Desconto de Cheques pré-datados
9.3 – Desconto de Nota Promissória e de Duplicata Comercial ou de Prestação de Serviços
9.4 – Cédula de Crédito Industrial e Cédula de Crédito Comercial (um tipo de nota promissória).
9.5 – Motivos mais comumente alegados pelo correntista para agir, judicialmente, contra o
banco.
9.6 – Factoring ou Fomento Mercantil
9.6.1– Conceitos, finalidades e características de empresas de fomento mercantil
9.6.2 – A questão da compra de recebíveis na condição pro-soluto e a revenda.
9.6.3 – Garantia Fiduciária em operações de factoring.
9.6.4 – Como calcular o Fator de Compra – FC - e exemplo de cálculo para conhecer o
percentual efetivo de custo de uma operação de factoring.
9.6.5 – Contabilização de operação de fomento mercantil e tributos incidentes
9.6.6 – Motivos mais frequentes que levam as empresas de factoring e seus clientes ao Poder
Judiciário.
9.6.7 – Exemplo de um laudo sobre operação de factoring e respectivos cálculos.
9.7 – Exemplos de operações de desconto de títulos.
9.8 – Orientação Técnica
9.9 – Um exemplo de laudo que cuida de duplicatas descontadas e respectivas planilhas.
9.10 – Um exemplo de laudo que revela a total ausência de diálogo entre o advogado a
Contabilidade a respeito das provas que a escrituração contábil pode oferecer efetivamente.

10º - MÓDULO
SISTEMA FRANCÊS DE AMORTIZAÇÃO OU TABELA PRICE, SACRE, SAC e Sistema
Americano de Amortização.
10.1. Definição de Tabela Price.
10.2. O Fator de Capitalização
10.3. A argumentação de que a Tabela Price não é um método de cálculo que capitaliza juros é
um sofisma aritmético.
10.4. Argumentar que a Tabela Price equivale a praticar anatocismo é outro sofisma aritmético.
10.5. Outras maneiras de amortizar dívidas em prestações mensais – SACRE, SAC, Sistema
Americano.
10.5.1. Sistema de Amortização Crescente – SACRE.
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10.5.2. Sistema de Amortização Constante – SAC
10.5.3. Sistema Americano de Amortização – SAA
10.5.4 – Outros Sistemas de Amortização menos usados
10.6. Orientação Técnica
10.7. Exemplo de Laudo de Esclarecimentos juntado aos autos de um processo cujo Laudo
Pericial Contábil foi criticado por quem insiste em dizer que o cálculo dos juros com base na
Tabela Price é feito como se fossem juros simples.
10.8. Exemplo de Laudo Pericial Contábil em ação de reintegração de posse promovida pela
construtora e vendedora do apartamento.

11º MÓDULO
LEASING ou ARRENDAMENTO MERCANTIL FINANCEIRO
11.1, Conceito de leasing financeiro.
11.2. Características gerais das operações de leasing
11.3. Custo anual do bem arrendado x depreciação anual e o Imposto de Renda.
11.4. Coeficiente de Arrendamento (CA) e taxa de juros.
11.5. Outros encargos financeiros presentes nos contratos de arrendamento mercantil.
11.6. Motivos mais comumente alegados pelos arrendatários para agir, judicialmente, contra a
arrendadora e vice-versa.
11.7. Lease-back
11.8. Leasing Imobiliário
11.9. Outras formas de arrendamento mercantil com as quais o perito contador poderá ter a
oportunidade se defrontar
11.10. Orientação Técnica
11.11. Um caso em que se estuda uma operação de leasing contratada em dólares norte-
americanos.

12º - MÓDULO
SISTEMA FINANCEIRO DA HABITAÇÃO – SFH + GAUSS
12.1. Origens do Sistema Financeiro da Habitação – SFH
12.2. Sistemas de financiamento habitacional, métodos de amortização do saldo devedor e
controvérsias.
12.2.1. A capitalização anual de juros.
12.2.2. A amortização negativa
12.2.3. A questão do Resíduo
12.3. Contratos vinculados ao Plano de Equivalência Salarial - PES
12.4. Contratos NÃO vinculados ao PES
12.5. Plano de Comprometimento de Renda - PCR
12.6. O Coeficiente de Equiparação Salarial – CES
12.7. Atualizar Monetariamente o Saldo Devedor antes ou depois de abater a amortização do
período?
12.8. A Alternativa de amortização do mútuo habitacional pelo Método (ou Sistema) Gauss
12.9. Pontos para Verificação do Perito
12.10. Orientação Técnica
12.11. Um exemplo de Laudo sobre contrato do SFH

13º - MÓDULO
CONSÓRCIOS
13.1. Conceito
13.2. Regras contábeis para o funcionamento de um Grupo de Consórcio.
13.3. Motivos mais comumente alegados pelos consorcia_ dos para agir, judicialmente, contra a
administradora e vice-versa.
13.4. Orientação Técnica.
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13.5. Dois exemplos de laudo em ação que cuida de consórcio.

14º - MÓDULO
COOPERATIVA DE CRÉDITO
14.1. Conceito
14.2. Brevíssima comparação entre o banco e a cooperativa de crédito.
14.3. Os empréstimos aos cooperados e as SOBRAS.
13.4. Orientação Técnica
13.5. Exemplo de laudo em ação que cuida de cooperado e cooperativa de crédito.

15º - MÓDULO
TREZENTOS E VINTE QUESITOS
15.1. Quesitos relacionados com demandas que envolvem a conta corrente garantida, cheque
especial, capital de giro e operações de desconto.
15.1.1. Apresentados pelo cliente do banco, pessoa física ou jurídica.
15.1.2. Apresentados pelo banco.
15.2. Quesitos relacionados com demandas que envolvem o SFH - Sistema Financeiro da
Habitação
15.2.1. Apresentados pelo Autor ou Embargante em ação executiva.
15.2.2. Apresentados pelo Réu ou Embargado (o banco) em ação executiva.
15.2.3. Apresentados pelo magistrado
15.3. Quesitos relacionados com operações de leasing.
15.4. Quesitos apresentados em operação financeira entre pessoas físicas equivalentes à
agiotagem.
15.4.1. Quesitos apresentados pelo Embargante/executado em ação de embargos à execução.
15.4.2. Quesitos apresentados pelo Embargado/exeqüente na mesma ação de embargos à
execução.
15.5. Quesitos apresentados em operação financeira com cartão de crédito.
15.5.1. Quesitos apresentados pelo associado portador do cartão
15.5.2. Quesitos apresentados pela administradora do cartão.
15.6. Quesitos apresentados em ação em que se cuida de financiamento de terreno.
15.6.1. Quesitos da empresa requerente, a que vendeu o terreno financiado por ela mesma.
15.6.2. Quesitos apresentados pelos adquirentes/financiados requerido
15.7. Quesitos apresentados em ação em que a Autora pede a reposição dos expurgos
inflacionários praticados em sua caderneta de poupança.
15.7.1. Quesitos da poupadora
15.7.2. Quesitos do banco

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PERÍCIA CONTÁBIL EM MATÉRIA FINANCEIRA – Prof. Remo Dalla Zanna (MS)

PERÍCIA CONTÁBIL EM MATÉRIA FINANCEIRA


BIBLIOGRAFIA

PF 00 – edição pessoal para fins de estudo e venda em PDF

Revisado em maio/2019.

MONOGRAFIAS (livros, folhetos, separatas, dissertações, teses e artigos)

1) ZANNA, Remo Dalla. Prática de Perícia Contábil. Edição pessoal.


Solicitar via: fontanea75@rdzpericias.com.br
2) ZANNA, Remo Dalla. Contabilidade Instrumental para Peritos. Edição
pessoal.
Solicitar via: fontanea75@rdzpericias.com.br
3) PUCCINI, Abelardo. Tabelas de MATEMÁTICA FINANCEIRA
impressas em computador. Rio de Janeiro: Fórum, 1972. 332p.
4) HAZZAN, Samuel, POMPEU, José Nicolau. Matemática Financeira – 5.
ed. – São Paulo : Saraiva, 2001.
5) SOBRINHO, José Dutra Vieira. Matemática Financeira. São Paulo: Atlas,
2000; 7ª ed.; p. 230.
6) CASIO FC-100. Manuale dell’utente per Financial Consultant. (Manual
do usuário da calculadora financeira “FC-100” fabricada pela CASIO).
7) FALCÃO, Guilherme J. Legislação que regula as empresas de fomento
mercantil (“Factoring”) no Brasil (um estudo). Brasília. Câmara dos
Deputados, Consultoria Legislativa. Outubro, 2001.
8) LEITE, Luiz Lemos, Factoring no Brasil. São Paulo: ANFAC – Associação
Nacional das Sociedades de Fomento Mercantil – Factoring, 11ª ed. 2006.
9) ABEL, Associação Brasileira das Empresas de Leasing – Guia Prático de
Arrendamento Mercantil – Disponível em <http://www.leasingabil.org.br.
– 2017.
10) MANOEL, Ronildo da Conceição & FERREIRA JUNIOR, Vital,
Perito-contador com foco na área econômico-financeira. 1ª ed. (ano
2005), 2ª tir. Curitiba: Juruá, 2006. 176 p.
11) FIGUEIREDO, Alcio Manoel de Souza. Cálculos no Sistema
Financeiro da Habitação. 11ª ed. Curitiba: Juruá, 2003, 432 p.
12) KUHNEN, Osmar Leonardo; BAUER, Udibert Reinoldo. Matemática
Financeira Aplicada e Análise de Investimentos. – 2. ed – São Paulo :
Atlas, 1996.
13) SILVA, Luiz Cláudio Barreto. Juros após a Emenda Constitucional
nº 40/2003. Revista Jus Navigandi, Teresina, ano 12, n.1393, 25, abr. 2007.
Disponível em http://jus.com.br/artigo/9801.

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PERÍCIA CONTÁBIL EM MATÉRIA FINANCEIRA – Prof. Remo Dalla Zanna (MS)

14) DALLAGNOL, Deltan Martinazzo, (bacharel de Direito em Curitiba – PR)


Capitalização de juros no direito brasileiro. Revista Jus Navigandi,
Teresina, ano 12, n. xxxx, (Data: xx/xxxx/xxxx). Disponível em
http://jus.com.br

PERIÓDICOS (Revistas e jornais)

15) POLICARPO, Pedro Cláudio Oliveira. A Capitalização de Juros na


Tabela Price. Revista do Conselho Regional de Contabilidade do Rio
Grande do Sul, Porto Alegre, N° 101, p. 18-30, Julho, 2000.
16) NASCIMENTO, Roberto Sérgio do e NASCIMENTO, José
Herisberto Pedrosa do. O perito como auxiliar da Justiça, suas atribuições e
prerrogativas no processo pericial contábil. Revista Brasileira de
Contabilidade. Brasília, ANO XXXII - nº. 143, Setembro/Outubro, 2003.
17) AMARAL, Marcelo L. B. Anatocismo. Informe Sindicon. São Paulo,
ANO VI – nº. 115 – Junho/2003.
18) VIEIRA SOBRINO, José Dutra. A Capitalização dos Juros e o
Conceito de Anatocismo. Informe Sindicon. São Paulo. ANO VII – nº. 130
– Outubro/2004.
19) PIRES, Marco Antônio Amaral, SERRA NEGRA, Elizabeth Marino
(co-autora). Juros Tabela Price – Discussão no âmbito da Perícia Contábil.
Revista Brasileira de Contabilidade, Brasília, XXXVI - N° 155, p. 37-53,
setembro/outubro, 2005.
20) SERRA NEGRA, Carlos Alberto, SOUZA, Milanez Silva de,
COUTINHO, Walter Roosevelt. Juros no Sistema Financeiro da Habitação:
a falácia dos sistemas de amortização no âmbito da perícia contábil.
Revista do Conselho Regional de Contabilidade do Rio Grande do Sul nº.
129. Junho/2007 – Porto Alegre: págs.15 a 29.

PUBLICAÇÕES ELABORADAS POR ENTIDADE COLETIVA

21) BRASIL. Lei 10.406, de 10.01.2002 – Código Civil.


22) BRASIL. Lei 10.931, de 02/08/2004, Lei das Letras de Crédito
Imobiliário (LCI), Cédula de Crédito Imobiliário e Cédula de Crédito
Bancário.
23) BRASIL. Lei 13.105, de 11/03/2015 – Código de Processo Civil.
24) CONSELHO FEDERAL DE CONTABILIDADE – Norma Brasileira
de Contabilidade – NBC TP 01, de 27 de Fevereiro de 2015; Perícia
Contábil.
25) CONSELHO FEDERAL DE CONTABILIDADE – Norma Brasileira
de Contabilidade – NBC PP 01, de 27 de Fevereiro de 2015; Perito Contábil.

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26) DIÁRIO COMÉRCIO E INDÚSTRIA – DCI - Matéria fornecida pela


revista ÚLTIMA INSTÂNCIA. Edições do DCI de 15/10/2007, 25/10/2007,
29/10/2007, 20/11/2007, 04/12/2007 e outras.

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Revisado em maio/2019.

1º - MÓDULO
JUROS EM GERAL, COMISSÃO DE PERMANÊNCIA, MULTA E
REGIMES DE CAPITALIZAÇÃO.

01.1. Juros Remuneratórios ou Contratuais


01.2. Juros Moratórios ou Juros de mora (juros no Crédito Rural)
01.3. Juros Compensatórios ou Indenizatórios
01.4. Comissão de Permanência
01.5. Multa Contratual ou Multa de Mora
01.6. Regimes de Capitalização
01.7. Agiotagem (Juros Usurários)
01.8. Orientação Técnica
01.9. Exemplo de laudo em que foi constatada a prática de agiotagem

1.1. JUROS REMUNERATÓRIOS OU JUROS CONTRATUAIS

1.1.1. Conceito de juros

Os juros podem ser vistos e entendidos por três ângulos: o eco-


nômico, o político e o jurídico.
Juros sob o prisma econômico: nas relações de troca entre
pessoas, ocorre a antecipação de capitais (de giro ou de investimento)
com o propósito de alavancar negócios ou antecipar o consumo de bens
e serviços. Quem empresta deseja receber um “aluguel” pelo dinheiro
emprestado. Chamamos a este “aluguel” de juros. Sob a ótica contábil,
os juros podem ser devedores, ou seja, quem tomou emprestado DEVE
JUROS a quem lhe fez o empréstimo; ou podem ser juros credores, ou
seja, em contrapartida, quem concedeu o empréstimo tem a HAVER
1
JUROS perante o tomador. Os juros têm a função de remunerar o in-
vestidor pelo fato de privar-se de seu dinheiro em favor de outrem, o
tomador. O Sistema Financeiro, mais precisamente o Sistema Bancário,
funciona como intermediário do processo de empréstimos, pois capta
recursos de quem os tem sobrando (investidores) e, por isso, lhe paga
juros; e concede empréstimos (mutuários ou tomadores) a quem deles
necessita, dos quais recebe juros. A diferença entre os juros que paga
aos investidores, sempre menores daqueles que recebe dos tomadores,
chama-se spread. Essa diferença é utilizada pelo Sistema Bancário
para pagar suas despesas de funcionamento, inclusive os impostos;
fazer reservas para cobrir o risco de eventuais inadimplências dos de-
vedores; e gerar lucro aos acionistas. No que tange ao percentual de
juros (a taxa) que pode ser cobrado, ilustres economistas têm se mani-
festado ao longo dos séculos. Por exemplo, Karl Marx disse que juro é
lucro e que, por ser um lucro de “aluguel” e não do trabalho, deveria ser
menor que o lucro gerado nas atividades produtivas, ou seja, nas ativi-
dades industriais e agrícolas. A verdade é que na formação da taxa de
juros entram dois elementos fundamentais que são: (i) o “aluguel” do
capital emprestado; e (ii) a “taxa de risco” para cobrir eventual inadim-
plência do tomador. O elemento secundário que influencia o percentual
da taxa de juros é o prazo para devolução do empréstimo e juros, se em
parcelas mensais, semestrais e anuais ou se apenas no final do prazo e
outras variáveis de tempo como o prazo de carência, etc. Segundo um
dos autores mais consultados pelos peritos em seus trabalhos, o eco-
nomista e matemático José Dutra Vieira Sobrinho, em Matemática
Financeira, 2ª edição, Ed. Atlas, 1982, na página 15 diz:
“... Ao se dispor a emprestar, o possuidor de
dinheiro, para avaliar a taxa de remuneração para os
seus recursos, deve atentar para os seguintes
fatores:
1. Risco: probabilidade de o tomador do em-
préstimo não resgatar o dinheiro;
2. Despesas: todas as despesas operacionais,
2
contratuais e tributárias para a formalização do
empréstimo e a efetivação da cobrança;
3. Inflação: índice de desvalorização do poder
aquisitivo da moeda previsto para o prazo do
empréstimo;
4. Ganho (ou lucro): fixado em função das demais
oportunidades de investimentos (“custo de
oportunidade”); justifica-se pela privação, por
parte do seu dono, da utilidade do capital.
Portanto, a receita de juros deve ser suficiente para
cobrir o risco, as despesas e a perda do poder
aquisitivo do capital emprestado, além de pro-
porcionar certo lucro ao seu aplicador...”
Juros sob o prisma político: John Maynard Keynes foi adiante e
disse que a taxa de juros seria flutuante e que sua flutuação estaria
relacionada com a procura de capitais necessários ao desenvolvimento
das atividades produtivas. Ocorrendo a escassez de capitais, a taxa de
juros tende a subir e cair quando o contrário acontece. Considerando
que a taxa de juros é formada por duas variáveis independentes, a parte
da taxa que representa o “aluguel” do capital emprestado, no caso de
escassez de capitais, sobe e desce quando a oferta aumenta; mas a
“taxa de risco” pode andar em sentido inverso, ou seja, a redução da
parte da taxa que decorre do aumento da liquidez do mercado (da oferta
de capitais) pode ser anulada pelo aumento do risco de inadimplência.
Hoje em dia, quem controla a liquidez do mercado, ou seja, a disponibi-
lidade de recursos para empréstimos e financiamentos, tanto pela
emissão de papel-moeda como por outros mecanismos contábeis, é o
Banco Central que, por via de consequência, faz a política de taxas
de juros básicos da economia do país por meio da taxa Selic; cabe,
então, aos bancos, gerenciarem a parte da taxa de juros que se rela-
ciona com a expectativa de risco de inadimplência. Por óbvio, esta taxa
de risco varia de banco para banco e de tomador para tomador. A polí-
tica das taxas de juros da economia afeta, profundamente, tanto positiva
3
como negativamente, o desenvolvimento das atividades econômicas, o
desemprego, a receita tributária e o endividamento do Tesouro Nacio-
nal, ou seja, da sociedade como um todo. Comentaristas têm dito ao
longo dos últimos 50 (cinquenta) anos que a taxa de risco embutida na
taxa de juros, em nosso país, é alta por duas razões: (i) somos um povo
ávido por consumir e investir e, assim, assumimos endividamentos
acima do razoável, gerando, de nossa parte, atrasos no pagamento de
nossos compromissos financeiros ou a inadimplência total; e (ii) o nosso
sistema legal é emaranhado, enquanto o sistema jurídico é muito lento
para quem necessita receber, em devolução, o que emprestou.
Juros sob o prisma jurídico: juros são apenas os frutos da
utilização do principal, que é o capital alheio, e a este
se agregam. Pontes de Miranda ao abordar os juros afirmou: “Dois
elementos conceituais dos juros são o valor da
prestação, feita ou a ser recebida, e o tempo em que
permanece a dívida. Daí o cálculo percentual ou outro
cálculo adequado sobre o valor da dívida, para certo
trato de tempo. É o fruto civil do crédito. No plano
econômico, renda do capital.” Como se vê, os juros são
entendidos como o preço pago pelo mutuário ou tomador ao banco que
lhe concedeu o empréstimo, não importando se o banco é mero
intermediário entre o investidor e o mutuário. Assim, conceituadas as
relações entre as partes, de um lado, temos o banco, como um
prestador de serviços financeiros, emprestando capital de giro ou
financiando a compra de um bem; e de outro, temos o tomador, o
financiado ou o mutuário, que se beneficia com o valor obtido. O
tomador do empréstimo ou financiamento poderá entrar na posse do
bem financiado antes que se dê o pagamento completo de seu valor ou,
então, antecipar o uso e o consumo de bens para os quais não dispõe de
dinheiro seu para tal propósito. Temos então que os juros são
conceituados como sendo os frutos produzidos pelo dinheiro por si
mesmo. Esta é a ética jurídica dos juros.

1.1.2. Conceito de financiamento x conceito de empréstimo


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Uma Operação de Financiamento é o ato de adiantar dinheiro
para que alguém adquirida um bem ou um direito. Todas as vezes que
uma pessoa física ou jurídica adquire um bem ou um direito e faz o
pagamento a prazo ou em prestações, está financiando sua compra.
Nas operações de financiamento, a praxe é não entregar dinheiro vivo
ao financiado, mas contratar para que o pagamento do bem ou direito
seja feito no futuro. Portanto, o financiamento é uma forma de antecipar
o consumo ou investimento em face de ausência de disponibilidade
imediata. Excetuando-se os casos de financiamento para a prestação
de serviços, este tipo de antecipação tem como garantia preliminar o
bem objeto de financiamento. Em seguida, outras formas de garantia
podem ser agregadas à mantença da propriedade do bem financiado
em nome do financiador, enquanto o financiamento não for
integralmente pago. Pode ser realizada, uma operação de
financiamento, com a intervenção de uma instituição financeira ou não.
Por exemplo, o comércio, a indústria e as demais empresas
prestadoras de serviços que não são instituições financeiras, realizam
financiamento quando dão prazo para pagamento de compras feitas
pelos seus clientes.
Uma Operação de Empréstimo é o ato de conceder dinheiro vivo,
em espécie ou mediante crédito em conta corrente para que alguém o
gaste como lhe aprouver. O exemplo mais visível na indústria e comércio
é o empréstimo para capital de giro cujo exemplo mais clássico é a “conta
garantida”, também conhecida como “cheque especial empresa”, cujo
limite pode superar R$ 1.000.000,00. Nas atividades privadas, o exemplo
mais clássico é a conta “cheque especial”, cujo limite, ressalvadas as
eventuais e especiais exceções, não excede R$ 50.000,00. Outro
exemplo muito comum é o “cartão de crédito”. Portanto, o que o tomador
vai fazer com o dinheiro emprestado não interessa a quem o empresta.
As garantias, em casos de empréstimos, podem ser títulos como
“cheques de terceiros”, “duplicatas a receber”, “nota promissória” e outras
a critério de quem empresta, dentre as quais figuram bem móveis
(estoques) e imóveis.

5
1.1.3. Juros remuneratórios ou contratuais

Entendem-se como JUROS REMUNERATÓRIOS ou CON-


TRATUAIS os que servem para remunerar um capital aplicado na
forma de empréstimo ou financiamento. Decorrem de contrato, con-
venção, lei ou sentença, a título de rendimento do capital ou do bem. O
percentual (a taxa) quando não definido em leis ou determinado por
sentença judicial, é ajustado entre as partes em cada operação e
obedece às circunstâncias do mercado financeiro. O exemplo mais
forte da intervenção do Estado na fixação das taxas de juros é o Sis-
tema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE) e, por conse-
quência, o Sistema Financeiro da Habitação (SFH). Sabe-se que há
distinção de taxas de juros em função do tipo de operação de crédito,
se comercial ou de investimento, se comum ou para atender à política
social do Estado, se de curto ou de longo prazo. As taxas de juros
variam também em função das garantias oferecidas (remuneração do
risco) e em função do efeito da demanda e da oferta vigentes no
mercado de crédito e de outros motivos, como as fontes de captação
de recursos se nacionais ou estrangeiras e a concorrência interban-
cária. O contrato de crédito bancário é do tipo “contrato padrão” ou,
segundo o pensamento de muitos advogados, um “contrato de ade-
são”, ou seja, os termos contratuais já estão definidos em formulário
pré-impresso com campos em branco, cujo preenchimento ocorre no
ato da contratação. Geralmente, os campos objeto de negociação são:
1) valor do mútuo;
2) data de vencimento;
3) nome do devedor/contratante;
4) endereço;
5) CNPJ ou CPF;
6) encargos da operação do tipo: taxa de juros pré-fixados ou
pós-fixados, taxa nominal e efetiva: prestações mensais ou
com outros prazos; fixação do indexador monetário (atualiza-

6
ção monetária do saldo devedor e das prestações), data do
débito em conta-corrente dos encargos; taxas no caso de re-
pactuação; tarifas para a prestação de serviços como “tarifa de
abertura de crédito” e assemelhadas e outras eventuais taxas
ou tarifas1.
As demais cláusulas já se encontram impressas e somente em
casos especiais, que envolvem quantias de vulto para a economia, são
objeto de negociação e de eventual modificação.
As operações de crédito bancário, de curto prazo, mais comuns
são:
a) desconto de cheques pré-datados;
b) desconto de duplicatas mercantis e de prestação de serviços;
c) desconto de notas promissórias (promessa de pagamento)
emitidas por quem toma o empréstimo;
d) empréstimos para a exportação na forma de Antecipação de
Contratos de Câmbio (ACC);
e) financiamento de importações;
f) outros empréstimos em moeda estrangeira e nacional.
As operações de crédito bancário de médio prazo, assim enten-
didas as que têm de 6 (seis) meses até 2 (dois) anos para serem qui-
tadas, mais comuns são:
a) financiamento de importações;
b) financiamento às exportações;
c) empréstimos em moeda estrangeira;
d) financiamento de máquinas e implementos;

1
. Taxa é um percentual calculado sobre uma determinada base; portanto,
é um valor variável e Tarifa é um valor fixo que independe do valor do
serviço prestado pelo banco.

7
e) outros empréstimos e financiamentos classificados como
sendo de médio prazo, inclusive o Crédito Rural.
As operações de crédito bancário de longo prazo, assim enten-
didas as que têm 5 (cinco) ou mais anos para serem quitadas, mais
comuns são:
a) financiamento de importações de máquinas e implementos;
b) financiamento de exportações de máquinas e implementos;
c) empréstimos em moeda estrangeira para futuro aumento de
capital;
d) financiamento de máquinas e implementos viabilizado por meio
de linhas de crédito do Banco Nacional de Desenvolvimento
Econômico e Social (BNDES);
e) outros empréstimos e financiamentos classificados como
sendo de longo prazo, inclusive o Crédito Rural.
Como se vê, os empréstimos e financiamentos comportam varia-
ções segundo suas características de tempo, de volume, de garantias e
de finalidade. Assim sendo, é natural que as taxas de juros variem
também segundo a modalidade de cada operação de crédito.
Por exemplo, os empréstimos para investimentos classificados no
longo prazo contam com a Taxa de Juros de Longo Prazo (TJLP). Esta
taxa foi criada com o propósito de financiar investimentos em infraes-
trutura e consumo, ou seja, estimular o crescimento econômico pela
geração de empregos. Esta taxa especial de juros é aplicada em pro-
gramas específicos administrados pelo Banco Nacional de Desenvol-
vimento Econômico e Social (BNDES) tais como: FINAME, FINEP e
BNDES AUTOMÁTICO. Há outros programas de financiamento que
atendem às políticas de desenvolvimento das regiões norte e nordeste
que gozam de taxas de juros subsidiadas, taxas essas, inferiores às
praticada pelo BNDES.
Quem fixa a TJLP é o Conselho Monetário Nacional (CMN) que
estabelece o percentual válido para cada trimestre: de 1º de janeiro a 31
8
de março; de 1º de abril a 30 de junho; de 1º de julho a 30 de setembro e
de 1º de outubro a 31 de dezembro. Esta forma de financiar os pro-
gramas do BNDES foi instituída por Medida Provisória em 31/10/1994 e
transformada na Lei nº 10.183, de 12/02/2001, valendo desde então. Por
exemplo: para os quatro trimestres de 2016 e primeiro trimestre de 2017,
foi fixado o percentual 7,5% (sete centésimos e cinco milésimos) ao ano.
Esta taxa de juros inclui a expectativa de inflação futura medida pela
variação do INPC, mais uma taxa de risco ou juros. Se a inflação foi, por
exemplo, estimada em 4,5% ao ano, temos, então, que a taxa de risco
ou de juros, foi fixada em 3% ao ano (4,5% + 3% = 7,5%). Como se vê, o
Governo Federal através da Política Monetária administrada pelo Mi-
nistério da Fazenda em sintonia com o Banco Central do Brasil tem
condições de induzir o mercado a praticar determinados níveis de taxas
de juros. Mas o Governo Federal não impõe ao mercado uma taxa de
juros específica, nem segundo a linha de financiamento ou de emprés-
timo, todavia legisla, pontualmente, sobre a taxa de juros básica da
economia, ou seja, a SELIC, pois o seu valor depende:
 da projeção da inflação feita para 12 (doze) meses futuros; e
 do risco-Brasil segundo a avaliação feita por organismos in-
ternacionais.
As taxas de juros para capital de giro (de curto prazo) giravam, no
final do ano de 2016, por volta de 1,5% ao mês, ou seja: 19,56% ao ano.
Mas a taxa de juros flutua também e principalmente em função de outras
variáveis, dentre as quais se destacam: (a) as garantias oferecidas pelo
tomador; (b) o prazo para o retorno do principal e pagamento dos juros,
se mensalmente, trimestralmente ou no fim do contrato; (c) o montante
envolvido vis-à-vis com o risco do negócio onde será aplicado o dinheiro
emprestado. Etc. Por exemplo, para as operações de capital de giro
suportadas por Notas Promissórias e garantidas pelas pessoas físicas
dos sócios das empresas tomadoras, a taxa de juro pode ser de 1,80%
ao mês, mais a atualização monetária pela Taxa Referencial (TR). A
soma destes dois elementos – taxa de juros mais TR – pode elevar a
taxa efetiva a 2,85% ao mês que, capitalizada atinge 40,1043% ao ano.
9
Logo, a taxa de juros é um “preço” que o tomador de um empréstimo
paga quando adquire uma mercadoria chamada “dinheiro”. Este “preço”
varia de fornecedor para fornecedor (de banco para banco), porque
cada instituição financeira (e não somente os bancos) cobra pelo pro-
duto que “vende” (o dinheiro), o preço que lhe convém naquele mo-
mento. Por fim, lembremos que o Sistema Financeiro, tanto o nacional
como o internacional, atuam no financiamento de todos os negócios
chamados lícitos e o faz com base em juros capitalizados.

1.1.4. Legislação, jurisprudência e prática.

As “leis” que regulamentam os juros são basicamente: o Decreto nº


22.626, de 07.04.1933, editado no governo ditatorial do presidente
Getúlio Vargas e, bem mais recentemente, a Medida Provisória nº
1.963-17, de 31.03.2000, reeditada até a MP nº 2.170/01. Esta Medida
Provisória com seu artigo 5º autoriza o procedimento de capitalizar juros
mensalmente. Revogou, portanto, o artigo 4º do Decreto acima citado.
Logo, as instituições financeiras não se sujeitam à limitação dos juros
remuneratórios previstos na chamada “Lei da Usura (Decreto nº
22.626/1933) e Súmula nº 596 do STF. Além destas “leis”, existe uma
abundante quantidade de Normas e Circulares do Banco Nacional da
Habitação, hoje extinto, e do Banco Central do Brasil. As normas exis-
tentes, em resumo, estabelecem alguns conceitos genéricos dentre os
quais destacamos:
a) nas atividades comerciais e financeiras, os juros são devidos e
contados da data do desembolso do empréstimo ou financia-
mento; entretanto, as partes podem convencionar que a con-
tagem dos juros comece em data posterior à data do desem-
bolso, mas nunca antes;
b) quando a negociação ou o contrato não estabelecerem qual é a
taxa de juros remuneratórios, a Justiça manda que se pague
0,5% ao mês da data do vencimento até 10.01.2003 e 1% ao
mês a partir de 11.01.2003. A capitalização permitida é anual.
Há casos em que o credor requer juros de 1% ao mês e capi-
10
talização anual e a Justiça lhe reconhece este direito;
c) os juros de mora, quando não fixados em contrato, a Justiça
manda que sejam calculados em 0,5% ao mês da data do
vencimento até 10.01.2003 e em 1% ao mês a partir de
11.01.2003. A contagem dos juros de mora se inicia na data
em que o devedor foi notificado por oficial de Justiça ou por
outro meio previsto em lei. O cálculo dos juros moratórios é
sempre linear, ou seja, não ha capitalização;
d) é proibido cobrar juros sobre juros que, em linguagem mate-
mática, significa que é proibida a cobrança de juros capitali-
zados, mas isto somente até a edição da Medida Provisória nº
1963-17, de 31.03.2000 reeditada até a MP nº 2.170/01. Por-
tanto, os contratos firmados a partir do dia 31.03.2000 podem,
legalmente, estabelecer que a capitalização dos juros seja
mensal. Nos contratos anteriores a essa MP, a capitalização
anual é permitida, mas a mensal é legalmente questionável;
e) por fim, temos que levar em conta que é admitida, pelo Sistema
Judiciário, a revisão de taxas de juros remuneratórios sempre
que for identificada a relação de consumo abusiva do ente fi-
nanceiro contra o consumidor. Vide art. 51, § 1º, do Código de
Defesa do Consumidor (CDC).
Atualmente, o Novo Código Comercial trata este tema em seu art. 591.
Da leitura desse artigo entende-se que sobre os empréstimos e finan-
ciamentos destinados a fins econômicos (que tenham por objetivo a
alavancagem de operações de produção e comercialização) podem
incidir juros remuneratórios, à taxa de mercado, e que o regime de ca-
pitalização é válido desde que consentida em cláusula contratual espe-
cífica, clara e definida entre as partes.

1.2. JUROS MORATÓRIOS OU JUROS DE MORA

São chamados de Juros Moratórios os decorrentes do atraso


culposo do devedor ao cumprimento de obrigação. Assim sendo, são
11
juros de mora os que o credor tem o direito de haver do devedor
quando este não pagar a dívida no vencimento avençado. É, pois,
uma forma de penalizar o devedor que fez o pagamento de uma dívida
em data posterior à contratada sem que tal fato ocorresse por motivos
sérios a que não deu causa. Um exemplo de fato sério a que não deu
causa que justificaria o atraso do pagamento de uma dívida seria a
destruição de uma propriedade por um cataclismo ou em razão de
uma guerra.
No âmbito do Judiciário, em cálculos periciais, quando não pre-
vistos em contrato, devem ser calculados à taxa de 0,5% ao mês até
10.01.2003 inclusive e de 1% ao mês a partir de 11.01.2003, sempre de
forma linear, por todo o período decorrido da data da citação inicial até a
data da propositura da ação ou, então, de acordo com o que a r. decisão
ou a r. sentença determinou. O Novo Código de Processo Civil, a
exemplo do antigo, estabelece que a contagem dos juros de mora seja
feita, tendo como base para o início dos cálculos, a data da citação.

Todavia, alguns advogados insistem em pedir à perícia que calcule


juros de mora a partir da data do vencimento da obrigação.

No que se refere às atividades agrícolas há que se considerar que podem ser


financiadas por fundos estatais ou públicos e por fundos privados. Quando o
CRÉDITO RURAL é concedido com fundos públicos, cujo banco financiador é,
principalmente, o Banco do Brasil S/A, passa a ser uma operação bancária
regulamentada por legislação própria, apartada da legislação bancária aplicá-
vel às demais operações de empréstimos e financiamento, exceto operações
realizadas pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social -
BNDES. Logo, o valor do principal, a taxa de juros, o regime de capitalização,
as demais taxas e encargos, as garantias, etc. são diferentes das que são usu-
almente contratadas para a tomada de empréstimos comerciais, industriais e
pessoais. A Lei que rege, prioritariamente, o Crédito Rural é a nº 4.829/65 e
não a lei de nº 4.595/64 que regula as operações comerciais comuns. Os prin-

12
cipais pontos de interesse pericial são: (a) juros remuneratórios de até 12% ao
ano e (b) capitalização em interstícios temporais mais longos que um mês. Na
verdade o Decreto-lei 167/67, expressamente em seu artigo 5º, (*) dispões
que a capitalização dos juros deverá respeitar o tempo mínimo de 6 (seis)
meses.
(*) “As importâncias fornecidas pelo financiador vencerão juros às taxas que o Conse-
lho Monetário Fixar e serão exigíveis em 30 de junho e 31 de dezembro, ou no venci-
mento das prestações, se assim acordado entre as partes, no vencimento do título e
na liquidação, por outra forma que vier a ser determinada por aquele Conselho, po-
dendo o financiador, nas datas previstas, capitalizar tais encargos na conta vinculada
da operação”.

Observar que a regra acima mencionada foi extinta quando da edição da Me-
dida Provisória nº 1.963-17/2000 (reeditada sob o n 2.170/36), que admitiu a
capitalização mensal de juros. Todavia, quando o CRÉDITO RURAL ou finan-
ciamento das atividades agrícolas, pecuárias e demais atividades de produção
do campo forem financiadas com recursos privados, aplica-se a legislação
bancária comum.

No que tange aos juros moratórios, para o CRÉDITO RURAL, é


vedada a cobrança em percentual superior a 1% ao ano. Vide
Decreto-lei nº 167/1967, art. 5º, parágrafo.
Critérios de Cálculo Cédula de Crédito Rural
(I) Até o ajuizamento da ação de Insolvência Civil. Conceito:
correção monetária, juros e demais encargos conforme contrato.
Portanto,
Juros remuneratórios de 9% ao ano
Na inadimplência, acréscimo de 1% ao ano
Data do ajuizamento da ação: 26.05.1995
(II) A partir do ajuizamento da ação, ou seja: a partir de 27.05.1995
a) Atualização monetária pela Tabela Prática do TJSP
b) Juros de mora de 0,5% a.m. até o dia 10.01.2003 e de 1% a.m. a
partir de 11.01.2003

13
E se o mútuo não for de crédito rural, ainda assim
o limite dos juros moratórios é de 1% ao ano?
Resposta:
Há advogados que defendem a tese de que, por analogia com o
que foi estipulado para os devedores de crédito rural, ficaria inválida a
cláusula contratual que preveja juros moratórios acima de 1% ao ano,
seja qual for o objeto do contrato. Acreditam, estes advogados que a
Justiça deveria considerar ilegal a inserção, em contrato de
financiamento ou empréstimo, de qualquer tipo e com qualquer objetivo,
de penalidade pelo atraso de pagamento, de juros moratórios em
percentual superior a 1% ao ano. Os bancos, seguindo o que está
inscrito no Novo Código Civil, têm como praxe fixar os juros de mora em
1% ao mês.
É permitido aumentar os juros remuneratórios em caso de
atraso de pagamento para penalizar o inadimplente
e obter o ressarcimento de perdas decorrentes da
indisponibilidade causada pelo devedor?
Resposta:
Negativa é a resposta, pois não é permitido aumentar os juros
remuneratórios em caso de inadimplemento do contrato de mútuo seja
com que objetivo for. Os juros remuneratórios são invariáveis. Uma
vez contratadas: (i) a taxa; (ii) a base de cálculo; e (iii) a periodicidade,
não mudam mais. É por isso que a Justiça aceita pacificamente a in-
serção de uma cláusula que estabeleça o pagamento de juros de mora
por parte de quem não fez o pagamento na data contratada. Portanto, os
juros remuneratórios não se confundem com os juros moratórios.
A Resolução nº 1.276/1987 do Bacen já dizia há vinte e cinco anos
atrás:
“II - Além da atualização de que trata o item
anterior2, poderão ser cobrados juros de mora de 1% (um

2
. O item anterior cuida da correção monetária do débito.
14
por cento) ao mês.” (grifo nosso)
Pergunta:
É permitido ao banco cumular correção monetária com
comissão de permanência e juros de mora?
Resposta:
Em uma ação de Embargos à Execução, que serve como exemplo
para responder à pergunta acima, o banco Embargado, ao apresentar
sua impugnação aos embargos, disse que não cobrara (não cumulara)
correção monetária + comissão de permanência. Todavia, somou
comissão de permanência com juros de mora. Disse que o primeiro
procedimento é vetado pela praxe jurídica, mas o segundo não, pois a
comissão de permanência é um encargo de natureza
compensatória ou remuneratória (fruto do capital não restituído),
enquanto que o juro de mora é um encargo de natureza
moratória e penalizante. Logo, as duas incidências não se con-
fundem e se complementam: uma remunera o capital emprestado e a
outra penaliza o inadimplente.
Visão do Fisco
Em relação a fatos geradores de tributos, ocorridos a partir de
1º/01/1995, conforme previsto na legislação tributária, o valor dos
tributos federais devidos, vencidos e não pagos, deve ser acrescido
juros de mora equivalentes à taxa referencial do Sistema Especial de
Liquidação e de Custódia (Selic) com a qual são remunerados os
títulos federais e/ou de emissão do Tesouro Nacional. Os cálculos
devem ser feitos de maneira acumulada, ou seja, na forma de juros
capitalizados. A mora para o mês em que o pagamento for feito, será de
1%.
Como se vê, as limitações supracitadas de juros moratórios
(penalizantes) de 1% ao ano para inadimplentes de financiamento de
crédito rural, ou de 1% ao mês para inadimplentes de contratos de

15
financiamento e empréstimos em geral, não são reconhecidas pelo
Fisco que obtém como juros de mora uma taxa que varia mensalmente
de acordo com a evolução da Selic. Mas a atitude do governo está
correta na medida em que pretende receber dos devedores
inadimplentes a mesma renda que paga aos que adquirem títulos do
governo federal, títulos esses que financiam suas atividades de governo
e pelos quais paga a mesma taxa Selic. Então, de acordo com esta
lógica, a taxa dos juros de mora dos devedores de financiamentos e
empréstimos deveria ser a mesma que foi contratada para ser paga pelo
prazo normal do mútuo.
Os advogados arguiram o Superior Tribunal de Justiça (STJ)
sobre a inconstitucionalidade da Selic como taxa de juros de mora a ser
aplicada para pagamento de débitos tributários em atraso. O STJ disse
que não via qualquer inconstitucionalidade na aplicação da Selic pelo
fisco para haver juros de mora dos contribuintes inadimplentes. Citou
que esta cobrança é legal conforme se lê no artigo 13 da Lei nº 9.065,
de 20 de junho de 1995 e que sua aplicação iniciou-se em 1º de abril de
1995. É verdade que até então eram devidos juros de mora
equivalentes à taxa média mensal de captação do Tesouro Nacional
relativa à Dívida Mobiliária Federal Interna (artigo 84, I, da Lei nº 8.981,
de 20.01.1995). Em contrapartida, em reciprocidade, a partir de
1º/01/1996, o Governo Federal passou a restituir ou compensar valores
de tributos e taxas federais indevidamente recolhidos com o acréscimo
de juros equivalentes à taxa Selic, acumulada mensalmente
(capitalizada), calculada a partir da data do pagamento indevido ou do
pagamento a maior (artigo 39, § 4º, da Lei nº 9.250, de 26 de dezembro
de 1995). É o caso da restituição do Imposto de Renda das Pessoas
Físicas.

1.3. JUROS COMPENSATÓRIOS OU INDENIZATÓRIOS


Juros compensatórios ou indenizatórios é uma criação
jurisprudencial para indenizar renda não auferida. Em outras
palavras, entendem-se como juros compensatórios ou
indenizatórios os devidos para indenizar danos causados pelo
16
devedor quando ocorre a desapropriação compulsória de bens ou de
direitos alheios. Em todos os casos conhecidos pelo autor, os devedores
foram o governo ou empresas estatais que desapropriaram bens
privados em benefício do interesse comum, ou que não pagaram dívidas
assumidas nas datas pactuadas. São diferentes dos juros moratórios
porque visam compensar a renda que não pôde ser recebida pelo
proprietário do bem ou do direito que ficou indisponível por ato
imperativo do governo ou de autarquias ou mesmo de empresas
estatais.
O conceito é o seguinte: o proprietário de um imóvel, se dele
pudesse dispor livremente, poderia auferir a renda de aluguel. Caso se
trate de um direito creditício, se dele pudesse dispor livremente, poderia
auferir renda na forma de juros ou de dividendos. Mas, em razão da
indisponibilidade a que não deu causa, se vê privado de com ele
negociar livremente. Em casos como estes, a jurisprudência reconhece
ao detentor desse patrimônio o direito de receber juros
compensatórios ou indenizatórios.
O exemplo mais comum ocorre quando o poder público
desapropria uma moradia para ser derrubada porque, onde está
construída, vai ser aberta uma avenida. Neste caso, o poder público
deve indenizar o proprietário pelo valor da moradia e dos aluguéis que
pagou por ter que morar em outro local. A indenização chamada de
juros compensatórios ou indenizatórios será paga pelo tempo
decorrido da data em que o proprietário ficou impossibilitado dela
(moradia) dispor até a data em que o valor da indenização seja
efetivamente pago. No caso de se tratar de um galpão ou de uma loja
alugados, o proprietário tem direito de receber juros
compensatórios em valor equivalente ao que receberia se o imóvel
continuasse alugado.
Entende-se, pois, como juros compensatórios ou inde-
nizatórios o valor da indenização a que o credor tem o direito pelo
tempo que decorreu da data da desapropriação até a data da efe-
tiva indenização. O ato desapropriatório, além de gerar o direito ao

17
pagamento pelo bem desapropriado, propicia o direito de receber o
equivalente à renda que teria sido auferida caso não tivesse sido de-
sapropriado ou, alternativamente, à despesa que teve por não poder
dispor de imóvel de sua propriedade.
Como exemplo, cita-se o caso de o imóvel estar alugado ao tempo
da desapropriação; então, os juros compensatórios ou inde-
nizatórios têm a propriedade de substituir a renda de aluguel que
deixou de ser auferida. Este direito independe das razões de Estado
para a desapropriação feita, geralmente, em benefício de toda a soci-
edade. No final, é a mesma sociedade - por intermédio do Tesouro - que
indeniza a pessoa, física ou jurídica, desapropriada.
Um dos exemplos em que os juros compensatórios ou
indenizatórios incidem sobre direito creditório ocorre quando o
adquirente de um bem ou de um serviço atrasa o pagamento de uma
fatura (ou de um conjunto delas). O devedor da fatura deverá pagar o
valor de face, os juros moratórios conforme percentual previsto no Có-
digo de Processo Civil (CPC) e mais juros compensatórios ou
indenizatórios contados da data em que o pagamento deveria ter
sido feito até o dia em que ocorreu a quitação da fatura. A ideia de que
seriam cobrados dois tipos de juros sobre a mesma dívida fica anulada
pelo seguinte raciocínio: (i) os juros moratórios (juros de mora), con-
forme CPC, são uma penalidade legal, enquanto que (ii) os juros
compensatórios ou indenizatórios, neste caso, correspondem à
receita que o credor deixou de ganhar porque não pôde dispor dos re-
cursos que ficaram em poder do devedor. Neste caso, a taxa de juros,
salvo melhor entendimento, deve corresponder à remuneração que
seria paga pela taxa Selic, no mesmo período de tempo.
A taxa de juros compensatórios ou indenizatórios não
está definida em lei, podendo ser arbitrada pelo magistrado que prolatar
a sentença. Na prática, não tem sido superior a 12% ao ano. E isto tem
certa lógica, pois o valor do aluguel mensal de um imóvel, em condições
normais de mercado, gira em torno de 1% (um por cento) ao mês cal-
culado sobre o valor comercial do imóvel.
18
O arbitramento e cálculo da indenização denominada juros
compensatórios ou indenizatórios sempre representou, para a
Justiça, certa dificuldade técnica. O entendimento do Tribunal é o de
que a indenização não aumenta o patrimônio, mas, apenas, compensa
as perdas incorridas pelo seu proprietário.

1.3.1. Orientação técnica sobre juros compensatórios ou indenizatórios

A postura profissional do perito-contador será no sentido de


atender ao que foi determinado no r. despacho judicial ou na sentença.
Na ausência de arbitramento da taxa de juros a ser aplicada e de
orientação a respeito de como devem ser feitos os cálculos - se juros
simples ou compostos -, procederá como segue:
I - no caso de desocupação do imóvel por decisão do
poder público: atribuirá aos juros compensatórios ou
indenizatórios um percentual mensal equivalente ao valor do
aluguel que poderia ser obtido se o imóvel estivesse disponível. Este
percentual gira em torno de 1% ao mês. O cálculo será feito,
imaginando que o aluguel seria depositado, todos os meses, em uma
caderneta de poupança, usando a mesma atualização monetária (TR)
e a mesma taxa de juros (0,5%) ao mês da Caderneta de Poupança;
II - no caso de indisponibilidade de direitos
creditórios: atribuirá aos juros compensatórios ou
indenizatórios um percentual mensal igual à variação da taxa Selic
no mesmo período em que ocorreu a indisponibilidade dos recursos. O
cálculo será feito, imaginando que a renda que seria proporcionada pela
taxa Selic seria depositada, todos os meses, em uma caderneta de
poupança, usando a mesma atualização monetária (TR) e a mesma taxa
de juros (0,5%) ao mês da Caderneta de Poupança.

1.4. COMISSÃO DE PERMANÊNCIA

A cobrança da Comissão de Permanência está suportada por


Resolução do Bacen. Trata-se da Resolução nº 1.129/1986. Esta
Resolução está fundamentada no art. 9º, da Lei nº 4.595, de 31.12.1964.
19
Mas as Resoluções do Bacen não são Leis e, portanto, não têm a força
de uma lei. A parte relevante do texto da Resolução supra é o seguinte:
“I - Facultar aos bancos comerciais, bancos de
desenvolvimento, bancos de investimento, caixas
econômicas, cooperativas de crédito, sociedades de
crédito, financiamento e investimento e sociedades
de arrendamento mercantil, cobrar de seus devedores por
dia de atraso no pagamento ou na liquidação de seus débitos,
além de juros de mora na forma da legislação em vigor, “co-
missão de permanência”, que será calculada às mesmas
taxas pactuadas no contrato original ou à taxa de
mercado do dia do pagamento.” (grifo nosso)
Para tentar escapar dos rigores da “Lei de Usura”, a comunidade
financeira criou a figura da Comissão de Permanência. Trata-se de um
acréscimo percentual ao valor devido em face do tempo decorrido da
data do vencimento à data do efetivo pagamento da dívida. Essa
Comissão de Permanência, via de regra, tende a ser tão elevada
quanto for a maior taxa de juros praticada nas chamadas operações
interbancárias; ou ainda maior. Os contratos de mútuo, geralmente,
não prefixam esta taxa; apenas dizem que será cobrada a maior
taxa praticada pelo banco no período em que se verificar
o atraso de pagamento. Assim, a Comissão de Permanência visa
remunerar capital que, se tivesse sido recebido na data pactuada, ou
seja, se tivesse sido reembolsado pelo devedor no vencimento
contratado, a Instituição Financeira Credora poderia tê-lo reaplicado no
mercado às taxas correntes e que, se isso não foi feito em face do não
pagamento por parte do devedor, caberá a ele remunerar - mediante
penalidade pecuniária - os capitais que permaneceram em seu poder por
sua unilateral decisão. Advém daí o nome de Comissão de
Permanência porque o capital permaneceu em poder do devedor.
Então, para os contratos com o sistema financeiro, funciona como uma
penalidade, pois nestes contratos já se preveem os juros remuneratórios
e a correção monetária. Portanto, quando cobrarem também a

20
Comissão de Permanência, estarão impingindo um adicional de juros
disfarçados sob esse nome.
No comércio, funciona como substitutiva da correção monetária.
Figura no texto da Duplicata de Fatura e/ou no Boleto Bancário de Co-
brança em valor monetário absoluto, especificando o quantum a ser
cobrado por dia de atraso, mas pode figurar em percentual de acréscimo
diário. Quando grafada em valor monetário absoluto por dia de atraso, ao
devedor é cobrada uma quantia por dia de atraso. Quando grafada em
percentual, a multiplicação do percentual diário pelos dias decorridos e
pelo valor de face da duplicata dá a conhecer o valor deste tipo de acrés-
cimo financeiro.
A Comissão de Permanência tem natureza mista, pois está cor-
rigindo o principal da dívida até o percentual do índice inflacionário que
for utilizado para medir-lhe o valor e o que ultrapassar esse percentual
de inflação corresponderá a juros remuneratórios. Assim sendo, toda
vez que a Comissão de Permanência cobrada no comércio apresentar
uma taxa mensal que exceda a correção monetária medida, por exem-
plo, pelo IGP-M/FGV (Índice Geral de Preços/Mercado da Fundação
Getúlio Vargas) -, ou medida por outro índice à escolha do analista,
estará revelando a taxa de juros efetiva embutida em seu percentual.
A diferença entre o comportamento dos bancos e dos comerciantes
é relevante seja para os trabalhos do perito, seja aos efeitos jurídicos
desta questão, pois os primeiros não especificam no contrato a priori
qual será a Comissão de Permanência que cobrarão caso o devedor
incorra em atrasos com o pagamento de sua dívida, seja em parcelas
mensais ou de uma vez só. Os comerciantes, diferentemente, fixam um
valor monetário diário, absoluto ou percentual, que é conhecido pelo
devedor antes do vencimento da dívida (duplicata), bastando, para tal, ler
o texto que vem escrito no boleto bancário de cobrança, ou na fatura ou
na própria duplicata. Assim, nas atividades comerciais, a decisão de
atrasar o pagamento de um título implica em ter tomado conhecimento
preventivamente do quantum de acréscimo que lhe será cobrado por dia
de atraso. Este conhecimento prévio permite que o devedor escolha
21
entre pagar a Comissão de Permanência já fixada no título ou ir em
busca de fontes de financiamento mais baratas e pagar o título de crédito
no dia do vencimento.
No caso dos bancos, a Comissão de Permanência é, em verdade,
uma forma de rotular juros moratórios. Além disso, são juros adi-
cionais, ou seja, são juros que se acumulam com os juros remunerató-
rios, causando a cobrança, em duplicidade, de juros sobre o mesmo
empréstimo.
A Comissão de Permanência é tida, pelo sistema financeiro,
como quantia compensatória ( juros compensatórios ou inde-
nizatórios) pelo atraso no pagamento do débito vencido. Tanto isso é
verdade que a linguagem bancária, ao considerar a Comissão de
Permanência coisa diferente da Correção Monetária, cobra ambas de
maneira acumulada, pois a Comissão de Permanência incide sobre o
valor atualizado da dívida. Assim procedendo, tem-se a sobreposição de
encargos de mesma natureza; mas, com finalidade distinta.

1.4.1. Distinção entre correção monetária, comissão de permanência e


multa

• a Correção Monetária visa corrigir o valor do principal de uma


dívida, ao longo do tempo, geralmente em arcos de tempo de
um mês, mas pode ser pro rata temporis;
• a Comissão de Permanência visa remunerar operações e ser-
viços bancários e/ou financeiros, ou seja: visa gerar novas
receitas.
Estas duas verbas não podem ser cobradas cumulativamente.
Após o vencimento, na fase da inadimplência, cabe apenas a atuali-
zação monetária da dívida conforme indexador pactuado no contrato e
mais juros moratórios.
A este respeito, o V. Acórdão proferido pela C. Quinta Câmara do
E. Primeiro Tribunal de Alçada Civil do Estado de São Paulo, apreciando
questão suscitada nos autos do Agravo de Instrumento nº 309.250,
22
assim se manifestou:
“Comissão de Permanência - Execução - Cumulação com
correção monetária - Inadmissibilidade. - Não podem
as instituições financeiras cobrar a comissão de
permanência e mais a correção monetária de seu
crédito.”
A Comissão de Permanência também não pode ser cumulada
com Multa. Neste sentido, manifestou-se o Superior Tribunal de
Justiça, (STJ) como segue:
“Multa e comissão de permanência não podem ser
exigidas conjuntamente, em razão do veto contido na
Resolução 1.129 do Banco Central, que editou decisão
do Conselho Monetário Nacional, proferida nos termos
do artigo 4º, VI e IX, da Lei nº 4.595, de 31.12.1964.”
(STJ, 4ª Turma, REsp nº 174181/MG, Relator Ministro Sálvio de
Figueiredo, DJ 15.03.1999, p. 237.)
“EXECUÇÃO. COMISSÃO DE PERMANÊNCIA. MULTA
CONTRATUAL. A comissão de permanência e a multa
contratual não se agregam. Recurso Especial
denegado.” (STJ - 4ª Turma, REsp nº 34.549-6/MG, j.
17.11.1994, Relator Ministro Fontes de Alencar, DJU 07408/1995,
p. 23.042.)
De tudo que vimos acima, à guisa de resumo, reproduzimos, abaixo,
explicação do Juiz Federal Avio Mozar José Ferraz de Novais, exarada
na apelação cível 200001000464723 do TRF1 Quinta Turma. Diário da
Justiça de 31/05/2007; página 63: Cobrar apenas comissão de
permanência é admissível e razoável; porém, cobrar esta acrescida de taxa
de rentabilidade, multa, taxa referencial (TR), juros remuneratórios e
juros moratórios não, pois, pelo contrário, eleva os encargos a um patamar
absurdo, sem justificativa plausível, tendo como resultado dívida muito
acima de seu valor principal, sem razão jurídica adequada . Por fim, sobre
a legalidade da cobrança da Comissão de Permanência temos a Súmula

23
30 do STJ.

1.4.2. Como conhecer o percentual da Comissão de Permanência ao


mês

Vimos que a taxa (o percentual) de Comissão de Permanência


cobrada não está especificada no contrato, pois os bancos se reservam
o direito de cobrar o correspondente à maior taxa que estiver sendo
praticada no mercado interbancário no dia do pagamento ou no dia do
cálculo. Ocorre que as planilhas apresentadas pelos bancos, nos autos
de um processo judicial, informam o valor absoluto em Reais e não
dizem qual é o valor relativo (o percentual) aplicado sobre a base de
cálculo. Então, quando o magistrado ou o advogado do devedor querem
conhecer esse percentual efetivamente cobrado, a título de Comissão
de Permanência, pedem que o perito apresente a porcentagem
cobrada.
Do ponto de vista jurídico, o STJ, julgando caso em que se discutia
a Comissão de Permanência, por meio da Segunda Seção, aplicou a
3
Súmula nº 294 cujo enunciado diz que: “não é potestativa a
cláusula contratual que prevê a comissão de permanência,
calculada pela taxa média de mercado apurada pelo Banco
Central do Brasil, limitada à taxa do contrato.”.
Apresentamos abaixo um exercício feito em sala da aula usando
as máquinas eletrônicas do tipo HP para cálculo financeiro, pois era o
recurso mais adequado naquele momento. Estes cálculos, todavia,
podem ser feitos diretamente em Excel.
Exercícios para conhecer o percentual da Comissão de Permanência

Dados conhecidos: (i) o valor sobre o qual foi cobrada a comissão de permanência, (ii) o tempo
de atraso e (iii) o valor cobrado. Apresentar a taxa cobrada em base mensal.

Caso “1” Caso “2” Caso “3”

3
. Não tem força, nem poder e nem potência por si mesma, ou seja, a Comissão
de Permanência não pode ser em percentual maior que a taxa do contrato.

24
Dados Botões R$ Botões R$ Botões R$

i) Valor da
dívida ou base de PV 37.580,03 PV PV 37.580,03
37.580,03
cálculo

ii) Valor da
comissão de
1.189,54 2.943,44 4.670,72
permanência
cobrado

iii) Soma debi-


FV 38.769,57 FV 40.523,47 FV 42.250,75
tada

iii) Dias de
n 21 n 52 N 83
atraso

Respostas:

a) % ao dia

b) % a 30 dias

Procedimento na
máquina de cal-
cular:

1) Introduza PV = -37.580,03 -37.580,03 -37.580,03

2) Introduza FV = 38.769,57 40.523,47 42.250,75

3) Introduza n 21 52 83

4) Peça para
computar “i” = % 0,148505 0,145122 0,141245
diária

5) Transforme este % em índice


1,0014512
dividindo-o por 100 e somando 1,00148505 1,00141245
2
a unidade

6) Pensando em um mês com 30


1,0444651
dias eleve este índice a 30ª 1,04552420 1,04325301
3
potência

7) Subtraia a unidade e
multiplique por 100 e você terá 4,4465128
4,552419663 4,325300818
o percentual de Comissão de 18
Permanência cobrado no caso

25
4,55% 4,45% 4,33%
ao mês ao mês ao mês

Cálculo usando HP12c


Introduza: 37.580,03 CHS PV
Introduza: 21 n
Introduza: 38.769,57 FV
Digite (i) = 0,148505% > esta é a taxa de comissão de permanência
diária.

EXEMPLO DE CÁLCULO para conhecer a taxa de juros


conforme Prof. Ricardo Ferro Tavares – Site:
www.financetraining.com.br – E-Mail rftavares@uol.com.br

PROBLEMA BÁSICO: Cálculo da taxa de juros aplicada sobre o valor de


R$ 200.000,00 durante um período de 2 anos que resultou no montante
final de capital de R$ 3.563.093,42.
RESOLUÇÃO ALGÉBRICA: Cálculo da taxa de juros através da
aplicação de fórmula algébrica: FV 1/n i = [ -------------- ] PV
RESOLUÇÃO COM MÁQUINA FINANCEIRA: Cálculo da taxa de juros
utilizando a máquina HP12C:
(a) introduza 200.000,00 [CHS] para inverter o sinal [ PV ] Valor
Presente
(b) introduza 24 [ n ] Número de Períodos
(c) introduza 3.563.093,42 [ FV ] Valor Futuro
(d) conheça o resultado [ i ]
(e) aguarde o cálculo. Resultado 12,75%
Portanto, o resultado obtido de 12,75% corresponde à taxa de juros
cobrada conforme condições do problema apresentado.

1.5. MULTA CONTRATUAL OU MULTA DE MORA

Multa contratual, em contratos financeiros, é toda quantia, ge-


ralmente expressa em percentual de 10%, que o credor (Banco) entende
26
ser seu direito, por força contratual, quando o devedor, em face de sua
inadimplência, dá causa à quebra do contrato de mútuo. Os advogados
do mutuários/devedores, em geral, ao pedirem a revisão das cláusulas
contratuais, pugnam pela sua extinção ou pela sua redução a 2% como
previsto no Código de Defesa do Consumidor (CDC). Os que defendem
que a multa de mora não pode exceder 2% do total atualizado da dívida
consideram que o Sistema Bancário Brasileiro é um sistema de pres-
tação de serviços financeiros (e outros, subsidiariamente) que provém
de concessão ou autorização do poder da República.
A multa contratual está prevista no artigo 9º do Decreto nº 22.626,
de 07.04.1933, podendo haver a cumulação com outras verbas legal-
mente contratadas.
Entendemos que o escopo desta cláusula é intimidar o devedor
que pretenda optar pela inadimplência temporária como uma estratégia
de fluxo de caixa. A comunidade financeira criou a figura da multa
contratual com o objetivo de desencorajar qualquer intenção de não
pagar no dia do vencimento, pois o custo da multa de 10% é alto. A
mesma “Lei de Usura” veda também a imposição de multa contratual a
ser calculada sobre o principal e encargos da dívida, acima de 1% ao
mês. Já o CDC (Código de Defesa do Consumidor) consagrou o máximo
de 2% de multa e isso fez com que a inadimplência aumentasse.
O entendimento da jurisprudência é no sentido de que havendo
multa contratual, não pode incidir, cumulativamente, Comissão de
Permanência. Ou uma ou outra. A respeito desse assunto, assim se
pronunciou o Egrégio Superior Tribunal de Justiça:
“Execução. Comissão de Permanência. Multa
Contratual.
A multa contratual e a comissão de permanência não
se agregam. Recurso Especial denegado.” Maioria (Ac. da
4ª Turma do STJ - m. v. - REsp nº 34.549-6 - MG - Relator: Fontes
de Aguiar – j. 17.11.1994 - Reclamante: Banco Real S/A.
Reclamados: Bar e Restaurante Caçula Ltda. e outros - DJU

27
07.08.1995, pág. 23.042 - ementa oficial.)
Apresentamos, abaixo, o texto de um contrato de Capital de Giro
com o Banespa que fora firmado por um cliente que discutiu sua
validade legal em juízo. O texto é o seguinte:
“ENCARGOS NA INADIMPLÊNCIA
13ª - Se, no vencimento normal deste título ou das
obrigações de pagamento, bem como na hipótese de
vencimento antecipado, o emitente (da Nota de Crédito
Comercial) e/ou seus avalistas não houver(em)
liquidado as quantias devidas, passarão a responder,
desde a(s) data(s) do(s) vencimento(s) até o seu
efetivo pagamento, pelos seguintes encargos:
A) Juros à taxa efetiva anual, pré ou pós-fixada,
correspondente à taxa máxima que o Banespa
praticar em operações de crédito desta mesma
espécie, durante o período de inadimplência deste
título. A taxa de juros aqui referida será
automaticamente e sucessivamente reajustada, a
qualquer momento, independentemente do período
transcorrido, sempre que se alterarem as aludidas
taxas máximas praticadas pelo Banespa, ainda que
tal alteração resulte da substituição de taxas
pré-fixadas por pós-fixadas e vice-versa;
A.1) Caso venha a ser aplicada a taxa de juros
pós-fixada, incidirá também a atualização do saldo
devedor, de acordo com a base de remuneração ou o
indexador que o Banespa estiver praticando nas
operações da espécie aqui avençada. Nesta
hipótese, os juros incidirão sobre o valor devido,
após realizada a atualização ora prevista;
B) Juros Moratórios de 1% ao mês; e
C) Multa de 10% sobre o montante do débito.

28
§ 1º Os encargos mencionados no “caput’, desta
cláusula serão calculados sobre o saldo devedor,
aplicando-se-lhe a equivalente taxa efetiva
mensal de juros e serão capitalizados mensalmente
e na data do pagamento.
§ 2º Sempre que, quando do cálculo dos encargos,
restar período fracionário em relação ao mês, tais
acessórios, nesse período, serão calculados
proporcionalmente, adotando-se equivalente taxa
efetiva mensal de juros e o mês de trinta dias para
apuração da taxa diária.
O texto acima, transcrito de um contrato de empréstimo para ca-
pital de giro - típico contrato de adesão -, contém todas as cláusulas
objeto de contestação pelos senhores advogados. Como sói acontecer
nos contratos de adesão do tipo supracitado, não está prevista ou
fixada uma taxa de juros para ser utilizada no caso de
inadimplência do mutuário, mas, um procedimento. Esta
situação impede a verificação matemática da taxa de juros utilizada pelo
Banco, na fase de inadimplência do contrato. Em nossa visão, ao dizer
que será a “... taxa máxima...”, o Banco diz que será a que lhe
aprouver no momento de proceder ao cálculo dos juros devidos na fase
da inadimplência.
Pergunta
A multa moratória de 2% deve ter como base de cálculo
o total devido composto de principal, atualização
monetária e juros ou deve ser calculada somente sobre
o valor do principal?
Resposta
A multa moratória é uma penalidade pecuniária e dever ser
calculada sobre o total devido pelas seguintes razões: a) sobre o
principal porque não o restituiu na data combinada; b) sobre o valor
atualização monetária porque este valor adicional apenas repõe o poder
29
de compra do valor do principal; e c) sobre os juros por ser essa renda o
mínimo que o credor poderia ter obtido caso dispusesse do crédito na
data combinada. O juro, na fase da inadimplência, é a renda mínima a
que tem direito o credor e a multa que sobre estes juros incide é a
mesma penalidade que se aplica sobre o principal corrigido, ou seja, a
penalidade (multa) deve ser calculada sobre o total devido para
compensar, minimamente, as perdas financeiras, econômicas e morais
do credor.

1.6. REGIMES DE CAPITALIZAÇÃO

Entende-se por “regime de capitalização” a maneira pela qual são


somados os juros ao capital.
Se a capitalização for simples e o contrato tiver o seu vencimento
em quantidade de meses inferior a um ano, os juros serão somados ao
capital no dia da liquidação do contrato. Caso o contrato seja por
período superior a um ano, então, os juros serão somados ao capital a
cada doze meses, surgindo, neste caso, a capitalização anual dos
juros. Essa metodologia sempre foi aceita pela Justiça. Quando o
contrato for por mais de um ano, mas seu vencimento ocorrer alguns
meses depois, digamos, no 19º (décimo nono) mês da assinatura, ou
seja, um ano e sete meses, os juros dos sete meses serão calculados
sobre principal capitalizado anualmente.
Exemplo:
Valor emprestado: R$ 1.000,00
Taxa de juros: 1% ao mês
Prazo: 19 meses
Regime de capitalização: simples
Pede-se calcular o valor a pagar no 19º mês

Cálculos:
a) Capitalização simples no primeiro ano (doze meses): R$
1.000,00 x 12 x 1% = juros de R$ 120,00.

30
b) Novo capital após a soma dos juros maturados = (1.000,00 +
120,00) = R$ 1.120,00.
c) Novo cálculo de juros pelos 7 meses faltantes: R$
1.120,00*7*1% = juros de R$ 78,40.
d) Valor a pagar no 19º mês = (1.120,00 + 78,40) = 1.198,40.

No caso de capitalização simples, o total de juros é de R$


1.189,40.
Se a capitalização for, por exemplo: composta
mensalmente, os juros maturados em cada mês serão somados ao
capital precedente e, sobre ele, novos juros serão calculados e assim
sucessivamente até o 19º mês do contrato.
Usando o exemplo acima, temos:
Exemplo:
Valor emprestado: R$ 1.000,00
Taxa de juros: 1% ao mês
Prazo: 19 meses
Regime de capitalização: composta mensalmente
Pede-se calcular o valor a pagar no 19º mês
Cálculos:
R$ 1.000,00 x (1+1%)^19 = R$ 1.000,00 x 1,20811 = R$ 1.208,11;
em que o juro, pelo período de 19 meses, é de R$ 208,11.
No caso de capitalização composta, o total de juros é de R$
208,11.

1.7. AGIOTAGEM (JUROS USURÁRIOS)

A agiotagem é condenada pela sociedade desde os tempos mais


remotos, todavia continua sendo praticada. É ilegal, ou seja, quem pra-
tica agiotagem está cometendo um crime. Cabe, pois ao governo legislar
para coibir esta prática que atinge pessoas e empresas em situação de
necessidade e, muitas vezes, de emergência quanto às suas vidas. Com
31
o propósito de salvaguardar o direito das pessoas vítimas de prática de
juros usurários, o Presidente Fernando Henrique Cardoso propôs a
medida provisória nº 2.172-32 de 23/08/2001. Por ela a pessoa (física e
jurídica) à qual tenha sido impingido um contrato civil de mútuo com
juros usurários pode recorrer à Justiça para discutir o percentual de juros
cobrados.

No caso de contratos de mútuo viabilizados fora do sistema fi-


nanceiro a taxa de juros legalmente permitida, conforme Código Civil, é
de 1% (um centésimo) ao mês. Logo, qualquer contrato de empréstimo
praticado por entidade não bancária, caso cobre mais de 1% ao mês de
juros, estará praticando agiotagem e o devedor poderá requerer à Jus-
tiça a revisão desse contrato.

1.8. ORIENTAÇÃO TÉCNICA

A aplicação de taxas de juros adotadas pelas instituições finan-


ceiras, tanto os remuneratórios quanto os moratórios, bem como os
regimes de capitalização contratados, têm sido matéria de muita
discussão em nossos tribunais. Por se tratar de matéria jurídica e fugir
do campo técnico pericial, o profissional não pode manifestar sua opi-
nião. Logo, a postura profissional do perito-contador requer equidistân-
cia entre os defensores dos juros constitucionais de 12% ao ano e outras
considerações fundamentadas na interpretação de leis e normas, e os
que defendem que os juros são o preço pago pelo dinheiro no tempo,
portanto, de livre pactuação entre as partes até por que existem teses
jurídico-financeiras que não são encontradas na literatura financeira.
As interpretações sobre leis e normas apresentadas pelos se-
nhores advogados não são questões técnico-financeiras. São temas
ligados ao mérito objeto de apreciação pelo magistrado. Então, o peri-
to-contador apresentará o seu Laudo Pericial Contábil atendendo ao que
foi determinado no r. despacho judicial ou na sentença. Na ausência de
orientação judicial a respeito de como se deve proceder aos cálculos,
apresentará os três demonstrativos ou planilhas de cálculos, ou seja:

32
a) em primeiro lugar, demonstrará qual é o saldo da
conta-corrente com base na taxa e regime de capitalização
pactuados em contrato;
b) em segundo lugar, demonstrará as taxas efetivamente
praticadas pelo banco, em base mensal, se estão de acordo ou
em desacordo com o que foi contratado;
c) em terceiro lugar, revelará o saldo da conta corrente com base
na taxa pleiteada pelo Autor ou Embargante.
No final, caberá ao magistrado, diante das informações acima,
decidir o que for de direito.

01.9. Exemplo de laudo em que foi constatada a prática de agiotagem

EXCELENTÍSSIMO SR. DR. JUIZ DE DIREITO DA KYZª VARA CÍVEL DO


FORO REGIONAL DE PINHEIROS - COMARCA DE SÃO PAULO – SP.

(deixar pelo menos 10 espaços para o despacho judicial)

Processo n.º: 000000000


AÇÃO: EMBARGOS À EXECUÇÃO
Embargante: JOSÉ W.
Embargado: EDUARDO V.

REMO DALLA ZANNA, Contador com CRC nº 1SP039143/O-9, Econo-


mista com CORECON nº 4.663, Perito Judicial nomeado às fls. 243 deste
processo para produzir a prova pericial requerida, vem, mui respeitosa-
mente, à presença de V. Exa. para APRESENTAR o resultado de seu
trabalho, nos termos do presente LAUDO PERICIAL CONTÁBIL, para o qual
requer sua juntada aos autos.
Termos em que
Pede Deferimento
ÌNDICE

Capítulos Página nº
I – Breve histórico deste processo segundo o escopo da perícia 3

33
II – Metodologia e Critérios de Trabalho 8
III – Quesitos dos Embargantes / Executados 13
IV – Quesitos do Embargado / Exequente 25
V – Resumo e Conclusões Técnicas 34
VI – Encerramento 37

I - BREVE HISTÓRICO DESTE PROCESSO


SEGUNDO O ESCOPO DA PERÍCIA

1- Conforme consta na “Inicial” da Ação Executiva, protocolada em


18/11/1997, trata-se de cobrança de uma Nota Promissória no valor de R$
260.000,00 (Duzentos e sessenta mil reais) - valor de face - emitida em
28.01.1996 para vencer 4 (quatro) meses depois, ou seja, em 27.05.1996.
Esta Nota Promissória, emitida pelos Embargantes/Executados, o foi a favor
de ALCIDES, pai do Embargado/ Exequente, para quem a endossou. Tra-
tou-se, como se vê, de uma promessa de pagamento cujo direito de receber o
prometido foi passado, por endosso, a outra pessoa, o atual Embargado/
Exequente. Vide documento às fls. 08.

2- Conforme demonstrativo de cálculos juntado às fls. 05 da Ação de Execu-


ção por Quantia Certa contra Devedor Solvente, à data da propositura da
ação, o valor supra, acrescido de juros e correção monetária, ascendia a R$
302.192,05 (Trezentos e dois mil, cento e noventa e dois reais e cinco cen-
tavos); valor esse, atribuído à causa.

3- Em 26/03/1998, os até então Executados, deram-se por citados (fls. 41/42) e


ofereceram bens à penhora. Tendo sido – depois de negociações nos autos -
penhorados conforme consta às fls. 346.

4- Em 11/06/1999 os Embargantes/Executados apresentaram Embargos à


Execução. Segundo suas alegações, o empréstimo seria financeiro, ou seja,
não de bens reais, e seria de R$ 200.000,00 e não de R$ 260.000,00 como
consta na Nota Promissória por eles assinada. (assinatura, data de emissão e
data de vencimento; não contestados pelos próprios. Só contestaram o valor
do empréstimo). Em resumo alegaram:
a) Que tomaram emprestada a quantia de R$ 200.000,00;
34
b) Que esse valor lhes foi creditado (depositado) em conta corrente
bancária somente em 05/02/1996; ou seja, 8 (oito) dias depois da
data de emissão da Nota Promissória;
c) Que a diferença de R$ 60.000,00 corresponde a juros de 7,5% ao
mês. Cálculos como segue: 7,5% x 4 meses = 30%; taxa que
aplicada sobre o valor do principal de R$ 200.000,00; produziu o
acréscimo de R$ 60.000,00.

Em contestação, a respeito desta cifra (R$ 60.000,00), o Autor/Embargado


disse, às fls. 61; que não se trata de juros, mas de valor entregue em moeda
corrente, nas mãos dos Executados /Embargantes e (insinua ou infere para fins
de investigação contábil) que poderia não ter sido depositada em conta bancária
alguma ou, se o foi, poderia ter sido em outra conta não revelada nos autos deste
processo.

d) Que pagaram (ao Sr. Alcides, beneficiário original da promessa


de pagamento endossada ao seu filho, o Autor/Embargado) a
quantia de R$ 247.875,84;

Em contestação, a respeito dos pagamentos relatados às fls. 04 e 05, com


anexos juntados às fls. 19 a 45; o Autor/Embargado disse, às fls. 61; que tais
pequenos pagamentos referem-se a outros pequenos empréstimos feitos pelo seu
pai e por ele mesmo recebidos. Disse que esses pagamentos não têm qualquer
relação com a Nota Promissória objeto de cobrança e que os Executados/ Em-
bargantes teriam se aproveitado do bom conceito creditício obtido junto ao seu
pai, o Sr. Alcides, mediante sucessivos pequenos empréstimos cuja quitação foi
honrada; para conseguir um outro, de valor maior (R$ 260.000,00) e, em se-
guida, inadimpli-lo. Fundamentou-se no fato de que os primeiros três paga-
mentos foram feitos antes da data de vencimento da cártula objeto de cobrança.
Considerou este fato como evidência de que estaria dizendo a verdade, ou seja,
que tais pequenos pagamentos nenhum nexo têm com a Nota Promissória
objeto de cobrança executiva.

e) Em Réplica, às fls. 122/124 os Embargantes disseram, com ou-


tras palavras, que o quanto informado, em Contestação, pelo
Embargado; é mentira. Vide, principalmente, os itens 16 a 20.
f) Que consideram o valor total de R$ 247.875,84; pago mediante
pequenos depósitos e cheques, que iniciaram em 28/02/1996 (22
meses antes da propositura da ação principal) e terminaram
em 04/11/1997 (14 dias antes da propositura da ação princi-
35
pal), como suficiente para quitar o empréstimo de R$
200.000,00.

COMENTÁRIO DESTE AUXILIAR: Diante dos fatos narrados até este ponto,
extraídos dos autos, temos que a taxa de juros (nominal e efetiva), resultante do
programa de pagamentos apresentado, para ser conhecida, depende de com-
plexos cálculos financeiros, pois:
 foram pagas parcelas de valores aleatórios e
 em prazos não uniformes.
Também é inusitado o “programa de pagamentos” do mútuo, como
acima comentado, visto que a praxe é outra, ou seja, costuma-se con-
tratar mútuos para:
 pagamento em parcelas mensais,
 com data certa de vencimento, cada uma a 30 dias,
 parcelas a serem amortizadas uma depois da outra, por valor
constante,
 com adição de juros ou não, segundo o que tiver sido contratado,
ou seja: Sistema Francês de Amortização popularmente conhe-
cido como Tabela Price, ou Sistema de Amortização Constante
ou, ainda, qualquer outro sistema semelhante, mas nunca
comparável com o adotado pelos Embargantes/Executados.
 Este auxiliar nunca viu, em mais de 40 (quarenta) anos de pro-
fissão, amortizações periódicas por valores aleatórios, e em pe-
ríodos (tempo em dias ou em meses) não compatíveis com a
praxe e as técnicas aplicáveis à administração financeira.

5- O processo teve seu curso e a r. sentença foi proferida às fls. 135/138. Os


Embargantes apelaram. Vide fls. 152 a 170. As “Contrarrazões” foram
juntadas às fls. 180 a 187.

6- A presente prova pericial foi solicitada pelos Embargantes (fls. 240/241) “...
a fim de se comprovar a inexistência dos ‘pequenos empr ést imo s’
alegados pelo Embargado”; (ipsis literis). Foi deferida pela 9º Câmara do 1º
TAC às fls. 233, com o propósito de “... revelar a verdade sobre os fatos
alegados pelos litigantes nos autos”. (ipsis verbis). Portanto, o rumo da
prova pericial foi traçado dentro das “linhas paralelas” acima citadas.
Assim sendo e segundo o entendimento deste auxiliar, serão objeto de
exame pericial, os pagamentos feitos pelos Embargantes /Executados e, por

36
certo, tudo que necessário for para responder aos quesitos não impugnados
tempestivamente.

7- Por outro lado, segundo o enfoque contábil aplicado ao texto constante às


fls. 240/241, os Embargantes/Executados pediram:
7.1 - comprovar (se possíve l for) a existência dos “outros pequenos
empréstimos” alegados pelo Embargado e efetuados, pelo que se de-
preende da leitura dos autos, pelo cedente, seu pai;
7.2 - comprovar, no ano base de 1996, (se possível for) a existência de
disponibilidade líquida de dinheiro, por parte do cedente, pai do Em-
bargado, suficiente para fazer os “outros pequenos empréstimos” noti-
ciados nos autos; e ...
7.3 - comprovar, no ano base de 1996, (se possível for) a existência de
disponibilidade líquida de dinheiro, por parte do cedente, pai do Em-
bargado, suficiente para fazer o empréstimo, em espécie, no valor de R$
60.000,00, conforme noticiado nos autos.

Posteriormente, com a formulação dos quesitos, o escopo da


perícia foi mais bem explicitado e melhor definido.

8- Conforme r. despacho às fls. 243, o abaixo assinado teve a honra de ser


nomeado para produzir esta importante prova pericial e assumiu a elevada
responsabilidade que toda prova pericial insere em si mesma, mas muito
mais, no caso presente.

9- Os quesitos dos Embargantes /Executados foram apresentados às fls.


247/250 ocasião em que indicaram como seu Assistente Técnico o ilustre Sr.
xyz. Nesta petição enfatizaram que cabe ao Exequente /Exequente fazer
prova da existência dos alegados “outros pequenos empréstimos”, os quais
teriam sido quitados pelos comprovantes de pagamentos (cheques e recibos)
que instruíram a presente ação de Embargos.

10- Os quesitos do Exequente /Embargado foram apresentados às fls. 244/245,


ocasião em que indicou como seu Assistente Técnico o ilustre Sr. KLM.

11- Para a obtenção de provas documentais e contábeis conforme solicitado por


este auxiliar, ofícios foram expedidos ao Banco Central do Brasil, em São
Paulo (fls. 297) e ao Delegado da Receita Federal também em São Paulo (fls.
37
298). Com base em adicionais pedidos feitos pelos Embargantes
/Executados, (não mais por este auxiliar), outros ofícios foram expedidos às
diversas agências bancárias identificadas nos autos.

12- Por fim, em 30/07/2004, o i. Magistrado, às fls. 500, determinou a elabo-


ração desta prova pericial. Este comando foi confirmado em 16/08/2004, às
fls. 504. Fez-se carga dos autos no dia 20/08/2004 inclusive da CARTA DE
SENTENÇA respectiva. Os trabalhos foram retomados somente no dia
15/09/2004.

II - METODOLOGIA e CRITÉRIOS de TRABALHO

O escopo da prova pericial contábil é comunicar às partes


interessadas, em linguagem simples, os fatos observados sob
a ótica da Ciência Contábil (uma das ciências humanas),
dentro de uma filosofia que permita aproveitar os fatos ob-
servados, mercê dos exames procedidos, para o esclareci-
mento dos pontos dúbios e revelar a verdade que se quer
conhecer.
Autor: Prof. Remo.
Pela perícia, a verdade para a Justiça.
Autor: Prof. Reynaldo de Souza Gonçalves.

01 - O trabalho investigativo que permitiu produzir esta prova foi conduzido,


no que foi possível e aplicável, dentro dos limites técnicos determinados pelas
Normas Brasileiras de Contabilidade - NBC-T-13 - DA PERÍCIA CONTÁBIL
e - NBC-P-2 - NORMAS PROFISSIONAIS DE PERITO CONTÁBIL, apro-
vadas, respectivamente, pelas Resoluções nº 858/99 e 857/99 do CONSELHO
FEDERAL DE CONTABILIDADE, ambas datadas de 21.10.1999. Os proce-
dimentos adotados tiveram como objetivo fundamental a elaboração deste
Laudo Pericial Contábil, abrangendo, pois, segundo a natureza e a complexi-
dade da matéria aqui tratada, o exame, a indagação, a investigação, a mensu-
ração e a certificação, como previsto na NBC -T-13 supra citada.

02 - Na parte econômica desta prova pericial, foi dada a devida atenção à Lei
Nº 1.411, de 13 de Agosto de 1.951, regulamentada pelo Decreto Nº 31.794, de
17 de Novembro de 1952, com as modificações dadas pela Lei Nº 6.021, de 03

38
de Janeiro de 1974, Lei nº 6.537, de 19 de Junho de 1978 e Resoluções Nº 860,
de 01 de agosto de 1974 e 1536, de 14 de junho de 1985, ambas do Conselho
Federal de Economia.

03 - Analisou-se o sistema de argumentação e contra-argumentação usado


nesta lide, a sua lógica e a sua coerência com a prática e com os usos e cos-
tumes adequados às investigações periciais de cunho contábil, financeiro, eco-
nômico e fiscal, em casos congêneres, ou seja: apuração da origem legítima (*)
do crédito pleiteado e apuração da origem legítima (*) dos pagamentos feitos.

(*) Origem legítima entendida no sentido pura-


mente contábil, ou seja, origem contábil.

04 - As partes foram notificadas, por carta, conforme preceitua o Art. 431-A do


CPC (vide, por gentileza, DOCUMENTOS nº 01 e 02) e foram convidadas a
participar dos trabalhos periciais contribuindo com o levantamento de infor-
mações e apresentação de argumentos técnico/contábeis que entendessem
oportuno fazer a este auxiliar de V. Exa., para que o Laudo pudesse apresentar
os requisitos intrínsecos (qualitativos) de “ser completo”, “ser claro e funcio-
nal”, “ser delimitado ao objeto de perícia” e “ser fundamentado” evitando-se,
assim, se possível for, a fase instrutória dos “esclarecimentos”.

05 – Várias diligências externas foram feitas ao r. Cartório desta DD. Vara.

06 - Foram considerados os r. despachos, os documentos constantes nos


autos deste processo e os demais documentos objeto de sigilo fiscal zelosamente
arquivado no r. Cartório desta DD. Vara, os quais foram considerados sufici-
entes para elaborar esta prova pericial. Assim sendo, foi possível formar a
convicção técnica que permitiu responder às questões formuladas pelas Partes.

07 - Deve ficar patente que a perícia judicial com naturezas contábil,


financeira e econômica, tem seu fundamento legal na escrituração contábil das
Pessoas Jurídicas, quando empresas ou sociedades civis assemelhadas; nos
documentos de controle pessoal de qualquer tipo e nas declarações de rendi-
mentos das Pessoas Físicas, quando de pessoas naturais; nos documentos
acostados aos autos do processo e nas provas documentais coligidas durante as
dilegências ou fornecidos pelas Partes, mediante solicitação do Perito Oficial
feita, esta solicitação diretamente às Partes ou através de petição nos autos. Na
eventual ausência destas condições técnicas previstas na legislação comercial e

39
fiscal, o Perito Judicial, para atingir seu escopo, vale-se das prerrogativas ins-
critas no Art. 429 do CPC e passa a usar as alternativas nele previstas, como
neste caso, em que se cuida de apurar, principalmente,
a. a existência de liquidez por parte do cedente da Nota Promissória, Sr.
ALCIDES MENDONÇA, suficiente para gerar o empréstimo de R$
260.000,00 como alegado pelo Exeqüente/Embargado;
b. ou a existência de liquidez, da mesma pessoa, suficiente para gerar o
empréstimo de R$ 200.000,00, valor depositado na conta corrente dos
Embargantes/Executados, como por eles alegado;
c. bem como se os pagamentos feitos pelos Embargantes ao endossante,
Sr. Alcides Mendonça, teriam algum nexo com a Nota Promissória
endossada.

08 - É relevante observar, neste momento, que nenhum cálculo foi re-


querido à perícia, por nenhuma das Partes, nem para atestar a exatidão dos
valores apresentados com a Inicial de Execução e nem para atender às teses
ventiladas na Inicial de Embargos à Execução. Todavia, para bem atender a V.
Exa. este auxiliar manifestar-se-á, no Capítulo V – RESUMO e CONSIDE-
RAÇÕES TÉCNICAS, a respeito dos valores apresentados e/ou pugnados
pelas partes, como segue:

a) cálculo do débito dos Executados/Embargantes sob quatro hipóteses,


sendo:

1ª hipótese: para o caso de ser julgada procedente a Nota Promissória de


R$ 260.000,00, e sejam considerados improcedentes os paga-
mentos relacionados na Ação de Embargos, para a sua quitação,
vide ANEXO Nº 01;

2ª hipótese: para o caso de ser julgada improcedente a Nota Promissória


de R$ 260.000,00 e seja considerada como correta a dívida as-
sumida na Ação de Embargos, no valor de R$ 200.000,00, e se-
jam considerados improcedentes também os pagamentos rela-
cionados na Ação de Embargos, para a sua quitação, vide
ANEXO Nº 02;

3ª hipótese: para o caso de ser julgada procedente a Nota Promissória de


R$ 260.000,00, e sejam considerados também procedentes os
pagamentos relacionados na Ação de Embargos, para a sua qui-
tação, vide ANEXO Nº 03; e, por fim,
40
4ª hipótese: para o caso de ser julgada improcedente a Nota Promissória
de R$ 260.000,00 e seja considerada como sendo correta a dívida
assumida na Ação de Embargos, no total de R$ 200.000,00, e
sejam considerados também procedentes os pagamentos relaci-
onados na Ação de Embargos, para a sua quitação, vide ANEXO
Nº 04;

b) os critérios utilizados para os cálculos, segundo cada uma das alterna-


tivas supra citadas, foram:

b.1) Valor devido na data do vencimento da Nota Promissória:


27.05.96 = R$ 260.000,00;

b.2) Atualização Monetária da data do vencimento, maio de 1996, até


Setembro de 2004, conforme índices da Tabela Prática para Cálculos
de Atualização Monetária dos Débitos Judiciais do Tribunal de Jus-
tiça;

b.3) Valor devido na data do depósito: 05.02.96 = R$ 200.000,00 mais


itens b.2) e b.3) acima;

b.4) Atualização Monetária calculada pro-rata-tempore e tendo por base


a variação mensal do IGP-M, conforme demonstrado pelos Embar-
gan- tes às fls. 47 a 50 dos autos de Embargos;

b.5) Taxa de Juros Nominais – Juros Remuneratórios - de 1% ao


mês, lineares e pro-rata-tempore;

b.6) Consolidação da dívida mutuada em 30/11/1997;

b.7) Atualização Monetária da dívida consolidada como supra citado,


até a data da confecção desta prova pericial, tendo por base a Ta-
bela Prática para Cálculos de Atualização Monetária dos Débitos
Judiciais do Tribunal de Justiça;

b.8) Juros de mora de 0,5% ao mês, calculados linearmente sobre o


valor atualizado, contados da data da propositura da Ação Executiva,
até a confecção do presente laudo;

41
... para que V. EXA. decida o que for de direito.

Por gentileza, vide o Capítulo


V – RESUMO e CONSIDERAÇÕES TÉCNICAS,
onde se encontram, de forma resumida, os valores apurados.

09 - Apresentamos no quadro abaixo a relação dos DOCUMENTOS fazem


parte e integram a presente prova pericial contábil.

Número do
Assunto(s) tratado(s) em cada um
Documento
01 Cópia da carta expedida às ilustres patronas dos Embargantes.
02 Cópia da carta expedida ao ilustre advogado do Embargado.

10- Os textos dos quesitos estão literalmente transcritos neste Laudo com os
eventuais defeitos de linguagem que apresentam. Portanto, este Perito Judicial
se responsabiliza pelas respostas técnicas a eles (quesitos) fornecidas, até o
limite de seu entendimento lógico, decorrente de análise sintática aplicada,
quando necessário, ao texto apresentado. Isto posto, seguem-se as respostas
oferecidas aos quesitos formulados pelas Partes e pertinentes à perícia de natu-
reza contábil.

III - QUESITOS DOS EXECUTADOS /EMBARGANTES


(Fls. 249 a 250)

1.- Queiram os Srs. Peritos informar, mediante a análise do extrato ban-


cário anexado à inicial dos Embargos, qual o valor efetivamente entregue
pelo credor endossante ao Embargante, em 05/02/96.

Resposta:

O “extrato bancário” anexado à inicial dos Embargos, mais precisamente às


fls. 46, é a demonstração da movimentação registrada na conta corrente, no dia
anterior ao pedido feito pelo cliente, obtido por terminal disponível nas mesas
dos funcionários do “atendimento” do Banco Bradesco. Foi obtido no dia
06.02.96, às 10:33 horas. Corresponde à agência 0198, à conta 0047444, em
42
nome de José Wellington C. Soares e ou, à Rua 24 de Maio, em São Paulo -
Capital. Revela a movimentação do dia precedente, ou seja, 05/02/96 e apre-
senta como primeiro registro, o valor de R$ 200.000,00 (Duzentos mil reais) a
crédito dos correntistas e Executados/Embargantes nesta ação, com o histórico
“DEP. EM CHEQUE”, revelando que se trata de um depósito feito em che-
que(s).

Nada há que comprove que esse valor de R$ 200.000,00, creditado conforme


supra revelado e debitado no mesmo dia com o histórico “PÁG CONTAS”,
tenha qualquer relação com o alegado “... valor efetivamente entregue pelo
credor endossante ao Embargante, em 05/02/96”, como consta na redação
deste quesito.

No mais, este “extrato bancário”, da conta corrente do Executa-


dos/Embargante, é uma prova contábil fraca. Seu pouco valor como prova
contábil está no fato de não apresentar “Saldo Anterior” ou “Saldo Inicial” e
“Saldo Final”, como qualquer extrato de conta corrente que, para receber este
nome, deve ter. O que está juntado às folhas 46, que os Executados/Embargantes
denominam “extrato bancário” é apenas a “Tela 001 ...” do sistema de in-
formações que o Banco Bradesco disponibiliza aos clientes que comparecem à
agência e revela apenas a movimentação do dia anterior.

CONCLUSÃO: a prova documental invocada na redação deste primeiro quesito


da série dos Embargantes /Executados, não serve para provar a origem do valor
depositado, ou seja, R$ 200.000,00 (duzentos mil reais).

2.- Queiram os Srs. Peritos informar, mediante a análise dos extratos


bancários do credor endossante, se há qualquer referência ao valor de R$
60.000, 00 (sessenta mil reais), correspondente à diferença entre o valor que
o Embargado alega ter sido mutuado e aquele entregue ao Embargante em
05/02/96

Resposta:

Para responder a este quesito foram examinados os documentos abaixo relaci-


onados.

Volume
Fls. nº Tipo e conteúdo

43
Ofício do Banco Central do Brasil com informações inúteis para a perí-
2º 304
cia.

Ofício do Banco Bradesco S/A capeando extratos da conta corrente nº


308 a
2º 50.733-4; Agência nº 0144-9; em nome de Alcides; contendo a movi-
310
mentação do período de 03/01/1996 até 28/02/1996.

Ofício do Banco Itaú S/A capeando extratos da conta corrente nº


329 a 00601-7 e da conta de poupança nº 39208-6/500; Agência nº 0073; em

332 nome de Alcides; contendo a movimentação do período de 02/01/1996
até 29/02/1996.

Ofício do Banco do Estado de São Paulo S/A – BANESPA (Santander


Banespa) capeando extratos da conta corrente nº 0438-92-005648-9
mantida junto à Agência nº 0438; em nome de Alcides Mendonça; con-
tendo a movimentação do período de 02/01/1996 até 29/02/1996.
Citou, este ofício, a existência da conta de poupança nº
337 a 0134-60-015628-6; mantida junto à Agência nº 0134 (FARIA LIMA),
2º 340 também esta em nome de Alcides Mendonça, mas não juntou os
extratos correspondentes. Vide comentário no segundo parágrafo do
e e ofício enviado pelo BANESPA. Posteriormente, com base em outro
comando judicial, o BANESPA houve por bem apresentar a movimen-
3º 384 a tação da supra citada conta de poupança. Por gentileza, vide abaixo.
458
Posteriormente, às fls. 384/458, apresentou os extratos da conta corrente
supra citada, a de nº 0438-92-005648-9; cobrindo o período de
03/01/1994 a 31/12/1997, ou seja: um ano antes da data da emissão da
Nota Promissória, o ano que corresponde à sua emissão e o ano
seguinte.

Ofício do Banco do Estado de São Paulo S/A – BANESPA (Santander


Banespa) capeando extratos da conta de poupança nº
370 a 0134-60-T015628-6; mantida junto à Agência nº 0134 (FARIA LI-

382 MA), também esta em nome de Alcides Mendonça, cobrindo o período
de 26/07/2002 a 26/05/2004. Este período nada tem há ver com o escopo
desta prova pericial fazendo com que estes documentos sejam inócuos.

44
Ofício da Caixa Econômica Federal capeando extratos da conta cor-
rente nº 1221-001-0007141-5; em nome de Alcides Mendonça; aberta em
17/02/1997; ou seja, em data posterior aos eventos narrados nos autos
deste processo. A movimentação apresentada cobre o período de
3º 17/02/1997 a 29/12/1997. Este período nada tem há ver com o escopo
468 a
desta prova pericial fazendo com que estes documentos sejam inócuos.
489
Observou-se, em SETEMBRO/1997, a movimentação de um cheque de
R$ 65.000,00 que foi depositado no dia 17 e estornado no dia 18. Foi re
depositado no dia 22 e novamente estornado no dia 23. Infere-se, pois,
que este cheque não tinha provisão de fundos.

CONCLUSÃO: Estas provas documentais, todas juntadas aos autos, revelam


que o endossante não tinha, nestas contas correntes bancárias e nem na de
poupança, nos meses de Janeiro e de Fevereiro de 1996, provisão de fundos para
emprestar R$ 260.000,00; nem para emprestar R$ 200.000,00 e nem mesmo
para emprestar R$ 60.000,00.

3.- Queiram os Srs. Peritos informar, mediante a análise das declarações de


rendimento do credor endossante, a disponibilidade de numerário para a
realização do empréstimo, em 05/02/96, no valor de R$ 260.000,00 (du-
zentos e sessenta mil reais).

Resposta:

Para responder a este quesito foi requisitada, a DECLARAÇÃO DE AJUSTE


ANUAL do ano de 1996 à qual foram juntadas as correspondentes:
(i) DECLARAÇÃO DE BENS e
(ii) ATIVIDADE RURAL
...ambas do Ano-Calendário de 1995.

Os exames contábeis revelaram:


1. Evolução Patrimonial: 1994 = R$ 1.756.170,0; 1995 = R$ 1.846.961,00;
Aumento de 5,2%

2. Rendimentos tributáveis no ano de 1995: = R$ 91.508,38


Rendimentos NÃO tributáveis no ano de 1995: = R$ 509.178,57
TOTAL de rendimentos no ano de 1995: = R$ 600.686,95
45
3. Disponível em bancos e investimentos financeiros de curto prazo. Posição no
dia 31/12/1995: = R$ 322.744,00

4. Direitos junto à Pessoas Físicas em 31/12/1995 = R$ 841.929,00.

5. Outros bens e direitos = R$ 682.288,00

TOTAL do patrimônio do endossante = R$ 1.846.961,00

CONCLUSÃO: Em face aos exames procedidos dos quais algumas cifras re-
levantes estão acima citadas, este auxiliar afirma que SIM, que a análise da
declaração de rendimento do credor endossante, revela a existência da disponi-
bilidade de numerário para a realização do empréstimo, no começo do ano de
1996, no valor de R$ 260.000,00 (duzentos e sessenta mil reais).

4.- Queiram os Srs. Peritos informar, mediante a análise dos extratos


bancários do credor endossante, a existência de outros pequenos emprés-
timos, além daquele realizado em 05/02/96.

Resposta:

Negativa é a resposta, pois as análises dos extratos bancários do credor en-


dossante, juntados aos autos e relacionados na resposta ao quesito número dois
desta série dos Embargantes /Executados, não revelaram a existência de outros
pequenos empréstimos e também não mostram aquele realizado em 05/02/96.

Os pequenos valores lançados a débito das contas correntes bancárias e da conta


de poupança, conforme documentos juntados aos autos, tendo como histórico
justificativo das saídas de numerário: “cheque” ou qualquer outro histórico; são
indícios insuficientes para provarem quais foram os destinos dos valores
sacados, se para pequenos empréstimos ou para outras finalidades. A ver-
dade é que houve saques de pequenos valores e apenas isso. Para se conhecer o
destino dos valores sacados é necessário acessar a documentação que lhes dá
suporte, algo impensável ou inexistente quando se trabalha com contabilidade
(?) de Pessoa Física.

5.- Queiram os Srs. Peritos informar, mediante a análise das declarações de


rendimento do credor endossante, a disponibilidade de numerário para a
46
realização dos alegados “outros pequenos empréstimos”, além daquele
realizado em 05/02/96.

Resposta:

A resposta a este quesito é a mesma que já foi dada ao quesito número três desta
série dos Embargantes /Executados. Ou seja, positiva é a resposta, pois o
credor endossante disponha de numerário (a vista, mais a curto e a médio prazo)
para a realização dos alegados “outros pequenos empréstimos”, além daquele
realizado em 05/02/96.

6.- Queiram os Srs. Peritos informar qual o valor efetivamente pago pelo
Embargante, como amortização do débito, representado pelos cheques e
comprovantes de depósito anexados aos Embargos.

Resposta:

Salvo melhor juízo, nenhum valor foi efetivamente pago pelos Embargantes
/Executados, como amortização do débito representado pela Nota Promissória
objeto da ação executiva.

Os cheques e comprovantes de depósito anexados aos Embargos, nada provam.


Ou então, ao contrário, provam que nenhum nexo eles têm com a Nota
Promissória objeto de cobrança nos autos principais.

Vide esclarecimentos técnicos e fundamentação da afirmação supra em CO-


MENTÁRIOS, às páginas 5 e 6, após o item 4 – (f), do Capítulo I, desta prova
pericial contábil.

Os cheques foram endossados em branco por Alcides e depositados em sua


conta bancária no Banco do Estado de São Paulo, um cheque, e os demais na
Caixa Econômica Federal. Para alguns cheques não foi possível identificar onde
foram depositados. Todos os depósitos foram feitos na conta de Alcides.

Quanto a informar “qual o valor efetivamente pago pelo Embargante, como


amortização do débito, representado pelos cheques e comprovantes de depósito

47
anexados aos Embargos”, como quesitado, a verdade é que esses cheques e
esses comprovantes de depósito, não provam que a Nota Promissória foi paga.

Os cheques, em seu verso, não revelam nem a que se destinaram e nem o que
deu causa aos pagamentos feitos com eles. Caso tivessem sido apresentados os
“canhotos” dos respectivos cheques, nos quais teria sido anotada a razão de sua
emissão, ou seja, o que foi pago com eles, poderia se admitir como indício
primário de prova contábil, mas, ainda assim, não serviriam como prova cabal.

O mesmo afirma-se para os depósitos efetuados que também não revelam quais
as suas causas.

CONCLUSÃO: a verdade é que os Embargantes/Executados não provaram que


pagaram a Nota Promissória objeto da ação executiva.

Complementarmente, apenas para fins práticos, vamos relacionar os pagamen-


tos citados na ação de Embargos. Os cheques e comprovantes de depósito
anexados aos Embargos às fls. 19 até 45 foram emitidos (os cheques) e feitos (os
depósitos) por José, como segue:

Banco Sa- Data


Cheque n° Valor Beneficiado Fls. nº
cado Emissão
Pagamentos feitos antes da data de vencimento da Nota Promissória
Bradesco 001900 27.02.96 8.000,00 Alcides 19
Bradesco 001954 28.03.96 8.000,00 Alcides 20
Bradesco 002023 01.03.96 8.000,00 Alcides 21
Pagamento feito no dia do vencimento da Nota Promissória
Bradesco 002083 28.05.96 8.000,00 Alcides 22
Pagamentos feitos DEPOIS da data de vencimento da Nota Promissória
Bradesco 002112 29.06.96 15.000,00 Alcides 23/24
Bradesco 002132 29.07.96 15.000,00 Alcides 25
Bamerindus 345990 30.08.96 15.000,00 Alcides 27
Bamerindus 183990 30.09.96 15.000,00 Alcides 26
Bamerindus 182803 30.10.96 30.000,00 Alcides 29
Bamerindus 182804 30.10.96 10.000,00 Alcides 28
Bamerindus 182818 14.11.96 36.275,84 Alcides 30
Bamerindus 183325 20.12.96 14.000,00 Alcides 31
Bamerindus 183370 31.01.96 3.600,00 Alcides 32
Safra Ilegível 28.05.97 7.000,00 Alcides 35/36
Sofisa 000215 26.06.97 5.000,00 Alcides 38
Safra 442931 **.08.97. 5.000,00 Alcides 40
Sofisa 000443 21.08.97 3.000,00 Alcides 42
48
Brasil 982214 04.11.97 5.000,00 Alcides 45
CEF 18.04.97 10.000,00 Alcides 33
CEF 06.05.97 5.000,00 Alcides 34
CEF 06.06.97 8.000,00 Alcides 37
CEF 10.08.97 5.000,00 Alcides 39
CEF 07.08.97 2.000,00 Alcides 41
CEF 04.09.97 7.000,00 Alcides 43
CEF 22.09.97 3.000,00 Alcides 44
SOMA 250.875,84

7.- Em harmonia com as respostas aos quesitos anteriores, queiram os Srs.


Peritos informar qual o saldo do contrato de mútuo celebrado entre o
Embargante e o credor endossante, que deu origem ao título objeto da
execução.
Resposta:
Este quesito, como formulado, não apresenta condições de ser respondido face à
inexistência, nos autos deste processo, de um contrato formal de financiamento,
no qual figurassem:
a) Principal mutuado,
b) Plano de resgate, como por exemplo: Tabela Price,
c) Taxa de juros remuneratórios,
d) Taxa de juros na inadimplência,
e) Índice para atualização monetária do débito, como por exemplo: INPC,
f) Etc.

Na hipótese de que se devesse considerar um contrato informal, verbal ou


equivalente, - hipótese inaplicável para uma perícia contábil -, ainda assim, não
foram mencionados, nos autos deste processo (execução e embargos), os pa-
râmetros desse hipotético contrato, imaginado na formulação do quesito supra.

IV - QUESITOS DO EMBARGADO /EXEQUENTE.


(Fls. 244/245)

1.- Qual o montante financeiro auferido pelos pais do Exequen-


te-Embargado com a venda dos imóveis apontados nos itens 4 e 5 da im-
pugnação aos Embargos à Execução (fls. nº 59/115) ?

Resposta:
49
O montante financeiro auferido pelos pais do Exequente-Embargado, com a
venda dos imóveis apontados nos itens 4 e 5 da impugnação aos Embargos à
Execução, é o seguinte:

Quanto o item 4: - conforme DOC. 1 às fls. 68/70, foram vendidos:


1. um terreno à Rua Sumidouro, de forma triangular, com 440 m² cuja
transcrição tem o número 30.301,
2. um terreno cuja transcrição tem o número 90.626, também de forma
triangular, com 149 m² e (c) três residências construídas nestes terrenos,
com o número 709, 713 e 725 da Rua Sumidouro.
3. A venda desta propriedade ocorreu em 18.10.1993 pelo valor de CR$
37.079.121,52 (Trinta e sete milhões, setenta e nove mil, cento e vinte e
um cruzeiros reais e cinquenta e dois centavos).
4. Tendo por base a Tabela Prática para Cálculo de Atualização Monetária
dos Débitos Judiciais do Tribunal de Justiça, à época da concessão do
empréstimo, ou seja: 28 de Janeiro de 1996 conforme Nota Promissória
ou 05.02.1999 conforme alegado pelos Embargantes, o valor da venda
supra referida, correspondia a R$ 431.392,69 se considerado o mês de
Janeiro de 1996; ou a R$ 437.691,00 se considerado o mês de Fevereiro
de 1996.

Quanto o item 5: - conforme memória de cálculo anexa ao DOC. 2, às fls. 72, o


imóvel desapropriado pela Prefeitura do Município de São Paulo, foi avaliado,
em Dezembro de 1994, em R$ 405.505,42. Tendo por base a Tabela Prática para
Cálculo de Atualização Monetária dos Débitos Judiciais do Tribunal de Justiça,
à época da concessão do empréstimo, ou seja: 28 de Janeiro de 1996 conforme
Nota Promissória ou 05.02.1999 conforme alegado pelos Embargantes, o valor
da desapropriação supra referida, corresponderia a R$ 503.196,21 se conside-
rado o mês de Janeiro de 1996; ou a R$ 510.542,85 se considerado o mês de
Fevereiro de 1996.

Em resumo, pode se dizer que a venda de alguns imóveis e a desapropriação de


outros, propiciou ao Embargado e/ou ao seu pai, o endossante, a disponibilidade
de, aproximadamente, R$ 950.000,00 (Novecentos e cinquenta mil reais); va-
lores esses, atualizados para o fim do mês de Janeiro e começo do mês de Fe-
vereiro de 1996, época em que se deu o mútuo noticiado nos autos e represen-
tado pela Nota Promissória que deu origem á ação de Execução.

50
2.- Quanto representa, em termos percentuais, a suposta “grande fortuna”
dos pais do Exequente-Embargado, se comparada com o patrimônio dos
Executados-Embargantes (confira-se declaração de bens copiada a fls. -
doc. 3 da impugnação aos Embargos)?

Resposta:

Em princípio, a resposta a este quesito fica prejudicada pelo fato de não


constar, no DOC. 3, às fls. 73, a data em que as cifras relacionadas foram
computadas.

Todavia com único propósito de bem servir a V. Exa., assumindo que tais cifras
foram apuradas no mês de Março de 1995, - vide fls. 74 e 75 -, aplicando-se os
índices da Tabela Prática para Cálculo de Atualização Monetária dos Débitos
Judiciais do Tribunal de Justiça à época da concessão do empréstimo, ou seja: 28
de Janeiro de 1996 conforme Nota Promissória ou 05.02.1999 conforme alegado
pelos Embargantes, o valor do patrimônio dos Executados/Embargantes, cor-
respondia a R$ 76.301.895,88 (Setenta e seis milhões, trezentos e um mil, oi-
tocentos e noventa e cinco reais e oitenta e oito centavos) se considerado o mês
de Janeiro de 1996; ou a R$ 77.415.899,97 (Setenta e sete milhões, quatrocentos
e quinze mil, oitocentos e noventa e nove reais e noventa e sete centavos) se
considerado o mês de Fevereiro de 1996.

Em resumo, pode se dizer que o patrimônio dos Embargantes era de, aproxi-
madamente, R$ 77.000.000,00 (Setenta e sete milhões de reais); valores esses,
atualizados para o fim do mês de Janeiro e começo do mês de Fevereiro de 1996,
época em que se deu o mútuo noticiado nos autos.

Concluindo e respondendo objetivamente ao quesito, consideradas as pre-


missas supra, temos que, em termos percentuais, a suposta “grande fortuna”
dos pais do Exequente-Embargado, quando comparada com o patrimônio dos
Executados-Embargantes, correspondia, à época dos fatos, a 1,23% (um centé-
simo e vinte e três milésimos percentuais) destes últimos.

3.- O patrimônio dos Executados-Embargantes permitiria a obtenção de


empréstimos em estabelecimentos bancários ou instituições similares, no
valor do título cambial exequendo ?

51
Resposta:

O quesito supra não é de natureza técnico-contábil, nem é financeiro ou eco-


nômico. Aborda-se, com ele, de forma vaga, um conceito de risco de crédito
entre os muitos existentes. Além disso, está formulado na forma de hipótese.
Então, a resposta a seguir, também deve ser considera como uma vaga hipótese
e não como algo concreto, absoluto e único. Assim sendo, a resposta abaixo é
apenas uma possibilidade.

Considerada a premissa acima, a perícia diz que SIM. Que tendo por base os
documentos apresentados às fls. 73 a 85 nos quais se revela que o patrimônio
dos Embargantes, em Março de 1995, era de R$ 64.517.000,00 (Sessenta e
quatro milhões, quinhentos e dezessete mil reais) já deduzidos os imóveis one-
rados com hipoteca de 1º Grau, é possível que, entre os vários estabelecimentos
bancários ou instituições similares, conseguissem obter empréstimo no valor do
título cambial exequendo.

Todavia há que considerar o documento apresentado na forma de DOC. 4, às fls.


86, no qual figuram várias execuções judiciais contra o Sr. José Wellington
Camargo Soares. Este fato desabonador, certamente, desestimularia vários es-
tabelecimentos bancários ou instituições similares a conceder-lhe empréstimo
de qualquer valor.

4.- Houve outros empréstimos realizados pelo pai do Exeqüen-


te-Embargado aos Executados-Embargantes? Caso positivo, de que va-
lores? Foram saldados a tempo?

Resposta:

Negativa é a resposta, pois não existem comprovações documentais ou con-


tábeis que entre o pai do Exequente/Embargado e os Executados/Embargantes,
teriam ocorrido outros empréstimos, ainda que de pequena monta, como alegado
nos autos; os tais “outros pequenos empréstimos”.

No mais, fica prejudicada a resposta a este quesito, pois os valores pagos ao


pai do Exequente/Embargado, mediante cheques e depósitos relacionados em
demonstrativo constante na resposta ao quesito 6 (seis) da série dos Executa-
dos/Embargantes, não são prova documental ou contábil de que aqueles valores
corresponderam ao reembolso de “outros pequenos empréstimos” como ale-
52
gado nos autos. Assim como não são prova de que serviram, tais pagamentos,
para amortizar a Nota Promissória guerreada nos autos deste processo, também
não imprestáveis para provar que teriam ocorrido, entre o pai do Exeqüente/
Embargado e os Executados/Embargantes, os tais “outros pequenos emprésti-
mos” noticiados nos autos.

5.- Os cheques depositados pelo Executado-Embargante em conta-corrente


do pai do Exequente-Embargado referem-se a ditos empréstimos de valo-
res menores? Houve devolução das respectivas Notas Promissórias?
Quando o pagamento era parcial, havia a entrega de recibo?

Resposta:

Prejudicada a resposta a este quesito.


Nada há nos autos algo que revele que os cheques depositados pelos Executa-
dos/ Embargantes, na conta-corrente do pai do Exequente/Embargado, refe-
rem-se a ditos empréstimos de valores menores.

Também não há comprovação de que, se existiram as tais Notas Promissórias


mencionadas neste quesito, foram elas devolvidas. Não foi juntado, por exem-
plo, um protocolo de entrega de Notas Promissórias quitadas. Também não há
como responder ao perguntado sobre se “quando o pagamento era parcial,
havia a entrega de recibo”, pois não existem documentos, anotações que sejam,
de ambas as Partes, referindo-se a acordo(s) de pagamentos parciais de alguma
coisa que não demonstraram o que seria. Se o perquiridor se refere a emprés-
timos, contratos não foram juntados e nem outros comprovantes, de qualquer
espécie, ainda que pouco ou nenhum valor probante tivessem para a perícia
contábil.

6.- Os referidos cheques foram emitidos em datas anteriores ao vencimento


da Nota Promissória objeto da Execução ?

Resposta:

Os cheques referidos foram emitidos ANTES (três deles) NA MESMA DATA


(um deles) e DEPOIS (os restantes) da data de vencimento da Nota Promissória
objeto da Execução.

53
7.- Houve a emissão de algum recibo de pagamento parcial do título
cambial exequendo? Houve exigência, de algum modo, de quitação for-
mal desse título por parte dos Executados-Embargantes?

Resposta:

Negativa é a resposta. Nos autos nada consta para comprovar a emissão de


algum recibo de pagamento parcial do título cambial exequendo. Também não
consta qualquer tipo de exigência de quitação formal desse título por parte dos
Executado-Embargantes.

V – RESUMO e CONSIDERAÇÕES FINAIS

Alé m das respost as aos quesit os de ambas as Part es e segundo o


enfoque cont ábil aplicado ao t ext o constant e às fls. 240/241, o s
E mbargant es/E xecut ados pedira m e foram at endidos, por est e a u-
xiliar, co mo segue:

Atendimentos conforme
Atendimentos conforme
Pedidos Declaração de I. R. P. F.
extratos bancários nos autos
em pasta própria.

1 - Comprovar (se pos sí vel Negativa é a resposta. Os POSITIVA é a resposta. A


fos se) a existência dos “outros extratos bancários não pro- Declaração de Ajustes do
pequenos empréstimos” alegados varam que o endossante ti- Ano Calendário de 1966
pelo Embargado e efetuados, pelo vesse recursos, nos bancos prova que o endossante
que se depreende da leitura dos que apresentaram os docu- tinha recursos financeiros
autos, pelo cedente, seu pai. mentos solicitados, para fazer para fazer os empréstimos
os empréstimos pequenos e pequenos e também de R$
também de R$ 260.000,00. 260.000,00.

2 - Comprovar, no ano base de


1996, (se possí vel fos se) a
existência de disponibilidade
líquida de dinheiro, por parte do Idem acima. Idem acima.
cedente, pai do Embargado, sufi-
ciente para fazer os “outros pe-
quenos empréstimos” noticiados

54
nos autos.

3 - Comprovar, no ano base de


1996, (se possí vel fos se) a
existência de disponibilidade
líquida de dinheiro, por parte do
Idem acima. Idem acima.
cedente, pai do Embargado, sufi-
ciente para fazer o empréstimo, em
espécie, no valor de R$ 60.000,00,
conforme noticiado nos autos.

Para co mplement ar as respost as dadas aos quesit os apresent ados


por ambas as Part es e por ent ender ser de sua responsabilidade
apresent ar subsíd ios que possam favorecer o complet o ent end i-
ment o a quem ser ve, est e auxiliar oferece est e resu mo e suas
considerações técnicas, confor me abaixo:

a) Não foi comprovada a origem da Nota Promissória objeto da Ação Execu-


tiva e, pelo que dos autos consta, tudo indica representar a garantida de devo-
lução de um empréstimo, em cheque e em dinheiro, no valor conjunto de R$
260.000,00. Caso V. Exa. considere procedente esta Nota Promissória, o valor
atualizado, devido pelo seu emitente, Sr. José Wellington C. Soares, é de R$
608.841,50. Vide por gentileza, o ANEXO Nº 01.

b) Os Executados /Embargantes assumem uma dívida de R$ 200.000,00 com


data de inicial em 05.02.96 e dizem que o valor de R$ 60.000,00 que completa o
valor da Nota Promissória, se refere juros de 7,5% ao mês, pelo prazo de 4
meses. Caso V. Exa. considere procedente esta alegação, na forma como foi
documentada nos autos de Embargos; o valor atualizado, devido pelos Embar-
gantes, é de R$ 468.339,62. Vide por gentileza, o ANEXO Nº 02.

c) Caso V. Exa. considere procedente a Nota Promissória no valor de R$


260.000,00 e considere também procedentes os pagamentos parciais que foram
feitos de maneira intermitente, ao longo de 2 (dois) anos e foram noticiados na

55
Inicial de Embargos; o valor atualizado, devido pelo emitente, é de R$
164.478,28. Vide por gentileza, o ANEXO Nº 03.

d) Caso V. Exa. considere procedente o alegado valor de R$ 200.000,00; as-


sumido como efetivamente devido pelos Embargantes e considere também
procedentes os pagamentos parciais que foram feitos de maneira intermitente,
ao longo de 2 (dois) anos e foram noticiados na Inicial de Embargos; o valor
atualizado a ser restituído pelo Exequente/ Embargado é de R$ 25.828,49.
Vide por gentileza, o ANEXO Nº 04.

No mais, ambas as Part es apresent aram provas fracas ou muit o


fracas aos fins de uma per íc ia cont ábil em mat ér ia finance ir a. Est a
afir mação est á fundament ada nos seguint es fat os:
1- não há cont rat os,
2- não há recibo s,
3- não há protocolos de ent rega de document os, de nenhuma
espécie,
4- não exist em lançament os cont ábeis,
5- não foram exibidos livros cont ábeis,
6- os infor me obt idos junt o à Receit a Feder al apenas sugerem
que poder ia (campo da hipót ese) t erem ocorrido t ais op e-
rações;
7- os infor mes obt idos junt o aos bancos, não ind icam que o
endossant e, Sr. ALCIDES, pai do Embargado/ Exequent e,
t ivesse fundos líquidos (em caixa) par a fazer o emprést imo,
mas sabe-se que t inha dinheiro aplicado em invest iment os
financeiros que, se desaplicados fossem, poder iam muit o
bem ser vir para emprest ar R$ 200.000,00 ou mesmo R$
260.000,00;
8- por fim, em face à ausência de document os e livros co me r-
ciais, usuais e previst os no Código Comercial, no Código
Tr ibut ár io Nacio nal, em Regula ment os do Impost o de Renda,
em Lei Est aduais e Munic ipais e t ambé m nas Nor mas Br a-
sileiras de Cont abilidade, fica evidente que as operações
objeto desta ação foram feitas para fi carem ocu ltas e,
neste p ropósito, estavam coniventes ambas as Partes.

VI – ENCERRAMENTO

56
São inassumíveis responsabilidades sobre documentos controversos que fazem
parte dos Autos deste Processo se ainda não apreciados pelo MM. Juiz. Inas-
sumíveis também responsabilidades sobre documentos que podem estar em
poder de pessoas físicas e jurídicas, seja dos Executados-Embargantes ou do
Exequente/Embargado, ou ainda, de outros cidadãos interessados no deslinde
deste caso, que a nós não foram consignados até a data da conclusão deste
Laudo.

Por fim, são também inassumíveis responsabilidades sobre matéria jurídica a


que tenha, eventualmente e sem intenção determinada, se referido, inclusive
quando este referimento tivesse ocorrido por indução contida - intencionalmente
ou não - na formulação dos quesitos, excluídas, obviamente, as responsabili-
dades de sua profissão.

Nada mais havendo a oferecer dá-se por concluído o presente LAUDO PERI-
CIAL CONTÁBIL, composto de 37 (trinta e sete) folhas digitadas de um só
lado, todas rubricadas, com exceção desta que segue assinada para os devidos
fins e mais 4 (quatro) ANEXOS de números 01 a 04, conforme citados no
texto deste Laudo e que com ele se integram, compondo uma única prova peri-
cial.

Data:

57
PERÍCIA CONTÁBIL EM MATÉRIA FINANCEIRA – Prof. Remo Dalla Zanna (MS)

PF 02 – edição pessoal para fins de estudo e venda em PDF


Revisado em maio/2019.

2º - MÓDULO
JUROS SIMPLES E CAPITALIZAÇÃO SIMPLES

2.1. Conceito comum de juro


2.2. Juros simples e capitalização simples
2.3. Exercícios Resolvidos
2.4. Orientação Técnica
2.5. Exemplo de laudo pericial contábil em matéria financeira
com juros simples

2.1. CONCEITO COMUM DE JURO


Chamamos JURO à renda em dinheiro que se recebe ao em-
prestar certa quantia por certo tempo. É por isso que o valor das com-
pras, para pagamento em prestações, além de conter o LUCRO CO-
MERCIAL embute, no preço, o elemento JURO. Este fato acontece
sempre que se queira antecipar o consumo de algum bem ou serviço ou
antecipar algum investimento, quando não se dispõe de liquidez própria
(pessoal ou corporativa) para tal propósito. Como não se tem dinheiro
para adquirir os bens ou os serviços desejados e não se quer esperar o
tempo necessário para que as poupanças acumuladas possam cobrir as
compras, recorre-se ao empréstimo junto a banco ou a outras pessoas
jurídicas ou físicas. Se paga, então, JURO aos que nos adiantam o
dinheiro para satisfazer nossas vontades ou necessidades de consumir
ou investir imediatamente.
A quantia emprestada se chama CAPITAL ou PRINCIPAL.
1
Conhece-se a quantidade JURO como sendo uma porcentagem
que incide sobre o CAPITAL e seu valor varia em função do tempo.
Assim sendo, a quantia de juros que se paga é proporcional a três va-
riáveis: (i) o capital que se tomou emprestado; (ii) o tempo e/ou a forma
escolhida para devolvê-lo; e (iii) o percentual combinado (a taxa) de
juros. Quando qualquer destas três variáveis for alterada, altera-se,
automaticamente, a quantidade de juros que se pagará.
Resumindo, temos que a quantidade de JURO que será paga pelo
tomador varia em função de:
i) quantidade monetária do CAPITAL emprestado;
ii) taxa de juros contratada;
iii) tempo que decorre da data em que o CAPITAL ficou disponível
para o tomador até a data em que este CAPITAL foi devolvido;
iv) o risco envolvido na operação (empréstimo ou aplicação), re-
presentado pela incerteza com relação ao futuro; e
v) a perda do poder de compra do capital decorrente da inflação.
Comentário: inflação é um fenômeno monetário que corrói o
capital financeiro, fazendo com que, com o passar do tempo,
esse capital financeiro compre cada vez menor quantidade de
bens reais tais como, alimentos, roupa, imóveis, máquinas,
móveis, ouro, etc.
O JURO pode ser pago:
i) antecipadamente;
ii) durante o tempo em que o empréstimo estiver vigente, ou
iii) junto com o CAPITAL na data combinada para a sua devolu-
ção.
Em qualquer problema de juros, temos as seguintes grandezas:
i) CAPITAL;
ii) Taxa;
2
iii) Tempo.
Assim como se faz numa “Regra de Três”, dadas três variáveis, é
possível conhecer a quarta que, neste caso, é o quantum de JURO.

2.2. JUROS SIMPLES E CAPITALIZAÇÃO SIMPLES


Entendem-se como Juros Simples os que forem calculados se-
gundo os vários períodos estabelecidos (mensal, trimestral, semestral
ou anual) quando o valor obtido não incorpora o valor do principal sobre
o qual são calculados. Ou seja: os juros das prestações não rendem
juros. Tomemos, por exemplo, um principal (ou capital) de R$ 100,00
que gera juros de 1% ao mês, durante um ano. Qual o valor dos juros
simples (ou lineares) ao fim do período e qual o valor do capital mais
juro?
Resposta:
Considerando a seguinte fórmula para encontrar os juros simples: j
= C.i.n; onde “C” = Capital Inicial aplicado, “i” = taxa de juros em per-
centual e “n” = quantidade de períodos de tempo (dias, meses, trimes-
tres, semestres, anos, etc.), temos:

Valores em Reais
Meses Principal ou Capital Aplicado Juros

1 100,00 1,00

2 1,00

3 1,00

4 1,00

5 1,00

6 1,00

7 1,00

8 1,00

3
9 1,00

10 1,00

11 1,00

12 1,00

SOMA dos juros 12,00

Soma dos juros no período = R$ 12,00; portanto, j = R$ 12,00.


Soma dos juros com o capital inicial, ao fim do período de um ano =
R$ 112,00; portanto, o M1 (montante) = R$ 112,00.
O Montante ou Capital Acumulado (Capital Inicial + Juros), ao fim
do período, pode ser obtido com a seguinte fórmula C + C.i.n que é igual
a C (1 + i*n); ou seja: M = C (1 + i*n) onde:
M representa o capital acumulado;
1 representa o capital inicial ou o valor do principal investido;
i representa a taxa de juros em percentual; e
n representa a quantidade de períodos de tempo que, neste
exemplo, é meses.
Aplicando a fórmula no caso supra, temos:
M = 100,00(1 + (1% x 12); logo, 100,00(1 + (0,01 x 12); logo =
100,00(1 + 0,12); logo = 100,00 x 1,12 = 112,00.

Como se vê, os Juros Simples são capitalizados (reinvestidos)


em arcos de tempo de um ano, de maneira que os juros obtidos em
cada período mensal referem-se apenas ao capital original e não in-
cluem os juros maturados até o mês. Esta é a aplicação prática quando
se fala e se trabalha com juros simples.
É este o critério adotado pelo Poder Judiciário quando não há

1
. A soma do capital inicial com os juros leva o nome de Montante.
4
disposição clara em contrário. A Justiça admite a capitalização com-
posta de juros (juros compostos) desde que tenha havido, no contrato de
mútuo, referência à sua aplicação e que isto esteja suportado por Re-
solução do Banco Central do Brasil decorrente de decisão tomada pelo
Comitê de Política Monetária. Na ausência de cláusula contratual que
fixe e fundamente que os juros serão cobrados de forma composta,
aplicam-se juros simples e a capitalização só pode ocorrer de ano em
ano.
O fato de as atividades financeiras, no mundo todo, considerarem
como normal a capitalização dos juros em períodos inferiores a um ano,
esse procedimento não contava, até 31.03.2000, com o respaldo au-
tomático na nossa legislação. Ou seja, a nossa legislação admitia que os
juros fossem simples e, assim, só caberia a capitalização anual. Por
outro lado, o Sistema Financeiro Nacional, a exemplo do que se faz em
todo mundo, raciocinou sempre em termos de taxa de juros compostos.

2.3. Exercícios Resolvidos

1) Determinar o juro produzido em 12 meses por R$ 5.000,00,


emprestado a 2,5% ao mês.
Solução aritmética com base na Regra de três.
Se o CAPITAL de R$ 100,00 aplicado à taxa de 1% ao mês, pro-
duz, em um mês, R$ 1,00 de juros, então, o CAPITAL de R$ 5.000,00,
aplicado à taxa de 2,5% ao mês, por 12 meses, produzirá “x” de juros.
Neste caso, “x” = R$ 1.500,00.
Demonstração:
100,00 : 1% :: 1 mês : 1,00;
então
5.000,00 : 2,5% :: 12 meses = “x”
“x” = (5.000,00 x 2,5 x 12 x 1,00) / (100,00 x 1 x 1,00) = 150.000,00 /
100,00 = R$ 1.500,00.
Solução matemática com base na fórmula aritmética
5
acima.
j = C.i.n; ou seja: j = R$ 5.000,00 x 2,5% x 12 = R$ 1.500,00.

2) Determinar o juro produzido em 1 mês por R$ 5.000,00,


emprestados a 60% de juros ao ano.
Solução:
j = C.i.n; ou seja: j = R$ 5.000,00(60%/12) = R$ 250,00.

Exemplo de uma planilha singela usada em laudo financeiro para


demonstrar o valor dos juros calculados pelo método dos juros
simples e multa contratual.
Revisão e Recálculo do Documento juntado às fls. 10 de Exordial
Cálculo da dívida com base nos juros contratuais
NÃO CAPITALIZADOS
Valores em R$ (Reais)

Somas
Valor Juros dos
Taxa Taxa
Principal Quantida- Valor dos de Juros
Efetiva Nominal Amorti-
Data SEM de de Dias Juros Mora Normais
Juros no zacão
CAPITA- Decorridos Devidos de 1% + Mora
Mensais Período
LIZAÇÃO ao mês no
Período

1%

11.10.95 32.821,36

22.10.95 32.821,36 11 8,40% 3,08% 1.010,90 124,05 1.134,95 -

23.10.95 32.821,36 1 7,90% 0,26% 86,43 10,97 97,40 -

30.10.95 32.821,36 7 7,90% 1,84% 605,01 77,99 683,00 -

6
Somas
Valor Juros dos
Taxa Taxa
Principal Quantida- Valor dos de Juros
Efetiva Nominal Amorti-
Data SEM de de Dias Juros Mora Normais
Juros no zacão
CAPITA- Decorridos Devidos de 1% + Mora
Mensais Período
LIZAÇÃO ao mês no
Período

1%

31.10.95 32.821,36 1 7,90% 0,26% 86,43 10,97 97,40 -

29.11.95 32.821,36 29 7,90% 7,64% 2.506,46 341,50 2.847,96 -

4.295,22 565,49 4.860,71 -

Dívida total = Principal + Juros (R$ 32.821,36 + R$ 4.860,71) = ................... 37.682,07

Caso seja aplicada a multa de 10% conforme prevista no contrato, teremos ........... 3.768,21

Caso seja aplicada a multa de 2% como pleiteado pela empresa Embargante, teremos... 753,64

Exemplo de uma planilha singela usada em laudo financeiro para


demonstrar o valor da dívida original de R$ 23.000,00, com juros de 12%
ao ano.

Cálculo da dívida com base nos


JUROS CONSTITUCIONAIS de 12% ao ano
Valores em R$ (Reais)
Taxa de
Quan- Soma dos
juros Juros de
tidade Valor dos Juros
Valor constitu- mora de
Datas de dias juros de- Normais +
Principal cionais de 1% ao Amortização
decor- vidos Mora no
1% ao mês
ridos Período
mês

14/06/95 23.000,00 0 0,00% -

14/07/95 23.000,00 30 1,00% 230,00 232,30 462,30

14/08/95 23.000,00 30 1,00% 230,00 232,30 462,30


14/09/95 30 1,00%
7
23.000,00 230,00 232,30 462,30

14/10/95 23.000,00 30 1,00% 230,00 232,30 462,30

14/11/95 23.000,00 30 1,00% 230,00 232,30 462,30

29/11/95 23.000,00 15 0,50% 115,00 116,15 231,15

1.265,00 1.277,65 2.542,65

1) Dívida considerando o Principal + juros de lei (R$ 23.000,00 + R$ 1.265,00) 24.265,00


2) Dívida considerando o principal + juros de lei + juros moratórios = (R$
23.000,00 + R$ 2.542,65) 25.542,65
3) Caso seja aplicada a multa de 10% conforme contrato. Base de cálculo será:
R$ 24.265,00.
(R$ 24.265,00 + 10% deste valor = R$ 2.426,50 + juros moratórios de
R$ 1.277,65)
Nota: a multa contratual não incide sobre os juros de mora em juízo 27.969,15
4) Caso a sentença judicial mande calcular a multa de 2% em lugar de 10% como
acima, teremos
(R$ 24.265,00 + 2% deste valor = R$ 485,30 + juros moratórios de R$
1.277,65) 26.027,95

2.4. ORIENTAÇÃO TÉCNICA

Quando se calcula juros moratórios em laudos periciais, seja por


determinação em sentença ou por qualquer motivo que indique a ne-
cessidade de fazê-lo, estes juros serão sempre simples. A capitalização
anual, para ser feita, também depende de decisão judicial ou de reque-
rimento mediante a formulação de quesitos. No caso de inexistirem
determinações claras para que a capitalização anual seja feita, o peri-
to-contador não a calculará e apresentará a taxa de juros simples por
todo o período-mesmo que por vários anos. Outro ponto relevante a ser
considerado no cálculo de juros moratórios é a taxa. Este percentual
deve obedecer ao que consta no Código Civil, como segue: até
10.01.2003 a taxa foi de 0,5% ao mês e a partir de 11.01.2003 é de 1%
ao mês.

8
2.5. EXEMPLO DE LAUDO PERICIAL CONTÁBIL EM MATÉRIA
FINANCEIRA COM JUROS SIMPLES

Os cálculos, nesse caso, foram feitos com juros simples. Aborda


também a questão da comissão de permanência e apresenta a
atualização monetária pela Tabela Prática para Cálculo de Atuali-
zação Monetária dos Débitos Judiciais do Tribunal de Justiça do
Estado de São Paulo.
EXCELENTÍSSIMO SR. DR. JUIZ DE DIREITO
DA 28ª VARA CÍVEL DO FÓRUM CENTRAL - SP
(sempre deixar o mínimo de 10 espaços para o despacho ju-
dicial)

PROCESSO Nº 583.00.2004.000000-0

AÇÃO ORDINÁRIA

REQUERENTE BANCO FAMA DE INVESTIMENTOS S/A

REQUERIDO MARCIO ANTONIO DI ROMA E OUTROS

REMO DALLA ZANNA, Contador e Economista, nomeado às fls.


378, para a honrosa missão de Perito-Contador, vem, mui respeitosamente, à
presença de V. Exa. para APRESENTAR o resultado de seu trabalho, nos
termos do presente
LAUDO PERICIAL CONTÁBIL
para o qual requer juntada aos autos.
Termos em que
Pede Deferimento
São Paulo, 31 de outubro de 2007.

LAUDO PERICIAL CONTÁBIL

ÍNDICE
9
Capítulos Página

I - Breve histórico deste processo segundo o


03
escopo da perícia

II - Metodologia e Critérios de Trabalho 05

III - Quesitos do banco Autor 09

IV - Quesitos dos Réus 15

V - Resumo e Conclusão Técnica 26

VI – Encerramento 27

I - BREVE HISTÓRICO DESTE PROCESSO


SEGUNDO O ESCOPO DA PERÍCIA
1 - O banco Requerente apresentou Inicial em Ação Ordinária de
Cobrança, no dia 08/10/2004. Seu propósito era receber a quantia de R$
656.407,42 da empresa GENOINA Distribuidora de Veículos Ltda. e/ou de
seus avalistas Márcio Antonio Di Roma e Antonio Miguel Di Roma.
2 - A quantia cobrada, segundo o banco Embargado, foi gerada pelo con-
trato de reserva de crédito para capital de giro, firmado entre
as partes, em 20 de abril de 2004, com limite de até R$ 1.200.000,00.
3 - Em 26 de maio de 2004, foi liberada a quantia de R$ 800.209,55, com
vencimento em 25 de junho de 2004, à taxa de juros pré-fixada de 1,90% ao
mês. O valor do débito compensado com os créditos em favor da GENOINA
Distribuidora de Veículos Ltda. resultava, naquela data, no valor líquido co-
brado de R$ 656.407,42.
4 - A Contestação foi apresentada em 3 de março de 2005, alegando que:
- o banco Requerente não apresentou demonstrativo de débito, nem tam-
pouco quais créditos foram compensados;
- que Márcio e Antonio não estão vinculados ao Termo de Adesão, mesmo
esses tendo figurado como avalistas no contrato de reserva de capital de
giro;

10
- o banco Requerente cometeu irregularidades na apuração do saldo devedor
como cumulação da comissão de permanência com os juros de mora e a
multa contratual, cumulação de juros remuneratórios com moratórios, ca-
pitalização de juros - anatocismo;
- que já houve quitação dos valores objeto da demanda.
5 - O banco Requerente apresentou sua réplica às fls. 115/134, em 20 de junho
de 2005.
6 - O MM. Juízo (fls. 377/379) deferiu prova pericial contábil e nomeou o abaixo
assinado para a honrosa missão de apresentá-la. Facultou, às partes, a indi-
cação de assistentes técnicos e apresentação de quesitos.
7 - Ambos indicaram assistente técnico e apresentaram quesitos. O banco
manifestou-se às fls. 389/390 e os requeridos às fls. 417/420.
II - METODOLOGIA E CRITÉRIOS DE TRABALHO
O escopo da prova pericial contábil é comunicar às partes interessadas, em
linguagem simples, os fatos observados sob a ótica da Ciência Contábil (uma
das ciências humanas), dentro de uma filosofia que permita aproveitar os fatos
observados, mercê dos exames procedidos, para o esclarecimento dos pontos
dúbios e revelar a verdade que se quer conhecer.
01 - DEFINIÇÃO DE TERMOS
As peculiaridades e as circunstâncias dos fatos narrados nesta ação se refle-
tem no trabalho pericial que está sendo apresentado e, para melhor enten-
dê-lo, requerem a definição de termos usados nos autos e neste laudo. Enfa-
tiza-se que a definição de termos abaixo tem, apenas e tão somente, uti-
lidade contábil e matemática, não se confundindo e nem substituindo a
correspondente interpretação jurídica.
“Juro bancário - A taxa de juros cobrada pelos bancos nas
operações efetuadas junto aos clientes varia com o tipo
de operação realizada: cheque especial, empréstimo
pessoal, desconto de duplicata, capital de giro etc. Os
valores são, em geral fixados pelos movimentos do
mercado, isto é, giram em torno de taxas comuns a todos
os bancos, com pequenas variações conforme a política do
estabelecimento.” (definição encontrada no site da Febraban)
Encargos - são todas as taxas, juros, multas e atualização monetária:
incorporados ao contrato. Há ainda os encargos por inadimplência que
11
sempre são transcritos em cláusula separada dos contratos e diferem
dos encargos principais da operação.
“Comissão de Permanência - É uma taxa de natureza meramente
compensatória que o Conselho Monetário Nacional faculta
aos bancos cobrarem dos devedores inadimplentes, além dos
juros de mora. Essa taxa diária pode ser cobrada com base
na taxa pactuada no contrato original ou na taxa de mercado
do dia do pagamento, pelo período de atraso na liquidação
de obrigação pecuniária com vencimento expresso (Reso-
lução 1129/86). Essa taxa nada tem a ver com a multa
moratória prevista em contrato, cuja natureza não é
compensatória, mas punitiva (cláusula penal), em razão da
infração contratual representada pela não liquidação da
obrigação até o vencimento.” (site da FEBRABAN)
02 - O trabalho investigativo que permitiu produzir esta prova foi conduzido, no
que foi possível e aplicável, dentro dos limites técnicos determinados pelas
Normas Brasileiras de Contabilidade: NBC T 13 - DA PERÍCIA CONTÁBIL e
NBC P 2 - NORMAS PROFISSIONAIS DE PERITO CONTÁBIL, aprovadas,
respectivamente, pelas Resoluções nº 858/99 e nº 857/99 do CONSELHO
FEDERAL DE CONTABILIDADE, ambas datadas de 21.10.1999. Os proce-
dimentos adotados tiveram como objetivo fundamental a elaboração deste
Laudo Pericial Contábil, abrangendo, pois, segundo a natureza e a comple-
xidade da matéria aqui tratada, o exame e a vistoria de documentos juntados, a
pesquisa, a mensuração e a certificação, como previsto na NBC –T 13 supra-
citada.
03 -Analisou-se o sistema de argumentação e contra-argumentação usado
nesta lide, a sua lógica e a sua coerência com a prática e com os usos e
costumes aplicados a investigações periciais de cunho contábil, financeiro,
econômico e comercial, em casos congêneres.
04 -Foram consideradas as determinações judiciais pertinentes à perícia con-
tábil bem como os documentos constantes nos autos. Esse material e as pes-
quisas feitas sobre o fulcro do tema ventilado neste processo, foram conside-
rados suficientes para elaborar esta prova pericial. Assim sendo, foi possível
formar a convicção técnica que permitiu responder às questões formuladas por
ambas as partes.

12
Notas:
1) Não houve necessidade de diligências externas, junto às
pessoas litigantes.
2) Foram feitas pesquisas em sites financeiros com destaque para
o Banco Central do Brasil e para o site do Tribunal de Justiça de
São Paulo.
3) As partes foram notificadas, por carta, do início dos trabalhos
conforme preceitua o art. 431-A do CPC (vide, por gentileza,
DOCUMENTOS nos 01 e 02).

05 - CRITÉRIOS DE CÁLCULO
Os critérios de cálculo adotados foram:
1) planilha conforme o contrato e seus pagamentos, aplicando a taxa de juro
contratada entre as partes, ou seja:
1.1. evolução do saldo do contrato rotativo.
1.2. juros remuneratórios de 1,9% ao mês.
1.3. não houve cobrança de juros de mora nesta fase.
1.4. vide ANEXO I.
2) planilha de atualização da dívida até a data da inicial (08.10.2004), ou seja:
evolução do saldo em aberto apurado no ANEXO I aplicando-se:
2.1. Comissão de Permanência de 1,5% não cumulada com juros remune-
ratórios. Veja que a Comissão de Permanência é em percentual
menor que a taxa de juros remuneratórios.
2.2. Juros de mora de 1% ao mês conforme Novo Código Civil.
2.3. Multa de 2%.
2.4. Não ocorreu a cobrança de juros remuneratórios com
Comissão de Permanência.
2.5. Vide ANEXO II.
3) Planilha demonstrando o valor devido na data da entrega deste laudo, ou
seja, 31.10.2007. Os cálculos foram feitos com base nos seguintes critérios:

13
3.1. Atualização do saldo devedor apurado na data da Inicial até a entrega
do laudo pericial, com base nos fatores da TPTJ e...
3.2. Juros de mora de 1% ao mês conforme Novo Código Civil também fo-
ram calculados a partir da data da Inicial.

Nota:
Foram calculados, os juros de mora, sobre o valor da dívida
apurado na data da Inicial e não sobre o valor atualizado. Isto
foi feito para que não se configure a cobrança de juros de mora
cumulada com atualização monetária do valor devido.

06 - Também fazem parte desta prova pericial 2 (dois) DOCUMENTOS e 3


(três) ANEXOS com as seguintes características:
Números dos
Assunto(s) tratado(s) em cada um
DOCUMENTOS

01 Cópia da carta expedida ao ilustre patrono do Banco


Requerente.

02 Cópia da carta expedida ao ilustre patrono dos


Requeridos.

Números dos
Assunto(s) tratado(s) em cada um
ANEXOS

I Demonstrativo da evolução do contrato e aplicação dos


valores já pagos, conforme pactuado entre as partes.

II Demonstrativo da evolução da dívida em seu vencimento


até a data da ação, conforme contratado entre as
partes.

III Demonstrativo da evolução da dívida da data da ação


até a entrega do laudo, conforme índices do TJSP e
juros de mora de 1% ao mês.

07 - Os textos dos quesitos formulados pelas Partes estão literalmente trans-


critos neste Laudo com os eventuais defeitos de linguagem que apresentam
nas respectivas petições. Portanto, este Perito Judicial se responsabiliza pelas
respostas técnicas a eles (quesitos) fornecidos, até o limite de seu entendi-
14
mento lógico, decorrente de análise sintática aplicada, quando necessário, ao
texto apresentado. Isto posto, seguem-se as respostas oferecidas aos quesitos
formulados e pertinentes à perícia de natureza contábil.

III - QUESITOS DO BANCO REQUERENTE


(Fls. 390)
Quesito nº 1: O Autor e a co-Ré GENOINA Distribuidora de
Veículos Ltda. celebraram contrato de reserva de crédito para
capital de giro no limite de R$ 1.200.000,00 em 20/04/2004?
Resposta
Positiva é a resposta, uma vez que o contrato com as características apre-
sentadas no corpo do questionado se encontra no item IV do documento nº
91426-7 às fls. 15/16 dos autos.

Quesito nº 2: Com apoio nesse contrato, a GENOINA obteve a


liberação do valor abaixo descrito? A taxa de juros é a constante na
coluna da direita do quadro abaixo?

Valor do Taxa de juros remuneratórios


Data Vencimento
saque pós-fixada

R$ 800.209,55 26/05/2004 25/06/2004 1,90% ao mês

Resposta
Positiva é a resposta para ambas as perguntas, pois:
a) foi firmado entre as partes o Termo de Adesão conforme fls. 17 e ...
b) a taxa de juros 1,90% ao mês, consta como taxa pré-fixada no referido
Termo de Adesão.

Quesito nº 3: Queiram verificar a cláusula 3ª, parágrafo único, do


contrato de abertura de crédito. Lá se estipula, para o atraso no
pagamento, juros de mora de 1% ao mês e multa de mora de 2%?

15
Resposta
Cabe ressaltar que os números das cláusulas e seus respectivos parágrafos se
encontram ilegíveis. Mas está estipulado, no contrato de abertura de crédito, o
seguinte:
“Ocorrendo atraso no pagamento de qualquer obrigação oriunda
deste contrato, pagará a EMPRESA, juros de mora de 1% (um por
cento) ao mês, comissão de permanência à taxa de mercado, e após
5 (cinco) dias corridos de atraso, multa irredutível de 2%
(dois por cento) sobre o saldo devedor.” (grifo nosso)

Quesito nº 4: Queiram informar que valores resultam, para cada


um dos saques acima da atualização dessa importância pelas ta-
xas contratuais, com a capitalização anual permitida pelo art. 591
do Código Civil:
a) da data do saque, até o vencimento, com os juros remuneratórios constante
do quadro do quesito nº 2;
b) do vencimento até o ajuizamento da ação, com os juros remuneratórios
(coluna da direita do quadro do quesito nº 2) e os moratórios de 1% ao mês;
c) com a multa contratual de 2% sobre o montante do principal e juros, apu-
rados conforme alíneas (a) e (b) acima.
Resposta
O texto do quesito acima tem por base o art. 591 do Novo Código Civil que
abaixo está reproduzido:
Art. 591. Destinando-se o mútuo a fins econômicos,
presumem-se devidos juros, os quais, sob pena de redução,
não poderão exceder a taxa a que se refere o art. 406,
permitida a capitalização anual.
Como se vê este artigo remete o leitor ao art. 406 do Novo Código Civil que
abaixo está reproduzido:
Art. 406. Quando os juros moratórios não forem con-
vencionados, ou o forem sem taxa estipulada, ou quando
provierem de determinação da lei, serão fixados segundo
a taxa que estiver em vigor para a mora do pagamento de
impostos devidos à Fazenda Nacional.

16
Por fim, a resposta está prejudicada porque o abaixo assinado, contador e
economista, entendeu que os dois artigos acima transcritos não guardam
relação de causa e efeito com o texto do quesito.

Quesito nº 4 (número repetido na petição): Diante da resposta


ao quesito anterior, queiram esclarecer:
a) se há ou não cobrança de comissão de permanência;
b) se o valor cobrado implica em cumulação de comissão de
permanência com juros moratórios e multa contratual ou, por outra,
se implica em capitalização de juros.
Resposta
Prejudicada é a resposta, uma vez que o quesito anterior também se en-
contra prejudicado.
Todavia, informa-se que há cobrança de comissão de permanência no per-
centual de 1,5% ao mês e que esta taxa é inferior à taxa de juros remunerató-
rios de 1,9% ao mês. Por fim, houve cobrança de comissão de permanência,
juros moratórios e multa, tudo conforme contratado.

Quesito nº 5: Protesta-se pela apresentação de quesitos suple-


mentares e elucidativos.
Resposta
Ciente.

IV - QUESITOS DOS RÉUS


(FLS. 418/420)
Quesito nº 1: Informe o Sr. Perito a modalidade da operação fir-
mada entre as partes, descrevendo as condições nas quais a
operação foi contratada, especialmente quanto à taxa de juros
contratada, valor do limite de crédito e a data de vencimento.
Resposta
A operação discutida inicialmente se resume ao Contrato de Reserva de Cré-
dito para Capital de Giro - CRC nº 91426-7, com as seguintes características:

17
Limite da Reserva de Crédito: R$ 1.200.000,00
Data inicial: 20/04/2004
Vencimento: 17/10/2004
Prazo: 180 dias
Reajuste do limite: IGPM - FGV
Juros: Estipulados no Termo de Adesão

Encargos Moratórios:
Juros de Mora: 1% ao mês
Comissão de Permanência: Percentual de mercado
Multa: 2% sobre o saldo devedor após 5 dias de atraso

Termo de Adesão:
Valor da operação: R$ 800.209,55
Data da liberação de recursos: 26/05/2004
Vencimento: 25/06/2004
Prazo: 30 dias
Encargos normais:
Taxa pré-fixada de
juros remuneratórios: 1,90% ao mês (30 dias)
Modalidade: Crédito Rotativo

Quesito nº 2: Informe o Sr. Perito se os recursos oriundos do


contrato de reserva de crédito para capital de giro (CRC) tinham
por objetivo a aquisição de veículos junto à montadora FIAT.
Resposta
Prejudicada é a resposta, uma vez que o contrato de reserva de crédito e o
termo de adesão não trazem em seu corpo a destinação do crédito concedido.

Quesito nº 3: Informe o Sr. Perito o valor total efetivamente utili-


zado pelo Requeridos. Favor justificar demonstrando as datas em
que ocorreram e os valores dos saques.
18
Resposta
Conforme informado às fls. 137, o valor efetivamente utilizado pelos Reque-
ridos foi de R$ 800.209,55 em 26 de maio de 2005.

Quesito nº 4: Informe o Sr. Perito qual o número da conta corrente


em que os recursos utilizados foram creditados. Informe, ainda, se
constam dos autos as cópias dos extratos da conta corrente. Em
caso negativo, queira o Sr. Perito solicitar junto ao Banco as cópias
dos extratos, que são imprescindíveis para comprovação dos va-
lores que transitaram nas contas dos Requeridos.
Resposta
Prejudicada é a resposta, uma vez que tanto o contrato de reserva de crédito
para capital de giro como o termo de adesão não informam o número da conta
corrente conforme hipótese aventada na formulação deste quesito.
Cabe ressaltar que o objeto pericial não trata de conta corrente e sim de con-
trato de capital de giro, portanto, não há necessidade de solicitação de extratos
para fazer o laudo pericial.

Quesito nº 5: Analisando os extratos de todo o período contratual,


queira o Sr. Perito informar se há outras operações de crédito
firmadas entre as partes, assim como depósitos em favor da
concessionária-ré a título de comissões, verbas do fundo de ca-
pitalização da rede FIAT (“FUNDÃO”), hold back, bônus de
comercialização, bônus de emplacamento, “floor plan” e outros
valores que a montadora FIAT deveria repassar à Genoina Dis-
tribuidora de Veículos Ltda. por ocasião da compra de veículos
financiados.
Resposta
Prejudicada é a resposta. Vide, por gentileza, resposta ao quesito prece-
dente desta série dos Réus.

Quesito nº 6: Informe o Sr. Perito se os recursos provenientes do


contrato de reserva de crédito para capital de giro foram utilizados
19
para liquidar as operações anteriores ou se houve alguma com-
pensação com as verbas indicadas no quesito anterior.
Resposta
O contrato de reserva de crédito e seu termo de adesão não contemplam
liquidar operações anteriores e sim disponibilizar recursos para nova operação,
como crédito rotativo.

Quesito nº 7: Informe o Sr. Perito se o Banco Requerente forneceu


aos Requeridos as taxas de juros que incidiram sobre os valores
utilizados, conforme estabelecido no parágrafo 2º da cláusula 2ª do
contrato, bem como se remeteu aos Requeridos os extratos
mensais da conta movimento. Em caso afirmativo, favor demons-
trar quais foram as taxas informadas pelo Banco.
Resposta
A taxa de juros está grafada Termo de Adesão na modalidade de “taxa de
juros Pré-Fixada de 1,90% ao mês (30 dias)”.
Quanto à perícia dizer se o banco Autor remeteu aos Requeridos extratos
mensais da conta de movimento, a resposta está prejudicada, pois, em
sendo o caso presente uma prova pericial contábil não faz parte do objeto de
perícia investigar assuntos relacionados com a expedição ou envio de extratos
ou de outras correspondências comerciais entre as partes. Afora este fato, a
perícia contábil em matéria financeira opera sobre documentos que
foram juntados aos autos da lide, até a data em que foi determinada a con-
fecção do laudo.

Quesito nº 8: Informe o Sr. Perito quais os valores pagos pelos


Requeridos desde a data da utilização do crédito. Informe, ainda,
se o Banco utilizou os referidos valores para abater do débito re-
clamado.
Resposta

Os valores pagos pelos Requeridos foram:


DATAS VALORES HISTÓRICOS
28/05/2004 6.750,00

20
DATAS VALORES HISTÓRICOS
31/05/2004 26.900,00

01/06/2004 2.842,72

02/06/2004 12.000,00

09/06/2004 9.500,00

11/06/2004 40.609,40

14/06/2004 6.800,00

15/06/2004 6.800,00

17/06/2004 4.407,00

22/06/2004 8.500,00

23/06/2004 9.969,80

24/06/2004 9.900,00

Quanto à utilização dos valores acima para amortizar a dívida, positiva é a


resposta uma vez que o banco Requerente utilizou-os nas datas em foram
efetivados os pagamentos para abater do saldo devedor do crédito rotativo.

Quesito nº 9: Informe o Sr. Perito se as taxas de juros mencio-


nadas na cláusula 3ª do contrato correspondem às mesmas taxas
utilizadas pelo Banco no demonstrativo de cálculo da dívida que
instruiu a inicial.
Resposta
Para responder com exatidão a este quesito, a perícia refez os cálculos con-
forme características contratadas, e constatou que o Banco Requerente utili-
zou taxas inferiores à contratada, pois o cálculo da perícia apresenta o valor de
R$ 669.152,65 (seiscentos e sessenta e nove mil, cento e cinquenta e dois
reais e sessenta e cinco centavos) em 25/06/2004, com uma diferença de R$
125,59.

Quesito nº 10: Informe o Sr. Perito se os juros foram calculados


pela sistemática de juros compostos.
21
Resposta
Negativa é a resposta, uma vez que os juros cobrados foram calculados de
forma simples. Vide, por gentileza, o ANEXO I.

Quesito nº 11: Concluindo, pede-se que o Sr. Perito apure o


eventual saldo devedor, computando-se todos os pagamentos que
tenham sido efetuados pelos Requeridos e eventuais compensa-
ções com as verbas descritas no quesito nº 05.
Resposta
Pelas razões apresentadas nas respostas aos quesitos de n os 4 e 5 desta série
dos Réus, fica prejudicada a resposta a este também.

V - RESUMO E CONCLUSÃO TÉCNICA


Sob a ótica econômico/financeira o parecer deste auxiliar, considerando tudo
que dos autos consta, sem adentrar no mérito de tudo que se debate nesta
Ação, é que:
a) o valor apresentado pelo banco Requerente (R$ 669.027,06) é
menor que o encontrado pela perícia em R$ 125,59. A revisão dos
cálculos elaborada pelo abaixo assinado revelou o valor de R$
669.152,65;
b) o valor atualizado da dívida, até 31/10/2007, considerando os crité-
rios de cálculo apresentados no Capítulo II, é de R$ 1.490.016,84
(um milhão quatrocentos e novena e dezesseis reais e oitenta e
quatro centavos). - Vide final do ANEXO III.
c) NOTA: no valor supracitado não estão incluídos:
(i) honorários advocatícios; e
(ii) custas.

VI - ENCERRAMENTO
São inassumíveis responsabilidades sobre documentos controversos, que
fazem parte dos Autos deste Processo, se ainda não apreciados pelo MM.
Juízo. Inassumíveis também responsabilidades sobre documentos idôneos e
válidos que podem estar em poder de pessoas físicas e jurídicas, seja do

22
banco Requerente ou dos Requeridos, ou ainda, de outros cidadãos interes-
sados no deslinde deste caso, que a nós não foram consignados até a data da
conclusão deste Laudo.
Por fim, são também inassumíveis responsabilidades sobre matérias jurídicas
a que tenha, eventualmente e sem intenção determinada, se referido, inclusive
quando este referimento tivesse ocorrido por indução contida - intencional-
mente ou não - na formulação dos quesitos apresentada à perícia. Estão ex-
cluídas, obviamente, as responsabilidades implícitas para o exercício de sua
profissão, estabelecida em Leis, Códigos e Regulamentos própria.
Nada mais havendo a oferecer, dá-se por concluído o presente LAUDO PE-
RICIAL CONTÁBIL, composto de 27 (vinte e sete) folhas digitadas por pro-
cessamento eletrônico de dados, de um só lado, todas rubricadas, com ex-
ceção desta que segue assinada para os devidos fins, mais 2 (dois) DOCU-
MENTOS de números 01 e 02 e mais 3 (três) ANEXOS, identificados pelos
números romanos de I a III todos rubricados por este auxiliar e que integram
esta prova pericial.
São Paulo, 31 de outubro de 2007.

Seguem planilhas com os cálculos que embasaram o laudo acima.

DEMONSTRATIVO DO DÉBITO EM 25/06/2004.


CÁLCULO ELABORADO CONFORME CONTRATO.
ANEXO I
28ª Vara Cível - Ordinária
Processo nº 583.00.2004.000000-0
Requerente: Banco FAMA de Investimentos S/A
Requeridos: Marcio Antonio Di Roma e outro(s)

23
JURO
CONTRATUAL
DE 1,90% AO
SALDO DATA TOTAL
VENC. HISTÓRICO VALOR MÊS
ANTERIOR BASE DEVIDO

% VALOR

Liberação de
26/05/04 recursos 800.209,55 0,00 800.209,55

27/05/04 800.209,55 26/5/2004 0,09 724,00 800.933,55

28/05/04 amortização 800.933,55 (6.750,00) 26/5/2004 0,09 724,65 794.908,20

31/05/04 amortização 794.908,20 (26.900,00) 26/5/2004 0,09 719,20 768.727,41

01/06/04 amortização 768.727,41 (2.842,72) 26/5/2004 0,09 695,52 766.580,20

02/06/04 amortização 766.580,20 (12.000,00) 26/5/2004 0,09 693,57 755.273,77

03/06/04 755.273,77 26/5/2004 0,09 683,34 755.957,12

04/06/04 755.957,12 26/5/2004 0,09 683,96 756.641,08

07/06/04 756.641,08 26/5/2004 0,09 684,58 757.325,66

08/06/04 757.325,66 26/5/2004 0,09 685,20 758.010,86

09/06/04 amortização 758.010,86 (9.500,00) 26/5/2004 0,09 685,82 749.196,68

11/06/04 amortização 749.196,68 (40.609,40) 26/5/2004 0,09 677,84 709.265,12

14/06/04 amortização 709.265,12 (6.800,00) 26/5/2004 0,09 641,72 703.106,84

15/06/04 amortização 703.106,84 (6.800,00) 26/5/2004 0,09 636,14 696.942,98

16/06/04 696.942,98 26/5/2004 0,09 630,57 697.573,55

17/06/04 amortização 697.573,55 (4.407,00) 26/5/2004 0,09 631,14 693.797,69

18/06/04 693.797,69 26/5/2004 0,09 627,72 694.425,41

24
JURO
CONTRATUAL
DE 1,90% AO
SALDO DATA TOTAL
VENC. HISTÓRICO VALOR MÊS
ANTERIOR BASE DEVIDO

% VALOR

21/06/04 694.425,41 26/5/2004 0,09 628,29 695.053,70

22/06/04 amortização 695.053,70 (8.500,00) 26/5/2004 0,09 628,86 687.182,56

23/06/04 amortização 687.182,56 (9.969,80) 26/5/2004 0,09 621,74 677.834,49

24/06/04 amortização 677.834,49 (9.900,00) 26/5/2004 0,09 613,28 668.547,77

25/06/04 668.547,77 26/5/2004 0,09 604,88 669.152,65

Como 1,90% ao mês podem se converter em 0,09% ao dia?


O total de dias úteis no período é de 21 dias. Logo: 0,090447619 % x 21 = 1,90%.
Arredondando para duas casas após a vírgula, temos: 0,09%.

DEMONSTRATIVO DO DÉBITO ATÉ A DATA INICIAL


08/10/2004, CONFORME CONTRATADO
ANEXO II
28ª Vara Cível - Ordinária
Processo nº 583.00.2004.000000-0
Requerente: Banco FAMA de Investimentos S/A
Requeridos: Marcio Antonio Di Roma e outro(s)

COMISSÃO DE
DATA DA
PERMANÊNCIA DE JUROS DE MORA DE 12%a.a.
HISTÓ- VALOR INICIAL TOTAL
VENC. 1,5% AO MÊS
RICO TOTAL % DEVIDO
VALOR
% Valor DIAS % VALOR

25
Saldo em
25/06/04 aberto 669.152,65 8/10/2004 5,25 35.130,51 105 3,45% 23.099,52 727.382,68

Subtotal ....................... 727.382,68

Multa de 2% ............... 14.547,65

Total ........................................................... 741.930,33

DEMONSTRATIVO DO DÉBITO NA DATA DO LAUDO: 31/07/2007


JÁ ATUALIZADO PELA TABELA PRÁTICA DO TJS.
ANEXO III
28ª Vara Cível - Ordinária
Processo nº 583.00.2004.000000-0
Requerente: Banco FAMA de Investimentos S/A
Requeridos: Marcio Antonio Di Roma e outro(s)
JUROS DE MORA DE 12%a.m. TOTAL
DATA ATUALIZAÇÂO da dívida apurada no
VENC. calculados sobre o valor de DEVIDO =
BASE ANEXO II pelos fatores da TJSP
na data da HISTÓ VALOR R$741.930,33. Soma do
para
proposi-tu RICO TOTAL ÍNDICE VALOR ATUAL
entrega do ÍNDICE VALOR
ra da ação MULTI-PLI DIAS % VALOR com juros de
laudo DIVISOR ATUAL
CA-DOR mora

Valor

na data

da

inici- 22,402504 36,709434

08/10/04 al 741,930,33 22/10/07 Jan.2001 Set.2007 1.215.749,93 1.109 36,97% 274,266,91 1.490,016,84

Total............................................................. 1.490,016,84

26
PERÍCIA CONTÁBIL EM MATÉRIA FINANCEIRA – Prof. Remo Dalla Zanna (MS)

PF 03 – edição pessoal para fins de estudo e venda em PDF

Revisado em maio/2019.

3º - MÓDULO

JUROS COMPOSTOS E CAPITALIZAÇÃO COMPOSTA

3.1. Sobre a legalidade da taxa de juros


3.2. O processo de cálculo que transforma juros em capital
3.3. Juros Compostos & Anatocismo
3.4. Visão Contábil da Renda denominada Juro
3.5. Anotações Legais sobre capitalização de juros
3.6. Exercícios Resolvidos
3.7. Orientação Técnica

3.1. Sobre a legalidade da taxa de juros.

A regulamentação dos juros em lei se deu, pela primeira vez, com a edição do
Decreto nº. 22.626, de 07/04/1933. Era o período da ditadura do presidente Getúlio
Vargas que legislava com base em decretos. No artigo 4º deste Decreto, se lê: “É
proibido contar juros sobre juros.” Em termos matemáticos, isso representou a
proibição de usar a fórmula de cálculo de juros compostos, ou seja, estava proibida
a prática de juros capitalizados, ou, como está escrito no Decreto, cobrar juros
sobre juros. Esse decreto conduzia o incipiente sistema bancário da época, a
calcular juros simples. Já se passaram mais de 70 anos e as economias mundial e
brasileira mudaram. A Medida Provisória nº 1963-17, de 30 de março de 2000,
sucessivamente reeditada, permitiu às empresas integrantes do Sistema Financeiro
Nacional, a capitalização dos juros em períodos inferiores a um ano. Corrobora
com este entendimento a orientação do Superior Tribunal de Justiça, no Recurso
Especial nº 629.487, tendo por relator o Ministro Fernando Gonçalves, a partir da
qual fica assegurada a admissão da capitalização dos juros nos contratos firmados
após a Medida Provisória nº 1.963-17, de 30 de março de 2000.

CIVIL. MÚTUO. INSTITUIÇÃO BANCÁRIA. SISTEMA


FINANCEIRO NACIONAL. JUROS REMUNERATÓRIOS.
LIMITAÇÃO. 12% AO ANO. IMPOSSIBILIDADE.
CAPITALIZAÇÃO. PERIODICIDADE MENSAL. MEDIDA
PROVISÓRIA Nº 2.170-36/2001. INCIDÊNCIA.

1 - O STJ, quanto aos juros remuneratórios, tem entendimento assente


no sentido de que, com a edição da Lei 4.595/64, não se aplicam as
limitações fixadas pelo Decreto 22.626/33, de 12% ao ano, aos
1
PERÍCIA CONTÁBIL EM MATÉRIA FINANCEIRA – Prof. Remo Dalla Zanna (MS)

contratos celebrados com instituições integrantes do Sistema


Financeiro Nacional, ut súmula 596/STF, salvo nas hipóteses
previstas em legislação específica.

2 - Aos contratos de mútuo bancário, celebrados a partir de


31/03/200, data da primitiva publicação do art. 5º da MP nº
1.963/2000, atualmente reeditada sob o nº 2.170/2001, incide a
capitalização mensal, desde que pactuada. A perenização da sua
vigência deve-se ao art. 2º da Emenda Constitucional nº 32, de 12 de
setembro de 2001.

3 - Recurso especial não conhecido.”

O juro, hodiernamente, deixou de ser questão moral, filosófica e religiosa. Passou a


ser um assunto meramente técnico. A capitalização do juro, em qualquer período,
inclusive diário, é hoje uma questão contratual e concorrencial. Ou seja, de um
lado existe o contrato entre as partes que demonstra o que combinaram entre si e,
de outro, existe a concorrência, ou seja, a possibilidade de o consumidor (o
mutuário) ir em busca do dinheiro mais barato tal como faz quando consome, por
exemplo, uma televisão, um telefone celular e qualquer outro bem ou serviço.

A taxa de juros, no que tange ao seu aspecto social, é uma questão reservada ao
Estado. No nosso caso, quem cuida de equilibrar a taxa de juros da economia com
o crescimento do Produto Interno Bruto, com a redução da pobreza, com o controle
da inflação e do câmbio, é o Banco Central do Brasil. Suas ações levam em conta o
bem-estar de todo o povo, com destaque para o aumento da produtividade
(educação e pesquisa), redução das doenças (saneamento básico e medicina
preventiva) e repartição, circulação e distribuição equânime da riqueza gerada
(transportes rodoviários, ferroviários, marítimos, lacustres, fluviais e aéreos). Os
principais instrumentos para a execução destes desejos e conseqüente
implementação do crescimento econômico são: o Banco Central do Brasil e seus
órgãos de apoio, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social, o
Banco do Brasil S.A. e a Caixa Econômica Federal. Logo, a taxa de juros da
economia é ferramenta do Estado e como tal, insere em si, tanto os conceitos
filosóficos, morais e religiosos com o quais a humanidade apresenta milenares
preocupações até hoje não resolvidas, como os conceitos técnico-científicos
(matemáticos) adequados à preservação do escopo do governo, ou seja, redução da
pobreza, controle da inflação, aumento ou redução do crédito, aplicação dos ideais
democráticos de liberdade, igualdade de oportunidades e de crescimento
econômico e social do povo.

3.2. O processo de cálculo que transforma juros em capital.

2
PERÍCIA CONTÁBIL EM MATÉRIA FINANCEIRA – Prof. Remo Dalla Zanna (MS)

O processo de deixar o capital aplicado por mais de um período, implicando na


acumulação dos juros vencidos, ao final de cada período, ao principal, ou seja,
reinvestir os juros ganhos, é denominado de composição. Deriva deste fato o
nome de Juros Compostos ou Capitalizados ou Compostos que os advogados,
mas nem todos, chamam de anatocismo. Tomando por base o exemplo usado no
capítulo precedente (02 - Juros Simples e Capitalização Simples), a composição
dos juros aconteceria conforme abaixo demonstrado.

Observe que a fórmula para encontrar os juros simples, ou seja: j = C.i.n, quando
aplicada para conhecer os juros compostos, toma o seguinte formato:
n
j = C (1+i) - 1

Onde C = Capital aplicado; 1 = Capital aplicado novamente (observe que o 1 entra


na fórmula dentro do parêntesis e sai dela quando fora do parêntesis); i = taxa de
juros em percentual; e n = tempo em quantidade de períodos (dias, meses,
trimestres, semestres, anos, etc.).

Usando os mesmos dados com o quais foi feito o raciocínio para Juros Simples,
vamos ver como surgem os Juros Compostos.

Valores em Reais
Principal ou Capital Juros
Meses
Aplicado maturados
1 100,00 1,000000
2 101,00 1,010000
3 102,01 1,020100
4 103,03 1,030301
5 104,06 1,040603
6 105,10 1,051006
7 106,15 1,061510
8 107,21 1,072115
9 108,28 1,082821
10 109,36 1,093628
11 110,45 1,104536
12 111,55 1,115545
Total 112,68 12,682165

Soma dos juros no período = R$ 12,68; portanto, j = R$ 12,68.


Soma dos juros com o capital inicial, ao fim do período de um ano = R$ 112,68;
portanto, o M (1) (montante) = R$ 112,68.
O fator de capitalização que enquadra todos os problemas de juros compostos é

n
obtido com a seguinte formula (1 + i); onde:
3
PERÍCIA CONTÁBIL EM MATÉRIA FINANCEIRA – Prof. Remo Dalla Zanna (MS)

(1)
A soma do capital inicial com os juros leva o nome de Montante.
1 representa o capital ou principal aplicado;
i representa a taxa de juros em percentual; e
n representa a quantidade de períodos considerados.

Conhecidos o Capital Inicial, também chamado de Valor Presente, a taxa de juros e


a quantidade de períodos de acumulação dos juros; aplicando o fator de
capitalização acima, se conhecerá, ao fim do período de acumulação, o montante.

Aplicando a fórmula no caso supra, conhece-se o fator de acumulação fazendo:


12 12 12
(100,00 + 1%) = (100,00 + 1,00) = 101,00 = 112,68

Como se vê, no caso de Juros Compostos, ocorre o reinvestimento dos juros


ganhos como se fossem um novo capital que, a partir do momento em que são
aplicados, novos juros lhe são devidos. Os juros são, pois, reinvestidos a cada novo
período de acumulação. Este período de acumulação “n” corresponde, na grande
maioria dos casos, há um mês. Por isso, os juros são chamados de “mensais”.

COMPARAÇÃO de JUROS SIMPLES com JUROS COMPOSTOS

DADOS do problema:
1) Valor do Capital emprestado ou PV 1.000,00
2) Taxa de juros ao mês 5%
3) Prazo do empréstimo 12 meses
4) Forma de pagamento: Em uma só vez, no vencimento.
CALCULAR:
(i) o fator de acumulação;
(ii) taxa de juros ao ano;
(iii) o Montante ou FV e a
(iv) diferença de juros entre um método e outro.

CÁLCULOS Juros Juros


Simples Compostos
PV 1.000,00 1.000,00
i 5% 5%
n 12 12

Fator de acumulação simples ((5/100)*12)+1 1,600000


Fator de acumulação composto ((5/100)+1)^12 1,795856

Taxa de juros simples ao ano (1,600000-1)*100 60%


Taxa de juros compostos ao ano (1,795856-1)*100 79,59%

Montante ou FV em juros simples 1.000,00*1,60 1.600,00


Montante ou FV em juros compostos 1.000,00*1,795856 1.795,86

Diferença de juros entre um e outro sistema >>>>>>>>>>>>>> 195,86

4
PERÍCIA CONTÁBIL EM MATÉRIA FINANCEIRA – Prof. Remo Dalla Zanna (MS)

3.3. Juros Compostos & Anatocismo

Voltando ao nosso exemplo e tabela acima, observa-se que os juros obtidos em


cada período têm duas bases. A primeira corresponde aos juros do capital inicial,
ou seja: R$ 1,00 de juros; e o segundo corresponde aos juros sobre os juros
anteriormente calculados, convertidos em novo capital (capitalizar ou transmutar
em capital), pois não foram pagos na data do vencimento. Falando de outra
maneira, dizemos que os juros que não foram pagos no dia de seu vencimento
converteram-se em novo empréstimo e, assim, em novo capital sobre o qual novo
juro passou a incidir como direito legítimo de quem empresta dinheiro a outrem,
ainda que, neste caso, o empréstimo tenha sido concedido compulsoriamente pelo
fato do devedor não ter honrado o compromisso de pagar os juros no dia de seu
vencimento. Visto este assunto pelo ângulo meramente contábil, poder-se-ia dizer
que, no primeiro mês, o capital era de R$ 100,00; no segundo mês, o capital já era
de R$ 101,00; e no terceiro mês, já era de R$ 102,10 e assim sucessivamente até o
12º mês como neste caso.

Outro exemplo que demonstra como surge o valor composto é o seguinte: É


depositada a quantia de R$ 1.000,00, em Caderneta de Poupança que paga juros
nominais de 6% ao ano. O crédito dos juros é feito uma vez por ano. Pergunta-se:
qual será o saldo final desta aplicação após um ano?

Para melhor entendimento, vamos usar os botões das máquinas eletrônicas de


calcular e definir os seguintes termos:

Siglas Significado
PV Valor Presente ou Principal
I (minúsculo) Taxa de juros ou percentual de juros
I Valor dos juros ao final do período
FV Valor Futuro ou Principal + Juros ou Montante

O cálculo de FV pode ser feito como segue:

FV = PV + I onde FV = PV + PV * i; portanto: FV = PV * (1+i).

Esta equação final mostra que o valor do Montante obtém-se, multiplicando o


Principal pelo fator (1+i).

Neste exemplo, temos: PV = R$ 1.000,00 que multiplicado por (1+0,06) = R$


1.000,00 * 1,06 = R$ 1.060,00.

5
PERÍCIA CONTÁBIL EM MATÉRIA FINANCEIRA – Prof. Remo Dalla Zanna (MS)

Usando os mesmos dados do exemplo acima, suponhamos que a quantia


depositada de R$ 1.000,00, em Caderneta de Poupança que paga juros nominais de
6% ao ano, mas credita juros de 0,5% ao mês. Pergunta-se: qual será o saldo final
desta aplicação após um ano?

Nesta situação, o cálculo de FV pode ser feito como segue:

Cálculo dos juros compostos


Valor Futuro =
Fator de Capital inicial +
Meses Capital Inicial capitalização juros
= (1+i) convertidos em
novo capital
Janeiro 1.000,00 1,005 1.005,00
Fevereiro 1.005,00 1,005 1.010,03
Março 1.010,03 1,005 1.015,08
Abril 1.015,08 1,005 1.020,15
Maio 1.020,15 1,005 1.025,25
Junho 1.025,25 1,005 1.030,38
Julho 1.030,38 1,005 1.035,53
Agosto 1.035,53 1,005 1.040,71
Setembro 1.040,71 1,005 1.045,91
Outubro 1.045,91 1,005 1.051,14
Novembro 1.051,14 1,005 1.056,40
Dezembro 1.056,40 1,005 1.061,68

Pede-se observar que a taxa de juros de 6% ao ano, capitalizada anualmente,


produziu a renda de R$ 60,00. Quando se faz a divisão da taxa anual por 12 meses,
ou seja: 6%/12 = 0,5% ao mês, e o contrato prevê que esta taxa seja capitalizada
mensalmente, obtém-se o efeito da capitalização e, neste caso, a renda acumulada
após um ano é de R$ 61,68.

A fórmula matemática que permite conhecer o Montante quando ocorre a


capitalização por vários períodos é a seguinte:

n
FV n = PV1 * (1+i)

Onde:

FVn = Valor Futuro ou Montante obtido com a aplicação de um Valor Presente.


PV1 = Valor Presente ou Atual de um capital aplicado.
1 = é o mesmo Valor Presente ou Atual do capital aplicado.
i = taxa de juros em número natural.
n = períodos de capitalização.

Esta é a equação fundamental dos juros compostos na qual prepondera a


variabilidade de taxas e prazos de acumulação de capitais, ou seja, o...
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PERÍCIA CONTÁBIL EM MATÉRIA FINANCEIRA – Prof. Remo Dalla Zanna (MS)

...Fator de Acumulação n
(1+i)

Fornecidos três dos quatro elementos da matemática financeira é possível


conhecer o que falta. Para demonstrar esta verdade, vamos inverter os dados do
problema acima da seguinte maneira: suponhamos que o investidor, sabendo que o
banco lhe paga a taxa de juros de 0,5% ao mês, capitalizada mensalmente, queira
aplicar uma quantia desconhecida que lhe permita, ao fim de 12 meses, receber R$
1.061,68. Quanto deve aplicar agora?

Nesta situação, o cálculo de PV pode ser feito invertendo-se a fórmula acima.

n FVn 1
Se FV n = PV1 * (1+i) então, PV1 = --------- ou seja: PV1 = ---------
n n
(1+i) (1+i)

Exemplo:

Sabendo qual é o Montante, a taxa de juros e o prazo,


calcular o Capital Inicial

Fator de Valor Presente = Montante - juros


Meses Capital Final descapitali - que haviam sido convertidos em
zação = (1+i) novo capital

Dezembro 1.061,68 1,005 1.056,40


Novembro 1.056,40 1,005 1.051,14
Outubro 1.051,14 1,005 1.045,91
Setembro 1.045,91 1,005 1.040,71
Agosto 1.040,71 1,005 1.035,53
Julho 1.035,53 1,005 1.030,38
Junho 1.030,38 1,005 1.025,25
Maio 1.025,25 1,005 1.020,15
Abril 1.020,15 1,005 1.015,08
Março 1.015,08 1,005 1.010,03
Fevereiro 1.010,03 1,005 1.005,00
Janeiro 1.005,00 1,005 1.000,00

A expressão “capitalização de juros” significa exatamente o que diz, ou seja: sob a


ótica do investidor, os juros não pagos pelo devedor representam novo
investimento de capital e sobre este novo capital tem direito a mais juros e assim
ad aeternum.

Sob a ótica dos advogados que defendem os interesses dos devedores, os juros não
quitados (não pagos) na data de aniversário da conta, apesar de representarem
uma situação que fere os termos do contrato, não gerariam o direito aos credores
7
PERÍCIA CONTÁBIL EM MATÉRIA FINANCEIRA – Prof. Remo Dalla Zanna (MS)

de transmutar estes juros em mais capital emprestado e sobre ele calcular novos
juros. Todavia, a decisão tomada de forma unilateral pelo devedor retira ao credor
a disponibilidade que teria na data contratada e, por consequência, impede-o de
consumir ou reaplicar esta renda. Assim sendo, para que o devedor não se
enriqueça às suas custas, o credor cobra-lhe os juros que poderia ter recebido de
outro mutuário. Este raciocínio, pela sua simplicidade e lógica, permite definir a
capitalização de juros não pagos na data aprazada, como sendo procedimento ético,
honesto e necessário.

Alguém poderia perguntar:

“Se capitalização de juros não é ANATOCISMO, o que é então?”

Resposta:

Capitalizar juros é transformar os juros não quitados na data do vencimento em


novo capital sobre o qual novo juro será calculado sem que este procedimento
possa receber o adjetivo de ANATOCISMO.

Vamos afinar os conceitos.

1. ANATOCISMO: - é um conceito jurídico, diferente, pois, de


CAPITALIZAÇÃO, um conceito econômico-financeiro. A palavra
ANATOCISMO origina-se da palavra grega anátokos,onde aná quer dizer
em cima de ou sobre e, tokos quer dizer descendência ou origem. Tem o
mesmo significado que reiterar ou repetir a mesma coisa. Aplica-se tanto
às pessoas quanto às coisas concretas ou abstratas. Porém, não significa
hierarquia, ou seja, é algo que está por cima de outra, mas ambas são da
mesma natureza e da mesma estirpe ou da mesma motivação. Portanto, é
correto entender que o ANATOCISMO é a situação em que juros são
cobrados ou sobrepostos a outros juros calculados sobre o mesmo capital.
Assim entendida, a palavra ANATOCISMO, quando aplicada aos juros,
significa que estes foram cobrados duas (ou mais) vezes sobre o mesmo
capital, ainda que isso esteja em conformidade com o contrato. Exemplo: o
contrato prevê o pagamento de juros de 2% ao mês sempre se o devedor
efetuar o pagamento dos mesmos à vista na data do débito e, em outra
cláusula, prevê que, caso não sejam pagos na data estipulada, os juros
serão calculados e debitados no percentual de 3%. Neste caso, configura-
se, sem sofismas, o ANATOCISMO, pois estarão sendo cobrados juros
remuneratórios de 2% junto com juros moratórios de 1%, ambos
contratuais; mas, incidindo sobre a mesma base. Outro exemplo: na
medida em que a comissão de permanência seja entendida juridicamente
como sendo uma forma de cobrar juros moratórios – com outro nome –, a
cobrança de juros remuneratórios junto com a comissão de permanência
8
PERÍCIA CONTÁBIL EM MATÉRIA FINANCEIRA – Prof. Remo Dalla Zanna (MS)

configura o fenômeno chamado de ANATOCISMO. Todavia, a cobrança


de juros remuneratórios junto com a correção monetária, levando-se em
conta que esta não é uma renda do capital, mas apenas a atualização de seu
valor, não configura o ANATOCISMO. Por fim, considerando o raciocínio
de que os juros maturados, contabilizados e não pagos se convertem em
novo capital, também estes juros, calculados sobre esse novo valor, não
configuram a prática do ANATOCISMO. Configura-se o ANATOCISMO
também nos casos em que o banco cobra juros sobre juros ainda não
vencidos. Este fenômeno pode ocorrer quando o banco pratica a
capitalização diária de juros, mas no contrato está previsto o débito mensal
e por uma taxa de juros ao mês.

2. CAPITALIZAR é o ato de tornar capital, ou de converter em capital, ou de


transmutar em capital. Como exemplos deste fenômeno matemático são os
juros calculados e creditados às aplicações financeiras do tipo Cadernetas
de Poupança. No momento em que são calculados juros sobre o saldo da
Caderneta de Poupança, não estão sendo calculados juros sobre juros, mas
juros sobre o capital acumulado até aquela data. Os juros que foram
creditados precedentemente, não tendo sido sacados ou consumidos, foram
convertidos em novo capital. Como se vê não se trata de calcular juros
sobre juros, pois os juros de que se falava até a data de vencimento e
crédito contábil já não são mais juros: agora tudo é capital.

3. Portanto, o conceito econômico de CAPITALIZAR é diferente do conceito


jurídico de ANATOCISMO. Conclui-se, então, que o conceito jurídico de
ANATOCISMO nada tem a ver com a capitalização de juros, seja simples
ou composta. Na prática, diante de um caso concreto, cabe ao perito
calcular e agregar juros ao principal mutuado em conformidade com a
decisão judicial e conforme lhe for perguntado nos quesitos formulados
pelas Partes, desde que não impugnados. O laudo pericial não é o local
adequado para discussões acadêmicas, logo, o perito deve atender ao que
lhe for determinado sem se imiscuir em discussões conceituais e sem
exarar sua pessoal opinião.

Sob a ótica de advogados que defendem os interesses dos devedores, os juros não
quitados (não pagos) na data de aniversário da conta, apesar de representarem
uma situação que fere os termos do contrato, não gerariam o direito aos credores
de transmutar estes juros em mais capital emprestado e sobre eles calcular novos
juros. Todavia, a decisão tomada de forma unilateral pelo devedor retira ao credor
a disponibilidade que teria na data contratada e, por consequência, impede-o de
consumir ou reaplicar esta renda. Assim sendo, para que o devedor não se
enriqueça às suas custas, o credor cobra-lhe os juros que poderia ter recebido de
outro mutuário. Este raciocínio, pela sua simplicidade e lógica, permite definir a
capitalização de juros não pagos na data aprazada, como sendo procedimento ético,
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PERÍCIA CONTÁBIL EM MATÉRIA FINANCEIRA – Prof. Remo Dalla Zanna (MS)

honesto e necessário. Além disso é um procedimento coerente com tudo que se


pratica no Mundo quando se trata de empréstimos, financiamentos e avaliação de
investimentos.

Entretanto, o ilustre Desembargador Antonio Marson, integrante do E. Tribunal de


Justiça do Estado de São Paulo, quando cuidou da Apelação nº 1.130.186-7, 21ª
Câmara, parcialmente provida, julgada em 13/08/2008, pronunciou-se sobre o
ANATOCISMO da seguinte maneira: “... anatocismo, vedado pela lei, é a
incidência de juros sobre os juros acrescidos ao saldo devedor por não terem sido
pagos. Como se sabe, os juros podem ser simples ou compostos, estes também
chamados de juros capitalizados. Os primeiros são aqueles que incidem apenas
sobre o principal corrigido monetariamente, isto é, não incidem sobre os juros que
se acrescentam ao saldo devedor. Assim, os juros não pagos não constituem a
base de cálculo para a incidência posterior de novos juros simples. Os últimos,
ao contrário, são aqueles que incidirão sobre o principal corrigido, mas também
sobre os juros que já incidiram sobre o débito”. (grifei)

Consideramos com todo respeito a r. decisão acima que, porém, não coincide com
a lógica econômica aplicada aos que investem suas economias em Cadernetas de
Poupança que, por mera e simples analogia, deve ser aplicada aos devedores. É
certo que o não pagamento de juros na data combinada impede que o credor
(beneficiário dos juros) entre na posse do respectivo valor e esta situação gera um
enriquecimento sem causa para o devedor. Por exemplo, no caso de empréstimos
na modalidade “conta garantida” mais conhecida como “cheque especial”, a única
compensação possível para o credor é a cobrança de juros sobre juros vencidos e
não quitados. Quem não paga os juros devidos no dia em que deveria fazê-lo gera
contra o credor um desfalque em seu patrimônio. Impede-o de usar a receita como
fonte de recursos para consumo ou para novos investimentos. Ora, se o devedor
prejudicou o patrimônio de seu credor, a contrapartida contábil é que se beneficiou
mediante ação unilateral não prevista em contrato. Conclui-se, assim, que cobrar
juros sobre juros maturados e não pagos, não se insere no conceito jurídico de
ANATOCISMO.

Mas, então, quando ocorre o anatocismo?

Resposta:

Temos duas situações básicas que identificam o anatocismo, como segue:

1) Juros sobre juros acontecem quando o devedor que não pagou os juros normais
se vê obrigado a pagar também juros penalizantes e mais a multa. Um exemplo
desta situação é a existência de cláusula contratual que estabelece que a taxa de
juros é de 3,5% ao mês até o dia do vencimento da parcela ou da prestação de
uma dívida ou mesmo da dívida toda e que, caso não sejam pagos até a data
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PERÍCIA CONTÁBIL EM MATÉRIA FINANCEIRA – Prof. Remo Dalla Zanna (MS)

estipulada passam a ser de 4,5% ao mês sobre todo o período. Este contrato diz
em outra cláusula que pelo atraso pagará também a multa de 2% sobre a soma
do débito. Digamos que o empréstimo seja de R$ 10.000,00 para pagamento em
2 (dois) meses, ocasião em que deve ser devolvido o principal e pagos os juros
de 3,5%. Todavia, se o devedor atrasar o pagamento, pagará pelo prazo que
exceder a data do vencimento, 4,5% de juros mais multa de 2%. Nesse caso, o
devedor pagou a dívida após 3 meses.

Cálculos:

a) caso tivesse quitado a dívida após dois meses pagaria R$ 10.712,25; como
segue:
2
R$ 10.000,00 * 1,035 = R$ 10.712,25; sendo: R$ 10.000,00 de principal e R$
712,25 de juros.

b) mas, como quitou com um mês de atraso, pagou R$ 11.194,30; como


segue:

2 1
R$ 10.000,00 * 1,035 = R$ 10.712,25; mais R$ 10.712,25 * 1,045 = R$ 11.194,30.
Pagou, então, valores com as seguintes naturezas:
- devolução do principal = R$ 10.000,00;
- juros normais de três meses à taxa de 3,5% = R$ 1.087,18;
- anatocismo de um mês = R$ 107,12;
- de forma que os juros totais ficaram em R$ 1.194,30
Além disso, pagou 2% de multa sobre tudo, ou seja: 2% de R$ 11.194,30 =
R$ 223,89.

Caso não tivesse sido praticado o anatocismo pagaria:

3
R$ 10.000,00 * 1,035 = R$ 11.087,18; sendo: R$ 10.000,00 de principal e R$
1.087,18 de juros. Sobre este valor incidiria a multa de 2% = R$ 221,74.

2) O anatocismo se manifesta em textos de contratos de conta corrente garantida


(cheque especial) e também em casos de financiamento habitacional,
principalmente os relacionados com o Sistema Financeiro da Habitação – SFH.
Os bancos – por exemplo – querem cobrar juros de 1% ao mês e dizem que os
juros, em base anual, são de 12%. Ainda que o banco dê à taxa de 12% ao ano o
nome correto de juros nominais, deveria colocar que os juros efetivos (2) são de
12,68% ao ano. Esta é uma das situações que gera controvérsias nos contratos
com SFH.
11
PERÍCIA CONTÁBIL EM MATÉRIA FINANCEIRA – Prof. Remo Dalla Zanna (MS)

Como deveria, então, sob o prisma matemático, ser redigida a


cláusula dos juros para que a cobrança mensal pudesse ser por uma
taxa que, ao final de 12 meses, fosse efetivamente de 12% ao ano?

Resposta

O que deve ser feito é a radiciação da taxa anual de 12% ao ano pela raiz 12 que
corresponde aos citados doze meses. Assim calculando, encontra-se a taxa efetiva
mensal de 0,9488793% que, capitalizada em 12 meses, resulta em 12% ao ano de
taxa de juros.

Cálculos: 12
[(1,12) -1] 100 = 0,9488793%

Isto significa que a taxa efetiva anual de 12%, para ser atingida, corresponde à taxa
mensal de 0,9488793% capitalizada em 12 prestações mensais.

Prova feita com o uso de máquina financeira:

PV = R$ 1,00
n = 12 meses
i = 0,9488793%

Inserindo os elementos supra na máquina de calcular, obtém-se, após 12 meses, R$


1,12, ou seja, R$ 1,00 de principal emprestado, mais R$ 0,12 de juros no período
de um ano.

Assim procedendo, os juros continuam sendo capitalizados; mas a taxa de 12% ao


ano não é excedida.
(2)
Pede-se não confundir juros efetivos com juros reais; este último, um conceito econômico que
envolve juros e inflação. A taxa SELIC, por exemplo, é uma composição de juros efetivos mais
expectativa de inflação.

Nota 1: Este raciocínio aplica-se para qualquer contrato em que a taxa de juros
foi contratada em base anual. Apesar de muito praticado, tanto no comércio
como nas finanças, é equivocado o procedimento de se dividir
aritmeticamente a taxa anual por 12 meses. A ferramenta matemática que
descapitaliza a taxa anual é a radiciação por 12. Obviamente, este
raciocínio aplica-se a qualquer taxa e a qualquer prazo.

Nota 2: Que se saiba, até hoje, ninguém disse que a Caderneta de Poupança,
que credita e acumula juros de 0,5% ao mês a favor do poupador, pratique
o anatocismo; todavia, o processo de cálculo é exatamente o mesmo que
12
PERÍCIA CONTÁBIL EM MATÉRIA FINANCEIRA – Prof. Remo Dalla Zanna (MS)

se usa quando se aplica a Tabela Price para conhecer o valor da prestação


mensal de um contrato de financiamento habitacional, este, objeto de
milhares de ações na Justiça.

3.4. – Visão Contábil da Renda Denominada Juro

Diante dos raciocínios matemático e financeiro apresentados acima, os contadores


não saberiam como proceder pelos seguintes motivos:

1 – O contador do banco deve lançar a RENDA na forma de JURO como receita


ou como novo empréstimo? – Pois se é uma coisa não pode ser a outra.
Se considerar que é receita o lançamento será:
Débito da conta corrente do cliente – Conta do Passivo
- contrapartida
Crédito de receita proveniente de juros – Conta de Resultado

No entanto, se fosse um novo empréstimo o lançamento, seria:


Débito da conta corrente do cliente – Conta do Passivo
- contrapartida
Crédito da conta caixa/banco decorrente de nova saída de dinheiro –
Conta do Ativo

IMPORTANTE: Como se vê, do ponto de vista contábil do contador do banco,


não existe nenhuma dúvida que o JURO é renda para o banco, pois o
segundo lançamento é impossível pelo fato de não ter havido a saída de
novo dinheiro para o cliente. Todavia, o lançamento do fato econômico que
altera o patrimônio do banco deve ser feito e o será assim:

Débito da conta corrente do cliente – Conta do Passivo


- contrapartida
Crédito de receita proveniente de juros – Conta de Resultado
Histórico: juros ativos não recebidos na data do vencimento e
debitados na conta corrente do cliente.

2 – O contador da empresa cliente do banco deve lançar a DESPESA com o


pagamento de JURO como despesa (Conta de Resultado) ou como novo
empréstimo (Conta do Passivo)?

Resposta

Na empresa cliente do banco, o lançamento será sempre o mesmo, tenham sido os


juros pagos no ato em que foram debitados na conta corrente ou não. Em face da
inexistência de disponibilidade de dinheiro novo, não pode o contador da empresa
cliente do banco contabilizar o valor dos juros debitados em Conta do Passivo
13
PERÍCIA CONTÁBIL EM MATÉRIA FINANCEIRA – Prof. Remo Dalla Zanna (MS)

como se fosse um novo empréstimo. Para a empresa que recebeu o débito do


banco, só cabe um lançamento, como segue:

Débito da conta de despesa com JUROS – Conta de Resultado


- contrapartida
Crédito na conta corrente de movimento mantida com o banco

Por outro lado, a argumentação dos advogados dos bancos de que novos juros são
incorporados ao saldo devedor e como tal configurariam um novo empréstimo não
se sustenta sob o prisma contábil porque os contratos de mútuo não preveem esta
condição e nem outro contrato de empréstimo é feito a cada novo débito de juros.
Considerando que os lançamentos contábeis devem ser suportados por documentos
fidedignos, idôneos e legais, a ausência de um contrato (mesmo que realizado por
meio eletrônico e automático), formalizando a assunção, pelo devedor de um novo
empréstimo toda vez que não quita juros vencidos não capacita o profissional de
contabilidade a escriturar esse débito como se um novo capital emprestado fosse.
Nesta circunstância resta-lhe, por exclusão, a hipótese de que o valor que aumenta
o saldo devedor da conta corrente do cliente bancário corresponde a juros, ou seja,
uma conta conceituada como diferencial.

Ainda sob a ótica do CDC (Código de Defesa do Consumidor), entende-se que


converter os juros em novo empréstimo sem que para isso tivessem as partes
assinado um contrato específico, ou seja, o ato de considerar normal que o
consumidor teria assumido um novo empréstimo de forma automática, é um
exemplo de exploração da vulnerabilidade do consumidor. Tal como a contratação
inicial, a nova contratação requer a manifestação expressa do consumidor,
concordando com a renovação ou com a existência de empréstimos sucessivos.
Então, para que o ato possa ser contabilizado como capital e não como juros,
necessita de confirmação explícita e não apenas tácita.

Portanto, do ponto de vista contábil, não existe nenhuma dúvida que o JURO é
despesa para a empresa e não novo empréstimo que teria tomado do banco. A tese
de que juros não pagos no dia do vencimento convertem-se em novo capital não
encontra respaldo na ciência contábil, no plano de contas de uso obrigatório pelos
bancos e nem na Lei das Sociedades Anônimas.

Contudo, a lógica dos bancos é correta na medida em que o devedor dos juros, não
tendo dinheiro para pagá-los, poderia ir ao Sistema Financeiro e pegar mais um
empréstimo para quitá-los (3). Esta é uma verdade facilmente comprovada quando a
empresa decide tomar um empréstimo no banco “B” para quitar dívida (de juros e
principal) que assumiu com o banco “A”.

14
PERÍCIA CONTÁBIL EM MATÉRIA FINANCEIRA – Prof. Remo Dalla Zanna (MS)

Os estrategistas financeiros fazem esta troca de credor bancário para obter algumas
vantagens, como, por exemplo, pagar juros menores ao banco “B” daqueles que
paga ao banco “A”.

Por outro lado, a prática bancária de debitar juros na conta corrente do cliente
quando o saldo é insuficiente para pagá-los ou quando o saldo já é devedor,
permite que, no mês seguinte, novos juros lhe sejam debitados, agora, calculados
também sobre os juros debitados no mês precedente e assim sucessivamente. Este
procedimento faz com que os encargos contratuais de um período incorporem a
base de cálculo dos encargos contratuais do período seguinte. Este procedimento
resulta na cobrança de juros sobre juros, ou seja, esta forma de lançar juros na
conta corrente do cliente configura a Capitalização e não o ANATOCISMO que,
como vimos, são conceitos distintos.

3.5. – Anotações Legais sobre capitalização de juros.

Ao lado das demonstrações matemáticas, existe, e com ela convive, a praxe


jurídica. Para os fins de perícia contábil em matéria financeira, há que se
considerar que para que ocorra a capitalização de juros em períodos inferiores a um
ano, é imprescindível a sua pactuação em contrato. Além disso, a capitalização de
juros se mostra admissível somente nas hipóteses em que for expressamente
autorizada por lei específica. Em nossa pesquisa, que não pretendeu esgotar este
assunto, localizamos que a capitalização dos juros, em períodos inferiores a um
ano, está prevista nos seguintes casos:
a) títulos de crédito rural - artigo 5º do Decreto-Lei nº. 167/67, de 14.02.1967,
b) títulos de crédito industrial - artigo 5º do Decreto-Lei nº. 413/69, de
09.01.1969,
(3)
Outra alternativa: o devedor poderia, por exemplo, vender algum bem ou algum direito
creditício e pagar o que deve na data do vencimento.

c) títulos de crédito comercial - artigo 5º da Lei nº. 6.840/80, de 03.11.1980 e,


d) títulos de crédito à exportação - Lei nº. 6.313/75, de 16.12.1975.

Aos fins do trabalho pericial, salvo determinação em contrário pelo magistrado,


quando os cálculos são aplicados sobre contratos de abertura de crédito conhecidos
pelos nomes de “cheque especial”, “cheque ouro”, “conta garantida” assinados
antes de 31/03/2000, ou seja, antes da publicação da Medida Provisória nº 1.963-
17, de 30 de março de 2000, a capitalização dos juros em períodos inferiores a um
ano, não era possível. A respeito deste assunto, a Súmula nº 121, orientou:

“É vedada a capitalização de juros, ainda que expressamente


convencionada. Dessa proibição não estão excluídas as instituições
15
PERÍCIA CONTÁBIL EM MATÉRIA FINANCEIRA – Prof. Remo Dalla Zanna (MS)

financeiras, dado que a Súmula 596 não guarda relação com o anatocismo.
A capitalização semestral de juros, ao invés de anual, só é permitida nas
operações regidas por leis especiais que nelas expressamente consentem”.
(RTJ 921341)

Até o surgimento da Medida Provisória nº 1.963-17, de 31/03/2000 não havia sido


revogada a regra do artigo 4º do Decreto nº 22.626/33, nem pela Lei nº 4.595/64, a
chamada “Lei do Mercado de Capitais”.

O artigo 4º supracitado preceitua:

“É proibido contar juros sobre juros; esta proibição não


compreende a acumulação dos juros vencidos aos saldos
líquidos de conta corrente de ano a ano.” (g.n.)

O decreto 22.626/33, em seu art. 11, veda a contagem de juros sobre juros,
declarando nulo o contrato que tenha dispositivo que permite tal prática,
assegurando, ainda, a possibilidade de repetição do que tenha sido pago a mais.

Este texto é claro ao permitir apenas a capitalização anual de juros e, ao citar


“conta corrente” refere-se, obviamente, ao “Sistema Hamburguês” do qual
falaremos mais adiante.

PERGUNTA:

É permitida a capitalização mensal dos juros remuneratórios


ou contratuais?

Resposta 1: Para os contratos assinados antes da edição da Medida Provisória nº


1.963-17 acima citada, o STJ, a respeito de juros capitalizados, tem decidido
contra, ou seja, veda a sua aplicação.

Resposta 2: Para os contratos assinados após a edição da edição da Medida


Provisória nº 1.963-17 acima citada, o Sistema Financeiro Nacional pode aplicar a
capitalização em períodos inferiores a um ano. O mercado financeiro pratica, há
muitos anos, a capitalização mensal e, em algumas operações de curtíssimo prazo
(hot money), pratica a capitalização diária.

Como acima relatado, existe jurisprudência que conflita com a prática bancária que
consiste em aplicar juros sobre juros, ou seja, o sistema financeiro entende como
sendo correta a capitalização dos juros nos períodos convencionados no contrato
(diariamente, mensalmente, trimestralmente, semestralmente e anualmente). A
prática bancária brasileira encontra suporte na matemática financeira e na prática
bancária adotada no mundo todo.
16
PERÍCIA CONTÁBIL EM MATÉRIA FINANCEIRA – Prof. Remo Dalla Zanna (MS)

Nas operações financeiras em geral, incluindo as de arrendamento mercantil


(leasing), as de fomento comercial (factoring), a administração de cartões de
crédito e outras operações que acontecem fora do âmbito do Sistema Financeiro
Nacional, a capitalização de juros aparece, principalmente, nas seguintes
modalidades de empréstimo ou de financiamento:
o uso de fator exponencial nos cálculos,
o uso da Tabela Price como método de amortização do mútuo e juros,
o uso de fator ou coeficiente nos contratos de leasing,
o uso do Sistema de Amortização Constante – SAC - para pagamento de
financiamento imobiliário,
o lançamento de juros devedores em contas correntes com saldo insuficiente
para que ocorra o seu imediato pagamento, sendo, então, somados ao saldo
devedor, aumentando-o e sobre esse novo saldo devedor aumentado, novos
juros serão calculados, e ...
o operações financeiras encadeadas do tipo (i) renovação automática de limite
de crédito para uso de “cheque especial”; (ii) confissão e novação de dívida.

No que tange à capitalização dos juros, em base mensal, as duas questões,


geralmente levantadas pelos senhores advogados são:
a) que deve ser deduzida do saldo devedor a parcela paga, antes de se proceder
à sua atualização pelo INPC do IBGE ou qualquer outro que estiver em
moda no momento da apresentação da peça Inicial ou dos quesitos, sempre,
obviamente, com a intenção de reduzir ao mínimo o saldo devedor do
mutuário;
b) que os juros, depois de atualizados pelo indexador monetário escolhido pelo
devedor, acumulados durante um ano, sejam incorporados ao saldo devedor
atualizado da mesma forma, uma única vez por ano.

Estes dois procedimentos conjuntos reduzem a dívida do mutuário em dois pontos:


no primeiro procedimento, a atualização monetária é calculada sobre um saldo
devedor menor e no segundo procedimento elimina-se a capitalização mensal.

3.6. Exercícios Resolvidos

1) Determinar o juro e o montante produzidos em 12 meses por um capital R$


5.000,00, emprestado à taxa de 2,5% ao mês.

Solução:

M = 5.000,00 * (1+2,5%)^12; portanto,


M = 5.000,00 * (1+0,025)^12; portanto,
M = 5.000,00 * 1,025^12; portanto,
17
PERÍCIA CONTÁBIL EM MATÉRIA FINANCEIRA – Prof. Remo Dalla Zanna (MS)

M = 5.000,00 * 1,344889; portanto,


M = 6.724,44

Se M = 6.724,44 e C = 5.000,00, então, j = 1.724,44.

2) Informar o Valor Presente que tendo sido aplicado durante seis meses, à taxa
de 3% ao mês, permitiu resgatar, no vencimento, o valor de R$ 5.373,24.

Solução:

5.373,24 = C * (1+3%)^6; logo,


C = 5.373,24 / ((1+0,03)^6; logo,
C = 5.373,24 / 1,03^6; logo,
C = 5.373,24 / 1,194052; logo,
C = 4.500,00.

Usando máquina eletrônica financeira portátil, você pode:


a) inserir 5.373,24 em FV;
b) inserir 3% em i%;
c) inserir 6 em n;
d) digitar o comando “computar” e, em seguida, digitar PV;
e) o visor apresentará 4.500,00.

3) Informe qual foi a taxa de juros ao mês cobrada pelo empréstimo de capital de
giro de R$ 15.000,00, cujo valor pago, após 90 dias, foi de R$ 16.500,00.

Solução:

Usando calculadora financeira portátil você pode:


a) inserir 16.500,00 em FV; (usando HP12 insira este valor com sinal negativo)
b) inserir 15.000,00 em PV;
c) inserir 3 em n;
d) digitar o comando “computar” e, em seguida, digitar i;
e) o visor apresentará 3.228011546.

A taxa de juros deste empréstimo, portanto, é de 3,228% ao mês.

4) O valor da indenização recebida pelo sócio excluído foi de R$ 87.500,00.


Quantos meses serão necessários para que acumule R$ 100.000,00 a uma taxa de
juros de 0,875% ao mês, capitalizada mensalmente?

18
PERÍCIA CONTÁBIL EM MATÉRIA FINANCEIRA – Prof. Remo Dalla Zanna (MS)

Solução:

Usando calculadora financeira, você pode:


a) inserir 100.000,00 em FV; (usando HP12 insira este valor com sinal negativo)
b) inserir 87.500,00 em PV;
c) inserir 0,875% em i%;
d) digitar o comando “computar” e, em seguida, digitar n;
e) o visor apresentará 15.32739934.

O tempo de capitalização necessário para obter os R$ 100.000,00 desejados,


portanto, é de 15 meses e 10 dias.

3.7 – Orientação Técnica:

A postura profissional do perito-contador requer equidistância entre os defensores


dos juros simples e dos juros compostos, seja qual for a taxa. Como já se disse no
livro “Prática de Perícia Contábil”, de nossa autoria, o laudo não é o lugar para
discussões acadêmicas e nem para demonstrar erudição, seja ela matemática ou
jurídica. A nossa prática indica que os contratos feitos com bancos comerciais em
geral usam a capitalização mensal dos juros. Bancos de desenvolvimento como o
BNDES dispõem de linhas de crédito para o financiamento de investimentos de
capital que contemplam a capitalização anual dos juros. Na Justiça, a questão da
capitalização de juros e a aplicação prática do anatocismo pertencem ao mérito e
cabe ao magistrado julgar. O que se espera do perito é que apresente os cálculos
conforme lhe foi requerido em r. despacho judicial ou mediante a formulação de
quesitos. Na eventual ausência de orientação judicial a respeito de como deve
proceder aos cálculos, o perito-contador apresentará, como mínimo, quatro
alternativas, como segue:

1ª) considerados (i) a taxa e (ii) o indexador monetário pactuados em


contrato, efetuará cálculos baseado no conceito de juros compostos e
capitalização mensal conforme cláusulas do contrato;
2ª) considerados (i) a taxa e (ii) o indexador monetário pactuados em
contrato, apresentará cálculos baseado no conceito de juros simples e
capitalização anual, conforme pleito do devedor e/ou do magistrado.
Em seguida, caso tenha sido pleiteada outra taxa de juros, por exemplo, a taxa
máxima de 12% ao ano combinada com outro indexador monetário, o perito
apresentará os outros dois cálculos, ou seja:

3ª) considerados (i) a taxa de 12% ao ano e (ii) o indexador monetário


pleiteado pelo devedor, efetuará cálculos baseado no conceito de juros
compostos e capitalização mensal conforme cláusulas do contrato;

19
PERÍCIA CONTÁBIL EM MATÉRIA FINANCEIRA – Prof. Remo Dalla Zanna (MS)

4ª) considerados (i) a taxa de 12% ao ano e (ii) o indexador monetário


pleiteado pelo devedor, apresentará cálculos baseado no conceito de
juros simples e capitalização anual, conforme pleito do devedor e/ou do
magistrado.

NOTA: Podem caber, dependendo de cada caso, segundo o que constar em


contrato e o que for pleiteado pelo Autor ou Embargante, alternativas de
cálculo, além das quatro supracitadas. Por isso o ideal é que os assuntos de
mérito sejam definidos antes de se proceder aos cálculos periciais. Quando
os cálculos periciais são delimitados em seus critérios por decisão judicial,
o trabalho torna-se mais rápido e menos custoso à parte que deve arcar com
o ônus dos honorários do perito.

---------ooooooooo----------

20
PERÍCIA CONTÁBIL EM MATÉRIA FINANCEIRA – Prof. Remo Dalla Zanna (MS)

PF 04 – edição pessoal para fins de estudo e venda em PDF

Revisado em maio/2019.

4º - MÓDULO

TAXA REAL, TAXA NOMINAL, TAXA EFETIVA, TAXA PRO-RATA E


CONCEITO DE “DATA DE ANIVERSÁRIO”.

4.1. Taxa Real


4.2. Taxa Nominal
4.3. Taxa Efetiva
4.4. Taxa Pro-rata e “dias bancários”
4.5. Conceito de “data de aniversário”
4.6. Exercícios Resolvidos
4.7. Orientação Técnica

Conceito de taxa de juros: é uma porcentagem calculada sobre um capital com o


propósito de expressar a renda que este capital gera para o seu proprietário. Por
exemplo, a Caderneta de Poupança, além da atualização monetária do capital, hoje
calculada pela variação da TR (1), rende 6% de juros ao ano. Então, a taxa nominal
de juros neste caso é de 6% ao ano. Caso se trate de um empréstimo ou de um
financiamento, o conceito é o mesmo, pois o tomador do empréstimo pagará uma
renda expressa em percentual do capital emprestado. Digamos que seja de 12% ao
ano. Diz-se, então, que a taxa nominal de juros é de 12% ao ano.

4.1. Taxa Real

Entende-se por TAXA REAL de juros a que remunera o capital aplicado após ter
sido, o mesmo, atualizado monetariamente. Portanto, os juros reais são aqueles que
constituem ganho efetivo sobre o capital aplicado. Havendo inflação, por pequena
que seja, entende-se como Taxa Real de juros a que for calculada após o expurgo da
inflação medida no período considerado.

Exemplo:
Capital aplicado: R$ 100,00
Taxa nominal de juros no período: 12% ao ano.
Período: um ano.
Inflação no período: 5% ao ano.
(1)
TR = Taxa Referencial.

1
PERÍCIA CONTÁBIL EM MATÉRIA FINANCEIRA – Prof. Remo Dalla Zanna (MS)

Pergunta
Qual é a taxa real e qual é o valor dos juros reais?

Resposta:
A resposta simples a esta pergunta, considerando as taxas em seu conceito nominal,
é que à taxa real de juros corresponde á taxa nominal, excluída a inflação média no
período. Exemplo: 12% ao ano de taxa total, menos 5 % ao ano de inflação = taxa
real de 7% ao ano.

Um cálculo mais exato, para ser feito, leva em consideração a radiciação das duas
taxas e a diferença entre elas, elevada à 12ª potência. Neste caso, temos:

A) Taxa real de juros

Cálculos: 12
1,12 –1 * 100 = 1,009489 – 1 *100 = 0,009489 * 100 =

0,9488793%

Isto significa que a taxa efetiva de juros nominais de 12% ao ano, para ser atingida,
corresponde à taxa mensal de 0,9488793% ao mês, capitalizada 12 vezes ou, seja,
em doze meses.

B) Taxa real de inflação

Cálculos: 12
1,05 –1 * 100 = 1,004074 –1 * 100 = 0,004074 * 100 =

0,407412%

Isto significa que a taxa efetiva anual de 5% de inflação corresponde à média


mensal de 0,407412%.

Logo, a divisão dessas duas taxas mensais corresponde à renda efetiva em cada
mês: (1,009488793 / 1,00407412%) = 1, 00539270248. Elevando-se este fator à 12ª
potência, encontramos a taxa real em base anual, como era o nosso propósito.
Conclui-se que a taxa real anual, neste exemplo, é de (1,0666666 – 1) * 100, ou
seja: 6,6666666% ao ano; um pouco inferior à taxa linear supracitada de 7% ao
ano como costuma ser calculada pelas pessoas que utilizam a aritmética e não a
matemática conforme raciocínio acima demonstrado.

A fórmula que permite conhecer a taxa real com rapidez é a seguinte:


2
PERÍCIA CONTÁBIL EM MATÉRIA FINANCEIRA – Prof. Remo Dalla Zanna (MS)

ir = ((1+i)/(i+I) – 1)*100

ir = taxa de juro real


i = taxa de juro do contrato que já inclui a expectativa de inflação, como é o caso da
SELIC
I = taxa de inflação projetada para o mesmo período da taxa de juros

Usando os dados do exercício anterior, temos:

ir = ((1+i)/(i+I) – 1)*100; logo:


ir = ((1+0,12)/(i+0,05) – 1)*100; logo:
ir = (1,12/1,05) – 1)*100; logo:
ir = (1,066666667 – 1)*100; logo:
ir = 0,066666667 *100; portanto:
ir = 6,6666667%.

A fórmula recomendada pelo nosso ex-aluno e colaborador, Wladimir Antonio


Soares de Melo (CRA 6076 PA/AP), é a seguinte:

1 + Taxa Efetiva
1 + Taxa Real = (---------------------------------- – 1) * 100;
1 + Atualização Monetária

1 + 0,12
Logo, 1 + Taxa Real = (------------- – 1) * 100;
1 + 0,05

1,12
Portanto, 1 + Taxa Real = (-------- – 1) * 100 = (1,0666667 –1) * 100 =
1,05
= 6,666667% ou, arredondado, temos 6,67% ao ano.

Adicionalmente, há que se considerar que o capital aplicado de R$ 100,00 sofreu


uma perda em seu valor por causa da mesma inflação, tendo sido reduzido em 5%,
valendo, pois, R$ 95,00 ao fim do período.

Pergunta

Então, qual é o ganho real?

Resposta

3
PERÍCIA CONTÁBIL EM MATÉRIA FINANCEIRA – Prof. Remo Dalla Zanna (MS)

R$ 100,00 – R$ 5,00 de inflação = R$ 95,00 + R$ 6,67 de juros efetivos = R$


101,67.

Sendo o acréscimo de apenas R$ 1,67, dizemos que a taxa de juros efetiva, neste
caso, é de 1,67% ao ano.

Para que o capital de R$ 100,00 recebesse, efetivamente, 12% de juros reais ao ano,
ou seja: R$ 12,00 de acréscimo real, a fórmula de cálculo é:

Deflação do capital inicial = R$ 100,00 * (100% – 5%)/100 = R$ 95,00

Taxa de Juros Reais na qual esteja embutido o efeito inflacionário = 1,12 *


1,05263; (*) = 1,178947, ou 17,8947% ao ano. Assim sendo, partindo-se do valor
do capital deflacionado em 5%, ou seja: R$ 95,00 aplicados à taxa de 17,8947% ao
ano, em um ano, obtém-se o montante de R$ 112,00, correspondente ao valor do
capital inicial de R$ 100,00, mais juros nominais de 12%.

Então para que a taxa de 12% ao ano pudesse ser aplicada no conceito de taxa real
e pudesse ser compensada a inflação de 5% ao ano, citada neste exemplo, a taxa
real deve ser de 17,8947% ao ano.

A conclusão a que se chega é a de que a taxa real de juros quando e se vier a ser
definida em lei, algo bastante improvável, deverá ser conceituada como sendo um
agregado de taxa de juros remuneratórios mais a taxa de inflação esperada para o
próximo ano. A taxa SELIC faz hoje este papel. Esta taxa de inflação, que faz parte
da política de metas adotada pelo Ministério da Fazenda e praticada pelo Banco
Central do Brasil; é divulgada pelo próprio Banco Central, de maneira que o
mercado dispõe de uma baliza para fixar os juros remuneratórios de seus contratos
de empréstimos e financiamento.

4.2. Taxa Nominal

São nominais as taxas de juros expressas em percentual, por um determinado


período, por exemplo: ao ano, mas que, no final do cálculo de capitalização,
revelam uma taxa maior. Em outras palavras, chama-se taxa nominal aquela cujo
período referido no contrato não coincide com o período de capitalização.

Exemplo:

Diga qual é a taxa nominal mensal de uma taxa nominal de 60% ao ano.

Resposta: 60% ao ano, dividida por 12 meses, igual a 5% ao mês.

4
PERÍCIA CONTÁBIL EM MATÉRIA FINANCEIRA – Prof. Remo Dalla Zanna (MS)

Diga qual é a taxa efetiva anual de uma taxa nominal de 5% ao mês, capitalizada
mensalmente.

Resposta: (1,05)^12 = 79,59%.

Considerando que a grande maioria dos contratos financeiros menciona a taxa


nominal e cita, em seguida, o sistema de capitalização, para conhecer a taxa efetiva,
é necessário que o perito a calcule. Mesmo quando se tratar de contratos que
mencionam as duas taxas, a nominal e a efetiva, é sempre conveniente que o perito
certifique a taxa efetiva recalculando-a.

Entende-se, portanto, por Taxa Nominal de juros a que figura, obrigatoriamente,


nos textos dos contratos de empréstimos e financiamentos. Para ser nominal a sua
configuração anual, deve corresponder a uma taxa mensal não capitalizada.

Exemplo:

Taxa anual nominal de 10,5% ao ano.

Para que esta taxa nominal anual seja de fato esta, a taxa mensal deve ser o
resultado de 10,5% dividido por 12 meses, ou seja: 0,875%. Porém, esta taxa de
0,875% ao mês não pode ser capitalizada mensalmente. Ou seja, conceitua-se como
sendo 0,875 * 12 = 10,5% ao ano.

4.3. Taxa Efetiva

Entende-se por Taxa Efetiva de juros a que corresponde à taxa nominal mensal,
capitalizada mensalmente. Usando o mesmo exemplo supra referido temos:

Taxa anual nominal de 10,5%.


12
Taxa Efetiva (1 + 0,875%) –1 = 0,1102 ou 11,02% ao ano; maior, portanto, que a
taxa nominal.

A taxa efetiva sempre é maior que a taxa nominal, pois, pelo conceito matemático
que a rege, corresponde à capitalização de uma taxa nominal dividida por “n”
períodos. Caso a taxa nominal seja informada ao ano, para se conhecer a taxa
efetiva ao mês, segundo este conceito, divide-se a taxa anual por 12 meses. Caso a
taxa nominal seja informada ao ano, para se conhecer a taxa efetiva ao trimestre,
segundo este conceito, divide-se a taxa anual por 4 trimestres. E, como último
exemplo, caso a taxa nominal seja informada ao mês, para se conhecer a taxa

5
PERÍCIA CONTÁBIL EM MATÉRIA FINANCEIRA – Prof. Remo Dalla Zanna (MS)

efetiva ao dia, segundo este conceito, divide-se a taxa mensal por 30 dias conforme
conceito de “ano comercial”.

Pode-se dizer, portanto, que a Taxa Efetiva é o percentual de rentabilidade final


(efetiva) de um investimento ou o custo final (efetivo) de um empréstimo.

Um exemplo em que a capitalização é diária:

Imaginemos que a taxa para operações de um dia, a chamada operação over night(2)
proposta pelo banco, seja de 5,60% ao mês. Qual será a taxa efetiva se você ficar
devedor por 30 dias?

[(5,6% ao mês / 30 dias) / 100] + 1 = 1,001866667; este é o fator de acumulação


diária. O período de acumulação é de 30 dias, portanto: 1,001866667^30 =
1,057542487; subtraindo a unidade, multiplicando por 100 e arredondando na
segunda casa após a vírgula, encontramos a taxa efetiva de 5,75% ao mês.

Lembrete: o símbolo ^ significa “elevado à n (enésima) potência.

A diferença pode parecer ínfima quando aplicada sobre pequenos capitais, mas,
quando se trata de centenas de milhões de reais, o valor de juros adicionais obtido
com esta forma de calcular é grande.

A menção da Taxa Efetiva nos contratos de empréstimos passou a ser obrigatória.


Antes poderia ser citada ou não. Atualmente, qualquer tipo de contrato de
financiamento e de empréstimo deve estabelecer, com clareza, as taxas de juros
tanto no padrão “taxa nominal” como no padrão “taxa efetiva”.

Não raro, mediante quesitos, o perito é instado a pronunciar-se se a taxa efetiva


mencionada nos contratos foi, de fato, praticada pelo banco e, nos contratos antigos,
onde esta informação não foi grafada, é solicitado a informá-la em seu laudo.
Considerando a variável tempo: dias bancários, taxa ao mês aplicada em base diária,

(2)
Over night ou taxa over é um método de cálculo de taxa de juros remanescente do período de
taxas inflacionárias elevadas. Atualmente, esta metodologia é utilizada somente para empréstimos
entre bancos. O nome over night provém do fato que os empréstimos interbancários ocorrem
durante a noite, quando é feita a compensação bancária e, no caso do banco ficar devedor deve
cobrir sua dívida com recursos de caixa ou, na falta destes, fazer um empréstimo junto a outro
banco pagando a “taxa over” do dia e, geralmente, por um dia apenas. Quando não encontra um
banco disposto a lhe ceder liquidez (emprestar-lhe dinheiro no over night) recorre ao Banco
Central do Brasil, fecha a sua dívida na compensação e fica devedor do BACEN. Quando esta
situação se repete por vários dias consecutivos ou alternados, o BACEN pode fazer uma auditoria
ou até uma intervenção.

6
PERÍCIA CONTÁBIL EM MATÉRIA FINANCEIRA – Prof. Remo Dalla Zanna (MS)

... ano civil, etc. este é um problema que requer tratamento adequado segundo os
períodos enunciados no contrato.

Um exemplo:

Pergunta

Qual é a taxa efetiva em base mensal para uma taxa de 32% ao ano com
capitalização semestral?

Resposta

O cálculo pode ser feito assim: (32% / 2) = 16% ao semestre. Portanto, o fator de
capitalização é (1 + 0,16)^2, onde dois é a quantidade de vezes que o período de
capitalização maior (seis meses) ocorre no menor (um mês). Resolvendo
(1+0,16)^2, temos 1,3456, ou seja, 34,56% ao ano.

Para conhecer a taxa efetiva mensal, é necessário fazer a radiciação deste fator de
capitalização mediante (1,3456^1/12) = 1,025045, ou seja, 2,50% ao mês.

PROVA: Se o cálculo acima estiver correto, deveremos encontrar a taxa efetiva de


34,56% ao ano, capitalizando à taxa mensal de 2,50% ao mês.

Cálculos com a máquina financeira:

PV = 1,00
FV = 1,3456
n = 12
Calcular i >> i = 2,504516%, arredondando na segunda casa temos 2,50% ao mês,
ficando, assim, provado que o método acima exemplificado e usado para conhecer a
Taxa Efetiva em situações em que ocorrem períodos diferentes é verdadeira.

Outra maneira utilizada para conhecer a taxa efetiva em situações semelhantes ao


exemplo acima, objeto de demonstração em vários livros de Matemática Financeira,
é a seguinte:

Procede-se à radiciação da taxa semestral. No nosso caso: 16% ao semestre.


Fazendo [(1+0,16)^1/6 – 1]*100, encontramos 2,50% ao mês.

PROVA: Cálculos com a máquina financeira:

PV = 1,00
FV = 1,16
7
PERÍCIA CONTÁBIL EM MATÉRIA FINANCEIRA – Prof. Remo Dalla Zanna (MS)

n=6
Calcular i >> i = 2,504516%, arredondando na segunda casa resulta em 2,50% ao
mês.

Dentre as várias operações bancárias para as quais o perito tem necessidade de


apurar a taxa efetiva, estão aquelas em que ocorre a cobrança antecipada de juros.
Este tipo de situação é comum nas operações de desconto de recebíveis. Uma das
maneiras usadas há séculos é a de cobrar juros antecipadamente. É um artifício legal
porque o contrato estabelece uma taxa nominal e diz que os juros serão cobrados no
ato do crédito em conta corrente, ou nada diz, mas a praxe é essa, pois a palavra
“desconto” já insere o conceito de que os juros serão cobrados no ato do crédito.

Um exemplo muito comum no comércio de todos os dias:

Calcular a taxa efetiva mensal de um desconto de Nota Promissória (mas pode ser
um borderô de duplicatas ou de cheques pré-datados) de R$ 100.000,00, com prazo
de vencimento de 90 dias, à taxa nominal de 5% ao mês.

Valor do desconto: 5% * 3 meses = 15%; portanto, o valor líquido recebido é de R$


85.000,00.

Fluxo de caixa
85.000,00

0 3 meses

100.000,00

85.000,00 (1+i)^3 = 100.000,00; portanto, i = 5,57% ao mês de taxa efetiva.

Outro exemplo um pouco mais trabalhoso e complexo, envolvendo mais de um


título.

Calcular a taxa efetiva, ao mês, de um borderô de desconto de recebíveis, contendo


três cheques pré-datados conforme detalhes abaixo. Pelo valor do borderô de R$
10.000,00, o banco creditou na conta corrente da empresa, no dia 26/09/2007, a
quantia de R$ 8.500,00.

Detalhes do borderô:

8
PERÍCIA CONTÁBIL EM MATÉRIA FINANCEIRA – Prof. Remo Dalla Zanna (MS)

Cheque nº Valor em R$ Data: “bom


para depósito”
001 4.500,00 26/10/2007
002 2.000,00 31/10/2007
003 3.500,00 15/10/2007

Cálculos do perito:
Cheque Valor em Data: “bom Dias a Números para
nº R$ para depósito” decorrer (3) calcular a média
ponderada do tempo
(a) (b) (c) (d) (e) = (b*d)
001 4.500,00 26/10/2007 30 135.000
002 2.000,00 31/10/2007 35 70.000
003 3.500,00 15/10/2007 19 66.500
10.000,00 271.500
Média ponderada do tempo
(271.500/R$ 10.000,00) 27,15 dias

Considerando os parâmetros disponíveis, consegue-se conhecer a taxa efetiva ao


dia, como segue:

PV = R$ 8.500,00
FV = R$ 10.000,00
n = 27,15 dias
i por dia = 0,600392% ao dia.

Demonstração do cálculo da taxa de juros ao dia, usando máquina eletrônica para


cálculo financeiro:

PV = - 8.500,00
FV = 10.000,00
i = 27,15
compute i; logo i = 0,600392% ao dia.

Para conhecer a taxa ao mês, fazemos: 1,00600392 (fator de capitalização) elevado


à 30ª potência, menos a unidade e multiplicado por 100, ou seja: [(1,00600392^30)
-1] * 100 = 19,67% ao mês. Como se vê, a taxa efetiva só pode ser
verdadeiramente conhecida se e quando calculada corretamente.
(3)
Dias a decorrer: tempo, em dias, que decorrerá da data em que foi feito o crédito em conta
corrente (26/09/2007) até o dia em que o cheque puder ser depositado.

9
PERÍCIA CONTÁBIL EM MATÉRIA FINANCEIRA – Prof. Remo Dalla Zanna (MS)

4.4. Taxa Pro-rata e “dias bancários” (4)

É chamada de pro-rata a taxa de juros que, tendo sido expressa em período maior
que taxa ao dia, deve ser convertida em taxa diária. Para a contagem dos dias para
efeito do cálculo dos juros pro-rata-temporis ou pro-rata-die, deve prevalecer o
princípio da isonomia dos prazos, ou seja: tanto o numerador como o denominador
da fórmula deve considerar o mesmo critério de dias, se 360 dias, ou 365 dias, ou
252 dias bancários. Caso seja adotado o critério do “ano civil” de 365, será
considerado tanto para o numerador como para o denominador; e, caso seja adotado
o critério de 360 dias “ano comercial”, deve, se ter o mesmo procedimento, idem
para a quantidade de dias bancários. O perito deve estar atento à chamada “praxe
bancária” pela qual no numerador a quantidade de dias é a do ano civil (365 dias) e,
no denominador, a quantidade de dias é a do ano comercial (360 dias) ou,
alternativamente, a quantidade de dias bancários anualmente considerados, ou seja,
252 dias. Isto em 21 dias bancários por mês.

Um exemplo: O contrato de “cheque especial” estabeleceu, concomitantemente, os


seguintes parâmetros de taxas de juros:
a) fator diário de juros (capitalização diária) 1, 00239682; e
b) juros de 4,5% ao mês, debitados mensalmente.
Logo, em cada mês, teremos 21 dias assim calculados: 30 dias corridos menos 9
dias como quantidade média de dias “perdidos” por mês por causa dos domingos,
feriados republicanos, religiosos e bancários.

Um fator diário de 1,00239682 gerará a seguinte situação verdadeira:

Fator Mensal Percentual da


Dias Percentual da
Fator Diário (juros capitalizados Taxa efetiva
bancários taxa efetiva a.a.
diariamente) ao mês
Capitalização diária 1,00239682 21 1,051558 5,155813 82,809777
Juros simples 1,00239682 21 5,033322 60,399864

A diferença entre o conceito de juros simples e juros compostos, partindo do mesmo


fator diário, é evidente. Por outro lado, o que acima demonstramos nenhuma relação
tem com a taxa de juros de 4,5% ao mês conforme consta no contrato.
===========================================================
(4)
Dias bancários são os dias úteis em que há expediente bancário.
(4.1)
Juros compostos, percentual ao ano: (1,00239682^252)=1,828098; logo, (1,828098-
1*100)=82,8098%.
(4.2)
Juros simples: (1,00239682-1)*100=0,239682% ao dia, portanto, 0,239682%*21 dias
=5,033322% que, em 12 meses resulta 60,399864%

10
PERÍCIA CONTÁBIL EM MATÉRIA FINANCEIRA – Prof. Remo Dalla Zanna (MS)

Caso a intenção do contrato fosse receber 4.5% de juros ao mês em base diária, o
fator de capitalização seria 1,0014683065. Este fator resultaria, então, na taxa de
juros efetiva, ao ano, de 69,588148%. Vejamos:

Fator Mensal Percentual Percentual


Dias (juros da Taxa da taxa
Fator Diário
comerciais capitalizados efetiva ao efetiva ao
diariamente) mês ano
Capitalização diária 1,0014683065 30 1,045000 4,500000 69,588148

Como se fez para conhecer o fator diário: usando a radiciação de 1,045 por 30 dias?
Resposta usando Excel =1,045^(1/30) = 1,0014683065.

4.5. Conceito de “data de aniversário”

Para as operações financeiras continuadas (5), entende-se por “data de aniversário”,


o dia do mês em que vence a obrigação. Por exemplo, se a obrigação é do banco de
creditar juros ao saldo da Caderneta de Poupança todo dia 20 do mês, então, esta é
a “data de aniversário” desta poupança. Em sentido inverso, se a obrigação do
correntista, com saldo devedor em conta corrente garantida, mais conhecida como
“cheque especial”, é a de quitar os juros debitados todo dia 15 do mês, então, esta é
a “data de aniversário” de sua obrigação.

4.6. Exercícios Resolvidos

1) Comprei uma letra de câmbio que paga juros de 30% ao ano, compostos
semestralmente. Paguei R$ 100.000,00. Pergunta-se:
a) quanto terei daqui a 5 anos?
b) qual é taxa efetiva de juros ao mês?

Solução:

Quanto ao item a):


A taxa ao ano de 30% corresponde a 15% ao semestre. Esta é uma convenção
universalmente aceita. Portanto, usando máquina financeira, temos:

PV = R$ 100.000,00
n = 10 semestres.
i = 15% ao semestre
FV >> = R$ 404.555,77.

Quanto ao item b):


11
PERÍCIA CONTÁBIL EM MATÉRIA FINANCEIRA – Prof. Remo Dalla Zanna (MS)

Considerando os elementos já conhecidos, temos:


(5)
Operações financeiras continuadas são as que independem de novo contrato para serem
efetuadas, pois o contrato já prevê a sua continuidade automática. São operações deste tipo: o
“cheque especial”, a Caderneta de Poupança e o Cartão de Crédito.

i = 30% divididos por 2 semestres = 15% ao semestre. Logo, o fator de


capitalização semestral é 1,15. Fazendo a radiciação por 6 meses, temos: (1,15^1/6)
= (1,15^0,166667) = 1,023567 >> Este é o fator de capitalização mensal do
contrato. Subtraindo a unidade e multiplicando por 100, encontramos a taxa efetiva
de 2,3567% ao mês. Esta é a resposta à pergunta “b”.

Prova:
PV = R$ 100.000,00
n = 6 meses
i = 2,3567% ao mês
FV >> = R$ 114.999,95; ou seja, o capital aplicado de R$ 100.000,00 mais a renda
nominal de 30% ao ano, capitalizada semestralmente, gerou, no primeiro semestre,
juros de R$ 14.500,00 e o montante de R$ 114.500,00. Continuando:

(I):
PV = R$ 114.500,00
n = 6 meses
i = 2,3567% ao mês
FV >> = R$ 131.674,94, ou seja, a reaplicação de R$ 114.500,00 por mais um
semestre, considerando o que foi contratado, gerou, no segundo semestre, R$
17.174,94 de juros. Logo, o montante depois do primeiro ano é de R$ 131.674,94 e
assim, sucessivamente até o 5º ano, ou seja: 60 meses.

(II):
PV = R$ 100.000,00
n = 60 meses = 5 anos
i = 2,3567% ao mês
FV >> = R$ 404.554,04

A diferença entre R$ R$ 404.555,77 do item a e R$ 404.554,04 do item b deve-se


ao arrendamento da taxa de juros ao mês.

--------------0000000---------------

Seguem considerações técnicas a respeito deste exercício que nos foram gentilmente enviadas
pelo colega, professor e consultor, senhor Wladimir Antonio Soares de Melo – CRA 6076

12
PERÍCIA CONTÁBIL EM MATÉRIA FINANCEIRA – Prof. Remo Dalla Zanna (MS)

PA/AP. Seus pensamentos, abaixo demonstrados, receberam deste autor algumas adaptações
consideradas adequadas ao caso presente. Vejamos:

Portanto, se fizermos o cálculo inverso, transformando a efetiva mensal (2,3567%) em taxa


efetiva semestral e anual, teremos:

Isso significa que 2,3567% ao mês correspondem, efetivamente, a 32,25% e não 30% ao ano
(pois esta última é uma taxa nominal). O que confirma que a taxa efetiva é sempre superior à taxa
nominal.

Inversamente, caso usemos a taxa NOMINAL de 30% ao ano para calcularmos a taxa EFETIVA
mensal, teremos:

Contudo, se, por hipótese, aceitarmos o conceito de que a taxa EFETIVA semestral é 15%
(resultado de 30% ao ano de taxa NOMINAL dividida por 2), utilizaremos o resultado acima para
calcular – de forma equivocada - a taxa EFETIVA semestral. Observe:

Sob outra ótica: em cálculos financeiros, quando as taxas estão ao mês, é importante transformar
o prazo também em mês. Portanto, acredito que também seja analogicamente prudente calcular
uma taxa efetiva a partir de outra taxa efetiva. Do contrário, equivaleria calcular o Valor Futuro
(montante) do Valor Presente de R$ 1.000,00, com juros de 5% ao bimestre, durante 8 meses
sem transformar o prazo em bimestres. O cálculo equivocado seria:

PV = 1000
i = 5% ao bimestre
n = 8 meses
FV = 1.447,46 (Contudo, sabemos que esse cálculo não está correto)

Mas o cálculo correto deve considerar o tempo de 4 bimestres, como segue:

PV = 1000
i = 5% ao bimestre
n = 4 bimestres
FV = 1.215,51

13
PERÍCIA CONTÁBIL EM MATÉRIA FINANCEIRA – Prof. Remo Dalla Zanna (MS)

Nota relevante: Recomendamos aos nossos amigos professores, acadêmicos e


colegas em geral que tomem conhecimento do artigo “Taxa nominal e taxa
efetiva” do professor José Dutra Vieira Sobrinho, publicado às pags. 12/13 do
“ECONOMISTA” nº 34, de janeiro/fevereiro de 2011. Publicação do Conselho
Regional de Economia – 2ª Região – CORECON-SP.

2) Qual é a diferença entre a expressão de 30% de juros ao ano compostos


semestralmente e a equivalente expressão de 30% ao ano?

Solução:

No caso de serem os juros de 30% ao ano, mas capitalizados semestralmente,


temos:

30% / 2 = 15% ao semestre. O fator de capitalização semestral é 1,15. Portanto,


fazendo 1,15 * 1,15, conhece-se o montante de 1,3225. Subtraindo a unidade e
multiplicando por 100 obtém-se a taxa de juros efetiva ao ano, ou seja, 32,25%.

No caso de serem os juros efetivos em base anual, de 30% ao ano, o capital precisa
ser composto por taxa semestral inferior a 15% ao semestre, como segue:

1,30%^1/2 = 1,140175425 ao semestre. Agora, o fator de capitalização semestral


é 1,140175425. Portanto, fazendo 1,140175425 * 1,140175425, conhece-se o
montante de 1,29999999, ou seja 1,30. Subtraindo a unidade e multiplicando por
100, obtém-se a taxa de juros efetiva ao ano, ou seja, 30%.

3) A loja financia as vendas da seguinte maneira: diz que a prestação mensal é


igual ao valor à vista mais 24% de juros para pagamento em 12 parcelas mensais,
iguais e consecutivas, sem entrada. Qual é a taxa efetiva de juros?

Solução:

Imaginando que o valor à vista seja de R$ 1.000,00, os juros serão de R$ 240,00.


Então, usando a sua calculadora financeira portátil, você pode:
a) inserir 1.240,00 em FV;
b) inserir 1.000,00 em PV;
c) inserir 12 em n;
d) digitar o comando “computar” e, em seguida, digitar i;
e) o visor apresentará 1.808758249.
A taxa efetiva deste empréstimo, arredondando na segunda casa após a vírgula, é
de 1,81% ao mês.
14
PERÍCIA CONTÁBIL EM MATÉRIA FINANCEIRA – Prof. Remo Dalla Zanna (MS)

4) Uma dívida de R$ 1.000,00 deve ser paga em 12 parcelas mensais, iguais e


consecutivas, a juros de 2% ao mês. Pergunta-se:
a) Qual é o valor da mensalidade?
b) Supondo que o devedor tenha obtido liquidez que lhe permita quitar
antecipadamente a dívida e que o contrato o permita, pergunta-se: qual é o saldo
devedor após o pagamento da 5ª parcela?

Solução:

Quanto à primeira pergunta, usando calculadora financeira você pode:


a) inserir 1.000,00 em PV;
b) inserir 2% em i;
c) inserir 12 em n;
d) digitar o comando “computar” e, em seguida, digitar PMT;
e) o visor apresentará 94.55959662.
O valor da prestação mensal será, portanto, de R$ 94,56.

Já no que tange à segunda pergunta, você raciocina como sendo uma operação de
desconto de 7 parcelas (12-5 = 7) como segue
a) inserir 94,56 em PMT;
b) inserir 2% em i;
c) inserir 7 em n;
d) digitar o comando “computar” e, em seguida, digitar PV;
e) o visor apresentará 611,9914755.
Logo, o valor presente do saldo devedor é R$ 612,00.

4.7. Orientação Técnica

Como foi estudado precedentemente, o conceito de taxa real é absolutamente claro


quando visto pelo mundo da economia; todavia, os senhores advogados, em face da
ausência de sua conceituação em texto legal, continuam combatendo situações em
que a taxa do contrato ou a taxa praticada é superior a 12% ao ano, sem adentrar,
contudo, nos conceitos de taxa nominal e taxa efetiva. Esta questão não é técnica e,
assim, a postura profissional do perito-contador será no sentido de apresentar o seu
Laudo atendendo ao que foi determinado no r. despacho judicial, nos quesitos
apresentados pelas partes, mesmo que impertinentes com exclusão apenas dos
quesitos indeferidos ou, ainda, fazer os cálculos conforme lhe foi determinado na
sentença. Na ausência de orientação judicial a respeito de como deve proceder aos
cálculos e havendo dúvidas, o perito oficial pedirá ao i. magistrado, verbalmente ou
por petição, orientação de como deve proceder. No mais, se a taxa contratada for
15
PERÍCIA CONTÁBIL EM MATÉRIA FINANCEIRA – Prof. Remo Dalla Zanna (MS)

nominal, não caberá ao perito modificá-la para taxa efetiva mediante capitalização
composta. Deverá seguir exatamente conforme os termos do contrato. Se a taxa
efetiva não foi contratada, então, não deve ser calculada pelo perito do juiz. Se for
contratada de forma explícita, então, deverá aplicá-la em seus cálculos. A conversão
de taxa nominal para taxa efetiva, visando aumentar a conta dos juros
remuneratórios, se não foi explicitamente contratada, só pode ser feita pelo perito
oficial quando este procedimento for claramente determinado pelo magistrado. Esta
orientação aplica-se também para o regime de capitalização, ou seja, se a
capitalização composta não estiver taxativamente determinada em contrato,
calculará a capitalização simples. Nos casos em que o magistrado determinar a
forma de capitalização, o perito judicial seguirá rigorosamente o que for a ele for
determinado.

16
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PF 05 – edição pessoal para fins de estudo e venda em PDF


Revisado em maio/2019.

5º - MÓDULO
SELIC, TR-TBF, TJLP E SPREAD

5.1. SELIC (sistema especial de liquidação e custódia)


5.2. TR (taxa referencial), TBF (taxa básica financeira) e ori-
entação técnica pontual
5.3. TJLP (taxa de juros de longo prazo) e orientação técnica
pontual
5.4. SPREAD e orientação técnica pontual
5.5. Orientação técnica

Nota introdutória: as alterações processadas na Contabilidade Nacional ao tempo em


que era ministro da Fazenda o Sr. Guido Mantega, no primeiro governo da
Presidente Sra. Dilma Rousseff, chamadas pelo mercado financeiro de “conta-
bilidade criativa”, somadas às atuais tentativas de mudanças de rumo da nossa
economia (ano de 2015), apresentadas pelo Ministério da Fazenda coadjuvado
pelo Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão; bem como as votações
em curso no Congresso Nacional para ajustar a economia brasileira à sua pró-
pria realidade, podem afetar os procedimentos técnicos abaixo descritos sem,
todavia, alterar o propósito teórico de cada item apresentado neste 5º Capítulo.

5.1. SELIC (SISTEMA ESPECIAL DE LIQUIDAÇÃO E CUSTÓDIA)

Selic é a taxa básica de juros definida pelo Copom (Comitê de


Política Monetária) e, em seu cálculo, embute uma expectativa inflaci-
onária. Esta é a taxa média de juros ao ano, fornecida diariamente, pela
qual se conhece o “juro primário da economia” ou taxa “prime” do Sis-
1
tema Financeiro Nacional. No fim de cada dia, o sistema calcula a taxa
média ponderada por volume de todos os negócios realizados e, assim,
se conhece a taxa Selic que serve para orientar a remuneração dos
títulos públicos, negociados diariamente e liquidados em D + 0, ou seja,
até o fim do mesmo dia, por ocasião da compensação bancária. Esta é a
taxa “prime” do mercado de capitais no Brasil.
O Selic (Sistema Especial de Liquidação e Custódia) é uma
entidade do Banco Central operada pela Andima (Associação Nacional
das Instituições do Mercado Aberto). Enquanto sistema, o Selic computa
todas as operações de compra e venda de títulos públicos de proprie-
dade das instituições financeiras ou de seus clientes. São títulos emi-
tidos pelo Tesouro Nacional, pelo Banco Central do Brasil e também
aqueles emitidos pelos Tesouros Estaduais e Municipais. Todavia, na
formação da taxa Selic efetiva, são consideradas somente a compra e a
venda de títulos do Tesouro Nacional e do Banco Central do Brasil.
Quem divulga a taxa apurada pelo sistema é a Central de Custódia
e de Liquidação Financeira de Títulos (Cetip) que fornece esta infor-
mação no primeiro dia útil seguinte ao fechamento dos negócios. Esta
taxa é fornecida em percentual ao ano (% a.a.) e tem como base a
quantidade de dias úteis1, ou seja, 252 dias e não 360 dias (ano co-
mercial) e nem 365 ou 366 dias (ano civil).
O Copom, no exercício de sua função de gestor da dívida go-
vernamental e da política monetária nacional, decide a evolução da taxa
Selic. Suas decisões levam em conta as diversas variáveis que afetam
a economia do país e a liquidez do Estado como, por exemplo: a) a
média das taxas de juros que os bancos cobram um do outro para a
troca de reservas nas operações de overnight; b) a expectativa de in-
flação futura; c) o nível de reservas em dólares norte-americanos no
Tesouro Nacional; d) o balanço dos capitais externos, entrando e
saindo do país, etc. Uma das variáveis relevantes com base na qual o

1
. A quantidade de 252 dias úteis por ano é também conhecida como “dias
bancários”.

2
Copom fixa a taxa Selic são as reservas bancárias vinculadas à vari-
ação da TBF (Taxa Básica Financeira). Portanto, apesar de vários
processos judiciais requererem ao perito que atualize o saldo devedor
do contrato objeto de controvérsias com base na variação da taxa Selic,
ela não é um indexador monetário; é, efetivamente, uma taxa de juros.
Por exemplo, a taxa Selic divulgada no dia 28.09.2007 - quando o
texto acima estava sendo escrito - foi de 11,18% ao ano e de 0,887% ao
mês. Como se vê, a taxa ao ano resulta da capitalização anual da taxa
mensal, como segue:
[(0,887/100) + 1] 12 = 1,111789. Portanto, (1,111789 - 1) * 100 =
11,1789313, ou seja, 11,18% ao ano.

Conclusão: O Sistema Financeiro Nacional, capitaneado pelo


Copom/BANCO CENTRAL, tem como política o uso de taxas de juros
capitalizadas. O uso de taxas de juros lineares ou simples não é sequer
mencionado na política monetária brasileira.

5.2. TR (TAXA REFERENCIAL) E TBF (TAXA BÁSICA FINANCEIRA)


E ORIENTAÇÃO TÉCNICA PONTUAL

Um amigo me perguntou: Professsor, a TR morreu?

Eu respondi: A TR morreu, mas ainda não foi emitido o


atestado de óbito. Ou seja, ela existe para todos os con-
tratos do SFH que ainda vigem. Quem está pagando as
prestações do financiamento imobiliário cuja atualização
monetária se calcula pela TR, continuam tendo a correção
monetária pela TR, ou seja, zero. E será assim até o fim do
contrato. Este é meu pensamento baseado na decisão do
BACEN que acabou com a obrigação de se usar a TR na
correção de contratos celebrados FORA do SFH; logo, os
que estão vinculados ao SFH – DENTRO do SFH – conti-
3
nuam com a TR, que é zero há mais de um ano. Bom para
os mutuários.

Mas vamos ver um pouco da história da TR porque você


ainda se deparará com ela em seus trabalhos periciais.

A TR é uma taxa mensal de juros que muda diariamente e foi


criada no bojo do “Plano Collor II”, em 01.02.1991, com o objetivo de
conhecer a média das taxas de juros praticadas pelos 30 maiores
bancos nacionais na captação de recursos mediante a venda (ou co-
locação) de CDBs/RDBs. Atualmente, os trinta bancos brasileiros que
participam da amostra são escolhidos em função do volume de captação
de recursos mediante venda de CDBs (Certificados de Depósito Ban-
cário). Na origem, era considerada também a captação com base na
venda de RDBs (Recibos de Depósito Bancário); mas este papel foi
sendo pouco procurado pelos investidores e acabou abandonado no
cálculo da média. Os idealizadores da TR tinham em mente que esta
taxa serviria para desindexar a economia; entretanto, este objetivo não
foi atingido.
Quando de sua criação, o art. 1º, da Lei nº 8.177/1991, de 1º de
março de 1991, informa:
“O Banco Central do Brasil divulgará a Taxa Referencial (TR),
calculada a partir da remuneração mensal líquida de impostos, dos
depósitos a prazo fixo captados nos bancos comerciais, bancos de
investimento, bancos múltiplos com carteira comercial ou de in-
vestimentos, caixas econômicas, ou dos títulos públicos federais,
estaduais e municipais, de acordo com a metodologia a ser
aprovada pelo Conselho Monetário Nacional, no prazo de sessenta
dias, e enviada ao conhecimento do Senado Federal.”
Seguiram-se à lei acima citada, a de nº 8.660, de 28 de maio de
1993 e a Resolução do CMN (Conselho Monetário Nacional) nº ,2.437
de 30 de outubro de 1997, bem como a Circular do Bacen (Banco Cen-
tral do Brasil) nº 2.456, de 28 de julho de 1994. Essa legislação e normas
4
determinaram a forma de calcular o valor da TR. Seguiram-se outras
normas sempre com o objetivo de aprimorar o cálculo da TR para que
refletisse o índice da taxa de juros adequado à atualização monetária
dos contratos financeiros.
A TR, na sua origem, tinha a missão de exprimir a taxa de juros que
balizava as operações no Sistema Financeiro Nacional. Teria tido a
mesma função da taxa Prime em New York e da taxa Libor em Londres.
Portanto, jamais se pensou que viesse a ser usada como indexador
inflacionário. Por outro lado, a criação da TR implicou na extinção do
BTN (Bônus do Tesouro Nacional) e o vazio legal provocado pela ex-
tinção desse indexador dos contratos em geral e financeiros em parti-
cular, acabou sendo preenchido pela TR, que, assim, se tornou um
índice financeiro. Ou seja, a correção monetária dos contratos não
obedeceria mais a um indexador inflacionário, mas a uma taxa do custo
do dinheiro. Apesar da TR não ter sido criada para este fim, o Sistema
Financeiro convencionou reajustar o valor do extinto BTN pelo índice da
TR. Isso foi aplicado nos contratos firmados antes da vigência da Lei nº
8.177/1991 e que previam a ORTN, ou a OTN ou o BTN como “moedas”
de pagamento. Diante da extinção do BTN, o Sistema Financeiro en-
tendeu de reajustá-lo pela variação da TR e, nessa prática, não foi coi-
bido.
A taxa prefixada dos CDBs é composta de dois elementos: a) o
ganho financeiro propriamente dito, o juro; e b) uma compensação que
corresponde à estimativa de inflação futura. O prazo mínimo desses
papéis, quando negociados com taxa de juros prefixada, foi de 30 dias
até 01.08.1999. Com o objetivo de promover o interesse do investidor
por aplicações a prazos mais longos que 30 dias, a partir de 02.08.1999,
esses investimentos deixaram de ter prazo mínimo. A vantagem ofere-
cida pelo Governo para papéis com vencimento a 60 ou mais dias da
data de sua emissão foi a redução do Imposto sobre Operações Fi-
nanceiras (IOF) proporcionalmente ao prazo de vencimento da aplica-
ção. Já para os fundos de investimento e demais aplicações de
renda fixa, no que tange ao Imposto de Renda incidente sobre a renda

5
auferida (juros), adotou-se um critério de tributação decrescente, de
acordo com o prazo de permanência dos recursos na aplicação, como
segue:
recursos aplicados por até 6 meses: 22,5%,
recursos aplicados de 6 até 12 meses: 20%;
recursos aplicados de 12 até 24 meses: 17,5%; e
recursos aplicados por tempo superior a 24 meses: 15%.
Outros CDBs passaram a ser negociados por uma taxa pós-fixada;
também chamada de taxa flutuante. Esta taxa flutuante não é fixada de
maneira aleatória, pois a instituição financeira que os vende, com esta
alternativa de juros, deve calcular a taxa mensalmente e informá-la aos
investidores. O cálculo leva em conta as taxas prefixadas pelo mercado
e também outras taxas como a taxa DI over, etc.
O fato de a taxa de juros de CDBs conter, em sua formação, uma
expectativa de inflação é relevante para a perícia porque a TR, sendo
formada pela média das taxas de CDB com taxas prefixadas oferecidas
aos investidores de pequenas quantias, contém, além de juros, uma
expectativa de inflação e uma expectativa de risco. É por isso que a TR
não pode ser considerada como se fosse um índice que reflete apenas a
inflação de determinado período, pois, em sendo uma taxa de juros
(média) de mercado, inclui:
i) renda do capital;
ii) risco de crédito; e
iii) estimativa de inflação.
A maneira de calcular a TR (a sua fórmula matemática usada para
calculá-la) mudou várias vezes e, a partir de 29.07.1994, foi incorporado
um redutor de 30%. Assim ajustada, a TR passou a definir o rendimento
das Cadernetas de Poupança e os encargos do SFH (Sistema Finan-
ceiro da Habitação); atuando, da mesma forma, nas duas pontas do
Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimos. O redutor aplicado pelo
BACEN, que corresponde ao percentual de inflação embutido na for-
6
mação da Taxa Básica Financeira (TBF), tem o objetivo de expurgar a
expectativa de inflação contida nas taxas praticadas pelo mercado. Ini-
cialmente, este redutor foi determinado com sendo de 30%. Porém,
levando em conta que a inflação estimada tem caído nos últimos 10
anos, foi necessário que o BACEN fosse alterando, paulatinamente, o
percentual de redução a fim de que a TR pudesse ser uma taxa de juros
mais próxima possível do conceito de “juro real” da economia e servisse
ao escopo social de ser: (i) na ponta da captação, a remuneração
adequada da poupança popular - cadernetas de poupança -; e (ii) na
ponta da aplicação, a taxa de juros adequada ao financiamento da ha-
bitação popular. A partir desse conceito, deixou de ser a taxa prime do
mercado financeiro para servir apenas ao Sistema Brasileiro de Pou-
pança e Empréstimos (SBPE).
É interessante observar que os contratos de financiamento habi-
tacional, ligados ao Sistema Financeiro da Habitação (SFH), não es-
tabelecem que o saldo devedor deva ser atualizado por qualquer
um dos índices pelos quais se mede a inflação, como por exemplo:
IPC, INPC, IGP-M, etc. Esses contratos, do SFH, fixam como indexador
o mesmo que for aplicado aos depósitos em Cadernetas de Poupança.
Este é o fundamento da nossa política habitacional. Sendo assim, no
que tange ao indexador monetário aplicado, não há lucro para os
agentes do sistema uma vez que aplicam para os fornecedores dos
fundos (caderneta de poupança) a mesma correção monetária que
aplicam ao saldo devedor dos que tomam esses mesmos recursos para
adquirir a própria moradia. A diferença entre o que o SFH paga aos
poupadores e o que cobra dos mutuários é somente a taxa de ju-
ros, pois enquanto que a Caderneta de Poupança rende a taxa
nominal de 6% ao ano, os empréstimos, feitos sob o manto prote-
tor do SFH, podem pagar juros nominais de até 12% ao ano.
Posteriormente, o Poder Judiciário, nas ações que lhe foram pro-
postas, entendeu de substituir a TR, ainda que indiretamente pactuada
em contratos, pelo INPC, este sim, um indexador inflacionário.
De acordo com a Lei nº 9.069, de 29.06.1995, artigo 27, § 5º:
7
“A Taxa Referencial - TR somente poderá ser utilizada em ope-
rações realizadas nos mercados financeiros, de valores mobiliá-
rios, de seguros, de previdência privada, de capitalização e de
futuros.”

Se considerarmos a decisão judicial acima, entende-se que a TR


não se aplica às operações de crédito comercial, industrial, rural, habi-
tacional e pessoal de qualquer tipo ou natureza. Todavia, esse enten-
dimento não é unânime. O E. Tribunal de Justiça do Estado de São
Paulo admitiu a legalidade da cobrança da TR:
“Realmente, a TR vem a ser índice oficial, com divulgação diária e,
como anotou o eminente desembargador Sabino Neto, em relação
à matéria, taxa referencial também é de rigorosa aplicação a partir
de 1º.02.1991, porque: a) bem ou mal, mal ou bem, substitui o IPC,
como decorre de induvidosa interpretação da Lei nº 8.177/1991; b)
a partir de sua edição, foi instituído como sistema único de atua-
lização de obrigações com cláusula de correção monetária (dívidas
de valor e outras expressamente previstas na legislação federal),
em relação ao qual se é sempre possível medir a alteração numé-
rico-quantificativa do movimento econômico.” (Apelação nº
605.486-2, DOJSP, 30.04.92, p. 43, precatório relativo ao processo
nº 147/1982, oriundo da 10ª Vara da Fazenda Pública.)
Quanto à legalidade da TR como indexador dos contratos de fi-
nanciamento habitacional vinculados ao Sistema Financeiro da Habi-
tação, não há dúvidas na medida em que a sua aplicação é uma impo-
sição legal a ser seguida pelos agentes do SFH. O que o Superior Tri-
bunal de Justiça sentenciou foi que nenhum índice de correção mone-
tária, já convencionado em contrato poderia ser modificado por força de
Lei nova, sem prévio consentimento das partes, sob pena de ofensa ao
artigo 5º, XXXVI da Constituição Federal. O que foi considerado in-
constitucional foi a aplicação da TR em contratos anteriores à sua vi-
gência visto que ofende o direito adquirido. Isto é, a TR, como indexador
dos depósitos em Cadernetas de Poupança, deve ser usada para in-
dexar o saldo devedor dos contratos de financiamento habitacional
8
protegidos pela legislação do SFH, desde que firmados após a data de
sua criação, isto é, a partir de em 1º.02.1991. A TR é resultado da TBF.
Recentemente, em 07/2018, uma decisão do Conselho Monetário
Nacional – CMN retirou da TR a função de indexador do Sistema Fi-
nanceiro Habitacional e desde então seu índice nada rendeu porque
permaneceu sempre o mesmo.
Ao anunciar a mudança acima mencionada, o BACEN acabou com
a obrigatoriedade de utilização da TR na correção monetária de con-
tratos celebrados fora do SFH. Logo, a partir de 2019 os bancos estão
liberados para fomentar o crédito imobiliário por meio de taxas de
mercado.
Na prática a TR foi extinta porque o mercado financeiro não mais a
usa como indexador monetário. Demorou as autoridades, até que em
fim, entenderam que a TR nunca poderia ter sido um indexador mone-
tário por não refletir a variação do poder aquisitivo da moeda.

A TBF (Taxa Básica Financeira) também é uma taxa mensal de ju-


ros que muda diariamente.
A divulgação da taxa pelo BACEN ocorre no dia seguinte ao “dia de
referência”, ou seja, dois dias depois de ter sido praticada, como média,
pelo mercado e a informação é feita em percentual (%) ao mês. A TBF é
calculada inclusive para os dias não úteis. Foi instituída pelo Banco
Central em junho de 1995 com o propósito de aumentar o prazo de
vencimento da dívida pública.
Esta taxa de juros é mais alta que a TR porque não tem redutor
inflacionário “R” e foi instituída para incentivar o sistema financeiro a
comprar títulos governamentais com prazo de vencimento maior que o
que até então se praticava no overnight. Tendo, pois, como objetivo
alongar o perfil da dívida federal, tinha que oferecer mais juros que a TR.
Por isso, a TBF é utilizada exclusivamente como base de remuneração

9
de compra de títulos federais com prazo de vencimento igual ou su-
perior a 60 dias.
O Banco Central do Brasil, incumbido de divulgar a TR (Taxa Re-
ferencial), segue a seguinte orientação legal original:
“1. Para fins de cálculo da Taxa Básica Financeira (TBF) e da
Taxa Referencial (TR) de que tratam os artigos 5º da Medida
Provisória nº 1.540-29, de 02.10.97; 1º da Lei nº 8.177, de
1º.03.1991; e 1º da Lei nº 8.660, de 28.05.93, será constituída
amostra das 30 (trinta) maiores instituições financeiras do
País, assim consideradas em função do volume de captação de
certificados e recibos de depósito bancário (CDB/RDB), dentre
bancos múltiplos com carteira comercial ou de investimentos,
bancos comerciais, bancos de investimentos e caixas econômi-
cas, observando que: (Res. 2.437, art. 1º, §§ 1º e 2º).
2 - A TBF e a TR são calculadas a partir da remuneração
mensal média dos CDB/RDB emitidos a taxas de mercado
prefixadas, com prazos entre 30 (trinta) e 35 (trinta e cinco) dias,
inclusive, observando que: (Res. 2.437, art. 2º, § 1º/6º)
(...)
6 - Para cada TBF obtida segundo a metodologia descrita nos itens
3/5, é calculada a correspondente TR, pela aplicação de um
redutor “R”, de acordo com a seguinte fórmula: (Res. 2.437, art.
4º; e Res. 2.459, art. 1º) (g. n.).
Então, para cada TBF obtida de cada uma das 30 instituições que
compõem a amostra, o BACEN calcula a TR. Agora, a TR será calcu-
lada, considerando a quantidade de dias úteis do período de referência
em relação ao ano que tem 252 dias úteis. A sequência de fórmulas é a
seguinte:
TR = 100 x [(1+TBF/100) / R] - 1  igual à supracitada.
Sendo “R” = {a + (b x [TBF/100))); onde:
a = 1,005; e

10
b = valor determinado de acordo com a TBF obtida conforme tabela:
- se TBF estiver entre 11,0% e 10,5% ao ano, então b = 0,32;
- se TBF estiver entre 10,5% e 10,0% ao ano, então b = 0,31;
- se TBF estiver entre 10,0% e 9,5% ao ano, então b = 0,26; e, por
fim,
- se TBF estiver entre 9,5% e 9,0% ao ano, então b = 0,23.
Como se vê, o método de cálculo da TR foi aperfeiçoado, pois o
redutor “R” depende da TBF que, como já vimos, embute uma expecta-
tiva inflacionária que precisa ser expurgada para se conhecer o valor da
TR. O método atual prevê que quanto menor for a TBF, menor será a
expectativa de inflação nela embutida.
Por sua vez, o cálculo da TBF é feito, resumidamente, da seguinte
forma:
Para cada dia do mês, chamado “dia de referência”, o Bacen deve
calcular e divulgar a TBF para o período de um mês, com início no
próprio dia de referência2 e término no dia correspondente ao de refe-
rência no mês seguinte. A TBF é calculada pelos dias corridos do mês,
ou seja, inclusive para sábados, domingos e feriados.
Então,
1. a partir de informações recebidas on-line dos 30 bancos da
amostra, o Bacen multiplica a taxa de juros de cada emissão de
CDB/RDB pelo valor de emissão;
2. soma os produtos do item precedente;
3. divide a soma dos produtos do item precedente pela soma dos
valores de emissão de forma que o resultado é a média arit-
mética ponderada.

2
. É necessário que o cálculo inclua o "dia de referência" porque este dia
já é o dia seguinte àquele em que as taxas de juros foram praticadas
pelo mercado.

11
Veja exemplo muito simplificado para calcular a média ponderada
da TBF:
Valores em Reais
Valor da Emissão de Taxas médias de juros Valor dos
Banco (*)
CDBs no dia ao mês juros

A 20.000,00 1,21% 242,00

B 17.000,00 1,15% 195,60

C 42.000,00 1,15% 483,00

D 12.000,00 1,06% 127,20

“n” 28.000,00 1,12% 313,60

SOMA 119.000,00 1.361,40

(*)
Médias ponderadas por banco.

TBF = (1.361,40/119.000,00) x 100 = 1,144033% ao mês ou


14,626016% ao ano.
Taxa TBF diária  [(14,626016/100)+1]^1/252 =
0,00396825
1,14626016^ = 1,000541831; portanto, (1,000541831 - 1) * 100
= 0,054183% ao dia.
Como vimos a TR é a TBF com redutor “R”. Digamos que este
redutor seja 0,31. Portanto,
R = (a + (b* (TBF/100))); portanto, R = (1,005 +
(b*(14,626016/100))); logo, R = (1,005 + (0,31*0,14626016)); isto é, R =
(1,005 + 0,04534065); ou seja, R = 1,050341.
Assim, sendo, o fator da TR é igual a = ((14,626016/100)
+1)/ 1,050341; ou seja, fator da TR = 1,0913219. Portanto, TR =
((1,0913219)^1/12) - 1) x 100, isto é, a TR mensal, neste exemplo
simplificado e para fins meramente didáticos, é de 0,73%.
12
Neste momento, é importante lembrar os seguintes pontos:
a) a TR se destina a remunerar os depósitos em Cadernetas de
Poupança, acrescida de juros de 0,5% ao mês, mediante ca-
pitalização composta. Consequentemente, é usada para cor-
rigir monetariamente os saldos devedores dos financiamentos
habitacionais vinculados ao Sistema Financeiro da Habitação;
b) a TBF representa a renda média paga pelos bancos quando
captam recursos mediante a colocação de CDBs e RDBs junto
aos investidores do mercado financeiro.
No que tange ao trabalho pericial, apesar do que acima foi expli-
cado e exemplificado, existem ações judiciais que requerem do perito
judicial o cálculo de saldos devedores de contratos financeiros com base
na evolução da TBF ou com base na TR, mas, como vimos ambas não
são indexadores monetários.
A “TR travada”
Em face das centenas de milhares de ações judiciais em anda-
mento que questionam os critérios de remuneração aplicados pelo SFH
que, no entender de muitas pessoas, favorecem os bancos e prejudicam
os mutuários, o Conselho Monetário Nacional definiu, no âmbito do SFH,
o conceito de taxa de juros pré-fixada. A essa taxa de juros pré-fixada
deu-se o nome de “TR travada”. Quem a determina, todo mês, é o Banco
Central com base na média das TRs diárias dos três meses anteriores.
Além da “TR travada”, o banco pode acrescentar juros reais de até 12%
ao ano. O uso de taxa de juros fixa para o financiamento habitacional,
típico financiamento de longo prazo, é mundial. Com este procedimento,
em nosso país também é possível contratar um financiamento para
aquisição de moradia, conhecendo-se, a priori, quanto será pago em
cada mês.
Em 29/06/2006 o BACEN via Sisbacen, divulgou o valor da primeira
Taxa Referencial (TR) travada no percentual fixo de 2,2832% ao mês.
Considerando a taxa de juros de 12% ao ano, temos que os juros pos-
síveis de serem cobrados, em um financiamento do SFH, correspondem
13
a 14,5572% ao ano.
Cálculo:
2,2832% 12,0000% 0,022832 0,120000
1,022832 1,120000 1,145572

A TR Travada é calculada sempre com base na média aritmética da


variação diária da TR nos 90 (noventa) dias que antecedem o mês do
contrato habitacional. Este procedimento técnico permite ao mutuário
conhecer o valor fixo das prestações de seu financiamento pelo SFH. O
Governo oferece três alternativas:
(a) TR mais juros de no máximo 12% ao ano (como já era);
(b) Apenas juros de 12% ao ano;
(c) TR "travada" mais juros de até 12%;
Nos dois últimos casos, as prestações tornam-se fixas e o mutuário sabe
exatamente o valor dos desembolsos que vai fazer mensalmente.
A TR travada é divulgada pelo BACEN para viger no mês seguinte, ou
seja, no mês em que for assinado o contrato habitacional.

5.3. TJLP (TAXA DE JUROS DE LONGO PRAZO) E ORIENTAÇÃO


TÉCNICA PONTUAL

A Taxa de Juros de Longo Prazo (TJLP) foi criada pela Medida


Provisória nº 684, de 31.12.1994; mas já havia sido regulamentada pela
Resolução BACEN nº ,2.121 de 30.11.1994. Daquela data até hoje, so-
freu ajustes e melhorias sempre com o propósito de favorecer os inves-
timentos nos setores de infraestrutura mediante a concessão de finan-
ciamentos e empréstimos (saídas de recursos) destinados ao desenvol-
vimento econômico. Trata-se, portanto, de uma taxa reduzida em rela-
ção às demais taxas praticadas pelo mercado. Os três canais usados
pelo BNDES para conceder empréstimos e financiamento são o Finame,
o Finem e o BNDES AUTOMÁTICO. O fundign dos recursos repassados
14
com base na TJLP provém dos depósitos compulsórios do Fundo de
Participação PIS (Plano de Integração Social) e PASEP (Programa de
Assistência ao Servidor Público), do Fundo de Amparo ao Trabalhador
(FAT), do Fundo da Marinha Mercante (FMM) e de aportes do orça-
mento da União.
A TJLP é definida pelo Conselho de Política Monetária (Copom)
como um taxa de juros ao mês. Sua divulgação compete ao Banco
Central. Apesar de ser uma taxa mensal, sua aplicação é fixa em cada
trimestre civil: 31/12; 31/03; 30/06 e 30/09. A partir da Medida Provisória
nº 1.921 e Resolução nº 2.654, ambas de 30.09.1999, passou a ser
calculada com base em dois parâmetros, como segue:
i) a meta de inflação fixada pelo Conselho Monetário Nacional
(CMN), calculada pro rata para os doze meses seguintes ao
primeiro mês de vigência da taxa, inclusive, se baseia na
evolução da inflação avaliada pelo IPCA (Índice de Preços ao
Consumidor Ampliado); mais
ii) um prêmio de risco que incorpora um percentual equivalente à
taxa de juro real internacional e um percentual equivalente ao
“risco Brasil” numa perspectiva de médio e longo prazo.
Um exemplo simplificado apenas para entender o mecanismo (que
é mais complexo do que este exemplo) é o seguinte: digamos que a
meta de inflação seja de 3,5% ao ano e que o risco seja avaliado em 6%
ao ano. A TJLP formada com estas duas variáveis corresponde a 9,71%
ao ano, assim calculada: [(1,035 x 1,06) - 1] x 100 = 9,71% ao ano. A
fórmula de cálculo efetivamente adotada pelo Bacen tem sido alterada
várias vezes nos últimos dez anos para que a TJLP resultante de sua
aplicação seja a expressão fidedigna do conceito de taxa de juros de
longo prazo.
A metodologia de cálculo dos contratos do BNDES atrelados à
TJLP é tal que o custo financeiro para o tomador corresponde à TJLP
mais um spread que varia de acordo com o estabelecido nas Políticas
Operacionais do Sistema BNDES e o risco do cliente. Além disso, a

15
parcela da TJLP que exceder a 6% ao ano é capitalizada com base em
taxa diária calculada para o ano comercial de 360 dias. Em outras pa-
lavras, pode-se dizer que os saldos devedores dos contratos de finan-
ciamento ou de empréstimo viabilizados junto ao BNDES, quando a taxa
de juros é maior que 6% ao ano, contam com um indexador monetário
que tem por base a própria TJLP e cujo mecanismo é igual ao da TR.
Conclui-se, assim, que a TJLP, na sua função de custo para o
tomador dos recursos, é diferente de contrato para contrato.

5.4. SPREAD E ORIENTAÇÃO TÉCNICA PONTUAL

Por Spread, uma palavra inglesa, entende-se a diferença que


existe entre o custo de captação: taxa de juros paga pelo banco aos
investidores e a receita bruta de suas aplicações em empréstimos e
financiamentos de qualquer natureza, ou seja, a taxa de juros que o
banco recebe dos mutuários/financiados. Os bancos ganham na dife-
rença entre o que pagam pelos fundos captados e o que recebem pelo
dinheiro que emprestam. O sistema bancário vive do spread. Esta di-
ferença é o seu lucro bruto. Depois de deduzidos os impostos e as
despesas operacionais, o sistema bancário obtém o resultado líquido
que pode ser um lucro líquido quando a receita bruta supera a soma dos
custos diretos, dos custos indiretos, dos tributos e das despesas ope-
racionais, ou pode ser um prejuízo quando o inverso ocorre. Portanto,
para o resultado dos bancos pouco importa se a taxa é Selic, TR, TBF,
TJLP ou outra taxa que tenha por escopo a gestão das contas do go-
verno e da economia nacional. O que importa para o banco é o spread
que consegue em suas operações. Outra importante fonte de receitas
do sistema bancário é a cobrança de tarifas e de taxas por serviços
prestados aos clientes e a todos que usam seus serviços.
Uma das teses quase sempre levada aos autos pelos advogados
que defendem os interesses dos devedores é que a rentabilidade de
uma operação financeira, o spread, não poderia ser maior que 1/5 -
(20%) - do valor patrimonial da coisa envolvida na transação. Quando
16
ultrapassasse este percentual de 20%, estaria configurado o evento
denominado abusividade que, em face da Lei da Economia Popular
(Lei nº 1.521/1951), é considerado crime.
Nas atividades comerciais, é fácil de entender o espírito da lei, ou
seja, se o bem comprado, conforme consta em nota fiscal, custou R$
10,00 por unidade e se a este custo primário (custo direto) for somado,
por rateio, o custo indireto do negócio (administração, luz, aluguel, água,
empregados, etc.) de mais R$ 10,00, somando os dois custos teremos o
custo unitário de R$ 20,00. Segundo a lei da economia popular, esse
item só poderia ser vendido por R$ 24,00, ou seja, com 20% de lucro
sobre o custo total. Mas, nos negócios bancários, o preço ou o custo são
indicados em percentual e ambos são taxas de juros. Neste momento,
surge a pergunta que a lei não responde: esse percentual de 20% de
juros, entendidos como sendo o lucro do banco, seria ao ano? Se assim
for, há conflito entre quem pretende que o spread seja de 20% (ao ano)
sobre o custo de captação e administração bancária e aqueles que ad-
vogam que a taxa de juros não pode exceder 12% ao ano.
A Lei nº 1.521, do ano de 1951, especialmente em seu artigo 4º,
§ 3º, determina:
“A estipulação de juros ou lucros usurários será nula, devendo o
juiz ajustá-la à medida legal ou, caso já tenha sido cumprida, or-
denar a restituição da quantia paga em excesso, com juros legais a
contar da data do pagamento indevido.”
Tendo por base o texto legal acima, o advogado do devedor que
estiver movendo, por exemplo, uma Ação Declaratória de Revisão de
Cláusula Contratual, cumulada com Repetição de Indébito e com
Pedido Liminar de Tutela Antecipada, pretenderá por meio da for-
mulação de quesitos, que o Perito Judicial faça uma comparação entre
as taxas de juros pagas pelo banco aos seus investidores - taxa de juros
paga em casos de venda de CDBs, - e a taxa de juros cobrada no con-
trato de financiamento guerreado nos autos do processo. Os contadores
sabem que esta comparação é improcedente, pois os custos e as
despesas das instituições financeiras não se limitam aos juros pagos
17
aos investidores em CDBs. Sabem que além deste custo primário,
existem todos os demais custos de funcionamento da instituição finan-
ceira, inclusive os tributários e o risco de crédito. Há que se considerar
também que os bancos, diferentemente das empresas comerciais, in-
dustriais e demais empresas ou entidades que não pertencem ao sis-
tema bancário, são obrigados a recolher em conta gráfica, ao Banco
Central do Brasil, parte dos recursos captados, segundo percentual
vigente em cada época. Este percentual de “depósito compulsório” varia
segundo a política econômica vigente e, obviamente, os recursos des-
tinados ao “depósito compulsório” não podem ser emprestados aos
tomadores ou mutuários, sobrecarregando, assim, o custo da parte livre
para empréstimos e financiamentos. Assim sendo, segundo a tese dos
senhores advogados que defendem os interesses dos bancos, o spread
de 20% do CDB não se aplica aos negócios bancários, pois contraria
todo o ordenamento econômico, financeiro e jurídico que regula a ati-
vidade do Sistema Financeiro Nacional.
Entre outros fatores que compõem o preço de uma mercadoria, a
questão que a legislação não resolveu foi como se procede para de-
terminar o “preço de custo” e definir o que se entende como tal - Os
contadores, os economistas e os administradores sabem que o “custo”
de um bem não se mede apenas com base em seu custo direto que
corresponde ao valor pelo qual a mercadoria foi comprada ou produzida,
pois existem os custos indiretos e as despesas operacionais a serem
computadas quando da formação do “preço de venda”.
Em nossa opinião, 20% (vinte por cento) de lucro líquido sobre o
valor de vendas líquidas, segundo conceito contábil, afiguram-se um
excelente resultado empresarial. Um percentual de fazer inveja a muitas
empresas que passam anos e anos tendo uma lucratividade sobre
vendas líquidas inferior a 20% ao ano. Ainda sob o ponto de vista es-
tritamente contábil, um patrimônio líquido que gera, para os acionistas,
20% de resultado líquido após o Imposto de Renda, também é um
percentual altamente atraente na medida em que repõe o capital apli-
cado em 5 anos. Todavia, 20% de lucro bruto sobre vendas, em quase

18
100% dos casos examinados, é tão pouco que levará a empresa à
bancarrota em aproximadamente de 3 anos.
Então, a questão é a seguinte: quando a Lei da Economia Popular
nº 1.521, do ano de 1951, fala em 20% de margem de lucro sobre o
custo, de que custo estaria falando? - Enquanto esta pergunta não for
respondida em lei que cuide de defini-lo o perito, contador nada terá a
dizer.
Em face do que acima foi dito, sugere-se, a seguir, um texto que
poderia ser usado em laudos quando o Perito Judicial se defronta com
quesitos que o interpelam sobre a questão do spread vis-à-vis com a Lei
da Economia Popular.
A Questão do Spread pela Ótica Econômica (texto extraído de
um laudo)
Tendo por base o trabalho “Juros e Spread Bancário no Brasil”,
disponível no site do Banco Central do Brasil, elaborado pelo seu
Departamento de Estudos e Pesquisas - DEPEP, datado de ou-
tubro de 1999, este auxiliar, como único escopo de bem servir a V.
Exa., tece as seguintes considerações:
por spread entende-se a diferença existente entre o custo de
captação de recursos e a taxa de juros de empréstimos prati-
cada pelo Sistema Financeiro;
o custo de captação varia segundo a modalidade de captação
podendo variar de 0% (zero por cento) - caso dos depósitos à
vista nas contas correntes de movimento dos clientes da ins-
tituição financeira -, até algo em torno de 2% ao mês, com pico
de 4,5% ao mês entre abril e junho de 1995;
a renda bruta auferida pelo Sistema Bancário, no mesmo pe-
ríodo, mediante empréstimos às pessoas jurídicas, girou em
torno de 5,5% ao mês, com pico de 10% ao mês entre Abril e
Junho de 1995;
a composição do "spread" no período estudado pelo Bacen foi

19
a seguinte:

-para cobrir os custos com a inadimplência dos to- 35%


madores de empréstimos em geral

-para cobrir impostos indiretos, inclusive a CPMF, 25%


mais Imposto de Renda da Pessoa Jurídica e mais
Contribuição Social sobre o Lucro

-para cobrir os custos com a administração do negócio 22%


bancário

-Lucro do banco 18%

SOMA 100%

encerrando a elucidação deste tema reproduzimos a parte da


tabela que consta no estudo suprarreferido, relacionada, pre-
cisamente, com o custo de captação mediante a venda de
CDBs, como esgrimido pelos ilustres patronos da empresa
devedora.
Como vimos, o spread tem um papel importante no giro dos ne-
gócios, pois é graças a ele que o sistema financeiro consegue funcionar
e emprestar dinheiro às empresas, tanto para capital de giro como para
investimentos e, isto, movimenta a economia, gera empregos, propor-
ciona o pagamento de impostos e faz crescer o PIB.
Por outro lado o que eleva o spread são: (1) instabilidade políti-
co/econômica; (2) elevada dívida pública;(3) a exagerada quantidade de
leis regulatórias das atividades econômicas; (4) a ineficiência do Poder
Judiciário; (5) a burocracia do Poder Executivo e (6) a atuação do Poder
Legislativo sempre em desfavor do povo e da nação, mas em benefício
próprio.

TABELA 1 - CUSTO DOS EMPRÉSTIMOS E COMPOSIÇÃO DO SPREAD

20
Médias trimestrais maio/julho 1999

Pessoa
Geral
Jurídica
Discriminação
Média Total* Média*

Custo ao tomador (% ao mês) 5,17% 4,31%

Taxa de captação CDB (% ao mês) 1,60% 1,60%

Spread (% ao mês) 3,58% 2,72%

-Despesa Administrativa 0,79% 0,52%

-Impostos Indiretos (+ CPMF) 0,50% 0,35%

-Inadimplência 1,25% 1,09%

-IR / CSL 0,39% 0,28%

-Lucro do banco 0,65% 0,48% (g.n.)

Fonte: DEPEP-SP, in “Juros e Spread Bancário no Brasil” (Bacen)


* Obtida a partir de uma amostra de 17 grandes bancos privados
responsáveis por quase 2/3 dos créditos concedidos pelo segmento
privado (...).

A verdade é que os recursos bancários classificados como crédito


3
livre podem ser emprestados a taxas livremente pactuadas entre o
banco e as pessoas, física e jurídica, tomadoras. Outra verdade é que o
custo do crédito (taxa de juros para empréstimos e financiamentos) da
economia nacional depende da taxa básica estabelecida pelo BACEN,

3
. Estão excluídos deste conceito os recursos aplicados pelo BNDES, os
destinados ao crédito rural e habitacional, os créditos vinculados de
e para órgão do governo e outros cujo destino está determinado em lei.
21
ou seja, dependem da taxa Selic, do volume recolhido pelo sistema
bancário como depósito compulsório, do percentual de inadimplência
bancária, das condições legais e jurídicas para recuperar os emprésti-
mos não liquidados, da carga tributária incidente sobre operações de
crédito e do grau de confiabilidade que os agentes econômicos têm no
futuro da economia e de sua estabilidade.
Outra constatação relevante é que o spread não é um só para to-
dos os tipos de financiamento e varia entre pessoas jurídicas e pessoas
físicas; sendo quase o dobro para estas do que para aquelas. A expli-
cação para esta situação é que as pessoas jurídicas, geralmente, ofe-
recem melhores garantias que as pessoas físicas e, assim, a taxa de
risco embutida no custo do dinheiro é menor. Quanto menor a garantia,
maior é a taxa de juros e vice-versa.
Por fim, é também verdade que o spread é um assunto político na
medida em que o BACEN como órgão fiscalizador do sistema financeiro,
poderia estabelecer parâmetros de custo e de lucro para a atividade
bancária, exercendo, pois, com mais energia e profunda serenidade a
função interventora que lhe é outorgada pela Constituição Federal.

Segue contribuição da colega: MARIANA PETRECONI SERVILLE RAMOS

ESTRUTURA BÁSICA DO SPREAD BANCÁRIO


(tabela extraída material FIPECAFI)
ESTUDO SOBRE A ESTRUTURA DA TAXA DE JUROS NO BRASIL
APURAÇÃO DO SPREAD DA INDÚSTRIA BANCÁRIA

RESULTADOS
A) Receita Financeira de Aplicação
• Operações de Crédito
• Direcionamento
B) Despesa de Captação
• Recursos de Terceiros
• Resultado na Captação
C) SPREAD BRUTO (RESULTADO BRUTO) (A – B)
D) Despesas Operacionais Diretas (x)
• Impostos s/ Operação
22
• Inadimplência
• Outras
E) SPREAD DIRETO (C – D)
F) Despesas Operacionais Indiretas
G) SPREAD Antes IR/CSLL (E – F)
H) Provisão para IR e CSLL
I) SPREAD LIQUIDO (RESULTADO LÍQUIDO) (G – H)

5.5. ORIENTAÇÃO TÉCNICA

Orientação sobre a TR: O uso ou não da TR como indexador, como


foi visto acima, converte-se em uma questão de mérito, cabendo, pois,
ao i. magistrado sentenciar o que for de direito. Em sua decisão, o ma-
gistrado poderia, em tese, admitir a TR como indexador a partir de certa
data e, em datas anteriores, admitir como sendo correto que a indexa-
ção seja feita pela variação o INPC, isto principalmente nos financia-
mentos habitacionais de longo prazo. Então a postura profissional do
perito judicial será no sentido de apresentar o seu laudo, atendendo ao
que foi determinado no r. despacho judicial ou na sentença. Na ausência
de orientação judicial a respeito de como deve proceder aos cálculos, o
perito pedirá ao i. magistrado - verbalmente ou por petição - orientação
ou, alternativamente, poderá apresentar os cálculos de duas maneiras,
com atualização monetária de acordo com o índice da TR e com atua-
lização monetária de acordo com o índice pugnado pelo financiado,
sendo esse, geralmente, o INPC (Índice Nacional de Preços ao Con-
sumidor), divulgado pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Esta-
tística), para que o i. magistrado, diante dos dois cálculos, decida o que
for de direito. O uso ou não da TBF como indexador nos contratos fi-
nanceiros em geral também é uma questão de mérito pelo fato de ser
uma taxa possível de ser aplicada somente aos negócios com prazo
igual ou superior a 60 (sessenta) dias. Então, a postura profissional do
perito-contador será igual àquela acima recomendada ou, alternativa-
mente, com o propósito de atender aos quesitos não rejeitados pelo
magistrado, poderá apresentar os cálculos de duas maneiras:
(i) com atualização monetária conforme índice da TBF; e
23
(ii) com atualização monetária conforme índice pugnado pela ou-
tra parte para que o i. magistrado decida o que for de direito.
Orientação sobre a TJLP: os contratos financeiros com base na
TJLP têm suas regras muito bem definidas em leis e resoluções do
Bacen. Quem dá o crédito (o financiamento ou o empréstimo à empresa)
é o agente financeiro do BNDES. O banco, na sua função de agente do
BNDES, deve fazer constar, em contrato, aqueles dispositivos legais
que fundamentam a TJLP. Assim sendo, quando o contrato prevê
quaisquer outros acréscimos não regulamentados em lei, em resolução
do BACEN ou em norma do BNDES, entendemos que está criada uma
questão de mérito a ser apreciada pelo i. magistrado. Então, a postura
profissional do perito-contador será no sentido de apresentar o seu
laudo atendendo ao que foi determinado no r. despacho judicial, na
formulação dos quesitos ou na sentença. Na ausência de orientação
judicial a respeito de como deve proceder aos cálculos, o peri-
to-contador pedirá ao i. magistrado - verbalmente ou por petição - ori-
entação ou, alternativamente, poderá apresentar os cálculos atendendo
aos termos do contrato e também atendendo às teses defendidas pelas
partes para que o i. magistrado decida o que for de direito.
Orientação sobre o spread: nos casos em que ao perito for soli-
citado determinar qual é o spread do Banco e, não podendo furtar-se a
atender a este quesito, valer-se-á das estatísticas elaboradas pelo ente
financeiro (banco) que são objeto de fornecimento obrigatório ao Bacen.
Não tendo êxito em obtê-las diretamente do banco, peticionará ao ma-
gistrado para que o BACEN seja intimado a apresentá-las nos autos do
processo a fim de que possam ser feitos os exames e os cálculos ne-
cessários à perícia. O pedido do perito deverá ser cautelosamente
elaborado para que os custos de captação dos recursos emprestados ao
devedor correspondam às linhas de funding que deram origem ao em-
préstimo e correspondam à época (mês e ano) em que o empréstimo foi
concedido. A este custo primário (direto) do dinheiro emprestado,
agregará uma taxa razoável de custos indiretos, despesas operacionais
e tributárias para, só então, proceder à comparação com a taxa de juros

24
do contrato e calcular o diferencial, se maior, menor ou igual aos 20%
citados. Os percentuais correspondentes aos custos indiretos, às des-
pesas operacionais e às despesas tributárias podem ser obtidos me-
diante análise da última Demonstração de Resultados publicada pelo
banco. No final, o perito apresentará a sua estimativa de spread fun-
damentada nos critérios de cálculos por ele adotados. Como toda e
qualquer estimativa, esta também será objeto de questionamento pelas
partes, cabendo, no final, ao i. magistrado decidir e arbitrar o que for de
direito.

25
PERÍCIA CONTÁBIL EM MATÉRIA FINANCEIRA – Prof. Remo Dalla Zanna (MS)

PF 06 – edição pessoal para fins de estudo e venda em PDF

Revisado em maio/2019.

6º - MÓDULO

EXPURGOS INFLACIONÁRIOS E ATUALIZAÇÃO MONETÁRIA.

6.1. Conceito de Atualização Monetária


6.2. Conceito de Expurgo Inflacionário.
6.3. Estudo de alguns casos de atualização monetária objeto de
controvérsia
a) Plano Verão – janeiro de 1989
b) Plano Collor I (março/90) - MP nº. 168, de 15.03.1990, convertida na Lei 8.204 de
13/04/1990.
c) Plano Collor II (fevereiro/91) = Criação da primeira TR
d) O efeito da URV nos salários de março a julho de 1994 (março, abril, maio, junho e julho de
1994).
e) O antigo caso do “Plano Bresser” - Decreto-Lei nº 2.335/87 de junho de 1987 e as Cadernetas
de Poupança
6.4. Caderneta de Poupança: sobre a responsabilidade do agente
financeiro de indenizar o depositante em ação de indenização.
6.5. Primeiro exemplo de um caso em que foram considerados expurgos
inflacionários
6.6. Segundo exemplo de um caso em que foram considerados expurgos
inflacionários.
6.7. Orientação Técnica

6.1. Conceito de Atualização Monetária

A atualização monetária ou correção monetária como era chamada anos atrás, de


um direito ou de uma obrigação financeiros, não é penalidade e nem rendimento.
Também não é uma modalidade de encargo que pesa sobre o valor objeto de
atualização. É apenas o próprio capital original atualizado em face da evolução da
inflação medida por um dos vários índices disponíveis na economia e criados para
esta finalidade. Por isso, o índice inflacionário que atualiza o valor do saldo devedor
e das prestações é escolhido de comum acordo entre as partes ou é determinado por
lei. A finalidade da correção monetária é permitir que se conheça qual é o valor
atual de um capital, fixado em tempo passado. Conclui-se, pois, que a atualização
monetária não constitui verba remuneratória ou forma disfarçada de embutir juros.
A expressão “atualização monetária” é também usada na prática contábil. Com a
mesma finalidade acima explicitada se presta a atualizar valores contratados em
outras moedas, como, por exemplo, o dólar, pois à medida que o câmbio - a relação

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PERÍCIA CONTÁBIL EM MATÉRIA FINANCEIRA – Prof. Remo Dalla Zanna (MS)

da moeda R$ (Real) com a moeda US$ (Dólar) - se altera, a contabilidade escritura


ajustes monetários para que as demonstrações contábeis sejam um espelho do valor
do patrimônio o mais próximo possível da realidade.

6.2. Conceito de Expurgo Inflacionário.

Dentre os vários conceitos de expurgo inflacionário, decidimos apresentar o que


figura em respeitável decisão superior como segue:

“PREVIDENCIÁRIO – RECURSO ESPECIAL – REVISÃO DE


BENEFÍCIO – CORREÇÃO MONETÁRIA – EXPURGOS
INFLACIONÁRIOS (...)

(...) Os expurgos inflacionários nada mais são do que decorrência da


correção monetária, pois compõem esse instituto, configurando-se como
valores extirpados do cálculo da inflação, quando da apuração do índice
real que corrigiria preços, títulos públicos, tributos e salários, entre outros.
Se é remansoso nesta Corte Superior que a correção monetária nada
acrescenta e tão-somente preserva o valor da moeda aviltada pelo processo
inflacionário, não constituindo um plus, mas sim um minus, tem-se por
legítima e necessária a sua correta apuração (...).” (REsp nº 177.564/SP,
Relator Ministro Jorge Scartezzini, DJ de 13/08/2001)

Com o nome de Correção Monetária Plena ou Real, pretendiam os defensores das


teses jurídico-financeiras, visando à inclusão dos expurgos inflacionários no cálculo
dos haveres financeiros, que o Estado reconhecesse, por exemplo, para os depósitos
no FGTS (Fundo de Garantia por Tempo de Serviço); mas, não somente para a
atualização monetária destes, os índices expurgados impingidos pelos vários planos
(fracassados) de estabilização econômica ocorridos entre 1987 e 1991, como segue:

O que tem sido pedido com o nome de O que o STJ entendeu ser justo como
Correção Monetária PLENA com base no Correção Monetária PLENA, para
IPC do IBGE, aplicável para corrigir o compensar os expurgos inflacionários, a
saldo do mês seguinte aplicação dos seguintes percentuais
Junho/87 26,06% 18,02%
PLANO VERÃO (janeiro/89)
Janeiro/89 70,28% 42,72%
(IPC/IBGE de 51 dias)
Fevereiro/89 3,60% 10,14%
(IPC/IBGE de 10 dias)

PLANO COLLOR I (março/90)


Janeiro/90 56,11%
Fevereiro/90 72,78%
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PERÍCIA CONTÁBIL EM MATÉRIA FINANCEIRA – Prof. Remo Dalla Zanna (MS)

Março/90 84,32%
Abril/90 44,80%
Maio/90 7,87%
Julho/90 9,61%
Julho/90 12,92%
Agosto/90 12,03%
Setembro/90 12,76%
Outubro/90 14,20%
Novembro/90 15,58%
Dezembro/90 18,30%
Janeiro/91 19,91%
Fevereiro/91 21,87% 7,00% (TR)

Outra abordagem consiste em comparar a inflação medida pela variação do IPC do


IBGE com a correção impingida pelo governo para o BTN. Veja tabela abaixo:

O que o Poder Diferença linear, em


Atualização Monetária com base na Executivo deu a título cada mês, entre a
variação mensal, percentual, do de Atualização inflação apurada pelo
IPC do IBGE Monetária para os IPC/IBGE e a
Bônus do Tesouro atualização monetária
Nacional – BTN atribuída ao BTN
PLANO COLLOR I (março/90) – IPC/IBGE x Percentual oficial
1. março/90 84,32% 41,28% 43,04%
2. abril/90 44,80% 0,00% 44,80%
3. maio/90 7,87% 5,38% 2,49%
4. julho/90 9,55% 9,61% (0,06%)
5. julho/90 12,92% 10,79% 2,13%
6. agosto/90 12,03% 10,58% 1,45%
7. setembro/90 12,76% 12,85% (0,09%)
8. outubro/90 14,20% 13,71% 0,49%
9. novembro/90 15,58% 16,64% (1,06%)
10. dezembro/90 18,30% 19,39% (1,09%)
11. janeiro/91 19,91% 20,21% (0,30%)
12. fevereiro/91 21,87% 7,00% (primeira TR do 14,87%
novo sistema de
indexação montado a
partir de fevereiro de
1991)

6.3. Estudo de alguns casos de atualização monetária objeto de controvérsia

a) Plano Verão – janeiro de 1989

3
PERÍCIA CONTÁBIL EM MATÉRIA FINANCEIRA – Prof. Remo Dalla Zanna (MS)

O saldo inflacionário que se observava em janeiro de 1989 gerou a Medida


Provisória nº. 32, apelidada de “Plano Verão”, transformada na Lei nº. 7.730, de
31.01.1989 que, entre outras mudanças, determinou a introdução de um novo vetor
estatístico de preços (mudança de critérios para a coleta dos preços que davam
origem ao IPC). Alterou o tempo de coleta dos preços usado para apurar o IPC dos
meses de janeiro e fevereiro de 1989, que era do dia 16 de um mês até o dia 15 do
mês seguinte. A MP nº. 32 obrigou o IBGE a atribuir, em janeiro/89, a variação de
preços apurada no período de 51 (cinquenta e um) dias, contados de 1º de dezembro
de 1988 até 20 de janeiro de 1989. A intenção do Poder Executivo era que fosse
esquecida a inflação desse período. Tanto é que fixou, em 15/01/1989, para fins de
atualização monetária da dívida mobiliária do Tesouro Federal, o valor de NCz$
6,17 para cada OTN. Em seguida, extinguiu esse título federal e criou o BTN. Esse
mecanismo fez com que o IPC de fevereiro de 1989 apresentasse a inflação de
apenas 10 dias, ou seja, de 21 a 31 de janeiro de 1989. Essa foi a forma
econométrica encontrada pelo Poder Executivo para evitar que as variações de
preços ocorridas antes do início do Plano Verão, válido a partir do dia 15 de janeiro
de 1989, afetassem os índices de inflação dos meses seguintes ao do congelamento
de preços que se seguiu. Ou seja, o Plano Verão foi um artifício aritmético para
escamotear a inflação real do período de 16 de dezembro de 1988 a 15 de janeiro de
1989 e, com isso, reduzir a dívida do Tesouro Nacional à época. Foi um calote
aplicado pelo Estado sobre os credores de títulos do Tesouro Nacional. Pois bem,
tendo sido fixado, em 15 de janeiro de 1989, o valor (oficial) da OTN em NCz$
6,17 e tendo o IBGE trazido para janeiro/89 os efeitos de reajustes de preços que
normalmente se refletiriam no mês de fevereiro seguinte, ocorreu o fenômeno
chamado “expurgo monetário”. Somente a partir de março/89, o IPC do IBGE
voltou a medir a inflação em base mensal como sempre havia feito. Evidentemente,
o DIREITO não pôde concordar com este arranjo econométrico.

No que tange às Cadernetas de Poupança, antes do Plano Verão, o saldo era


corrigido pelo IPC/IBGE. Com a edição da MP n°.32, a partir de 15/01/1989,
passou a ser atualizado monetariamente pela variação do valor da Letra Financeira
do Tesouro (LFT). Então, com essa mudança da regra do jogo, os saldos que seriam
atualizados em 70,28% foram corrigidos em apenas 22,35%. Após discussões
judiciais, em 1994, prevaleceu o entendimento exarado no REsp nº 43.055-0-SP de
que o percentual que atualizava os haveres em janeiro de 1989 era 42,72% e que o
percentual que atualizava os haveres em fevereiro de 1989 era 10,14%, assim
explicado pela Justiça:
1) houve superposição na coleta de dados no período de 01/12/88 a 15/01/89
para o cálculo de janeiro de 1989, pois em vez de considerar, como de praxe, um
mês (de 16/12/88 a 15/01/89) foram computados, pelo IBGE, 31 dias de
dezembro e mais 15 dias de janeiro, totalizando 51 dias, dando, como resultado,
um IPC de 70,28%;

4
PERÍCIA CONTÁBIL EM MATÉRIA FINANCEIRA – Prof. Remo Dalla Zanna (MS)

2) em face da extinção da OTN e da criação do BTN foi excluído, do sistema de


cálculo da inflação, o período de 31/01/89 a 15/02/89, de forma que o índice de
fevereiro de 1989 também ficou errado. Ou seja, a variação do IPC de 3,60%
não correspondeu a um mês de coleta como era a praxe.

“CORREÇÃO MONETÁRIA RELATIVA AO MÊS DE JANEIRO DE 1989. De


acordo com a orientação da Corte Especial do STJ, o índice a ser adotado é o
de 42,72% (quarenta e dois vírgula setenta e dois por cento). Rec. Esp. n.º
43.055 e Rec. Esp. n.º 24.168, sessão do dia 25.08.1994. Recurso Especial
conhecido e provido em parte. (STJ - 3ª T.; REsp nº 45.382-8-SP. Relator Min.
Nilson Naves, J. 06.09.1994, v. u.).

A “Tabela Prática” usada pelos senhores contadores dos cartórios para atualizar
dívidas cobradas no âmbito da Justiça Paulista continha, então, um equívoco a partir
do mês de janeiro de 1989. Obviamente, este fato deu margem à grande quantidade
de ações para que a Justiça decidisse o que era de direito do cidadão e das
empresas. Atualmente, esta situação está sanada.

b) Plano Collor I (março/90) - MP nº. 168, de 15.03.1990 convertida na Lei


8.204 de 13/04/1990

Esta medida provisória foi adotada pela Lei 8.024, de 13.04.1990. O Comunicado
BACEN que cuida dela é de nº. 2.067, de 30.03.1990 do qual foi gerada a Circular
BACEN nº 1.655, de 06.04.1990. Trata-se da questão criada em face do percentual
de 84,32% (IPC/IBGE) aplicado para atualizar saldos de cadernetas de poupança
com data de aniversário em março/1990 e 41,28% (BTN) aplicado para atualizar
saldos de cadernetas de poupança com data de aniversário em abril/1990.

As discussões em torno do Plano Collor (I), o mais controvertido de todos os planos


econômicos até aparecimento do Plano Real, são mais confusas que quaisquer
outras porque os debatedores tendem a olvidar (por mero esquecimento ou por
conveniência) de uma regra pétrea das Cadernetas de Poupança que é a seguinte:
desde a década de 1960, os saldos passaram a receber correção monetária com
base na variação percentual do IPC/IBGE e essa recomposição inflacionária
do saldo de cada Caderneta, sempre foi creditada no dia do aniversário do mês
seguinte ao da variação do índice. Assim, por exemplo, no mês de março (de
qualquer ano, com ou sem plano econômico) é adotado o índice relativo ao mês de
fevereiro e assim sucessivamente.

Todavia, a questão que gerou mais polêmicas está relacionada com a base de
cálculo e não com o percentual. O que mais se discute é se a base de cálculo deveria
ser o valor do saldo (total) da conta em NCz$ ou apenas o saldo remanescente de
Cr$ 50.000,00 já que o excedente a esta quantia fora bloqueado e “transferido” à
5
PERÍCIA CONTÁBIL EM MATÉRIA FINANCEIRA – Prof. Remo Dalla Zanna (MS)

administração do BACEN. Logo, as Cadernetas de Poupança com datas de


aniversário na primeira quinzena de março/90 foram corrigidas pelas instituições
financeiras, nesse mês, pelo IPC de fevereiro/1990, ou seja: 72,78%. Em abril/1990,
simultaneamente à conversão de NCz$ para Cr$ (sem divisão por 1.000) e
concomitantemente com a transferência do excedente a Cr$ 50.000,00 para o
BACEN, foram corrigidas pelo IPC de março/1990, ou seja: 84,32%. Mas a
questão é a seguinte: 84,32% devem ser aplicados sobre o saldo total ANTES da
transferência para o BACEN ou somente sobre o saldo Cr$ 50.000,00 que ficou na
conta?

Resposta: Sobre o saldo total existente ANTES da transferência do que


excedia a Cr$ 50.000,00 para o BACEN.

Transcrição do artigo 6º e §§ 1º e 2º da referida Lei nº. 8.024/1990:

“Art. 6º - Os saldos das cadernetas de poupança serão convertidos em


cruzeiros na data do próximo crédito de rendimento, segundo a paridade
estabelecida no § 2º do artigo 1º, observando o limite de NCZ$ 50.000,00
(Cinquenta mil cruzados novos).
§ 1º - As quantias que excederem o limite fixado no “caput” deste artigo,
serão convertidas a partir de 16 de setembro de 1991, em doze parcelas
mensais, iguais e sucessivas.
§ 2º - As quantias mencionadas no parágrafo anterior serão atualizadas
monetariamente pela variação do BTN Fiscal, verificada entre a data do
próximo crédito de rendimento e a data da conversão, acrescido de juros
equivalentes a 6% (seis por cento) ao ano ou fração pro-rata.”

Transcrição do item I, letra “b”, e item IV, do Comunicado BACEN nº. 2.067, de
30/03/90:

“I - O índice de atualização dos saldos, em cruzeiros, das contas de


poupança, bem como aquelas ainda não convertidas na forma do artigo
6º da Medida Provisória n.º 168, de 15.03.90, com data de aniversário
no mês de abril de 1990, calculados com base nos Índices de Preço ao
Consumidor (IPC) em janeiro, fevereiro e março de 1990, serão os
seguintes:
a) ...
b) mensal, para pessoas físicas e entidades sem fins lucrativos, 0,8432 (Zero
vírgula oito, quatro, três, dois)

IV - O disposto no item I deste Comunicado não se aplica às contas abertas


no período de 19 a 28.03.90, na forma da Circular n.º 1606 de
18.03.90.”
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PERÍCIA CONTÁBIL EM MATÉRIA FINANCEIRA – Prof. Remo Dalla Zanna (MS)

Transcrição do artigo 6º da Circular BACEN nº. 1.665, de 06.04.90:

“Art. 6 - Esta Circular entrará em vigor na data de sua publicação,


esclarecido que suas disposições deverão ser observadas para fatos
pertinentes ocorridos a partir de 19.03.1990.”

Tomando-se como base a variação do IPC/IBGE de fevereiro/1990, o índice de


correção e atualização dos saldos das contas de cadernetas de poupança, no mês de
março de 1990, excluídas as que foram abertas a partir do dia 19, foi de 84,32% e,
por via de consequência, corresponde a 44,80% para o mês de abril e 7,87% para o
mês de maio, que lhe seguem. Todavia, o indexador da economia em março de 1990
era o BTN que era atualizado, mensalmente, pela variação do IPC/IBGE. Portanto,
o BTN de abril/1990 deveria corresponder à variação do IPC de março, que, por
sua vez, correspondia à coleta dos preços entre 16 de fevereiro e 15 de março num
arco de tempo de 28 dias. Ou seja, o IPC aplicado no mês para atualizar os valores
dos contratos e o BTN correspondia à coleta de preços do mês anterior e continha
uma defasagem estrutural de 15 dias de média, dependendo de o mês ter 31 ou 30
dias. Do ponto de vista macroeconômico, considerando que os prazos se
homogeneízam no decorrer do tempo e que a coleta de preços é uma estimativa da
inflação, a diferença em torno de 15 dias, em longo prazo e no conceito de
acompanhamento perpétuo, não afeta os cálculos da economia, mas atingem, de
forma crucial, os contratos entre pessoas físicas e jurídicas, principalmente, quando
a inflação diária é elevada e quando o contrato não é nem de longo prazo e nem
perpétuo.

O IPC/IBGE de março de 1990 foi fixado em 84,32%. Isso foi feito mediante
edição da Resolução do Presidente do IBGE nº. 6, publicada no DOU em
03/03/1990. Todavia, por questões de governo, o valor do BTN recebeu, em
abril/90, de maneira imperativa, a correção monetária de 41,28%; diferente, pois,
da praxe pela qual deveria ser corrigido em 84,32%.

Como se vê, ao fixar o valor do BTN de abril/1990 em Cr$ 41,7340 o governo


aplicou um calote sobre os poupadores que investiram em BTN – Bônus do Tesouro
Nacional. A diferença entre a inflação mensal de 84,32% (IPC/IBGE) e o valor
adotado pelo governo para corrigir o valor do BTN em apenas 41,28%
correspondeu ao expurgo de 43,04% se calculado de forma linear (84,32% -
41,28%) = 43,04%; ou de 30,46% se calculado de forma capitalizada [(1,8432 /
1,4128) – 1] * 100 = 30,464326%.
Efeitos do Plano Collor I (MP nº. 168, de 15.03.1990 e Lei 8.024/90) nas
Operações Bancárias PASSIVAS

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PERÍCIA CONTÁBIL EM MATÉRIA FINANCEIRA – Prof. Remo Dalla Zanna (MS)

I - Cadernetas de Poupança (CP) com data de aniversário na 2ª quinzena do


mês de março/90: aplicação do IPC de fevereiro/1990:

As CP foram corrigidas pelo IPC-IBGE do mês de fevereiro/1990 em 72,78%.


Aquelas cujo trintídio venceu até 14/03/1990 receberam a correção monetária com
base nesse percentual calculado sobre o saldo total; em seguida, em seu próximo
“aniversário”, aquelas cujos saldos eram superiores a Cr$ 50.000,00 tiveram o
excesso transferido para o BACEN. Para as que venceram a partir, inclusive, do dia
15/03 até 27/03/1990, esse percentual foi aplicado apenas para quantias de valor
igual ou inferior a NCz$ 50.000,00, pois os valores excedentes foram bloqueados
por determinação do BACEN e transferidos à sua administração. Veja um exemplo.

Moeda: NCz$ até 15/03/1990 e Cr$ a partir de 16/03/1990, sem divisão por
1.000 como tinha sido feito com outros planos econômicos.

II - Cadernetas de Poupança com data de aniversário na 1ª quinzena do mês


de ABRIL/1990: aplicação do IPC de março/1990:

Foram corrigidas pelo IPC-IBGE do mês de março/90 em 84,32%. Essa correção


monetária foi aplicada somente ao saldo remanescente de Cr$ 50.000,00.

III - Cadernetas de Poupança com data de aniversário na 2ª quinzena do mês


de ABRIL/1990: aplicação do IPC de março/1990:

As parcelas de até Cr$ 50.000,00 que ficaram disponíveis depois do bloqueio


havido em 15/03/1990 e que não sofreram retiradas também foram corrigidas pelo
IPC-IBGE do mês de março/1990 em 84,32%. Mas, no caso de ter havido
movimentação, a correção foi a mesma aplicada aos saldos bloqueados, isto é
41,28%. Esse percentual correspondeu à variação decretada para os Bônus do
Tesouro Nacional Fiscal (BTNF).

IV - Todos os saldos de cadernetas de poupança bloqueados no BACEN a


partir de 15 de março de 1990, em NCz$ (cruzados novos) e convertidos em Cr$
(cruzeiros) sem divisão por 1.000, foram corrigidos pela variação do Bônus do
Tesouro Nacional Fiscal (BTNF), ou seja: 41,28%.

V - Todas as cadernetas de poupança abertas a partir de 16 de março de


1990 tiveram como índice de reajustamento (de correção monetária), a variação do
Bônus do Tesouro Nacional Fiscal (BTNF), ou seja: 41,28%.

Veja um exemplo de conta (corrente) de poupança.

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PERÍCIA CONTÁBIL EM MATÉRIA FINANCEIRA – Prof. Remo Dalla Zanna (MS)

Data
Histórico DÉBITO CRÉDITO Saldo Atual Comentários
Lançamento
Saldo
anterior 15.469,59
29/01/1990 CORREÇÃO 8.283,96 23.753,55
29/01/1990 JUROS 118,76 23.872,31
28/02/1990 CORREÇÃO 13.394,75 37.267,06
28/02/1990 JUROS 186,33 37.453,39
CORREÇÃO
27/03/1990 monetária até o dia do 27.258,57 64.711,96
aniversário da conta
27/03/1990 JUROS 323,55 65.035,51
Ficou na conta a quantia de NCz$ 50.000,00 e o restante foi transferido para o
BACEN
Saldo que sobrou depois de
Transferência do
50.000,00 ter sido enviado ao
27/03/1990 excedente a NCz$ 15.035,51
(Cr$) BACEN o excedente de
50.000,00
NCz$ 15.035,51
CORREÇÃO sobre o
27/04/1990
saldo que sobrou 42.160,00 92.160,00
JUROS sobre o saldo
27/04/1990
que sobrou 460,80 92.620,80
O poupador zerou a conta
junto ao banco e ficou com
crédito perante o BACEN
de Cr$ 15.031,51. A partir
08/05/1990 RETIRADA 92.620,80 -
desta data recebeu correção
monetária pela variação do
BTN Fiscal e juros de 0,5%
ao mês

Visão esquemática da remuneração aplicada às Cadernetas de Poupança.

1º) - tendo como data de aniversário o dia 10 = 1ª quinzena

Datas e respectivos eventos


01/ 01/ 01/
03
10/03 15/03 04
10/04 05
Data de aniversário Data da Medida Data de aniversário do
do trintídio iniciado Provisória que trintídio iniciado em
em 10/02 ocasião em indisponibilizou o 10/03 ocasião em que
que foram creditados excedente a NCz$ foram creditados
72,78% de fevereiro 50.000,00 para o 84,32% sobre o saldo
e iniciou-se o novo poupador. Não houve total correspondente à
trintídio transferência para o variação de março e, aí
Nota: no dia 15/03 BACEN, pois a data do sim, foi transferido o
não foi, ainda, aniversário não havia excedente a NCz$
transferido o chegado ainda 50.000,00 para o
excedente de NCz$ BACEN passando,
50.000,00 para o então, a ser corrigido
BACEN pela variação do BTN

9
PERÍCIA CONTÁBIL EM MATÉRIA FINANCEIRA – Prof. Remo Dalla Zanna (MS)

2º) - tendo como data de aniversário o dia 23 = 2ª quinzena

Datas e respectivos eventos


01/ 01/ 01/
03
15/03 23/03 04
10/04 05
Data da Medida Data de aniversário do Data de aniversário do
Provisória que trintídio iniciado em trintídio iniciado em
indisponibilizou o 23/02 ocasião em que 23/03 ocasião em que
excedente a NCz$ foram creditados foram creditados
50.000,00 para o 72,78% de fevereiro e 84,32% sobre o saldo
poupador. Não houve iniciou-se o novo remanescente de Cr$
transferência para o trintídio 50.000,00. O excedente
BACEN, pois a data do Nota: no dia 23/03 foi que fora transferido
aniversário não havia transferido o excedente para BACEN recebeu
chegado ainda de NCz$ 50.000,00 a correção monetária
para o BACEN conforme variação do
BTN

Os procedimentos acima referidos, para as operações PASSIVAS do Sistema


Financeiro, não gozam de unanimidade, ou seja, muitos poupadores pleiteiam a
correção integral dos saldos com base no percentual de 84,32%. No STJ, houve
ministros que entenderam que a correção das Cadernetas de Poupança deveria ser
calculada pela variação do BTN - Bônus do Tesouro Nacional correspondente a
abril/90 (41,28%); mas outros ministros argumentaram, fundamentadamente, que
todas deveriam ter o saldo corrigido pelo percentual de 84,32%, pois assim foram
corrigidos, pelos bancos, todos os contratos de empréstimo vinculados ao Sistema
Financeiro da Habitação - SFH. Entenderam que se o percentual de 84,32% valeu
para corrigir o saldo devedor dos contratos ligados ao SFH (parte ATIVA do
sistema), os depósitos em Cadernetas de Poupança (parte PASSIVA do sistema)
deveriam receber o mesmo tratamento e serem corrigidos pelo mesmo percentual.

Decisões de primeira instância nos Estados de São Paulo, Minas Gerais e Rio
Grande do Sul e também r. decisão do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul,
foram favoráveis aos detentores de depósitos em Cadernetas de Poupança que, no
devido tempo e dependendo de decisão superior, deverão ser indenizados pelos
prejuízos que tiveram na correção dos saldos nos seguintes períodos:
- Junho de 1987, em decorrência do “Plano Bresser”, para os saldos
credores com data de aniversário anterior a 15/06/1987, aplicar a
correção de 26,06%, ou seja, reconheceu que houve um expurgo de
8,08% quando foi feito o lançamento a crédito correspondente à correção
monetária.
- Janeiro de 1989, por causa do “Plano Verão”, para os saldos credores
com data de aniversário entre os dias 1º e 15/01/1989, aplicar a correção
de 42,72%.
10
PERÍCIA CONTÁBIL EM MATÉRIA FINANCEIRA – Prof. Remo Dalla Zanna (MS)

- Fevereiro de 1989, ainda em razão do “Plano Verão”, para os saldos


credores com data de aniversário na primeira quinzena de fevereiro/89,
aplicar a correção de 20,46%.
- Março de 1990, em virtude do “Plano Collor I”, para os saldos credores
com data de aniversário anterior a 15/03/1990, corrigir em 84,32%. Para
os poupadores com data de aniversário entre os dias 16 e 31/03/1990,
cujos valores foram transferidos para o BACEN, corrigir em 41,28%.
- Abril de 1990, ainda graças ao “Plano Collor I”, para os novos
poupadores cujas contas foram abertas a partir de 01/04/1990, a
atualização monetária corresponde a 41,28%.
- Fevereiro de 1991, em face do “Plano Collor II”, sobre os saldos credores
verificados no período de 1º a 31/01/1991, aplicar a correção monetária
de 20,21%.

A decisão acima citada manda, ainda, recalcular os juros de 0,5% ao mês sobre os
saldos devidamente corrigidos e aplicar juros moratórios de 1% ao mês sobre a
diferença apurada calculadas a partir da data da citação da instituição financeira Ré.

Efeitos da MP nº. 168, de 15.03.1990 nas Operações Bancárias ATIVAS

I) Os contratos de empréstimos com data de aniversário na 2ª


quinzena do mês de março/1990 tiveram os saldos devedores convertidos, de
NCz$ (cruzados novos) para Cr$ (cruzeiros), e sofreram a correção monetária
correspondente ao IPC-IBGE de fevereiro/1990, da ordem de 72,78%.

II) Os contratos de empréstimos com data de aniversário na 1ª


quinzena do mês de abril/1990, tiveram os saldos devedores convertidos de NCz$
(cruzados novos) para Cr$ (cruzeiros), e sofreram correção monetária
correspondente ao IPC-IBGE de março/1990, da ordem de 84,32%. Em
10/04/2003, o STJ definiu esse percentual como sendo correto. Os críticos desta
decisão entendem que com ela ganharam os bancos que corrigiram monetariamente
(pagaram) em 41,28% os saldos das cadernetas de poupança e corrigiram
monetariamente (receberam) 84,32%, pelo mesmo dinheiro quando foi emprestado
aos mutuários da casa própria. Com essa decisão, tomada pela Corte Especial do
STJ – o órgão máximo do tribunal - ficou firmada a jurisprudência sobre o tema.

É importante notar que a jurisprudência emanada do STJ, nos âmbito dos contratos
de financiamento rural, faz incidir 41,28% (variação do BTNF em abril/1990) como
atualização monetária relativa ao saldo de março para abril de 1990. No caso, o
REsp nº 31.594-MG (DJU 31.10.94), relatado pelo Ministro Ruy Rosado de
Aguiar, foi vazado nos seguintes termos:

11
PERÍCIA CONTÁBIL EM MATÉRIA FINANCEIRA – Prof. Remo Dalla Zanna (MS)

“Plano Collor. Cédula de crédito rural. Correção monetária. Índice para a


atualização dos débitos de cédulas rurais emitidas antes de 15 de março de
1990, vinculadas à remuneração da caderneta de poupança, deve ser
aplicado o mesmo índice de atualização dos saldos dos cruzados
transferidos ao Banco Central (BTNF). Lei 8024/90 e Comunicado 2067/90,
do Bacen. Recurso não reconhecido.”

Concluindo, pode-se dizer que o “Plano Collor I” caracterizou-se pelo seqüestro da


poupança popular e sua devolução, dois anos depois, foi feita com a aplicação de
um confisco de 43,04%. As dívidas dos mutuários em geral e da casa própria
em particular, excluídos os devedores por financiamento rural, foram ajustadas
em 84,32%, gerando um enriquecimento sem causa para os bancos ou para o
Tesouro Nacional. A verdade é que se os bancos perdessem esta batalha jurídica,
acionariam o Tesouro Nacional, pois não foram eles os causadores desse calote à
dívida pública, mas o próprio governo. Como se vê, a decisão do STJ foi política e
não econômica e nem contábil, pois se houvesse boa-fé, para nada serviria editar
norma legal, dizendo que a inflação de março/90, cujo percentual serviu para
creditar os saldos das CP, foi diferente do que vinha, há muitos anos, sendo
apurado pelo IPC/IBGE. Essa atitude do Governo Collor vista pelo lado da
legalidade, foi um crime capitulado no artigo 299 do Código Penal, ou seja, crime
de falsidade ideológica, pois dizer que a inflação de março/1990 não era de 84,32%
foi uma mentira.

A contra argumentação sobre este tema apresentada pelos bancos convenceu os


ministros do STJ. Esta forma de pensar é, basicamente, a seguinte:

É impossível esconder que o “Plano Collor I” decretou o “confisco” da moeda


escritural e física, na forma de Cruzados Novos, que se encontrava em poder das
instituições financeiras depositárias. Esses Cruzados Novos, que foram recolhidos
compulsoriamente ao Banco Central, tiveram sua remuneração e restituição
regulamentada por regras próprias. As contas de poupança - que são o ativo
financeiro que interessa neste raciocínio - convertidas em Cruzeiros até o valor de
Cr$ 50.000,00 foram remuneradas pelo índice de 84,32%. Mas não receberam este
percentual de atualização as que foram abertas entre os dias 19 e 28 de março/1990.
Por outro lado, é verdade que quem pagou a remuneração de 41,28% para os
valores bloqueados no Banco Central não foram os bancos financiadores da casa
própria, foi o próprio Tesouro Nacional. Foi o Governo que retirou dos poupadores
a possibilidade de receber a correção monetária de 84,32% substituindo-a por
41,28% (base BTNF). Essa é a argumentação básica dos bancos que atuaram como
agentes no financiamento da casa própria com base em fundos disponíveis nos
depósitos em Cadernetas de Poupança. Alegaram que o bloqueio dos Novos
Cruzados e sua transformação em depósito compulsório junto ao Banco Central
(depósito compulsório denominado “Depósito Especial Remunerado – DER”)
12
PERÍCIA CONTÁBIL EM MATÉRIA FINANCEIRA – Prof. Remo Dalla Zanna (MS)

descaracterizaram a figura da Caderneta de Poupança e criou um novo (outro) ativo


financeiro diferente.

Os bancos fundamentam sua posição com base em decisões do STJ, nas ações em
que poupadores requereram a remuneração de 84,32% para seus depósitos e não
obtiveram sucesso, pois o STJ entendeu, sempre, que o polo passivo, no caso, seria
o Banco Central. Exemplo:

“EMENTA: Processual Civil. Ação de Cobrança. Reivindicação de juros e


correção monetária sobre cruzados novos bloqueados. Ilegitimidade
passiva do Banco depositário. Legitimidade do Banco Central para figurar
na ação. Inteligência dos arts. 6º, 9º e 17º da Lei n.º 8.024/90. 1 . É
iniludível que as instituições financeiras que mantinham os contratos de
cadernetas de poupança não mais puderam usufruir dos saldos superiores
a Cr$ 50.000,00, como nos planos antecedentes e posteriores, que, repita-
se, foram recolhidos ao Banco Central do Brasil. 2. Em princípio, em todo
e qualquer contrato de mútuo, ou de depósito em dinheiro, quem responde
pelos juros e pela atualização do valor monetário é a parte que recebe a
propriedade do bem fungível, que dele usufrui em proveito próprio, ou seja,
o devedor ou o depositário, o qual, depois, deverá devolvê-lo, com aqueles
acréscimos, ao credor, ou depositante. No caso, ambas as partes, titulares
do contrato - depositante e banco depositário - foram privados, por ato de
império, da disponibilidade do dinheiro, permanecendo em poder do
Banco Central, e, assumindo este a titularidade do contrato, como
verdadeira novação ex vi legis da aludida avença (mútuo bancário).
Consequentemente, na ação de cobrança, o Banco Central se revela titular
legítimo para figurar como parte passiva. 3. Recurso conhecido e provido.
(RSTJ 55/197 e seguintes). (grifos nossos)

“Caderneta de poupança - Correção monetária - Março de 1990.


Transferidos os saldos em cruzados novos para o Banco Central, não
poderão os primitivos depositários ser obrigados a responder por encargos
relativos a período em que não tinham a disponibilidade dos valores”
(REsp nº. 41.615-SP - DJU de 13.02.1995 - pág. 2236 - Relator o Ministro
Eduardo Ribeiro.) (grifos nossos)

Nesta linha de julgamento, há outras decisões proferidas.

Assim, ao aplicar o índice da correção monetária válido para as Cadernetas de


Poupança - admitidas como tal apenas as de saldo não superior a Cr$ 50.000,00,
valor não bloqueado pelo Banco Central -, os bancos entendem que agiram
corretamente e respeitaram os termos do contrato, ou seja: aplicaram para atualizar
monetariamente o saldo devedor dos contratos de financiamento habitacional, o
13
PERÍCIA CONTÁBIL EM MATÉRIA FINANCEIRA – Prof. Remo Dalla Zanna (MS)

mesmo índice da caderneta de poupança. Errado, entendem eles, é aplicar a


variação do BTNF que não foi pactuada em contrato.

Temos, então que:

84,32% - esse índice, que serviu para atualizar os saldos dos depósitos em
caderneta de poupança com data de aniversário em abril de 1990, mantidos nas
instituições integrantes do SBPE (Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimos),
tem por base a variação do IPC de março/90 conforme prevê o artigo 17, inciso III
da Lei nº. 7.730, de 31 de janeiro de 1989, calculado pelo IBGE. - Vide
Comunicado nº. 2.067, de 30.03.1990, do BACEN. Mas este percentual atingiu
valores até NCz$ 50.000,00.

41,28% - esse percentual, que serviu para atualizar os valores recolhidos ao


BACEN, mediante confisco, tem por base a variação do BTNF. Os bancos
entendem que estes valores deixaram de ser “poupança” e com ela não podem ser
confundidos. Entendem ainda que a alteração do critério de IPC-IBGE para BTNF
começou a vigorar (no sentido de ser aplicado) a partir de maio de 1990, conforme
dispõe o artigo 24 da Medida Provisória nº. 172.

Fica, assim, evidente o sofisma inserido na argumentação dos bancos, pois se


referem a uma parte da verdade como se fosse a verdade toda. Ao dizerem que
aplicaram a correção monetária de 84,32% ao saldo das Cadernetas de Poupança, o
fizeram, é verdade, mas, apenas, até o limite de NCz$ 50.000,00 e nas condições
supra descritas, em função da data de aniversário de cada Caderneta, considerada a
hipótese de terem ocorrido saques ou não. Então, talvez, fosse o caso de atualizar
os saldos devedores dos contratos do SFH, em 84,32% até o valor de NCz$
50.000,00 - sempre dependendo da data de aniversário do contrato - e o saldo
restante ser corrigido pelo percentual de 41,28%.

Exemplo da distorção acima argumentada:

Suponhamos o valor de Cr$ 1.000.000,00 poupado por alguém e tomado


emprestado por outrem, como segue:

14
PERÍCIA CONTÁBIL EM MATÉRIA FINANCEIRA – Prof. Remo Dalla Zanna (MS)

Valores em Cr$ da época


Correção ou
Valor de Cr$ Atualização Monetária Subtotal Total
1.000.000,00 referente a
Março/Abril de 1990
84,32% até o valor de
Cr$ 50.000,00 92.160,00
-------------------------- ------------------- 1.434.320,00
No caso do poupador 41,28% sobre a ---
diferença de Cr$
950.000,00 1.342.160,00
No caso do
Tomador de 84,32% 1.843.200,00 1.843.200,00
financiamento
Expurgo imposto ao
408.880,00
poupador ou quantia
equivalente a
indevidamente exigida do
22,18 %
tomador

Cálculos: a) Cr$ 1.843.200,00 - Cr$ 1.434.320,00 = Cr$ 408.880,00


b) (Cr$ 408.880,00 / Cr$ 1.843.200,00) * 100 = 22,18%

c) Plano Collor II (fevereiro/91) = Criação da primeira TR

Como foi visto precedentemente, a Taxa de Referência - TR – é a média das taxas


de juros que reflete as variações do custo primário de captação dos depósitos a
prazo fixo no mercado financeiro, a cada dia. Quando o Banco Central divulga a
TR, está apenas informando ao mercado, quanto os bancos pagaram, no dia
anterior, para captar investimentos financeiros a prazo fixo. Portanto, a TR indica o
custo do dinheiro para o mercado e não reflete a variação do poder aquisitivo da
moeda. A TR pode se elevar, de um dia para outro, mesmo em períodos de tempo
em que a inflação inexiste, pois sua finalidade é revelar a evolução do custo de
captação de depósitos remunerados pelo sistema financeiro. Assim, como uma
determinada mercadoria pode subir de preço em face da sua escassez, o mesmo
pode ocorrer com o “preço” pago pelo sistema financeiro em sua faina de
“comprar” dinheiro para conceder empréstimos e financiamentos.

Cronologia da discussão desta questão

a) 1º de março de 1991 - entrou em vigor a Lei nº. 8.177 que instituiu a TR e


previu sua aplicação como indexador dos saldos (credores) das Cadernetas de
Poupança e dos saldos (devedores) dos contratos do SFH. Nesse momento, a
TR correspondente ao mês precedente, ou seja, fevereiro/1991, foi fixada em
15
PERÍCIA CONTÁBIL EM MATÉRIA FINANCEIRA – Prof. Remo Dalla Zanna (MS)

7% ao mês. Considerando que a variação do IPC/IBGE, em fevereiro de


1991, foi de 21,87%, ocorreu o expurgo inflacionário de 14,87% lineares.
Essa decisão do Poder Executivo afetou todos os contratos, tanto ativos como
passivos, que estavam vinculados à Caderneta de Poupança;

b) 2 de abril de 1992 - a imprestabilidade da TR como indexador inflacionário,


portanto, como fator de correção das parcelas mensais e do saldo devedor
dos mutuários do SFH, é reconhecida ante o teor do acórdão do C. Supremo
Tribunal Federal, proferido em Ação Direta de Inconstitucionalidade - ADIn
n.º 493-0 (Rel. Ministro Moreira Alves) - DF, publicado em 04.09.1992, que
declarou inconstitucional o artigo 18, “caput”, § 1º, 21, incisos e parágrafo
único, da Lei n.º 8.177, de 1º de março de 1991, que assim concluiu:

‘(...) a taxa referencial (TR) não é índice de correção monetária, pois,


refletindo as variações do custo primário da captação dos depósitos a prazo
fixo, não constitui índice que reflita a variação do poder aquisitivo da
moeda.’

Veja também ADIn nº 768 (Rel. Ministro Marco Aurélio) e ADIn nº 959-1 (Rel.
Ministro Sydney Sanches).

Ao apreciar a ADIn nº. 493-0, a Suprema Corte decidiu pela impossibilidade dos
dispositivos da Lei nº. 8.177/91, relacionados com a aplicação da TR para corrigir o
saldo devedor dos contratos, retroagirem para alcançar os contratos firmados antes
de sua vigência. O Ministro Sydney Sanches afirmou:

“É preciso deixar bem claro que o Supremo Tribunal Federal não decretou
a inconstitucionalidade da Taxa Referencial (TR). Apenas estabeleceu que
ela não poderia ser aplicada aos contratados já entabulados anteriormente
à promulgação da tão falada Lei 8.177.” (g.n.)

c) Maio/93 – O Congresso Nacional, pela Lei nº. 8.660 (que regulamenta o SFH),
mudou a redação da lei anterior (nº. 8.177, de 1º/03/91 que criou a TR) e
permite o seu uso nos contratos a partir desata data. A justificativa usada foi
que a TR é o indexador da poupança, e, por analogia, os contratos vinculados
à poupança poderiam ser corrigidos por ela;

d) Junho/95 - A Procuradoria da República do Mato Grosso entrou com ação na


Justiça, pedindo o fim do uso da TR no saldo devedor da casa própria. Obtém
liminar em ação cível pública que manda a CEF trocar a TR pelo INPC na
correção de dívidas de mutuários, a partir de 1º/03/1991. Partindo do correto
entendimento jurídico e econômico que TR (Taxa Referencial de Juros) não é
um indexador econômico, mas uma mera referência da média das taxas de
16
PERÍCIA CONTÁBIL EM MATÉRIA FINANCEIRA – Prof. Remo Dalla Zanna (MS)

juro praticadas no mercado financeiro, em cada dia. O Tribunal do MT julgou


que os cálculos de atualização de dívidas feitos com base na variação (diária
ou mensal) da TR não tinham qualquer sentido. Em substituição, mandou que
fosse aplicada a variação mensal do INPC para todos, desde o dia 1º de
março de 1991. O fundamento legal para trocar a TR pelo INPC está na
própria lei que criou a TR - Taxa de Referência. Trata-se da Lei nº. 8.177, de
1º/03/1991.

e) Julho/95 - A Justiça Federal concede liminar proibindo o uso da TR na correção


da dívida dos mutuários com contrato vigente em março de 1991. A CEF -
Caixa Econômica Federal recorre ao presidente do Tribunal Regional Federal
(TRF) em Brasília, Mauro Leite Soares, que suspende a decisão.

f) Agosto/95 - O Procurador-Geral da República discorda da decisão do presidente


do TRF e leva o caso ao plenário.

g) Setembro/95 - O TRF decide restabelecer a liminar, por 16 votos a favor e 2


contra, e dá novo prazo para os bancos recalcularem as dívidas dos mutuários
com base no INPC - Índice Nacional de Preços ao Consumidor -. Aí a CEF
entendeu ser seu DIREITO aplicar o INPC também para fevereiro de 1991,
ou seja: trocar os 7% da TR pelos 21,87% do INPC.

Conforme o Ministro Octavio Gallotti do STJ:

“A correção monetária visa a corrigir, simplesmente, a expressão


monetária da obrigação, preservando o seu valor intrínseco, o valor
aquisitivo da moeda. Já a Taxa de Referência, tal como definia pelo art. 1º
da Lei 8.177 de ‘91, não possui a característica de neutralidade, própria de
um índice de correção da moeda, por que o seu cálculo se baseia na
avaliação do custo do dinheiro que é influenciada pela liquidez do mercado.
É um meio de remuneração e não um meio de recomposição do capital.”

Em seguida, conforme o Ministro Célio Borja do STJ:

“O que está definido no art. 1 da lei 8.177 de 1º/03/91, Sr. Presidente,


parece-me, é a taxa de juros flutuante estabelecida pelo mercado, que o
Banco Central divulgará. São expressões do próprio art. 1º dessa lei, o
Banco Central divulga aquilo que ele encontra no mercado, para remunerar
operações financeiras, sobretudo as de resultado.”

Em acórdão da Corte Especial do STJ prolatado nos Embargos de Divergência em


Recurso Especial nº. 64.712/SP (Reg. 95/0043887-9), consta:

17
PERÍCIA CONTÁBIL EM MATÉRIA FINANCEIRA – Prof. Remo Dalla Zanna (MS)

“A Taxa Referencial (TR) não é índice de correção monetária, pois,


refletindo as variações do custo primário de captação dos depósitos a prazo
fixo, não constitui índice que reflita a variação do poder aquisitivo da
moeda.”

Posteriormente, na Justiça Paulista, ocorreu a revisão da Tabela Prática para


Cálculo de Atualização Monetária dos Débitos Judiciais. Neste caso, a TR (Taxa
Referencial) de fevereiro/91 de 7% que houvera sido usada, foi trocada
(substituída) pelo IPC do mesmo mês, ou seja: 21,87% - um pouco superior ao
INPC do mesmo mês adotado pela Justiça do Estado do MT, como acima citado.

Esta decisão alterou (novamente) os fatores da “Tabela Prática” paulista


daí em diante.

No que tange aos contratos de financiamento habitacional, com cláusula de reajuste


das prestações pelo PES/CP - Plano de Equivalência Salarial / Categoria
Profissional, firmados antes da vigência a Lei nº. 8.177 de 1º de março de 1991, a
TR é inaplicável para corrigir as prestações mensais. Ementa de acórdão prolatado
pelo E. Superior Tribunal de Justiça:

“PROCESSUAL CIVIL E ADMINISTRATIVO - SFH - REAJUSTE DAS


PRESTAÇÕES E DO SALDO DEVEDOR - PLANO DE EQUIVALÊNCIA
SALARIAL (PES) - INAPLICABILIDADE DA TR - ADIN 493-0/STF -
VIOLAÇÃO À LEI FEDERAL NÃO CONFIGURADA -
PREQUESTIONAMENTO AUSENTE - DIVERGÊNCIA
JURISPRUDENCIAL NÃO COMPROVADA - LEI 8.039/90 E RISTJ, ART.
255 E PARÁGRAFOS.
(...)

Declarada pelo STF a inconstitucionalidade da TR como fator de correção


monetária (ADIN 493-0), o reajustamento do saldo devedor e das
prestações mensais deve obedecer ao Plano de Equivalência Salarial.
Recurso Especial n.º 150.347, Segunda Turma, Relator Ministro Francisco
Peçanha Martins, j. 17/02/2000). (grifo nosso)

Por fim, quando o magistrado de primeira instância entendeu que o PES/CP já não
se aplicava para corrigir as prestações do mutuário, seja por que motivo for, os
senhores advogados pugnavam pelo uso do INPC do IBGE, em substituição à TR.

d) O efeito da URV nos salários de março a julho de 1994 (março, abril,


maio, junho e julho de 1994)

18
PERÍCIA CONTÁBIL EM MATÉRIA FINANCEIRA – Prof. Remo Dalla Zanna (MS)

Com a edição do PLANO REAL, todos os preços e salários foram convertidos para
URV (Unidade Real de Valor) sendo que no período de 1º de março a 31 de julho
de 1994, como ainda não havia ocorrido a troca de moeda de Cruzeiro Real para
Real, com a divisão por 2.750, os salários continuaram a ser pagos em CR$ -
Cruzeiros Reais.

Com a Medida Provisória MP nº. 434, de 27 de fevereiro de 1994, o governo


determinou que os salários em geral fossem convertidos em URV no dia 1º de
março daquele ano, não pelo seu valor naquele momento, mas pela média aritmética
dos salários auferidos nos meses de novembro, dezembro, janeiro e fevereiro,
precedentes. Considerando que os salários, em face da elevada inflação mensal,
eram reajustados todos os meses, este procedimento, na prática, resultou em perda
salarial para os trabalhadores, ou seja, um expurgo monetário em cima dos
assalariados.

No caso específico das operações do SFH, a medida provisória supracitada diz:

“Continuam expressos em cruzeiros reais, até a emissão do Real, e regidos


pela legislação específica:
I –...
II –...
III – As operações dos Sistemas Financeiro da Habitação e do Saneamento
(SFH e SFS).”

No seu tempo, o BACEN – Banco Central do Brasil, pela Resolução nº. 2059, de
23/03/1994, parametrizou os efeitos da MP nº 434 sobre os contratos do SFH e, no
que tange aos contratos cujas prestações estavam vinculados ao PES, dispôs:

“Art. 11: – Estabelecer que, nos contratos firmados no âmbito do Sistema


Financeiro da Habitação vinculados à Equivalência Salarial, deverão ser
repassados às prestações que tenham o mês de março do corrente ano como
mês de referência, os percentuais de reajustes correspondentes à variação,
em cruzeiros reais verificada entre o salário do mês de fevereiro e o salário
do próprio mês de março, esse calculado na forma da Medida Provisória nº.
434, de 27/02/1994.
Parágrafo Único: - para fins do cálculo referido neste artigo, considerar-se-
á o último dia do mês como do efetivo salário do mutuário.

Art. 21: - Determinar que os reajustes subseqüentes das prestações serão


efetuados com base na Variação da paridade entre o Cruzeiro Real e a
Unidade Real de Valor (URV), verificada entre o último dia do mês anterior
de referência e último dia daquele próprio mês.

19
PERÍCIA CONTÁBIL EM MATÉRIA FINANCEIRA – Prof. Remo Dalla Zanna (MS)

Art. 31: - Na aplicação dos reajustes em que trata esta Resolução, deverá
ser observada a carência contratual prevista.

Nos meses sucessivos, o valor do salário, grafado em URV, não foi aumentado,
pois pago em CR$ (Cruzeiros Reais) equivalentes sempre à mesma quantidade de
URVs. A cada dia, o valor da URV era ajustado pelo governo de forma que, ao
receber seu salário nessa moeda escritural em qualquer data, o cidadão recebia o
valor em CR$ (Cruzeiros Reais) devidamente atualizado. Por certo que esse
fenômeno não configurava um “aumento de seu salário”, pois o valor efetivo,
medido em URVs, permaneceu inalterado até a criação do Real. Então, o aumento
em CR$ (Cruzeiros Reais) que se verificou no salário do mutuário, em cada mês,
não era um aumento efetivo, mas, apensas, a recuperação da inflação.

Tem-se como certo que a grande maioria dos agentes financeiros do SFH não
levaram em conta o fato do salário do mutuário estar fixo em URVs e aplicaram, ao
valor das prestações, a correção monetária incorrida sobre a moeda CR$ (Cruzeiro
Real).

Esta questão tem dois vetores que são:

1) se o agente financeiro não atualizou o saldo devedor em URV, mas o


manteve em CR$, atualizando-o pela variação da renda básica correspondente à
Caderneta de Poupança (sem 0,5% de juros) e cobrou as prestações em CR$
corrigidas conforme o aumento inflacionário do salário do mutuário, então o seu
procedimento foi correto ou legítimo e em conformidade com a Resolução do
BACEN; todavia,

2) se o agente financeiro atualizou o saldo devedor em URV, então


deveria ter emitido os boletos de cobrança, para receber o valor das prestações
mensais, também em URVs, mas teria agido em desconformidade com o que o
BACEN instruiu.

Exemplo:

Suponhamos um salário de CR$ 10.000,00 em 30/03/1994.


Nesse dia, a URV valia CR$ 931,03. Portanto, a conversão para URV foi feita da
seguinte forma:
(CR$ 10.000,00 /931,03) = 10,74 URVs.
Ou seja, o salário do cidadão era de 10,74 URVs que seriam convertidas em CR$
no dia em que o recebesse, pelo valor unitário da URV naquele dia.

20
PERÍCIA CONTÁBIL EM MATÉRIA FINANCEIRA – Prof. Remo Dalla Zanna (MS)

Se o salário de CR$ 10.000,00 efetivamente não mudou alterando a quantidade de


URVs, o cidadão sempre recebeu 10,74 URVs. Ao recebê-las nos meses seguintes,
embolsou:

Salário
Valor da URV Valor do Salário Valor equivalente
Datas Nominal em
em CR$ em URVs. em CR$
CR$
31/03/94 10.000,00 931,03 10,74079 10.000,00
30/04/94 10.000,00 1.323,92 10,74079 14.218,90
31/05/94 10.000,00 1.875,82 10,74079 20.146,30
30/06/94 10.000,00 2.750,00 10,74079 29.535,00

Agora, suponhamos as seguintes variáveis pertinentes ao contrato de financiamento


habitacional:

- Valor da prestação CR$ 2.000,00


- Carência para aplicar os aumentos de salário: 30 dias
- Primeiro aumento de salário: abril/94
- Aplicação do aumento na prestação de maio/94 e nas prestações sucessivas.

Maio/94 – (URV de 30/04/94 dividida pela URV de 31/03/94) =


(1.323,92 / 931,05) = 1,421964 ou 42,1964%

Junho/94 – (URV de 31/05/94 dividida pela URV de 30/04/94) =


(1.875,82 / 1.323,92) = 1,416868 ou 41,6868%

Julho/94 – (URV de 30/06/94 dividida pela URV de 31/05/94) =


(2.750,00 / 1.875,82) = 1,466025 ou 46,6025%.

A partir de julho/94, as prestações foram convertidas de CR$ para R$, na paridade


de R$ 1,00 = CR$ 2.750,00.

Como se vê, enquanto a moeda CR$ não foi dividida por 2.750 e se transformou em
R$, cabia ao mutuário pagar as prestações mensais na mesma proporção da
evolução de seu salário nominal. Em outras palavras, pode-se dizer que foi legítimo
o agente financeiro cobrar pela prestação mensal, valor proporcional ao aumento,
ainda que inflacionário, do salário do mutuário.

Não pode o perito-contador, entretanto, esquecer que no dia 31/03/1994, quando os


salários foram convertidos em URVs, o foram pela média aritmética dos salários
nominais dos últimos 4 meses (novembro, dezembro de 1993 e janeiro e fevereiro
de 1994), causando uma perda efetiva ao assalariado. Este procedimento, à luz da
matemática e da lógica, deveria ter sido aplicado ao reajuste das prestações dos
contratos vinculados ao PES/CP, calculando-se a média aritmética das prestações
21
PERÍCIA CONTÁBIL EM MATÉRIA FINANCEIRA – Prof. Remo Dalla Zanna (MS)

imputadas nos mesmos quatro meses e somente a partir do valor da prestação assim
ajustada em CR$ (Cruzeiros Reais) convertê-la em quantidades de URVs.

Considerando que os bancos converteram a prestação em CR$ de 31/03/1994 e não


pela média aritmética das últimas quatro prestações em URVs aproveitaram a
ocasião e praticaram um aumento não previsto no contrato de financiamento.

Em resumo, as consequências financeiras e econômicas sobre os patrimônios


decorrentes de “Planos Econômicos” inicialmente impostos por Medidas
Provisórias que foram posteriormente, convertidas em Leis, desde o “Plano
Bresser”, passando pelo “Plano Verão”, “Planos Collor I e II” e terminando com o
“Plano Real”, são - ainda - objeto de questionamento judicial. Há uma grande
quantidade de processos em andamento que versam sobre esta matéria.
Questionam-se também os índices inflacionários apurados e divulgados pela
autoridade à época da promulgação desses Planos Econômicos. O questionamento
desses “índices oficiais” de uso obrigatório pela sociedade tem por base as
mudanças, aplicadas pelo Poder Executivo, no que tange aos critérios adotados para
a coleta dos dados usados como base para sua apuração e informação, mudanças
consideradas arbitrárias e, portanto, objeto de contestação no âmbito do judiciário.

e) O antigo caso do “Plano Bresser” - Decreto-Lei nº 2.335 de junho de


1987 (1) e as Cadernetas de Poupança

Conceito de Caderneta de Poupança: o contrato de depósito em Caderneta de


Poupança é de execução continuada (exatamente igual, no sentido inverso, ao
contrato do “cheque especial”), renovando-se a cada mês. Ao saldo existente na
“data de aniversário”, aplica-se, imediatamente, qualquer nova lei. Assim sendo,
admite-se como direito adquirido o que estava estabelecido entre duas “datas de
aniversário”.

Os detentores de Caderneta de Poupança com saldo em junho de 1987, cuja “data


de aniversário” iniciou seu curso antes do dia 15/06/1987, data da edição do “Plano
Bresser”, reclamaram que os agentes financeiros lhes creditaram correção monetária
com base na variação das Letras do Banco Central (LBC), no percentual de 18,02%
e que, todavia, a variação do IPC, naquele mês, foi de 26,06%. Assim sendo,
pleitearam a reposição da diferença de 8,04% e foram vencedores.
(1)
O Decreto-Lei nº 2.335/87 “dispõe sobre o congelamento de preços e alugueis reajustes
mensais de salários e vencimentos, institui a Unidade de Referência de Preços – URP e dá outras
providências”. Como consequência deste Decreto-Lei o Conselho Monetário Nacional editou, na
mesma data (15/06/1987), a Resolução nº 1.338 com a qual determinou que os rendimentos das
Cadernetas de Poupança em junho de 1987, fossem corrigidas monetariamente com base na
variação mensal das Letras do Tesouro Nacional.

22
PERÍCIA CONTÁBIL EM MATÉRIA FINANCEIRA – Prof. Remo Dalla Zanna (MS)

Disseram os magistrados que os bancos depositários de poupança são responsáveis


por receber e guardar o dinheiro que lhes foi entregue, para, nos termos dos artigos
1.265/67 do Código Civil, restituí-lo com todos os frutos contabilizados na conta
corrente dos depositantes, seus clientes, até a data do saque desse dinheiro.

Entre vários, alguns julgamentos que dão suporte ao direito reclamado são,
basicamente, os seguintes:

CONSTITUCIONAL – ATO JURÍDICO PERFEITO – CADERNETA DE


POUPANÇA.
Iniciado o período de trinta dias, nenhuma alteração superveniente pode
alterar o regime jurídico da conta, sob pena de afrontar o ato jurídico
perfeito. Inconstitucionalidade de parte do item III da Resolução nº
1.332/87, do Banco Central do Brasil, quanto aos depósitos que, em 15 de
junho de 1987, já haviam começado o ciclo mensal da poupança. Vício do
ato normativo, inassimilável a erro na sua aplicação. (Apelação Cível nº
91.04.25706-5-RS, 1ª Turma do Tribunal Regional Federal da 4ª Região,
Relator o Dr. Juiz Ari Pargendler, DJU 09/06/93, pág. 22.2232.)

CADERNETAS DE POUPANÇA – REMUNERAÇÃO DE JUNHO DE 1987


– INDEXAÇÃO PELO IPC – LEGITIMIDADE PASSIVA.
1. O Banco Central do Brasil não é parte passiva legítima nas lides
estabelecidas entre poupadores e entidades bancárias, relativamente às
diferenças entre os índices do IPC e das LBCs, no mês de junho de 1987.
2. Alterações legais ou regulamentares supervenientes ao depósito ou na
renovação automática não podem alterar o regime jurídico da conta.
3. Assegura a percepção das diferenças.
4. Apelação do BACEN provida.

5. Apelação da CED improvida. (Tribunal Regional Federal da 4ª Região,


Relatora a Sra. Juíza Ellen Gracie Northfleet, DJU 27.04.94, p.g. 18.751.)

CORREÇÃO MONETÁRIA – POUPANÇA – “PLANO BRESSER”


Há de atender ao índice de correção monetária vigorante no momento
inicial do trintídio respectivo, a atualização do saldo de conta de poupança.
Recurso especial atendido.
Unânime. (Recurso Especial nº 35.368-8 – Rio de Janeiro – Relator o Sr.
Ministro Fontes de Alencar, DJU de 06/09/93, p.g. 18.036.)

Logo, a norma não tinha aplicação antes que ocorresse a próxima “data de
aniversário” da caderneta de poupança, pois o contrato, de vigência mensal, ainda
não tinha terminado quando o “Plano Bresser” foi editado.

23
PERÍCIA CONTÁBIL EM MATÉRIA FINANCEIRA – Prof. Remo Dalla Zanna (MS)

Os advogados dos bancos contestaram essa tese com base em dois conceitos
diferentes, como segue:
a) o índice de inflação medido pelo IPC é uma coisa diferente do
b) índice de correção monetária aplicável aos depósitos em Cadernetas de
Poupança.

Ou seja, os bancos aplicaram o que determinou a norma e só lhes cabia agir assim
porque estão subordinados e são controlados pela autoridade monetária (BACEN e
CMN) a quem devem atender. Logo, se no momento em que foi creditada a
correção monetária a norma estava em vigor, entendem que só lhes cabia aplicá-la
independentemente da inocorrência do trintídio, ou seja, mesmo que a “data de
aniversário” não tivesse chegado. Esta posição técnica está fundamentada na
jurisprudência que ensina que somente no momento do “aniversário” da conta, ou
seja, no fim do trintídio é que surge o direito a um quantum de correção monetária e
juros e que, até a “data do aniversário” da conta, existe apenas uma expectativa de
direito. A aplicação deste conceito jurídico se manifesta quando o poupador retira,
em todo ou em parte, o valor depositado antes da “data de aniversário”, eis que
sobre a parte sacada não incidem nem correção monetária e nem juros pro-rata.
Portanto, alegaram os advogados dos bancos que a escrituração contábil dos
créditos (correção monetária e juros), sendo feita, por Lei, somente na “data de
aniversário”, deve ser feita pela lei que viger naquele exato momento.

Como se vê, a controvérsia está centrada em se saber se a aplicação da norma vige


a partir da “data de aniversário” que antecedeu a sua publicação ou na “data de
aniversário” seguinte, em que a contabilização dos créditos ocorreu. A Justiça
determinou que a vigência inicia-se na “data de aniversário” seguinte à vigência da
Lei, pois, segundo seu entendimento, a Lei não retroage.

Lendo a respeitável sentença da Egrégia 1ª Câmara Cível o Tribunal de Justiça do


Estado do Rio de Janeiro, ao julgar a Apelação Cível nº 1591/92, em 26/05/1992,
lê-se, no corpo do acórdão o texto seguinte:

Os contratos relativos a aplicações em cadernetas de poupança são


padronizados e regulamentados pelo poder público. As aplicações são
corrigidas monetariamente, incidindo ainda juros de 0,5% ao mês.

Os aplicadores não têm direito adquirido a determinado índice de


reajustamento de padrão monetário, mas aos que forem concedidos na
legislação econômica a que os contratos estão sujeitos. Tais contratos são
de trato sucessivo, podendo o poder público fixar o índice aplicável. As
instituições financeiras estão subordinadas a esses índices, não podendo
creditar aos aplicadores rendimentos maiores que os fixados.

24
PERÍCIA CONTÁBIL EM MATÉRIA FINANCEIRA – Prof. Remo Dalla Zanna (MS)

A legislação econômica, como têm decidido os tribunais, é de aplicação


imediata e não gera direito adquirido, especialmente quando incide, como
no caso, nos contratos de trato sucessivo em que os rendimentos são pós-
fixados (...)

Atualmente, alguns processos ainda se encontram na fase de execução da sentença,


requerendo, em alguns casos, a contribuição do perito-contador para fazer os
cálculos e dirimir controvérsias que surgem nesta fase. Portanto, quando o
magistrado não tem certeza sobre os valores apresentados pelos senhores
advogados que defendem os interesses dos poupadores vencedores, determina que
sejam feitos por perito de sua confiança.

O certo é que a reposição da diferença de 8,04% gera um novo valor sobre o qual
incidirão:
(i) correção monetária e
(ii) juros conforme determinado em sentença ou em acórdão.

Por exemplo: se sentenciada for a aplicação do IPC em substituição à LBC, assim


procederá aos cálculos, o perito. E se os juros remuneratórios forem sentenciados e
1% ao mês, isto, em substituição da taxa de 0,5% normalmente aplicada às
Cadernetas de Poupança, também os calculará conforme determinado. Caso a
sentença mande pagar juros moratórios, estes, como de praxe, são de 1% ao mês,
calculados linearmente. Resta saber, no final, se os juros remuneratórios de 1%
determinados em sentença, em substituição aos juros normais de 0,5%, devem ser
calculados linearmente ou de forma capitalizada como ocorre com a taxa de 0,5%,
pois é comum a sentença NÃO definir o regime de cálculo. A praxe forense
recomenda calculá-los linearmente. Além disso, podem ser sentenciados juros
compensatórios de 1% ao mês, também calculados linearmente. Estes juros
compensatórios (uma forma de indenização) serão calculados a partir da data em
que o depositante sacou, por total ou em parte, a poupança até o dia em que o perito
fizer os cálculos. A fundamentação deste direito está no fato de que o poupador, ao
sacar o saldo total ou parcialmente, recebeu quantia inferior à que tinha direito e, a
partir daí, sofreu perdas que, para serem compensadas, serão indenizadas em 1% ao
mês, de forma linear.

Ocorrendo a ausência de fixação judicial dos critérios a serem usados para calcular
a correção monetária e os juros incidentes sobre o valor da diferença apurada somos
de opinião que o perito deve calcular esses valores como se faz habitualmente, ou
seja, correção monetária pelos índices tradicionais e legais e juros de 0,5% ao mês,
capitalizados mensalmente. Esta é, salvo melhor juízo, a remuneração contratada
entre o DEPOSITANTE e o AGENTE FINANCEIRO. Outras taxas e outros
regimes de capitalização de juros e outros índices de atualização monetária
poderiam ser considerados casuísmos, uns gerados pelas chamadas autoridades
25
PERÍCIA CONTÁBIL EM MATÉRIA FINANCEIRA – Prof. Remo Dalla Zanna (MS)

monetárias de plantão e outros determinados no âmbito do Poder Judiciário. Mas


prevalecerá, para o perito judicial, o que for determinado em sentença.

Logo, em face da eventual ausência de determinação judicial específica, o perito


não aplicará outros índices inflacionários ou outras taxas de juros diferentes aos
comumente aplicados às Cadernetas de Poupança e nem fará incidir juros
compensatórios.

6.4. Caderneta de Poupança: sobre a responsabilidade do agente financeiro de


indenizar o depositante em AÇÃO DE INDENIZAÇÃO.

Uma das formas usadas pelos senhores advogados para recuperar as perdas
financeiras do depositante/poupador em Cadernetas de Poupança é alegar
irresponsabilidade do agente financeiro e promover uma ação de INDENIZAÇÃO
POR DANOS MATERIAIS. O fundamento do pedido de indenização é,
basicamente, o seguinte: de acordo com o pacto negocial, o autor tem a garantia de
receber, diretamente, em sua conta-poupança, a renda correspondente à (i) inflação
mensal mais (ii) 0,5% de juros ao mês. Os objetivos do contrato são dois:
a) proteger o capital aplicado dos efeitos inflacionários e
b) gerar renda financeira.

Na época, o índice adotado pela economia para se conhecer a evolução mensal da


inflação, que o agente financeiro comprometera-se reconhecer e contabilizar na
conta poupança do investidor era o IPC/IBGE. Com o advento da Medida
Provisória nº 168 de 12/04/1990, depois Lei 8024, de 16/03/1990, o agente
financeiro não contestou a inconstitucionalidade desta MP e Lei e, por isso, é
considerado irresponsável. Quedou-se silente mesmo sendo ele o responsável pelo
depósito dos recursos do depositante/poupador e ser de sua obrigação respeitar o
contrato. Logo, não tendo se insurgido ou contestado as instruções da autoridade
monetária, omitiu-se de sua obrigação de proteger a poupança de seu cliente. Não
poderia, qual Pilatos, lavar as mãos e deixar o prejuízo por conta do investidor, pois
as perdas financeiras decorrentes da Lei 8024/1990 o atingiram e o vilipendiaram na
sua condição de administrador de dinheiro que a ele foi entregue em confiança pela
pessoa (física ou jurídica) e mediante contrato. Não poderia aceitar tal intromissão
de terceiro, o BACEN, em seus negócios com seus clientes/poupadores. Então a
instituição financeira (depositária dos valores poupados) deve responder pelo saldo
integral que possuíam seus clientes no dia 15/03/1990. A verdade é que a Medida
Provisória nº 168, de 12/04/1990 não bloqueou, direta e individualmente, os saldos
de cada uma das Cadernetas de Poupança nominalmente, mas a autoridade
monetária deu uma ordem para que o banco depositário desrespeitasse o contrato
havido entre ele e seus clientes e procedesse em desconformidade com o mesmo. O
banco aceitou inerte essa interferência sem sequer consultar cada um e todos os
26
PERÍCIA CONTÁBIL EM MATÉRIA FINANCEIRA – Prof. Remo Dalla Zanna (MS)

poupadores. O contrato para administrar os fundos de seu cliente e investidor em


Cadernetas Poupança não apresentava cláusula que vinculasse os direitos do
investidor às atitudes das autoridades monetárias de forma retroativa. As
normas das autoridades monetárias poderiam valer para os depósitos que fossem
feitos a partir de 15/03/1990 e, de fato, houve manifestação, ainda que parcial, do
BACEN para os depósitos feitos a partir do dia 19/03/1990. Não tendo aplicado o
IPC/IBGE para corrigir o saldo das contas-poupança e tendo contabilizado em seu
lugar a variação do BTNF, descumpriu o que fora contratado entre as partes. A
omissão do agente financeiro em face das perdas que a Lei 8024/1990 motivou a
impetração de ação de indenização por perdas e danos porque era ele, agente
financeiro, o cuidador das poupanças de seu cliente e não a autoridade monetária.
O banco ao firmar o contrato de depósito em conta de poupança – “Caderneta de
Poupança” – tornou-se depositário contratual do dinheiro recebido, com as
obrigações do Código Civil (artigos nº 1.265 a nº 1.267 do CC antigo). Responde
pela coisa depositada (artigo 1.271 do CC antigo), na hipótese de perda. Obrigou-se
a creditar e pagar correção monetária e juros remuneratórios e deveria fazê-lo na
forma avençada. O risco do contrato é do depositário (agente financeiro) que, por
ser mais potente e por ter sido escolhido pelo poupador, deveria cuidar do dinheiro
que não era seu, lançando mãos dos meios jurídicos cabíveis. Então, conclui quem
assim pensa que o fato de ser obrigado a acatar as instruções da autoridade
monetária à qual é submisso, é um risco seu, inerente ao seu ramo de negócios e
não do cliente investidor.

Com base nesta linha argumentativa, os senhores advogados têm pleiteado


INDENIZAÇÃO pelo fato de o agente financeiro ter sido omisso quanto à
inconstitucionalidade da Lei 8024/1990 e não ter respeitado o contrato. Com este
tipo de ação não se pleiteia diferenças de correção monetária, e, sim,
INDENIZAÇÃO pela omissão do agente financeiro quanto à proteção que deveria
ter dado á poupança que lhe foi confiada.

Esta tese está fundamentada no fato de que os mutuários do SFH, do qual a


Caderneta de Poupança é o “fundign”, com sados devedores vencendo (data de
aniversário) no mesmo período, tiveram esse saldo corrigido em 84,32%. Logo, foi
cometido um desequilíbrio que favoreceu enormemente o agente financeiro porque
para suas contas passivas aplicou, na 2ª quinzena de abril/90, a variação do BTNF
(em torno de 4%) e para suas contas ativas aplicou a variação de 84,32%. A
diferença de, aproximadamente, 80% “engordou” os ativos dos agentes financeiros
de maneira injustificada.

Opondo-se a este argumento, o agente financeiro diz que o excedente a Cr$


50.000,00, transferido ao BACEN, deixou de ser “Caderneta de Poupança” e se
converteu em “nova relação jurídica” que recebeu o nome de Depósito Especial
Remunerado - DER - e que a correção monetária aplicada com base na variação
27
PERÍCIA CONTÁBIL EM MATÉRIA FINANCEIRA – Prof. Remo Dalla Zanna (MS)

do BTNF foi escriturada nesta nova conta. Por fim, o agente financeiro argumenta
que em atenção ao Comunicado nº 2067, de 30/03/1999, do BACEN, o saldo da
“Caderneta de Poupança” remanescente nessa conta, até NCz$/Cr$ 50.000,00,; se
em nome de pessoas físicas e entidades sem fins lucrativos, recebeu a correção
monetária de 84,32%, conforme IPC/IBGE. Conclui que não se pode confundir
“Caderneta de Poupança” com “Depósito Especial Remunerado – DER”.

Segue demonstrativo do entendimento do agente financeiro.

A data da indisponibilidade para o DEPOSITANTE/POUPADOR foi a partir de 15/03/1990,


ficando disponíveis junto ao AGENTE FINANCEIRO somente Cr$ 50.000,00 (novo nome da
moeda), depois de cumprido o trintídio.

1º exemplo de remuneração: data de aniversário da conta dia 10 (primeira quinzena)


01/mar 10/mar 15/03/1990 01/abr 10/abr 01/mai

Data de aniversário do
trintídio iniciado em
Data da MP que
10/mar. Correção
indisponibilizou o
Monetária de 84,32% sobre
Data de aniversário do excedente a NCz$
o saldo total. Transferência
trintídio iniciado em 10/02. 50.000,00 para o
do excedente a NCz$
Correção Monetária de DEPOSITANTE. Neste
50.000,00 para o BACEN
72,78% sobre o saldo total. caso ainda não ocorreu a
pelo valor atualizado
Início de novo trintídio transferência do saldo
monetariamente. Neste
remanescente para o
caso a transferência incluiu
BACEN
a correção monetária do
IPC/IBGE integralmente

2º exemplo de remuneração: data de aniversário da conta dia 23 (segunda quinzena)


01/mar 15/03/1990 23/mar 01/abr 23/abr 01/mai
Data de aniversário do
Data de aniversário do
Data da MP que trintídio iniciado em
trintídio iniciado em 23/02.
indisponibilizou o 23/mar. Correção
Correção Monetária de
excedente a NCz$ Monetária de 84,32%
72,78% sobre o saldo total.
50.000,00 para o sobre apenas de Cr$
Início de novo trintídio.
DEPOSITANTE. Neste 50.000,00 porque este foi o
Feita a atualização
caso ainda não ocorreu a SALDO
monetária do saldo, o
transferência do saldo REMANESCENTE
excedente a NCz$
remanescente para o (Foi trocado o nome da
50.000,00 foi transferido
BACEN moeda de Ncz$ para Cr$
para o BACEN
sem qualquer divisão)

Logo, conforme se vê acima, os agentes financeiros atualizaram monetariamente os saldos da data


Cadernetas de Poupança que ficaram sob sua responsabilidade. A este saldo foi aplicado o
percentual do IPC/IBGE de 84,32%. A parte das poupanças que ficou sob a responsabilidade do
BACEN recebeu a atualização monetária conforme variação do BTNF.

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PERÍCIA CONTÁBIL EM MATÉRIA FINANCEIRA – Prof. Remo Dalla Zanna (MS)

Já para os depósitos em Cadernetas de Poupança havidos depois da fatídica data de


15/03/1990, mais precisamente entre os dias 19 e 28 de março/1990, foi criada uma norma
específica. A Circular nº 1606, de 19/03/1990, estabeleceu que "os recursos depositados em
contas de poupança, no período de 19 a 28 de março de 1990, inclusive, serão atualizados, no
mês de abril de 1990, pela variação do BTNF". Logo, a partir de 19/03/1990, há um índice
próprio para atualizar monetariamente os (agora) cruzeiros depositados em Cadernetas de
Poupança. Mas, estatisticamente, sabe-se que não houve novos depósitos em Cadernetas de
Poupança neste período.

Contrariando a tese da irresponsabilidade do agente financeiro como acima


apresentada, há manifestação do Egrégio STJ, imputando aos investidores em
Cadernetas de Poupança as perdas inflacionárias causadas pela autoridade
monetária, isentando, pois, os bancos da necessidade de agirem, eles mesmos,
contra o BACEN. Ensina, assim, que a ação para pedir a “reposição da correção
monetária fraudada” deve ser movida contra o BACEN e/ou contra a UNIÃO
FEDERAL e não contra o banco depositante.

Veja o Recurso Especial nº 193.451 (98/0079768-8) – São Paulo – Relator: Min.


Barros Monteiro.

EMENTA: Cruzados Novos Bloqueados. Cobrança de complemento da


Correção Monetária. Ilegalidade da Parte Passiva “ad causam” da
Instituição Financeira Privada. Ilegitimidade da parte do banco privado
ante a perda de disponibilidade do numerário depositado, que passou
temporariamente à administração do Banco Central do Brasil. Precedentes
do STJ. Recurso especial conhecido e provido.

ACÓRDÃO: Vistos e relatados estes autos em que são partes as acima


indicadas. Decide a Quarta Turma do Superior Tribunal de Justiça, por
unanimidade, conhecer do recurso e dar-lhe provimento, na forma do
relatório e notas taquigráficas precedentes que integram o presente julgado.
Votaram com o Relator os Srs. Ministros Cesar Asfor Rocha, Ruy Rosado de
Aguiar e Sálvio de Figueiredo Teixeira. Brasília, 02 de fevereiro de 1999
(data do julgamento.)

No entendimento jurídico acima exarado, o banco comercial não tem legitimidade


para figurar no polo passivo porque a transferência da titularidade dos ativos
financeiros para o BACEN, por força do ato de império, fez desaparecer o objeto do
contrato havido entre o cliente depositante/poupador e o agente financeiro. Ou seja:
a autoridade monetária cancelou o contrato.

Veja, a seguir, sentença DISCORDANDO da argumentação acima apresentada.

29
PERÍCIA CONTÁBIL EM MATÉRIA FINANCEIRA – Prof. Remo Dalla Zanna (MS)

Processo Nº 583.00.2008.125084-9

Vistos. ALTAIR DE ARTIAGA BEBIANO ajuizou ação contra BANCO


BRADESCO, pela qual pleiteou a condenação do réu ao pagamento da diferença
devida em consequência da aplicação incorreta dos índices de remuneração da
caderneta de poupança mantida entre as partes por ocasião do “Plano Verão”. O
réu foi citado e apresentou contestação, pela qual pleiteou a improcedência da
demanda. Houve réplica. É o relatório. Segue a fundamentação. Não procede a
arguição de prescrição da ação, articulada na contestação, com fundamento na
norma prescricional de juros e prestações acessórias. A parte autora não pretende
nestes autos o pagamento de prestações que deixaram de ser adimplidas pelo
Banco, e sim indenização do dano decorrente da alegada utilização de índice
incorreto para a fixação da remuneração da caderneta de poupança
correspondente à correção monetária. A presente demanda deve ser analisada à
luz de seu pedido, que não está prescrito, pois tem cunho indenizatório e não de
cobrança de prestação inadimplida. A jurisprudência está firmada no sentido de
que a atualização das cadernetas de poupança em fevereiro de 1989 deve ser feita
pelo IPC de janeiro do mesmo ano (70,28%), bem como que as instituições
financeiras são as legitimadas para suportarem a indenização desse prejuízo: A
Lei 7.730/89 não poderia retroagir, atingindo os depósitos de poupança com datas
de aniversário compreendidas entre os dias 1º e 15 de fevereiro de 1989. Sua
aplicação, evidentemente, é ex nunc e, por isso os depósitos de poupança com
datas de aniversário a partir do dia 16 de fevereiro de 1989, ou seja, as contas
abertas ou renovadas a partir de 16 de janeiro de 1989, devem se submeter ao seu
império. Nenhum reflexo jurídico poderia ter a Lei 7.730/89 nos contratos de
poupança com data de aniversário compreendida entre o dia 1º e 15 de fevereiro
de 1989, exceção feita à moeda para transformação do capital original. Ainda que
de ordem pública, nenhuma lei pode retroagir, para atingir o direito adquirido.
Oportunas as considerações seguintes: “O art. 12 do Dec.-lei 2.284 de 10.3.86
dispunha que os saldos das cadernetas de poupança seriam reajustados, a partir
de 1.2.86, pelo Índice de Preços ao Consumidor. Por conseguinte, o índice de
atualização das cadernetas de poupança em fevereiro de 1989 é o IPC de janeiro
do mesmo ano, equivalente a 70,28%. Todavia, o art. 17, I, da Medida Provisória
32 de 15.1.89, convertida na Lei 7.730 de 31.1.89, estabeleceu que, em fevereiro
de 1989, os saldos das cadernetas de poupança fossem atualizados com base no
rendimento da Letra Financeira do Tesouro Nacional. Tal regra, de cunho
retroativo, veio a subtrair parte da correção monetária, em prejuízo dos
poupadores, que tinham direito adquirido à atualização pelo índice determinado
pela lei anterior, consoante o art. 6º, § 2º, da Lei de Introdução ao Código Civil e
o art. 5º, XXXVI, da Constituição Federal.” (1º Tribunal de Alçada Civil do Estado
de São Paulo, Apelação 542.364-9, São Paulo, 1ª Câmara, rel. Juiz Paulo Razuk,
julg. em 10.5.93) Os planos econômicos do Governo Federal, modificando e
alterando a política econômica do país, não podem retirar a legitimidade para a
30
PERÍCIA CONTÁBIL EM MATÉRIA FINANCEIRA – Prof. Remo Dalla Zanna (MS)

causa das partes primitivamente envolvidas nos contratos de direito privado, atos
jurídicos perfeitos e acabados, mesmo aqueles em que as instituições financeiras
privadas atuam como agentes captadores da poupança popular, em modalidades
de “cadernetas de poupança”. A relação de direito material, portanto, restringe-
se às partes contratantes, e somente os bancos privados têm legitimatio ad
causam para figurarem no pólo passivo da demanda. Se o índice de atualização
da caderneta de poupança, a partir de maio de 1989, por força do art. 17, III, da
Lei 7.730, de 31.1.1989, era a variação do IPC do mês anterior, como medido pelo
IBGE, não podia norma posterior, ou seja, o art. 6º, § 2º, da MP 168, de
15.03.1990, convertida na Lei 8.024, de 12.04.1990, ser aplicada retroativamente,
para que o saldo daquelas aplicações feitas antes de sua vigência (cadernetas de
poupança) fosse atualizado pela variação do BTN fiscal, com subtração de parte
da correção monetária, em prejuízo dos poupadores, que tinham direito adquirido
à atualização pelo índice determinado pela lei anterior, nos termos do art. 5º,
XXXVI, da CF e o arg. 6º, § 2º, da LICC. Não há, portanto, qualquer motivo justo
ou razoável para ser afastado aquele indicador de preços no mês de março/90,
oportunidade em que foi o IPC divulgado pelo IBGE, além de outros índices, de
percentual variável. A aplicação do IPC de janeiro de 1989 deve ser feita
unicamente nas aplicações do autor com data-base entre 1º e 15 de fevereiro de
1989. Por outro lado, o Banco não perde a legitimidade para responder à
demanda nem mesmo no tocante aos recursos bloqueados junto ao Banco Central:
O contrato celebrado entre depositante de caderneta de poupança e
estabelecimento bancário constitui vínculo de natureza particular entre os
contratantes, sujeitando-os aos riscos decorrentes das respectivas posições
contratuais. O banco, por sua vez, recebendo a aplicação repassou-a no âmbito
das destinações dos negócios bancários, com os quais também aufere o lucro
ínsito à sua atividade e ao mesmo tempo, assumiu o risco decorrente da posse da
aplicação realizada pelo depositante, de modo que o bloqueio de ativos
financeiros apanhou-o, ao banco, não ao depositário, com disponibilidade do
numerário e a obrigação intacta de pagamento ao depositante como avençado.
Não houve transferência do dinheiro do depositante ao Banco Central, mas, sim,
transferência do dinheiro do banco contratante ao Banco Central. Não há como
reconhecer legitimidade de parte do Banco Central, ou da União Federal, em
ação referente ao vínculo de natureza contratual particular existente entre
aplicador e o banco contratado mediante aplicação em caderneta de poupança. O
contrato celebrado entre depositante e o banco firmou as bases da
contraprestação a ser por este realizada, isto é, a devolução do capital aplicado,
com a correção monetária efetivamente proporcional à inflação experimentada no
período de aplicação. O contrato não podia ser afetado pelas medidas
governamentais materializadas na MP 168/90 e Lei 8024/90. As normas de Direito
Econômico, sem dúvida que de Direito Público e aptas à aplicação imediata, bem
como a operar a intervenção na propriedade, não podem atingir a intimidade das
avenças particulares em meio à execução, mormente quando uma das partes, em
31
PERÍCIA CONTÁBIL EM MATÉRIA FINANCEIRA – Prof. Remo Dalla Zanna (MS)

contrato comutativo, já realizou a sua prestação, consistente na entrega do


numerário, e está no aguardo da contraprestação da parte contrária
correspondente à inflação efetiva. Os juros contratuais devem ser calculados de
forma capitalizada, pois esta é a remuneração contratada para a aplicação
deficientemente corrigida. Assim, os juros remuneratórios contratados constituem
lucro cessante que deve ser integrado à indenização da atualização monetária
deficiente. ISTO POSTO, julgo procedente a ação, nos termos acima expostos. Às
diferenças apuradas em execução de sentença devem ser acrescidas a
remuneração da caderneta de poupança vigente nos meses subsequentes à data em
que ocorreu a remuneração incorreta, até final pagamento, bem como juros de
mora de 1% ao mês (Código Civil art. 406, combinado com o art. 161, § 1º, do
Código Tributário Nacional) desde a data da citação. Condeno o réu ao
pagamento das custas, despesas processuais e honorários advocatícios de 10%
(dez por cento) do valor atualizado da indenização ora fixada. P.R.Int. São Paulo,
23 de junho de 2008. Luis Fernando Cirillo Juiz de Direito (g.n.)

Na medida em que o agente financeiro se sente prejudicado pelas Leis que geraram
os expurgos monetários, cabe-lhe demandar, usando o direito de regresso (ação
regressiva), contra a autoridade monetária para recuperar as perdas que ele,
banco, sofreu em face das decisões às quais se diz submisso. Então, sendo o agente
financeiro quem administra a Caderneta de Poupança de seu cliente e considerando
que neste contrato nenhuma participação teve o BACEN ou o TESOURO
NACIONAL (União Federal), é exclusivamente dele a responsabilidade de reparar
as perdas e os danos que impingiu ao seu cliente.

Mas as decisões do STJ não coincidem com o pensamento exarado na sentença de


primeira instância acima reproduzida. Vejamos:

RECURSO ESPECIAL Nº 1.006.688 – SP (2007/0267814-1)


(...) Ademais, consoante entendimento assente nesta Corte, a instituição
financeira depositária é parte legítima para a demanda que busca a
diferença de remuneração de caderneta de poupança dos valores não
bloqueados e o índice aplicável ao período de março de 1990 é o IPC.
(...) (g.n.)
(...) As instituições financeiras depositárias, a partir da perda da
disponibilidade dos depósitos, não são legitimadas passivas para
demandas referentes à correção monetária de ativos financeiros
bloqueados, sendo responsáveis por todos os depósitos das cadernetas
de poupança em relação ao mês de março de 1990 e quanto ao mês de
abril de 1990, por aquelas cujas datas de “aniversário” ou creditamento
são anteriores ao bloqueio dos cruzados novos (...) (g. n.)

E Del no RECURSO ESPECIAL Nº 1.070.252 – SP (2008/0144905-4)


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PERÍCIA CONTÁBIL EM MATÉRIA FINANCEIRA – Prof. Remo Dalla Zanna (MS)

(...)
1. O Banco Central do Brasil ostenta, em princípio, legitimidade passiva ad
causam para responder pela correção monetária dos cruzados novos
retidos pela implantação do Plano Collor.
2. Os bancos depositários são responsáveis pela correção monetária dos
ativos retidos até o momento em que esses foram transferidos ao Banco
Central do Brasil. Consequentemente os bancos depositários são
legitimados passivos quanto à prestação de reajuste dos saldos referente
ao mês de março de 1990, bem como pertinente ao mês de abril do
mesmo ano, referente às contas de poupança cujas datas de aniversário
ou creditamento foram anteriores à transferência dos ativos.(...)
3. O IPC é o índice a ser utilizado para a correção monetária dos ativos
retidos até a transferência destes para o BACEN, sendo certo que após
a data da referida transferência, e no mês de abril de 1990, para as
contas de poupança com aniversário na segunda quinzena, incide o
BTNF, na forma do art. 6º, § 2º, da Lei 8.024/90. (...) (g. n.)

Concluindo verifica-se que quando o banco diz ser equivocada a ideia generalizada
de que as CP não receberam o crédito correspondente à variação integral do
IPC/IBGE de 84,32% comete um sofisma por que não completa a frase dizendo que
os 84,32% foram aplicados somente sobre o saldo remanescente de Cr$ 50.000,00.
Escora seu argumento no fato de que este era o valor que estava sob sua
administração, pois o excedente havia sido transferido à administração do BACEN.

6.5. Primeiro exemplo de um caso em que foram considerados expurgos


inflacionários

EXCELENTÍSSIMA SRA. DRA. JUÍZA DE DIREITO DA 14ª VARA CÍVEL DA COMARCA


DE GUARULHOS - SP

(deixe sempre, como mínimo, 10 espaços para o despacho judicial)

PROCESSO N.º: 3.195/01


AÇÃO : ORDINÁRIA - Obrigação de Fazer
REQUERENTE: ROSA ROMILDA LEAL
REQUERIDA : IMOBILIÁRIA “A MESMA” LTDA.

REMO DALLA ZANNA, Contador e Economista, nomeado


às fls. 174 para a honrosa missão de Perito Contador, vem, mui respeitosamente, à presença de V.
Exa. para APRESENTAR o resultado de seu trabalho, nos termos do presente

33
PERÍCIA CONTÁBIL EM MATÉRIA FINANCEIRA – Prof. Remo Dalla Zanna (MS)

para o qual requer juntada aos autos.

Termos em que
Pede Deferimento
Guarulhos, 08 de agosto de 2007.

I - BREVE HISTÓRICO DESTE PROCESSO SEGUNDO O ESCOPO DA PERÍCIA

1 - A Autora apresentou a Inicial distribuída em 12/07/2001 com o propósito de ver reconhecido


o seu direito a receber a escritura definitiva de lote de terreno nela mencionado. Alega que
tem este direito pelo fato do lote ter sido totalmente pago e que, por isso mesmo, não é devedora
da importância que a Ré está lhe cobrando, no valor de R$ 4.954,19 (quatro mil, novecentos e
cinquenta e quatro reais e dezenove centavos), para concordar em lhe passar a escritura definitiva
do imóvel.

2 - As alegações da Autora têm por base o que considera como sendo a correta aplicação dos
valores da ORTN - moeda do contrato - extinta e substituída pela OTN, também extinta e
substituída pelo BTN e a decorrente aplicação dos expurgos inflacionários decididos pelo STJ.
Considera que tendo pago, regularmente, as 120 (cento e vinte) prestações mensais, corrigidas
semestralmente como consta no contrato, ou seja, com base na variação da ORTN e títulos do
Tesouro Nacional que a sucederam (OTN e BTN), cumpriu sua obrigação de pagar.

3 - O contrato apresenta os seguintes parâmetros:


a) Data de assinatura do Contrato Preliminar nº. 517, às fls. 10/11: 31/10/1985, na vigência
do Cr$ (Cruzeiro “antigo”, ou seja, antes do Governo “Collor”). Isto significa que a
quantidade de ORTNs = 910 (novecentos e dez) - que figuram no contrato, tiveram como
parâmetro inicial, essa moeda, o Cr$.
Valor da ORTN de JUNHO/85 (base semestral Junho) = Cr$ 42.031,56 cada.
b) PREÇO no contrato supracitado, foi de 910 ORTNs equivalentes a Cr$ 38.248.720,00
(trinta e oito milhões, duzentos e quarenta e oito mil, setecentos e vinte cruzeiros).
c) Entrada paga no ato: 10 ORTNs equivalentes a Cr$ 420.315,00 (quatrocentos e vinte mil,
trezentos e quinze cruzeiros), deixando o saldo devedor de: 900 ORTNs equivalentes a Cr$
37.828.404,00 (trinta e sete milhões, oitocentos e vinte e oito mil, quatrocentos e quatro reais).
d) Esta dívida, pelo seu saldo como acima citado, conforme contrato, deveria ser corrigida,
semestralmente, nos meses de junho e dezembro, com base nos índices de variação do valor das
ORTNs, sem juros.
e) Plano de pagamentos: As 120 parcelas mensais (10 anos) foram assim distribuídas:
01 prestação de 06 ORTNs;
29 prestações de 06 ORTNs, totalizando 174 ORTNs;
30 prestações de 07 ORTNs, totalizando 210 ORTNs;
30 prestações de 08 ORTNs, totalizando 240 ORTNs;
30 prestações de 09 ORTNs, totalizando 270 ORTNs;
... totalizando as 900 ORTNs contratadas.
Vencimento da primeira prestação, um mês depois da assinatura do contrato ou pagamento da
“entrada”, ou seja, em 30.11.1985. (NOTA: no contrato às fls. 10 verso, cláusula IV, consta o
dia 31 de novembro de 1.985, dia que não existe.)
Vencimento das demais parcelas no mesmo dia dos meses seguintes.

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PERÍCIA CONTÁBIL EM MATÉRIA FINANCEIRA – Prof. Remo Dalla Zanna (MS)

4 - A Autora pediu, especificamente: a “... condenação da ré a cumprir o contrato, passando a


escritura definitiva do imóvel,...”.

5 - Em Contestação a firma Ré defendeu a tese que o IPC-IBGE é o indexador da inflação real e


que faz jus aos expurgos monetários aplicados pelo Governo Federal (sobre a sua dívida - dívida
pública do Tesouro Nacional - para com os detentores de OTNs), quando da criação do BTN em
janeiro de 1989 e faz jus aos índices inflacionários plenos expurgados em março, abril e maio
de 1990 aplicados, imperativamente, sobre o valor do próprio BTN.

6 - A Ré requereu a prova pericial contábil às fls. 169.

7 - Às fls. 174, este auxiliar teve a honra de ser nomeado para produzi-la. Os honorários periciais
foram arbitrados em R$ 1.200,00 (fls. 181). Quesitos da Autora não há. Quesitos da empresa Ré
às fls. 183. O depósito da quantia arbitrada foi feito às fls. 186/7. Tendo feito carga dos autos em
09.06.2003, passou a trabalhar.

II - METODOLOGIA E CRITÉRIOS DE TRABALHO

O escopo da prova pericial contábil é comunicar às partes


interessadas, em linguagem simples, os fatos observados sob a
ótica da Ciência Contábil (uma das ciências humanas), dentro de
uma filosofia que permita aproveitar os fatos observados, mercê
dos exames procedidos, para o esclarecimento dos pontos dúbios e
revelar a verdade que se quer conhecer.

01 - O trabalho investigativo que permitiu produzir esta prova foi conduzido, no que foi
possível e aplicável, dentro dos limites técnicos determinados pelas Normas Brasileiras de
Contabilidade - NBC-T13 - DA PERÍCIA CONTÁBIL e - NBC-P2 - NORMAS
PROFISSIONAIS DE PERITO CONTÁBIL, aprovadas, respectivamente, pelas Resoluções nºs
858 e 857 do CONSELHO FEDERAL DE CONTABILIDADE, ambas datadas de 21.10.1999.
Os procedimentos adotados tiveram como objetivo fundamental a elaboração deste Laudo Pericial
Contábil, abrangendo, pois, segundo a natureza e a complexidade da matéria aqui tratada, o
exame e a vistoria de documentos juntados, a mensuração e a certificação, como previsto na NBC
-T13 supracitada.

02 - Na parte econômica desta prova pericial, ou seja, a que cuida de:


- índices que serviram para medir a inflação oficial no período do contrato,
- evolução teórica do valor da OTN após sua extinção; e
- evolução teórica do valor do BTN durante sua vigência e após sua extinção,
... foi dada a devida atenção à Lei 1.411, de 13 de agosto de 1.951 com a nova redação dada pela
Lei Federal n.º 6.021, de 03 de janeiro de 1974, ao Decreto n.º 31.794, de 17 de novembro de
1952, que tratam da profissão do Economista; e às posteriores resoluções do COFECON -
Conselho Federal de Economia.

03 - Analisou-se o sistema de argumentação e contra argumentação usado nesta lide, a sua


lógica e a sua coerência com a prática e com os usos e costumes aplicados a investigações
periciais de cunho contábil, financeiro, econômico e comercial, em casos congêneres.

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PERÍCIA CONTÁBIL EM MATÉRIA FINANCEIRA – Prof. Remo Dalla Zanna (MS)

04 - Foram consideradas as determinações judiciais pertinentes ao perito e constantes no r.


despacho às fls. 173/4, bem como os documentos constantes nos autos deste processo. Esse
material e as pesquisas feitas sobre o fulcro do tema ventilado neste processo, foram considerados
suficientes para elaborar esta prova pericial. Assim sendo, foi possível formar a convicção
técnica que permitiu responder às questões formuladas às fls. 183 pela Ré e trazer os
esclarecimentos complementares necessários para o entendimento da questão dos expurgos
aplicados pelo Poder Executivo e julgados pelo Poder Judiciário (STJ).
NOTAS: 1) não houve necessidade de diligências externas, junto às pessoas litigantes,
2) as partes foram informadas do início dos trabalhos conforme preceitua o Art.
431-A do CPC e não mantiveram contato com este auxiliar durante o curso dos trabalhos
que resultaram nesta prova pericial.
3) Os valores pagos, de cada parcela, constam nos documentos juntados às fls.
12 a 128, na forma de cópias xérox, muitas incompletas ou ilegíveis, produzidas com
total displicência para servirem de prova documental que, apesar de sua péssima
qualidade, mercê do esforço deste auxiliar, puderam - apesar de seus defeitos - ser usadas
na produção desta prova. Após serem examinados e avaliados, esses documentos, geraram
os acertos de valores e datas nas planilhas apresentadas pela perícia na forma dos
ANEXOS nºs 01, 02 e 03.

05 - Deve ficar patente que a perícia judicial com naturezas contábil, financeira,
econômica e fiscal, tem seu fundamento legal na escrituração contábil das Pessoas Jurídicas,
quando empresas ou sociedades civis assemelhadas; nos documentos de controle pessoal e nas
declarações de rendimentos das Pessoas Físicas, quando de pessoas naturais; e, principalmente,
nos documentos acostados aos autos do processo. Na ausência destas condições técnicas
previstas na legislação comercial e fiscal, o Perito Judicial, para atingir seu escopo, vale-se das
prerrogativas inscritas no CPC, Art. 429, e passa a usar as alternativas nele previstas, como neste
caso, em que se cuida de apurar, principalmente:
a) o valor devido - ou não - pela Autora, dentro do conceito de pacta sunt servanda; e,
alternativamente,
b) o valor devido - ou não - pela Autora, dentro do conceito de rebus sic stantibus, ou seja,
considerando o benefício decorrente dos expurgos inflacionários, no exato limite determinado
pelo STJ, a que teria direito, segundo alegou na peça Inicial.

06 - Considerações relacionadas com o fulcro da questão debatida nos autos deste processo.
 A ORTN - moeda do contrato - foi extinta em FEVEREIRO/1986. O contrato foi
assinado em 31/10/1985.
 Foi substituída pela OTN que, por sua vez, foi extinta em JANEIRO/1989.
 De Abril/86 a Fevereiro/87 (dez meses) vigeu a OTN “pro-rata”.
 Em Fevereiro/89 deve ser aplicado o percentual de 42,72% (conforme STJ, índice de
Jan./89).
 Em Março/89 deve ser aplicado o percentual de 10,14% (conforme STJ, índice de
Fev./89).
 O substituto da OTN foi o BTN - Bônus do Tesouro Nacional. Assim, o BTN, em
Fevereiro de 1989 valia NCz$ 1,00.
 No período que vai de abril/89 a março/91, deve ser aplicado o IPC do IBGE
correspondente aos meses de mar./89 a fev./91.
 De abril/91 até julho de 1994, deve ser aplicado o INPC do IBGE correspondente a
mar./91 a jun./94.

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PERÍCIA CONTÁBIL EM MATÉRIA FINANCEIRA – Prof. Remo Dalla Zanna (MS)

 De agosto/94 a julho/95 deve ser aplicado o IPC-r do IBGE correspondente aos meses
de jul./94 a jun./95.
 De agosto/95 em diante, deve ser aplicado o INPC do IBGE correspondente ao índice
de Jul./95 em diante.
 Até 14/01/1989 vigia o Cz$ (cruzado). O novo padrão monetário, o NCz$ (Novo
Cruzado) foi instituído no dia 15/01/89, ou seja, no meio do mês. Isto foi feito com o
propósito de escamotear parte da inflação dos meses de janeiro e fevereiro de 1989. A
Autoridade Monetária entendeu, àquela época, que seria possível, ao Tesouro
Nacional, pagar aos detentores de OTNs o valor fixo de Cz$ 6.170,00 ou NCz$ 6,17
cada e que, daí por diante, o valor de cada Obrigação do Tesouro Nacional, seria
parametrizado pelo BTN, que não levou em conta a inflação de 70,28% mas apenas
parte dela.
 A estratégia de desindexação da economia inserida na Reforma Monetária ocorrida em
15/01/1989, baseou-se na premissa de evitar a adoção de um indexador oficial. Com
isso, pretendeu-se quebrar a memória inflacionária tão arraigada na nossa sociedade.
Como consequência, os contratos grafados em ORTNs e sucessivos títulos do
Tesouro Nacional, foram desequilibrados em suas substâncias econômica e
financeira. A implantação do BTN visou a não correção monetária pela inflação do
período impingindo um calote aos possuidores de OTNs. Portanto, a aplicação pura e
simples do BTN aos contratos privados, sem incorporar as perdas inflacionárias
decorrentes de sua implantação, eliminou a inflação favorecendo o devedor, tal
como favoreceu o Tesouro Nacional, que pretendeu não pagar (e não pagou) aos seus
credores por títulos da dívida pública (Obrigações do Tesouro Nacional), a correção
monetária integral.
 O c. STJ pacificou este assunto atribuindo os seguintes índices inflacionários para
atualização monetária de débitos:

1989
Janeiro 42,72%
Fevereiro 10,14%

07 - Fazem parte desta prova pericial e com ela se integram 3 (três) ANEXOS com as seguintes
características:

ANEXO N° 01 - Cálculo do Valor Devido com base na ORTN, substituída pela OTN que, por
sua vez, foi substituído pelo BTN, ambos - a OTN e o BTN - atualizados pelo IPC/INPC.
As hipóteses desenvolvidas neste ANEXO são três:
 1ª) a moeda do contrato é a ORTN que foi substituída pela OTN que, ao ser extinta, teve
o seu valor foi fixado em NCz$ 6,17; fato que ocorreu em janeiro de 1989;
 2ª) tendo sido essa a moeda do contrato, e tendo sido ela extinta, fez-se a correção da
mesma, a partir de sua extinção, pelo IPC/INPC - sem qualquer expurgo - para conhecer
seu valor na data do pagamento da 120ª (centésima vigésima) prestação, momento em
que, segundo o pensamento da Autora, ocorreu a plena quitação do contrato. Este é o
ponto principal das divergências, pois a empresa Ré entende que, com o pagamento da
120ª parcela, a última do contrato, o valor não foi integralmente pago, pois restou resíduo
inflacionário a ser satisfeito pela Autora;
 3ª) por outro lado, admitindo a extinção da OTN e suas conseqüências sobre o cálculo da
inflação, como algo irrecorrível (como acima exposto e conforme o que consta no

37
PERÍCIA CONTÁBIL EM MATÉRIA FINANCEIRA – Prof. Remo Dalla Zanna (MS)

DOCUMENTO Nº 01), calculamos o valor do contrato com base na nova moeda, ou


seja, o BTN que também foi indexado pelo IPC/INPC, sem expurgos.

ANEXO N° 02 - Cálculo do Valor Devido com base na ORTN, substituída pela OTN que, por
sua vez, foi substituído pelo BTN, ambos - a OTN e o BTN - atualizados pelo IPC/INPC
considerando todos os expurgos legais, inclusive os de janeiro e fevereiro de 1989.
As hipóteses desenvolvidas neste ANEXO são três:
 1ª) a moeda do contrato é a ORTN que foi substituída pela OTN que, ao ser extinta, teve
o seu valor foi fixado em NCz$ 6,17; fato que ocorreu em janeiro de 1989;
 2ª) tendo sido essa a moeda do contrato, e tendo sido ela extinta, fez-se a correção da
mesma, a partir de sua extinção, pelo IPC/INPC - com todos os expurgos no limite
fixado em decisões do C. STJ - para conhecer seu valor na data do pagamento da 120ª
(centésima vigésima) prestação, se ela vigorasse, momento em que, segundo o
pensamento da Autora, ocorreu a plena quitação do contrato. Este é ponto principal das
divergências, pois a empresa Ré entende que, com o pagamento da 120ª parcela, a última
do contrato, o valor não foi integralmente pago, pois restou resíduo inflacionário a ser
satisfeito pela Autora;
 3ª) por outro lado, admitindo a extinção da OTN e suas consequências sobre o cálculo da
inflação, como algo irrecorrível (consoante acima exposto e conforme o que consta no
DOCUMENTO Nº. 01), calculamos o valor do contrato com base na nova moeda, ou
seja, o BTN que também foi indexado pelo IPC/INPC, com todos os expurgos como
supracitado.

ANEXO N° 03 - Cálculo do Valor Devido com base na ORTN, substituída pela OTN que, por
sua vez, foi substituído pelo BTN, ambos - a OTN e o BTN - atualizados pelo IPC/INPC
considerando somente os expurgos legais vigentes após a efetivação do contrato:
 1ª) a moeda do contrato é a ORTN que foi substituída pela OTN que, ao ser extinta, teve
o seu valor foi fixado em NCz$ 6,17; fato que ocorreu em janeiro de 1989;
 2ª) tendo sido essa a moeda do contrato, e tendo sido ela extinta, fez-se a correção da
mesma, a partir de sua extinção, pelo IPC/INPC - considerados os expurgos no nível
decidido pelo C. STJ e vigentes a partir da data da efetivação do contrato - para
conhecer seu valor na data do pagamento da 120ª (centésima vigésima) prestação, se ela
vigorasse momento em que, segundo o pensamento da Autora, ocorreu a plena quitação
do contrato;
 3ª) por outro lado, admitindo a extinção da OTN e suas consequências sobre o cálculo da
inflação, como algo irrecorrível (como acima exposto e conforme o que consta no
DOCUMENTO Nº. 01), calculamos o valor do contrato com base na nova moeda, ou
seja, o BTN que também foi indexado pelo IPC/INPC, considerados os expurgos
vigentes a partir da data da efetivação do contrato.

08 - Os textos dos quesitos formulados pelas Partes estão literalmente transcritos neste Laudo
com os eventuais defeitos de linguagem que apresentam nas respectivas petições. Portanto, este
Perito Judicial se responsabiliza pelas respostas técnicas a eles (quesitos) fornecidas, até o limite
de seu entendimento lógico, decorrente de análise sintática aplicada, quando necessário, ao texto
apresentado. Isto posto, seguem-se as respostas oferecidas aos quesitos formulados e pertinentes
à perícia de natureza contábil.

III - QUESITOS DA AUTORA


NÃO HÁ.

38
PERÍCIA CONTÁBIL EM MATÉRIA FINANCEIRA – Prof. Remo Dalla Zanna (MS)

IV - QUESITOS DA RÉ
(fls. 183)

1. Em que consiste a prova contábil determinada?

RESPOSTA

A prova pericial contábil determinada cuida da matéria econômica, ou seja, cuida da aplicação dos
índices de inflação oficial adotados para corrigir monetariamente os títulos de emissão do Tesouro
Nacional: a ORTN, a OTN e o BTN. Cuida também dos expurgos inflacionários aplicados sobre
esses mesmos índices e seu efeito para os credores dos títulos governamentais, bem como de sua
legalidade e/ou sua aceitação pelo Poder Judiciário. Cuida, por fim, da aplicação dos índices de
inflação determinados em nível de STJ.

Vide, por gentileza, o DOCUMENTO Nº 01, obtido por este auxiliar em pesquisas que fez via
Internet, em sua forma original (sem qualquer alteração ou adaptação), que serve para
complementar a resposta a este quesito e integra esta prova pericial.

2. Os autores pagaram integralmente o débito ou resta a pagar as diferenças


decorrentes dos “resíduos inflacionários” apontados?

RESPOSTA

Não existe uma única resposta para este quesito. A resposta depende de decisão judicial a quem
está afeto o mérito desta Ação. A perícia, conforme exposto nos itens 6 e 7 do Capítulo II,
apresenta 6 (seis) alternativas de valores para a douta decisão judicial. As alternativas são:

a) Dentro do conceito de pacta sunt servanda, ou seja, em que a ORTN/OTN é a moeda do


contrato e esta seja considerada válida para a solução do conflito apresentado nesta Ação, temos:
1.- o valor da OTN corrigida pelo IPC/INPC sem expurgos,
2.- o valor da OTN corrigida pelo IPC/INPC com todos os expurgos; e,
3.- o valor da OTN corrigida pelo IPC/INPC excluídos os expurgos pertinentes aos meses de
janeiro e fevereiro de 1989.

b) Dentro do conceito de rebus sic stantibus, ou seja, apesar da OTN ser a moeda do contrato,
pelo fato de ter sido extinta e substituída pelo BTN, não poderia ser considerada válida para a
solução do conflito apresentado nesta Ação e, assim sendo, a moeda passaria a ser o BTN, temos:
1.- o valor do BTN corrigido pelo IPC/INPC sem expurgos;
2.- o valor do BTN corrigido pelo IPC/INPC com todos os expurgos; e,
3.- o valor do BTN corrigido pelo IPC/INPC excluídos os expurgos pertinentes aos meses de
janeiro e fevereiro de 1989.

NOTA: os expurgos considerados nos cálculos periciais são os que foram determinados
em decisão do STJ. Só podem ser aplicados se deferidos em decisão judicial e desde que o
débito seja anterior à ocorrência de cada um. Ou seja, considerando que o contrato objeto
desta ação é anterior a janeiro de 1989, s. m. j., podem, os expurgos, ser aplicados.

Vide, por gentileza, os ANEXOS Nºs 01, 02 e 03.


39
PERÍCIA CONTÁBIL EM MATÉRIA FINANCEIRA – Prof. Remo Dalla Zanna (MS)

3. Considerando que tais resíduos consistem em diferenças de IPCs incidentes em


janeiro/89, bem como março, abril e maio/90, nos percentuais de 42,72%, 30,46%,
44,80% e 2,36%, respectivamente, quais deles incidem no caso sub judice?

RESPOSTA

Tomando por base as hipóteses citadas na resposta ao quesito precedente, desta série da Ré, no
preciso mês em que foi paga a 120ª (centésima vigésima) prestação - a última do contrato -,
temos:
Valores em Reais
Saldo Saldo
Devedor Credor
A) Tomando por base a moeda do contrato, ou seja, a
ORTN/OTN
1 - OTN corrigida pelo IPC/INPC sem expurgos 6.870,64
2 - OTN corrigida pelo IPC/INPC, com todos os expurgos 1.261,34
3 - OTN corrigida pelo IPC/INPC, excluídos os expurgos de
janeiro e fevereiro de 1989 1.775,87
B) Tomando por base a moeda que substituiu a do contrato,
ou seja, o BTN
1 - BTN corrigida pelo IPC/INPC sem expurgos 3.234,22
2 - BTN corrigida pelo IPC/INPC, com todos os expurgos 168,21
3 - BTN corrigida pelo IPC/INPC, excluídos os expurgos de
janeiro e fevereiro de 1989 139,72

Vide, por gentileza, os ANEXOS Nºs 01, 02 e 03.

Resumindo, vê-se que os valores são muito diferentes segundo a hipótese jurídica aplicável ao
caso presente. Temos desde o caso em que a dívida seria no valor de R$ 6.870,64 ou, seria, pelo
seu menor valor, de R$ 139,72, para que V. Exa. decida o que for de direito.

4. Se devidos os mencionados resíduos, qual o valor do débito em aberto?

RESPOSTA

Se devidos os mencionados resíduos, e se considerada a nova moeda - o BTN - o valor do débito


em aberto é de R$ 3.234,22 (três mil, duzentos e trinta e quatro reais e vinte e dois centavos), na
data em que a 120ª parcela foi paga.

A quantia pleiteada pela Ré é de R$ 3.057,43 (três mil, cinqüenta e sete reais e quarenta e três
centavos) na mesma data em que foram encerrados os cálculos periciais, como acima citado, ou
seja: outubro de 1995. Vide fls. 130 verso.

Nota: O cálculo pericial apurou uma diferença de R$ 176,79 a favor da Ré. Atribui-se esta
diferença aos arredondamentos que incidiram nos cálculos durante 120 meses.

40
PERÍCIA CONTÁBIL EM MATÉRIA FINANCEIRA – Prof. Remo Dalla Zanna (MS)

A quantia pleiteada pela Ré, atualizada até janeiro de 2001, é de R$ 4.954,19 (quatro mil,
novecentos e cinquenta e quatro reais e dezenove centavos). Vide fls. 132.

V - CONCLUSÃO TÉCNICA

Sob a ótica econômico-financeira o parecer técnico/econômico/financeiro deste auxiliar,


considerando tudo que dos autos consta, sem adentrar no mérito de tudo que se debate nesta
Ação, é de que à Autora poderia ser reconhecido o direito de pagar o saldo devedor de R$
139,72 (cento e trinta e nove reais e setenta e dois centavos), o menor valor encontrado
conforme cálculos anexados; valor esse, que será objeto de atualização monetária a ser
calculada quando da execução da douta sentença que for prolatada, a partir de novembro de 1995
inclusive, até a data do efetivo pagamento e sem contar os juros de mora que não foram objeto de
quesitos e nem de pleito.

VI - ENCERRAMENTO

São inassumíveis responsabilidades sobre documentos controversos, que fazem parte dos Autos
deste Processo, se ainda não apreciados pelo MM. Juízo. Inassumíveis também responsabilidades
sobre documentos idôneos e válidos que podem estar em poder de pessoas físicas e jurídicas, seja
dos AUTORES ou dos RÉUS, ou ainda, de outros cidadãos interessados no deslinde deste caso,
que a nós não foram consignados até a data da conclusão deste Laudo.

Por fim, são também inassumíveis responsabilidades sobre matéria jurídica a que tenha se referido
por indução contida - intencionalmente ou não - na formulação dos quesitos ou em face das
circunstâncias do caso, excluídas, obviamente, as responsabilidades de sua profissão.

Nada mais havendo a oferecer dá-se por concluído o presente LAUDO PERICIAL CONTÁBIL,
composto de 19 (dezenove) folhas digitadas por processamento eletrônico de dados, de um só
lado, todas rubricadas, com exceção desta que segue assinada para os devidos fins e mais 3 (três)
ANEXOS, de números 01 a 03, todos rubricados por este auxiliar e que integram esta prova
pericial.

Guarulhos, 8 de agosto de 2007.

6.6. Segundo exemplo de um caso em que foram considerados expurgos


inflacionários

Este exemplo é uma crítica feita pelo ilustre Assistente Técnico do Banco ao laudo
apresentado pelo perito do juiz e revela a postura da instituição financeira em face
da determinação judicial, para que proceda à correção monetária integral dos
depósitos em caderneta de poupança da Autora e lhe pague a diferença. O nome do
autor do texto abaixo, levemente modificado para ser inserido neste livro, bem com
o nome das partes, foram omitidos para preservar a privacidade de cada um.

EXMO. DR. Juiz de Direito da 101ª Vara Cível da Capital-SP


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PERÍCIA CONTÁBIL EM MATÉRIA FINANCEIRA – Prof. Remo Dalla Zanna (MS)

(deixar sempre 10 espaços para o despacho judicial)

Autos: nº. 000.94.000791-9 (ex-3134/94)


101ª Vara Cível de São Paulo – SP
EMBARGOS À EXECUÇÃO
EMBARGANTE: Banco Anglosulamericano S/A.
EMBARGADO: H. D.

Rodrigo Rodrigues, CREA-PR 173.315/H, indicado como Assistente Técnico do Banco


embargante, vem, com todo respeito, apresentar a V. Exa. seu parecer técnico sobre o laudo
juntado pelo perito oficial e pede sua juntada aos autos para sua necessária apreciação.

I. Preliminares Gerais sobre o Laudo Pericial:

Da análise do laudo pericial encontramos em diversos momentos interpretações com arbitramento


do Sr. Perito na sua particular interpretação da sentença, cujo teor reproduzimos para dela
extrair, através de leitura simples e direta, os comandos que norteiam os procedimentos de
cálculo:

a) ...condeno o banco-réu a pagar à autora as diferenças, a serem apuradas em regular


liquidação de sentença, entre o valor depositado pelo réu, a título de correção
monetária, e o que efetivamente deveria depositar, se tivesse utilizado do IPC do IBGE
nos meses de junho de 1987, janeiro de 1989 e março de 1990 a março de 1991.
b) Condeno-o, ainda, a pagar juros mensais de 0,5% sobre as diferenças encontradas
desde a data em que teriam de ser depositadas, até a data de seu efetivo pagamento. Da
mesma forma quanto à correção monetária.
c) Em decorrência do princípio da sucumbência, arcará o réu com as custas judiciais,
despesas processuais e honorários advocatícios que ora arbitro em 10% (dez por cento)
do valor total do montante devido. (fls. 110-111)

1 Resumidamente temos:

A. Apuração de crédito de diferenças oriunda de utilização como índices de Correção


Monetária os percentuais do IPC - IBGE de junho/87, janeiro/89, e de março/90 a
março/91, que são respectivamente:
i. Em junho/87 foi apurado no percentual de 26,06%
ii. Em janeiro/89 inicialmente apontou-se o percentual de 70,28%, percentual
este objeto de discussão nas vias judiciais que foi pacificado em extensa
jurisprudência do STJ que esclareceu que seu percentual correto seria de
42,72%, uma vez que o percentual original de 70,28% foi obtido mediante
a apuração de variação de preços num período de 51 dias e não no período
mensal, assim ocasionando uma grave distorção corrigida pelo STJ. Assim,
o percentual do IPC para janeiro/89 é de 42,72%.
iii. No período de março/90 a março/91 o IPC, IBGE:

MÊS APURAÇÃO IPC % IPC/IBGE DATA CRÉDITO


Fevereiro/90 72,78% 15.03.90
Março/90 84,32% 15.04.90
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PERÍCIA CONTÁBIL EM MATÉRIA FINANCEIRA – Prof. Remo Dalla Zanna (MS)

Abril/90 44,80% 15.05.90


Maio/90 7,87% 15.06.90
Junho/90 9,55% 15.07.90
Julho/90 12,92% 15.08.90
Agosto/90 12,03% 15.09.90
Setembro/90 12,76% 15.10.90
Outubro/90 14,20% 15.11.90
Novembro/90 15,58% 15.12.90
Dezembro/90 18,30% 15.01.91
Janeiro/91 19,91% 15.02.91
Fevereiro/91 21,87% 15.03.91

Daí para diante o IPC-IBGE foi extinto.

Conclusão objetiva e direta deste ponto: Há três valores de diferenças a serem apurados entre o
que deveria ter sido creditado com os índices indicados e os valores efetivamente creditados,
como fruto da aplicação da sentença, a saber:
Primeira diferença – em julho/87
Segunda diferença – em fevereiro/89
Terceira diferença – em março/91

B. Para cada uma das três diferenças supracitadas, quando de sua apuração devem ser
considerados os seguintes itens:
i. Correção Monetária pelo IPC/IBGE.
ii. Juros de 0,5% ao mês, aplicados sobre o valor de cada parcela de diferença
desde a data de sua apuração inicial até o efetivo pagamento.

Conclusão objetiva e direta deste ponto: Cada uma das parcelas apuradas deve receber
atualização monetária pelo IPC/IBGE até o efetivo pagamento mais juros de 0,5% ao mês,
calculados desde a data da sua apuração inicial até a mesma data do pagamento.

2 Situações práticas na sua apuração:

C. O IPC/IBGE foi extinto em março/91. Assim fica a dúvida natural: qual o índice a
sucedê-lo na atualização de valores devidos por força de sentença? Se for
assumido que a correção deva ter o mesmo critério de atualização dos saldos das
contas de poupança teremos a aplicação da TR – Taxa Referencial. Se for seguida
a prática usual das Cortes Judiciais no Estado de São Paulo, a Tabela Prática para
Cálculo da Atualização Monetária dos Débitos Judiciais do TJSP editada em face
da jurisprudência predominante.

Nota Técnica:
A Tabela Oficial do TJSP adota os seguintes critérios de correção monetária que
transcrevemos:

OBSERVAÇÃO II - Os fatores de atualização monetária foram compostos pela aplicação dos seguintes índices:

Out/64 a fev/86: ORTN Abr/89 a mar/91: IPC do IBGE (de mar/89 a fev/91)
Mar/86 e mar/87 a jan/89: OTN Abr/91 a jul/94: INPC do IBGE (de mar/91 a jun/94)
Abr/86 a fev/87: OTN "pro-rata" Ago/94 a jul/95: IPC-r do IBGE (de jul/94 a jun/95)

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PERÍCIA CONTÁBIL EM MATÉRIA FINANCEIRA – Prof. Remo Dalla Zanna (MS)

Fev/89: 42,72% (conforme STJ, índice de Ago/95 em diante: INPC do IBGE (de jul/95 em diante),
jan/89). sendo que, com relação à aplicação da deflação, a
matéria ficará Sub judice
Mar/89: 10,14% (conforme STJ, índice de fev/89).

OBSERVAÇÃO III - Aplicação do índice de 10,14%, relativo ao mês de fevereiro de 1989, ao invés de
23,60%, em cumprimento ao decidido no Processo G-36.676/02.

Como se vê, a aplicação da tabela do Oficial do TJSP contempla no seu bojo a inserção dos IPCs
indicados na sentença como válidos na atualização de valores apurados nas datas da constituição
de cada uma das três diferenças encontradas por força da sentença, como segue:

1) Primeira parcela de diferença em julho/87 – valores corrigidos com a tabela do TJSP a partir de
jul/87 são contemplados com o IPC/IBGE de jan/89 em 42,72%, e do IPC integral de mar/90 a
mar/91.

2) Segunda parcela de diferença em fevereiro/89 - valores corrigidos com a tabela do TJSP a


partir de jul/87 são contemplados com o IPC/IBGE integral de mar/90 a mar/91.

3) Terceira parcela de diferença constituída com a simultânea extinção do IPC/IBGE.

Conclusão: A aplicação da Tabela Oficial do TJSP guarda coerência não só com a sentença como
com a jurisprudência predominante e segue as orientações do próprio Tribunal de Justiça do
Estado de São Paulo para Cálculo da Atualização Monetária dos Débitos Judiciais. Desta forma,
as diferenças apuradas devem ser corrigidas desde o momento de sua constituição até a data do
depósito efetivo do valor de R$ 14.256,37 (*); ocorrido em 08/jul/2002.

(*) Nota do autor: O ilustre assistente técnico ao citar o valor de R$ 14.256,37 refere-se ao
depósito que o Banco Embargante foi obrigado a fazer para discutir a metodologia de cálculo da
sentença que deu ganho de causa à Autora, atual Embargada.

D. Os juros são de 0,5% ao mês a serem aplicados sobre os valores atualizados


monetariamente até a data do depósito em 08/jul/2002:
i. Parcela de diferença em jul/87 até jul/2002: 180 meses x 0,5% = 90,00%
ii. Parcela de diferença em fev/89 até jul/2002: 161 meses x 0,5% = 80,50%
iii. Parcela de diferença em mar/91 até jul/2002: 136 meses x 0,5% = 68,00%

E. Honorários Advocatícios: 10% do montante total devido.

O montante total devido corresponde, pois às Diferenças Originais Corrigidas + Juros.

2 Apuração das três diferenças com cálculos até 08/jul/2002:

A. Das diferenças originais nas datas de jul/87; fev/89 e mar/91:

i . Apuração de Diferença em julho/87


H. D. Conta poupança: 9999.164305-3
1. Situação Original:
a) Saldo em 16/06/87: 7.443,63
b) Créditos em 15/07/87: %
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PERÍCIA CONTÁBIL EM MATÉRIA FINANCEIRA – Prof. Remo Dalla Zanna (MS)

Correção Monetária: 1.341,38 18,02%


Juros Remuneratórios: 43,93 0,50%
c) Saldo em 15/07/87: 8.828,94
2. Situação Conforme sentença:
a) Saldo em 16/06/87: 7.443,63
b) Créditos em 15/07/87: %
Correção Monetária: 1.939,81 26,06% IPC junho/87
Juros Remuneratórios: 46,92 0,50%
c) Saldo em 15/07/87: 9.430,36
3. Diferença apurada em julho/87: 601,42

ii . Apuração de Diferença em fevereiro/89


H. D. Conta poupança: 9999.164305-3
1. Situação Original:
a) Saldo em 15/01/89: 824,27
b) Saque em 20/01/89: 500,00
c) Créditos em 15/02/89: %
Correção Monetária: 72,50 22,36%
Juros Remuneratórios: 1,98 0,50%
d) Saldo em 15/02/89: 398,75
2. Situação Conforme sentença:
a) Saldo em 15/01/89: 824,27
b) Saque em 20/01/89: 500,00
c) Créditos em 15/02/89: %
Correção Monetária: 138,53 42,72% IPC janeiro/89
Juros Remuneratórios: 2,31 0,50%
d) Saldo em 15/02/89: 465,11
3. Diferença apurada em fev/89: 66,36

iii. Apuração de Diferença em março/91


H. D. Conta poupança: 9999.164305-3
1. Situação Original:
a) Saldo em 15/03/90: 16.767,23
b) Saldo em 15/03/91: 104.840,77
2. Situação Conforme sentença:
a) Saldo em 15/03/90: 16.767,23
O índice de 72,78% IPC fev/90 foi
creditado à época
Data Saldo inicial Saldo final IPC aplicado Juros
15-abr-90 16.767,23 31.059,89 84,32% 0,50%
15-mai-90 31.059,89 45.199,59 44,80% 0,50%
15-jun-90 45.199,59 49.000,58 7,87% 0,50%
15-jul-90 49.000,58 53.948,53 9,55% 0,50%
15-ago-90 53.948,53 61.223,28 12,92% 0,50%
15-set-90 61.223,28 68.931,38 12,03% 0,50%

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PERÍCIA CONTÁBIL EM MATÉRIA FINANCEIRA – Prof. Remo Dalla Zanna (MS)

15-out-90 68.931,38 78.115,66 12,76% 0,50%


15-nov-90 78.115,66 89.654,13 14,20% 0,50%
15-dez-90 89.654,13 104.140,35 15,58% 0,50%
15-jan-91 104.140,35 123.814,02 18,30% 0,50%
15-fev-91 123.814,02 149.207,72 19,91% 0,50%
15-mar-91 149.207,72 182.748,65 21,87% 0,50%
b) Saldo em 15/03/91: 182.748,65
3. Diferença apurada em mar/91: 77.907,88

Resumo:
Primeira diferença – em julho/87: Cz$ 601,42
Segunda diferença – em fevereiro/89: NCz$ 66,36
Terceira diferença – em março/91: Cr$ 77.907,88

B. Da Atualização Monetária das diferenças originais nas datas de jul/87; fev/89 e


mar/91 até jul/2002 (mês do depósito realizado):

Valor Fatores Tab TJ Fator Tab TJ


Parcela Inicial Inicial Final Valor Final jul/2002
Dif. Jul/87 601,43 366,490000 25,357437 41,61
Dif. Fev/89 66,36 8,805824 25,357437 191,09
Dif. Mar/91
(*) veja nota
do autor 7.707,88 2.838,989877 25,357437 68,85
Soma até julho/2002 301,55
Dif. Mar/91 77.907,88 2.838,989877 25,357437 695,86
Soma correta até julho/2002 928,56

(*) Nota do autor: O ilustre assistente técnico ao citar o valor de Cr$ 7.707,88 cometeu um
equívoco, pois o valor correto é Cr$ 77.907,88. Pode ser um erro digitação com o qual foi
omitido o número 9, mas pode ser um erro intencional. Neste momento, é impossível se saber o
que provocou este equívoco. O fato é que o erro beneficia o banco devedor.

C. Dos Juros aplicados sobre as diferenças originais desde as datas de jul/87; fev/89 e
mar/91 atualizadas até jul/2002 (mês do depósito realizado):

Valor Final
Parcela jul/2002 % Juros (0,5%am) Valor Inicial
Dif. Jul/87 41,61 90,00% 37,45
Dif. Fev/89 191,09 80,50% 153,83
Dif. Mar/91 68,85 68,00% 46,82
Soma Diferenças 301,55 Soma Juros 238,10
Valor Devido: Diferenças + Juros 539,65
Dif. Mar/91 695,86 68,00% 473,18
Soma Diferenças 928,56 Soma correta dos Juros 664,46

46
PERÍCIA CONTÁBIL EM MATÉRIA FINANCEIRA – Prof. Remo Dalla Zanna (MS)

Valor correto conforme conceito


do i. assistente técnico: Diferenças
+ Juros 1.593,02

D. Dos Honorários Advocatícios: 10% do montante total devido:


R$ 539,65 x 10% = R$ 53,96
Valor correto: 1.593,02 x 10% = R$ 159,30

E. Das Custas em julho/2002:

Fls. nº. Data Valor Divisor Multiplicador Valor Atualizado


13 set/94 16,30 12,693821 25,357437 32,56
188 abr/95 20,00 14,422459 25,357437 35,16
685 fev/98 2,40 19,312538 25,357437 3,15
747 jul/99 5,81 20,384250 25,357437 7,23
790 fev/00 14,50 21,410406 25,357437 17,17
938 jun/01 10,00 23,117003 25,357437 10,97
939 jun/01 9,50 23,117003 25,357437 10,42
940 jun/01 40,00 23,117003 25,357437 43,88
941 jun/01 35,00 23,117003 25,357437 38,39
995 abr/02 10,00 25,010959 25,357437 10,14
996 abr/02 70,00 25,010959 25,357437 70,97
1030 ago/02 10,00 25,649047 25,357437 9,89
Total Custas 289,93

F. Resumo em julho/2002:

Diferenças Atualizadas: R$ 301,55


Juros (0,5% ao mês): R$ 238,10
Honorários Advocatícios: R$ 53,96
Custas: R$ 289,93
TOTAL: R$ 883,54 - 6,20%

Valor Depositado: R$ 14.256,37 - 100,00%


Diferença/Excesso: R$ 13.372,83 - 93,80%

F.1. Resumo correto segundo o pensamento do i. assistente técnico, em julho/2002:

Diferenças Atualizadas: R$ 928,56


Juros (0,5% ao mês): R$ 664,46
Honorários Advocatícios: R$ 159,30
Custas: R$ 289,93
TOTAL: R$ 2.042,25 - 14,33%

Valor Depositado: R$ 14.256,37 - 100,00%


Diferença/Excesso: R$ 12.214,12 - 85,67%

47
PERÍCIA CONTÁBIL EM MATÉRIA FINANCEIRA – Prof. Remo Dalla Zanna (MS)

Do valor depositado como garantia do Juízo, 93,80% (85,67%), portanto, devem ser restituídos
ao Banco Embargante. E qual é a razão para tal redução do valor devido e restituição do excesso
depositado?

Resposta: Conforme a nota que conta na Tabela do TJ, divulgada após a emissão dos cálculos
anteriores esta foi alterada nos seus índices a partir de fev/89, reduzindo-os como apontado na
transcrição de observação abaixo:

“OBSERVAÇÃO III - Aplicação do índice de 10,14%, relativo ao mês de fevereiro de 1989, ao


invés de 23,60%, em cumprimento ao decidido no Processo G-36.676/02.”

Fica assim justificada a discordância com o valor apurado pelo Perito Oficial cujos cálculos
não seguiram o teor técnico da sentença, pois incorporou índices que não condizem com a
evolução da Tabela Prática do TJSP.

Nota do autor: Além do equívoco de digitação acima citado que resulta na discordância entre o
valor de R$ 883,54 apresentado pelo i. assistente técnico e o valor de R$ 2.042,25 obtido com a
revisão dos cálculos, não se concorda que a Tabela Oficial do Tribunal de Justiça do Estado de
São Paulo usada para Cálculo da Atualização Monetária dos Débitos Judiciais seja o instrumento
adequado para conhecer a atualização monetária dos saldos das cadernetas de poupança que
foram objeto de expurgos monetários. O pensamento contábil deste autor é no sentido de que as
Cadernetas de Poupança, por terem uma natureza particular definida como “poupança popular”
devem receber a correção/atualização monetária plena conforme evolução do IPC/IBGE. O
próprio ato do Poder Executivo de mandar, à época, o IBGE parar de medir a inflação conforme
metodologia aplicável ao IPC apurado pelo IBGE foi um ato de violência governamental contra a
“poupança popular”. Quis o governo de plantão à época dos expurgos, fazer com que os
poupadores pagassem pela sua incompetência.

I. Quesitos do Embargante:

PARECER SOBRE RESPOSTA AO QUESITO 01 DO EMBARGANTE:

Quesito nº 1:
Queira o Sr. Perito identificar os parâmetros financeiros determinados pela sentença
judicial nos seguintes pontos:
a) QUANTO À APURAÇÃO DE DIFERENÇAS:
i. Datas das apurações das diferenças entre o valor devido por força de
sentença e aquele efetivamente creditado na conta poupança 999.164305-
3

PARECER DA RESPOSTA OFERTADA:


Não atende objetivamente ao quesito que deve indicar as apurações das diferenças em julho/87;
fevereiro/89 e março/91.
Ao invés de responder traz uma interpretação particular com a aplicação de parâmetros
financeiros distintos que a leitura simples e direta da sentença não declinou objetivamente, a
saber:
“... o abaixo assinado opina tecnicamente no sentido de que o saldo da Caderneta
de Poupança seja recalculado, mês a mês, com correção monetária pelo
IPC/IBGE, mais juros de 0,5% ao mês, com juros capitalizados mensalmente.”
48
PERÍCIA CONTÁBIL EM MATÉRIA FINANCEIRA – Prof. Remo Dalla Zanna (MS)

Introduz a capitalização dos juros sem que esta tenha sido expressamente declinada na sentença.

ii. Qual o critério de correção monetária definido para apuração de


diferença.

PARECER DA RESPOSTA OFERTADA:


Indica:
“Vide, por gentileza, resposta ao item i. acima.”

O critério é o INPC/IBGE, entretanto, como este foi extinto em março/91 não indicou seu
sucessor nesta resposta, posteriormente indicará que aplica a variação da TR com a
cumulatividade dos juros remuneratórios de 0,5% ao mês, capitalizados.
Como se trata de valor de débito judicial apurado em cada uma das datas (julho/87; fevereiro/89 e
março/91) utilizamos, conforme a jurisprudência dominante a Tabela do TJSP que também
contempla a inserção do IPC/IBGE nos períodos elencados pela sentença.

b) QUANTO À ATUALIZAÇÃO DAS DIFERENÇAS APURADAS:


i. Correção monetária – a aplicação da tabela do TJSP está em harmonia
ou conflita com a sentença se for aplicada?

PARECER DA RESPOSTA OFERTADA:


Não responde ao quesito e refuta a aplicação da Tabela do TJ sem ao menos analisar os índices
que a formam e se estão em plena harmonia com a sentença como afirma:
“a TJSP não se presta a restabelecer o poder aquisitivo da moeda do saldo da
caderneta de poupança objeto desta ação e nem sua renda calculada, obviamente, sobre o saldo
ajustado mensalmente.”

A simples análise já realizada neste parecer demonstra que esta Tabela não só contempla o efeito
dos IPCs concedidos como soluciona a questão da sucessão do IPC após a sua extinção. Quanto
ao arbitramento aplicado pelo Sr. Perito não guarda correspondência com a leitura direta da
sentença.

ii. Juros devidos (percentuais e período de incidência):

PARECER DA RESPOSTA OFERTADA:


Sua resposta é a transcrição do trecho da sentença:
“Condeno-o, ainda, a pagar juros mensais de 0,5% sobre as diferenças
encontradas, desde a data em que teriam de ser depositadas, até a data de seu efetivo
pagamento.”

Acrescenta ainda a indicação à sua resposta ao item i do quesito onde indica a aplicação de juros
capitalizados e de evolução com sua inserção ao saldo devedor. Comando que não existe na
sentença que objetivamente diz:
Juros de 0,5% sobre as diferenças encontradas. (Necessário apurar estes valores nas três datas
indicadas – jul/97; fev/89 e mar/91).

49
PERÍCIA CONTÁBIL EM MATÉRIA FINANCEIRA – Prof. Remo Dalla Zanna (MS)

Desde a data de constituição de cada uma das diferenças até o pagamento (no caso 08.jul.2002 –
data do depósito).

c) QUANTO ÀS CUSTAS E HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS:

PARECER DA RESPOSTA OFERTADA:


Sua resposta é a transcrição do trecho da sentença indicando 10% do valor total do montante
devido.

PARECER SOBRE RESPOSTA AO QUESITO 02 DO EMBARGANTE:

Quesito nº 2: Queira o Sr. Perito apontar nas seguintes datas se o percentual do IPC/IBGE
corresponde aos seguintes valores e justificativas:

a) IPC Junho/87: 26,06%;


b) IPC Janeiro/89: 42,72% conforme já pacificado em jurisprudências do STJ e praticado na
tabela do TJSP;
c) IPC de fevereiro/90 a fevereiro/91 (tabela).

PARECER DA RESPOSTA OFERTADA:


Sua resposta é a confirmação dos índices que foram aplicados nas demonstrações que seguem na
parte preliminar deste Parecer.

PARECER SOBRE RESPOSTA AO QUESITO 03 DO EMBARGANTE:

Quesito nº 3: Queira o Sr. Perito calcular os seguintes valores conforme a sentença e os índices
devidos para a conta poupança 999.164305-3:

a) A diferença entre o valor devido por força de sentença e aquele efetivamente creditado
em:
i. De junho/87 até julho/87:
ii. De janeiro/89 até fevereiro/89:
iii. De fevereiro/90 até março/91:

PARECER DA RESPOSTA OFERTADA:


Divergimos dos valores apresentados, pois como se pode observar, ao aplicar metodologia de
efeito “cascata” com a inserção de diferenças, juros capitalizados vai majorando o saldo devedor e
apresentando valores distintos daqueles que são objeto do quesito que guarda direta observância
com o comando da sentença – a apuração dos valores das diferenças que são constituídas em
jul/87; fev/89 e mar/91.

Apresentou o Sr. Perito os seguintes valores comparados com nossas apurações:

Diferença em jul/87:
Perito: Cz$ 601,43 Nossa Apuração: Cz$ 601,42
Diferença de Cz$ 0,01 desprezível – Concordamos.

50
PERÍCIA CONTÁBIL EM MATÉRIA FINANCEIRA – Prof. Remo Dalla Zanna (MS)

Diferença em fev/89:
Perito: NCz$ 125,96 Nossa Apuração: NCz$ 66,36
Diferença de NCz$ 59,60 – Devida a inserção da diferença de jul/87 na sua apuração com juros
remuneratórios capitalizados de 0,5% am.

Diferença em mar/91:
Perito: Cr$ 136.209,27 Nossa Apuração: Cr$ 7.707,88
Diferença de Cr$ 128.501,39 – Ela é por causa da inserção das diferenças de jul/87 e fev/89 nas
suas apurações com juros remuneratórios capitalizados de 0,5% am cumulativamente – como vai
confirmar a prática indicada desta cumulatividade na resposta seguinte ao item b) deste mesmo
quesito.

Desta forma a resposta direta e objetiva ao quesito correspondendo um dos itens determinados na
sentença é:

Diferença em jul/87: Cz$ 601,43


Diferença em fev/89: NCz$ 66,36
Diferença em mar/91: Cr$ 7.707,88

b) Queira o Sr. Perito atualizar monetariamente cada um dos valores apurados até a data do
depósito em juízo.

PARECER DA RESPOSTA OFERTADA:


Sua resposta é prejudicada alegando:
“Considerando-se que o trabalho pericial se destina a conhecer a evolução do saldo da
Caderneta de Poupança mediante a aplicação dos índices de correção monetária sentenciados,
esta parte do quesito tem a resposta prejudicada, pois, não tem qualquer sentido prático ou
matemático “... atualizar monetariamente cada um dos valores apurados” como perquirido”.
Ora o quesito é exatamente o pedido de comando da sentença.
Como o Sr. Perito adotou caminho próprio, que acaba na sua metodologia conflitando com o
comando da sentença não pode apurar indicando tão somente que, nos termos de seus
particulares critérios e entendimento, em março de 1991 esta diferença global (incorporando as
diferenças das três datas) seria de Cr$136.209,27.
Destacamos ainda que na continuidade desta metodologia o Sr. Perito aferiu um total com juros
capitalizados inclusos de R$ 2.502,60 em julho de 2002 – data do depósito de R$ 14.256,37, o
que já apontaria um excesso de R$ 11.753,77.

c) Queira o Sr. Perito sobre cada uma das parcelas de diferença atualizadas até a data do
depósito em juízo aplicar os juros devidos pela sentença de forma simples e totalizar o valor de
condenação.

PARECER DA RESPOSTA OFERTADA:


Sua resposta é prejudicada alegando:
“Novamente, considerando-se que o trabalho pericial se destina a conhecer a evolução do saldo
da Caderneta de Poupança mediante a aplicação dos índices de correção monetária

51
PERÍCIA CONTÁBIL EM MATÉRIA FINANCEIRA – Prof. Remo Dalla Zanna (MS)

sentenciados, também esta parte do quesito tem a resposta prejudicada. Vide resposta ao item
“b” acima.”

Ora o quesito é exatamente o pedido de comando da sentença.

Destacamos ainda que na continuidade desta metodologia o Sr. Perito aferiu um total com juros
capitalizados inclusos de R$ 2.502,60 em julho de 2002 – data do depósito de R$ 14.256,37, o
que já apontaria um excesso de R$ 11.753,77.
Em percentuais: do total depositado (100,00%) temos que na ótica do Sr. Perito 17,55% seriam
devidos à Embargada e 82,45% a serem restituídos ao Embargante, confirmando o excesso de
execução denunciado.

d) Queira ainda o Sr. Perito apurar o valor de custas e honorários até a data do depósito
judicial (utilizar Tabela TJSP para atualizações).

PARECER DA RESPOSTA OFERTADA:


Sua resposta é:
“Atualizando-se o valor da diferença pelo TJSP, acrescentando juros simples de 0,5% mensal,
honorários de 10% e custas, chegamos ao valor de R$ 2.538,21. Vide Anexo “C”.
O anexo C tem a seguinte discriminação para 08.jul.2002:
Valor da Condenação em jul/2002: R$ 2.043,89
Honorários Advocatícios de 10%: R$ 204,39
Custas: R$ 289,93
Total: R$ 2.538,21
No seu anexo B indica que o valor da condenação é R$ 2.502,60.
No seu anexo C indica que o valor da condenação é R$ 2.043,89.
(ambos sem acrescentar custas e honorários)
Qual o motivo de tal divergência nos próprios cálculos da perícia?

A explicação vem da planilha no anexo C indicando que neste caso utilizou-se da aplicação de
juros de 0,5% a.m. de forma simples sobre o total em mar/91 que tinha valores com os mesmos
juros capitalizados e cumulados. O cálculo do anexo C é um híbrido com juros capitalizados até
mar/91 e daí em diante juros simples.

Se for seguido o comando do quesito a partir do seu resultado no Anexo B sua alteração seria
para:
Valor da Condenação em jul/2002: R$ 2.502,60
Honorários Advocatícios de 10%: R$ 250,26
Custas: R$ 289,93
Total: R$ 3.042,79
Desta forma, mais uma vez, há excesso com todas as majorações já indicadas e introduzidas no
laudo pericial temos que a totalidade dos valores mesmo com estes critérios chegaria a um
excesso de R$ 11.213,58 que está inserido no depósito de R$ 14.256,37.
Percentualmente, teríamos: 21,34% à Embargada e 78,66% a serem devolvidos ao Embargante
por conta do excesso denunciado.

e) Queira o Sr. Perito apurar o montante global na data do depósito judicial e comparar com
o valor depositado, indicando eventual diferença, em valores e em percentual.

PARECER DA RESPOSTA OFERTADA:


52
PERÍCIA CONTÁBIL EM MATÉRIA FINANCEIRA – Prof. Remo Dalla Zanna (MS)

Sua resposta é a confirmação dos excessos praticados pela Embargada, mesmo que majorado seu
crédito como indicamos.

PARECER SOBRE RESPOSTA AO QUESITO 04 DO EMBARGANTE:

Quesito nº. 4: Queira ainda o Sr. Perito esclarecer se os cálculos apresentados pela embargada
guardam a devida correspondência com os comandos da sentença e os índices efetivos do
IPC/IBGE.

PARECER DA RESPOSTA OFERTADA:


Sua resposta é a confirmação dos excessos denunciados pela Embargante.
“Negativa é a resposta. Os cálculos da Exeqüente/Embargada NÃO guardam a devida
correspondência com os comandos da sentença e os índices efetivos do IPC/IBGE.
Por exemplo, em out/1994 foi usado percentual 258,18% quando o correto é 2,5818%.”

II. Quesitos da Embargada:

PARECER SOBRE RESPOSTA AO QUESITO 01 DA EMBARGADA:

Quesito nº. I: Esclareçam os peritos se os valores dos prejuízos afirmados (que não existiam nas
contas de poupança) foram transferidos para o Banco Central do Brasil por força da Medida
Provisória nº 168?

PARECER DA RESPOSTA OFERTADA:


Sua resposta é a confirmação da inexistência de prejuízos.
“Esclarece-se, então, que nenhum prejuízo houve para a Sra. H. D., pois os valores envolvidos
nesta conta de poupança não alcançaram o limite de corte de NCz$ 50.000,00 como consta na
medida provisória.”

PARECER SOBRE RESPOSTA AO QUESITO 02 DA EMBARGADA:

Quesito nº. II: Conferindo os cálculos apresentados pela embargada esclareçam se os mesmos
estão corretos?

PARECER DA RESPOSTA OFERTADA:


Sua resposta é a confirmação do excesso de execução com seus cálculos.
“Negativa é a resposta. Os cálculos da Exeqüente/Embargada NÃO guardam a devida
correspondência com os comandos da sentença e os índices efetivos do IPC/IBGE. Por exemplo,
em out/1994 foi usado percentual 258,18% quando o correto é 2,5818%.”

III. CONCLUINDO:

53
PERÍCIA CONTÁBIL EM MATÉRIA FINANCEIRA – Prof. Remo Dalla Zanna (MS)

Finalmente nas suas considerações o Sr. Perito vem apresentar equivocadamente valores
impertinentes como indica.

a) Atualizando-se o valor da poupança como sentenciado até janeiro de 2006,


encontramos o saldo de R$ 6.074,96. Pelos extratos do banco o saldo é
R$ 2.631,92, A diferença a favor da Embargada, em janeiro de 2006, é de R$
3.443,04.
b) Utilizando os parâmetros de cálculos indicados pelo banco Embargante, em seu
quesito nº. 3, a diferença a favor da Embargada, em janeiro de 2006, é de R$
2.790,54.
Nos valores supracitados não estão incluídos honorários advocatícios de 10% e
nem as custas.

As apurações para janeiro/2006 são impertinentes uma vez que em 08.jul.2002 o depósito
efetuado de R$ 14.256,37 é mais que suficiente para satisfazer quaisquer dos valores, tanto por
nós como pelo Sr. Perito apesar de divergentes, cessando a continuidade dos comandos da
sentença sobre valores devidos na execução da sentença dos autos.

Reiteramos nossas apurações devidamente justificadas e demonstradas neste parecer onde


apontamos o seguinte resultado na data do depósito efetuado em 08.jul.2002:
Diferenças Atualizadas: R$ 301,55
Juros (0,5% am): R$ 238,10
Honorários Advocatícios: R$ 53,96
Custas: R$ 289,93
TOTAL: R$ 883,54 - 6,20%
Valor Depositado: R$ 14.256,37 - 100,00%
Diferença/Excesso: R$ 13.372,83 - 93,80%
Desta forma, do total depositado, 93,80% é excesso de execução a ser restituído ao
Embargante.

Encerramos nosso parecer sobre as manifestações e respostas dadas pelo Sr. Perito, devidamente
acompanhadas de nossas justificativas técnicas solicitando que o mesmo seja juntado aos autos
para sua devida apreciação, com a juntada da Tabela do TJSP e suas justificativas técnicas.

Navios, 17 de agosto de 2008.


RODRIGO RODRIGUES
Assistente Técnico do Embargante

6.7. Orientação Técnica: a postura profissional do perito-contador, como já


mencionado em outros capítulos, requer equidistância entre os defensores dos
diferentes critérios de indexação ou atualização monetária dos débitos contratados
com o Sistema Financeiro em geral, com o Sistema Financeiro da Habitação em
particular e com detentores de Cadernetas de Poupança. Hoje, várias dessas
discussões contam com jurisprudência emanada do STJ e isto facilita tanto o perito-
contador quanto o trabalho do julgador. Portanto, o perito oficial apresentará o seu
54
PERÍCIA CONTÁBIL EM MATÉRIA FINANCEIRA – Prof. Remo Dalla Zanna (MS)

Laudo Pericial Contábil atendendo ao que foi determinado no r. despacho judicial


ou na sentença.

Os exemplos apresentados neste capítulo revelam duas situações interessantes.

No primeiro exemplo, o perito judicial apresentou um laudo cujos cálculos foram


feitos com base no contrato; mas, com duas interpretações do que está escrito no
contrato, ou seja: a) tomando por base a moeda do contrato, ORTN/OTN
independentemente de terem sido extintas em determinado momento da história
econômica do nosso país; e b) tomando por base a moeda que substituiu a do
contrato, ou seja, o BTN. Por que procedeu dessa maneira? – Porque não havia
sentença que determinasse qual deveria ser o critério de cálculo a ser usado. Então,
apresentou duas alternativas para que o magistrado optasse por aquela que
entendesse ser de direito e de justiça.

O segundo exemplo é um parecer técnico elaborado pelo assistente do banco que


critica e diverge do laudo apresentado pelo perito judicial. Excluída a questão de
que existe um equívoco de digitação de valores com reflexo benéfico para o banco
devedor, a crítica está fundamentada em interpretação pessoal da sentença que deu
ganho de causa ao Autor. O assistente técnico do banco esmerou-se para reduzir ao
mínimo o valor a ser pago pelo banco. Para tal, “advogou” como sendo correto o
uso da Tabela Prática do TJSP a fim de calcular a atualização monetária dos saldos
da Caderneta de Poupança. Com esta postura técnica, discordou do cálculo do
perito oficial que simplesmente usou os indexadores válidos para atualizar o saldo
da Caderneta de Poupança sem os expurgos. Ora, se a ação tinha o escopo de obter
a reversão dos expurgos monetários, se o TJ deu ganho de causa ao Autor e se a
Tabela Prática do TJSP contém os expurgos monetários, calcular o saldo atual da
Caderneta de Poupança por ela, confirma os expurgos e, obviamente, não condiz
com o espírito da sentença que deu ganho de causa ao Autor para que os expurgos
lhe sejam pagos.

Em resumo, a nossa orientação técnica se fundamenta nos seguintes parâmetros: o


magistrado determinou nos autos como fazer os cálculos?

1º) Se SIM, então seguir rigorosamente a decisão ou a sentença. Em caso de dúvida


sobre o sentido de algumas colocações feitas no texto da sentença, indagar o
magistrado, de viva voz e pessoalmente, sobre o espírito de sua decisão.

2º) Se NÃO, então oferecer mais de uma alternativa fazendo os cálculos conforme o
contrato e as colocações técnico-financeiras de ambas as partes. Há situações
processuais que requerem mais de dois cálculos; então fazer todos para que o
magistrado possa compará-los e julgar qual é direito e qual é a obrigação entre as
partes.
55
PERÍCIA CONTÁBIL EM MATÉRIA FINANCEIRA – Prof. Remo Dalla Zanna (MS)

PF 07 – edição pessoal para fins de estudo e venda em PDF

Revisado em maio/2019.

7º - MÓDULO

MÉTODO HAMBURGUÊS, CONTA CORRENTE COM JUROS e


FINANCIAMENTO FLOOR PLAN

7.1. Conceito de Método Hamburguês ou Conta Corrente com Juros.


7.2. Conceito e funcionamento da Conta Corrente com Juros.
7.3. Elementos de uma conta corrente
7.4. Conta corrente com direito a “crédito rotativo” ou “Cheque Especial”
ou “conta corrente garantida”
7.4.1. Os documentos objeto de perícia em casos de “cheque especial”
ou “conta garantida”.
7.4.2. O contrato bancário de conta garantida é um contrato DE adesão
ou um contrato POR adesão?
7.4.3. Encadeamento de operações
7.5. Do cálculo dos juros pelo Método Hamburguês
7.5.1. Quanto aos regimes ou modalidades das taxas de juros
7.5.2. Relacionamento dos bancos com os clientes que têm conta
corrente garantida e o Método Hamburguês
7.6. Justificativa financeira para lançar juros maturados a débito da conta
corrente garantida mesmo que não exista saldo para serem quitados.
7.7. A Conta Corrente chamada Floor Plan
7.7.1. Conceito
7.7.2. Fluxo operacional do Floor Plan
7.7.3. Inspeção do estoque do distribuidor/concessionário pelo
fabricante /montador
7.7.4. Extinção da dívida do distribuidor ou concessionário junto ao
fabricante /montador
7.7.5. Quanto à confiança e interesses recíprocos dos contratantes.
7.7.6. Quanto ao cálculo dos acrécimos financeiros incidentes sobre o
prazo decorrido da data da nota-fiscal/fatura de venda do
fabricante/montador, até a data da liquidação financeira do bem pelo
distribuidor ou concessionário
7.7.7. Floor Plan de usados.
7.7.8. Quanto à origem dos fundos para o financiamento do Sistema
Floor Plan
7.7.9. Quando é que a rotatividade do Sistema Floor Plan para de
girar?
7.7.10. - O que dizem geralmente os que criticam o Floor Plan?

1
PERÍCIA CONTÁBIL EM MATÉRIA FINANCEIRA – Prof. Remo Dalla Zanna (MS)

7.8. Orientação Técnica


7.8.1. Procedimentos técnicos periciais mais usuais
7.9. Alguns exemplos de cálculos e laudos

7.1. Conceito de Método Hamburguês ou Conta Corrente com Juros.

Chama-se Método Hamburguês ou Conta Corrente com Juros o método de


controle de relações comerciais processadas por meio de conta corrente contábil. O
Método Hamburguês, também conhecido “por saldos”, toma como base de cálculo
o saldo da conta apurado após a contabilização de cada nova operação, à vista, ou a
cada vencimento quando se tratar de operações a prazo.

7.2. Conceito e funcionamento da Conta Corrente com Juros.

Conta Corrente é o contrato comercial segundo o qual duas pessoas (físicas e/ou
jurídicas) com interesses recíprocos, mas opostos, escrituram as mesmas operações
de entrada e de saída de recursos – CONTA – para, ao final de um determinado
período – um mês ou um ano - apurarem a diferença – O SALDO – a favor ou
contra a pessoa que dá nome à conta. Como se vê, a característica predominante da
conta corrente é a compensação de débitos e créditos e apuração do saldo que pode
ser devedor ou credor. A prática bancária atual consiste no fechamento mensal (1)
das operações. Com este procedimento, é feita a contagem dos dias em que o saldo
ficou devedor, apura-se a média ponderada desses saldos diários e sobre essa média
são calculados os juros devedores cujo valor, em seguida, é lançado a débito da
conta corrente do cliente.

Há contas correntes em que não são calculados juros; dá-lhes, neste caso, o nome
de conta corrente simples. Quando incidem juros sobre os saldos, recebem o nome
de conta corrente com juros ou conta corrente garantida. Este segundo caso aplica-
se à conta corrente bancária chamada, genericamente, de “cheque especial” quando
se trata de pessoas físicas ou o equivalente “cheque empresarial” para o caso de
conta corrente garantida de pessoas jurídicas, ou outro nome que se dê à
possibilidade do correntista emitir cheques sem a suficiente provisão de fundos.

Nas contas correntes com juros, estes são devidos sobre os saldos (devedores ou ...
(1)
Por fechamento mensal, entenda-se o fechamento dos cálculos a cada período de um mês não
necessitando ser o último dia do mês, mas a soma dos dias que compõem um mês seja de 30, 31,
28 ou 29 dias. Considerando, todavia, que o Método Hamburguês está fundamentado no “ano
comercial de 360 dias”, a conta corrente bancária é fechada, para fins de lançamento de juros, a
cada 30 dias corridos, ou seja, de acordo com o conceito de “mês comercial de 30 dias”.

2
PERÍCIA CONTÁBIL EM MATÉRIA FINANCEIRA – Prof. Remo Dalla Zanna (MS)

... credores) pelos dias decorridos entre um saldo e outro. O lançamento dos juros
(devedores ou credores) é feito na conta corrente, na data do “aniversário” da conta,
fato que acontece, geralmente, a cada 30 (trinta) dias. A característica das contas
correntes com juros é que os juros vencem a contar da data em que ocorre o
primeiro lançamento até a data definida para o seu encerramento. Entende-se por
encerramento o dia em que a conta corrente é fechada, apura-se o saldo e sobre ele
são calculados juros segundo uma taxa contratada. Historicamente, o encerramento
da conta corrente com juros ocorria uma vez por ano. Está fundamentado, nesta
tradição, o Decreto 22.626/33 que estabelece a capitalização dos juros uma vez por
ano. Com a evolução dos negócios e o surgimento das máquinas eletromecânicas de
contabilidade, este encerramento e correspondente cálculo dos juros passaram a ser
feitos mensalmente e, nos dias atuais, diariamente. Hoje, com a informatização das
comunicações e com os sistemas eletrônicos de processamento de dados, as contas
correntes garantidas ou de cheque especial, continuam sendo encerradas
diariamente, ensejando a possibilidade técnica de:

(a) atualização monetária do saldo devedor por um indexador


escolhido, geralmente a TR, e

(b) a capitalização diária dos juros contratados.

A “conta garantida” é a que permite sacar valores a descoberto. Ou seja, permite


que o correntista (o cliente do banco) saque valores, até o limite contratado ou, às
vezes, até acima dele. Portanto, com base no contrato de “conta garantida”, o
correntista passa a usar recursos que o banco coloca a sua disposição conforme
contrato assinado para tal fim, ficando, então, devedor deste. Mas, logo em seguida,
caso disponha de recursos monetários líquidos, pode fazer um depósito de valor
igual ou superior àquele que houvera sacado a descoberto e, assim, deixar de ser
devedor do banco. Quando faz depósito de valor igual ou superior ao saldo devedor
de sua conta corrente estanca-se, no ato, o processo que calcula juros devedores. Há
contratos que dispõem de cláusulas que facultam ao banco, no momento em que o
saldo se torna favorável ao correntista/cliente, debitar os juros acumulados até o dia
anterior à constatação do saldo credor, automaticamente (eletronicamente). Este
processamento é feito após o encerramento do expediente bancário e antes da
abertura no dia seguinte. Neste caso, o banco não espera a chegada do dia de
“aniversário” da conta para debitar os juros. Observe que este procedimento
bancário deve estar fundamentado em cláusula inserida no contrato firmado entre o
mutuário e o mutuante.

A filosofia original da conta corrente controlada pelo Método Hamburguês (em sua
origem histórica) consiste em uma parceria em que dois comerciantes reconhecem,
reciprocamente, a mesma taxa de juros para pagar ou para receber o resultado do
cálculo que tem por base o saldo médio ponderado apurado em suas recíprocas
contas correntes. Para estes comerciantes, não importava auferir lucros financeiros.
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PERÍCIA CONTÁBIL EM MATÉRIA FINANCEIRA – Prof. Remo Dalla Zanna (MS)

O que importava era ter lucro na atividade comercial, ou seja, na compra e na venda
de mercadorias que trocavam entre si e revendiam ao mercado. É, portanto, a
combinação do sistema contábil de conta corrente com o sistema de capitalização
simples (2) de juros calculados sobre a média ponderada dos saldos devedores e/ou
credores, que ocorria entre duas pessoas físicas ou jurídicas, geralmente
comerciantes. Quando o saldo médio fosse devedor, seriam imputados “juros
devedores”, ou seja, a pessoa devedora teria seu débito aumentado por ter se
beneficiado do financiamento proporcionado pelo comerciante/parceiro que lhe
favoreceu o crédito. Quando o saldo médio fosse credor, seriam imputados “juros
credores”, ou seja, a pessoa credora teria seu crédito aumentado por ter financiado o
comerciante que lhe foi parceiro nos negócios.

Tratava-se de um método que se baseava na confiança recíproca, que regulava as


operações comerciais onde comerciantes remetiam mercadorias e demais recursos a
outros, seus parceiros, e vice-versa. Após algum tempo, geralmente um ano, as
transações eram objeto de controle e verificação recíproca. Considerando que
ambos mantinham o sistema de controle contábil baseado na conta corrente,
procedia-se à verificação dos saldos. Esta verificação, no jargão técnico-contábil, é
denominada reconciliação de saldos ou conciliação de saldos ou,
alternativamente, de reconciliação de contas ou conciliação de contas. Aquele
comerciante que apresentasse saldo devedor para com o seu parceiro reconhecia-lhe
uma contribuição financeira (juros) pré-convencionada e recíproca, com o objetivo
de remunerar os recursos excedentes que obteve em comparação aos que cedera ao
seu parceiro. Nas relações bilaterais e duradouras, ocorria que ora um ficava
devedor e, em contrapartida, o outro ficava credor. Mas, logo a seguir, tendia a
ocorrer o inverso. É por isso que, pelo Método Hamburguês, os juros eram (e são)
calculados sobre a média ponderada dos saldos (devedores e/ou credores);
calculada, esta média ponderada, pela quantidade de dias decorridos entre as datas
que os saldos mudavam, observados durante certo período de tempo, geralmente um
ano, quando, então, se dava o lançamento contábil dos mesmos. Ao resultado da
multiplicação do saldo pela quantidade de dias decorridos entre um e outro, dá-se o
nome de “números”.

7.3. Elementos de uma conta corrente

O nome do titular – pessoa física ou jurídica – a respeito do qual se referem


os débitos e créditos lançados:
1. o histórico das operações;
(2)
“Capitalização simples é aquela em que a taxa de juros incide somente sobre o capital
inicial; não incide, pois, sobre os juros acumulados. Neste regime de capitalização, a taxa varia
linearmente em função do tempo (...).” SOBRINHO, José Dutra Vieira. Matemática Financeira.
São Paulo: Atlas, 1997. 6. ed. p. 21

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PERÍCIA CONTÁBIL EM MATÉRIA FINANCEIRA – Prof. Remo Dalla Zanna (MS)

2. o valor de cada lançamento;


3. o vencimento das operações quando não são à vista.

Quando se tratar de conta corrente com juros, além dos cinco itens acima, são
elementos da conta corrente:
4. o TEMPO, em DIAS, durante o qual são devidos os juros, contados do
vencimento da operação até a data em que o saldo permaneceu o mesmo, ou
até o encerramento do período fixado para a contagem dos mesmos;
5. os JUROS, que podem ser representados somente pela multiplicação do
capital (3) pela taxa, N (número); fazendo-se a divisão geral pelo divisor fixo,
D, quando se quiser determinar o juro à época do encerramento.

7.4. Conta corrente com direito ao “crédito rotativo” ou “Cheque Especial” ou


“conta corrente garantida”

A OPERAÇÃO DE CRÉDITO ROTATIVO é sempre realizada por meio de uma


conta corrente bancária. Por ela, o correntista pode realizar movimentações até o
limite de crédito concedido pela instituição financeira. A dívida assumida pelo
correntista perante a instituição financeira é do tipo variável e dependente dos
lançamentos contábeis feitos, tanto a crédito como a débito, em absoluta ordem
cronológica, dando-se prioridade aos lançamentos de entrada aos de saída, quando
no mesmo dia. O reflexo contábil das movimentações surge nos saldos diários
gerados em função destas movimentações. Tendo por base os extratos da conta
corrente, observa-se que estes saldos podem ser devedores (crédito a favor do
cliente contra o banco) ou credores (débito do cliente perante o banco), dependendo
de serem maiores ou menores as entradas em relação às saídas de numerário da
conta corrente e vice-versa. Este tipo de operação de empréstimo é facultado, tanto
às pessoas jurídicas, como as físicas.

Entende-se por contrato de cheque especial (pessoa física), ou de cheque


empresarial (pessoa jurídica), aquele que permite ao cliente, correntista do banco,
a emissão de cheques e o pagamento de contas programadas e/ou em regime de
débito automático, cujo valor exceda a quantia depositada em sua conta corrente de
movimento. Esta operação está sempre vinculada à conta corrente de movimento do
cliente e permite que o mesmo movimente recursos para pagamento de seus
compromissos mesmo sem dinheiro na conta. O contrato de cheque especial
sempre menciona o valor do limite de crédito; limite este que não pode ser superado
pelo cliente, sob pena de ter (i) os cheques devolvidos, (ii) os débitos automáticos; e
também, (iii) os débitos programados não processados e, portanto, não registrados a
débito de sua conta corrente. Nestes casos, a falta de limite de crédito, para ...
(3)
Entende-se, como “capital” o saldo da conta corrente no momento do cálculo.
5
PERÍCIA CONTÁBIL EM MATÉRIA FINANCEIRA – Prof. Remo Dalla Zanna (MS)

... saques a descoberto, impede que o banco aceite as ordens de pagamento dos
cheques e de débitos automáticos ou programados, em conta corrente.
Mediante um CONTRATO DE ABERTURA DE CRÉDITO, o banco, ao liberar um
determinado limite de crédito, estabelece:
a) a taxa de juros que será cobrada sobre os saldos credores (credores porque a
favor do banco que emprestou o dinheiro e devedores para o correntista que
deve o quantum sacado a descoberto) apurados na conta corrente;
b) os juros são calculados pelo método hamburguês, ou seja, são juros lineares
calculados diariamente sobre o saldo devedor; acumulados e debitados uma
vez por mês. Mas existem contratos que preveem o débito dos juros no
momento em que o saldo da conta corrente for suficiente para seu pagamento,
mesmo que isto ocorra antes de um mês;
c) a periodicidade desta cobrança e sua contabilização, geralmente mensal,
ocorrendo no dia de “aniversário” do contrato;
d) o contrato considera também que, assim que o saldo da conta corrente de
movimento apresentar saldo devedor (ou seja, devedor porque a favor do
cliente), a cobrança de juros seja estancada.

Como se vê, o contrato de cheque especial permite o acesso ao crédito com muita
facilidade e esta situação entusiasma o cliente a sacar sobre o futuro. Por outro lado,
após algum tempo, este contrato, para algumas pessoas (físicas ou jurídicas), tem
sido motivo de dissabores, pois veem diante delas uma dívida que, em face de seu
crescimento mensal pelos juros do período e demais encargos contratados, torna-se
de difícil liquidação. Neste momento, o correntista inadimplente, entre algumas
alternativas para evitar que seu nome seja registrado nos órgãos de controle do
crédito como, por exemplo, a SERASA, contrata um advogado.

Neste caso de conta corrente garantida, os motivos mais comumente alegados pelo
correntista/financiado para agir contra o banco são:

 taxa de juros muito elevada;


 taxa de juros remuneratórios, aplicados sobre o débito que exceder o limite
contratado, em percentual maior que o contratado para juros normais que já é
elevada,
 a própria cobrança de juros moratórios, cumulada com “comissão de
permanência” e/ou cumulada com “atualização monetária”,
 multa,
 eventuais despesas de cobrança,
 prática de capitalização na cobrança de juros e outros débitos,
 diversos lançamentos debitados à conta corrente não previamente autorizados
pelo cliente/correntista, e
 outras eventuais taxas de expediente, de abertura de crédito, etc.
6
PERÍCIA CONTÁBIL EM MATÉRIA FINANCEIRA – Prof. Remo Dalla Zanna (MS)

Acresce-se a isso que o contrato de cheque especial é perene, ou seja, caso as


partes não manifestem desejo em contrário, sua renovação - com base em cláusula
contratual - é automática.

Alguns termos usados pelos senhores advogados que defendem os interesses dos
inadimplentes são:
 “encargos abusivos”;
 “excessiva onerosidade”;
 “juros futuros”;
 “excesso abusivo do lucro do banco”;
 “abusividade”, etc.

Para o perito judicial, do qual se esperam cálculos, estes termos nada significam.
Sua tarefa é aferir se o banco calculou os juros em conformidade com o contrato ou
não e, por outro lado, apresentar os cálculos conforme requerido pelo mutuário que
será sempre de maneira diferente do que foi contratado. Atenderá, pois ao que foi
requerido conforme peça Inicial e/ou mediante formulação de quesitos onde o
mutuário indicará o que pretende que o perito demonstre. Isto, por certo, estará em
desacordo com o que foi contratado.

Com periodicidade mensal, sobre o saldo devedor médio apurado em cada período
de exigibilidade, geralmente um mês, o banco calcula juros remuneratórios e os
debita na própria conta, que, caso não sejam pagos prontamente, aumentam o saldo
devedor dessa mesma conta. É óbvio que enquanto o saldo devedor não for quitado,
no qual estão somados juros remuneratórios de períodos precedentes, na data do
“aniversário do contrato”, novos juros remuneratórios serão debitados, aumentando,
assim, o saldo devedor do cliente/correntista inadimplente. Por certo, este novo
débito de juros nada tem a ver com o conceito de juros capitalizados e nem com o
conceito de anatocismo.

Considerando, pois, que o contrato de “cheque especial” tem, geralmente, o prazo


de dois meses com a possibilidade de ser automaticamente renovado, a ausência de
declaração do cliente pela sua extinção faz com que a cláusula da renovação
automática seja aplicada sucessivamente. Entende-se assim, que cada renovação
corresponde a um novo contrato. Logo, não há capitalização quando o débito de
juros de um mês não foi quitado pelo correntista na “data de aniversário” e,
obviamente, passou a compor a base de cálculo para se conhecer e se debitar os
juros do mês seguinte.

Percebe-se que, considerados os esclarecimentos acima, a conta “juros” tem a


mesma dinâmica de qualquer conta de consumo mensal como, por exemplo: conta
de telefone, conta de gás, conta de luz, conta de água, conta de condomínio, etc.

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PERÍCIA CONTÁBIL EM MATÉRIA FINANCEIRA – Prof. Remo Dalla Zanna (MS)

7.4.1. Os documentos objeto de perícia em casos de “cheque especial” ou “conta


garantida”.

O entendimento da jurisprudência, em casos de Ação Monitória, tem sido o


seguinte:

PROCESSO – Execução – Título não mais considerado executivo –


Fato superveniente – Extinção de execução – Inteligência do art. 585,
Inc. II, do CPC – Súmula nº 233 do STJ – Recurso provido para julgar
extinta a execução, acarretando os ônus de sucumbência aos
executados, princípio da causalidade.

Vistos, relatados e discutidos este autos de AGRAVO DE


INSTRUMENTO Nº. 937.989-1, da Comarca de AVARÉ, sendo
agravantes KURT LEO ALOYSIUS WERL JÚNIOR e OUTRA e
agravado BANCO DO ESTADO DE SÃO PAULOA S/A. BANESPA.

ACORDAM, em Sétima Câmara do Primeiro Tribunal de Alçada


Civil, por votação unânime, dar provimento ao recurso.

A decisão agravada é a que se vê por cópia às fls. 75/76, insurgindo-se


os agravantes contra decisão que rejeitou preliminar de nulidade da execução
por falta de título executivo; o recurso foi regularmente processado e
respondido (fls. 95/96).

É o relatório.

A questão subjacente trata de ação executiva com base em contrato de


abertura de crédito; a magistrada afastou a preliminar de nulidade de
execução com base na Súmula nº 11 desta Casa.

Este, entretanto, não é mais o entendimento prevalecente, a teor da


Súmula nº. 233 do STJ.

“O contrato de abertura de crédito, ainda que acompanhado de


extrato da conta corrente, não é título executivo.”

E se o título que embasa a execução é o contrato de abertura de


crédito, que não é mais considerado título executivo a teor da Súmula
mencionada, a cobrança pela via executiva se mostra indevida.

Ainda que se considere o art. 585, inc. II, com a redação que lhe deu a
Lei 8.953, de 13 de dezembro de 1994, que alterou substancialmente a
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PERÍCIA CONTÁBIL EM MATÉRIA FINANCEIRA – Prof. Remo Dalla Zanna (MS)

questão duvidosa, permitindo o entendimento de que o contrato de abertura


de crédito acompanhado dos extratos bancários seria título executivo, com a
decisão da superior instância, impõe-se mudar o entendimento consagrado na
Súmula nº. 11 desta Casa, pois não está correto o procedimento de cobrança
pela via executiva, se o agravo não ostenta título líquido, certo e exigível a
amparar a pretensão executória, podendo exigir seu crédito por outra via.

Portanto, superado o entendimento consagrado na Súmula nº 11, deste


E. Tribunal; ainda que se trate de ‘Contrato de abertura de crédito em conta
corrente’, acompanhado de extratos, não faz sentido a aplicação da Súmula.
Se o agravado não ostenta título executivo, deve cobrar por vias próprias.

Com esta decisão, surge a questão dos ônus da sucumbência, que em


tese deveriam ser suportados pelo agravado. (...)

Presidiu o julgamento o Juiz MÁRIO ÁLVARES LOBO e dele


participaram os Juízes ULISSES DO VALLE OLIVEIRA RAMOS e
ONOFRE BARRETO DE MOURA.
São Paulo, 08 de agosto de 2000.
Juiz SEBASTIÃO ALVES JUNQUEIRA
Relator.

Interpretando o julgado sob a ótica contábil, conclui-se que os documentos


indispensáveis à feitura da prova pericial no caso de “cheque especial”, são os
seguintes:
a) todos os extratos da conta corrente de movimento do cliente usuário dos
serviços bancários. É indispensável que sejam todos, desde o início da
vigência do contrato e de suas sucessivas renovações, bem como é
imprescindível que os extratos tenham históricos cujo significado seja legível.
Caso isto não esteja claro no próprio extrato, é necessário que o banco
apresente o significado de cada um;
b) o Contrato de Abertura de Crédito em Conta Corrente ou simplesmente
Contrato de Abertura de Crédito, e suas sucessivas renovações, caso
tenham sido formalizadas em documentos independentes e sucessivos;
c) seria muito bom para o perito judicial se os bancos, juntamente com os
extratos de conta corrente do cliente/correntista, apresentassem os cálculos
internos que são feitos, dia a dia, para conhecer o valor dos juros devidos
pelo cliente objeto de débito na “data do aniversário”, inclusive para se saber
se a contagem de dias foi feita com base nos dias bancários, um total de 252
dias por ano; ou com base no ano comercial que considera 360 dias por ano;
ou ainda, com base no ano-calendário de 365 dias ou 366 dias quando o ano
é bissexto.

9
PERÍCIA CONTÁBIL EM MATÉRIA FINANCEIRA – Prof. Remo Dalla Zanna (MS)

Quanto à questão suscitada por alguns advogados a respeito de ser, ou não, o


extrato da conta corrente prova documental hábil para o banco exercer os seus
direitos, ou seja, cobrar a dívida do correntista; tem-se como certo que, de fato, o
principal documento contábil que consolida toda a movimentação financeira entre
um correntista e a instituição financeira, em um determinado período de tempo, é o
extrato da conta corrente. Além desta certeza proporcionada pela ciência contábil,
existem decisões do STJ (Superior Tribunal de Justiça) que fundamentam o que
acima foi dito. Por exemplo:

Acórdão REsp nº 280375/SP; RECURSO ESPECIAL nº


2000/0099689-0; Fonte: DJ de 19/12/2001; pg. 00181 – JBCC
VOL.:00188; pg. 00424; Relator: Min. ALDIR PASSARINHO JUNIOR
(1110)
Ementa
PROCESSUAL CÍVEL. AÇÃO MONITÓRIA. CONTRATO DE
ABERTURA DE CRÉDITO. EXTRATOS BANCÁRIOS.
DOCUMENTAÇÃO SUFICIENTE A INSTRUIR A LIDE. EXTINÇÃO
INDEVIDA. CPC, ARTS. 1.102A e 1.102B.
I. O contrato de abertura de crédito rotativo, acompanhado
dos respectivos extratos de movimentação financeira no
período em que configurada a dívida, constitui documento
suficiente ao embasamento de ação monitória, nos termos
do arts. 1.102a e 1.102b da lei adjetiva civil.
II. Precedentes do STJ.
III. Recurso conhecido e provido, para determinar o
prosseguimento da ação indevidamente extinta na instância
ordinária. Data da decisão: 16/11/2000, Órgão Julgador:
QUARTA TURMA.

Por outro lado, a conta corrente administrada por um banco, em nome de uma
pessoa física ou jurídica e/ou em nome de uma instituição de direito público ou
privado, é um serviço bancário e, como tal, enquadra-se, perfeitamente, na categoria
da prestação de serviços. Esta condição apresenta, por certo, outras implicações
legais relacionadas com o CDC (Código de Defesa do Consumidor). A conta de
livre movimento registra todas as operações realizadas pelo correntista, prestando-
lhe, o banco, por este instrumento de administração financeira, os serviços de caixa,
contabilizando e registrando a livre movimentação dos haveres do correntista -
cliente do banco -, tais como: depósitos, saques, débitos automáticos, etc. Esta é a
sua finalidade precípua e exprime, por isso, um contrato específico e inconfundível
de prestação de serviços, diferente, pois, do contrato de concessão de crédito de
qualquer tipo. Segundo Luiz Alberto Delfino Cazet, citado pelo Dr. Sérgio Carlos
Covello em “Contratos Bancários” Saraiva 1981, a conta corrente de movimento é
um serviço contratado por uma pessoa, física ou jurídica, “... celebrado entre um
banco e seu cliente, por meio do qual aquele se obriga a realizar por conta deste
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PERÍCIA CONTÁBIL EM MATÉRIA FINANCEIRA – Prof. Remo Dalla Zanna (MS)

todas as operações inerentes ao serviço de caixa, contabilizando pontual e


sistematicamente os ingressos e egressos de fundos”. Consigna, o renomado
jurista, que o contrato de conta corrente tem causa própria, “... que é serviço de
caixa, o conjunto de prestações que o banco, por intermédio de sua organização,
realiza por conta e no interesse do cliente”, e por isso, “... a conta corrente se
distingue do depósito, da abertura de crédito ou de qualquer outra figura
contratual”.

Nos contratos de conta corrente com limite de crédito popularmente conhecida


como “cheque especial” ou “conta garantida”. o banco abre um limite de crédito ao
correntista para que este faça o uso que lhe aprouver, desde que pague os encargos
contratados. Para satisfazer os juros, o cliente deve manter, especialmente na data
em ocorre o débito em conta corrente, saldo suficiente para o pagamento dos
encargos contratados. No que tange à cobrança de tarifas, estas são autorizadas pelo
Banco Central do Brasil e constam das “Tabelas de Tarifas de Serviços Bancários”
que ficam afixadas nas agências para conhecimento dos usuários dos vários serviços
oferecidos pelo banco.

Mutatis mutandis, os contratos de abertura de conta corrente, apresentam sempre


uma cláusula com (mais ou menos) os seguintes dizeres:

“CLÁUSULA nº xx – O BANCO poderá cobrar ou debitar em


conta corrente do(s) correntista(s) o valor das tarifas, taxas e
despesas, atuais ou que venham a ser previstas ou
estabelecidas pelo BANCO, de acordo com as normas do
Banco Central do Brasil...”

7.4.2 – O contrato bancário de conta garantida é um contrato DE adesão ou um


contrato POR adesão?

Este tema é de natureza jurídica e nada tem a ver com a metodologia aplicada para
calcular juros. Trata-se de interpretação livre atribuída ao disposto no artigo 54 do
Código de Defesa do Consumidor. Todavia, há situações em que são apresentados
quesitos à perícia, buscando o conhecimento do que ocorre com este tipo de
contrato, costumeiramente encontrado em operações contínuas do tipo “crédito
rotativo” ou naquelas em que o contrato tem uma cláusula que prevê sua renovação
automática caso as partes não se manifestem em contrário.

A existência de cláusulas contratuais que são comumente utilizadas pelo mercado


financeiro não caracteriza de per si a adesão, segundo conceito observado na Lei. O
mestre Orlando Gomes ensina:

11
PERÍCIA CONTÁBIL EM MATÉRIA FINANCEIRA – Prof. Remo Dalla Zanna (MS)

“O que caracteriza o contrato de adesão propriamente dito é a


circunstância de que aquele a quem é proposto não pode deixar de
contratar, porque tem a necessidade de satisfazer um interesse que, por
outro modo, não pode ser atendido”;

... e mais adiante que...

“é pressuposto, pois, do contrato de adesão o monopólio de fato ou de uma


das partes que elimina a concorrência para realizar o negócio jurídico. Se a
situação não se configura desse modo, poderá haver contrato POR adesão,
jamais contrato DE adesão.” (grifei)

Utilizando-se de jogos de palavras, os senhores advogados afirmam que os


contratos objeto de exame seriam de adesão, e que inúmeras estipulações feririam
princípios do Código de Defesa do Consumidor (CDC). Então, para maior clareza,
vale traçar a distinção entre contrato DE adesão e contrato POR adesão. A
diferença encontrada na legislação é que no contrato DE adesão não é possível ao
contratante discutir as cláusulas inseridas e previamente redigidas ou sugerir
alterações, exclusões e inclusões de cláusulas. Exemplos: contrato com a
administração pública, pois as cláusulas pré-estabelecidas decorrem da aplicação de
lei. Neste caso, todas as cláusulas são pétreas (que não serão modificadas de forma
alguma). Enquanto que no caso de contrato POR adesão, o que é apresentado por
uma das partes, é um contrato padrão ou básico que contém cláusulas pétreas e
outras que dependem da negociação para serem inseridas e posteriormente
redigidas. Neste caso, uma das partes apresenta o contrato básico no qual podem
ser feitas algumas alterações segundo o grau de “liberdade” que uma das partes tem
para negociar. Exemplos: um contrato de aluguel, um contrato para desconto de
recebíveis, um contrato de capital de giro, um contrato de concessão para revenda
de veículos, um contrato para assistir a uma seção de cinema, ou seja, o bilhete de
ingresso é um contrato de prestação de serviços específico, etc.

A diferença fundamental é que o contrato POR adesão pode ser feito entre o usuário
dos serviços e qualquer um dos fornecedores que operam no mercado enquanto que
o contrato DE adesão só pode ser pactuado com um único fornecedor, monopolista
ou único legalmente autorizado a fornecer tal serviço. Exemplo: a Prefeitura de São
Paulo mantém o monopólio do Serviço Funerário e não admite a abertura de
funerárias particulares para a prestação deste tipo de serviço aos cidadãos cujos
mortos sejam enterrados em cemitérios da Capital. Outro exemplo que se verifica na
cidade de São Paulo é o monopólio do serviço de fornecimento de gás encanado. Os
contratos com estas entidades monopolistas inserem-se no conceito de contrato DE
adesão. Conclui-se, assim, que o contrato de adesão é aquele em que inexiste
liberdade de convenção e a livre negociação entre as partes, uma vez que um dos

12
PERÍCIA CONTÁBIL EM MATÉRIA FINANCEIRA – Prof. Remo Dalla Zanna (MS)

contratantes limita-se a aceitar as cláusulas e condições previamente impostas e


redigidas pelo outro, sendo pressupostos dessa forma de contratação:
a. uniformidade, predeterminação e rigidez da oferta;
b. existência de proposta permanente e geral, aberta a quem se interessar ou
necessitar dos serviços do proponente, dirigindo-se a um grupo indeterminado
de indivíduos;
c. aceitação para e simples da proposta, simplificando, desse modo, a maneira
de produzir-se o consentimento;
d. superioridade econômica de um dos contratantes, que desfruta do monopólio
de fato ou de direito; e ...
e. cláusulas do contrato fixadas unilateralmente e em bloco, pelo proponente.

7.4.3 – Encadeamento de operações

O termo “Encadeamento de Operações” supõe que, na vigência do contrato de


conta corrente foi constatada, a sucessão de operações de igual ou de diversas
naturezas. Supõe, igualmente, que as operações de empréstimo se sucederam de tal
maneira que o saldo devedor de uma anterior, acrescido de juros e demais encargos,
foi incorporado à nova operação contratada. Ou seja, o novo empréstimo foi feito
para reprogramar uma situação de dívida anterior e, eventualmente, agregar novo
empréstimo até o limite já estabelecido ou ampliar o limite de crédito anterior. Este
procedimento costuma ser observado nos casos em que acontece o contrato de
confissão da dívida vencida e repactuação de seu vencimento. Mas pode ter sido
feita a renovação, para fixar um novo limite de crédito cujo valor já houvera sido
assumido pelo devedor que, de fato, havia excedido o limite precedentemente
contratado. A questão jurídica dos contratos, todavia, não é objeto deste nosso
estudo. O importante é que do ponto de vista econômico e contábil, a incapacidade
do devedor de pagar a dívida no vencimento fez com que o banco lhe concedesse
uma extensão de prazo para pagamento ou, então, um aumento do limite de crédito,
mediante novo contrato ou aditivo ao anterior. Sendo um novo contrato, novas
condições poderão ter sido contratadas, tais como: nova taxa de juros, novo
vencimento, novo limite de crédito, outras garantias, etc. Logo, a questão da
sucessividade de contratos, como alegada pelos senhores advogados, não encontra
guarida, para fins de cálculo, na ciência contábil porque cada contrato é uno, com
suas cláusulas específicas e assim deve ser tratado pelo contabilista.

Todavia, o perito judicial deve responder aos quesitos apresentados pelas partes e,
em face desta necessidade, deve considerar que o encadeamento das operações
pode ser dividido em dois tipos: 1) encadeamento simples e 2) encadeamento
complexo. O que diferencia estes dois tipos é, basicamente, a modalidade de
financiamento aplicada a cada um.

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PERÍCIA CONTÁBIL EM MATÉRIA FINANCEIRA – Prof. Remo Dalla Zanna (MS)

1 – Encadeamento Simples: - O encadeamento simples de operações estuda o


processo de renovação de uma mesma linha de crédito, através do tempo, com
aumento periódico ou não do limite de crédito. Exemplos:
(a) o contrato é de abertura de crédito em conta corrente para uso de cheque
especial por 90 (noventa) dias, sendo prorrogado automaticamente se as
partes não se manifestarem em contrário. Este limite, tendo por base cláusula
contratual, pode ser aumentado ou reduzido pelo banco ao longo de cada
renovação automática;
(b) para a empresa não bancária (indústria, comércio e serviços), este tipo de
encadeamento simples é observado no contrato de desconto de recebíveis
(duplicatas, cheques pré-datados, direitos por cartões de crédito, etc.) cuja
materialização é contínua e depende única e exclusivamente do cliente
apresentar ao banco os títulos para serem descontados.

2 – Encadeamento Complexo: - O encadeamento complexo de operações estuda o


processo de encadeamento e entrelaçamento de operações de diversos tipos, mas
em uma mesma conta corrente. O exame deste tipo de encadeamento pode
comportar:
1. crédito para emissão de cheques sem cobertura, ou seja, contrato de cheque
especial (cheque empresarial);
2. cumulado com créditos em conta corrente provenientes de depósitos, de
empréstimos e de financiamentos;
3. débitos em conta de diversas naturezas (saques, TED, cheques descontados,
débitos de despesas bancárias, débito de títulos que houveram sido
descontados, mas não foram honrados pelos devedores e outros tipos de
débitos);
4. créditos por outras operações de empréstimo de moeda nacional ou
estrangeira;
5. cumulado com operações de arrendamento mercantil, ou, ainda,
6. com operações de aplicação financeira;
7. cumulado, também, com um contrato de confissão de dívida etc. e
... todas, essas operações, escrituradas (contabilizadas) na mesma conta corrente.
Ou seja, o estudo do encadeamento complexo pode revelar que operações de
empréstimos diferentes incorporaram débitos pré-existentes (4) de outros contratos.

7.5. Do cálculo dos juros pelo Método Hamburguês

A determinação dos juros pode ser imediata, isto é, para cada operação ou final,
quando se proceder ao encerramento da conta. Os bancos usam a regra de
determinar os juros imediatamente, ou seja, a cada dia; mas a sua contabilização a
débito, no extrato da conta corrente do cliente, ressalvadas as raras exceções, se dá
uma vez por mês ou no dia em que a conta for encerrada definitivamente.

14
PERÍCIA CONTÁBIL EM MATÉRIA FINANCEIRA – Prof. Remo Dalla Zanna (MS)

Para qualquer uma das condições acima, a fórmula usada é:

N
J = ------; onde “J” representa os juros; “N” (número) representa o CAPITAL que é multiplicado
D pelos DIAS decorridos e “D” representa o divisor fixo
uniforme. Portanto, “N” é igual a “C” * “d”, ou seja: Capital x quantidade de dias.

(4)
Os débitos pré-existentes de outros contratos, geralmente, estariam vencidos e não pagos à
época do novo contrato, mas poderiam ser empréstimos ainda não vencidos que, pela assinatura
de outro contrato, são reformados nos seus variados aspectos de tempo, taxa de juros e garantias.

Outra expressão que revela como são calculados os juros pelo Método Hamburguês
é a seguinte:

Juros = [saldo devedor * (1 + taxa/100) * dias decorridos] – saldo devedor

Segue um exemplo singelo de fácil compreensão:

Mês: escolhemos um mês com 30 dias.


Taxa de juros ao mês = 2%
Evolução do saldo devedor durante o mês
Fonte de informação: extrato da conta corrente
Valores em R$ (Reais)
Taxa de juros ao dia >>>>>>>>>>>>>>>>> 0,0006667
Dados extraídos de um exercício disponível na Internet e adaptados pelo Autor
Dias Quantidade Quantidade
corri – Tipo de lançamento Valores dias dias X saldo Juros SALDO
dos decorridos devedor
1 Depósito 10.000,00 0 - - 10.000,00
1 Cheque nº 0000001 (25.000,00) 0 - - (15.000,00)
2 (sem lançamentos) - 1 (15.000,00) (10,00) (15.010,00)
3 (sem lançamentos) 1 (15.010,00) (10,01) (15.020,01)
4 (sem lançamentos) 1 (15.020,01) (10,01) (15.030,02)
5 (sem lançamentos) 1 (15.030,02) (10,02) (15.040,04)
6 Saque caixa eletrônico (10.000,00) 1 (15.040,04) (10,03) (25.050,07)
7 (sem lançamentos) 1 (25.050,07) (16,70) (25.066,77)
8 (sem lançamentos) 1 (25.066,77) (16,71) (25.083,48)
9 Pagamento no caixa eletrônico (6.838,00) 1 (25.083,48) (16,72) (31.938,20)
10 (sem lançamentos) 1 (31.938,20) (21,29) (31.959,49)
11 Recebimento de cobrança 11.000,00 1 (31.959,49) (21,31) (20.980,80)
12 (sem lançamentos) 1 (20.980,80) (13,99) 20.994,79)
13 (sem lançamentos) 1 (20.994,79) (14,00) 21.008,78)
14 (sem lançamentos) 1 (21.008,78) (14,01) 21.022,79)
15 (sem lançamentos) 1 (21.022,79) (14,02) (21.036,80)
16 (sem lançamentos) 1 (21.036,80) (14,02) (21.050,83)
17 (sem lançamentos) 1 (21.050,83) (14,03) (21.064,86)
18 (sem lançamentos) 1 (21.064,86) (14,04) (21.078,91)
19 (sem lançamentos) 1 (21.078,91) (14,05) (21.092,96)
20 Saque caixa eletrônico (5.000,00) 1 (21.092,96) (14,06) (26.107,02)

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PERÍCIA CONTÁBIL EM MATÉRIA FINANCEIRA – Prof. Remo Dalla Zanna (MS)

21 (sem lançamentos) 1 (26.107,02) (17,40) (26.124,42)


22 (sem lançamentos) 1 (26.124,42) (17,42) (26.141,84)
23 (sem lançamentos) 1 (26.141,84) (17,43) (26.159,27)
24 Saque caixa eletrônico (4.000,00) 1 (26.159,27) (17,44) (30.176,71)
25 (sem lançamentos) 1 (30.176,71) (20,12) (30.196,83)
26 Saque caixa eletrônico (3.500,00) 1 (30.196,83) (20,13) (33.716,96)
27 (sem lançamentos) 1 (33.716,96) (22,48) (33.739,44)
28 (sem lançamentos) 1 (33.739,44) (22,49) (33.761,93)
29 (sem lançamentos) 1 (33.761,93) (22,51) (33.784,44)
30 Saque caixa eletrônico (500,00) 1 (33.784,44) (22,52) (34.306,96)
Valor dos juros acumulados (468,96)

Demonstração simplificada

Dia da Quanti -
Movimen - Situação do
Opera Histórico SALDO dade dias Números (*)
tação Saldo
- ção decorridos
1 Depósito 10.000,00 10.000,00 C 0
1 Saque (25.000,00) (15.000,00) D 5 (75.000,00)
6 Saque (10.000,00) (25.000,00) D 3 (75.000,00)
9 Saque (6.838,00) (31.838,00) D 2 (63.676,00)
11 Depósito 11.000,00 (20.838,00) D 9 (187.542,00)
20 Saque (5.000,00) (25.838,00) D 4 (103.352,00)
24 Saque (4.000,00) (29.838,00) D 2 (59.676,00)
26 Saque (3.500,00) (33.338,00) D 4 (133.352,00)
30 Saque (500,00) (33.838,00) D 0 -
Soma dos números >>>>>>>>>> (697.598,00)

Valor dos juros = (0,2/30)*697598 = 465,07 (465,07)

NOTA: a diferença de juros entre R$ 468,96 e R$ 465,07 = R$ 3,89; é fruto de arredondamentos.

Veja também exemplos deste tipo de conta corrente nos ANEXOS “A” e “B”

7.5.1 – Quanto aos regimes ou modalidades das taxas de juros

Encontramos, na literatura compulsada, quatro regimes de taxas de juros, como


segue:
1ª) taxa uniforme, tanto para debitar como para creditar juros. Chama-se taxa
fixa recíproca. (Os exemplos apresentados nos ANEXOS “A” e “B”, acima citados
são deste tipo);
2ª) taxas não uniformes sendo uma para debitar e outra para creditar juros.
Chamam-se taxas fixas não recíprocas aplicadas durante toda a duração da conta;
3ª) taxa variável, tanto para debitar como para creditar juros, mas objeto de
repactuação (revisão) de tempos em tempos, conforme contrato. Chama-se taxa
variável recíproca;

16
PERÍCIA CONTÁBIL EM MATÉRIA FINANCEIRA – Prof. Remo Dalla Zanna (MS)

4ª) taxas variáveis não uniformes, sendo uma para debitar e outra para
creditar juros e objeto de repactuação (revisão) de tempos em tempos, conforme
contrato. Chamam-se taxas variáveis não recíprocas.

No Sistema Financeiro Nacional (SFN), os bancos têm praticado a repactuação (a


revisão) da taxa de juros a cada mês. As exceções são raras. Têm praticado a taxa
de juros somente para os saldos devedores, ou seja, não reconhecem juros para os
saldos a favor do cliente. Assim sendo, as taxas praticadas pelo SFN, no caso de
contas correntes, são classificadas como taxas variáveis não uniformes e não
recíprocas, pois são alteradas a critério do banco ou a cada mês e só servem para
imputar juros devedores.

Podem ocorrer contratos nos quais são estabelecidas formas diferentes de cálculos
de juros em contas correntes, como, por exemplo:
a) calcular juros sobre a média ponderada dos saldos devedores no período de
tempo determinado em contrato, geralmente um mês;
b) calcular juros sobre o maior ou sobre o menor saldo devedor apurado em um
arco de tempo determinado, geralmente um mês;
c) calcular juros sobre o saldo devedor apurado em certo momento, em certa
data preestabelecida em contrato, etc.

7.5.2 – Relacionamento dos bancos com os clientes que têm conta corrente
garantida e o Método Hamburguês

Os bancos utilizam o Método Hamburguês para controlar as contas correntes do


tipo “conta garantida”, “cheque especial”, “cheque ouro” e nomenclaturas
assemelhadas. A maneira de calcular juros e a data de seu débito em conta corrente
dependerá do que foi contratado. Há variações de banco para banco. Neste tipo de
operação de crédito, o vencimento dos juros, na grande maioria deles, ocorre todos
os dias e isto faz com que o sistema de processamento acumule, em coluna
separada, não visível nos extratos enviados aos clientes, o valor dos juros dia-a-dia
para débito conforme as seguintes hipóteses pactuadas:
i) no dia seguinte àquele em que o saldo da conta corrente apresentar fundos
suficientes para comportar o débito dos juros;
ii) em não existindo saldo credor em valor suficiente para acatar o débito dos
juros pelo prazo já decorrido, o débito destes ocorrerá no dia pactuado,
sempre depois de corrido um mês;
iii) ou no fechamento da conta corrente por ocasião do encerramento das
operações mutuadas, ou seja, encerramento da conta.

Pode-se dizer, então, que o Método Hamburguês, como utilizado pelo Sistema
Financeiro Nacional, calcula juros “pro rata tempore”, mensalmente, com base na
seguinte fórmula:

17
PERÍCIA CONTÁBIL EM MATÉRIA FINANCEIRA – Prof. Remo Dalla Zanna (MS)

Taxa ao mês
Juros = ---------------- x dias de permanência do saldo devedor x saldo devedor
30

Como se vê na fórmula acima, os juros, no Método Hamburguês, consideram o


“ano comercial” de 360 dias em cada mês. Inclusive fevereiro é computado como se
tivesse 30 dias.

Outra maneira de calcular juros pelo Método Hamburguês, costumeiramente


utilizado pelos bancos, é o de “descapitalizar” a taxa mensal pelos 30 dias
comerciais e fazer a capitalização da mesma, dia a dia, até o dia em que se dá o
lançamento a débito da conta corrente.

Exemplos:

a) - Para uma taxa de juros de 5% ao mês temos duas hipóteses:


a1) fórmula para 30 dias corridos (incluindo-se sábados, domingos e feriados)
usando a planilha Excel: = (1,05^(1/30))-1 = 0,162766% ao dia; ou,
alternativamente,
a2) fórmula para 22 dias úteis bancários (excluindo-se sábados, domingos e
feriados nacionais e feriados bancários), usando a planilha Excel =
(1,05^(1/22))-1 = 0,222020% ao dia.
Observações:
(i) ambos os métodos retornam à mesma taxa mensal de 5% ao mês;
(ii) ambos os métodos, apesar de capitalizarem a taxa diária, por causa
radiciação da taxa ao mês por 30 dias (na primeira fórmula) ou por
22 dias úteis (na segunda fórmula), no momento do débito dos juros
na conta corrente, estes corresponderão a juros simples efetivos de
5% ao mês, conforme contrato;
(iii) a segunda fórmula – a dos dias úteis bancários – é a que os bancos
utilizam com mais frequência.

b) – Caso de uma taxa de juros de 80% ao ano, aplicados por um período de 92 dias
corridos:
Fórmula para 92 dias corridos incluindo-se, pois: sábados, domingos e
feriados, usando a planilha Excel, temos: = (((80%)+1)/100)^(92/360) =
35,819968% no período. Caso se queira conhecer a taxa mensal (mês
comercial), temos: (((80%)+1)/100)^(30/360).

Para conhecer a quantidade de dias corridos entre datas, tendo como base o
conceito de “ano comercial” que é o conceito usado pelo Método Hamburguês, e
usando a planilha Excel, a fórmula é, por exemplo, =DIAS360(B14;C14). (5) onde
B14 é a data mais antiga e C14 é a data mais recente.

18
PERÍCIA CONTÁBIL EM MATÉRIA FINANCEIRA – Prof. Remo Dalla Zanna (MS)

Nota:
Para conhecer a quantidade de dias corridos entre datas, tendo como base o
conceito de “ano comercial” que é o conceito usado pelo Método Hamburguês, e
usando a planilha Excel, a fórmula é, por exemplo, = DIAS360(B14;C14).5 onde
B14 é a data mais antiga e C14 é a data mais recente.

O Método Hamburguês é, por definição, um método que calcula juros simples e isto
nada tem a ver com o fato dos juros calculados por esse método serem debitados em
conta corrente e serem somados ao saldo devedor preexistente constituindo um
novo capital sobre o qual novo juro será calculado. A capitalização dos juros, ou
seja, sua inclusão ao saldo devedor, acontece fora do cálculo de juros pelo Método
Hamburguês, pois, no momento em que os juros são somados ao Saldo Devedor, ...
(5)
As células B14 e C14 são meros exemplos, podendo ser quaisquer datas escolhidas pelo
operador.

... o cálculo de seu valor pelo Método Hamburguês já aconteceu. Conclusão: a


capitalização dos juros em conta corrente não decorre do Método Hamburguês, mas
do fato de serem, os juros, agregados ao saldo devedor nessa mesma conta corrente.
Este procedimento aumenta o saldo devedor e, aumentando-o passa ser base para
calcular juro no mês do período seguinte. Em outras palavras, os juros distinguem-
se do capital apenas enquanto possam dele ser considerados frutos, pois, assim que
vencidos e não pagos pelo correntista/mutuário, convertem-se em novo empréstimo
que o agente financeiro se vê obrigado a fazer porque se trata de um ato da vontade
unilateral do mutuário. Este novo empréstimo que o banco lhe cede
compulsoriamente é, então, somado ao valor já anteriormente emprestado. O novo
capital assim gerado constitui a base para o cálculo de novos juros. Nunca é demais
lembrar que este procedimento bancário nada tem a ver com o conceito jurídico de
anatocismo.

A configuração do anatocismo surge quando a capitalização dos juros for feita


diariamente e o contrato prever que o débito dos mesmos, na conta corrente deva
ser mensal, ou seja, quando forem calculados juros sobre juros não devidos, pois
ainda não vencidos.

Exemplo: Tomando como base o valor de R$ 1,00, a taxa efetiva resultante da


fórmula é a seguinte:

Taxa de juros de 5% ao mês,


Capital aplicado por 30 dias = R$ 1,00;
Cálculo:
a) (PV) Valor Presente ou Saldo Devedor – R$ 1,00;
b) (i) taxa ao dia: 5%/30 dias = 0,1666667% ao dia;
c) (n) período = 30;

19
PERÍCIA CONTÁBIL EM MATÉRIA FINANCEIRA – Prof. Remo Dalla Zanna (MS)

d) (FV) Valor Futuro ou Saldo Devedor com juros a ele agregado: R$


1,051227353.

Como se vê, não se procedendo à radiciação da taxa mensal, mas fazendo somente
a simples divisão da mesma por 30 dias, ao final do período resulta um acréscimo
de R$ 0,051227353; maior, pois, que o valor esperado de R$ 0,05.

Fazendo (1,051227353 – 1) * 100, temos a taxa efetiva de 5,1227353% ao mês.

CONTRATO para financiamento DE CAPITAL DE GIRO, o "papagaio”.

Data do Financiamento: 18/08/1994


Valor do Financiamento: 53.000,00
Vencto. do Financiamento: 20/11/1994
Taxa de juros contratada: 8% ao ano
PRESTAÇÃO CONSOLIDAÇÃO DA PRESTAÇÃO

Número Data Data Quanti - Valor Taxa de Taxa de juros Valor dos Total no
parcela Financiamento Vencto. dade Dias Financiado juros a.a. no período juros Vencimento

Única 18/8/94 20/11/94 92 53.000,00 80% 35,819968% 18.984,58 71.984,58

Sintaxe da fórmula dos dias corridos: =DIAS360(B14;C14)


Sintaxe da fórmula da taxa de juros em dias: =(((F14)+1)/100)^(92/360)

36.628415%

Sintaxe da fórmula da taxa de juros em meses: =(((F14)+1)/100)^(3/12)

Por fim, há que se considerar que, nas Contas Correntes Garantidas oferecidas pelo
Sistema Financeiro Nacional, sobre o capital mutuado, ocorre a incidência dos
seguintes tributos:
a) IOF. Neste caso, é necessário recalcular o IOF que incidiria sobre os juros
calculados conforme teses jurídico-financeiras esposadas pelo devedor (Autor
ou Embargante) e apresentar a diferença cobrada a mais pelo banco;
b) IOC;
c) CPMF. Considerando-se que os débitos dos juros e do IOF são “saques” da
conta corrente e que sobre os saques incide a CPMF, é necessário recalculá-
la e apresentar a diferença cobrada a mais pelo banco.
Nota 1: Em face do valor, geralmente, pequeno desses tributos, os Srs.
Advogados não têm pleiteado o recálculo do IOF, do IOC e da CPMF.
Nota 2: A CPMF deixou de viger a partir de 01/01/2008.

Segue-se um exemplo que demonstra a diferença do custo efetivo da taxa de juros


de 5% ao mês quando calculada de forma simples e quando capitalizada
diariamente.

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PERÍCIA CONTÁBIL EM MATÉRIA FINANCEIRA – Prof. Remo Dalla Zanna (MS)

O primeiro conjunto de quatro quadros revela a taxa efetiva de 5% ao mês quando a


divisão da taxa contratada é feita por 30 dias corridos ou por 22 dias úteis e, em
seguida, capitalizada diariamente sobre os saldos devedores.

O segundo conjunto revela a taxa efetiva de 5% ao mês quando, em vez da simples


divisão pelos dias, sejam 30 ou 22, a taxa mensal é “radiciada” (no sentido de se
calcular a raiz da taxa) de forma que, ao ser capitalizada diariamente, ao final do
mês retorna a taxa contratada de 5% ao mês.

1º conjunto: as quatro planilhas que seguem (Quadros de nº. 01 a 04) foram


feitas com a taxa ao mês dividida por 30 e, alternativamente, por 22 dias.

QUADRO Nº. 01 - hipótese de 30 dias corridos

SEM ANATOCISMO
SIMULAÇÃO do CÁLCULO e DÉBITO DE JUROS em conta corrente pelo Método Hamburguês
Data do débito dos juros na conta corrente: dia 17 de cada mês
Período da Simulação: de 18/05/05 a 17/06/05
Taxa de Juros: 5% ao mês
Critério do cálculo dos juros: todos os dias do mês.
Taxa de Juros ao dia: 5% dividido por 30 dias = 0,166667%
Limite de crédito: R$ 5.000,00

Dia da Juros
Data Movimentação Entradas Saídas Saldos
Semana Diários

18/5/2005 4ª feira Depósito inicial 1.000,00 1.000,00 -


19/5/2005 5ª feira Saque 500,00 500,00 -
20/5/2005 6ª feira (sem movimento) 500,00 -
21/5/2005 sábado 500,00 -
22/5/2005 domingo 500,00 -
23/5/2005 2ª feira Depósito 800,00 - -
23/5/2005 2ª feira Saque 1.200,00 100,00 -
24/5/2005 3ª feira Saque 1.500,00 (1.400,00) (2,33)
25/5/2005 4ª feira Saque 2.000,00 (3.400,00) (5,67)
26/5/2005 feriado (3.400,00) (5,67)
27/5/2005 6ª feira (sem movimento) (3.400,00) (5,67)
28/5/2005 sábado (3.400,00) (5,67)
29/5/2005 domingo (3.400,00) (5,67)
30/5/2005 2ª feira Depósito 400,00 (3.000,00) (5,00)
31/5/2005 3ª feira Saque 1.500,00 (4.500,00) (7,50)
1/6/2005 4ª feira Saque 500,00 (5.000,00) (8,33)
2/6/2005 5ª feira (sem movimento) (5.000,00) (8,33)
3/6/2005 6ª feira (sem movimento) (5.000,00) (8,33)
4/6/2005 sábado (5.000,00) (8,33)
5/6/2005 domingo (5.000,00) (8,33)
6/6/2005 2ª feira (sem movimento) (5.000,00) (8,33)
7/6/2005 3ª feira (sem movimento) (5.000,00) (8,33)
8/6/2005 4ª feira (sem movimento) (5.000,00) (8,33)
9/6/2005 5ª feira (sem movimento) (5.000,00) (8,33)

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PERÍCIA CONTÁBIL EM MATÉRIA FINANCEIRA – Prof. Remo Dalla Zanna (MS)

10/6/2005 6ª feira (sem movimento) (5.000,00) (8,33)


11/6/2005 sábado (5.000,00) (8,33)
12/6/2005 domingo (5.000,00) (8,33)
13/6/2005 2ª feira Depósito 2.000,00 (3.000,00) (5,00)
14/6/2005 3ª feira Saque 500,00 (3.500,00) (5,83)
15/6/2005 4ª feira Saque 500,00 (4.000,00) (6,67)
16/6/2005 5ª feira Depósito 500,00
16/6/2005 5ª feira Saque 1.000,00 (4.500,00) (7,50)
17/6/2005 6ª feira Saque 500,00 (5.000,00) (8,33)
Soma dos Juros (176,50)
Saldo devedor médio (4.236,00)
% da taxa de juros ao mês, efetivamente praticada 5,00000

Nesta simulação, NÃO HÁ ANATOCISMO porque os juros diários:


a) correspondem à taxa diária nominal encontrada dividindo-se a taxa mensal pela quantidade dos
dias do mês comercial, ou seja, 30 dias;
b) os juros calculados em cada dia não são agregados ao saldo devedor;
c) os juros são somados ao fim do período e somente então são debitados na conta corrente.

QUADRO Nº. 02 – hipótese de 30 dias corridos

COM ANATOCISMO
SIMULAÇÃO do CÁLCULO e DÉBITO DE JUROS em conta corrente pelo Método Hamburguês
Data do débito dos juros na conta corrente: dia 17 de cada mês
Período da Simulação: de 18/05/05 a 17/06/05
Taxa de Juros: 5% ao mês
Critério do cálculo dos juros: todos os dias do mês.
Taxa de Juros ao dia: 5% dividido por 30 dias = 0,166667%
Limite de crédito: R$ 5.000,00

Saldo
Devedor
Dia da Juros e base
Data Movimentação Entradas Saídas Saldos
Semana Diários para o
cálculo
dos juros

18/5/2005 4ª feira Depósito inicial 1.000,00 1.000,00 - -


19/5/2005 5ª feira Saque 500,00 500,00 - -
20/5/2005 6ª feira (sem movimento) 500,00 - -
21/5/2005 sábado 500,00 - -
22/5/2005 domingo 500,00 - -
23/5/2005 2ª feira Depósito 800,00 - - -
23/5/2005 2ª feira Saque 1.200,00 100,00 - -
24/5/2005 3ª feira Saque 1.500,00 (1.400,00) (2,33) (1.402,33)
25/5/2005 4ª feira Saque 2.000,00 (3.400,00) (5,67) (3.408,00)
26/5/2005 feriado (3.400,00) (5,68) (3.413,68)
27/5/2005 6ª feira (sem movimento) (3.400,00) (5,69) (3.419,37)
28/5/2005 sábado (3.400,00) (5,70) (3.425,07)
29/5/2005 domingo (3.400,00) (5,71) (3.430,78)
30/5/2005 2ª feira Depósito 400,00 (3.000,00) (5,72) (3.036,50)
31/5/2005 3ª feira Saque 1.500,00 (4.500,00) (7,56) (4.544,06)
1/6/2005 4ª feira Saque 500,00 (5.000,00) (8,41) (5.052,47)
2/6/2005 5ª feira (sem movimento) (5.000,00) (8,42) (5.060,89)
3/6/2005 6ª feira (sem movimento) (5.000,00) (8,43) (5.069,32)
4/6/2005 sábado (5.000,00) (8,45) (5.077,77)

22
PERÍCIA CONTÁBIL EM MATÉRIA FINANCEIRA – Prof. Remo Dalla Zanna (MS)

5/6/2005 domingo (5.000,00) (8,46) (5.086,23)


6/6/2005 2ª feira (sem movimento) (5.000,00) (8,48) (5.094,71)
7/6/2005 3ª feira (sem movimento) (5.000,00) (8,49) (5.103,20)
8/6/2005 4ª feira (sem movimento) (5.000,00) (8,51) (5.111,71)
9/6/2005 5ª feira (sem movimento) (5.000,00) (8,52) (5.120,23)
10/6/2005 6ª feira (sem movimento) (5.000,00) (8,53) (5.128,76)
11/6/2005 sábado (5.000,00) (8,55) (5.137,31)
12/6/2005 domingo (5.000,00) (8,56) (5.145,87)
13/6/2005 2ª feira Depósito 2.000,00 (3.000,00) (8,58) (3.154,45)
14/6/2005 3ª feira Saque 500,00 (3.500,00) (6,09) (3.660,54)
15/6/2005 4ª feira Saque 500,00 (4.000,00) (6,93) (4.167,47)
16/6/2005 5ª feira Depósito 500,00 (6,95) (3.674,42)
16/6/2005 5ª feira Saque 1.000,00 (4.500,00) (7,79) (4.682,21)
17/6/2005 6ª feira Saque 500,00 (5.000,00) (8,64) (5.190,85)
Soma dos Juros (190,85)
Saldo devedor médio (4.236,00)
% da taxa de juros ao mês, efetivamente praticada 5,40639

Nesta simulação, ACONTECE O ANATOCISMO porque os juros diários:


a) correspondem à taxa diária nominal encontrada dividindo-se a taxa mensal pela quantidade dos
dias do mês comercial, ou seja, 30 dias;
b) MAS, os juros calculados em cada dia são agregados ao saldo devedor. Este procedimento não
é revelado nos extratos da conta corrente fornecidos pelos bancos aos seus correntistas;
c) os juros são somados ao fim do período e somente então são debitados na conta corrente.

QUADRO Nº. 03 - hipótese de 22 dias úteis

SEM ANATOCISMO
SIMULAÇÃO do CÁLCULO e DÉBITO DE JUROS em conta corrente pelo Método Hamburguês
Data do débito dos juros na conta corrente: dia 17 de cada mês
Período da Simulação: de 18/05/05 a 17/06/05
Taxa de Juros: 5% ao mês
Critério do cálculo dos juros: somente dias úteis bancários que, neste caso são 22 dias.
Taxa de Juros ao dia: 5% dividido por 22 dias = 0,227273%
Limite de crédito: R$ 5.000,00

Dia da Juros
Data Movimentação Entradas Saídas Saldos
Semana Diários

18/5/2005 4ª feira Depósito inicial 1.000,00 1.000,00 -


19/5/2005 5ª feira Saque 500,00 500,00 -
20/5/2005 6ª feira (sem movimento) 500,00 -
21/5/2005 sábado 500,00 -
22/5/2005 domingo 500,00 -
23/5/2005 2ª feira Depósito 800,00 - -
23/5/2005 2ª feira Saque 1.200,00 100,00 -
24/5/2005 3ª feira Saque 1.500,00 (1.400,00) (3,18)
25/5/2005 4ª feira Saque 2.000,00 (3.400,00) (7,73)
26/5/2005 feriado -
27/5/2005 6ª feira (sem movimento) (3.400,00) (7,73)
28/5/2005 sábado -
29/5/2005 domingo -
30/5/2005 2ª feira Depósito 400,00 (3.000,00) (6,82)
31/5/2005 3ª feira Saque 1.500,00 (4.500,00) (10,23)
1/6/2005 4ª feira Saque 500,00 (5.000,00) (11,36)
2/6/2005 5ª feira (sem movimento) (5.000,00) (11,36)

23
PERÍCIA CONTÁBIL EM MATÉRIA FINANCEIRA – Prof. Remo Dalla Zanna (MS)

3/6/2005 6ª feira (sem movimento) (5.000,00) (11,36)


4/6/2005 sábado -
5/6/2005 domingo -
6/6/2005 2ª feira (sem movimento) (5.000,00) (11,36)
7/6/2005 3ª feira (sem movimento) (5.000,00) (11,36)
8/6/2005 4ª feira (sem movimento) (5.000,00) (11,36)
9/6/2005 5ª feira (sem movimento) (5.000,00) (11,36)
10/6/2005 6ª feira (sem movimento) (5.000,00) (11,36)
11/6/2005 sábado -
12/6/2005 domingo -
13/6/2005 2ª feira Depósito 2.000,00 (3.000,00) (6,82)
14/6/2005 3ª feira Saque 500,00 (3.500,00) (7,95)
15/6/2005 4ª feira Saque 500,00 (4.000,00) (9,09)
16/6/2005 5ª feira Depósito 500,00
16/6/2005 5ª feira Saque 1.000,00 (4.500,00) (10,23)
17/6/2005 6ª feira Saque 500,00 (5.000,00) (11,36)
Soma dos Juros (172,05)
Saldo devedor médio (4.205,56)
% da taxa de juros ao mês, efetivamente praticada 5,00000

Nesta simulação, NÃO HÁ ANATOCISMO porque os juros diários:


a) correspondem à taxa diária nominal encontrada dividindo-se a taxa mensal pela quantidade de
dias bancários úteis do período que, neste caso são 22 dias corridos;
b) os juros calculados em cada dia útil não são agregados ao saldo devedor;
c) os juros são somados ao fim do período e somente então são debitados na conta corrente.

QUADRO Nº. 04 - hipótese de 22 dias úteis

COM ANATOCISMO
SIMULAÇÃO do CÁLCULO e DÉBITO DE JUROS em conta corrente pelo Método Hamburguês
Data do débito dos juros na conta corrente: dia 17 de cada mês
Período da Simulação: de 18/05/05 a 17/06/05
Taxa de Juros: 5% ao mês
Critério do cálculo dos juros: somente dias úteis bancários que, neste caso são 22 dias.
Taxa de Juros ao dia: 5% dividido por 22 dias = 0,227273%
Limite de crédito: R$ 5.000,00

Saldo
Devedor
Dia da Juros e base
Data Movimentação Entradas Saídas Saldos
Semana Diários para o
cálculo
dos juros

18/5/2005 4ª feira Depósito inicial 1.000,00 1.000,00 - -


19/5/2005 5ª feira Saque 500,00 500,00 - -
20/5/2005 6ª feira (sem movimento) 500,00 - -
21/5/2005 sábado 500,00 - -
22/5/2005 domingo 500,00 - -
23/5/2005 2ª feira Depósito 800,00 - - -
23/5/2005 2ª feira Saque 1.200,00 100,00 - -
24/5/2005 3ª feira Saque 1.500,00 (1.400,00) (3,18) (1.403,18)
25/5/2005 4ª feira Saque 2.000,00 (3.400,00) (7,73) (3.410,92)
26/5/2005 feriado - - -
27/5/2005 6ª feira (sem movimento) (3.400,00) (7,75) (3.418,67)
28/5/2005 sábado - - -

24
PERÍCIA CONTÁBIL EM MATÉRIA FINANCEIRA – Prof. Remo Dalla Zanna (MS)

29/5/2005 domingo - - -
30/5/2005 2ª feira Depósito 400,00 (3.000,00) (6,86) (3.025,53)
31/5/2005 3ª feira Saque 1.500,00 (4.500,00) (10,29) (4.535,81)
1/6/2005 4ª feira Saque 500,00 (5.000,00) (11,45) (5.047,26)
2/6/2005 5ª feira (sem movimento) (5.000,00) (11,47) (5.058,73)
3/6/2005 6ª feira (sem movimento) (5.000,00) (11,50) (5.070,23)
4/6/2005 sábado - -
5/6/2005 domingo - -
6/6/2005 2ª feira (sem movimento) (5.000,00) (11,52) (5.081,75)
7/6/2005 3ª feira (sem movimento) (5.000,00) (11,55) (5.093,30)
8/6/2005 4ª feira (sem movimento) (5.000,00) (11,58) (5.104,88)
9/6/2005 5ª feira (sem movimento) (5.000,00) (11,60) (5.116,48)
10/6/2005 6ª feira (sem movimento) (5.000,00) (11,63) (5.128,11)
11/6/2005 sábado - - -
12/6/2005 domingo - - -
13/6/2005 2ª feira Depósito 2.000,00 (3.000,00) (7,11) (3.135,22)
14/6/2005 3ª feira Saque 500,00 (3.500,00) (8,26) (3.643,48)
15/6/2005 4ª feira Saque 500,00 (4.000,00) (9,42) (4.152,89)
16/6/2005 5ª feira Depósito 500,00 -
16/6/2005 5ª feira Saque 1.000,00 (4.500,00) (11,71) (5.164,61)
17/6/2005 6ª feira Saque 500,00 (5.000,00) (12,87) (5.677,48)
Soma dos Juros (177,48)
Saldo devedor médio (4.205,56)
% da taxa de juros ao mês, efetivamente praticada 5,15793

Nesta simulação, ACONTECE O ANATOCISMO porque os juros diários:


a) correspondem à taxa diária nominal encontrada dividindo-se a taxa mensal pela quantidade de
dias bancários úteis do período que, neste caso são 22 dias corridos;
b) MAS, os juros calculados em cada dia útil são agregados ao saldo devedor;
c) os juros são somados ao fim do período e somente então são debitados na conta corrente.

2º conjunto: as quatro planilhas que seguem foram feitas com a taxa ao mês
devidamente “radiciada” por 30 e, alternativamente, por 22 dias.

QUADRO Nº. 05 - hipótese de 30 dias corridos – taxa “radiciada” e juros simples

Este critério está equivocado, pois se a taxa foi “radiciada” há que se


calcular capitalizando juros diariamente.

SIMULAÇÃO do CÁLCULO e DÉBITO DE JUROS em conta corrente pelo Método Hamburguês


Data do débito dos juros na conta corrente: dia 17 de cada mês
Período da Simulação: de 18/05/05 a 17/06/05 Taxa de Juros: 5% ao mês
Critério do cálculo dos juros: todos os dias do mês comercial.
Juros ao dia: raiz 30 ou potência 1/30 de 5% a.m. 0,162766%
Limite de crédito: R$ 5.000,00

Dia da Juros
Data Movimentação Entradas Saídas Saldos
Semana Diários

18/5/2005 4ª feira Depósito inicial 1.000,00 1.000,00 -


19/5/2005 5ª feira Saque 500,00 500,00 -
20/5/2005 6ª feira (sem movimento) 500,00 -
21/5/2005 sábado 500,00 -
22/5/2005 domingo 500,00 -
25
PERÍCIA CONTÁBIL EM MATÉRIA FINANCEIRA – Prof. Remo Dalla Zanna (MS)

23/5/2005 2ª feira Depósito 800,00 - -


23/5/2005 2ª feira Saque 1.200,00 100,00 -
24/5/2005 3ª feira Saque 1.500,00 (1.400,00) (2,28)
25/5/2005 4ª feira Saque 2.000,00 (3.400,00) (5,53)
26/5/2005 feriado (3.400,00) (5,53)
27/5/2005 6ª feira (sem movimento) (3.400,00) (5,53)
28/5/2005 sábado (3.400,00) (5,53)
29/5/2005 domingo (3.400,00) (5,53)
30/5/2005 2ª feira Depósito 400,00 (3.000,00) (4,88)
31/5/2005 3ª feira Saque 1.500,00 (4.500,00) (7,32)
1/6/2005 4ª feira Saque 500,00 (5.000,00) (8,14)
2/6/2005 5ª feira (sem movimento) (5.000,00) (8,14)
3/6/2005 6ª feira (sem movimento) (5.000,00) (8,14)
4/6/2005 sábado (5.000,00) (8,14)
5/6/2005 domingo (5.000,00) (8,14)
6/6/2005 2ª feira (sem movimento) (5.000,00) (8,14)
7/6/2005 3ª feira (sem movimento) (5.000,00) (8,14)
8/6/2005 4ª feira (sem movimento) (5.000,00) (8,14)
9/6/2005 5ª feira (sem movimento) (5.000,00) (8,14)
10/6/2005 6ª feira (sem movimento) (5.000,00) (8,14)
11/6/2005 sábado (5.000,00) (8,14)
12/6/2005 domingo (5.000,00) (8,14)
13/6/2005 2ª feira Depósito 2.000,00 (3.000,00) (4,88)
14/6/2005 3ª feira Saque 500,00 (3.500,00) (5,70)
15/6/2005 4ª feira Saque 500,00 (4.000,00) (6,51)
16/6/2005 5ª feira Depósito 500,00 -
16/6/2005 5ª feira Saque 1.000,00 (4.500,00) (7,32)
17/6/2005 6ª feira Saque 500,00 (5.000,00) (8,14)
Soma dos Juros (172,37)
Saldo devedor médio (4.236,00)
% da taxa de juros ao mês, efetivamente praticada. 4,88299

Considerando que a taxa foi radicada, esta simulação está errada e, por isso, revela uma taxa de
juros inferior à de 5% ao mês. A diferença não decorre de arredondamento, mas e impropriedade do
método, pois se a taxa foi radiciada então deve ser capitalizada diariamente.

QUADRO Nº. 06 - hipótese de 30 dias corridos - taxa “radiciada” e juros compostos

Esta forma de cálculo e de capitalização não pode ser conceituada como ANATOCISMO

SIMULAÇÃO do CÁLCULO e DÉBITO DE JUROS em conta corrente pelo Método Hamburguês


Data do débito dos juros na conta corrente: dia 17 de cada mês
Período da Simulação: de 18/05/05 a 17/06/05 Taxa de Juros: 5% ao mês
Critério do cálculo dos juros: todos os dias do mês comercial.
Juros ao dia: raiz 30 ou potência 1/30 de 5% a.m. 0,162766%
Limite de crédito: R$ 5.000,00

Saldo
Devedor e
Dia da Juros
Data Movimentação Entradas Saídas Saldos base para
Semana Diários
o cálculo
dos juros

18/5/2005 4ª feira Depósito inicial 1.000,00 1.000,00 - -


19/5/2005 5ª feira Saque 500,00 500,00 - -
20/5/2005 6ª feira (sem movimento) 500,00 - -
21/5/2005 sábado 500,00 - -
26
PERÍCIA CONTÁBIL EM MATÉRIA FINANCEIRA – Prof. Remo Dalla Zanna (MS)

22/5/2005 domingo 500,00 - -


23/5/2005 2ª feira Depósito 800,00 - - -
23/5/2005 2ª feira Saque 1.200,00 100,00 - -
24/5/2005 3ª feira Saque 1.500,00 (1.400,00) (2,28) (1.402,28)
25/5/2005 4ª feira Saque 2.000,00 (3.400,00) (5,54) (3.407,82)
26/5/2005 feriado (3.400,00) (5,55) (3.413,36)
27/5/2005 6ª feira (sem movimento) (3.400,00) (5,56) (3.418,92)
28/5/2005 sábado (3.400,00) (5,56) (3.424,48)
29/5/2005 domingo (3.400,00) (5,57) (3.430,06)
30/5/2005 2ª feira Depósito 400,00 (3.000,00) (4,93) (3.034,99)
31/5/2005 3ª feira Saque 1.500,00 (4.500,00) (7,38) (4.542,37)
1/6/2005 4ª feira Saque 500,00 (5.000,00) (8,21) (5.050,58)
2/6/2005 5ª feira (sem movimento) (5.000,00) (8,22) (5.058,80)
3/6/2005 6ª feira (sem movimento) (5.000,00) (8,23) (5.067,03)
4/6/2005 sábado (5.000,00) (8,25) (5.075,28)
5/6/2005 domingo (5.000,00) (8,26) (5.083,54)
6/6/2005 2ª feira (sem movimento) (5.000,00) (8,27) (5.091,82)
7/6/2005 3ª feira (sem movimento) (5.000,00) (8,29) (5.100,10)
8/6/2005 4ª feira (sem movimento) (5.000,00) (8,30) (5.108,40)
9/6/2005 5ª feira (sem movimento) (5.000,00) (8,31) (5.116,72)
10/6/2005 6ª feira (sem movimento) (5.000,00) (8,33) (5.125,05)
11/6/2005 sábado (5.000,00) (8,34) (5.133,39)
12/6/2005 domingo (5.000,00) (8,36) (5.141,74)
13/6/2005 2ª feira Depósito 2.000,00 (3.000,00) (5,11) (3.146,86)
14/6/2005 3ª feira Saque 500,00 (3.500,00) (5,94) (3.652,79)
15/6/2005 4ª feira Saque 500,00 (4.000,00) (6,76) (4.159,55)
16/6/2005 5ª feira Depósito 500,00 - -
16/6/2005 5ª feira Saque 1.000,00 (4.500,00) (7,58) (4.667,14)
17/6/2005 6ª feira Saque 500,00 (5.000,00) (8,41) (5.175,55)
Soma dos Juros (175,55)
Saldo devedor médio (4.236,00)
% da taxa de juros ao mês, efetivamente praticada 4,97304

Este é método que retorna, ao fim do período, a taxa contratada de 5% ao mês. A diferença a menor
de 0,02696% decorre de arrendamentos. A intenção é que a taxa efetivamente praticada não supere
5% ao mês.

QUADRO Nº. 07 - hipótese de 22 dias úteis - taxa radiciada e juros compostos

Este critério está equivocado, pois se a taxa foi radiciada há que se


calcular capitalizando juros diariamente.

SIMULAÇÃO do CÁLCULO e DÉBITO DE JUROS em conta corrente pelo Método Hamburguês


Data do débito dos juros na conta corrente: dia 17 de cada mês
Período da Simulação: de 18/05/05 a 17/06/05 Taxa de Juros: 5% ao mês
Critério do cálculo dos juros: somente dias úteis bancários = 22 dias.
Juros ao dia: raiz 22 ou potência 1/22 de 5% a.m. 0,222020%
Limite de crédito: R$ 5.000,00

Dia da Juros
Data Movimentação Entradas Saídas Saldos
Semana Diários

18/5/2005 4ª feira Depósito inicial 1.000,00 1.000,00 -


19/5/2005 5ª feira Saque 500,00 500,00 -
20/5/2005 6ª feira (sem movimento) 500,00 -
21/5/2005 sábado 500,00 -

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PERÍCIA CONTÁBIL EM MATÉRIA FINANCEIRA – Prof. Remo Dalla Zanna (MS)

22/5/2005 domingo 500,00 -


23/5/2005 2ª feira Depósito 800,00 - -
23/5/2005 2ª feira Saque 1.200,00 100,00 -
24/5/2005 3ª feira Saque 1.500,00 (1.400,00) (3,11)
25/5/2005 4ª feira Saque 2.000,00 (3.400,00) (7,55)
26/5/2005 feriado - -
27/5/2005 6ª feira (sem movimento) (3.400,00) (7,55)
28/5/2005 sábado - -
29/5/2005 domingo - -
30/5/2005 2ª feira Depósito 400,00 (3.000,00) (6,66)
31/5/2005 3ª feira Saque 1.500,00 (4.500,00) (9,99)
1/6/2005 4ª feira Saque 500,00 (5.000,00) (11,10)
2/6/2005 5ª feira (sem movimento) (5.000,00) (11,10)
3/6/2005 6ª feira (sem movimento) (5.000,00) (11,10)
4/6/2005 sábado - -
5/6/2005 domingo - -
6/6/2005 2ª feira (sem movimento) (5.000,00) (11,10)
7/6/2005 3ª feira (sem movimento) (5.000,00) (11,10)
8/6/2005 4ª feira (sem movimento) (5.000,00) (11,10)
9/6/2005 5ª feira (sem movimento) (5.000,00) (11,10)
10/6/2005 6ª feira (sem movimento) (5.000,00) (11,10)
11/6/2005 sábado - -
12/6/2005 domingo - -
13/6/2005 2ª feira Depósito 2.000,00 (3.000,00) (6,66)
14/6/2005 3ª feira Saque 500,00 (3.500,00) (7,77)
15/6/2005 4ª feira Saque 500,00 (4.000,00) (8,88)
16/6/2005 5ª feira Depósito 500,00 -
16/6/2005 5ª feira Saque 1.000,00 (4.500,00) (9,99)
17/6/2005 6ª feira Saque 500,00 (5.000,00) (11,10)
Soma dos Juros (168,07)
Saldo devedor médio (4.205,56)
% da taxa de juros ao mês praticado efetivamente 4,88443

Considerando que a taxa foi radicada, esta simulação está errada e, por isso, revela uma taxa de
juros inferior à de 5% ao mês. A diferença não decorre de arredondamento, mas é impropriedade do
método, pois se a taxa foi radiciada então deve ser capitalizada diariamente.

QUADRO Nº. 08 - hipótese de 22 dias úteis - taxa “radiciada” e juros compostos

Esta forma de cálculo e de capitalização não pode ser conceituada como ANATOCISMO

SIMULAÇÃO do CÁLCULO e DÉBITO DE JUROS em conta corrente pelo Método Hamburguês


Data do débito dos juros na conta corrente: dia 17 de cada mês
Período da Simulação: de 18/05/05 a 17/06/05 Taxa de Juros: 5% ao mês
Critério do cálculo dos juros: somente dias úteis bancários = 22 dias.
Juros ao dia: raiz 30 ou potência 1/30 de 5% a.m. 0,222020%
Limite de crédito: R$ 5.000,00

Saldo
Devedor
Dia da Juros e base
Data Movimentação Entradas Saídas Saldos
Semana Diários para o
cálculo
dos juros

18/5/2005 4ª feira Depósito inicial 1.000,00 1.000,00 - -


19/5/2005 5ª feira Saque 500,00 500,00 - -

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PERÍCIA CONTÁBIL EM MATÉRIA FINANCEIRA – Prof. Remo Dalla Zanna (MS)

20/5/2005 6ª feira (sem movimento) 500,00 - -


21/5/2005 sábado 500,00 - -
22/5/2005 domingo 500,00 - -
23/5/2005 2ª feira Depósito 800,00 - - -
23/5/2005 2ª feira Saque 1.200,00 100,00 - -
24/5/2005 3ª feira Saque 1.500,00 (1.400,00) (3,11) (1.403,11)
25/5/2005 4ª feira Saque 2.000,00 (3.400,00) (7,56) (3.410,66)
26/5/2005 feriado - - -
27/5/2005 6ª feira (sem movimento) (3.400,00) (7,57) (3.418,24)
28/5/2005 sábado - - -
29/5/2005 domingo - - -
30/5/2005 2ª feira Depósito 400,00 (3.000,00) (6,70) (3.024,94)
31/5/2005 3ª feira Saque 1.500,00 (4.500,00) (10,05) (4.534,98)
1/6/2005 4ª feira Saque 500,00 (5.000,00) (11,18) (5.046,16)
2/6/2005 5ª feira (sem movimento) (5.000,00) (11,20) (5.057,37)
3/6/2005 6ª feira (sem movimento) (5.000,00) (11,23) (5.068,59)
4/6/2005 sábado - - -
5/6/2005 domingo - - -
6/6/2005 2ª feira (sem movimento) (5.000,00) (11,25) (5.079,85)
7/6/2005 3ª feira (sem movimento) (5.000,00) (11,28) (5.091,13)
8/6/2005 4ª feira (sem movimento) (5.000,00) (11,30) (5.102,43)
9/6/2005 5ª feira (sem movimento) (5.000,00) (11,33) (5.113,76)
10/6/2005 6ª feira (sem movimento) (5.000,00) (11,35) (5.125,11)
11/6/2005 sábado - - -
12/6/2005 domingo - - -
13/6/2005 2ª feira Depósito 2.000,00 (3.000,00) (6,94) (3.132,05)
14/6/2005 3ª feira Saque 500,00 (3.500,00) (8,06) (3.640,11)
15/6/2005 4ª feira Saque 500,00 (4.000,00) (9,19) (4.149,30)
16/6/2005 5ª feira Depósito 500,00 -
16/6/2005 5ª feira Saque 1.000,00 (4.500,00) (10,32) (4.659,63)
17/6/2005 6ª feira Saque 500,00 (5.000,00) (11,46) (5.171,08)
Soma dos Juros (171,08)
Saldo devedor médio (4.205,56)
% da taxa de juros ao mês, efetivamente praticada 4,97202

Este é método que retorna, ao fim do período, à taxa contratada de 5% ao mês. A diferença a menor
de 0,02696% decorre de arrendamentos. A intenção é que a taxa efetivamente praticada não supere
5% ao mês.

7.6. Justificativa financeira para lançar juros maturados a débito da conta


corrente garantida mesmo que não exista saldo para serem quitados.

A justificativa financeira para lançar a débito da Conta Corrente os juros maturados,


mesmo que não existam fundos para seu pagamento, é que a quantia de juros não
pagos na data do débito, ou seja, no dia determinado em contrato, gera um novo
empréstimo sobre o qual novos juros podem ser calculados. Este procedimento, no
entender dos bancos, não gera juros sobre juros (anatocismo), pois, no momento do
débito, não sendo eles pagos pelo correntista, dão origem, automaticamente, a um
novo empréstimo que se incorpora ao precedente, transformando-se tudo em
“Capital Emprestado”. Vale dizer que não liquidando os juros no dia em que ocorre
o débito equivale, segundo o pensamento dos bancos, à concessão de um novo

29
PERÍCIA CONTÁBIL EM MATÉRIA FINANCEIRA – Prof. Remo Dalla Zanna (MS)

empréstimo sobre o qual novos juros serão debitados e assim sucessivamente.


Como se vê, o Sistema Financeiro Nacional está convencido de que, nesta
modalidade de contrato, nada o impede de cobrar juros sobre o saldo devedor
acrescido de juros vencidos e não pagos. A jurisprudência que ampara o
pensamento dos bancos diz:

“Acontece que o contrato de cheque especial, pelo qual o débito só


ocorre quando o correntista o deseja, é de fechamento mensal, isto
é, ao principal devido com os encargos apurados mensalmente
para liquidação; se não ocorre a cobertura, tal saldo é
transformado em capital devido no mês seguinte. Isso é mesmo que
renovar, ou novar o débito a cada mês, ou fazer o conhecido
“papagaio”, tomar um empréstimo para pagar outro, ainda que em
bancos diversos.
Os juros contratados, incidentes sobre o saldo devedor em conta
corrente com limite, devem ser quitados nos prazos previstos. O
saldo que perdurar nessas datas, incluindo-se juros e atualização
monetária, será tido, daí por diante, como novo empréstimo. O
mesmo acontece, de forma inversa, na caderneta de poupança.
Dessa forma, não se pode acoimar de anatocismo o lançamento de
nova taxa de juros sobre esse saldo incorporado como capital” (ex
1º TACiv SP, Ap. nº 397.121-5, 1ª Câmara Especial.)

Este, entretanto, não é pensamento unânime, pois, apesar de ser correto dizer que
inexistindo saldo credor no momento em que os juros são debitados em conta
corrente, estes integram o montante devedor a partir do qual novo cálculo de juros
será feito para o período seguinte a verdade é que, aos fins contábeis e fiscais, são
coisas de natureza diferente. Capital é investimento e juros são receita para quem
empresta e despesas para quem toma emprestado. A receita de quem empresta está
sujeita à tributação do Imposto de Renda, da Contribuição Social sobre o Lucro
Líquido, etc. A despesa de quem toma emprestado, para fins de Imposto de Renda,
é dedutível. A contabilidade não confunde capital com juros. Esta forma de pensar
está fundamentada na escrituração do extrato de conta corrente. Além disso, apesar
do Método Hamburguês ser de juros simples, o fato de serem os juros mensais
impagos agrupados ao saldo devedor, formando um novo montante sujeito a novos
juros, não lhe tira – em face da prática bancária aplicada - a sua condição de ser um
método que capitaliza os juros mensalmente.

Veja um exemplo de conta corrente garantida com juros pelo Método Hamburguês
no ANEXO “D”.

7.7 – A Conta Corrente chamada Floor Plan

30
PERÍCIA CONTÁBIL EM MATÉRIA FINANCEIRA – Prof. Remo Dalla Zanna (MS)

7.7.1 - Conceito

Chama-se Floor Plan ou Flooring o Contrato de Abertura de Crédito em Conta


Corrente, assinado entre cada concessionária (empresa comercial, revendedora e
prestadora de serviços de manutenção e reparos em veículos de uma só marca) e a
montadora de veículos. Ou, mais precisamente para ficar conforme legislação
brasileira, Contrato de Abertura de Crédito em Conta Corrente, assinado entre o
banco que atende aos interesses financeiros da montadora de veículos e os
concessionários/revendedores da mesma e única marca.

“Circular BACEN nº. 928, de 07 de Maio de 1985

1. Comunicamos que a Diretoria do Banco Central do Brasil, em sessão


realizada nesta data, tendo em vista o disposto no item V, do artigo 10, da Lei
n. 4.595, de 31 de dezembro de 1964, decidiu autorizar as sociedades de
crédito, financiamento e investimento a “... realizar operações de
financiamento para aquisição de estoque de bens de consumo durável, às
empresas comerciais vendedoras, sob a forma de crédito rotativo.” (o grifo
é nosso)

Segundo Edward W. Reed e Edward K. Gill, in “Bancos Comerciais e Múltiplos”,


São Paulo, Makron Books, 1994, p. 406, temos que a comercialização de bens
duráveis (automóveis, caminhões, barcos para lazer, motocicletas, geladeiras,
lavadoras, secadoras, televisores e bens assemelhados) requer a sua exibição aos
consumidores de forma atraente. A atratividade destes bens é diretamente
proporcional à sua exibição devidamente acompanha por explicações técnicas sobre
como usá-los, suas vantagens comparativas e demais atrativos. Por outro lado, os
lojistas, concessionários ou distribuidores desses bens de alto valor unitário,
principalmente automóveis, caminhões, barcos para o lazer, motocicletas de alto
padrão, etc. geralmente não dispõem de capital de giro próprio para manter um
estoque adequado e, assim, apresentar aos clientes várias opções de cores, modelos
e tamanhos, seja para conhecimento ou mesmo para um test-drive. Surge, assim, a
necessidade de financiar este estoque destinado á exibição e venda. Considerando
que a venda interessa, em primeira instância, ao próprio fabricante, este viabiliza
para o seu lojista, distribuidor ou concessionário o Sistema de “Floor Plan”. O
escopo deste sistema é financiar o estoque do revendedor, tanto de bens novos
como de bens usados para troca por novos e, às vezes, também de peças para
reposição aplicadas em sua oficina no momento de atender à garantia ou mesmo
para fazer a manutenção dos bens. Este sistema de financiamento pode ser usado
pela concessionária também para financiar a aquisição de ferramentas especiais,
segundo cada modelo de veículo e, assim, aparelhar sua oficina. Trata-se, pois, de
um contrato de financiamento com taxas de juros (e atualização monetária)
flutuantes conforme parâmetros obtidos no mercado de crédito. O Sistema

31
PERÍCIA CONTÁBIL EM MATÉRIA FINANCEIRA – Prof. Remo Dalla Zanna (MS)

Financeiro, geralmente, não oferece um financiamento para capital de giro com as


características do Floor Plan pelos seguintes motivos:

a) o Floor Plan funda-se na mútua confiança entre parceiros para escoar a


produção industrial de bens de consumo durável com forte predominância de
veículos automotores. O objetivo principal do Sistema “Floor Plan” bem
como sua filosofia não é obter lucros financeiros; mas, obviamente, não se
presta para financiar a fundo perdido ou mesmo com prejuízo;

b) o Sistema Financeiro, geralmente, não consegue competir com as taxas de


juros cobradas pelo banco que faz parte do grupo econômico do fabricante ou
do banco que mantém, com esse grupo, uma parceria com o propósito de
facilitar as vendas de sua rede de concessionário-revendedores e lojistas. O
espírito que norteia os negócios financeiros entre eles é o financiamento,
cobrando taxas de juros menores que as cobradas por qualquer alternativa
diferente do Floor Plan. A idéia é que qualquer outra forma de financiamento
do capital de giro diferente do Floor Plan seria mais cara que essa.

c) a montadora é conceituada como fábrica; logo, está legalmente impedida de


cobrar juros e, por isso, todas as montadoras de veículos contam com um
banco em seu grupo econômico por meio do qual viabilizam os contratos
Floor Plan. Esta solução jurídica possibilita a cobrança de juros e outros
encargos sobre o financiamento oferecido aos concessionário-distribuidores,
revendedores e lojistas;

d) a garantia do contrato de Floor Plan é o estoque de bens adquiridos pelo


concessionário/distribuidor. Sobre esse estoque, pesa a cláusula de penhor
mercantil. Esta é uma garantia real. Para os bancos ligados aos fabricantes, é
uma garantia adequada para suportar o risco de crédito, pois são especialistas
em seu ramo de negócios. Os bancos que participam do esquema Floor Plan
pagam à vista ao fabricante o valor da compra feita pelo
concessionário/distribuidor/lojista. Recebem, em troca, as duplicatas
devidamente endossadas. Com este endosso, o título de crédito “duplicata”
passa a ser de propriedade do banco que viabilizou o financiamento Floor
Plan. Esta é, então, uma segunda garantia, mas, de natureza fidejussória. Em
alguns casos, os analistas de risco de crédito recomendam a obtenção de
outras garantias reais como a hipoteca de bens imóveis. Em resumo, como
garantia das operações de financiamento do tipo Floor Plan, temos:
(i) garantias reais na forma de penhor mercantil sobre os bens
adquiridos,
(ii) garantia fidejussória pelo endosso das duplicatas e
(iii) garantias reais na forma de hipotecas imobiliárias; todavia, este tipo
de garantia real é caso raro;

32
PERÍCIA CONTÁBIL EM MATÉRIA FINANCEIRA – Prof. Remo Dalla Zanna (MS)

e) quanto ao prazo de vencimento do financiamento Floor Plan, por ser um


crédito rotativo controlado em conta corrente com juros, não tem um prazo
rígido de vencimento. O concessionário restituirá o principal financiado
depois de vender cada um dos bens. O fato de os contratos de Floor Plan -
como regra geral - terem uma cláusula que prevê o pagamento do bem não
vendido no prazo de 6 (seis) meses da data do faturamento, quando e se
efetivamente necessário, pode ser objeto de aditivo, estendendo o prazo de
liquidação do mútuo por um período a ser convencionado entre as partes. A
realidade é que as decisões de natureza financeira estão subordinadas às
decisões de mercado dos bens objeto de venda. Os bancos que operam com
Floor Plan consideram variáveis, que não são levadas em conta por aquelas
instituições que não operam com esta modalidade de crédito, tais como:
concorrência entre fabricantes, cobertura da área do concessionário, sua
estrutura comercial e de oficinas, etc.

f) por fim, no momento da venda, ao cliente/consumidor final, o concessionário


ou revendedor oferece o financiamento conhecido como “direto da fábrica”.
Na realidade, é o mesmo braço financeiro da montadora que havia financiado
o estoque para o revendedor que agora financia o bem para o consumidor
final, quitando, obviamente, a dívida desse bem na conta corrente do
concessionário/revendedor, fechando, assim, o ciclo do Sistema “Floor
Plan” se fecha.

7.7.2 - Fluxo operacional do Floor Plan

1) Quanto à forma de utilização dos recursos: O contrato dispõe que, por conta e
ordem da empresa distribuidora ou concessionária com a qual a fábrica
mantém contrato de distribuição e/ou concessão esta lhe entregará as
mercadorias encomendadas e ela (distribuidora ou concessionária) efetuará o
pagamento dos preços fixados na condição à vista e “FOB-fábrica”. A partir
deste momento, os bens são embarcados na carreta transportadora ou meio de
transporte equivalente. Estas operações são sempre feitas com a emissão das
notas fiscais-faturas correspondentes. Em face do fluxo de documentos e
comprovações contábeis desta operação, a liquidação da compra à vista é
feita, via de regra, até 48 horas após o dia do embarque. O custo do
transporte e respectivo seguro, geralmente, correm por conta do
concessionário ou distribuidor, mas há casos em que a venda é feita CIF, ou
seja, a montadora faz a venda incluindo o transporte e o seguro e procede à
entrega o veículo no pátio da distribuidora. O contrato de financiamento
rotativo Floor Plan autoriza o banco a pagar, por conta e ordem da
concessionária, a carga embarcada.

33
PERÍCIA CONTÁBIL EM MATÉRIA FINANCEIRA – Prof. Remo Dalla Zanna (MS)

2) Quanto ao fluxo operacional propriamente considerado é necessário enfatizar as


seguintes etapas:

(a) abertura de conta corrente contábil no banco do fabricante/montador: o


banco, mediante convênio com o fabricante/montador, abre uma conta
corrente em sua contabilidade, em nome do distribuidor ou concessionário,
com a qual escritura e controla as operações - mercantis e financeiras - que o
fabricante/montador faz com o distribuidor ou concessionário. O banco paga
à vista as notas fiscais emitidas pelo fabricante/montador contra o
concessionário e lhe financia o valor da nota fiscal. O objetivo é controlar o
débito acumulado (crédito rotativo) pelo concessionário. Considerando que
sempre existe um “limite de crédito” atribuído a cada contrato, a conta
corrente serve para controlar que esse limite não seja excedido. À medida
que os bens são vendidos aos consumidores finais e liquidados pelo
concessionário perante o banco, novos bens são disponibilizados pela
fábrica/montadora, de forma rotativa. O fluxo contábil é o seguinte:
i) débito na conta corrente pelo pagamento de bens embarcados com
destino à loja do distribuidor ou concessionário;
ii) débito na conta corrente de juros e encargos do contrato Floor Plan;
iii) crédito na conta corrente pelas quitações que vão sendo feitas pelo
concessionário quando da venda do bem;
iv) com o crédito supracitado, o saldo devedor do concessionário diminui,
facultando-lhe a possibilidade de encomendar o embarque de nova
quantidade de bens;
v) e assim sucessivamente;

(b) venda e faturamento: venda e faturamento de bens pelo fabricante e


embarque com destino ao estabelecimento do concessionário;

(c) apresentação da nota fiscal/fatura com a inserção de cláusula de penhor


mercantil sobre os bens nela constantes: - ato cabente ao fabricante e
destinado aos fins fiscais, contábeis, financeiros e creditícios da operação de
venda pelo Sistema “Floor Plan”; e

(d) lançamento contábil: lançamento do valor da venda a débito, na conta


corrente citada no item a acima, na escrituração contábil do banco,
evidenciando e registrando a movimentação econômico-financeira havida;

(e) posteriormente, quando da venda do bem ou conforme estiver estipulado


no contrato de Floor Plan, cabe ao distribuidor ou concessionário efetuar o
pagamento do valor devido ao banco, com juros e atualização monetária
conforme contrato e sempre incidentes sobre o tempo decorrido da data em
que o bem foi entregue até a data em que o valor financiado foi liquidado.

34
PERÍCIA CONTÁBIL EM MATÉRIA FINANCEIRA – Prof. Remo Dalla Zanna (MS)

Portanto, o distribuidor ou concessionário arcam com o risco do tempo que


decorrer entre a data do faturamento e embarque do bem pelo
fabricante/montador e sua liquidação em face da venda efetiva ao consumidor
final.

7.7.3 - Inspeção do estoque do distribuidor/concessionário pelo fabricante/montador

O contrato de Floor Plan prevê a inspeção ao estoque do distribuidor ou


concessionário a ser conduzida pelo fabricante/montador ou por entidade por ele
contratada para tal tarefa. O objetivo é certificar-se de que os bens continuam no
estoque ou foram vendidos e, assim, caso seja necessário, exigir o pronto
pagamento dos que foram vendidos e/ou dos que já ultrapassaram o prazo máximo
de estocagem previsto no contrato de Floor Plan que, como visto acima, é de 6
(seis) meses.

7.7.4 - Extinção da dívida do distribuidor ou concessionário junto ao


fabricante/montador

Com a liquidação financeira do bem pelo distribuidor ou concessionário junto ao


banco, extingue-se a dívida contábil mediante registro, a crédito de sua conta
corrente, do(s) valor(es) pago(s).

7.7.5 - Quanto à confiança e aos interesses recíprocos dos contratantes

Independentemente da possibilidade contratual de o fabricante/montador proceder a


uma inspeção ou auditoria no estoque do distribuidor ou concessionário, fica
evidente que o contrato de Floor Plan rege-se, principalmente, por uma relação de
estrita e duradoura confiança entre as Partes. Esta recíproca confiança baseia-se nos
objetivos comuns que unem os contratantes que são:

(a) do fabricante/montador: atender ao mercado consumidor de maneira mais


próxima e agressiva possível;

(b) do distribuidor ou concessionário:


 propiciar ao cliente - consumidor final - a pronta entrega do bem e a
escolha de alternativas de cores, modelos e demais variáveis que os bens
de consumo durável podem ter, segundo as preferências dos
consumidores;
 obter capital de giro para financiar os estoques a custos mais baixos que
os oferecidos pelo mercado de crédito (no caso de bancos comerciais não
ligados aos fabricantes) e poder contar com prazos elásticos, coincidentes
com a dinâmica de suas vendas, para efetuar o repagamento do
financiamento obtido; ou seja, casando a saída de recursos líquidos para o
pagamento do bem adquirido para revenda com a entrada de recursos
35
PERÍCIA CONTÁBIL EM MATÉRIA FINANCEIRA – Prof. Remo Dalla Zanna (MS)

líquidos decorrentes de sua venda ao consumidor final. Esta modalidade


de pagamento do financiamento é a própria essência do Sistema Floor
Plan;

(c) do banco pertencente ao grupo econômico do fabricante/montador:


obter o ressarcimento financeiro – juros e atualização monetária – pelo fato
de disponibilizar capital de giro ao distribuirdor ou concessinário a fim de
que apresente adequado nível de estoque em sua loja e, em seguida,
viabilizar o financiamento ao consumidor final com reserva de domínio do
bem.

7.7.6 - Quanto ao cálculo dos acréscimos financeiros incidentes sobre o prazo


decorrido da data da nota fiscal/fatura de venda do fabricante/montador, até a data
da liquidação financeira do bem pelo distribuidor ou concessionário

Cada banco/fabricante trabalha com contratos um pouco diferentes uns dos outros,
mas o núcleo financeiro é basicamente o mesmo em todos eles. Os encargos
devidos na data da liquidação financeira consideram as seguintes hipóteses:
- custo de captação de recursos no mercado interbancário denominado de
“depósitos interbancários ou interfinanceiros”, ou seja, custo do Certificado
de Depósito Interbancário - CDI, apurado diariamente e acumulado da data
do faturamento à data da liquidação do bem, mais x% de juros reais ou
remuneratórios; mas pode ser uma taxa fixa por mês, por exemplo: 1,8% ao
mês;
- TR - Taxa Referencial mais x% de juros ao mês, calculados pro rata
temporis;
- vincular a dívida em dolares americanos (variação cambial) mais x% de juros
ao mês, calculados pro rata temporis. A indexação do valor financiado pela
variação do dólar frente ao real aplica-se para veículos (e outros bens de
consumo durável) importados;
- outras alternativas que combinam a atualização monetária com uma taxa de
juros. Exemplo: atualização pelo IGP-M da FGV mais x% de juros ao mês,
calculados pro rata temporis.

O banco do grupo Ford Brasil adota um QUOCIENTE DE CONVERSÃO = QC para


atualizar o valor do veículo financiado no Sistema Floor Plan. Este método
consiste em dividir o valor do veículo pelo QC do dia do faturamento e, quando de
seu pagamento, multiplicar o valor faturado pelo QC do dia correspondente.

Nota: o QC é calculado pela Ford Brasil conforme cláusulas do contrato. O


exemplo abaixo é uma mera hipótese para os valores; mas é real quanto ao
processo de cálculo.

Valor do veículo Fiesta A R$ 11.284,40


36
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Data do Faturamento B 12/08/1998


Expressão do QC na data do faturamento C 1,31807106 QC
Valor do veículo em QC’s na data do faturamento D = (A/C) QC’s =
8.561,298660
Data da venda ao consumidor final E 11/09/98
Expressão do QC na data da venda F 1,34581879 QC
Valor devido pelo Concessionário à Ford Brasil dentro G = (D*F)
de 48 horas após a venda do veículo R$ 11.521,95
H = [(F/C) -
Acréscimo financeiro no período de 30 dias 1]*100 2,10% ao mês

7.7.7 - Floor Plan de usados.

O concessionário pode contar também com o contrato denominado Floor Plan de


usados. O objetivo deste contrato é, na prática, o mesmo do Floor Plan tradicional,
ou seja, financiar o estoque de veículos usados, também chamados de seminovos,
que são adquiridos pelo concessionário no momento da venda de um veículo zero
quilômetro ou mesmo quando da venda de outro usado.

7.7.8 - Quanto à origem dos fundos para o financiamento do Sistema ‘Floor Plan’

Sabe-se que o banco do grupo industrial a que pertence não faz o financiamento
com recursos de seu próprio caixa. A organização (a empresa holding do grupo)
constitui uma empresa financeira ou um banco múltiplo com a finalidade de captar
recursos no mercado de capitais e no mercado financeiro, para prover os fundos que
serão usados em suas operações ativas. Parte dos fundos de que dispõe o braço
bancário do grupo proveem de “retenções” impingidas à rede de concessionários.
Por exemplo, liberar a margem de lucro da venda de bens após 120 (cento vinte
dias) da data do faturamento e outros mecanismos com os quais o banco obtém
fundos para financiar as operações de Floor Plan, pois a regra de ouro é que o
fabricante/montador receba a venda à vista. Assim, apoiando uma fábrica de bens
de consumo durável sempre há uma instituição financeira que funciona segundo as
regras determinadas pelo Banco Central. Esta instituição (banco) tem, como custos
operacionais:
(i) o custo médio de captação de fundos no mercado;
(ii) o custo administrativo para operar: salários, encargos, alugueres etc.;
(iii) os custos com taxas, tributos e licenças para funcionamento; e
(iv) o custo de capital, ou seja, o lucro do negócio.

Ainda que não insira um percentual de lucro na formação da taxa de juros a ser
aplicada nas operações ativas, pois sua missão não é ter lucro financeiro, mas
facilitar o escoamento da produção industrial com o qual a fábrica contabiliza a
receita, terá uma taxa de juros formada por duas variáveis básicas:

37
PERÍCIA CONTÁBIL EM MATÉRIA FINANCEIRA – Prof. Remo Dalla Zanna (MS)

(a) a taxa de juros que corresponder à recuperação de seus custos; e


(b) a taxa que corresponder à atualização monetária dos débitos que tiver
contraído junto ao mercado aportador de fundos.

Assim sendo, a origem dos fundos para o financiamento das operações de Floor
Plan são várias podendo ser, inclusive, o mercado externo, em que comparece o
custo denominado de “variação cambial”. Quanto mais hábeis forem os gestores da
instituição financeira na função de captar recursos a taxas baixas e com baixo risco
de “correção monetária” e/ou “variação cambial”, menor poderá ser a taxa que será
cobrada nas operações ativas junto aos lojistas, distribuidores e concessionários.

7.7.9 - Quando é que a rotatividade do Sistema Floor Plan pára de girar?

O Sistema Floor Plan pára de funcionar quando o distribuidor ou concessionário


desvia os recursos líquidos obtidos com a venda do bem para o pagamento de outras
contas e fica inadimplente com o banco da fábrica. Procedendo desta forma, ou
seja, fraudando os termos do contrato de Floor Plan, o concessionário fica
impossibilitado de repor o seu estoque e gera, como consequência, o
enfraquecimento de sua capacidade de ofertar modelos, cores, tamanhos e outras
alternativas de consumo aos seus clientes, dificultando, assim, suas próprias vendas
até o momento em que o fabricante/montador interrompe novas entregas de bens e
conduz o distribuidor ou concessionário ao fechamento de sua operação comercial,
ou seja, parar de girar é Floor Plan, é o mesmo que dar um tiro no próprio pé.

7.7.10 – O que dizem geralmente os que criticam o Floor Plan?

Dizem, geralmente, que o banco ligado ao fabricante/montador cobra juros e


atualização monetária “abusivos”, pois o bem financiado ainda estaria no estoque e
que, portanto, não tendo sido vendido ainda pertenceria, de fato, ao
fabricante/montador. A figura mental deste entendimento é que a loja do
concessionário funcionaria como mera e simples extensão do pátio da fábrica onde
ficam estocados os veículos aguardando embarque. Dizem que o banco cobra juros
capitalizados e pratica o anatocismo que, segundo alegam, seriam proibidos por lei.
Obviamente, ou não entenderam o conceito de Floor Plan ou entendem que a
fábrica/montadora deveria receber o valor do bem vendido aos seus concessionários
e distribuidores somente depois de ele ter feito a venda ao consumidor final. Se
fosse este o entendimento do Floor Plan não haveria venda do fabricante/montador
para o concessionário/distribuidor, mas uma remessa em consignação. Se assim
fosse, esta atividade de concessionário ou distribuidor ou lojista de bens de
consumo durável, com foco em veículos automotores, não seria um
empreendimento comercial, mas, somente um ponto para exibição dos bens
fabricados e, se assim fosse, não lhe caberia o “lucro” do negócio, mas, apenas,
uma “comissão sobre vendas” como se vendedor autônomo fosse. Outra observação
de quem se insurge contra o Floor Plan é que este sistema de financiamento de
38
PERÍCIA CONTÁBIL EM MATÉRIA FINANCEIRA – Prof. Remo Dalla Zanna (MS)

capital de giro faz com que o concessionário ou distribuidor seja um dependente


econômico do fabricante/montador; todavia esta alegação é um sofisma, pois o
empresário – distribuidor ou concessionário – poderia usar outras fontes de
financiamento de capital de giro segundo suas preferências ou utilizar recursos
próprios para comprar os bens à vista e manter seu estoque autofinanciado.

7.8. Orientação Técnica

Os profissionais de perícia contábil têm apresentado planilhas de cálculo com vários


formatos, algumas das quais bem específicas e com o objetivo de responder a
determinados quesitos formulados pelas partes. Pode-se dizer que não há
padronização para cálculos financeiros relacionados, como as causas judiciais
envolvendo contratos de conta corrente. Mas há procedimentos comuns. Ou seja,
existem algumas planilhas que apresentam formato muito semelhante quando
comparamos com as que foram feitas por profissionais diferentes. Basicamente,
todas elas buscam:
1) reproduzir o extrato da conta corrente, com maior ou menor quantidade de
detalhes. Esta “planilha mãe” é a fonte de dados para as demais planilhas;
2) calcular os encargos em conformidade com o conceito pacta sunt servanda,
ou seja, em conformidade com o contrato. A finalidade é certificar os
cálculos do banco e, na eventualidade, de estarem esses cálculos em
desacordo com o contrato firmado, revelar as divergências;
3) calcular os encargos de maneira a atender às teses jurídico-financeiras
levantadas pelo Autor ou Embargante;
4) apresentar cálculos para atender ao perquirido em determinados quesitos;
5) apresentar as diferenças decorrentes da comparação dos dois conceitos: pacta
sunt servanda versus teses jurídico/financeiras do Autor ou Embargante;
6) eventualmente, atualizar os valores para a data da apresentação da ação ou
para a data da confecção do laudo.

7.8.1 - Procedimentos técnicos periciais mais usuais

1. ANEXO “E” – é uma planilha feita em Excel que reproduz (cópia) a


movimentação da conta corrente do cliente, dia a dia, com as seguintes
colunas:
1.1. Data: nesta coluna, são registrados, sequencialmente, todos os dias
úteis do período objeto de exame pericial.
1.2. Quantidade de dias para juros: nesta coluna, é registrada a
quantidade de dias entre datas em que o saldo devedor se altera.
Quando o saldo devedor for alterado dia após dia, a quantidade de
dias é 1 (um). Ocorrendo a alteração do saldo devedor após dois
dias, a quantidade será 2 (dois) e, assim, sucessivamente. Ou seja,
os juros serão calculados pelos dias em que o saldo devedor
39
PERÍCIA CONTÁBIL EM MATÉRIA FINANCEIRA – Prof. Remo Dalla Zanna (MS)

permanecer inalterado. Considerando que o Método Hamburguês


leva em conta o “mês comercial”, serão considerados sempre 30
dias. Esta forma de calcular inclui, pois, os sábados, domingos e
feriados.
1.3. ENTRADAS por depósitos: nesta coluna, são registradas as
entradas (os créditos) lançadas na conta corrente do cliente, gerada
por depósitos por ele feitos.
1.4. ENTRADAS por cobranças: nesta coluna, são registradas as
entradas (os créditos) lançadas na conta corrente do cliente
provenientes da carteira de cobrança.
1.5. ENTRADAS por empréstimos e de outras naturezas: nesta coluna,
são registradas as entradas (os créditos) lançadas na conta corrente
do cliente decorrentes de empréstimos e inclusive os estornos de
lançamentos que houveram sido feitos a débito de forma indevida.
1.6. SAÍDAS: débitos por saques de qualquer tipo tais como cheques,
cartões e outras formas de sacar dinheiro da conta corrente: nesta
coluna, são registradas as saídas (os débitos) lançadas na conta
corrente do cliente, inclusive os estornos de lançamentos que
houveram sido feitos a crédito de forma indevida.
1.7. Tarifas: nesta coluna, são registradas as tarifas (não tributos)
debitadas na conta corrente e provindas de serviços prestados pelo
banco, tais como: fornecimento de talões de cheques, cheques
devolvidos, abertura de crédito, manutenção de cartão, cadastro de
pessoa (física ou jurídica), cheque administrativo, cheques sustados,
extrato de conta corrente, manutenção de conta corrente, e outras
cobradas pelo banco.
1.8. Quitação de Empréstimo(s): esta coluna se presta a registrar os
débitos lançados na conta corrente gerados quando do pagamento
de parcelas de empréstimo(s) contratado(s) na modalidade
“pagamento em parcelas mensais, iguais e sucessivas”.
1.9. Outros Débitos: nesta coluna, são registrados os “outros débitos”
não previstos nas colunas precedentes e nem nas colunas a seguir
mencionadas. Esta coluna serve mais como um espaço para
registrar eventuais saídas motivadas por razões não cobertas pelas
demais colunas.
1.10. JUROS: esta coluna se destina a registrar os juros cobrados pelo
banco. Esta é a coluna mais importante nos processos em que o
cliente questiona os juros cobrados e debitados em sua conta
corrente.
1.11. IOF: esta coluna se presta para registrar as quantias debitadas na
conta corrente do cliente e destinadas ao Estado. O destaque deste
tipo de débito é necessário para se saber, depois, quanto teria sido
cobrado a mais deste tributo.
1.12. CPMF: idem acima, extinta a partir de 01/01/2008.
40
PERÍCIA CONTÁBIL EM MATÉRIA FINANCEIRA – Prof. Remo Dalla Zanna (MS)

1.13. Saldo do Banco: esta coluna revela o saldo em cada dia. Serve para
aferir o valor que o banco apresenta no extrato do cliente, em cada
dia.
Recomendações técnicas:
I. A análise do perito deve começar a partir do momento da abertura
da conta, ou seja, a partir do saldo zero. Caso o perito trabalhe com
o primeiro extrato no qual já conste “Saldo Anterior”, seu trabalho
será incompleto. Persistindo a hipótese da impossibilidade de
conseguir todos os extratos da conta corrente, iniciará seus exames
a partir do “Saldo Anterior” disponível e informará esta
circunstância no texto de seu Laudo Pericial Contábil.
II. O total de 13 colunas como acima exemplificado é o que tem sido
praticado mais frequentemente pelos peritos judiciais. Todavia, o
conjunto das colunas supra é apenas um exemplo. Mais colunas
para melhor detalhar as operações registradas na conta corrente ou
menor quantidade delas para economia de espaço ou para atender
outras conveniências do perito, ficam ao seu critério. O importante
é atingir o escopo pericial, ou seja, revelar TODOS os lançamentos
feitos na conta corrente do cliente do banco, com a maior clareza
possível, seja com apenas uma ou com mais planilhas.
III. Este ANEXO “E” é, na verdade, a “planilha mãe” a partir da qual
todos os demais cálculos e demonstrativos serão feitos.

2. ANEXO “E1” – é uma planilha que substitui a precedente ou dela deriva. O


objetivo deste demonstrativo é recalcular os JUROS e o IOF para confirmar a
exatidão dos cálculos do banco ou revelar as diferenças entre os juros que
deveriam ter sido cobrados por ele e os que foram efetivamente debitados.
Alterando-se a taxa de juros, pode ser usada para fazer simulações.
Complementarmente, recalcula o IOF que corresponde ao capital mutuado.

3. ANEXO “E2” – é uma planilha que substitui a “E” ou dela deriva. O objetivo
deste demonstrativo é recalcular os: a) JUROS e; b) CORREÇÃO
MONETÁRIA, bem como; c) o EXCESSO de saques sobre o limite de
crédito contratado. Como se sabe, quando o correntista excede o limite de
crédito contratado, a taxa aplicada aos juros remuneratórios aumenta e podem
incidir outros encargos e/ou penalidades como “Comissão de Permanência”.
Destina-se, essa planilha, para confirmar a exatidão dos cálculos do banco ou
revelar as diferenças entre os juros que deveriam ter sido cobrados por ele e
os que foram efetivamente debitados.

4. ANEXO “F” – é uma planilha que tem por base o ANEXO “E” e se destina a
revelar as taxas de juros cobradas pelo banco, na conta corrente do cliente,
dia a dia, com as seguintes colunas:

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PERÍCIA CONTÁBIL EM MATÉRIA FINANCEIRA – Prof. Remo Dalla Zanna (MS)

4.1 Data: para esta coluna são transportadas as mesmas datas constantes
na mesma coluna no ANEXO “E”.
4.2 Quantidade de dias: idem.
4.3 JUROS: idem.
4.4 Saldo do Banco: idem.
4.5 Números para o cálculo dos juros: estes números são determinados
pelo Método Hamburguês e representam a multiplicação da quantidade
de dias com saldo devedor pelo valor do saldo devedor que
permaneceu em aberto por esse período. Servem para conhecer, ao
final de cada mês, o saldo devedor médio.
4.6 % de juros ao mês: esta coluna revela a taxa de juros efetivamente
cobrada pelo banco no período considerado, geralmente um mês ou
pro rata temporis quando se tratar, por exemplo, do fechamento da
conta.

A fórmula que descobre ou revela esta taxa é a seguinte:


Multiplicar
por menos 1
para
Soma dos números transformar
Juros debitados pelo banco / ------------------------ x 100 x -1 o número em
30 dias positivo

5. ANEXO “G” – é uma planilha que tem por base o ANEXO “E” e se destina
ao recálculo dos juros para atender às teses jurídico-financeiras do Autor ou
Embargante. Este terceiro anexo varia de um caso para outro, pois depende
do que está sendo pedido pela Parte. O importante é revelar, em colunas
separadas, cada um dos débitos questionados pelo Autor e Embargante, para,
nas colunas seguintes, expurgar os excessos cobrados e, no final, apresentar
qual seria o saldo (devedor ou credor) do Autor ou Embargante se atendidas
todas as teses jurídico-financeiras por ele pugnadas. O exemplo que estamos
apresentando contém 16 (dezesseis) colunas e, cremos, possa servir como
parâmetro para outros casos mais simples:
5.1 Data: para esta coluna, são transportadas as mesmas datas constantes
na mesma coluna no ANEXO “E”.
5.2 Quantidade de dias: idem.
5.3 Débitos registrados no extrato de conta corrente, uma coluna para
cada um:
5.3.1 – tarifas diversas;
5.3.2 – outros débitos;
5.3.3 – juros;
5.3.4 – IOF;
5.3.5 – CPMF.

42
PERÍCIA CONTÁBIL EM MATÉRIA FINANCEIRA – Prof. Remo Dalla Zanna (MS)

5.4 Saldo do Banco: para esta coluna, são transportados os mesmos


valores encontrados no ANEXO “E”.
5.5 Exclusões para atender às teses jurídico-financeiras do Autor ou
Embargante:
5.5.1 – tarifas diversas cujo débito não foi aceito pelo
correntista;
5.5.2 – outros débitos não aceitos pelo correntista;
5.5.3 – juros debitados pelo total (pois novo cálculo, em novas
bases, será apresentado em seguida);
5.5.4 – IOF e CPMF pelo mesmo motivo acima.
5.6 – Novo saldo da conta corrente após as exclusões supracitadas.
5.7 – Novos números para cálculo de juros, IOF e CPMF.
5.8 – Recalcular os juros tendo por base os novos números e a nova taxa
de juros pretendidos pelo Autor ou Embargantes.
5.9 – Recalcular o IOF incidente sobre os novos saldos devedores (novos
capitais mutuados) diários.
5.10 – Recalcular o novo IOF.
5.11 – Apurar o valor do novo saldo devedor incluindo, agora, os novos
juros, o novo IOF e a nova CPMF (extinta a partir de 01/01/2008)
demonstrando, ao final, qual seria o saldo devedor (mas pode ser
credor) do Autor ou Embargante, perante o banco, se e quando
atendidas todas as teses jurídico-financeiras esposadas.
5.12 – Conhecido o novo saldo da conta corrente, proceder à sua
atualização monetária. Usar o índice pugnado pelo Autor ou
Embargante. Caso seja omisso, usar o índice da Tabela Prática do
Tribunal de Justiça de São Paulo.

Veja anexos E, E1, E2, F e G.

Conclusões:

1) A capitalização de juros em períodos inferiores a um ano, quando não prevista


em legislação própria e decisão do Conselho Monetário Nacional, converte-se em
uma questão de mérito. Então, a postura profissional do perito-contador requer
equidistância entre os argumentos do banco e de seu ex-cliente, detentor de contrato
de “cheque especial”, conta garantida ou nomenclatura equivalente. Por serem
empréstimos suportados por contratos padronizados (cada banco tem seu padrão
que, visto o Sistema Financeiro Nacional em seu conjunto, difere muito pouco de
um banco para outro) determinadas argumentações sobre juros, correção monetária,
comissão de permanência, multa, etc., podem não ser aplicáveis ao caso em tela.
Então, o perito oficial apresentará o seu laudo atendendo ao que foi determinado no
r. despacho judicial com o qual o magistrado definiu os pontos controvertidos
objeto de exame pericial ou conforme tenha sido determinado em sentença. Diante
43
PERÍCIA CONTÁBIL EM MATÉRIA FINANCEIRA – Prof. Remo Dalla Zanna (MS)

das questões de mérito suscitadas neste tipo de ação e na eventual ausência de


orientação judicial a respeito de como apresentar os cálculos, o perito-contador
deve apresentá-los de duas maneiras e concomitantemente:
i. conforme conceito pacta sunt servanda ou seja, em
conformidade com o contrato, e também
ii. de forma a atender às teses jurídico-financeiras do ex-
cliente/correntista para que o i. magistrado decida o que for
de direito.

2)- No que tange ao contrato Floor Plan, é um contrato típico para o financiamento
de estoques do distribuidor/concessionário. Trata-se de um contrato-padrão
assinado como opção e liberdade, sendo, pois, lei entre as partes. Sua validade é
matéria jurídica e, por isso, foge do campo técnico pericial. Entendemos como
sendo necessária uma postura equidistante entre os defensores das cláusulas
contratadas - pacta sunt servanda e os que pugnam por teses baseadas no - rebus
sic stantibus.

3) A forma de agir por nós recomendada está fundamentada no fato de que o


profissional, especialmente quando a serviço da Justiça, exercendo a função de
Perito Judicial, diferente, pois, da postura do assistente técnico, não pode manifestar
sua opinião sobre o negócio entabulado. A postura profissional do perito-contador
requer equidistância entre o defensor das cláusulas contratadas - pacta sunt
servanda (advogado do banco) e o que pugna por teses extraídas da interpretação
que deu às leis no sentido de reduzir a dívida ou de inverter a situação de maneira
que o ex-cliente/correntista passe de devedor para credor do banco. No final, caberá
ao magistrado, diante dos dois cálculos apresentados, decidir o que for de direito.

Em todos os seus laudos deve responder a todos os quesitos deferidos independente


do volume de trabalho que tiver para atender a alguns, que, obviamente, foram
feitos para tentar conduzir o perito em erro, aumentar-lhe o trabalho de forma
irritante e, com isso, procrastinar o feito, favorecendo quem deve.

7.9. Alguns exemplos de cálculos e laudos

1º) Exemplo. Trata-se um caso real complexo que foi resolvido com 10 (dez)
planilhas e mais uma, informando as taxas de juros pagas pela Caixa Econômica
Federal (CEF) para os investidores em CDBs. O devedor do banco e autor da ação
de embargos que deu causa à prova pericial contábil, requereu que a perícia
apresentasse vários cálculos: com juros, sem juros, com juros iguais à renda dos
CDB mais 20% conforme lei da “Economia Popular”, etc. O banco embargado não
forneceu as taxas de juros que pagou quando vendeu CDBs à mesma época em que
debitou juros na conta corrente do embargante. Decidiu-se, então, trabalhar com as
taxas de juros praticadas por uma instituição oficial, ou seja, a CEF. Descartamos a
44
PERÍCIA CONTÁBIL EM MATÉRIA FINANCEIRA – Prof. Remo Dalla Zanna (MS)

hipótese de considerar prejudicada a resposta ao quesito como alguns colegas fazem


quando o banco não fornece os dados, pois consideramos esta forma de agir
contrária ao conhecimento que o magistrado busca com a nomeação de perito de
sua confiança e com a confecção da prova pericial. Oferecemos, então, uma
alternativa para servir como parâmetro. Este exemplo também é útil para ver como é
possível trabalhar em casos em que o encadeamento das operações é do tipo
“Encadeamento Complexo”, pois, nesse caso, foram estudadas operações
diferentes e entrelaçadas de diversos tipos e contabilizadas na mesma conta
corrente.

Veja agora os 10 (dez) anexos que se seguem, de números 01 a 10.

2º) Exemplo: Trata-se um caso real simples que cuida de apenas conta corrente
garantida e que foi resolvido com 2 (duas) planilhas. O devedor do banco e autor da
ação de embargos que deu causa à prova pericial contábil, requereu que a perícia
demonstrasse as taxas de juros efetivamente praticadas pelo banco em cada mês.

Este exemplo, quando comparado com o precedente, mostra ser improcedente a


argumentação feita por advogados que ao se insurgirem contra o valor dos
honorários solicitados pelo Perito Judicial, dizem que as perícias contábeis em
matéria financeira (i) são sempre iguais; (ii) que os cálculos são feitos em
computador; (iii) que não tomam muito tempo do profissional; e (iv) que o assunto
objeto de controvérsia é bastante conhecido no meio forense. Como demonstra a
comparação destes dois casos e a verificação dos exemplos de laudos que fazem
parte deste livro, essa catilinária apenas revela o alto nível de desconhecimento do
que seja perícia contábil em matéria financeira fazendo com que suas críticas sejam
perdoáveis.

ANEXO Nº. 11

Alessandro - c/c nº 010-200036-9


Juros calculados na forma de juros simples ou lineares, mês a mês

Valores em Reais
MÊS - OUTUBRO DE 1997
Dias c/ saldo
Data Saldo do dia
negativo
30/9/1997 -
20/10/1997 851,87
21/10/1997 851,87
22/10/1997 851,87
23/10/1997 851,87
24/10/1997 851,87
25/10/1997 851,87
45
PERÍCIA CONTÁBIL EM MATÉRIA FINANCEIRA – Prof. Remo Dalla Zanna (MS)

26/10/1997 851,87
27/10/1997 851,87
28/10/1997 851,87
29/10/1997 851,87
30/10/1997 851,87
31/10/1997 851,87
Sem débito de juros

Valores em Reais
MÊS - NOVEMBRO DE 1997
Dias c/ saldo
Data Saldo do dia
negativo
1/11/1997 851,87
2/11/1997 851,87
3/11/1997 851,87
4/11/1997 851,87
5/11/1997 851,87
6/11/1997 2.294,00
7/11/1997 2.294,00
8/11/1997 2.294,00
9/11/1997 2.294,00
10/11/1997 2.294,00
11/11/1997 2.294,00
12/11/1997 2.294,00
13/11/1997 2.294,00
14/11/1997 2.294,00
15/11/1997 2.294,00
16/11/1997 2.294,00
17/11/1997 2.294,00
1 18/11/1997 (20.306,00)
2 19/11/1997 (20.351,20)
3 20/11/1997 (19.499,33)
4 21/11/1997 (21.301,03)
5 22/11/1997 (21.301,03)
6 23/11/1997 (21.301,03)
7 24/11/1997 (21.304,63)
8 25/11/1997 (21.304,63)
9 26/11/1997 (21.304,63)
10 27/11/1997 (21.304,63)
11 28/11/1997 (14.961,52)
12 29/11/1997 (14.961,52)
13 30/11/1997 (14.961,52)
Juros 1/12/1997 (1.152,52)
Dias sd
13
negativo
Total sd
(254.162,70)
negativo
46
PERÍCIA CONTÁBIL EM MATÉRIA FINANCEIRA – Prof. Remo Dalla Zanna (MS)

Sd negativo médio (19.550,98)


Percentual de Juros no período 5,89%
Percentual no mês (30 dias) 13,60%

Valores em Reais
MÊS - DEZEMBRO DE 1997
Dias c/ saldo
Data Saldo do dia
negativo
1 1/12/1997 (16.231,25)
2 2/12/1997 (26.240,45)
3 3/12/1997 (26.260,46)
4 4/12/1997 (26.260,46)
5 5/12/1997 (24.595,94)
6 6/12/1997 (24.595,94)
7 7/12/1997 (24.595,94)
8 8/12/1997 (24.595,94)
9 9/12/1997 (24.644,76)
10 10/12/1997 (24.644,85)
11 11/12/1997 (24.778,25)
12 12/12/1997 (24.823,51)
13 13/12/1997 (24.823,51)
14 14/12/1997 (24.823,51)
15 15/12/1997 (24.823,60)
16 16/12/1997 (24.973,10)
17 17/12/1997 (25.058,39)
18 18/12/1997 (25.058,56)
19 19/12/1997 (26.713,47)
20 20/12/1997 (26.713,47)
21 21/12/1997 (26.713,47)
22 22/12/1997 (26.758,86)
23 23/12/1997 (26.886,83)
24 24/12/1997 (26.887,08)
25 25/12/1997 (26.887,08)
26 26/12/1997 (26.887,08)
27 27/12/1997 (26.887,08)
28 28/12/1997 (26.887,08)
29 29/12/1997 (27.145,99)
30 30/12/1997 (27.306,50)
31 31/12/1997 (27.306,82)
Juros 2/1/1998 (3.801,37)
Dias com saldo negativo 31
Total saldo negativo (791.809,23)
Saldo negativo médio (25.542,23)
Percentual de Juros no período 14,88%
Percentual no mês (30 dias) 14,40%

47
PERÍCIA CONTÁBIL EM MATÉRIA FINANCEIRA – Prof. Remo Dalla Zanna (MS)

Valores em Reais
MÊS - JANEIRO DE 1998
Dias c/ saldo
Data Saldo do dia
negativo
1 1/1/1998 (27.306,82)
2 2/1/1998 (31.434,21)
3 3/1/1998 (31.434,21)
4 4/1/1998 (31.434,21)
5 5/1/1998 (31.441,81)
6 6/1/1998 (31.487,81)
7 7/1/1998 (29.731,16)
8 8/1/1998 (29.734,67)
9 9/1/1998 (29.734,67)
10 10/1/1998 (29.734,67)
11 11/1/1998 (29.734,67)
12 12/1/1998 (29.739,67)
13 13/1/1998 (29.739,68)
14 14/1/1998 (29.739,68)
15 15/1/1998 (29.739,68)
16 16/1/1998 (29.894,48)
17 17/1/1998 (29.894,48)
18 18/1/1998 (29.894,48)
19 19/1/1998 (29.894,78)
20 20/1/1998 (29.201,92)
21 21/1/1998 (32.354,28)
22 22/1/1998 (30.545,58)
23 23/1/1998 (30.635,19)
24 24/1/1998 (30.635,19)
25 25/1/1998 (30.635,19)
26 26/1/1998 (31.181,86)
27 27/1/1998 (31.689,95)
28 28/1/1998 (31.690,96)
29 29/1/1998 (32.510,96)
30 30/1/1998 (42.512,60)
31 31/1/1998 (42.512,60)
Juros 2/2/1998 (4.820,84)
Dias com saldo negativo 31
Total saldo negativo (967.852,12)
Saldo negativo médio (31.221,04)
Percentual de Juros no período 15,44%
Percentual no mês (30 dias) 14,94%

Valores em Reais
MÊS - FEVEREIRO DE 1998
Dias c/ saldo
Data Saldo do dia
negativo

48
PERÍCIA CONTÁBIL EM MATÉRIA FINANCEIRA – Prof. Remo Dalla Zanna (MS)

1 1/2/1998 (42.512,60)
2 2/2/1998 (45.752,01)
3 3/2/1998 (47.472,08)
4 4/2/1998 (47.533,44)
5 5/2/1998 (49.233,55)
6 6/2/1998 (48.374,04)
7 7/2/1998 (48.374,04)
8 8/2/1998 (48.374,04)
9 9/2/1998 (48.376,15)
10 10/2/1998 (48.448,97)
11 11/2/1998 (48.449,11)
12 12/2/1998 (28.507,11)
13 13/2/1998 (28.819,11)
14 14/2/1998 (28.819,11)
15 15/2/1998 (28.819,11)
16 16/2/1998 (28.819,65)
17 17/2/1998 (28.819,65)
18 18/2/1998 (28.854,65)
19 19/2/1998 (28.854,72)
20 20/2/1998 (27.977,95)
21 21/2/1998 (27.977,95)
22 22/2/1998 (27.977,95)
23 23/2/1998 (27.977,95)
24 24/2/1998 (27.977,95)
25 25/2/1998 (28.389,70)
26 26/2/1998 (28.590,52)
27 27/2/1998 (28.590,92)
28 28/2/1998 (28.590,92)
Juros 2/3/1998 (5.093,46)
Dias com saldo negativo 28
Total saldo negativo (1.007.264,95)
Saldo negativo médio (35.973,75)
Percentual de Juros no período 14,16%
Percentual no mês (30 dias) 15,17%

ANEXO Nº. 12
Alessandro - c/c nº. 010-200036-9

Quadro resumo das taxas efetivas praticadas pelo banco

Mês Percentual
out/97 Sem débito de juros
nov/97 13,60%
dez/97 14,40%
jan/98 14,94%
fev/98 15,17%

49
PERÍCIA CONTÁBIL EM MATÉRIA FINANCEIRA – Prof. Remo Dalla Zanna (MS)

mar/98 15,02%
abr/98 15,29%
mai/98 15,29%
jun/98 16,39%
jul/98 14,16%
ago/98 12,72%
set/98 10,70%
out/98 10,70%
nov/98 10,70%
dez/98 10,70%
jan/99 10,70%
fev/99 10,70%
mar/99 10,77%
abr/99 11,01%
mai/99 11,21%
jun/99 11,02%
jul/99 10,99%
ago/99 11,39%
set/99 12,07%

3º) Exemplo: Este é um laudo real feito para atender um caso complexo que
envolveu duas contas correntes movimentadas pela mesma empresa, em dois
bancos, sendo que o banco Réu incorporou o banco no qual a empresa Autora
operava a conta corrente. As planilhas, em face da sua quantidade e tamanho, não
puderam ser inseridas neste livro.

EXCELENTÍSSIMO SR. DR. JUIZ DE DIREITO DA 4ª VARA CÍVEL DA


COMARCA DE PINHEIROS - SP.
(sempre deixar 10 espaços, como mínimo, para o r. despacho judicial)

PROCESSO Nº 011.02.000000 – Controle: 010101


AÇÃO : ORDINÁRIA
REQUERENTE : D. LTDA e JOAQUIM
REQUERIDO : U S/A.

REMO DALLA ZANNA, Contador com CRC Nº


1SP039143/O-9, Economista com CORECON Nº 4.663, nomeado às fls. 702 para a honrosa
missão de Perito Contador, vem, mui respeitosamente, à presença de V. Exa. para
APRESENTAR o resultado de seu trabalho, nos termos do presente

LAUDO PERICIAL CONTÁBIL


50
PERÍCIA CONTÁBIL EM MATÉRIA FINANCEIRA – Prof. Remo Dalla Zanna (MS)

para o qual requer juntada aos autos.

Termos em que
Pede Deferimento
G., 11 de Novembro de 2008.

ÌNDICE

Capítulos Página
I – Breve histórico deste processo segundo o escopo da perícia 3
II – Metodologia e Critérios de Trabalho 5
III – Quesitos do Autor 9
IV – Quesitos do Banco Réu 52
V – Conclusões Técnicas 59
VI – Encerramento 60

I - BREVE HISTÓRICO DESTE PROCESSO SEGUNDO O ESCOPO DA PERÍCIA

1 - A Requerente apresentou a Inicial protocolada em 30/09/2002 com o propósito de obter:


- revisão de todos os contratos pactuados entre as partes; e
- antecipação de tutela.
Alega que houve:
- juros sobre juros, capitalização de juros e anatocismo;
- encargos moratórios ilegais;
- abusividade no spread; e
- unilateralidade contratual.

2 – O Requerido apresentou uma ação monitória, em 08/11/2002, que vem fazer parte deste
processo alegando:
- que celebrou com a Requerente Contrato de Abertura de Crédito em Conta Corrente nº
xxx.xxx, com limite de crédito de R$ 90.000,00 (noventa mil reais) e vencimento
previsto para 31/12/2001;
- que tendo ocorrido o vencimento, não houve adimplemento da totalidade do crédito
sacado pela Requerente;
- alega ainda ser credor do montante de R$ 103.669,29 (cento e três mil, seiscentos e
sessenta e nove reais e vinte e nove centavos), atualizado até 30/09/2002.

3 – Instadas, as Partes, a dizerem que provas pretendiam ainda produzir, a Requerente, às fls.
618 solicitou “... ratifica-se o disposto na inicial; pugnando-se desde já pela produção de prova
pericial”.

4 - O Autor apresentou 18 (dezoito) quesitos. O banco Réu apresentou 07 (sete) quesitos. O


autor indicou Sr. R. M. como assistente técnico e informou seu telefone xx.xxxx.xxxx. O banco
Réu indicou como assistente técnico Dr. J. R. O., CRC 1SPxxxxxxx/0-3, CORECON SP XXX,

51
PERÍCIA CONTÁBIL EM MATÉRIA FINANCEIRA – Prof. Remo Dalla Zanna (MS)

com endereço profissional à Av. dos xxxxxxxxxxx, 222 – CEP. 22222-222 – São Paulo – fone:
xx.xxxx.xxxx e-mail: xxxxxx@xxxxx.com.br.

5 - O abaixo assinado foi honrado com a nomeação às fls. 702. Honorários estimados e
solicitados no valor de R$ 13.500,00, pois compatíveis com o tamanho dos exames e demais
trabalhos a serem feitos. Foram arbitrados no valor de R$ 5.000,00. Este valor foi objeto de AI e
o TJSP arbitrou-os, como provisórios, em valor de R$ 2.500,00; quantia que foi depositada em
13/09/2007 conforme se vê às fls. xxx e xxx.

II - METODOLOGIA E CRITÉRIOS DE TRABALHO

O escopo da prova pericial contábil é comunicar às partes


interessadas, em linguagem simples, os fatos observados sob
a ótica da Ciência Contábil (uma das ciências humanas),
dentro de uma filosofia que permita aproveitar os fatos
observados, mercê dos exames procedidos, para o
esclarecimento dos pontos dúbios e revelar a verdade que se
quer conhecer.

01 – DEFINIÇÃO DE TERMOS
As peculiaridades e as circunstâncias dos fatos narrados nesta ação se refletem no trabalho
pericial que está sendo apresentado e, para melhor entendê-lo, requerem a definição de termos
usados nos autos e neste laudo. Enfatiza-se que a definição de termos abaixo tem, apenas e tão
somente, utilidade contábil e matemática, não se confundindo e nem substituindo a
correspondente interpretação jurídica.
“Juro Bancário - A taxa de juros cobrada pelos bancos nas operações efetuadas junto
aos clientes varia com o tipo de operação realizada: cheque especial, empréstimo
pessoal, desconto de duplicata, capital de giro etc. Os valores são, em geral fixados
pelos movimentos do mercado, isto é, giram em torno de taxas comuns a todos os
bancos, com pequenas variações conforme a política do estabelecimento.” (definição
encontrada no site da Febraban)
Encargos – são todas as taxas, juros, multas e atualização monetária: incorporados ao
contrato. Há ainda os encargos por inadimplência que sempre são transcritos em cláusula
separada dos contratos e diferem dos encargos principais da operação.

02 - O trabalho investigativo que permitiu produzir esta prova foi conduzido, no que foi possível
e aplicável, dentro dos limites técnicos determinados pelas Normas Brasileiras de Contabilidade:
NBC T 13 - DA PERÍCIA CONTÁBIL e NBC P 2 - NORMAS PROFISSIONAIS DE
PERITO CONTÁBIL; aprovadas, respectivamente, pelas Resoluções n.º 858/99 e 857/99 do
CONSELHO FEDERAL DE CONTABILIDADE, ambas datadas de 21.10.1999. Os
procedimentos adotados tiveram como objetivo fundamental a elaboração deste Laudo Pericial
Contábil, abrangendo, pois, segundo a natureza e a complexidade da matéria aqui tratada, o
exame e a vistoria de documentos juntados, a mensuração e a certificação, como previsto na NBC
–T 13 supracitada.

03 - Analisou-se o sistema de argumentação e contra-argumentação usado nesta lide, a sua


lógica e a sua coerência com a prática e com os usos e costumes aplicados a investigações
periciais de cunho contábil, financeiro, econômico e comercial, em casos congêneres.

52
PERÍCIA CONTÁBIL EM MATÉRIA FINANCEIRA – Prof. Remo Dalla Zanna (MS)

04 - Foram consideradas as determinações judiciais pertinentes à perícia contábil constantes no


r. despacho às fls. 702; bem como os documentos constantes nos autos deste processo. Esse
material e as pesquisas feitas sobre o fulcro do tema ventilado neste processo, foram considerados
suficientes para elaborar esta prova pericial. Assim sendo, foi possível formar a convicção
técnica que permitiu responder às questões formuladas às fl.710 pelo Autor e às fls. 703 a 709
pelo banco Réu.
NOTAS:
1) Não houve necessidade de diligências externas, junto às pessoas litigantes;
2) As partes foram notificadas, por carta, do início dos trabalhos conforme preceitua o
art. 431-A do CPC (vide, por gentileza, DOCUMENTOS Nº 01 e 02); e
3) Salienta-se que o trabalho pericial foi feito com base nos documentos juntados aos
autos e que NÃO foram fornecidos os contratos de financiamentos mencionados pelas partes.
Esta omissão de prova documental prejudicou a resposta contábil de alguns quesitos.

05 – CRITÉRIOS DE CÁLCULO
Os critérios de cálculo adotados foram:
1) o contratado pelas partes: taxas, índices, e métodos conforme descrito e/ou informado;
2) a evolução das contas correntes conforme extratos bancários juntados;
3) foram elaborados os cálculos para atender as teses da Requerente conforme solicitado em
seu quesito nº 18;
4) como informado acima NÃO puderam ser examinados e evoluídos os efeitos financeiros
dos contratos de empréstimos por não constarem dos autos. É fato notório ser impossível
examinar e evoluir contratos de empréstimo e financiamento somente com o valor
creditado em conta corrente.

06 – Também fazem parte desta prova pericial 2 (dois) DOCUMENTOS e 9 (nove) ANEXOS
com as seguintes características:

Número do
Assunto(s) tratado(s) em cada um
DOCUMENTO
01
Cópia da carta expedida ao ilustre assistente técnico do Autor
02 Cópia da carta expedida ao ilustre assistente técnico do Banco Réu
Número do
Assunto(s) tratado(s) em cada um
ANEXO
01 Demonstrativo da evolução da conta corrente nº 500660-1 – Banco B.
S/A, lançamento a lançamento conforme extratos, apurando todos os
valores e históricos utilizados.
02 Demonstrativo da evolução da conta corrente nº 255011-7 – Banco U.
S/A, lançamento a lançamento conforme extratos, apurando todos os
valores e históricos utilizados.
03 Demonstrativo da evolução da conta corrente nº 500660-1, Banco B.,
somente pelo saldo negativo diário, com o objetivo de apurar a taxa de
juros utilizada mês a mês pelo Método Hamburguês.
04 Demonstrativo da evolução da conta corrente nº 255011-7, B. U. S/A,
somente pelo saldo negativo diário, com o objetivo de apurar a taxa de
juros utilizada mês a mês pelo Método Hamburguês.
05 Demonstrativo da evolução da conta corrente nº 500660-1 – Banco B.,
lançamento a lançamento conforme extratos, apurando todos os

53
PERÍCIA CONTÁBIL EM MATÉRIA FINANCEIRA – Prof. Remo Dalla Zanna (MS)

valores e históricos utilizados, porém excluindo os juros e cobrando-os


anualmente para atender a tese da Requerente, em seu quesito nº 18.
06 Demonstrativo da evolução da conta corrente nº 500660-1, Banco B.,
somente pelo saldo negativo diário, com o objetivo de apurar o juro
mês a mês conforme tese da Requerente em seu quesito nº 18, pelo
Método Hamburguês.
07 Demonstrativo da evolução da conta corrente nº 255011-7 – Banco U.
S/A, lançamento a lançamento conforme extratos, apurando todos os
valores e históricos utilizados, porém excluindo os juros e cobrando-os
anualmente para atender a tese da Requerente, em seu quesito nº 18.
08 Demonstrativo da evolução da conta corrente nº 255011-7, Banco U.
S/A, somente pelo saldo negativo diário, com o objetivo de apurar os
juros mês a mês conforme tese da Requerente em seu quesito nº 18,
pelo Método Hamburguês.
09 Demonstrativo das taxas de CDB conforme site do Banco Central do
Brasil S/A e cálculo da taxa do CDB + 20%.

07 - Os textos dos quesitos formulados pelas Partes estão literalmente transcritos neste Laudo
com os eventuais defeitos de linguagem que apresentam nas respectivas petições. Portanto, este
Perito Judicial se responsabiliza pelas respostas técnicas a eles (quesitos) fornecidos, até o limite
de seu entendimento lógico, decorrente de análise sintática aplicada, quando necessário, ao texto
apresentado. Isto posto, seguem-se as respostas oferecidas aos quesitos formulados e pertinentes
à perícia de natureza contábil.

III - QUESITOS DA AUTORA

Quesito nº 1: Queira a Perícia descrever – desde quando a


movimentação ocorria junto ao Banco B. – a conta corrente onde
ocorreu a utilização de cheque empresarial e de capital de giro e
a conta onde foi movimentada a operação de conta garantida.
Descreva em qual conta foi movimentado o contrato de confissão
de dívidas.
Especifique a Perícia a natureza de todos os empréstimos
celebrados entre as partes e qual a finalidade dos mesmos.

Resposta:

Vamos responder a este quesito item a item, conforme foi formulado.

1) Desde quando a movimentação ocorria junto ao Banco B.?

Resposta:

Somente constam nos autos extratos a partir de 31/10/1996.

54
PERÍCIA CONTÁBIL EM MATÉRIA FINANCEIRA – Prof. Remo Dalla Zanna (MS)

2) A conta corrente onde ocorreu à utilização de cheque empresarial e de


capital de giro e a conta onde foi movimentada a operação de conta
garantida.

Resposta:

As contas correntes onde houve movimentação com utilização de cheque empresarial


foram as de número 111-XXXXXX-1/005 (B.) e 2xxxxx-7 (U.)

55
PERÍCIA CONTÁBIL EM MATÉRIA FINANCEIRA – Prof. Remo Dalla Zanna (MS)

DATA DA LIBERAÇÃO DO EMPRÉSTIMO VALORES LIBERADOS


15-abr-97 60.478,99
17-jul-97 56.100,00
06-out-97 38.000,00
20-out-97 100.000,00
26-jan-98 100.000,00
20-abr-98 97.289,42
24-abr-98 100.000,00
24-jul-98 100.000,00
22-out-98 99.842,07
23-nov-98 99.850,27
23-dez-98 99.850,27
22-jan-99 99.846,17
22-fev-99 99.817,27
24-mar-99 99.470,27
22-abr-99 99.462,07
24-mai-99 100.000,00
24-jun-99 100.000,00
23-jul-99 47.000,00
27-jul-99 9.300,00
03-ago-99 8.000,00
04-ago-99 500,00
05-ago-99 2.200,00
06-ago-99 12.000,00
16-ago-99 14.850,00
23-ago-99 63.200,00
24-ago-99 16.500,00
03-set-99 18.500,00
10-set-99 13.500,00
17-set-99 7.000,00
27-set-99 4.100,00
28-set-99 4.700,00
29-set-99 13.500,00
30-set-99 11.970,00
11-out-99 4.400,00
13-out-99 14.500,00
27-out-99 6.400,00
03-nov-99 6.300,00
05-nov-99 10.289,80
23-nov-99 24.000,00
25-nov-99 75.465,63
30-nov-99 534,37
24-dez-99 11.100,00
27-dez-99 12.140,00
28-dez-99 3.200,00
03-jan-00 4.560,00
07-fev-00 10.600,00
22-fev-00 100.000,00
08-mar-00 29.972,04
22-mai-00 100.000,00

56
PERÍCIA CONTÁBIL EM MATÉRIA FINANCEIRA – Prof. Remo Dalla Zanna (MS)

DATA DA LIBERAÇÃO DO EMPRÉSTIMO VALORES LIBERADOS


06-jun-00 15.000,00
06-jun-00 10.000,00
12-jun-00 31.500,00
13-jun-00 29.200,00
14-jun-00 19.900,00
15-jun-00 7.358,58
31-ago-00 100.000,00
05-dez-00 100.000,00
02-jan-01 100.000,00
15-fev-01 90.000,00
23-mar-01 90.000,00
26-jun-01 90.000,00

Quesito nº 2: Queira o Sr. Perito afirmar que as linhas de crédito que


o cliente movimentou junto ao BANCO B. e posterior U., eram as
seguintes:

Conta corrente nº. 005xxxxxx-1 (B.) e a seqüente nº 2xxxxx-0 (U.)


 Contratos de Abertura de Crédito em Conta Corrente –
Cheque Empresarial;
 Contratos para Capitais de Giro;

Conta garantida nº 1xxxxx-7 (B.) e a seqüente nº 2xxxxx-7 (U.)


 Contrato de Abertura de Crédito em Conta Corrente –
Conta Garantida;
 Contrato de Confissão de Dívidas. Solicita-se à perícia
expor em qual conta o mesmo foi movimentado.

Após afirmar a movimentação de tais linhas de crédito entre as


partes, confirme o Sr. Perito que deve-se discutir todas as
operações realizadas durante o relacionamento comercial,
abordando-se a metodologia de cálculo de cada operação, as taxas
de juros adotadas, entre outras práticas do banco.

Resposta:

Acompanhando a linha raciocínio do ilustre perquirente e sua técnica de inquirir, este Perito
Judicial afirma que nos autos encontram-se extratos das contas correntes:
a) 005.xxxxxx-1 (Banco B, S/A.); e
b) 2xxxxx-7 (U.).
c) Quanto aos contratos, nos autos encontra-se apenas o Contrato de Abertura de Crédito
em Conta Corrente - Conta Garantida nº 2xxxxx-7.
Cabe ressaltar que, nos autos, não constam outros contratos e nem extratos de outras contas
correntes e/ou garantidas. É isto que este auxiliar afirma.

No mais, a resposta a este quesito está prejudicada, pois quanto às linhas de créditos, foram
constatadas (conforme resposta ao quesito anterior desta série) somente liberações de diversos
empréstimos em conta corrente e nada mais. Assim sendo, é impossível informar as taxas de juros

57
PERÍCIA CONTÁBIL EM MATÉRIA FINANCEIRA – Prof. Remo Dalla Zanna (MS)

aplicadas, sua metodologia de cálculo e as demais características desses contratos que, apesar de
precedentemente solicitados por este auxiliar, não foram juntados aos autos.

Quanto à conta corrente e seu limite de crédito, a metodologia aplicada é o Método Hamburguês.

Sobre o Método Hamburguês

Segundo José Dutra Vieira Sobrinho, o chamado Método Hamburguês foi muito difundido e
extremamente utilizado no Brasil na época em que os bancos pagavam juros sobre depósitos à
vista. É utilizado também para o cálculo dos juros incidentes sobre os saldos devedores das
chamadas “contas garantidas”, cujo exemplo mais conhecido é o “cheque especial”. Este método
apenas introduz uma simplificação nos cálculos de juros simples, nos casos em que se tem uma
única taxa de juros remunerando dois ou mais capitais, aplicados por dois ou mais prazos
diferentes, ou seja, saldos diários devedores diferentes em função da movimentação contabilizada
na conta corrente garantida. A conta corrente garantida é do tipo que permite saques a
descoberto.

O Método Hamburguês consiste exatamente em multiplicar a taxa diária pelo somatório dos
produtos dos diversos capitais pelos respectivos prazos. Assim, genericamente, podemos
escrever:

JT = id (P1 x b1 + P2 x n2 + ... + Pk x nk)


k
JT = id x ∑ Pt x nt
t=1
Em que id = taxa diária e t = 1, 2, 3, ..., k

Na conta corrente do Banco B. nº 111.xxxxxx-1/005, temos as seguintes taxas de juros mensais, e


os valores cobrados:

58
PERÍCIA CONTÁBIL EM MATÉRIA FINANCEIRA – Prof. Remo Dalla Zanna (MS)

Taxas Médias de Juros/Valores Cobrados


Aplicadas sobre o Limite de Aplicadas sem Limite de
Mês Valor Total
Crédito Utilizado Crédito
Taxa Valor Taxa Valor
novembro/1996 14,90% 1,90 1,90
dezembro/1996 18,07% 13,63 13,63
janeiro/1997 21,48% 5,28 5,28
abril/1997 19,43% 8,66 8,66
maio/1997 19,52% 8,62 8,62
junho/1997 19,73% 0,52 0,52
julho/1997 22,66% 1,23 1,23
setembro/1997 18,24% 8,37 8,37
outubro/1997 20,10% 12,45 12,45
novembro/1997 18,76% 13,27 13,27
dezembro/1997 18,37% 0,21 0,21
janeiro/1998 17,20% 1.030,45 1.030,45
março/1998 20,16% 1,34 1,34
abril/1998 17,28% 34,20 34,20
maio/1998 19,18% 12,09 12,09
julho/1998 17,02% 14,24 14,24
agosto/1998 17,76% 0,51 0,51
outubro/1998 17,41% 23,31 23,31
dezembro/1998 17,77% 0,71 0,71
janeiro/1999 17,08% 1,70 1,70
abril/1999 17,83% 2,98 2,98
junho/1999 16,92% 0,63 0,63
agosto/1999 18,56% 315,89 315,89
setembro/1999 16,54% 4,20 4,20
novembro/1999 19,16% 125,14 125,14
dezembro/1999 19,29% 35,17 35,17
janeiro/2000 18,34% 308,90 308,90
fevereiro/2000 18,03% 152,75 152,75
março/2000 18,59% 105,81 105,81
abril/2000 17,85% 71,57 71,57
maio/2000 16,04% 206,16 206,16
junho/2000 18,99% 35,45 35,45
julho/2000 17,93% 342,37 342,37
agosto/2000 16,82% 797,89 797,89
setembro/2000 10,78% 95,13 95,13
outubro/2000 6,74% 24,35 24,35
novembro/2000 9,00% 135,71 135,71
dezembro/2000 6,57% 116,25 116,25
janeiro/2001 9,11% 271,78 271,78
fevereiro/2001 13,03% 1.281,48 1.281,48
março/2001 10,59% 767,23 767,23
abril/2001 11,43% 676,43 676,43
maio/2001 13,25% 1.479,31 1.479,31
junho/2001 13,43% 1.192,50 1.192,50
Totais : - 9.737,77 9.737,77
Tx. Média : 16,52%

E na conta corrente do Unibanco nº 7111.xxxxx-7, temos as seguintes taxas de juros mensais, e


os valores cobrados:

59
PERÍCIA CONTÁBIL EM MATÉRIA FINANCEIRA – Prof. Remo Dalla Zanna (MS)

Taxas Médias de Juros/Valores Cobrados


Aplicadas sobre o Limite de Aplicadas sem Limite de
Mês Valor Total
Crédito Utilizado Crédito
Taxa Valor Taxa Valor

julho/2001 3,98% 3.101,06 10,00% 35,26 3.136,32


outubro/2001 3,16% 2.942,32 3,16% 24,92 2.967,24
novembro/2001 3,12% 2.804,98 3,12% 4,48 2.809,46
dezembro/2001 3,02% 2.812,71 3,02% 11,71 2.824,42

Totais : 11.661,07 76,37 11.737,44

Tx. Média : 3,32% 4,83%

Quesito nº 3: Queira o Sr. Perito descrever: 1) em que consiste


uma operação de Cheque Empresarial; 2) em que consiste um
contrato de empréstimo – capital de giro; 3) em que consiste
contrato de empréstimo – Conta Garantida; e 4) em que consiste um
Contrato de Confissão de Dívida.
Determine quais são as características de cada uma das operações
expostas acima (valor de cada empréstimo – especificando quais as
operações foram renegociadas através da confissão de dívidas, datas
de celebração e vencimento de cada contrato, taxa de juros, prazo
adotado etc.)

Resposta:

Vamos responder a esta pergunta em partes, seguindo a ordem dos assuntos perquiridos.

Quanto ao item 1): em que consiste uma operação de Cheque Empresarial

1: A operação de cheque empresarial/conta garantida, é abertura de uma conta de crédito (conta


garantida) com um valor-limite pré-fixado que, normalmente, é movimentada por cheques
emitidos pelo cliente e outras modalidades de saques como em caixas eletrônicos, que são
atendidos (são pagos) pelo banco mesmo quando a conta corrente não apresenta saldo disponível.
Os saques a descoberto são pagos até o limite do crédito aberto para tal fim. À medida que
ocorrem depósitos ou outros créditos a favor do cliente, seu saldo devedor diminui
proporcionalmente aos valores entrados. O banco cobra juros somente sobre os saldos devedores
diários que o cliente permitiu que acontecessem em sua conta corrente cuja administração é, única
e exclusivamente, de sua responsabilidade. Para o cliente, o produto cheque empresarial/conta
garantida garante-lhe a liquidez imediata para os cheques emitidos, independentemente de saldo a
seu favor. O objetivo deste tipo de conta corrente e empréstimo é atender emergências. Algumas
contas garantidas têm caráter apenas de conta devedor e funcionam separadas da conta corrente.
Este tipo implica que o cliente avise com antecedência os valores que pretende sacar a
descoberto. As taxas de juros nesta modalidade, via de regra, são menores. Os juros são
calculados diariamente sobre o saldo devedor e cobrados geralmente no primeiro dia útil do mês
seguinte ao de movimentação, mas o contrato pode prever outra “data de aniversário da conta”
diferente do primeiro dia útil do mês seguinte.

Quanto ao item 2): em que consiste um contrato de empréstimo – capital de giro.

60
PERÍCIA CONTÁBIL EM MATÉRIA FINANCEIRA – Prof. Remo Dalla Zanna (MS)

2: Contratos de Empréstimo – Capital de Giro: são operações tradicionais de empréstimos


vinculados a um contrato específico que estabelece prazo, taxas, valores e garantias necessárias e
que atendem às necessidades de capital de movimento comercial (ativo e passivo circulantes) das
empresas. Nesta modalidade de empréstimo, o plano de amortização é estabelecido de acordo
com os interesses e necessidades das partes e, normalmente, envolve prazo de até 180 dias. Este
tipo de empréstimo é, habitualmente, garantido por duplicatas mercantis e/ou de prestação de
serviços mas pode sê-lo por cheques pré-datados. O percentual de garantia, via de regra, gira em
torno de 120% a 150% do principal emprestado. As taxas de juros praticadas nos contratos de
empréstimo para capital de giro, em função das garantias oferecidas, são mais baixas que as taxas
de juros do contrato cheque empresarial/conta garantida. Porém, quando a garantia corresponde a
notas promissórias e aval de pessoas físicas, as taxas de juros são mais elevadas e se aproximam
das praticadas para operações com cheque empresarial/conta garantida.

Quanto ao item 3): em que consiste contrato de empréstimo – Conta Garantida.

3: A conta garantida funciona do mesmo modo que o cheque empresarial, descrito no item 1
deste quesito.

Quanto ao item 4): em que consiste um Contrato de Confissão de Dívida.

4: A Confissão de Dívida é um incidente que ocorre nas relações entre o credor (banco) e
devedor (cliente) quando o devedor não possui liquidez imediata (recursos financeiros) para
pagar dívidas vencidas. Nesta modalidade de contrato são agrupadas todas as dívidas vencidas e,
às vezes, as dívidas a vencer devidamente reformadas, ou seja, com o valor do débito a vencer
recalculado pelo seu PV – Valor Presente. Neste tipo de renegociação e extensão do prazo para
pagar de forma parcelada, é hábito do sistema bancário, aplicar taxas de juros menores daquelas
que vinha aplicando nos empréstimos citados nos itens “1” e “2”. Os juros menores se justificam
em face das garantias reais (hipoteca e/ou penhor mercantil) geralmente oferecidas para a
concretização de um contrato de confissão de dívida. Com a assinatura desta modalidade de
contrato, são quitadas as dívidas precedentes.

No que tange ao último parágrafo deste quesito, informa-se o seguinte:

As características da operação que foi possível examinar são do Contrato de Abertura de Crédito
em Conta Corrente Conta Garantida (xxxxx-7), como segue:
- assinatura – 30/10/2001
- limite de crédito – R$ 90.000,00 (noventa mil reais)
- prazo – 62 dias
- vencimento – 31/12/2001
- taxa de juros – 3,78% ao mês
- taxa de abertura de crédito: R$ 26,00

Quanto aos demais contratos noticiados nas petições e na formulação dos quesitos, como já foi
informado no texto desta prova pericial, em face de sua inexistência (1) nos autos deste processo,
prejudicada está esta parte da resposta.

(1)
Destaca-se a não apresentação à perícia do noticiado Contrato de Confissão de Dívida.

61
PERÍCIA CONTÁBIL EM MATÉRIA FINANCEIRA – Prof. Remo Dalla Zanna (MS)

Quesito nº 4: Queira a perícia expor a metodologia de cálculo dos


juros utilizada pelo banco em cada uma das modalidades de
empréstimos celebradas entre as partes.

Resposta:

Prejudicada é a resposta, pois não há contratos de empréstimos e nem tão pouco de confissão
de dívida, anexos aos autos.

Quanto às diversas metodologias de cálculos informa-se:

1. Na conta garantida e no cheque empresarial, foi (e é comumente) utilizado o Método


Hamburguês.

2. A metodologia de cálculo dos juros utilizada pelo sistema bancário nos contratos de
empréstimo para capital de giro e nos contratos de confissão de dívida nos quais se prevê
o pagamento em parcelas mensais, iguais e consecutivas é – como praxe – a Tabela Price.

Quesito nº 5: Com base no fluxo abaixo, queira a perícia confirmar


que esse exemplo demonstra didaticamente a metodologia de juros
aplicada para a operação de cheque empresarial.

Atenta-se para o fato de que os juros são calculados


diariamente sobre os saldos devedores diários, sendo
acumulados à parte, para no final de cada mês serem somados e
capitalizados ao saldo devedor existente.

Juros mês 1 = taxa de juros mês 1 x Saldo devedor mês 1


Saldo mês 2 = Saldo devedor mês 1 + juros mês 1

Observe-se o que ocorre ao calcular os juros do mês 2:

Juros mês 2 = taxa de juros mês 2 x Saldo Devedor mês 2

Pode-se substituir Saldo devedor mês 2 na fórmula acima pela


expressão equivalente:

Juros mês 2 = taxa de juros mês 2 x (Saldo Devedor mês 1 + juros mês 1)
Juros mês 2 = (taxa de juros mês 2 x Saldo Devedor mês 1) +(taxa de juros
mês 2 x juros mês1)

e expressão (taxa de juros mês 2 x Juros mês 1) na fórmula acima


indica a cobrança mensal de juros sobre juros, ou seja, a
capitalização mensal de juros.

Resposta:

62
PERÍCIA CONTÁBIL EM MATÉRIA FINANCEIRA – Prof. Remo Dalla Zanna (MS)

Este auxiliar, no que tange o primeiro parágrafo deste quesito, confirma que a seqüência de
fórmulas acima apresentadas demonstra didaticamente a metodologia de juros aplicada para a
operação de cheque empresarial. Também é verdade que os juros são calculados diariamente, de
forma linear ou simples, incidindo apenas e tão-somente sobre os saldos devedores diários, sendo
somados à parte para, ao final de cada mês, a soma obtida, ser contabilizada na conta corrente do
cliente. Caso o saldo da conta corrente seja credor, o pagamento dos juros estará satisfeito. Mas,
caso o saldo da conta corrente seja devedor, o valor dos juros incorporará o saldo devedor do
cliente, que, obviamente, será aumentado com esse lançamento. Portanto, somente nesta segunda
hipótese – o saldo do cliente ser devedor – com a contabilização de juros devedores – seu saldo
devedor aumenta. É assim que funciona o débito dos juros nos casos de conta corrente garantida.

O alegado na formulação deste quesito de que ao serem somados, os juros são capitalizados, é
uma questão de mérito e não técnica por que:
a) o sistema bancário entende que os juros debitados e não pagos se convertem em um novo
empréstimo e não configuram capitalização, ...e ...
b) o art. 354 do Novo Código Civil ensina ou determina: “Havendo capital e juros, o
pagamento imputar-se-á primeiro nos juros vencidos, e depois no capital, salvo
estipulação em contrário, ou se o credor passar a quitação por conta do capital.”

Quesito nº 6: Confirme a Perícia que os encargos dos contratos de


capital de giro que possuem prazos inferiores a trinta (30) dias são
calculados de acordo com a seguinte fórmula:

JUROS = SALDO DEVEDOR x TAXA DE JUROS x Nº DE DIAS.

... e que os contratos que possuem prazo de pagamento superior a


trinta (30) dias adotam a metodologia exponencial de juros,
possibilitada através da seguinte fórmula:

Componente exponencial da expressão

JUROS = SALDO DEVEDOR x (1 + TAXA) PRAZO

Resposta:

Prejudicada é a resposta, pois a perícia não pode confirmar ou afirmar qualquer coisa sobre
contratos que não foram juntados aos autos deste processo. Todavia, se considerado o quesito
acima de forma genérica ou geral, ou seja, considerando que o quesito acima é uma interpelação
meramente acadêmica, este auxiliar explica o seguinte:

a) Quanto aos empréstimos de capital de giro com prazo de vencimento inferior a 30 dias,
mais conhecido no jargão financeiro como “hot money”, informa-se que a taxa de juros
pactuada é mensal. O valor monetário dos juros cobrados resulta da radiciação da taxa por
30 dias e de sua capitalização pelo prazo decorrido até o vencimento, seja de um dia, de
dois dias etc.;
b) Quanto aos empréstimos de capital de giro com prazo de vencimento superior a 30 dias,
informa-se que - também neste caso - a taxa de juros pactuada é mensal. O valor
monetário dos juros cobrados resulta da capitalização mensal da taxa a cada período de 30
dias e pelos dias decorridos quando o prazo complementar ou final for inferior a 30 dias.

63
PERÍCIA CONTÁBIL EM MATÉRIA FINANCEIRA – Prof. Remo Dalla Zanna (MS)

Quesito nº 7: Queira a Perícia confirmar que os encargos nas


operações de Conta Garantida são calculados de forma semelhante
à metodologia do cheque empresarial, ou seja, os juros são
calculados sobre os saldos devedores diários e “acumulados” à
parte, até que se complete um período equivalente a 1 mês, sendo
então somados e incorporados/capitalizados ao saldo devedor
existente. Confirme que a capitalização mensal dos encargos
promove a evolução exponencial da dívida.

Resposta:

No que tange à semelhança da metodologia utilizada para debitar juros na conta “cheque
empresarial” e na “conta garantida”, a resposta é positiva. A verdade é que são exatamente a
mesma coisa, ou seja, o nome “cheque empresarial” é apenas o nome mercadológico do produto
bancário tecnicamente conhecido como “conta corrente garantida”.

No que diz respeito à segunda parte deste quesito, confirma-se que a capitalização mensal dos
encargos promove a evolução exponencial da dívida. Todavia, o fato dos juros serem
capitalizados é uma questão de mérito e não técnica por que:
c) o sistema bancário entende que os juros debitados e não pagos se convertem em um novo
empréstimo e não configuram capitalização, ...e ...
d) o art. 354 do Novo Código Civil ensina ou determina: “Havendo capital e juros, o
pagamento imputar-se-á primeiro nos juros vencidos, e depois no capital, salvo
estipulação em contrário, ou se o credor passar a quitação por conta do capital.”

Como se vê nos extratos encartados, há cobrança mensal de juros; porém, quando o


correntista/cliente quita-os conforme o contrato, não há juros sobre juros ou capitalização de
juros.

Quesito nº 8: Confirme o Sr. Perito que a Confissão de Dívida foi


realizada com o intuito de renegociar os montantes devedores
adquiridos através das utilizações dos limites de créditos concedidos
através do cheque empresarial e da conta garantida e que o
montante confessado/renegociado de R$ 102.016,09 seria acrescido
de encargos calculados através da seguinte fórmula:

Componente exponencial da expressão

JUROS = SALDO DEVEDOR x (1 + TAXA) PRAZO

Afirme ainda o Sr. Perito que o montante confessado contém


encargos de normalidade (calculados diariamente e capitalizados
mensalmente aos saldos devedores) e de inadimplência provenientes
do cheque empresarial e de conta garantida.

Resposta:

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PERÍCIA CONTÁBIL EM MATÉRIA FINANCEIRA – Prof. Remo Dalla Zanna (MS)

Prejudicada é a resposta, pois a perícia não pode confirmar ou afirmar qualquer coisa sobre
contratos que não foram juntados aos autos deste processo. No mais, esclarece-se que o contrato
de Confissão de Dívida é um incidente que ocorre nas relações entre o credor (banco) e devedor
(cliente) quando o devedor não possui liquidez imediata (recursos financeiros) para pagar
dívidas vencidas. Nesta modalidade de contrato são agrupadas todas as dívidas vencidas e, às
vezes, as dívidas a vencer devidamente reformadas, ou seja, com o valor do débito a vencer
recalculado pelo seu PV – Valor Presente. Neste tipo de renegociação e extensão do prazo para
pagar de forma parcelada, é hábito do sistema bancário, aplicar taxas de juros menores daquelas
que vinha aplicando nos empréstimos impagos. Os juros menores se justificam em face das
garantias reais (hipoteca e/ou penhor mercantil) geralmente oferecidas para a concretização de um
contrato de confissão de dívida. Com a assinatura desta modalidade de contrato são quitadas as
dívidas precedentes.

Quesito nº 9: Afirme a Perícia que a prática da capitalização mensal


dos encargos (que ocorreu nas operações de cheque empresarial e
de conta garantida) gera a evolução exponencial da dívida, o que
significa que se utilizada a fórmula de juros compostos os encargos
terão o mesmo valor se calculados através de fórmula linear com
capitalização mensal.

A FÓRMULA EXPONENCIAL É REPRESENTADA PELA


SEGUINTE EXPRESSÃO:

JUROS = SALDO DEVEDOR X (1 + TAXA/100) PRAZO

Solicita-se ao Sr. Perito a elaboração de um exemplo hipotético,


como sendo utilização ininterrupta de cheque empresarial/conta
garantida superior a trinta (30) dias, calculando os juros sobre os
saldo devedores de duas (02) maneiras: Exemplo 01 – através da
fórmula linear com capitalização mensal dos encargos; Exemplo
02 – através da fórmula exponencial. COMPARE OS
ENCARGOS CALCULADOS EM CADA EXEMPLO.

Resposta:

A perícia afirma que a contabilização mensal dos encargos (juros) que se observa nos extratos das
contas correntes juntadas aos autos deste processo, ocorreu nas operações de cheque empresarial
e de conta garantida e se deveu à existência de saldo devedor.

A perícia não afirma que houve capitalização mensal dos encargos, mas afirma que esta prática
bancária gera a evolução exponencial da dívida.

A perícia afirma o seguinte: A capitalização mensal dos encargos promove a evolução


exponencial da dívida. Todavia, o fato dos juros serem capitalizados é uma questão de mérito e
não técnica por que:
e) o sistema bancário entende que os juros debitados e não pagos se convertem em um novo
empréstimo e não configuram capitalização, ...e ...

65
PERÍCIA CONTÁBIL EM MATÉRIA FINANCEIRA – Prof. Remo Dalla Zanna (MS)

f) o art. 354 do Novo Código Civil ensina ou determina “Havendo capital e juros, o
pagamento imputar-se-á primeiro nos juros vencidos, e depois no capital, salvo
estipulação em contrário, ou se o credor passar a quitação por conta do capital”.

Como se vê nos extratos encartados, há cobrança mensal de juros; porém, quando o


correntista/cliente quita-os conforme o contrato, não há juros sobre juros ou capitalização de
juros.

No mais, vista a segunda parte do quesito acima como uma questão meramente acadêmica, pois
não guarda relação direta com o que se discute nos autos e também não é função do perito
judicial formular modelos, exemplos ou hipóteses de cálculo, informa-se o seguinte:

Exemplo 01: Na fórmula de juros simples como é aplicada no Método Hamburguês, temos:

Nº DE Nº DE DIAS X
DATA HISTÓRICO VALOR (D/C) SALDO (D/C)
DIAS SALDO DEVEDOR
01/04/XY transporte - 20.000,00 0 -
05/04/XY cheque (25.000,00) (5.000,00) 7 (35.000,00)
12/04/XY cheque (10.000,00) (15.000,00) 1 (15.000,00)
13/04/XY depósito 19.000,00 4.000,00 0 -
18/04/XY aviso débito (5.500,00) (1.500,00) 3 (4.500,00)
21/04/XY cheque (8.500,00) (10.000,00) 5 (50.000,00)
26/04/XY depósito 3.000,00 (7.000,00) 4 (28.000,00)
TOTAL (132.500,00)

Nota: A coluna “nº de dias” representa a quantidade de dias em que


o saldo devedor permaneceu inalterado. Em sendo devedor esse
saldo, sobre o mesmo incide juros.

JT = id (P1 x b1 + P2 x n2 + ... + Pk x nk)


k
JT = id x ∑ Pt x nt
t=1

Em que id = taxa diária e t = 1, 2, 3, ..., k

JT = 0,04 x 132.500,00 = 176,67


30

Exemplo 02: Na fórmula de juros compostos como é aplicada quando se usa a Tabela Price,
usando o mesmo exemplo acima, temos:

O valor dos juros é obtido da expressão:

S = P (1 + i)n

Em que: S = montante
P = valor do capital inicial ou principal
i = taxa de juros
n = prazo

S = (132.500,00:30) x (1 + 0,04)1
66
PERÍCIA CONTÁBIL EM MATÉRIA FINANCEIRA – Prof. Remo Dalla Zanna (MS)

S = 4.416,67 x 1,04
S = 4.593,33
J = S-P
J = 4.593,34 - 4.416,67 = 176,67

Como se vê, quando o correntista/cliente não paga os juros debitados no dia do vencimento
pactuado, o valor monetário do encargo financeiro é o mesmo.

Quesito nº 10: Queira a Perícia afirmar que dentre os encargos de


inadimplência definidos no contrato de conta garantida foi
estipulado pelo banco a aplicação da comissão de permanência.

Resposta:

Positiva é a resposta. Vide cláusula 10.

“10 – Ocorrendo impontualidade no pagamento de qualquer quantia devida por força


deste Contrato, os débitos ficarão sujeitos, a partir da data do inadimplemento, à
comissão de permanência, calculada de acordo com as normas do Banco Central do
Brasil, a juros moratórios à taxa de 1% (um por cento) ao mês, despesas de cobrança,
multa de 10% (dez por cento) sobre o saldo devedor atualizado, além de honorários
advocatícios, no caso de procedimento judicial.”

Quesito nº 11: Discorra a Perícia sobre a comissão de permanência,


destacando a época de sua criação e qual era a finalidade da mesma.
Exponha se a situação econômica atual é a mesma que a situação na
época de sua criação e se sua aplicação atualmente é certa.

Resposta:

Comissão de Permanência - É uma taxa de natureza compensatória que o Conselho Monetário


Nacional faculta aos bancos cobrar dos devedores inadimplentes, além dos juros de mora. Essa
taxa diária pode ser cobrada com base na taxa pactuada no contrato original ou na taxa de
mercado do dia do pagamento, pelo período de atraso na liquidação de obrigação pecuniária com
vencimento expresso. Essa taxa nada tem a ver com a multa moratória prevista em contrato, cuja
natureza não é compensatória, mas punitiva (cláusula penal), em razão da infração contratual
decorrente da não liquidação da obrigação até o vencimento.

Sua criação se deu com a Resolução nº. 15, de 28 de janeiro de 1966. Vide inciso XIV:

“XIV - Aos títulos descontados ou caucionados e aos em cobrança simples


liquidados após o vencimento é permitido aos bancos cobrar do sacado, ou de
quem o substituir, "comissão de permanência", calculada sobre os dias de atraso
e nas mesmas bases proporcionais de juros e comissões cobrados ao cedente na
operação primitiva.”.

Quanto a dizer se a situação econômica atual é a mesma que a situação na época de sua criação,
informa-se que, passados quase 40 anos, só poderia ser diferente. Mas, se consideramos como
67
PERÍCIA CONTÁBIL EM MATÉRIA FINANCEIRA – Prof. Remo Dalla Zanna (MS)

indicador inflacionário o INPC, podemos dizer que é muito parecida. Já quanto a dizer se sua
aplicação - atualmente - é certa, este auxiliar informa que esta é uma questão de mérito que não
lhe cabe responder.

Quesito nº 12: Queira a Perícia demonstrar o quadro de todas as


operações realizadas entre as partes caracterizadas na conta
corrente nº 005.xxxxxx/1 e a seqüente nº 2xxxx-0 e na conta
garantida nº 1xxxxx/7 e a sequente nº 2xxxxx-7, desde o início das
operações, obedecendo a ordem cronológica dos fatos, e
considerando as liberações, como DÉBITO e os pagamentos,
inclusive de encargos/juros, como CRÉDITO, seguindo os passos a
seguir:
- considerando todos os contratos celebrados, inclusive os
saldos devedores diários em conta corrente,
- Determinar as taxas de juros aplicadas e métodos de
cálculo aplicados para cada operação, e
- Determinar prazos e formas de pagamento.

Resposta:

Para atender a este quesito foram elaborados os Anexos citados no item 06 do Capítulo II desta
prova pericial, que a integram e a completam e aos quais se pede a gentileza de reportar-se.

No que se refere aos itens supracitados:


- considerando todos os contratos celebrados, inclusive os saldos devedores diários em
conta corrente,
- determinar as taxas de juros aplicadas e métodos de cálculo aplicados para cada
operação, e
- determinar prazos e formas de pagamento;
... este auxiliar infere que o ilustre perquiridor esteja querendo que a perícia se manifeste sobre
contratos que, como já dito em respostas a quesitos precedentes, não foram juntados aos autos.
Seriam segundo se supõe, os noticiados contratos de capital de giro e de confissão de dívida.
Como não foram juntados, as taxas de juros aplicadas, os métodos de cálculos, os prazos e as
formas de pagamentos referentes às liberações de crédito em conta corrente, não puderam ser
examinados, ficando, assim, parcialmente prejudicada a resposta.

No que tange às contas correntes 111xxxxx-1 (B.) e 2xxxxx-7 (U.), os juros foram calculados
conforme Método Hamburguês. Foram contabilizados a débito do correntista/cliente sempre no
primeiro dia útil do mês subseqüente. Os percentuais cobrados – taxa de juros ao mês - foram os
seguintes:

Na conta corrente do Banco B. S/A nº 111.xxxxxx-1/005:

68
PERÍCIA CONTÁBIL EM MATÉRIA FINANCEIRA – Prof. Remo Dalla Zanna (MS)

Taxas Médias de Juros/Valores Cobrados


Aplicadas sobre o Limite de Aplicadas sem Limite de
Mês Valor Total
Crédito Utilizado Crédito
Taxa Valor Taxa Valor
novembro/1996 14,90% 1,90 1,90
dezembro/1996 18,07% 13,63 13,63
janeiro/1997 21,48% 5,28 5,28
abril/1997 19,43% 8,66 8,66
maio/1997 19,52% 8,62 8,62
junho/1997 19,73% 0,52 0,52
julho/1997 22,66% 1,23 1,23
setembro/1997 18,24% 8,37 8,37
outubro/1997 20,10% 12,45 12,45
novembro/1997 18,76% 13,27 13,27
dezembro/1997 18,37% 0,21 0,21
janeiro/1998 17,20% 1.030,45 1.030,45
março/1998 20,16% 1,34 1,34
abril/1998 17,28% 34,20 34,20
maio/1998 19,18% 12,09 12,09
julho/1998 17,02% 14,24 14,24
agosto/1998 17,76% 0,51 0,51
outubro/1998 17,41% 23,31 23,31
dezembro/1998 17,77% 0,71 0,71
janeiro/1999 17,08% 1,70 1,70
abril/1999 17,83% 2,98 2,98
junho/1999 16,92% 0,63 0,63
agosto/1999 18,56% 315,89 315,89
setembro/1999 16,54% 4,20 4,20
novembro/1999 19,16% 125,14 125,14
dezembro/1999 19,29% 35,17 35,17
janeiro/2000 18,34% 308,90 308,90
fevereiro/2000 18,03% 152,75 152,75
março/2000 18,59% 105,81 105,81
abril/2000 17,85% 71,57 71,57

69
PERÍCIA CONTÁBIL EM MATÉRIA FINANCEIRA – Prof. Remo Dalla Zanna (MS)

Taxas Médias de Juros/Valores Cobrados


Aplicadas sobre o Limite de Aplicadas sem Limite de
Mês Valor Total
Crédito Utilizado Crédito
Taxa Valor Taxa Valor
maio/2000 16,04% 206,16 206,16
junho/2000 18,99% 35,45 35,45
julho/2000 17,93% 342,37 342,37
agosto/2000 16,82% 797,89 797,89
setembro/2000 10,78% 95,13 95,13
outubro/2000 6,74% 24,35 24,35
novembro/2000 9,00% 135,71 135,71
dezembro/2000 6,57% 116,25 116,25
janeiro/2001 9,11% 271,78 271,78
fevereiro/2001 13,03% 1.281,48 1.281,48
março/2001 10,59% 767,23 767,23
abril/2001 11,43% 676,43 676,43
maio/2001 13,25% 1.479,31 1.479,31
junho/2001 13,43% 1.192,50 1.192,50

Totais : 9.737,77 9.737,77

Tx. Média : 16,52%

Na conta corrente do Banco U. c/c nº 7111-xxxxx-7:

Taxas Médias de Juros/Valores Cobrados


Aplicadas sobre o Limite de Aplicadas sem Limite de
Mês Valor Total
Crédito Utilizado Crédito
Taxa Valor Taxa Valor
julho/2001 3,98% 3.101,06 10,00% 35,26 3.136,32
outubro/2001 3,16% 2.942,32 3,16% 24,92 2.967,24
novembro/2001 3,12% 2.804,98 3,12% 4,48 2.809,46
dezembro/2001 3,02% 2.812,71 3,02% 11,71 2.824,42

Totais : 11.661,07 76,37 11.737,44

Tx. Média : 3,32% 4,83%

Quesito nº 13: Queira o Sr. Perito definir o conceito de juros e suas


aplicações em instituições financeiras e financiadoras. Favor afirmar
que para tornar lucrativa a operação de financiamento faz-se
necessária a incidência de uma taxa de juros sobre o valor
financiado.

Resposta:

Este quesito será respondido em duas partes segundo os dois assuntos nele ventilados.

1. Quanto a definir o conceito de juros e suas aplicações em instituições financeiras e


financiadoras, temos: “... é a remuneração do capital emprestado, podendo ser entendido, de
forma simplificada, como sendo o aluguel pago pelo uso do dinheiro.” (José Dutra Vieira
Sobrinho). Conceitos emitidos por outros autores poderão ser encontrados em livros de
Administração e de Matemática Financeira disponíveis no mercado.
70
PERÍCIA CONTÁBIL EM MATÉRIA FINANCEIRA – Prof. Remo Dalla Zanna (MS)

A aplicação de juros é função legal e típica das instituições financeiras autorizadas pelo Banco
Central do Brasil. Todas as operações bancárias, ativas e passivas, ou seja, de captação e de
aplicação de recursos líquidos têm por base a aplicação de juros. O resultado positivo das
operações bancárias advém da diferença entre os juros (positivos) obtidos com as aplicações e os
juros (negativos) das captações, menos as despesas operacionais e tributárias.

Quanto a afirmar que para tornar lucrativa a operação de financiamento faz-se necessária a
incidência de uma taxa de juros sobre o valor financiado, a resposta é positiva, pois “o possuidor
do dinheiro, para avaliar a taxa de remuneração para os seus recursos deve atentar para os
seguintes fatores: risco, despesas, inflação e ganho.” (José Dutra Vieira Sobrinho)

Quesito nº 14: Queira a Perícia informar de forma sucinta, no que


consiste o fenômeno da capitalização de juros. Em outras palavras,
pede-se a definição de Capitalização de Juros e definição
matemática do conceito de capitalização de juros simples e
composta, não se limitando à exemplificação de taxas de juros e
fórmulas lineares e exponenciais. Justificar resposta com exemplos
matemáticos e utilizar conceitos descritos em livros de matemática
financeira.

Resposta:

De forma sucinta o fenômeno da capitalização de juros é a aplicação, ou a reinversão ou a


reaplicação dos resultados positivos (juros) obtidos pela gestão bem-sucedida de um
empreendimento econômico.

Segundo o livro de Matemática Financeira de Alexandre Assaf Neto: “Os critérios (regimes) de
capitalização demonstram como os juros são formados e sucessivamente incorporados ao
capital no decorrer do tempo. Nessa conceituação podem ser identificados dois regimes de
capitalização dos juros: simples (linear) e composto (exponencial).”

Segundo o livro de Matemática Financeira de José Dutra Vieira Sobrinho: “Capitalização


simples: é aquela em que a taxa de juros incide somente sobre o capital inicial; não incide, pois,
sobre os juros acumulados. Neste regime de capitalização a taxa varia linearmente em função
do tempo, ou seja, se quisermos converter a taxa diária em mensal, basta multiplicar a taxa
diária por 30; se desejarmos uma taxa anual, tendo a mensal, basta multiplicarmos esta por 12
e assim por diante.”.

Na capitalização simples os juros são calculados como segue:

J=P*i*n
Em que: J = valor dos juros
P = valor do capital inicial ou principal
i = taxa de juros
n = prazo

71
PERÍCIA CONTÁBIL EM MATÉRIA FINANCEIRA – Prof. Remo Dalla Zanna (MS)

Exemplo da aplicação:

Qual o valor dos juros correspondentes a um empréstimo de $10.000,00, pelo


prazo de 5 meses, sabendo-se que a taxa cobrada é de 3% ao mês?

Dados: P = 10.000,00
n = 5 meses
i = 3% ao mês
J=?
Solução: J=Pxixn
J = 10.000,00 * 0,03 * 5 = 1.500,00

“Capitalização Composta: é aquela em que a taxa de juros incide sobre o capital inicial,
acrescido dos juros acumulados até o período anterior. Neste regime de capitalização, o valor
dos juros cresce em função do tempo.”

Na capitalização composta, os juros são calculados como segue:

S = P (1 + i)n
Em que: S = montante
P = valor do capital inicial ou principal
i = taxa de juros
n = prazo

Exemplo da aplicação usando os mesmos dados do exemplo precedente:

Calcular o montante de uma aplicação de $10.000,00, pelo prazo de 5


meses, à taxa de 3% ao mês.

Dados: P = 10.000,00
n = 5 meses
i = 3% ao mês
S=?
Solução: S = P (1 + i)n
S = 10.000,00 x (1,03)5 = 11.592,74

Como se vê, neste caso os juros gerados correspondem a $ 1.592,74; ou


seja, $ 92,74 maiores que na capitalização simples.

Quesito nº 15: Queira a Perícia determinar a fonte de captação dos


recursos utilizados pela instituição financeira para o fornecimento
da(s) linha(s) de crédito à empresa correntista no âmbito da Conta
Corrente e da Conta garantida em discussão, especificando o custo
mensal de captação desses recursos, ou seja, a taxa de juros do
fundo de captação sofrida pelo BANCO.

Resposta:

72
PERÍCIA CONTÁBIL EM MATÉRIA FINANCEIRA – Prof. Remo Dalla Zanna (MS)

Prejudicada é a resposta, pois não existe moeda carimbada. A contabilidade bancária é obrigada
a revelar a vinculação entre recursos captados e correspondentes aplicações somente em
operações com moedas estrangeiras e repasses governamentais.

A captação de recursos livres (não vinculados) é feita através de depósitos em contas correntes,
em depósitos no Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimos, pela venda de CDBs/RDBs,
junto a outras instituições financeiras e, quando necessário, junto ao Banco Central do Brasil.

A figura “... do fundo de captação sofrida pelo BANCO ...” inexiste. O que existe é o Fundo
Garantidor de Créditos que nada tem haver com o custo dos empréstimos.

Quesito nº 16: Identifique o Sr. Perito, nas respectivas datas de


celebração ou renovação de todos os contratos celebrados durante
o relacionamento financeiro, qual era o valor médio que o banco
estava pagando aos investidores em CDB´s (modalidade 30 dias
pré-fixada), bem como qual a taxa de juros paga aos investidores
em caderneta de poupança.

Resposta:

Seguem abaixo as taxas praticadas pelo mercado, segundo BACEN:

- Taxa de juros CDB (% a. m.):

jan/90 78,6500 jan/91 23,4600 jan/92 28,1100 jan/93 31,8000

fev/90 82,8100 fev/91 13,1600 fev/92 28,9100 fev/93 30,1700

mar/90 65,0600 mar/91 10,0500 mar/92 28,5500 mar/93 26,3800

abr/90 12,8500 abr/91 10,6300 abr/92 21,7100 abr/93 29,0600

mai/90 9,3700 mai/91 10,6500 mai/92 25,1700 mai/93 31,9900

jun/90 8,3100 jun/91 13,3900 jun/92 24,2700 jun/93 31,5200

jul/90 15,5200 jul/91 11,9900 jul/92 25,0400 jul/93 31,8400

ago/90 11,3000 ago/91 13,7400 ago/92 27,4400 ago/93 34,4700

set/90 16,2300 set/91 21,0400 set/92 28,0800 set/93 35,7600

out/90 19,8300 out/91 21,7300 out/92 28,1900 out/93 37,4300

nov/90 20,0100 nov/91 34,2600 nov/92 29,6100 nov/93 36,6400

dez/90 22,2600 dez/91 31,3400 dez/92 25,9600 dez/93 38,2000

jan/94 44,2700 jan/95 3,6000 jan/96 2,6000 jan/97 1,7491

fev/94 44,2800 fev/95 3,1000 fev/96 2,3000 fev/97 1,8550

mar/94 43,9000 mar/95 4,6000 mar/96 2,1000 mar/97 1,5781

abr/94 50,8700 abr/95 4,3000 abr/96 2,0000 abr/97 1,5882

mai/94 47,2800 mai/95 4,1000 mai/96 2,0000 mai/97 1,6419

jun/94 47,8000 jun/95 4,1000 jun/96 1,9000 jun/97 1,5948

jul/94 5,2000 jul/95 3,9000 jul/96 1,8000 jul/97 1,5954

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PERÍCIA CONTÁBIL EM MATÉRIA FINANCEIRA – Prof. Remo Dalla Zanna (MS)

ago/94 3,6000 ago/95 3,5000 ago/96 1,9000 ago/97 1,6127


set/94 4,0000 set/95 3,1000 set/96 1,8000 set/97 1,5535
out/94 3,9000 out/95 2,9000 out/96 1,8300 out/97 1,6781
nov/94 4,3000 nov/95 2,9000 nov/96 1,8300 nov/97 2,8653
dez/94 3,5000 dez/95 2,5000 dez/96 1,6313 dez/97 2,5608

jan/98 2,6516 jan/99 2,4485 jan/00 1,4192 jan/01 1,2236


fev/98 2,0499 fev/99 2,6142 fev/00 1,4226 fev/01 0,9871
mar/98 2,1138 mar/99 3,1731 mar/00 1,4160 mar/01 1,2812
abr/98 1,6134 abr/99 2,0712 abr/00 1,2637 abr/01 1,2770
mai/98 1,6418 mai/99 1,8282 mai/00 1,4839 mai/01 1,3792
jun/98 1,6385 jun/99 1,5740 jun/00 1,3636 jun/01 1,2987
jul/98 1,6726 jul/99 1,6482 jul/00 1,2767 jul/01 1,6718
ago/98 1,5318 ago/99 1,5941 ago/00 1,3546 ago/01 1,6455
set/98 2,3017 set/99 1,4701 set/00 1,1989 set/01 1,3445

out/98 2,7381 out/99 1,3737 out/00 1,2645 out/01 1,5663

nov/98 2,2270 nov/99 1,3866 nov/00 1,2076 nov/01 1,3743

dez/98 2,2924 dez/99 1,5904 dez/00 1,1734 dez/01 1,3754

jan/02 1,4892 jan/03 1,9321 jan/04 1,1804 jan/05 1,3192

fev/02 1,2179 fev/03 1,8229 fev/04 1,0210 fev/05 1,1527

mar/02 1,3151 mar/03 1,7526 mar/04 1,2945 mar/05 1,4203

abr/02 1,4528 abr/03 1,8222 abr/04 1,1011 abr/05 1,3021

mai/02 1,3831 mai/03 1,9122 mai/04 1,1796 mai/05 1,3906

jun/02 1,3260 jun/03 1,8057 jun/04 1,1836 jun/05 1,4403

jul/02 1,5404 jul/03 1,9788 jul/04 1,2226 jul/05 1,3979

ago/02 1,4451 ago/03 1,6763 ago/04 1,2467

set/02 1,3669 set/03 1,5768 set/04 1,2467

out/02 1,6855 out/03 1,5100 out/04 1,1681

nov/02 1,5850 nov/03 1,2608 nov/04 1,2029

dez/02 1,7806 dez/03 1,2808 dez/04 1,3812

Caderneta de Poupança – Rentabilidade do Período:

74
PERÍCIA CONTÁBIL EM MATÉRIA FINANCEIRA – Prof. Remo Dalla Zanna (MS)

data início data fim % data início data fim % data início data fim %
8/10/1996 8/11/1996 1,3382 6/12/1996 6/1/1997 1,2171 4/2/1997 4/3/1997 1,1838
9/10/1996 9/11/1996 1,345 7/12/1996 7/1/1997 1,2515 5/2/1997 5/3/1997 1,1639
10/10/1996 10/11/1996 1,2582 8/12/1996 8/1/1997 1,2912 6/2/1997 6/3/1997 1,1602
11/10/1996 11/11/1996 1,1831 9/12/1996 9/1/1997 1,369 7/2/1997 7/3/1997 1,1617
12/10/1996 12/11/1996 1,2404 10/12/1996 10/1/1997 1,3546 8/2/1997 8/3/1997 1,1618
13/10/1996 13/11/1996 1,2758 11/12/1996 11/1/1997 1,3429 9/2/1997 9/3/1997 1,1618
14/10/1996 14/11/1996 1,374 12/12/1996 12/1/1997 1,2502 10/2/1997 10/3/1997 1,1618
15/10/1996 15/11/1996 1,3794 13/12/1996 13/1/1997 1,173 11/2/1997 11/3/1997 1,1987
16/10/1996 16/11/1996 1,3006 14/12/1996 14/1/1997 1,2127 12/2/1997 12/3/1997 1,2357
17/10/1996 17/11/1996 1,209 15/12/1996 15/1/1997 1,2503 13/2/1997 13/3/1997 1,3183
18/10/1996 18/11/1996 1,125 16/12/1996 16/1/1997 1,3319 14/2/1997 14/3/1997 1,2863
19/10/1996 19/11/1996 1,187 17/12/1996 17/1/1997 1,3115 15/2/1997 15/3/1997 1,2898
20/10/1996 20/11/1996 1,2215 18/12/1996 18/1/1997 1,3112 16/2/1997 16/3/1997 1,2898
21/10/1996 21/11/1996 1,3243 19/12/1996 19/1/1997 1,2282 17/2/1997 17/3/1997 1,2934
22/10/1996 22/11/1996 1,3271 20/12/1996 20/1/1997 1,1562 18/2/1997 18/3/1997 1,2845
23/10/1996 23/11/1996 1,3404 21/12/1996 21/1/1997 1,1948 19/2/1997 19/3/1997 1,2743
24/10/1996 24/11/1996 1,2534 22/12/1996 22/1/1997 1,2314 20/2/1997 20/3/1997 1,2879
25/10/1996 25/11/1996 1,1708 23/12/1996 23/1/1997 1,3109 21/2/1997 21/3/1997 1,2531
26/10/1996 26/11/1996 1,2284 24/12/1996 24/1/1997 1,291 22/2/1997 22/3/1997 1,2454
27/10/1996 27/11/1996 1,265 25/12/1996 25/1/1997 1,2929 23/2/1997 23/3/1997 1,2454
28/10/1996 28/11/1996 1,365 26/12/1996 26/1/1997 1,2949 24/2/1997 24/3/1997 1,2377
1/11/1996 1/12/1996 1,3187 27/12/1996 27/1/1997 1,2103 25/2/1997 25/3/1997 1,2322
2/11/1996 2/12/1996 1,2873 28/12/1996 28/1/1997 1,2478 26/2/1997 26/3/1997 1,2336
3/11/1996 3/12/1996 1,3289 1/1/1997 1/2/1997 1,2477 27/2/1997 27/3/1997 1,2143
4/11/1996 4/12/1996 1,3813 2/1/1997 2/2/1997 1,2517 28/2/1997 28/3/1997 1,1294
5/11/1996 5/12/1996 1,371 3/1/1997 3/2/1997 1,1568 1/3/1997 1/4/1997 1,1348
6/11/1996 6/12/1996 1,3791 4/1/1997 4/2/1997 1,2087 2/3/1997 2/4/1997 1,2186
7/11/1996 7/12/1996 1,3469 5/1/1997 5/2/1997 1,2426 3/3/1997 3/4/1997 1,2974
8/11/1996 8/12/1996 1,2807 6/1/1997 6/2/1997 1,3334 4/3/1997 4/4/1997 1,265
9/11/1996 9/12/1996 1,2584 7/1/1997 7/2/1997 1,3813 5/3/1997 5/4/1997 1,2891
10/11/1996 10/12/1996 1,2985 8/1/1997 8/2/1997 1,393 6/3/1997 6/4/1997 1,1764
11/11/1996 11/12/1996 1,3572 9/1/1997 9/2/1997 1,323 7/3/1997 7/4/1997 1,0708
12/11/1996 12/12/1996 1,353 10/1/1997 10/2/1997 1,2427 8/3/1997 8/4/1997 1,1216
13/11/1996 13/12/1996 1,3434 11/1/1997 11/2/1997 1,2132 9/3/1997 9/4/1997 1,1545
14/11/1996 14/12/1996 1,3223 12/1/1997 12/2/1997 1,2132 10/3/1997 10/4/1997 1,2434
15/11/1996 15/12/1996 1,3079 13/1/1997 13/2/1997 1,2555 11/3/1997 11/4/1997 1,2197
16/11/1996 16/12/1996 1,3079 14/1/1997 14/2/1997 1,2779 12/3/1997 12/4/1997 1,1967
17/11/1996 17/12/1996 1,3485 15/1/1997 15/2/1997 1,2773 13/3/1997 13/4/1997 1,1247
18/11/1996 18/12/1996 1,4166 16/1/1997 16/2/1997 1,2054 14/3/1997 14/4/1997 0,9946
19/11/1996 19/12/1996 1,3997 17/1/1997 17/2/1997 1,1461 15/3/1997 15/4/1997 1,0644
20/11/1996 20/12/1996 1,3994 18/1/1997 18/2/1997 1,2046 16/3/1997 16/4/1997 1,0943
21/11/1996 21/12/1996 1,3867 19/1/1997 19/2/1997 1,2418 17/3/1997 17/4/1997 1,2014
22/11/1996 22/12/1996 1,285 20/1/1997 20/2/1997 1,3437 18/3/1997 18/4/1997 1,186
23/11/1996 23/12/1996 1,2664 21/1/1997 21/2/1997 1,3716 19/3/1997 19/4/1997 1,184
24/11/1996 24/12/1996 1,3049 22/1/1997 22/2/1997 1,3681 20/3/1997 20/4/1997 1,0633
25/11/1996 25/12/1996 1,3643 23/1/1997 23/2/1997 1,2959 21/3/1997 21/4/1997 0,9917
26/11/1996 26/12/1996 1,2962 24/1/1997 24/2/1997 1,1938 22/3/1997 22/4/1997 0,9855
27/11/1996 27/12/1996 1,2917 25/1/1997 25/2/1997 1,2613 23/3/1997 23/4/1997 1,0126
28/11/1996 28/12/1996 1,2701 26/1/1997 26/2/1997 1,3015 24/3/1997 24/4/1997 1,0616
1/12/1996 1/1/1997 1,3761 27/1/1997 27/2/1997 1,4166 25/3/1997 25/4/1997 1,0391
2/12/1996 2/1/1997 1,3949 28/1/1997 28/2/1997 1,4206 26/3/1997 26/4/1997 1,0228
3/12/1996 3/1/1997 1,3684 1/2/1997 1/3/1997 1,1649 27/3/1997 27/4/1997 1,0428
4/12/1996 4/1/1997 1,3556 2/2/1997 2/3/1997 1,1649 28/3/1997 28/4/1997 1,0428
5/12/1996 5/1/1997 1,2919 3/2/1997 3/3/1997 1,1776 1/4/1997 1/5/1997 1,1242

75
PERÍCIA CONTÁBIL EM MATÉRIA FINANCEIRA – Prof. Remo Dalla Zanna (MS)

data início data fim % data início data fim % data início data fim %
2/4/1997 2/5/1997 1,0365 28/5/1997 28/6/1997 1,1848 26/7/1997 26/8/1997 1,1506
3/4/1997 3/5/1997 1,0489 1/6/1997 1/7/1997 1,1568 27/7/1997 27/8/1997 1,1817
4/4/1997 4/5/1997 0,986 2/6/1997 2/7/1997 1,2171 28/7/1997 28/8/1997 1,2734
5/4/1997 5/5/1997 0,9823 3/6/1997 3/7/1997 1,2003 1/8/1997 1/9/1997 1,1301
6/4/1997 6/5/1997 1,0091 4/6/1997 4/7/1997 1,1964 2/8/1997 2/9/1997 1,1506
7/4/1997 7/5/1997 1,0604 5/6/1997 5/7/1997 1,1851 3/8/1997 3/9/1997 1,1817
8/4/1997 8/5/1997 1,0658 6/6/1997 6/7/1997 1,1176 4/8/1997 4/9/1997 1,2353
9/4/1997 9/5/1997 1,083 7/6/1997 7/7/1997 1,0981 5/8/1997 5/9/1997 1,2509
10/4/1997 10/5/1997 1,0727 8/6/1997 8/7/1997 1,1281 6/8/1997 6/9/1997 1,255
11/4/1997 11/5/1997 0,9804 9/6/1997 9/7/1997 1,1691 7/8/1997 7/9/1997 1,1723
12/4/1997 12/5/1997 0,9837 10/6/1997 10/7/1997 1,1591 8/8/1997 8/9/1997 1,0849
13/4/1997 13/5/1997 1,0106 11/6/1997 11/7/1997 1,1583 9/8/1997 9/9/1997 1,1276
14/4/1997 14/5/1997 1,0695 12/6/1997 12/7/1997 1,14 10/8/1997 10/9/1997 1,1576
15/4/1997 15/5/1997 1,0983 13/6/1997 13/7/1997 1,0484 11/8/1997 11/9/1997 1,2344
16/4/1997 16/5/1997 1,1083 14/6/1997 14/7/1997 1,0494 12/8/1997 12/9/1997 1,2508
17/4/1997 17/5/1997 1,1313 15/6/1997 15/7/1997 1,077 13/8/1997 13/9/1997 1,24
18/4/1997 18/5/1997 1,0402 16/6/1997 16/7/1997 1,1345 14/8/1997 14/9/1997 1,1545
19/4/1997 19/5/1997 1,0631 17/6/1997 17/7/1997 1,1189 15/8/1997 15/9/1997 1,0895
20/4/1997 20/5/1997 1,0945 18/6/1997 18/7/1997 1,1143 16/8/1997 16/9/1997 1,1233
21/4/1997 21/5/1997 1,1259 19/6/1997 19/7/1997 1,1036 17/8/1997 17/9/1997 1,153
22/4/1997 22/5/1997 1,2174 20/6/1997 20/7/1997 1,021 18/8/1997 18/9/1997 1,2199
23/4/1997 23/5/1997 1,2096 21/6/1997 21/7/1997 1,0204 19/8/1997 19/9/1997 1,2036
24/4/1997 24/5/1997 1,1846 22/6/1997 22/7/1997 1,0465 20/8/1997 20/9/1997 1,2044
25/4/1997 25/5/1997 1,0952 23/6/1997 23/7/1997 1,0993 21/8/1997 21/9/1997 1,1263
26/4/1997 26/5/1997 1,1112 24/6/1997 24/7/1997 1,0878 22/8/1997 22/9/1997 1,0717
27/4/1997 27/5/1997 1,1435 25/6/1997 25/7/1997 1,0786 23/8/1997 23/9/1997 1,1127
28/4/1997 28/5/1997 1,2266 26/6/1997 26/7/1997 1,0811 24/8/1997 24/9/1997 1,142
1/5/1997 1/6/1997 1,1386 27/6/1997 27/7/1997 1,0105 25/8/1997 25/9/1997 1,2162
2/5/1997 2/6/1997 1,1308 28/6/1997 28/7/1997 1,0023 26/8/1997 26/9/1997 1,2006
3/5/1997 3/6/1997 1,1757 1/7/1997 1/8/1997 1,1613 27/8/1997 27/9/1997 1,2032
4/5/1997 4/6/1997 1,2096 2/7/1997 2/8/1997 1,1386 28/8/1997 28/9/1997 1,118
5/5/1997 5/6/1997 1,2929 3/7/1997 3/8/1997 1,0753 1/9/1997 1/10/1997 1,1506
6/5/1997 6/6/1997 1,2673 4/7/1997 4/8/1997 1,0139 2/9/1997 2/10/1997 1,1268
7/5/1997 7/6/1997 1,2629 5/7/1997 5/8/1997 1,0538 3/9/1997 3/10/1997 1,1383
8/5/1997 8/6/1997 1,1913 6/7/1997 6/8/1997 1,0802 4/9/1997 4/10/1997 1,1142
9/5/1997 9/6/1997 1,1246 7/7/1997 7/8/1997 1,1503 5/9/1997 5/10/1997 1,0516
10/5/1997 10/6/1997 1,1601 8/7/1997 8/8/1997 1,1593 6/9/1997 6/10/1997 1,0402
11/5/1997 11/6/1997 1,1932 9/7/1997 9/8/1997 1,1644 7/9/1997 7/10/1997 1,0672
12/5/1997 12/6/1997 1,2654 10/7/1997 10/8/1997 1,1041 8/9/1997 8/10/1997 1,1106
13/5/1997 13/6/1997 1,2631 11/7/1997 11/8/1997 1,0446 9/9/1997 9/10/1997 1,1067
14/5/1997 14/6/1997 1,267 12/7/1997 12/8/1997 1,0937 10/9/1997 10/10/1997 1,1152
15/5/1997 15/6/1997 1,1774 13/7/1997 13/8/1997 1,122 11/9/1997 11/10/1997 1,1001
16/5/1997 16/6/1997 1,1197 14/7/1997 14/8/1997 1,2042 12/9/1997 12/10/1997 1,0463
17/5/1997 17/6/1997 1,1557 15/7/1997 15/8/1997 1,219 13/9/1997 13/10/1997 1,0397
18/5/1997 18/6/1997 1,1886 16/7/1997 16/8/1997 1,2389 14/9/1997 14/10/1997 1,0667
19/5/1997 19/6/1997 1,2612 17/7/1997 17/8/1997 1,1421 15/9/1997 15/10/1997 1,1153
20/5/1997 20/6/1997 1,2569 18/7/1997 18/8/1997 1,0971 16/9/1997 16/10/1997 1,1082
21/5/1997 21/6/1997 1,2304 19/7/1997 19/8/1997 1,1325 17/9/1997 17/10/1997 1,098
22/5/1997 22/6/1997 1,1563 20/7/1997 20/8/1997 1,1627 18/9/1997 18/10/1997 1,0877
23/5/1997 23/6/1997 1,074 21/7/1997 21/8/1997 1,2318 19/9/1997 19/10/1997 1,0108
24/5/1997 24/6/1997 1,11 22/7/1997 22/8/1997 1,2371 20/9/1997 20/10/1997 1,0088
25/5/1997 25/6/1997 1,1407 23/7/1997 23/8/1997 1,2443 21/9/1997 21/10/1997 1,0343
26/5/1997 26/6/1997 1,211 24/7/1997 24/8/1997 1,1839 22/9/1997 22/10/1997 1,0844
27/5/1997 27/6/1997 1,1887 25/7/1997 25/8/1997 1,0953 23/9/1997 23/10/1997 1,0658

76
PERÍCIA CONTÁBIL EM MATÉRIA FINANCEIRA – Prof. Remo Dalla Zanna (MS)

data início data fim % data início data fim % data início data fim %
24/9/1997 24/10/1997 1,0742 23/11/1997 23/12/1997 2,0496 22/1/1998 22/2/1998 1,74
25/9/1997 25/10/1997 1,0588 24/11/1997 24/12/1997 2,1689 23/1/1998 23/2/1998 1,58
26/9/1997 26/10/1997 0,9957 25/11/1997 25/12/1997 2,1547 24/1/1998 24/2/1998 1,45
27/9/1997 27/10/1997 0,9936 26/11/1997 26/12/1997 2,0415 25/1/1998 25/2/1998 1,45
28/9/1997 28/10/1997 1,0183 27/11/1997 27/12/1997 1,9777 26/1/1998 26/2/1998 1,5597
1/10/1997 1/11/1997 1,1586 28/11/1997 28/12/1997 1,9308 27/1/1998 27/2/1998 1,5583
2/10/1997 2/11/1997 1,0766 1/12/1997 1/1/1998 1,815 28/1/1998 28/2/1998 1,5787
3/10/1997 3/11/1997 1,0207 2/12/1997 2/1/1998 1,6435 1/2/1998 1/3/1998 0,9483
4/10/1997 4/11/1997 1,0599 3/12/1997 3/1/1998 1,7386 2/2/1998 2/3/1998 0,9795
5/10/1997 5/11/1997 1,0866 4/12/1997 4/1/1998 1,552 3/2/1998 3/3/1998 0,928
6/10/1997 6/11/1997 1,1564 5/12/1997 5/1/1998 1,4208 4/2/1998 4/3/1998 0,9636
7/10/1997 7/11/1997 1,1684 6/12/1997 6/1/1998 1,3905 5/2/1998 5/3/1998 0,9148
8/10/1997 8/11/1997 1,1718 7/12/1997 7/1/1998 1,5155 6/2/1998 6/3/1998 0,9171
9/10/1997 9/11/1997 1,1249 8/12/1997 8/1/1998 1,6071 7/2/1998 7/3/1998 0,9183
10/10/1997 10/11/1997 1,0513 9/12/1997 9/1/1998 1,6178 8/2/1998 8/3/1998 0,9183
11/10/1997 11/11/1997 1,1074 10/12/1997 10/1/1998 1,6693 9/2/1998 9/3/1998 0,9195
12/10/1997 12/11/1997 1,1365 11/12/1997 11/1/1998 1,5832 10/2/1998 10/3/1998 0,8697
13/10/1997 13/11/1997 1,227 12/12/1997 12/1/1998 1,4187 11/2/1998 11/3/1998 0,8681
14/10/1997 14/11/1997 1,2245 13/12/1997 13/1/1998 1,4086 12/2/1998 12/3/1998 0,8108
15/10/1997 15/11/1997 1,2444 14/12/1997 14/1/1998 1,5346 13/2/1998 13/3/1998 0,8664
16/10/1997 16/11/1997 1,1713 15/12/1997 15/1/1998 1,6497 14/2/1998 14/3/1998 0,8505
17/10/1997 17/11/1997 1,1027 16/12/1997 16/1/1998 1,5733 15/2/1998 15/3/1998 0,8505
18/10/1997 18/11/1997 1,1508 17/12/1997 17/1/1998 1,5713 16/2/1998 16/3/1998 0,8348
19/10/1997 19/11/1997 1,1819 18/12/1997 18/1/1998 1,5399 17/2/1998 17/3/1998 0,8416
20/10/1997 20/11/1997 1,2658 19/12/1997 19/1/1998 1,273 18/2/1998 18/3/1998 0,8088
21/10/1997 21/11/1997 1,2438 20/12/1997 20/1/1998 1,3526 19/2/1998 19/3/1998 0,753
22/10/1997 22/11/1997 1,2761 21/12/1997 21/1/1998 1,4757 20/2/1998 20/3/1998 0,7527
23/10/1997 23/11/1997 1,2203 22/12/1997 22/1/1998 1,6871 21/2/1998 21/3/1998 0,7442
24/10/1997 24/11/1997 1,141 23/12/1997 23/1/1998 1,6271 22/2/1998 22/3/1998 0,7442
25/10/1997 25/11/1997 1,2014 24/12/1997 24/1/1998 1,5743 23/2/1998 23/3/1998 0,7442
26/10/1997 26/11/1997 1,235 25/12/1997 25/1/1998 1,4557 24/2/1998 24/3/1998 0,8483
27/10/1997 27/11/1997 1,3348 26/12/1997 26/1/1998 1,4591 25/2/1998 25/3/1998 0,9433
28/10/1997 28/11/1997 1,3625 27/12/1997 27/1/1998 1,491 26/2/1998 26/3/1998 0,9279
1/11/1997 1/12/1997 2,0411 28/12/1997 28/1/1998 1,6149 27/2/1998 27/3/1998 0,9207
2/11/1997 2/12/1997 2,177 1/1/1998 1/2/1998 1,6516 28/2/1998 28/3/1998 0,9192
3/11/1997 3/12/1997 2,4196 2/1/1998 2/2/1998 1,6507 1/3/1998 1/4/1998 1,404
4/11/1997 4/12/1997 2,2535 3/1/1998 3/2/1998 1,663 2/3/1998 2/4/1998 1,5054
5/11/1997 5/12/1997 2,1669 4/1/1998 4/2/1998 1,7874 3/3/1998 3/4/1998 1,4741
6/11/1997 6/12/1997 2,1294 5/1/1998 5/2/1998 1,9254 4/3/1998 4/4/1998 1,4463
7/11/1997 7/12/1997 2,1942 6/1/1998 6/2/1998 1,901 5/3/1998 5/4/1998 1,2262
8/11/1997 8/12/1997 1,9946 7/1/1998 7/2/1998 1,9212 6/3/1998 6/4/1998 1,1539
9/11/1997 9/12/1997 2,1283 8/1/1998 8/2/1998 1,7995 7/3/1998 7/4/1998 1,1337
10/11/1997 10/12/1997 2,193 9/1/1998 9/2/1998 1,7482 8/3/1998 8/4/1998 1,2285
11/11/1997 11/12/1997 2,3142 10/1/1998 10/2/1998 1,7584 9/3/1998 9/4/1998 1,3014
12/11/1997 12/12/1997 2,3513 11/1/1998 11/2/1998 1,8876 10/3/1998 10/4/1998 1,2509
13/11/1997 13/12/1997 2,3963 12/1/1998 12/2/1998 2,0281 11/3/1998 11/4/1998 1,1356
14/11/1997 14/12/1997 2,2931 13/1/1998 13/2/1998 1,9708 12/3/1998 12/4/1998 1,0212
15/11/1997 15/12/1997 2,071 14/1/1998 14/2/1998 1,9717 13/3/1998 13/4/1998 0,9063
16/11/1997 16/12/1997 2,2086 15/1/1998 15/2/1998 1,8203 14/3/1998 14/4/1998 0,9057
17/11/1997 17/12/1997 2,258 16/1/1998 16/2/1998 1,677 15/3/1998 15/4/1998 0,9984
18/11/1997 18/12/1997 2,2907 17/1/1998 17/2/1998 1,6605 16/3/1998 16/4/1998 1,0904
19/11/1997 19/12/1997 2,2938 18/1/1998 18/2/1998 1,7848 17/3/1998 17/4/1998 1,0561
20/11/1997 20/12/1997 2,1841 19/1/1998 19/2/1998 1,8913 18/3/1998 18/4/1998 1,0904
21/11/1997 21/12/1997 2,0599 20/1/1998 20/2/1998 1,8719 19/3/1998 19/4/1998 0,9399
22/11/1997 22/12/1997 1,9198 21/1/1998 21/2/1998 1,9193 20/3/1998 20/4/1998 0,8402

77
PERÍCIA CONTÁBIL EM MATÉRIA FINANCEIRA – Prof. Remo Dalla Zanna (MS)

data início data fim % data início data fim % data início data fim %
21/3/1998 21/4/1998 0,8387 19/5/1998 19/6/1998 1,1276 17/7/1998 17/8/1998 0,8879
22/3/1998 22/4/1998 0,8387 20/5/1998 20/6/1998 1,0952 18/7/1998 18/8/1998 0,8801
23/3/1998 23/4/1998 0,926 21/5/1998 21/6/1998 0,9506 19/7/1998 19/8/1998 0,9503
24/3/1998 24/4/1998 0,8746 22/5/1998 22/6/1998 0,9195 20/7/1998 20/8/1998 1,0119
25/3/1998 25/4/1998 0,9123 23/5/1998 23/6/1998 0,921 21/7/1998 21/8/1998 1,0253
26/3/1998 26/4/1998 0,8135 24/5/1998 24/6/1998 0,9993 22/7/1998 22/8/1998 1,0216
27/3/1998 27/4/1998 0,7238 25/5/1998 25/6/1998 1,0794 23/7/1998 23/8/1998 0,9164
28/3/1998 28/4/1998 0,7266 26/5/1998 26/6/1998 1,0708 24/7/1998 24/8/1998 0,8452
1/4/1998 1/5/1998 0,9744 27/5/1998 27/6/1998 1,1079 25/7/1998 25/8/1998 0,8424
2/4/1998 2/5/1998 0,8753 28/5/1998 28/6/1998 0,9618 26/7/1998 26/8/1998 0,9107
3/4/1998 3/5/1998 0,8252 1/6/1998 1/7/1998 0,9938 27/7/1998 27/8/1998 0,9761
4/4/1998 4/5/1998 0,737 2/6/1998 2/7/1998 0,9793 28/7/1998 28/8/1998 0,9878
5/4/1998 5/5/1998 0,8238 3/6/1998 3/7/1998 0,972 1/8/1998 1/9/1998 0,8768
6/4/1998 6/5/1998 0,9092 4/6/1998 4/7/1998 0,973 2/8/1998 2/9/1998 0,9444
7/4/1998 7/5/1998 0,8597 5/6/1998 5/7/1998 0,9144 3/8/1998 3/9/1998 1,002
8/4/1998 8/5/1998 0,853 6/6/1998 6/7/1998 0,8212 4/8/1998 4/9/1998 1,0107
9/4/1998 9/5/1998 0,8329 7/6/1998 7/7/1998 0,8983 5/8/1998 5/9/1998 1,0308
10/4/1998 10/5/1998 0,8329 8/6/1998 8/7/1998 0,9586 6/8/1998 6/9/1998 0,9401
11/4/1998 11/5/1998 0,8329 9/6/1998 9/7/1998 0,9592 7/8/1998 7/9/1998 0,8693
12/4/1998 12/5/1998 0,9154 10/6/1998 10/7/1998 0,9382 8/8/1998 8/9/1998 0,8031
13/4/1998 13/5/1998 0,9758 11/6/1998 11/7/1998 0,955 9/8/1998 9/9/1998 0,8704
14/4/1998 14/5/1998 0,9754 12/6/1998 12/7/1998 0,9718 10/8/1998 10/9/1998 0,939
15/4/1998 15/5/1998 0,954 13/6/1998 13/7/1998 0,9137 11/8/1998 11/9/1998 0,9489
16/4/1998 16/5/1998 0,9932 14/6/1998 14/7/1998 0,9916 12/8/1998 12/9/1998 0,9505
17/4/1998 17/5/1998 0,892 15/6/1998 15/7/1998 1,0903 13/8/1998 13/9/1998 0,8849
18/4/1998 18/5/1998 0,804 16/6/1998 16/7/1998 1,0446 14/8/1998 14/9/1998 0,8257
19/4/1998 19/5/1998 0,885 17/6/1998 17/7/1998 1,0229 15/8/1998 15/9/1998 0,8165
20/4/1998 20/5/1998 0,9588 18/6/1998 18/7/1998 1,0002 16/8/1998 16/9/1998 0,8845
21/4/1998 21/5/1998 0,9652 19/6/1998 19/7/1998 0,911 17/8/1998 17/9/1998 0,9423
22/4/1998 22/5/1998 1,0531 20/6/1998 20/7/1998 0,8349 18/8/1998 18/9/1998 0,9478
23/4/1998 23/5/1998 1,0553 21/6/1998 21/7/1998 0,9088 19/8/1998 19/9/1998 0,9465
24/4/1998 24/5/1998 0,9581 22/6/1998 22/7/1998 0,9805 20/8/1998 20/9/1998 0,8913
25/4/1998 25/5/1998 0,8863 23/6/1998 23/7/1998 0,9473 21/8/1998 21/9/1998 0,8803
26/4/1998 26/5/1998 0,9674 24/6/1998 24/7/1998 0,9716 22/8/1998 22/9/1998 0,8653
27/4/1998 27/5/1998 1,0584 25/6/1998 25/7/1998 0,9896 23/8/1998 23/9/1998 0,9359
28/4/1998 28/5/1998 1,0465 26/6/1998 26/7/1998 0,9067 24/8/1998 24/9/1998 0,99
1/5/1998 1/6/1998 0,9566 27/6/1998 27/7/1998 0,8255 25/8/1998 25/9/1998 0,9383
2/5/1998 2/6/1998 1,0367 28/6/1998 28/7/1998 0,899 26/8/1998 26/9/1998 0,9683
3/5/1998 3/6/1998 1,1169 1/7/1998 1/8/1998 1,0531 27/8/1998 27/9/1998 0,9492
4/5/1998 4/6/1998 1,2061 2/7/1998 2/8/1998 0,9992 28/8/1998 28/9/1998 1,0332
5/5/1998 5/6/1998 1,1876 3/7/1998 3/8/1998 0,9027 1/9/1998 1/10/1998 0,9535
6/5/1998 6/6/1998 1,2154 4/7/1998 4/8/1998 0,9223 2/9/1998 2/10/1998 0,9329
7/5/1998 7/6/1998 1,1014 5/7/1998 5/8/1998 0,9946 3/9/1998 3/10/1998 0,9095
8/5/1998 8/6/1998 1,0414 6/7/1998 6/8/1998 1,0883 4/9/1998 4/10/1998 0,9704
9/5/1998 9/6/1998 1,0367 7/7/1998 7/8/1998 1,0395 5/9/1998 5/10/1998 1,0795
10/5/1998 10/6/1998 1,1169 8/7/1998 8/8/1998 1,0402 6/9/1998 6/10/1998 1,1651
11/5/1998 11/6/1998 1,192 9/7/1998 9/8/1998 0,9607 7/9/1998 7/10/1998 1,2508
12/5/1998 12/6/1998 1,1126 10/7/1998 10/8/1998 0,8964 8/9/1998 8/10/1998 1,5516
13/5/1998 13/6/1998 1,1265 11/7/1998 11/8/1998 0,8965 9/9/1998 9/10/1998 1,5816
14/5/1998 14/6/1998 1,0194 12/7/1998 12/8/1998 0,9675 10/9/1998 10/10/1998 1,7864
15/5/1998 15/6/1998 0,9685 13/7/1998 13/8/1998 1,0388 11/9/1998 11/10/1998 1,9486
16/5/1998 16/6/1998 0,9646 14/7/1998 14/8/1998 1,0316 12/9/1998 12/10/1998 1,774
17/5/1998 17/6/1998 1,0452 15/7/1998 15/8/1998 1,0705 13/9/1998 13/10/1998 1,774
18/5/1998 18/6/1998 1,1215 16/7/1998 16/8/1998 0,9759 14/9/1998 14/10/1998 1,8331

78
PERÍCIA CONTÁBIL EM MATÉRIA FINANCEIRA – Prof. Remo Dalla Zanna (MS)

data início data fim % data início data fim % data início data fim %
15/9/1998 15/10/1998 1,5653 13/11/1998 13/12/1998 0,9598 11/1/1999 11/2/1999 1,3974
16/9/1998 16/10/1998 1,4384 14/11/1998 14/12/1998 0,8337 12/1/1999 12/2/1999 1,4314
17/9/1998 17/10/1998 1,6579 15/11/1998 15/12/1998 0,9398 13/1/1999 13/2/1999 1,4717
18/9/1998 18/10/1998 1,5473 16/11/1998 16/12/1998 1,0251 14/1/1999 14/2/1999 1,522
19/9/1998 19/10/1998 1,5616 17/11/1998 17/12/1998 1,0014 15/1/1999 15/2/1999 1,2633
20/9/1998 20/10/1998 1,6732 18/11/1998 18/12/1998 0,9783 16/1/1999 16/2/1999 1,1571
21/9/1998 21/10/1998 1,9173 19/11/1998 19/12/1998 0,9578 17/1/1999 17/2/1999 1,1571
22/9/1998 22/10/1998 1,8461 20/11/1998 20/12/1998 0,8252 18/1/1999 18/2/1999 1,2626
23/9/1998 23/10/1998 1,8296 21/11/1998 21/12/1998 0,724 19/1/1999 19/2/1999 1,3891
24/9/1998 24/10/1998 1,8651 22/11/1998 22/12/1998 0,8246 20/1/1999 20/2/1999 1,4025
25/9/1998 25/10/1998 1,7916 23/11/1998 23/12/1998 0,9247 21/1/1999 21/2/1999 1,502
26/9/1998 26/10/1998 1,6516 24/11/1998 24/12/1998 0,9367 22/1/1999 22/2/1999 1,5091
27/9/1998 27/10/1998 1,768 25/11/1998 25/12/1998 0,8829 23/1/1999 23/2/1999 1,3816
28/9/1998 28/10/1998 1,8597 26/11/1998 26/12/1998 0,8257 24/1/1999 24/2/1999 1,505
1/10/1998 1/11/1998 1,3936 27/11/1998 27/12/1998 0,7633 25/1/1999 25/2/1999 1,4875
2/10/1998 2/11/1998 1,2527 28/11/1998 28/12/1998 0,6358 26/1/1999 26/2/1999 1,6718
3/10/1998 3/11/1998 1,1801 1/12/1998 1/1/1999 1,2471 27/1/1999 27/2/1999 1,7596
4/10/1998 4/11/1998 1,3022 2/12/1998 2/1/1999 1,1555 28/1/1999 28/2/1999 1,7905
5/10/1998 5/11/1998 1,4765 3/12/1998 3/1/1999 1,1007 1/2/1999 1/3/1999 1,3339
6/10/1998 6/11/1998 1,4341 4/12/1998 4/1/1999 0,9996 2/2/1999 2/3/1999 1,0734
7/10/1998 7/11/1998 1,4371 5/12/1998 5/1/1999 0,9961 3/2/1999 3/3/1999 1,1676
8/10/1998 8/11/1998 1,3153 6/12/1998 6/1/1999 1,0989 4/2/1999 4/3/1999 1,3957
9/10/1998 9/11/1998 1,1854 7/12/1998 7/1/1999 1,1979 5/2/1999 5/3/1999 1,2274
10/10/1998 10/11/1998 1,2149 8/12/1998 8/1/1999 1,1932 6/2/1999 6/3/1999 1,2411
11/10/1998 11/11/1998 1,3388 9/12/1998 9/1/1999 1,1176 7/2/1999 7/3/1999 1,2411
12/10/1998 12/11/1998 1,4629 10/12/1998 10/1/1999 1,033 8/2/1999 8/3/1999 1,2549
13/10/1998 13/11/1998 1,6214 11/12/1998 11/1/1999 0,9264 9/2/1999 9/3/1999 1,2398
14/10/1998 14/11/1998 1,5927 12/12/1998 12/1/1999 0,9239 10/2/1999 10/3/1999 1,1292
15/10/1998 15/11/1998 1,5159 13/12/1998 13/1/1999 1,0228 11/2/1999 11/3/1999 1,0872
16/10/1998 16/11/1998 1,42 14/12/1998 14/1/1999 1,119 12/2/1999 12/3/1999 1,0741
17/10/1998 17/11/1998 1,4141 15/12/1998 15/1/1999 1,1799 13/2/1999 13/3/1999 1,0444
18/10/1998 18/11/1998 1,5421 16/12/1998 16/1/1999 1,083 14/2/1999 14/3/1999 1,0444
19/10/1998 19/11/1998 1,6638 17/12/1998 17/1/1999 1,0984 15/2/1999 15/3/1999 1,0444
20/10/1998 20/11/1998 1,6037 18/12/1998 18/1/1999 0,927 16/2/1999 16/3/1999 1,1751
21/10/1998 21/11/1998 1,6193 19/12/1998 19/1/1999 0,9292 17/2/1999 17/3/1999 1,2728
22/10/1998 22/11/1998 1,5254 20/12/1998 20/1/1999 1,0284 18/2/1999 18/3/1999 1,2653
23/10/1998 23/11/1998 1,3797 21/12/1998 21/1/1999 1,13 19/2/1999 19/3/1999 1,2652
24/10/1998 24/11/1998 1,3554 22/12/1998 22/1/1999 1,1107 20/2/1999 20/3/1999 1,2664
25/10/1998 25/11/1998 1,4803 23/12/1998 23/1/1999 1,1368 21/2/1999 21/3/1999 1,2664
26/10/1998 26/11/1998 1,5786 24/12/1998 24/1/1999 0,9425 22/2/1999 22/3/1999 1,2677
27/10/1998 27/11/1998 1,5718 25/12/1998 25/1/1999 0,8961 23/2/1999 23/3/1999 1,3418
28/10/1998 28/11/1998 1,6066 26/12/1998 26/1/1999 0,9935 24/2/1999 24/3/1999 1,3239
1/11/1998 1/12/1998 1,1167 27/12/1998 27/1/1999 1,0909 25/2/1999 25/3/1999 1,521
2/11/1998 2/12/1998 1,2375 28/12/1998 28/1/1999 1,2447 26/2/1999 26/3/1999 1,5111
3/11/1998 3/12/1998 1,3174 1/1/1999 1/2/1999 1,0189 27/2/1999 27/3/1999 1,4076
4/11/1998 4/12/1998 1,2518 2/1/1999 2/2/1999 1,1177 28/2/1999 28/3/1999 1,4076
5/11/1998 5/12/1998 1,2097 3/1/1999 3/2/1999 1,2166 1/3/1999 1/4/1999 1,6672
6/11/1998 6/12/1998 1,0938 4/1/1999 4/2/1999 1,239 2/3/1999 2/4/1999 1,63
7/11/1998 7/12/1998 0,9612 5/1/1999 5/2/1999 1,321 3/3/1999 3/4/1999 1,4872
8/11/1998 8/12/1998 1,074 6/1/1999 6/2/1999 1,2943 4/3/1999 4/4/1999 1,4735
9/11/1998 9/12/1998 1,166 7/1/1999 7/2/1999 1,249 5/3/1999 5/4/1999 1,284
10/11/1998 10/12/1998 1,2013 8/1/1999 8/2/1999 1,1166 6/3/1999 6/4/1999 1,2891
11/11/1998 11/12/1998 1,1302 9/1/1999 9/2/1999 1,1545 7/3/1999 7/4/1999 1,4276
12/11/1998 12/12/1998 1,1957 10/1/1999 10/2/1999 1,2551 8/3/1999 8/4/1999 1,5719

79
PERÍCIA CONTÁBIL EM MATÉRIA FINANCEIRA – Prof. Remo Dalla Zanna (MS)

data início data fim % data início data fim % data início data fim %
9/3/1999 9/4/1999 1,4613 8/5/1999 8/6/1999 0,8789 7/7/1999 7/8/1999 0,8305
10/3/1999 10/4/1999 1,4511 9/5/1999 9/6/1999 0,971 8/7/1999 8/8/1999 0,7995
11/3/1999 11/4/1999 1,3575 10/5/1999 10/6/1999 1,0218 9/7/1999 9/8/1999 0,7692
12/3/1999 12/4/1999 1,2441 11/5/1999 11/6/1999 1,01 10/7/1999 10/8/1999 0,7763
13/3/1999 13/4/1999 1,2134 12/5/1999 12/6/1999 1,0177 11/7/1999 11/8/1999 0,8178
14/3/1999 14/4/1999 1,3479 13/5/1999 13/6/1999 0,72 12/7/1999 12/8/1999 0,8583
15/3/1999 15/4/1999 1,4485 14/5/1999 14/6/1999 0,639 13/7/1999 13/8/1999 0,8868
16/3/1999 16/4/1999 1,4563 15/5/1999 15/6/1999 0,6156 14/7/1999 14/8/1999 0,8583
17/3/1999 17/4/1999 1,3691 16/5/1999 16/6/1999 0,6944 15/7/1999 15/8/1999 0,8375
18/3/1999 18/4/1999 1,2525 17/5/1999 17/6/1999 0,7473 16/7/1999 16/8/1999 0,796
19/3/1999 19/4/1999 1,1298 18/5/1999 18/6/1999 0,7211 17/7/1999 17/8/1999 0,7925
20/3/1999 20/4/1999 1,127 19/5/1999 19/6/1999 0,7473 18/7/1999 18/8/1999 0,8252
21/3/1999 21/4/1999 1,2567 20/5/1999 20/6/1999 0,6378 19/7/1999 19/8/1999 0,8642
22/3/1999 22/4/1999 1,2536 21/5/1999 21/6/1999 0,604 20/7/1999 20/8/1999 0,8646
23/3/1999 23/4/1999 1,345 22/5/1999 22/6/1999 0,5922 21/7/1999 21/8/1999 0,8687
24/3/1999 24/4/1999 1,2136 23/5/1999 23/6/1999 0,6696 22/7/1999 22/8/1999 0,8292
25/3/1999 25/4/1999 0,9674 24/5/1999 24/6/1999 0,7342 23/7/1999 23/8/1999 0,7795
26/3/1999 26/4/1999 0,8405 25/5/1999 25/6/1999 0,7655 24/7/1999 24/8/1999 0,7877
27/3/1999 27/4/1999 0,8651 26/5/1999 26/6/1999 0,7109 25/7/1999 25/8/1999 0,8303
28/3/1999 28/4/1999 0,987 27/5/1999 27/6/1999 0,647 26/7/1999 26/8/1999 0,872
1/4/1999 1/5/1999 1,1122 28/5/1999 28/6/1999 0,5982 27/7/1999 27/8/1999 0,8677
2/4/1999 2/5/1999 1,1122 1/6/1999 1/7/1999 0,8124 28/7/1999 28/8/1999 0,8411
3/4/1999 3/5/1999 1,1122 2/6/1999 2/7/1999 0,8102 1/8/1999 1/9/1999 0,796
4/4/1999 4/5/1999 1,2281 3/6/1999 3/7/1999 0,8021 2/8/1999 2/9/1999 0,8292
5/4/1999 5/5/1999 1,3327 4/6/1999 4/7/1999 0,804 3/8/1999 3/9/1999 0,819
6/4/1999 6/5/1999 1,2524 5/6/1999 5/7/1999 0,7712 4/8/1999 4/9/1999 0,8155
7/4/1999 7/5/1999 1,2514 6/6/1999 6/7/1999 0,8161 5/8/1999 5/9/1999 0,7854
8/4/1999 8/5/1999 1,2838 7/6/1999 7/7/1999 0,864 6/8/1999 6/9/1999 0,7607
9/4/1999 9/5/1999 1,0376 8/6/1999 8/7/1999 0,8564 7/8/1999 7/9/1999 0,7598
10/4/1999 10/5/1999 0,9718 9/6/1999 9/7/1999 0,8339 8/8/1999 8/9/1999 0,7598
11/4/1999 11/5/1999 1,0801 10/6/1999 10/7/1999 0,8305 9/8/1999 9/9/1999 0,7985
12/4/1999 12/5/1999 1,2331 11/6/1999 11/7/1999 0,7978 10/8/1999 10/9/1999 0,8064
13/4/1999 13/5/1999 1,1296 12/6/1999 12/7/1999 0,7477 11/8/1999 11/9/1999 0,7845
14/4/1999 14/5/1999 1,078 13/6/1999 13/7/1999 0,7903 12/8/1999 12/9/1999 0,7613
15/4/1999 15/5/1999 1,1191 14/6/1999 14/7/1999 0,8149 13/8/1999 13/9/1999 0,7079
16/4/1999 16/5/1999 1,0163 15/6/1999 15/7/1999 0,8113 14/8/1999 14/9/1999 0,7168
17/4/1999 17/5/1999 0,8854 16/6/1999 16/7/1999 0,8095 15/8/1999 15/9/1999 0,7559
18/4/1999 18/5/1999 0,989 17/6/1999 17/7/1999 0,8237 16/8/1999 16/9/1999 0,7958
19/4/1999 19/5/1999 1,0641 18/6/1999 18/7/1999 0,7711 17/8/1999 17/9/1999 0,8061
20/4/1999 20/5/1999 1,084 19/6/1999 19/7/1999 0,734 18/8/1999 18/9/1999 0,7976
21/4/1999 21/5/1999 1,0763 20/6/1999 20/7/1999 0,7644 19/8/1999 19/9/1999 0,7546
22/4/1999 22/5/1999 1,1712 21/6/1999 21/7/1999 0,7978 20/8/1999 20/9/1999 0,7382
23/4/1999 23/5/1999 1,017 22/6/1999 22/7/1999 0,7858 21/8/1999 21/9/1999 0,7347
24/4/1999 24/5/1999 0,9153 23/6/1999 23/7/1999 0,7917 22/8/1999 22/9/1999 0,7757
25/4/1999 25/5/1999 1,0153 24/6/1999 24/7/1999 0,8276 23/8/1999 23/9/1999 0,8019
26/4/1999 26/5/1999 1,1136 25/6/1999 25/7/1999 0,8187 24/8/1999 24/9/1999 0,8084
27/4/1999 27/5/1999 1,1226 26/6/1999 26/7/1999 0,7669 25/8/1999 25/9/1999 0,8062
28/4/1999 28/5/1999 1,1083 27/6/1999 27/7/1999 0,8011 26/8/1999 26/9/1999 0,7655
1/5/1999 1/6/1999 1,079 28/6/1999 28/7/1999 0,8262 27/8/1999 27/9/1999 0,7153
2/5/1999 2/6/1999 1,1765 1/7/1999 1/8/1999 0,7948 28/8/1999 28/9/1999 0,7164
3/5/1999 3/6/1999 1,2757 2/7/1999 2/8/1999 0,7571 1/9/1999 1/10/1999 0,7729
4/5/1999 4/6/1999 1,1456 3/7/1999 3/8/1999 0,7719 2/9/1999 2/10/1999 0,7317
5/5/1999 5/6/1999 1,1787 4/7/1999 4/8/1999 0,8027 3/9/1999 3/10/1999 0,6948
6/5/1999 6/6/1999 1,0206 5/7/1999 5/8/1999 0,8497 4/9/1999 4/10/1999 0,6758
7/5/1999 7/6/1999 0,9165 6/7/1999 6/8/1999 0,8343 5/9/1999 5/10/1999 0,7043

80
PERÍCIA CONTÁBIL EM MATÉRIA FINANCEIRA – Prof. Remo Dalla Zanna (MS)

data início data fim % data início data fim % data início data fim %
6/9/1999 6/10/1999 0,7534 5/11/1999 5/12/1999 0,6684 4/1/2000 4/2/2000 0,7966
7/9/1999 7/10/1999 0,7466 6/11/1999 6/12/1999 0,643 5/1/2000 5/2/2000 0,7984
8/9/1999 8/10/1999 0,7787 7/11/1999 7/12/1999 0,6782 6/1/2000 6/2/2000 0,7528
9/9/1999 9/10/1999 0,7677 8/11/1999 8/12/1999 0,7136 7/1/2000 7/2/2000 0,7343
10/9/1999 10/10/1999 0,7268 9/11/1999 9/12/1999 0,7104 8/1/2000 8/2/2000 0,7296
11/9/1999 11/10/1999 0,6976 10/11/1999 10/12/1999 0,729 9/1/2000 9/2/2000 0,7665
12/9/1999 12/10/1999 0,7352 11/11/1999 11/12/1999 0,7367 10/1/2000 10/2/2000 0,7984
13/9/1999 13/10/1999 0,7436 12/11/1999 12/12/1999 0,6888 11/1/2000 11/2/2000 0,784
14/9/1999 14/10/1999 0,7543 13/11/1999 13/12/1999 0,6602 12/1/2000 12/2/2000 0,7797
15/9/1999 15/10/1999 0,7594 14/11/1999 14/12/1999 0,6974 13/1/2000 13/2/2000 0,7664
16/9/1999 16/10/1999 0,7476 15/11/1999 15/12/1999 0,7345 14/1/2000 14/2/2000 0,7235
17/9/1999 17/10/1999 0,6948 16/11/1999 16/12/1999 0,772 15/1/2000 15/2/2000 0,7177
18/9/1999 18/10/1999 0,6618 17/11/1999 17/12/1999 0,7816 16/1/2000 16/2/2000 0,7541
19/9/1999 19/10/1999 0,6994 18/11/1999 18/12/1999 0,7833 17/1/2000 17/2/2000 0,7949
20/9/1999 20/10/1999 0,7421 19/11/1999 19/12/1999 0,7421 18/1/2000 18/2/2000 0,7864
21/9/1999 21/10/1999 0,745 20/11/1999 20/12/1999 0,6935 19/1/2000 19/2/2000 0,7814
22/9/1999 22/10/1999 0,7358 21/11/1999 21/12/1999 0,7308 20/1/2000 20/2/2000 0,7451
23/9/1999 23/10/1999 0,7553 22/11/1999 22/12/1999 0,7665 21/1/2000 21/2/2000 0,7151
24/9/1999 24/10/1999 0,6958 23/11/1999 23/12/1999 0,7896 22/1/2000 22/2/2000 0,7096
25/9/1999 25/10/1999 0,6636 24/11/1999 24/12/1999 0,7811 23/1/2000 23/2/2000 0,7446
26/9/1999 26/10/1999 0,7009 25/11/1999 25/12/1999 0,7944 24/1/2000 24/2/2000 0,7627
27/9/1999 27/10/1999 0,7337 26/11/1999 26/12/1999 0,7277 25/1/2000 25/2/2000 0,7794
28/9/1999 28/10/1999 0,7449 27/11/1999 27/12/1999 0,6982 26/1/2000 26/2/2000 0,7967
1/10/1999 1/11/1999 0,7276 28/11/1999 28/12/1999 0,7254 27/1/2000 27/2/2000 0,7635
2/10/1999 2/11/1999 0,7135 1/12/1999 1/1/2000 0,8013 28/1/2000 28/2/2000 0,7257
3/10/1999 3/11/1999 0,7135 2/12/1999 2/1/2000 0,7668 1/2/2000 1/3/2000 0,734
4/10/1999 4/11/1999 0,7371 3/12/1999 3/1/2000 0,7379 2/2/2000 2/3/2000 0,7203
5/10/1999 5/11/1999 0,7343 4/12/1999 4/1/2000 0,7338 3/2/2000 3/3/2000 0,7333
6/10/1999 6/11/1999 0,717 5/12/1999 5/1/2000 0,7712 4/2/2000 4/3/2000 0,7077
7/10/1999 7/11/1999 0,7104 6/12/1999 6/1/2000 0,8043 5/2/2000 5/3/2000 0,6675
8/10/1999 8/11/1999 0,6495 7/12/1999 7/1/2000 0,797 6/2/2000 6/3/2000 0,6675
9/10/1999 9/11/1999 0,6484 8/12/1999 8/1/2000 0,8 7/2/2000 7/3/2000 0,6622
10/10/1999 10/11/1999 0,6842 9/12/1999 9/1/2000 0,7867 8/2/2000 8/3/2000 0,6666
11/10/1999 11/11/1999 0,719 10/12/1999 10/1/2000 0,7361 9/2/2000 9/3/2000 0,6575
12/10/1999 12/11/1999 0,7214 11/12/1999 11/1/2000 0,7285 10/2/2000 10/3/2000 0,6599
13/10/1999 13/11/1999 0,75 12/12/1999 12/1/2000 0,7659 11/2/2000 11/3/2000 0,6371
14/10/1999 14/11/1999 0,7263 13/12/1999 13/1/2000 0,7941 12/2/2000 12/3/2000 0,6087
15/10/1999 15/11/1999 0,7065 14/12/1999 14/1/2000 0,8016 13/2/2000 13/3/2000 0,6087
16/10/1999 16/11/1999 0,668 15/12/1999 15/1/2000 0,7963 14/2/2000 14/3/2000 0,6506
17/10/1999 17/11/1999 0,706 16/12/1999 16/1/2000 0,7751 15/2/2000 15/3/2000 0,6579
18/10/1999 18/11/1999 0,7333 17/12/1999 17/1/2000 0,7269 16/2/2000 16/3/2000 0,6592
19/10/1999 19/11/1999 0,7157 18/12/1999 18/1/2000 0,7293 17/2/2000 17/3/2000 0,6628
20/10/1999 20/11/1999 0,7305 19/12/1999 19/1/2000 0,7662 18/2/2000 18/3/2000 0,6388
21/10/1999 21/11/1999 0,6889 20/12/1999 20/1/2000 0,795 19/2/2000 19/3/2000 0,6086
22/10/1999 22/11/1999 0,6531 21/12/1999 21/1/2000 0,8195 20/2/2000 20/3/2000 0,6086
23/10/1999 23/11/1999 0,6572 22/12/1999 22/1/2000 0,757 21/2/2000 21/3/2000 0,6498
24/10/1999 24/11/1999 0,6836 23/12/1999 23/1/2000 0,7581 22/2/2000 22/3/2000 0,6444
25/10/1999 25/11/1999 0,7235 24/12/1999 24/1/2000 0,7071 23/2/2000 23/3/2000 0,658
26/10/1999 26/11/1999 0,731 25/12/1999 25/1/2000 0,7162 24/2/2000 24/3/2000 0,6603
27/10/1999 27/11/1999 0,7132 26/12/1999 26/1/2000 0,752 25/2/2000 25/3/2000 0,6402
28/10/1999 28/11/1999 0,6741 27/12/1999 27/1/2000 0,7985 26/2/2000 26/3/2000 0,6112
1/11/1999 1/12/1999 0,7008 28/12/1999 28/1/2000 0,8091 27/2/2000 27/3/2000 0,6112
2/11/1999 2/12/1999 0,6936 1/1/2000 1/2/2000 0,716 28/2/2000 28/3/2000 0,6539
3/11/1999 3/12/1999 0,7333 2/1/2000 2/2/2000 0,7523 1/3/2000 1/4/2000 0,7253
4/11/1999 4/12/1999 0,7399 3/1/2000 3/2/2000 0,7774 2/3/2000 2/4/2000 0,6854

81
PERÍCIA CONTÁBIL EM MATÉRIA FINANCEIRA – Prof. Remo Dalla Zanna (MS)

data início data fim % data início data fim % data início data fim %
3/3/2000 3/4/2000 0,6537 2/5/2000 2/6/2000 0,7968 1/7/2000 1/8/2000 0,6555
4/3/2000 4/4/2000 0,6387 3/5/2000 3/6/2000 0,7724 2/7/2000 2/8/2000 0,6859
5/3/2000 5/4/2000 0,6736 4/5/2000 4/6/2000 0,7487 3/7/2000 3/8/2000 0,727
6/3/2000 6/4/2000 0,7083 5/5/2000 5/6/2000 0,7229 4/7/2000 4/8/2000 0,7162
7/3/2000 7/4/2000 0,7433 6/5/2000 6/6/2000 0,7153 5/7/2000 5/8/2000 0,7434
8/3/2000 8/4/2000 0,7579 7/5/2000 7/6/2000 0,7516 6/7/2000 6/8/2000 0,7103
9/3/2000 9/4/2000 0,7532 8/5/2000 8/6/2000 0,7794 7/7/2000 7/8/2000 0,6567
10/3/2000 10/4/2000 0,7194 9/5/2000 9/6/2000 0,8136 8/7/2000 8/8/2000 0,6498
11/3/2000 11/4/2000 0,7189 10/5/2000 10/6/2000 0,7694 9/7/2000 9/8/2000 0,6901
12/3/2000 12/4/2000 0,7553 11/5/2000 11/6/2000 0,7668 10/7/2000 10/8/2000 0,7129
13/3/2000 13/4/2000 0,792 12/5/2000 12/6/2000 0,7078 11/7/2000 11/8/2000 0,739
14/3/2000 14/4/2000 0,7729 13/5/2000 13/6/2000 0,717 12/7/2000 12/8/2000 0,7131
15/3/2000 15/4/2000 0,7654 14/5/2000 14/6/2000 0,7528 13/7/2000 13/8/2000 0,6726
16/3/2000 16/4/2000 0,7741 15/5/2000 15/6/2000 0,7886 14/7/2000 14/8/2000 0,652
17/3/2000 17/4/2000 0,7302 16/5/2000 16/6/2000 0,7876 15/7/2000 15/8/2000 0,6586
18/3/2000 18/4/2000 0,723 17/5/2000 17/6/2000 0,7838 16/7/2000 16/8/2000 0,6887
19/3/2000 19/4/2000 0,7596 18/5/2000 18/6/2000 0,7469 17/7/2000 17/8/2000 0,7162
20/3/2000 20/4/2000 0,7883 19/5/2000 19/6/2000 0,7086 18/7/2000 18/8/2000 0,7069
21/3/2000 21/4/2000 0,7929 20/5/2000 20/6/2000 0,7189 19/7/2000 19/8/2000 0,726
22/3/2000 22/4/2000 0,7333 21/5/2000 21/6/2000 0,7548 20/7/2000 20/8/2000 0,6692
23/3/2000 23/4/2000 0,7175 22/5/2000 22/6/2000 0,793 21/7/2000 21/8/2000 0,6275
24/3/2000 24/4/2000 0,6775 23/5/2000 23/6/2000 0,7532 22/7/2000 22/8/2000 0,6353
25/3/2000 25/4/2000 0,6728 24/5/2000 24/6/2000 0,7384 23/7/2000 23/8/2000 0,6634
26/3/2000 26/4/2000 0,7081 25/5/2000 25/6/2000 0,7201 24/7/2000 24/8/2000 0,6999
27/3/2000 27/4/2000 0,7383 26/5/2000 26/6/2000 0,6806 25/7/2000 25/8/2000 0,6969
28/3/2000 28/4/2000 0,725 27/5/2000 27/6/2000 0,6718 26/7/2000 26/8/2000 0,7016
1/4/2000 1/5/2000 0,6308 28/5/2000 28/6/2000 0,707 27/7/2000 27/8/2000 0,6546
2/4/2000 2/5/2000 0,6308 1/6/2000 1/7/2000 0,7151 28/7/2000 28/8/2000 0,6363
3/4/2000 3/5/2000 0,6732 2/6/2000 2/7/2000 0,6518 1/8/2000 1/9/2000 0,7035
4/4/2000 4/5/2000 0,6792 3/6/2000 3/7/2000 0,6299 2/8/2000 2/9/2000 0,6947
5/4/2000 5/5/2000 0,6786 4/6/2000 4/7/2000 0,6644 3/8/2000 3/9/2000 0,6646
6/4/2000 6/5/2000 0,6724 5/6/2000 5/7/2000 0,7126 4/8/2000 4/9/2000 0,6207
7/4/2000 7/5/2000 0,625 6/6/2000 6/7/2000 0,7 5/8/2000 5/9/2000 0,6264
8/4/2000 8/5/2000 0,5979 7/6/2000 7/7/2000 0,7017 6/8/2000 6/9/2000 0,6542
9/4/2000 9/5/2000 0,6318 8/6/2000 8/7/2000 0,7168 7/8/2000 7/9/2000 0,6881
10/4/2000 10/5/2000 0,6735 9/6/2000 9/7/2000 0,6579 8/8/2000 8/9/2000 0,6496
11/4/2000 11/5/2000 0,6649 10/6/2000 10/7/2000 0,635 9/8/2000 9/9/2000 0,6649
12/4/2000 12/5/2000 0,69 11/6/2000 11/7/2000 0,669 10/8/2000 10/9/2000 0,6337
13/4/2000 13/5/2000 0,6797 12/6/2000 12/7/2000 0,7052 11/8/2000 11/9/2000 0,5935
14/4/2000 14/5/2000 0,6319 13/6/2000 13/7/2000 0,6893 12/8/2000 12/9/2000 0,594
15/4/2000 15/5/2000 0,6086 14/6/2000 14/7/2000 0,7035 13/8/2000 13/9/2000 0,6213
16/4/2000 16/5/2000 0,6436 15/6/2000 15/7/2000 0,6933 14/8/2000 14/9/2000 0,6593
17/4/2000 17/5/2000 0,6814 16/6/2000 16/7/2000 0,6629 15/8/2000 15/9/2000 0,6652
18/4/2000 18/5/2000 0,6881 17/6/2000 17/7/2000 0,6309 16/8/2000 16/9/2000 0,6573
19/4/2000 19/5/2000 0,6804 18/6/2000 18/7/2000 0,6653 17/8/2000 17/9/2000 0,6287
20/4/2000 20/5/2000 0,6718 19/6/2000 19/7/2000 0,7022 18/8/2000 18/9/2000 0,5985
21/4/2000 21/5/2000 0,6446 20/6/2000 20/7/2000 0,6986 19/8/2000 19/9/2000 0,5989
22/4/2000 22/5/2000 0,6446 21/6/2000 21/7/2000 0,675 20/8/2000 20/9/2000 0,6264
23/4/2000 23/5/2000 0,6804 22/6/2000 22/7/2000 0,6607 21/8/2000 21/9/2000 0,6546
24/4/2000 24/5/2000 0,7153 23/6/2000 23/7/2000 0,6464 22/8/2000 22/9/2000 0,6588
25/4/2000 25/5/2000 0,7185 24/6/2000 24/7/2000 0,6266 23/8/2000 23/9/2000 0,6552
26/4/2000 26/5/2000 0,7061 25/6/2000 25/7/2000 0,6572 24/8/2000 24/9/2000 0,6431
27/4/2000 27/5/2000 0,7394 26/6/2000 26/7/2000 0,6994 25/8/2000 25/9/2000 0,5962
28/4/2000 28/5/2000 0,6713 27/6/2000 27/7/2000 0,7021 26/8/2000 26/9/2000 0,598
1/5/2000 1/6/2000 0,7504 28/6/2000 28/7/2000 0,6914 27/8/2000 27/9/2000 0,6359

82
PERÍCIA CONTÁBIL EM MATÉRIA FINANCEIRA – Prof. Remo Dalla Zanna (MS)

data início data fim % data início data fim % data início data fim %
28/8/2000 28/9/2000 0,6669 26/10/2000 26/11/2000 0,6055 24/12/2000 24/1/2001 0,5889
1/9/2000 1/10/2000 0,6043 27/10/2000 27/11/2000 0,587 25/12/2000 25/1/2001 0,6156
2/9/2000 2/10/2000 0,5691 28/10/2000 28/11/2000 0,5878 26/12/2000 26/1/2001 0,6428
3/9/2000 3/10/2000 0,5972 1/11/2000 1/12/2000 0,6203 27/12/2000 27/1/2001 0,6467
4/9/2000 4/10/2000 0,6276 2/11/2000 2/12/2000 0,6165 28/12/2000 28/1/2001 0,6131
5/9/2000 5/10/2000 0,6314 3/11/2000 3/12/2000 0,6126 1/1/2001 1/2/2001 0,6376
6/9/2000 6/10/2000 0,6404 4/11/2000 4/12/2000 0,5809 2/1/2001 2/2/2001 0,6611
7/9/2000 7/10/2000 0,6327 5/11/2000 5/12/2000 0,6099 3/1/2001 3/2/2001 0,6632
8/9/2000 8/10/2000 0,625 6/11/2000 6/12/2000 0,6464 4/1/2001 4/2/2001 0,6331
9/9/2000 9/10/2000 0,6001 7/11/2000 7/12/2000 0,658 5/1/2001 5/2/2001 0,5941
10/9/2000 10/10/2000 0,6276 8/11/2000 8/12/2000 0,6554 6/1/2001 6/2/2001 0,5995
11/9/2000 11/10/2000 0,6686 9/11/2000 9/12/2000 0,6455 7/1/2001 7/2/2001 0,6244
12/9/2000 12/10/2000 0,663 10/11/2000 10/12/2000 0,5985 8/1/2001 8/2/2001 0,6553
13/9/2000 13/10/2000 0,6395 11/11/2000 11/12/2000 0,5792 9/1/2001 9/2/2001 0,6574
14/9/2000 14/10/2000 0,6537 12/11/2000 12/12/2000 0,6081 10/1/2001 10/2/2001 0,6579
15/9/2000 15/10/2000 0,6018 13/11/2000 13/12/2000 0,6581 11/1/2001 11/2/2001 0,6309
16/9/2000 16/10/2000 0,5817 14/11/2000 14/12/2000 0,654 12/1/2001 12/2/2001 0,5877
17/9/2000 17/10/2000 0,6102 15/11/2000 15/12/2000 0,6494 13/1/2001 13/2/2001 0,5944
18/9/2000 18/10/2000 0,6479 16/11/2000 16/12/2000 0,6743 14/1/2001 14/2/2001 0,619
19/9/2000 19/10/2000 0,6364 17/11/2000 17/12/2000 0,6451 15/1/2001 15/2/2001 0,6511
20/9/2000 20/10/2000 0,6555 18/11/2000 18/12/2000 0,617 16/1/2001 16/2/2001 0,65
21/9/2000 21/10/2000 0,6464 19/11/2000 19/12/2000 0,6464 17/1/2001 17/2/2001 0,6444
22/9/2000 22/10/2000 0,5858 20/11/2000 20/12/2000 0,6774 18/1/2001 18/2/2001 0,6068
23/9/2000 23/10/2000 0,5652 21/11/2000 21/12/2000 0,677 19/1/2001 19/2/2001 0,5852
24/9/2000 24/10/2000 0,603 22/11/2000 22/12/2000 0,6679 20/1/2001 20/2/2001 0,6394
25/9/2000 25/10/2000 0,639 23/11/2000 23/12/2000 0,6624 21/1/2001 21/2/2001 0,6638
26/9/2000 26/10/2000 0,6368 24/11/2000 24/12/2000 0,6318 22/1/2001 22/2/2001 0,703
27/9/2000 27/10/2000 0,6556 25/11/2000 25/12/2000 0,6022 23/1/2001 23/2/2001 0,6922
28/9/2000 28/10/2000 0,6382 26/11/2000 26/12/2000 0,6022 24/1/2001 24/2/2001 0,6661
1/10/2000 1/11/2000 0,6323 27/11/2000 27/12/2000 0,6292 25/1/2001 25/2/2001 0,6384
2/10/2000 2/11/2000 0,6609 28/11/2000 28/12/2000 0,6389 26/1/2001 26/2/2001 0,6287
3/10/2000 3/11/2000 0,645 1/12/2000 1/1/2001 0,5996 27/1/2001 27/2/2001 0,5966
4/10/2000 4/11/2000 0,6343 2/12/2000 2/1/2001 0,5794 28/1/2001 28/2/2001 0,5966
5/10/2000 5/11/2000 0,5989 3/12/2000 3/1/2001 0,608 1/2/2001 1/3/2001 0,537
6/10/2000 6/11/2000 0,6195 4/12/2000 4/1/2001 0,6453 2/2/2001 2/3/2001 0,5331
7/10/2000 7/11/2000 0,5969 5/12/2000 5/1/2001 0,632 3/2/2001 3/3/2001 0,538
8/10/2000 8/11/2000 0,6378 6/12/2000 6/1/2001 0,6367 4/2/2001 4/3/2001 0,538
9/10/2000 9/11/2000 0,6418 7/12/2000 7/1/2001 0,6125 5/2/2001 5/3/2001 0,5429
10/10/2000 10/11/2000 0,6445 8/12/2000 8/1/2001 0,5869 6/2/2001 6/3/2001 0,5314
11/10/2000 11/11/2000 0,6412 9/12/2000 9/1/2001 0,5815 7/2/2001 7/3/2001 0,5365
12/10/2000 12/11/2000 0,6116 10/12/2000 10/1/2001 0,6107 8/2/2001 8/3/2001 0,5397
13/10/2000 13/11/2000 0,6108 11/12/2000 11/1/2001 0,6328 9/2/2001 9/3/2001 0,5441
14/10/2000 14/11/2000 0,615 12/12/2000 12/1/2001 0,6406 10/2/2001 10/3/2001 0,545
15/10/2000 15/11/2000 0,6438 13/12/2000 13/1/2001 0,6188 11/2/2001 11/3/2001 0,545
16/10/2000 16/11/2000 0,6482 14/12/2000 14/1/2001 0,5946 12/2/2001 12/3/2001 0,536
17/10/2000 17/11/2000 0,6555 15/12/2000 15/1/2001 0,5625 13/2/2001 13/3/2001 0,5465
18/10/2000 18/11/2000 0,6407 16/12/2000 16/1/2001 0,5659 14/2/2001 14/3/2001 0,5407
19/10/2000 19/11/2000 0,6114 17/12/2000 17/1/2001 0,5932 15/2/2001 15/3/2001 0,5426
20/10/2000 20/11/2000 0,5877 18/12/2000 18/1/2001 0,6244 16/2/2001 16/3/2001 0,545
21/10/2000 21/11/2000 0,5854 19/12/2000 19/1/2001 0,6284 17/2/2001 17/3/2001 0,55
22/10/2000 22/11/2000 0,6253 20/12/2000 20/1/2001 0,6188 18/2/2001 18/3/2001 0,55
23/10/2000 23/11/2000 0,6527 21/12/2000 21/1/2001 0,5877 19/2/2001 19/3/2001 0,5551
24/10/2000 24/11/2000 0,6431 22/12/2000 22/1/2001 0,5604 20/2/2001 20/3/2001 0,5501
25/10/2000 25/11/2000 0,6401 23/12/2000 23/1/2001 0,5623 21/2/2001 21/3/2001 0,5534

83
PERÍCIA CONTÁBIL EM MATÉRIA FINANCEIRA – Prof. Remo Dalla Zanna (MS)

data início data fim % data início data fim % data início data fim %
22/2/2001 22/3/2001 0,5488 20/4/2001 20/5/2001 0,6341 18/6/2001 18/7/2001 0,7164
23/2/2001 23/3/2001 0,5316 21/4/2001 21/5/2001 0,6184 19/6/2001 19/7/2001 0,7144
24/2/2001 24/3/2001 0,5348 22/4/2001 22/5/2001 0,6518 20/6/2001 20/7/2001 0,7199
25/2/2001 25/3/2001 0,5348 23/4/2001 23/5/2001 0,7045 21/6/2001 21/7/2001 0,741
26/2/2001 26/3/2001 0,5348 24/4/2001 24/5/2001 0,7147 22/6/2001 22/7/2001 0,6822
27/2/2001 27/3/2001 0,5679 25/4/2001 25/5/2001 0,7265 23/6/2001 23/7/2001 0,6573
28/2/2001 28/3/2001 0,5947 26/4/2001 26/5/2001 0,7177 24/6/2001 24/7/2001 0,6907
1/3/2001 1/4/2001 0,6733 27/4/2001 27/5/2001 0,6292 25/6/2001 25/7/2001 0,7335
2/3/2001 2/4/2001 0,6386 28/4/2001 28/5/2001 0,5929 26/6/2001 26/7/2001 0,7408
3/3/2001 3/4/2001 0,6369 1/5/2001 1/6/2001 0,6836 27/6/2001 27/7/2001 0,743
4/3/2001 4/4/2001 0,6713 2/5/2001 2/6/2001 0,7206 28/6/2001 28/7/2001 0,7756
5/3/2001 5/4/2001 0,6937 3/5/2001 3/6/2001 0,6986 1/7/2001 1/8/2001 0,7453
6/3/2001 6/4/2001 0,7043 4/5/2001 4/6/2001 0,6561 2/7/2001 2/8/2001 0,7863
7/3/2001 7/4/2001 0,71 5/5/2001 5/6/2001 0,6568 3/7/2001 3/8/2001 0,7864
8/3/2001 8/4/2001 0,6719 6/5/2001 6/6/2001 0,6868 4/7/2001 4/8/2001 0,7932
9/3/2001 9/4/2001 0,6427 7/5/2001 7/6/2001 0,7178 5/7/2001 5/8/2001 0,7944
10/3/2001 10/4/2001 0,6405 8/5/2001 8/6/2001 0,7208 6/7/2001 6/8/2001 0,7735
11/3/2001 11/4/2001 0,665 9/5/2001 9/6/2001 0,724 7/7/2001 7/8/2001 0,7692
12/3/2001 12/4/2001 0,6971 10/5/2001 10/6/2001 0,6929 8/7/2001 8/8/2001 0,8104
13/3/2001 13/4/2001 0,6831 11/5/2001 11/6/2001 0,6552 9/7/2001 9/8/2001 0,848
14/3/2001 14/4/2001 0,6679 12/5/2001 12/6/2001 0,6618 10/7/2001 10/8/2001 0,8187
15/3/2001 15/4/2001 0,6351 13/5/2001 13/6/2001 0,6926 11/7/2001 11/8/2001 0,869
16/3/2001 16/4/2001 0,6256 14/5/2001 14/6/2001 0,7305 12/7/2001 12/8/2001 0,8939
17/3/2001 17/4/2001 0,6278 15/5/2001 15/6/2001 0,7296 13/7/2001 13/8/2001 0,8381
18/3/2001 18/4/2001 0,6644 16/5/2001 16/6/2001 0,6936 14/7/2001 14/8/2001 0,8126
19/3/2001 19/4/2001 0,6936 17/5/2001 17/6/2001 0,6618 15/7/2001 15/8/2001 0,8473
20/3/2001 20/4/2001 0,6958 18/5/2001 18/6/2001 0,6316 16/7/2001 16/8/2001 0,8622
21/3/2001 21/4/2001 0,687 19/5/2001 19/6/2001 0,6348 17/7/2001 17/8/2001 0,8544
22/3/2001 22/4/2001 0,6706 20/5/2001 20/6/2001 0,6657 18/7/2001 18/8/2001 0,8725
23/3/2001 23/4/2001 0,6555 21/5/2001 21/6/2001 0,6892 19/7/2001 19/8/2001 0,8256
24/3/2001 24/4/2001 0,6521 22/5/2001 22/6/2001 0,6945 20/7/2001 20/8/2001 0,7818
25/3/2001 25/4/2001 0,6907 23/5/2001 23/6/2001 0,6945 21/7/2001 21/8/2001 0,762
26/3/2001 26/4/2001 0,7267 24/5/2001 24/6/2001 0,6722 22/7/2001 22/8/2001 0,8025
27/3/2001 27/4/2001 0,7205 25/5/2001 25/6/2001 0,6252 23/7/2001 23/8/2001 0,8203
28/3/2001 28/4/2001 0,718 26/5/2001 26/6/2001 0,6332 24/7/2001 24/8/2001 0,8369
1/4/2001 1/5/2001 0,6554 27/5/2001 27/6/2001 0,6645 25/7/2001 25/8/2001 0,8399
2/4/2001 2/5/2001 0,6528 28/5/2001 28/6/2001 0,7055 26/7/2001 26/8/2001 0,7929
3/4/2001 3/5/2001 0,6701 1/6/2001 1/7/2001 0,6465 27/7/2001 27/8/2001 0,7362
4/4/2001 4/5/2001 0,656 2/6/2001 2/7/2001 0,6044 28/7/2001 28/8/2001 0,7467
5/4/2001 5/5/2001 0,6614 3/6/2001 3/7/2001 0,6359 1/8/2001 1/9/2001 0,8453
6/4/2001 6/5/2001 0,6132 4/6/2001 4/7/2001 0,6662 2/8/2001 2/9/2001 0,7912
7/4/2001 7/5/2001 0,5854 5/6/2001 5/7/2001 0,6728 3/8/2001 3/9/2001 0,7407
8/4/2001 8/5/2001 0,6137 6/6/2001 6/7/2001 0,6782 4/8/2001 4/9/2001 0,7552
9/4/2001 9/5/2001 0,6525 7/6/2001 7/7/2001 0,6681 5/8/2001 5/9/2001 0,7947
10/4/2001 10/5/2001 0,6573 8/6/2001 8/7/2001 0,6254 6/8/2001 6/9/2001 0,8411
11/4/2001 11/5/2001 0,6385 9/6/2001 9/7/2001 0,6019 7/8/2001 7/9/2001 0,8202
12/4/2001 12/5/2001 0,6498 10/6/2001 10/7/2001 0,6328 8/8/2001 8/9/2001 0,8016
13/4/2001 13/5/2001 0,6246 11/6/2001 11/7/2001 0,6613 9/8/2001 9/9/2001 0,7453
14/4/2001 14/5/2001 0,6246 12/6/2001 12/7/2001 0,6669 10/8/2001 10/9/2001 0,7094
15/4/2001 15/5/2001 0,6535 13/6/2001 13/7/2001 0,6659 11/8/2001 11/9/2001 0,7197
16/4/2001 16/5/2001 0,6966 14/6/2001 14/7/2001 0,6639 12/8/2001 12/9/2001 0,7594
17/4/2001 17/5/2001 0,7073 15/6/2001 15/7/2001 0,6519 13/8/2001 13/9/2001 0,8015
18/4/2001 18/5/2001 0,6988 16/6/2001 16/7/2001 0,6408 14/8/2001 14/9/2001 0,7973
19/4/2001 19/5/2001 0,6528 17/6/2001 17/7/2001 0,6725 15/8/2001 15/9/2001 0,8023

84
PERÍCIA CONTÁBIL EM MATÉRIA FINANCEIRA – Prof. Remo Dalla Zanna (MS)

data início data fim % data início data fim % data início data fim %
16/8/2001 16/9/2001 0,7357 6/10/2001 6/11/2001 0,6879 23/11/2001 23/12/2001 0,7256
17/8/2001 17/9/2001 0,7158 7/10/2001 7/11/2001 0,7279 24/11/2001 24/12/2001 0,7014
18/8/2001 18/9/2001 0,7146 8/10/2001 8/11/2001 0,7592 25/11/2001 25/12/2001 0,7287
19/8/2001 19/9/2001 0,7541 9/10/2001 9/11/2001 0,7555 26/11/2001 26/12/2001 0,7321
20/8/2001 20/9/2001 0,7923 10/10/2001 10/11/2001 0,766 27/11/2001 27/12/2001 0,7327
21/8/2001 21/9/2001 0,7905 11/10/2001 11/11/2001 0,7295 28/11/2001 28/12/2001 0,7216
22/8/2001 22/9/2001 0,7943 12/10/2001 12/11/2001 0,6937 1/12/2001 1/1/2002 0,6993
23/8/2001 23/9/2001 0,7436 13/10/2001 13/11/2001 0,7342 2/12/2001 2/1/2002 0,6993
24/8/2001 24/9/2001 0,7052 14/10/2001 14/11/2001 0,7646 3/12/2001 3/1/2002 0,74
25/8/2001 25/9/2001 0,7109 15/10/2001 15/11/2001 0,7992 4/12/2001 4/1/2002 0,7544
26/8/2001 26/9/2001 0,7496 16/10/2001 16/11/2001 0,7491 5/12/2001 5/1/2002 0,7445
27/8/2001 27/9/2001 0,7847 17/10/2001 17/11/2001 0,7561 6/12/2001 6/1/2002 0,6959
28/8/2001 28/9/2001 0,7841 18/10/2001 18/11/2001 0,7166 7/12/2001 7/1/2002 0,6655
1/9/2001 1/10/2001 0,6635 19/10/2001 19/11/2001 0,6791 8/12/2001 8/1/2002 0,6672
2/9/2001 2/10/2001 0,7007 20/10/2001 20/11/2001 0,6742 9/12/2001 9/1/2002 0,7053
3/9/2001 3/10/2001 0,7399 21/10/2001 21/11/2001 0,713 10/12/2001 10/1/2002 0,7452
4/9/2001 4/10/2001 0,7366 22/10/2001 22/11/2001 0,7465 11/12/2001 11/1/2002 0,7425
5/9/2001 5/10/2001 0,7556 23/10/2001 23/11/2001 0,7492 12/12/2001 12/1/2002 0,7235
6/9/2001 6/10/2001 0,7385 24/10/2001 24/11/2001 0,7521 13/12/2001 13/1/2002 0,7094
7/9/2001 7/10/2001 0,7053 25/10/2001 25/11/2001 0,7053 14/12/2001 14/1/2002 0,6646
8/9/2001 8/10/2001 0,7053 26/10/2001 26/11/2001 0,6765 15/12/2001 15/1/2002 0,6681
9/9/2001 9/10/2001 0,7438 27/10/2001 27/11/2001 0,6756 16/12/2001 16/1/2002 0,6958
10/9/2001 10/10/2001 0,7879 28/10/2001 28/11/2001 0,7145 17/12/2001 17/1/2002 0,7372
11/9/2001 11/10/2001 0,7776 1/11/2001 1/12/2001 0,6938 18/12/2001 18/1/2002 0,7326
12/9/2001 12/10/2001 0,7917 2/11/2001 2/12/2001 0,6621 19/12/2001 19/1/2002 0,7445
13/9/2001 13/10/2001 0,744 3/11/2001 3/12/2001 0,6621 20/12/2001 20/1/2002 0,6964
14/9/2001 14/10/2001 0,729 4/11/2001 4/12/2001 0,6998 21/12/2001 21/1/2002 0,6626
15/9/2001 15/10/2001 0,6886 5/11/2001 5/12/2001 0,7439 22/12/2001 22/1/2002 0,6585
16/9/2001 16/10/2001 0,7287 6/11/2001 6/12/2001 0,7431 23/12/2001 23/1/2002 0,685
17/9/2001 17/10/2001 0,7587 7/11/2001 7/12/2001 0,7449 24/12/2001 24/1/2002 0,7048
18/9/2001 18/10/2001 0,7551 8/11/2001 8/12/2001 0,7288 25/12/2001 25/1/2002 0,7229
19/9/2001 19/10/2001 0,7555 9/11/2001 9/12/2001 0,6954 26/12/2001 26/1/2002 0,7688
20/9/2001 20/10/2001 0,7398 10/11/2001 10/12/2001 0,661 27/12/2001 27/1/2002 0,7319
21/9/2001 21/10/2001 0,6999 11/11/2001 11/12/2001 0,6981 28/12/2001 28/1/2002 0,6914
22/9/2001 22/10/2001 0,6867 12/11/2001 12/12/2001 0,7281 1/1/2002 1/2/2002 0,7604
23/9/2001 23/10/2001 0,7163 13/11/2001 13/12/2001 0,741 2/1/2002 2/2/2002 0,7923
24/9/2001 24/10/2001 0,7741 14/11/2001 14/12/2001 0,7447 3/1/2002 3/2/2002 0,747
25/9/2001 25/10/2001 0,7665 15/11/2001 15/12/2001 0,7332 4/1/2002 4/2/2002 0,728
26/9/2001 26/10/2001 0,7711 16/11/2001 16/12/2001 0,7216 5/1/2002 5/2/2002 0,7306
27/9/2001 27/10/2001 0,7535 17/11/2001 17/12/2001 0,6927 6/1/2002 6/2/2002 0,7577
28/9/2001 28/10/2001 0,7113 18/11/2001 18/12/2001 0,7295 7/1/2002 7/2/2002 0,7975
1/10/2001 1/11/2001 0,7928 19/11/2001 19/12/2001 0,7753 8/1/2002 8/2/2002 0,7922
2/10/2001 2/11/2001 0,7889 20/11/2001 20/12/2001 0,7645 9/1/2002 9/2/2002 0,7843
3/10/2001 3/11/2001 0,736 21/11/2001 21/12/2001 0,7588 10/1/2002 10/2/2002 0,7522
4/10/2001 4/11/2001 0,7084 22/11/2001 22/12/2001 0,7619 11/1/2002 11/2/2002 0,7273
5/10/2001 5/11/2001 0,687

85
PERÍCIA CONTÁBIL EM MATÉRIA FINANCEIRA – Prof. Remo Dalla Zanna (MS)

Quesito nº 17: Apresente o digno Perito qual foi o percentual de


spread entre o que o banco pagou aos investidores e cobrou dos
tomadores durante o prazo de análise (CDB´s pré-fixados 30 dias
para operações diversas), tendo em mira que o spread, é medida
pelo diferencial entre as taxas de juros de captação e aplicação e
que segundo a opinião do Sr. ERIVELTO MARTINS, diretor da
AUSTIN ASIS, ´...especialista na análise do setor bancário’:

“O ganho dos bancos é a diferença – ou ‘spread’, como se diz no


jargão financeiro – entre os juros pagos na captação (Certificado
de Depósito Bancário, por exemplo) e no empréstimo.” FOLHA
DE SÃO PAULO, 26/05/1996, CADERNO DE ECONOMIA.

Considere ainda o Sr. expert que os juros são o preço do dinheiro,


isto é, o valor, o aluguel que é cobrado pela utilização por
determinado tempo de determinada soma, de sorte a informar qual a
diferença percentual entre a taxa que o banco pagou e os juros que
cobrou pelos empréstimos.”

Resposta:

O spread bancário funciona da seguinte forma, segundo o livro Mercado Financeiro de Alexandre
Assaf Neto:

O spread bancário é medido pela diferença entre o custo de um empréstimo e a remuneração


paga ao poupador. Há inúmeros fatores que definem o spread cobrado pelo banco, destacando-
se principalmente a liquidez, risco da operação e garantias oferecidas e maturidade.

No Brasil, os fatores que compõem o spread cobrado pelos bancos são apresentados a seguir:
- taxa de captação do banco, incluindo o custo do depósito compulsório sobre a
captação;
- impostos indiretos e contribuições, como Pis, Cofins e IOF. Inclui-se neste item também
a contribuição que as instituições financeiras deve fazer ao Fundo Garantidor do
Empréstimo (FGC), calculada por meio de um percentual incidente sobre o saldo
mensal de captação;
- despesas administrativas incorridas pela instituição e calculadas sobre cada unidade
de crédito concedido;
- inadimplência, cuja medida pode ser determinada pela relação sobre a provisão de
devedores duvidosos e o volume de crédito concedido;
- impostos sobre lucros, como Imposto de Renda (IR) e Contribuição Social sobre o
Lucro Líquido (CSLL);
- lucro do banco, o qual deve refletir a margem de lucro esperada pela instituição na
operação, que é formada essencialmente pelas condições de negócios do mercado e
risco de crédito concedido.

86
PERÍCIA CONTÁBIL EM MATÉRIA FINANCEIRA – Prof. Remo Dalla Zanna (MS)

As taxas de CDBs/RDBs e de poupança estão demonstradas no quesito nº 15 desta série, ao qual


pede-se a gentileza de reportar-se.

Assim sendo e considerando tudo que acima foi informado, inclusive nas respostas aos quesitos
que precederam este, é impossível conhecer o “spread” havido entre o custo de captação que,
pontualmente, foi sofrido pelo banco para fornecer os recursos financeiros usados como
empréstimos pela empresa autora. Por fim, mas muito importante, há que se considerar que os
custos e as despesas da atividade bancária se dividem em diretos e indiretos e os indiretos são
objeto de rateio contábil com base em critérios gerenciais ou políticos que fazem parte da
estratégia geral da instituição financeira para competir com seus concorrentes sendo, pois objeto
de sigilo interno.

Quesito nº 18: Queira a Perícia proceder aos cálculos da conta


corrente e da conta garantida, considerando todas as operações de
empréstimos movimentadas, obedecendo aos seguintes critérios
técnicos:
1 – Utilização do Método Hamburguês, ou seja, o cálculo dos juros
lineares sobre os saldos devedores médios ponderados;
2 – Considerar todas as operações como parte de um conjunto
único em conta;
3 – Considerar todos os saldos da conta corrente/conta garantida
nas suas respectivas datas de apuração conforme expressam os
extratos bancários das contas em questão;
4 – Considerar os lançamentos referentes aos “empréstimos”
lançados a DÉBITO na planilha de evolução financeira, e acumulá-
los periodicamente em coluna paralela;
5 – Considerar os lançamentos referentes aos pagamentos das
prestações/contratos, bem como os juros, como CRÉDITO na
planilha de evolução financeira, A FIM DE EXPURGAR A
COBRANÇA DE JUROS CAPITALIZADOS, e acumulá-los
periodicamente em coluna paralela;
6 – Considerar o SALDO da operação como o resultado direto
entre

87
PERÍCIA CONTÁBIL EM MATÉRIA FINANCEIRA – Prof. Remo Dalla Zanna (MS)

SALDO DA C/C – DÉBITO ACUMULADO + CREDITO


ACUMULADO;
7 – Substituir a taxa de juros contratual pela evolução do CDB,
acrescendo a taxa em 20,0%; e
8 – Acumular periodicamente os juros calculados, até chegado o
período de um ano do início da evolução financeira, e capitalizá-los
a cada período vencido de um ano.

Resposta:

Este quesito está atendido nos Anexos de nº 05 a 08 que integram e completam esta prova
pericial, aos quais se pede a gentileza de se reportar.

IV - QUESITOS do banco RÉU

Quesito nº 1: Informe o Sr. Perito Judicial quem assumiu a


responsabilidade pelo pagamento das obrigações assumidas?

Resposta:

Considerando-se o único contrato acostado aos autos, o de abertura de crédito em conta


corrente/conta garantida conta 2xxxxx-7 – temos como contratante a empresa Autora – D. e
como devedores solidários os senhores Joaquim e Manuel.

Quesito nº 2: Existem nos autos documentos que demonstrem ter o


Requerente reclamado do Banco U. S/A (Requerido), anteriormente
à interposição desta ação, cobrança indevida de juros contratuais e
encargos financeiros nas operações realizadas entre as partes? Em
caso positivo, pede-se ao Sr. Perito relacioná-los, assim como que
informem se os mesmos são procedentes.

Resposta:

Negativa é a resposta. Não constam nos autos documentos que relatem qualquer reclamação ou
objeção entre a empresa D. e o Banco U.

Quesito nº 3: À época da propositura da presente ação, o


Requerente estava quite com suas obrigações perante o Banco U.
S/A. Em caso negativo esclareça o Sr. Perito quais eram os débitos
do Requerente para com o Banco, informando o saldo devedor e os
respectivos encargos contratuais à data da inicial.

Resposta:

Prejudicada é a resposta, pois não há, nos autos deste processo, documento (ou demonstrativo
em forma de planilha) que informe qual o total da dívida da Requerente junto ao Banco U. e nem
sua origem histórica. No mais, a ação foi proposta em 13/08/2002 e o saldo devedor de R$
88
PERÍCIA CONTÁBIL EM MATÉRIA FINANCEIRA – Prof. Remo Dalla Zanna (MS)

89.973,44, conforme se vê nos autos, teria sido apurado em 11/01/2002. Além disso, esse saldo
devedor refere-se à conta corrente nº 2xxxxx1-7 (U.) e nenhuma outra prova documental
(contratos informados nos autos) foi juntada.

Quesito nº 4: É certo que o contrato prevê para o caso de atraso,


comissão de permanência equivalente a juros sobre os valores
devidos calculados sobre os dias excedentes ao vencimento, as taxas
máximas em vigor para as operações ativas vigentes no mercado nas
datas das liquidações respectivas?

Resposta:

O contrato de abertura de crédito em conta corrente/conta garantida 2xxxxx-7 traz a seguinte


cláusula:

“10 – Ocorrendo impontualidade no pagamento de qualquer quantia devida por


força deste Contrato, os débitos ficarão sujeitos, a partir da data do inadimplemento,
à comissão de permanência, calculada de acordo com as normas do Banco Central
do Brasil, a juros moratórios à taxa de 1% (um por cento) ao mês, despesas de
cobrança, multa de 10% (dez por cento) sobre o saldo devedor atualizado, além de
honorários advocatícios, no caso de procedimento judicial.”

Quesito nº 5: Esclareça o Sr. Perito, qual a Resolução do Banco


Central do Brasil que dispõe sobre a cobrança de comissão de
permanência e encargos decorrentes da inadimplência contratual.

Resposta:

A Resolução do Banco Central do Brasil que dispõe sobre a cobrança de comissão de


permanência e encargos decorrentes da inadimplência contratual é a de nº 1129/86. Vide texto a
seguir.

O Banco Central do Brasil, na forma do artigo 9º da Lei nº 4.595, de 31/12/64, torna


público que o Conselho Monetário Nacional, em sessão realizada nesta data, tendo em
vista o disposto no artigo 4º, incisos VI e XI, da referida lei,
RESOLVE:

I – Facultar aos bancos comerciais, bancos de desenvolvimento, bancos de investimento,


caixas econômicas, cooperativas de crédito, sociedades de crédito, financiamento e
investimento e sociedades de arrendamento mercantil cobrar de seus devedores por dia
de atraso no pagamento ou na liquidação de seus débitos, além de juros de mora na
forma da legislação em vigor, “comissão de permanência” que será calculada às
mesmas taxas pactuadas no contrato Original ou à taxa de mercado do dia do
pagamento.

II – Além dos encargos previstos no item anterior, não será permitida a cobrança de
quaisquer outras quantias compensatórias pelo atraso no pagamento de débitos
vencidos.

89
PERÍCIA CONTÁBIL EM MATÉRIA FINANCEIRA – Prof. Remo Dalla Zanna (MS)

III – Quando se tratar de operação contratada até 27.02.86, a “comissão de


permanência” será cobrada:

a) nas operações com cláusula de correção monetária ou de variação cambial – nas


mesmas bases do contrato original ou à taxa de mercado do dia do pagamento;
b) nas operações com encargos prefixados e vencidas até 27.02.86 – até aquela data,
nas mesmas bases pactuadas no contrato original ou a taxa de mercado praticada
naquela data, quando se aplicará o disposto no artigo 4º do Decreto-lei nº 284/86, e de
28.02.86 até o seu pagamento ou liquidação, com base na taxa de mercado do dia do
pagamento; e
c) nas operações com encargos prefixados e vencidos após 27.02.86 – com base na taxa
de mercado do dia do pagamento.

IV – O Banco Central poderá adotar as medidas julgadas necessárias à execução desta


Resolução.

V – Esta Resolução entrará em vigor na data de sua publicação, ficando revogados o


item XIV da Resolução nº 15, de 28.01.66, o item V da Circular nº 77, de 23.02.67, as
Cartas-Circulares nºs 197, de 28.10.76, e 1.368 de 05.03.86.

Brasília ( DF), 15 de Maio de 1986


Fernão Carlos Botelho Bracher – Presidente”

Quesito nº 6: Esclareça o Sr. Perito, qual é a Resolução do Banco


Central do Brasil que autoriza as instituições financeiras a contratar
empréstimos a juros de mercado?

Resposta:

A Resolução nº 1064 do Banco Central do Brasil autoriza as instituições financeiras a contratar


empréstimos a juros de mercado.

O BANCO CENTRAL DO BRASIL, na forma do artigo 9º da Lei nº 4.595, de 31.12.64,


torna público que o CONSELHO MONETÁRIO NACIONAL, em sessão realizada em
04.12.85, tendo em vista no disposto do artigo 4º, incisos VI, VII, VIII e IX, da referida
Lei, e no artigo 29 da Lei n.º 4.728, de 14.07.6,

RESOLVE:

I – Ressalvado o disposto no item III, as operações ativas dos bancos comerciais, de


investimento e de desenvolvimento serão realizadas a taxas de juros livremente
pactuáveis.
II – As operações ativas sujeitas a correção monetária deverão ter tal ajuste pré ou pós-
fixado, nesse último caso tendo como limite máximo a variação das Obrigações
Reajustáveis do Tesouro Nacional (ORTN) havida no período.
III – As operações ativas incentivadas continuam regendo-se pela regulamentação
específica, permanecendo voltadas quaisquer práticas que impliquem ultrapassagem dos
respectivos limites máximos de remuneração, as quais poderão ser consideradas faltas
graves pelo Banco Central para os efeitos do artigo 44 da Lei nº 4.595, de 31.12.64.

90
PERÍCIA CONTÁBIL EM MATÉRIA FINANCEIRA – Prof. Remo Dalla Zanna (MS)

IV – O Banco Central poderá adotar as medidas julgadas necessárias, à execução desta


Resolução.
V – Esta Resolução entrará em vigor na data de sua publicação, ficando revogados o
item I da Resolução nº 912, de 05.04.84, a Resolução nº 844 de 13.07.83, bem como as
Circulares nºs 615, de 25.03.81, e 888, de 19.09.84.”

Quesito nº 7: A prática de juros com taxas nominais e efetivas


(capitalizadas) é prática habitual para todas as instituições
financeiras a contratar empréstimos a juros de mercado?

Resposta:

Excluídos os casos de empréstimos vinculados a recursos governamentais e/ou para


desenvolvimento de setores da economia ou de regiões definidas no Orçamento Federal ou nos
Orçamentos dos Estados da União, positiva é a resposta, pois praticar de juros com taxas
nominais e efetivas (capitalizadas) é algo comum ou habitual para todas as instituições financeiras,
tanto para contratar operações passivas como ativas. Por sua vez, as taxas de juros praticadas,
seja para captar ou para aplicar recursos, são as de mercado.

V - RESUMO e CONCLUSÃO TÉCNICA

Sob a ótica econômico-financeira que o presente caso apresenta e:


a. considerando tudo que dos autos consta,
b. sem adentrar no mérito de tudo que se debate nesta Ação,
c. considerando as provas documentais apresentadas nos autos,
d. este auxiliar opina tecnicamente para dizer que:

(i) O valor devido pelo Autor (saldo devedor) considerado o conceito


pacta sunt servanda, é de R$ 89.943,44 (oitenta e nove mil,
novecentos e quarenta e três reais e quarenta e quatro centavos). Este
valor era devido em 11/01/2002, ou seja, era o saldo devedor na conta
corrente nessa data, conforme Anexos 01 a 04 deste Laudo Pericial,...
todavia ...
(ii) Considerado o pedido constante na peça Inicial, ou seja:
o Juros a conforme a variação do CDB mais 20%, e
o Juros cobrados anualmente, ...
... o saldo na conta corrente (saldo credor), em 11/01/2002, passa a ser
de R$ 9.739,99 (nove mil, setecentos e trinta e nove reais e noventa e
nove centavos). Este saldo, a favor da empresa Autora, é o resultado
da aplicação das teses jurídico/financeiras esposadas pela Autora e foi
apurado em face das alterações por ela solicitadas em seu quesito nº
18. Os respectivos cálculos estão demonstrados nos Anexos nºs 05 a
08 que integram e completam esta prova pericial contábil.

VI - E N C E R R A M E N T O

91
PERÍCIA CONTÁBIL EM MATÉRIA FINANCEIRA – Prof. Remo Dalla Zanna (MS)

São inassumíveis responsabilidades sobre documentos controversos, que fazem parte dos Autos
deste Processo, se ainda não apreciados pelo MM. Juízo. Inassumíveis também responsabilidades
sobre documentos idôneos e válidos que podem estar em poder de pessoas físicas e jurídicas, seja
dos AUTORES ou do RÉU, ou ainda, de outros cidadãos interessados no deslinde deste caso,
que a nós não foram consignados até a data da conclusão deste Laudo.

Por fim, são também inassumíveis responsabilidades sobre matéria jurídica a que tenha se referido
por indução contida - intencionalmente ou não - na formulação dos quesitos, ou em face das
circunstâncias do caso, excluídas, obviamente, as responsabilidades de sua profissão.

Nada mais havendo a oferecer, dá-se por concluído o presente LAUDO PERICIAL CONTÁBIL,
composto de 65 (sessenta e cinco) folhas digitadas por processamento eletrônico de dados, de um
só lado, todas rubricadas, com exceção desta que segue assinada para os devidos fins, mais 2
(dois) DOCUMENTOS de números 01 e 02 e mais 9 (nove) ANEXOS, identificados pelos
números de 01 a 09, todos rubricados por este auxiliar e que integram esta prova pericial.

G., 11 de Novembro de 2005.

92
CONTA CORRENTE PELO MÉTODO HAMBURGUÊS mantida pela empresa "A" ANEXO A

CONTA CORRENTE COM A EMPRESA "B" mantida pelo Sistema Hamburguês


Taxa de Juros Recíproca de 12% ao ano Contagem de dias
corridos conforme
Trata-se da Contabilidade da Empresa "A" que mantém negócios recíprocos com a empresa "B" . Ambas estão de acordo
ano calendário de
em manter suas recíprocas relações comerciais com base em conta corrente, com juros de 12% ao ano e fechamento anual 365/6 dias
baseado no Sistema Hamburguês
CAPITAIS Dias De- Dias com
NÚMEROS
Datas Histórico das Operações Débito Crédito SALDO corridos fórmula
02/01/98 Saldo Inicial 0,00 0,00 Contagem de dias na base
02/01/98 VENDA de Mercadorias conf. N.F. 001 1.000,00 1.000,00 D - 360 pelo ano comercial
conforme fórmula do
05/01/98 VENDA de Mercadorias conf. N.F. 002 5.000,00 6.000,00 D 3 3.000 3
Excel.
31/01/98 Recebimento por conta de seu crédito 4.000,00 2.000,00 D 26 156.000 26
=DIAS360(A11;A12)
28/02/98 Recebimento do saldo existente 2.000,00 0,00 28 56.000 28

10/05/98 Recebto. por conta VENDAS FUTURAS 10.000,00 10.000,00 C - -


20/05/98 VENDA de Merc. conf. N.F. 010 5.000,00 5.000,00 C 10 (100.000) 10

20/06/98 VENDA de Merc. conf. N.F. 021 7.000,00 2.000,00 D 31 (155.000) 30

20/07/98 VENDA de Mercadorias conf. N.F. 035 7.000,00 9.000,00 D 30 60.000 30


31/07/98 Pagamento por conta de seu crédito 5.000,00 4.000,00 D 11 99.000 11

20/08/98 VENDA de Mercadorias conf. N.F. 040 8.000,00 12.000,00 D 20 80.000 20


31/08/98 Recebimento por conta de seu crédito 10.000,00 2.000,00 D 11 132.000 11

03/11/98 VENDA de Mercadorias conf. N.F. 051 5.000,00 7.000,00 D 64 128.000 63


10/11/98 Recebto vendas ant. e Adiant. p/ novas 15.000,00 8.000,00 C 7 49.000 7
20/11/98 VENDA de Mercadorias conf. N.F. 059 5.000,00 3.000,00 C 10 (80.000) 10
31/12/98 "Dias" e "Números" do período 41 (123.000) 41
Média Ponder. saldos (305.000/292) (1.044,52) 292 305.000 290
31/12/98 Crédito por Juros a seu favor
R$ 1.044,52 * 12% ao ano 125,34
31/12/98 Saldo para Fechamento do Período 2.874,66 C

CONCLUSÃO: ao final do período (um ano) a Contabilidade da Empresa "A" lança um débito de juros contra a empresa "B"
no montante de R$125,343; debita-os em sua Conta Corrente e os deduz de seu saldo credor que, naquele momento
era de R$ 3.000,00. Com isso reembolsa-se dos custos financeiros, conforme taxa pactuada, aplicada em conformidade
com o Sistema Hamburguês. Este débito se fundamenta no fato de ter fornecido mais recursos do que recebeu no período.

Nota: números em vermelho significam: saldo credor. Números em preto significam: saldo devedor.

. 1 de 1
CONTA CORRENTE PELO MÉTODO HAMBURGUÊS mantida pela empresa "B" ANEXO B

CONTA CORRENTE COM A EMPRESA "A" mantida pelo Sistema Hamburguês


Contagem de dias
Taxa de Juros Recíproca de 12% ao ano
corridos conforme
Trata-se da Contabilidade da Empresa "B" que mantém negócios recíprocos com a empresa "A" . Ambas estão de acordo ano calendário de
em manter suas recíprocas relações comerciais com base em conta corrente, com juros de 12% ao ano e fechamento anual 365/6 dias
baseado no Sistema Hamburguês
CAPITAIS Dias De- Dias com Contagem de dias na
Data Histórico da Operação Débito Crédito SALDO corridos NÚMEROS fórmula base 360 ano
comercial conforme
02/01/98 Saldo Inicial - -
fórmula do Excel
02/01/98 Compra de Mercadorias conf. N.F. 001 1.000,00 (1.000,00) C - - =DIAS360(A11;A12)
05/01/98 Compra de Mercadorias conf. N.F. 002 5.000,00 (6.000,00) C 3 (3.000,00) 3
31/01/98 Pagamento por conta de seu crédito 4.000,00 (2.000,00) C 26 (156.000,00) 26

28/02/98 Pagamento do saldo existente 2.000,00 - 28 (56.000,00) 28

10/05/98 Adiantamento por conta de compras 10.000,00 10.000,00 D - -


20/05/98 Recebimento de Merc. conf. N.F. 010 5.000,00 5.000,00 D 10 100.000,00 10

20/06/98 Recebimento de Merc. conf. N.F. 021 7.000,00 2.000,00 C 31 155.000,00 30

20/07/98 Compra de Mercadorias conf. N.F. 035 7.000,00 9.000,00 C 30 (60.000,00) 30


31/07/98 Pagamento por conta de seu crédito 5.000,00 4.000,00 C 11 (99.000,00) 11

20/08/98 Compra de Mercadorias conf. N.F. 040 8.000,00 12.000,00 C 20 (80.000,00) 20


31/08/98 Pagamento por conta de seu crédito 10.000,00 2.000,00 C 11 (132.000,00) 11

03/11/98 Compra de Mercadorias conf. N.F. 051 5.000,00 7.000,00 C 64 (128.000,00) 63


10/11/98 Pagto. de Compras e Adiantamento 15.000,00 8.000,00 D 7 (49.000,00) 7
20/11/98 Recebto. de Mercadorias conf. N.F. 059 5.000,00 3.000,00 D 10 80.000,00 10
31/12/98 "Dias" e "Números" do período 41 123.000,00 41
Média Ponderada dos saldos (355.000/291) 1.044,52 292 (305.000,00) 290
31/12/98 Crédito por Juros a seu favor
R$ 1.044,52 * 12% ao ano 125,34
31/12/98 Saldo para Fechamento do Período 2.874,66 D

CONCLUSÃO: ao final do período (um ano) a Contabilidade da Empresa "B" reconhece um crédito de juros a favor de "A"
no montante de R$125,34; credita-os em sua Conta Corrente e os deduz de seu saldo devedor que, naquele momento
era de R$ 3.000,00. Com isso reconhece que, na média, sua parceira com a empresa "A", forneceu-lhes mais créditos do que
utilizou e, por isso é sua credora de juros pela quantia de R$ 125,34.

Nota: números em vermelho significam: saldo credor. Números em preto significam: saldo devedor.

1 de 1
ANEXO C

CONTRATO para financiamento DE CAPITAL DE GIRO, o "papagaio"

Data do Financiamento: 18/08/1994


Valor do Financiamento: 53.000,00
Vencto. do financiamento: 20/11/1994
Taxa de juros contratada: 80% ao ano

PRESTAÇÃO CONSOLIDAÇÃO DA PRESTAÇÃO

NÚMERO DATA DATA Quantidade VALOR TAXA DE JUROS TAXA DE JUROS VALOR TOTAL NO

PARCELA FINANCTO. VENCTO. DE DIAS FINANCIADO. AO ANO NO PERÍODO DOS JUROS VENCIMENTO

Única 18/08/1994 20/11/1994 92 53.000,00 80,000000% 35,819968% 18.984,58 71.984,58

Sintaxe da fórmula dos dias corridos: = DIAS360(B14;C14)

Sintaxe da fórmula da taxa de juros em dias: =(((F17)+1)/100)^(92/360)

36,628415%

Sintaxe da fórmula da taxa de juros em meses: =(((F17)+1)/100)^(3/12)

Radiciação da taxa
Exemplo de Conta Corrente com Juros pelo Método Hamburguês
Nome do Titular: ANEXO D
Limite de Crédito: R$ 5.000,00. As operações tem seu "vencimento" à vista.
Taxa de Juros fixa de 8% ao mês, não recíproca
Encerramento (data para débito dos juros): primeiro dia útil de cada mês

Capitais DIAS Números


Datas Histórico SALDO D/C decor -
Débito Crédito Devedores Credores
ridos
(1) (2) (3) (4) (5) (6) (7) (8) (9)
01/02/05 Saldo Inicial - -
01/02/05 Cheque nº 000.001 5.000,00 (5.000,00) D 0 -
10/02/05 Depósito de salário 3.000,00 (2.000,00) D 9 45.000
15/02/05 Débito despesas cartão de crédito 2.000,00 (4.000,00) D 5 10.000
21/02/05 Tarifa de abertura de crédito 10,00 (4.010,00) D 6 24.000
22/02/05 Tarifa talão de cheques 10,00 (4.020,00) D 1 4.010
25/02/05 Depósito em dinheiro 5.000,00 980,00 C 3 12.060
ENCERRAMENTO 95.070
01/03/05 Juros 253,52 726,48 C 9 8.820
01/03/05 Cheque nº 000.002 4.000,00 (3.273,52) D 0 -
10/03/05 Depósito de salário 3.000,00 (273,52) C 9 29.462
15/03/05 Débito despesas cartão de crédito 3.000,00 (3.273,52) D 5 1.368
21/03/05 Débito automático água 80,00 (3.353,52) D 6 19.641
22/03/05 Débito automático luz 70,00 (3.423,52) D 1 3.354
23/03/05 Débito automático telefone 150,00 (3.573,52) D 1 3.424
24/03/05 Depósito em dinheiro 5.000,00 1.426,48 C 1 3.574
ENCERRAMENTO 60.821
01/04/05 Juros 162,19 1.264,29 C 7 9.985
01/04/05 Cheque nº 000.003 3.000,00 (1.735,71) D 0 -
04/04/05 Cheque nº 000.003 devolvido 3.000,00 1.264,29 C 3 5.207
10/04/05 Depósito de salário 3.000,00 4.264,29 C 6 7.586
15/04/05 Débito despesas cartão de crédito 5.000,00 (735,71) D 5 21.321
15/04/05 Juros sobre excesso de limite 250,00 (985,71) D 0 -
20/04/05 Débito automático água 80,00 (1.065,71) D 5 4.929
22/04/05 Débito automático luz 70,00 (1.135,71) D 2 2.131
25/04/05 Débito automático telefone 150,00 (1.285,71) D 3 3.407
ENCERRAMENTO 15.674
02/05/05 Juros 41,80 (1.327,51) D 7 9.000
-
... E ASSIM SUCESSIVAMENTE.
Legenda: (5) Saldo anterior, menos débitos e mais créditos, igual saldo atual
(7) Quantidade de dias decorridos entre datas.
(8) e (9) Multiplicação do saldo da conta corrente pela quantidade de dias decorridos.
Juros = multiplicação dos números devedores pela taxa ao mês, dividido por 30 dias.

.
MÉTODO HAMBURGUÊS - Exemplo de planilha conforme ANEXO "E" citado no texto.
ANEXO E
Reprodução detalhada da movimentação da conta corrente nº 171-1311140-9; com base nos extratos.

ENTRADAS SAÍDAS
Quantida- Emprésti - Saques, Quitação SALDO DO
Tarifas Outros
Data de dias Depósitos Cobranças mos e Cheques e Emprésti - JUROS IOF CPMF BANCO
Diversas Débitos
para juros outros outros mos
01/02/1996 (Saldo Inicial) -
01/02/1996 0 1.000,00 1.000,00
02/02/1996 1 1.895,00 210,00 5,90 2.679,10
05/02/1996 3 18,50 717,84 1.918,00 1.497,44
06/02/1996 1 579,49 917,95
07/02/1996 1 265,59 652,36
08/02/1996 1 200,00 452,36
09/02/1996 1 430,78 21,58
12/02/1996 3 105,80 (84,22)
13/02/1996 1 50,00 (134,22)
14/02/1996 1 728,00 15,50 578,28
15/02/1996 1 18,00 728,00 (131,72)
21/02/1996 6 1.250,00 1.120,00 (1,72)
26/02/1996 5 204,50 (206,22)
27/02/1996 1 5,00 (211,22)
01/03/1996 3 4,50 0,53 (216,25)
11/03/1996 10 31,10 (247,35)
12/03/1996 1 300,00 (547,35)
14/03/1996 2 145,00 (692,35)
15/03/1996 1 403,72 1,00 (1.097,07)
18/03/1996 3 59,18 (1.156,25)
20/03/1996 2 127,40 146,80 (1.430,45)
21/03/1996 1 11,78 (1.442,23)
25/03/1996 4 1.200,00 (242,23)
29/03/1996 4 6,00 (248,23)

1 de 2
ENTRADAS SAÍDAS
Quantida- Emprésti - Saques, Quitação SALDO DO
Tarifas Outros
Data de dias Depósitos Cobranças mos e Cheques e Emprésti - JUROS IOF CPMF BANCO
Diversas Débitos
para juros outros outros mos
01/04/1996 3 82,72 6,13 (337,08)
02/04/1996 1 40,00 (377,08)
08/04/1996 6 85,04 (462,12)
16/04/1996 8 240,00 1,10 (703,22)
19/04/1996 3 93,31 (796,53)
23/04/1996 4 1.200,00 (1.996,53)
24/04/1996 1 100,00 (2.096,53)
26/04/1996 2 20,00 (2.116,53)
29/04/1996 3 308,00 (2.424,53)
30/04/1996 1 36,06 (2.460,59)
01/05/1996 1 (2.460,59)
02/05/1996 1 144,55 9,58 (2.614,72)

2 de 2
MÉTODO HAMBURGUÊS - Exemplo de planilha alternativa ao ANEXO "E" citado no texto
ANEXO E1
Reprodução apenas do saldo da conta corrente e das movimentação em um bloco só.
Recálculo dos juros diários e do IOF.
A finalidade desta planilha é a de confirmar o cálculo dos juros praticados pelo banco e do IOF
incidente sobre o saldo devedor.
Alterando-se a taxa de juros podem ser usada para fazer simulações de juros. =(1,028^(1/30))

Movimenta- Taxa de
Saldo na Valor Base de Fator diário da Juros % diária de IOF do
Data ção:saques e Juros ao
Conta Cálculo taxa de Juros Diários IOF dia
depósitos mês

18/04/2002 (104.000,00) (104.000,00) 2,80% 1,000920929 (95,78) 0,0041% (4,26)


19/04/2002 (112.050,00) (112.050,00) 2,80% 1,000920929 (103,19) 0,0041% (4,59)
20/04/2002 (112.050,00) (112.050,00) 2,80% 1,000920929 (103,19) 0,0041% (4,59)
21/04/2002 (112.050,00) (112.050,00) 2,80% 1,000920929 (103,19) 0,0041% (4,59)
22/04/2002 (112.050,00) (112.050,00) 2,80% 1,000920929 (103,19) 0,0041% (4,59)
23/04/2002 (124.180,00) (124.180,00) 2,80% 1,000920929 (114,36) 0,0041% (5,09)
24/04/2002 (126.180,00) (126.180,00) 2,80% 1,000920929 (116,20) 0,0041% (5,17)
25/04/2002 (126.180,00) (126.180,00) 2,80% 1,000920929 (116,20) 0,0041% (5,17)
26/04/2002 (132.180,00) (132.180,00) 2,80% 1,000920929 (121,73) 0,0041% (5,42)
27/04/2002 (132.180,00) (132.180,00) 2,80% 1,000920929 (121,73) 0,0041% (5,42)
28/04/2002 (132.180,00) (132.180,00) 2,80% 1,000920929 (121,73) 0,0041% (5,42)
29/04/2002 (132.221,00) (132.221,00) 2,80% 1,000920929 (121,77) 0,0041% (5,42)
30/04/2002 (132.221,00) (132.221,00) 2,80% 1,000920929 (121,77) 0,0041% (5,42)
02/05/2002 Débito de IOF (65,18)
01/05/2002 (132.221,00) (132.221,00) 2,80% 1,000920929 (121,77) 0,0041% (5,42)
02/05/2002 (132.221,00) (132.221,00) 2,80% 1,000920929 (121,77) 0,0041% (5,42)
03/05/2002 (142.221,00) (142.221,00) 2,80% 1,000920929 (130,98) 0,0041% (5,83)
04/05/2002 (142.221,00) (142.221,00) 2,80% 1,000920929 (130,98) 0,0041% (5,83)
05/05/2002 (142.221,00) (142.221,00) 2,80% 1,000920929 (130,98) 0,0041% (5,83)
06/05/2002 (142.221,00) (142.221,00) 2,80% 1,000920929 (130,98) 0,0041% (5,83)
07/05/2002 (142.221,00) (142.221,00) 2,80% 1,000920929 (130,98) 0,0041% (5,83)
08/05/2002 (142.221,00) (142.221,00) 2,80% 1,000920929 (130,98) 0,0041% (5,83)
09/05/2002 (142.221,00) (142.221,00) 2,80% 1,000920929 (130,98) 0,0041% (5,83)
10/05/2002 (142.221,00) (142.221,00) 2,80% 1,000920929 (130,98) 0,0041% (5,83)
11/05/2002 (142.221,00) (142.221,00) 2,80% 1,000920929 (130,98) 0,0041% (5,83)
12/05/2002 (142.221,00) (142.221,00) 2,80% 1,000920929 (130,98) 0,0041% (5,83)
13/05/2002 (142.221,00) (142.221,00) 2,80% 1,000920929 (130,98) 0,0041% (5,83)
14/05/2002 (142.221,00) (142.221,00) 2,80% 1,000920929 (130,98) 0,0041% (5,83)
15/05/2002 (150.000,00) (150.000,00) 2,80% 1,000920929 (138,14) 0,0041% (6,15)
16/05/2002 (150.000,00) (150.000,00) 2,80% 1,000920929 (138,14) 0,0041% (6,15)
17/05/2002 DÉBITO DE JUROS (3.555,54)
17/05/2002 (146.300,00) (146.300,00) 2,58% 1,000849454 (124,28) 0,0041% (6,00)
18/05/2002 (146.300,00) (146.300,00) 2,58% 1,000849454 (124,28) 0,0041% (6,00)
19/05/2002 (146.300,00) (146.300,00) 2,58% 1,000849454 (124,28) 0,0041% (6,00)
20/05/2002 (146.300,00) (146.300,00) 2,58% 1,000849454 (124,28) 0,0041% (6,00)
21/05/2002 (150.000,00) (150.000,00) 2,58% 1,000849454 (127,42) 0,0041% (6,15)
22/05/2002 (150.000,00) (150.000,00) 2,58% 1,000849454 (127,42) 0,0041% (6,15)
23/05/2002 (150.000,00) (150.000,00) 2,58% 1,000849454 (127,42) 0,0041% (6,15)
24/05/2002 (150.000,00) (150.000,00) 2,58% 1,000849454 (127,42) 0,0041% (6,15)
25/05/2002 (150.000,00) (150.000,00) 2,58% 1,000849454 (127,42) 0,0041% (6,15)
26/05/2002 (150.000,00) (150.000,00) 2,58% 1,000849454 (127,42) 0,0041% (6,15)
27/05/2002 (150.000,00) (150.000,00) 2,58% 1,000849454 (127,42) 0,0041% (6,15)
28/05/2002 (150.000,00) (150.000,00) 2,58% 1,000849454 (127,42) 0,0041% (6,15)
29/05/2002 (150.000,00) (150.000,00) 2,58% 1,000849454 (127,42) 0,0041% (6,15)
30/05/2002 (150.000,00) (150.000,00) 2,58% 1,000849454 (127,42) 0,0041% (6,15)
31/05/2002 (150.000,00) (150.000,00) 2,58% 1,000849454 (127,42) 0,0041% (6,15)
03/06/2002 Débito de IOF (184,76)

1 de 2
Movimenta- Taxa de
Saldo na Valor Base de Fator diário da Juros % diária de IOF do
Data ção:saques e Juros ao
Conta Cálculo taxa de Juros Diários IOF dia
depósitos mês

01/06/2002 (150.000,00) (150.000,00) 2,58% 1,000849454 (127,42) 0,0041% (6,15)


02/06/2002 (150.000,00) (150.000,00) 2,58% 1,000849454 (127,42) 0,0041% (6,15)
03/06/2002 (150.000,00) (150.000,00) 2,58% 1,000849454 (127,42) 0,0041% (6,15)
04/06/2002 (150.000,00) (150.000,00) 2,58% 1,000849454 (127,42) 0,0041% (6,15)
05/06/2002 (150.000,00) (150.000,00) 2,58% 1,000849454 (127,42) 0,0041% (6,15)
06/06/2002 (150.000,00) (150.000,00) 2,58% 1,000849454 (127,42) 0,0041% (6,15)
07/06/2002 (150.000,00) (150.000,00) 2,58% 1,000849454 (127,42) 0,0041% (6,15)
08/06/2002 (150.000,00) (150.000,00) 2,58% 1,000849454 (127,42) 0,0041% (6,15)
09/06/2002 (150.000,00) (150.000,00) 2,58% 1,000849454 (127,42) 0,0041% (6,15)
10/06/2002 (150.000,00) (150.000,00) 2,58% 1,000849454 (127,42) 0,0041% (6,15)
11/06/2002 (150.000,00) (150.000,00) 2,58% 1,000849454 (127,42) 0,0041% (6,15)
12/06/2002 (150.000,00) (150.000,00) 2,58% 1,000849454 (127,42) 0,0041% (6,15)
13/06/2002 (150.000,00) (150.000,00) 2,58% 1,000849454 (127,42) 0,0041% (6,15)
14/06/2002 (150.000,00) (150.000,00) 2,58% 1,000849454 (127,42) 0,0041% (6,15)
15/06/2002 (150.000,00) (150.000,00) 2,58% 1,000849454 (127,42) 0,0041% (6,15)
16/06/2002 (150.000,00) (150.000,00) 2,58% 1,000849454 (127,42) 0,0041% (6,15)
17/06/2002 DÉBITO DE JUROS (3.937,39)
17/06/2002 (153.981,09) (153.981,09) 2,58% 1,000849454 (130,80) 0,0041% (6,31)
18/06/2002 (153.981,09) (153.981,09) 2,98% 1,000979299 (150,79) 0,0041% (6,31)
19/06/2002 (153.981,09) (153.981,09) 2,98% 1,000979299 (150,79) 0,0041% (6,31)
20/06/2002 (151.418,01) (151.418,01) 2,98% 1,000979299 (148,28) 0,0041% (6,21)
21/06/2002 (151.418,01) (151.418,01) 2,98% 1,000979299 (148,28) 0,0041% (6,21)
22/06/2002 (151.418,01) (151.418,01) 2,98% 1,000979299 (148,28) 0,0041% (6,21)
23/06/2002 (151.418,01) (151.418,01) 2,98% 1,000979299 (148,28) 0,0041% (6,21)
24/06/2002 (151.418,01) (151.418,01) 2,98% 1,000979299 (148,28) 0,0041% (6,21)
25/06/2002 (151.418,01) (151.418,01) 2,98% 1,000979299 (148,28) 0,0041% (6,21)
26/06/2002 (151.418,01) (151.418,01) 2,98% 1,000979299 (148,28) 0,0041% (6,21)
27/06/2002 (151.418,01) (151.418,01) 2,98% 1,000979299 (148,28) 0,0041% (6,21)
28/06/2002 (151.418,01) (151.418,01) 2,98% 1,000979299 (148,28) 0,0041% (6,21)
29/06/2002 (151.418,01) (151.418,01) 2,98% 1,000979299 (148,28) 0,0041% (6,21)
30/06/2002 (151.418,01) (151.418,01) 2,98% 1,000979299 (148,28) 0,0041% (6,21)
01/07/2002 Débito de IOF (185,63)
01/07/2002 (151.418,01) (151.418,01) 2,98% 1,000979299 (148,28) 0,0041% (6,21)
02/07/2002 (151.418,01) (151.418,01) 2,98% 1,000979299 (148,28) 0,0041% (6,21)
03/07/2002 (151.418,01) (151.418,01) 2,98% 1,000979299 (148,28) 0,0041% (6,21)
04/07/2002 (151.418,01) (151.418,01) 2,98% 1,000979299 (148,28) 0,0041% (6,21)
05/07/2002 (151.418,01) (151.418,01) 2,98% 1,000979299 (148,28) 0,0041% (6,21)
06/07/2002 (151.418,01) (151.418,01) 2,98% 1,000979299 (148,28) 0,0041% (6,21)
07/07/2002 (151.418,01) (151.418,01) 2,98% 1,000979299 (148,28) 0,0041% (6,21)
08/07/2002 (151.418,01) (151.418,01) 2,98% 1,000979299 (148,28) 0,0041% (6,21)
09/07/2002 (151.418,01) (151.418,01) 2,98% 1,000979299 (148,28) 0,0041% (6,21)
10/07/2002 (151.418,01) (151.418,01) 2,98% 1,000979299 (148,28) 0,0041% (6,21)
11/07/2002 (151.418,01) (151.418,01) 2,98% 1,000979299 (148,28) 0,0041% (6,21)
12/07/2002 (151.418,01) (151.418,01) 2,98% 1,000979299 (148,28) 0,0041% (6,21)
13/07/2002 (151.418,01) (151.418,01) 2,98% 1,000979299 (148,28) 0,0041% (6,21)
14/07/2002 (151.418,01) (151.418,01) 2,98% 1,000979299 (148,28) 0,0041% (6,21)
15/07/2002 (151.418,01) (151.418,01) 2,98% 1,000979299 (148,28) 0,0041% (6,21)
16/07/2002 (151.418,01) (151.418,01) 2,98% 1,000979299 (148,28) 0,0041% (6,21)
17/07/2002 DÉBITO DE JUROS (4.436,04)

=(1,0298^(1/30))

2 de 2
MÉTODO HAMBURGUÊS - Exemplo de planilha alternativa ao ANEXO "E" citado no texto
ANEXO E2
- Transcrição simplificada da movimentação da conta corrente com apresentação do saldo após cada
contabilização.
- Apuração do saldo médio e cálculo dos encargos contratados.
- No caso presente foram contratados dois encargos: (1) atualização monetária pela variação da TRD
e (2) juros. O limite de crédito foi fixado em R$ 2.000,00. Sobre o excesso, a taxa de juros é outra.
- A finalidade desta planilha é a de confirmar o cálculo dos encargos (correção monetária + juros)
feito pelo banco, sobre o saldo devedor.
- Para melhor controle pode ser feita uma planilha para cada mês.

Movimento Saldo para Saldo para Correção


lançamento Saldo na cálculo da cálculo da Monetária
Data
a Conta média média do saldo
lançamento normal excedente devedor

09/03/1995 (203,69)
Data de aniversário da conta para débito de juros: dia 10 de cada mês
10/03/1995 (32,00)
10/03/1995 (22,00)
10/03/1995 (53,00)
10/03/1995 (16,50) (327,19) (327,19) (0,26)
11/03/1995 - (327,19) (327,19) (0,26)
13/03/1995 (22,64) -
13/03/1995 (8,45) -
13/03/1995 (21,30) -
13/03/1995 (1,32) (380,90) (380,90) 0,31
14/03/1995 - (380,90) (380,90) 0,31
15/03/1995 (20,00) -
15/03/1995 (20,00) -
15/03/1995 (39,00) (459,90) (459,90) (0,37)
16/03/1995 (38,25) (498,15) (498,15) (0,40)
17/03/1995 (32,00) (530,15) (530,15) (0,43)
18/03/1995 - (530,15) (530,15) (0,43)
20/03/1995 (16,70) (546,85) (546,85) (0,44)
21/03/1995 - (546,85) (546,85) (0,44)
22/03/1995 (25,36) (572,21) (572,21) (0,46)
23/03/1995 (11,50) (583,71) (583,71) (0,47)
24/03/1995 (13,96) (597,67) (597,67) (0,48)
25/03/1995 - (597,67) (597,67) (0,48)
27/03/1995 (15,00) -
27/03/1995 (19,73) -
27/03/1995 (8,20) -
27/03/1995 (1.400,00) (2.040,60) (2.000,00) (40,60) (1,60)
28/03/1995 (45,00) (2.085,60) (2.000,00) (85,60) (1,61)
29/03/1995 (283,00)
29/03/1995 302,15 (2.066,45) (2.000,00) (66,45) (1,61)
30/03/1995 - (2.066,45) (2.000,00) (66,45) (1,61)
31/03/1995 (15,00)
31/03/1995 5,50
31/03/1995 61,00 (2.014,95) (2.000,00) (14,95) (1,61)
01/04/1995 - (2.014,95) (2.000,00) (14,95) (2,82)

1 de 2
Movimento Saldo para Saldo para Correção
lançamento Saldo na cálculo da cálculo da Monetária
Data
a Conta média média do saldo
lançamento normal excedente devedor

03/04/1995 (3,34)
03/04/1995 (2,01) (2.020,30) (2.000,00) (20,30) (2,82)
04/04/1995 - (2.020,30) (2.000,00) (20,30) (2,83) Esta forma de
05/04/1995 (18,75) calcular o saldo
05/04/1995 (7,00) (2.046,05) (2.000,00) (46,05) (2,83) médio não é aceita
06/04/1995 (30,00) por todos os colegas
06/04/1995 (13,00) que militam na
06/04/1995 (10,50) (2.099,55) (2.000,00) (99,55) (2,83) perícia contábil. A
07/04/1995 (109,37) (2.208,92) (2.000,00) (208,92) (2,84) maioria entende que
08/04/1995 - (2.208,92) (2.000,00) (208,92) (2,84) a média deve ser
ponderada pelos
09/04/1995 - (2.208,92) (2.000,00) (208,92) (2,84)
dias em que o saldo
(32.879,49) (34,99)
devedor ficou em

SALDO MÉDIO = (32.879,49) / 27dias = (1.217,76)

(32.879,49) 30 (1.095,98)

Cálculo dos juros:


Saldo médio (1.217,76) (1.095,98)
Correção Monetária do saldo médio (34,99) (34,99)
SOMA (1.252,75) (1.130,97)
Taxa de juros do informada para este mês 9,70% 9,70%
JUROS APURADOS PELA PERÍCIA 121,52 109,70
Juros cobrados pelo banco 118,15 118,15
Diferença de juros cobrados a menos pelo banco 3,37 diferente (8,45)

Esta diferença foi gerada pela metodologia aplicada pela perícia para calcular o saldo médio.

2 de 2
MÉTODO HAMBURGUÊS - Exemplo de planilha conforme ANEXO "F" citado no texto
ANEXO F
Esta planilha, feita em Excel, tem por base o ANEXO "E" e se destina a revelar as taxas de juros
efetivamente cobradas pelo banco. Serve para responder, por exemplo, ao quesito que pergunta quais
foram as taxas de juros efetivamente cobradas pelo banco.

% de juros
Quantida- Números
SALDO DO ao mês
Data de dias JUROS para cálculo
BANCO efetivamente
para juros de juros
cobrado
(Saldo
01/02/1996 Inicial) -
01/02/1996 0 1.000,00
02/02/1996 1 2.679,10
05/02/1996 3 1.497,44
06/02/1996 1 917,95
07/02/1996 1 652,36
08/02/1996 1 452,36
09/02/1996 1 21,58
12/02/1996 3 (84,22) (252,66) Taxa efetiva de juros
13/02/1996 1 (134,22) (134,22) (5,00+4,50)/1.771,24/30) x
14/02/1996 1 578,28 - 100 = 16,09%.
15/02/1996 1 (131,72) (131,72) Esta taxa de juros é "pro-
21/02/1996 6 (1,72) (10,32) rata-temporis".
26/02/1996 5 (206,22) (1.031,10)
27/02/1996 1 5,00 (211,22) (211,22)
Soma dos números (1.771,24) 16,09

01/03/1996 3 4,50 (216,25) (648,75)


11/03/1996 10 (247,35) (2.473,50)
12/03/1996 1 (547,35) (547,35)
14/03/1996 2 (692,35) (1.384,70)
15/03/1996 1 (1.097,07) (1.097,07)
18/03/1996 3 (1.156,25) (3.468,75)
20/03/1996 2 (1.430,45) (2.860,90) Taxa efetiva de juros
21/03/1996 1 (1.442,23) (1.442,23) 82,72/(15.885,09/30) x 100
25/03/1996 4 (242,23) (968,92) = 15,62%.
29/03/1996 4 (248,23) (992,92)
Soma dos números (15.885,09) 15,62

01/04/1996 3 82,72 (337,08) (1.011,24)


02/04/1996 1 (377,08) (377,08)
08/04/1996 6 (462,12) (2.772,72)
16/04/1996 8 (703,22) (5.625,76)
19/04/1996 3 (796,53) (2.389,60)
23/04/1996 4 (1.996,53) (7.986,13)
24/04/1996 1 (2.096,53) (2.096,53)
26/04/1996 2 (2.116,53) (4.233,06)
29/04/1996 3 (2.424,53) (7.273,60)
30/04/1996 1 (2.460,59) (2.460,59)
Soma dos números (36.226,31) 11,97
01/05/1996 1 (2.460,59) (2.460,59)
02/05/1996 1 144,55 (2.614,72) (2.614,72)
MÉTODO HAMBURGUÊS - Exemplo de planilha conforme ANEXO "G" citado no texto.
ANEXO G
Esta planilha, feita em Excel, tem por base o ANEXO "E" e se destina ao recálculo dos juros para atender às teses jurídico/financeiras do Autor ou
Embargante. Este anexo varia em cada caso pois depende do que está sendo pedido pela Parte, seja na peça Inicial ou mediante a formulação de
quesitos.

Saídas questionadas pelo Autor ou Embargante Exclusões para recálculo dos juros
Valor do
IOF à taxa
Saldo NOVOS Valor dos de
Quantida- SALDO DO Devedor Números juros à 0,123%
Tarifas Outros Tarifas Outros
Data de dias JUROS IOF CPMF BANCO JUROS IOF calculado para taxa de 1% sobre o
Diversas Débitos Diversas Débitos
para juros pela cálculo de de juros ao saldo
perícia juros e IOF mês devedor
médio do
mês
01/02/1996 (Saldo Inicial) - - 1% 0,123%
01/02/1996 0 1.000,00 -
02/02/1996 1 5,90 2.679,10 5,90 -
05/02/1996 3 1.497,44 -
06/02/1996 1 917,95 -
07/02/1996 1 652,36 -
08/02/1996 1 452,36 -
09/02/1996 1 21,58 -
12/02/1996 3 (84,22) (84,22) (252,66)
13/02/1996 1 (134,22) (134,22) (134,22)
14/02/1996 1 578,28 578,28 -
15/02/1996 1 (131,72) (131,72) (131,72)
21/02/1996 6 (1,72) (1,72) (10,32)
26/02/1996 5 (206,22) (206,22) (1.031,10)
27/02/1996 1 5,00 (211,22) 5,00 (206,22) (206,22)
17 Soma números (1.766,24) 1,04 0,13
01/03/1996 3 4,50 0,53 (216,25) 4,50 0,53 (211,22) (633,66)
11/03/1996 10 (247,35) (247,35) (2.473,50)
12/03/1996 1 (547,35) (547,35) (547,35)
14/03/1996 2 (692,35) (692,35) (1.384,70)
15/03/1996 1 1,00 (1.097,07) 1,00 (1.096,07) (1.096,07)
18/03/1996 3 (1.156,25) (1.156,25) (3.468,75)
20/03/1996 2 146,80 (1.430,45) 146,80 (1.283,65) (2.567,30)
21/03/1996 1 (1.442,23) (1.442,23) (1.442,23)
25/03/1996 4 (242,23) (242,23) (968,92)
29/03/1996 4 6,00 (248,23) 6,00 (242,23) (968,92)
30 Soma números (15.551,40) 5,18 0,64

1 de 2
Saídas questionadas pelo Autor ou Embargante Exclusões para recálculo dos juros
Valor do
IOF à taxa
Saldo NOVOS Valor dos de
Quantida- SALDO DO Devedor Números juros à 0,123%
Tarifas Outros Tarifas Outros
Data de dias JUROS IOF CPMF BANCO JUROS IOF calculado para taxa de 1% sobre o
Diversas Débitos Diversas Débitos
para juros pela cálculo de de juros ao saldo
perícia juros e IOF mês devedor
médio do
mês
01/04/1996 3 82,72 6,13 (337,08) 82,72 6,13 (248,23) (744,69)
02/04/1996 1 (377,08) (377,08) (377,08)
08/04/1996 6 (462,12) (462,12) (2.772,72) -
16/04/1996 8 1,10 (703,22) 1,10 (702,12) (5.616,96)
19/04/1996 3 93,31 (796,53) 93,31 (703,22) (2.109,66)
23/04/1996 4 (1.996,53) (1.996,53) (7.986,13)
24/04/1996 1 (2.096,53) (2.096,53) (2.096,53)
26/04/1996 2 (2.116,53) (2.116,53) (4.233,06)
29/04/1996 3 (2.424,53) (2.424,53) (7.273,60)
30/04/1996 1 (2.460,59) (2.460,59) (2.460,59)
31 Soma números (35.671,02) 11,51 1,42
01/05/1996 1 (2.460,59) (2.460,59) (2.460,59)
02/05/1996 1 144,55 9,58 (2.614,72) 144,55 9,58 (2.460,59) (2.460,59)

2 de 2
PERÍCIA CONTÁBIL EM MATÉRIA FINANCEIRA – Prof. Remo Dalla Zanna (MS)

PF 08 – edição pessoal para fins de estudo e venda em PDF

Revisado em maio/2019.
8º - MÓDULO

CARTÕES DE CRÉDITO

8.1 – Conceito de Cartão de Crédito


8.2 – Capitalização dos juros na conta corrente dos cartões de crédito
8.3 – Argumentos dos advogados que questionam a atuação da
administradora de cartões de crédito:
8.4 – A respeito da abusividade na cobrança de encargos remuneratórios e
moratórios.
8.5 – Orientação Técnica
8.6 – Exemplo de um laudo, respectivas planilhas.

8.1. Conceito de Cartão de Crédito

A prestação de serviços de administração de cartões de crédito é regida pelos


respectivos contratos de adesão (1), registrados no Cartório de Títulos e
Documentos e não se confundem com a prestação de serviços bancários com a
finalidade de conceder crédito para compras. Todavia, a empresa que administra os
cartões de crédito, a critério do titular do cartão ou associado (denominações
utilizadas por ela quando se refere aos usuários de seus serviços), pode intermediar
o financiamento de suas compras em duas modalidades básicas, como segue:
i. no ato da compra o usuário pode optar por parcelar o valor em várias e
sucessivas mensalidades, segundo o convênio do lojista com a “bandeira
do cartão”; a esta modalidade de financiamento se atribui a qualidade de
ser sem juros; ou
ii. quando do débito mensal de suas compras, encontrando-se com falta de
numerário disponível na conta corrente para quitar o total da fatura, pode,
entre outras alternativas que o mercado oferece, valer-se dos serviços de
intermediação da Administradora de seu cartão e obter o financiamento
do valor devido, com encargos. É quando ocorre o pagamento de parte
do valor faturado e o pagamento do restante é postergado para o mês
seguinte. Este serviço, o de intermediar o financiamento das compras
para o usuário/associado do cartão de crédito é amparado em autorização
contratual. Por meio dessa cláusula, o usuário outorga poderes para que a
Administradora o represente perante as instituições financeiras...
(1)
Os contratos com as Administradoras de Cartões de Crédito são do tipo “... de adesão” porque o portador do
cartão – seja pessoa física ou jurídica - é conceituado como associado de um “clube”. Ou seja, ao assumir o
cartão de crédito passa a compor um quadro de associados cujo interesse é comprar sem usar dinheiro e cheques

1
e, por seu lado, o associado que vende não precisa se preocupar com o risco de crédito pois, até o limite fixado
no cartão, a Administradora responde pelas compras do associado consumidor ou comprador. Por isso, quando a
compra excede o limite de crédito o lojista informa que o “cartão não passou”.
...com o propósito de obter-lhe o crédito para financiamento de suas
despesas. Esta é a teoria do contrato. Nestes casos, a praxe é o
pagamento, por parte do titular do cartão, de uma parcela de valor
mínimo de 15% do total da fatura, mas pode girar que gira entre 20% e
25% de seu débito e o parcelamento do restante, mediante o pagamento
de encargos;

iii. o Banco Central do Brasil define o percentual mínimo a ser pago no


vencimento da fatura. Faz isto de acordo com a política financeira
nacional e em conformidade com a necessidade de restringir ou fomentar
o crédito visando a expansão da economia ou a necessidade de controlar
a inflação via controle das taxas de juros e do crédito. O que restar depois
de pagar o percentual mínimo ou outro valor maior será objeto de
parcelamento. Esta facilidade ou esta oportunidade depende de decisão
do usuário e está inserida como uma das cláusulas do contrato. Por
exemplo, o CREDICARD apresenta, em seus contratos, a seguinte
cláusula:

Opções de pagamento do Saldo Devedor


O TITULAR tem, até a data do vencimento da FATURA
MENSAL, a opção de realizar:
a) pagamento total do saldo devedor,
b) pagamento igual ou superior ao mínimo exigido, exercendo,
assim, o direito previsto na cláusula “x”; (Esta é a
cláusula que prevê a oportunidade de financiar o saldo
devedor.)
c) pagamentos parcelados, quando houver; ...

iv. independentemente do percentual definido pelo BACEN, o procedimento


das administradoras de cartões de crédito, a exemplo CREDICARD, é o
de fixar como valor do pagamento mínimo uma quantia que seja sempre
superior aos encargos do período. Entendem-se como encargos para fins
deste cálculo a soma de encargos mais multa e mais juros de mora.

Nota: São encargos normais três itens:


1. remuneração da garantia;
2. taxa da administração; e
3. juros, ou seja, o custo do financiamento.

A necessidade de fixar como valor mínimo da parcela a pagar em cada mês uma
quantia superior ao valor dos encargos está prevista no artigo nº 354 do Novo
Código Civil onde se lê:

2
“Art. 354. Havendo capital e juros, o pagamento imputar-se-á
primeiro nos juros vencidos, e, depois, no capital, salvo estipulação
em contrário, ou se o credor passar a quitação por conta do capital.”

8.2. Capitalização dos juros na conta corrente dos cartões de crédito

Este é um assunto fácil de verificar, pois o contrato não prevê condições ou


instrumentos que visem à capitalização de juros. Quando o usuário paga a
fatura na data de vencimento pelo valor total, não há encargos. Quando, ao
contrário, opta pelo parcelamento do débito escriturado na fatura mensal,
sobre esse parcelamento incidem encargos em cuja composição entra o juro.

Os encargos são computados mensalmente; portanto, quando o usuário faz os


pagamentos mensais nas datas de vencimento, não existe a acumulação de
encargos sobre encargos. Todavia, quando não faz o pagamento de uma prestação
mensal e acumula-a com a seguinte, encontramos o pagamento de encargos sobre a
primeira e também sobre a segunda prestação. Ou seja, quando se dá a
inadimplência do usuário, pelo não pagamento por dois meses consecutivos, ocorre
a capitalização dos encargos ao término do segundo mês. (Veja o tema
“anatocismo” no 3º Capítulo).

Exemplo de composição dos encargos:

Taxas Médias
Soma dos Juros bancários
Data Remuneração Taxa de
Encargos (este é o custo do
Base da Garantia Administração
Contratuais financiamento)
nov/98 12,37% 6,97% 2,38% 3,02%
dez/98 11,38% 6,34% 2,33% 2,71%
jan/99 11,21% 5,92% 2,34% 2,94%
fev/99 11,67% 6,33% 2,32% 3,03%
mar/99 11,40% 5,60% 2,34% 3,46%
abr/99 11,61% 6,03% 2,38% 3,21%
mai/99 10,62% 6,04% 2,32% 2,27%
jun/99 12,23% 6,46% 2,41% 3,36%
jul/99 11,51% 6,63% 2,44% 2,44%
ago/99 11,78% 6,89% 2,48% 2,42%

Nota 01: Em dezembro de 2016, segundo o BACEN, a taxa média dos


encargos cobrados pelas administradoras de cartões de crédito atingiu o
percentual de 15,85% ao mês, ou seja: 484,6% ao ano. Estes percentuais
significam:
(a) que o pagamento mínimo de cartão, quando o devedor optar pelo
percentual de 15% da fatura será insuficiente para cobrir os juros
que incidirão sobre o saldo do próximo mês, fazendo com o que se
torne um devedor eterno; e...
3
(b) que o valor de sua dívida seja aumentado quase cinco vezes em um
ano.

Como se vê, aos associados é facultada a possibilidade de fazerem compras de


bens e de serviços mediante a apresentação de “cartão de crédito”. Trata-se de
moderno instrumento de pagamento que substitui a moeda corrente e o cheque que,
mediante fiança da administradora, permite ao usuário o pagamento futuro de suas
compras, em data determinada, podendo alcançar esse prazo, até 45 dias da data da
compra, sem juros.

A pessoa escolhe um dos cartões oferecidos no mercado, o qual, aliado a um


banco, faculta-lhe a possibilidade de pagamento dias após ter entrado na posse do
bem ou ter usado o serviço requerido. O contrato (de adesão) de prestação deste
serviço, feito com qualquer das empresas ou com mais de uma, tem várias
cláusulas, destacando-se, para fins de perícia contábil, as seguintes:

1. o usuário anui ao sistema de “cartão de crédito” mediante uma das seguintes três
alternativas:
(i) pede o desbloqueio do cartão;
(ii) realiza a primeira compra com o cartão; ou,
(iii) obtém o desbloqueio automaticamente quando realizar a primeira compra;
(iv) contrata e aceita o débito em conta corrente ou paga de alguma forma (via
internet, por telefone, diretamente no banco, etc.) a fatura mensal;

2. estabelece-se a data do vencimento e correspondente débito na conta corrente


bancária que o usuário mantém com o banco vinculado;

Nota 02: O débito automático na conta corrente bancária do usuário é uma


opção do mesmo que, ao seu critério, pode preferir pagar a conta em
qualquer lugar autorizado em recebê-la.

3. contrata-se a possibilidade de, na data do vencimento, o usuário optar por pagar


o valor mínimo da fatura e prosseguir com esta forma de quitar seu débito pelos
meses seguintes. É uma forma de parcelamento de seu débito, pois sobre a parcela
cujo pagamento postergou para o próximo mês, incidem encargos em cuja
composição há juros. O ponto máximo deste procedimento é o seu limite de
crédito.

Ao aderir a algum dos cartões oferecidos no mercado, o usuário adquire o direito


de utilizar diversos serviços, vantagens e descontos que lhe são proporcionados
pela administradora; sendo, o principal deles, o direito de contrair, perante
estabelecimentos conveniados, débitos a serem pagos por ela, em seu nome e por
sua conta e risco. Por sua vez o associado restituirá os valores adiantados pela
administradora ao lojista mensalmente, na data de “vencimento” do cartão. Outro
serviço prestado pela administradora é a obtenção de limite de crédito junto ao
sistema financeiro para financiar, em parcelas mensais, o saldo devedor. O detentor
de cartão de crédito ou associado como estímulo para que use tal serviço, ganha
4
pontos que poderá trocar por produtos e serviços, gratuitamente oferecidos pela
Administradora. Pelos serviços prestados pela administradora o associado paga
uma taxa anual geralmente debitada em parcelas.

Essas compras são realizadas em estabelecimentos credenciados, pelo do sistema


eletrônico denominado POS, ou seja, a compra é autorizada via computador,
automaticamente, emitindo comprovante em duas vias; a 2ª via destina-se ao
cliente do estabelecimento conveniado para que controle os débitos que serão
escriturados em sua conta corrente e outra, a 1ª via que, dependendo do cartão
requer a assinatura do associado é o documento da loja ou do prestador de serviços
que faz prova de que o usuário aceitou o débito pela compra feita ou pelo serviço
usufruído. O estabelecimento comercial no qual o usuário fez a compra, mantém a
sua 1ª via pelo prazo de, no mínimo, 90 (noventa) dias, pois está sujeito a
reclamações do cliente que pode pretender o cancelamento da compra e, portanto,
o cancelamento do débito perante a administradora. Os modernos recursos
eletrônicos aplicados às operações financeiras, fundamentados no uso de chip,
tendem a eliminar o uso do comprovante em papel e assinatura manual. A senha é
a assinatura digital.

No que tange ao procedimento acima, há jurisprudência como segue:

“Por seu turno, da autora (o CREDICARD, no caso) não poderia ser


exigida nos comprovantes assinados pelo portador do cartão, porquanto,
como já foi dito, a mera utilização do cartão com o uso do código, dispensa
a assinatura. Neste tipo de financiamento, acionado eletronicamente por
meio de cartão individual e intransferível do usuário portador, nem sempre
há necessidade da assinatura para o alcance do crédito. Não necessita,
portanto, a autora trazer comprovantes, por ter trazido os diversos
lançamentos de crédito e débito, eletronicamente como o fez.” (Ap. nº
731.993-7, ex-1º TAC, julg. 02.09.97.)

Considerando que a administradora faz pelo usuário o pagamento de suas compras,


converte-se em sua credora. Caso o usuário não possua condições de fazer o
pagamento, no vencimento, da quantia que lhe for debitada poderá usar os serviços
financeiros da administradora, ou seja, por procuração que integra o contrato de
adesão (cláusula mandato), o associado já lhe delegou autoridade para contratar,
junto ao mercado financeiro, os recursos (empréstimo) necessários para quitar a
dívida. Este procedimento faz com que o usuário tenha sua dívida acrescida de
encargos, inclusive juros, pelo financiamento de suas compras não pagas no dia do
vencimento. Caso não pague as prestações mensais do parcelamento obtido e se
torne inadimplente, sobre o valor devido incidirão outros encargos, tais como:
(i) atualização monetária;
(ii) juros de mora; e ...
(iii) multa.

5
Importante considerar que o usuário/associado tem o prazo de 90 (noventa) dias
para eventuais reclamações e impugnações acerca dos valores debitados em sua
conta corrente.

Nota 03: Esta “conta corrente”, que mantém com a administradora do


cartão, é outra e é diferente da conta corrente de movimento que mantém
com o banco vinculado.

Quando a cobrança é feita judicialmente, por exemplo, mediante Ação Ordinária


de Cobrança, o valor cobrado pela Administradora tem como suporte a seguinte
decisão judicial:

“Os acréscimos cobrados são os que foram livremente contratados,


abrangendo juros moratórios de 1% ao mês, multa de 10%, encargos
financeiros incorridos pela apelada em decorrência desta mora e despesas
administrativas. A Autora simplesmente transfere aos associados o custo do
numerário captado no mercado para financiar as faturas não honradas no
seu vencimento. Se fosse repassá-los aos juros de lei, como quer a Ré,
tendo-o obtido a taxas bem mais altas, não haveria suporte financeiro para
a operação e, em tempos de inflação alta, o devedor acabaria pagando
soma insignificante”. (1º TAC/SP (hoje extinto) – SP, AP 572.417-4).

“Os acessórios foram expressamente previstos no contrato e, como tal, se


revestem de validade. A impugnação da Ré dirige-se essencialmente, contra
os juros, mas a jurisprudência tem admitido a fixação de taxas de juros
reais em operações bancárias e financeiras em relação às instituições que
integram o sistema financeiro e bancário nacional.” (1º ex-TAC/SP – SP,
AP 629.882-6.)

Em face da inadimplência, o cartão é cancelado e o usuário é instado a fazer o


pagamento do saldo devedor. Nesta fase, como de praxe, a Administradora cobra:
(i) o saldo devedor; mais
(ii) correção monetária com base na variação dos índices do indexador do
contrato, geralmente o IGP-M; mais
(iii) juros de mora de 1% ao mês calculados linearmente.

A ausência de adequada educação financeira das pessoas impede que calculem e


conheçam as consequências do parcelamento de seus débitos inscritos na fatura
mensal do cartão de crédito e, em face às necessidades financeiras, optem por
pagar valor menor que o total da fatura. Este tipo de decisão, quase sempre, leva o
devedor à inadimplência com consequências desastrosas para sua vida pessoal e
familiar porque o “crédito rotativo” do cartão é uma das modalidades de
empréstimo, principalmente às pessoas físicas, mas também às pessoas jurídicas,
com os encargos financeiros mais elevados do mercado.

Depois de muitos anos e de muitos processos judiciais as autoridades monetárias


intervieram na vida dos menos aquinhoados de saber financeiro e com vigência a
6
partir de 03/04/2017, estabeleceu novas regras para a cobrança de encargos. A
norma do BACEN é de 26/04/2017.

A nova regra é a seguinte: o associado ou cliente dos serviços prestados pelas


empresas que administram cartões de crédito, (ou consumidor como o define
alguns advogados) que não pagar o total da fatura no vencimento deverá considerar
que o saldo não pago – da fatura anterior – deverá ser liquidado até o próximo
vencimento ou deverá ser contratado um parcelamento junto ao banco que está por
trás da administradora; um financiamento do tipo “crédito pessoal”. À oferta do
banco poderá ser aceita ou não pelo usuário. Se aceita for, pagará encargos
financeiros (juros) em percentual menor que o que vinha sendo oferecido pelo
crédito rotativo do cartão. Caso o usuário permaneça no crédito rotativo do cartão
entender-se-á que sua escolha foi essa modalidade de empréstimo, tanto no que se
refere ao prazo como à taxa de encargos, todavia, como se sabe por ser fato
notório, essa não é a melhor opção.

Caso o banco ao qual está vinculada a “bandeira” de seu cartão de crédito não lhe
ofereça um crédito pessoal em conformidade com seus interesses, o
usuário/consumidor poderá obter um empréstimo pessoal em outra instituição
financeira e pagar a fatura integralmente. Ou, ainda, encontrar outras fontes de
recursos para fazer o pagamento do saldo devedor, como, por exemplo:
(i) solicitar ao empregador a antecipação de 13º salário;
(ii) vender seu automóvel;
(iii) etc.

Ao final, caso não tome as necessárias providências e não pague seus débitos,
perderá o direito de uso do cartão e terá seu nome inserido no cadastro das pessoas
inadimplentes. Esta situação poder gerar uma ação judicial do devedor perante a
Administradora do cartão de crédito para que lhe seja mantido o direito de fazer
uso do cartão e, da parte contrária, para que sua dívida seja objeto de ação
executiva de cobrança ou ação equivalente.

8.3. Argumentos dos advogados que questionam a atuação da administradora


de cartões de crédito:

I. Por não ser entidade pertencente ao Sistema Financeiro Nacional, não


poderia, a administradora, cobrar juros acima de 12% ao ano como
previsto na Constituição Federal (Art. 192, § 3º) – Este argumento, nos
dias que correm, está superado porque o § 3º acima citado foi vetado.
II. Também não poderia debitar juros sobre parcelas devidas e não pagas
que já contêm juros, pois essa prática configura o anatocismo.

Estas duas teses estão fundamentadas, por exemplo, no seguinte acórdão:

“CARTÃO DE CRÉDITO – JUROS – (...) – Direito civil e comercial.


Cartão de crédito. Juros. Limitação. Anatocismo. 1. Administradora
7
de cartão de crédito não é definida em lei como instituição financeira,
e, por isso, não goza do direito a estas outorgado, de cobrar taxas de
juros segundo o que for fixado pelo Conselho Monetário Nacional
para aquelas (...). 3. Pratica anatocismo o credor por dívida de
cartão de crédito que conta os juros mensalmente, calculando-os não
sobre o saldo líquido do mês anterior e sim sobre o saldo bruto, ou
seja, com inclusão dos juros. 4. Recursos a que se nega provimento.
(MCG)” (TJRJ – AC nº 4.570/98 – Reg. 090998 – Cód. 98.001.04570
– RJ – 16ª C. Cív. – Rel. Des. Miguel Ângelo Barros – J. 09.06.1998.)

III. A Administradora não anexou aos extratos de conta corrente juntados com
sua peça de combate, os originais dos comprovantes de compra assinados
pelo usuário/associado.

No que tange ao item acima, a Administradora contra argumenta com sendo fato
notório de que as operações são eletrônicas e que os comprovantes de compra
originais ficam em poder do estabelecimento conveniado pelo prazo de até 90 dias.
Informa que estes comprovantes são, sim, a prova da operação comercial realizada
para ser usada se e quando o cliente quisesse devolver e/ou substituir o objeto de
sua compra. Diz ainda que a “demonstração da realização de despesas”, ou seja, o
extrato da conta corrente do usuário/associado, dispensa a apresentação de
comprovantes de compra. O detalhamento dos dados dos extratos mensais é de tal
ordem que permite a verificação, sempre a tempo e antes do vencimento da fatura,
por parte do associado, dos seguintes elementos que compõem o seu débito:
1. discriminação das despesas realizadas;
2. dia em que a despesa foi feita;
3. local onde os gastos foram realizados (nome do estabelecimento);
4. soma do quantum devido na data de vencimento;
5. os encargos financeiros (juros) aplicáveis, caso o associado opte pelo
pagamento parcelado de parte de sua dívida.

Além disso, as Administradoras contra argumentam dizendo:

a) ao titular do cartão de crédito é dado conhecer, previamente, mediante


inserção da informação no corpo de seu extrato de conta corrente, a taxa de
juros ao mês que lhe será cobrada caso opte pelo financiamento de seu
saldo devedor mediante serviços financeiros por ela prestados. Assim
sendo, caso não concorde com a taxa de juros ofertada pela mesma, poderá
financiar seu débito no mercado financeiro
b) a administradora alega que para financiar as parcelas do usuário recorre ao
mercado financeiro, ao qual paga juros de mercado e que repassa esse
custo ao seu associado; e ...
c) contam com julgamento do STJ que as incluiu no rol das “instituições
financeiras”. Vejamos:

“COMERCIAL. CARTÃO DE CRÉDITO. ACÓRDÃO. NULIDADE NÃO


VERIFICADA. ADMINISTRADORA. INSTITUIÇÃO FINANCEIRA. JUROS.
8
LIMITAÇÃO (12% A.A.). LEI DE USURA (DECRETO N. 22.626/33). NÃO
INCIDÊNCIA. APLICAÇÃO DA LEI N. 4.595/64. DISCIPLINAMENTO
LEGISLATIVO POSTERIOR. SÚMULA N. 596-STF. CAPITALIZAÇÃO
MENSAL DOS JUROS. VEDAÇÃO. LEI DE USURA (DECRETO N.
22.626/33). INCIDÊNCIA. SÚMULA N. 121-STF.” I. Não padece de
nulidade acórdão que enfrenta fundamentalmente a controvérsia fática,
apenas por concluir desfavoravelmente à pretensão da recorrente. II. As
administradoras de cartões de crédito inserem-se entre as instituições
financeiras regidas pela Lei n. 4.595/64. III. Não se aplica a limitação de
juros de 12% ao ano, prevista na Lei de Usura, aos contratos de cartão de
crédito. IV. Nesses mesmos contratos, ainda que expressamente acordada, é
vedada a capitalização mensal dos juros, somente admitida nos casos
previstos em lei, hipótese dos autos. Incidência do art. 4º do Decreto n.
22.626/33 e da Súmula n. 121-STF. V. Recurso Especial conhecido em parte
e, nessa parte, parcialmente provido. (REsp nº 421371/RS, publ. DJ 26.08.02,
pg. 243, Rel. Min. Aldir Passarinho Jr., Quarta Turma.)

d) no que tange ao alegado anatocismo, as administradoras informam que esta


figura é falsa, pois o que fazem, de fato, é fechar a conta do usuário a cada
mês, apurar o seu saldo devedor e conceder-lhe novo empréstimo.
Consideram, então, que os juros debitados ao saldo devedor, integram o
valor do novo empréstimo e que, por isso, não se trata de cobrar juros
sobre juros.

8.4. A respeito da abusividade na cobrança de encargos remuneratórios e


moratórios.

Em uma de suas ações, os ex associados de cartões de crédito reclamam que houve


abusividade na cobrança dos encargos remuneratórios e moratórios. No que diz
respeito às taxas de juros que a administradora deveria praticar, este escriba
entende tratar-se de uma questão subjetiva ligada à capacidade gerencial da mesma
na sua função de administradora de serviços por conta de terceiros. Sabe-se que no
nosso país as administradoras de cartões de crédito cobram dos seus associados as
maiores taxas do mundo, tanto do associado comprador/consumidor como do
associado ou conveniado lojista. Por outro lado, o percentual cobrado em base
mensal pelas administradoras de cartões de crédito se compõe de três itens cuja
decomposição é a seguinte:

Remuneração de Garantia: ou seja, percentual destinado a remunerar a


administradora por estar prestando uma garantia de crédito junto às empresas
comerciais e/ou prestadoras de serviços; empresas essas, associadas, conveniadas,
afiliadas, vinculadas ou aderentes ao sistema de vendas – garantidas – por cartão
de crédito da “bandeira” correspondente ao(s) cartão(ões) de crédito da
autora/usuária. O comércio e os prestadores de serviços em geral vendem a prazo a
quem apresentar um cartão de crédito, cientes e seguros de que receberão o valor

9
vendido da administradora da “bandeira”. É pela prestação desse serviço que a
administradora cobra, do associado/cliente/usuário, a remuneração de garantia.

Taxa de Administração do Crédito: ou seja, o percentual destinado a remunerar a


administradora por prestar, sempre que necessários forem, os serviços de captação
e a administração de recursos líquidos (financiamento), que o associado/cliente e
usuário do cartão, no ato do pagamento, não têm os recursos necessários.
Lembremos que os fornecedores que aceitam como pagamento o cartão de crédito
contam com a garantia da venda segura. Logo, são financiamentos necessários para
que o associado pague as compras que fez e fique devendo à Administradora. Os
serviços de administração da conta corrente, a remuneração pelos “serviços
administrativos” relacionados com a contabilidade e controle das operações,
emissão e envio de extratos e demais informações ao associado, acontecem
mediante o pagamento de uma taxa anual, geralmente parcelada, que varia de R$
0,00 (zero) até R$ 3.000,00 (três mil reais) ou até mais, dependendo do tipo de
cartão.

Reembolso do custo do financiamento: taxa de juros de captação dos recursos


que a Administradora pagou ou teria pagado à instituição financiadora vinculada
ou conveniada para financiar o saldo devedor das faturas mensais de seu associado.

8.5. Orientação Técnica

No que tange aos cartões de crédito, a postura profissional do perito judicial requer
equidistância entre os argumentos do usuário/associado do cartão e a
administradora. Por se tratar de uma operação de empréstimo para pagar despesas
feitas pelo usuário/associado e pelo fato de haver jurisprudência que apresenta
certas contradições, principalmente quando examinada à luz da ciência contábil,
deve-se cuidar para que o magistrado tenha uma correta informação a respeito dos
valores devidos segundo os argumentos da administradora e também de acordo
com as teses jurídico-financeiras esposadas pelo usuário/associado/devedor.

Em todos os seus laudos, deve responder a todos os quesitos deferidos


independente do volume de trabalho que tiver para atender a alguns, que,
obviamente, foram feitos para tentar conduzir o perito em erro, aumentar-lhe o
trabalho de forma irritante e, com isso, procrastinar o feito favorecendo quem deve.

8.6. Exemplo de laudo e respectivas planilhas.

1º Exemplo: Trata-se de um laudo e respectivas planilhas. Esta estrutura de laudo


e de planilhas tem atendido adequadamente às necessidades dos magistrados.

10
EXCELENTÍSSIMA SRA. DRA. JUÍZA DE DIREITO DA 119ª VARA CÍVEL
DO FORO CENTRAL DA COMARCA DE SÃO PAULO - SP.

(este espaço deve ter, como mínimo, 10 cm para o r. despacho judicial)

PROCESSO Nº: 000.99.000.000-2


AÇÃO: DECLARATÓRIA com Revisão Judicial de Contrato
REQUERENTE: M.
REQUERIDO: C. S/A - Administradora de Cartões de Crédito

REMO DALLA ZANNA, Contador com CRC nº.


1SP039143/O-9, Economista com CORECON nº. 4.663, nomeado às fls. xxx para
confeccionar laudo técnico conforme quesitos juntados pela Partes, vem, mui
respeitosamente, à augusta presença de V. Exa. para APRESENTAR o resultado
de seu trabalho, nos termos do presente

LAUDO PERICIAL CONTÁBIL

para o qual requer sua juntada aos autos.

Termos em que
Pede Deferimento
São Paulo, 20 de abril de 20xx.

ÍNDICE

Capítulos Página

I – Breve Histórico deste processo segundo o escopo da perícia 3


II – Responsabilidade Profissional e Metodologia 5
III – Considerações acerca do Contrato celebrado (Temas em debate) 9
IV – Quesitos formulados pela Autora 11
V – Quesitos formulados pela empresa Requerida 14
VI – Considerações Adicionais 42
VII – Valores apurados pela perícia 44
VIII – Encerramento 45

11
I - BREVE HISTÓRICO DESTE PROCESSO
SEGUNDO O ESCOPO DA PERÍCIA

1. M. ajuizou a presente Ação Declaratória Cumulada com Revisão Judicial de


Contrato, frente à C. S/A - Administradora de Cartões de Crédito, com a qual
contratou a “prestação de serviços de administração de cartão de crédito”
denominado Cartão C. M.

2. Afirma, em sua Inicial (fls. 02 a 10), que adquiriu o Cartão de Crédito, com
limite de crédito de R$ 3.000,00. Reclama, que ao utilizar o cartão a cobrança
excessiva de juros, ultrapassando 12,40% ao mês, enquanto a inflação e os juros
pagos em qualquer aplicação não ultrapassavam de 1%, entrando em
inadimplência; que o capital investido foi corrompido pelos juros excessivos,
perdeu o controle diante das taxas, juros e da comissão de permanência, houve
lançamentos absurdos no extrato mensal do cartão, tentou cumprir com sua
obrigação, sem êxito. Alega que há débitos lançados de juros e encargos não
autorizados, cobrança de juros capitalizados e encargos de inadimplência em
torno de 13,90%.

3. Junta cópia da fatura do mês de 06/1999 (fls. 14).

4. Em sua Contestação, a Ré (fls. 53 a 69) afirma que a Autora foi titular do cartão
de crédito U. M. nº. xxxx.xxxx.xxxx.1000, adquirido através de adesão ao
contrato de prestação de serviços de cartão de crédito M. em 01/12/1988, o qual
se encontra cancelado por inadimplência. Foi concedido o direito de utilização
do cartão, bem como todos os demais serviços do sistema, entre os quais se
inclui o recebimento de extratos mensais, hábeis para pagamento de seus
débitos, em endereço declinado pela própria autora, a faculdade de pagá-los
junto à rede de bancos associados ao sistema, a possibilidade de realização de
saques em caixas eletrônicos e, ainda, a oportunidade de financiar o seu saldo
devedor, através do crédito rotativo colocado à sua disposição. Pede, ao final,
pela improcedência da ação. Junta “Condições Gerais do Contrato de Prestação
de Serviços de Administração de Cartão de Crédito M.” (fls. 70 e 71) e extratos
mensais (fls. 72 a 74).

5. Em sua Réplica (fls. 77 a 79) a Autora afirma que, não obstante as suas
tentativas, a Ré cobra juros capitalizados camuflados nas cobranças mensais e
que os juros são abusivos e estão muito acima dos preceitos legais. Solicita
prova pericial (fls. 85).

6. Em seu r. despacho saneador (fls. 125), o MM. Magistrado defere a produção da


prova pericial, nomeando este auxiliar.

7. A Autora apresenta 3 quesitos (fls. 115) e não indica Assistente Técnico.

8. A Requerida (fls. 110 a 112) apresenta 22 quesitos e indica o Sr. M. S. com


escritório em Porto - SS, como Assistente Técnico.
12
II - RESPONSABILIDADE PROFISSIONAL E METODOLOGIA

O escopo da prova pericial contábil é comunicar às partes


interessadas, em linguagem simples, os fatos observados sob a
ótica da Ciência Contábil (uma das ciências humanas), dentro de
uma filosofia que permita aproveitar os fatos observados, mercê
dos exames procedidos, para o esclarecimento dos pontos dúbios e
revelar a verdade que se quer conhecer.

01 - O trabalho investigativo que permitiu produzir esta prova foi conduzido, no


que foi possível e aplicável, dentro dos limites técnicos determinados pelas
Normas Brasileiras de Contabilidade - NBC T 13 - DA PERÍCIA CONTÁBIL e -
NBC P 2 - NORMAS PROFISSIONAIS DE PERITO CONTÁBIL, aprovadas,
respectivamente, pelas Resoluções nº. 858/99 e 857/99 do CONSELHO
FEDERAL DE CONTABILIDADE, ambas datadas de 21.10.1999. Os
procedimentos adotados tiveram como objetivo fundamental a elaboração deste
Laudo Pericial Contábil, abrangendo, pois, segundo a natureza e a complexidade
da matéria aqui tratada, o exame, a indagação e/ou pesquisa, a investigação, a
mensuração e a certificação, como previsto na NBC -T 13 supracitada.
02 - Na parte econômica desta prova pericial, foi dada a devida atenção à Lei nº.
1.411, de 13 de Agosto de 1.951 com a nova redação dada pela Lei Federal nº.
6.021, de 03 de Janeiro de 1974, ao Decreto nº. 31.794, de 17 de Novembro de
1.952, que tratam da profissão do Economista; e às posteriores resoluções do
COFECON - Conselho Federal de Economia.

03 - Analisou-se o sistema de argumentação e contra-argumentação usado nesta


lide, a sua lógica e a sua coerência com a prática e com os usos e costumes
adequados às investigações periciais de cunho contábeis, aplicados em matéria
financeira, em casos congêneres.

04 - Os documentos constantes nos autos deste processo foram considerados


suficientes para elaborar esta prova pericial, de maneira que foi possível formar a
convicção técnica que permitiu responder aos quesitos formulados pelas Partes.
Nota relevante: Missivas foram enviadas aos ilustres patronos das Partes, para dar
adequado atendimento ao Art. 431-A do CPC. Vide, por gentileza os
DOCUMENTOS N.ºs. 01 e 02 que compõem esta prova pericial. No mais, as
partes, através de seus ilustres Patronos dispõem do endereço, telefone, fax e email
deste auxiliar para, caso quisessem contribuir com os cálculos, poderiam tê-lo
feito; mas, apesar do tempo decorrido, nenhum contato espontâneo foi mantido até
a conclusão deste trabalho.

05 - Deve ficar patente que a perícia judicial com naturezas contábil, financeira e
econômica, tem seu fundamento legal na escrituração contábil das Pessoas
Jurídicas, quando empresas ou sociedades civis assemelhadas; nos documentos de
controle pessoal e nas declarações de rendimentos das Pessoas Físicas, quando de

13
pessoas naturais, nos documentos acostados aos autos do processo e nas provas
documentais coligidas durante as diligências ou fornecidos pelas Partes, mediante
solicitação do Perito Oficial. Na eventual ausência destas condições técnicas
previstas na legislação comercial e fiscal, o Perito Judicial, para atingir seu escopo,
vale-se das prerrogativas inscritas no Art. 429 do CPC e passa a usar as alternativas
nele previstas, como neste caso, em que se cuida de atender às seguintes condições:
Para atender a Autora: examinar as operações havidas em todo o período,
com o intuito de:

juros pela capitalização


mensal dos encargos cobrados.
Para atender à empresa Requerida: segundo os termos do contrato firmado
para atender à condição pacta sunt servanda, ou seja, segundo o documento
fornecido, “Condições Gerais do Contrato de Prestação de Serviços de
Administração de Cartão de Crédito C. M.”.

06 - Para esclarecer as questões debatidas bem como responder aos quesitos


formulados, o laudo pericial foi construído com base nos documentos juntados aos
autos e mais:
a) Pesquisa junto ao Banco Central do Brasil – Setor de Informações
Técnicas, Diretoria Regional de São Paulo.
b) Elaboração de planilhas para demonstrar a evolução da conta corrente da
Autora: pagamentos parcelados, débitos de encargos contratuais do
financiamento do saldo devedor e dos serviços prestados contemplando
as cláusulas e condições pactuadas no “Contrato” supramencionado e nas
“Faturas Mensais” emitidas pela empresa Ré, em cada mês, conforme
documentos juntados aos autos.
c) Elaboração de planilhas para apurar quais os percentuais de encargos
contratuais praticados pela administradora, Ré, e certificação da aplicação
dos encargos moratórios (multa e juros moratórios) estabelecidos
contratualmente.
d) Oferta de respostas aos quesitos tomando-se por base as situações acima,
o escopo da prova pericial e o fulcro das controvérsias.
e) Apresentação do RESUMO FINAL a fim de que V. Exa. possa decidir o
que for de direito.

07 - Apresentamos, no quadro abaixo, a relação dos DOCUMENTOS e ANEXOS


que fazem parte e integram a presente prova pericial contábil.

Número dos
DOCUMENTOS Assunto(s) tratado(s) em cada um

01 Missiva enviada ao ilustre patrono da Autora comunicando o início dos


trabalhos perícias.
Missiva enviada à ilustre patrona da Ré CREDICARD, do escritório
02 COLOMBO Advogados Associados, comunicando o início dos trabalhos
perícias.

14
Número dos
ANEXOS Assunto(s) tratado(s) em cada um
Demonstrativo das faturas mensais - evolução das movimentações
A consideradas as condições contratadas
Demonstrativo dos encargos contratuais e certificação da multa e juros
B
moratórios estabelecidos no contrato.
Demonstrativo da Decomposição dos Encargos Contratuais (para atender
C
aos quesitos nº. 5, 9 e 10 da Requerida).
Demonstrativo da evolução de uma dívida hipotética, conforme critérios
D estabelecidos pela Requerida. Juros “cheque especial” BACEN. JUROS
SOBRE JUROS (para atender ao quesito nº. 11 da Requerida).
Demonstrativo da Evolução de uma dívida hipotética, conforme critérios
E estabelecidos pela Requerida. Juros “cheque especial” BACEN. Apenas
Juros Simples (para atender aos quesitos nº. 15 e 16 da Requerida)
Demonstrativo da atualização do saldo devedor – conforme critérios
F definidos pela Requerida.
Demonstrativo da Comparação entre encargos contratuais e taxa de mercado
G de outros produtos financeiros.
Demonstrativo das faturas mensais – evolução das movimentações,
H considerando os juros simples, conforme solicitado no quesito nº. 2 da
Requerente.
Demonstrativo da evolução do saldo devedor, conforme critérios definidos
I pela Requerente..

08 - Os textos dos quesitos formulados pelas Partes estão literalmente transcritos


neste Laudo com os eventuais defeitos de linguagem que apresentam nas petições.
Portanto, este Perito Judicial se responsabiliza pelas respostas técnicas a eles
(quesitos) fornecidas, até o limite de seu entendimento lógico, decorrente de
análise sintática aplicada, quando necessário, ao texto apresentado. Isto posto, no
Capítulo IV, encontram-se as respostas oferecidas aos quesitos pertinentes à perícia
de natureza contábil.

III - CONSIDERAÇÕES ACERCA DO CONTRATO


CELEBRADO ENTRE AS PARTES (TEMAS EM DEBATE)

O principal tema discutido nesta lide está relacionado à composição das taxas de
juros remuneratórios e moratórios e a forma com a qual foram cobrados. Para
subsidiar V. Exa. em suas apreciações, este auxiliar informa, consoante o
"CONTRATO DE PRESTAÇÃO DE SERVIÇO DE ADMINISTRAÇÃO DOS
CARTÕES DE CRÉDITO C. M." (fls. 70/71):

3 (três) itens que se somam:


a) média das taxas de financiamento obtidas junto às Instituições Financeiras,
implicando que a taxa de juros não foi fixada, a priori, em contrato; mais ...

15
b) remuneração pela garantia prestada - pela administradora - ao mercado
financeiro, em nome do detentor do cartão, em valor não estabelecido, a
priori, em contrato; mais ...
c) remuneração pelos serviços prestados relacionados com o financiamento e
administração do saldo devedor, também esta, por valor não estabelecido, a
priori, em contrato.

no contrato, as seguintes penalidades:


d) vencimento antecipado da dívida e a constituição em mora do titular;
e) atualização monetária sobre o débito ou indenização por perdas e danos pelos
custos nas quais a C. tenha incorrido;
f) juros moratórios de 1% ao mês;
g) honorários advocatícios de até 20% sobre o valor total da cobrança, em fase
amigável ou judicial;
h) remuneração de até 10% por serviços de preparo e processamento da
cobrança;
i) multa moratória de 10% sobre o saldo devedor, aplicável nos casos de falta,
insuficiência ou atraso de pagamento; e
j) multa convencionada de: até 20%, incidente sobre o saldo devedor, aplicável
cada vez que ocorrer o inadimplemento de qualquer cláusula ou condição
que der causa à rescisão do contrato; e de 50%, incidente sobre o valor da
obrigação, por descumprimento das normas do Banco Central e/ou de
cláusulas e condições previstas pela C. para o CARTÃO de validade
internacional.

IV – QUESITOS FORMULADOS PELA AUTORA (Fls. 175)

QUESITO Nº. 01:


Desde o início do contrato ou em prazo factível de ser analisado, a Requerida
capitalizou os juros aplicados mês a mês?

Resposta:

Afirmativa é a resposta, pois a Requerida capitalizou juros mês a mês. A análise da


evolução das operações revelou que os encargos de financiamento do saldo
devedor e os encargos moratórios foram incorporados à base de cálculo dos novos
juros, mensalmente. Este procedimento comprova ter havido a cobrança dos
encargos mensais de forma cumulativa.

Apesar dos juros moratórios e da multa não terem reincidido sobre o valor do saldo
principal, estes foram incorporados à base de cálculo dos encargos de
financiamento.

16
Pede-se a gentileza de verificar os cálculos contidos nos Anexos “A” e “B” e as
informações prestadas nos capítulo III - CONSIDERAÇÕES ACERCA DO
CONTRATO CELEBRADO, desta prova pericial.

QUESITO Nº. 02:


Se positivo, qual seria o valor da dívida, hoje, se os juros cobrados fossem
simples?

Resposta:

Se os juros cobrados fossem simples, a dívida atualizada até fevereiro/2006, mais


juros de 1% ao mês, seria de R$ 13.204,42 (treze mil, duzentos e quatro reais e
quarenta e dois centavos), conforme demonstrado no Anexo “I” ao qual se pede
reportar-se.

QUESITO Nº. 03:


Nos últimos cinco anos, qual a taxa de juros anual aplicada pela requerida?

Resposta:

Prejudicada é a resposta a este quesito, pois foram infrutíferas as tentativas feitas


junto ao i. assistente técnico e também junto à i. advogada da Requerida, com o
propósito de conhecer quais taxas de juros anuais foram aplicadas pela Ré nos
últimos cinco anos.

V – QUESITOS FORMULADOS PELA


EMPRESA REQUERIDA (Fls. 110 a 112)

QUESITO Nº. 01:


Qual a origem do saldo devedor dos cartões de crédito, antes do início da cobrança
de encargos?

Resposta:

A origem do saldo devedor de cada um dos cartões, antes do início da cobrança de


encargos, corresponde a gastos com o consumo de bens e serviços, segundo as
preferências do(a) contratante dos serviços oferecidos pela rede de fornecedores
que mantêm convênio com os “Cartões de Crédito”. No caso presente, trata-se do
"CONTRATO DE PRESTAÇÃO DE SERVIÇO DE ADMINISTRAÇÃO DOS
CARTÕES DE CRÉDITO C. M.".

17
QUESITO Nº. 02:
Através da verificação dos extratos juntados, pode o Sr. Perito identificar em que
data ocorreu o último pagamento total do saldo devedor constante das faturas dos
cartões? Queira relacionar o valor e data de ocorrência.

Resposta:

Nos extratos acostados às fls. 72 a 74, que correspondem ao período de 04/12/98 a


27/08/99, não há pagamento total do saldo devedor, somente pagamentos parciais.

QUESITO Nº. 03:


Consta na fatura mensal o percentual de encargos contratuais incidentes no
período, no caso do titular optar por financiar o saldo devedor? Consta, ainda, o
percentual de encargos para o período seguinte, inclusive para o caso de saques de
dinheiro em caixas eletrônicos (saques Cash)?

Resposta:

Vamos responder a este quesito em duas partes segundo sua formulação:

1) Quanto a dizer se consta na fatura mensal o percentual de encargos contratuais


incidentes no período, no caso do titular optar por financiar o saldo devedor, este
auxiliar diz que SIM.

2) Quanto a dizer se consta, ainda, o percentual de encargos para o período


seguinte, inclusive para o caso de saques de dinheiro em caixas eletrônicos (saques
Cash), este auxiliar, também para este caso, diz que SIM.

Conclusão: a resposta é positiva para os dois questionamentos apresentados na


formulação deste quesito.

QUESITO Nº. 04:


Quais as multas previstas contratualmente em caso de inadimplência? Quais as
multas que foram efetivamente aplicadas segundo as faturas mensais?

Resposta:

Vamos responder a este quesito em duas partes segundo sua formulação:

1) As multas previstas contratualmente em caso de inadimplência são:

- Multa moratória de 10% sobre o saldo devedor, aplicável nos casos de falta,
insuficiência ou atraso de pagamento; e

18
- Multa convencionada de: - até 20%, incidente sobre o saldo devedor, aplicável
cada vez que ocorrer o inadimplemento de qualquer cláusula ou condição que der
causa à rescisão do contrato; e - de 50%, incidente sobre o valor da obrigação, por
descumprimento das normas do Banco Central e/ou de cláusulas e condições
previstas pela C. para o CARTÃO de validade internacional.

2) As multas efetivamente aplicadas, segundo os critérios contratuais, foram de


2%. Segue relação com alguns exemplos.

Data do Multa %
Vencimento Valor em Reais sobre o Saldo Devedor
09/01/99 62,66 2,00%
09/03/99 65,61 2,00%
09/05/99 75,03 2,00%
09/07/99 7,55 2,00%
09/08/99 7,90 2,00%
27/08/99 11,64 2,00%

QUESITO Nº. 05:


Quais as taxas de juros praticadas no mercado, no período em litígio, comparando-
se àquelas oferecidas pelo comércio em geral, Cheque Especial e os encargos dos
cartões de crédito? Favor relacioná-las, mensalmente, a partir do primeiro mês em
que a autora optou pelo parcelamento dos débitos de seus cartões.

Resposta:

Para atender ao demandado, a perícia diligenciou junto ao Banco Central onde fez
a pesquisa e o levantamento das taxas de juros das principais operações
financeiras. Pedimos, por gentileza, verificar a planilha contida no Anexo C. Ela
mostra a decomposição dos encargos mensais de financiamento e as taxas de juros
praticadas pelo Mercado Financeiro para as operações acima citadas. Os encargos
de financiamento foram decompostos em três categorias, conforme abaixo
explicado.

Nota introdutória relevante: Os percentuais correspondentes a cada


uma das três verbas remuneratórias abaixo explicadas e constantes
no Anexo C, na coluna “Decomposição dos Encargos Contratuais”
são valores estimados ou aproximados, pois o contrato de prestação
dos serviços não os especifica, um a um.

Remuneração de Garantia: percentual destinado a remunerar a administradora por


estar prestando uma garantia de crédito junto às empresas comerciais e/ou
prestadoras de serviços, empresas essas, filiadas ou vinculadas ou aderentes ao
sistema de vendas – garantidas – por cartão de crédito da “bandeira”
correspondente ao(s) cartão(ões) de crédito da Autora/usuária. Como se sabe por
19
ser FATO NOTÓRIO, o comércio e os prestadores de serviços em geral, vendem a
prazo a quem apresenta um CARTÃO DE CRÉDITO, cientes e seguros de que
receberão o valor vendido da administradora da “bandeira”. É pela prestação desse
serviço que a administradora cobra, do cliente/usuário, como é o caso da Autora, a
remuneração de garantia.

Taxa de Administração do Crédito: ou seja, o percentual destinado a remunerar a


administradora por prestar, sempre que necessários forem, os serviços de captação
e a administração de recursos líquidos (financiamento), que o cliente/usuário, no
ato do pagamento, não têm, e destinados a liquidar suas compras. São
financiamentos necessários para que o cliente/usuário do cartão de crédito pague os
saldos devedores.

Nota: A administração comum, ou seja, a remuneração pelos “serviços


administrativos” relacionados com a contabilidade e controle das
operações, emissão e envio de extratos e demais informações,
acontecem por parte do usuário/cliente, mediante o pagamento de
uma taxa anual, geralmente parcelada.

Reembolso do custo do financiamento: juros pagos pela captação dos recursos feita
pela Administradora junto ao mercado financeiro. A Administradora, infere-se,
pagou, às instituições financiadoras, os juros que cobra ou repassa como custo para
financiar o saldo devedor das faturas mensais do cliente/usuário, como é o caso da
Autora.

QUESITO Nº. 06:


Queira o Sr. Perito relacionar, por ordem cronológica, as compras e os saques
Cash, em moeda corrente, efetuados pela autora, até a data do último pagamento.

Resposta:

A perícia entendeu que o escopo do quesito supra é o de conhecer a evolução de


todas as operações realizadas pela titular do cartão durante o tempo em que houve
relação contratual, com destaque para as operações de saques em dinheiro, ou seja,
moeda corrente. Por assim entender o quanto acima perquirido, este auxiliar pede a
gentileza de verificar os demonstrativos juntados às fls. 72 a 74, que trazem, com
detalhes, todas as informações pretendidas.

QUESITO Nº. 07:


Queira o Sr. Expert indicar quando e qual o valor do último pagamento e relacionar
compras e eventuais saques em moeda corrente, que porventura tenham sido
realizados após o último pagamento.

Resposta:

20
O último pagamento foi feito em 17/05/1999, no valor de R$ 751,66, sobre o saldo
de R$ 3.751,66; vencido em 09/05/1999.

Conforme demonstrativos de fls. 72 a 74, não houve lançamento de compras e


eventuais saques em moeda corrente efetuados após o último pagamento.

QUESITO Nº. 08:


A Cláusula Décima do contrato celebrado com a autora, titular do cartão, trata do
mandato outorgado para a administradora obter o financiamento em nome dele,
junto a Instituições Financeiras. Queira o Sr. Perito transcrever tal cláusula,
explicando quais os itens que compõem os encargos contratuais.

Resposta:

Responderemos ao quesito em duas partes, a saber:

reproduzimos o seu conteúdo, conforme segue.

CLÁUSULA DÉCIMA - OPÇÕES DE FINANCIAMENTO

10.1 - Pelo presente instrumento, o TITULAR outorga à CREDICARD,


mandato especial para representá-lo junto a toda e qualquer INSTITUIÇÃO
FINANCEIRA, incluídos nesse mandato os poderes para obter, em nome e
por conta do outorgante, financiamento por valor não excedente ao do saldo
devedor apurado à conta do TITULAR, podendo a CREDICARD, para
tanto, negociar e ajustar PRAZOS, acertar condições e o CUSTO DO
FINANCIAMENTO e demais encargos da dívida cobrados pelas
INSTITUIÇÕES FINANCEIRAS, abrir contas correntes em BANCOS e
assinar contratos de abertura de crédito ou instrumentos de qualquer
natureza, necessários para o financiamento que será utilizado única e
exclusivamente para os fins e na forma prevista neste Contrato.

10.2 - O CUSTO DO FINANCIAMENTO é negociado através dos melhores


esforços pela CREDICARD, segundo regras do mercado financeiro e o seu
percentual, correspondendo à média das taxas obtidas junto às
INSTITUIÇÕES FINANCEIRAS, será repassado ao TITULAR, acrescido
das remunerações previstas no item 10.4.

10.3 – O presente mandato tem prazo de duração igual ao prazo de vigência


deste Contrato, sendo nesse prazo irrevogável e irretratável. A C. estará
automaticamente autorizada a utilizar os poderes de mandato se e quando o
TITULAR exercer a opção de financiamento, ao efetuar o pagamento de,
pelo menos, o valor mínimo indicado na FATURA MENSAL. Se o TITULAR
pagar valor inferior ao mínimo, a C. considerará esse ato como opção de
financiamento e decidirá, a seu exclusivo critério, dentro das normas
21
regulamentares aplicáveis, usar ou não o mandato para obtenção de
financiamento do saldo remanescente. Nesta hipótese, o TITULAR sujeita-se
às penalidades contratuais previstas nas cláusulas Décima Primeira e
Décima Segunda. Se o TITULAR nada pagar, a C. observará a orientação
traçada pelas autoridades monetárias.

10.4 - A C. intervirá nos contratos de financiamento referidos no item 10.1,


como fiadora, avalista e principal pagadora das obrigações do TITULAR e
cobrará de acordo com os parâmetros vigentes no mercado, remuneração
pela garantia prestada e pelos serviços de administração do financiamento.

10.5 - A C. informará, mensalmente, e sempre que necessário, através da


FATURA MENSAL, o percentual máximo dos ENCARGOS CONTRATUAIS
a ser cobrado do TITULAR, os quais se compõem de parte determinada pela
CREDICARD (remuneração pela garantia prestada e pelos serviços de
administração do financiamento) e parte variável representada pelo CUSTO
DO FINANCIAMENTO.

s encargos, pede-se a gentileza de


reportar-se à resposta dada ao quesito 04 desta série, que atende ao quanto
solicitado.

QUESITO Nº. 09:


Queira o Sr. Perito apurar o montante do Custo do financiamento que foi repassado
mensalmente ao titular, bem como o valor das remunerações de administração de
financiamento e de garantia.

Resposta:

Para atender ao demandado, a perícia apurou os encargos contratuais efetivamente


praticados pela administradora. Realizou também sua decomposição mensal
apurando quanto daquele percentual se refere às remunerações de garantia, de
administração e de financiamento.

Pedimos, por gentileza, verificar o Anexo C.

QUESITO Nº. 10:


Queira o Sr. Perito comparar o Custo do financiamento, apurado segundo o quesito
anterior, com as taxas de cheque especial.

Resposta:

Para possibilitar a comparação supra perquirida inserimos, no Anexo C, uma


coluna que demonstra as taxas médias mensais praticadas no mercado financeiro,

22
informadas pelo BACEN, para a operação financeira conhecida popularmente
como cheque especial.

Para que V. Exa. disponha de uma visão mais abrangente, foram inseridas também
informações sobre taxas cobradas, pelos bancos, para a concessão de outros tipos
de financiamento.

QUESITO Nº. 11:


Considerando uma hipotética compra de mercadoria no valor de R$ 100,00, favor
comparar o pagamento da mesma pelo Cartão de Crédito e de Cheque Especial,
incluindo as hipóteses do cartão se pago na totalidade ou parcelado, com vistas a
detectar as melhores oportunidades de ganho.

Resposta:

Para permitir a comparação pretendida, a perícia elaborou, exclusivamente para


atender ao solicitado, um quadro que demonstra a evolução de um empréstimo de
R$ 100,00, tanto pelas taxas médias de juros cobradas para financiamento na
modalidade Cheque Especial (fonte BACEN), quanto pelas taxas de juros de
financiamento praticadas pela administradora. Pede-se, por gentileza, verificar o
resultado desta simulação no Anexo D.

QUESITO Nº. 12:


O "valor do pagamento mínimo" fixado nas faturas mensais é sempre superior ao
montante de encargos contratuais incidentes no período?

Resposta:

A resposta é afirmativa, pois o valor de pagamento mínimo fixado em todas as


faturas mensais é superior ao montante de encargos incidentes no período.

Pedimos a gentileza de verificar o Anexo A, que demonstra a evolução das faturas


mensais.

QUESITO Nº. 13:


Ocorreram pagamentos a menor que o "pagamento mínimo"? Queira relacionar
o(s) período(s) da ocorrência, valor pago e valor do "pagamento mínimo" definido
na fatura.

Resposta:

No que se refere aos pagamentos realizados, tem-se a dizer que não, não houve
pagamentos inferiores ao valor mínimo indicado nas faturas mensais. O que

23
ocorreu foi que a partir do vencimento 09/06/99, a Requerente deixou de efetuar
pagamentos.

QUESITO Nº. 14:


Queira o Sr. Perito verificar se houve cobrança de encargos para as faturas, cujos
valores foram integralmente quitados nas respectivas datas de vencimentos.

Resposta:

Nos extratos anexados aos autos (fls. 72/74), todos os pagamentos foram efetuados
de forma parcial, ou seja, não houve pagamento integral da fatura, no período
analisado.

QUESITO Nº. 15:


Pode o Sr. Expert Judicial demonstrar o cálculo dos encargos contratuais, tomando
como exemplo uma hipotética compra de R$ 100,00, considerando a aplicação de
juros simples?

Resposta:

Visando atender exclusivamente ao solicitado, este auxiliar elaborou uma planilha


que demonstra a evolução da dívida de R$ 100,00, com a apropriação de juros
capitalizados mensalmente (segunda coluna) e juros simples (terceira coluna). As
taxas utilizadas para calcular as duas modalidades ou os dois regimes de cálculo de
juros foram as mesmas praticadas pela administradora e constantes nos extratos
juntados aos autos.

Tomou-se como termo inicial o mês de dezembro de 1998, porque foi a partir
desde período que foi analisado, conforme documentos anexados aos autos fls.
72/74, onde a Requerente utilizava intensamente o financiamento do saldo devedor
das faturas mensais, fato que possibilitou apurar as taxas efetivamente praticadas
pela administradora como acima citado.

Pedimos a gentileza de verificar os cálculos oferecidos no Anexo E.

QUESITO Nº. 16:


Pode o Sr. Perito demonstrar o cálculo dos encargos contratuais, tomando como
exemplo uma hipotética compra de R$ 100,00, considerando a aplicação de juros
compostos?

Resposta:

Vide, por gentileza, a resposta oferecida ao quesito precedente, o de número 15


desta série.
24
QUESITO Nº. 17:
As opções de pagamento que, contratualmente, são asseguradas pelas Cláusulas
Treze e Dezesseis, são elas Direitos ou Obrigações do Titular? Há alguma
imposição contratual para que o titular faça opção por financiar o saldo devedor de
sua fatura ou trata-se de manifestação espontânea da vontade única e exclusiva do
titular do cartão?

Resposta:

Na formulação deste quesito, surge uma questão subjetiva quanto à interpretação


das citadas cláusulas contratuais. Como se sabe por ser fato notório, não cabe ao
auxiliar da Justiça, na função de Perito do Juiz, opinar sobre questões subjetivas
relacionadas às cláusulas contratuais. Ao expert pedem-se, apenas, considerações
técnicas suportadas na ciência contábil e nos cálculos. Assim sendo, fica
prejudicada a resposta a este quesito.

QUESITO Nº. 18:


Pode o Sr. Perito afirmar que quando a autora optou pelo parcelamento dos débitos
de seus cartões, exercendo, assim, seu direito assegurado contratualmente,
conhecia antecipadamente o percentual dos encargos contratuais que incidiram
sobre a sua opção?

Resposta:

Também na formulação deste quesito surge uma questão subjetiva que trata das
consequências advindas do exercício dos direitos da Autora, enquanto titular de
cartão de crédito. Da mesma forma como foi dito na resposta ao quesito precedente
desta série, sabe-se por ser fato notório, que não cabe ao auxiliar da Justiça, na
função de Perito do Juiz, opinar sobre questões subjetivas relacionadas à relação
contratual. Assim sendo, fica prejudicada a resposta a este quesito.

QUESITO Nº. 19:


Queria o Sr. Perito apurar o saldo devedor, considerando a aplicação das condições
pactuadas até o cancelamento do cartão. Queira, ainda, atualizar o saldo devedor, a
partir do cancelamento do cartão até a data atual, considerando a atualização
monetária pelo IGP-M, acrescido de juros simples de 1% ao mês.

Resposta:

Responderemos o quesito supra em duas partes, na mesma ordem em que foram


propostas.

25
-se a gentileza de verificar os Anexos
“A” e “B”, elaborados conforme os critérios definidos contratualmente e taxas de
financiamento praticadas pela administradora.

-M + 1%
ao mês de juros simples, pedimos verificar os cálculos contidos no Anexo F, que
atende ao demandado.

QUESITO Nº. 20:


Queria o Sr. Perito transcrever a Circular nº. 2044, de 25 de setembro de 1991,
editada pelo Banco Central do Brasil, especificamente o artigo 3º. Esta circular está
em vigor?

Resposta:

A Circular nº. 2044, de 25 de setembro de 1991, dispõe sobre:

Contingenciamento de Crédito – Circular nº. 2017. de 15.08.91 – Normas


Complementares

Comunicamos que a diretoria do Banco Central do Brasil, em sessão realizada em


25.09.91, com base no art. 6º da Resolução nº. 1715, de 29.05.90, decidiu:”

“Art. 3º Esclarecer que é vedado às Empresas Administradoras


conceder financiamento direto aos usuários de cartão de crédito,
relativamente à parcela da fatura mensal, não amortizada pelos
mesmos, por ser atividade privativa de Instituição Financeira.”

QUESITO Nº. 21: Existe, no Brasil, alguma instituição financeira que empreste
recursos com juros, remuneração do capital, à taxa de 12% ao ano, capitalizado
anualmente, acrescido de correção monetária pelo INPC, IGP-M ou outro índice
semelhante? Resposta:

Vamos responder a esta pergunta em duas partes, seguindo a ordem dos assuntos
ventilados:

1. Quanto a dizer se existe, no Brasil, “... alguma instituição financeira que


empreste recursos com juros, remuneração do capital, à taxa de 12% ao ano...”
positiva é a resposta, pois os anúncios de financiamento encontrados hoje em dia
na propaganda das instituições financeiras revelam a prática de juros inferiores a
1% ao mês, mormente no comércio de automóveis. Porém, este auxiliar apurou que
à época dos fatos narrados na Inicial, não existiam, no mercado financeiro
nacional, instituições financeiras oferecendo empréstimos com juros à taxa de 12%
ao ano.

26
2. Quanto a dizer se existe, no Brasil, alguma instituição financeira que empreste
às pessoas físicas, recursos para gastos com consumo, excluídos, pois, os casos de
empréstimos para investimentos produtivos, com “... juros capitalizados
anualmente, acrescidos de correção monetária pelo INPC, IGP-M ou outro índice
semelhante”, negativa é a resposta, pois este auxiliar não identificou, nas pesquisas
que fez junto ao BACEN, nenhuma linha de crédito para consumidor final cujo
contrato estabeleça a capitalização anual dos juros e atualização monetária pelo
INPC, IGP-M ou outro índice semelhante.

QUESITO Nº. 22:


O Banco Central do Brasil, através da Circular nº. 2.700, de 28.06.96, estabeleceu
que as instituições financeiras estivessem obrigadas ao recolhimento compulsório
de 75% dos recursos depositados à vista e sobre aviso. Hipoteticamente, se no
período de fevereiro de 1997 até junho de 1998, o banco oferecesse ao aplicador a
taxa de remuneração mensal de 1% ao mês por um período de 30 dias, qual seria a
taxa mensal que o banco deveria cobrar de um tomador de recursos, a fim de que
pudesse gerar recursos suficientes para pagar o aplicador? Queira o Sr. Perito
trazer aos autos cópia da referida circular.

Resposta:

A taxa mensal que o banco deveria cobrar de um tomador de empréstimos a fim de


que pudesse gerar recursos (rendas) suficientes para pagar o aplicador de capitais
financeiros, depende do spread de cada instituição financeira.

Considerando que na definição do que seja spread, estão inclusos: - despesas


administrativas; - lucro da instituição; - impostos diretos e indiretos; e -
inadimplência, a resposta a este quesito está prejudicada pois os elementos que
compõem o spread, como acima citado, são de conhecimento interno de cada
instituição financeira e não estão disponíveis para conhecimento das instituições
concorrentes. Além disso, não se sabe com quais instituições financeiras a Ré
intermediou a captação de recursos que foram utilizados para financiar as compras
da Autora.

A Circular nº 2.700 do Banco Central, datada de 28/06/96, encontra-se abaixo


transcrita na íntegra:

CIRCULAR 2.700: Redefine regras para efeito do recolhimento compulsório


e do encaixe obrigatório sobre recursos à vista.

A Diretoria Colegiada do BANCO CENTRAL DO BRASIL, tendo em vista o


disposto no art. 10, incisos III e IV, da Lei nº. 4.595, de 31.12.64, com a
redação que lhe foi dada pelos arts. 19 e 20 da Lei nº. 7.730, de 31.01.89,
na Resolução nº. 1.857, de 15.08.91, e nos art. 66 e 67 da Lei nº. 9.069, de
29.06.95,

27
D E C I D I U:

Art. 1º O recolhimento compulsório e o encaixe obrigatório sobre recursos à


vista de bancos múltiplos com carteira comercial, de bancos comerciais e de
caixas econômicas sujeitar-se-ão às seguintes alíquotas:
I - depósitos à vista e sob aviso: conforme Anexo A;
II - demais recursos: 60% (sessenta por cento).
Parágrafo Único: As alíquotas de que trata este artigo serão aplicadas
sobre a média dos valores sujeitos a recolhimento (VSR) deduzido, em cada
caso, de R$ 2.000.000,00 (dois milhões de reais).

Art. 2º o recolhimento compulsório e o encaixe obrigatório incidem sobre os


saldos inscritos nos seguintes subgrupos/títulos contábeis do Plano Contábil
das Instituições do Sistema Financeiro Nacional (COSIF):

I - 4.1.1.00.00-0 - Depósitos à vista;


II - 4.1.4.00.00-9 - Depósitos sob aviso;
III - 4.5.1.00.00-6 - Recursos em Trânsito de Terceiros;
IV - 4.9.1.00.00-2 - Cobrança e Arrecadação de Tributos e Assemelhados;
V - 4.9.9.05.00-1 - Cheques Administrativos; e
VI - 4.9.9.60.00-8 - Recursos de Garantias Realizadas.

Parágrafo 1º Os valores inscritos na rubrica Recursos em Trânsito de


Terceiros, sujeitos à exigência, são balanceados com as respectivas
contrapartidas do ativo, ressalvado que aqueles de origem eminentemente
devedora não entram para efeito do balanceamento.
Parágrafo 2º Os valores relativos a recebimentos de contas de água, luz,
telefone e de outros serviços prestados por empresas concessionárias de
serviço público devem integrar a base de cálculo do recolhimento
compulsório/encaixe obrigatório a partir do terceiro dia útil posterior à
data do recebimento, inclusive, independentemente de o pagamento ter
ocorrido ou não em dependência centralizadora da conta de depósito da
empresa concessionária.

Parágrafo 3º Os depósitos à vista e sob avisos captados em municípios


assistidos exclusivamente por agências pioneiras não são computados para
efeito do recolhimento compulsório/encaixe obrigatório, esclarecido que, na
hipótese de a agência perder essa condição, o benefício será mantido por
mais 3 (três) anos.

Parágrafo 4º O recolhimento compulsório e o encaixe obrigatório não


incidem sobre os valores inscritos nos seguintes títulos/subtítulos contábeis:

a) 4.1.4.20.00-3 - Depósitos de Aviso Prévio em Moedas Estrangeiras -


Taxas Flutuantes;
b) 4.5.1.85.00-7 - Ordens de Pagamento em Moedas Estrangeiras;

28
c) 4.5.1.90.00-9 - Ordens de Pagamento em Moedas Estrangeiras - Taxas
Flutuantes;
d) 4.9.1.10.00-9 - IOF a Recolher;
e) 4.9.1.25.00-1 - Recursos do PROAGRO;
f) 4.9.1.35.10-1 - Recebimentos de Contribuições Previdenciárias Federais;
e
g) 4.9.1.50.00-7 - Recebimentos de Tributos Federais.

Parágrafo 5º A instituição financeira pode deduzir do saldo base para fins


de cálculo dos valores sujeitos a recolhimento (VSR), no dia do
recebimento, as importâncias correspondentes aos cheques, sacados contra
outras instituições financeiras, acolhidos em pagamento de tributos e
assemelhados registrados nos subtítulos contábeis a seguir indicados:

a) 4.9.1.40.10-3 - Recebimentos de Tributos Estaduais; e


b) 4.9.1.40.20-6 - Recebimentos de Tributos Municipais.

Parágrafo 6º As instituições financeiras públicas federais e estaduais podem


deduzir os depósitos à vista e sob aviso:

b) a disposição da justiça; c) dos respectivos governos; e d) de autarquias e


de sociedades de economia mista de cujos capitais participem
majoritariamente os respectivos governos.

Parágrafo 7º As instituições financeiras públicas estaduais podem deduzir,


também, os depósitos titulados por entidades públicas municipais da
respectiva Unidade Federativa.

Parágrafo 8º A instituição financeira pode deduzir da base de cálculo dos


valores sujeitos a recolhimento (VSR) do dia útil imediatamente anterior os
valores registrados no subtítulo de uso interno "Sessão de Troca Específica"

Art. 3º As instituições financeiras são divididas em dois segmentos,


denominados "Grupo A" e "Grupo B", para fins do recolhimento
compulsório/encaixe obrigatório.

Parágrafo Único. O Departamento de Operações Bancárias (DEBAN)


divulgará as relações discriminativas das instituições pertencentes a cada
grupo.

Art. 4º O período de cálculo dos valores sujeitos à recolhimento (VSR), e o


de movimentação ou ajustamento compreendem, cada qual, os dias úteis de
uma semana.

Parágrafo 1º O período de cálculo das instituições financeiras integrantes


do Grupo "A" tem início numa quinta-feira e término na quarta-feira da
semana seguinte e o período de movimentação ou ajustamento tem início na
29
sexta-feira imediatamente seguinte e término na quinta-feira da semana
subsequente.

Parágrafo 2º O período de cálculo das instituições financeiras integrantes


do Grupo "B" tem início numa segunda-feira e término na sexta-feira da
própria semana e o período de movimentação ou ajustamento tem início na
terça-feira imediatamente seguinte e término na segunda-feira da semana
subsequente.

Parágrafo 3º A apuração da exigibilidade de recolhimento


compulsório/encaixe obrigatório é feita com base na média dos saldos
diários dos valores sujeitos a recolhimento (VSR) registrado no período de
cálculo.

Art. 5º A instituição financeira fica isenta do recolhimento


compulsório/encaixe obrigatório de que se trata se sua exigibilidade for
igual ou inferior a R$ 10.000,00 (dez mil reais), devendo, entretanto, prestar
as informações conforme estabelecido no artigo 8º desta Circular.

Art. 6º A exigibilidade compulsória sobre recursos à vista deve ser


cumprida, exclusivamente em espécie, considerando-se o saldo da conta
Reservas Bancárias ao final de cada dia útil do período de movimentação
ou ajustamento.

Parágrafo 1º As disponibilidades da instituição financeira, registradas na


rubrica 1.1.1.10.00-6 - CAIXA do Plano Contábil das Instituições do
Sistema Financeiro Nacional (COSIF), até o limite de 15% (quinze por
cento) do total dos valores sujeitos a recolhimento (VSR) da instituição,
pode ser utilizada na composição do ajustamento das exigibilidades de
recolhimento compulsório/encaixe obrigatório sobre recursos à vista.

Parágrafo 2º A parcela de recursos referida no parágrafo 1º deste artigo é


determinada pela média dos saldos diários apurados durante o respectivo
período de cálculo, cumpridos os procedimentos similares aos adotados na
obtenção dos valores sujeitos à recolhimento (VSR).

Art. 7º A instituição financeira deve manter, ao final de cada dia, saldo na


conta Reservas Bancárias em valor equivalente a, no mínimo, 60% (sessenta
por cento) da exigibilidade apurada para o respectivo período de
movimentação.

Parágrafo Único. A instituição financeira que descumprir as normas


relativas à conta Reservas Bancárias incorrerá no pagamento de custo
financeiro na forma prevista na regulamentação em vigor.

Art. 8º Para fins de informação dos valores sujeitos a recolhimento (VSR) e


cálculo da exigibilidade, a instituição financeira deverá utilizar a transação
30
PRES520 do Sistema de Informações Banco Central (SISBACEN),
fornecendo, até o dia útil imediatamente anterior ao início do período de
movimentação, os dados relativos:

I - aos valores sujeitos a recolhimento (VSR), discriminando: a) depósitos à


vista e sob aviso; b) outros recursos à vista: 1. Cobrança e arrecadação de
tributos e assemelhados; 2. Cheques administrativos; 3. Recursos em
trânsito de terceiros; e 4. Recursos de garantias realizadas.

II - ao saldo diário da rubrica 1.1.1.10.00-6-Caixa.

Parágrafo 1º Alterações de dados diários podem ser processadas,


diretamente pela instituição financeira, via transação PRES520 do
SISBACEN, até o dia útil anterior ao do encerramento do respectivo
período de movimentação.

Parágrafo 2º A partir da data-limite fixada no parágrafo 1º deste artigo,


eventuais alterações somente serão processadas pela Delegacia Regional do
Banco Central onde jurisdicionada a instituição financeira, mediante
solicitação formal.

Parágrafo 3º A instituição financeira que deixar de informar os dados no


prazo fixado no "caput" deste artigo ou vier a solicitar inclusão/alteração
de informações a partir do último dia do período de movimentação incorre
no pagamento de multa, na forma prevista na regulamentação em vigor.

Art. 9º Esta Circular entra em vigor na data de sua publicação, surtindo


efeitos a partir dos períodos de movimentação abaixo indicados, quando
ficarão revogadas as

Circulares nº. 2.377, 2.423, 2.468, 2.578, 2.602 e 2.603, de 10.11.93, de 1º.
06.94, de 24.08.94, de 31.05.95, de 14.08.95 e de 17.08.95, respectivamente:
I - 02.08.96 a 08.08.96, para instituições do Grupo "A"; e II - 06.08.96 a
12.08.96, para instituições do Grupo "B".

Brasília, 28 de junho de 1996.


Francisco Lafaiete de Pádua Lopes Diretor

VI – CONSIDERAÇÕES ADICIONAIS

Considerações acerca dos encargos contratuais:

Em uma de suas teses, a Autora reclama que houve abusividade na cobrança dos
encargos remuneratórios e moratórios. No que diz respeito às taxas de juros que a
administradora deveria praticar, este auxiliar entende tratar-se de uma questão
31
subjetiva ligada à capacidade gerencial da empresa Ré na sua função de
administradora de serviços por conta de terceiros, no caso a Autora. Assim, como é
notório, este auxiliar não pode manifestar qualquer opinião a este respeito.
Todavia, visando apenas colaborar com V. Exa., oferece alguns comentários acerca
dos percentuais, procedimentos e critérios definidos contratualmente.

Foram estipulados os seguintes encargos contratuais e moratórios:

saldos devedores mensais. São calculados sobre o saldo devedor médio apurado
desde o vencimento anterior até o vencimento da fatura corrente. São lançados para
pagamento no vencimento da fatura corrente.
edor,
sempre que ocorre atraso ou insuficiência de pagamento, este último apurado em
relação ao valor mínimo indicado nas faturas mensais. Havendo reincidência de
atraso, a multa do período posterior é apropriada sobre os valores adicionados no
período (encargos de financiamento, compras, etc.), exceto multa e juros
moratórios.

saldo devedor, sempre que ocorre atraso ou insuficiência de pagamento, este


último apurado em relação ao valor mínimo indicado nas faturas mensais. Havendo
reincidência de atraso, os juros moratórios do período posterior são apropriados
sobre os valores adicionados no período (encargos de financiamento, compras,
etc.), exceto multa e juros moratórios.
O MONETÁRIA: cobrada sobre o débito em atraso, a critério
da administradora.

administradora. Comentários

Sobre os encargos de financiamento, a perícia tem a dizer que apurou os


percentuais mensais efetivamente praticados, com base nas operações realizadas e
critérios estabelecidos no contrato.

Sobre os encargos moratórios (multa e juros moratórios), a perícia tem a dizer que,
conforme certificado no Anexo B, a administradora Ré cobrou multa moratória de
2% e juros moratórios de 1% ao mês pro rata die, sobre o saldo devedor. Isto foi
feito sempre que ocorreu atraso ou insuficiência de pagamento, este último
apurado em relação ao valor mínimo indicado na fatura mensal. Quando houve
reincidência de atraso, estes encargos foram apropriados somente sobre valores
adicionados (encargos financiamento e compras), exceto sobre a multa e juros
moratórios acumulados.

Considerações sobre a cobrança de juros sobre juros. Anatocismo: Em outra de


suas teses, a Autora reclama que houve a prática do anatocismo pela incorporação
mensal dos juros cobrados pela administradora Ré. A perícia entende que existe
uma questão subjetiva relacionada à legalidade da forma de cobrança dos encargos
mensais. Por não se tratar de matéria técnica, este auxiliar não pode oferecer sua
opinião. Entretanto, visando colaborar com V. Exa., este auxiliar diz que foi
32
possível constatar que os encargos contratuais foram cobrados mensalmente. Este
procedimento fez com que os encargos contratuais de um período incorporassem a
base de cálculo dos encargos contratuais do período seguinte. Este procedimento
resulta na cobrança de juros sobre juros.

VII - VALORES APURADOS PELA PERÍCIA

Como é notório, este auxiliar não pode, ainda que movido pelo espírito de melhor
atender ao honroso mandato que recebeu, exceder os limites traçados pelas peças
encartadas e, principalmente, pelo norteamento definido na formulação dos
quesitos. Qualquer procedimento neste sentido representaria juízo de valor próprio,
o que, efetivamente, não pode ocorrer num trabalho de natureza essencialmente
técnica.

1) Então, para atender à Autora, fez cálculos que pudessem contemplar,


tecnicamente, as teses jurídico-financeiras por ela defendidas. Isto foi atendido
mediante Anexos “H” e “I”.

2) E, para atender à administradora Ré, foram feitas várias contas. Algumas


tiveram como base as técnicas usualmente aplicadas aos cartões de crédito: os
percentuais de multa, de juros moratórios e os encargos contratuais efetivamente
praticados. Outras contas foram elaboradas sob critérios, valores e índices
específicos. Assim sendo, este auxiliar apresenta os valores apurados, como segue:

Valores em Reais apurados em 01/02/2006:

Itens Valores conforme Valores conforme teses


contrato jurídico/financeiras da Autora
Saldo devedor (09/08/99) 4.652,23 3.687,15
Atualização Monetária. 4.843,36 3.731,06
Juros de 1% ao mês 7.406,56 5.786,21
SOMA 16.902,15 13.204,42

Diferença financeira em face às controvérsias guerreadas: R$ 3.697,73.

VIII - ENCERRAMENTO

São inassumíveis responsabilidades sobre documentos controversos que fazem


parte dos Autos deste Processo, se ainda não apreciados pelo MM. Juízo.
Inassumíveis também responsabilidades sobre documentos que podem estar em
poder de pessoas físicas e jurídicas, seja da AUTORA ou da
33
ADMINISTRADORA RÉ, ou ainda, de outros cidadãos interessados no deslinde
deste caso, que a nós não foram consignados até a data da conclusão deste Laudo.
São também inassumíveis responsabilidades sobre matéria jurídica a que tenha,
eventualmente e sem intenção determinada, se referido, inclusive quando este
referimento tivesse ocorrido por indução contida - intencionalmente ou não - na
formulação dos quesitos. Estão excluídas destes conceitos, obviamente, as
responsabilidades de sua profissão.

Nada mais havendo a oferecer, dá-se por concluído o presente LAUDO PERICIA
L CONTÁBIL, composto de 45 (quarenta e cinco) folhas digitadas por
processamento eletrônico de dados, de um só lado, todas rubricadas, com exceção
desta que segue assinada para os devidos fins. Compõem esta prova pericial os 02
(dois) DOCUMENTOS e os 09 (nove) ANEXOS a ela juntados, todos citados no
texto e que com ela se integram.

São Paulo, 20 de Abril de 20xx.

Veja, em separado, os anexos de “A” a “I”.

34
Anexo A

Demonstrativo das FATURAS MENSAIS - Evolução das movimentações, consideradas as condições contratadas

Processo nº.: 99.072984-2 - 10ª Vara Cível Central - São Paulo - SP


Requerente: Maria de Fátima Fernandes Pecoraro
Requerida: Credicard S/A Administradora de Cartões de Crédito

Pagamentos (-) Operações de Consumo Encargos Despesas


Saldo Pagamento
Vcto anterior Saldo atual Vcto
anterior Data Juros mínimo
Valor Compras Ajustes Anuidade Subtotal Multa Juros mora Subtotal Cobrança
pagamento financiam

09/12/1998 3.167,64 04/12/1998 633,52 256,70 4,00 42,00 302,70 296,49 296,49 - 3.133,31 09/01/1999 626,66
09/01/1999 3.133,31 18/01/1999 626,66 649,02 4,00 42,00 695,02 314,56 71,75 386,31 - 3.587,98 09/02/1999 774,99
09/02/1999 3.587,98 08/02/1999 774,99 134,79 4,00 138,79 329,11 329,11 - 3.280,89 09/03/1999 656,17
09/03/1999 3.280,89 10/03/1999 656,17 658,69 4,00 - 662,69 309,56 65,61 1,05 376,22 - 3.663,63 09/04/1999 786,05
09/04/1999 3.663,63 06/04/1999 786,05 533,41 4,00 - 537,41 336,67 336,67 - 3.751,66 09/05/1999 751,66
09/05/1999 3.751,66 17/05/1999 751,66 - 4,00 - 4,00 373,69 75,03 9,68 458,40 - 3.462,40 09/06/1999 760,24
09/06/1999 3.462,40 - - - 395,18 7,55 3,77 406,50 - 3.868,90 09/07/1999 868,90
09/07/1999 3.868,90 - - - - 451,33 7,90 3,95 463,18 10,00 4.342,08 09/08/1999 1.342,08
09/08/1999 4.342,08 - - - - 298,51 11,64 310,15 - 4.652,23 09/09/1999 -

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Anexo B

Demonstrativo dos Encargos Contratuais, e certificação de multa e juros moratórios estabelecidos no contrato

Processo nº.: 99.072984-2 - 10ª Vara Cível Central - São Paulo - SP


Requerente: Maria de Fátima Fernandes Pecoraro
Requerida: Credicard S/A Administradora de Cartões de Crédito

Apuração dos encargos contratuais


praticados Base de calculo Apuração da multa Apuração dos juros
Apuração do saldo devedor de cada fatura
(Juros do financiamento do saldo da multa e dos moratória praticada moratórios praticados
devedor) juros
Consumo
D moratórios
do Período
i Saldo Percentual (conforme
Dias do Dias de Saldo Saldo Somatório até Somatório apos Valores termos Valor Valor % mensal
Vcto anterior Data pgto a Valor pago devedor mensal % praticado
mês atraso anterior devedor pagto pgto cobrados contratuais) cobrado cobrado praticado
s médio praticado
r

09/12/1998 04/12/1998 31 31 3.167,64 633,52 2.534,12 98.196,84 - 3.167,64 296,49 9,36% 302,70 - - -
09/01/1999 18/01/1999 31 09 3.133,31 626,66 2.506,65 28.199,79 55.146,30 2.688,58 314,56 11,70% 695,02 3.133,31 - 71,75 7,63%
09/02/1999 08/02/1999 28 28 3.587,98 774,99 2.812,99 100.463,44 - 3.587,98 329,11 9,17% 138,79 3.587,98 - -
09/03/1999 10/03/1999 31 01 3.280,89 656,17 2.624,72 3.280,89 78.741,60 2.645,89 309,56 11,70% 662,69 3.280,89 65,61 2,0% 1,05 0,96%
09/04/1999 06/04/1999 30 30 3.663,63 786,05 2.877,58 109.908,90 - 3.663,63 336,67 9,19% 537,41 972,25 - -
09/05/1999 17/05/1999 31 08 3.751,66 751,66 3.000,00 30.013,28 69.000,00 3.193,98 373,69 11,70% 4,00 3.751,66 75,03 2,0% 9,68 0,97%
09/06/1999 00/01/1900 30 30 3.462,40 - 3.462,40 103.872,00 - 3.462,40 395,18 11,41% - 377,69 7,55 2,0% 3,77 1,00%
09/07/1999 00/01/1900 31 31 3.868,90 - 3.868,90 119.935,90 - 3.868,90 451,33 11,67% - 395,18 7,90 2,0% 3,95 0,97%
09/08/1999 00/01/1900 31 31 4.342,08 - 4.342,08 134.604,48 - 4.342,08 298,51 6,87% - 451,33 11,64 2,6% -

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Anexo C

Demonstrativo da Decomposição dos Encargos Contratuais


(para atender aos quesitos nºs 5, 9 e 10 da Requerida)

Processo nº.: 99.072984-2 - 10ª Vara Cível Central - São Paulo - SP


Requerente: Maria de Fátima Fernandes Pecoraro
Requerida: Credicard S/A Administradora de Cartões de Crédito

Taxas praticadas do Mercado Financeiro


Decomposição dos Encargos Contratuais
(fonte: BACEN)
Encargos
contratuais
apurados
Remuneração de Taxa Adm. De Custo Financia-
Capital de Conta Cheque Credito
Garantia Crédito mento
giro Garantida Especial Pessoal
(aproximado) (aproximado) (aproximado)

dez/98 9,36% 5,50% 3,23% 1,90% 4,39% 4,97% 8,81% 6,79%


jan/99 11,70% 6,88% 4,04% 2,37% 4,85% 5,14% 8,96% 6,79%
fev/99 9,17% 5,39% 3,17% 1,86% 5,20% 5,65% 9,72% 7,08%
mar/99 11,70% 6,88% 4,04% 2,37% 5,13% 5,37% 8,74% 7,03%
abr/99 9,19% 5,40% 3,17% 1,87% 4,70% 5,59% 9,39% 6,77%
mai/99 11,70% 6,88% 4,04% 2,37% 4,29% 4,93% 8,74% 6,37%
jun/99 11,41% 6,71% 3,94% 2,32% 3,88% 4,66% 8,56% 6,02%
jul/99 11,67% 6,86% 4,03% 2,37% 3,74% 4,26% 8,38% 6,04%
ago/99 6,87% 4,04% 2,37% 1,40% 3,68% 4,21% 8,18% 5,97%

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Anexo D

Demonstrativo da evolução de uma dívida hipotética


(conforme quesito nº 11 da Requerida)

Processo nº.: 99.072984-2 - 10ª Vara Cível Central - São Paulo - SP


Requerente: Maria de Fátima Fernandes Pecoraro
Requerida: Credicard S/A Administradora de Cartões de Crédito

Juros do Financiamento (REQUERIDA) Juros do Cheque Especial (BACEN)

Data base
Taxa mensais Juros do Saldo Taxas Juros do
Saldo anterior Saldo final Saldo final
apuradas período anterior mensais período

dez/98 100,00 11,70% 11,70 111,70 100,00 8,81% 8,81 108,81


jan/99 111,70 11,70% 13,07 124,77 108,81 8,96% 9,75 118,56
fev/99 124,77 11,70% 14,60 139,37 118,56 9,72% 11,52 130,09
mar/99 139,37 11,70% 16,31 155,67 130,09 8,74% 11,38 141,46
abr/99 155,67 11,70% 18,21 173,89 141,46 9,39% 13,29 154,75
mai/99 173,89 11,70% 20,34 194,23 154,75 8,74% 13,52 168,27
jun/99 194,23 11,70% 22,73 216,96 168,27 8,56% 14,40 182,67
jul/99 216,96 11,70% 25,38 242,34 182,67 8,38% 15,30 197,97
ago/99 242,34 11,70% 28,35 270,69 197,97 8,18% 16,20 214,17

Notas:
1 ) Todos os percentuais de encargos foram apurados com base nas condições estabelecidas no
contrato e evolução das operações realizadas

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Anexo E

Demonstrativo da Evolução da Dívida Hipotética


(para atender quesitos 15 e 16 da Requerida)

Processo nº.: 99.072984-2 - 10ª Vara Cível Central - São Paulo - SP


Requerente: Maria de Fátima Fernandes Pecoraro
Requerida: Credicard S/A Administradora de Cartões de Crédito

Juros do Financiamento (REQUERIDA), com os


Juros do Financiamento (REQUERIDA), com os
encargos capitalizados mensalmente (juros
juros não capitalizados (juros simples)
compostos)

Data base
Saldo Saldo final
Taxa Saldo Taxa
anterior Juros do Juros do (Capital +
mensais Saldo final anterior mensais
(capital + período período juros
apuradas (Capital) apuradas
juros) acumulados)

dez/98 100,00 11,70% 11,70 111,70 100,00 11,70% 11,70 111,70


jan/99 111,70 11,70% 13,07 124,77 100,00 11,70% 11,70 123,40
fev/99 124,77 11,70% 14,60 139,37 100,00 11,70% 11,70 135,10
mar/99 139,37 11,70% 16,31 155,67 100,00 11,70% 11,70 146,80
abr/99 155,67 11,70% 18,21 173,89 100,00 11,70% 11,70 158,50
mai/99 173,89 11,70% 20,34 194,23 100,00 11,70% 11,70 170,20
jun/99 194,23 11,70% 22,73 216,96 100,00 11,70% 11,70 181,90
jul/99 216,96 11,70% 25,38 242,34 100,00 11,70% 11,70 193,60
ago/99 242,34 11,70% 28,35 270,69 100,00 11,70% 11,70 205,30

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Anexo F

Demonstrativo da atualização do saldo devedor - conforme


critérios definidos pela Requerida

Processo nº.: 99.072984-2 - 10ª Vara Cível Central - São Paulo - SP


Requerente: Maria de Fátima Fernandes Pecoraro
Requerida: Credicard S/A Administradora de Cartões de Crédito

Correção
Data base Saldo devedor IGPM Saldo atualizado
monetária

set/99 4.652,23 1,45% 67,46 4.719,69


out/99 4.719,69 1,70% 80,23 4.799,92
nov/99 4.799,92 2,39% 114,72 4.914,64
dez/99 4.914,64 1,81% 88,95 5.003,60
jan/00 5.003,60 1,24% 62,04 5.065,64
fev/00 5.065,64 0,35% 17,73 5.083,37
mar/00 5.083,37 0,15% 7,63 5.090,99
abr/00 5.090,99 0,23% 11,71 5.102,70
mai/00 5.102,70 0,31% 15,82 5.118,52
jun/00 5.118,52 0,85% 43,51 5.162,03
jul/00 5.162,03 1,57% 81,04 5.243,07
ago/00 5.243,07 2,39% 125,31 5.368,38
set/00 5.368,38 1,16% 62,27 5.430,66
out/00 5.430,66 0,38% 20,64 5.451,29
nov/00 5.451,29 0,29% 15,81 5.467,10
dez/00 5.467,10 0,63% 34,44 5.501,54
jan/01 5.501,54 0,62% 34,11 5.535,65
fev/01 5.535,65 0,23% 12,73 5.548,39
mar/01 5.548,39 0,56% 31,07 5.579,46
abr/01 5.579,46 1,00% 55,79 5.635,25
mai/01 5.635,25 0,86% 48,46 5.683,71
jun/01 5.683,71 0,98% 55,70 5.739,41
jul/01 5.739,41 1,48% 84,94 5.824,36
ago/01 5.824,36 1,38% 80,38 5.904,73
set/01 5.904,73 0,31% 18,30 5.923,04
out/01 5.923,04 1,18% 69,89 5.992,93
nov/01 5.992,93 1,10% 65,92 6.058,85
dez/01 6.058,85 0,22% 13,33 6.072,18

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Anexo F

Demonstrativo da atualização do saldo devedor - conforme


critérios definidos pela Requerida

Processo nº.: 99.072984-2 - 10ª Vara Cível Central - São Paulo - SP


Requerente: Maria de Fátima Fernandes Pecoraro
Requerida: Credicard S/A Administradora de Cartões de Crédito

Correção
Data base Saldo devedor IGPM Saldo atualizado
monetária

jan/02 6.072,18 0,36% 21,86 6.094,04


fev/02 6.094,04 0,06% 3,66 6.097,70
mar/02 6.097,70 0,09% 5,49 6.103,19
abr/02 6.103,19 0,56% 34,36 6.137,55
mai/02 6.137,55 0,83% 50,94 6.188,49
jun/02 6.188,49 1,54% 95,30 6.283,79
jul/02 6.283,79 1,95% 122,53 6.406,33
ago/02 6.406,33 2,32% 148,63 6.554,95
set/02 6.554,95 2,40% 157,32 6.712,27
out/02 6.712,27 3,87% 259,76 6.972,04
nov/02 6.972,04 5,19% 361,85 7.333,89
dez/02 7.333,89 3,75% 275,02 7.608,91
jan/03 7.608,91 2,33% 177,29 7.786,19
fev/03 7.786,19 2,28% 177,53 7.963,72
mar/03 7.963,72 1,53% 121,84 8.085,56
abr/03 8.085,56 0,92% 74,39 8.159,95
mai/03 8.159,95 -0,26% (21,22) 8.138,73
jun/03 8.138,73 -1,00% (81,39) 8.057,35
jul/03 8.057,35 -0,42% (33,84) 8.023,51
ago/03 8.023,51 0,38% 30,49 8.054,00
set/03 8.054,00 1,18% 95,04 8.149,03
out/03 8.149,03 0,38% 30,97 8.180,00
nov/03 8.180,00 0,49% 40,08 8.220,08
dez/03 8.220,08 0,61% 50,14 8.270,22
jan/04 8.270,22 0,88% 72,78 8.343,00
fev/04 8.343,00 0,69% 57,57 8.400,57
mar/04 8.400,57 1,13% 94,93 8.495,50
abr/04 8.495,50 1,21% 102,80 8.598,29

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Anexo F

Demonstrativo da atualização do saldo devedor - conforme


critérios definidos pela Requerida

Processo nº.: 99.072984-2 - 10ª Vara Cível Central - São Paulo - SP


Requerente: Maria de Fátima Fernandes Pecoraro
Requerida: Credicard S/A Administradora de Cartões de Crédito

Correção
Data base Saldo devedor IGPM Saldo atualizado
monetária

mai/04 8.598,29 1,31% 112,64 8.710,93


jun/04 8.710,93 1,38% 120,21 8.831,14
jul/04 8.831,14 1,31% 115,69 8.946,83
ago/04 8.946,83 1,22% 109,15 9.055,98
set/04 9.055,98 0,69% 62,49 9.118,46
out/04 9.118,46 0,39% 35,56 9.154,03
nov/04 9.154,03 0,82% 75,06 9.229,09
dez/04 9.229,09 0,74% 68,30 9.297,38
jan/05 9.297,38 0,39% 36,26 9.333,64
fev/05 9.333,64 0,30% 28,00 9.361,65
mar/05 9.361,65 0,85% 79,57 9.441,22
abr/05 9.441,22 0,86% 81,19 9.522,41
mai/05 9.522,41 -0,22% (20,95) 9.501,46
jun/05 9.501,46 -0,44% (41,81) 9.459,66
jul/05 9.459,66 -0,34% (32,16) 9.427,50
ago/05 9.427,50 -0,65% (61,28) 9.366,22
set/05 9.366,22 -0,53% (49,64) 9.316,58
out/05 9.316,58 0,60% 55,90 9.372,48
nov/05 9.372,48 0,40% 37,49 9.409,97
dez/05 9.409,97 -0,01% (0,94) 9.409,02
jan/06 9.409,02 0,92% 86,56 9.495,59
fev/06 9.495,59 0,00% - 9.495,59

Saldo atualizado em 02/2006 9.495,59

Juros simples de 1% ao mês (78%) 7.406,56

Total em 02/2006 16.902,15

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Anexo G

Demonstrativo da Comparação entre encargos contratuais e


taxas de mercado

Processo nº.: 99.072984-2 - 10ª Vara Cível Central - São Paulo - SP


Requerente: Maria de Fátima Fernandes Pecoraro
Requerida: Credicard S/A Administradora de Cartões de Crédito

Taxas praticadas do Mercado Financeiro


(fonte: BACEN)
Encargos
Data base contratuais
apurados
Capital de Conta Cheque Crédito
giro Garantida Especial Pessoal

dez/98 9,36% 4,39% 4,97% 8,81% 6,79%


jan/99 11,70% 4,85% 5,14% 8,96% 6,79%
fev/99 9,17% 5,20% 5,65% 9,72% 7,08%
mar/99 11,70% 5,13% 5,37% 8,74% 7,03%
abr/99 9,19% 4,70% 5,59% 9,39% 6,77%
mai/99 11,70% 4,29% 4,93% 8,74% 6,37%
jun/99 11,41% 3,88% 4,66% 8,56% 6,02%
jul/99 11,67% 3,74% 4,26% 8,38% 6,04%
ago/99 6,87% 3,68% 4,21% 8,18% 5,97%

Remune - Administra - Custo do


ração de ção do financia - Total
Média da Credicard (2000 a
Garantia Crédito mento
2003)

Estrutura do custo do
CARTÃO, pelas médias
apuradas 6,41% 2,26% 2,24% 10,91%

Em porcentagem do total 58,77% 20,67% 20,56% 100,00%

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Anexo H

Demonstrativo das faturas mensais - evolução das movimentações, considerando juros simples, conforme solicitado no quesit

Processo nº.: 99.072984-2 - 10ª Vara Cível Central - São Paulo - SP


Requerente: Maria de Fátima Fernandes Pecoraro
Requerida: Credicard S/A Administradora de Cartões de Crédito

saldo anterior e Operações Cash Pagamentos (-) Operações de Consumo Enca


Saldo
Vcto anterior
anterior Valores Taxa de Data Juros
s/ juros Data Encargos Subtotal Valor Compras Ajustes Anuidade Subtotal
sacados serviço pagamento financiamento

09/12/1998 3.167,64 3.167,64 04/12/1998 633,52 256,70 4,00 42,00 - 296,49


09/01/1999 2.904,73 3.236,00 18/01/1999 626,66 649,02 4,00 42,00 695,02 314,56
09/02/1999 3.423,46 2.599,80 08/02/1999 774,99 134,79 4,00 138,79 329,11
09/03/1999 3.091,43 2.606,32 10/03/1999 656,17 658,69 4,00 - 662,69 309,56
09/04/1999 3.469,55 2.357,68 06/04/1999 786,05 533,41 4,00 - 537,41 336,67
09/05/1999 3.496,76 1.610,02 17/05/1999 751,66 - 4,00 - 4,00 373,69
09/06/1999 3.022,18 1.610,02 - - - 395,18
09/07/1999 3.221,88 1.620,02 - - - - 451,33
09/08/1999 3.433,27 1.620,02 - - - - 298,51

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Anexo H

es, considerando juros simples, conforme solicitado no quesito nº 02 da séria da Requerente

Encargos Despesas
Pagamento
Saldo atual Vcto
Taxa de Juros de mínimo
juros simples Multa Subtotal Cobrança
juros mora

370,61 11,70% 370,61 - 2.904,73 09/01/1999 626,66


378,61 11,70% 71,75 450,36 - 3.423,46 09/02/1999 774,99
304,18 11,70% 304,18 - 3.091,43 09/03/1999 656,17
304,94 11,70% 65,61 1,05 371,60 - 3.469,55 09/04/1999 786,05
275,85 11,70% 275,85 - 3.496,76 09/05/1999 751,66
188,37 11,70% 75,03 9,68 273,08 - 3.022,18 09/06/1999 760,24
188,37 11,70% 7,55 3,77 199,69 - 3.221,88 09/07/1999 868,90
189,54 11,70% 7,90 3,95 201,39 10,00 3.433,27 09/08/1999 1.342,08
189,54 11,70% 11,64 201,18 - 3.634,45 09/09/1999 -

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Anexo I

Demonstrativo da Atualização do saldo devedor,


conforme critérios definidos pela Requerente

Processo nº.: 99.072984-2 - 10ª Vara Cível Central - São Paulo - SP


Requerente: Maria de Fátima Fernandes Pecoraro
Requerida: Credicard S/A Administradora de Cartões de Crédito

Correção
Data base Saldo devedor IGPM Saldo atualizado
monetária

set/99 3.634,45 1,45% 52,70 3.687,15


out/99 3.687,15 1,70% 62,68 3.749,83
nov/99 3.749,83 2,39% 89,62 3.839,45
dez/99 3.839,45 1,81% 69,49 3.908,95
jan/00 3.908,95 1,24% 48,47 3.957,42
fev/00 3.957,42 0,35% 13,85 3.971,27
mar/00 3.971,27 0,15% 5,96 3.977,22
abr/00 3.977,22 0,23% 9,15 3.986,37
mai/00 3.986,37 0,31% 12,36 3.998,73
jun/00 3.998,73 0,85% 33,99 4.032,72
jul/00 4.032,72 1,57% 63,31 4.096,03
ago/00 4.096,03 2,39% 97,90 4.193,93
set/00 4.193,93 1,16% 48,65 4.242,58
out/00 4.242,58 0,38% 16,12 4.258,70
nov/00 4.258,70 0,29% 12,35 4.271,05
dez/00 4.271,05 0,63% 26,91 4.297,96
jan/01 4.297,96 0,62% 26,65 4.324,60
fev/01 4.324,60 0,23% 9,95 4.334,55
mar/01 4.334,55 0,56% 24,27 4.358,82
abr/01 4.358,82 1,00% 43,59 4.402,41
mai/01 4.402,41 0,86% 37,86 4.440,27
jun/01 4.440,27 0,98% 43,51 4.483,79
jul/01 4.483,79 1,48% 66,36 4.550,15
ago/01 4.550,15 1,38% 62,79 4.612,94
set/01 4.612,94 0,31% 14,30 4.627,24
out/01 4.627,24 1,18% 54,60 4.681,84
nov/01 4.681,84 1,10% 51,50 4.733,34

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Anexo I

Demonstrativo da Atualização do saldo devedor,


conforme critérios definidos pela Requerente

Processo nº.: 99.072984-2 - 10ª Vara Cível Central - São Paulo - SP


Requerente: Maria de Fátima Fernandes Pecoraro
Requerida: Credicard S/A Administradora de Cartões de Crédito

Correção
Data base Saldo devedor IGPM Saldo atualizado
monetária

dez/01 4.733,34 0,22% 10,41 4.743,76


jan/02 4.743,76 0,36% 17,08 4.760,83
fev/02 4.760,83 0,06% 2,86 4.763,69
mar/02 4.763,69 0,09% 4,29 4.767,98
abr/02 4.767,98 0,56% 26,84 4.794,82
mai/02 4.794,82 0,83% 39,80 4.834,62
jun/02 4.834,62 1,54% 74,45 4.909,07
jul/02 4.909,07 1,95% 95,73 5.004,80
ago/02 5.004,80 2,32% 116,11 5.120,91
set/02 5.120,91 2,40% 122,90 5.243,81
out/02 5.243,81 3,87% 202,94 5.446,75
nov/02 5.446,75 5,19% 282,69 5.729,43
dez/02 5.729,43 3,75% 214,85 5.944,29
jan/03 5.944,29 2,33% 138,50 6.082,79
fev/03 6.082,79 2,28% 138,69 6.221,48
mar/03 6.221,48 1,53% 95,19 6.316,66
abr/03 6.316,66 0,92% 58,11 6.374,78
mai/03 6.374,78 -0,26% (16,57) 6.358,20
jun/03 6.358,20 -1,00% (63,58) 6.294,62
jul/03 6.294,62 -0,42% (26,44) 6.268,18
ago/03 6.268,18 0,38% 23,82 6.292,00
set/03 6.292,00 1,18% 74,25 6.366,25
out/03 6.366,25 0,38% 24,19 6.390,44
nov/03 6.390,44 0,49% 31,31 6.421,75
dez/03 6.421,75 0,61% 39,17 6.460,93
jan/04 6.460,93 0,88% 56,86 6.517,78
fev/04 6.517,78 0,69% 44,97 6.562,75

Prof. Remo Dalla Zanna (MS)


Contador e Economista
Fone/Fax: 6942-0806
Página 2 de 4 e-mail: rdzpericias@uol.com.br
Anexo I

Demonstrativo da Atualização do saldo devedor,


conforme critérios definidos pela Requerente

Processo nº.: 99.072984-2 - 10ª Vara Cível Central - São Paulo - SP


Requerente: Maria de Fátima Fernandes Pecoraro
Requerida: Credicard S/A Administradora de Cartões de Crédito

Correção
Data base Saldo devedor IGPM Saldo atualizado
monetária

mar/04 6.562,75 1,13% 74,16 6.636,91


abr/04 6.636,91 1,21% 80,31 6.717,22
mai/04 6.717,22 1,31% 88,00 6.805,22
jun/04 6.805,22 1,38% 93,91 6.899,13
jul/04 6.899,13 1,31% 90,38 6.989,51
ago/04 6.989,51 1,22% 85,27 7.074,78
set/04 7.074,78 0,69% 48,82 7.123,59
out/04 7.123,59 0,39% 27,78 7.151,38
nov/04 7.151,38 0,82% 58,64 7.210,02
dez/04 7.210,02 0,74% 53,35 7.263,37
jan/05 7.263,37 0,39% 28,33 7.291,70
fev/05 7.291,70 0,30% 21,88 7.313,57
mar/05 7.313,57 0,85% 62,17 7.375,74
abr/05 7.375,74 0,86% 63,43 7.439,17
mai/05 7.439,17 -0,22% (16,37) 7.422,81
jun/05 7.422,81 -0,44% (32,66) 7.390,14
jul/05 7.390,14 -0,34% (25,13) 7.365,02
ago/05 7.365,02 -0,65% (47,87) 7.317,15
set/05 7.317,15 -0,53% (38,78) 7.278,36
out/05 7.278,36 0,60% 43,67 7.322,04
nov/05 7.322,04 0,40% 29,29 7.351,32
dez/05 7.351,32 -0,01% (0,74) 7.350,59
jan/06 7.350,59 0,92% 67,63 7.418,21
fev/06 7.418,21 0,00% - 7.418,21

Saldo atualizado em 02/2006 7.418,21

Juros simples de 1% ao mês (78%) 5.786,21

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Anexo I

Demonstrativo da Atualização do saldo devedor,


conforme critérios definidos pela Requerente

Processo nº.: 99.072984-2 - 10ª Vara Cível Central - São Paulo - SP


Requerente: Maria de Fátima Fernandes Pecoraro
Requerida: Credicard S/A Administradora de Cartões de Crédito

Correção
Data base Saldo devedor IGPM Saldo atualizado
monetária

Total em 02/2006 13.204,42

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PF 09 – edição pessoal para fins de estudo e venda em PDF

Revisado em maio/2019.

9º - MÓDULO

DESCONTO DE RECEBÍVEIS E FACTORING

9.1 – Conceito.
9.2 – Desconto de Cheques pré-datados
9.3 – Desconto de Nota Promissória e de Duplicata Comercial ou de Prestação de Serviços
9.4 – Cédula de Crédito Industrial e Cédula de Crédito Comercial (um tipo de nota
promissória).
9.5 – Motivos mais comumente alegados pelo correntista para agir, judicialmente, contra o
banco.
9.6 – Factoring ou Fomento Mercantil
9.6.1– Conceitos, finalidades e características de empresas de fomento mercantil
9.6.2 – A questão da compra de recebíveis na condição pro-soluto e a revenda.
9.6.3 – Garantia Fiduciária em operações de factoring.
9.6.4 – Como calcular o Fator de Compra – FC - e exemplo de cálculo para conhecer o
percentual efetivo de custo de uma operação de factoring.
9.6.5 – Contabilização de operação de fomento mercantil e tributos incidentes.
9.6.6 – Motivos mais frequentes que levam as empresas de factoring e seus clientes ao Poder
Judiciário.
9.6.7 – Exemplo de um laudo sobre operação de factoring e respectivos cálculos.
9.7 – Exemplos de operações de desconto de títulos.
9.8 – Orientação Técnica
9.9 – Um exemplo de laudo que cuida de duplicatas descontadas e respectivas planilhas.
9.10 – Um exemplo de laudo que revela a total ausência de diálogo entre o advogado a
Contabilidade a respeito das provas que a escrituração contábil pode oferecer
efetivamente.

9.1. Conceito.

O desconto de títulos recebíveis é o adiantamento de recursos ao cliente, feito por


um banco ou por uma empresa de factoring (1), sobre valores de títulos com
vencimento futuro em relação à data deste tipo de empréstimo. Neste tipo de
operação, o banco adianta à empresa sacadora o valor líquido dos títulos e se
(1)
Quando a operação de desconto de títulos é feita por uma empresa de factoring é chamada de “compra e
venda de títulos”, pois a atividade de “descontar de títulos” é, do ponto de vista legal, exclusiva das
instituições financeiras. Ainda neste capítulo temos um item que cuida somente de operações de
factoring: um misto de operação financeira e comercial com prestação de serviços que têm o propósito
de terceirizar o “departamento financeiro” da empresa.

1
PERÍCIA CONTÁBIL EM MATÉRIA FINANCEIRA – Prof. Remo Dalla Zanna (MS)

compromete a cobrá-los aos sacados. Pelo fato de fazer um adiantamento financeiro


em relação às datas de vencimento de cada título, o banco, na realidade, faz um
empréstimo tendo como garantia o recebimento dos valores de face grafados nos
títulos. É por isso que, conhecendo o valor de face de cada título, sobre ele aplica
um “desconto” que corresponde à sua renda (juros) e credita na conta do cliente o
valor líquido da operação. Portanto, sendo os títulos descontados uma verdadeira
garantia fiduciária do adiantamento (empréstimo) feito pelo banco, este tipo de
contrato financeiro é sempre feito na condição pro solvendo; ou seja, caso os
sacados não paguem os títulos descontados, o sacador deverá fazê-lo de maneira
que o valor emprestado, de uma forma ou de outra, seja restituído ao banco
emprestador. Outras informações sobre direitos e obrigações geradas entre o banco
(a entidade que desconta) e a empresa que ofereceu títulos para desconto, sejam
esses títulos, seus ou de terceiros que lhe foram transferidos por endosso, podem ser
conhecidas mediante leitura do maravilhoso trabalho da douta Maria Helena Diniz,
em sua renomada obra Tratado Teórico e Prático dos Contratos, Ed. Saraiva, São
Paulo, 1993, vol. 4, a partir da página 430.

Os títulos objeto de operações de desconto são, geralmente, cheques pré-datados,


duplicatas mercantis e/ou de prestação de serviços, direitos por operações com
cartões de crédito e notas promissórias. Pelo adiantamento, o agente financeiro
cobra uma taxa de juros deduzida antecipadamente e credita, ou entrega ao cliente,
o valor líquido. O objetivo deste tipo de operação financeira é antecipar a entrada
de liquidez para agilizar o fluxo de caixa do cliente-financiado; por isso, são
chamadas, modernamente, de operações de antecipação de recebíveis.
Concomitantemente ao empréstimo obtido, com este fato contábil, o correntista
transfere ao banco ou à factoring a tarefa de enviar para cobrança, mediante boleto
bancário, seus créditos; mas não lhe transfere o risco de inadimplência do
sacado/devedor, pois mantém com o banco um contrato que sempre prevê o direito
de regresso. A questão do direito de regresso com a empresa de factoring será
abordada no item 09.6.3 deste capítulo porque, em sendo a factoring uma empresa
comercial, inexiste, para ela, o direito de regresso.

Segundo José Dutra V. Sobrinho, em seu livro Matemática Financeira, Editora


Atlas, São Paulo, 1997, 6ª edição, página 47:

O desconto deve ser entendido como a diferença entre o valor de resgate de


um título e o seu valor presente na data da operação, ou seja: D = S – P, em
que
D representa o valor monetário do desconto,
S o seu valor futuro (valor assumido pelo título na data do seu
vencimento) e
P o valor creditado ou pago ao seu titular.

2
PERÍCIA CONTÁBIL EM MATÉRIA FINANCEIRA – Prof. Remo Dalla Zanna (MS)

Assim como no caso de juros, o valor do desconto também está associado a


uma taxa e a determinado período de tempo.

A operação de desconto tem como garantia os títulos de crédito gerados na


atividade comercial. Esta é a regra geralmente aceita. Portanto, não é um
financiamento direcionado a um determinado bem ou a um determinado serviço,
mas um empréstimo concedido para atender às necessidades de “capital de giro”.
Existe também a figura do desconto de Nota Promissória. Este título, ressalvadas as
eventuais exceções, não tem origem nas atividades comerciais e é apenas uma
promessa de pagamento assinada por quem a emite. Este tipo de desconto recebeu,
na linguagem popular, a alcunha de “papagaio”. Para as pessoas físicas, existe a
possibilidade de financiar-se com base em um “empréstimo pessoal” o qual tem
como garantia uma Nota Promissória assinada pelo tomador do empréstimo e
avalizada por outra pessoa a critério do banco.

9.2. Desconto de Cheques pré-datados

Este tipo de operação é suportado por contrato cujo nome, em geral, é:


CONTRATO DE ABERTURA DE CRÉDITO EM CONTA CORRENTE PARA
DESCONTO DE CHEQUES ou, alternativamente, CONTRATO DE
EMPRÉSTIMO PARA CAPITAL DE GIRO COM CESSÃO DE DIREITOS
CREDITÓRIOS. Trata-se de um contrato com o qual o cliente bancário pode fazer
empréstimos sucessivos e cumulativos até o limite de crédito pré-fixado. A
sucessividade destes empréstimos é uma decisão do tomador, pois, cada vez que
apresentar um borderô de cheques (uma relação de cheques) o banco financiador
fará um crédito em sua conta corrente correspondente ao valor líquido dos cheques
apresentados.

Este tipo de contrato fixa:


a) a forma de utilização do limite de crédito aberto;
b) taxa de juros ao mês;
c) cálculos de juros de forma linear (juros simples);
d) a finalidade, ou seja, o desconto dos cheques pré-datados;
e) a reapresentação dos cheques pelo próprio banco; e
f) as condições de quitação dos mesmos nos casos em que os emitentes não os
honrem.

As sucessivas operações são formalizadas mediante BORDERÔ DE DESCONTO.


Estes cheques “trocados” com o banco geralmente contêm o texto “bom para” e a
data de “vencimento”. Esta anotação é colocada, por hábito, logo abaixo da
assinatura. Também são afixados aos cheques “lembretes” vendidos em papelarias

3
PERÍCIA CONTÁBIL EM MATÉRIA FINANCEIRA – Prof. Remo Dalla Zanna (MS)

com dizeres sobre a data em que cada um pode ser depositado para evitar que, caso
seja depositado antes da data recomendada, seja recusado por falta de fundos.

Pelo serviço de adiantamento do valor dos cheques pré-datados, o banco


“desconta”:
a) o valor que corresponde à taxa de juros pactuada; mais
b) IOF (Imposto sobre Operações Financeiras), também conhecido como IOC
(Imposto sobre Operações de Crédito); mais
c) despesas de manuseio, classificação e guarda dos cheques até a data em que
deverão ser depositados para compensação bancária, mais
d) despesas de cobrança e outras.

O valor líquido da operação é, então, creditado na conta corrente do cliente.

9.3. Desconto de Nota Promissória e de Duplicata Comercial ou de Prestação


de Serviços

O desconto desses títulos é feito da mesma forma e com os mesmos critérios


adotados pelo banco para a operação de antecipação de recebíveis fundada em
cheques pré-datados. O que muda é a taxa de juros ao mês que, além de variar de
banco para banco, varia também em função do risco de crédito relacionado com a
pessoa do sacado. Varia também em função do risco de quem propõe a operação de
desconto não poder honrar, quando for o caso, a cláusula de direito de regresso.

Tanto nas operações de desconto de cheques pré-datados como nas de desconto de


duplicatas e de notas promissórias, os juros são apurados de forma linear e
deduzidos na data da liberação do crédito para, na data do vencimento, o agente
financeiro receber o valor de face do título. O critério de cálculo dos juros
descontados é sempre o mesmo, seja ele aplicado para a antecipação de recebíveis
na forma de cheques pré-datados, direitos sobre cartões de crédito, desconto de
duplicatas, desconto de notas promissórias ou de outros títulos como Antecipação
de Operação de Câmbio (ACC), etc.

A taxa de desconto ou taxa de juros da operação é flutuante, dependendo da


situação do mercado no dia em que a operação for contabilizada, ou seja, no dia em
que o crédito do valor líquido for levado à conta corrente do cliente. Mas há
contratos que estabelecem taxa de desconto (de juros) fixa na vigência do mesmo,
aplicável a operações sucessivas.

As tarifas de cobrança e de manuseio dos títulos são, geralmente, fixas; um valor


para cada documento, mas podem ser calculadas ad valorem da operação. A taxa de

4
PERÍCIA CONTÁBIL EM MATÉRIA FINANCEIRA – Prof. Remo Dalla Zanna (MS)

abertura de crédito, quando cobrada pelo banco, será em percentual sobre o limite
de crédito disponibilizado ao cliente. Quando cobrada será única por contrato.

Na hipótese de não ocorrer a compensação bancária (recebimento) por falta de


fundos do emitente do cheque ou por qualquer outra razão, o banco debitará o valor
na conta corrente do cliente, pois já lhe houvera feito o adiantamento quando da
operação de desconto e o contrato conta com a cláusula do direito de regresso.
Quando o banco contabilizou o valor líquido do adiantamento, na conta de seu
cliente, transformou-se em proprietário dos títulos; todavia, fez o adiantamento na
expectativa de que esses títulos (cheques, duplicatas, notas promissórias, etc.)
fossem honrados pelos devedores. Não o sendo, a operação é estornada pelo valor
bruto de cada título. Este procedimento está contido na cláusula do direito de
regresso pela qual o banco que adiantou o valor, na eventualidade de não
pagamento do título, transfere-o para a Carteira de Cobrança Simples, podendo
levá-lo a protesto em nome de seu cliente. Mutatis mutandis, a cláusula contratual
que possibilita o lançamento contábil do estorno da operação de desconto
malsucedida tem a seguinte redação:

“O CLIENTE autoriza expressamente o Banco xyz S/A a debitar em


sua conta corrente os cheques que não foram pagos e se declara
ciente que, em não havendo condições de se efetuar o débito dos
valores dos cheques devolvidos por inexistirem fundos suficientes em
sua conta corrente, o Banco xyz S/A os manterá em seu poder,
podendo promover, a seu critério, a cobrança dos referidos cheques
por qualquer meio de direito, substituindo as responsabilidades do
CLIENTE e dos INTERVENIENTES/AVALISTAS, em qualquer hipótese,
até a completa quitação.”

Paralelamente, entende-se que não podem ser estornados os encargos cobrados


quando da operação de desconto, pois o cliente já se beneficiou com o adiantamento
creditado em sua conta corrente. Em seguida, ser-lhe-ão debitadas as despesas
incorridas com as ações de cobrança até o protesto.

Na hipótese de não haver saldo suficiente na conta corrente do cliente para


amortizar o débito decorrente do estorno da operação de antecipação de recebíveis
como acima explicitado, serão debitados nesta conta corrente – uma conta corrente
garantida – os encargos previstos no contrato desta mesma conta corrente.

A devolução dos cheques não acatados na compensação bancária bem como a


devolução dos demais títulos descontados, já protestados ou não, pelo banco ao
cliente, será feita mediante o pagamento (2) do débito exigido, condição esta
consignada expressamente no contrato. De posse dos cheques e dos demais títulos

5
PERÍCIA CONTÁBIL EM MATÉRIA FINANCEIRA – Prof. Remo Dalla Zanna (MS)

de crédito devolvidos, poderá o cliente encetar as ações judiciais de cobrança


cabível.

Quanto à cláusula de direito de regresso, são desconhecidos por este escriba, no


nosso país, contratos em que esta cláusula tenha sido suprimida. Ou seja, a praxe
bancária nacional é no sentido de trabalhar com o direito de regresso.

9.4. Cédula de Crédito Industrial e Cédula de Crédito Comercial (um tipo de


nota promissória)

Dentre as várias operações de empréstimo bancário cujos juros são calculados e


cobrados usando o Método Hamburguês, um dos tipos mais comuns é a Cédula de
Crédito oferecida pelo Banco do Brasil S/A, cuja finalidade é aportar capital de giro
tanto para a indústria como para o comércio. Este produto bancário, sob as óticas
contábeis e jurídicas, é uma nota promissória e, no que tange à metodologia para o
cálculo dos juros, diz:
“(...) Referidos juros, calculados pelo método hamburguês com
base na taxa proporcional diária (mês comercial), serão debitados
e exigidos a cada período de 30 (trinta) dias corridos, no
vencimento e na liquidação da dívida, podendo ser capitalizados, a
critério do Banco, desde que não pagos no dia em que se tornarem
exigíveis.”

Vejamos, por meio de um exemplo, a aplicação matemática deste dispositivo


contratual:
 valor da cédula de crédito industrial: R$ 1.000.000,00;
 data da liberação do valor em conta corrente: 14/01/1998;
 data de vencimento do empréstimo: 18/02/1998;
 taxa de juros: 4% ao mês;
 valor cobrado no vencimento: R$ 1.046.933,33;
(2)
Esta ação em que o cliente bancário paga, ele mesmo, o valor do título de crédito (cheque,
duplicata, nota promissória, etc.) que houvera descontado e que o sacado não honrou, se dá
mediante débito do valor de face do título em sua conta corrente garantida. Inexistindo saldo
suficiente para o pagamento mesmo assim o banco lhe debita o valor dos títulos impagos
fazendo com que, às vezes, o saldo da conta corrente se torne credor (crédito em favor do
banco e débito do cliente) por força do contrato de conta corrente garantida. Sobre este saldo
credor em favor do banco serão cobrados juros com base nas condições contratadas para esta
conta corrente garantida até que o débito seja quitado. Por óbvio, a taxa de juros que incide
sobre o saldo devedor da conta corrente garantida nada tem a ver com o percentual e com o
valor da taxa de “desconto” aplicada aos títulos descontados e não honrados pelos sacados.
Certamente esses juros da conta corrente garantida são diferentes quanto à taxa e quanto ao
prazo para débito e pagamento, pois o contrato será outro.

6
PERÍCIA CONTÁBIL EM MATÉRIA FINANCEIRA – Prof. Remo Dalla Zanna (MS)

Pede-se demonstrar os cálculos do banco para conhecer o débito após 35 dias


corridos.

RESPOSTA: O processo de cálculo de juros lineares, porém acumulando-se os


juros ao capital após cada período de 30 dias, é a seguinte:

Etapas do Fórmula juros lineares VALORES


cálculo em R$
Juros entre 14/01/98
e 13/02/98 (30 dias) 4% 30
1.000.00,00 x 1 + ----- x ----- - 1.000.000,00 40.000,00
100 30

Incorporação de
Juros ao Capital 1.000.00,00 + 40.000,00 1.040.000,00

Juros entre 14/02/98


e 18/02/98 (3 dias) 4% 5
1.040.00,00 x 1 + ----- x ----- - 1.040.000,00 6.033,33
100 30

Incorporação de
Juros ao Capital 1.040.00,00 + 6.033,33 1.046.0233,33

Observa-se que, com o acúmulo dos juros apurados do 1º período (R$ 40.000,00)
ao capital de R$ 1.000.000,00, forma-se o montante de R$ 1.040.000,00, ou seja: a
base de cálculo para apurar os juros do 2º período incorporou juros e sobre estes
incidem novos juros. Conclui-se, assim, que a metodologia adotada pelo banco
considera juros lineares apenas para o período de 30 dias não para todo o tempo do
contrato. A maneira usada para calcular, como acima demonstrado, implica em juros
capitalizados e, neste caso, configura-se o fenômeno jurídico do ANATOCISMO
porque os juros de 30 dias sobre os quais novos juros de mais 5 dias foram
calculados, não eram devidos na data do cálculo. Em outras palavras, o banco, ao
capitalizar juros por 30 dias quando ainda não estava vencida a cédula, transformou-
os em capital antes do vencimento da obrigação, sem que isso tivesse sido
contratado.

9.5. Motivos mais comumente alegados pelo correntista para agir,


judicialmente, contra o banco:

 Que o banco teria debitado juros em taxa superior à que fora pactuada.
Constatou-se em 100% dos casos examinados que o reclamante equivocou-se
sobre a cláusula do contrato que fixa uma taxa de juros válida para a primeira
7
PERÍCIA CONTÁBIL EM MATÉRIA FINANCEIRA – Prof. Remo Dalla Zanna (MS)

operação e que as taxas de juros a serem aplicadas a partir da segunda


operação serão livremente definidas pelo banco com base nas taxas que o
“mercado” estaria praticando no dia da operação.

 Que o banco debitou em sua conta corrente os títulos (cheques ou duplicatas)


que não foram honrados pelos devedores e que este fato fez com que o saldo
de sua conta corrente garantida ficasse devedor e assim outros juros lhe
foram cobrados sobre esse saldo devedor. Dizem que este procedimento seria
ilegal, pois seria coibido, por lei, o ato de cobrar juros sobre juros. O
raciocínio dos advogados é de que o cliente já pagou juros quando a operação
de desconto de títulos foi contabilizada e que, com o débito em sua conta
corrente garantida do título não honrado pelo sacado, novos juros foram
cobrados. Chamam a esta prática bancária de “anatocismo”. Todavia,
afastadas as questões de mérito (relacionadas com a interpretação de leis), do
ponto de vista contábil, a operação de desconto de títulos não se confunde
com as operações contabilizadas na conta corrente garantida, apenas que a
conta corrente é o local contábil onde são registradas as consequências das
operações de desconto de títulos. Por outro lado, para que a conta corrente
não fique credora em favor do banco e para que o cliente não pague juros
sobre este saldo é necessário que pague o que deve e zere o saldo. No
momento em que a conta corrente apresentar saldo devedor do banco para
com o cliente, juros não serão cobrados pelo banco.

 Os advogados que defendem os direitos dos tomadores de empréstimos


mediante o desconto de recebíveis entendem que a cláusula de direito de
regresso aplicada pelos bancos em contrato de adesão seria abusiva, ou seja,
que o banco não poderia debitar os títulos impagos pelos devedores na conta
corrente do cliente financiado, mas deveria segundo alegam com outras
palavras:
(i) contabilizar a inadimplência do devedor em separado,
(ii) informar o cliente/correntista do fato,
(iii) insistir na cobrança do título até, inclusive, levando-o a protesto
e, por fim, em sendo protestado,
(iv) entrar com ação de cobrança pela via judicial em nome de seu
cliente, o descontatário (neologismo criado por um advogado).
Mas os contratos de desconto de títulos não preveem esta mecânica contábil e
operacional.

Os advogados que representam os bancos, por seu lado, dizem que o cliente que
descontou os títulos não contratou esses serviços, ou seja, entendem que:
(v) o direito de regresso é para ser obedecido e dele decorre a
contabilização do título não pago a débito da conta corrente do
cliente/financiado;
8
PERÍCIA CONTÁBIL EM MATÉRIA FINANCEIRA – Prof. Remo Dalla Zanna (MS)

(vi) dizem que no caso de inexistir saldo para amortizar o débito em


conta corrente, o fato configura um novo empréstimo sobre o
qual novos juros devem ser cobrados; e que ...
(vii) a cobrança judicial dos títulos impagos é tarefa que não lhe
compete, mas, sim ao credor.

9.6. Factoring ou Fomento Mercantil

Glossário necessário

1. Faturizada – dá-se este nome à empresa comercial, industrial ou


prestadora de serviços que vende os títulos à empresa de factoring e
lhe transfere a propriedade (cede-lhe a propriedade) mediante
endosso em branco. No Direito, é chamada de “cedente do crédito”.

2. Faturizadora – dá-se este nome à empresa de fomento mercantil


que adquire os direitos sobre recebíveis a vencer, pagando por eles
o valor de face menos um deságio previamente contratado.

3. Faturização – o ato de negociar recebíveis a vencer com empresas


de fomento mercantil.

9.6.1. Conceitos, finalidades e características de empresas de fomento mercantil

Conforme CARTILHA DO FACTORING preparada pela Associação Nacional de


Factoring – ANFAC, o conceito de empresa de fomento mercantil é o seguinte: “...
a empresa de factoring é uma empresa comercial e não uma instituição financeira,
porque no factoring não ocorre uma operação de crédito, tal como uma operação
bancária, mas simplesmente uma venda a vista de créditos em que o cedente se
responsabiliza pela boa origem dos direitos que são gerados ao transferi-los para
a cessionária – a companhia de factoring...”.

No livro Manual de Direito Comercial, Saraiva, 13ª edição, pág. 467,


encontramos ensinamento do mestre Fábio Ulhoa Coelho com os seguintes dizeres:
Faturização ou fomento mercantil é o contrato pelo qual uma instituição
financeira (faturizadora) se obriga a cobrar os devedores de um empresário
(faturizado), prestando a este os serviços de administração de crédito. Como se
pode perceber, quando um empresário concede crédito aos consumidores ou aos
compradores de seus produtos ou serviços, ele passa a ter mais uma preocupação
empresarial, consistente na necessidade de se administrar a concessão do crédito.
9
PERÍCIA CONTÁBIL EM MATÉRIA FINANCEIRA – Prof. Remo Dalla Zanna (MS)

Isto compromete não somente o controle dos vencimentos, o acompanhamento da


flutuação das taxas de juros, os contatos com os inadimplentes, a adoção das
medidas assecuratórias do direito creditício, como também a cobrança judicial
propriamente dita. Além disso, o empresário, ao conceder crédito, assume o risco
de insolvência do consumidor ou do comprador.

Não temos, todavia, uma legislação específica que defina, conceitue ou regulamente
as operações de factoring que, na legislação esparsa disponível, recebeu o nome de
fomento mercantil. (O nome factoring é importado do latim). Portanto, as questões
legais tanto para o funcionamento das empresas de factoring como para as
operações comerciais que praticam são resolvidas, principalmente, com base:
1. no Código Civil;
2. no Código Comercial (artigo 191);
3. na Lei nº. 5.474/1968 que cuida de vendas mercantis,
4. na Lei nº. 7.357, de 02/09/1985 (Lei do Cheque),
5. no Ato Declaratório nº. 51, de 28/09/1994 da Receita Federal com o qual a
autoridade fazendária reconhece a compra de créditos como uma atividade
comercial,
6. na Resolução nº. 2.144, de 22/02/1995 do BACEN,
7. na alínea c-4, do parágrafo 1º, do artigo 28, da Lei 8.981/1995;
8. com base na letra (d) item III, § 1º, artigo 15 da Lei nº 9.249, de 26/12/1995;
9. no Decreto nº. 57.663/1996 que cuida dos títulos de crédito,
10. no Artigo 58 da Lei nº. 9.430/1996;
11. em circulares do BACEN;
12. em jurisprudência firmada; e...
13. no Código de Ética, Disciplina e Auto-Regulamentação do Factoring da
Associação Nacional de Factoring (ANFAC).

Dispomos, ainda, do conceito de factoring definido na alínea c-4, do § 1º, do artigo


28, da Lei 8.981/1995, como sendo “A prestação cumulativa e contínua de
serviços de assessoria creditícia, mercadológica, gestão de crédito, seleção de
riscos, administração de contas a pagar e a receber, compra de direitos
creditórios resultantes de vendas mercantis a prazo ou de prestação de serviços”.

Logo, a proposta das empresas de Fomento Mercantil (factoring) é terceirizar as


funções financeiras das pequenas e médias empresas industriais e comerciais que
têm, para a economia nacional, relevante importância econômica. As tarefas a que
se propõem as empresas de factoring são aquelas normalmente delegadas ao
Departamento Financeiro, ou seja: (i) Contas a Receber (crédito e cobrança); (ii)
Crédito e Cadastro (cadastramento de clientes e concessão de limite para compras a
prazo); (iii) Faturamento (emissão de notas fiscais, faturas, duplicatas, boletos de
cobrança, informações eletrônicas de venda para fins financeiros, contábeis e fiscais
e documentos de expedição e embarque de mercadorias); (iv) Contas a Pagar
10
PERÍCIA CONTÁBIL EM MATÉRIA FINANCEIRA – Prof. Remo Dalla Zanna (MS)

(pagamento de fornecedores e de todas as contas da empresa exclusive salários e


encargos da folha de pagamentos); e (v) demais operações de caixa e bancos. Quem
administra esta área das empresas recebe, geralmente, o título de Gerente
Financeiro ou de Tesoureiro. Além de administrar as atividades acima mencionadas,
é deste cargo a responsabilidade e a tarefa de obter o capital de giro necessário para
viabilizar os projetos de curto prazo da empresa. A Lei 8.981/1995 acima citada
indica que as faturizadoras devem oferecer esta gama de serviços e não apenas
a compra de recebíveis.

Embora não seja atividade sujeita ao controle do BACEN, este avaliou a


necessidade de estabelecer a diferença fundamental entre os bancos e as
faturizadoras e o fez por meio da Circular nº. 1.459/1988 e da Resolução nº.
2.144/1995. A leitura destas normas revela que às sociedades de fomento mercantil
é proibida a prática de qualquer operação própria de instituição financeira,
inserindo-se nesta a vedação ao ato de captar recursos de terceiros para suas
operações de compra de recebíveis. Ou seja, as faturizadoras não podem acolher
depósitos de correntistas de nenhum tipo e nem obter funding com operações de re-
desconto de títulos de terceiros. Não sendo, pois, sua atividade, a de intermediação
financeira, só pode comprar de direitos creditórios resultantes de vendas
mercantis ou de prestação de serviços, usando recursos próprios.

No exercício da função de assessoria financeira à empresa cliente, a faturizadora


pode, por exemplo, pagar as compras de matérias-primas de seu cliente à vista e,
depois, o acerto de contas se dará pela entrega de duplicatas mercantis geradas com
a venda dos produtos fabricados. Este procedimento é controlado em conta gráfica,
ou seja, mediante a escrituração contábil de uma conta corrente recíproca.
Obviamente, a variável prazo entre a data em que a faturizadora pagou os
fornecedores da faturizada e a data de vencimento das duplicatas mercantis geradas
com a venda da produção justifica o deságio que é a remuneração dos serviços
prestados pela faturizadora. Como se vê, há um envolvimento íntimo entre a
faturizadora e a faturizada porque a faturizadora assume a administração da
Tesouraria da faturizada, liberando os proprietários desta para as atividades de
produção e vendas.

Os direitos creditórios gerados pelas vendas da faturizada são:


1) duplicatas;
2) direitos sobre cartões de crédito;
3) cheques pré-datados emitidos por terceiros;
4) notas promissórias rurais com suporte em vendas às industrias processadoras
de matérias primas geradas no campo;
5) warrants; e
6) conhecimentos de transporte.

11
PERÍCIA CONTÁBIL EM MATÉRIA FINANCEIRA – Prof. Remo Dalla Zanna (MS)

Estes documentos financeiros apresentam todas as informações necessárias para


realizar a cobrança e o recebimento dos valores neles grafados. Todavia, duas
informações são essenciais para a concretização da operação de factoring, ou seja,
de compra dos direitos creditórios, que são: (a) valor de face; e (b) prazo de
vencimento. Logo, tendo um valor futuro e desejando a empresa faturizada tornar
seus direitos líquidos antes do vencimento, aceita receber, à vista, um valor menor
que o de face. À diferença entre o valor de face e o valor pago antes do vencimento,
dá-se o nome de deságio. Por sua vez, o deságio é calculado com base em um
Fator de Compra – FC – determinado pela faturizadora.

Além do deságio sobre o valor de face, pode ser cobrado um percentual - ad


valorem - que representa a remuneração pelos serviços prestados conforme está no
artigo 58 da Lei nº. 9.430/1996. Para remunerá-los e cobrir os custos de cobrança
bancária dos títulos comprados, a empresa de factoring cobra da faturizada em
torno de 1% do montante negociado. Costuma, também, obter a devolução do que
será despendido com quaisquer outras despesas de cobrança e tributárias.

A condição para que um relacionamento comercial seja iniciado entre a faturizadora


e a faturizada é a existência de um Contrato de Prestação de Serviços de
Fomento Mercantil cumulado com um contrato de a compra/venda de recebíveis.
As operações de compra e venda de recebíveis não suportadas por adequado
Contrato de Prestação de Serviços de Fomento Mercantil converte-se em
agiotagem. O primeiro contrato pode ser chamado de “contrato principal” ou
“contrato básico” ou, ainda, “contrato mãe”. As operações de compra/vendas de
direitos creditórios iniciam-se com a elaboração do Aditivo nº 001. À medida que
as operações vão se sucedendo, para cada uma delas, novo Aditivo será emitido e
em sequência numérica. Este instrumento integra o contrato mãe e dele deriva. O
Fator de Compra – FC – de cada nova negociação virá claramente expresso em
cada aditivo. Os vários aditivos indicam a sucessividade das operações e
configuram a continuidade do relacionamento comercial entre as partes.

Com a assinatura do “Aditivo”, os títulos de crédito vendidos pela faturizada


passam a ser propriedade da faturizadora. A partir deste momento, sendo
proprietária dos direitos creditórios pode se valer do sistema bancário para fazer a
cobrança dos mesmos. Emitirá boletos eletronicamente (ou em papel) de forma que
o banco escolhido possa efetuar o recebimento dos haveres no momento em que
cada devedor for efetuar o pagamento ou quando os cheques pré-datados forem
depositados em sua conta corrente. Avisará, com antecedência, a empresa sacada
sobre o fato de ter adquirido o crédito inscrito no título e que o mesmo deverá ser
pago a ela e não mais à empresa sacadora/faturizada por ter sido por ela
cedido/vendido. Com o pagamento do título pelo valor de face, encerra-se o
processo.

12
PERÍCIA CONTÁBIL EM MATÉRIA FINANCEIRA – Prof. Remo Dalla Zanna (MS)

As atividades das empresas de fomento mercantil só podem ser dirigidas a outras


empresas, ou seja, as faturizadoras não podem fazer as seguintes operações:
1. adiantamentos de numerário tendo como garantia cheques de emissão
do próprio beneficiário do empréstimo,
2. empréstimos pessoais,
3. empréstimos suportados por cartão de crédito mediante a simulação de
venda/compra de bens ou de serviços que de fato não são entregues,
4. empréstimos que tenham como garantia bens móveis (automóveis, por
exemplo) ou bens imóveis,
5. outras operações de empréstimo ou de financiamento privativas das
instituições financeiras.

Considerando o conceito legal de Fomento Mercantil, vamos responder a uma


pergunta recorrente dos participantes dos nossos cursos: “Por que colocar o tema
Factoring no mesmo capítulo que cuida de desconto bancário de títulos?” –
Resposta: porque, para o contador, a semelhança entre as duas operações é
evidente, seja em termos de contabilização dos encargos (despesas financeiras e
tributárias) seja em termos de contabilização do ingresso dos valores líquidos na
empresa. Além disso, nos contratos de factoring em que figura, de maneira
simulada, o direito de regresso, a escrituração do evento “re-compra” do título
inadimplido pelo sacado é feita da mesma maneira que se contabiliza a devolução
de uma duplicata descontada em banco. Da mesma forma que o banco transfere a
duplicata não paga para a carteira de cobrança simples, a faturizadora devolve o
título à faturizada mediante emissão de Aditivo específico ou como dedução do
valor a pagar em novo Aditivo. Cobra, tal qual o banco, encargos adicionais
decorrentes do fato de o sacado não ter honrado o título na data de seu vencimento.
É por isso que a faturizadora mantém a conta gráfica com a empresa cliente tal
qual o banco mantém a conta corrente.

Às faturizadoras interessa comprar títulos com baixíssimo risco de inadimplência e,


geralmente, antecipam capital de giro para as empresas que por razões que não cabe
aqui elencar não têm acesso ao crédito bancário nos volumes de que necessitam
para conduzir seus negócios. Por isso, as faturizadoras atendem, principalmente, às
pequenas e médias empresas cujas vendas são feitas a clientes considerados sacados
confiáveis e que, por serem conhecidos como bons pagadores, crê-se que pagarão,
no vencimento, os títulos objeto de faturização.

9.6.2. A questão da compra de recebíveis na condição pro soluto e a revenda

A legislação que criou as empresas de factoring previu que a compra de recebíveis


seria feita na forma pro soluto, portanto, sem direito de regresso. Todavia, elas têm,
em seus contratos, cláusulas que preveem a possibilidade de re-venderem às
faturizadas os títulos inadimplidos pelos sacados. Logo, e na prática, as empresas de
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PERÍCIA CONTÁBIL EM MATÉRIA FINANCEIRA – Prof. Remo Dalla Zanna (MS)

fomento mercantil, salvo melhor juízo, ao inserirem esta condição pétrea em seus
contratos agem em desacordo com a Lei porque não compram, em caráter
definitivo, os recebíveis a prazo. Ao se darem o direto de, em caso de inadimplência
dos sacado, re-venderem os títulos à empresa faturizada, praticam o direito de
regresso. Todas as alegações de que este raciocínio não está grafado no contrato
estão corretas; todavia, o que ocorre nas finanças e na economia da faturizada é o
seguinte:
i. recebe em devolução os títulos inadimplidos pelos seus clientes,
ii. paga por eles ou os substitui por outros títulos a vencer,
iii. paga o deságio aplicado aos novos títulos a vencer.

Portanto, na prática, as empresas de Fomento Mercantil praticam exatamente as


mesmas regras dos bancos quando realizam operações de desconto. Discutir as
diferentes razões que levaram o sacado a não honrar o pagamento não tem nenhum
sentido porque as faturizadoras, segundo a Lei, devem avaliar e cuidar dos riscos de
crédito antes de autorizar faturamento (3) e, em seguida comprar os títulos que lhe
são oferecidos. Conclui-se, pois, que a faturizadora, ao revender à faturizada, de
forma compulsória, os títulos não adimplidos pelos sacados, descumpre a obrigação
de comprá-los na modalidade “pro soluto”.

Esclarece-se que para a economia e para a contabilidade da faturizada o ato de re-


comprar das faturizadoras os títulos inadimplidos pelos sacados lhe gera
modificação negativa em seu patrimônio. Logo, se entre as várias funções da
empresa de Fomento Mercantil uma delas é a prestação de serviços de análise de
risco de crédito para que as vendas da faturizada gerem bons títulos recebíveis (com
baixo risco de inadimplência) e se por este procedimento e decisões é responsável,
jamais poderia re-vender à sua cliente faturizada recebíveis inadimplidos pelos
sacados.

Por fim é relevante afirmar para que não pairem dúvidas sobre a força da Lei e a
força dos contratos (que são a lei entre as partes) que existem julgados que, em face
às fraudes cometidas pelas empresas faturizadas contra as faturizadoras, dão
guarida aos procedimentos das factorings quando re-vendem, (devolvem) às
faturizadas, os recebíveis inadimplidos pelos sacados.
(3)
Na medida em que a faturizadora assume o Departamento Financeiro da empresa faturizada,
assume concomitantemente e lato sensu, as atividades de aprovação de crédito para vendas a
prazo e, na sua função de parceira e assessora da faturizada, torna-se corresponsável pelas
decisões de crédito comercial. Ora, se o cliente para o qual houvera liberado vendas a prazo não
quitar a duplicata no vencimento inexiste motivo para “re-vender” o mesmo título à faturizada,
sua parceira e cliente. Caso não participe das decisões de crédito comercial e consequente
faturamento a prazo da faturizada, suas atividades, salvo melhor entendimento, limitar-se-ão a
prover capital de giro como faz qualquer banco comercial mediante operações de desconto de
títulos ou, modernamente, de antecipação de recebíveis.
14
PERÍCIA CONTÁBIL EM MATÉRIA FINANCEIRA – Prof. Remo Dalla Zanna (MS)

Vejamos os seguintes:

FRUSTRADA A EXPECTATIVA DO CESSIONÁRIO DE


TÍTULOS, POR FORÇA DE CONTRATO DE “FACTORING”, DE
RECEBER O RESPECTIVO VALOR, POR ATO IMPUTÁVEL AO
CEDENTE, FICA ESSE RESPONSÁVEL PELO PAGAMENTO.
JUROS – CÔMPUTO A PARTIR DA CITAÇÃO.

Falência. Nota promissória. Relações decorrentes do contrato de


faturização. Precedente da Corte.
1. Se a empresa cedente dos títulos, em decorrência de contrato de
factoring, deu causa a que os mesmos não pudessem ser recebidos, fica
responsável pelo pagamento.
2. Afirmando o Acórdão recorrido que os títulos estavam viciados na
origem e que a nota promissória foi emitida de acordo com o contrato
celebrado entre as partes, afastando a hipótese de ter sido preenchida
em branco, nada impede que possa servir para instruir pedido de
falência.
3. Recurso especial não conhecido.
(REsp nº 43914/RS, Ministro EDUARDO RIBEIRO – TERCEIRA
TURMA).

FALÊNCIA. NOTA PROMISSÓRIA. RELAÇÕES DECORRENTES


DO CONTRATO DE DESCONTO DE TÍTULOS. FACTORING.

- Nota promissória emitida para o resgate de duplicatas frias objeto de


factoring. Tal promissória é título hábil para instruir pedido de falência.
- É lícita a recompra de títulos “frios” transferidos em operação de
factoring.
(REsp nº 419718/SP, Ministro HUMBERTO GOMES DE BARROS –
TERCEIRA TURMA). (g.n.)

EMENTA: FACTORING, REVISÃO CONTRATUAL.


DUPLICATAS. DESÁGIO. JUROS. RECOMPRA. PRESTAÇÃO
DE SERVIÇOS. CESSÃO DE CRÉDITO. REPETIÇÃO DE
INDÉBITO. DESCABIMENTO.

1 – O contrato de factoring não constitui negócio jurídico bancário,


razão pela qual descabe acolher-se a pretensão que visa a revisão
das cláusulas relativas a juros. Inaplicabilidade da limitação
constitucional. A empresa faturizadora possui o direito de cobrar
pelos serviços prestados ao faturizado, em percentual sobre os
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PERÍCIA CONTÁBIL EM MATÉRIA FINANCEIRA – Prof. Remo Dalla Zanna (MS)

créditos, na modalidade de deságio, o que não revela incidência de


juros. Vedação inexistente na lei.
2 – Ausência de descaracterização da natureza do negócio de
factoring, que difere da operação de desconto bancário.
3 – Títulos endossados. Recompra. Possibilidade. Previsão legal.
(g.n.)
4 – Prestação dos serviços de assessoria. Ausência de solicitação no
período do contrato. Previsão contratual de cobrança dos títulos
endossados.
5 – Inexistência de valores a restituir, razão pela qual descabe o pedido
de repetição de indébito. Ação julgada improcedente em primeiro
grau. Apelo improvido.
(APELAÇÃO CÍVEL Nº. 70007931553, DÉCIMA CÂMARA
CÍVEL, TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO RS, RELATOR: PAULO
ANTÕNIO KRETZMANN, JULGADO EM 25/03/2004.)

A sentença proferida pelo MM. Juiz da 3ª Vara Cível do Foro Regional do Tatuapé
– Comarca de São Paulo – Capital, tem o seguinte teor:

A jurisprudência está consolidada no sentido de que não se pode


exigir garantia de pagamento daquele que efetua desconto em
empresa de factoring... O faturizador avalia o risco do crédito que
recebe de terceiro por conta e pode analisar escritos e documentos
cedidos. Não se trata, portanto, de endosso, mas de cessão de crédito
e as empresas de factoring só podem cobrar taxa de desconto, jamais
juros de sistema financeiro... Reconhecida a vedação da prática de
atividade financeira às empresas de factoring, a questão se resolve à
luz da questão de agiotagem e mais uma vez a solução é desfavorável
ao embargado... Isto porque, à luz do que dispõe o artigo 3º da
Medida Provisória nº 2.171-32 (de 23/08/2001), contra as empresas
se inverte o ônus da prova quando houver alegação de
verossimilhança da prática de agiotagem... JULGO PROCEDENTES
os presentes embargos para extinguir a monitória, condenando o
embargado nas custas processuais e honorários de advogado, que
fixo em 15% do valor da causa... Havendo indícios seguro da prática
de ilícito criminal, encaminhe-se cópia desta decisão ao Ministério
Público de imediato, para as providências que considerar cabíveis.

9.6.3 - Garantia Fiduciária em operações de factoring

Como garantia das operações de fomento mercantil, a faturizadora requer à


faturizada, na assinatura do Contrato de Prestação de Serviços de Fomento
Mercantil, uma Nota Promissória assinada sem data e sem valor, ou seja, “em
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PERÍCIA CONTÁBIL EM MATÉRIA FINANCEIRA – Prof. Remo Dalla Zanna (MS)

branco”. Esta Nota Promissória deve funcionar com uma garantia em caução. Sua
função é garantir, quando ocorrer a quebra do contrato ou quando da paralisação
das operações sucessivas, o pagamento das duplicatas vendidas pela faturizada e
não adimplidas pelos seus clientes e também não substituídas, ou seja, não re-
compradas pela faturizada.

Ocorrendo esta situação, a alternativa da faturizadora é valer-se da Nota


Promissória geralmente avalizada por pessoa(s) física(s) e, com este título de
crédito tentar recuperar o valor “emprestado”. Ocorre que há controvérsias sobre o
curso legal desta Nota Promissária não apenas pelo fato de ter sido assinada sem
data de emissão, sem data de vencimento e sem valor, não sendo, pois, um título
com as características de liquidez e certeza quanto ao que nele está inscrito, mas
também pelo fato de ter sido assinada em um momento de constrangimento moral.
Entendem alguns juristas que o valor grafado na Nota Promissória não é exigível em
uma ação executiva forçada porque as operações de desconto de duplicatas são
privativas das instituições do sistema financeiro nacional dentre as quais as
empresas de factoring não se inserem. Em contrapartida estes juristas entendem que
as empresas de factoring devem, SIM, arcar com o risco de crédito do sacado, pois
a elas a lei não lhes faculta o direito de regresso. A única hipótese em que a
empresa de fomento mercantil pode cobrar o valor dos títulos inadimplidos pelos
sacados diretamente da faturizada se dá quando fica comprovado vício ou nulidade
do referido título comprado.

Exemplo de situações ou de fraudes da faturizada contra a faturizadora:


a) a mercadoria vendida foi devolvida e a faturizada quedou-se silente perante a
faturizadora;
b) a mercadoria vendida não foi ainda entregue, idem, idem;
c) o preço combinado é menor que o aplicado na Nota Fiscal-Fatura, logo, o
cliente deve pagar com desconto e a faturizada nada informa à
faturizadora;
d) o título de crédito já foi pago diretamente à faturizada, idem, idem;
e) a mercadoria não foi vendida e o título é “frio”;
f) etc.

9.6.4. Como calcular o Fator de Compra – FC - e exemplo de cálculo para


conhecer o percentual efetivo de custo de uma operação de factoring

Considerando que FV = PV * (1 + i)^n,


... então PV = FV / (1 +i)^n.

Exemplo: Calcule o valor futuro do seguinte investimento:

PV = R$ 10.000,00
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PERÍCIA CONTÁBIL EM MATÉRIA FINANCEIRA – Prof. Remo Dalla Zanna (MS)

i = 2% ao mês
n = 3 meses
Portanto, o FV = R$ 10.000,00 * (1 + 0,02)^3 == > R$ 10.000,00 * 1,061208
... portanto, FV = R$ 10.612,08.

Procedendo de forma inversa, aplicamos o “fator de desconto” como segue:


Calcule o valor presente do seguinte investimento:

FV = R$ 10.612,08 – Valor do recebível depois de 3 meses


i = 2% ao mês
n = 3 meses
Portanto, o FV = R$ 10.612,08 / (1 + 0,02)^3 == > R$ 10.612,08 / 1,061208
... logo, PV = R$ 10.000,00.

Considerando que o título que apresenta:


- valor de face R$ 10.612,08;
- prazo para o vencimento: 3 meses; e
- taxa de juros de 2% ao mês,
- temos como valor presente R$ 10.000,00.

Dizemos, então, na linguagem das operações de factoring, que o deságio do titulo


foi de R$ 612,08.

As faturizadoras realizam a operação de factoring aplicando o Fator de Compra –


FC que nada mais é que o fator de desconto conforme nomenclatura da matemática
financeira e conforme linguagem bancária.

As faturizadoras trabalham com tabelas de Fatores de Compra em base diária que


correspondem aos vários percentuais a serem aplicados em cada negócio segundo a
quantidade de dias a decorrer da data da compra à data de vencimento do título. As
variáveis que compõem o percentual de deságio são:
(i) avaliação do custo de oportunidade cujo parâmetro é o investimento na
compra de CDBs de banco de primeira linha;
(ii) custos operacionais internos da empresa (custos fixos e variáveis);
(iii) pagamento de serviços de terceiros, como, por exemplo, os
relacionados com análises de riscos de crédito;
(iv) impostos, contribuições e taxas;
(v) despesas bancárias relacionadas com a cobrança dos títulos adquiridos;
(vi) taxa de retorno sobre o capital;
(vii) taxa para cobertura do risco de inadimplência dos sacados e, por via de
consequência, da faturizada; e
(viii) o prazo de vencimento do título.

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PERÍCIA CONTÁBIL EM MATÉRIA FINANCEIRA – Prof. Remo Dalla Zanna (MS)

Exemplo: suponhamos que a empresa de Fomento Mercantil, em suas atividades de


compra de títulos, trabalhe com o deságio de 5% ao mês, quais seriam os Fatores
de Compra para cada dia a decorrer da data em que o título foi adquirido até a data
do vencimento?

Resposta:

Fatores de Compra com base em


deságio de 5% ao mês

Fator de
Dias Fórmula
Compra
0 1,000000 (1/(1+(0,05/30)))^0
1 0,998336 (1/(1+(0,05/30)))^1
2 0,996675 (1/(1+(0,05/30)))^2
3 0,995017 (1/(1+(0,05/30)))^3
4 0,993361 (1/(1+(0,05/30)))^4
5 0,991708 (1/(1+(0,05/30)))^5
6 0,990058 (1/(1+(0,05/30)))^6
7 0,988411 (1/(1+(0,05/30)))^7
8 0,986766 (1/(1+(0,05/30)))^8
9 0,985124 (1/(1+(0,05/30)))^9
10 0,983485 (1/(1+(0,05/30)))^10
20 0,967243 (1/(1+(0,05/30)))^20
30 0,951269 (1/(1+(0,05/30)))^30
60 0,904913 (1/(1+(0,05/30)))^60
90 0,860815 (1/(1+(0,05/30)))^90
120 0,818867 (1/(1+(0,05/30)))^120

O Fator de Compra de faturamento é um multiplicador sempre menor que 1 (um) e


representa o deságio a ser aplicado, considerados os dias a decorrer da data da
negociação à data de vencimento do título.

Simulação de uma operação de factoring

Aditivo apresentado pela faturizada à faturizadora de R$ 100.000,00, representados


por 20 títulos de R$ 5.000,00 cada, todos com a mesma data de vencimento.

Data de emissão dos títulos: 21/01/2008


Data de vencimento dos títulos: 10/03/2008
Fator de Compra aplicado: 0,85
Valor líquido disponibilizado à faturizada: R$ 100.000,00 * 0,85 = R$ 85.000,00.

Calcular:
a) o FC em base mensal;
b) o custo efetivo desta operação em porcentagem ao mês;
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PERÍCIA CONTÁBIL EM MATÉRIA FINANCEIRA – Prof. Remo Dalla Zanna (MS)

c) o lucro da faturizadora.

Respostas:

a) o FC em base mensal é 0,905287.


b) o custo efetivo (deságio) desta operação em porcentagem ao mês é de 10,462%.
c) o lucro bruto da faturizadora é de 5,159%.

Neste nosso exemplo, hipotizamos os seguintes itens que compõem o fator de


compra em base mensal:

i. custo de oportunidade cujo parâmetro é o investimento na compra de CDBs


de banco de primeira linha, líquido de IRRF: 0,65% ao mês;
ii. custo de capital ou custo do “funding”, ou seja, custo do investimento
financeiro dos sócios da faturizadora necessário para viabilizá-la como
empresa de prestação de serviços financeiros: 1,55% ao mês;
iii. custos operacionais internos (custos fixos e variáveis) recuperados em 0,5%
ao mês, em cada operação;
iv. pagamento de serviços de terceiros, como, por exemplo, os relacionados com
análises de riscos de crédito recuperados em 0,75% ao mês, em cada
operação.

Hipotisamos também os seguintes custos incidentes sobre o valor da operação:

v. taxa de risco de inadimplência equivalente a um “seguro de crédito”: 1,5%


sobre o total bruto da operação;
vi. IOC de 0,0041% por dia contado da data do crédito até a data do vencimento
do título a ser recolhido pela faturizadora por conta de faturizada, ou seja,
0,123%;
vii. adicional do IOF de 0,38% sobre o valor bruto da operação, independente do
prazo do negócio, a ser recolhido pela faturizadora por conta dae faturizada.
Considerando que nesta simulação o prazo é de 49 dias, o IOF em base
mensal, para esta simulação, é de 0,23%.

A soma dos custos acima citados, em base mensal, é de 5,303%.

Cálculos: considerado o FC de 0,85 aplicado pela faturizadora, temos:

PV = R$ 85.000,00
FV = R$ 100.000,00
n = 49 dias
i = 0,332222% ao dia

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PERÍCIA CONTÁBIL EM MATÉRIA FINANCEIRA – Prof. Remo Dalla Zanna (MS)

Considerando a taxa de juros de 0,332222% ao dia, dividindo-a por 100 e somando-


se a unidade, temos 1,00332222. Este número representa o capital R$ 1,00 e a taxa
de juros de 0,00332222. Elevando-o à 30ª potência, encontramos 1,104620, ou seja,
a taxa efetiva em 30 dias. Subtraindo a unidade (o capital de R$ 1,00), encontramos
0,104620 que , multiplicado por 100, nos dá a conhecer a taxa de deságio em base
mensal, ou seja: 10,462%.

Como se vê a dedução (o desconto) correspondeu a 1/(1 + i)^n; portanto, fazendo


1/1,10462, encontramos o Fator de Compra mensal de 0,905287.

Já o Fator de Compra aplicado ao período de 49 dias, de 0,85; corresponde à


taxa de juros de 17,65% para este período de 49 dias. Demonstração:
1,0033222^49 = 1,176469484; excluindo a unidade e multiplicando por 100,
encontramos a taxa de 17,6469484% no período.

O lucro da faturizadora, em base mensal, nesta simulação, corresponde à diferença


entre os custos acima relatados e o deságio em percentual ao mês, ou seja, 10,462%
- 5,303% = 5,159%.

9.6.5. Contabilização de operação de fomento mercantil e tributos incidentes

O registro contábil da operação de fomento comercial (factoring) segundo


recomendação de SALGUEIRO (1997) deveria ser feito conforme exemplo abaixo.

(A) Na empresa que vendeu a carteira de recebíveis ou parte dela, (a faturizada) -


supondo que a operação seja de R$ 100.000,00 e que o deságio seja de R$
8.000,00 e o serviço seja de R$ 1.000,00; a escrituração será feita assim:

D – Caixa/Bancos (AC) R$ 91.000,00


D – Despesas de Faturização (CR)
Deságio sobre a Cessão de Títulos R$ 8.000,00
D – Despesas Administrativas (CR)
Serviços de Terceiros R$ 1.000,00
C – Duplicatas a Receber (AC) R$ 100.000,00

(B) Por sua vez, a empresa de factoring, (a faturizadora), registrará o valor dos
títulos recebidos como segue:

21
PERÍCIA CONTÁBIL EM MATÉRIA FINANCEIRA – Prof. Remo Dalla Zanna (MS)

D – Duplicatas a Receber (AC)


Nome da Empresa Cedente
(conta gráfica ou conta corrente) R$ 100.000,00
C – Banco Conta Movimento (AC) R$ 91.000,00
C – Receitas Operacionais (CR)
Deságios Recebidos R$ 8.000,00
Serviços Prestados R$ 1.000,00

Observa-se que a conta de resultado onde é lançada a despesa pela empresa


faturizada não se chama “juros passivos” e que a conta de resultado onde é lançada
a receita da empresa faturizadora não se chama “juros ativos”. As nomenclaturas
Despesa de Faturização: sub-conta “Deságio sobre a Cessão de Títulos” e Receitas
Operacionais: sub-conta “Deságios Recebidos” são adequadas ao caso presente
porque o fomento mercantil é uma atividade comercial e não financeira.

Legenda: AC = Ativo Circulante CR = Conta de Resultado

No que tange aos impostos que incidem nas operações de factoring, a empresa de
fomento mercantil paga:
- PIS de 1,65%;
- COFINS de 7,6%;
- Imposto de Renda Retido na Fonte de 15%;
- Contribuição Social sobre o Lucro Líquido de 9%.

Nota: De acordo com a Lei nº. 9430/1996, as empresas de


fomento mercantil estão obrigadas a apurar o resultado líquido
do exercício pelo Regime do Lucro Real.

Quanto aos serviços prestados, as empresas de factoring devem pagar o Imposto


sobre Serviços de Qualquer Natureza (ISSQN) incidente sobre o valor da prestação
de serviços grafado em Notas Fiscal específica para este fim.

Por sua vez à empresa faturizada cabe pagar Imposto sobre Operações Financeiras
(IOF) de 0,0041% ao dia e, a partir de 01/01/2008 deve pagar 0,38% de adicional,
ambos incidentes sobre o valor líquido dos títulos negociados. A empresa de
fomento comercial se encarrega de recolher estes dois encargos em um único DARF
e, obviamente, deduz o valor do total disponibilizado à faturizada.

22
PERÍCIA CONTÁBIL EM MATÉRIA FINANCEIRA – Prof. Remo Dalla Zanna (MS)

Considerada a cobrança de Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) tem-se a


certeza que as autoridades monetárias consideram a compra e venda de recebíveis
como sendo uma operação financeira entre duas empresas comerciais.

Segue um exemplo de:


(a) pedido de operação de Fomento Mercantil;
(b) aditivo e de
(c) nota Fiscal de Prestação de Serviços

(a) Pedido de operação de Fomento Mercantil

Empresa: José Godói Indústria de Parafusos Ltda.


Endereço: Rua General Floriano Peixoto Souza e Silva, 505 – Jardim Industrial
CEP: 03777-111 – SÃO PAULO – SP

Data: 23/10/2009

Relação de títulos encaminhados para negociação


por ordem de vencimento nº 12.411

Nº do título Tipo Vencimento Sacado Valor


004321 Cheque 09/11/2009 Hildebrando Silva da Silva 4.700,00
004322 Cheque 20/11/2009 Hildebrando Silva da Silva 4.700,00
004323 Cheque 29/11/2009 Hildebrando Silva da Silva 4.700,00
SOMA: 14.100,00

(b) Aditivo

(Termo aditivo ao contrato de fomento mercantil nº 369, firmado em 16/06/2005)

COMPRA DE CRÉDITOS. PAGAMENTO À VISTA.

Vendedora/Contratante: José Godói Indústria de Parafusos Ltda.


Compradora/Contratada: Santa Mônica Fomento Mercantil Ltda.

Títulos discriminados na Relação nº 12.411 de 23/10/2009, em Anexo.

Demonstração de Operação de Fomento Mercantil – Factoring


Discriminação Moeda Valor
Quantidade de títulos 3
(+) Valor de face dos títulos R$ 14.100,00
23
PERÍCIA CONTÁBIL EM MATÉRIA FINANCEIRA – Prof. Remo Dalla Zanna (MS)

(-) Valor de Compra (4) R$ 687,37


(=) Valor líquido dos títulos adquiridos R$ 13.412,63
(-) Valor de ad valorem (base para cálculo do ISS) R$ 150,10
Nota pericial: Neste caso foi atribuído o valor de ad
valorem – destinado a remunerar os demais serviços a que
a faturizadora se propõe – de 1,064539% do valor de face
dos títulos que comprou
(-) Valor do ISS (5%) (Município de São Paulo – SP) R$ 7,52
(-) Valor de Despesas R$ 6,00
Nota Pericial: dedução relativa à despesas de cobrança
(-) Valor do IOF R$ 15,01
Nota Pericial: 0,0041% ao dia contados da data em que
os títulos foram comprados, um a um, até o dia de seu
vencimento
(-) Valor do IOF adicional R$ 50,97
Nota Pericial: 0,38% sobre o valor líquido criado, este
IOF só p/ operações de factoring
(-) Valor de Abatimentos R$ 17,00
Nota Pericial: neste caso não se consegue saber a razão
ou a finalidade desta dedução.
(=) Valor Líquido da Operação R$ 13.165,73

A) A Contratada/Fomentadora recebe neste ato a documentação referente aos títulos


discriminados na relação anexa, responsabilizando-se a Contratante/ Fomentada
pela origem legítima dos mesmos na forma do Contrato de Fomento Mercantil
firmado, do qual ratifica seu inteiro teor.

B) Por este Aditivo acertaram a Compra-e-Venda dos direitos creditícios


reapresentados pelos títulos de crédito discriminados na listagem anexa e demais
serviços contratados, pela importância de R$ 13.165,73 (Treze mil, cento e sessenta
e cinco reais e setenta e três centavos) conforme demonstrativo acima. Esta quantia
está sendo paga, neste ato, pelo cheque nº 000323, contra Banco do Povo S/A,
Agência 315-3, Conta nº 213.321 e corresponde ao líquido da operação de
factoring. Os contratantes dão-se, reciprocamente, plena, rasa e geral quitação.

(Assinatura) ______________________________________
José Godói Indústria de Parafusos Ltda.

(Assinatura) ______________________________________
Santa Mônica Fomento Mercantil Ltda.

(4)
Não se sabe por que a empresa de Fomento Mercantil do exemplo acima prefere chamar ao
ÁGIO de “Valor de Compra”.
São Paulo, 24/10/2009.
24
PERÍCIA CONTÁBIL EM MATÉRIA FINANCEIRA – Prof. Remo Dalla Zanna (MS)

(c) Nota Fiscal de Prestação de Serviços

A Nota Fiscal Eletrônica de Serviços – NF-e da Prefeitura do Município de São


Paulo onde figuram:

Prestador de Serviços: Santa Mônica Fomento Mercantil Ltda.


CNPJ, Endereço, etc.

Tomador de Serviços: José Godói Indústria de Parafusos Ltda.


CNPJ, Endereço, etc.

Discriminação dos Serviços: Prestação de serviços de factoring (ad valorem)

Valor total da Nota = R$ 150,40

Código do Serviço: 06564 – Cobranças e recebimentos por conta de terceiros e


congêneres.

Base de Cálculo: (R$) 150,40

Valor do ISS: (R$): 7,52

9.6.6. Motivos mais freqüentes que levam as empresas de factoring e seus clientes
ao Poder Judiciário

Os motivos que levam uma empresa de factoring a buscar o Poder Judiciário são
vários. Destaca-se, todavia, a situação em que foi vítima de operações fundadas em
títulos “frios” (duplicatas e cheques pré-datados ambos sem lastro comercial). Antes
de comprar os títulos, deveria ter se informado sobre a procedência dos mesmos, se
legítima ou não. Não tendo feito esta verificação de forma eficaz, comprou créditos
falsos.

A forma que a faturizadora adota como praxe para intimidar o devedor a fazer o
pagamento do título por ela adquirido é levá-lo a protesto. Esta situação pode gerar
um processo contra a faturizadora e também contra a faturizada, pois estariam
coniventes no ato de cobrar e até protestar título de crédito ilegítimo. A Justiça
entende que a faturizadora é solidária com a empresa cedente do crédito e que teve
a oportunidade de se certificar sobre a real situação do título, ou seja, se sua origem
era legítima ou fraudulenta.

25
PERÍCIA CONTÁBIL EM MATÉRIA FINANCEIRA – Prof. Remo Dalla Zanna (MS)

Ao julgar uma questão semelhante à que acima foi hipnotizada, o Tribunal de


Justiça do Distrito Federal acolheu a tese defendida pelo emitente dos cheques pré-
datados de que a pós-datação dos mesmos lhes retira a natureza de ordem de
pagamento à vista – característica própria e inerente ao cheque –, inviabilizando,
assim, o processo de execução de dívida neles fundamentada. No caso em si,
considerando que foi feita prova de que a faturizadora sabia, de antemão, que a
empresa faturizada não havia prestado os serviços correspondentes aos cheques pré-
datados, foi lhe dito que nenhum direito tinha sobre os mesmos. Neste caso, a
empresa de factoring não conseguiu justificar ou provar que o cheque, sendo
considerado um título de crédito independente e autônomo a qualquer tipo de
negócio, poderia e deveria funcionar como ordem de pagamento a vista e funcionar
como um mero instrumento para sacar a quantia nele grafada junto ao banco no qual
o emitente mantinha conta corrente bancária em seu nome.

Por sua vez, os motivos que levam uma faturizada em buscar o Poder Judiciário são
vários. Os mais comuns são:
 o deságio cobrado quando vendeu os créditos teria sido exorbitante;
 o fato de a empresa de fomento comercial não estar atendendo ao
contrato de prestação de serviços firmado, mormente quando se nega a
suprir, de maneira continuada, o capital de giro da empresa cliente; ou
quando não cuida dos demais serviços previstos em Lei e no Contrato
de Prestação de Serviços de Fomento Mercantil.

9.6.7. Exemplo de um laudo sobre operação de factoring e respectivos cálculos.


EXCELENTÍSSIMO SR. DR. JUIZ DE DIREITO DA 4ª VARA CÍVEL DO FORO
REGIONAL DE PINHEIROS – COMARCA DA CAPITAL - SP

(deixe pelo menos 10 espaços para o r. despacho judicial)

PROCESSO N. º : 11.2004.006666-1-X
AÇÃO : EXECUÇÃO, EMBARGOS À
AUTORA : E. e outros
RÉU : P. & A. FACTORING LTDA.

REMO DALLA ZANNA, Contador e Economista, Perito


Judicial nomeado nos autos destes processo às fls. 30, vem, mui respeitosamente, à presença de
V. Exa. para APRESENTAR o resultado de seu trabalho, nos termos do presente LAUDO
PERICIAL CONTÁBIL para o qual requer sua juntada aos autos,

Termos em que

26
PERÍCIA CONTÁBIL EM MATÉRIA FINANCEIRA – Prof. Remo Dalla Zanna (MS)

Pede Deferimento
São Paulo, 28 de abril de 2006.

ÌNDICE

Capítulos Página
I – Breve histórico deste processo segundo o escopo da perícia 3
II – Metodologia e Critérios de Trabalho 7
III – Quesitos das Embargantes 10
IV – Quesitos da Embargada 13
V – Encerramento 14

I - BREVE HISTÓRICO DESTE PROCESSO SEGUNDO O ESCOPO DA PERÍCIA

1 – Da ação de Execução de Título Extrajudicial


A empresa P. & A. FACTORING LTDA., em 19/04/2004, propôs ação executiva contra as
seguintes pessoas:
(i) Pessoa Jurídica: LDB CONFECÇÕES E COMÉRCIO LTDA.
(ii) Pessoa Física: M.
(iii) Pessoa Física: E.
... com a qual pretendeu cobrar e receber a quantia de R$ 67.302,22; representado, este seu
crédito, por Nota Promissória emitida em 25/08/2000 e vencimento para o dia 25/08/2001. Disse,
complementarmente, que esse valor atualizado monetariamente na data da propositura desta ação,
era de R$ 104.102,06; assim compostos:
Principal ................................................... = R$ 67.302,22
Atualização monetária pela Tabela Prática = R$ 22.666,37
Juros de 0,5% ao mês durante 21 meses = R$ 14.133,47
SOMA ..................................................... = R$ 104.102,06

Considerando que a empresa devedora não pagou a NP e parou de operar, entendeu ser seu
direito obter a penhora do imóvel matriculado sob nº. 92.7867, no 18º Cartório de Registro de
Imóveis da Capital, com 400 m². O AUTO DE PENHORA E DEPÓSITO consta às fls. 38.

Conforme r. despacho às fls. 55, os executados apresentaram embargos à execução que geraram
os processos nº. 11.2004.006555-1-Y, movido por LDB CONFECÇÕES E COMÉRCIO LTDA.
e nº 11.2004.00666-1-X, movido por E.

2 – Da ação de Embargos à Execução nº. 11.2004.006555-1-Y, movida por LDB


CONFECÇÕES E COMÉRCIO LTDA.

A empresa LDB CONFECÇÕES E COMÉRCIO LTDA. reconheceu a dívida mas insurgiu-se


contra:
a) a multa de 10% pleiteando a alteração do percentual desta penalidade para 2% (mas a
perícia verificou que multa alguma foi cobrada!);
b) disse que a operação original foi feita em agosto/1999, pelo valor de R$ 23.000,00;
portanto: (i) a Nota Promissória foi emitida um ano após a concessão do empréstimo; e
(ii) o vencimento foi grafado para dois anos após o empréstimo;
27
PERÍCIA CONTÁBIL EM MATÉRIA FINANCEIRA – Prof. Remo Dalla Zanna (MS)

c) disse que os juros praticados pela credora teriam sido de 7% ao mês enquanto que a taxa
contratada foi de 4% ao mês;
d) disse que a credora praticou a capitalização composta dos juros e que isso, na linguagem
jurídica, é chamado de anatocismo;
e) que a Embargante “...foi obrigada a romper o contrato (...) porque os juros cobrados são
em muito diferentes dos juros previamente pactuados” (ipsis litteris);
f) disse que a Nota Promissória foi assinada em branco e que, por isso, deve ser anulada;
g) pediu que fosse decretada a improcedência da ação executiva.

Às fls. 24, o MM. Juiz deferiu a suspensão da execução.

Intimadas, as partes, a especificarem provas:


1. a Embargada/Executante disse que pretendia:
(i) provas testemunhais e
(ii) confissão das co-devedoras;
2. Embargante/Executada pediu:
(i) prova grafotécnica no sentido de provar que a Nota Promissória fora assinada
em branco e, considerando que o contrato de fomento mercantil assinado entre
as Partes não diz qual seria a taxa de juros a ser praticada, pediu ...
(ii) prova testemunhal para confirmar que, realmente, as Partes haviam combinado
a taxa de juros de 4% ao mês.

3 – Da ação de Embargos à Execução nº. 11.2004.006666-1-X, movida por E. e M.

As pessoas físicas E. e M. reconheceram a dívida da empresa LDB CONFECÇÕES E


COMÉRCIO LTDA. e sua condição de garantidoras/avalistas da mesma. Disseram, todavia, que:
a) E. não é fiadora do contrato e que os fiadores são M. e S.;
b) o marido de M., Sr. A., não anuiu na condição de avalista;
c) o imóvel, que seria de propriedade comum e indivisível dos cônjuges, não poderia ser
dado em garantia da dívida, além disso, entendem as Embargantes que o imóvel é bem de
família;
d) pediu que fosse decretada a improcedência da ação executiva.

Às fls. 13, o MM. Juiz deferiu a suspensão da execução.

A Contestação foi apresentada às fls. 15/17 e abrange os dois processos de Embargos. A empresa
Embargada disse:
a. que a Nota Promissória não foi assinada em branco,
b. que inexiste o anatocismo e que a quantia cobrada provém de
negociações contratadas livremente,
c. que o imóvel dado em garantia não é moradia e, portanto pode ser objeto
de penhora pois nele funciona uma empresa com nome fantasia “Arte
Indiana”.

Em Réplica, as Embargantes confirmaram as alegações precedentes e disseram:


i. que a Embargante E. não é fiadora,
ii. que o Sr. A. não anuiu como avalista/fiador,
iii. que o bem arrolado para penhora é bem de família

28
PERÍCIA CONTÁBIL EM MATÉRIA FINANCEIRA – Prof. Remo Dalla Zanna (MS)

Intimadas, as partes, a especificarem provas (fls. 24): a Embargante LDB CONFECÇÕES E


COMÉRCIO LTDA. às fls. 26, pediu:
- prova pericial contábil; e,
- prova grafotécnica no sentido de provar que a Nota Promissória fora assinada em
branco. Esta foi indeferida às fls. 30.

A prova pericial contábil foi deferida às fls. 30.

As Embargantes pessoas físicas não pediram outras provas.

A Embargada também não pediu outras provas.

Com petição às fls. 38/39, a Embargada/Exequente esclareceu os cálculos que fez para cobrar os
valores mencionados na Inicial da ação de Execução de Título Extrajudicial.

Com petição às fls. 42/43, as Embargantes E. e M. esclareceram porque pediram a perícia


grafotécnica na Nota Promissória.

Com petição às fls. 44/45, a Embargante LDB CONFECÇÕES E COMÉRCIO LTDA. após ter
feito considerações, apresentou dois quesitos à perícia, – o “a” e o “c” (o “b” não foi
apresentado) com os quais abrangeu todos os pontos controversos, ou seja:
 valor original da dívida, em agosto/1999, R$ 23.000,00;
 conhecer os juros praticados pela Embargada no conceito de taxa nominal e no conceito
de taxa efetiva;
 recalcular a dívida com juros nominais de 4% ao mês, aplicados de forma simples.

II - METODOLOGIA E CRITÉRIOS DE TRABALHO

O escopo da prova pericial contábil é comunicar às partes


interessadas, em linguagem simples, os fatos observados sob
a ótica da Ciência Contábil (uma das ciências humanas),
dentro de uma filosofia que permita aproveitar os fatos
observados, mercê dos exames procedidos, para o
esclarecimento dos pontos dúbios e revelar a verdade que se
quer conhecer.

01 - O trabalho investigativo que permitiu produzir esta prova foi conduzido, no que foi
possível e aplicável, dentro dos limites técnicos determinados pelas Normas Brasileiras de
Contabilidade - NBC-T13 - DA PERÍCIA CONTÁBIL e - NBC-P2 - NORMAS
PROFISSIONAIS DE PERITO CONTÁBIL, aprovadas, respectivamente, pelas Resoluções nºs
858/99 e 857/99 do CONSELHO FEDERAL DE CONTABILIDADE, ambas datadas de
21.10.1999. Os procedimentos adotados tiveram como objetivo fundamental a elaboração deste
Laudo Pericial Contábil, abrangendo, pois, segundo a natureza e a complexidade da matéria aqui
tratada, o exame, a investigação, a mensuração, a avaliação e a certificação, como previsto na
NBC -T13 supracitada.

02 - Na parte econômica desta prova pericial, foi dada a devida atenção à Lei nº 1.411, de 13
de Agosto de 1951, regulamentada pelo Decreto N.º 31.794, de 17 de Novembro de 1952, com
as modificações dadas pela Lei nº 6.021, de 03 de Janeiro de 1974, Lei nº 6.537, de 19 de Junho
29
PERÍCIA CONTÁBIL EM MATÉRIA FINANCEIRA – Prof. Remo Dalla Zanna (MS)

de 1978 e Resoluções nº 860, de 01 de agosto de 1.974 e 1.536, de 14 de junho de 1985, ambas


do Conselho Federal de Economia.

03 - Analisou-se o sistema de argumentação e contra argumentação usado nesta lide, a sua


lógica e a sua coerência com a prática e com os usos e costumes aplicados a investigações
periciais de cunho contábil, financeiro e econômico em casos congêneres, ou seja:
(i) atendimento ao quesito “a” da Embargante,
(ii) conhecimento da taxa de juros (i) nominais e (ii) efetivos aplicada para grafar o valor
cobrado na Nota Promissória.

04 - As partes foram notificadas, por carta, do início dos trabalhos conforme preceitua o Art.
431-A do CPC (vide, por gentileza, DOCUMENTOS Nºs 01 e 02) e foram convidadas a
participar dos trabalhos periciais contribuindo com o levantamento de informações e apresentação
de argumentos técnico/contábeis que entendessem oportunos fazer a este auxiliar de V. Exa., para
que o Laudo pudesse apresentar os requisitos intrínsecos (qualitativos) de “ser completo”, “ser
claro e funcional”, “ser delimitado ao objeto de perícia” e “ser fundamentado” evitando-se,
assim, se possível for, a fase instrutória dos “esclarecimentos”.

05 - Foram considerados os r. despachos, os documentos constantes nos autos do processo


principal e os correspondentes apensos que, em conjunto, foram considerados suficientes para
elaborar esta prova pericial. Assim sendo, foi possível formar a convicção técnica que permitiu
responder às questões formuladas pela Embargante. Diligências externas não foram necessárias.

06 - Deve ficar patente que a perícia judicial com naturezas contábil, financeira e
econômica, tem seu fundamento legal na escrituração contábil das Pessoas Jurídicas, quando
empresas ou sociedades civis assemelhadas; nos documentos de controle pessoal e nas
declarações de rendimentos das Pessoas Físicas, quando de pessoas naturais; e nos documentos
acostados aos autos do processo. Na ausência destas condições técnicas previstas na legislação
comercial e fiscal, o Perito Judicial, para atingir seu escopo, vale-se das prerrogativas inscritas no
CPC (Art. 429) e passa a usar as alternativas nele previstas, como neste caso, em que se cuida
de apurar, principalmente, o valor devido pela empresa Embargante, LDB CONFECÇÕES E
COMÉRCIO LTDA. segundo parâmetros de cálculo apresentados nos quesitos formulados pela
pessoa jurídica Embargante e segundo a prática financeira aplicada em casos de empréstimos.

07 - Para esclarecer as questões debatidas, o laudo pericial foi assim planejado e organizado:
a) elaboração de planilha para demonstrar:
(i) a evolução da dívida conforme cálculos juntados pela Autora da Ação
Executiva às fls. 19 e
(ii) a evolução da dívida conforme pleiteado pelas Embargantes.
b) oferta de respostas aos quesitos tomando-se por base as situações acima, o escopo da
prova pericial e o fulcro das controvérsias.

08 - Apresentamos no quadro abaixo a relação dos DOCUMENTOS e ANEXOS que fazem


parte e integram a presente prova pericial contábil.

Número do
Assunto(s) tratado(s) em cada um
DOCUMENTO

01 Cópia da carta expedida ao ilustre advogado das Embargantes

30
PERÍCIA CONTÁBIL EM MATÉRIA FINANCEIRA – Prof. Remo Dalla Zanna (MS)

02 Cópia da carta expedida ao ilustre advogado da empresa Embargada


Número do
Assunto(s) tratado(s) em cada um
ANEXO
Cálculos para atender aos quesitos apresentados pela Embargante e
“A”
para atender à lógica financeira da operação

09 - Os textos dos quesitos formulados pela Embargante estão literalmente transcritos neste
Laudo com os eventuais defeitos de linguagem que apresentam na petição juntada. Portanto, este
Perito Judicial se responsabiliza pelas respostas técnicas a eles (quesitos) fornecidas, até o limite
de seu entendimento lógico, decorrente de análise sintática aplicada, quando necessário, ao texto
apresentado. Isto posto, seguem-se as respostas oferecidas aos quesitos formulados pelas Partes e
pertinentes à perícia de natureza contábil.

III - QUESITOS DAS EMBARGANTES


(fls. 210 a 213)

Introdução: Reproduz-se, abaixo, o texto introdutório aos quesitos desta série.

“Em atendendo-se ao que solicita o expert judicial, informa a embargante que, conforme
disse nos embargos, os juros pactuados foram de 4% ao mês. Nesse contexto, a planilha dos
cálculos do contador, deverá considerar o que foi ajustado, demonstrando-se a diferença
entre os juros pactuados (4%) e, os juros efetivamente cobrados pela embargada, e assim,
posicionar a diferença cobrada à maior, em relação aos juros pactuados (4%).”

QUESITOS

a) Em considerando-se o empréstimo de R$ 23.000,00 em agosto de 1999, e os juros


pactuados de 4% também a partir de agosto de 1999, qual seria a dívida da
embargante até 25/08/2000, ocasião do preenchimento da Nota promissória, que foi
subscrita em branco?

RESPOSTA

Tomando-se por base as informações supra e intuindo que a data exata da concessão do
empréstimo em agosto de 1999 seria o dia 25/08/1999, informa-se:

Considerando-se:
1. o empréstimo de R$ 23.000,00
2. pactuado no dia 25 de agosto de 1999 e
3. os juros de 4% também a partir de agosto de 25 de agosto de 1999,
... apresentamos dois cálculos, o primeiro considerando 4% como sendo uma taxa de juros
nominais (taxa não capitalizada) e segundo considerando 4% como sendo uma taxa de juros
aplicados com capitalização composta conforme praxe do mercado de empréstimos.

Além disso, apresentamos estas duas alternativas de cálculo de juros sob duas hipóteses de
prazo:

31
PERÍCIA CONTÁBIL EM MATÉRIA FINANCEIRA – Prof. Remo Dalla Zanna (MS)

a) a primeira calculando juros até o dia da emissão da Nota Promissória como solicitado
pelo i. perquiridor na formulação deste quesito, ou seja: 25/08/2000; e
b) a segunda calculando juros até o dia do vencimento da Nota Promissória como práxis do
mercado de empréstimos, ou seja: 25/08/2001.

Temos, pois, a seguinte tabela:

Data da concessão do Emissão da Nota Vencimento da Nota


empréstimo: 25/08/1999 Promissória em 25/08/00 Promissória em 25/08/2002
(tese da Embargante) (práxis do mercado)
Juros: 4% ao mês. Taxa
NOMINAL
Principal mutuado 23.000,00 23.000,00
Tempo em meses 12 24
Valor dos Juros 11.040,00 22.080,00
Montante ao final do prazo 34.040,00 45.080,00
Valor grafado na N. P. 67.302,22 67.302,22
DIFERENÇA 33.262,22 22.222,22
Juros: 4% ao mês. Taxa
EFETIVA
Principal mutuado 23.000,00 23.000,00
Tempo em meses 12 24
Valor dos Juros 36.823,74 35.956,00
Montante ao final do prazo 59.823,74 58.956,00
Valor grafado na NP 67.302,22 67.302,22
DIFERENÇA 7.478,48 8.346,22

Para mais informações pede-se a gentileza de ver o ANEXO “A”.

b) Esta letra foi omitida na seqüência dos quesitos formulados às fls. 45.
c) Considerando-se o período de correção, entende o expert judicial, que os juros
praticados são abusivos?

RESPOSTA

Está prejudicada a resposta a este quesito pelas seguintes razões:


 O texto do quesito fala em “... correção...”, mas em nenhum momento deste processo
cogitou-se em correção monetária do valor mutuado.
 No que tange ao “... período...” este auxiliar informa que o período para calcular juros da
data da concessão do mútuo à data da emissão da Nota Promissória, conforme solicitado
pelo i. perquirente, é algo inusitado e em desconformidade com a praxe do mercado
financeiro que considera juros da data da concessão do mútuo até a data do vencimento
pactuado.
 Por fim, o quanto perquirido não é assunto técnico na medida em que está sendo pedida
uma opinião que afeta ao mérito, pois dizer ser tal ou qual taxa de juros praticados é
abusiva não é um conceito contábil, econômico ou financeiro; é um conceito de direito.

32
PERÍCIA CONTÁBIL EM MATÉRIA FINANCEIRA – Prof. Remo Dalla Zanna (MS)

IV - QUESITOS DA EMBARGADA

Não há.

V-ENCERRAMENTO

São inassumíveis responsabilidades sobre documentos controversos, que fazem parte dos
Autos deste Processo, se ainda não apreciados pelo E. Juízo. Inassumíveis também
responsabilidades sobre documentos idôneos e válidos que podem estar em poder de pessoas
físicas e jurídicas, seja das Embargantes ou da Embargada, ou ainda, de outros cidadãos
interessados no deslinde deste caso, que a nós não foram consignados até a data da conclusão
deste Laudo ou foram desentranhados dos autos deste processo, conforme r. decisão judicial.

Por fim, são também inassumíveis responsabilidades sobre matérias jurídicas a que tenha,
eventualmente e sem intenção determinada, se referido, inclusive quando este referimento
tivesse ocorrido por indução contida - intencionalmente ou não - na formulação dos quesitos
apresentados à perícia. Estão excluídas, obviamente, as responsabilidades implícitas para o
exercício de sua profissão, estabelecida em Leis, Códigos e Regulamentos própria.

Nada mais havendo a oferecer dá-se por concluído o presente LAUDO PERICIAL
CONTÁBIL, composto de 14 (quatorze) páginas impressas pelo sistema de processamento de
dados, somente no anverso, todas numeradas e rubricadas, com exceção desta que segue
assinada para os devidos fins. Faz parte desta prova pericial e com ela se integra, o ANEXO
“A” mencionado no decorrer do texto, igualmente rubricado como de praxe.

São Paulo, 28 de abril de 2006.

9.7. Exemplos de operações de desconto de títulos.

Nota: A matemática financeira dispõe de fórmulas que dão rapidez aos cálculos. Considerando
que este livro não cuida de matemática financeira, optou-se pela apresentação discursiva
(descrição dos cálculos ponto por ponto) das soluções aos exemplos e exercícios oferecidos.

1) A empresa “Rosas de Prata Ltda.” opera com o Banco D. Baixo S/A por
meio de desconto de Notas Promissórias, por 90 dias. Em virtude da praxe
bancária que se formou ao longo do tempo, o banco, a exemplo de seus
congêneres, costuma exigir uma reciprocidade de 20%. Cobra juros de 2,5%
ao mês. Este tipo de operação é taxado com 0,0041% de IOF ao dia. Como
se sabe os juros e o IOF são descontados no ato do crédito do valor da
operação em conta corrente e o IOF é cobrado sobre o valor líquido
creditado.

Com as informações acima, se pede para calcular:


1. o custo real do desconto, admitindo que não seja necessária qualquer
reciprocidade;
2. o equivalente anual do custo obtido em (a);
33
PERÍCIA CONTÁBIL EM MATÉRIA FINANCEIRA – Prof. Remo Dalla Zanna (MS)

3. o custo real do desconto, admitindo a praxe do Banco D. Baixo, ou seja,


considere a reciprocidade de 20%;
4. o equivalente anual do custo obtido em (c);
Vamos supor que o dinheiro retido na forma de reciprocidade tenha sido aplicado
pelo Banco na compra de CDBs a favor da “Rosas de Ouro Ltda.” a uma taxa de
1% ao mês, líquida de Imposto de Renda. Qual seria, neste caso, o custo real do
desconto? Calcule em base mensal e anual.

Solução:

O valor da Nota Promissória não foi citado, fato que nos leva a fazer os cálculos de
forma simulada. Suponhamos, então, que se trata de uma operação de desconto de
R$ 100,00 (cem reais). Temos que pagar, antecipadamente, juros de 2,5% ao mês
pelo período de 3 (três) meses e mais 0,0041% de IOF por 90 dias. Portanto:

a) IOF = 0,0041% * 30 dias = 0,123% ao mês


Custo mensal: juros de 2,5% + IOF de 0,123% = 2,623%
Custo no período de três meses = 2,623 * 3 = 7,869%
Valor do título R$ 100,00. Percentual de desconto: 7,869%; portanto:
R$ 100,00 – R$ 7,869 = R$ 92,13
Taxa real de juros no prazo de 90 dias = [(R$ 100,00 / R$ 92,13) – 1] * 100
= 8,542278%

b) Usando a taxa real acima, apurada para um trimestre, a taxa real anual é de
38,801997%. Esta taxa corresponde à capitalização trimestral da taxa
8,542278%.
Cálculos:
{[(R$ 100,00 / R$ 92,13)4] - 1}* 100 = 38,801997%

c) IOF = 0,0041% * 30 dias = 0,123% ao mês;


Custo mensal: juros de 2,5% + IOF de 0,123% = 2,623%
Custo no período de três meses = 2,623 * 3 = 7,869%
Valor do título R$ 100,00. Percentual de desconto: 7,869%. Retenção a título
de reciprocidade: 20%; portanto:
R$ 100,00 - R$ 7,869 - R$ 20,00 = R$ 72,13.
Taxa real de juros no prazo de 90 dias = [(R$ 100,00 / R$ 72,13) - 1] * 100 =
38,638569% .

d) Usando a taxa real acima, apurada para um trimestre, a taxa real anual é de
269,433497%. Esta taxa corresponde à capitalização trimestral da taxa
38,638569%.

Cálculos:
34
PERÍCIA CONTÁBIL EM MATÉRIA FINANCEIRA – Prof. Remo Dalla Zanna (MS)

{[(R$ 100,00 / R$ 72,13)4] - 1}* 100 = 269,433497%.

e) IOF = 0,0041% * 30 dias = 0,123% ao mês


Custo mensal: juros de 2,5% + IOF de 0,123% = 2,623%
Custo no período de três meses = 2,623 * 3 = 7,869%
Valor do título R$ 100,00. Percentual de desconto: 7,869%. Retenção a título
de reciprocidade: 20%; portanto:
R$ 100,00 - R$ 7,869 - R$ 20,00 = R$ 72,13.
Aplicação financeira R$ 20,00 à taxa de 1% ao mês pelo prazo de três meses.
Montante = R$ 20,61
Cálculos: PV = 20,00
n=3
i = 1% ao mês
FV = R$ 20,60602

Portanto, o fluxo de fundos se demonstra assim:

-100,00
+ 20,61
= - 79,39

3 meses

100,00
- 7,87
- 20,00
= 72,13

Taxa real de juros do empréstimo no prazo de 90 dias =


[(R$ 79,39 / R$ 72,13) - 1] * 100 = 10,065160%

3
Taxa ao mês: (R$ 79,39 / R$ 72,13) = 1,100652 = 3,248403% ao mês
de taxa efetiva

Taxa efetiva ao ano: {{[(3,248403/100) +1]12} - 1}*100 = 46,757436%.

Prova: PV = 1,00
35
PERÍCIA CONTÁBIL EM MATÉRIA FINANCEIRA – Prof. Remo Dalla Zanna (MS)

i = 3,248403% ao mês
n = 12
FV = 1,467574

2) Uma empresa desconta suas duplicatas nas seguintes condições:


a) taxa de juros ao mês: 5%
b) reciprocidade de 10%
Pergunta-se: qual é a taxa efetiva sem e com reciprocidade?

Solução:

Assumindo que:
(i) o valor tomado como empréstimo é de R$ 100,00;
(ii) o prazo é de 30 dias;
(iii) o IOF é de 0,0041% ao dia e
(iv) a CPMF é de 0,38% sobre o valor líquido,
... a taxa efetiva – sem reciprocidade - é de 5,8% ao mês

Cálculos:
Custo do IOF = 0,0041% * 30 = 0,123%
Soma da taxa de juro nominal com o IOC = 5,123% ao mês
Custo do empréstimo: R$ 100,00 * 5,123% = juros de R$ 5,123
Valor líquido creditado (R$ 100,00 - R$ 5,123) = R$ 94,877
Custo da CPMF no ato do saque do valor acima (supõe-se, neste caso, que o
saque ocorra no mesmo dia em que foi feito o crédito e pelo valor total do
mesmo) = R$ 94,877 * 0,38% = R$ 0,361.
Portanto, o valor líquido efetivamente disponível é de R$ 94,516.
Fazendo [(100,00 / 94,516) -1] * 100 temos que o custo efetivo desta
operação é de 5,8% ao mês.

Por outro lado, considerando a reciprocidade de 10%, temos:

Cálculos:
Custo do IOC = 0,0041% * 30 = 0,123%
Soma da taxa de juro nominal com o IOC = 5,123% ao mês
Custo do empréstimo: R$ 100,00 * 5,123% = juros de R$ 5,123
Reciprocidade: R$ 10,00
Valor líquido disponível (R$ 100,00 - R$ 10,00 - R$ 5,123) = R$ 84,877
Custo da CPMF no ato do saque do valor acima (supõe-se, neste caso, que o
saque ocorra no mesmo dia em que foi feito o crédito e pelo valor total do
mesmo) = R$ 84,877 * 0,38% = R$ 0,323.
Portanto, o valor líquido efetivamente disponível é de R$ 84,554.
36
PERÍCIA CONTÁBIL EM MATÉRIA FINANCEIRA – Prof. Remo Dalla Zanna (MS)

Fazendo {[(R$ 100,00 - R$ 10,00) / 84,554] -1} * 100 temos que o custo
efetivo desta operação é de 6,44% ao mês.

3) Consideremos, agora, o exemplo anterior com o prazo de dois meses que a


reciprocidade seja remunerada à taxa de 2,5% ao mês, líquida de Imposto de
Renda na fonte.

Solução:

Cálculos:
Juros de dois meses: 5% * 2 = 10%
Custo do IOC = 0,0041% * 60 dias = 0,246%
Soma da taxa de juro nominal com o IOC = 10,246% ao mês
Valor dos juros: R$ 100,00 * 10,246% = juros de R$ 10,246
Reciprocidade: R$ 10,00
Valor líquido disponível: R$ 79,754
Custo da CPMF no ato do saque do valor acima (supõe-se, neste caso, que o
saque ocorra no mesmo dia em que foi feito o crédito e pelo valor total do
mesmo) = R$ 79,754 * 0,38% = R$ 0,303.

Portanto, o valor líquido efetivamente disponível é de R$ 79,451.

Fazendo {[(R$ 100,00 - R$ 10,00) / R$ 79,45] -1} * 100, temos que o custo
efetivo desta operação é de 13,2774% para o período de dois meses.

A taxa equivalente, ao mês, resulta da raiz quadrada (2 meses) de 1,132774,


ou seja:

Taxa ao mês: 1,132774 = 1,064319 => 6,43% ao mês de taxa efetiva.

A taxa anual equivalente corresponde a [(1,06431912) - 1] * 100 = 111,28%.

A renda proporcionada pela aplicação de R$ 10,00; por dois meses, à taxa de


2,5% ao mês corresponde a:
PV = R$ 10,00
i = 2,5%
n=2
FV = R$ 10,5063. Portanto, a renda será de R$ 0,51. Mas esta renda futura
deve ser trazida a valor presente (PV) pela taxa que o banco aplicou quando
fez o desconto do título. Assim sendo, temos:

FV = R$ 0,51
37
PERÍCIA CONTÁBIL EM MATÉRIA FINANCEIRA – Prof. Remo Dalla Zanna (MS)

i = 5%
n=2
PV = R$ 0,46

O valor líquido efetivamente disponível no momento do desconto já


considerada a renda futura da aplicação, apurada a Valor Presente, é (R$
100,00 - R$ 10,00 - R$ 0,246 - R$ 0,303 + R$ 0,46 - R$ 10,00 de
reciprocidade) = R$ 79,911.

Fazendo {[(R$ 100,00 - R$ 10,00) / R$ 79,91] -1} * 100 temos que o custo
efetivo desta operação é de 12,626705% para o período de dois meses.

A taxa equivalente, ao mês, resulta da raiz quadrada (2 meses) de 1,126267,


ou seja:

Taxa ao mês: 1,126267 = 1,061257 => 6,125729% ao mês de taxa


efetiva.

A taxa anual equivalente corresponde a (1,06125712 – 1) * 100 = 104,10%.

4) Na prática das empresas, é muito rara a operação de desconto de um único


título. Normalmente, são descontados vários deles. Estes são entregues ao
banco com uma relação chamada borderô do francês borderaux. Vamos
resolver um caso deste tipo. No dia 21/01/2008, um lojista vai ao banco com
o qual opera normalmente e propõe uma operação de desconto de três
cheques cujos dados são os seguintes:

Nº. do cheque Valor Data emissão “bom para:”


031.615 1,500,00 08/01/2008 11/02/2008
425.781 3,500,00 12/01/2008 12/02/2008
725.934 5.000,00 18/02/2008 25/02/2008

O gerente informa que o banco está operando com as seguintes condições:


- taxa de desconto de 2% ao mês, com 15% de reciprocidade; ou
- taxa de desconto de 4% ao mês, sem reciprocidade.

O lojista opta pela segunda alternativa porque precisa usar, imediatamente, todo
o dinheiro disponível.

Pergunta: O lojista optou pela alternativa mais barata ou mais cara?

38
PERÍCIA CONTÁBIL EM MATÉRIA FINANCEIRA – Prof. Remo Dalla Zanna (MS)

Resposta: Sim, optou pela mais cara.

Prova da afirmação acima


Taxa de juros ao dia (ano comercial):
1ª alternativa: 2%/30 dias = 0,066667% ao dia.
2ª alternativa: 4%/30 dias = 0,133333% ao dia.

Cálculo dos juros para a 1ª alternativa considerando que a data da operação é dia
21/01/2008:

Nº. do Valor Data emissão “bom Dias a % de juros


cheque para:” decorrer no período
031.615 1.500,00 08/01/2008 11/02/2008 21 1,40%
425.781 3.500,00 12/01/2008 12/02/2008 22 1,47%
725.934 5.000,00 18/02/2008 25/02/2008 28 1,87%
SOMA 10.000,00 71

Nº. do Valor Valor dos Valor IOF de Recipro -


cheque juros líquido do 0,0041% cidade
desconto por dia
031.615 1.500,00 21,00 1.479,00 1,27
425.781 3.500,00 51,45 3.448,55 3,11
725.934 5.000,00 93,50 4.906,50 5,63
SOMA 10.000,00 165,95 9.834,05 10,01 1.500,00

Cálculo do prazo médio ponderado dos cheques:

Nº. do Valor Dias a Números Média


cheque decorrer ponderada
dos dias
031.615 1.500,00 21 31.500
425.781 3.500,00 22 77.000
725.934 5.000,00 28 140.000
SOMA 10.000,00 71 248.500 24,85

Custo da primeira alternativa:

Cálculos:
Valor líquido disponível para saques: (10.000,00 - 165,95 - 10,01 - 1.500,00) =
8.324,04.
39
PERÍCIA CONTÁBIL EM MATÉRIA FINANCEIRA – Prof. Remo Dalla Zanna (MS)

Fazendo {[(10.000,00 – 1.500,00)/8.324,04)] -1} * 100, temos que o custo efetivo


desta operação é de 2,113878% no prazo médio de 24,85 dias.
Portanto, a taxa ao mês é de (2,113878% / 24,85 * 30) = 2,55%.

Custo da segunda alternativa considerando que a data da operação é dia


21/01/2008:

Nº. do Valor Data emissão “bom Dias a % de juros


cheque para:” decorrer no período
031.615 1.500,00 08/01/2008 11/02/2008 21 2,80%
425.781 3.500,00 12/01/2008 12/02/2008 22 2,93%
725.934 5.000,00 18/02/2008 25/02/2008 28 3,73%
SOMA 10.000,00 71

Nº. do Valor Valor dos Valor IOF de Recipro -


cheque juros líquido do 0,0041% cidade
desconto por dia
031.615 1.500,00 42,00 1.458,00 1,26
425.781 3.500,00 102,55 3.397,45 3,06
725.934 5.000,00 186,50 4.813,50 5,52
SOMA 10.000,00 331,05 9.668,95 9,84 0,00

Cálculo do prazo médio ponderado:


Nº. do Valor Dias a Números Média
cheque decorrer ponderada
dos dias
031.615 1.500,00 21 31.500
425.781 3.500,00 22 77.000
725.934 5.000,00 28 140.000
SOMA 10.000,00 71 248.500 24,85

Custo da segunda alternativa:

Cálculos:
Valor líquido disponível para saques: (10.000,00 - 331,05 - 9,84) = 9.659,11.

Fazendo [(10.000,00)/9.659,11) -1] * 100, temos que o custo efetivo desta operação
é de 3,529207% no prazo médio de 24,85 dias.

40
PERÍCIA CONTÁBIL EM MATÉRIA FINANCEIRA – Prof. Remo Dalla Zanna (MS)

Portanto, a taxa ao mês é de (3,529207% / 24,85 * 30) = 4,26%.

Conclusão: a 1ª alternativa, com reciprocidade de 15%, é menos cara que a 2ª


sem reciprocidade.

5) Usando os dados do caso acima, qual seria a taxa de juros ao mês que o
lojista deveria propor para que fosse equivalente a 2% ao mês, mas sem a
reciprocidade de 15%?

Resposta:

O pensamento do banco é o de que a quantia deixada como reciprocidade poderia


ser emprestada a outro tomador do qual ganharia outros juros de 2% ao mês e teria
mais 15% para emprestar para outro tomador e assim sucessivamente até o
esgotamento da disponibilidade para empréstimos na carteira de desconto de títulos.

A resposta a esta pergunta implica na ideia de que o lojista, em troca da


reciprocidade que não deseja dar, deveria remunerar o banco pelos juros que ele
ganharia dos outros tomadores. Uma simulação aritmética deste conceito com a qual
se pode conhecer, aproximadamente, da taxa perguntada poderia ser a seguinte:

Primeira reaplicação da reciprocidade pelo banco:


Valor do desconto R$ 1.500,00
Reciprocidade de 15% R$ 225,00
Novos juros para o banco: R$ 1.500,00 * 2% = R$ 30,00
IOC = R$ 1,81

Segunda reaplicação da reciprocidade pelo banco:


Valor do desconto R$ 225,00
Reciprocidade de 15% R$ 33,75
Novos juros para o banco: R$ 225,00 * 2% = R$ 4,50
IOC = R4 0,27

Terceira reaplicação da reciprocidade pelo banco:


Valor do desconto R$ 33,75
Reciprocidade de 15% R$ 5,06
Novos juros para o banco: R$ 33,75 * 2% = R$ 0,675
IOC = R$ 0,04

Quarta reaplicação da reciprocidade pelo banco:


Valor do desconto R$ 5,06
Reciprocidade de 15% R$ 0,759
Novos juros para o banco: R$ 5,06 * 2% = R$ 0,1012
41
PERÍCIA CONTÁBIL EM MATÉRIA FINANCEIRA – Prof. Remo Dalla Zanna (MS)

IOC = R$ 0,01
... e assim sucessivamente.

Somando a renda do banco com a primeira operação e com estas quatro


reaplicações sucessivas e mantidas todas as demais variáveis inclusive, o fato de o
banco poder fazer todas as reaplicações no mesmo dia 21/01/2008, a sua renda,
considerada a taxa de juros de 2% ao mês, seria de (200,00 + 30,00 + 4,50 + 0,675
+ 0,1012) = 235,28.

Considerado o valor dos títulos de R$ 10.000,00 e considerado o ganho estimado


para o banco de R$ 235,28, a taxa de juros que o lojista poderia propor para manter
mesma rentabilidade ao banco, sem reciprocidade, seria de (R$ 235,28 / R$
10.000,00) * 100 = 2,35% ao mês e jamais pagar os juros 4% ao mês solicitado
pelo banco.

6) Uma forma usada para conhecer e avaliar o custo real de uma operação de
desconto é a que considera as variáveis mencionadas nos exemplos acima, a
radiciação da taxa no prazo médio da operação e sua capitalização por 30
dias. Em seguida, procura-se conhecer o custo efetivo em base anual.
Vejamos qual é a taxa efetiva para o caso seguinte:

- Valor da operação: R$ 1.000,00


- Taxa de desconto: 5,7% ao mês
- IOF: 0,123% ao mês sobre o valor líquido da operação
- Reciprocidade requerida: 35%
- Prazo médio das duplicatas apresentadas para desconto: 45 dias
- Sistema de desconto: “por dentro”

Cálculos:
Custo direto: (juros + IOC) = (5,7% + 0,123%) = 5,823%. Portanto, (5,823% *
1,5 meses * R$ 1.000,00) / 100 = R$ 87,35 de custo.
Valor líquido creditado: (R$ 1.000,00 – R$ 87,35) = R$ 912,65.
Reciprocidade: R$ 350,00.

(1.000,00)
350,00
650,00

Dias: 0 45

42
PERÍCIA CONTÁBIL EM MATÉRIA FINANCEIRA – Prof. Remo Dalla Zanna (MS)

1.000,00
- 87,35
- 350,00
562,65

Fazendo {[(R$ 650,00 / R$ 562,65)] -1 * 100}, temos a taxa efetiva de


15,524749% para o período de 45 dias.

A taxa efetiva ao mês pode ser conhecida, calculando a raiz 45ª da taxa do período
e, em seguida, calcula-se a potência 30ª do resultado, como segue:

45
Taxa ao dia: 1,155247 = 1,003212 =>> 0,3212% de taxa efetiva, ao
dia.

Taxa efetiva ao mês: {{[(0,3212%) +1]30} - 1} *100 = 10,10%

Prova:
PV = 1,00
i = 0,3212% ao dia
n = 30
FV = 1,1009854 ==> 10,10%

Taxa efetiva ao ano (ano-calendário)

PV = 1,00
i = 0,3212% ao dia
n = 365
FV = 3,223607 ==> 222,36%

O custo da reciprocidade corresponde aos juros que serão pagos, possivelmente, a


outro banco, porque a empresa terá que tomar outro empréstimo para compensar o
valor de R$ 350,00 que ficou bloqueado.

9.8. Orientação Técnica

No caso de operações de antecipação de recebíveis, desde sempre conhecidas como


operações de desconto de títulos, sejam feitas junto ao sistema financeiro ou às
empresas de factoring, a postura profissional do perito-contador restringe-se,
basicamente, ao contrato e ao cumprimento de suas cláusulas por ambas as partes.
Seu objetivo será o de aferir a veracidade do que tiver sido dito nos autos. Seu
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PERÍCIA CONTÁBIL EM MATÉRIA FINANCEIRA – Prof. Remo Dalla Zanna (MS)

exame consistirá em rastear as duplicatas e os cheques pré-datados ou outros títulos


descontados pelo banco ou comprados, com deságio, pela empresa de factoring,
tanto na contabilidade da empresa cliente do banco e/ou faturizada, como no próprio
banco e/ou na faturizadora. Este rastreamento conjugado com a verificação dos
cálculos evidenciará a verdade que se busca conhecer com a produção da prova
pericial contábil. Mas podem ocorrer situações em que o i. magistrado requeira, do
auxiliar, apenas determinadas informações e não um exame completo dos títulos
negociados incluindo, aí, a sua origem. Neste caso, o perito oficial apresentará o seu
Laudo atendendo ao que foi determinado no r. despacho judicial ou na sentença.
Como de costume responderá a todos os quesitos deferidos independentemente do
volume de trabalho que isto lhe causar, mesmo que este trabalho, sempre estafante e
sempre realizado em ambiente hostil, não seja adequadamente remunerado nos
autos.

9.9. Um exemplo de laudo que cuida de duplicatas descontadas e respectivas


planilhas.

EXCELENTÍSSIMO SR. DR. JUIZ DE DIREITO DA 55ª VARA CÍVEL DA COMARCA DE


GUARULHOS - SP

(deixe sempre um espaço mínimo de 10 linhas)

PROCESSO nº. 2222/89.


AÇÃO : ORDINÁRIA
AUTORA : A. LTDA.
RÉU : BANCO BV INTER S.A.

REMO DALLA ZANNA, Contador com CRC nº.


1SP039143/O-9, Economista com CORECON nº. 4.663, Perito Judicial nomeado nos autos deste
processo às fls. xxx, vem, mui respeitosamente, à presença de V. EXA. para APRESENTAR o
resultado de seu trabalho, nos termos do presente

LAUDO PERICIAL CONTÁBIL


para o qual requer sua juntada aos autos,

Termos em que
Pede Deferimento
São Paulo, 23 de janeiro de 2014.

I - BREVE HISTÓRICO DESTE PROCESSO SEGUNDO O ESCOPO DA PERÍCIA

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PERÍCIA CONTÁBIL EM MATÉRIA FINANCEIRA – Prof. Remo Dalla Zanna (MS)

1 - No Foro Central da Capital, na 352ª Vara Cível, a empresa A. LTDA., em 06.04.1989,


requereu Medida Cautelar Inominada com Pedido de Liminar para Sustação de Protesto contra o
BANCO BV INTER S/A com a qual foram levantadas, basicamente, as seguintes questões:
a) a prática do anatocismo pelo banco Réu; e
b) violação de normas expressas do Banco Central.

Requereu a sustação do protesto dos 4 (quatro) títulos ou contratos abaixo apresentados:


Valores em Reais
Nº. Borderôs Data do
Valor dos Taxa de
Saldo objeto de Crédito na Fls. dos
Protocolo Títulos ou Juros ao
de cobrança Duplicatas C/Corrente autos
Contratos mês
Descontadas da Autora
0042/010498-9 70.654,31 17.852,59 390283-0 23/10/97 2,65% 149
0043/010498-7 90.878,77 45.619,63 413276-7 27/11/97 3,95% 147
0041/010498-0 30.181,00 1.519,35 416804-3 02/12/97 3,99% 148
62/010498-3 10.042,00 351,26 404411-1 14/11/97 5,10% 146
Totais 201.756,08 65.342,83
Portanto, o foco do trabalho pericial é a origem dos títulos ou contratos acima citados.

Na 352ª VC do Foro Central, este processo recebeu o n° 8XX/98 e, posteriormente, na 5ª Vara


Cível de Guarulhos, recebeu o n° 2222/89 e, em seguida, foi apensado ao processo citado em
epígrafe.

2 - Atendida em seu pleito, a Autora foi beneficiada com a sustação do protesto dos títulos ou
contratos citados supracitados, conforme se vê às fls. 29, 30, 32, 39 e 52 do processo apensado.

3 - Em 06.05.1998, a empresa Autora apresentou a Inicial da presente Ação Ordinária com o


propósito de conseguir a anulação das notas promissórias objeto da Ação Cautelar e rever as
cláusulas firmadas em contrato com o objetivo de questionar:
a) a capitalização mensal dos juros;
b) a comissão de permanência composta pela “taxa de mercado”;
c) o “spread” adotado pelo banco Réu, considerado abusivo pela empresa Autora, pois
estaria acima de 20% do custo da captação dos recursos destinados às operações de
empréstimo (desconto de títulos) contratadas pela empresa Autora;

NOTA: Nos “Borderôs de Títulos Descontados”, um contrato


financeiro, a empresa Autora é denominada de “DESCONTÁRIO”.

4 - Em 15.06.1998, o banco Réu apresentou sua Contestação na qual alegou, entre outros
argumentos, o princípio de pacta sunt servanda.

45
PERÍCIA CONTÁBIL EM MATÉRIA FINANCEIRA – Prof. Remo Dalla Zanna (MS)

5 - A réplica foi apresentada, pela empresa Autora, em 16.11.1998. Nela enfatiza ser
indispensável a realização de exame técnico pericial contábil. Vide também fls. 188/190.

6 - A audiência de conciliação consta às fls. 198 e resultou infrutífera. Assim sendo, a empresa
Autora, às fls. 202/204 e fls. 206, requereu a produção de prova pericial contábil.

7 - Em r. despacho saneador às fls. 209, o MM. Juiz nomeou o abaixo assinado para a honrosa
missão de produzir e apresentar a prova pericial contábil requerida. A empresa Autora apresentou
assistente técnico e quesitos às fls. 210/214. O banco Réu fez o mesmo às fls. 218/221.

II - METODOLOGIA E CRITÉRIOS DE TRABALHO

O escopo da prova pericial contábil é comunicar às partes


interessadas, em linguagem simples, os fatos observados sob
a ótica da Ciência Contábil (uma das ciências humanas),
dentro de uma filosofia que permita aproveitar os fatos
observados, mercê dos exames procedidos, para o
esclarecimento dos pontos dúbios e revelar a verdade que se
quer conhecer.

01 - O trabalho investigativo que permitiu produzir esta prova foi conduzido, no que foi
possível e aplicável, dentro dos limites técnicos determinados pelas Normas Brasileiras de
Contabilidade - NBC-T13 - DA PERÍCIA CONTÁBIL e - NBC-P2 - NORMAS
PROFISSIONAIS DE PERITO CONTÁBIL, aprovadas, respectivamente, pelas Resoluções n.º
858/99 e 857/99 do CONSELHO FEDERAL DE CONTABILIDADE, ambas datadas de
21.10.1999. Os procedimentos adotados tiveram como objetivo fundamental a elaboração deste
Laudo Pericial Contábil, abrangendo, pois, segundo a natureza e a complexidade da matéria aqui
tratada, o exame, a investigação, a mensuração, a avaliação e a certificação, como previsto na
NBC -T13 supracitada.

02 - Na parte econômica desta prova pericial, foi dada a devida atenção à Lei nº 1.411, de 13
de Agosto de 1951, regulamentada pelo Decreto nº 31.794, de 17 de Novembro de 1952, com as
modificações dadas pela Lei nº 6.021, de 03 de Janeiro de 1974, Lei nº 6.537, de 19 de Junho de
1978 e Resoluções nº 860, de 01 de agosto de 1.974 e 1.536, de 14 de junho de 1985, ambas do
Conselho Federal de Economia.

03 - Analisou-se o sistema de argumentação e contra argumentação usado nesta lide, a sua


lógica e a sua coerência com a prática e com os usos e costumes aplicados a investigações
periciais de cunho contábil, financeiro e econômico em casos congêneres, ou seja:
(i) apuração de valores em desacordo com o que foi pactuado nos quatro contratos
juntados com a peça Inicial; e
(ii) apuração de valores em conformidade com a(s) tese(s) jurídico-financeira(s) esposadas
pela empresa Autora.

04 - As partes foram notificadas, por carta, do início dos trabalhos conforme preceitua o Art.
431-A do CPC (vide, por gentileza, DOCUMENTOS nº. 01 e 02) e foram convidadas a
participar dos trabalhos periciais contribuindo com o levantamento de informações e apresentação
de argumentos técnico/contábeis que entendessem oportunos fazer a este auxiliar de V. Exa., para
que o Laudo pudesse apresentar os requisitos intrínsecos (qualitativos) de “ser completo”, “ser

46
PERÍCIA CONTÁBIL EM MATÉRIA FINANCEIRA – Prof. Remo Dalla Zanna (MS)

claro e funcional”, “ser delimitado ao objeto de perícia” e “ser fundamentado” evitando-se,


assim, se possível for, a fase instrutória dos “esclarecimentos”.

05 – Uma única diligência ocorreu em 03/09/2013, no escritório e residência do abaixo assinado,


ocasião em que recebeu a visita do Sr. R. E. S., ilustre Assistente Técnico da empresa Autora,
acompanhado do Dr. M. J. O. R., ilustre patrono da mesma. Ambos examinaram os autos, tiraram
cópias xérox dos extratos bancários e outros documentos. Em seguida, apresentaram seus
pensamentos e este auxiliar tudo anotou para eventual uso futuro. Permaneceu, a partir dessa
data, no aguardo de uma manifestação técnica, formal (por escrito) do ilustre Assistente Técnico
supracitado, que nunca veio.

06 - Foram considerados os r. despachos e os documentos constantes nos autos deste processo


que foram considerados suficientes para elaborar esta prova pericial. Assim sendo, foi possível
formar a convicção técnica que permitiu responder às questões formuladas por ambas as Partes.

07 - Deve ficar patente que a perícia judicial com naturezas contábil, financeira e
econômica, tem seu fundamento legal na escrituração contábil das Pessoas Jurídicas, quando
empresas ou sociedades civis assemelhadas; nos documentos de controle pessoal e nas
declarações de rendimentos das Pessoas Físicas, quando de pessoas naturais; e nos documentos
acostados aos autos do processo. Na ausência destas condições técnicas previstas na legislação
comercial e fiscal, o Perito Judicial, para atingir seu escopo, vale-se das prerrogativas inscritas no
CPC (Art. 429) e passa a usar as alternativas nele previstas, como neste caso, em que se cuida
de apurar, principalmente, o exato valor devido pela empresa Autora ou, caso contrário, qual
seria o valor de repetição de indébito a que faria jus, pela aplicação de duas formas, de
raciocínio, como segue:

1ª Forma (para atender à empresa Autora): segundo as teses jurídico/financeiras


esposadas pelo ilustre causídico que a representou - vide fls. 31 e 32 -, como segue:
- “seja afastada a capitalização dos juros (quando) existente no próprio
âmbito de cada contrato, decretando-se a nulidade parcial da relação de
crédito neste tocante (...), revertendo o saldo em favor da autora (...),
compensando-o com eventual saldo devedor existente em seu desfavor;
- “seja decretado abusivo o spread (margem financeira) que exceder a 20% do
custo de captação (...), recalculando-se todas as operações, utilizando como
base o custo de captação dos CDB’s (pré 30 dias) para aquelas operações de
mútuo comum (desconto de duplicatas), também revertendo o saldo em favor
da autora (...) e compensando-se o indébito gerado por tal ilegalidade com
eventual saldo devedor existente;
- seja decretada a nulidade da cobrança da comissão de permanência nos
contratos em questão (Desconto de Duplicatas), uma vez que ‘as perdas e
danos, nas obrigações de pagamento em dinheiro, consistem nos juros de
mora e custas, sem prejuízo da pena convencional (...).”.

2ª Forma (para atender ao banco Autor): - segundo os termos do(s) contrato(s)


firmado(s) para atender à condição pacta sunt servanda, ou seja, segundo os
documentos juntados às fls. 47 a 62, mais documentos juntados às fls. 151 a 154 e
mais documentos juntados às fls. 303 a 352 e novamente juntados às fls. 364 a 409.

08 - Para esclarecer as questões debatidas, bem como responder aos quesitos formulados, o laudo
pericial foi assim planejado e organizado:
47
PERÍCIA CONTÁBIL EM MATÉRIA FINANCEIRA – Prof. Remo Dalla Zanna (MS)

a. pesquisa junto ao Banco Central do Brasil – Setor de Informações Técnicas, Diretoria


Regional de São Paulo;
b. elaboração de planilhas para demonstrar:
i. a evolução da contracorrente da Autora segundo o
entendimento do banco Réu e da empresa Autora; e
ii. situação das duplicatas que não foram pagas pelos clientes da
Autora e nem por ela mesma;
c. oferta de respostas aos quesitos tomando-se por base as situações acima, o escopo da
prova pericial e o fulcro das controvérsias;
d. apresentação do RESUMO final a fim de que V. Exa. possa decidir o que for de direito.

09 - Apresentamos no quadro abaixo a relação dos DOCUMENTOS e ANEXOS que fazem


parte e integram a presente prova pericial contábil.

Número do
Assunto(s) tratado(s) em cada um
DOCUMENTO

01 Cópia da carta expedida aos ilustres advogados da empresa Autora


02 Cópia da carta expedida à ilustre advogada do banco Réu
Número do
Assunto(s) tratado(s) em cada um
ANEXO
Análise da Movimentação conforme extratos bancários da Conta
01 Corrente nº. 91.06.0.000161.6; mantida pela empresa Autora junto ao
Banco Réu, desde o dia 10/09/1997
Relação de Duplicatas Descontadas pela Autora e impagas pelos seus
02
clientes e também não pagas pela própria

10 - Os textos dos quesitos formulados pelas Partes estão literalmente transcritos neste Laudo
com os eventuais defeitos de linguagem que apresentam nas petições juntadas. Portanto, este
Perito Judicial se responsabiliza pelas respostas técnicas a eles (quesitos) fornecidas, até o limite
de seu entendimento lógico, decorrente de análise sintática aplicada, quando necessário, ao texto
apresentado. Isto posto, seguem-se as respostas oferecidas aos quesitos formulados pelas Partes e
pertinentes à perícia de natureza contábil.

III - QUESITOS DA EMPRESA AUTORA


(fls. 210 a 213)

Introdução: Reproduz-se, abaixo, o texto introdutório aos quesitos desta série.

i. “A análise dos registros das operações celebradas entre a AUTORA e o BANCO


RÉU, demonstraram ter-se estabelecido uma relação continuada e periódica,
consubstanciada através da assinatura de diversos contratos de desconto de
duplicatas, abertura de crédito e contratos de empréstimos, sendo utilizada a conta
corrente da autora para os lançamentos de débitos e créditos das operações.”
ii. “Com base nestas observações são formulados os quesitos à perícia de modo a
certificar o vínculo existente entre as várias operações, responsáveis pela evolução
do saldo devedor apontado pelo Banco. Tal vinculação se evidencia como de
48
PERÍCIA CONTÁBIL EM MATÉRIA FINANCEIRA – Prof. Remo Dalla Zanna (MS)

fundamental importância para o desenvolvimento da tese esposada nos autos, no


sentido de provar a ilegalidade e, conseqüentemente, a inconsistência dos números
apresentados pelo RÉU.”
iii. O comentário acima se revela oportuno para a delimitação e compreensão dos
quesitos abaixo:

COMENTÁRIO PERICIAL À INTRODUÇÃO SUPRA

A análise dos registros das operações celebradas entre as partes, objeto desta ação, feita pelo
ilustre causídico e acima relatada, está equivocada. O fato de ter-se estabelecido uma relação
de crédito continuada e periódica, consubstanciada através da assinatura de diversos
contratos, fato verdadeiro, não justifica a maioria dos quesitos apresentados os quais foram
formulados tendo em mente a existência de “... contratos de (...) abertura de crédito e
contratos de empréstimos...”, do tipo “Limite de Crédito”, popularmente conhecidos como
“Cheque Especial”, fato não verdadeiro, pois, este tipo de contratos, se houve, não são
objeto desta ação e a ela não foram juntados por nenhuma das duas Partes. Então “... a tese
esposada nos autos, no sentido de provar a ilegalidade e, conseqüentemente, a
inconsistência dos números apresentados pelo RÉU”, pelo menos em parte, está equivocada.

Assim sendo, este auxiliar responderá aos quesitos apresentados segundo as circunstâncias, a
delimitação e compreensão adequada ao caso presente, ou seja, o protesto de quatro notas
promissórias vinculadas a quatro contratos de desconto de duplicatas. Abaixo, se encontram
os quesitos formulados segundo os entendimentos supra e respectivas respostas.

1. Queira o Sr. Perito esclarecer se entre a autora e réu se


estabeleceu relação de crédito continuada, iniciada em
outubro de 1997.

RESPOSTA

Positiva é a resposta, pois os documentos juntados às fls. 48 e 49 dos autos, extratos bancários
da agência e conta nº. 91.06.0.000161-6, revelam que entre a empresa Autora e o banco Réu se
estabeleceu relação de crédito continuada, antes de outubro de 1997.

2. Informe a perícia se é correto entender que o registro


cronológico de lançamentos correlatos, ora a crédito, ora a
débito, constitui um sistema de conta-corrente.

RESPOSTA:

Positiva é a resposta. SIM, o registro cronológico de lançamentos correlatos, a DÉBITO e a


CRÉDITO, chama-se, em linguagem contábil, CONTA CORRENTE. É um sistema pelo qual são
registradas as obrigações e os haveres do titular da conta, denominado CORRENTISTA. Na
CONTA CORRENTE de cada correntista - pessoa física ou jurídica - são lançadas,
cronologicamente, as operações comerciais e/ou financeiras que ensejaram débitos e créditos
recíprocos perante outra pessoa física ou jurídica com quem se mantém relações de negócios
comerciais e/ou financeiro, geralmente de caráter permanente. O Sistema de CONTA-
CORRENTE é conhecido, em contabilidade, como “Sistema Auxiliar” ou “Livro Auxiliar” de
49
PERÍCIA CONTÁBIL EM MATÉRIA FINANCEIRA – Prof. Remo Dalla Zanna (MS)

Contabilidade. Quando os atos e fatos econômico/administrativos pertinentes às contas correntes


são registrados no “Livro Diário”, geralmente por resumo mensal de tal livro auxiliar, o “Livro
Auxiliar de Contas Correntes” passa a se chamar “Livro Diário Auxiliar de Contas-Correntes”
o qual, mediante formalizações de registro de comércio como previstas na legislação, ganha o
status de um verdadeiro “LIVRO DIÁRIO” especializado em registrar os atos e fatos
econômico/administrativos atinentes a este tipo de operação. A escrituração apartada das
operações realizadas em conta-corrente atende à conveniência dos controles contábil e financeiro.
Os modernos sistemas informatizados apresentam o “Livro Diário Auxiliar de Contas
Correntes” em formulários contínuos que, para que possam produzir os efeitos previstos na
legislação comercial, devem ser encadernados e registrados nos órgãos controladores das
atividades comerciais e financeiras.

3. Esclareça o vistor se o Banco registrava as liberações e/ou


utilizações dos limites das operações realizadas a crédito da
autora, e os correspondentes pagamentos a débito da mesma.

RESPOSTA:

O quesito acima, como formulado, remete este auxiliar a entender que o ilustre perquiridor
interpretou a relação comercial entre as partes como estando fundada na contratação de “LIMITE
DE CRÉDITO” do tipo conhecido como “CONTA GARANTIDA”, popularmente chamada de
conta de “CHEQUE ESPECIAL” mas não é este o caso dos autos.

Trata-se, nesta ação, de quatro contratos ou quatro operações de desconto de títulos comerciais,
parcialmente não honrados pelos sacados e que, por força contratual – cláusula de direito de
regresso – cabia à empresa emitente, a Autora, a obrigação de efetuar o pagamento inadimplido
por seus clientes. Mas a partir de 06/01/1998 não o fez. Omitiu-se em depositar valores e deixou
que o saldo em sua conta corrente fluísse devedor (negativo); sem provisão de fundos para
garantir que as duplicatas inadimplidas pelos seus clientes pudessem ser debitadas pelo banco
Réu, conforme cláusula contratual.

No mais, é verdade que o banco Réu registrou as liberações e/ou utilizações dos limites das
operações realizadas (desconto de títulos) a crédito da empresa Autora, que foram por ela usados
mediante a emissão de cheques e para o pagamento dos encargos financeiros pertinentes a essas
operações. Por certo esses saques foram lançados a débito da mesma.

4. Diga a perícia se todas as operações que a autora mantinha com o


réu eram realizadas na mesma conta-corrente (n° 06.0000161-6;
Agência n° 091) ou se haviam outras contas.

RESPOSTA:

Positiva é a resposta. Sim, todas as operações que a Autora mantinha com o banco Réu eram
realizadas na mesma conta-corrente 91.06.0.000161-6 e não havia outras.

5. Demonstre o digno expert como seria o quadro de todas as


operações realizadas pela autora com o banco, obedecendo a ordem
50
PERÍCIA CONTÁBIL EM MATÉRIA FINANCEIRA – Prof. Remo Dalla Zanna (MS)

cronológica dos fatos, considerando as liberações e/ou utilizações


dos créditos como débito e os pagamentos como crédito desde
outubro de 1997 até a última operação realizada com o réu.

RESPOSTA

Este quesito está sendo atendido mediante o ANEXO Nº 01 que integra este Laudo Pericial
Contábil. Pede-se a gentileza de a ele reportar-se.

6. Queira a perícia informar se no período considerado no quesito


anterior ocorreu a apropriação de valores de novas operações para
amortização de saldo devedor, ou seja, se em determinadas
operações o valor foi utilizado pelo banco para abater o saldo
devedor anterior. Pede-se para identificar em quais períodos
ocorreu tal hipótese e se nestes períodos ocorreu a liberação de
dinheiro novo à autora, ou o valor das operações foi integralmente
utilizado para liquidação//amortização da anterior.

RESPOSTA:

Este quesito está sendo atendido mediante o ANEXO Nº 01 que integra este Laudo Pericial
Contábil. Pede-se a gentileza de a ele reportar-se.

7. Queira a perícia informar se o método dos saldos médios


ponderados (HAMBURGUÊS) é um procedimento correto para o
cálculo de juros simples e apuração do saldo em um sistema de
conta-corrente, isto é, num conjunto de lançamentos de débitos e
créditos com saldo variáveis. Caso contrário explicar qual o método
correto.

RESPOSTA:

Vamos responder a este quesito por partes como segue:

a) Quanto a informar se o método dos saldos médios ponderados (Método Hamburguês) é um


procedimento correto para o cálculo de juros simples e apuração do saldo em um sistema de
conta corrente, isto é, num conjunto de lançamentos a débito e a crédito, com saldos variáveis,
informa-se:
a.1) Sim, o método dos saldos médios ponderados (Método Hamburguês) é um
procedimento correto para o cálculo de juros simples. Todavia, quando adaptado, nele
introduzindo-se as fórmulas matemáticas corretas, se presta também para o cálculo de juros
compostos, sendo este último o procedimento usual aplicado pelos bancos;
a.2) Sim, o método dos saldos médios ponderados (Método Hamburguês) é um
procedimento adequado para apurar o saldo médio de uma conta corrente, em um determinado
período de tempo considerado. Trata-se de média ponderada calculada pela multiplicação dos
saldos pelos dias que ficaram em aberto. Em seguida, a soma desses “números” é dividida pela
quantidade de dias, apurando-se, assim, o saldo médio ponderado. Este procedimento

51
PERÍCIA CONTÁBIL EM MATÉRIA FINANCEIRA – Prof. Remo Dalla Zanna (MS)

matemático, “quando aplicado às finanças”, é conhecido como Método Hamburguês. A


questão da capitalização dos juros fica por conta de sua agregação ao saldo devedor, ou não.

b) Quanto a dizer, em caso contrário, qual o método correto para o cálculo de juros simples,
informa-se que o procedimento é o de se calcular os juros contratados, escriturá-los à parte e não
incluí-los na formação do saldo devedor com o objetivo de atualizar o capital sobre o qual serão
calculados os juros (novos juros) correspondentes ao período sucessivo. Chamam-se juros
simples pelo fato de não se incorporarem ao principal, base para o cálculo de juros no próximo
período.

8. Considerando o quadro solicitado no item 5 anterior como um


conjunto único, homogêneo para o período em exame (desde outubro
de 1997 até a última operação realizada), queira a perícia apurar o
saldo devedor, ou credor, da autora na data do vencimento do último
contrato que finaliza o período mencionado, aplicando-se o método
dos saldos médios ponderados, ou equivalente, com as taxas
efetivamente cobradas em cada operação, capitalizando-se os juros
anualmente.

RESPOSTA:

Vamos responder a este quesito por partes, como segue:

I. O quadro solicitado no item 5 anterior está sendo apresentado na forma do ANEXO Nº


01 que integra este laudo pericial contábil. Esse quadro, como aqui solicitado, revela todas
as operações havidas entre as Partes, desde a abertura da conta até o lançamento do
último extrato apresentado pelo banco, ou seja, até 01/08/2000.

II. Os juros lançados a débito da empresa Autora até o dia 26/12/97, no valor de R$ 144,44,
representam o custo que a mesma sofreu por ter deixado, algumas vezes e por pouco
tempo, o saldo da Conta Corrente a descoberto (com saldo devedor). Todavia não há
contrato de “Limite de Crédito”, entre as Partes, que enseje o direito do banco Réu de
cobrar esses juros.

III. A partir de 06/01/1998 a empresa Autora não mais cobriu o saldo devedor em conta
corrente o qual foi sendo aumentado à medida que foram debitadas duplicatas
descontadas, vencidas e não pagas pelos clientes da mesma. A partir desse momento são
debitadas despesas com protesto de duplicatas impagas, com tarifas de cobrança e outras
tarifas, mas juros sobre o saldo devedor nessa conta corrente são debitados somente
a partir de 04/05/1998 quando o saldo devedor atinge a quantia de R$ 10.603,76. A
partir desta data, o saldo devedor, por não receber cobertura pela empresa Autora, passa a
receber juros (que o banco chama, impropriamente de “estorno”) e, no dia 01/08/2000
atinge a quantia de R$ 20.494,82. Todavia, não há contrato de “Limite de Crédito”, entre
as Partes, que enseje o direito do banco Réu de cobrar esses “estornos”. Detalhes, passo-
a-passo, estão revelado no ANEXO Nº 01.

IV. Como se vê no anexo supracitado, o saldo, nesta conta corrente, é devedor. Se


considerarmos a data 30/04/1998 (antes de ter início o débito de juros não contratados), o
débito da empresa Autora é de R$ 10.495,44; mas se considerarmos o último extrato
52
PERÍCIA CONTÁBIL EM MATÉRIA FINANCEIRA – Prof. Remo Dalla Zanna (MS)

apresentado pelo banco Réu, o do dia 01/08/2000, o débito da empresa Autora é de R$


20.494,82.

V. No que tange às taxas de juros praticadas pelo banco para debitar juros calculados sobre o
saldo devedor dessa conta corrente, a perícia nada pode dizer, pois contrato(s), entre as
Partes, que estabeleça(m) tal débito, não existe(m) ou, por ora, não foi(ram)
apresentado(s) nos autos.

VI. Assim sendo, na parte deste quesito em que se pede “... queira a perícia apurar o saldo
devedor, ou credor, da autora na data do vencimento do último contrato que finaliza o
período mencionado,...” fica prejudicada a resposta pela ausência de contrato(s) que
cuidem desta matéria. (O grifo é nosso)

VII. Concluindo, face à ausência de contrato(s) fica prejudicada a resposta à última parte
deste quesito, assim formulado: “... aplicando-se o método dos saldos médios
ponderados, ou equivalente, com as taxas efetivamente cobradas em cada operação,
capitalizando-se os juros anualmente.” (O grifo é nosso)

9. Queira a perícia informar se a metodologia que o réu


utilizou para calcular os juros e os saldos devedores, está em
desacordo com o método utilizado no quesito 7. Pede-se
explicar a metodologia utilizada pelo banco em cada um dos
contratos, em especial se foi utilizada a fórmula

n
FV = PV * (1 + i/100) ou equivalente e, ainda, se para as
prestações constantes, o banco utilizou a seguinte
metodologia:

n
(1+i) x i
PMT = PV x [--------------]
n
(1+i) - 1

RESPOSTA:

Vamos responder a este quesito por partes como segue:

a) Quanto a informar se a metodologia que o Banco Embargado teria utilizado para calcular os
juros e os saldos devedores e se ela estaria em desacordo com o método utilizado no quesito 7
tem-se a dizer que:
a.1) o quesito 7 e a resposta a ele oferecida, não se prestam para a identificação de qual
metodologia o Banco - qualquer Banco e não apenas o Réu - teria utilizado para calcular os juros
e os saldos devedores. A resposta ali apresentada é de caráter didático e pode se enquadrar no
caso deste processo ou não, pois, no quesito 7, o ilustre perquiridor requer a exposição de
conhecimento que versa sobre capitalização de juros usando-se o Sistema Hamburguês e se
este sistema é adequado para o cálculo dos juros simples. E isto foi respondido. Portanto, o
53
PERÍCIA CONTÁBIL EM MATÉRIA FINANCEIRA – Prof. Remo Dalla Zanna (MS)

quesito 7 não versou sobre qual critério, efetivamente, teria sido aplicado pelo Banco
Embargado. Assim, a ligação que se pretendeu fazer entre o tema lá ventilado e o tema desta
primeira parte deste 9º quesito, faz com que sua resposta fique prejudicada;
a.2) o que está a prejudicar a maioria das respostas e inclusive esta, é a ausência de
contrato(s) de “Limite de Crédito” ou “Cheque Especial” em base aos quais proceder às
investigações necessárias para responder ao que foi perquirido;

b) Quanto a dizer se os juros foram capitalizados em periodicidade inferior a um ano a perícia


oferece três respostas, como segue:
b.1) considerando a movimentação da data da abertura da conta até o dia 26/12/1997,
negativa é a resposta pois os juros foram sendo pagos pela empresa autora mediante depósito
em cheques e/ou recebimento de cobrança de duplicatas ex-descontadas;
b.2) considerando a movimentação da conta corrente do dia 29/12/1997 até o dia
30/04/1998, negativa é a resposta pois nenhum juro foi cobrado;
b.3) considerando a movimentação da conta corrente do dia 04/05/1998 até o dia
01/08/00 (último extrato apresentado pelo banco) positiva é a resposta pois os juros foram
agregados ao saldo devedor sobre o qual novos juros foram calculados e debitados, quase todos
em base mensal;

c) Quanto a explicar a metodologia utilizada pelo Banco em cada um dos contratos, em especial
se foi utilizada a fórmula:

n
FV = PV * (1 + i/100) em comparação com a fórmula FV = PV * [1 + (i/100.n)]

onde:

FV = Valor Futuro
PV = Valor Presente
i = Taxa de juros em valor decimal que dividida por 100 resulta em
r = Taxa de juros em percentual. Assim, se r = 10% então i = 0,10
n = Quantidade de unidades de tempo de capitalização (dias, meses,
trimestres, semestres, anos etc.)

informa-se o que segue:

n
FV = PV * (1 + i/100) esta fórmula é utilizada para calcular e capitalizar
juros em períodos constantes de tempo

FV = PV * [1 + (i/100.n)] esta fórmula é utilizada para calcular juros simples

Então fica prejudicada a resposta a esta parte do quesito pelo fato de não existir(em)
contrato(s) de “Limite de Crédito em Conta corrente”, contrato(s) esse(s) popularmente
conhecido(s) como de “cheque especial”.

54
PERÍCIA CONTÁBIL EM MATÉRIA FINANCEIRA – Prof. Remo Dalla Zanna (MS)

(iii) Por fim, no que tange à fórmula:

n
(1+i) x i
PMT = PV x [-----------]
n
(1+i) - 1

... ela não tem qualquer aplicação no caso que se discute nos autos deste processo pois serve para
calcular prestações iguais, consecutivas e periódicas, como acontece no SFH. Esta fórmula é
aplicada quando o método adotado é o da TABELA PRICE, que nada tem a ver com este
processo.

9.1. No caso de operações de desconto de títulos, informe o sr. Perito se a taxa de


juros, descontada antecipadamente, permitia à autora divisar a taxa efetiva praticada.
Exemplificando, se o homem médio consegue ver que a taxa de 4% ao mês
antecipada representa uma taxa ao mês na ordem de 4,167%.

RESPOSTA:

O conceito de “... homem médio...” é desconhecido pela ciência da administração de negócios. A


literatura de administração financeira não cuidou de conceituar “... homem médio...” até o
presente momento. Assim sendo fica prejudicada a resposta a este quesito.

Além disso, por se tratar de perquirição que requer a emissão de uma opinião pessoal e sendo isto
defeso ao Perito Judicial, fica mais uma vez prejudicada a resposta a este quesito.

Todavia, com o intuito de bem informar V. Exa. e com a devida permissão, este auxiliar oferece a
seguinte opinião:

É de bom senso e recomenda-se a qualquer pessoa, especialmente aos empresários,


valer-se sempre dos serviços profissionais de Economistas e de Contadores que, na sua
condição de especialistas, podem contribuir e contribuem efetivamente e de forma
decisiva para o sucesso dos negócios empresariais de quem lhes solicita assessoramento
em tempo oportuno, ou seja, antes da formalização dos fatos; visto que, depois de
consumado o fato jurídico, só podem se valer da imprescindível e, algumas vezes,
salvadora, assessoria de competentes Advogados. O assessoramento e/ou a consultoria
para a tomada de decisões de negócios, mormente naqueles campos em que o empresário
não adquiriu habilidades e/ou competência profissional para geri-los sem a ajuda de um
especialista, é absolutamente recomendável ou imprescindível para evitar prejuízos
irreparáveis ao patrimônio empresarial. Sabe-se que é difícil, no mundo complexo em
que se vive encontrar um negociante, industrial ou comerciante, capacitado em todas as
áreas do conhecimento administrativo em que tem de atuar tomando decisões.
Certamente, uma das mais complexas é a área da Administração Financeira. Portanto,
para suprir suas deficiências em Administração Financeira - pois é este o fulcro deste
55
PERÍCIA CONTÁBIL EM MATÉRIA FINANCEIRA – Prof. Remo Dalla Zanna (MS)

quesito - o normal bom senso recomenda consultar um profissional especializado nesta


matéria, para, depois de ouvir-lhe as opiniões e recomendações, decidir o que mais
convém ou o que mais interessa a si e à sua empresa. No final, sua decisão será soberana
e é neste mágico momento que se materializa o RISCO DO NEGÓCIO, o RISCO DE
SER EMPRESÁRIO COM SUCESSO OU NÃO. Além disso, neste caso específico, os
Borderôs de Desconto de Títulos (Duplicatas), contratos que regem a pactuação dos
empréstimos objeto desta lide, são absolutamente claros em suas cláusulas.

9.2 Quanto à abertura de crédito em conta-corrente, informe a perícia se os


valores dos juros, calculados ou não em forma linear, eram debitados mês a
mês para, sobre a nova base (com os juros vencidos incorporados) incidir os
juros do próximo período.

RESPOSTA:

O quesito acima, como formulado, remete este auxiliar a entender que o ilustre perquiridor
interpretou a relação comercial entre as partes como estando fundada na contratação de “LIMITE
DE CRÉDITO” do tipo conhecido como “CONTA GARANTIDA”, popularmente chamada de
conta de “CHEQUE ESPECIAL”, mas não é este o caso dos autos, pois trata-se, nesta ação, de
quatro contratos ou quatro operações de desconto de títulos comerciais, parcialmente não
honrados pelos sacados e que, por força contratual – cláusula de direito de regresso – cabia à
empresa emitente, a Autora, a obrigação de efetuar o pagamento inadimplido por seus clientes.
No mais, o que foi supra perquirido já foi objeto de respostas esclarecedoras nos quesitos que a
este precederam.

10. Identifique o Sr. Perito, nas respectivas datas de celebração de cada


uma das operações em exame, qual era o valor médio que o banco estava
pagando aos investidores em CDB’s (modalidade 30 dias pré-fixada).

RESPOSTA

Quanto a identificar, nas respectivas datas de celebração de cada uma das operações em exame,
qual era o valor médio que o banco estava pagando aos investidores em CDB’s (modalidade 30
dias pré-fixada) informa-se que a resposta a este quesito está prejudicada, pois o banco Réu
não apresentou as tabelas de taxas por ele utilizadas para remunerar investidores em CDBs
(modalidade 30 dias pré-fixada) nas “respectivas datas de celebração de cada uma das
operações em exame” e nem em outras datas.

Todavia, para que V. Exa. disponha de dados do mercado financeiro informa-se que as taxas
praticadas pelos três bancos que lideravam, à época, o mercado deste tipo de títulos, ou seja, para
remunerar investimentos feitos em CDBs na modalidade 30 dias pré-fixada, para valores de R$
1.000,00; foram os seguintes:

Datas das TAXAS MENSAIS MÉDIAS praticadas pelos maiores bancos para colocação de
Operações de CDB’s de 30 dias, no valor mínimo de R$ 1000,00 por aplicação
Desconto TAXA BRUTA
Real Bradesco Itaú Média dos três
56
PERÍCIA CONTÁBIL EM MATÉRIA FINANCEIRA – Prof. Remo Dalla Zanna (MS)

10/09/97 1,10 1,13 1,29 1,17


22/09/97 1,02 1,14 1,26 1,14
23/09/97 1,10 1,14 1,26 1,17
08/10/97 1,10 1,16 1,28 1,18
16/10/97 1,17 1,36 1,37 1,30
22/10/97 1,10 1,39 1,39 1,29
23/10/97 1,09 1,40 1,41 1,30
30/10/97 1,33 1,47 1,48 1,43
Datas das TAXAS MENSAIS MÉDIAS praticadas pelos maiores bancos para colocação de
Operações de CDB’s de 30 dias, no valor mínimo de R$ 1000,00 por aplicação
Desconto TAXA BRUTA
Real Bradesco Itaú Média dos três
05/11/97 2,21 2,22 2,40 2,28
07/11/97 1,58 2,31 2,43 2,11
14/11/97 2,15 2,34 2,31 2,27
27/11/97 1,93 2,07 2,25 2,08
02/12/97 2,21 2,18 2,32 2,24
04/12/97 2,00 1,93 2,10 2,01

Fonte: Jornal da Tarde, Coluna Indicadores, Edição das respectivas datas.

11. Apresente o digno Perito um quadro comparativo das taxas, em


cada uma das operações realizadas, entre aquelas pagas aos
investidores em CDB’s e aquelas cobradas pelo banco nas
operações realizadas, no sentido de em quanto suplantaram,
percentualmente, aquelas das operações realizadas entre autora e
réu, observando o seguinte exemplo:

Data do Taxa do Taxa do % de


Contrato CDB Banco Diferença
1 2
14.11.97 2,8% 5,1% a.m. 129%
1. Fonte: Revista Juros & Moedas (Nº 52 – DEZ.1997)
2. Sendo: (5,1/2,8)-1*100 = 82,14286%

RESPOSTA:

A tabela abaixo atende ao quanto perquirido acima.

Datas do Crédito
Taxa Borderô de Taxa Média dos
conforme % da
Vide fls. Desconto de CDB’s na
Borderôs juntados Diferença
Duplicatas mesma data
aos autos
23/10/97 154 2,65% 1,30% 103,84%
14/11/97 151 5,10% 2,27% 124,67%
27/11/97 152 3,95% 2,08% 89,90%
57
PERÍCIA CONTÁBIL EM MATÉRIA FINANCEIRA – Prof. Remo Dalla Zanna (MS)

02/12/97 153 3,99% 2,24% 78,13%

Para as demais operações de desconto de duplicatas reveladas no ANEXO Nº 01, não há


informações, nos autos, a respeito das taxas de desconto praticadas pelo banco Réu.

IV - QUESITOS DO BANCO REQUERIDO


(fls. 219 a 221)

1. Informe o Sr. Expert se os contratos firmados entre as partes estão


formalmente corretos.

RESPOSTA:

Este quesito, como formulado, requer uma opinião deste auxiliar, todavia, no campo jurídico,
pois dizer se contratos estão corretamente formalizados não é tarefa de peito contador. Assim
sendo fica prejudicada a resposta.

2. As cláusulas contratuais são suficientemente claras para os


empresários tomadores de empréstimos bancários?

RESPOSTA:

As cláusulas 4 e 5 em seu item a) apenas conceituam como serão cobrados os “encargos” e


como será calculada a “comissão de permanência” na fase de inadimplência das duplicatas objeto
dos contratos “Borderôs de Desconto de Títulos” (vide fls. 151 a 154). Ou seja, essas cláusulas
não dão a conhecer, em seu texto, os percentuais que incidirão sobre os valores inadimplidos.
Apenas conceituam como será feito o cálculo dos encargos. Esta forma de contratar, apesar de
clara para qualquer leitor/empresário, impede o conhecimento prévio do custo da inadimplência e
impossibilita à perícia certificar os valores apresentados pelo banco Réu. A cláusula 5.1 entrega
ao DESCONTÁRIO a tarefa de informar-se, junto ao banco Réu, a respeito dos percentuais que
gravarão seu crédito nos casos de inadimplência de seus clientes. Portanto, não supre as
deficiências de informação contratual supracitadas, principalmente no que tange ao trabalho
pericial que não dispõe de parâmetros para verificar os cálculos apresentados pelo banco Réu.

Apesar dos comentários acima, positiva é a resposta, pois as cláusulas contratuais – do contrato
padrão pré-elaborado pelo banco Réu - são suficientemente claras para os empresários tomadores
de empréstimos bancários.

3. Informe o Sr. Expert se os juros contratuais a serem aplicados


estão explicitados no contrato.

RESPOSTA:

58
PERÍCIA CONTÁBIL EM MATÉRIA FINANCEIRA – Prof. Remo Dalla Zanna (MS)

Positiva é a resposta. Sim os juros contratuais a serem aplicados para calcular o desconto de
cada duplicata, em função de seus valores e prazos de vencimentos respectivos, estão explicitados
nos contratos constantes às fls. 151 a 154.

4. Os encargos de mora assumidos pelo Autor, eram de conhecimento


do mesmo no ato da celebração do contrato?

RESPOSTA:

Negativa é a resposta. Não, os encargos de mora assumidos pela empresa Autora não eram de
conhecimento da mesma no ato da celebração dos contratos constantes às fls. 151 a 154. Vide,
por gentileza, a justificativa para esta afirmação na resposta ao quesito número 2 (dois) desta
série.

Exclui-se desta negativa a taxa de juros de mora de 1% ao mês, claramente especificada no item
b) da cláusula 5ª.

5. Apure o Sr. Perito quais as taxas praticadas nos contratos em tela,


bem como se tais taxas estão de acordo com o previsto no Contrato de
Mútuo firmado entre as partes. São as mesmas compatíveis com as taxas
pactuadas em outros contratos firmados por esta Instituição Financeira?

RESPOSTA:

Vamos responder a este quesito por partes seguindo a ordem em que os assuntos foram, nele,
apresentados.

 Quanto a apurar “... quais as taxas praticadas nos contratos em tela...” vide quadro
abaixo.
Valores em Reais
Data do
Valor dos Nº Borderôs de Taxa de
Saldo objeto de Crédito na Fls. dos
Protocolo Títulos ou Duplicatas Juros ao
cobrança C/Corrente autos
Contratos Descontadas mês
da Autora
0042/010498-9 70.654,31 17.852,59 390283-0 23/10/97 2,65% 149
0043/010498-7 90.878,77 45.619,63 413276-7 27/11/97 3,95% 147
0041/010498-0 30.181,00 1.519,35 416804-3 02/12/97 3,99% 148
62/010498-3 10.042,00 351,26 404411-1 14/11/97 5,10% 146
Totais 201.756,08 65.342,83

 Quanto a informar “... bem como se tais taxas estão de acordo com o previsto no
Contrato de Mútuo firmado entre as partes.” – esclarece-se que não há nos autos e não
foi apresentado a este auxiliar da Justiça, nenhum “Contrato de Mútuo firmado entre as
partes” ficando, assim, prejudicada a resposta a esta parte deste quesito.

59
PERÍCIA CONTÁBIL EM MATÉRIA FINANCEIRA – Prof. Remo Dalla Zanna (MS)

 No que tange a dizer se “... as mesmas (taxas de juros imputados aos contratos
denominados ‘Borderô de Desconto de Títulos’) são compatíveis com as taxas pactuadas
em outros contratos firmados por esta Instituição Financeira” – em face da inexistência
nos autos e em face da não entrega de outros contratos pelo banco Réu, a este auxiliar;
fica impossibilitada a comparação perquirida e, assim, fica prejudicada da resposta a
este quesito.

6. Houve qualquer pagamento após o vencimento do contrato objeto


da demanda?

RESPOSTA:

Prejudicada a resposta a este quesito, pois, em face da incerteza a respeito do que está sendo
perquirido, pois os contratos denominados “Borderô de Desconto de Títulos” não têm um
vencimento único. O vencimento deste tipo de contrato ou operação bancária se dá quando todas
as duplicatas forem pagas pelos clientes da empresa Autora ou, na sua falta, pela mesma, pois se
comprometeu com a cláusula do direito de regresso.

A verdade, Meritíssimo Juiz, é que houve vários contratos denominados “Borderôs de Desconto
de Títulos”. Os valores desses contratos estão revelados, cronologicamente, no ANEXO Nº 01.
Além disso, quatro deles foram juntados aos autos com a peça Inicial.

Nada mais. Ou seja, a perícia não identificou qual seria o contrato “... objeto da demanda...”
vislumbrado pela ilustre perquiridora quando formulou o quesito acima.

7. Aplicando-se as cláusulas contratuais, apure o Sr. Perito o saldo


devedor atualizado até o presente momento.

RESPOSTA:

No que tange “... às cláusulas contratuais...” - considerando as respostas apresentadas aos


quesitos número dois, quatro e cinco desta série, fica prejudicada a resposta a esta primeira
parte deste quesito. Ou seja, não foi dado a conhecer, a este auxiliar, a formação das taxas
adotadas pelo banco Réu para cobrar a “comissão de permanência” e, assim sendo, não pôde
certificar os cálculos apresentados às fls. 344 a 352 e novamente apresentados às fls. 405 a 409.

Todavia, para atender da melhor forma possível e segundo as circunstâncias ao que supra foi
perquirido, apresenta um RESUMO da dívida da empresa Autora, segundo o que o banco Réu
entende ser seu direito.

Para que as cifras sejam homogêneas, os valores abaixo têm, em comum, o mês de ABRIL de
1998.

FONTES DA DÍVIDA Valores em Reais


1 – Saldo devedor em conta corrente. Vide ANEXO Nº 01 10.495,44
2 – Duplicatas descontadas não pagas pelos clientes da
Autora e nem por ela mesma. Vide ANEXO Nº 02 76.395,21

60
PERÍCIA CONTÁBIL EM MATÉRIA FINANCEIRA – Prof. Remo Dalla Zanna (MS)

SOMA 86.890,65

Já no que se refere a apresentar “... o saldo devedor atualizado até o presente momento” este
auxiliar não pôde atender ao perquirido, pois existem itens de cálculo controversos que ainda
dependem de decisão judicial. Salvo melhor juízo, entre outros, destacam-se os seguintes pontos:
a) Qual é a taxa de “comissão de permanência” a ser aplicada e por quê?
b) O pleito da Autora para que a taxa de juros passivos seja majorada em até 20% da taxa de
juros ativos, e não mais que isso, será aceito pelo MM. Juiz?
c) A taxa de juros de mora deve ser de 1% ao mês ou de 1% ao ano? qual será a decisão
judicial?
d) Etc.

Portanto, em face das circunstâncias, qualquer cálculo que fosse feito na atual conjuntura dos
autos, seria inútil.

8. Informe o Sr. Vistor Judicial se eventual diferença do saldo


existente pode ser relativa à aplicação de Imposto sobre
Operações Financeiras - IOF ou outras taxas praticadas
usualmente pelo mercado financeiro.

RESPOSTA:

Prejudicada a resposta a este quesito, pois formulado na forma de uma hipótese. Ao dizer
“... se eventual diferença do saldo existente pode ser relativa a aplicação de Imposto sobre
Operações Financeiras - IOF ou outras taxas praticadas usualmente pelo mercado financeiro” -
(o grifo é nosso) - a ilustre perquiridora pretende uma opinião, ainda que técnica, deste auxiliar de
V. Exa., a respeito de diferença do saldo existente, mas não diz a que saldo se refere. O banco
Réu não apresentou, nos autos, com clareza, qual é o seu pedido de pagamento por parte da
empresa Autora, ou seja, que valor considera ser seu direito.

Pergunta-se:
 Seria o saldo devedor da conta corrente?
 Seria o saldo devedor das duplicatas ex-descontadas e não pagas pelos clientes da Autora
e nem por ela mesma?
 Seria a soma de ambas as dívidas supra mencionadas como citado na resposta oferecida ao
quesito número sete desta série?

Então, diante de tais incertezas, ficou impraticável qualquer resposta, a este quesito.

9. Informe, ainda, o que julgar conveniente para elucidação da matéria.

RESPOSTA

Nada mais há para ser informado por este auxiliar, nesta prova pericial, que seja adequado e
conveniente para elucidação da(s) matéria(s) objeto desta ação.
61
PERÍCIA CONTÁBIL EM MATÉRIA FINANCEIRA – Prof. Remo Dalla Zanna (MS)

IV - RESUMO

À guisa de RESUMO, este auxiliar retoma o PLEITO INICIAL da empresa Autora para oferecer a
V. Exa. suas opiniões técnicas sobre o que foi requerido, como segue:

1º item: “seja afastada a capitalização dos juros (quando) existente no próprio âmbito de cada
contrato, decretando-se a nulidade parcial da relação de crédito neste tocante (...), revertendo o
saldo em favor da autora (...), compensando-o com eventual saldo devedor existente em seu
desfavor.”

No que tange à capitalização dos juros, informa-se que:


 considerando a movimentação da data da abertura da conta até o dia 26/12/1997,
negativa é a resposta pois os juros foram sendo pagos pela empresa autora mediante
depósito em cheques e/ou recebimento de cobrança de duplicatas ex-descontadas;
 considerando a movimentação da conta corrente do dia 29/12/1997 até o dia 30/04/1998,
negativa é a resposta pois nenhum juro foi cobrado;
 considerando a movimentação da conta corrente do dia 04/05/1998 até o dia 01/08/00
(último extrato apresentado pelo banco) positiva é a resposta pois os juros foram
agregados ao saldo devedor sobre o qual novos juros foram calculados e debitados, quase
todos em base mensal;
 inexiste capitalização de juros nas operações de desconto de duplicatas.

2º item: “seja decretado abusivo o spread (margem financeira) que exceder a 20% do custo de
captação (...), recalculando-se todas as operações, utilizando como base o custo de captação
dos CDB’s (pré 30 dias) para aquelas operações de mútuo comum (desconto de duplicatas),
também revertendo o saldo em favor da autora (...) e compensando-se o indébito gerado por tal
ilegalidade com eventual saldo devedor existente”.

No que diz respeito ao “abusivo o spread (margem financeira) que exceder a 20% do custo de
captação”, por se tratar de tema pertinente ao mérito, este auxiliar nada tem a dizer. Todavia, no
que tange a “recalculando-se todas as operações, utilizando como base o custo de captação dos
CDB’s (pré 30 dias) para aquelas operações de mútuo comum (desconto de duplicatas)” esta
tarefa, para ser realizada, depende do detalhamento de cada um e de todos os contratos “Borderô
de Desconto de Títulos” citados no ANEXO Nº 01, duplicata por duplicata. Na ausência das
duplicatas, será necessário recorrer-se às Notas Fiscais de Venda respectivas, nas quais conste o
plano de pagamento de cada uma, se em uma única duplicata ou se parcelado em mais de uma.
Por ora, considerando a total ausência desses documentos nos autos deste processo, o quanto
supra perquirido, fica impossível de ser atendido.

3º item: “seja decretada a nulidade da cobrança da comissão de permanência nos contratos em


questão (Desconto de Duplicatas), uma vez que as perdas e danos, nas obrigações de
pagamento em dinheiro, consistem nos juros de mora e custas, sem prejuízo da pena
convencional (...).” Como se vê, por se tratar de questão jurídica, nada há para ser comentado
por este auxiliar. Pede permissão apenas para lembrar que a “comissão de permanência”, por não
ter sido especificada em percentual, não pôde ser objeto de certificação por parte do perito.

V - ENCERRAMENTO
62
PERÍCIA CONTÁBIL EM MATÉRIA FINANCEIRA – Prof. Remo Dalla Zanna (MS)

São inassumíveis responsabilidades sobre documentos controversos, que fazem parte dos Autos
deste Processo, se ainda não apreciados pelo E. Juízo. Inassumíveis também responsabilidades
sobre documentos idôneos e válidos que podem estar em poder de pessoas físicas e jurídicas, seja
da empresa Autora ou do banco Réu, ou ainda, de outros cidadãos interessados no deslinde deste
caso, que a nós não foram consignados até a data da conclusão deste Laudo ou foram
desentranhados dos autos deste processo, conforme r. decisão judicial.

Por fim, são também inassumíveis responsabilidades sobre matérias jurídicas a que tenha,
eventualmente e sem intenção determinada, se referido, inclusive quando este referimento tivesse
ocorrido por indução contida - intencionalmente ou não - na formulação dos quesitos
apresentados à perícia, excluídas nestas, obviamente, as responsabilidades implícitas para o
exercício de sua profissão, estabelecidas em Leis, Códigos e Regulamentos próprios.

Nada mais havendo a oferecer dá-se por concluído o presente LAUDO PERICIAL CONTÁBIL,
composto de 41 (cinqüenta e uma) páginas impressas pelo sistema de processamento de dados,
somente no anverso, todas numeradas e rubricadas, com exceção desta que segue assinada para
os devidos fins. Fazem parte desta prova pericial e com ela se integram, 02 (dois) ANEXOS, de
números 01 e 02 e mais 02 (dois) DOCUMENTOS, todos mencionados no decorrer do texto,
igualmente rubricados como de praxe.

São Paulo, 23 de janeiro de 2010.

Veja, a seguir, os ANEXOS de nº 01, 02 e 03.

---------ooooooooo----------

DESCONTO

CONCEITO

A chamada operação de desconto normalmente é realizada quando se conhece o valor futuro de um


título (valor nominal, valor de face ou valor de resgate) e se quer determinar o seu valor atual. O
desconto deve ser entendido como a diferença entre o valor de resgate de um título e o seu valor
presente na data da operação, ou seja: D = VF - VP, em que D representa o valor monetário do
desconto, VF o seu valor futuro (valor assumido pelo título na data do seu vencimento) e VP o valor
creditado ou pago ao seu titular. Assim como no caso dos juros, o valor do desconto também está
associado a uma taxa e a determinado período de tempo.

Embora seja freqüente a confusão entre juros e descontos, trata-se de dois critérios distintos,
claramente caracterizados. Assim, enquanto no cálculo dos juros a taxa referente ao período da
operação incide sobre o capital inicial ou valor presente, no desconto à taxa do período incide sobre o
seu montante ou valor futuro.

De maneira análoga aos juros, os descontos são também classificados em simples e composto,
envolvendo cálculos lineares no caso do desconto simples e exponencial no caso do desconto
composto.

O desconto é dividido em:

a) Desconto Racional (por dentro).


b) Desconto Comercial (por fora).

a) DESCONTO RACIONAL (por dentro).

63
PERÍCIA CONTÁBIL EM MATÉRIA FINANCEIRA – Prof. Remo Dalla Zanna (MS)

Desconto racional simples é aquele aplicado no valor atual do título n períodos antes do vencimento, ou
seja, é o mesmo que juro simples. Não será dada muita importância a menos de comparação, pois
raramente tem sido aplicado no Brasil.

Dr = VF – VP

Onde Dr = Desconto Racional

Como VP = VF /(1+i.n)

Temos:

b) DESCONTO COMERCIAL OU BANCÁRIO (por fora)

Desconto comercial simples é aquele em que a taxa de desconto incide sempre sobre o montante ou
valor futuro. É utilizado no Brasil de maneira ampla e generalizado, principalmente nas chamadas
operações de “desconto de duplicatas” realizadas pelos bancos, sendo, por essa razão, também
conhecido por desconto bancário ou comercial. É obtido multiplicando-se o valor de resgate do título
pela taxa de desconto e pelo prazo a decorrer até o seu vencimento, ou seja:

D = VF.d.n

Onde d representa a taxa de desconto e n o prazo. E para se obter o valor presente, também chamado
de valor descontado, basta subtrair o valor do desconto do valor futuro do título, como segue:

VP = FV – D

Daí vem que: VP = VF – VF.d.n => VP = VF.(1. –.d.n)

SITUAÇÃO PROBLEMA:
1. Qual o valor do desconto comercial simples de um título de R$ 2.000,00, com vencimento para 90
dias, á taxa de 2,5% ao mês?

Dados:
VF = 2.000,00
n = 90 dias = 3 meses (como a taxa está em mês, devemos transformar o período para essa unidade)
d = 2,5% ao mês
D=?

Solução:

D = VF . d . n => D = 2.000,00 . 0,025 . 3 = 150,00

2. Qual a taxa mensal de desconto comercial utilizada numa operação a 120 dias, cujo valor de resgate
é de R$ 1.000,00 e cujo valor atual é de R$ 880,00?

Dados:
VF = 1.000,00
VP = 880,00
n = 120 dias = 4 meses
d=?

Solução:

D = VF – VP = 1.000,00 – 880,00 = 120,00

Isolando a taxa d na fórmula do desconto temos:

64
PERÍCIA CONTÁBIL EM MATÉRIA FINANCEIRA – Prof. Remo Dalla Zanna (MS)

d = D / (VF . n) => d = 0,03 ou seja, d = 3% ao mês

3. Uma duplicata no valor de R$ 6.800,00 é descontada por fora, por um banco, gerando um crédito de
R$ 6.000,00 na conta do cliente. Sabendo-se que a taxa cobrada pelo banco é de 3,2% ao mês,
determinar o prazo de vencimento da duplicata.

Dados:
VF = 6.800,00
VP = 6.000,00
d = 3,2% ao mês
n =?

Solução:

D = VF – VP

D = 6.800,00 – 6.000,00 = 800,00

Isolando o prazo n na equação D = VF. d. n, temos n = D/(VF.d) substituindo os valores resulta que:

n = 3,676 meses, ou seja 110 dias

4. Calcular o valor líquido creditado na conta de um cliente, correspondente ao desconto por fora de
uma duplicata no valor R$ 34.000,00, com prazo de 41 dias, sabendo-se que o Banco está cobrando
nessa operação uma taxa de desconto de 4,7% ao mês.
Dados:

VF = 34.000,00
d = 4,7% ao mês
n = 41 dia

Solução:
Como nesse problema a taxa e o prazo não estão na mesma unidade de tempo (a taxa é mensal e o
prazo está expresso em número de dias), basta, para compatibilizá-los, dividir um dos dois por 30, como
segue:

D = VF.d.n

D= 34000 . 0,047 . 41/30

D = 2.183,93

Como VP = VF – D, tem-se:

VP = 34.000,00 – 2.183,93 = 31.816,07

5. O desconto de uma duplicata gerou um crédito de R$ 70.190,00 na conta de uma empresa. Sabendo-
se que esse título tem um prazo a decorrer de 37 dias até o seu vencimento e que o Banco cobra uma
taxa de desconto de 5,2% ao mês nessa operação, calcular o valor da duplicata.

Dados:

VP = 7.608,00

d = 5,2% ao mês

n = 138 dias = 138/30 meses

VF=?

Solução: D = VF . d . n
65
PERÍCIA CONTÁBIL EM MATÉRIA FINANCEIRA – Prof. Remo Dalla Zanna (MS)

Como nessa equação não ternos valores definidos para duas variáveis, D e VF, é impossível obter-se a
solução desse problema somente através dela. Entretanto, como sabemos que D=VF-VP, a substituição
desta naquela equação nos permite obter o valor da duplicata, como segue:

VF – VP = S.d.n => VP = VF – VF.d.n => VP = VF (1 - d.n) => VF = VP/(1 - d.n)

Assim, temos: VF = 10.000,00

6. No caso do exemplo anterior, calcular a taxa mensal de juros correspondente àquela operação, de
acordo com o critério de juros compostos.

Dados:
P = 7.608,00
S = 10.000,00
n = 138 dias
i= ?
n
A solução pode ser obtida a partir da fórmula do JURO COMPOSTO VF= VP (1+i) . Como a taxa
informada é mensal e o prazo é dado em número de dias, basta dividir este por 30 para expressá-lo em
número de meses e assim compatibilizar as duas variáveis. Substituindo na equação do montante,
ternos:

VF= VP (1 + i)n

10.000 = 7.608 (1 + i)(138/30)

(1 + i)(138/30) = 1,06853

1 + i = (1,06853 )(30/138)

i = 1,06123 - 1 = 0,06123 ou 6,123% ao mês

TAXA IMPLÍCITA

Quando o desconto (taxa) é aplicado sob o valor futuro, para com isto obter o valor atual, a uma
determinada taxa é X, porém com o valor atual é a taxa X não se obtém o valor futuro inicial. Com isto
observamos que existe uma taxa implícita na operação que é maior que a taxa de desconto.

i = y% a período (taxa de juro)

d = x% a período (taxa de desconto)

Devemos aplicar uma taxa y ao valor do título com desconto e chegar ao valor do título, usando
capitalização simples.

VF=VP.(1+i.n) (a)

Temos ainda que o valor do título com desconto é dado por VP=VF (1 – d.n) (b)

Isolando VF em (b) e substituindo em (a) temos: VP/(1 – d.n) = VP(1 + i.n)

Resultando: i = d/(1 – d.n)

Onde:

i = taxa efetiva;

d = taxa de desconto;
66
PERÍCIA CONTÁBIL EM MATÉRIA FINANCEIRA – Prof. Remo Dalla Zanna (MS)

n = número de períodos.

Situação Problema:

7. Um título que possui uma taxa de desconto de 4% ao mês durante 6 meses. Qual é a taxa real de
juro simples?

Dados:
d = 4% a.m.;
n=6 meses

Usando a fórmula acima temos:

i = 0,04 / (1 - 0,04 . 6)

i = 5,263% ao mês.

CÁLCULO DO VALOR DO DESCONTO SIMPLES PARA SÉRIES DE TÍTULOS DE MESMO VALOR

Vamos admitir que sejam apresentados a um banco 5 títulos, no valor de R$ 1.000,00 cada um, com
vencimentos de 30 a 150 dias (de 1 a 5 meses) respectivamente, para serem descontados. Sabendo-se
que a taxa de desconto cobrada pelo banco é de 3% ao mês, calcular o valor do desconto global e o
valor líquido correspondente a ser creditado na conta do cliente. As novas variáveis serão representadas
pelos seguintes símbolos:

Dt = valor do desconto total = D1 + D2 + ... + Dn

N = número de títulos (ou prestações)

S = Valor de cada título

Pt= valor líquido total dos títulos = N x S - Dt

a) Obtenção do desconto global, a partir do cálculo individual, para cada título:

Sendo D = S.d.n, tem - se que:

D1 = 1.000,00 x 0,03 x 1 = 30,00

D2 = 1.000,00 x 0,03 x 2 = 60,00

D3 = 1.000,00 x 0,03 x 3 = 90,00

D4 = 1.000,00 x 0,03 x 4 = 120,00

D5 = 1.000,00 x 0,03 x 5 = 150,00

Logo: Dt = 30,00 + 60,00 + 90,00 + 120,00 + 150,00 = 450,00

b) Dedução de uma fórmula que possibilita obter o desconto total de forma simplificada.

Com base no desenvolvimento feito no item anterior, podemos escrever:

Dt = D1 + D2 + D3 + D4 + D5

Dt =1.000 x 0,03 x 1 + 1.000 x 0,03 x 2 + 1.000 x 0,03 x 3 + 1.000 x 0,03 x 4 + 1.000 x 0,03 x 5

Dt= (1.000, x 0,03) x (1+ 2 + 3 + 4 + 5)

Aplicando-se a fórmula que dá a soma dos termos de uma progressão aritmética (PA):
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PERÍCIA CONTÁBIL EM MATÉRIA FINANCEIRA – Prof. Remo Dalla Zanna (MS)

SPA = (t1 + tn)N / 2

em que t1 representa o prazo do título que vence primeiro, tn o prazo do título que vence por último e N
o número de títulos, ternos:

Dt = (1.000 . 0,03) . (1+5).5 / 2 (1)

Dt= 1.000,00 . 0,03 . 15 = 450,00.

O valor líquido creditado na conta do cliente seria:

Pt = S . N – Dt
Pt = 1.000,00 . 5 - 450,00 = 4.550,00

Substituindo na expressão (1) cada número pelo seu símbolo correspondente, ternos:

Dt = S . d . (t1 + tn) N / 2 ou Dt = S . N . d . (1 + tn)/2

em que a expressão (t1 + tn)/2 representa o prazo médio dos títulos descontados.

Essa fórmula somente é válida para desconto de séries de títulos ou de prestações com valores iguais,
de vencimentos sucessivos e de periodicidade constante a partir do primeiro vencimento. Quando os
vencimentos ocorrem no final dos períodos unitários, a partir do primeiro, a fórmula para determinar o
desconto total de uma série de títulos pode ser escrita como segue:

Dt = S.N.d.(1 + tn)/2

em que tn, que representa o prazo expresso em número de períodos unitários (mês, bimestre, ano etc.)
referente ao título que vence por último, será sempre igual ao número de títulos N.

É importante lembrar que o período unitário da taxa deve estar sempre coerente com o período unitário
do prazo, isto é, se na fórmula de cálculo os prazos forem representados em meses, trimestres ou anos,
a taxa de desconto também deve ser representada em termos de taxa mensal, trimestral ou anual,
respectivamente.

Exemplos:

1. Calcular o valor líquido correspondente ao desconto bancário de 12 títulos, no valor de R$ 1.680,00


cada um, vencíveis de 30 a 360 dias, respectivamente, sendo a taxa de desconto cobrada pelo banco
de 2,5% ao mês.

Dados:

S = 1.680,00
N = tn = 12
d = 2,5%
Pt = ?

Solução:

Dt = S.N.d.(1 + tn) / 2

Dt = 3.276,00

Pt = S . N - Dt = 20.160,00 - 3.276,00 = 16.884,00

2. Quatro duplicatas, no valor de R$ 32.500,00 cada uma, com vencimentos para 90, 120, 150 e 180
dias, são apresentadas para desconto. Sabendo-se que a taxa de desconto cobrada pelo banco é de
3,45% ao mês, calcular o valor do desconto.

Dados:
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PERÍCIA CONTÁBIL EM MATÉRIA FINANCEIRA – Prof. Remo Dalla Zanna (MS)

S = 32.500,00
N=4
d = 3,45% ao mês
t1 = 90 dias = 3 meses
tn = 180 dias = 6 meses
DT = ?

Solução:

DT = S.N.d.(t1 + t2) /2

DT = 20.182,50

RELAÇÃO ENTRE TAXA DE DESCONTO NO PERÍODO E JURO COMPOSTO.

Se um produto é vendido a R$ 100,00 para 63 dias, qual o desconto que o fornecedor pode conceder na
venda a vista, se ele pratica uma taxa de juros composto de 5,0% a.m.?
n
Podemos calcular a taxa de desconto igualando as equações VP=VF/(1+i) da capitalização composta e
VP=VF(1 - d.n) do desconto comercial, chegando a:

(1)

como n = 63/30 =2,1 meses

Chegamos que:

d = 0,04637 ~ 4,637% a.m. (taxa de desconto)

Como o comprador, ao receber a oferta de desconto de 4,637% ao mês na compra a vista poderá
calcular a taxa mensal de juro composto praticada pelo fornecedor, no caso acima?

Da mesma maneira acima, poderemos chegar à equação para calcular a taxa de juro:

(2)
donde chegamos que i = 0,05 ou 5%

DESCONTO COMERCIAL COMPOSTO

Se a um produto no valor de R$ 100,00 forem concedidos dois descontos de 20%, o líquido será de R$
64,00. De fato, com o primeiro desconto de 20% o valor liquido será de R$ 80,00, e com o segundo
desconto de 20%, agora sobre R$ 80,00, o valor líquido passa a ser de R$ 64,00. A equação do valor
líquido no caso do desconto composto poderá ser deduzida a partir do desconto simples.

Chega-se a equação VP = VF(1 - d)n (3)

onde VP é o valor atual, VF é o valor nominal do título, d é a taxa de desconto e n prazo a decorrer até
o vencimento.

Na prática, porém, dificilmente será constatada a aplicação do desconto composto tal como aqui
colocado. No entanto, se um fornecedor tivesse cobrado 25% a.m. de juros na venda a 30 dias, na
venda a vista poderia conceder 20% de desconto. Essa relação entre taxa de juros e taxa de desconto
já foi descrita anteriormente.

Além disso, se esse mesmo fornecedor vendesse a 60 dias, certamente cobraria um acréscimo de
56,25% a.p. de juros. Se fizermos a equivalência de taxa obteremos a taxa de desconto de 36% a.p.,
69
PERÍCIA CONTÁBIL EM MATÉRIA FINANCEIRA – Prof. Remo Dalla Zanna (MS)

que é exatamente o desconto composto aplicado na apuração do valor líquido de R$ 64,00 que resulta o
exemplo acima.

Notemos também, que se aplicarmos a eq. (1) com as informações acima, obteremos:

d = 0,36 ou 36% a.p.

Portanto o uso do desconto composto é comum na prática comercial brasileira, porém compõe-se a taxa
de desconto para o período antes de informá-la. Como no exemplo aqui demonstrado, concede-se 36%
ao bimestre em vez de dois descontos sucessivos de 20% a.m.

9.10 – Um exemplo de laudo que revela a total ausência de diálogo entre o advogado a
Contabilidade a respeito das provas que a escrituração contábil pode oferecer
efetivamente.

EXCELENTÍSSIMO SR. DR. JUIZ DE DIREITO DA 28ª VARA CÍVEL DO FORO


CENTRAL DA CAPITAL - SP.

(deixar um espaço de, no mínimo, 10 linhas para o magistrado apor seu despacho)

PROCESSO nº. 0117.xxx-91.xxxx.8.26.0100


AÇÃO: Ordinária
Autora: CARTEIRA e outros
Réu: Banco do Estado Rio Tranquilo S/A

REMO DALLA ZANNA, Contador e Economista, nomeado às


fls. 1xx para a honrosa missão de Perito Contador, vem, mui respeitosamente à presença de Vossa
Excelência para APRESENTAR o resultado de seu trabalho, nos termos do presente

LAUDO PERICIAL CONTÁBIL

... para o qual requer sua juntada aos autos

Termos em que
Pede Deferimento
São Paulo, xx de maio de 2014.

ÌNDICE

Capítulos página
I – Breve histórico deste processo segundo o escopo da perícia 03
II – Metodologia e Critérios de Trabalho 07
III – Quesitos formulados pelo banco Autor/Embargado 10
IV – Quesitos formulados pela empresa Ré/Embargante 17
V – Encerramento 19

I - BREVE HISTÓRICO DESTE PROCESSO

70
PERÍCIA CONTÁBIL EM MATÉRIA FINANCEIRA – Prof. Remo Dalla Zanna (MS)

SEGUNDO O ESCOPO DA PERÍCIA

I) – A empresa Autora, às fls. 12 de sua Inicial, disse: “Importante bem sedimentar que a
presente ação não se trata de mais uma daquelas Ações Revisionais – a discutir a
limitação e capitalização de juros – que rotineiramente entopem os Fóruns do país.
Não. Aqui se quer, com acento em sólida doutrina e na clara interpretação do
Código Civil, apresentar que o banqueiro também tem responsabilidade, tal qual o
médico, o especialista, em receitar o melhor caminho, o remédio adequado para
quem, pontualmente, necessita de crédito”.

II) Segundo se depreende da leitura do item 3. AS CONCLUSÕES (fls. 13) há dois focos
para o trabalho pericial como segue:
(a) Um, o primeiro, é o desconto de duplicatas mercantis, ou, na linguagem moderna,
a antecipação de recebíveis fundada em duplicatas mercantis cedidas em garantia
do dinheiro antecipado pelo banco ao seu cliente. No caso, dinheiro antecipado
pelo Banco à CARTEIRA.
Nota: a Autora “... não está questionando os juros ou sua
forma de aplicação (capitalização) pelo banco”. Vide
fls. 14.
(b) Outro, o segundo, é o plano econômico juntados aos autos com o qual a Autora
pretendeu motivar o banco a conceder-lhe a revisão dos contratos de desconto de
duplicatas mediante alongamento da dívida aderindo, pois, ao seu “... plano de
reestruturação...”. No que tange a este item, em seu item 4. OS PEDIDOS, às fls.
24, no item ii, requereu: “Seja, decorrente da interpretação coordenada dos arts.
113 e 421 com o art. 187, todos do Código Civil, condenado o banco a aderir ao
plano de reestruturação financeira da empresa autora (preceito cominatório) –
obrigação de fazer (CPC, art. 461) -, conforme as conclusões da auditoria que
faz parte integrante desta ação e conforme detalhado mediante plano de
pagamentos em anexo; ou; como pedido alternativo sucessivo, aquele plano que
vier a ser apurado em perícia contábil/financeira de viabilização do
empreendimento, a ser realizada no bojo da presente demanda”. (grifei).

III) Os honorários periciais foram solicitados às fls. 219/223 no valor de R$ 15.000,00 (valor
de 19/12/2012) e foram estimados nesse valor para atender ao pedido acima grifado.
Mas a Autora recorreu e obteve a decisão de segunda instância grafada nesses
termos (vide fls. 297/298): “Ocorre que o trabalho a ser elaborado pelo “expert” do
Juízo consiste em atividade contábil que não apresenta excepcional complexidade ou
de grande monta a justificar honorários periciais tão elevados. A perícia técnica tem
por objetivo a análise dos contratos de concessão de créditos entabulados entre as
partes. Notória a vultosa quantidade de ações judiciais visando à revisão dos
contratos bancários implicando a realização de perícia contábil, fato que acaba por
afastar a complexidade do trabalho e o grande dispêndio de tempo do profissional.
Ademais, devem ser observados os limites do desempenho profissional do perito e a
da onerosidade demasiada aos litigantes" – etc. (grifei)

IV) Portanto, este auxiliar do Juízo atenderá, com este Laudo Pericial Contábil, ao que foi
determinado na r. decisão às fls. 297/298 e o elaborará nos estritos limites
determinados acima, ou seja: . A perícia técnica tem por objetivo a análise dos
contratos de concessão de créditos entabulados entre as partes.

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PERÍCIA CONTÁBIL EM MATÉRIA FINANCEIRA – Prof. Remo Dalla Zanna (MS)

Nota: Os “... contratos de concessão de créditos


entabulados entre as partes” foram juntados pela
Autora às fls. 53/62. Estes contratos são o objeto do
trabalho pericial.

V) O banco Réu apresentou sua Contestação às fls. 86/106 com a qual informou que a
Autora e seus avalistas firmaram três contratos, como segue:
i. Contrato de abertura de crédito em conta corrente no valor nominal de R$
5.000,00; de renovação mensal automática, assinado no dia 07/11/2008;
ii. Contrato de abertura de crédito em conta corrente no valor nominal de R$
195.000,00; de renovação mensal automática, assinado no dia 16/09/2011; e...
iii. Cédula de crédito industrial no valor de R$ 200.000,00; assinada no dia
07/10/2011 para vencer no dia 17/02/14;

VI) A empresa Autora (e os outros) manifestou-se às fls. 155/163 confirmando seu pedido
precedente e concluiu requerendo “Perícia de auditoria contábil”. (ipsis litteris) –
vide fls. 163.

VII) Às fls. 178 o MM Juiz determinou, entre outras coisas, que as Partes especificassem as
provas que pretendiam produzir.

VIII) Em atendimento ao que acima foi determinado, a Autora pediu disse que “... se faz
indispensável o conhecimento técnico em matemática financeira, motivo pelo qual é
imprescindível a realização de perícia contábil.” (grifos no original) – vide fls. 185.
Depois, com petição às fls. 191/193 pediu: “... Realização da Imperiosa Perícia
Contábil” (ipsis litteris) – vide fls. 192.

IX) Por sua vez o banco Réu, ás fls. 198 disse que não pretendia produzir mais provas.

X) Às fls. 200 (20/09/2012) o abaixo assinado teve a honra ser nomeado para servir.
Intimado às fls. 207 para apresentar estimativa requereu (fls. 208/209) que as Partes,
apresentassem quesitos para, somente, então, com base nos trabalhos decorrentes da
quesitação pudesse apresentar uma estimativa condizente com a extensão, a
complexidade e a responsabilidade do trabalho pericial a ser oferecido nos autos.

XI) A empresa Autora (e os outros) apresentou quesitos às fls. 211/213. O banco Réu os
apresentou às fls. 214/216.

XII) Tendo sido novamente intimado para apresentar a estimativa de honorários o abaixo
assinado a apresentou às fls. 219/223. Depois dos embates judiciais sobre esse assunto
o valor definido pelo TJSP, de R$ 3.000,00; foi depositado conforme prova às fls.
309.

II – METODOLOGIA E CRITÉRIOS DE TRABALHO

O escopo da prova pericial contábil é comunicar às partes interessadas,


em linguagem simples, os fatos observados sob a ótica da Ciência
Contábil (uma das ciências humanas), dentro de uma filosofia que
permita aproveitar os fatos observados, mercê dos exames procedidos,

72
PERÍCIA CONTÁBIL EM MATÉRIA FINANCEIRA – Prof. Remo Dalla Zanna (MS)

para o esclarecimento dos pontos controvertidos e revelar a verdade


que se quer conhecer.

1. O trabalho investigativo que permitiu produzir esta prova foi conduzido, no que foi possível e
aplicável, dentro dos limites técnicos determinados pelas Normas Brasileiras de Contabilidade
– NBC TP 01 - Perícia Contábil. Vide Resolução CFC nº 1.243/09, de 10/12/2009. Os
procedimentos adotados tiveram como objetivo fundamental a elaboração deste Laudo
Pericial Contábil, abrangendo, pois, segundo a natureza e a complexidade da matéria aqui
tratada e segundo as necessidades técnico-científicas, o exame, a vistoria, a indagação e/ou
pesquisa, a investigação, o arbitramento, a mensuração, avaliação e a certificação. Vide itens
19 a 26 da norma acima citada.

2. Na parte econômica desta prova pericial, foi dada a devida atenção à Lei n°. 1.411, de 13 de
Agosto de 1.951, regulamentada pelo Decreto n°. 31.794, de 17 de Novembro de 1952, com
as modificações dadas pela Lei n°. 6.021, de 03 de Janeiro de 1974, Resolução n°. 860, de 01
de agosto de 1974, Lei nº. 6.537, de 19 de Junho de 1978, Resolução n°. 1536, de 14 de
junho de 1985 e, mais precisamente, em atenção ao CÓDIGO DE ÉTICA PROFISSIONAL
do CONSELHO FEDERAL DE ECONOMIA, conforme Resolução nº 1.628, de 02 de
agosto de 1996. Veja também o art. 145 do CPC.

3. Analisou-se o sistema de argumentação e contra argumentação usada nesta lide, a sua lógica e
a sua coerência com a prática e com os usos e costumes adequados e normalmente aplicados
às investigações periciais de cunho contábil, fiscal, societário, financeiro e econômico em
casos congêneres, ou seja: a apuração e a quantificação de direitos e obrigações decorrentes
de contrato(s) havidos entre as Partes.

4. – As partes foram notificadas, por carta, do início dos trabalhos conforme preceitua o Art.
431-A do CPC (vide, por gentileza, Apêndices de “A” até “B”) e foram convidadas a
participar dos trabalhos periciais contribuindo com o levantamento de informações e
apresentação de argumentos técnico/contábeis que entendessem oportuno fazer a este auxiliar
de V. Exa, para que o Laudo pudesse apresentar os requisitos intrínsecos (qualitativos) de
“ser completo”, “ser claro e funcional”, “ser delimitado ao objeto de perícia” e “ser
fundamentado” evitando-se, assim, se possível fosse, a fase instrutória dos
“esclarecimentos”.

5. – Em face à mui respeitável decisão às fls. 297/298 não houve necessidade de diligências
externas e nem de requerer documentos adicionais às Partes porque os que foram
encartados aos autos foram considerados suficientes para elaborar esta prova pericial
nos exatos limites da r. decisão acima mencionada.

6. – Deve ficar patente que a perícia judicial com naturezas contábil, financeira, econômica
e fiscal, tem seu fundamento legal na escrituração contábil das Pessoas Jurídicas, quando
empresas ou sociedades civis assemelhadas; nos documentos de controle pessoal e nas
declarações de rendimentos das Pessoas Físicas, quando de pessoas naturais; e nos
documentos acostados aos autos do processo. As prerrogativas inscritas no Art. 429 do CPC
são sempre circunstanciais não sendo possível ao perito manifestar-se sobre provas
documentais que não foram juntados aos autos.

7. – Apresentamos no quadro abaixo a relação dos APÊNDICES e ANEXOS que fazem parte e
integram esta prova pericial contábil.

73
PERÍCIA CONTÁBIL EM MATÉRIA FINANCEIRA – Prof. Remo Dalla Zanna (MS)

APÊNDICES Documentos produzidos pela perícia


Assuntos tratados em cada um
“A” Cópia da carta expedida aos ilustres advogados da empresa Autora.
“B” “AR” dos Correios provando que a missiva acima mencionada chegou ao seu
destino e foi recebida.
“C” Cópia da carta expedida à ilustre advogada do banco Réu.
“D” “AR” dos Correios provando que a missiva acima mencionada chegou ao seu
destino e foi recebida.

8. – Os textos dos quesitos formulados pelas Partes estão literalmente transcritos nestes
esclarecimentos com os eventuais defeitos de linguagem que apresentam nas respectivas
petições. Portanto, este Perito Judicial se responsabiliza pelas respostas técnicas a eles
(quesitos) fornecidas, até o limite de seu entendimento lógico, decorrente inclusive e quando
necessário do uso cuidadoso de análise gramatical (sintática e semântica), aplicada ao texto
apresentado. Isto posto, consideradas as circunstâncias e as provas disponibilizadas à perícia,
seguem-se as respostas oferecidas aos quesitos.

III. QUESITOS DA AUTORA


(Fls. 211/213)

Quesito 01: Diga o sr. Perito desde quando se iniciou o relacionamento entre a CARTEIRA e o
Banco.

Resposta:

O contrato encartado às fls. 141/145 é a prova que indica que o relacionamento entre as Partes
iniciou no dia 07/11/2008. Não existem, nos autos, outros documentos que comprovem data
anterior a essa.

Quesito 02: Detalhe o ilustre expert, às épocas de concessão dos créditos pelo Banco a
CARTEIRA, o balanço e/ou balancetes das demonstrações contábeis da empresa
autora.

Resposta:

Veja abaixo o detalhamento (tipo de contrato, épocas de concessão dos créditos e valores
emprestados pelo banco Réu à empresa Autora:

i. Contrato de abertura de crédito em conta corrente no valor nominal de R$


5.000,00; de renovação mensal automática, assinado no dia 07/11/2008;
ii. Contrato de abertura de crédito em conta corrente no valor nominal de R$
195.000,00; de renovação mensal automática, assinado no dia 16/09/2011; e...
iii. Cédula de crédito industrial no valor de R$ 200.000,00; assinada no dia
07/10/2011 para vencer no dia 17/02/14;

74
PERÍCIA CONTÁBIL EM MATÉRIA FINANCEIRA – Prof. Remo Dalla Zanna (MS)

No que se refere a “... balanço e/ou balancetes das demonstrações contábeis da empresa
autora” (ipsis litteris) a perícia nada tem a dizer por que essas provas, mencionadas no quesito
acima, não constam nos autos e não foram entregues à perícia. – Vide apêndices “A” e “B”.

Quesito 03: Informe a perícia, igualmente nas épocas de concessões dos créditos, as
demonstrações de valor adicionado, de resultado e fluxos de caixa da companhia
autora.

Resposta:

A resposta a este quesito está prejudicada porque “... as demonstrações de valor adicionado,
de resultado e fluxos de caixa da companhia autora” (ipsis litteris) não constam nos autos e não
foram entregues à perícia. – Vide apêndices “A” e “B”.

Quesito 04: Com base nas demonstrações financeiras da CARTEIRA, informe a perícia os
indicadores de liquidez e solvência, bem como os seus indicadores de
endividamento.

Resposta:

A resposta a este quesito está prejudicada porque as “... demonstrações financeiras da


CARTEIRA" (ipsis litteris) não constam nos autos e não foram entregues à perícia. – Vide
apêndices “A” e “B”. Logo, não é possível à perícia informar os requeridos “indicadores de
liquidez e solvência, bem como os seus indicadores de endividamento”. (ipsis litteris)

Quesito 05: Diga o sr. Perito Judicial se concorda – em caso negativo explicar detalhadamente –
se a análise de crédito do Banco se deu á vista das garantias exigidas e prestadas
ao contrato respectivo.

Resposta:

O auxiliar de Vossa Excelência nem concorda e nem discorda “... se a análise de crédito do
Banco se deu á vista das garantias exigidas e prestadas ao contrato respectivo” (ipsis litteris)
porque nenhum documento foi juntado pelas Partes a partir do qual tivesse sido feito um
diagnóstico da situação mercadológica, financeira e econômica da empresa Autora a partir
do qual teria sido tomada a decisão do banco Réu de conceder os empréstimos objeto desta ação.

Quesito 06: Diga a Perícia se, com base na análise das demonstrações da CARTEIRA, o banco
concedeu o crédito com vista à capacidade de pagamento e ao projeto
empresarial da CARTEIRA.

Resposta:

A resposta a este quesito está prejudicada porque as “... demonstrações da CARTEIRA" (ipsis
litteris) não constam nos autos e não foram entregues à perícia. – Vide apêndices “A” e “B”.

75
PERÍCIA CONTÁBIL EM MATÉRIA FINANCEIRA – Prof. Remo Dalla Zanna (MS)

Logo, não é possível à perícia informar se “... o banco concedeu o crédito com vista à
capacidade de pagamento e ao projeto empresarial da CARTEIRA.” (ipsis litteris)

Quesito 07: Sob o ponto de vista eminentemente financeiro, informe a perícia se o plano de
pagamentos proposto pela CARTEIRA, resguarda e permite a manutenção da
companhia.

Resposta:

A resposta ao quesito acima não pode ser dada pelo auxiliar de Vossa Excelência porque
nenhum documento foi juntado pela Autora a partir do qual pudesse ser feito um diagnóstico de
sua situação mercadológica, financeira e econômica.

Por outro lado o documento juntado às fls. 26/34 não presta para servir como prova no meio
forense porque não se sabe quais foram as fontes de dados utilizadas para elaborá-lo e não
contem a identificação e a assinatura do profissional que o elaborou. Também nada informa sobre
a situação econômico/financeira dos garantidores dos empréstimos, pessoas físicas.

IV. QUESITOS DO BANCO RÉU


(Fls. 246)

1) Informe o Senhor Perito do Juízo os termos e condições contidas nos contratos


objeto da presente ação.

Resposta:

O tipo de negócio jurídico que deu causa ao débito “sub judice” é o desconto de títulos
consubstanciado em um contrato financeiro chamado Borderô para Descontos. Vide, por
gentileza, documento às fls. 06. Neste caso, conforme consta nas peças de combate apresentadas
pelas partes, trata-se de uma operação de desconto de duplicatas modernamente conhecida como
operação de antecipação de recebíveis.

Todavia, não foi juntada a relação das duplicatas que foram objeto deste negócio. Esclarece-se
que a palavra “borderô” implica na apresentação, em anexo ao contrato financeiro juntado às fls.
06, do rol das duplicatas negociadas que, neste caso, conforme informado nos autos, seriam 74
unidades.

A identificação completa, mediante listagem, das 74 duplicatas descontadas, é uma necessidade


contábil insubstituível. Portanto, fica prejudicada a segunda parte da resposta a este quesito
porque nem todos os elementos dos contratos estão presentes nos autos deste processo.

A empresa Autora não apontou, em sua petição Inicial, vícios nos contratos e declarou que não é
sua intenção a discussão de juros e parcelas.

2) Informe o Senhor Perito do Juízo se o requerido pelo Autor está em conformidade


com os termos contratados.

76
PERÍCIA CONTÁBIL EM MATÉRIA FINANCEIRA – Prof. Remo Dalla Zanna (MS)

Resposta:

Negativa é a resposta porque o que foi requerido pela empresa Autora está em desconformidade
com os termos dos contratos objeto desta lide.

V - ENCERRAMENTO

São inassumíveis responsabilidades sobre documentos controversos, que fazem parte dos Autos
deste Processo, se ainda não apreciados pelo E. Juízo. Inassumíveis também responsabilidades
sobre documentos idôneos e válidos que podem estar em poder de pessoas físicas e jurídicas, seja
da empresa Autora ou do banco Réu, ou ainda, de outros cidadãos interessados no deslinde deste
caso, que a nós não foram consignados até a data da conclusão deste Laudo ou foram
desentranhados dos autos deste processo, conforme r. decisão judicial.

Por fim, são também inassumíveis responsabilidades sobre matérias jurídicas a que tenha,
eventualmente e sem intenção determinada, se referido, inclusive quando este referimento tivesse
ocorrido por indução contida - intencionalmente ou não - na formulação dos quesitos
apresentados à perícia, excluídas nestas, obviamente, as responsabilidades implícitas para o
exercício de sua profissão, estabelecidas em Leis, Códigos e Regulamentos próprios.

Nada mais havendo a oferecer dá-se por concluído o presente LAUDO PERICIAL CONTÁBIL,
composto de 19 (dezenove) páginas impressas pelo sistema de processamento de dados, somente
no anverso, todas numeradas e rubricadas, com exceção desta que segue assinada para os devidos
fins. Fazem parte desta prova pericial e com ela se integram 4 (quatro) Apêndices mencionados
no decorrer do texto, igualmente rubricados como de praxe.

São Paulo, xx de maio de 2014.

77
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ANEXO N.º 01
Proc. 2320/98 - Ordinário conforme extratos bancários
A: Appia Pneus da C/Corrente 91.06.0.000161.6
R: Bco. Boa Vista
ANEXO Nº 01

Análise da Movimentação conforme Extratos Bancários da Conta Corrente nº 91.06.000161.6

ENTRADAS NA CONTA CORRENTE SAÍDAS DA CONTA CORRENTE


Quan_de Créditos Tarifas por
Créditos por Outros TRANSF. P/
dias Créditos Descto. contrato Depósitos em Cheques e Débito Títulos serviços Saldo do
Data COBRANÇA de Créditos e CRÉDITOS EM Juros IOF e IOC CPMF
cálculo Títulos "cheque Cheques Saques IMPAGOS prestados e Banco
títulos estornos LIQUIDAÇÃO
juros especial" despesas

10/09/1997 2 96.933,51 96.000,00 933,51


12/09/1997 10 181,00 752,51
22/09/1997 1 87.358,16 87.000,00 1.110,67
23/09/1997 1 33.779,25 33.500,00 1.389,92
24/09/1997 1 1.803,50 (413,58)
25/09/1997 1 700,00 1,52 284,90
26/09/1997 3 244,60 40,30
29/09/1997 2 0,02 40,28
01/10/1997 1 15,00 25,28
02/10/1997 1 12,50 12,78
03/10/1997 5 0,85 11,93
08/10/1997 2 84.292,91 84.000,00 304,84
10/10/1997 1 168,02 136,82
14/10/1997 1 3,50 133,32
15/10/1997 1 4.000,00 3.593,99 539,33
16/10/1997 1 48.007,58 40.000,00 8.605,73 3,5 (62,32)
17/10/1997 3 7,18 (69,50)
20/10/1997 1 2.679,60 0,98 2.609,12
21/10/1997 1 2.000,00 609,12
22/10/1997 1 29.342,32 29.000,00 64,05 0,01 887,38
23/10/1997 1 67.964,03 68.000,00 43,38 808,03
24/10/1997 2 21,46 786,57
28/10/1997 1 9.500,00 10.398,20 (111,63)
29/10/1997 1 10,50 (122,13)
30/10/1997 1 9.970,59 9.000,00 2,50 845,96
31/10/1997 3 20,89 825,07
03/11/1997 1 60,00 0,86 0,01 764,20

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ENTRADAS NA CONTA CORRENTE SAÍDAS DA CONTA CORRENTE
Quan_de Créditos Tarifas por
Créditos por Outros TRANSF. P/
dias Créditos Descto. contrato Depósitos em Cheques e Débito Títulos serviços Saldo do
Data COBRANÇA de Créditos e CRÉDITOS EM Juros IOF e IOC CPMF
cálculo Títulos "cheque Cheques Saques IMPAGOS prestados e Banco
títulos estornos LIQUIDAÇÃO
juros especial" despesas

04/11/1997 1 277,68 486,52


05/11/1997 1 20.173,98 1.375,00 9.256,00 19.500,00 11.791,50
06/11/1997 1 278,61 27.000,00 7.893,40 (22.823,29)
07/11/1997 3 25.208,30 3,50 0,91 2.380,60
10/11/1997 1 10,50 83,69 2.286,41
11/11/1997 1 2.000,00 6,00 0,94 279,47
12/11/1997 1 953,20 2.173,80 (941,13)
13/11/1997 1 7.100,00 6.030,26 6,00 122,61
14/11/1997 3 9.389,57 9.000,00 65,94 446,24
17/11/1997 1 0,04 446,20
18/11/1997 1 380,00 1,21 824,99
19/11/1997 1 867,97 62,92 (105,90)
20/11/1997 1 867,97 29,55 0,46 732,06
21/11/1997 3 33,78 698,28
24/11/1997 1 3,50 694,78
25/11/1997 2 244,70 3,50 446,58
27/11/1997 1 84.434,74 84.500,00 3,50 377,82
28/11/1997 2 0,74 377,08
01/12/1997 1 30,00 347,08
02/12/1997 1 19.743,71 10.500,00 3.009,34 6.581,45
03/12/1997 1 15.277,26 3,50 (8.699,31)
04/12/1997 1 8.505,51 3,50 (197,30)
05/12/1997 4 2,50 79,62 (279,42)
09/12/1997 1 1.000,00 459,35 43,39 217,84
10/12/1997 1 14.000,00 2,50 14.215,34
11/12/1997 1 7.810,86 0,41 6.404,07
12/12/1997 3 7.177,27 29,55 18,54 (821,29)
15/12/1997 2 1.000,00 242,00 10,68 410,03
17/12/1997 2 63,88 0,10 346,05
19/12/1997 1 3,50 31,80 310,75
22/12/1997 1 274,30 67,73 (31,28)
23/12/1997 1 175,39 (206,67)

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Proc. 2320/98 - Ordinário conforme extratos bancários
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ENTRADAS NA CONTA CORRENTE SAÍDAS DA CONTA CORRENTE
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dias Créditos Descto. contrato Depósitos em Cheques e Débito Títulos serviços Saldo do
Data COBRANÇA de Créditos e CRÉDITOS EM Juros IOF e IOC CPMF
cálculo Títulos "cheque Cheques Saques IMPAGOS prestados e Banco
títulos estornos LIQUIDAÇÃO
juros especial" despesas

24/12/1997 2 3,50 (210,17)


26/12/1997 3 4.200,00 3.970,00 3,50 2,86 1,01 12,46
29/12/1997 1 278,30 290,76
30/12/1997 3 0,03 290,73
02/01/1998 3 14,00 75,00 8,36 193,37
05/01/1998 1 117,60 75,77
06/01/1998 1 1.971,73 (1.895,96)
07/01/1998 2 9,00 (1.904,96)
09/01/1998 3 5,50 4,35 (1.914,81)
12/01/1998 1 22,39 (1.937,20)
13/01/1998 1 145,74 (2.082,94)
14/01/1998 1 261,18 (2.344,12)
15/01/1998 1 61,60 (2.405,72)
16/01/1998 3 0,86 (2.406,58)
19/01/1998 1 746,85 (3.153,43)
20/01/1998 1 67,04 (3.220,47)
21/01/1998 2 3,80 (3.224,27)
23/01/1998 3 3,50 1,74 (3.229,51)
26/01/1998 2 6,00 (3.235,51)
28/01/1998 1 32,31 (3.267,82)
29/01/1998 1 6,50 (3.274,32)
30/01/1998 2 4,00 0,07 (3.278,39)
02/02/1998 1 0,60 (3.278,99)
03/02/1998 1 67,14 (3.346,13)
04/02/1998 2 3,50 (3.349,63)
06/02/1998 3 5,33 0,14 (3.355,10)
09/02/1998 2 96,47 (3.451,57)
11/02/1998 2 88,36 (3.539,93)
13/02/1998 4 3,50 0,37 (3.543,80)
17/02/1998 2 91,86 (3.635,66)
19/02/1998 1 3,50 (3.639,16)
20/02/1998 10 0,18 (3.639,34)

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Data COBRANÇA de Créditos e CRÉDITOS EM Juros IOF e IOC CPMF
cálculo Títulos "cheque Cheques Saques IMPAGOS prestados e Banco
títulos estornos LIQUIDAÇÃO
juros especial" despesas

02/03/1998 1 10,50 (3.649,84)


05/03/1998 1 0,90 (3.650,74)
06/03/1998 21 0,02 (3.650,76)
27/03/1998 5 (3.661,99) 3.661,99 11,23 (3.661,99)
01/04/1998 23 6,02 (3.668,01)
24/04/1998 4 (3.424,50) 3.424,50 3.424,50 (7.092,51)
28/04/1998 2 (3.389,32) 3.389,32 3.389,32 (10.481,83)
30/04/1998 4 (13,61) 13,61 13,61 (10.495,44)
04/05/1998 28 108,32 (10.603,76)
01/06/1998 30 262,01 (10.865,77)
01/07/1998 33 283,15 (11.148,92)
03/08/1998 29 286,60 (11.435,52)
01/09/1998 30 285,75 (11.721,27)
01/10/1998 33 359,97 (12.081,24)
03/11/1998 28 363,25 (12.444,49)
01/12/1998 34 321,13 (12.765,62)
04/01/1999 28 346,46 (13.112,08)
01/02/1999 28 367,37 (13.479,45)
01/03/1999 35 353,24 (13.832,69)
05/04/1999 28 435,49 (14.268,18)
03/05/1999 28 435,49 802,59 (14.635,28)
01/06/1999 30 352,59 (14.987,87)
01/07/1999 32 332,87 (15.320,74)
02/08/1999 29 252,76 (15.573,50)
01/09/1999 16 202,81 (15.776,31)
17/09/1999 7 (3,50) 3,50 3,50 (15.779,81)
24/09/1999 5 (0,01) 0,01 0,01 (15.779,82)
29/09/1999 2 294,21 (16.074,03)
01/10/1999 31 360,99 (16.435,02)
01/11/1999 30 352,05 (16.787,07)
01/12/1999 33 396,60 (17.183,67)
03/01/2000 29 405,14 (17.588,81)

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ANEXO N.º 01
Proc. 2320/98 - Ordinário conforme extratos bancários
A: Appia Pneus da C/Corrente 91.06.0.000161.6
R: Bco. Boa Vista
ENTRADAS NA CONTA CORRENTE SAÍDAS DA CONTA CORRENTE
Quan_de Créditos Tarifas por
Créditos por Outros TRANSF. P/
dias Créditos Descto. contrato Depósitos em Cheques e Débito Títulos serviços Saldo do
Data COBRANÇA de Créditos e CRÉDITOS EM Juros IOF e IOC CPMF
cálculo Títulos "cheque Cheques Saques IMPAGOS prestados e Banco
títulos estornos LIQUIDAÇÃO
juros especial" despesas

01/02/2000 28 408,26 (17.997,07)


01/03/2000 32 381,20 (18.378,27)
02/04/2000 30 421,69 (18.799,96)
02/05/2000 29 343,49 (19.143,45)
01/06/2000 32 470,19 (19.613,64)
03/07/2000 28 430,37 (20.044,01)
01/08/2000 0 450,81 (20.494,82)
625.104,16 - 42.875,00 14.067,71 (9.189,47) 10.492,93 601.000,00 90.022,52 1.339,22 10.575,80 1,56 906,05

Como se vê, inexiste movimentação Controle (20.494,82)


contábil definida como "Limite de
Crédito" ou "Cheque Especial"

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5ª VC - Fórum Guarulhos RELAÇÃO DE
ANEXO N.º 02
Proc. 2320/98 - Ordinário DUPLICATAS DESCONTADAS IMPAGAS
A: Appia Pneus
R: Bco. Boa Vista

ANEXO Nº 02

Relação de Duplicatas Descontadas Impagas

Número Despesas Data Transf. p/ VALOR


Número Valor de Face Data do Taxa de Valor dos Valor do
Duplicatas Vencidas em Cartório CRÉDITOS em DEVIDO nessa
de ordem ou de Entrada Protesto Juros a. m. Juros IOC
IMPAGAS Protestos (a) LIQUIDAÇÃO data

1 2439/01 31/12/1997 1.298,00 20/01/1998 67,04 3,99% 15/04/1998 1.512,00 15,75 2.825,75
2 2142/02 12/01/1998 304,00 26/01/1998 25,31 5,10% 15/04/1998 339,36 3,03 646,39
3 1796/03 20/01/1998 2.913,33 03/02/1998 67,14 2,65% 15/04/1998 3.177,15 32,45 6.122,93
4 2582/A 23/01/1998 7.656,25 28/01/1998 88,36 3,95% 15/04/1998 8.269,44 90,52 16.016,21
5 2583/A 23/01/1998 7.656,25 28/01/1998 90,97 3,95% 15/04/1998 8.269,44 90,52 16.016,21
6 2041/02 30/01/1998 12.735,00 17/02/1998 88,36 2,65% 30/04/1998 13.426,35 148,2 26.309,55
7 2626/C 23/02/1998 3.970,00 não - 3,95% 30/04/1998 3.831,48 41,76 7.843,24
8 2380/03 24/02/1998 313,33 não - 3,95% 30/04/1998 299,00 2,60 614,93
36.846,16 39.124,22 424,83 76.395,21

(a) Estas despesas já foram debitadas na conta corrente da Autora. Controle 76.395,21

Prof. Remo Dalla Zanna (MS)


Contador e Economista
Fone/Fax: 6942-0806
1 de 1 e-mail: rdzpericias@uol.com.br
ANEXO Nº 03

Taxa de Juros
I
O
Quantidade Dias com % da Taxa de
F Saldo do N.ºs para
Data dias cálculo Juros saldo Juros mensal do
e Banco Juros
juros negativo Banco
I
O
10/09/1997 2 933,51
12/09/1997 10 752,51
22/09/1997 1 1.110,67
23/09/1997 1 1.389,92
24/09/1997 1 (413,58) (413,58)
25/09/1997 1 1,52 284,90
26/09/1997 3 40,30
29/09/1997 2 40,28 (413,58) 1 11,0257
01/10/1997 1 25,28
02/10/1997 1 12,78
03/10/1997 5 11,93
08/10/1997 2 304,84
10/10/1997 1 136,82
14/10/1997 1 133,32
15/10/1997 1 539,33
16/10/1997 1 (62,32) (62,32)
17/10/1997 3 (69,50) (208,50)
20/10/1997 1 0,98 2.609,12 (270,82) 4 10,8559
21/10/1997 1 609,12
22/10/1997 1 887,38
23/10/1997 1 808,03
24/10/1997 2 786,57
28/10/1997 1 (111,63) (111,63)
29/10/1997 1 (122,13) (122,13)
30/10/1997 1 845,96 (233,76) 2
31/10/1997 3 825,07
03/11/1997 1 0,86 764,20 11,0370
04/11/1997 1 486,52
05/11/1997 1 11.791,50
06/11/1997 1 (22.823,29) (22.823,29) 1
07/11/1997 3 2.380,60
10/11/1997 1 83,69 2.286,41 11,0006
11/11/1997 1 279,47
12/11/1997 1 (941,13) (941,13) 1
13/11/1997 1 122,61
14/11/1997 3 446,24
17/11/1997 1 446,20
18/11/1997 1 824,99
19/11/1997 1 (105,90) (105,90) 1
20/11/1997 1 0,46 732,06 13,0312
21/11/1997 3 698,28
24/11/1997 1 694,78
25/11/1997 2 446,58
27/11/1997 1 377,82
28/11/1997 2 377,08
01/12/1997 1 347,08
02/12/1997 1 6.581,45
03/12/1997 1 (8.699,31) (8.699,31)
04/12/1997 1 (197,30) (197,30)
05/12/1997 4 (279,42) (1.117,68)
09/12/1997 1 43,39 217,84 (10.014,29) 6 12,9984
10/12/1997 1 14.215,34
11/12/1997 1 6.404,07
12/12/1997 3 (821,29) (2.463,87) 3
15/12/1997 2 10,68 410,03 13,0039
17/12/1997 2 346,05
19/12/1997 1 310,75
22/12/1997 1 (31,28) (31,28)
23/12/1997 1 (206,67) (206,67)
24/12/1997 2 (210,17) (420,34)
26/12/1997 3 2,86 12,46 (658,29) 4 13,0338
29/12/1997 1 290,76
30/12/1997 3 290,73
02/01/1998 3 193,37
05/01/1998 1 75,77
06/01/1998 1 (1.895,96) (1.895,96)
07/01/1998 2 (1.904,96) (3.809,92)
09/01/1998 3 (1.914,81) (5.744,43)
12/01/1998 1 (1.937,20) (1.937,20)
13/01/1998 1 (2.082,94) (2.082,94)
14/01/1998 1 (2.344,12) (2.344,12)
15/01/1998 1 (2.405,72) (2.405,72)
16/01/1998 3 (2.406,58) (7.219,74)
19/01/1998 1 (3.153,43) (3.153,43)
20/01/1998 1 (3.220,47) (3.220,47)
21/01/1998 2 (3.224,27) (6.448,54)
23/01/1998 3 (3.229,51) (9.688,53)
26/01/1998 2 (3.235,51) (6.471,02)
28/01/1998 1 (3.267,82) (3.267,82)
29/01/1998 1 (3.274,32) (3.274,32)
30/01/1998 2 (3.278,39) (6.556,78)
02/02/1998 1 (3.278,99) (3.278,99)
03/02/1998 1 (3.346,13) (3.346,13)
04/02/1998 2 (3.349,63) (6.699,26)
06/02/1998 3 (3.355,10) (10.065,30)
09/02/1998 2 (3.451,57) (6.903,14)
11/02/1998 2 (3.539,93) (7.079,86)
13/02/1998 4 (3.543,80) (14.175,20)
17/02/1998 2 (3.635,66) (7.271,32)
19/02/1998 1 (3.639,16) (3.639,16)
20/02/1998 10 (3.639,34) (36.393,40)
02/03/1998 1 (3.649,84) (3.649,84)
05/03/1998 1 (3.650,74) (3.650,74)
06/03/1998 21 (3.650,76) (76.665,96)
27/03/1998 5 (3.661,99) (18.309,95)
01/04/1998 23 (3.668,01) (84.364,23)
24/04/1998 4 (7.092,51) (28.370,04)
28/04/1998 2 (10.481,83) (20.963,66)
30/04/1998 4 (10.495,44) (41.981,76)
04/05/1998 28 108,32 (10.603,76) (296.905,28) 1,0945
01/06/1998 30 262,01 (10.865,77) (325.973,10) 2,4113
01/07/1998 33 283,15 (11.148,92) (367.914,36) 2,3088
03/08/1998 29 286,60 (11.435,52) (331.630,08) 2,5926
01/09/1998 30 285,75 (11.721,27) (351.638,10) 2,4379
01/10/1998 33 359,97 (12.081,24) (398.680,92) 2,7087
03/11/1998 28 363,25 (12.444,49) (348.445,72) 3,1275
01/12/1998 34 321,13 (12.765,62) (434.031,08) 2,2196
04/01/1999 28 346,46 (13.112,08) (367.138,24) 2,8310
01/02/1999 28 367,37 (13.479,45) (377.424,60) 2,9201
01/03/1999 35 353,24 (13.832,69) (484.144,15) 2,1889
05/04/1999 28 435,49 (14.268,18) (399.509,04) 3,2702
03/05/1999 28 802,59 (14.635,28) (409.787,84) 5,8757
01/06/1999 30 352,59 (14.987,87) (449.636,10) 2,3525
01/07/1999 32 332,87 (15.320,74) (490.263,68) 2,0369
02/08/1999 29 252,76 (15.573,50) (451.631,50) 1,6790
01/09/1999 16 202,81 (15.776,31) (252.420,96)
17/09/1999 7 (15.779,81) (110.458,67)
24/09/1999 5 (15.779,82) (78.899,10)
29/09/1999 2 294,21 (16.074,03) (32.148,06) 30 1,8624
01/10/1999 31 360,99 (16.435,02) (509.485,62) 2,1256
01/11/1999 30 352,05 (16.787,07) (503.612,10) 2,0971
01/12/1999 33 396,60 (17.183,67) (567.061,11) 2,0982
03/01/2000 29 405,14 (17.588,81) (510.075,49) 2,3828
01/02/2000 28 408,26 (17.997,07) (503.917,96) 2,4305
01/03/2000 32 381,20 (18.378,27) (588.104,64) 1,9446
02/04/2000 30 421,69 (18.799,96) (563.998,80) 2,2430
02/05/2000 29 343,49 (19.143,45) (555.160,05) 1,8562
01/06/2000 32 470,19 (19.613,64) (627.636,48) 2,2474
03/07/2000 28 430,37 (20.044,01) (561.232,28) 2,3005
01/08/2000 0 450,81 (20.494,82) -
10.575,80
(473.926,79)
PERÍCIA CONTÁBIL EM MATÉRIA FINANCEIRA – Prof. Remo Dalla Zanna (MS)

PF 10 – edição pessoal para fins de estudo e venda em PDF

Revisado em maio/2019.

10º - MÓDULO

SISTEMA FRANCÊS DE AMORTIZAÇÃO OU TABELA PRICE,


SACRE, SAC e Sistema Americano de Amortização.

10.1 – Definição de Tabela Price.


10.2 – O Fator de Capitalização
10.3 – A argumentação de que a Tabela Price não é um método de cálculo
que capitaliza juros é um sofisma aritmético.
10.4 – Argumentar que a Tabela Price equivale a praticar anatocismo é
outro sofisma aritmético.
10.5 – Outras maneiras de amortizar dívidas em prestações mensais –
SACRE, SAC, Sistema Americano.
10.5.1 – Sistema de Amortização Crescente – SACRE.
10.5.2 – Sistema de Amortização Constante – SAC
10.5.3 – Sistema Americano de Amortização – SAA
10.5.4 – Outros Sistemas de Amortização menos usados
10.6 – Orientação Técnica
10.7 – Exemplo de Laudo de Esclarecimentos juntado aos autos de um
processo cujo Laudo Pericial Contábil foi criticado por quem insiste em
dizer que o cálculo dos juros com base na Tabela Price é feito como se
fossem juros simples.
10.8 – Exemplo de Laudo Pericial Contábil em ação de reintegração de
posse promovida pela construtora e vendedora do apartamento.

Introdução: existem vários sistemas de amortização de empréstimos bancários. A


escolha de cada um tem relação direta com o prazo do financiamento e o tipo de
garantia fornecida, à instituição financeira, pelo tomador. Neste nosso estudo
abordaremos os que são mais usados em nossa cultura bancária. Os sistemas se
distinguem em função de três variáveis principais:
(1) Tempo do empréstimo;
(2) Prazo de carência para começar a pagar o principal mutuado
(3) A taxa de juros (nominal e real);
(4) Quando for objeto de quitação em prestações, a forma de calcular o valor
dessas prestações;
(5) Amortizações mensais, mais amortizações semestrais e/ou amortizações
anuais;
1
PERÍCIA CONTÁBIL EM MATÉRIA FINANCEIRA – Prof. Remo Dalla Zanna (MS)

(6) E outras variáveis, como por exemplo, no caso de financiamento habitacional,


o valor a ser pago na data da “entrega das chaves”.
Considerando que já abordamos o Método Hamburguês com o qual são calculados
e cobrados juros simples ou lineares, (1) o que chamamos de Sistemas de
Amortização são formas de calcular o valor de prestações mediante a capitalização
de juros ou o cálculo de juros compostos que são agregados ao principal.
Nesse nosso estudo abordaremos os quatro principais sistemas:
(i) Tabela Price ou Sistema Francês de Amortização – o mais usado no Brasil;
(ii) Sistema de Amortização Crescente – SACRE ou também conhecido como
Sistema de Amortização Misto – SAM – a Caixa Econômica Federal tem
usado, preferencialmente, este sistema;
(iii) Sistema de Amortização Constante – SAC
(iv) Sistema Americano de Amortização – SAA
(1)
Usado, preferencialmente, na remuneração do cheque especial e também na
remuneração do financiamento do saldo não liquidado de cartões de crédito.
===========================================================

10.1. Definição de Tabela Price.

Segundo o matemático, professor José Dutra Vieira Sobrinho, o Sistema Francês


de Amortização, popularmente conhecido como “Tabela Price”, é assim definido:

“O Sistema Francês consiste em um plano de amortização de uma


dívida em prestações periódicas, iguais e sucessivas, dentro do
conceito de termos vencidos, em que o valor de cada prestação, ou
pagamento, é composto por duas parcelas distintas: uma de juros e
outra de capital (chamada amortização).”

O conceito atribuído à expressão “termos vencidos”, referida pelo autor, significa


pagamento ao final de cada período.

O professor Mário Geraldo Pereira, no prefácio à sua tese de doutoramento,


disse, em 1965, que a Tabela Price é um sistema de amortização que adota a
cobrança de juros sobre juros. Afirmou em sua tese:

“De fato, não resta a menor dúvida que ao Dr. Richard Price,
filósofo, teólogo e matemático inglês, que viveu no século XVIII, se
deve a incorporação da teoria dos juros compostos à amortização dos
empréstimos.” (Plano Básico de Amortização pelo Sistema Francês e
respectivo fator de conversão - Tese de doutoramento em Ciências
Atuariais apresentada à Congregação da Faculdade de Ciências

2
PERÍCIA CONTÁBIL EM MATÉRIA FINANCEIRA – Prof. Remo Dalla Zanna (MS)

Econômicas e Administrativas da USP, Cadeira II - Matemática


Financeira e Matemática Atuarial, I e II, São Paulo, 1965.)

O Sistema Francês de Amortização – SFA - ou Tabela Price - TP implica na


capitalização mensal dos juros e tem a peculiaridade de apresentar as prestações
mensais por valores fixos e constantes. O objetivo social da Tabela Price e dar a
conhecer, de partida, quanto o mutuário pagará, por mês e, assim, permitir-lhe
programar seu fluxo de caixa pessoal ou doméstico.

Este sistema, no Brasil, é causa de muitos conflitos pela introdução,


nele, da figura da Correção Monetária, hoje chamada de Atualização
Monetária. A introdução dessa variável anulou o conceito social de que
as prestações mensais deveriam ser por um valor fixo para todo o
período do financiamento, seja ele de 5 anos (60 meses = 60 linhas da
planilha de cálculo), 10 anos (120 meses e igual quantidade de colunas
da planilha), 20 anos (240 meses e igual quantidade de colunas da
planilha) e até 30 anos (360 linhas da planilha de cálculo).

Os valores fixos e constantes são obtidos pela divisão do fator de amortização.


Serve este método, considerada uma série de pagamentos uniformes, para ratear o
pagamento de uma dívida em parcelas mensais, iguais e consecutivas, agregando-se
juros ao capital mutuado. A utilização da Tabela Price, em virtude de sua fórmula
exponencial, evidencia a cobrança de juros capitalizados e, no final, é apenas uma
tabela de “fatores de capitalização” que facilita o trabalho dos bancários. O
próprio nome matemático da equação - “fator de capitalização” -, deixa claro o
fato de ser, a Tabela Price, um método de capitalização de juros.

O mercado financeiro, para as operações de mútuo em geral, incluídas as de


arrendamento mercantil – leasing –, adota o Sistema Francês de Amortização ou
Tabela Price.

10.2. O Fator de Capitalização

A fórmula pela qual se conhece o valor da prestação mensal pelo SFA ou Tabela
Price é a seguinte:

i * (1 + i) ^ n
PMT ou R = PV * -----------------
(1 + i) ^ n - 1

3
PERÍCIA CONTÁBIL EM MATÉRIA FINANCEIRA – Prof. Remo Dalla Zanna (MS)

Em que:
PMT ou R = Valor da Prestação de uma série uniforme de pagamentos definida
como série de pagamentos iguais para o período determinado de 1, 2, 3 ... n
períodos;
PV ou P = Valor Financiado ou emprestado com valor no dia de hoje, por isso,
chamado de Valor Presente;
i = Taxa de juros expressa em percentual por período de capitalização – os períodos
costumam ser, na grande maioria dos contratos, mensais; mas, podem ser
trimestrais, semestrais, anuais etc.
n = Tempo, ou seja: quantidade de períodos.

Exemplo:

Valor do Financiamento: R$ 141.650,30


Taxa de Juros: 14,06% ao ano ou 1,1716667% ao mês. (Neste caso, a taxa ao mês
é obtida fazendo-se a divisão de 14,06% por 12 meses, fato que provoca um
aumento da taxa de juros efetiva. Este assunto foi objeto do 4º módulo ou
Capítulo 4.)
Prazo: 180 meses (15 anos)

Cálculo das parcelas mensais conforme TP

180
(1 + 1,171667%) * 1,171667%
Prestação = 141.650,30 * ----------------------------------------------
180
(1 + 1,171667%) -1

180
(1 + 0,011717) * 0,011717
Prestação = 141.650,30 * ---------------------------------------
180
(1 + 0,01717) -1

180
(1,011717) * 0,011717
Prestação = 141.650,30 * --------------------------------
180
(1,01717) -1

4
PERÍCIA CONTÁBIL EM MATÉRIA FINANCEIRA – Prof. Remo Dalla Zanna (MS)

8,139600 * 0,011717
Prestação = 141.650,30 * ---------------------------
8,139600 - 1

0,095372
Prestação = 141.650,30 * --------------
7,139600

Prestação = 141.650,30 * 0,0133577 = R$ 1.892,13.

Enquanto os juros simples evoluem em progressão aritmética, os juros compostos


evoluem em progressão geométrica, seja qual for o prazo.

A Tabela Price evidencia a cobrança de juros capitalizados em virtude de sua


fórmula exponencial e não se confunde com o Método Hamburguês que requer,
para ser aplicado, o cálculo de juros simples.

O fator de capitalização (1 + i)^n é base de cálculo para apurar o valor das


prestações mensais. A fórmula de cálculo da prestação base de qualquer contrato
de financiamento em parcelas mensais, iguais e sucessivas, decorre diretamente do
n
Fator de Capitalização (1+i) aplicado à seguinte expressão:

Valor da prestação mensal =

prazo
(1 + taxa de juros) * taxa de juros
Principal x ---------------------------------------------------
prazo
(1 + taxa de juros) -1

Esta fórmula contém o coeficiente exponencial, que torna a taxa de juros da


operação capitalizada. Tal capitalização, que se dá na formação do fluxo de
pagamento do contrato, é refletida no valor da primeira prestação ou prestação
base. Logo, o valor da prestação mensal é formado por dois componentes:
(i) juros e
(ii) amortização do capital.

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PERÍCIA CONTÁBIL EM MATÉRIA FINANCEIRA – Prof. Remo Dalla Zanna (MS)

Veja, a seguir, outro exemplo de como calcular o valor da parcela usando a Tabela
Price.
Valor financiado (um automóvel usado) = R$ 13.000,00
Taxa de juros, ao mês = 2,82%
Prazo ou quantidade de parcelas = 60 meses
Calcular o valor da prestação.
PVi 13.000,00 * 0,0282 366,60 366,60
PMT = ----------------- Logo PMT = -------------------------- Portanto PMT = ----------------- Então PMT = ------------------
1 1 1 1 – 0,188514
1 - ---------- 1 - ----------------- 1 - ------------
n 60 5,304614
(1 = i) (1 = 0,0282)

366,60
Concluindo: PMT = ------------- = 451,765
0,811486

Ao valor da prestação, em função de cláusulas contratuais, agregam-se outros itens


que não estão no cerne do cálculo da capitalização pela Tabela Price. São
principalmente nos casos de financiamento habitacional:
(a) atualização monetária e,
(b) prêmios de seguros.

Ao conceder o financiamento para pagamento em prestações mensais, seja


financiamento de imóveis ou de qualquer outro bem de consumo durável, os agentes
financeiros utilizam, para calcular a primeira prestação, o fator de capitalização que
corresponde à taxa de juros (taxa nominal) contratada. Este valor da primeira
prestação é escriturado no contrato. Quando ocorre a contratação da taxa de juros
sem qualquer correção monetária do valor do saldo devedor e do valor das
prestações, o valor da primeira prestação fica inalterado o tempo todo do contrato
de forma que o devedor tem pleno conhecimento de quanto pagará em todos os
meses de sua vigência. Todavia, quando for contratada a correção monetária do
saldo devedor e das prestações se dá o inverso, ou seja, o valor da primeira
prestação é apenas indicativo para, a partir desse ponto, calcular a atualização do
saldo devedor e das prestações, todos os meses. A prática de atualizar
monetariamente as prestações e o saldo devedor é usual em nosso país. Portanto,
um método criado para dar garantia ao mutuário de que pagando a prestação mensal
amortizaria sua dívida e, ao pagar a última parcela, nada mais deveria; por causa da
correção monetária (hoje chamada de atualização monetária), não sabe quanto
pagará por mês e nem quanto lhe custará, ao final, o financiamento do bem,
geralmente a moradia da família. A atualização monetária do capital mutuado é uma
variável não prevista na fórmula da Tabela Price e o seu percentual somente é
conhecido depois de terem sido publicados os índices monetários tais como: INCC
(na fase da construção do imóvel), INPC, IPCA, IGP-M, TR e outros.

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PERÍCIA CONTÁBIL EM MATÉRIA FINANCEIRA – Prof. Remo Dalla Zanna (MS)

10.3. A argumentação de que a Tabela Price NÃO É um método de cálculo que


capitaliza juros é um sofisma aritmético.

Os senhores advogados que atendem às entidades que compõem o Sistema


Financeiro Nacional desenvolveram uma argumentação mediante a qual procuram
convencer os magistrados de que o SFA ou TP não é um método que capitaliza
juros. Sua argumentação é, mutatis mutandis, a seguinte:

“No que diz respeito à capitalização de juros que, segundo os embargantes


teria seu nascedouro principalmente na utilização da Tabela Price, melhor
sorte não lhes assiste. Isto porque, não obstante seja cediço o fato de que o
SFA, mais conhecido como Tabela Price não implica na capitalização de
juros, mister se faz discorrer um pouco mais amiúde sobre o assunto. Trata-
se de sistema de amortização de dívida em prestações periódicas, iguais e
sucessivas em seus vencimentos, através do qual o valor de cada prestação
compõe-se de duas parcelas distintas, quais sejam: uma de juros e outra do
capital que servirá para a efetiva amortização do saldo devedor. O sistema
de amortização pela Tabela Price, enfim, processa-se da seguinte forma:
todos os meses o mutuário pagará os juros de capital, integralmente e, bem
por isso é que não se pode falar em capitalização de juros. Ora, no mês
seguinte, o mutuário irá pagar os juros tão somente do capital relativo
àquele mês, já deduzido o mês anterior que foi pago com a parcela
respectiva. Vejamos o seguinte exemplo:
 No mês ‘x’, o saldo devedor do contrato monta em R$ 1.000,00.
 A prestação será de R$ 100,00; composta da seguinte forma: R$
40,00 correspondem aos juros pelo saldo devedor e R$ 60,00 serão
utilizados para abater o saldo devedor.
 Dessa forma, para o mês seguinte teremos um saldo devedor de R$
940,00.
Cumpre ainda esclarecer que quando se utiliza a Tabela Price, a princípio,
a cota de amortização é pequena nos primeiros pagamentos, invertendo-se a
partir da metade do prazo estabelecido para o tempo do contrato e, tudo no
sentido de que haja efetiva liquidação do débito ao final do prazo do pacto.”

A argumentação acima, mencionada como um mero exemplo do raciocínio


desenvolvido pelos que alegam que a Tabela Price não é um método de
capitalização de juros é uma ilusão porque falha em dois pontos fundamentais:
 não menciona a taxa de juros e
 não cita o período.
Sem essas duas variáveis torna-se impossível, matematicamente, concluir o
raciocínio lógico que o caso requer.

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Outra forma - mais técnica - de argumentar que a TP não é um sistema de juro


capitalizado, usado por peritos que atendem aos bancos na função de Assistentes
Técnicos, é a seguinte:

O sistema de amortização do financiamento em tela é a ‘Tabela Price’.


Considerando que neste sistema, os juros são calculados na forma simples
sobre o saldo devedor e satisfeitos mensalmente, não havendo, portanto,
juros sobre juros que se incorporariam ao saldo devedor, conclui-se que
não ocorre a referida capitalização de juros.
Para melhor entendimento de V. Exa., segue abaixo transcrito o mecanismo
de desenvolvimento da Tabela Price:
 Corrige-se o saldo devedor do mês anterior utilizando-se o índice de
atualização monetária avençado que, via de regra, é o índice de
atualização dos depósitos em cadernetas de poupança;
 Sobre o saldo devedor corrigido monetariamente, calculam-se juros
remuneratórios, aplicando-se sobre o saldo devedor a taxa de juros
mensal nominal contratada;
 Deduz-se do valor do encargo total (prestação + seguros) o valor da
parcela do seguro;
 Deduzem-se do valor do encargo total (prestação + seguro) os juros
remuneratórios calculados conforme descrito no item ‘b’ acima;
 Após estas operações, obtém-se o valor da amortização que é
deduzido do saldo devedor.
 Este novo saldo devedor é a base de cálculo para se obter o valor da
amortização no mês seguinte, bastando para tanto, repetir os
cálculos na mesma sequência ora descrita.”

A explicação acima, excluída a questão da atualização monetária do saldo devedor,


coincide com o exato funcionamento da Tabela Price, ou seja, a expressão
matemática do que acima foi dito, quando se necessita conhecer o valor da série
uniforme de prestações, requer o uso do fator de capitalização que, todavia, não
foi mencionado pelos ilustres assistentes técnicos dos bancos. Além disso, ao dizer
“... Considerando que neste sistema, os juros são calculados na forma simples
sobre o saldo devedor e satisfeitos mensalmente, não havendo, portanto, juros
sobre juros que se incorporariam ao saldo devedor,...”, o ilustre argumentador
confunde (propositalmente?) a dinâmica da contra corrente garantida tipo “cheque
especial”, cujos juros são imputados linearmente (Método Hamburguês), com juros
capitalizados como se os juros não pagos na data de aniversário; mas isto, somente
funciona na conta corrente garantida do cheque especial e não na Tabela Price.

O texto acima, de lavra do ilustre assistente técnico, é reprovável quando induz ao


erro, informando que a Tabela Price é um sistema de juros simples e não o é. No

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mais, o processo de cálculo está correto confirmando que a TB é uma forma de


capitalizar juros.

No dizer de Carlos de Souza Pinto, citado por Fiorentini - Advogados Associados


em processo que tramita (ou tramitou) na 28ª Vara Cível do Fórum Central de São
Paulo, Ação Ordinária n°. 000.00.576955-8, às fls. 140/141, temos:

“Posso declarar, com absoluta certeza, que todas as operações de


empréstimos e financiamento realizadas para a quitação em ‘prestações
mensais de igual valor, incluindo amortização e juros’, tal como consta no
art. 1º da Lei nº. 4.864/65, em qualquer parte do mundo, são calculadas com
base num único critério. Têm como base de cálculo o chamado Sistema
Price ou Tabela Price. Como exemplo o Sistema Financeiro da Habitação,
carteiras hipotecárias ou financiamento direto da construtora e o popular
CDC – Crédito Direto ao Consumidor (...).”

Os profissionais que desenvolveram uma argumentação com o objetivo de


convencer o leitor de que a Tabela Price não é um sistema de capitalização de juros,
por certo, estão equivocados, pois, como foi acima demonstrado, a fórmula da TP,
considerado o tempo do parcelamento, comporta o cálculo exponencial de juros. O
expoente da fórmula, objetiva inserir juros sobre o capital que é rateado pelos meses
do parcelamento e o faz de uma maneira muito inteligente, ou seja, o mutuário paga,
a cada prestação, uma parte de juros e outra de principal. Tanto isto é verdade que,
no conjunto das prestações, a primeira metade delas (ou quase) paga mais juros do
que amortiza capital e a segunda metade, dado o fato que a maior parte dos juros já
foi recebida pelo banco, paga menos juros e amortiza mais capital. As fórmulas
oferecidas pelas calculadoras financeiras eletrônicas correspondem à programação
das TABELAS de MATEMÁTICA FINANCEIRA que sempre foram usadas antes
que surgissem essas calculadoras eletrônicas. Sobre o uso de tabelas impressas em
lugar de programações eletrônicas em máquinas de calcular e mediante softwares
como o Excel, ainda que seja como ato de curiosidade, recomenda-se o livro
Tabelas de Matemática Financeira de Abelardo Puccini, Fórum Editora, Rio
Datacentro – Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, 1ª edição em
janeiro de 1972, no qual o ilustre catedrático demonstra as fórmulas para o cálculo
de juros das quais se depreende, com clareza meridiana, que a Tabela Price é
construída em base de juros compostos.

Nota: as tabelas do livro supracitado usam, em seus cálculos, os logaritmos de base 0 (zero).

Segue-se exemplo com o qual se demonstra a separação entre capital amortizado e


juros pagos, ambos mensalmente, tendo como base prestações de valor igual. Esta é
a essência da Tabela Price: prestações periódicas de valor igual.

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Capital Mutuado 50.000,00


Juros 10%ao mês
Plano de pagamento: cinco parcelas mensais, consecutivas e de igual valor
Data do empréstimo 11/10/2004
Data do pagamento 1ª parcela 11/11/2004

PEDE-SE:
1) apresentar o valor de cada parcela
Resposta: O valor de cada prestação é de 13.189,87
2) apresentar o quadro demonstrativo da evolução do financiamento
Resposta: vide abaixo.
Amortiza-
Novo Distinção entre
Capital Saldo ção por
Datas Juros Saldo Capital Amortizado e
Mutuado Devedor valor
Devedor Juros Pagos
constante
Capital Juros
11/10/04 50.000,00 5.000,00 55.000,00
11/11/04 41.810,13 4.181,01 45.991,14 13.189,87 41.810,13 10.000,00 5.000,00
11/12/04 32.801,27 3.280,13 36.081,40 13.189,87 32.801,27 10.000,00 4.181,01
11/01/05 22.891,53 2.289,15 25.180,68 13.189,87 22.891,53 10.000,00 3.280,13
11/02/05 11.990,81 1.199,08 13.189,89 13.189,87 11.990,81 10.000,00 2.289,15
11/03/05 0,02 0,00 0,03 13.189,87 0,02 10.000,00 1.199,08
15.949,38 50.000,00 15.949,37

10.4. Argumentar que a Tabela Price equivale a praticar anatocismo é outro


sofisma aritmético.

Argumentar que a Tabela Price, com a qual se pratica a técnica de juros compostos,
equivale a praticar anatocismo, além de ser um sofisma aritmético é uma perda de
tempo até porque, até hoje, ninguém falou que se pratica anatocismo quando o
banco credita, mês após mês, juros na Caderneta de Poupança.

Quem assim argumenta atém-se apenas à reprodução gráfica da TP, ou seja, à


planilha que é feita de maneira a iludir quem a lê, pois, quando o leitor desconhece
o procedimento matemático com o qual se calcula a prestação mensal e se atém
apenas a observar a tabela preparada com o propósito de mostrar a evolução do
saldo devedor usando, para tal cálculo, o Sistema Hamburguês, terá a noção de que
os juros – nessa tabela, mostrada com o propósito de confundir o leitor – não são
acrescidos ao saldo devedor, o que faria com que a capitalização não acontecesse
e, por via de consequência, não surgisse o tal do anatocismo. Mas os juros
calculados conforme fórmula para conhecer o valor da prestação mensal (todas de
valor igual e prazo de vencimentos sucessivos), não são mesmo somados ao capital.
A alegação é um absurdo matemático e tem origem no desejo de tentar provar que a
Tabela Price funciona como se fosse uma conta corrente garantida com juros

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PERÍCIA CONTÁBIL EM MATÉRIA FINANCEIRA – Prof. Remo Dalla Zanna (MS)

simples, calculados pelo Sistema Hamburguês, o que não o é. Lembramos que a


questão do anatocismo foi tratada no item 3.3 do terceiro capítulo.

Por outro lado, quando não for feita a radiciação da taxa anual como foi
explicitado no Capítulo 3, têm razão os que dizem que os cálculos de juros contêm
o fenômeno do anatocismo. Mas, isto nada tem a ver com o uso da Tabela Price. O
“crime”, neste caso, é cometido por elemento estranho à Tabela Price. Ele é
detectado quando a taxa anual de juros é conceituada como “nominal” e, ao ser
dividida por 12 meses, apresenta a taxa mensal de juros nominais. Em seguida, esta
taxa mensal nominal, em face da fórmula usada para calcular o valor da prestação
mensal, é elevada à 12ª potência e, assim, chega-se à taxa anual de juros
conceituada como “efetiva”. Obviamente, a taxa efetiva é sempre maior que a taxa
nominal. O “crime” de anatocismo configura-se na divisão da taxa anual por 12, ou
1/12
seja: (i /12); quando o correto é radiciá-la por 12, ou seja: (i) .

Vamos, em seguida, mediante o Anexo TP “A”, apresentar a diferença observada


quando uma dívida é amortizada pela Tabela Price (juros capitalizados) e quando é
amortizada com base no conceito de juros simples, capitalizados uma vez por ano.

Dados do problema:
Financiamento de R$ 10.000,00;
Juros de 9,5% ao mês (semelhantes a um cheque especial ou financiamento
de débito em cartão de crédito);
Prazo de Amortização de 12 meses;
Valor da Prestação mensal pela Tabela Price, com juros simples =
(principal + juros simples) = R$ 1.431,83;
Soma dos valores pagos ao final de um ano: R$ 1.431,83 * 12 meses =
R$ 17.181,96; sendo R$ 10.000,00 de principal e R$ 7.181,96 de
juros.

Os que contestam o uso da Tabela Price por considerar este método ilegal (juros
compostos) dizem que o contrato é inválido e pugnam por outro critério (juros
simples), o Método Hamburguês. O resultado é o seguinte:

Dados do problema:

Financiamento de R$ 10.000,00;
Juros de 9,5% ao mês (semelhantes a um cheque especial ou financiamento
de débito em cartão de crédito);
Prazo de Amortização de 12 meses.

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PERÍCIA CONTÁBIL EM MATÉRIA FINANCEIRA – Prof. Remo Dalla Zanna (MS)

Prestações Amortização Juros Pagamento Saldo


Mensal do mensais mensal de
Principal Principal e
Juros
0 9,50% 10.000,00
1 833,34 950,00 1.783,34 9.166,66
2 833,34 870,83 1.704,17 8.333,32
3 833,34 791,67 1.625,01 7.499,98
4 833,34 712,50 1.545,84 6.666,64
5 833,33 633,33 1.466,66 5.833,31
6 833,33 554,16 1.387,49 4.999,98
7 833,33 475,00 1.308,33 4.166,65
8 833,33 395,83 1.229,16 3.333,32
9 833,33 316,67 1.150,00 2.499,99
10 833,33 237,50 1.070,83 1.666,66
11 833,33 158,33 991,66 833,33
12 833,33 79,17 912,50 -
SOMAS 10.000,00 6.174,98 16.174,98

Soma dos valores pagos ao final de um ano: R$ 16.174,98 sendo R$ 10.000,00


de principal e R$ 6.174,98 de juros.

Ficam assim comprovadas duas assertivas:

a) a TP é um sistema que capitaliza juros e, como capitalizar juros não é um ato


matematicamente classificável como anatocismo, nada tem a ver com esta
palavra cujo conceito é jurídico;
b) o método dos juros simples implica em pagar menos juros, mas prestações de
valor diferente em cada mês, começando com prestações de maior valor e
terminando com de menor valor.

Pergunta-se: Qual seria a preferência das partes contratantes sabendo-se que quem
empresta (o banco), obviamente, a cada parcela recebida fará novo empréstimo?

O autor deixa esta pergunta sem resposta porque qualquer uma que for dada
dependerá de variáveis emocionais, estratégicas e culturais que serão consideradas,
principalmente, pelo mutuário.

A seguir, são apresentados dois estudos com os quais é feita a comparação da


amortização pela Tabela Price com a amortização pelo Método Hamburguês.
Informa-se, com ênfase, que o Sistema Francês de Amortização – Tabela Price –
tem como objetivo principal conhecer, de pronto, o valor uniforme de prestações
sucessivas com as quais será amortizado um empréstimo; isto é muito diferente de
um sistema de créditos e débitos em conta corrente como foi visto no Capítulo 7, ou
seja, a comparação abaixo é apenas um exercício matemático de valor acadêmico,
pois um sistema não equivale ao outro e, se um for substituído por outro,
corresponderá a alterar os termos de um contrato.
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PERÍCIA CONTÁBIL EM MATÉRIA FINANCEIRA – Prof. Remo Dalla Zanna (MS)

Veja ANEXO TP “A” = Tabela Price

Veja ANEXO “B” - Sistema Hamburguês para 36 meses com


capitalização anual conforme pedido do devedor.

---------------------------------------------------------------------------------------------------

Dados do problema:
Financiamento de R$ 14.400,00
Juros de 12% ao ano
Prazo de Amortização de 3 anos
Capitalização anual dos juros

I - Segundo o conceito do Método Hamburguês, assumindo como base de cálculo


dos juros o saldo final remanescente após um ano de amortizações mensais (mas
poderia ser o saldo médio do período) e capitalização anual dos juros, teríamos:

SOLUÇÃO

1º ano
Valor da Prestação Mensal: R$ 14.400,00 / 36 parcelas = R$ 400,00
Saldo devedor após os primeiros 12 meses de pagamentos = (R$ 400,00 * 12 =
R$ 4.800,00) = R$ 9.600,00
Juros de 12% sobre R$ 9.600,00 = R$ 1.152,00
Novo saldo devedor = R$ 9.600,00 + R$ 1.152,00 = R$ 10.752,00

2º ano
Valor da NOVA Prestação Mensal: R$ 10.752,00 / 24 parcelas = R$ 448,00
Saldo devedor após mais 12 meses de pagamentos = (R$ 448,00 * 12 = R$
5.376,00) = igual a R$ 5.376,00
Juros de 12% sobre R$ 5.376,00 = R$ 645,12
Novo saldo devedor = R$ 5.376,00 + R$ 645,12 = R$ 6.021,12

3º ano
Valor da NOVA Prestação Mensal: R$ 6.021,12 / 12 parcelas = R$ 501,76
Saldo devedor após mais 12 meses de pagamentos = R$ 501,76 * 12 = R$
6.021,12, ficando, assim, quitada a dívida
Juros pagos no período: R$ 1.797,12

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PERÍCIA CONTÁBIL EM MATÉRIA FINANCEIRA – Prof. Remo Dalla Zanna (MS)

II - Segundo o conceito da Tabela Price:


Taxa de 12% ao ano equivalente a 0,948879293% ao mês, que
capitalizados por 12 meses correspondes à taxa de 12% ao ano conforme
mencionada no contrato.

SOLUÇÃO
Valor da Prestação mensal pela Tabela Price = R$ 474,10
Pagamento total após 36 meses = R$ 474,10 * 36 meses = R$ 17.067,60, ficando
assim, quitada a dívida.

Juros pagos no período: = R$ 17.067,60 - R$ 14.400,00 = R$ 2.667,60

Diferença de juros entre os dois conceitos: = R$ 870,48

Segundo o entendimento de alguns advogados, as expressões “capitalização mensal


de juros” ou “juros compostos” ou “função exponencial” são sinônimas de
anatocismo com o que este autor, em face das explicações já apresentadas, não
concorda.

Segue a demonstração

Simulação de um empréstimo com as seguintes variáveis:


a) Valor mutuado R$ 12.000,00
b) Prazo para pagamento: 12 meses
c) Taxa de juros de 0,5% ao mês
d) Cálculo das prestações e juros: pela Tabela Price
PERGUNTA: Qual é o valor da prestação mensal, igual e consecutiva que
ao final dos 12 meses quita a dívida?
Resposta:
Conforme tabela abaixo, o valor acumulado será de R$ 1.032,80.

Rateio do valor pago


Meses Data de Valor pago Juros Principal Evolução
aniversário mensal – do Saldo
mente
0 Dívida assumida no momento zero 12.000,00
1 10/01/09 1.032,80 60,00 972,80 11.027,20
2 10/02/09 1.032,80 55,14 977,66 10.049,54
3 10/03/09 1.032,80 50,25 982,55 9.066,98
4 10/04/09 1.032,80 45,33 987,47 8.079,52
5 10/05/09 1.032,80 40,40 992,40 7.087,12
6 10/06/09 1.032,80 35,44 997,36 6.089,75
7 10/07/09 1.032,80 30,45 1.002,35 5.087,40
8 10/08/09 1.032,80 25,44 1.007,36 4.080,04
9 10/09/09 1.032,80 20,40 1.012,40 3.067,64
10 10/10/09 1.032,80 15,34 1.017,46 2.050,18
11 10/11/09 1.032,80 10,25 1.022,55 1.027,63
12 10/12/09 1.032,80 5,14 1.027,66 (0,04)
Somas 12.393,60 393,56 12.000,04

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PERÍCIA CONTÁBIL EM MATÉRIA FINANCEIRA – Prof. Remo Dalla Zanna (MS)

Simulação de uma poupança (Caderneta de Poupança) com as


mesmas variáveis:
a) Valor poupado ou depositado de R$ 12.000,00
b) O poupador sacará R$ 1.032,80 todo mês
c) Taxa de juros de 0,5% ao mês
d) Regime de capitalização: juros compostos

PERGUNTA: Qual será o saldo da poupança no final do 12º mês?


Resposta:
Conforme tabela abaixo, o valor remanescente será zero.

Meses Data de Saldo do Juros de Resgate Evolução


aniversário valor 0,5% ao mensal do Saldo
poupado mês
1 12.000,00 60,00 1.032,80 11.027,20
2 10/01/09 11.027,20 55,14 1.032,80 10.049,54
3 10/02/09 10.049,54 50,25 1.032,80 9.066,98
4 10/03/09 9.066,98 45,33 1.032,80 8.079,52
5 10/04/09 8.079,52 40,40 1.032,80 7.087,12
6 10/05/09 7.087,12 35,44 1.032,80 6.089,75
7 10/06/09 6.089,75 30,45 1.032,80 5.087,40
8 10/07/09 5.087,40 25,44 1.032,80 4.080,04
9 10/08/09 4.080,04 20,40 1.032,80 3.067,64
10 10/09/09 3.067,64 15,34 1.032,80 2.050,18
11 10/10/09 2.050,18 10,25 1.032,80 1.027,63
12 10/11/09 1.027,63 5,14 1.032,80 (0,04)
Somas 393,56 12.393,60

Raciocinando por analogia e considerando que todos concordam que a Caderneta de


Poupança (e outros investimentos semelhantes) paga juros capitalizados e ninguém
se opõe com os lucros dos poupadores/investidores. No lado inverso da mesma
medalha, demonstrou-se que a Tabela Price computa juros capitalizados exatamente
da mesma forma, só que agora os lucros são do sistema financeiro, mas há pessoas
que se opõem.

10.5. Outras maneiras de amortizar dívidas em prestações mensais – SACRE,


SAC, Sistema Americano.

10.5.1. Sistema de Amortização Crescente – SACRE.

O SACRE é um sistema que capitaliza juros uma vez por ano, acelera a amortização
do principal, o total dos juros pagos será menor que os juros que seriam pagos
conforme Tabela Price e evita um saldo residual impagável. O atrativo social deste
sistema é que até, aproximadamente a metade do período do contrato, as
amortizações do principal financiado são maiores quando comparadas com o
Sistema Price, logo, a queda do saldo devedor é mais acentuada e o mutuário sente
que está valendo a pena sacrificar-se para pagar sua casa própria. Além disso, em
15
PERÍCIA CONTÁBIL EM MATÉRIA FINANCEIRA – Prof. Remo Dalla Zanna (MS)

face ao ajuste anual das prestações mensais, que ficam fixas por (12 doze), da
metade do período financiado, o valor das prestações começa a diminuir de forma
continuada.

Esse sistema foi criado pela Caixa Econômica Federal em 1997 para ser uma
alternativa ao Sistema Francês de Amortização – Tabela Price (TP) – e sua
aplicação é adequada para financiamentos de longo prazo como são aqueles
destinados à aquisição da casa própria. No conceito original, o SACRE foi criado
para ser um sistema de juros simples, todavia a sua aplicação em financiamentos a
logo prazo, o converte em sistema de capitalização de juros, mas anualmente. Logo
é um sistema em que os juros são capitalizados de forma diferente do Sistema
Price. A diferença entre o SACRE e a TP está na periodicidade em que ocorre a
capitalização e a forma de ir compensando, mensalmente, (um pouco por mês) o
indigitado saldo residual que, quando ocorre, gera um novo contrato de
financiamento pelo saldo remanescente.

O SACRE considera prestações por um valor fixo durante 12 meses. Ao fim do 12º
mês, apura-se o novo Saldo Devedor – SD – ao qual se agrega o efeito da correção
monetária, e nova série de 12 mensalidades fixas é calculada cujo valor vigorará
para os próximos 12 meses e assim sucessivamente até o fim do contrato.

Este método faz com que as prestações iniciais sejam mais elevadas que as da TP
de maneira que a amortização do principal seja mais veloz. Além disso, este sistema
contém, intencionalmente, um equívoco aritmético que cria uma reserva – um
resíduo positivo – cujo objetivo é ajudar o mutuário a quitar eventual saldo residual.

No que tange à questão do saldo residual resultante do descasamento do índice que


corrige o saldo devedor do índice aplicado para corrigir o valor das prestações
mensais, segundo SERRA NEGRA e outros, em artigo publicado na Revista do
Conselho Regional de Contabilidade do Rio Grande do Sul, nº 129 – Junho/2007, p.
15 a 29, a justificativa para tal inconformidade aritmética, que deixa,
intencionalmente, um saldo final credor para o mutuário, se explica assim:

A correção da prestação com índice igual àquele aplicado no salário


e não igual ao índice aplicado ao saldo devedor, visa manter a
capacidade contributiva do mutuário ao longo do tempo de execução
do contrato em patamar idêntico ao estabelecido na data de sua
assinatura, é o que se denomina comprometimento de renda. Em
outras palavras, se o mutuário se compromete a pagar um encargo
correspondente a 30% de sua renda, ao longo do tempo sua renda
não poderá ser comprometida em percentual maior do que este para
quitação do encargo corrigido.

16
PERÍCIA CONTÁBIL EM MATÉRIA FINANCEIRA – Prof. Remo Dalla Zanna (MS)

Por essas razões, o sistema SACRE, ao determinar um pagamento a


maior ao longo dos meses, constitui-se em salvaguarda criada pela
instituição financeira para gerar um excedente de caixa para cobrir
eventuais diferenças entre índices de atualização monetária e
periodicidade, aplicados para correção da prestação (anual) com
aqueles aplicados para correção do saldo devedor do financiamento
(mensal). Como a cada ano é realizado o recálculo da prestação com
base no saldo devedor corrigido, no último ano do contrato é feito um
ajuste para que o mutuário não pague além do devido.

Dessa forma, a cada 12 meses, a instituição financeira, com base no


saldo devedor corrigido (...), recalcula a prestação para os próximos
12 meses, adotando-se a taxa de juros contratualmente estipulada,
anulando com esta metodologia a possibilidade de existência de saldo
devedor ao final do período contratual.

O SACRE tem também o predicado de substituir o discutido CES – Coeficiente de


Equiparação Salarial.

Observe o exemplo abaixo. Um contrato de 5 (cinco) anos.

Sistema de Amortização Crescente – SACRE

Principal R$ 70.000,00
Prazo 60 Meses
Taxa de juros 12% ao ano

Cálculo do valor da prestação da primeira série de 12 meses

Legenda: SD Saldo Devedor


N prazo do contrato
I taxa de juros em porcentagem
R valor da prestação

Portanto: R = [(1 / n) + i /12)] * SD


R = [(1 / 60) + 12% /12) ]* R$ 70.000,00
R = [ 0,0166667 + 0,01 ] * 70.000,00

R = 0,0266667 * 70.000,00
>> valor da primeira série de 12 pagamentos
R= 1.866,67 mensais

Evolução do Saldo Devedor e Juros na primeira série de 12 parcelas mensais


nº. da % de juros Capital
Valor da Principal Indexa – SD
presta - sobre o Mutuado
Prestação amortizado Dor Indexado
ção SD e SD
0 70.000,00 1 70.000,00
1 1.866,67 700,00 1.166,67 68.833,33 1 68.833,33
2 1.866,67 688,33 1.178,34 67.654,99 1 67.654,99
3 1.866,67 676,55 1.190,12 66.464,87 1 66.464,87
17
PERÍCIA CONTÁBIL EM MATÉRIA FINANCEIRA – Prof. Remo Dalla Zanna (MS)

4 1.866,67 664,65 1.202,02 65.262,85 1 65.262,85


5 1.866,67 652,63 1.214,04 64.048,81 1 64.048,81
6 1.866,67 640,49 1.226,18 62.822,63 1 62.822,63
7 1.866,67 628,23 1.238,44 61.584,18 1 61.584,18
8 1.866,67 615,84 1.250,83 60.333,36 1 60.333,36
9 1.866,67 603,33 1.263,34 59.070,02 1 59.070,02
10 1.866,67 590,70 1.275,97 57.794,05 1 57.794,05
11 1.866,67 577,94 1.288,73 56.505,32 1 56.505,32
55.203,70 1 55.203,70
12 1.866,67 565,05 1.301,62
Saldo Devedor ao fim de 12 meses

Portanto: R = [(1 / n) + ( i /12)] * SD


R = [(1 / 48) + (12% /12) ]* R$ 55.203,70
R = [ 0,0208333 + 0,01 ] * 55.203,70

R = 0,0308333 * 55.203,70
R= 1.702,11 >> valor da segunda série de 12 pagtos mensais

Evolução do Saldo Devedor e Juros na segunda série de 12 parcelas mensais


% de juros Capital
nº. da Valor da Principal Indexa – SD
sobre o Mutuado
prestação Prestação amortizado dor Indexado
SD e SD
0 55.203,70 1 55.203,70
13 1.702,11 552,04 1.150,07 54.053,63 1 54.053,63
14 1.702,11 540,54 1.161,57 52.892,05 1 52.892,05
15 1.702,11 528,92 1.173,19 51.718,86 1 51.718,86
16 1.702,11 517,19 1.184,92 50.533,94 1 50.533,94
17 1.702,11 505,34 1.196,77 49.337,17 1 49.337,17
18 1.702,11 493,37 1.208,74 48.128,43 1 48.128,43
19 1.702,11 481,28 1.220,83 46.907,61 1 46.907,61
20 1.702,11 469,08 1.233,03 45.674,57 1 45.674,57
21 1.702,11 456,75 1.245,36 44.429,21 1 44.429,21
22 1.702,11 444,29 1.257,82 43.171,39 1 43.171,39
23 1.702,11 431,71 1.270,40 41.901,00 1 41.901,00

1.283,10 40.617,90 1 40.617,90


24 1.702,11 419,01
Saldo Devedor ao fim de 24 meses

Portanto: R = [(1 / n) + ( i /12)] * SD


R = [(1 / 36) + (12% /12) ]* R$ 40.617,90
R = [ 0,0277778 + 0,01 ] * 40.617,90

R = 0,0377778 * 40.617,90
R= 1.534,45 >> valor da terceira série de 12 pagtos mensais

Evolução do Saldo Devedor e Juros na terceira série de 12 parcelas mensais


% de juros Capital
nº. da Valor da Principal Indexa – SD
sobre o Mutuado
prestação Prestação amortizado dor Indexado
SD e SD
0 40.617,90 1 40.617,90
25 1.534,45 406,18 1.128,27 39.489,63 1 39.489,63
26 1.534,45 394,90 1.139,55 38.350,08 1 38.350,08
27 1.534,45 383,50 1.150,95 37.199,13 1 37.199,13
28 1.534,45 371,99 1.162,46 36.036,67 1 36.036,67
18
PERÍCIA CONTÁBIL EM MATÉRIA FINANCEIRA – Prof. Remo Dalla Zanna (MS)

29 1.534,45 360,37 1.174,08 34.862,58 1 34.862,58


30 1.534,45 348,63 1.185,82 33.676,76 1 33.676,76
31 1.534,45 336,77 1.197,68 32.479,08 1 32.479,08
32 1.534,45 324,79 1.209,66 31.269,42 1 31.269,42
33 1.534,45 312,69 1.221,76 30.047,66 1 30.047,66
34 1.534,45 300,48 1.233,97 28.813,69 1 28.813,69
35 1.534,45 288,14 1.246,31 27.567,38 1 27.567,38

1.258,78 26.308,60 1 26.308,60


36 1.534,45 275,67
Saldo Devedor ao fim de 36 meses

Portanto: R = [(1 / n) + ( i /12)] * SD


R = [(1 / 24) + (12% /12) ]* R$ 26.308,60
R = [ 0,0416667 + 0,01 ] * 26.308,60

R = 0,0516667 * 26.308,60
>> valor quarta série de 12 pagamentos
R= 1.359,28 mensais

Evolução do Saldo Devedor e Juros na quarta série de 12 parcelas mensais


% de juros Capital
nº. da Valor da Principal Indexa – SD
sobre o Mutuado
prestação Prestação amortizado dor Indexado
SD e SD
0 26.308,60 1 26.308,60
37 1.359,28 263,09 1.096,19 25.212,41 1 25.212,41
38 1.359,28 252,12 1.107,16 24.105,25 1 24.105,25
39 1.359,28 241,05 1.118,23 22.987,02 1 22.987,02
40 1.359,28 229,87 1.129,41 21.857,61 1 21.857,61
41 1.359,28 218,58 1.140,70 20.716,91 1 20.716,91
42 1.359,28 207,17 1.152,11 19.564,80 1 19.564,80
43 1.359,28 195,65 1.163,63 18.401,17 1 18.401,17
44 1.359,28 184,01 1.175,27 17.225,90 1 17.225,90
45 1.359,28 172,26 1.187,02 16.038,88 1 16.038,88
46 1.359,28 160,39 1.198,89 14.839,98 1 14.839,98
47 1.359,28 148,40 1.210,88 13.629,10 1 13.629,10

1.742,61 11.886,50 1 11.886,50


48 1.878,90 136,29
Saldo Devedor ao fim de 48 meses

Portanto: R = [(1 / n) + ( i /12)] * SD


R = [(1 / 12) + (12% /12) ]* R$ 11.886,50
R = [ 0,0833333 + 0,01 ] * 11.886,50

R = 0,0933333 * 11.886,50
R= 1.109,41 >> valor da quinta série de 12 pagtos mensais

Evolução do Saldo Devedor e Juros na quinta série de 12 parcelas mensais


% de juros Capital
nº. da Valor da Principal Indexa – SD
sobre o Mutuado
prestação Prestação amortizado dor Indexado
SD e SD
0 11.886,50 1 11.886,50
49 1.109,41 118,86 990,55 10.895,95 1 10.895,95
50 1.109,41 108,96 1.000,45 9.895,50 1 9.895,50
51 1.109,41 98,96 1.010,45 8.885,05 1 8.885,05
52 1.109,41 88,85 1.020,56 7.864,49 1 7.864,49
19
PERÍCIA CONTÁBIL EM MATÉRIA FINANCEIRA – Prof. Remo Dalla Zanna (MS)

53 1.109,41 78,64 1.030,77 6.833,72 1 6.833,72


54 1.109,41 68,34 1.041,07 5.792,65 1 5.792,65
55 1.109,41 57,93 1.051,48 4.741,16 1 4.741,16
56 1.109,41 47,41 1.062,00 3.679,17 1 3.679,17
57 1.109,41 36,79 1.072,62 2.606,55 1 2.606,55
58 1.109,41 26,07 1.083,34 1.523,20 1 1.523,20
59 1.109,41 15,23 1.094,18 429,03 1 429,03
60 1.109,41 4,29 1.105,12 (665,15) 1 (665,15)
Saldo CREDOR ao fim de 60 meses

Das Capital
Dos juros Do valor Equivoco
SOMAS Prestações Mutuado
pagos amortizado aritmético
pagas e SD

91.382,66 20.706,57 70.676,09 70.000,00 676,09

Se o capital mutuado foi R$ 70.000,00, a soma do valor amortizado deveria ser


igual, mas o sistema aponta uma amortização de R$ 70.676,09, ou seja, R$ 676,09
a mais. Em contabilidade, dizemos que as contas não fecham!

No exemplo acima usamos o indexador 1 que não afeta e nem confunde o cálculo,
mas, a introdução de um indexador, a TR, por exemplo, camufla o equívoco
aritmético demonstrado. Mas, nem por isso, o SACRE deixa de ser interessante
como uma alternativa à Tabela Price.

10.5.2. Sistema de Amortização Constante – SAC

Este sistema se presta para amortizar o capital mutuado em parcelas de mesmo


valor, todos os meses; portanto, de valor constante para o capital. O valor da
prestação é decrescente porque os juros incidem somente sobre o saldo devedor
restante após a dedução do pagamento da parcela mensal do capital.

O SAC é o sistema mais usado para cobrar juros simples porque a amortização do
capital é por valor mensal sempre igual e o valor dos juros é decrescente. À
diferença de juros, para menos, em cada mês, dá-se o nome de “razão de
decréscimo”.

O que pode provocar aumento do valor da prestação é o efeito da atualização


monetária aplicada sobre o saldo devedor, em cada mês.

“O SAC consiste em um plano de amortização de uma dívida em


prestações periódicas, sucessivas e decrescentes em progressão
aritmética, dentro do conceito de termos vencidos, em que o valor de
20
PERÍCIA CONTÁBIL EM MATÉRIA FINANCEIRA – Prof. Remo Dalla Zanna (MS)

cada prestação é composto por uma parcela de juros e outra parcela de


capital (ou amortização). (...) A parcela de capital é obtida dividindo-se
o valor do empréstimo (ou financiamento) pelo número de prestações,
enquanto o valor da parcela de juros é determinado multiplicando-se a
taxa de juros pelo saldo devedor existente no período imediatamente
anterior.” SOBRINHO, José Dutra Vieira. Matemática Financeira. São
Paulo: Atlas, 2000. 7ª ed. p. 230.

Portanto, as prestações do SAC correspondem, matematicamente, a uma


progressão aritmética decrescente cujo
... primeiro termo é (A + P * i)
... e cuja razão é (– A * i),
... de forma que o valor da prestação é dado por:

R1 = A + J1 = A + P * i == > este é o primeiro termo da progressão aritmética


decrescente.

R2 = A + J2 = A + (P – A) * i = A + (P * i) – (1A * i) == > este é o segundo termo


da progressão aritmética.

R3 = A + J3 = A + (P – 2A) * i = A + (P * i) – (2A * i) == > este é o terceiro termo


da progressão aritmética.

Assim sendo:

Rn = A + Jn = A + [P – (n -1) * A] * i = A + P*i – ( n – 1) * A*i == > este é o


enésimo termo da progressão aritmética.

Em que: P = principal ou valor presente do empréstimo


A = valor constante da parcela com a qual se dá a amortização do principal
n = quantidade de período de amortização
i = taxa de juros correlacionada com o período de amortização: mensal,
trimestral, semestral ou anual
J = valor dos juros simples, calculados sobre o saldo devedor, agregados a
cada parcela na seqüência A1, A2, A3, ... Na
R = valor da prestação

Nota: As fórmulas acima foram adaptadas das que constam às páginas 143/144 do livro
Matemática Financeira de Samuel Hazzan e José Nicolau Pompeo, 5ª edição, Editora
Saraiva 2001.

Exemplo:

21
PERÍCIA CONTÁBIL EM MATÉRIA FINANCEIRA – Prof. Remo Dalla Zanna (MS)

Amortização de um empréstimo pelo SAC


Dados do problema:

a) Valor do Principal 10.000,00


b) Taxa de juros ao mês 3%
c) Prazo para amortização 10 meses
PEDE-SE fornecer a planilha que será inserida no texto do contrato a ser
assinado entre as partes.

RESPOSTA
O valor constante da amortização mensal é obtido mediante divisão do total
mutuado pela quantidade de períodos. No caso presente, temos R$
10.000,00 / 10 meses = R$ 1.000,00 por mês.
Segue planilha solicitada

Juros
Saldo Saldo Valor do
Amortização sobre o
Períodos Devedor devedor pagamento
Constante saldo
Inicial restante mensal
devedor
0 10.000,00 - - 10.000,00 -
1 10.000,00 1.000,00 300,00 9.000,00 1.300,00
2 9.000,00 1.000,00 270,00 8.000,00 1.270,00
3 8.000,00 1.000,00 240,00 7.000,00 1.240,00
4 7.000,00 1.000,00 210,00 6.000,00 1.210,00
5 6.000,00 1.000,00 180,00 5.000,00 1.180,00
6 5.000,00 1.000,00 150,00 4.000,00 1.150,00
7 4.000,00 1.000,00 120,00 3.000,00 1.120,00
8 3.000,00 1.000,00 90,00 2.000,00 1.090,00
9 2.000,00 1.000,00 60,00 1.000,00 1.060,00
10 1.000,00 1.000,00 30,00 - 1.030,00
SOMAS 10.000,00 1.650,00 11.650,00
Fator de decréscimo de juros 30,00

Veja, a seguir, a comparação dos planos de amortização de dívida usando o SACRE


e o SAC. Observe que os juros totais são menores no SACRE que no SAC.
Observe também duas condições fundamentais:
(a) com o SACRE, a Caixa Econômica Federal recebe mais juros no começo
tal como ocorre com a TP,
(b) enquanto que no SAC as prestações não são uniformes porque o valor
dos juros é decrescente. Tire suas próprias conclusões.

Sistema de Amortização Crescente – SACRE

Principal R$ 10.000,00
Prazo 10 Meses
Taxa de juros 36% ao ano = 3% ao mês

Cálculo do valor da prestação e do resíduo


Legenda: SD Saldo Devedor
n prazo do contrato
22
PERÍCIA CONTÁBIL EM MATÉRIA FINANCEIRA – Prof. Remo Dalla Zanna (MS)

taxa juros em
i porcentagem
R valor da prestação

Portanto: R = [(1 / n) + i /12)] * SD


R = [(1 / 10) + 36% /12) ]* R$ 10.000,00
R= [ 0,1 + 0,03 ] * 10.000,00
R= 0,13 * 10.000,00
R= 1.300,00 >> valor constante da prestação

Evolução do Saldo Devedor e Juros na série de 10 parcelas mensais

Capital
Nº da Valor da Valor SD
% de juros sobre o SD Mutuado e Indexador
prestação prestação amortizado Indexado
SD
0 10.000,00 1 10.000,00
1 1.300,00 300,00 1.000,00 9.000,00 1 9.000,00
2 1.300,00 270,00 1.030,00 7.970,00 1 7.970,00
3 1.300,00 239,10 1.060,90 6.909,10 1 6.909,10
4 1.300,00 207,27 1.092,73 5.816,37 1 5.816,37
5 1.300,00 174,49 1.125,51 4.690,86 1 4.690,86
6 1.300,00 140,73 1.159,27 3.531,59 1 3.531,59
7 1.300,00 105,95 1.194,05 2.337,54 1 2.337,54
8 1.300,00 70,13 1.229,87 1.107,66 1 1.107,66
9 1.300,00 33,23 1.266,77 (159,11) 1 (159,11)
10 1.300,00 - 1.300,00 Parcela paga a mais
13.000,00 1.540,89 11.459,11

Pagou capital a mais, logo, resíduo a favor do mutuário 1.459,11 >> (159,11+1.300,00)

Considerados os dados do problema acima, pede-se fornecer a planilha que será inserida no texto do
contrato a ser assinado entre as partes.

RESPOSTA:
O valor constante da amortização mensal é obtido mediante divisão do total mutuado pela quantidade
de períodos. No caso presente, temos R$ 10.000,00 / 10 meses = R$ 1.000,00 por mês.

Segue planilha solicitada

Saldo Saldo Valor do Razão de


Amortização Constante Juros sobre o
Períodos Devedor devedor pagamento Decréscim
do valor mutuado saldo devedor
Inicial restante mensal o de juros
0 10.000,00 - - 10.000,00 -
1 10.000,00 1.000,00 300,00 9.000,00 1.300,00
2 9.000,00 1.000,00 270,00 8.000,00 1.270,00 30,00
3 8.000,00 1.000,00 240,00 7.000,00 1.240,00 30,00
4 7.000,00 1.000,00 210,00 6.000,00 1.210,00 30,00
5 6.000,00 1.000,00 180,00 5.000,00 1.180,00 30,00
6 5.000,00 1.000,00 150,00 4.000,00 1.150,00 30,00
7 4.000,00 1.000,00 120,00 3.000,00 1.120,00 30,00
8 3.000,00 1.000,00 90,00 2.000,00 1.090,00 30,00
9 2.000,00 1.000,00 60,00 1.000,00 1.060,00 30,00
10 1.000,00 1.000,00 30,00 - 1.030,00 30,00

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PERÍCIA CONTÁBIL EM MATÉRIA FINANCEIRA – Prof. Remo Dalla Zanna (MS)

SOMAS 10.000,00 1.650,00 11.650,00

Compare o total de pagamentos pelo SACRE = R$ 13.000,00 com o total de pagamentos pelo SAC =
R$ 11.650,00.

Agora vamos comparar o funcionamento da Tabela Price com o SAC. Observe que
os juros totais são menores no SAC do que na Tabela Price. Com a aplicação do
SAC o credor, a exemplo do SACRE , recebe mais juros no começo.

Segue o gráfico da evolução das parcelas pelo sistema SAC. Neste modelo não há
correção monetária do saldo devedor e nem das parcelas.

Neste gráfico constata-se que:


a) o valor das amortizações do principal (em verde) é constante
b) com o tempo o valor das parcelas diminui em função da redução do valor dos
juros (em vermelho) a pagar em cada mês.

Comparação SAC x Tabela Price


Hipotisando um financiamento com os seguintes termos:
 Valor do financiamento: R$ 50.000,00
 Período do financiamento: 50 meses
 Taxa de juros do financiamento: 1% ao mês

Colocando lado a lado os gráficos para os dois sistemas vemos os gráficos abaixo:

Financiamento SAC Financiamento Price

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SAC: valor da prestação mensal decrescente, pagamento de juros decrescente e


amortização do principal constante.
TABELA PRICE: valor da prestação constante, pagamento de juros decrescente e
amortização do principal crescente.

Veja os cálculos (valores em R$):

Financiamento SAC Financiamento Tabela Price


Valor da parcela 01: 1.500,00 Valor constante das parcelas 1.275,64
Valor da parcela 50: 1.010,00
Total de Juros: 12.750,00 Total de Juros: 13.781,77
Total Pago: 62.750,007 Total Pago: 63.781,77

Conclusões:
A escolha do mutuário é, quase sempre, pela Tabela Price por duas razões
principais:
(1ª) a prestação inicial é menor que a do SAC... e...
(2ª) a noção de valor constante da prestação lhe dá segurança em termos de
previsão orçamentária.
A escolha do agente financeiro também é pela Tabela Price por duas razões:
(3ª) o valor constante da prestação facilita o trabalho do funcionário do
agente financeiro, pois usa o fator de capitalização constante de uma
tabela pré-elaborada como se fosse uma tabela de preços da “mercadoria”
dinheiro... e...
(4ª) ao final, o agente financeiro recebe uma renda maior (maior valor de
juros).
Nota: sem sempre o funcionário da entidade financiadora é consciente
do fato de que a Tabela Price gera mais lucro para seu empregador.

10.5.3. Sistema Americano de Amortização (SAA)

Este sistema permite muita liberdade de contratação:


a) pagamento do principal, de uma só vez, no final e juros pagos por períodos;

25
PERÍCIA CONTÁBIL EM MATÉRIA FINANCEIRA – Prof. Remo Dalla Zanna (MS)

b) os períodos para pagamento de juros podem ser: (i) mensal; (ii) trimestral;
(iii) semestral; ou (iv) anual;
c) os juros, no contrato, são escriturados em taxa ao ano. Esta é a praxe, mas
podem surgir contratos que mencionem a taxa de juro trimestral e até
semestral.

Exemplo:

Amortização de um empréstimo pelo Sistema Americano


Dados do problema:
a) Valor do Principal 10.000,00
b) Taxa de juros ao ano 36% igual a 3% ao mês
c) Prazo para amortização 10 meses
d) Pagamento do principal no final
PEDE-SE fornecer a planilha que será inserida no texto do contrato a ser
assinado entre as partes.

Períodos Saldo Amortização Juros Saldo Valor do


Devedor sobre o devedor pagamento
Inicial saldo restante mensal
devedor
0 10.000,00 - - 10.000,00 -
1 10.000,00 300,00 10.000,00 300,00
2 10.000,00 300,00 10.000,00 300,00
3 10.000,00 300,00 10.000,00 300,00
4 10.000,00 300,00 10.000,00 300,00
5 10.000,00 300,00 10.000,00 300,00
6 10.000,00 300,00 10.000,00 300,00
7 10.000,00 300,00 10.000,00 300,00
8 10.000,00 300,00 10.000,00 300,00
9 10.000,00 300,00 10.000,00 300,00
10 10.000,00 10.000,00 300,00 - 10.300,00
SOMAS 10.000,00 3.000,00 13.000,00

Caso os juros não sejam quitados mensalmente, mas acumulados para pagamento,
junto com o principal, ao fim do período, esses juros serão, mensalmente,
incorporados ao principal. Logo, serão capitalizados. Todavia, o conceito do SAA
é de juros simples porque, na medida em que esses juros não são pagos
(mensalmente), seja por contrato ou por decisão unilateral do mutuário, configura a
assumpção de “novo capital” sobre o qual novos juros serão calculados. Vejamos
como ficam os juros usando o exemplo precedente.

Amortização de um empréstimo pelo Sistema Americano JUROS


PAGOS AO FINAL JUNTAMENTE COM O PRINCIPAL

Dados do problema:
a) Valor do Principal 10.000,00
b) Taxa de juros ao ano 36% igual a 3% ao mês
c) Prazo para amortização 10 meses
d) Pagamento do principal e dos juros no final

26
PERÍCIA CONTÁBIL EM MATÉRIA FINANCEIRA – Prof. Remo Dalla Zanna (MS)

PEDE-SE fornecer a planilha que será inserida no texto do contrato a ser


assinado entre as partes.
RESPOSTA:
Neste nosso exemplo, o principal será restituído no final do período junto com
os juros que serão capitalizados todos os meses contratados, como se fossem
um novo capital emprestado. Este método de cálculos de juros é mais
conhecido como Método Hamburguês.

Progressão Juros sobre Saldo Valor do


Amortização
Períodos do Saldo o saldo devedor pagamento
do Principal
Devedor devedor restante mensal
1 10.000,00 - 300,00 10.300,00 -
2 10.300,00 309,00 10.609,00 -
3 10.609,00 309,00 10.918,00 -
4 10.918,00 327,54 11.245,54 -
5 11.245,54 337,37 11.582,91 -
6 11.582,91 347,49 11.930,39 -
7 11.930,39 357,91 12.288,31 -
8 12.288,31 368,65 12.656,95 -
9 12.656,95 379,71 13.036,66 -
10 13.036,66 391,10 13.427,76 -
SOMAS 10.000,00 3.427,76 13.427,76 -

Diferença entre pagar juros mensalmente (R$ 3.000,00) e juros pagos ao final do
período (R$ 3.427,76) igual a R$ 427,76 resulta de decisão do mutuário.

10.5.4. Outros Sistemas de Amortização menos usados.

Além da Tabela Price e do SACRE, há outras formas matemáticas de se contratar


um financiamento ou um empréstimo, de longo prazo, para devolução em prestações
mensais de valor constante, amortizando, concomitantemente, principal e juros. Tais
métodos são:
i. Juros Simples; e
ii. Método de Gauss... que são coisas diferentes. Veja o Capítulo 12.

10.6. Orientação Técnica

O profissional da perícia contábil em matéria financeira precisa ficar atento às


argumentações dos senhores patronos das instituições financeiras que, às vezes,
denominam, erroneamente, de Método Hamburguês ao Método Francês de
Amortização ou Tabela Price, gerando confusão nos autos. Esta confusão requer a
intervenção do perito para que tais conceitos sejam postos de forma clara a fim de
possibilitar, ao ilustre magistrado, prolatar uma sentença fundamentada na verdade
matemática dos fatos.

27
PERÍCIA CONTÁBIL EM MATÉRIA FINANCEIRA – Prof. Remo Dalla Zanna (MS)

Então, a postura profissional do perito, exercendo a atividade de perito judicial, será


no sentido de apresentar o seu Laudo Pericial Contábil atendendo ao que foi
determinado no r. despacho ou na sentença. Na ausência de orientação judicial a
respeito de como deve proceder aos cálculos, pedirá ao i. magistrado - verbalmente
ou por petição - orientação de como atuar ou, alternativamente, poderá apresentar
os cálculos de duas maneiras, com a capitalização mensal ou com a capitalização
anual dos juros ou sem capitalização alguma (juros simples não incorporados ao
capital mutuado) e sem ela, para que o i. magistrado decida o que for de direito.

Por outro lado, deve ficar patente que a perícia contábil em matéria financeira tem
seu fundamento legal no(s) contrato(s) objeto(s) da ação impetrada e não é o local
para discussões teóricas, sociais e filosóficas e, muito menos, se presta às
discussões jurídicas sobre as quais, por óbvio, o perito-contador não pode se
manifestar. Quando lhe forem impingidos quesitos que não forem absolutamente
técnicos e se referirem ao mérito, deve não respondê-los informando,
categoricamente, por que não o faz.

Espera-se que o profissional apure o exato valor devido pelo mutuário ou, em caso
inverso, qual seria o valor de repetição de indébito a que faria jus. Para atingir este
objetivo o profissional de perícia procede de duas formas como segue:

1ª Forma: - segundo os termos do contrato firmado para atender à condição pacta


sunt servanda, ou seja:
a) juros pela taxa fixada em contrato, geralmente x% ao ano, computados na
forma capitalizada mensalmente e amortização do saldo devedor mediante
aplicação da Tabela Price. Os cálculos serão feitos como de praxe, ou seja,
dividindo-se a taxa ao ano por 12 meses e, em seguida procedendo-se à
capitalização da mesma, deixando a discussão sobre anatocismo para os
advogados;
b) calcular a atualização monetária das prestações mensais como determinado
no contrato, ou seja, em se tratando, por exemplo, de contrato do Sistema
Financeiro da Habitação cujas prestações são reajustadas pelo Plano de
Equivalência Salarial por Categoria Profissional, o perito deve conhecer a
evolução do salário da categoria profissional a que pertence o mutuário para,
em seguida, calcular o valor mensal das prestações; se for de outra forma,
como pela variação do índice da Caderneta de Poupança (TR), calculará
conforme contrato;
c) apresentar os cálculos conforme metodologia prevista no Sistema Francês de
Amortização ou Tabela Price, ou seja, agregar ao saldo devedor o resultado
de sua atualização monetária ANTES de abater o valor correspondente ao
capital amortizado em cada mês.

28
PERÍCIA CONTÁBIL EM MATÉRIA FINANCEIRA – Prof. Remo Dalla Zanna (MS)

2ª Forma:- segundo as teses jurídico-financeiras esposadas pelo ilustre advogado


que representa os interesses do mutuário que, geralmente, requerem esses cálculos:
a) juros simples capitalizados apenas uma vez por ano, ao final de 12 (doze)
meses e, se e quando cabível, no fim do contrato pela quantidade de meses
inferior a 12 (doze);
b) considerar como taxa de juros ativos, na condição de taxa efetiva, de 12% ao
ano, ou seja: taxa efetiva de 0,9488791% ao mês se considerada a sua
descapitalização ou radiciação mensal como prevê o método aplicável à
Tabela Price;
c) calcular a atualização monetária das prestações mensais como requerido na
peça Inicial e/ou na formulação dos quesitos independentemente do
indexador e da metodologia contratada;
d) calcular a atualização monetária do saldo devedor como requerido na peça
Inicial e/ou na formulação dos quesitos usando, para tal cálculo, o indexador
pleiteado, mesmo que seja diverso do que foi contratado;
e) geralmente, pede-se ao perito-contador que exclua dos cálculos o CES –
Coeficiente de Equiparação Salarial – de 15% e quaisquer outros tipos de
encargos;
f) pede-se, também, que o perito judicial proceda ao cálculo do saldo devedor
mensal de forma diferente do que se faz com a Tabela Price, ou seja, deduzir
o valor dos pagamentos mensais, excluídos os valores pertinentes ao
seguro, diretamente do saldo devedor e só agregar juros uma vez por ano
conforme interpretação jurídico-aritmética da Lei da Usura;
g) alguns pedem para deduzir o valor dos pagamentos mensais (sem se
importarem quanto foi pago de juros e quanto de capital) diretamente do
saldo devedor ANTES de proceder-se ao cálculo da atualização monetária;
procedimento que descaracteriza a Tabela Price;
h) e outras teses jurídico-financeiras sempre muito criativas e também muito
trabalhosas para o perito judicial que, sempre, diferem do que foi contratado.

10.7. Exemplo de Laudo de Esclarecimentos juntado aos autos de um processo


cujo Laudo Pericial Contábil foi criticado por quem insiste em dizer que
o cálculo dos juros com base na Tabela Price é feito como se fossem
juros simples.

I - ESCLARECIMENTOS PARA ATENDER À PETIÇÃO DE FLS. 865/867


APRESENTADA PELA REQUERENTE

1 – Quanto ao Sistema Price – fls. 866

29
PERÍCIA CONTÁBIL EM MATÉRIA FINANCEIRA – Prof. Remo Dalla Zanna (MS)

SIM, o Sistema Price é um sistema de capitalização de juros.

A amortização de uma dívida pela “Tabela Price” representa uma amortização pelo método
francês, que envolve a definição de juros compostos. O Sistema da Tabela Price não implica,
necessariamente, em prestações mensais como geralmente se entende. As prestações podem ser
também trimestrais, semestrais ou anuais: basta que sejam iguais, periódicas, sucessivas e de
termos vencidos. Também é importante que se esclareça que a Tabela Price não implica
necessariamente taxas de juros de 1% ao mês (ou de 12% ao ano, como normalmente é indicado),
podendo ser definida para qualquer taxa.

Significado de “Série de Pagamentos Iguais e Sucessivos”

O valor das prestações na Tabela Price é determinado com base na mesma metodologia
matemática utilizada para "Séries de Pagamentos Iguais". Em relação a este sistema, é importante
saber que:
 o montante final é o resultado da soma dos montantes de cada uma das prestações
consideradas individualmente;
 o valor do financiamento/empréstimo é o resultado da soma dos valores presentes de cada
uma das prestações consideradas individualmente;
 cada prestação amortiza parte do principal e parte dos juros, ao longo do período,
extinguindo o capital e os juros devidos ao final do prazo contratado.

A capitalização dos juros se caracteriza pela apropriação de juros compostos sobre os valores
presentes de cada prestação e/ou pela incorporação da parcela de juros não liquidados pela
prestação, no saldo devedor acumulado.

Vamos, a partir de um exemplo, revelar a evolução de um empréstimo e de que forma ocorre a


capitalização composta dos juros, tanto nas prestações mensais, quanto no saldo devedor.

Exemplo: Um empréstimo deverá ser liquidado em 5 prestações mensais e iguais de R$ 1.000,00


cada, à taxa de juros de 10% ao mês, conforme fluxo de caixa abaixo. Calcular o valor
emprestado, ou seja, o valor presente na data do contrato.

S=?

1.000,00 1.000,00 1.000,00 1.000,00 1.000,00

O valor emprestado, como mencionado, corresponde à soma dos valores atuais de cada uma das
prestações, como segue:

P1 = 1.000,00 / (1,10)1 = 909,09


P2 = 1.000,00 / (1,10)2 = 826,45
P3 = 1.000,00 / (1,10)3 = 751,31
P4 = 1.000,00 / (1,10)4 = 683,01

30
PERÍCIA CONTÁBIL EM MATÉRIA FINANCEIRA – Prof. Remo Dalla Zanna (MS)

P5 = 1.000,00 / (1,10)5 = 620,92

Ptotal = P1 + P2 + P3 + P4 + P5 = 3.790,79

Pela aplicação da fórmula da Tabela Price, cálculos feitos sobre o valor emprestado, teríamos o
mesmo valor de prestação:

FÓRMULAS MATEMÁTICAS aplicáveis ao caso presente

(1  i ) n  i (1  0,10) 5  0,10
R  P R  3.790,79   1.000,00
(1  i ) n  1 (1  0,10) 5  1

As equações acima já demonstram que o valor da prestação é obtido pela apropriação de juros
compostos sobre seus respectivos valores presentes (parcela do capital):

S1 = P1 x (1 + i ) n = 909,09 x 1,101 = 1.000,00


S2 = P2 x (1 + i ) n = 826,45 x 1,102 = 1.000,00
S3 = P3 x (1 + i ) n = 751,31 x 1,103 = 1.000,00
S4 = P4 x (1 + i ) n = 683,01 x 1,104 = 1.000,00
S5 = P5 x (1 + i ) n = 620,92 x 1,105 = 1.000,00

St = S1 + S2 + S3 + S4 + S5 = 5.000,00

As parcelas de juros que são amortizados em cada prestação correspondem à diferença do valor
total da prestação (montante) do seu valor presente (capital).

J1 = 1.000,00 - 909,09 = 90,91


J2 = 1.000,00 - 826,45 = 173,55
J3 = 1.000,00 - 751,31 = 248,69
J4 = 1.000,00 - 683,01 = 316,99
J5 = 1.000,00 - 620,92 = 379,08

J total = J1 + J2 + J3 + J4 + J5 = 1.209,21

Vejamos a seguir um quadro que demonstra a composição de cada prestação:

QUADRO 1
n.º Principal Juros Prestação
amortizado Amortizados total

1 909,09 90,91 1.000,00


2 826,45 173,55 1.000,00
3 751,31 248,69 1.000,00
4 683,01 316,99 1.000,00
5 620,92 379,08 1.000,00
3.790,79 1.209,21 5.000,00

Vejamos no quadro seguinte como normalmente se dá a evolução deste financiamento:

31
PERÍCIA CONTÁBIL EM MATÉRIA FINANCEIRA – Prof. Remo Dalla Zanna (MS)

QUADRO 02

n.º Prestação Saldo Anterior Juros Amortização Saldo Final

0 3.790,79
1 1.000,00 3.790,79 379,08 620,92 3.169,87
2 1.000,00 3.169,87 316,99 683,01 2.486,85
3 1.000,00 2.486,85 248,69 751,31 1.735,54
4 1.000,00 1.735,54 173,55 826,45 909,09
5 1.000,00 909,09 90,91 909,09 (0,00)

Em um sistema de amortização de prestações iguais e sucessivas, tanto o capital emprestado


quanto os juros são amortizados ao longo do período contratado, extinguindo-se, a divida toda,
com o pagamento da última prestação. A forma tradicional de demonstração da evolução do
saldo devedor, onde se tem a parcela de amortização pela diferença entre a prestação e os juros
apurados no mês, "camufla" a incidência da capitalização composta dos juros. Esta forma de
demonstração não prejudica o resultado matemático, justamente pelo fato de os juros estarem
incorporados ao capital: debita-se a prestação, que é composta de capital e juros, do saldo
devedor existente, que também é composto de capital e juros. Vejamos no quadro a seguir como
ocorre a incorporação dos juros no saldo devedor, período a período.

QUADRO 3

n.º Capital Capital Capital Juros do Juros Juros Juros Saldo final
Saldo pago Saldo mês acumu- pagos Saldo (Capital +
anterior lados Juros)

0 3.790,79 3.790,79

1 3.790,79 909,09 2.881,70 379,08 379,08 90,91 288,17 3.169,87

2 2.881,70 826,45 2.055,25 316,99 605,16 173,55 431,60 2.486,85

3 2.055,25 751,31 1.303,93 248,69 680,29 248,69 431,60 1.735,54

4 1.303,93 683,01 620,92 173,55 605,16 316,99 288,17 909,09

5 620,92 620,92 90,91 379,08 379,08 (0,00) (0,00)

Juros sobre capital Juros reincorporados


acrescidos dos juros ao Saldo Devedor
acumulados

32
PERÍCIA CONTÁBIL EM MATÉRIA FINANCEIRA – Prof. Remo Dalla Zanna (MS)

A incorporação de juros ao saldo não fica visível após amortizar o primeiro pagamento. Nas
prestações seguintes, observa-se que os juros não amortizados retornam ao saldo devedor para
compor a base de cálculo dos juros do período posterior. À medida que o valor da parcela de
amortização da prestação vai diminuindo, a parcela de juros da prestação vai aumentando,
resultado que promove a perfeita liquidação do saldo devedor no prazo contratado.

Quanto ao segundo pedido de esclarecimentos informa-se que os Sistemas Price – Sistema de


Prestações de Valor Igual e SAC - Sistema de Amortizações Constantes - são diferentes.

As prestações no Sistema Price (desconsiderada a eventual atualização monetária mensal) são


sempre as mesmas de maneira que servem para um melhor planejamento dos desembolsos do
mutuário. Sendo calculadas com base no fator de capitalização, consegue-se: (i) para pagar o
capital: amortizações variadas, de valor crescente; e (ii) para pagar os juros: quantias variadas, de
valor decrescente. As prestações são por um valor constante, pois agregam, em um só
pagamento, capital e juros. No Sistema Francês de Amortização, as prestações são por valor
constante; mas. são crescentes as amortizações de capital e decrescentes as contribuições na
forma de juros.

Já o valor unitário das prestações calculadas pelo SAC, por causa da fórmula usada para calculá-
las (desconsiderada a atualização monetária mensal), são de valor unitário sempre decrescente.
Paga-se mais na primeira prestação e a redução do valor pago acontece em cada mês,
paulatinamente, até a última parcela. Então, no SAC, temos amortizações constantes do capital
devido e, por isso, o valor das prestações varia e é menor em cada período, pois agregam juros
calculados somente sobre o saldo do capital devido na data. É a aplicação matemática do conceito
de progressão aritmética enquanto que o conceito matemático aplicado ao Sistema Francês de
Amortização – Tabela Price - é de progressão geométrica. Este é o motivo que faz com que o
SAC não capitalize juros, resultando, pois, em menor pagamento deles que no Sistema Price.
Mas, isto é muito óbvio na medida em que pelo SAC o mutuário amortiza o principal emprestado
com mais rapidez que pela Tabela Price.

II - ESCLARECIMENTOS PARA ATENDER À PETIÇÃO DE FLS. 874/875


APRESENTADA PELO BANCO REQUERIDO.

1 – Petição às fls. 798/799 do banco Réu:

(1) O parecer técnico do i. Assistente Técnico do banco, pessoa de grandes dotes


profissionais, no caso da TABELA PRICE, esposa um conceito matemático equivocado.
Este equívoco está demonstrado às págs. 2 a 7 deste Laudo de Esclarecimentos.

(2) Quanto aos quesitos elucidativos apresentados:

1) O perito judicial afirmou que ocorreu anatocismo em 8 do 19 contratos


celebrados entre as partes, mas especifica apenas as diferenças decorrentes da
capitalização de juros em quatro desses contratos (diferenças de R$ 817,21,
referente ao contrato celebrado em 17/11/1995, s/nº - fls. 688; R$ 347,15,
referente ao contrato celebrado em 18/1/1996, n.º 549.800-0 - fls. 689; R$
262,63, referente ao contrato celebrado em 17/4/1996, s/nº - fls. 689; R$ 479,08,
33
PERÍCIA CONTÁBIL EM MATÉRIA FINANCEIRA – Prof. Remo Dalla Zanna (MS)

referente ao contrato celebrado em 17/5/1996, nº 551.409-0 – fls. 690). Sem


prejuízo da possibilidade de retificação do laudo em razão das considerações
alinhavadas pelo assistente técnico do Réu, pede-se ao perito judicial que
indique o montante das diferenças decorrentes da afirmada capitalização de
juros nos quatro outros contratos (contratos celebrados em 22/10/1998, nº
9610/1335-1; em 3/10/1997, nº 9710/4532-7; em 3/10/1997, nº 9710/4530-0; em
29/3/1999 e 19/4/1999, nº 9903/5485-0) posto não mencionadas.

ESCLARECIMENTOS:

Para o contrato abaixo

Valores em Reais
Tipo de N.º do Valor do Indexa Vide fls.
Data contrato Data Vcto Taxa
contrato contrato contrato dor
22/10/96 21/10/97 2,50% Mútuo 9610/1335-4 2.500.000,00 Pré 129, 216 e
(um ano) parcelado fixado 209 a 216

Metodologia utilizada pelo banco para apuração dos juros nesta linha de crédito:
1) taxa nominal de 2,50% ao mês;
2) “... os encargos serão calculados dia-a-dia, exponencialmente...” - vide fls. 210;
3) portanto, 2,50%/30 dias resultam em 0,083333% ao dia que, capitalizados por trinta dias
correspondem à taxa efetiva de 2,530434% ao mês;
4) juros calculados pro rata die;
5) o contrato foi feito para ser pago em 8 (oito) parcelas mensais após 4 (quatro) meses de
carência. O plano de pagamentos e os juros agregados ao Principal estão revelados no
ANEXO nº. 02 que integra a resposta a este quesito;
6) neste contrato, está configurado o anatocismo.

Para este contrato, pede-se que o perito judicial indique o montante da diferença decorrente
da afirmada capitalização de juros.

Pois bem, o montante da diferença caso tivesse sido aplicado o critério de juros simples, é de
R$ 125.637,18. Este valor foi pago a mais pela empresa Autora pelo fato de o contrato não
ter sido assinado com a condição de que os juros cobrados fossem de forma não capitalizada.
Vide cálculos no ANEXO nº 02 modificado nesta segunda fase de esclarecimentos.

Para o contrato abaixo

Valores em Reais
Data Tipo de Valor do Indexa
Data Vcto Taxa N.º do contrato
contrato contrato contrato -dor
28/09/98 2,3406% Mútuo 9710/4532-7 1.645.500,00 Pré
03/10/97 (um ano) Vide fls. 140 e fls.188

Metodologia utilizada pelo banco para apuração dos juros nesta linha de crédito:
1) Garantia: Nota Promissória;
2) Juros a serem pagos no final do contrato de um ano de prazo, exatamente 360 dias (ano
comercial);
34
PERÍCIA CONTÁBIL EM MATÉRIA FINANCEIRA – Prof. Remo Dalla Zanna (MS)

3) “... os encargos serão calculados dia-a-dia, exponencialmente...” - vide fls. 188;


4) Taxa nominal de 2,3406% ao mês (mês de 30 dias);
5) Neste contrato, está configurado o anatocismo.
6) Vide ANEXO nº 03.

Também para este contrato, pede-se que o perito judicial indique o montante da diferença
decorrente da afirmada capitalização de juros.

Pois bem, o montante da diferença caso tivesse sido aplicado o critério de juros simples é de
R$ 64.393,00. Este valor foi pago a mais pela empresa Autora pelo fato do contrato não ter
sido assinado com a condição de que os juros cobrados fossem de forma não capitalizada.
Vide cálculos no ANEXO nº. 03 modificado nesta segunda fase de esclarecimentos.

Para o contrato abaixo:

Valores em Reais
Data Tipo de Valor do Indexa
Data Vcto Taxa N.º do contrato
contrato contrato contrato -dor
03/10/97 23/09/99 2,2104% Mútuo 9710/4530-0 3.839.500,00 Pré
(dois anos) Vide fls. 140 e fls.
157/8 e fls. 199/200

Metodologia utilizada pelo banco para apuração dos juros nesta linha de crédito:
1) Garantias: Nota Promissória no valor de R$ 6.488.688,45:
Aplicação Financeira vinculada (Swap/Hedge) no valor de R$ 1.097.000,00. Vide fls. 200
a 204; e Hipoteca;
2) Juros a serem pagos no final do contrato de dois anos de prazo, exatamente 720 dias (ano
comercial);
3) “... os encargos serão calculados dia-a-dia, exponencialmente...” - vide fls. 199;
4) Taxa nominal de 2,2104% ao mês (mês de 30 dias);
5) Neste contrato, está configurado o anatocismo;
6) Vide ANEXO nº. 04.

Também para este contrato, pede-se que o perito judicial indique o montante da diferença
decorrente da afirmada capitalização de juros.

Pois bem, o montante da diferença caso tivesse sido aplicado o critério de juros simples é de R$
612.346,95. Este valor foi pago a mais pela empresa Autora pelo fato do contrato não ter sido
assinado com a condição de que os juros cobrados fossem de forma não capitalizada. Vide
cálculos no ANEXO nº 04 modificado nesta segunda fase de esclarecimentos.

Para o contrato abaixo:

Valores em Reais
Data Tipo de Valor do Indexa
Data Vcto Taxa N.º do contrato
contrato contrato contrato -dor
29/03/99 29/11/99 3,90% Mútuo em 8 9903/5485-0 1.985.200,00 Pré
e repactuada em (oito) Vide fls. 163 a 166
29/04/99 3,50% parcelas 2º aditivo às fls. 168

35
PERÍCIA CONTÁBIL EM MATÉRIA FINANCEIRA – Prof. Remo Dalla Zanna (MS)

Metodologia utilizada pelo banco para apuração dos juros nesta linha de crédito:
1) Taxa nominal de 3,50% ao mês;
2) Método Francês de Amortização, ou seja: Tabela Price - vide às fls. 164 esta condição
mencionada com outras palavras;
3) O contrato foi feito para ser pago em 8 (oito) parcelas mensais. O plano de pagamentos e
os juros agregados ao Principal estão revelados no ANEXO nº. 05; que integra e completa
a resposta a este quesito;
4) O Plano de Pagamentos não foi cumprido pela empresa Ré. Do total de R$ 2.310.400,72
(oito prestações mensais, consecutivas, à taxa de 3,50% ao mês) foram pagos R$
631.006,43. Da diferença de R$ 1.679.394,29 o banco Réu abateu a quantia de R$
328.302,36 relativa a juros embutidos nas prestações futuras e debitou na conta corrente
de movimento da empresa Autora - em 30/08/99 - a importância de R$ 1.351.091,93
quitando este contrato financeiro como tal e gerando um saldo devedor a
descoberto, de R$ 1.350.805,11;
5) Neste contrato, NÃO está configurado o anatocismo porque o cálculo feito pela
Tabela Price implica em capitalização de juros que é um conceito diferente de
anatocismo.

Também para este contrato, pede-se que o perito judicial indique o montante da diferença
decorrente da afirmada capitalização de juros.

Pois bem, o montante da diferença caso tivesse sido aplicado o critério de juros simples é de R$
82.015,00. Este valor, segundo as teses esposadas pelos ilustres advogados que defendem os
interesses da empresa mutuante, foi pago a mais pela Autora. Todavia, este auxiliar não
compactua com as teses jurídico/financeiras que deram origem ao valor acima. Vide
cálculos no ANEXO nº. 05 modificado nesta segunda fase de esclarecimentos.

2) Considerando os documentos examinados e as conclusões expostas no laudo


pericial, sem prejuízo da possibilidade de sua retificação em razão das
considerações alinhavadas pelo assistente técnico do Réu, pede-se ao perito que
responda se o há saldo devedor em favor do Banco e em quanto monta, nas datas
respectivas (28/1/2001 e 23/9/1999), o saldo devedor em aberto, abatidas as
diferenças decorrentes da afirmada capitalização de juros.

ESCLARECIMENTOS:

Este auxiliar entende que existem várias questões de mérito a serem definidas para, somente após
estarem claramente parametrizadas em r. sentença judicial, elaborar cálculos que definirão se “...
há saldo devedor em favor do Banco e em quanto monta, nas datas respectivas (28/1/2001 e
23/9/1999), o saldo devedor em aberto, abatidas as diferenças decorrentes da afirmada
capitalização de juros...” como supra solicitado, e outras questões a critério do MM. Juiz,
ficando, assim, prejudicado pedido de esclarecimentos.

Dentre as questões ventiladas pela empresa Autora, algumas delas estão relacionadas à
subordinação dos contratos às leis citadas na peça Inicial, e, por certo, estas questões necessitam
de solução judicial antes de se fazer quaisquer cálculos para conhecer, com precisão, os valores
devidos pela empresa Autora ao banco Réu, ou vice-versa, pois seriam inócuos nesta fase
instrutória. Dentre os pontos objeto de decisão de mérito e s.m.j., há os seguintes:

36
PERÍCIA CONTÁBIL EM MATÉRIA FINANCEIRA – Prof. Remo Dalla Zanna (MS)

 excluir a capitalização dos juros durante todo o processo de financiamentos encadeados,


desde o primeiro, ou seja, desde a operação em moeda estrangeira conhecida como “63”;

 reconhecer como sendo inadequado e ilegal o “spread” que superar o percentual de 20%
(vinte centésimos) do custo de captação do banco Réu, custo este parametrizado pela
renda paga - por ele mesmo - aos investidores em “CDB pré-fixado”.

Além disso, para que não se perca o norte da prova pericial, reproduzimos, abaixo, a r.
sentença que a determinou: “A base da controvérsia está em verificar a licitude ou não dos
critérios do credor, na aplicação dos acessórios ao principal da dívida, questões que, à
evidência, demandam instrução.”

2 – Petição às fls. 823/825 da Autora:

Este auxiliar confirma a sua não concordância com o alegado na petição acima citada, pois em
desacordo com os termos da r. sentença que determinou a produção da prova pericial.

Esclarece-se que recalcular a dívida de 19 contratos tão diversos entre si, como se fosse uma
única conta corrente garantida, popularmente chamada de “cheque especial” é um absurdo
matemático. Os termos do quesito nº. 9, como apresentado, não carecem de interpretação
posterior à sua juntada aos autos e sua forma matemática para atendê-lo inexiste.

A ilustre Sra. Assistente Técnica da empresa Autora teve a oportunidade de subsidiar o MM.
Juízo, oferecendo, ela mesma, na oportunidade da apresentação de suas críticas
complementares ou adicionais (fls. 868/871), os cálculos do “encadeamento de todos os
contratos pelo método hamburguês” como se fosse de uma única conta-corrente do tipo “conta-
corrente garantida”, popularmente conhecida como “Cheque Especial”, mas não o fez.
Deveria, então e pelo menos, dizer por que não satisfez à vontade de seu próprio cliente.

A VERDADE É QUE não sendo uma conta corrente garantida, o método hamburguês não se
aplica aos 19 contratos questionados nesta ação.

No final da r. petição (fls. 825), consta:

“... ou, pelo menos, que informe se as planilhas de fls. 760/764 atendem
adequadamente aos critérios explicitados no referido quesito nº 09. De qualquer
sorte, pede-se ao perito que informe qual seria o método para fazer o expurgo das
ilegalidades detectadas a fim de se encontrar o saldo legalmente devido.”

Pois bem, vamos esclarecer os dois itens colocados no texto acima como segue:

a. quanto a informar se as planilhas de fls. 760/764 atendem adequadamente aos critérios


explicitados no referido quesito nº 09 este auxiliar alega que não é tarefa pericial prevista
no CPC dizer se está de acordo ou não com cálculos elaborados por outrem, ou seja, o
processo judicial e o laudo contábil não são locais semelhantes a uma sala de aula
em que são feitas provas, testes e avaliações para que o professor saiba quanto de
acerto ou de erro contém determinado trabalho técnico realizado por um seu aluno,
como se pretende no caso presente;
37
PERÍCIA CONTÁBIL EM MATÉRIA FINANCEIRA – Prof. Remo Dalla Zanna (MS)

b. quanto ao método para fazer o expurgo das ilegalidades detectadas a fim de se encontrar o
saldo legalmente devido, esclarece que, depois de conhecidas estas ilegalidades
conforme r. sentença que as determinará, seja quanto à extensão temporal de sua
aplicação, como no que tange aos percentuais a serem aplicados, em cada um dos 19
(dezenove) contratos e segundo a natureza de cada um, o seu efeito será conhecido
mediante cálculos.

Pensamento deste auxiliar da Justiça: as críticas feitas e as complementações


solicitadas, só têm valor prático se e quando focadas na r. decisão judicial que
determinou o escopo da prova pericial. Mais que isso, poderia ser avaliado com
um ato que exorbita as funções periciais.

3 – Petição às fls. 837/838 do banco Réu:

A petição acima citada objetiva obter do perito os seguintes esclarecimentos:

(1) prestar novos esclarecimentos, manifestando-se acerca do parecer apresentado pelo


assistente técnico do Réu,

ESCLARECIMENTOS:

A questão relevante abordada pelo i. Assistente Técnico do banco Réu é a respeito da Tabela
Price ser ou não ser um sistema de juros capitalizados. Pois bem, este assunto já está esclarecido
às páginas 2 a 7 deste Laudo de Esclarecimento n.º 2.

(2) responder aos quesitos complementares apresentados às fls. 798/799, aqui reiterados.

ESCLARECIMENTOS:

Esses dois quesitos complementares foram respondidos às páginas 8 a 11 deste Laudo de


Esclarecimentos nº 2.

4 – Críticas do i. Assistente Técnico do banco Réu a respeito do


Laudo de Esclarecimentos, o primeiro, às fls. 841/862:

Afastados os comentários e/ou críticas que abordam questões de mérito para as quais este
auxiliar, por força de sua função nos autos, não está autorizado a se manifestar, esclarece-se que
o i. Assistente Técnico tem uma visão sobre a Tabela Price em desacordo com as demonstrações
matemáticas apresentadas às páginas 2 a 7 deste Laudo de Esclarecimento e, obviamente, este o
abaixo assinado com elas não concorda.

5– Petição às fls. 874/875 do banco Réu:

38
PERÍCIA CONTÁBIL EM MATÉRIA FINANCEIRA – Prof. Remo Dalla Zanna (MS)

Salvo melhor juízo, nada mais há para ser esclarecido por este auxiliar, pois:

1. “... a respeito da pertinência e correção das considerações alinhavadas por uma e


outra parte, com ampla e completa justificação das respostas, informando as teorias
matemáticas e/ou métodos de análise de que é adepto (e utiliza) e se existem outras
teorias matemáticas e/ou métodos de análise que, se utilizados, implicariam em
respostas diversas ...”

... já tudo foi esclarecido.

No mais, trata o texto acima, de hipóteses sobre outras teorias matemáticas, etc.

Ora, a matemática é uma ciência exata e este auxiliar não laborou e não labora agora sobre
hipóteses, mas apenas e tão somente, sobre os termos de cada um dos 19 contratos submetidos
aos exames periciais. No mais, s.m.j., a discussão acadêmica de hipóteses não é função deste
auxiliar que foi nomeado para produzir uma prova pericial e não para desenvolver hipóteses
acadêmicas.

10.8 – Exemplo de Laudo Pericial Contábil em ação de reintegração de posse


promovida pela construtora e vendedora do apartamento.

EXCELENTÍSSIMO SR. DR. JUIZ DE DIREITO DA 66ª VARA CÍVEL DA COMARCA DE


GUARULHOS - SP

(Deixar, pelo menos, dez espaços para o MM. Juiz lançar o despacho).

PROCESSO nº. 01.2000.000000-6 – n° de ordem 1111/44


AÇÃO : ORDINÁRIA de RESOLUÇÃO CONTRATUAL etc.
Requerente: Roque Ltda.
Requeridos: Márcio e sua mulher

REMO DALLA ZANNA, Contador com CRC nº.


1SP039143/O-9, Economista com CORECON nº. 4.663, nomeado às fls. 7315 para a honrosa
missão de Perito Contador, vem, mui respeitosamente à presença de V. Exa. para APRESENTAR
o resultado de seu trabalho, nos termos do presente...

LAUDO PERICIAL CONTÁBIL

... para o qual requer sua juntada aos autos

Termos em que
Pede Deferimento
São Paulo, 9 de outubro de 2007.

39
PERÍCIA CONTÁBIL EM MATÉRIA FINANCEIRA – Prof. Remo Dalla Zanna (MS)

ÍNDICE

Capítulos página
I – Breve histórico deste processo segundo o escopo da perícia 3
II – Responsabilidade Profissional e Metodologia 7
III – Considerações acerca do Contrato celebrado entre as Partes 10
IV – Quesitos do Autor 14
V – Quesitos do Réu 20
VI – Comentários Técnicos e Considerações Finais 32
VII – Encerramento 33

I - BREVE HISTÓRICO DESTE PROCESSO


SEGUNDO O ESCOPO DA PERÍCIA

1 - Trata-se de Ação Ordinária de Resolução Contratual cumulada com Reintegração de Posse e


Indenização por Perdas e Danos, onde a Autora (fls. 2/7) alega que:
 Comprometeu-se a vender aos Requeridos, e estes, dela comprar, o apartamento nº. 424,
do edifício Brás Cubas, Residencial Machado de Assis, localizado à Avenida Rotary,
5585, Jardim Vila Augusta, com área útil de 54,66 m2, e uma vaga indeterminada na
garagem, mediante cláusulas e condições firmadas no instrumento particular de
compromisso de venda e compra datado de 15/04/1995, em plena vigência do Plano Real
que foi instituído no dia 01/07/1994.
 O preço certo e ajustado pela venda acima noticiada foi de R$ 43.500,00 (quarenta e três
mil e quinhentos reais), com a parte parcelada sujeita a juros de 1% ao mês e atualização
monetária pelo Índice de Preços ao Consumidor – real - IPC-r.
 O preço foi contratado para ser pago da seguinte forma:
 Parcelamento da entrada:
o R$ 5.000,00 – a título de sinal e princípio de pagamento; e
o R$ 6.000,00 – em 25/04/1995;
 Parcelamento do saldo remanescente do preço:
o De 01/05/1995 a 01/04/2000 – 60 (sessenta) parcelas mensais e sucessivas
no valor de R$ 722,94 cada uma, já inclusos juros calculados pela Tabela
Price à razão de 12% ao ano;
 Disse que recebeu dos Requeridos até a data da propositura desta ação (protocolada em
19/06/2000), as seguintes parcelas:
 R$ 5.000,00 em 15/04/95;
 R$ 6.000,00 em 25/04/95;
 mais 52 (cinqüenta e duas) parcelas, de n°. 01 a 52 de um total de 60 (sessenta)
cobrindo o período de 01/05/95 a 01/08/99, no valor de R$ 722,94, cada, todas
corrigidas pelo IPC-r, conforme contrato.
 Disse, ainda, que os Requeridos descumpriram o pactuado na cláusula 7ª, do referido
compromisso, deixando de saldar as 8 (oito) parcelas, as de nº. 53 a 60, vencidas de
01/09/1999 a 1/02/2000, de R$ 722,94 cada, e que também não recebeu o resíduo
contratual do período de 06/96 a 02/97, no valor de R$ 1.352,57.
 Disse que os valores correspondentes ao itens abaixo:
(i) prestações impagas, mais
(ii) resíduo do saldo, com correspondentes
40
PERÍCIA CONTÁBIL EM MATÉRIA FINANCEIRA – Prof. Remo Dalla Zanna (MS)

(iii) acréscimos de multa de 10%,


(iv) juros de mora e
(v) correção monetária, tudo
(vi) atualizado até 29 de fevereiro de 2000,
... importam em R$ 12.021,79.
 Com a inadimplência acima reportada, disse que os Requeridos responderiam, também,
por perdas e danos configurando a necessidade de indenizarem-na por danos emergentes e
lucros cessantes.
 Ao final, aos efeitos desta prova pericial, pediu:
1. Reintegração da posse do apartamento,
2. A título de indenização por perdas e danos pediu valor correspondente aos
aluguéis a que teria direito a Autora caso o imóvel estivesse disponível para
ser alugado, mais o valor correspondente aos prejuízos decorrentes de sua
ocupação em face de sua depreciação pelo uso,
3. Compensação, a favor dos Réus, das importâncias por eles pagas conforme
acima informado.
 O Instrumento Particular de Promessa de Venda e Compra de Imóvel e outras Avenças
está às fls. 14/27.

2 - Os Réus foram citados em 29/11/2000. Vide verso da fl. 56.


A Contestação oferecida foi juntada no dia 08/01/2001 – Vide fls. 58/67. Em síntese e no que
tange a esta prova pericial alegaram que:
 Em meados de 07/94 o índice pactuado – IPC-r - foi extinto e que houve a proibição da
utilização do índice das Cadernetas de Poupança para a indexação de quaisquer contratos
entre particulares. Disse ainda que, para o caso, somente teria restado como indexador
adequado o IGP-M da Fundação Getúlio Vargas.
 Que desde o primeiro momento, a Requerente indexou a dívida mensal pelo chamado
“índice cheio” das Cadernetas de Poupança e que este procedimento está equivocado, pois
o conceito de “índice cheio” engloba juros mensais de 0,5% capitalizados com a
atualização monetária equivalente à variação mensal da Taxa Referencial. Portanto, ao se
utilizar deste “índice cheio” a Requerente teria acumulado juros da Caderneta de
Poupança de 0,5% ao mês com os juros de 1% ao mês, previstos no contrato.
 Que este procedimento: uso da Tabela Price, mais juros de 0,5% das Cadernetas de
Poupança e mais juros de 1% do contrato, tudo indexado pela TR, teria gerado o ilícito
conhecido como ANATOCISMO.
 Em função destas constatações, pediu:
(i) aplicação de penalidade em face de ser, a Autora, litigante de má fé;
(ii) devolução dos valores cobrados a maior em conformidade com o previsto
no CDC;
(iii) indenização por dano moral em face dos constrangimentos a que foram
submetidos os Requeridos;
(iv) perícias documental e contábil.
 Também juntou cópia autenticada do Instrumento Particular de Promessa de Venda e
Compra de Imóvel e outras Avenças (fls. 69/82) que houvera sido juntado pela Autora às
fls. 14/27. Anexou, ainda, cópias de Notas Promissórias, boletos e recibos pagos. Vide fls.
83/132 e 136/138.

3 - Em seguida, os Réus apresentaram Reconvenção (fls. 161/171) com a qual, aos efeitos desta
prova pericial contábil, requereram:

41
PERÍCIA CONTÁBIL EM MATÉRIA FINANCEIRA – Prof. Remo Dalla Zanna (MS)

 decretação de nulidade para o uso do chamado “índice cheio” das


Cadernetas de Poupança;
 trocar a multa de 10% para 2%;
 indexar as prestações e o saldo devedor pelo IGP-M da Fundação Getúlio
Vargas;
 amortizar, por primeiro, a parcela paga em cada mês, para depois,
atualizar monetariamente o saldo devedor;
 outros pedidos pertencentes ao mérito.

4 - A Autora apresentou sua Réplica às fls. 266/278 e, com ela, disse:


- que o índice pactuado foi o ICP, ou seja, Índice da Caderneta de Poupança que
compreende juros de 0,5% ao mês mais correção monetária pela TR, para ser
aplicação no dia primeiro de cada mês;
- que não cabe a alteração da multa de 10% para 2% pois à época da assinatura do
contrato o CDC não estava em vigor;
- que, segundo seus argumentos, inexiste o alegado ANATOCISMO;
- e que o método da Tabela Price não prevê o cálculo com o qual se faria a dedução da
parcela paga antes de se proceder à correção monetária do saldo devedor.

5 – A Autora, em seguida, apresentou Contestação à Reconvenção (fls. 279/292) com a qual


alegou improcedência da mesma e a prevalência do conceito “pacta sunt servanda”, ou seja:
(i) que o índice de atualização monetária, o ICP, foi contratado livremente entre as partes
e que, por isso, não cabe sua substituição por outro;
(ii) que inexiste a cobrança de juros capitalizados no cálculo do saldo devedor a ensejar a
prática do ANATOCISMO;
(iii) que não há cobrança de juros superiores a 1% ao mês, sem dizer, porém, se este
percentual corresponde à taxa de juros nominais ou de juros efetivos;
(iv) que o percentual de 10% de multa foi pactuado antes da vigência da lei que estabelece
os direitos do consumidor.

6 – Instadas a dizerem que outras provas pretendiam produzir, a Autora disse que nenhuma outra
seria necessária. Já os Réus, às fls. 313, pediram a realização de perícia contábil para os seguintes
prontos controvertidos:
a) indexador contratual; e
b) anatocismo.
A prova foi deferida às fls. 322.
A Autora indicou assistente técnico e apresentou quesitos às fls. 323/324.
Os Réus não indicaram assistente técnico e apresentaram quesitos às fls. 328/329; idem às fls.
334/335.

II - RESPONSABILIDADE PROFISSIONAL E METODOLOGIA

O escopo da prova pericial contábil é comunicar às partes


interessadas, em linguagem simples, os fatos observados sob
a ótica da Ciência Contábil (uma das ciências humanas),
dentro de uma filosofia que permita aproveitar os fatos
observados, mercê dos exames procedidos, para o
esclarecimento dos pontos dúbios e revelar a verdade que se
quer conhecer.
42
PERÍCIA CONTÁBIL EM MATÉRIA FINANCEIRA – Prof. Remo Dalla Zanna (MS)

01 - O trabalho investigativo que permitiu produzir esta prova foi conduzido, no que foi
possível e aplicável, dentro dos limites técnicos determinados pelas Normas Brasileiras de
Contabilidade - NBC-T13 - DA PERÍCIA CONTÁBIL e - NBC-P2 - NORMAS
PROFISSIONAIS DE PERITO CONTÁBIL, aprovadas, respectivamente, pelas Resoluções nº.
858/99 e 857/99 do CONSELHO FEDERAL DE CONTABILIDADE, ambas datadas de
21.10.1999. Os procedimentos adotados tiveram como objetivo fundamental a elaboração deste
Laudo Pericial Contábil, abrangendo, pois, segundo a natureza e a complexidade da matéria aqui
tratada, o exame, a indagação ou pesquisa, a investigação, a mensuração e a certificação, como
previsto na NBC -T13 supracitada.

02 - Na parte econômica desta prova pericial, foi dada a devida atenção à Lei 1.411, de 13 de
Agosto de 1.951 com a nova redação dada pela Lei Federal nº. 6.021, de 03 de Janeiro de 1974,
ao Decreto nº. 31.794, de 17 de Novembro de 1.952, que tratam da profissão do Economista; e
às posteriores resoluções do COFECON - Conselho Federal de Economia.

03 - Analisou-se o sistema de argumentação e contra-argumentação usado nesta lide, a sua


lógica e a sua coerência com a prática e com os usos e costumes aplicados a investigações
periciais de cunho contábil, financeiro e econômico, em casos congêneres, ou seja, indexação de
dívidas (da prestação mensal e do saldo devedor), cobrança de juros na normalidade e cobrança
de encargos na inadimplência e demais elementos objeto de controvérsias.

04 - As partes foram notificadas, por carta, do início dos trabalhos conforme preceitua o Art.
431-A do CPC e foram convidadas a participar dos trabalhos periciais contribuindo com o
levantamento de informações, fornecimento de documentos e apresentação de argumentos
técnico/contábeis que entendessem oportunos fazer a este auxiliar de V. Exa., para que o Laudo
pudesse apresentar os requisitos intrínsecos (qualitativos) de “ser completo”, “ser claro e
funcional”, “ser delimitado ao objeto de perícia” e “ser fundamentado” evitando-se, assim, se
possível for, a fase instrutória dos “esclarecimentos”.

05 – Deve ficar patente que a perícia judicial com naturezas contábil, financeira, econômica
e fiscal, tem seu fundamento legal na escrituração contábil das Pessoas Jurídicas, quando
empresas ou sociedades civis assemelhadas; nos documentos de controle pessoal e nas
declarações de rendimentos das Pessoas Físicas, quando de pessoas naturais; e nos documentos
acostados aos autos do processo. Na ausência destas condições técnicas previstas na legislação
comercial e fiscal, o Perito Judicial, para atingir seu escopo, vale-se das prerrogativas inscritas no
Art. 429 do CPC e passa a usar as alternativas nele previstas, como neste caso, em que se cuida
de apurar, principalmente, o exato valor devido pelos Réus segundo duas posturas técnicas. A
primeira para atender ao conceito de “pacta sunt servanda” e a segunda para atender às teses
jurídico/financeiras esposadas pelos ilustres causídicos que atendem aos interesses dos Réus.

06 – Não houve necessidade de diligências externas, pois as pesquisas foram conduzidas pela
Internet. Foram considerados os r. despachos e os documentos constantes nos autos deste
processo os quais foram considerados suficientes para elaborar esta prova pericial. Assim
sendo, foi possível formar a convicção técnica que permitiu responder às questões formuladas por
ambas as Partes.

07 - Apresentamos no quadro abaixo a relação dos DOCUMENTOS e ANEXOS que fazem


parte e integram a presente prova pericial contábil.
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PERÍCIA CONTÁBIL EM MATÉRIA FINANCEIRA – Prof. Remo Dalla Zanna (MS)

Número do
DOCU – Assunto(s) tratado(s) em cada um
MENTO
Carta enviada à i. patrona da Autora para atender ao que determina o art. 431-A da
01
Lei nº 10.358, de 27/12/2001.
Não tendo sido encontrada a destinatária, o envelope foi devolvido pelo Correio e
01-A
está sendo anexado, fechado, a esta peça probatória.
Carta enviada ao i. patrono dos Réus para atender ao que determina o art. 431-A da
02
Lei nº 10.358, de 27/12/2001.
Não tendo sido encontrado o destinatário, o envelope foi devolvido pelo Correio e
01-A
está sendo anexado, fechado, a esta peça probatória.
Letras dos
Assunto(s) tratado(s) em cada um
ANEXOS
IPC-r e IGP-M = Tese dos Réus >> Demonstrativo da evolução do financiamento
A
(prestação e saldo devedor). Após a extinção do IPC-r adotou-se o IGP-M.
IPC-r e IGP-M = Tese dos Réus >> Demonstrativo da evolução do financiamento
(prestação e saldo devedor). Nesta planilha foram considerados os valores
B
efetivamente cobrados e recebidos pela Autora. Após a extinção do IPC-r adotou-se
o IGP-M.
IPC-r e ICP – Índice da Caderneta de Poupança = Tese da Autora >> Demonstrativo
C da evolução do financiamento (prestação e saldo devedor). Após a extinção do IPC-r
adotou-se o ICP.
IPC-r e ICP = Tese da Autora >> Demonstrativo da evolução do financiamento
(prestação e saldo devedor). Nesta planilha foram considerados os valores
D
efetivamente cobrados e recebidos pela Autora. Após a extinção do IPC-r adotou-se
o ICP – Índice da Caderneta de Poupança.
E INPC = Outra tese dos Réus apresentada na formulação do quesito n°. 8 de sua série.

08 - Os textos dos quesitos formulados pelas Partes estão literalmente transcritos neste Laudo
com os eventuais defeitos de linguagem que apresentam nas respectivas petições. Portanto, este
Perito Judicial se responsabiliza pelas respostas técnicas a eles (quesitos) fornecidas, até o limite
de seu entendimento lógico, decorrente de análise sintática aplicada, quando necessário, ao texto
apresentado. Isto posto, nos Capítulos IV e V são apresentadas as respostas oferecidas aos
quesitos formulados desde que pertinentes à perícia de natureza contábil, em matéria financeira.

III - CONSIDERAÇÕES ACERCA DO CONTRATO


CELEBRADO ENTRE AS PARTES

Este auxiliar considerou importante revelar a V. Exa. sua interpretação técnica a respeito das
cláusulas econômico/financeiras que estabelecem os critérios para a evolução das prestações e do
saldo devedor.

A transcrição abaixo não é “ipsis litteris”, mas uma interpretação técnica.

Trata-se do Instrumento Particular de Promessa de Venda e Compra de Imóvel e Outras Avenças,


assinado pelas Partes em 15/04/1995. Valor de R$ 43.500,00, com entrada de R$ 11.000,00,
44
PERÍCIA CONTÁBIL EM MATÉRIA FINANCEIRA – Prof. Remo Dalla Zanna (MS)

parcelada em R$ 5.000,00 no ato e mais R$ 6.000,00 para ser paga em 25/04/1995. O valor
remanescente foi financiado em 60 prestações mensais com juros efetivos de 1% ao mês e
amortização pela Tabela Price. O fator da Tabela Price, neste caso, é 0,022244447. Multiplicando
o saldo devedor de R$ 32.500,00 pelo fator encontra-se o valor fixo da prestação mensal, ou seja,
no valor de R$ 722,94.

Das Parcelas, Preços e Reajustes

A cláusula quarta e seus subitens descrevem:

a) O valor das parcelas seria reajustado, ou seja, seria corrigido monetariamente, quando da
entrega do apartamento. Com a outorga da posse precária do mesmo, adotar-se-ia o IPC-r (Índice
de Preços ao Consumidor – real), para ajustar o valor das parcelas e do saldo devedor.

b) O índice de reajuste eleito destina-se a manter íntegro o equilíbrio financeiro pactuado,


servindo para atualizar o valor a ser pago, seja das prestações como do saldo devedor.

c) Que, por força da indexação pactuada eventuais reajustes dos valores seriam aplicados em
conformidade com a Medida Provisória 953, editada em 23.03.95, ou seja, após terem corrido 12
(doze) meses e, a partir daí, seqüencialmente.

d) Após a decorrência da periodicidade anual, apurar-se-ia o valor do diferencial alcançado,


confrontando-se a variação percentual mês a mês e aquela do índice eleito, o IPC-r (Índice de
Preços ao Consumidor – Real). Na hipótese de restar apurado saldo em favor do comprador
(Réus neste processo) seria computado na valoração do preço da avença. No caso inverso em que
o saldo fosse favorável ao vendedor (Autora neste processo), ser-lhe-ia pago imediatamente, de
contado e em uma única vez, no ato de sua apuração. Caso o comprador (Réus neste processo)
não fizesse o pagamento de imediato, seria constituído em mora, acrescendo-se os consectários
previstos na cláusula sétima, sem prejuízo das sanções cabíveis à espécie.

e) A quitação dos pagamentos efetuados seria caracterizada, inicialmente, pela emissão de


recibos provisórios de cada pagamento e, então, definitivamente, vencido o período de 12 (doze)
meses, com a apuração do valor do eventual diferencial a ser pago e devido ao vendedor, em uma
só vez. Daí em diante, seqüencialmente, obedecida a legislação vigente à época.

f) A apuração far-se-ia mediante apresentação da especificação das variações em conta-


corrente individualizadas mês a mês.

g) Avaliar-se-ia o diferencial apurado, confrontando-se a variação percentual mês a mês e


aquela do índice revisional eleito e, o resultado obtido no período, tanto devido ao comprador
quanto ao vendedor, seria lançado sobre o saldo devedor do valor contratado e objetivado no
presente, tudo de conformidade com os parâmetros ditados pela Medida Provisória 953, editada
em 23.03.95.

h) Ao final do período de 12 meses haveria o encontro do saldo devedor obtido e do montante


correspondente à somatória das parcelas restantes, cuja diferença então definida, seria transferida
à parte que coubesse.

i) Ficou acordado também, que, se por qualquer motivo houvesse mudança na parametração
da periodicidade estampada na Medida Provisória 953, editada em 23.03.95, respeitante ao

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PERÍCIA CONTÁBIL EM MATÉRIA FINANCEIRA – Prof. Remo Dalla Zanna (MS)

reajuste das parcelas, seria adotada, de plano, aquela mínima que adviesse permissível, com
aplicabilidade imediata.

j) Ficou determinado que o pagamento de cada parcela, mesmo que a avença tivesse sido
firmada em qualquer dia do mês corrente de sua assinatura, seria sempre no dia primeiro.
Entretanto, por motivos meramente operacionais, o comprador poderá efetuar o pagamento de
cada parcela até o dia especificado no item 6A do Quadro Resumo, em cada mês, sendo que, não
efetivado, sobre o valor devido de cada uma delas, incidirá, além das sanções previstas nas
cláusulas sétima e oitava do presente, a apuração da correção “pro rata die” do período em
aberto, compreendido entre o dia primeiro do mês do vencimento até aquele do efetivo
pagamento.

Da Inadimplência

Cláusula Sétima – A falta de pagamento na data prevista de qualquer das obrigações, após a
prévia constituição do comprador em mora na forma do Decreto-Lei nº. 745, de 07.08.69,
importaria na rescisão do presente contrato, inobstante seu caráter de irrevogabilidade e
irretratabilidade, que se operará automaticamente, de pleno direito, sujeitando-se o comprador a
restituir o imóvel objeto da presente avença, incontinenti ao vendedor, sob pena de esbulho
possessório, ficando a mesma liberada para negociá-lo livremente com terceiros, sem direito de
retenção por parte do comprador das benfeitorias úteis e voluptuárias que tiverem por ele sido
introduzidas no imóvel.

§1º - Para efeito de constituição em mora do comprador a interpelação de que trata o


“caput” desta cláusula, deverá conceder prazo de 15 dias, contados de sua entrega, para
que o mesmo, se quiser, purgue a mora, com o pagamento do valor reclamado, incluindo-
se neste, correção monetária, multa de 10%, juros de mora à razão de 1% ao mês e
despesas judiciais, extrajudiciais e honorários advocatícios já preestabelecidos em 20% do
valor total do débito. Fica ajustado que se o comprador pagar tão somente o principal,
sem os acréscimos, não se exonerará da responsabilidade de liquidar o saldo, continuando,
assim, em mora para todos os efeitos legais.

§2º - Ocorrendo a hipótese de rescisão contratual por qualquer motivo por parte do
comprador, previsto neste instrumento, as partes, convencionam desde já, que no
atendimento ao preestabelecido no disposto no artigo 53 da Lei 8078 do Código de
Defesa do Consumidor, bem como ainda a título de pena compensatória irredutível das
perdas e danos ocasionadas com a rescisão, que, as quantias pagas pelo comprador até a
caracterização do inadimplemento, serão a ele devolvidas parcialmente nos percentuais
abaixo indicados, de acordo com que representam do total do preço de venda de forma
que:
a) Se houver pago até 10% do preço, receberá o equivalente a 10% das
importâncias pagas;
b) Se houver pago mais 10% e até 40%, do preço, receberá o equivalente a 20%
das importâncias pagas;
c) Se houver pago mais de 40% e até 80% do preço, receberá o equivalente a
25% das importâncias pagas;
d) Se houver pago mais de 80% do preço, receberá o equivalente a 30% das
importâncias pagas.
Em qualquer das hipóteses acima, a devolução das importâncias será feita no mesmo
prazo e periodicidade que o comprador praticou ao pagá-las.

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PERÍCIA CONTÁBIL EM MATÉRIA FINANCEIRA – Prof. Remo Dalla Zanna (MS)

§3º - Na hipótese da rescisão operar-se após a entrega das chaves, com a ocupação por
parte do comprador da unidade ora compromissada, serão acrescidos às deduções
expressas no parágrafo anterior, o seguinte:
a) 1,5% do preço de venda estipulado neste contrato, por mês de fruição do imóvel
objeto do presente;
b) 5% ao ano ou fração de ano do preço de venda a título de depreciação do imóvel;
e
c) despesas efetuadas pelo vendedor para a recuperação do imóvel bem como aquelas
realizadas para retorna-lo às condições de conservação e habitabilidade em que
foram entregues ao comprador.

IV – QUESITOS DA AUTORA
(fls. 323/324)

Quesito nº 1

Os pagamentos efetuados pelo comprador estão de acordo com as


cláusulas estipuladas em contrato?

Resposta

Os comprovantes de pagamentos juntados aos autos deste processo revelam que os pagamentos
foram feitos em conformidade com os boletos apresentados pela Autora aos Réus. Mas os
procedimentos utilizados para indexar as prestações não são uniformes. A este respeito vide, por
gentileza, a cláusula 19ªdo contrato. Por exemplo, apesar de defender que o índice do contrato é
o ICP – Índice da Caderneta de Poupança -, às fls. 206 encontra-se um boleto no qual está
mencionado que o indexador utilizado foi o IGP-M.

Os valores grafados nos boletos atendem, pois, às suas interpretações das cláusulas do contrato.
Em sendo exatamente este o principal ponto controvertido e sendo este o ponto que deu origem à
Contestação e à Reconvenção, a matéria perquirida neste primeiro quesito cuida de assunto de
mérito. Assim sendo, este auxiliar não pode se manifestar sobre o que e da forma que foi
perquirido, pois cometeria um pré-julgamento, atitude defesa ao auxiliar da Justiça.

Considerando o que acima foi reportado, a resposta a este quesito está prejudicada, pois
envolve questão de mérito.

Todavia, com o único propósito de bem servir a V. Exa. foram elaborados os ANEXOS de “A” a
“E”. Estas cinco planilhas revelam os valores das prestações e do saldo devedor que
correspondem a cada uma das teses jurídico/financeiras – ou a cada uma das alternativas de
cálculo – segundo o que as Partes consideram ser a interpretação das cláusulas contratuais, para
que V. Exa. decida o que for de direito.

Vejamos:

Letras dos Valores apurados


Assunto(s) tratado(s) em cada um
ANEXOS pela perícia

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PERÍCIA CONTÁBIL EM MATÉRIA FINANCEIRA – Prof. Remo Dalla Zanna (MS)

IPC-r e IGP-M = Tese dos Réus >> Demonstrativo da Resíduo após o


evolução do financiamento (prestação e saldo devedor). pagamento da 60ª
A
Após a extinção do IPC-r adotou-se o IGP-M. parcela = R$ 4.159,80

IPC-r e IGP-M = Tese dos Réus >> Demonstrativo da Valor a ser devolvido
evolução do financiamento (prestação e saldo devedor). aos Réus se pagassem
Nesta planilha foram considerados os valores até a 60ª parcela = R$
B
efetivamente cobrados e recebidos pela Autora. Após a 11.610,95
extinção do IPC-r adotou-se o IGP-M.

IPC-r e ICP – Índice da Caderneta de Poupança = Tese Resíduo após o


da Autora >> Demonstrativo da evolução do pagamento da 60ª
C financiamento (prestação e saldo devedor). Após a parcela = R$ 9.307,92
extinção do IPC-r adotou-se o ICP.

IPC-r e ICP = Tese da Autora >> Demonstrativo da Resíduo após o


evolução do financiamento (prestação e saldo devedor). pagamento da 60ª
Nesta planilha foram considerados os valores parcela = R$ 9.914,53
D efetivamente cobrados e recebidos pela Autora. Após a
extinção do IPC-r adotou-se o ICP – Índice da Caderneta
de Poupança.

INPC = Outra tese dos Réus apresentada na formulação Valor a ser devolvido
do quesito n°. 8 de sua série. aos Réus se pagassem
E
até a 60ª parcela = R$
6.846,50.

Quesito nº 2

Qual foi o índice de atualização adotado no contrato de compra e venda?

Resposta

O índice inscrito no contrato foi o IPC-r. Este foi utilizado somente nos três primeiros meses de
vigência do contrato.

Na cláusula 19ª do contrato, estipula que em caso de extinção do índice contratado, a utilização
do índice da Caderneta de Poupança ou do IGPM, ou um ou outro, poderiam ser usados em sua
substituição.

Quesito nº 3

Qual o saldo devedor do comprador, levando-se em consideração todos os


encargos contratualmente previstos?

Resposta

Vide, por gentileza, a resposta ao primeiro quesito desta série da Autora.

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PERÍCIA CONTÁBIL EM MATÉRIA FINANCEIRA – Prof. Remo Dalla Zanna (MS)

Quesito nº 4

Queira o Sr. Expert do Juízo responder, quanto deixou a Requerente de


receber com a inadimplência do Requerido por tão longo período?

Resposta

Vide, por gentileza, a resposta ao primeiro quesito desta série da Autora.

Quesito nº 5

Queira o senhor perito prestar qualquer outra informação que julgue


importante para um melhor julgamento do feito.

Resposta

Não se faz necessário.

V - QUESITOS DOS REQUERIDOS


(FLS. 334/335)

Quesito nº 1

Indique o Sr. Perito, se o índice de reajuste contratualmente estabelecido


diante da transação que se discute é vigente.

Resposta

Negativa é a resposta. O IPC-r vigeu até julho/1995.

A cláusula 19ª do contrato estabelece:

“As partes convencionam também que, na hipótese de ser extinto ou congelado o índice que
figura como indexador IPC-r (Índice de Preços ao Consumidor – real), aplicar-se-á o índice de
pagamento das CADERNETAS DE POUPANÇA LIVRE ou o IGP-M (Índice Geral de Preços
de Mercado) editado pela Fundação Getúlio Vargas.” (grifo nosso).

Consta, às fls. 206, a utilização do índice IGP-M.

Quesito nº 2

Questiona-se o Sr. Perito se houve mudança de indexador contratual?


Acaso positivo, qual índice fora utilizado para a atualização da dívida do
financiamento em questão?

Resposta

Positiva é a resposta. Após a extinção do IPC-r houve mudança de índice.

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PERÍCIA CONTÁBIL EM MATÉRIA FINANCEIRA – Prof. Remo Dalla Zanna (MS)

A cláusula 19ª do contrato estabelece:

“As partes convencionam também que, na hipótese de ser extinto ou congelado o índice que
figura como indexador IPC-r (Índice de Preços ao Consumidor – real), aplicar-se-á o índice de
pagamento das CADERNETAS DE POUPANÇA LIVRE ou o IGP-M (Índice Geral de Preços
de Mercado) editado pela Fundação Getúlio Vargas.” (grifo nosso).

Quesito nº 3

Questiona-se o Sr. Perito se o índice das Cadernetas de Poupança foi


aplicado em algum momento para indexação do contrato em espécie? Em
caso positivo, para atualização do saldo devedor e das parcelas
efetivamente pagas, nesses índices incidiram também os juros
remuneratórios? (expor em demonstrativos de cálculos o critério usado pela
construtora)

Resposta

Prejudicada é a resposta a este quesito, pois a Requerente não apresentou a conta gráfica do
contrato objeto desta ação.

A perícia constatou a utilização do IGP-M, às fls. 206.

Quesito nº 4

Questiona-se o Sr. Perito se a atualização da dívida contou com a


incidência de juros simples, ou composto (juros sobre juros)? Esboçar em
planilha ambas as hipóteses de acordo com os pagamentos efetivados no
decorrer do contrato com indexador oficial vigente para o caso em espécie.

Resposta

O sistema de amortização contratado foi o Sistema Francês de Amortização popularmente


conhecido como Tabela Price. Para encontrar o valor da parcela, utiliza-se a fórmula de juros
compostos. A taxa de juros simples ou juros nominais contratada foi de 12% ao ano. Dividindo-se
12% por 12 meses encontra-se a taxa de 1% ao mês. Já a taxa efetiva ou taxa de juros
capitalizados mensalmente, contratada foi de 12,68% ao ano, pois capitalizando-se 1% durante 12
meses, encontra-se o percentual anual, acumulado de 12,68%. No mais, este auxiliar considerou
desnecessário apresentar os cálculos solicitados neste quesito, pois a aplicação de juros simples
ou de juros compostos, ou seja, da Tabela Price, ou sua não aplicação, nesta fase do
conhecimento, é ainda um assunto relacionado com o mérito do que se discute. No futuro,
quando da eventual execução da sentença, os cálculos serão feitos em conformidade com o que
nela for determinado.

Esclarecimentos pertinentes a este quesito:

A amortização de uma dívida pela “Tabela Price” representa uma amortização pelo método
francês, que envolve a definição de juros compostos. O Sistema da Tabela Price não implica,
necessariamente, em prestações mensais como geralmente se entende. As prestações podem ser
também trimestrais, semestrais ou anuais: basta que sejam iguais, periódicas, sucessivas e de
50
PERÍCIA CONTÁBIL EM MATÉRIA FINANCEIRA – Prof. Remo Dalla Zanna (MS)

termos vencidos. Também é importante que se esclareça que a Tabela Price não implica
necessariamente taxas de juros de 1% ao mês (ou de 12% ao ano, como normalmente é indicado),
podendo ser definida para qualquer taxa.

SÉRIE DE PAGAMENTOS IGUAIS E SUCESSIVOS

O valor das prestações na Tabela Price é determinado com base na mesma metodologia
matemática utilizada para "Séries de Pagamentos Iguais". Em relação a este sistema é importante
saber que:
 o montante final é o resultado da soma do valor de cada uma das prestações
consideradas individualmente;
 o valor do financiamento/empréstimo é o resultado da soma dos valores presentes
de cada uma das prestações consideradas individualmente;
 cada prestação amortiza parte do principal e parte dos juros, ao longo do período,
extinguindo o capital e os juros devidos ao final do prazo contratado.

A capitalização dos juros se caracteriza pela apropriação de juros compostos sobre os valores
presentes de cada prestação e/ou pela incorporação da parcela de juros não liquidados pela
prestação, no saldo devedor acumulado. Vamos a partir de um exemplo, revelar a evolução de um
empréstimo e de que forma ocorre a capitalização composta dos juros, tanto nas prestações
mensais, quanto no saldo devedor.

Exemplo: Um empréstimo deverá ser liquidado em 5 prestações mensais e iguais de R$ 1.000,00


cada, à taxa de juros de 10% ao mês, conforme fluxo de caixa abaixo. Calcular o valor
emprestado, ou seja, o valor presente na data do contrato.

S=?

1.000,00 1.000,00 1.000,00 1.000,00 1.000,00

O valor emprestado, como mencionado, corresponde à soma dos valores atuais de cada uma das
prestações, como segue:

P1 = 1.000,00 / (1,10)1 = 909,09


P2 = 1.000,00 / (1,10)2 = 826,45
P3 = 1.000,00 / (1,10)3 = 751,31
P4 = 1.000,00 / (1,10)4 = 683,01
P5 = 1.000,00 / (1,10)5 = 620,92
Ptotal = P1 + P2 + P3 + P4 + P5 = 3.790,79

Pela aplicação da fórmula da Tabela Price, teremos o mesmo valor de prestação.

FÓRMULAS MATEMÁTICAS aplicáveis ao caso presente

(1  i) n  i (1  0,10) 5  0,10
R  P R  3.790,79   1.000,00
(1  0,10) 5  1 51
(1  i) n  1
PERÍCIA CONTÁBIL EM MATÉRIA FINANCEIRA – Prof. Remo Dalla Zanna (MS)

As equações acima já demonstram que o valor da prestação é obtido pela apropriação de juros
compostos sobre seus respectivos valores presentes (parcela do capital):

S1 = P1 x (1 + i ) n = 909,09 x 1,101 = 1.000,00


S2 = P2 x (1 + i ) n = 826,45 x 1,102 = 1.000,00
S3 = P3 x (1 + i ) n = 751,31 x 1,103 = 1.000,00
S4 = P4 x (1 + i ) n = 683,01 x 1,104 = 1.000,00
S5 = P5 x (1 + i ) n = 620,92 x 1,105 = 1.000,00
St = S1 + S2 + S3 + S4 + S5 = 5.000,00

As parcelas de juros que são amortizados em cada prestação correspondem à diferença do valor
total da prestação (montante) do seu valor presente (capital).

J1 = 1.000,00 - 909,09 = 90,91


J2 = 1.000,00 - 826,45 = 173,55
J3 = 1.000,00 - 751,31 = 248,69
J4 = 1.000,00 - 683,01 = 316,99
J5 = 1.000,00 - 620,92 = 379,08
J total = J1 + J2 + J3 + J4 + J5 = 1.209,21

Vejamos, a seguir, um quadro que demonstra a composição de cada prestação:

QUADRO 1
n.º Principal Juros Prestação
amortizado Amortizados total

1 909,09 90,91 1.000,00


2 826,45 173,55 1.000,00
3 751,31 248,69 1.000,00
4 683,01 316,99 1.000,00
5 620,92 379,08 1.000,00
3.790,79 1.209,21 5.000,00

Observemos, no quadro seguinte, como normalmente se daria a evolução deste financiamento.

QUADRO 02

n.º Prestação Saldo Anterior Juros Amortização Saldo Final

0 3.790,79
1 1.000,00 3.790,79 379,08 620,92 3.169,87
2 1.000,00 3.169,87 316,99 683,01 2.486,85
3 1.000,00 2.486,85 248,69 751,31 1.735,54
4 1.000,00 1.735,54 173,55 826,45 909,09
5 1.000,00 909,09 90,91 909,09 (0,00)

52
PERÍCIA CONTÁBIL EM MATÉRIA FINANCEIRA – Prof. Remo Dalla Zanna (MS)

Num sistema de amortização de prestações iguais e sucessivas, tanto o capital emprestado quanto
os juros são amortizados ao longo do período contratado, se extinguindo com o pagamento da
última prestação. A forma tradicional de demonstração da evolução do saldo devedor, onde se
tem a parcela de amortização pela diferença entre a prestação e os juros apurados no mês,
"camufla" a incidência da capitalização composta dos juros. Esta forma de demonstração não
prejudica o resultado matemático, justamente pelo fato dos juros estarem incorporados ao capital:
debita-se a prestação, que é composta de capital e juros, do saldo devedor existente, que
também é composto de capital e juros. Vejamos no quadro a seguir como ocorre a
incorporação dos juros no saldo devedor, período a período.

QUADRO 3

n.º Capital Capital Capital Juros do Juros Juros Juros Saldo final
Saldo pago Saldo mês acumu- pagos Saldo (Capital +
anterior lados Juros)

0 3.790,79 3.790,79

1 3.790,79 909,09 2.881,70 379,08 379,08 90,91 288,17 3.169,87

2 2.881,70 826,45 2.055,25 316,99 605,16 173,55 431,60 2.486,85

3 2.055,25 751,31 1.303,93 248,69 680,29 248,69 431,60 1.735,54

4 1.303,93 683,01 620,92 173,55 605,16 316,99 288,17 909,09

5 620,92 620,92 90,91 379,08 379,08 (0,00) (0,00)

Juros sobre capital Juros reincorporados


acrescidos dos juros ao Saldo Devedor
acumulados

Somente quando se calcula o saldo apurado após a amortização do primeiro pagamento não
acontece a incorporação dos juros ao saldo devedor. Nas prestações seguintes, observa-se que os
juros não amortizados retornam ao saldo devedor para compor a base de cálculo dos juros
do período posterior. À medida que o valor da parcela de amortização da prestação vai
diminuindo, a parcela de juros da prestação vai aumentando. É esta situação matemática que
promove a perfeita liquidação do saldo devedor no prazo contratado.

Quesito nº 5

Questiona-se o Sr. Perito se nos documentos carreados nos autos,


encontra-se alguma evidência de financiamento habitacional que vinculasse
em garantia hipotecária o imóvel objeto da relação contratual em questão
posteriormente à sua aquisição pelo adquirente.

53
PERÍCIA CONTÁBIL EM MATÉRIA FINANCEIRA – Prof. Remo Dalla Zanna (MS)

Resposta

Dizer se no contrato carreado aos autos encontra-se alguma evidência de financiamento


habitacional que vinculasse em garantia hipotecária o imóvel objeto da relação contratual em
questão, é algo defeso a este auxiliar.

A negativa em manifestar seu pensamento sobre o que acima foi perguntado está relacionada com
o fato de a perquirição pertencer ao mérito. Ou seja, os pontos controvertidos estão relacionados
com as cláusulas econômicas e financeiras que têm relação com a evolução da dívida sob a
aplicação de diferentes indexadores e não sobre a eventual garantia creditícia que será (ou não)
usada no futuro caso os Réus sejam considerados inadimplentes na r. sentença que vier a ser
prolatada.

Considerando o que acima foi reportado, a resposta a este quesito está prejudicada, pois
envolve questão de mérito.

Quesito nº 6

Na hipótese de não haver financiamento habitacional vinculando o imóvel


em questão em garantia hipotecária bancária, qual seria o índice legal para
indexação do contrato em espécie?

Resposta

O índice legal para indexação do contrato é o ajustado, ou seja, primeiramente o IPC-r e


posteriormente ao ICP – Índice da Caderneta de Poupança ou, alternativamente, o IGP-M.

No mais, vide resposta ao quesito precedente desta série dos Réus considerando,
suplementarmente, que o contrato guerreado nos autos deste processo não é de financiamento
habitacional vinculando o imóvel com garantia hipotecária bancária. O financiamento objeto desta
ação não foi intermediado por banco.

Quesito nº 7

Demonstre o Sr. Perito, em forma de planilhas, todos os pagamentos


efetuados pelo adquirente desde a firmação do contrato de aquisição do
imóvel, até seu último pagamento, aplicando-se o critério de ônus da
construtora. Houve incidência de cobrança de juros remuneratórios no
período de construção do empreendimento?

Resposta

Prejudicada é a resposta, uma vez que o imóvel foi entregue no ato do contrato, conforme item
7 do Quadro Resumo.

Quesito nº 8

Demonstre o Sr. Perito, em forma de planilhas, todos os pagamentos


efetuados pelo adquirente desde a firmação do contrato de aquisição do

54
PERÍCIA CONTÁBIL EM MATÉRIA FINANCEIRA – Prof. Remo Dalla Zanna (MS)

imóvel, até seu último pagamento, aplicando-se o critério de ônus do


adquirente (INPC como indexador do contrato).

Resposta

Com o único intuito de atender este quesito foi elaborado o ANEXO “E” ao qual se pede a
gentileza de reportar-se.

Quesito nº 9

Justifique o Sr. Perito, se na aplicação da “Tabela Price”, o saldo devedor


da dívida na forma contratada, percebia sua atualização anteriormente ao
pagamento da parcela atualizada, ou posteriormente a esta.

Resposta

O cálculo da prestação, do saldo devedor e a correta aplicação da atualização monetária na


Tabela Price, segue a seguinte ordem:

a) corrige-se o saldo devedor do mês anterior, pelo índice de atualização avençado;


b) sobre o saldo devedor corrigido monetariamente, calcula-se o valor da parcela de juros,
aplicando-se a taxa de remuneração mensal nominal;
c) deduz-se do valor total da prestação, o valor da parcela de juros, calculada conforme
acima; e
d) com a subtração acima citada, obtém-se o valor da cota de amortização do capital do
mês. É este o valor que se subtrai do saldo devedor corrigido;
e) este novo saldo devedor será a base de cálculo para a obtenção do valor da cota de
amortização para o mês seguinte, bastando para isso, repetir os cálculos na seqüência
supracitada.

VI – COMENTÁRIO TÉCNICO e CONSIDERAÇÕES FINAIS

Sob a ótica econômico/financeira que o presente caso apresenta, o parecer deste auxiliar,
considerando tudo que dos autos consta; sem adentrar no mérito de tudo que se debate nesta
Ação, é que:

(i) O valor devido pela Autora (saldo credor a favor dos Réus)
considerado o conceito pacta sunt servanda, é de R$ 209,22 (duzentos
e nove reais e vinte e dois centavos). Vide, por gentileza, o ANEXO
“B”, linha 52, em 01/08/1999. Este valor resulta da aplicação dos
critérios de cálculo já relatados nesta prova pericial contábil.
(ii) Este é o entendimento técnico/matemático e está fundamentado nas
cláusulas econômico/financeiras do contrato. Prevalecendo este
entendimento, neste caso o contrato deveria ser considerado quitado,
com um resíduo a ser restituído pela Autora aos Réus.

VII - ENCERRAMENTO
55
PERÍCIA CONTÁBIL EM MATÉRIA FINANCEIRA – Prof. Remo Dalla Zanna (MS)

São inassumíveis responsabilidades sobre documentos controversos, que fazem parte dos autos
deste processo, se ainda não apreciados pelo MM. Juízo. Inassumíveis também responsabilidades
sobre documentos idôneos e válidos que podem estar em poder de pessoas físicas e jurídicas, seja
da AUTORA ou dos RÉUS, ou ainda, de outros cidadãos interessados no deslinde deste caso,
que a nós não foram consignados até a data da conclusão deste Laudo ou foram desentranhados
dos autos deste processo, conforme r. decisão judicial.

Por fim, são também inassumíveis responsabilidades sobre matéria jurídica a que tenha,
eventualmente e sem intenção determinada, se referido, inclusive quando este referimento tivesse
ocorrido por indução contida - intencionalmente ou não - na formulação dos quesitos
apresentados à perícia. Estão excluídas, obviamente, as responsabilidades implícitas para o
exercício de sua profissão, estabelecida em Leis, Códigos e Regulamentos próprios.

Nada mais havendo a oferecer, dá-se por concluído o presente LAUDO PERICIAL
CONTÁBIL, composto de 33 (trinta e três) páginas impressas pelo sistema de processamento de
dados, somente no anverso, e rubricadas, com exceção desta que segue assinada para os devidos
fins. Fazem parte desta prova pericial e com ela se integram: 05 (cinco) ANEXOS, de “A” a “E”
e mais 04 (quatro) DOCUMENTOS, todos mencionados no decorrer do texto, igualmente
rubricados como de praxe.

São Paulo, 9 de outubro de 2007.

Veja os ANEXOS de “A” a “E” que completam o laudo acima.

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PERÍCIA CONTÁBIL EM MATÉRIA FINANCEIRA – Prof. Remo Dalla Zanna (MS)

PF 11 – edição pessoal para fins de estudo e venda em PDF

Revisado em maio/2019.

11º MÓDULO

LEASING ou ARRENDAMENTO MERCANTIL FINANCEIRO

11.1 - Conceito de leasing financeiro.


11.2 - Características gerais das operações de leasing
11.3 - Custo anual do bem arrendado x depreciação anual e o Imposto
de Renda.
11.4 - Coeficiente de Arrendamento (CA) e taxa de juros.
11.5 - Outros encargos financeiros presentes nos contratos de
arrendamento mercantil.
11.6 - Motivos mais comumente alegados pelos arrendatários para agir,
judicialmente, contra a arrendadora e vice-versa.
11.7 - Lease-back
11.8. Leasing Imobiliário
11.9. Outras formas de arrendamento mercantil com as quais o perito
contador poderá ter a oportunidade se defrontar
11.10 - Orientação Técnica
11.11 - Um caso em que se estuda uma operação de leasing contratada
em dólares norte-americanos.

===========================================================

Glossário necessário:
1. Arrendatária – dá-se este nome à pessoa jurídica ou física que negocia o
arrendamento de bens pelo qual pagará, mensalmente, um “aluguel”
chamado contraprestação.
2. Arrendadora – dá-se este nome à sociedade anônima autorizada pelo
Banco Central do Brasil a negociar operação de arrendamento mercantil.

===========================================================

11.1. Conceito de leasing financeiro.

Leasing ou Arrendamento Mercantil é a alternativa que o empresário tem para


usar edifícios, instalações, máquinas, implementos e demais meios de produção sem
investir seus próprios recursos no chamado “ativo imobilizado”. Esta alternativa lhe
permite investir os recursos próprios no “ativo circulante” também chamado de
“capital de giro”, e, com isso, alavancar suas operações de indústria e de comércio.
1
PERÍCIA CONTÁBIL EM MATÉRIA FINANCEIRA – Prof. Remo Dalla Zanna (MS)

A semelhança do leasing com o aluguel de bens de produção é muito grande. A


diferença fundamental é que os bens alugados nunca lhe pertencerão enquanto que
os bens arrendados conforme Lei 6.099, de 12/09/1974, tendo tido alguns artigos
alterados pela Lei 7.132, de 26/10/1983 e Resolução nº. 2.309/96 do BACEN serão
seus e passarão a incorporar o seu “ativo permanente” pelo valor residual
contratado. Ou seja, no final do contrato, após pagar a última parcela do leasing ou
junto com ela, o empresário pagará o saldo chamado “Valor Residual Garantido
(VRG) (1) e, além de ter a posse do bem passará, a partir de então, a ser seu
proprietário.
Atualmente as operações de arrendamento mercantil regem-se pelas seguintes
normas: Deliberações CVM nº 644/2010; nº 645/2010; Leis nº 6.404/1976 e nº
11.638/2007; bem como a Resolução CFC nº 1.304/2010. Por sua vez o Conselho
Federal de Contabilidade conceituou as operações de arrendamento mercantil como
segue:
“As operações de arrendamento mercantil, também conhecidas apenas como leasing,
são conceituadas como transações celebradas entre o proprietário de um determinado
bem (arrendador), que concede o uso deste a um terceiro (arrendatário), por um
determinado período contratualmente estipulado, findo o qual é facultado ao
arrendatário a opção de adquirir ou devolver o bem objeto de arrendamento, ou a de
prorrogar o contrato.” (CFC, 2011).

A empresa arrendatária ativará o bem adquirido e reconhecerá sua dívida perante


a arrendadora. O balanço patrimonial da arrendatária apresentará em seu Ativo
Imobilizado todos os itens em uso e sob sua responsabilidade, inclusive as
máquinas, equipamentos, veículos e instalações sob seu controle e apresentará a
dívida decorrente dos compromissos com contratos de leasing. Por sua vez, os
pagamentos das prestações do arrendamento mercantil financeiro se caracterizam
como amortização de dívida, reconhecendo-se a obrigação de pagar no Passivo (de
curto e de longo prazo segundo o tempo a decorrer), apropriando-se os encargos
financeiros conforme o regime de competência.
O Ativo adquirido na forma leasing deve ser depreciado pela sua vida útil, e não
mais pelo prazo do contrato.
A operação de leasing, no que se refere ao cálculo da contraprestação mensal,
constitui-se numa das mais interessantes maneiras de uso da Tabela Price.

11.2. Características gerais das operações de leasing

O leasing visto como forma de financiamento: o leasing (arrendamento


mercantil) é uma operação de financiamento que tem como garantia o próprio
bem. Com esta modalidade mista de financiamento e venda do bem pelo valor ...

2
PERÍCIA CONTÁBIL EM MATÉRIA FINANCEIRA – Prof. Remo Dalla Zanna (MS)

(1)
O VRG pode ser pago em prestações mensais ou de uma única vez.

... residual, a empresa de arrendamento cede ao arrendatário o uso desse bem


pelo tempo determinado em contrato. Recebe em troca o “aluguel” mensal
chamado “contraprestação” e, ao final, pela emissão de uma nota fiscal de venda
pelo valor residual, transfere a propriedade do bem ao ex-arrendatário. Por ser
uma operação enquadrada na categoria de financiamento, as atividades das
empresas de arrendamento mercantil são fiscalizadas pelo BACEN.

a) Valor Residual Garantido – VRG: todo contrato de leasing deve ter um valor
residual que corresponde ao quantum o arrendatário pagará para ter a
propriedade do bem. Caso o contrato não preveja valor residual algum, ainda que
em seu texto mencione o valor zero, não poderá ser enquadrado como contrato
de arrendamento mercantil e será classificado como mero financiamento
bancário. Como o próprio nome indica, se é um valor residual, entende-se, como
sendo algo lógico, que seu pagamento ocorra ao final do contrato e é este o
espírito que norteou o legislador. Existe, todavia, a possibilidade de o contrato
estabelecer que o pagamento do VRG ocorra antecipadamente como se faz com
o pagamento da “entrada” em um financiamento de longo prazo, e pode ocorrer,
também, que o pagamento do VRG ocorra ao longo do prazo do contrato tendo,
então, seu valor rateado pelos meses do contrato. Neste caso a parcela mensal do
VRG será somada ao valor da “contraprestação”, também mensal, resultando em
um pagamento mensal único de “contraprestação” mais parcela do VRG. Há
advogados que consideram o “valor residual garantido antecipado” como
sendo um ato contratual abusivo e sujeito a ser punido pela Justiça. Para o perito
contador, a diferença entre pagar o valor residual antes, como se fosse uma
“entrada”, durante o prazo do contrato em parcelas mensais ou depois de quitar
todas as mensalidades do arrendamento resulta em uma importante diferença no
custo efetivo da operação.

b) Exercer ou não o direito de adquirir o bem pelo valor residual: na hipótese de o


contrato prever que o pagamento do VRG seja feito somente ao final do
contrato, o arrendatário pode exercer ou não o direito (ou seria uma obrigação?)
de comprar o bem pelo valor residual estabelecido. Em tese, caso, ao final do
contrato NÃO queira pagar o VRG, o arrendatário devolverá o bem. Como não
há interesse da empresa arrendadora em receber de volta e ficar com o bem
arrendado, estabelece-se de pronto, como se fosse uma cláusula pétrea, que o
VRG seja pago em parcelas mensais, iguais e consecutivas, reajustáveis por
algum indexador como, por exemplo: IGP-M ou dólar.

c) Nos casos em que for previsto que o pagamento do Valor Residual Garantido
ocorra somente ao fim do contrato e caso o arrendatário requeira um prazo para

3
PERÍCIA CONTÁBIL EM MATÉRIA FINANCEIRA – Prof. Remo Dalla Zanna (MS)

pagá-lo, poderá fazer um novo contrato de leasing pelo valor do VRG. Este novo
contrato mencionará outro valor de VRG menor que o precedente.

d) Atualização monetária das prestações e do VRG: os contratos de leasing


preveem que o valor da contraprestação mensal e do VRG sejam mensalmente
corridos por um indexador contratado, geralmente o IGP-M ou o dólar quando se
trata de bem importado. Existem duas maneiras principais de contratar a
atualização monetária. A primeira consiste em atualizar o valor do bem e
recalcular, mensalmente, o valor da contraprestação a ser paga e a segunda
corrige o valor da prestação pela variação do índice da data do contrato até a
data de pagamento de cada uma.

e) Prazos permitidos pela Resolução nº. 2.309/96 do BACEN para os contratos de


arrendamento mercantil:
(i) mínimo de 2 (dois) anos para bens cuja praxe para fins de depreciação
contábil, fixada pela Regulamento do Imposto de Renda, seja de 5 (cinco)
anos; e
(ii) mínimo de 3 (três) anos para todos os demais bens móveis e imóveis;

Exemplo: o prazo mínimo do leasing para veículos automotores é de 2 (dois) anos


e a depreciação contábil dever ser feita, no mínimo, em 5 (cinco) anos.

Nota: Existe uma modalidade de leasing que pode ser feita por, no mínimo, 90 (noventa)
dias. Chama-se leasing operacional e se aplica, principalmente, às instalações para feiras,
congressos, shows, atividades circenses, parques de diversão e eventos assemelhados. Este
tipo de operação não prevê VRG e nem estabelece, aprioristicamente, que, ao final do
contrato, o bem deva ser adquirido pelo arrendador. Uma das características deste tipo de
arrendamento é que junto com o equipamento a arrendatária fornece a mão-de-obra
especializada para montagem e desmontagem e até para operar o equipamento. O leasing
operacional é um misto de aluguel de equipamentos e instalações com a prestação de serviços
de instalação e manutenção do equipamento. É praticado entre empresas e sem a interveniência
de instituição financeira. Considerando que o bem pertence ao arrendador fará parte de seu
Ativo Imobilizado. As despesas incorridas pelo arrendatário serão registradas como tal:
despesas de aluguel de equipamentos e instalações. Só isso. Por fim, ao arrendatário é
facultada a compra do bem arrendado pelo valor de mercado.

(iii) contagem do tempo: a contagem dos 2 (dois) ou dos 5 (cinco) anos


inicia-se no dia da entrega do bem ao arrendatário que pode ser uma
pessoa física ou jurídica e vai até o dia de vencimento da última
contraprestação ou último “aluguel”, independentemente de terem sido
pagas todas as contraprestações. O documento que formaliza a data da
entrega do bem leva o nome de “Termo de Recebimento e Aceitação do
Bem”. A inexistência deste termo equivale à inexistência do contrato de
leasing porque, sem a entrega do bem, o contrato não se realiza, ou seja,

4
PERÍCIA CONTÁBIL EM MATÉRIA FINANCEIRA – Prof. Remo Dalla Zanna (MS)

não acontece no mundo real. O contrato de arrendamento mercantil sem a


entrega do bem é uma ficção contábil.

f) o prazo do leasing NÃO pode ser alterado durante a vigência do contrato: por
ser uma operação mista de financiamento e venda/compra de ativo fixo, a
Resolução nº 2.309/96 do BACEN estabelece que o prazo do contrato é
imutável até o momento em que se dá a opção final pela compra, ou pela
devolução do bem (condição contratual muito pouco praticada), ou pela
continuidade do leasing tendo como base no valor residual e novo contrato;

g) tributos: para fins tributários, a operação de leasing não é conceituada com


um financiamento de fato e, assim, não está sujeita ao IOF. Por outro lado,
por ser conceituada como uma operação equivalente ao aluguel, sobre o valor
recebido mensalmente pela empresa arrendadora, incide o Imposto sobre
Serviços de Qualquer Natureza - ISSQN – de âmbito municipal.

h) outros encargos: além do “aluguel” mensal sobre os bens arrendados pesam,


principalmente, os seguintes encargos:
 despesas com o registro do contrato,
 seguro,
 manutenção e conservação do bem envolvendo peças de
reposição,
 material de consumo como, por exemplo, combustível e outros.
O custeio desses encargos pode ser de responsabilidade do arrendador ou do
arrendatário, dependendo do que for contratado. Os contratos que foram
objeto de nosso exame continham cláusulas definindo que estes custos eram
de responsabilidade do arrendatário.

i) o leasing visto como um negócio jurídico: sob o ponto de vista do


envolvimento das partes, um dos itens que merece destaque é o fato de que a
empresa arrendadora, excetuadas as raras exceções, não possui o bem com as
exatas características de que o arrendatário necessita. Por isso, após ter
conhecimento exato do bem objeto de arrendamento adquire-o em seu nome,
(2)
permanecendo como proprietária do bem arrendado até o final do contrato
que se conclui com a quitação do VRG. A situação fática é que a empresa
arrendatária não pode se arrepender de ter feito o contrato de leasing, pois o
bem comprado pela arrendadora é específico e destina-se ao seu uso.
Segundo este ponto de vista – das empresas arrendadoras –, inexiste a opção
de, ao fim do contrato, devolver o bem que foi comprado sob encomenda.
Como a lei impede que se determine, em contrato, a exclusão de qualquer das
três opções (comprar, devolver ou fazer novo contrato pelo valor residual), os
negócios são feitos de tal maneira que, no momento da assinatura do ...

5
PERÍCIA CONTÁBIL EM MATÉRIA FINANCEIRA – Prof. Remo Dalla Zanna (MS)

(2)
É comum a empresa arrendatária escolher o bem e determinar à empresa arrendadora
adquiri-lo em um determinado fornecedor e com a características por ela, arrendatária,
determinadas.

... contrato, o arrendatário se compromete a ficar definitivamente com o bem


arrendado. Todavia, o entendimento jurídico deste tipo de operação prevê,
claramente, a hipótese da devolução do bem arrendado, após o período de
arrendamento contratado, como opção para não pagar VRG. Em que pese o
fato desta cláusula não constar nos contratos padronizados – contratos de
adesão – ofertados pelas empresas arrendadoras, a Justiça tem se
pronunciado de forma diversa.

Exemplo:

“DIREITOS COMERCIAL E PROCESSUAL CIVIL - AÇÃO DE


REINTEGRAÇÃO DE POSSE - BEM OBJETO DE CONTRATO DE
ARRENDAMENTO MERCANTIL - LEASING - VRG. COBRANÇA
ANTECIPADA - DESCARACTERIZAÇÃO PARA COMPRA E VENDA A
PRESTAÇÃO - EXTINÇÃO DO PROCESSO SEM JULGAMENTO DE MÉRITO
- CARÊNCIA DE AÇÃO POSSESSÓRIA - RECURSO PROVIDO.

I - O contrato de leasing tem como característica essencial a oferta unilateral


do arrendante ao arrendatário, no termo do contrato, da tríplice opção de
adquirir o bem, devolvê-lo ou renovar o contrato.

II - A imposição da cobrança do VRG, antecipadamente, exorbita os limites da


Lei nº 6.099/74, com as alterações da Lei n.º 7.132/83, sendo o pagamento de
tal parcela mera faculdade do arrendatário.

III - A cobrança antecipada do Valor Residual Garantido, obrigação prevista


em normas regulamentares, que garante ao arrendador o recebimento de
quantia final de liquidação do negócio, caso o arrendatário opte por não
exercer o direito de compra ou prorrogar o contrato, implica na
descaracterização do contrato de arrendamento mercantil, vez que tal
exigência não deixa ao devedor outra opção senão a aquisição do bem, de
forma a tornar inadmissível o pedido de reintegração na posse. (STJ - 4ª T.
REsp nº 255.628/SP; rel. Min. Sálvio de Figueiredo Teixeira, j. 29.6.2000, v.
u.) - BAASP 2203, pág. 1753 e seguintes.

11.3. Custo anual do bem arrendado x depreciação anual e o Imposto de


Renda.

6
PERÍCIA CONTÁBIL EM MATÉRIA FINANCEIRA – Prof. Remo Dalla Zanna (MS)

Com a operação de leasing a empresa arrendadora registra como despesa do


período o valor das contraprestações pagas. Considerando que os prazos para a
realização dessas despesas são menores que os prazos permitidos pelo Regulamento
do Imposto de Renda para realizar a depreciação dos mesmos bens quando
adquiridos e contabilizados como ativo permanente, (3) enquanto estiver vigendo o
contrato de leasing, a arrendatária pagará menos Imposto de Renda. Resulta, então,
que do ponto de vista tributário e desde que a empresa produza lucro tributável, o
fato de pagar menos Imposto de Renda sobre lucros conjugado com uma taxa de
juros competitiva, é considerado como sendo algo fundamental para que o
empresário-arrendador se decida pela operação de leasing em lugar da operação de
empréstimo ou de financiamento para comprar o bem.
O cuidado que o contador deve tomar está capitulado no parágrafo 5º do artigo 356
do RIR/99 que instrui que, para efeito de apuração do lucro real e da base de
cálculo da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido, somente podem ser
deduzidas as contraprestações de operações de leasing de bens que estiverem
diretamente relacionados com as atividades da empresa. Ou seja, o valor
mensalmente pago para amortizar o VRG não pode ser deduzido como despesa do
período.

Vejamos um exemplo de contabilização na empresa arrendatária conforme estabelecem as


Deliberações CVM nº 644/2010; nº 645/2010; Leis nº 6.404/1976 e nº 11.638/2007; bem
como a Resolução CFC nº 1.304/2010.

Supondo um contrato de arrendamento mercantil de uma máquina cujo valor de nota fiscal
seja R$ 150.000,00 e contrato de leasing seja de 24 meses; com o valor da parcela mensal
de R$ 7.500,00 e VRG zero. Temos, pois, que o valor dos encargos financeiros é de R$
30.000,00. Total do contrato R$ 180.000,00.

Pelo Contrato:

D – Máquinas e Equipamentos – Arrendamento Mercantil (conta do grupo Ativo Imobilizado)


Valor da máquina R$ 150.000,00
D – Encargos Financeiros à Apropriar - Leasing (conta do Passivo Circulante para as primeiras 12
parcelas)
Valor do lançamento R$ 15.000,00
D – Encargos Financeiros à Apropriar - Leasing (conta do Passivo NÃO Circulante para as
demais 12 parcelas
Valor do lançamento R$ 15.000,00

C - Leasing a pagar - Curto Prazo - (Passivo Circulante) - as primeiras 12 parcelas


Valor do lançamento R$ 90.000,00
C - Leasing a pagar - Longo Prazo - (Passivo NÃO Circulante) – as outras 12 parcelas
Valor do lançamento R$ 90.000,00.

7
PERÍCIA CONTÁBIL EM MATÉRIA FINANCEIRA – Prof. Remo Dalla Zanna (MS)

(3)
Veja contabilização do leasing na Resolução do CFC nº 921/01 que aprova a NBC T 10.2.
Veja também a DELIBERAÇÃO CVM Nº 554, DE 12 DE NOVEMBRO DE 2008 que aprova o
Pronunciamento Técnico CPC 06 do Comitê de Pronunciamentos Contábeis, que trata de
Operações de Arrendamento Mercantil.

Apropriação mensal dos juros:

D - Despesas Financeiras com Leasing


C - Encargos de Leasing a Apropriar (Passivo Circulante)
Valor do lançamento R$ 1.250,00

Pagamento das mensalidades:

D - Leasing a pagar - Curto Prazo - (Passivo Circulante)


C - Banco Conta Movimento (Ativo Circulante)
Valor do lançamento R$ 7.500,00

Notas:
1) Lembrar-se de transferir a cada pagamento (mensalmente), uma parcela do Longo Prazo
para o Curto Prazo.
2) Como o bem está classificado no Imobilizado, a empresa deve contabilizar a
depreciação normalmente:
Exemplo:

D – Depreciação (Conta de Resultado)


C – Depreciação Acumulada de Máquinas e Equipamentos – Arrendamento Mercantil

Observação quanto à tributação que incide para a arrendadora sobre as operações de


leasing: segundo orientação do BACEN não incide IOF nas operações de leasing. O imposto que
será pago no contrato é o Imposto Sobre Serviços de Qualquer Natureza (ISSQN) de âmbito
municipal.
===========================================================

11.4. Coeficiente de Arrendamento (CA) e taxa de juros.

Nas operações de leasing, o que se calcula é o valor de um conjunto de prestações,


iguais e consecutivas cujo pagamento somado ao pagamento do VRG quita-se o
valor do bem mais os juros.

O mercado de arrendamento mercantil não adota o nome “juros”. Em seu lugar


aplica o nome “coeficiente de arrendamento”. Este procedimento é exatamente
igual ao que aplicam as empresas de factoring ao adotarem o “fator de compra”.

Veja também item 09.6.4 do Capítulo 09.


Como em ambas essas atividades financeiras (factoring e leasing), pela sua
natureza, estão proibidas, por lei, de cobrarem juros, adotaram um novo nome para
os mesmos efeitos econômico, financeiro e contábil que é acrescentar ao valor do
8
PERÍCIA CONTÁBIL EM MATÉRIA FINANCEIRA – Prof. Remo Dalla Zanna (MS)

bem (capital de giro para o caso das factorings e capital de trabalhão ou ativo fixo
para as operações de leasing) uma quantia que remunera sua atividade de
anteciparem capital a quem dele necessita para suas atividades de comércio e
indústria.

Então, para calcular o valor da prestação, o mercado trabalha com o Coeficiente de


Arrendamento - CA. Tendo por base uma determinada taxa de juros e uma
quantidade de prestações mensais, o resultado da multiplicação deste número pelo
valor do bem arrendado corresponde ao valor da contraprestação mensal da série
uniforme de pagamentos conforme contrato. Portanto, o CA varia segundo a taxa de
juros e o valor do bem.
Por exemplo:
Montante inicial: R$ 100.000,00
Taxa de juros: 2% ao mês
Quantidade de pagamentos mensais: 24
VRG igual a R$ 0,10 (quantia imaterial para conhecer quanto deve ser pago de
contraprestação mensal)

Pergunta-se:
1) Qual é o valor da prestação mensal?
2) Qual é o CA que permite conhecer o valor da prestação mensal?

A fórmula que traz os fluxos de caixa futuros positivos ao valor presente é:


(1 + i)n -1
Considerando que P = R (a) * --------------
i * (1 + i)n

(a)
A letra R, em inglês, significa “rate”, ou seja, “prestação”.

i * (1 + i)n
... então R = P * ------------
(1 + i)n -1

i * (1 + i)n
O fator (o multiplicador) -------------- corresponde ao Coeficiente de Arrendamento - CA
(1 + i)n -1

9
PERÍCIA CONTÁBIL EM MATÉRIA FINANCEIRA – Prof. Remo Dalla Zanna (MS)

Vide Tabelas de Matemática Financeira de Abelardo Puccini, PUC Rio de


Janeiro: Ed. Fórum Editora Ltda., 1972, págs. 5 e 6.
Onde: P representa o valor presente
R representa o valor da prestação mensal uniforme
i representa a taxa de juros
n representa o tempo para descontar cada fluxo de caixa, sendo, então, n1, n2,
n3, ...., nn
1 representa o valor de cada um dos fluxos de caixa, sendo, então, 11, 12, 13,
...., 1n

Resolvendo o problema acima proposto, temos:


i * (1 + i)n
R=P* --------------
(1 + i)n -1

0,02 * (1 + 0,02)24
R = 100.000,00 * ------------------------
(1 + 0,02)24 -1

0,02 * (1,02)24
R = 100.000,00 * --------------------
(1,02)24 -1

0,02 * 1,608437
R = 100.000,00 * ---------------------
1,608437 -1

0,032168744
R = 100.000,00 * ---------------------
0,608437

R = 100.000,00 * 0,0528711 < == > este é o CA para um plano de pagamentos de


24 contraprestações mensais e taxa de juros de 2% ao mês.

10
PERÍCIA CONTÁBIL EM MATÉRIA FINANCEIRA – Prof. Remo Dalla Zanna (MS)

R = 5.287,11 < == > este é o valor da contraprestação mensal para uma taxa de
juros de 2% ao mês e 24 contraprestações mensais, iguais e consecutivas.
Usando a calculadora eletrônica:
P ou PV = R$ 100.000,00
i = 2% ao mês
n = 24 meses
R ou PMT == > R$ 5.287,11

Exemplos singelos de operação de leasing.


1) Uma cirurgiã-dentista decide montar seu consultório dentário. O projeto
completo revelou a necessidade de fazer um investimento de R$ 120.000,00. Dentre
as alternativas de financiamento que lhe foram oferecidas, pensa em optar pelo
leasing. A arrendadora propôs-lhe os seguintes parâmetros:
- Valor do arrendamento: R$ 120.000,00
- Valor residual (VRG) de 5% = R$ 6.000,00
- Prazo: 4 anos
- Juros: 4,2% ao mês
- Contraprestações: pagas mensalmente, postecipadas, consecutivas e em
valores iguais
- Atualização Monetária: não contratada

Pergunta-se: Qual é o valor da contraprestação mensal?

Cálculos:
(1 + i)^n – 1 VRG
VRG Valor Atual (PV) do projeto = R * ----------------- + ----------------
i * (1 + i)^n (1 + i)^n

(1 + 4,2%)^48 - 1 R$ 6.000,00
R$ 120.000,00 = R * --------------------------- + --------------------
4,2% * (1 + 4,2%)^48 (1 + 4,2%)^48

(1,042)^48 - 1 R$ 6.000,00
R$ 120.000,00 = R * ----------------------- + --------------------
0,042 * (1,042)^48 (1,042)^48

7,205274 - 1 R$ 6.000,00
R$ 120.000,00 = R * ----------------------- + ----------------

11
PERÍCIA CONTÁBIL EM MATÉRIA FINANCEIRA – Prof. Remo Dalla Zanna (MS)

0,042 * 7,205274 7,205274

6,205274
R$ 120.000,00 = R * ---------------- + R$ 832,72
0,302621

R$ 120.000,00 = R * 20,505100 + R$ 832,72

Portanto, R$ 120.000,00 – R$ 832,72 = R * 20,505100

R$ 119.167,28
Portanto, R = -------------------- = 5.811,59.
20,505100

Logo, o valor de R, ou seja, da contraprestação mensal é de R$ 5.811,59.

Fazendo uso da calculadora eletrônica, temos:


A) Cálculo do valor atual do VRG:
VRG = R$ 6.000,00
i = 4,2%
n = 48 meses
PV do VRG = R$ 832,72

B) Cálculo do valor da contraprestação mensal:


Valor financiado do bem: = R$ 120.000,00 – R$ 832,72 = R$ 119.167,28
i = 4,2%
n = 48 meses
PMT ou R = R$ 5.811,60

2) Suponhamos, agora, que a cirurgiã-dentista disponha de R$ 6.000,00 para pagar


o VRG antecipadamente, como se fosse uma “entrada” de um financiamento. Qual
seria o valor da contraprestação mensal neste caso?
Fazendo uso da calculadora eletrônica temos:
Valor financiado do bem = R$ 120.000,00 – R$ 6.000,00 de VRG pago
antecipadamente = R$ 114.000,00.
i = 4,2%
n = 48 meses
12
PERÍCIA CONTÁBIL EM MATÉRIA FINANCEIRA – Prof. Remo Dalla Zanna (MS)

PMT ou R = R$ 5.559,60

11.5. Outros encargos financeiros presentes nos contratos de arrendamento


mercantil.

Os contratos de leasing, a exemplo dos contratos de empréstimos bancários em


geral, contêm cláusulas punitivas a serem aplicadas em casos de inadimplência. Tais
cláusulas, segundo a praxe, são:
(i) comissão de permanência por taxa não fixada em contrato. O
texto dos contratos, geralmente, é assim formulado: “... comissão
de permanência, calculada à taxa máxima do dia do pagamento,
adotada pelo Banco XYZ – Arrendamento Mercantil S.A. em
suas operações ativas”;
(ii) juros de mora de 1% ao mês;
(iii) multa de 10% sobre o valor devido.

Os contratos de leasing, depois de fixarem o valor da contraprestação mensal,


inserem a cláusula de atualização monetária usada para corrigir o valor de cada uma
das contraprestações mensais. O indexador geralmente escolhido é a variação da
TR. Mas, há contratos que consideram o IGP-M da FGV e outros a variação do
dólar. A atualização monetária incide também sobre o VRG.

11.6. Motivos mais comumente alegados pelos arrendatários para agir,


judicialmente, contra a arrendadora e vice-versa.

O questionamento judicial de contratos de leasing é feito, geralmente sobre os


seguintes temas:
 taxa elevada de juros embutida no cálculo da prestação mensal;
 presunção de existência do anatocismo na aplicação da taxa de juros do
financiamento pois os cálculos são feitos com base na Tabela Price;
 valor da prestação mensal exorbitante em face do bem arrendado (corolário
dos dois primeiros itens);
 cobrança do Valor Residual Garantido em prestações mensais que, em
alguns contratos, recebe o nome de FUNDO DE RESGATE PARCELADO.
Entendem, alguns advogados, que este procedimento é abusivo, pois o valor
residual seria devido pela arrendatária somente ao final do contrato e se
optasse pela compra do bem, não cabendo, pois, o seu pagamento em
parcelas mensais, ainda que sob o criativo nome de FUNDO DE RESGATE
PARCELADO. Entendem que em assim procedendo, o contrato de leasing fica
automaticamente descaracterizado, transformando-se em contrato de compra
13
PERÍCIA CONTÁBIL EM MATÉRIA FINANCEIRA – Prof. Remo Dalla Zanna (MS)

e venda com financiamento em prestações mensais. Este entendimento tem


implicações relacionadas com a posse e a efetiva propriedade do bem;
 demais encargos como o ISS - Imposto Sobre Serviços de âmbito municipal,
seguro, manutenção do bem arrendado e demais gastos decorrentes do uso
do bem e dos termos do contrato;
 contratos indexados ao dólar americano o qual, por decisão do governo, teve
o câmbio liberado a partir janeiro de 1999, tomando de surpresa todos os que
tinham débitos a ele vinculados. Entendem alguns advogados, que o Código
de Defesa do Consumidor protege os arrendatários no sentido de que a
decisão de liberar o câmbio, tomada pelo governo, não poderia prejudicá-los,
pois contrataram o indexador “câmbio” em boa-fé e, neste caso, pugnam
pela indexação – a partir de janeiro de 1999 inclusive - com base na variação
mensal do INPC;
 em face do inadimplemento da prestação mensal, a empresa arrendadora
estaria cobrando “taxa de permanência” cumulada com a “correção
monetária” e isto seria cobrar em dobro pela inadimplência;
 perda das prestações pagas no caso de busca e apreensão do bem objeto de
arrendamento.

No que tange aos contratos indexados em moeda estrangeira, geralmente, o


dólar norte-americano, os senhores advogados dispõem de algumas decisões que
servem, também, para indicar a forma dos cálculos periciais.

Por exemplo:

CONTRATO DE LEASING - REAJUSTE PACTUADO COM BASE


NA VARIAÇÃO CAMBIAL - ALTERAÇÃO DA POLÍTICA CAMBIAL
DO GOVERNO - IMPREVISIBILIDADE - ONEROSIDADE
EXCESSIVA ACARRETADA AO DEVEDOR - REVISÃO
CONTRATUAL JUSTA - RECURSO PARCIALMENTE PROVIDO

Tendo a inesperada mudança da política cambial oficial acarretado


onerosidade excessiva das obrigações assumidas, devem as
prestações relativas ao mês de janeiro (1999) ser reajustadas pela
cotação do dólar norte-americano de 1.32, passando as seguintes a
ser reajustadas de conformidade com a variação do INPC do IBGE.
(2º TACIV - Turma julgadora da 5ª Câm., Ag. de Inst. nº 576.071-0/6,
rel. Juiz. LUÍS DE CARVALHO, j. 26.05.1999, v. u.. ementa).
BAASP, 2123/1119-j de 06.09.1999.)”

Esta questão, todavia, não está pacificada, pois a Resolução nº 2.309/1996 do


BACEN, em seu artigo 9º, prevê a possibilidade de os contratos serem indexados à
alguma moeda estrangeira usada pela instituição arrendadora para fazer o funding
14
PERÍCIA CONTÁBIL EM MATÉRIA FINANCEIRA – Prof. Remo Dalla Zanna (MS)

do capital utilizado na compra dos bens objeto de arrendamento mercantil. Vide


texto:

“Art. 9 Os contratos de arrendamento mercantil de bens cuja


aquisição tenha sido efetuada com recursos provenientes de
empréstimos contraídos, direta ou indiretamente, no exterior, devem
ser firmados com cláusula de variação cambial.”

Em sentido contrário, a respeito da explosão da taxa de câmbio em janeiro de 1999,


causada pela mudança da política monetária, existem pronunciamentos como os que
a seguir estão transcritos:

“A modificação do câmbio não era de todo imprevisível. Por outro


lado, em se tratando de repasse de recursos oriundos de empréstimos
contraídos no exterior (clausula 12 do contrato - fls. 50 v), onde a
correção cambial decorre de norma legal (art. 9º da Res. 2.309/96), e
não se sabendo quais despesas e taxas oneram a tomada desses
recursos, no mínimo temerária, prima facie, a aceitação de imediato
da modificação do índice de reajuste, para com isto permitir-se
depósito de parcelas que não contemplam os termos do ajuste entre as
partes, ato jurídico perfeito e acabado. (2º TACIV, 2ª Câm., AI nº
574.0092-0/6, Rel. Juiz Gilberto dos Santos, j. 17.05.99).”

“As modificações introduzidas na economia por planos econômicos


do Governo não são acontecimentos imprevisíveis, razão pela qual
não autorizam a revisão judicial de cláusulas contratuais. Recurso
Provido. (2º TAC - Ap. c/ Rev. 548.520-00/8 - 10ª Câm. - Rel. Juiz
Gomes Varjão - j. 10.03.99).”

Por outro lado, a determinação do art. 6º da Lei nº. 8.880, de 27 de maio de 1994, a
mesma que dispôs sobre o programa de estabilização econômica, estabeleceu o
seguinte:
“Art. 6º É nula de pleno direito a contratação de reajuste vinculado à
variação cambial, exceto quando expressamente autorizado por lei
federal, e nos contratos de arrendamento mercantil celebrados entre
pessoas residentes e domiciliados no país, com base em captação de
recursos provenientes do exterior.”

Entendem alguns advogados, com base nos fundamentos supracitados e em outros


por eles citados em suas petições, que a possibilidade de se sustentar a correção dos
contratos de leasing com base na variação cambial dependeria de que tais contratos
fossem, efetivamente, fundados em recursos captados no exterior e que tais
empréstimos ainda não tivessem sido quitados pela arrendadora quando da
15
PERÍCIA CONTÁBIL EM MATÉRIA FINANCEIRA – Prof. Remo Dalla Zanna (MS)

confecção do contrato de leasing com a arrendatária o que permitiria então, e na


forma de exceção expressamente prevista pela própria regulamentação, o repasse de
tais variações aos arrendatários.

A respeito da comprovação contábil da origem estrangeira dos fundos com os quais


foi feito o financiamento da operação de leasing, o ilustre magistrado CLÁUDIO
ANTÔNIO SOARES LEVADA assim se manifestou:

“A prova da captação do dinheiro repassado ao arrendatário cabe à


arrendadora, que é de fato financiadora (pois é disso que trata,
modernamente, o contrato de “leasing”, um virtual financiamento
para a aquisição de bens móveis duráveis), até porque é a única em
condições de produzi-la. Impossível ao arrendatário imiscuir-se nos
negócios internos da arrendadora para provar a origem do dinheiro
que lhe foi repassado e, como se trata de negócios entre particulares,
não caberá ao Judiciário investigar essa origem, cuja prova é
inteiramente cabente a quem captou o dinheiro, alegadamente, no
exterior.” LEASING E VARIAÇÃO CAMBIAL: A NECESSIDADE DE
MANUTENÇÃO DO EQUILÍBRIO CONTRATUAL, in RT 763/73, pág. 74.

11.7. Leaseback

Esta modalidade de leasing consiste em transformar parte do “ativo imobilizado”


em “ativo circulante” e, assim, potencializar o “capital de giro” da empresa. Esta
operação se realiza quando o empresário “vende” uma parte de seu ativo fixo para
uma empresa de arrendamento mercantil e, no mesmo momento, assina com ela um
contrato de leasing, envolvendo os mesmos itens vendidos. Os bens (máquinas e
instalações) permanecem, junto com os imóveis, exatamente no mesmo local,
trabalhando da mesma maneira e sem qualquer interrupção. O que se dá com o
leaseback é a troca temporária de proprietário dos bens, enquanto que a posse
continua com o que vendeu que agora foi transformado em arrendatário. Nas
operações de leaseback, no final, a única opção possível para o arrendatário é a
compra dos bens arrendados. Por isso, nestes casos, o valor residual é, geralmente,
insignificante, podendo ser, por exemplo, R$ 1,00 (um real). O empresário vale-se
do Leaseback para obter capital de giro a custos menores e prazos mais longos que
as opções oferecidas pelos bancos.

11.8. Leasing Imobiliário

O leasing imobiliário se assemelha ao Leaseback e atende às necessidades de


empresas que não querem investir seus recursos na compra de imóveis para operar.
Contratam uma incorporadora e, não raro, dela participam, para construir o edifício
16
PERÍCIA CONTÁBIL EM MATÉRIA FINANCEIRA – Prof. Remo Dalla Zanna (MS)

que lhes convém (tipo de construção e localização) para, depois de pronto, usar o
imóvel ou parte dele, mediante a contratação de uma operação de leasing. O
exemplo mais forte deste tipo de leasing são as sedes de grandes empresas. Do
ponto de vista contábil há que considerar que a contraprestação (o aluguel) é uma
despesa mensal sempre superior à depreciação do imóvel. Além disso, o valor do
terreno não é objeto de depreciação. Conclusão: aos fins do Imposto de Renda
sobre Lucros da Pessoa Jurídica convém assumir, pelo regime de competência, a
despesas de aluguel. Por outro lado, as operações de leasing imobiliário são
tributadas pelo Imposto sobre Transmissão de Bens e Direitos Imobiliários (ITBI)
de responsabilidade do arrendatário.

11.9. Outras formas de arrendamento mercantil com as quais o perito


contador poderá ter a oportunidade se defrontar

(1) Leasing em operações com o exterior. São contratos em que a arrendadora é


pessoa jurídica domiciliada no exterior a arrendatária é empresa sediada no
Brasil. E vice-versa, quanto a empresa arrendadora é sediada no Brasil e o
arrendatária fica em outro pais;
(2) Leasing agrícola. Trata-se de operação de leasing contratada com pessoas
(físicas ou jurídicas) do agro negócio. A principal característica que difere esta
modalidade das demais é o prazo para pagamento do VRG que varia conforme
o tipo de equipamento e sua utilização. Considerando que há equipamentos que
se destinam a uma determinada safra, o pagamento das contraprestações e do
VRG pode semestral ou anual.

11.10. Orientação Técnica

Por tratar a operação de leasing de “aluguel” de bens cumulada com o


financiamento do Valor Residual Garantido, determinadas argumentações sobre o
método de calcular juros, a forma de aplicar a atualização monetária e a eventual
cobrança de encargos relacionados com a inadimplência da arrendatária requerem
do profissional uma postura cautelosa e equidistante dos argumentos da arrendatária
e da arrendadora. Então, o perito oficial apresentará o seu Laudo, atendendo ao que
foi determinado no r. despacho judicial ou na sentença. Na ausência de orientação
judicial a respeito de como deve proceder, o perito apresentará seu trabalho
segundo as cláusulas contratuais - pacta sunt servanda - e também, para atender aos
pontos defendidos pelo arrendatário, ou seja: - rebus sic stantibus especialmente
quando o contrato de leasing tiver sofrido as consequências da elevação do câmbio
Real x Dólar em janeiro de 1999.

Por outro lado, a necessidade de comprovar, mediante perícia contábil, a origem


estrangeira dos recursos usados na operação de leasing deve ser muito bem
considerada pelo perito principalmente quando for estimar os seus honorários, pois,
17
PERÍCIA CONTÁBIL EM MATÉRIA FINANCEIRA – Prof. Remo Dalla Zanna (MS)

quase com certeza, caso seja levado a isso pelos quesitos formulados e não
impugnados, implicará no procedimento técnico conhecido como investigação
minuciosa a ser aplicado na contabilidade da arrendadora para levantar a origem e o
fluxo dos fundos que serviram de funding à específica operação de leasing objeto
de seu laudo pericial. Este trabalho consiste em obter a quebra do sigilo bancário
para conhecer quais pessoas foram contempladas com partes - chamadas “tranches”
- de uma captação de maior valor, inscrita em um Certificado de Registro de Capital
Estrangeiro emitido pelo Banco Central do Brasil, para ver, no final, se a “tranche”
destinada ao arrendatário da lide faz parte desse conjunto.

Com este procedimento pode ser possível apurar a origem externa dos fundos a
serem retornados e a taxa de juros (a ser paga no exterior) que o BACEN autorizou
quando os recursos ingressaram no Brasil. Por sua vez, os bancos tomam
empréstimos no exterior em valores elevados que repartem em pequenas “tranches”
entres os clientes no Brasil. Esta situação pode dificultar o conhecimento de qual
teria sido, em particular e especificamente, o Certificado correspondente aos fundos
viabilizados para um determinado contrato de leasing. Tendo conhecimento do
custo do financiamento a ser pago ao exterior mais os impostos incidentes na
operação, é possível, mediante comparação do que será remetido ao exterior com o
que o arrendador paga no Brasil, ter uma noção aproximada do spread embutido em
cada operação objeto de controvérsias no âmbito do Poder Judiciário.

Como se vê, consideradas estas teses, o perito deverá elaborar uma planilha na qual
possa segregar os valores pagos (pelo arrendatário) destinados a amortizar a dívida
externa do contrato, daqueles pagos a título de lucro, ou spread, para o agente
financeiro/arrendador nacional. É certo que a segregação dos pagamentos feitos
pelo arrendatário em duas colunas de uma planilha, como acima explicitado, só
pode ocorrer com a contribuição da arrendadora.

Por fim, sabe-se que o ônus de comprovar a captação de empréstimo no exterior e


sua posterior repatriação cabe à arrendadora que é a parte que faz os registros
contábeis completos das transações havidas entre ela e a empresa financiadora no
exterior e entre ela e seus clientes no Brasil.

11.11. Um caso em que se estuda uma operação de leasing contratada em


dólares norte-americanos.

Por se tratar de um caso real, estão sendo omitidos todos os nomes das pessoas
envolvidas, tanto jurídicas como físicas, pois, além de preserva-lhes a privacidade, o
que se pretende, neste momento, é disponibilizar ao leitor apenas os aspetos
técnicos do caso.

18
PERÍCIA CONTÁBIL EM MATÉRIA FINANCEIRA – Prof. Remo Dalla Zanna (MS)

As características do contrato objeto deste estudo são:


a) Indexador contratado: variação da cotação do dólar norte-americano frente ao
Real mediante a aplicação da seguinte fórmula:

VR = V * Vn/Vo
Onde:
VR = Valor reajustado
V = Valor a reajustar
Vn = Taxa de venda do dólar norte-americano no câmbio comercial – PTAX 800
Vo = Taxa de compra do dólar norte-americano no câmbio comercial
– PTAX 800

Esta fórmula indica que os valores serão ajustados pela variação ocorrida entre a
cotação do dólar-compra da data do início do contrato e a cotação do dólar-venda
na data de vencimento de cada contraprestação. As cotações, conforme contrato,
correspondem ao dia anterior à data de pagamento da contraprestação.

b) Cálculo da contraprestação mensal com base na seguinte fórmula:

CPT = VB * CB / (1 - IMP)
Onde:
CPT = valor da contraprestação reajustado conforme item (a) acima.
VB = Valor Base do contrato conforme “Termo de Entrega” (ou nomenclatura
equivalente) que contém os valores finais objeto de arrendamento, incluindo
despesas de seguro, transportes, etc. Também serve como comprovante da
entrega do bem e que este foi recebido como houvera desejado a arrendadora.
Por fim, serve como comprovante da data de início o período de arrendamento.
Este valor é de R$ 75.974,88.
CB = Coeficiente Base também conhecido como Coeficiente de Arrendamento –
CA, inscrito no contrato. O CB deste contrato é 0,003390.
IMP = Impostos incidentes sobre a renda da arrendatária correspondentes ao PIS
e ISSQN.
c) Tratamento matemático dado ao Valor Residual Garantido – VRG.

O valor do VRG definido em contrato é de 40% do VB, ou seja, R$ 30.389,95.


Conforme contrato, item “xx”, o valor do VRG será pago mensalmente junto com
o pagamento das contraprestações de maneira que, ao final do contrato, com o
19
PERÍCIA CONTÁBIL EM MATÉRIA FINANCEIRA – Prof. Remo Dalla Zanna (MS)

pagamento da última contraprestação, estará integralmente pago também o VRG.


A fórmula contratada é a seguinte:
VRG = VB * 1,667700%
Portanto, R$ 75.974,88 * 1,667700% == > VRG = R$ 1.267,03 por mês.
Assuntos a serem cuidados na prova pericial conforme r. despacho judicial que
a determinou:
1) Onerosidade excessiva das pactuações em dólares, após janeiro de 1999;
2) Legalidade da Tabela Price e necessidade de expurgo da capitalização de
juros;
3) Cobrança de juros contratuais mais juros sobre o VRG, gerando
capitalização.

Portanto, esta ação objetiva:


a) a revisão do valor das parcelas cobradas pela arrendatária, incluindo, neste
exame, a verificação dos juros cobrados sobre o VRG,
b) a devolução à arrendadora do valor pago a mais decorrente da pleiteada
substituição do indexador do contrato: a variação do câmbio entre Reais e
Dólares norte-americanos pelo INPC/IBGE a partir de janeiro de 1999, e ...
c) exclusão dos juros cobrados sobre o VRG.

Quesitos apresentados pelo magistrado:

a) Na hipótese de ser definida a substituição do dólar pelo INPC, a partir


de janeiro de 1999, qual o saldo credor em favor da autora?

RESPOSTA:

Para responder a este quesito, elaboramos os ANEXOS nºs 5 e 6 com os quais


apurou-se que, na hipótese de ser definida a substituição do dólar pelo INPC, a
partir de janeiro de 1999, o saldo credor da autora é de R$ 21.838,00.
A atualização monetária (4) desse valor, consideradas as diferenças apuradas em
cada contraprestação, eleva o crédito para R$ 31.675,27.

b) Existem juros capitalizados na Tabela Price?

RESPOSTA:

Positiva é a resposta, pois a Tabela Price é uma construção matemática que ...
(4)
Atualização monetária calculada conforme fatores constantes na Tabela Prática para Cálculo de
Atualização Monetária dos Débitos Judiciais do TJSP.

20
PERÍCIA CONTÁBIL EM MATÉRIA FINANCEIRA – Prof. Remo Dalla Zanna (MS)

... incorpora à prestação mensal dois elementos: (i) amortização de principal; e (ii)
juros. A característica fundamental é que as prestações calculadas pela Tabela
Price, excluída a eventual indexação em face da correção monetária contratada, são
todas do mesmo valor.

Como prova matemática do que acima está afirmado, apresentamos duas


simulações:

(i) a primeira cuida de um empréstimo cuja amortização foi feita pela Tabela
Price e, considerada uma determinada quantidade de prestações mensais e
uma determinada taxa de juros ao mês, revela o valor da prestação mensal
que, no tempo fixado, liquida a dívida;
(ii) a segunda considera as mesmas variáveis; mas, inverte a situação para
demonstrar que um poupador que investisse o mesmo capital, pelo mesmo
prazo, à mesma taxa de juros e resgatasse, mensalmente, o mesmo valor que
o mutuário paga de prestação mensal, ganharia os mesmos juros que o
primeiro despende e, ao final do prazo, seu saldo em poupança seria zero.

Segue a demonstração.

Simulação de um empréstimo com as seguintes variáveis:


a) Valor mutuado R$ 12.000,00.
b) Prazo para pagamento: 12 meses.
c) Taxa de juros de 0,5% ao mês
d) Cálculo das prestações e juros: pela Tabela Price.
PERGUNTA: Qual é o valor da prestação mensal, igual e consecutiva que
ao final dos 12 meses quita a dívida?
Resposta:
Conforme tabela abaixo, o valor acumulado será de R$ 1.032,80.

Rateio do valor pago


Meses Data de Valor pago Juros Principal Evolução
aniversário mensal - do Saldo
mente
0 Dívida assumida no momento zero 12.000,00
1 10/01/09 1.032,80 60,00 972,80 11.027,20
2 10/02/09 1.032,80 55,14 977,66 10.049,54
3 10/03/09 1.032,80 50,25 982,55 9.066,98
4 10/04/09 1.032,80 45,33 987,47 8.079,52
5 10/05/09 1.032,80 40,40 992,40 7.087,12
6 10/06/09 1.032,80 35,44 997,36 6.089,75
7 10/07/09 1.032,80 30,45 1.002,35 5.087,40
8 10/08/09 1.032,80 25,44 1.007,36 4.080,04
9 10/09/09 1.032,80 20,40 1.012,40 3.067,64
10 10/10/09 1.032,80 15,34 1.017,46 2.050,18
11 10/11/09 1.032,80 10,25 1.022,55 1.027,63
12 10/12/09 1.032,80 5,14 1.027,66 (0,04)
21
PERÍCIA CONTÁBIL EM MATÉRIA FINANCEIRA – Prof. Remo Dalla Zanna (MS)

Somas 12.393,60 393,56 12.000,04

Simulação de uma poupança (Caderneta de Poupança) com as


seguintes variáveis:
a) Valor poupado ou depositado de R$ 12.000,00.
b) O poupador sacará R$ 1.032,80 todo mês.
c) Taxa de juros de 0,5% ao mês
d) Regime de capitalização: juros compostos.

PERGUNTA: Qual será o saldo da poupança no final do 12º mês?


Resposta:
Conforme tabela abaixo, o valor remanescente será zero.

Meses Data de Saldo do Juros de Resgate Evolução


aniversário valor 0,5% ao mensal do Saldo
poupado mês
1 12.000,00 60,00 1.032,80 11.027,20
2 10/01/09 11.027,20 55,14 1.032,80 10.049,54
3 10/02/09 10.049,54 50,25 1.032,80 9.066,98
4 10/03/09 9.066,98 45,33 1.032,80 8.079,52
5 10/04/09 8.079,52 40,40 1.032,80 7.087,12
6 10/05/09 7.087,12 35,44 1.032,80 6.089,75
7 10/06/09 6.089,75 30,45 1.032,80 5.087,40
8 10/07/09 5.087,40 25,44 1.032,80 4.080,04
9 10/08/09 4.080,04 20,40 1.032,80 3.067,64
10 10/09/09 3.067,64 15,34 1.032,80 2.050,18
11 10/10/09 2.050,18 10,25 1.032,80 1.027,63
12 10/11/09 1.027,63 5,14 1.032,80 (0,04)
Somas 393,56 12.393,60

Conclusão: todos concordam que a Caderneta de Poupança (e outros investimentos


semelhantes) paga juros capitalizados e ninguém se opõe com os lucros dos
poupadores/investidores. No lado inverso da mesma medalha, demonstrou-se que a
Tabela Price cobra juros capitalizados exatamente da mesma forma só que agora os
lucros são do sistema financeiro, mas há pessoas que se opõem.

c) Houve capitalização de juros? Em caso positivo, o perito deverá


esclarecer qual o valor ilegalmente exigido pelo Banco Leasing S/A a
título de juros sobre juros.

RESPOSTA:

Vamos responder a este quesito em dois lances como segue:


a) Quanto à capitalização de juros: positiva é a resposta, pois, como
demonstrado na resposta ao quesito anterior apresentado por V. Exa., tendo
sido adotada a Tabela Price como forma de calcular o valor da
contraprestação mensal, ocorreu a capitalização de juros.
22
PERÍCIA CONTÁBIL EM MATÉRIA FINANCEIRA – Prof. Remo Dalla Zanna (MS)

b) Quanto a esclarecer qual o valor ilegalmente exigido pelo Banco Leasing S/A
a título de juros sobre juros, fica prejudicada a resposta porque não foi
determinado, no quesito acima, qual deveria ser o método de amortização
escolhido por V. Exa. se:
(i) Método Hamburguês de juros em conta corrente;
(ii) Sistema de Amortização Constante – SAC;
(iii) SACRE;
(iv) GAUSS ou qual?
Assim que for definido o método alternativo para calcular a amortização, o
auxiliar de V. Exa. terá condições de atender ao quanto perquirido.

Quesitos da Autora e respectivas respostas ajustadas à finalidade deste livro:

1. Queria, o Sr. Perito, esclarecer se, em 21/10/,97, foi firmado o contrato de


arrendamento mercantil n°. 010101, com vencimento previsto para 28/10/99,
no valor de R$ 77.000,00, com correção monetária em dólar norte-americano.
Queira o Sr. Perito, descrever as características deste contrato de leasing
citado na peça inicial bem como de seus eventuais aditamentos.

RESPOSTA:

Tendo como suporte os documentos juntados aos autos, tem-se:


a) Contrato de arrendamento mercantil nº 010101
1. Arrendadora: Banco Leasing S/A
2. Arrendatária: Indústria e Comércio Ltda.
3. Descrição sumária dos bens objeto de arrendamento: Veículo e seguro,
conforme descrição que vier a constar em nota(s) fiscal(is) de compra e venda
que uma vez emitida(s) integrará(ão) o presente contrato.
4. Valor estimado de desembolso para adquirir o bem objeto de arrendamento:
R$ 77.000,00.
5. Prazo do arrendamento: 24 (vinte e quatro) meses a contar da data em que
ocorrer a entrega do bem à arrendatária.
6. Quantidade de contraprestações: 24 (vinte e quatro).
7. Coeficiente Base da contraprestação (CB): 0,03390.
. Taxa do contrato ao dia (tx): 0,0532671.
8. Periodicidade e pagamento: mensal.
9. Valor Residual Garantido (VRG): valor em moeda corrente nacional
equivalente a 40% (quarenta centésimos percentuais) do Valor Base do
Contrato (VB), reajustado conforme previsto neste contrato.
9.1. Opção de compra: valor em moeda corrente nacional equivalente a
40% (...) do Valor Base do contrato (VB), reajustado conforme
previsto neste contrato.
23
PERÍCIA CONTÁBIL EM MATÉRIA FINANCEIRA – Prof. Remo Dalla Zanna (MS)

10. Parcelas do valor residual garantido:


10.1. uma parcela equivalente a 0,00% do Valor Base do Contrato (VB) a
ser paga na data do início do prazo de arrendamento;
10.2.24 (vinte e quatro) parcelas equivalentes a 1,6677% (um inteiro e seis
mil, seiscentos e setenta e sete décimos milésimos percentuais) do
Valor Base do Contrato (VB), reajustadas conforme previsto neste
contrato, a serem pagas nas mesmas datas de vencimento das
contraprestações.
11. Data de assinatura do contrato: 21/10/1997.
12. Configuração das verbas efetivamente contratadas visto que o valor de R$
77.000,00 é um valor estimado:

Item Descrição do item Valores em R$


contratado
A Valor dos desembolsos 75.794,01
B Taxa de compromisso 180,87
C Valor Base do contrato (A+B) 75.974,88
D Data do início do prazo de arrendamento 28/20/1997
E Data de término do prazo de arrendamento 28/10/1999
F Data de vencimento da primeira contraprestação 28/11/1997
(prestação posticipada)

Crítica apresentada pelo ilustre assistente técnico da autora em seu


Parecer Técnico:

A perícia não informou o valor inicial da contraprestação, embora


claramente perguntada no texto do quesito. Esclarece-se que a apuração e a
informação do valor exato da contraprestação inicial contratada fazem-se
necessários para complementar os dados financeiros demonstrados no
“quadro preambular” do contrato firmado entre as partes, visto que,
demonstrando absoluta falta de transparência, o texto contratual não
informa estes valores.

Por outro lado, a perícia informa que o valor citado no quesito (R$
77.000,00) não é o valor do contrato, mas de uma estimativa. Todavia, a
“Lista de Confirmação”, anexa ao contrato, contendo o valor de R$
75.974,88, tem a mesma data do contrato. Ou seja, sabia-se qual era o valor
objeto de contrato na mesma data em que foi condicionado e assinado
sendo, assim, totalmente desnecessário citar o valor estimado de R$
77.000,00. Fica, portanto, a dúvida sobre quais teriam sido as razões para
que o contrato mencionasse um valor estimado quando o valor exato já era
conhecido.

24
PERÍCIA CONTÁBIL EM MATÉRIA FINANCEIRA – Prof. Remo Dalla Zanna (MS)

Outro ponto que merece esclarecimento é que a taxa diária do contrato, de


0,0532671%, para ser conhecida, há que se usar o método da Taxa Interna
de Retorno - TIR – usando, todavia, o valor estimado de R$ 77.000,00 como
sendo o valor financiado o que, como vimos acima, é, no mínimo, um ato
falho.

Meritíssimo Juiz, a completa informação dos elementos efetivamente


contratados é fundamental para o conhecimento das verdadeiras variáveis
financeiras que nortearam a operação em questão.

Em face da crítica acima foi feito um pedido de esclarecimentos vazados


nos seguintes termos:

a) Pede-se que o ilustre perito diga qual é o valor inicial da


contraprestação.

Esclarecimento apresentado pelo perito oficial:

O valor inicial da contraprestação do contrato em tela é de R$ 3.841,80


cujo cálculo deve ser feito como segue:
Base de cálculo: R$ 75.974,88
i = 1,61041863%
n = 24
PMT = Valor inicial da contraprestação = R$ 3.841,80
compreendendo dois itens: (i) valor do “aluguel” = R$ 2.575,55
+ valor da parcela do VRG = R$ 1.266,25

2. Queira o Sr. Perito esclarecer qual é o indexador estabelecido no contrato de


arrendamento mercantil em discussão, especificamente para o reajuste das
contraprestações e do valor residual.

RESPOSTA

O contrato, em sua cláusula 6ª, apresenta o seguinte texto:

“6. REAJUSTES. A ARRENDATÁRIA declara estar ciente de que os


recursos necessários para aplicação específica na aquisição dos bens, foram
captados no exterior pela ARRENDADORA, em dólares norte-americanos,
cuja operação foi devidamente aprovada pelo Banco Central do Brasil. Assim
sendo, a ARRENDATÁRIA reconhece expressamente o direito de a
ARRENDADORA utilizar a variação das taxas de câmbio para compra e
para venda do dólar norte-americano divulgadas pelo Sistema de Informações
25
PERÍCIA CONTÁBIL EM MATÉRIA FINANCEIRA – Prof. Remo Dalla Zanna (MS)

do Banco Central – SISBACEN – para apuração e reajuste de todos os


valores devidos pela ARRENDATÁRIA em razão do presente contrato, de
forma que a ARRENDADORA, com isso, perceba o numerário suficiente
para o pagamento de suas obrigações decorrentes da captação de recursos no
exterior.

PARÁGRAFO PRIMEIRO: Caso as condições financeiras pactuadas na data


da assinatura do contrato, inclusive aquelas relativas à captação de recursos
para manter a operação, venham a sofrer qualquer alteração por parte das
autoridades governamentais, impossibilitando a manutenção das bases
originalmente ajustadas, então, neste caso, as partes negociarão, de comum
acordo, novas condições financeiras que permitam a continuidade do
contrato. Caso as partes não consigam se compor amigavelmente, então a
ARRENDATÁRIA efetuará o pagamento do valor equivalente ao Valor
Estipulado de Perda (VEP) previsto na cláusula 15, que será reajustado até a
data do seu efetivo pagamento, encerrando-se o contrato.

PARÁGRAFO SEGUNDO: No caso de se tornar exigível o Valor Estipulado


de Perdas (VEP) calculado de acordo com o presente contrato, serão pagos
pela ARRENDATÁRIA, juntamente com o VEP, todos os montantes de
responsabilidade da ARRENDATÁRIA incorridos e ainda não pagos. Todos
os valores devidos em razão do presente contrato serão reajustados
mediante a aplicação da seguinte fórmula:

VR = V x Vn/Vo
Onde:

VR = Valor reajustado
V = Valor a reajustar
Vn = Taxa de Venda do dólar norte-americano, no câmbio comercial,
anunciada pelo Banco Central do Brasil via SISBACEN para transações
PTAX 800, opção 5, moeda 220, relativa ao dia útil precedente ao dia de
apuração do Valor Reajustado. Caso a taxa de câmbio aqui definida venha
a ser extinta e/ou não publicada, ou seja, considerada não aplicável pelo
Banco Central do Brasil ou qualquer outro órgão governamental brasileiro,
que à época de cada pagamento previsto neste contrato, seja o responsável
pela fixação, divulgação ou publicação de taxas de câmbio, será aplicada a
taxa que à época for utilizada e/ou determinada para conversão de moeda
corrente nacional para dólar norte-americano, por qualquer canal ou
mecanismo leal e costumeiro para pagamento, pela ARRENDADORA,
ao(s) CREDOR(ES) no exterior. Esta taxa será aquela vigente, apurada ou
praticada na data de pagamento de qualquer obrigação estipulada neste
contrato.
26
PERÍCIA CONTÁBIL EM MATÉRIA FINANCEIRA – Prof. Remo Dalla Zanna (MS)

Vo = Taxa de Compra de dólar dos Estados Unidos da América, no câmbio


comercial, anunciada pelo Banco Central do Brasil, via SISBACEN para
transações PTAX 800, opção 5, moeda 220, relativa ao dia útil precedente
(i) à data de início do prazo de arrendamento; ou (ii) à data de desembolso
para apuração da Taxa de Compromisso e ressarcimento da
ARRENDADORA.”

Tecnicamente, tal fórmula indica que os valores serão reajustados pela variação
observada entre a cotação do dólar (compra) da data do início do contrato e a
cotação do dólar (venda), na data do vencimento de cada obrigação.

3. Esclareça, o Sr. Perito, se os documentos trazidos pelo réu aos autos


constituem-se em meio de prova induvidoso de que os recursos mutuados sub
judice tiveram sua origem em captação feita no exterior.

RESPOSTA

Positiva é a resposta, pois o documento juntado às fls.156/163 dos autos, uma cópia
xérox do Certificado de Registro de Capital Estrangeiro nº 143/66890, emitido pelo
Banco Central do Brasil em 17/07/1996 indica, resumidamente, o que segue:
1. Devedor: Banco Leasing S/A
2. Credor: Over International Co.
3. Garantidores: (...)
4. Características da Operação: (i) Natureza: empréstimo; (ii) Objetivo: captial
de giro
5. Valor: US$ 30.000.000,00
6. Juros e Imposto de Renda: 1,76% ao ano acima da LIBOR para depósitos a 6
meses, em dólares dos Estados Unidos, reajustável semestralmente, sobre o
saldo devedor principal, contados a partir de 22/01/1996.
7. Encargos acessórios: (...)
8. Data do ingresso das divisas no país: 23/01/1996
9. Condições de pagamento: (...)

Crítica apresentada pelo ilustre assistente técnico da autora em seu


Parecer Técnico sobre o quesito nº. 3 da Autora:

A perícia não esclareceu a dúvida levantada porque o Certificado de


Registro de entrada de Capital Estrangeiro anexo aos autos, não constitui
prova suficiente de que os recursos mutuados no contrato objeto desta
demanda, tiveram origem nele.

27
PERÍCIA CONTÁBIL EM MATÉRIA FINANCEIRA – Prof. Remo Dalla Zanna (MS)

A verdade é que no contrato firmado com a Autora, a Ré menciona que os


recursos utilizados para aquisição do bem objeto de arrendamento foram
obtidos no exterior, todavia, não cita o número do Certificado de Registro
no Banco Central do Brasil ao qual este contrato de arrendamento
mercantil está vinculado. Assim sendo, até este momento, não há prova de
que ao Certificado de Registro de Capital Estrangeiro nº 143/66890, emitido
pelo Banco Central do Brasil em 17/07/1996, tenha sido vinculado ao
presente contrato de arrendamento mercantil, dando baixa do equivalente
valor em dólares norte-americanos.

Em face da crítica acima foi feita uma solicitação de esclarecimentos vazada


nos seguintes termos:

b) Como conseguiu o ilustre perito oficial, vislumbrar que o Certificado


de Registro de Capital Estrangeiro nº. 143/66890, emitido pelo Banco
Central do Brasil em 17/07/1996, diz respeito aos recursos utilizados
no contrato objeto desta ação?

Esclarecimento apresentado pelo perito oficial:

Considerando o que já foi informado na resposta ao quesito acima, nada


mais há para ser esclarecido.

--------- ooooooo ---------

Inconformada com o esclarecimento acima, a Autora retornou com novo


pedido como segue:

b.1) Queira o Sr. Perito esclarecer, contabilmente, com base


no que consta nos autos, se é possível afirmar que o capital
utilizado na operação sub judice é o mesmo oriundo do
Certificado de Registro de Capital Estrangeiro nº. 143/66890,
emitido pelo Banco Central do Brasil em 17/07/1996,
demonstrando todo o caminho traçado pelo recurso desde sua
entrada no Brasil até a utilização no contrato dos autos. Nesta
sua resposta, pede-se levar em consideração o que disse o
ilustre perito judicial, Sr. C. S. de O., nomeado e atuante nos
autos do Processo nº. 2002.001.001., em trâmite perante a 124
ª Vara Cível do Rio de Janeiro, onde o mesmo Certificado de
Registro de Capital Estrangeiro nº. 143/66890, emitido pelo
Banco Central do Brasil em 17/07/1996, foi usado como
comprovante de captação de recursos no exterior.

28
PERÍCIA CONTÁBIL EM MATÉRIA FINANCEIRA – Prof. Remo Dalla Zanna (MS)

Esclarecimento complementar apresentado pelo perito oficial:

O Certificado de Registro de Capital Estrangeiro nº. 143/66890, emitido pelo Banco


Central do Brasil em 17/07/1996 é de trinta milhões de dólares norte-americanos. Estes
recursos, captados no exterior pelo Banco Leasing S/A, empresa arrendatária no
contrato que se questiona nos autos deste processo, obviamente não se destinavam a
ele apenas. Trata-se de uma captação tipo “plafon” para uso em muitos contratos de
leasing, para muitas empresas e até para pessoas físicas, de modo que abrir a conta de
controle para saber quem foi contemplado com parcelas deste “plafon” mediante a
concessão de “tranchs”, fere - de pronto - o sigilo bancário. No mais, em diligência
realizada na sede do Réu – visto que os documentos dos autos não são suficientes para
atender a este pedido de esclarecimentos – confirmou-se o que já fora esclarecido, ou
seja, a vistoria contábil realizada examinou e comprovou os seguintes fatos:
(i) Cópia do Razão Analítico da conta 0101010101 que contém o registro contábil
da entrada dos US$ 30.000.000,00, cujo valor foi contabilizado por R$
102.350.000,00;
(ii) Cópia do Razão Analítico da conta 1010101010 na qual foi escriturada a
contrapartida da conta acima. Esta conta (contrapartida) representa a dívida
do Banco Leasing S/A para com a entidade que, do exterior, lhe forneceu os
recursos;
(iii) Cópia do “slip” de lançamento usado para contabilizar o que acima foi
informado;
(iv) Cópia do Razão Analítico da conta 0101010101 na qual foi contabilizada
aplicação dos recursos destinados ao contrato sub judice em cuja escrituração
conheceu-se o número da nota fiscal com a qual foi adquirido o bem
arrendado e o nome da empresa fornecedora, tudo no valor de R$ 68.932,38,
no dia 27/101966; mais o pagamento do prêmio de seguro do bem a favor da
Autora, feito junto à AGF Brasil Seguros S/A, no valor de R$ 6.861,63, no dia
28/10/1996; totalizando R$ 75.794,01. Nota: O subscritor estes
esclarecimentos mantém em seu poder cópia xérox da nota fiscal/fatura e do
recibo de pagamento de seguro supracitados, devidamente quitados, para
eventuais necessidades futuras;
(v) Cópia do Razão Analítico da conta 1100110011 na qual foi escriturada a
contrapartida do valor do bem arrendado no contrato sub judice fechando-se,
assim, o circuito contábil da aplicação dos recursos captados no exterior e seu
investimento no Brasil;
(v) Cópia do Razão Analítico da conta 0011001100 na qual foram escriturados,
um a um, os pagamentos feitos pela Autora/arrendadora.

Cópias xérox de todos os documentos supracitados e de outros que foram examinados


no curso de nossa diligência estão em poder deste auxiliar de V. Exa., pois envolvem
outras pessoas, jurídicas e físicas, que foram contempladas com empréstimos
vinculados ao mesmo Certificado de Registro de Capital Estrangeiro nº. 143/66890,
emitido pelo Banco Central do Brasil em 17/07/1996.

4. Apresente, o Sr. Perito, a cotação de venda do dólar norte-americano na data


em que foi firmado o contrato sub judice, bem como as posteriores cotações

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PERÍCIA CONTÁBIL EM MATÉRIA FINANCEIRA – Prof. Remo Dalla Zanna (MS)

nas datas dos vencimentos das contraprestações, até o dia da entrega do


laudo pericial.

RESPOSTA

A consulta ao site do BACEN revelou que o câmbio de Reais para Dólares norte-
americanos, na alternativa PTAX 800, opção 5, moeda 220, correspondentes aos
dias úteis imediatamente anteriores às datas indicadas no quesito acima, são:

Datas Câmbio para Câmbio para


comprar dólares vender dólares
28/10/97 1,1019 1,1027
28/11/97 1,1081 1,1089
28/12/97 1,1143 1,1151
28/01/98 1,1216 1,1224
28/02/98 1,1296 1,1304
28/03/98 1,1356 1,1364
28/04/98 1,1433 1,1441
28/05/98 1,1512 1,1520
28/06/98 1,1556 1,1564
28/07/98 1,1653 1,1661
28/08/98 1,1745 1,1753
28/09/98 1,1840 1,1848
28/10/98 1,1914 1,1922
28/11/98 1,1995 1,2003
28/12/98 1,2071 1,2079
28/01/99 1,8878 1,8886
28/02/99 2,0640 2,0648
28/03/99 1,7742 1,7750
28/04/99 1,7061 1,7069
28/05/99 1,7129 1,7137
28/06/99 1,7896 1,7904
28/07/99 1,8165 1,8173
28/08/99 1,9235 1,9243
28/09/99 1,9166 1,9174
28/10/99 1,9946 1,9954

5. Queira, o Sr. Perito, informar se a taxa de juros da operação em discussão


encontra-se especificada em contrato.

RESPOSTA

Positiva é a resposta, pois a taxa de juros está mencionada no contrato em


1,61041863% ao mês. Vide documento nº. xx juntado a esta prova pericial.

30
PERÍCIA CONTÁBIL EM MATÉRIA FINANCEIRA – Prof. Remo Dalla Zanna (MS)

O contrato também menciona o Coeficiente de Arrendamento – CA – como sendo


0,03390.

6. Caso a resposta ao quesito anterior seja negativa, queira, o Sr. Perito, efetuar
o cálculo da taxa de juros da operação levando em conta, para este objetivo,
as características da operação fornecidas em contrato, utilizando o método da
TAXA INTERNA DE RETORNO (TIR OU IRR) (5), da seguinte forma:

Simbologia usada em
Itens usados no cálculo máquinas de calcular
eletrônicas.
a) Valor do bem R$ 77.000,00 PV
b) Contraprestação + valor residual ambos pagos PMT
mensalmente: R$ 2.610,30 + R$ 1.283,89 = R$
3.893,89
c) Prazo de 24 meses n
d) Valor residual final = a zero FV
e) incógnita procurada = i = taxa efetiva de juros ao mês

(5)
A Taxa Interna de Retorno (TIR) ou a taxa efetiva de juros de uma série de pagamentos é a
taxa que equaliza o valor presente das saídas (pagamentos) com o valor das entrada
(recebimentos) de um fluxo de caixa. Em língua inglesa: Intern Rate Return (IRR).

RESPOSTA

Independentemente da resposta ao quesito anterior ter sido positiva, fato que


prejudicaria a resposta a este quesito e independentemente de o valor mencionado
ser uma estimativa de R$ 77.000,00 visto que o valor efetivamente contratado foi de
R$ 75.974,88, com a única intenção de bem servir a V. Exa., o abaixo assinado
responde como segue:

PV = R$ 77.000,00
PMT = R$ 3.893,89
N= 24 meses
... portanto i = 1,610989% ao mês

No contrato, a taxa de juros ali inscrita é de 1,61041863% ao mês, diferença


atribuída ao sistema de arredondamento e materialmente desprezível.

Nota técnica 1: As nomenclaturas usadas são encontradas em máquinas de


calcular eletrônica portáteis e têm o seguinte significado:
PV = Valor presente investido

31
PERÍCIA CONTÁBIL EM MATÉRIA FINANCEIRA – Prof. Remo Dalla Zanna (MS)

PMT = série uniforme de pagamentos, de valores iguais e consecutivos


n = quantidade de períodos que, no caso presente, corresponde a 24 meses
i = taxa de juros ao mês que era a incógnita objeto de cálculo

Nota técnica 2: O procedimento de cálculo determinado na formulação deste


quesito tem o mesmo conceito da Tabela Price e corresponde à capitalização
composta da taxa de juros de 1,610989% ao mês.

Por fim, se considerarmos o valor efetivo de PV = R$ 75.974,88; e o CA do


contrato = 0,03390, a taxa de juros efetiva que corresponde a este CA é de
1,588455% ao mês.

Cálculos:
PMT = R$ 75.974,88 * 0,03390 = R$ 2.575,55
n= 24 meses
PV = R$ 75.974,88
... portanto, i = 1,588455% ao mês

7. Antes da formulação da pergunta deste quesito é necessário fazer uma


pequena introdução; portanto, pede-se vênia ao vistor.

Segundo o assentado pela autora na petição inicial, o réu está a cobrar


juros sobre o valor residual. Neste sentido, veja-se o seguinte ensinamento da
FUNDAÇÃO INSTITUTO DE PESQUISAS CONTÁBEIS, ATUARIAIS E FINANCEIRAS
– FIPECAFI, na obra MANUAL DE CONTROLE OPERACIONAL DE SOCIEDADES
DE ARRENDAMENTO MERCANTIL, 2ª edição, Atlas, págs. 54 e 55.

OBSERVAÇÕES E CRÍTICAS DO ADVOGADO SOBRE A INCLUSÃO DE JUROS DO VRG


NO COEFICIENTE DE ARRENDAMENTO

Conforme foi desenvolvido, ao procurar-se determinar a taxa de juros que gerou um


determinado coeficiente de arrendamento, dever-se-á calcular, necessariamente, a
taxa de desconto composto do fluxo de entradas e saídas de caixa produzido pelo
contrato de arrendamento. Com isso ter-se-á apurado, conforme se pode concluir
dos retornos 14% e 10% encontrados, respectivamente, nos exemplos ilustrativos 2
e 3 anteriores, os juros que a Sociedade Arrendadora está cobrando em sua
operação de leasing.

O processo de cálculo carece de uma maior simplificação em razão de as


contraprestações não se apresentarem uniformemente constantes, verificando-se,
frequentemente, a existência de algum pagamento ao final do fluxo da operação de
arrendamento. Nestes casos, mesmo que a Sociedade Arrendadora não opere da
32
PERÍCIA CONTÁBIL EM MATÉRIA FINANCEIRA – Prof. Remo Dalla Zanna (MS)

forma do bem a recuperar ilustrada no item precedente (computa o valor periódico


das contraprestações do custo do bem a recuperar e adiciona em cada uma, os juros
referentes ao valor residual do bem), o esquema permanece válido. Isto é
perfeitamente justificável, pois, ao considerar os juros do valor residual definido
para o bem em cada uma das contraprestações (só considera o principal do valor
residual ao final do prazo), a sociedade, sabidamente, considerou estes encargos na
taxa de juros cobrada. Assim, a taxa de juros estipulada pela Instituição
Arrendadora contém ademais da remuneração dos capitais envolvidos na aplicação,
os juros provenientes do valor residual a ser liquidado somente ao final do contrato
de arrendamento.

Assim, sem adentrar no mérito da demanda, queira, o Sr. Perito, proceder aos
seguintes cálculos para encontrar o Coeficiente de Arrendamento da operação, bem
como outros dados matemáticos relevantes ao desenlace desta lide:

(A) Partindo do resultado da taxa de juros da operação obtida no quesito


número 4 acima, queira, o Sr. Perito, obter o coeficiente de
arrendamento da operação, utilizando a seguinte fórmula:

i
CA = ---------------
1 – (1 + i)-n

Onde: CA = coeficiente de arrendamento (incógnita)


n = 24 meses
i = a taxa de juros obtida na resposta ao quesito número 6

(B) No contrato sob análise o VRG é cobrado mensalmente, juntamente


com as contraprestações. Assim, queira, o Sr. Perito, utilizando-se dos
dados obtidos anteriormente, proceder ao cálculo das prestações
mensais de acordo com o seguinte critério:

a) 1º até o 24º mês:

“X” = contraprestação = (Valor do bem – (menos) valor residual total)


* CA
“Y” = encargos e amortização mensal do VRG = Valor Residual Total
* CA
Contraprestação mensal = “X” + “Y”

Obs.: O valor de CA (Coeficiente de Arrendamento) foi obtido com


os cálculos acima, realizados pelo i. vistor oficial.

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PERÍCIA CONTÁBIL EM MATÉRIA FINANCEIRA – Prof. Remo Dalla Zanna (MS)

Queira, o Sr. Perito, analisar o plano de pagamentos efetivado pela autora no


contrato em pauta e responder se as prestações mensais obtidas com os cálculos
acima alinhavados correspondem aos valores efetivamente exigidos pelo réu, este,
considerado como o total desembolsado pela autora, mensalmente (contraprestação
+ o dito valor residual). Justificar a resposta, sem adentrar no mérito da demanda,
apenas sob o ponto de vista matemático.

RESPOSTA

Tudo indica que o ilustre perquirente se refere à taxa de juros apurada no quesito
precedente, o de número 6 desta série, pois o quesito nº. 4 acima mencionado não
cuida de taxa de juros.
(1 + 0,01610989)24 * 0,01610989
PMT = 77.000,00 * ----------------------------------------
(1 + 0,01610989) 24 -1

1,0161098924 * 0,01610989
PMT = 77.000,00 * -----------------------------------
1,01610989 24 -1

1,467494 * 0,01610989
PMT = 77.000,00 * ------------------------------
1,467494 -1

0,023641
PMT = 77.000,00 * ------------- ... portanto:
0,467494

0,023641
------------ = 0,05057 == > este é o CA deste contrato
0,467494

Assim sendo, considerando os termos propostos na formulação deste quesito, o


PMT = R$ 77.000,00 * 0,05057 = R$ 3.893,89 que correspondem à soma de R$
2.610,30 de contraprestação + R$ 1.283,59 amortização mensal do VRG. Note-se
que este valor é maior que o valor cobrado no contrato, usando, obviamente, as
fórmulas de cálculo contratadas.

Por outro lado, ao trabalharmos com o valor da contraprestação mensal de R$


2.575,55; grafado no contrato e valor base -VB – acima e, considerando o fato de
que os cálculos (nos contratos de leasing em geral) são feitos com base na teoria da
34
PERÍCIA CONTÁBIL EM MATÉRIA FINANCEIRA – Prof. Remo Dalla Zanna (MS)

Taxa Interna de Retorno - TIR ou IRR em inglês, apresentamos o procedimento


matemático usado neste caso.

1º passo: apura-se o VRG que, neste caso, é de 40% do valor do bem.


VRG = VB * 0,4;
VRG = R$ 75.974,88 * 0,4 = R$ 30.389,95

2º passo: para conhecer a TIR, já tendo definido valor da contraprestação mensal


em R$ 2.575,55 e usando máquinas de calcular eletrônicas portáteis, aplica-se, com
pequenas variações de um marca de máquina para outra, a seguinte fórmula:
R$ 75.974,88 +/- CFj
R$ 2.575,55 CFj 23 Nj
R$ 2.575,55 + R$ 30.389,95 CFj
Pressione IRR para conhecer a Taxa Interna de Retorno = 1,224121%

Portanto, a taxa de juros grafada no contrato, de 1,61041863% ao mês não


corresponde à taxa que se conhece com base na teoria da TIR, que é 1,224121% ao
mês. Todavia, no final, a quantidade de juros é a mesma porque o valor da
contraprestação somada ao VRG, pagos em cada mês, é o mesmo. O efeito das
diferentes taxas de juros se manifesta na evolução da amortização do principal e
pagamento de juros em cada parcela, pois com a taxa de 1,224121% ao mês a
amortização mensal do capital é maior e o pagamento de juros é menor que se
aplicando a taxa de juros de 1,61041863% ao mês. Este efeito, típico da Tabela
Price, se equaliza na 13ª mensalidade quando a situação se inverte de forma que, ao
final, a quantidade de juros é = R$ 16.228,28 nos dois processos de cálculo.

3º passo: para conhecer o Valor Presente – PV - do VRG que será pago juntamente
com a contraprestação mensal, em 24 parcelas, procede-se como segue:
FV = R$ 30.389,95 correspondentes a 40% do valor do bem
Quantidade de parcelas mensais: n = 24
Juros: i = como foi visto acima, a taxa de juros cobrada pela arrendatária é de
1,224121% ao mês
Portanto, o PV = R$ 22.694,14

4º passo: para confirmar o valor da prestação mensal de R$ 2.575,55 procede-se


como segue:
a) R$ 75.974,88 * CA de 0,0339 = Prestação de R$ 2.575,55; ou
b) PV = R$ 75.974,88 – R$ 22.694,14 (Valor Presente do VRG)
= R$ 53.280,74
n = 24
i = 1,224121% ao mês
Portanto, a prestação PMT = R$ 2.575,55

35
PERÍCIA CONTÁBIL EM MATÉRIA FINANCEIRA – Prof. Remo Dalla Zanna (MS)

Fica, assim, confirmado o coeficiente de 0,0339, equivalente à taxa de juros de


1,224121% ao mês, usado no contrato.

Somando o valor da contraprestação R$ 2.575,55 com o valor da amortização


mensal do VRG de R$ 1.266,25, temos o total a pagar em cada mês = R$ 3.841,80.

Crítica apresentada pelo ilustre assistente técnico da autora em seu


Parecer Técnico sobre o quesito nº 7 da Autora:

Os cálculos acima demonstrados contêm um sofisma aritmético, pois a taxa


de juros de 1,224121% aplicada para “financiar” o VRG é uma construção
matemática feita para “dar certo”. Vamos provar esta afirmação como
segue:
1º) O Coeficiente de Arrendamento – CA – é, de fato, 0,05057 e não 0,0339.
2º) Considerando o valor inicial da dívida como sendo o valor estimado de
R$ 77.000,00 e considerando os demais dados informados no contrato,
obtém-se:
Valor de “X” = contraprestação = (Valor do bem – (menos) valor residual
total) * CA; portanto,
“X” = contraprestação = (R$ 77.000,00 – R$ 30.800,00) * 0,050566667;
portanto,
“X” = contraprestação = R$ 2.336,18
Valor de “Y” = encargos e amortização mensal do VRG = Valor Residual
Total * CA; portanto,
“Y” = encargos e amortização mensal do VRG = R$ 30.800,00 *
0,050566667; portanto,
“Y” = encargos e amortização mensal do VRG = R$ 1.557,45

Contraprestação mensal = “X” + “Y”; portanto = R$ 2.336,18 + R$


1.557,45 = R$ 3.893,63

Na prática a única diferença entre os valores apresentados pelo ilustre


perito judicial e o que acima está demonstrado é a Base de Cálculo, ou seja:
o - VB - estimado de R$ 77.000,00. No mais os valores são praticamente os
mesmos. A diferença relevante, todavia, está no fato de que os cálculos
deste assistente técnico mostram que o CA foi aplicado sobre o valor
residual como se todo o valor do bem tivesse sido objeto de arrendamento e
não apenas 60% dele. É neste ponto que está o sofisma aritmético acima
mencionado.

Este sofisma aritmético também se demonstra somando os CA da


contraprestação e do VRG que constam no contrato, como segue:

36
PERÍCIA CONTÁBIL EM MATÉRIA FINANCEIRA – Prof. Remo Dalla Zanna (MS)

Coeficiente Base da Contraprestação: 0,0339 ou 3,390%


Coeficiente do Valor Residual: 0,01666666 ou 1,667%
Soma dos coeficientes: 0,050566 ou 5,057%

Conforme acima ficou demonstrado, as fórmulas usadas pela arrendadora


Ré para obter o valor das contraprestações mensais incluindo nelas o valor
do arrendamento e o valor do VRG, implicam na capitalização de juros
cobrados sobre o VRG.

8. Comparando os valores dos desembolsos mensais obtidos no quesito nº. 7,


segundo os critérios da autora, com os valores efetivamente exigidos pelo
réu, estaria correta a seguinte assertiva: O banco réu está cobrando juros
sobre o valor residual? Queira, o Sr. Perito, responder a tal questionamento
levando em conta os dados matemáticos anteriormente obtidos.

RESPOSTA

Comparando os valores dos desembolsos mensais obtidos no quesito nº 7, segundo


os critérios da autora, com os valores efetivamente exigidos pelo réu, positiva é a
resposta, pois é correto afirmar que o banco réu está cobrando juros sobre o valor
residual.

Crítica apresentada pelo ilustre assistente técnico da autora em seu


Parecer Técnico sobre o quesito nº 8 da Autora:

Considerando todos os cálculos apresentados neste trabalho ficou claro que


houve cobrança de juros sobre o VRG, pois o CA usado para apuração do
valor mensal e constante de cada contraprestação também serviu para
apurar o valor mensal e constante de cada parcela do VRG de forma que
tudo ficou exatamente igual, ou seja, não houve VRG, mas uma prestação
mensal única que englobou os dois elementos do contrato, ambos calculados
pelo mesmo CA. Em resumo, fica mais uma vez comprovado o sofisma
aritmético já citado em críticas precedentes.

Se assim não fosse, o valor mensal do VRG resultaria da seguinte fórmula:


Prestação mensal do VRG = (Valor do bem * 40%) / quantidade de
parcelas; portanto:
VRG = (R$ 77.000,00 * 0,4) / 24 meses
VRG = R$ 1.283,33, mas foi cobrada a quantia de R$ 1.557,45

37
PERÍCIA CONTÁBIL EM MATÉRIA FINANCEIRA – Prof. Remo Dalla Zanna (MS)

9. Esclareça, o Sr. Perito, se, no contrato em pauta, o sistema de amortização


eleito foi o chamado Sistema Francês de Amortização, também conhecido
pelo nome de Tabela Price.

RESPOSTA:

Considerando que o chamado Sistema Francês de Amortização, também conhecido


pelo nome de Tabela Price usa, em seus cálculos, juros compostos, positiva é a
resposta, pois todos os cálculos previstos no contrato consideram a capitalização
dos juros em base mensal.

O expoente em fórmulas de matemática financeira evidencia a cobrança de juros


sobre juros; ou em outras palavras, ocorre que a cada período os juros são
creditados à pessoa credora (à arrendatária, no caso presente) e, imediatamente
convertem-se em novo capital sobre o qual novo juro é calculado e assim
sucessivamente. A diferença básica entre uma taxa de juros capitalizada também
chamada composta e uma de juros simples também chamada de linear é que a
primeira sempre será demonstrada com expoente matemático (potenciação) e a
segunda mediante mera multiplicação.

Exemplo:

Capitalizada: 2% ao mês, em 12 meses = {[(1,02)^12) – 1] * 100} = 26,824179%.


Simples: 2% ao mês, em 12 meses = (2% * 12) = 24%.

Outros indicativos de que no contrato em questão praticaram-se juros


compostos:
1. A taxa de juros que é paga mensalmente, embutida na prestação,
guarda relação inversamente proporcional ao prazo a decorrer,
utilizando-se da capitalização como forma par obter os valores a serem
cobrados a título de juros sobre o capital mutuado.
2. A prestação mensal, desconsiderado o indexador inflacionário
contratado, é constante (uniforme), da primeira à ultima. Esta é uma
demonstração inequívoca de que os juros compõem o valor de cada
parcela.
3. O saldo efetivo remanescente, em qualquer momento do
financiamento, corresponderá, sempre, à soma do valor presente das
prestações vincendas, pois, para que o cálculo seja matematicamente
correto, é necessário descapitalizar (calcular a raiz “n”) cada parcela
com vencimento futuro, usando-se, para tal, a mesma taxa de juros do
contrato.

38
PERÍCIA CONTÁBIL EM MATÉRIA FINANCEIRA – Prof. Remo Dalla Zanna (MS)

4. Qualquer parcela de amortização do capital (desconsiderar o valor dos


juros embutidos na parcela) é igual à precedente multiplicada pelo fator
(1 + i).

Por fim, informa-se que a finalidade da Tabela Price não é calcular juros compostos
(juros sobre juros), mas apresentar o valor constante de uma prestação, geralmente
mensal e contínua que permite conhecer o quantum que será pago todos os meses,
durante a quantidade de meses do contrato, para quitar o empréstimo.

Considerando, todavia, que quem a criou (Mr. Richard Price) a fez de forma que os
juros fossem capitalizados, por óbvio que, toda vez que se usa este método para
conhecer o valor da prestação de uma série uniforme de pagamentos, estar-se-á
trabalhando com juros capitalizados. Por fim, vale lembrar que o procedimento de
creditar juros aos saldos das Cadernetas de Poupança do Sistema Brasileiro de
Poupança e Empréstimos é o mesmo (Tabela Price) e, salvo engano, ninguém disse,
em momento e local algum, que este procedimento é ilegal.

10. Confirme o Sr. Expert se a fórmula de cálculo utilizada para a apuração


inicial (soma da contraprestação + valor residual mensal, ambos na data 0) foi
a apresentada abaixo. Queira o Sr. Perito responder ao solicitado, observando
o cálculo abaixo.

Valor do bem: R$ 77.000,00


Prazo: 24 meses
Taxa: 1,610989% ao mês

PMT = VB x Fator de recuperação de capital

(1 + i)n * i
PMT = VB * --------------
(1 + i) n -1

... onde:
PMT = valor da prestação
VB = valor total do bem
i = taxa de juros (calculada no quesito 6)
n = prazo do contrato

(1 + 1,610989%)24 * 1,610989%
PMT = 77.000,00 * ----------------------------------------
(1 + 1,610989%) 24 -1
39
PERÍCIA CONTÁBIL EM MATÉRIA FINANCEIRA – Prof. Remo Dalla Zanna (MS)

... portanto, PMT = 77.000,00 * 0,05057

... ou seja, PMT = R$ 3.893,89 que correspondem à soma de R$ 2.610,30 + R$


1.283,59

RESPOSTA:

Positiva é a resposta, pois a fórmula de cálculo utilizada para a apuração inicial


(soma da contraprestação + valor residual mensal, ambos na data 0) foi a
apresentada acima.
Fazendo os mesmos cálculos, mas considerando o Valor Base - VB - do contrato,
temos:
(1 + 1,610989%)24 * 1,610989%
PMT = 75.974,88 * ----------------------------------------
(1 + 1,610989%) 24 -1

... portanto, PMT = 75.974,88 * 0,05057

... ou seja, PMT = R$ 3.842,05 que correspondem à soma de R$ 2.575,55 de


contraprestação + R$ 1.266,50 de amortização mensal do VRG. Estes
valores estão em conformidade com o que foi contratado.

11. Queira o Sr. Expert esclarecer se é verdadeira a assertiva de que, em


matemática financeira, quando se fala em Tabela Price, está a se falar sobre
“...incorporação da teoria dos juros compostos (v. g. capitalizados) às
amortizações dos empréstimos” (JOSÉ DUTRA VIEIRA SOBRINHO.
Matemática Financeira. Ed. Atlas, 1992, p. 188).

RESPOSTA:

Positiva é a resposta, pois quando se fala em Tabela Price, está se falando sobre a
incorporação dos juros ao capital, ou então, dependendo de que lado se encontra o
analista, está se falando sobre a incorporação de juros às prestações mensais com as
quais o mutuário restitui uma parcela do capital mutuado e juros proporcionais ao
saldo devedor. O que caracteriza o uso da Tabela Price como método de
amortização de empréstimo e juros é a condição de as prestações serem sempre do
mesmo valor durante todo o período de amortização. Excluído, pois, o efeito da
aplicação de algum indexador monetário do tipo TR, INPC, IPC, variação do
câmbio etc., o valor da prestação não muda durante todo o plano de pagamentos. Se

40
PERÍCIA CONTÁBIL EM MATÉRIA FINANCEIRA – Prof. Remo Dalla Zanna (MS)

mudar, o sistema de amortização não poderá ser chamado de Sistema Francês


de Amortização do qual a Tabela Price deriva.

12. Queira, o Sr. Perito, proceder ao cálculo do saldo do contrato de leasing


controvertido na presente demanda através do método dos saldos médios
ponderados – Hamburguês -, calculando os juros sobre os saldos devedores
diários de forma linear, capitalizando-os anualmente, considerando como
débito inicial o valor do bem deduzido do Valor Residual Garantido e como
créditos os pagamentos respectivos, utilizando como taxa de juros a taxa da
operação calculada no quesito 6 (equivalente à taxa interna de retorno).

Para correção monetária do saldo, deverão ser utilizadas:

i. A variação do dólar norte-americano até 28/12/1998 (última data-base de


pagamento de prestação anterior à alta na cotação do dólar norte-
americano).
ii. A variação do INPC-IBGE a partir de 28/12/98.

Modelo de planilha a ser usada pelo Sr. Perito


- Iniciar a planilha de cálculo em 28/10/97, data da celebração da operação de
arrendamento mercantil.
- Lançar o débito do Valor Total do Bem deduzido do Valor Residual Garantido.
- Lançar o crédito os pagamentos efetuados.
- Acumular os valores a título de juros recalculados anualmente.
- Aplicar o método dos saldos médios ponderados, ou método equivalente,
calculando juros e incorporando-os ao saldo devedor anualmente.
- Utilizar com índice de correção monetária a variação do dólar norte-americano
(somente até 28/12/98, última data-base de vencimento de prestação anterior
à alta na cotação do dólar norte-americano). A partir de 28/12/98, utilizar
como índice de correção monetária a variação do INPC-IBGE.
- Utilizar como taxas de juros a “taxa interna de retorno” calculada no quesito 6
(1,610989% ao mês).
- Acrescentar como débito, ao final da apuração, o Valor Residual corrigido
monetariamente pelos índices indicados acima.
- Encerrar a planilha na data do último pagamento efetuado pelo Autor.

Exemplo de planilha a ser apresentada pelo Sr. Perito

41
PERÍCIA CONTÁBIL EM MATÉRIA FINANCEIRA – Prof. Remo Dalla Zanna (MS)

Índic Taxa Corre - Saldo


e de de Data Débito Crédito Saldo ção atuali Dias Juros Juros
infla - juros Monetá – zado Acumulados
ção –ria
Com - Com - Data do Valor do Paga – Crédi – Variação Saldo Quan - = Anualmente,
forme forme lança - bem mentos tos monetá – mais tidade (saldo contados a
soli - soli - mento deduzido efetuados menos ria Corre - de dias atuali - partir da
citado citado na o valor débitos X ção entre o zado) data do
acima acima conta residual Saldo Mone – lança - * primeiro
corren tária mento (dias) lançamento
– te anual e * (Obs.: saldo
o pró – (taxa / zero quando
ximo. 30 ou da
360) ocorrência
de
capitalização
dos juros)

Comentário instrutório do autor deste livro: Como se vê, o ilustre perquirente


determina uma tarefa ao perito do juiz como se esse profissional fosse um seu
auxiliar que faz cálculos e simula planilhas segundo sua vontade; todavia, não é
tarefa do perito judicial fazer o trabalho que não foi feito pelas partes. Ou seja,
o autor deste livro considera que o trabalho do perito é verificar os cálculos feitos
pela parte e apresentados nos autos e não é sua missão fazer cálculos e simulações
segundo as vontades e o interesse de quem perquire nos autos. Por outro lado, esta
questão, quando vista sob o ângulo dos honorários a serem pagos ao perito judicial,
em havendo remuneração compatível com o trabalho criado com a formulação dos
quesitos, nada impede que o mesmo seja feito. Conclui-se que o ato de fazer as
vontades do ilustre perquirente ou não, é uma questão de remuneração ao perito
oficial. Além disso, quando o perito for induzido, pelos quesitos, a apresentar
cálculos em desconformidade com a sua convicção técnica, deve, de maneira
enfática, dizer que os cálculos apresentados o foram porque o quesito não foi
indeferido e que, todavia, não concorda com a abordagem científica aplicável aos
cálculos pleiteados pela parte.

RESPOSTA

Os cálculos apresentados nas respostas aos quesitos precedentes são suficientes


para conhecer a verdade que se busca com esta prova pericial de tal maneira que o
trabalho adicional acima requerido é inútil.

Crítica apresentada pelo ilustre assistente técnico da autora em seu


Parecer Técnico sobre o quesito nº. 8 da Autora:

O ilustre perito oficial não respondeu a este quesito contrariando


determinação judicial visto que nenhum quesito foi indeferido pelo MM.
42
PERÍCIA CONTÁBIL EM MATÉRIA FINANCEIRA – Prof. Remo Dalla Zanna (MS)

Juiz. Contudo, este assistente técnico da Autora, vem, com esta crítica,
suprir a falha do louvado e dizer que, respeitando o que foi solicitado no
quesito acima, apurou-se um saldo credor a favor da a empresa autora no
montante de R$ 35.010,61 na data de vencimento da operação. Os cálculos
com os quais se demonstra este crédito constam, detalhadamente, no
“Anexo: cálculos conforme quesito nº. 12 da série da Autora”.

Em face da crítica acima, foi feita uma solicitação de esclarecimentos vazada nos
seguintes termos:

Sob o pretexto de que o quanto requerido no quesito acima havia sido atendido
nas respostas oferecidas aos quesitos precedentes desta série da Autora, o ilustre
vistor oficial negou-se a respondê-lo alegando que seria inútil. O fato é que não
cabe ao perito opinar sobre a utilidade ou não de um quesito deferido pelo
magistrado a quem serve. Cometeu, com sua precipitada atitude, um ato suspeito
passível de processo por danos materiais e morais. Para que a suspeita de
conluio com a arrendatária Ré não prospere, pede-se ao ilustre perito oficial que
elabore os cálculos conforme solicitado e confirme ou negue,
fundamentadamente, que o valor de indébito apurado pelo ilustre assistente
técnico da Autora, no valor de RF$ 35.010,61 está correto.

Esclarecimento apresentado pelo perito oficial:

Considerando o que já foi informado na resposta ao quesito acima e


considerando a planilha elaborada pelo ilustre assistente técnico da Autora,
esta, em total desconformidade com os termos do contrato, o valor de R$
35.010,61 está, aritmeticamente correto.

Todavia, este auxiliar de V. Exa. enfatiza que não endossa os cálculos e o


valor do crédito a favor da Autora apurado pelo ilustre assistente técnico
porque o contrato de arrendamento mercantil de bens não é um contrato
de conta corrente e o Método Hamburguês serve, por exemplo, para
calcular juros simples em casos em que a conta corrente, do tipo “conta
garantida” está suportada por contrato próprio que não é o caso presente.

13. Queira a perícia informar tudo o mais que se faça necessário ao correto
desenlace da lide.

RESPOSTA:

Nesta atual fase de conhecimento, nada mais há para ser dito para que, ao final, se
dê o correto desenlace desta ação.

43
PERÍCIA CONTÁBIL EM MATÉRIA FINANCEIRA – Prof. Remo Dalla Zanna (MS)

Quesitos do Réu e respectivas respostas, ajustadas à finalidade deste livro

1) Os valores cobrados e os valores devidos estão em conformidade com o que


foi definido nas cláusulas contratuais?

RESPOSTA:

Positiva é a resposta. Os cálculos que atendem a este quesito estão nas respostas
aos quesitos números 6 (seis) e 7 (sete) da série da Autora à qual se pede a gentileza
de reportar-se.

2) Considerando-se a natureza do contrato celebrado entre as partes, queira o


Sr. Perito esclarecer se a variação do dólar norte-americano foi utilizada para
corrigir monetariamente o valor das parcelas objeto de cobrança ou se essa
variação foi utilizada porque, conforme contrato, trata-se de repasse de
recursos captados no exterior, em dólares norte-americanos, que é a moeda
de referência para o pagamento das contraprestações e do VRG.

RESPOSTA:

Positiva é a resposta para ambas as hipóteses formuladas no quesito acima porque:


(i) a natureza do contrato celebrado entre as partes tem como indexador, a
variação do dólar norte-americano que foi utilizada para corrigir
monetariamente o valor das parcelas objeto de cobrança, e ...
(ii) essa variação foi utilizada também porque, conforme contrato, trata-se de
repasse de recursos captados no exterior, em dólares norte-americanos,
que é a moeda de referência para o pagamento das contraprestações e do
VRG.

O procedimento contratado implica em reajustar os valores pela variação do câmbio


do dólar norte-americano observada entre a cotação (compra) da data do início do
contrato e a cotação (venda), na data do vencimento de cada obrigação.
Todavia, há que se considerar o que consta no r. despacho saneador que determinou
a confecção desta prova pericial contábil em matéria financeira onde se lê: “3) A
onerosidade excessiva em dólar é questão exclusivamente jurídica, que não
demanda prova pericial, de modo que será analisada por ocasião da sentença...”

No mais, este auxiliar de V. Exa. considerou adequado transcrever a cláusula do


contrato que estabelece a correção monetária das prestações com base na variação
do câmbio, entre reais e dólares norte-americanos.
44
PERÍCIA CONTÁBIL EM MATÉRIA FINANCEIRA – Prof. Remo Dalla Zanna (MS)

“6. REAJUSTES. A ARRENDATÁRIA declara estar ciente de que os


recursos necessários para aplicação específica na aquisição dos bens, foram
captados no exterior pela ARRENDADORA, em dólares norte-americanos,
cuja operação foi devidamente aprovada pelo Banco Central do Brasil. Assim
sendo, a ARRENDATÁRIA reconhece expressamente o direito de a
ARRENDADORA utilizar a variação das taxas de câmbio para compra e
para venda do dólar norte-americano divulgadas pelo Sistema de Informações
do Banco Central – SISBACEN – para apuração e reajuste de todos os
valores devidos pela ARRENDATÁRIA em razão do presente contrato, de
forma que a ARRENDADORA, com isso, perceba o numerário suficiente
para o pagamento de suas obrigações decorrentes da captação de recursos no
exterior.

3) Em algum momento, o réu cobrou da autora, qualquer valor a maior do que o


estabelecido contratualmente entre as partes?

RESPOSTA:

Excluindo-se desta resposta as questões de mérito relacionadas com:


a) a capitalização dos juros praticada tanto no cálculo da contraprestação como
da parcela mensal do VRG;
b) o fato de o contrato considerar como indexador inflacionário a variação do
câmbio entre as moedas Real e Dólar norte-americano;
c) o fato de o VRG ter sido objeto de pagamento mensal pela mesma taxa de
juros que incidiu sobre o valor do “aluguel” do bem, de maneira tal que a
junção de duas coisas em um único item, ou seja: [“contraprestação” mais
“amortização”], revelou que sob a ótica contábil esta operação é igual ao um
financiamento e, desta forma, independentemente da terminologia vernácula
usada na redação do contrato, ficou descaracterizada como sendo uma
operação de arrendamento mercantil...

... no que tange – apenas e tão-somente – aos cálculos em si, negativa é a resposta
pois em nenhum momento, o réu cobrou da autora, qualquer valor a maior do que o
estabelecido nas fórmulas contratualmente fixadas entre as partes.

---------ooooooooo----------

45
PERÍCIA CONTÁBIL EM MATÉRIA FINANCEIRA – Prof. Remo Dalla Zanna (MS)

NOVO EXEMPLO

EXCELENTÍSSIMA SENHORA DOUTORA JUÍZA DE DIREITO DA 2ª VARA CÍVEL DO


FORO DE xxxxxxxxxxxxxxxxxx - xxxxxxxxxxxxxxxxx - SP.

PROCESSO nº 1000000-24.2000.8.26.0000
Ação de Consignação em Pagamento
Autores: Transtevere Transportes Ltda. e Outros
Réu: Banco do Brasil S/A

REMO DALLA ZANNA, Contador e Economista, nomeado


às fls. 285 para a honrosa missão de Perito Judicial, vem, mui respeitosamente, à presença de
Vossa Excelência para APRESENTAR o resultado de seu trabalho, nos termos do presente...

L
LAAU
UDDO
O PPE
ERRIIC
CIIA
ALLC
COON
NTTÁ
ÁBBIIL
L
...para o qual requer sua juntada aos autos.

Termos em que
Pede Deferimento
De São Paulo para xxxxxxxxxxxxxx 27 de outubro de 2017.

L
LAAU
UDDO
O PPE
ERRIIC
CIIA
ALLC
COON
NTTÁ
ÁBBIIL
L

ÌNDICE

Capítulos Página
I – Breve histórico deste processo segundo o escopo da perícia 03
II – Metodologia e Critérios de Trabalho 10
III – Quesitos do Autor 13
IV – Quesitos do banco Requerido 19
V – Conclusões Técnicas e Resumo dos Valores 30
VI – Encerramento 31

I – BREVE HISTÓRICO DESTE PROCESSO


SEGUNDO O ESCOPO DA PERÍCIA

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PERÍCIA CONTÁBIL EM MATÉRIA FINANCEIRA – Prof. Remo Dalla Zanna (MS)

1) Transtevere Transportes Ltda. ajuizou a presente AÇÃO DE CONSIGNAÇÃO EM


PAGAMENTO COM PEDIDO DE ANTECIPAÇÃO DE TUTELA frente ao Banco do Brasil
S/A e/ou BB LEASING S.A. com o qual firmou CONTRATO DE CÉDULA DE
ARRENDAMENTO MERCANTIL FINANCEIRO nº 000222222, com as seguintes
características:
a) Data da assinatura: 29/06/2012;
b) Valor do contrato, ou seja, valor atribuído ao bem adquirido, incluindo taxa de
compromisso se financiada: R$ 85.000,00. Valor efetivo do bem arrendado objeto
de compra ao final do 48º mês de pagamentos sucessivos: R$ 84.149,86;
c) Valor do arrendamento (do aluguel) do bem pelo período de 48 meses: R$
37.624,80;
d) TRA – Termo de Recebimento e Aceitação (instrumento legal com o qual a
Autora confirmou o recebimento do bem e o aceitou como bom).
Dívida total assumida: R$ 121.774,66; valor, este, composto de R$
37.624,80 de custo do arrendamento (juros e encargos) + R$ 84.149,86 de
VRG, ou seja, valor correspondente ao bem adquirido pela Autora a ser
pago em parcelas mensais.
Prova aritmética do valor: valor da prestação mensal R$ 2.536,97 x 48 meses =
R$ 121.774,56;
e) Valor do desembolso mensal da Arrendatária (Autora) com o fim de pagar à
Arrendadora (Ré) o valor do (i) bem arrendado + (ii) o “aluguel” do bem
arrendado: R$ 2.536,97;
f) Quantidade de Parcelas: 48 (quarenta e oito); com vencimento mensal no dia 18 de
cada mês ou no dia útil bancário seguinte;
g) Encargo efetivo mensal (juros) de 1,575% ao mês. Encargo efetivo anual (juros)
de 20,626%. O percentual de 20,626% ao ano corresponde à capitalização mensal
de 1,575% ao mês;

h) Forma de pagamento: mediante débito do valor da prestação a ser lançado, no


dia do vencimento, na conta corrente nº 000.103.813-3, mantida pela Autora na
agência nº 0306-9 do Banco do Brasil S/A.
Importante: conforme parágrafo primeiro (§ 1º) da cláusula oitava (8ª), a
Arrendatária (a Autora) autorizou a Arrendadora (a entidade Ré e proprietária do
bem arrendado) a debitar em sua conta corrente taxas e impostos anuais incidentes
sobre a propriedade do bem arrendado. (Vide fls. 118).
i) VRG – Valor Residual Garantido = 99% diluído nas 48 prestações mensais, de
forma que, ao final do contrato, o bem arrendado passaria a ser propriedade da
empresa Autora.
Cálculo do VRG: R$ 85.000,00 * 99% = R$ 84.150,00. Este
valor, descontados os arrendamentos do valor de cada uma das
prestações mensais, corresponde à soma (das 48 prestações) de R$
84.149,86. A diferença tem como causa os arredondamentos em
face do valor unitário de cada prestação.
j) No caso atraso de pagamento da contraprestação o contrato prevê a seguinte
ordem de preferência para débitos em conta corrente:
(i) Multa – de 2% calculada, debitada e exigida nos pagamentos parciais,
sobre o valor pago com atraso e sobre o montante que corresponder ao
saldo devedor, em atraso;
(ii) Juros moratórios – calculados à taxa de 1% ao mês, de forma
capitalizada, perfazendo 12,68% ao ano;
47
PERÍCIA CONTÁBIL EM MATÉRIA FINANCEIRA – Prof. Remo Dalla Zanna (MS)

(iii) Juros remuneratórios,


(iv) Comissão de permanência – calculada à taxa de mercado do dia do
pagamento;
(v) Outros acessórios debitados,
(vi) Principal vencido,... e, por último ...
(vii) Principal vincendo.
NOTA: o contrato prevê que no caso de inadimplência a dívida venceria
por seu todo e deveria ser liquidada de uma única vez.

2) No dia 19/01/2015 foi debitado na conta corrente da Autora o valor de R$ 2.536,97 ficando,
assim, quitada a prestação correspondente ao mês de janeiro de 2015. Este último pagamento,
dentro da normalidade do contrato, foi feito usando recursos financiados pelo próprio Banco
do Brasil S/A com base em limite de crédito de R$ 8.000,00. Vejamos:

LIMITE DE CRÉDITO PARA SAQUES A DESCOBERTO.


Movimentação dia 19/01/2015 Entradas Saídas SALDO Natureza
Saldo anterior (limite de crédito) - 8.000,00 devedora
Recebido de Cobranças 5.220,00 - 2.780,00 devedora
Estorno de débito anterior 913,31 - 1.866,69 devedora
Pagto. prestação de leasing 2.536,97 - 4.403,66 devedora
Pagto. BB Consórcio prestação 419,63 - 4.823,29 devedora
TED 1.000,00 - 5.823,29 devedora
Pagto. BB Giro Flex 2.176,71 - 8.000,00 devedora

As entradas de recursos foram todas consumidas no mesmo dia 19/01/2015. O


saldo final corresponde à dívida referente ao limite de crédito que não teria
sido renovado pelo Banco do Brasil S/A.

3) Disse, ainda, que o banco Réu recusou-se a receber o valor das prestações (a partir do
vencimento de fevereiro de 2015) em dinheiro corrente ou mediante emissão de boleto ou por
qualquer outra forma que o credor quisesse, visto que o contrato estabelece que o pagamento
seria processado mediante debito na conta corrente acima mencionada.

4) Aos fins desta prova técnica pediu:


(a) autorização judicial para pagar as prestações vencidas a partir de 19 de fevereiro/2015,
cujo valor de principal é R$ 2.536,97 cada; acrescidas de ...
(b) juros moratórios em substituição à comissão de permanência (?) de 1,57% ao mês,
calculados linearmente (juros simples) a contar do primeiro dia do mês seguinte ao do
vencimento, ou seja: de 01/03/2015 até 30/09/2015, isto para a prestação vencida no dia
19/02/2015. Para as prestações seguintes o procedimento foi o mesmo, ou seja, a
contagem dos juros ocorreu a partir de 01/04/2015; de 01/05/2015; de 01/06/2015; de
01/07/2015; de 01/08/2015; de 01/09/2015 e, por fim, de 19/09/2015 até 30/09/2015
fechando, assim, a contagem de juros conforme planilha às fls. 22.
(c) nada de multa;
(d) nada de comissão de permanência;
(e) totalizando R$ 21.450,83; valor esse a ser depositados de uma única vez para saldar a
dívida vencida que, segundo seu discurso, o Banco do Brasil S/A recusou-se a receber; e
(f) continuar a fazer depósitos em Juízo das parcelas vincendas, cada uma no valor de R$
2.536,97 até a final liquidação do compromisso conforme contrato.
48
PERÍCIA CONTÁBIL EM MATÉRIA FINANCEIRA – Prof. Remo Dalla Zanna (MS)

5) A entidade Ré foi notificada no dia 29/10/2015.

6) O Réu, Banco do Brasil S/A, contestou as alegações da Autora e, no que tange aos objetivos
desta prova técnica cabe ressaltar o seguinte:
a) a partir de dezembro de 2014 não houve mais saldo positivo (disponibilidade) na
conta corrente da Autora. Ela passou a usar, desde então, para pagar seus
compromissos com o banco e com terceiros, os limites de crédito que o
próprio banco lhe concedera e, por fim, ...
b) ... estes limites também exauriram.
c) Logo, o que ocorreu, foi a inadimplência geral da empresa Autora para com o
banco.
d) Às fls. 84 pugnou provar seu direito por todas as formas legais inclusive a prova
pericial contábil.
e) Apresentou suas contas indicando que a dívida da Autora com encargos de mora,
atingiu o valor de R$ 48.055,12; todavia, considerando as prestações
vincendas, o valor para pagamento antecipado foi calculado em R$ 46.617,73;
valor, esse, necessário para quitar o contrato na data do cálculo, ou seja, em
11/11/2015. (Vide fls. 110/115).

7) A Autora obteve autorização para consignar em pagamento as parcelas vencidas entre


fevereiro e novembro de 2015. Então depositou R$ 27.201,88. Vide fls. nº 165. Manteve os
critérios já defendidos em sua Inicial, ou seja:
(a) juros moratórios em substituição à comissão de permanência (?) de 1,57% ao mês,
calculados linearmente (juros simples) a contar do primeiro dia do mês seguinte ao do
vencimento, ou seja: de 01/03/2015 até 30/09/2015, isto para a prestação vencida no dia
19/02/2015. Para as prestações seguintes o procedimento foi o mesmo, ou seja, a
contagem dos juros ocorreu a partir de 01/04/2015; de 01/05/2015; de 01/06/2015; de
01/07/2015; de 01/08/2015; de 01/09/2015; de 01/10/2015 de 01/11/2015 e, por fim, de
19/09/2015 até 19/11/2015 (um dia) fechando, assim, a contagem de juros conforme
planilha às fls. 166/167.
(b) sem multa;
(c) sem comissão de permanência;
(d) totalizando R$ 27.201,88.

8) Considerando que os cálculos apresentados pela Autora (e respectivo depósito) estavam


incompletos, a MM Juíza, às fls. 192, facultou-lhe a possibilidade de complementar os valores
já depositados mediante a apresentação do novo cálculo. A Autora atendeu à r. decisão e, às
fls. 197, apresentou os cálculos com os quais revelou a diferença de R$ 2.342,22.
CONSIDERAÇÕES sobre essa tabela às fls. 197:
(i) a taxa de juros passou a ser a do contrato, ou seja: 1,575% ao mês;
(ii) os juros moratórios em substituição à comissão de permanência (?) foram
calculados de forma linear (juros simples) em desacordo com o contrato que prevê
juros capitalizados mensalmente;
(iii) os juros moratórios fixado no Código Civil – CC, foram calculados de forma
linear (juros simples) em conformidade com o contrato e com o que estabelece o
CC.
(iv) a multa foi calculada conforme contrato;
(v) a comissão de permanência não foi computada;

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PERÍCIA CONTÁBIL EM MATÉRIA FINANCEIRA – Prof. Remo Dalla Zanna (MS)

(vi) No dia 02/03/2016 depositou a diferença de R$ 2.343,22 valor, esse, apurado


pela Autora, segundo seus entendimentos, todavia, em desacordo com o contrato
porque os juros moratórios em substituição à comissão de permanência (?)
são um pleito da Autora, apresentado de forma subjetiva, conforme sua planilha de
cálculo, mas este procedimento, previsto na SUMULA 472 do STJ, não deferido
pelo ínclito magistrado que definiu o ponto controvertido.

9) Conforme autorização judicial, a Requerente fez depósitos em Juízo das parcelas à medida que
iam vencendo, como segue:

Pagamento de parcelas nos autos do processo


Valor Data do Vide fls. nº nº da
Mês de vencimento da parcela
depositado Depósito dos autos parcela
Dezembro de 2015 2.536,97 14/12/15 171/174 41
Janeiro de 2016 2.536,97 26/01/16 176/178 e 195 42
Fevereiro de 2016 2.536,97 29/02/16 194/195 43
Março de 2016 2.536,97 21/03/16 204/205 44
Abril de 2016 2.536,97 18/04/16 214/215 45
Maio de 2016 2.536,97 18/05/16 222/225 46
Junho de 2016 2.536,97 16/06/16 227/228 47
Julho de 2016 2.536,97 19/07/16 250 48

... e, assim tendo feito, entendeu que seu compromisso estava liquidado. (Vide às fls.
247/249).

10) Em face à computação dos juros moratórios em substituição à comissão de permanência


(?) em desacordo com o contrato, o Sr. Contador Judicial solicitou que o banco apresentasse
o percentual deste encargo. Vide fls. 216. Regularmente intimado (fls. 221), o Banco do
Brasil S/A deu a conhecer os percentuais da comissão de permanência, vide fls. 243/244. Em
seguida, mediante r. despacho às fls. 255, o Sr. Contador Judicial foi solicitado a apurar o
“quantum” devido. Os seus cálculos foram apresentados às fls. 257. Intimadas, as Partes, a se
manifestarem disseram:
a) a empresa Autora concordou com os cálculos do ilustre Contador Judicial e requereu
a devolução de R$ 718,06 que teria pagado a mais;
b) o Banco do Brasil S/A impugnou os cálculos do ilustre Contador Judicial e apresentou
os seus com os quais, somando os valores indicados de forma singela, tem-se que a
Requerente deveria, nas datas mencionadas às fls. 273 (19/11/2015) e às fls. 274
(19/07/2016), respectivamente, R$ 3.457,06 + 2.081,44; perfazendo a soma de R$
5.538,50.

11) Mediante r. despacho às fls. 161 a MM. Juíza determinou que as Partes especificassem as
provas que desejassem produzir.

12) Conforme r. decisão às fls. 284/286 o abaixo assinado teve a hora de ser nomeado para servir
como perito do juízo. Definiu-se o ponto controvertido da seguinte forma: “informar... se as
consignações realizadas pela autora nos autos cobrem o débito contraído, de conformidade
com os juros e encargos contratuais, cabendo à parte requerente, dentro da regra do artigo
373, inciso I, do Código de Processo Civil de 2015, o ônus da prova”.

50
PERÍCIA CONTÁBIL EM MATÉRIA FINANCEIRA – Prof. Remo Dalla Zanna (MS)

13) A Autora apresentou 6 (seis) quesitos às fls. 288/289. O banco Réu apresentou os seus 11
(onze) quesitos às fls. 299.

14) Resolvida a questão dos honorários periciais, o abaixo assinado foi intimado á iniciar os
trabalhos que levaram a produzir esta prova técnica. Vide fls. 350.

II – METODOLOGIA E CRITÉRIOS DE TRABALHO

O escopo da prova pericial contábil é comunicar às


partes interessadas, em linguagem simples, os fatos
observados sob a ótica da Ciência Contábil (uma das
ciências humanas), dentro de uma filosofia que permita
aproveitar os fatos observados, mercê dos exames
procedidos, para o esclarecimento dos pontos
controvertidos e revelar a verdade que se quer conhecer.

01 – O trabalho investigativo que permitiu produzir esta prova foi conduzido, no que foi
possível e aplicável, dentro dos limites técnicos determinados pelas Normas Brasileiras de
Contabilidade – NBC TP 01 – Perícia Contábil com nova redação vigente a partir de
27/02/2015. Os procedimentos adotados tiveram como objetivo fundamental a elaboração
deste Laudo Pericial Contábil, abrangendo, pois, segundo a natureza e a complexidade da
matéria aqui tratada e segundo as necessidades: o exame, a vistoria, a indagação e/ou
pesquisa, a investigação, o arbitramento, a mensuração, avaliação e a certificação. Vide itens
16 a 24 da norma acima citada.

02 – Na parte econômica desta prova pericial, foi dada a devida atenção às normas emanadas do
Conselho Federal de Economia – COFECON, ou seja: Resolução nº 1.790/2007; Res.
1.768/2006; Res. 1.753/2004; Res. 1.737/2004; Res. 1728/2004; Res. 1717/2004; Res.
1612/1995; Res. 1554/1987; Res. 1536/1986; Res. 1377/1978; Res. 928/1974; Res. 875/1974
e Res. 860/1974, incluídos os respectivos anexos e segundo a atuação do profissional
exercitando sua atividade em empreendimentos públicos e/ou privados.

03 – Analisou-se o sistema de argumentação e contra argumentação usado nesta lide, a sua lógica
e a sua coerência com a prática e com os usos e costumes normalmente aplicados às
investigações periciais de cunho contábil, fiscal, societário, financeiro, econômico e
previdenciário em casos congêneres, ou seja: a apuração e a quantificação de direitos e
obrigações decorrentes de contrato de empréstimo bancário (leasing) para a compra (VRG)
de bem durável, com a previsão de pagamento do bem mais pagamento do “aluguel” em 48
(quarenta e oito) parcelas mensais de igual valor e sucessivamente.

04 – As partes foram notificadas, por carta, do início dos trabalhos conforme preceitua o Art. 474
da Lei nº 13.105, de 16/03/2015 (novo CPC) vide, por e foram convidadas a participar dos
trabalhos periciais contribuindo com o levantamento de informações e apresentação de
argumentos técnico/contábeis que entendessem oportuno fazer a este auxiliar de Vossa
Excelência, para que o Laudo pudesse apresentar os requisitos intrínsecos (qualitativos)
previstos no Art. 473 do novo CPC, de ser: (i) delimitado ao objeto de perícia, (ii)
adequadamente fundamentado, (iii) apresentar-se claro e funcional e (iv) ser completo;
evitando-se, assim, se possível for, a fase instrutória dos “esclarecimentos”. Todavia,

51
PERÍCIA CONTÁBIL EM MATÉRIA FINANCEIRA – Prof. Remo Dalla Zanna (MS)

nenhuma da duas partes enviou à reunião marcada com antecedência seus respectivos
assistentes técnicos. Por outro lado, os autos contêm todas as informações necessárias à
produção desta prova de forma que qualquer contribuição dos senhores assistentes técnicos
seria inócua e/ou repetitiva. O contrato e as teses da Autora são claríssimos e suficientes.
Também não houve necessidade de diligências externas, pois as pesquisas foram conduzidas
pela Internet. Foram considerados os r. despachos e os documentos constantes nos autos
deste processo os quais foram suficientes para elaborar esta prova pericial. Assim sendo,
foi possível formar a convicção técnica que permitiu responder às questões formuladas por
ambas as Partes.

05 – Deve ficar patente que a perícia judicial com naturezas contábil, fiscal, societária, financeira,
econômica e previdenciária, tem seu fundamento legal na escrituração contábil das Pessoas
Jurídicas, quando empresas ou sociedades civis assemelhadas; nos documentos de controle
pessoal e nas declarações de rendimentos das Pessoas Físicas, quando pessoas naturais; e nos
documentos acostados aos autos do processo. Na ausência destas condições técnicas
previstas no Código Civil, no Código de Processo Civil, na Legislação Fiscal e demais
regulamentos; o Perito Judicial, para atingir seu escopo, vale-se das prerrogativas inscritas no
§ 3º do Art. 465 do novo CPC e passa a usar as alternativas nele previstas, como neste caso,
em que se cuidou de clarear o ponto controvertido definido pelo MM. Juiz e também
responder aos quesitos apresentados pelas Partes, já que nenhum deles foi objeto de
impugnação.

06 – CRITÉRIOS DE CÁLCULO:
Os cálculos foram feitos em conformidade com o que está escrito no contrato, de acordo com
o que estabelece o Código Civil e conforme a praxe forense. Vejamos:
a) Contagem do tempo decorrido da data do vencimento até a data de pagamento de cada
parcela (todas foram pagas);
b) Aplicação de juros moratórios de 1% ao mês (conforme CC) sobre o valor de cada
parcela, calculados linearmente (não capitalizados);
c) Multa de 2% calculada sobre o valor de cada parcela adimplida depois da data de
vencimento conforme contrato;
d) Sobre a soma de (i) valor da parcela + (ii) juros moratórios + (iii) multa, foi aplicado o
percentual de comissão de permanência, tudo em conformidade com o contrato (a comissão
de permanência incide sobre a seguinte base de cálculo: principal + multa + juros de mora);
e) Por fim, foram encontrados os valores devidos, parcela a parcela, somando-se: i) o valor
da parcela + (ii) os juros moratórios + (iii) a multa + (iv) a comissão de permanência.
f) A DIFERENÇA apurada entre os valores pagos e os valores devidos, foi, ao final,
atualizada monetariamente pelos Índices da Tabela Prática do TJ-SP + juros de mora de
1% conforme Código Civil.

07 – Os textos dos quesitos formulados pelas Partes estão literalmente transcritos neste Laudo
com os eventuais defeitos de linguagem que apresentam nas respectivas petições. Portanto,
este Perito Judicial se responsabiliza pelas respostas técnicas a eles (quesitos) fornecidas, até o
limite de seu entendimento lógico, decorrente de análise sintática aplicada, quando necessário,
ao texto apresentado. Isto posto, nos Capítulos III e IV são apresentadas as respostas aos
quesitos formulados desde que pertinentes à perícia de natureza contábil/financeira.

III – QUESITOS DA AUTORA


(FLS. 288/289)
52
PERÍCIA CONTÁBIL EM MATÉRIA FINANCEIRA – Prof. Remo Dalla Zanna (MS)

Informa-se, para os devidos fins, que os textos dos quesitos abaixo


apresentados são uma transcrição ipsis litteris do que se lê às fls. 289.

1. O autor aplicou os juros remuneratórios previsto contratualmente para os depósitos efetuados


quando da primeira consignação em pagamento?

RESPOSTA:

Os juros remuneratórios, ou seja, o valor monetário dos juros remuneratórios já está


incluído no valor da prestação mensal.
Caso o ilustre perquirente se refira à aplicação do mesmo percentual de juros remuneratórios para
substituir o percentual da Comissão de Permanência como previsto na SUMULA 472 do STJ, a
perícia informa que este procedimento não foi previsto no contrato. Logo, os cálculos,
apresentados quando da primeira consignação em pagamento, são imprestáveis ao fim a que se
destinavam.

===========================================================

2. O depósito inicial de fls. 164/165 foi suficiente para pagamento do saldo devedor, no sentido
de purgar a mora?

RESPOSTA:

O quesito acima aborda tema relacionado ao mérito, ou seja, assunto objeto de interpretação de
leis e jurisprudência >> purgar mora. Por ser defeso ao auxiliar da Justiça – perito contador – se
manifestar sobre assuntos de mérito, fica prejudicada a resposta a este quesito.

Sob o ponto de vista estritamente técnico e considerando o que foi respondido para o primeiro
quesito desta série, o valor depositado às fls. 164/165 foi insuficiente para quitar as parcelas
vencidas.

===========================================================

3. O Réu exige em seus cálculos de fls. 273/277 comissão de permanência de forma cumulada
com outros encargos financeiros, tais como, correção monetária, juros remuneratórios,
moratórios e multa? O valor exigido é superior a previsão contratual, observando-se o limite
imposto pela SUMULA 472 do STJ?

RESPOSTA:

Vamos responder a este quesito por partes.


1) No que se refere a dizer se o Réu exige em seus cálculos de fls. 273/277 comissão de
permanência de forma cumulada com outros encargos financeiros, tais como, correção
monetária, juros remuneratórios, moratórios e multa, responde-se que:
(a) O contrato não prevê correção monetária e esse encargo não faz parte da avença, logo a
comissão de permanência não foi calculada sobre correção monetária;

53
PERÍCIA CONTÁBIL EM MATÉRIA FINANCEIRA – Prof. Remo Dalla Zanna (MS)

(b) Sobre os demais encargos foi calculada a comissão de permanência sobre a multa moratória
de 2%;
(c) Foi calculada comissão de permanência sobre juros remuneratórios porque já incluído no valor
da prestação mensal;
(d) Foi calculada comissão de permanência sobre juros moratórios, tudo conforme estabelecido
no contrato.
2) SIM, o valor exigido a título de comissão de permanência pelo Banco do Brasil S/A, em
todos os meses em que houve atraso de pagamento da contraprestação, foi superior ao
percentual de juros remuneratórios contratados em 1,575% ao mês. As taxas de comissão
de permanência praticadas pelo Banco do Brasil à época dos vencimentos inadimplidos
eram as por ele informadas nos autos.
3) No que tange á SUMULA 472 do STJ, segue resumo técnico da mesma.
A cobrança de comissão de permanência – cujo valor não pode ultrapassar a soma
dos encargos remuneratórios e moratórios previstos no contrato – exclui a
exigibilidade dos juros remuneratórios, moratórios e da multa contratual.
Data da Publicação - DJ-e 19-6-2012
No mais, por ser um texto jurídico este auxiliar nada tem a dizer sobre sua eficácia no
caso presente.

===========================================================

4. O valor depositado pelos autores estão corretos?

RESPOSTA:

Não. Os valores depositados pelos Autores não estão corretos. Não estão corretos pelas razões
já informadas nas respostas aos quesitos precedentes desta serie.

===========================================================

5. Há saldo devedor a ser adimplido ou complementado?

RESPOSTA:

Considerando os termos do contrato a resposta é positiva. Sim, há saldo devedor a ser


adimplido ou complementado. A demonstração deste saldo devido pelos Autores consta no
Apêndice A que integra e completa este laudo pericial contábil ao qual se pede a gentileza de
reportar-se.

A atualização monetária do valor apurado pela perícia no Apêndice A é demonstrada a seguir:

CRITÉRIO DE CÁLCULO
Atualização Monetária e Juros de Mora da data do último pagamento até a conclusão
desta prova pericial
Valor devido em julho de 2016 5.388,82

54
PERÍCIA CONTÁBIL EM MATÉRIA FINANCEIRA – Prof. Remo Dalla Zanna (MS)

Divisor conforme TPTJ-SP - julho/2017 65,263985


Multiplicador conforme TPTJ-SP - outubro/2017 67,012726
Valor atual da dívida 5.533,21
Juros moratórios = 1% ao mês de 20/07/2016 até 31/10/2017
Tempo decorrido em meses 15,6
Valor dos juros de mora 863,18
Valor atual da dívida mais juros de mora conforme CC 6.396,39

===========================================================

6. Houve pagamento em excesso, de maneira a existir saldo credor a ser liberado em favor do
autor?

RESPOSTA:

Negativa é a resposta. Não há saldo credor a ser liberado em favor do Autor.

===========================================================

IV – QUESITOS DO BANCO REQUERIDO


(FLS. 296/299)
Informa-se, para os devidos fins, que os textos dos quesitos abaixo
apresentados são uma transcrição ipsis litteris do que se lê às fls. 299.

Quesito Nº 1:
Qual sistema foi utilizado na elaboração do cálculo de juros?

RESPOSTA:

Imaginando que o ilustre perquirente se refira aos juros remuneratórios, a perícia informa que o
valor das contraprestações do arrendamento mercantil financeiro foram calculadas conforme
contrato, ou seja, de forma capitalizada, como segue:
encargo efetivo mensal (juros) de 1,575% ao mês, encargo efetivo anual (juros) de
20,626%. O percentual de 20,626% ao ano corresponde à capitalização mensal de
1,575% ao mês.

===========================================================

Quesito Nº 2:
Há capitalização de juros?

RESPOSTA:

Sim. Na montagem das 48 prestações mensais com a quais se convencionou a quitação do


aluguel do bem arrendado mais o pagamento do respectivo VRG, foi adotada a capitalização de
juros.
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PERÍCIA CONTÁBIL EM MATÉRIA FINANCEIRA – Prof. Remo Dalla Zanna (MS)

===========================================================

Quesito Nº 3:
Há previsão de cobrança de capitalização de juros no contrato?

RESPOSTA:

Sim. Positiva é a resposta porque no contrato assinado entre as Partes há previsão de cobrança de
juros capitalizados mensalmente.

===========================================================

Quesito Nº 4:
Os cálculos formulados pela Autora, respeitam as cláusulas contratuais?

RESPOSTA:

Não. Negativa é resposta porque os cálculos formulados pela Autora não respeitam as cláusulas
contratuais.

===========================================================

Quesito Nº 5:
Há alguma irregularidade no contrato?

RESPOSTA:

A resposta a este quesito está prejudicada na medida em que aborda assunto legal ou de mérito e,
neste caso, é defeso ao perito contador manifestar-se.

Sendo o contrato “a lei entre as partes”, qualquer opinião de quem não seja versado no Direito
nenhum valor tem. Logo, qualquer opinião do abaixo assinado seria inútil e inoportuna.

===========================================================

Quesito Nº 6:
Solicito que o Douto perito esclareça quanto à cobrança do custo efetivo do contrato.

RESPOSTA:

O custo efetivo do contrato está claramente demonstrado às folhas 251. Aqui vai um resumo
técnico contábil do custo efetivo do contrato:

56
PERÍCIA CONTÁBIL EM MATÉRIA FINANCEIRA – Prof. Remo Dalla Zanna (MS)

a) Valor do contrato, ou seja, valor atribuído ao bem adquirido, incluindo taxa de compromisso
se financiada: R$ 85.000,00. Valor efetivo do bem arrendado objeto de compra ao final do
48º mês de pagamentos sucessivos: R$ 84.149,86;
b) Valor do arrendamento (do aluguel) do bem pelo período de 48 meses: R$ 37.624,80;
c) TRA – Termo de Recebimento e Aceitação (instrumento legal com o qual a Autora
confirmou o recebimento do bem e o aceitou como bom).
Dívida total assumida: R$ 121.774,66; valor, este, composto de R$ 37.624,80 de custo
do arrendamento (juros e encargos) + R$ 84.149,86 de VRG, ou seja, valor
correspondente ao bem adquirido pela Autora a ser pago em parcelas mensais.
Prova aritmética do valor: valor da prestação mensal R$ 2.536,97 x 48 meses = R$
121.774,56;
d) Valor do desembolso mensal da Arrendatária (Autora) com o fim de pagar à Arrendadora
(Ré) o valor do (i) bem arrendado + (ii) o “aluguel” do bem arrendado: R$ 2.536,97;
e) Quantidade de Parcelas: 48 (quarenta e oito); com vencimento mensal no dia 18 de cada mês
ou no dia útil bancário seguinte;
f) Encargo efetivo mensal (juros) de 1,575% ao mês. Encargo efetivo anual (juros) de
20,626%. O percentual de 20,626% ao ano corresponde à capitalização mensal de 1,575%
ao mês;
g) VRG – Valor Residual Garantido = 99% diluído nas 48 prestações mensais, de forma que,
ao final do contrato, o bem arrendado passaria a ser propriedade da empresa Autora.
Cálculo do VRG: R$ 85.000,00 * 99% = R$ 84.150,00. Este valor, descontados os
arrendamentos do valor de cada uma das prestações mensais, corresponde à soma (das 48
prestações) de R$ 84.149,86.

===========================================================

Quesito Nº 7:
A Autora está cumprindo o contrato de forma correta?

RESPOSTA:

Não. A Autora não cumpriu o contrato de forma correta.

=============================================================

Quesito Nº 8:
Qual é a maior taxa de mercado para cobrança de juros?

RESPOSTA:

A perícia contábil, por ser uma atividade eminentemente técnica, não tem condições de responder
perguntas genéricas, de cunho estatístico e não desvinculadas do escopo de seu trabalho.

O quesito acima não tem conexão direta com o ponto controvertido estabelecido em r. despacho
judicial.

Logo, fica prejudica a resposta a este quesito.

57
PERÍCIA CONTÁBIL EM MATÉRIA FINANCEIRA – Prof. Remo Dalla Zanna (MS)

===========================================================

Quesito Nº 9:
Os juros cobrados pelo Réu podem ser considerados acima da maior taxa de mercado?

RESPOSTA:

A perícia contábil, por ser uma atividade eminentemente técnica, não tem condições de responder
perguntas genéricas envolvendo assuntos difusos, de cunho estatístico e não diretamente
vinculadas ao escopo de seu trabalho e em conexão direta com o ponto controvertido
estabelecido em r. despacho judicial.

Logo, fica prejudica a resposta a este quesito.

No mais, de que taxas de juros estaríamos a falar? – curto prazo, longo prazo, cheque especial, cartão de crédito,
capital de giro para o comércio, capita de giro para a indústria, segundo quais tipos de garantias: fiduciárias ou reais; e
em conformidade com que níveis de risco de crédito e outras tantas variáveis?

===========================================================

Quesito Nº 10:
No mais, esclareça as taxas que são cobradas no presente contrato e sobre a proporcionalidade de
sua cobrança.

RESPOSTA:

Vamos responder por partes, como segue:


a) Esclarecimento sobre as taxas que são cobradas no presente contrato. Vejamos:
(i) Taxas cobradas na fase da normalidade do contrato: juros de 1,575% ao mês,
correspondentes a 20,626% ao ano. O percentual de 20,626% ao ano corresponde
à capitalização mensal de 1,575% ao mês;
(ii) Taxas cobradas na fase da inadimplência do contrato: Multa – de 2% calculada,
debitada e exigida nos pagamentos parciais, sobre o valor pago com atraso e
sobre o montante que corresponder ao saldo devedor, em atraso; Juros
moratórios – calculados à taxa de 1% ao mês, de forma capitalizada, perfazendo
12,68% ao ano; e Comissão de permanência – calculada à taxa de mercado do
dia do pagamento.
b) Esclarecimento sobre a proporcionalidade de sua cobrança. Sobre este item,
Excelentíssima Juíza, o auxiliar nada tem a dizer por que não entendeu este pedido de
esclarecimentos. MAS Fica totalmente à disposição de Vossa Excelência para esclarecer o
que lhe for solicitado desde que de forma técnica, usando termos financeiros, contábeis e
econômicos.

===========================================================

Quesito Nº 11:
Qual a taxa de juros do cheque especial estipulada em contrato? Qual está sendo cobrada?
58
PERÍCIA CONTÁBIL EM MATÉRIA FINANCEIRA – Prof. Remo Dalla Zanna (MS)

RESPOSTA:

As duas perguntas acima nenhuma relação têm com o que se discute nos autos deste processo
e nada têm a ver com o ponto controvertido objeto de pericia.

===========================================================

V – CONCLUSÕES TÉCNICAS e RESUMO dos VALORES

Com estas conclusões técnicas e resumo dos valores, o auxiliar pretende resumir o entendimento
de tudo que foi solicitado em termos de prova pericial contábil. Tendo explicitado a metodologia
aplicada para investigar e conhecer os fatos financeiros, econômicos, tributários, previdenciários e
trabalhistas, a perícia elaborou o Apêndice A com a qual revelou a evolução financeira da
operação de arrendamento mercantil na fase da normalidade do contrato e na fase da
inadimplência. Os cálculos foram feitos conforme dados constantes nos autos deste processo e
conforme os termos do contrato. Os quesitos, de ambas as Partes, receberam as respostas
técnicas cabíveis.

A partir do conhecimento obtido com o exame dos documentos e sua computação, conheceu-se
o saldo devedor da empresa Autora para com o Banco do Brasil S.A. que, a seguir, apresenta
para a douta apreciação de Vossa Excelência.

CRITÉRIO DE CÁLCULO
Atualização Monetária e Juros de Mora da data do último pagamento até a conclusão
desta prova pericial
Valor devido em julho de 2016 5.388,82
Divisor conforme TPTJ-SP - julho/2017 65,263985
Multiplicador conforme TPTJ-SP - outubro/2017 67,012726
Valor atual da dívida 5.533,21
Juros moratórios = 1% ao mês de 20/07/2016 até 31/10/2017
Tempo decorrido em meses 15,6
Valor dos juros de mora 863,18
Valor atual da dívida mais juros de mora conforme CC 6.396,39
(Seis mil, trezentos e noventa e seis reais e trinta e nove centavos).

VI – ENCERRAMENTO

São inassumíveis responsabilidades sobre documentos controversos, que fazem parte dos autos
deste processo, se ainda não apreciados pelo MM. Juízo. Inassumíveis também responsabilidades
sobre documentos idôneos e válidos que podem estar em poder de pessoas físicas e jurídicas, seja
do AUTOR ou do banco RÉU, ou ainda, de outros cidadãos interessados no deslinde deste caso,
que a nós não foram consignados até a data da conclusão deste Laudo ou foram desentranhados
dos autos deste processo, conforme r. decisão judicial.

Por fim, são também inassumíveis responsabilidades sobre matéria jurídica a que tenha,
eventualmente e sem intenção determinada, se referido, inclusive quando este referimento tivesse

59
PERÍCIA CONTÁBIL EM MATÉRIA FINANCEIRA – Prof. Remo Dalla Zanna (MS)

ocorrido por indução contida - intencionalmente ou não - na formulação dos quesitos


apresentados à perícia. Estão excluídas, obviamente, as responsabilidades implícitas para o
exercício de sua profissão, estabelecida em Leis, Códigos e Regulamentos própria.

Nada mais havendo a oferecer dá-se por concluído o presente L


LAAU
UDDO
O PPE
ERRIIC
CIIA
ALL
C
COON
NTTÁ
ÁBBIIL
L, composto de 31 (trinta e uma) páginas impressas pelo sistema de
processamento de dados e, ao final, assinado. Acompanha, esta peça probatória, o APÊNDICE
“A” que a integra e complementa.

De São Paulo para Guaratinguetá, 27 de outubro de 2017.

60
PERÍCIA CONTÁBIL EM MATÉRIA FINANCEIRA – Prof. Remo Dalla Zanna (MS)

PF 12 – edição pessoal para fins de estudo e venda em PDF


Revisado em maio/2019.

12º - MÓDULO

SISTEMA FINANCEIRO DA HABITAÇÃO – SFH + GAUSS

12.1. – Origens do Sistema Financeiro da Habitação – SFH


12.2. – Sistemas de financiamento habitacional, métodos de amortização do
saldo devedor e controvérsias.
12.2.1. – A capitalização anual de juros.
12.2.2. – A amortização negativa
12.2.3. – A questão do Resíduo
12.3. – Contratos vinculados ao Plano de Equivalência Salarial - PES
12.4. – Contratos NÃO vinculados ao PES
12.5. – Plano de Comprometimento de Renda - PCR
12.6. – O Coeficiente de Equiparação Salarial – CES
12.7. – Atualizar Monetariamente o Saldo Devedor antes ou depois de abater
a amortização do período?
12.8. – A Alternativa de amortização do mútuo habitacional pelo Método (ou
Sistema) Gauss
12.9. – Pontos para Verificação do Perito
12.10. – Orientação Técnica
12.11. – Um exemplo de Laudo sobre contrato do SFH

12.1 – Origens do Sistema Financeiro da Habitação - SFH

O SFH, regulado pela Lei nº. 4.380, de 21 de agosto de 1964 e outras disposições
posteriores, encontra, na Constituição Federal de 1988, adesão aos princípios e
motivos sociais que prevaleceram quando de sua criação. Visa assegurar o direito à
habitação e não visa o lucro do Sistema Financeiro. A Emenda Constitucional nº.
26/2000, em seu art. 6º enfatiza a finalidade social do SFH nos seguintes termos:

“Art. 6º São direitos sociais a educação, a saúde, o trabalho, a moradia,


o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e
à infância, a assistência aos desamparados, na forma desta
Constituição.” (grifei)

O entendimento da Colenda Primeira Turma do Egrégio Superior Tribunal de


Justiça, apresentado no Recurso Especial nº. 157841-SP no qual Relator o i.

1
Ministro JOSÉ DELGADO, j. 12/03/1998; enfatiza a importância social na
interpretação dos contratos do SFH, expressando-se como segue:

Quanto ao mérito da demanda, os contratos regulados pelo Sistema


Financeiro da Habitação, devem ser regidos por princípios específicos que
sublimem a finalidade social.
(...)
Além desses princípios e regras que os tenho como gerais devem, os discutidos
ajustes, se submeterem (sic), ainda, aos ditames específicos que passo a
alinhar:
a) o de que o princípio da transparência, segundo o qual a informação clara e
correta e a lealdade sobre as cláusulas ajustadas devem imperar na
formação do referido negócio jurídico;
b) o de que as regras impostas pelo Sistema Financeiro da Habitação para a
formação dos contratos, além de serem obrigatórias, devem ser
interpretadas com o objetivo expresso de atendimento às necessidades do
mutuário, garantindo-lhe o seu direito de habitação, sem afetar a sua
dignidade, saúde e segurança jurídica;
c) o de que a Política Nacional de Habitação se desenvolve por meio de
atividades vinculadas à lei, com objetivo de proteger os interesses
econômicos e financeiros dos mutuários, proporcionando-lhes melhoria em
sua qualidade de vida, bem como impondo uma harmonia na relação
negocial desenvolvida com base nos princípios gerais e específicos que lhe
cercam;
d) o de que a vulnerabilidade do mutuário na transação imobiliária, não só
decorre da sua fragilidade financeira, mas, também, pela ânsia e
necessidade de adquirir a casa própria, há de ser considerada na execução
da Política Habitacional, não só pelo legislador a elaborar a norma, mas,
também, pelo Executivo ao regulamentá-la e fiscalizar o seu cumprimento e
ao Judiciário quando for chamado a aplicá-la;
e) o de que a proteção efetiva do mutuário, como parte economicamente mais
fraca, se constitui em uma obrigação do Estado, inserindo-se nessa função a
atuação do Poder Judiciário;
f) o de que não devem prevalecer nos contratos firmados sob o regime do
Sistema Financeiro da Habitação as cláusulas que se apresentem
incompatíveis com a boa-fé, esta conceituada como sendo a ação produzida
com pureza da intenção, sem qualquer manifestação dolosa, com obediência
aos padrões normais de conduta legal e sem vontade de produzir qualquer
dano a alguém;
g) o de que são nulas, também, as cláusulas contratuais que se apresentem
incompatíveis com a equidade, entendendo-se esta como sendo a lei
aplicada de modo que produza a integridade dos efeitos nela contidos e que
reflitam uma justiça seguida com base na igualdade, mesmo que seja
necessário contrariar expressão gramatical da lei;

2
h) o de que é de significativa importância a aplicação do princípio da equidade
nas relações contratuais do Sistema Financeiro da Habitação, por permitir
que o julgador, ao apreciar cada caso concreto, não observe o critério da
legalidade estrita, pelo que lhe é permitido adotar solução que, a seu juízo e
em decorrência das circunstâncias, lhe pareça mais conveniente e oportuna
para fazer justiça;
i) o de que as normas do Sistema Financeiro da Habitação possuem uma forte
carga de ordem pública e se apresentam, em regra, cogentes, imperativas e
de aplicação imediata, quando favorecem os mutuários;
j) o de que, na interpretação do contrato, deve ser imposta uma postura que
imponha modificação cogente, obrigatória, de qualquer cláusula contratual
que estabeleça prestações desproporcionais, fazendo prevalecer o princípio
da proporcionalidade das obrigações no negócio firmado.” (negritei)

Como se vê acima, as manifestações do Poder Judiciário são no sentido de


atribuir cunho de justiça social aos contratos de financiamento habitacional,
principalmente os vinculados ao SFH com recursos provindos do Sistema
Brasileiro de Poupança e Empréstimos - SBPE e do Fundo de Garantia por
Tempo de Serviço - FGTS.

12.2 – Sistemas de financiamento habitacional, métodos de amortização do


saldo devedor e controvérsias.

Os sistemas mais comuns de financiamento habitacional oferecidos pelo


mercado financiador são:
1) Sistema Financeiro da Habitação – SFH;
2) Sistema Hipotecário ... e ...
3) Sistema Financeiro Imobiliário.

Todos os três sistemas geram controvérsias cuja solução pode ser buscada junto
ao Poder Judiciário Estadual ou Federal, dependendo da competência das
esferas judiciárias em que se insere o contrato. Os casos mais numerosos
referem-se ao SFH. Neste sistema, os juros efetivos são, no máximo, 12% ao
ano. Nos outros dois sistemas os juros são conceituados como “livres”. Isto
significa que podem ser contratados a taxas efetivas acima de 12% ao ano.
Todos os sistemas preveem correção monetária. No SFH, a atualização
monetária, atualmente, é a TR. Nos demais sistemas, o indexador monetário é
objeto de livre contratação. Os bancos têm dado preferência ao IGP-M da
Fundação Getúlio Vargas; mas outros indexadores poderiam, em tese, ser
contratados. Na fase da construção das habitações, o financiamento é obtido,
geralmente, junto à construtora. Neste contrato e enquanto a habitação não fica
pronta ou não obtém o “habite-se” da Prefeitura, o indexador usual tem sido o
Índice Nacional do Custo da Construção - INCC, geralmente o que é publicado
pela da Fundação Getúlio Vargas.
3
Outra variável que gera controvérsia levada à Justiça é o sistema de amortização da
dívida. Os sistemas usados ou, mais comumente adotados pelo sistema financeiro
nacional são:
Tabela Price: este sistema prevê prestações de valores mensais iguais e
consecutivos, até o fim do contrato. Cada prestação serve para
amortizar uma parte dos juros e uma parte do capital mutuado;
SACRE: este sistema prevê prestações de valor fixo calculadas sobre o
Saldo Devedor – SD - a cada doze meses;
SAC: este sistema prevê amortização constante do capital mutuado e
decrescente dos juros. Mais detalhes sobre estes sistemas de
amortização de empréstimos em prestações mensais encontram-se no
Capítulo 11.

Os três sistemas de amortização acima citados consideram a atualização do saldo


devedor e das prestações pelo indexador monetário contratado. Este também é um
elemento que gera controvérsias principalmente quando o indexador do valor da
prestação mensal é diferente do indexador do saldo devedor. Na realidade, no que
tange aos contratos de financiamento habitacional, diverge-se de tudo com
destaque para as seguintes controvérsias mais comuns:
a. a taxa de juros e sua capitalização, se deve ser simples ou composta e se deve
ser mensal ou anual;
b. a legalidade do indexador da prestação mensal em face do Decreto-lei nº.
2.164, de 19/09/1984;
c. a legalidade do indexador do saldo devedor em face dos planos econômicos;
d. a forma de amortizar o saldo devedor, se antes ou depois de corrigi-lo
monetariamente;
e. a cobrança da contribuição para o Fundo de Assistência Habitacional –
FUNDAP;
f. a aplicação do Coeficiente de Equiparação Salarial – CES;
g. a geração, ao final do contrato e depois de ter sido paga a última parcela, de
elevado saldo residual para pagamento à vista ou financiamento por mais
metade do prazo do primeiro contrato, etc.

12.2.1 - A capitalização anual de juros.

Um dos trabalhos que são solicitados ao perito judicial em ações que lidam com
contratos habitacionais é o de apresentar um plano de amortização cuja
capitalização dos juros se dê uma vez por ano, mantendo, todavia, inalteradas todas
as demais cláusulas financeiras do contrato. O contrato, como de costume, foi feito
tendo por base a Tabela Price e, assim sendo, é impossível que os números fechem
porque a Tabela Price, aplicada aos contratos do SFH, prevê a capitalização
mensal.

4
É óbvio que alterando a capitalização de mensal para anual não se estará aplicando
o Sistema Francês de Amortização, popularmente conhecido como “Tabela Price”.
Ou seja, ao se pedir que o perito judicial recalcule a amortização do valor mutuado
em prestações mensais, sem juros mensais e capitalização anual dos juros estará se
pedindo um método de amortização inominado; logo, inexistente no contexto da
praxe bancária. Mas é matematicamente possível atender ao que se pede. No final
dos cálculos, resultará que o mutuário pagará menor quantidade de juros e quitará a
dívida antes do prazo pactuado apenas porque o raciocínio, sob o ponto de vista do
que foi efetivamente contratado, está matematicamente incorreto. Mas os
advogados fazem quesitos com o propósito de conhecer esta alternativa.
Considerando que somos de opinião de que o perito judicial deve atender a todos
os quesitos deferidos, ainda que impertinentes do ponto de vista da praxe bancária
apresentamos, abaixo, um exemplo de como fazer uma planilha que atinja o escopo
de conhecer os juros e o mês em que o mútuo será quitado se a capitalização fosse
anual. Lembramos que este procedimento nada tem a ver com a Tabela Price e nem
com qualquer outro sistema de amortização de mútuo em parcelas mensais, mas
atende ao que os senhores advogados pedem nos autos.

Veja o ANEXO Nº 01, capitalização anual de juros.

Lembremos que há julgados que concordam e autorizam a aplicação da Tabela


Price. Vejamos um exemplo.

AÇÃO MONITÓRIA - EMBARGOS REJEITADOS - REJEIÇÃO -


PAGAMENTO DA SOMA EM DINHEIRO CORRESPONDENTE AOS
JUROS PACTUADOS EM CONTRATO IMOBILIÁRIO - ESTIPULAÇÃO
DA INCIDÊNCIA DE JUROS CALCULADOS A PARTIR DA ENTREGA
DAS CHAVES COM BASE NA TABELA PRICE - ADMISSIBILIDADE -
PRETENSÃO DEDUZIDA COM BASE EM PROVA ESCRITA - AUSÊNCIA
DE CERCEAMENTO DE DEFESA - RECURSO PROVIDO.

(...) “A utilização da Tabela Price em contratos imobiliários não caracteriza


a prática de anatocismo e não é vedada pelo ordenamento jurídico, certo
como à hipótese não se aplicam as disposições do Decreto nº 22626/33,
como corretamente salientou a sentença.” (TJ/SP, 8ª Câmara de Direito
Privado, Ap. nº 86.080-4/8, j. 28.07.1999, rel. Desembargador César
Lacerda.)

Corroborando o que foi dito no Capítulo 3 deste livro, o aresto supracitado


confirma que a utilização da Tabela Price não guarda qualquer correlação com a
prática de anatocismo, ou capitalização irregular de juros. Ou seja, não existe
capitalização irregular ou ilegal de juros quando se usa a Tabela Price como um
dos planos de amortização de empréstimos. A capitalização decorrente da Tabela
Price é matematicamente correta e, se convencionada em contrato nada tem de
ilegal e também não fere o Código de Defesa do Consumidor.
5
12.2.2 – A amortização negativa

Chama-se “amortização negativa” ao fenômeno matemático que se observa nos


contratos vinculados ao Plano de Equivalência Salarial por Categoria Profissional -
PES/CP quando o valor da prestação mensal, estabelecida como um percentual do
salário do mutuário (equivalência salarial) é insuficiente para amortizar os juros da
parcela do financiamento e, obviamente, nada amortiza do capital. Esta situação
acontece porque a atualização do saldo devedor, feita com base na inflação
imputadas aos depósitos em Cadernetas de Poupança, supera a capacidade
contributiva do mutuário que paga em conformidade com a evolução do seu salário
e, principalmente, porque a atualização do saldo devedor se dá todo mês enquanto
que a atualização da prestação é feita uma vez por ano, geralmente dois meses
depois de sua categoria profissional ter recebido o aumento de salário.

Com a apelação apresentada pela Ré de um determinado processo a mesma


explicou a existência de “amortização negativa” da seguinte forma: “... devido às
correções monetárias contratadas para atualizar o saldo devedor mensalmente
serem, várias vezes, menores que o valor pago mensalmente como amortização do
principal mutuado, ocorre a geração de uma diferença que aumenta o esse mesmo
saldo devedor. Essa diferença será cobrado ao final do contrato.” – Esta
informação indica terem ocorrido, no caso específico do contrato questionado,
“amortizações negativas”. Este fenômeno matemático ocorre quando o índice de
correção monetária aplicado sobre o saldo devedor, de qualquer tipo de contrato de
financiamento a longo prazo, mormente financiamento habitacional, naquele
específico mês, gera um aumento desse mesmo saldo devedor porque a
amortização do principal mutuado ocorre por valor menor que o ajuste gerado pela
correção monetária do saldo. Logo, em sendo o valor pago a título de amortização
menor que o aumento gerado pela atualização monetária do saldo devedor, este
saldo, apesar da amortização feita, aumenta. Chamam a esta situação de
“amortização negativa”, mas o nome correto deveria ser amortização insuficiente.

Veja o ANEXO Nº 01, capitalização anual de juros.


Trata-se também de um exemplo didático de amortização negativa do saldo
devedor como efeito do Plano de Equivalência Salarial (PES).

12.2.3 – A questão do resíduo

Para os contratos vinculados ao SFH, o artigo 28º da Lei 9.069/95 vedou a


estipulação e aplicação de cláusula de reajustes das prestações mensais.
Estabeleceu que o reajuste da dívida de longo prazo, em face dos efeitos
inflacionários, poderia ocorrer somente uma vez por ano. Possibilitou a cobrança
do resíduo, ou seja, da diferença de correção monetária para as obrigações
contratadas ANTES de 15 de março de 1994, que não foram convertidas em URV
(Unidade Real de Valor), decorrido um ano da conversão para o Real ou no
6
vencimento se anterior ao ano decorrido. O Real foi estabelecido em
01/julho/1994; portanto, um ano depois corresponde a 01/julho/1995. É neste mês
de julho de 1995 que se dá a apuração da diferença percentual a ser somada ao
saldo devedor. A essa diferença foi dado o nome de RESÍDUO.

Portanto, o RESÍDUO decorre da diferença entre a soma do valor das parcelas de


valor fixo durante doze meses e o valor que as mesmas teriam se fossem
reajustadas mensalmente pelo índice previsto no contrato. Na prática o que
ocorreu foi a postergação e acumulação da indexação inflacionária das parcelas de
doze meses, obrigando o mutuário a saldar esse RESÍDUO de uma única vez junto
com a prestação do 13º mês após a implantação do Plano Real. Para as partes
envolvidas, mutuário e mutuante houve um efeito de caixa, mas não de redução de
obrigações para o primeiro e de direitos para o segundo. Durante um ano, o
mutuário foi iludido porque pagou as prestações por um valor fixo e constante e o
mutuante recebeu menos que se atualizasse o valor das prestações mensalmente.
Terminado o ano (12 meses), no 13º mês, o mutuário encontrou-se diante da
necessidade de amortizar a parcela mensal mais a atualização monetária represada
durante 12 meses. Ninguém gostou desta situação. Os agentes financeiros e as
construtoras quando solicitadas pelos mutuários, para minimizar o constrangimento
do mutuário, agregaram a atualização monetária represada ao saldo devedor como
acontece com o Sistema SACRE.

Considerando as várias medidas provisórias que se sucederam e legislação


correspondente e segundo entendimento da Secretaria da Justiça e da Defesa da
Cidadania do Estado de São Paulo – PROCON - em resumo, temos:
a) para os contratos celebrados antes de 15/03/94 que não foram convertidos
em URV houve a permissão para a cobrança do RESÍDUO após ter
decorrido um ano da conversão para o Real (julho/1995) ou no
vencimento final se anterior (Lei 9.069/1995, artigo 28, § 7º);
b) os contratos celebrados de 15/03/1994 a 10/10/1995 não são passíveis da
cobrança de RESÍDUO (Lei 9.069/95, artigo 28, §§ 1º e 2º);
c) os contratos celebrados a partir de 11/10/1995 podem estabelecer
cláusulas permitindo a cobrança de RESÍDUO desde que relativo a
imóveis para entrega futura e com prazo igual ou superior a três anos
(Medida Provisória 1.145/1995, artigo 1º); ou, então,
d) os contratos celebrados a partir de 11/10/1995, mas com prazo de
encerramento do financiamento inferior a três anos ou relativos à compra
de imóveis prontos ou lotes – com qualquer prazo de financiamento -,
não são passíveis de cobrança de RESÍDUO (Medida Provisória nº
1.145/95).

Em resumo, temos:
(i) imóveis prontos e terrenos financiados a partir de 11/10/1995 não estão
mais sujeitos à cobrança de RESÍDUO;

7
(ii) a cobrança do mesmo, a partir de 11/10/1995, só cabe na compra de
imóvel em construção cujo prazo de financiamento supere três anos.

12.3 - Contratos vinculados ao Plano de Equivalência Salarial (PES)

Para os contratos de financiamento firmados no âmbito do SFH, vinculados ao


Plano de Equivalência Salarial, é necessário recorrer ao artigo 9º do Decreto-Lei nº
2.164/84, como segue:

“Art. 9º Os contratos para aquisição de moradia própria, através do SFH,


estabelecerão que, a partir do ano de 1985, o reajuste das prestações neles
previsto, corresponderá ao mesmo percentual e periodicidade do aumento de
salário da categoria profissional a que pertencer o adquirente.” (g. n.)

Em razão da complexa operacionalização do PES e da multiplicidade de índices e,


ainda, sendo centenas as categorias profissionais, ficou impraticável às instituições
financeiras ter prévio e exato conhecimento dos índices de aumento de salário de
cada categoria e aplicá-los às prestações no exato mês dos acordos ou dissídios
coletivos por categoria, etc., visto que o aumento dos salários das categorias
profissionais resulta de negociações concluídas posteriormente à data-base de sua
incidência anual. Por tais motivos, tendo por base o que lhes foi delegado pelo
artigo 7º do Decreto-lei nº 2.291, de 21//11/1986, o Conselho Monetário Nacional
baixou a Resolução nº 1.368 com a qual estabeleceu a aplicação provisória do IPC
- que era, à época em que o governo ditava a política salarial do nosso país, o
indexador básico dos salários – como indexador provisório para reajustamento das
prestações dos contratos vinculados ao PES/CP.

E por que aplicação provisória do IPC?


Porque a Resolução assegurava ao mutuário o direito, para aplicação imediata
junto ao Agente Financeiro, à revisão dos reajustamentos assim aplicados caso
quisesse comprovar que o percentual de aumento de seu salário houvera sido
inferior ao que fora aplicado para calcular a correção monetária da prestação
mensal. O texto infra legal é o seguinte:

Resolução nº 1.368:
III. Fica assegurado o direito dos mutuários, cujos aumentos salariais
foram inferiores ao previsto na alínea “a” do item I, de obter reajustes das
prestações mensais em consonância com o efetivo aumento salarial de sua
categoria; para esse efeito deverá o mutuário efetuar a devida comprovação
perante o Agente Financeiro.

Posteriormente, ao referido artigo 9º supra transcrito, foi dada nova redação. Isto
foi feito pelo artigo nº 22, da Lei nº. 8.004, de 14/03/1990 que, mantendo a
aplicação provisória do IPC às prestações, assim dispôs:
8
Lei nº. 8.004/90
(...).
Art. 22 – O art. 9º do Decreto-lei nº 2.164, de 19 de setembro de 1984,
passam a vigorar com a seguinte redação: Art. 9º As prestações mensais dos
contratos de financiamento firmados no âmbito do SFH, vinculados ao PES
por CP, serão reajustados no mês seguinte ao em que ocorrer a data-base
da categoria profissional do mutuário, utilizando-se a variação do IPC,
apurada nas respectivas datas-base.

Temos que dar a devida atenção ao parágrafo 1º do artigo 10º do Decreto-lei nº


2.284/86, como segue:

Art. 10º.
§ 1º Em nenhuma hipótese a prestação do SFH será superior à equivalência
salarial da categoria profissional do mutuário.

Por último, deve levar em conta o que ensina a Súmula nº 39 – DJ (Secai 2) de


28/10/96 – pág. 81959, com o seguinte texto:

SÚMULA Nº 39.
Aplica-se o índice de variação do salário da categoria profissional do
mutuário para o cálculo do reajuste dos contratos de mútuo habitacional
com cláusula PES, vinculados ao SFH.

Como se vê, a expressão: plano de equivalência salarial é de fácil compreensão.


Ela não se presta a dúbios entendimentos. Os índices para a correção das
prestações do financiamento hipotecário da casa própria, quando for previsto que a
atualização monetária anual das prestações deve ser calculada com base na
variação salarial da categoria profissional a que pertence o mutuário, devem ser
reajustados de acordo com os seus salários. Tal critério está previsto,
expressamente, em sucessivas resoluções do Banco Nacional da Habitação (BNH),
que foi extinto pelo Decreto-lei n° 2.291, de 21.11.1986, e do qual a CEF - Caixa
Econômica Federal é sua herdeira.

A cláusula “padrão” que prevê esta situação nos contratos do SFH, ressalvadas
pequenas nuanças que cada Agente introduz em seu contrato (contrato de adesão),
tem a redação dada pela CEF, como segue:

CLÁUSULA DÉCIMA QUINTA - No Plano de Equivalência Salarial por


Categoria Profissional - PES-CP, a prestação e os acessórios serão
reajustados no segundo mês subsequente à data da vigência do aumento
salarial decorrente de lei, acordos ou convenção coletivos de trabalho ou
sentença normativa da categoria profissional do devedor ou, no caso de
aposentado, de pensionista e de servidor público ativo ou inativo, no segundo
mês subsequente à data da correção nominal dos proventos, pensões e
9
vencimentos ou salários das respectivas categorias. (Grifo nosso: por
acessórios entenda-se, por exemplo, o prêmio de seguro sobre o qual
manifestamos nossa discordância linhas acima.)

Quando questionada judicialmente, em sua defesa, a CEF alegou que os mutuários


devem informá-la a respeito dos reajustes salariais obtidos - se inferiores ou
superiores aos reajustes por ela praticados - pois, de outra forma, não teria ela
conhecimento desse fato já que lhe é materialmente impossível, e para os demais
Agentes Financeiros do SFH, também, terem conhecimento, sem a colaboração
efetiva dos mutuários, dos exatos índices que reajustaram os salários de cada um
deles. Na ausência de informações por parte dos mesmos, os agentes do SFH
passaram a usar os índices genéricos.

Para obter a correta atualização monetária de suas prestações, o mutuário deve


comparecer ao agente financiado munido dos seguintes documentos:

1) quando se tratar de reajustamento intermediário ou anual, decorrente de


data-base:
a) apresentar declaração da entidade empregadora informando os percentuais de
aumentos salariais obtidos pelo mutuário, desde a última data-base; e/ou...
b) apresentar os comprovantes/recibos (holleriths) dos meses correspondentes;

2) quando se tratar de reajustes contratuais (anuais):


a) apresentar declaração da entidade empregadora, informando os percentuais de
aumentos salariais obtidos pelo mutuário, nos últimos 12 (doze) meses
anteriores à última data-base, especificando se o índice incide sobre a última
data-base e se é definitivo ou não;
b) apresentar os comprovantes/recibos (holleriths) dos meses correspondentes.

Portanto, basta uma solicitação administrativa para que a CEF ou qualquer uma das
entidades ligadas ao SFH, corrija as distorções eventualmente praticadas nos
índices aplicados e altere o valor das prestações. A revisão administrativa dos
índices aplicados ao reajuste das prestações é prerrogativa do mutuário que pode
requerê-la tantas vezes quantas julgar necessário, bastando solicitá-la mediante a
apresentação da documentação pertinente, conforme acima citado. Assim, temos
que os mutuários poderão obter (e poderão fazê-lo a qualquer tempo) a revisão das
prestações mensais em consonância com o salário efetivamente recebido.

Do ponto de vista contábil/matemático, é relevante notar que a legislação


supracitada não prevê que os índices usados para corrigir monetariamente as
prestações mensais sejam, concomitantemente, usados para atualizar o saldo
devedor do contrato. Em nossa opinião, o PES/CP é um benefício falso na medida
em que, ao final do contrato, em face da defasagem existente entre as correções
aplicadas às prestações e os reajustes aplicados ao saldo devedor, estes sempre
maiores que aqueles, restará um resíduo que pode atingir valor impagável.
10
Para resolver o problema dos mutuários cuja defasagem entre o aumento das
prestações e do saldo devedor fosse relevante e, no final do pagamento de todas as
prestações ainda tivessem um saldo devedor, foi criado o FCVS – Fundo de
Compensação das Variações Salariais -, destinado a absorver, no âmbito do
Tesouro Nacional, todos os saldos devedores remanescentes nos contratos. Em
nossa opinião, este era um procedimento de grande alcance social, de distribuição
de renda e de alavancagem do desenvolvimento em face do continuado aumento da
produção de moradias populares, mas a má administração pública deste fundo fez
com que fosse extinto em janeiro de 1988.

O equilibro financeiro entre a fonte de recursos e o uso deles para o financiamento


habitacional só pode ser alcançado se for atendida decisão do extinto Primeiro
Tribunal de Alçada Civil do Estado de São Paulo, na Apelação nº. 575.919-5,
como segue:

“Ao estabelecer o contrato que as prestações serão reajustadas mediante


‘aplicação de coeficiente idêntico ao utilizado para o reajustamento dos
depósitos de poupança mantidos nas Instituições integrantes do Sistema
Brasileiro de Poupança e Empréstimo’, nada mais está do que garantindo a
preservação da expressão monetária do valor mutuado em consonância com
a regra de atualização fixada para a fonte do recurso. Há, aí, um perfeito
equilíbrio no sistema, cujo desprezo poderia acarretar à mutuante
injustificável prejuízo, caso fosse, por exemplo, obrigada a pagar ao
poupador depositante (origem do recurso) valor superior ao recebido do
mutuário.” (grifo nosso)

Todavia, esta decisão não considerou que o mutuário pagava as prestações


corrigidas por indexador (aumento de salário) distinto do que é aplicado aos saldos
das Cadernetas de Poupança (IPC), logo, o encontro de contas somente poderia
acontecer, ao final, com a participação do Estado (do Tesouro Nacional) que
pagaria aos agentes financeiros os saldos devedores remanescentes depois de o
mutuário ter liquidado toda a série de pagamentos (todas as mensalidades)
contratados. Foi este o espírito que gerou o FCVS que acabou sendo extinto.

Por outro lado, se o inverso fosse praticado, ou seja, se o extinto Primeiro Tribunal
de Alçada Civil do Estado de São Paulo tivesse determinado que a atualização
monetária do saldo devedor fosse feita pelo mesmo índice usado para corrigir as
prestações, ao final, o contrato estaria liquidado no prazo previsto, sem deixar
saldo residual.

O que é fundamental para o equilíbrio matemático do contrato é que a correção


monetária das prestações e do saldo devedor seja feita pelo mesmo indexador, no
mesmo momento. Nesse sentido, já se manifestou o E. STJ, conforme se vê nas
ementas abaixo transcritas:
11
DIREITO CIVIL. CONTRATOS DE MÚTUO. SISTEMA FINANCEIRO DA
HABITAÇÃO. PLANO DE EQUIVALÊNCIA SALARIAL. REAJUSTE DAS
PRESTAÇÕES MENSAIS E DO SALDO DEVEDOR.

O Plano de Equivalência Salarial, adotado e incluído nos contratos, tem de


ser respeitado e cumprido sem alterações posteriores. O Superior Tribunal de
Justiça vem decidindo de acordo com o entendimento de que o reajuste das
prestações da casa própria deve ser feito de acordo com o Plano de
Equivalência Salarial. Não prevalece a cláusula contratual que estabelece a
atualização do saldo devedor pelo coeficiente de remuneração básica
aplicável às contas vinculadas do FGTS. A exemplo das prestações mensais,
também o saldo devedor há de ser reajustado pelo Plano de Equivalência
Salarial.” (grifo nosso) Recurso Especial nº 194.932, Primeira Turma,
Relator Ministro GARCIA VIEIRA, j. 04.03.1999.)

ADMINISTRATIVO. SFH. Reajuste das prestações e do saldo devedor. Plano


de Equivalência Salarial (PES). Vantagens pessoais incorporadas
definitivamente ao salário. Inclusão no cálculo. Procedentes.
(...)
“A exemplo das prestações mensais, o saldo devedor há que ser reajustado
pelo Plano de Equivalência Salarial.” (grifo nosso). Recurso Especial nº
194.086, Segunda Turma, Relator Ministro FRANCISCO PEÇANHA
MARTINS, j. 15.02.2001.

DIREITO CIVIL E PROCESSUAL CIVIL. CONTRATOS DO SISTEMA


FINANCEIRO DA HABITAÇÃO. PLANO DE EQUIVALÊNCIA SALARIAL.
VINCULAÇÃO AOS VENCIMENTOS DA CATEGORIA PROFISSIONAL DO
MUTUÁRIO.
(...)
“4. Há de ser considerada sem eficácia e efetividade a cláusula contratual
que implica em reajustar o saldo devedor e as prestações mensais assumidas
pelo mutuário, pelos índices aplicados às cadernetas de poupança, adotando-
se, consequentemente, a imperatividade e obrigatoriedade do Plano de
Equivalência Salarial, vinculando-se aos vencimentos da categoria
profissional do mutuário.” (grifo nosso). Recurso Especial nº 157.841-SP,
Primeira Turma do STJ, Relator Ministro JOSÉ DELGADO, j. 02/03/1998.

Estes acórdãos são matematicamente corretos, pois mandam que o saldo devedor e
as prestações mensais sejam corrigidos pelo mesmo índice. Só que neste caso o
índice comum escolhido é reajuste salarial.

É por isso que o Perito encontra, com bastante freqüência, o mutuário pleiteando
que sejam apresentados cálculos em que além de corrigir as prestações mensais
pelo PES/CP, o mesmo coeficiente seja aplicado à atualização monetária do saldo
12
devedor ou, alternativamente, na ausência de informações claras que indiquem a
Categoria Profissional do mutuário, ou seja, a atualização monetária, calculada
com base na variação do INPC-IBGE.

No mais, de acordo com as regras do contrato e em face da extinção do FCVS, o


saldo devedor remanescente poderá ser renegociado. A dívida não poderá ser
parcelada em prazo superior à metade da duração do contrato original. Por
exemplo, se o contrato original foi de 120 meses, a renegociação do saldo devedor
poderá ser feita em, até no máximo, 60 meses. Se ao final deste segundo prazo
ainda existir resíduo a pagar, o mutuário terá 24 horas para fazer a quitação sob
pena de ver seu imóvel sendo objeto de penhora.

12.4 - Contratos NÃO vinculados ao PES.

A Lei nº. 8.692/1993, em seu artigo 33, revogou expressamente, para os contratos
firmados após sua vigência, toda a legislação precedente.

Art. 33. Admitida a ressalva do art. 27 desta lei, para os contratos realizados
a partir de sua publicação não se aplicam os dispositivos legais vigentes que
a contrariam, relativos à indexação dos saldos devedores e reajustes de
encargos dos financiamentos, especialmente aqueles constantes na Lei nº.
4.380, de 21 de agosto de 1964, do Decreto-Lei nº. 19, de 30 de agosto de
1966, do Decreto-Lei nº. 2.164, de 19 de setembro de 1984, da Lei nº. 8.004,
de 14 de março de 1990, e da Lei nº. 8.100, de dezembro de 1990.”

Esta lei dispõe expressamente quanto à correção monetária dos contratos a ela
vinculados:

Art. 15 Os saldos devedores dos financiamentos de que trata esta lei serão
atualizados monetariamente na mesma periodicidade e pelos mesmos
índices utilizados para a atualização:
I - das contas vinculadas ao Fundo de Garantia do Tempo de Serviço -
FGTS, quando a operação for lastreada com recursos do referido Fundo, e
II - dos depósitos em caderneta de poupança correspondentes ao dia da
assinatura do contrato, nos demais casos.
........................................
Art. 25, caput. Nos financiamentos concedidos aos adquirentes de casa
própria, celebrados no âmbito do Sistema Financeiro da Habitação, a taxa
efetiva de juros será de, no máximo, doze por cento ao ano, observando o
disposto no parágrafo único do art. 2º.

Assim, os contratos de financiamento habitacional, quando fundados em recursos


do FGTS, receberão reajustamento das prestações e do saldo devedor por iguais
índices aplicados a este Fundo e, quando fundados em outros recursos, receberão
13
reajustamento das prestações e do saldo devedor em conformidade com os prazos e
indexadores inflacionários aplicáveis às Cadernetas de Poupança que, no presente
momento, é a TR - Taxa Referencial.

A prática de mercado em contratos de financiamento imobiliário vinculados ao


SFH é, em sua grande maioria, a de atualizar o valor do saldo devedor pelo mesmo
índice aplicável à correção monetária dos depósitos em Cadernetas de Poupança.
Em sendo a TR o indexador que atualiza o saldo das Cadernetas de Poupança, é
óbvio que o indexador do saldo devedor dos contratos amparados pelo SFH deve
ser a mesma TR. Como já foi visto acima, usar o mesmo indexador para atualizar
as prestações e o saldo devedor dos contratos de financiamento habitacional
permite o equilíbrio financeiro das contas. Da mesma forma, atualizar o saldo
devedor dos contratos de financiamento da casa própria amparados pelo SFH com
base no indexador das Cadernetas de Poupança tem o dom de equalizar as duas
pontas do SFH, a fonte e o uso dos recursos. Este é o único conceito econômico
aceitável.

Diferente é a situação do mutuário que não se enquadra nas condições do SFH.


Neste caso, servir-se-á de financiamento previsto na Carteira Hipotecária, com
taxas de juros e sistema de amortização livres.

A respeito deste assunto – Carteira Hipotecária - o Tribunal de Justiça do Distrito


Federal e Territórios, Quinta Turma Cível - Apelação Cível nº. 37.444/95, tendo
como Relator o i. Desembargador ROMÃO C. OLIVEIRA, assim se manifestou:

EMENTA - APELAÇÃO CÍVEL. REVISÃO DE CLÁUSULA CONTRATUAL


DE FINANCIAMENTO DE IMÓVEL -
IMPOSSIBILIDADE - INEXISTÊNCIA DE VÍCIO DE VONTADE. -
APLICAÇÃO DO PRINCÍPIO PACTA SUNT SERVANDA -
IMPROCEDÊNCIA DO PEDIDO.

É inadmissível a imposição unilateral e coercitiva das regras atinentes ao


plano de equivalência salarial, em se tratando de contrato para a aquisição
de imóvel através da Carteira Hipotecária. Se as partes, no momento em que
firmaram o contrato, estabeleceram que os valores fossem corrigidos pelo
mesmo indexador que viesse a corrigir as aplicações em caderneta de
poupança, assumiram o risco de, eventualmente, verem os valores corrigidos
em patamar acima ou abaixo daquele onde estiver situado o índice que
melhor reflita a depreciação da moeda corroída pela inflação. Daí, sem
afrontar o princípio pacta sunt servanda, não poderá o Estado-juiz intervir
no contrato. Apelação provida.

12.5 - Plano de Comprometimento de Renda - PCR

14
Diante da impossibilidade de firmar contrato vinculado ao PES/CP os agentes do
SFH passaram a oferecer um produto financeiro denominado Plano de
Comprometimento de Renda – PCR.

O PCR serve para ajustar o valor das prestações mensais à da renda do mutuário no
momento da contratação do empréstimo. Esta renda passa a ser comprometida (ou
reservada) pelo mutuário para o pagamento das prestações mensais. Então, o valor
da prestação representa um percentual da renda mensal que declarou receber e,
essa prestação não ultrapassa 30% dessa renda por ele mesmo declarada ao agente
financeiro.

Por outro lado, a renda do mutuário pode ter qualquer origem e não
necessariamente o salário como é o caso do PES/CP. Esta modalidade de
financiamento (PCR) serve aos mutuários que não têm o chamado “emprego com
carteira assinada”, mas, dispõem de renda em função de atividades econômicas
desenvolvidas de forma autônoma, seja como comerciante, como prestador de
serviços na condição de profissional autônomo ou de alugueres e de outras fontes.

Esta alternativa para pagamento das prestações mensais de um financiamento


habitacional consta na Lei 8.692/93 e nela está previsto que a atualização
monetária das prestações, após ter sido estabelecido o valor da primeira com base
no conceito do PCR, bem como a atualização monetária do saldo devedor, devam
ser calculadas com base na variação mensal da remuneração paga às Cadernetas de
Poupança, ou seja: o PCR usa recursos do chamado Sistema Brasileiro de
Poupança e Empréstimos (SBPE) e a TR como indexador do valor da prestação
mensal e do saldo devedor. Este procedimento faz com que, ao fim do contrato,
inexista a figura do “resíduo”, pois, ao pagar as prestações em conformidade como
a Tabela Price, com o pagamento da última, o contrato terá o saldo devedor zerado.

O PES/CP e o PCR não se confundem e têm o valor da prestação mensal reajustada


com base em filosofias diferentes. Enquanto que no PES/CP a base para reajuste
periódico (anual) das prestações é o efetivo aumento do salário do mutuário, em
conformidade com a sua categoria profissional; no caso do PCR, assim que ficar
estabelecido o “quantum” da renda do mutuário, servirá para calcular o valor da
primeira prestação, digamos, 30% de sua renda naquele momento da contração, daí
para frente, esse valor passa a ser reajustado pela variação da TR.

Este tipo de contrato prevê a hipótese de perda de renda do mutuário. Quando isto
acontece, ele tem o direito de pedir a revisão das prestações mensais para que seu
valor não ultrapasse 30% de sua renda mensal. A mudança do valor da prestação
mensal causa um desequilíbrio entre a quantidade de prestações e seu valor. Para
restabelecer o equilíbrio entre o valor das prestações (novo valor) e o saldo
devedor, uma nova quantidade de parcelas mensais é estabelecida para que, ao
final dos pagamentos recalculados segundo a metodologia da Tabela Price, o saldo
devedor do contrato seja zero.
15
Este conceito está capitulado na Lei nº. 8.692/93 em cujo artigo 4º se lê:

O reajustamento dos encargos mensais dos contratos regidos pelo plano de


Comprometimento de Renda terá por base o mesmo índice e a mesma
periodicidade de atualização do saldo devedor do contrato, mas a aplicação
deste índice não poderá resultar em comprometimento de renda em
percentual superior ao máximo estabelecido no contrato. § 1º - Sempre que o
valor do novo encargo resultar em comprometimento da renda do mutuário
em percentual superior ao estabelecido em contrato, a instituição
financiadora, a pedido do mutuário, procederá à revisão do seu valor, para
adequar a relação encargo mensal/renda ao referido percentual máximo. § 2º
- (...) § 3º - Não se aplica o disposto no § 1º às situações em que o
comprometimento da renda em percentual superior ao máximo estabelecido
no contrato tenha-se verificado em razão da redução da renda ou por
alteração na composição da renda familiar, inclusive, em decorrência da
exclusão de um ou mais coadquirentes.

O dispositivo legal acima, quando transferido para o contrato recebe um texto


equivalente ao abaixo transcrito:

Relação renda bruta/encargo mensal: - Quando o valor do encargo mensal


resultar em comprometimento da renda bruta em percentual superior ao
estabelecido no item 10 do Quadro Resumo fica assegurado ao (a, s)
Comprador (a, es, s), mediante expressa solicitação acompanhada da
devida comprovação, feita no prazo de 60 (sessenta) dias contados do
vencimento do encargo mensal que ultrapassar o comprometimento
contratado, desde que não haja redução de renda ou alteração da
composição da renda familiar, o direito da revisão dos valores dos encargos
mensais cobrados, visando adequar a relação encargo mensal/renda bruta
ao percentual máximo de comprometimento estabelecido no item 10 do
Quadro Resumo deste instrumento.

Como se vê, tanto a lei como a cláusula do contrato servem para reduzir o valor
da prestação mensal, em casos não especificados na lei ficando, assim, a critério
do agente financeiro aceitar ou não as provas de queda da renda familiar
apresentadas pelo mutuário.

Em resumo, as principais características do PCR são:

A Lei 8.692, de 28.07.1993, criou o Plano de Comprometimento de Renda


(PCR), no âmbito do Sistema Financeiro da Habitação com as seguintes
características:
a) comprometimento máximo de 30% (trinta por cento) da renda bruta do mutuário
para o pagamento das prestações mensais;
16
b) reajuste mensal das prestações pelo índice e a mesma periodicidade dos
depósitos em caderneta de poupança na data da assinatura do contrato;
c) taxa máxima de juros de 12% a.a. (doze por cento ao ano);
d) Prazo máximo de financiamento: 30 (trinta) anos;
e) não possui cobertura do FCVS, o que significa que, no final do contrato,
havendo saldo devedor, este deverá ser pago pelo mutuário, podendo a quitação
deste saldo ser efetuada mediante dilação do prazo original do financiamento;
f) nas transferências dos contratos habitacionais estão asseguradas, ao novo
mutuário, as mesmas condições de prazo, juros e plano do financiamento;
g) a prestação inicial do Plano de Comprometimento de Renda será 15% (quinze
por cento) inferior ao Plano de Equivalência Salarial (PES). Isto porque não
incide na prestação mensal o Coeficiente de Equiparação Salarial (CES – 1,15);
h) anualmente, é realizada a verificação do equilíbrio do contrato, processando-se o
recálculo da prestação com base no saldo devedor atualizado.

12.6 – O Coeficiente de Equiparação Salarial (CES)

O Coeficiente de Equiparação Salarial (CES) foi instituído na data da criação do


Plano de Equivalência Salarial (PES), em 08/12/1969, pela RD nº 75/1969,
regulamentada pela RC nº 36/1969 do extinto BNH – Banco Nacional da
Habitação, que previu:

“O valor inicial da prestação, no PES, será obtido pela multiplicação da


prestação de amortização, juros e taxa calculada pelo sistema francês de
juros compostos “Tabela Price”, por um coeficiente de equiparação
salarial”.

Essa regulamentação estabeleceu que o CES seria fixado, periodicamente, pelo


BNH, com base nos seguintes parâmetros:

a) a relação vigente entre o valor do Salário Mínimo SM – e o valor da


Unidade Padrão de Capital – UPC do próprio BNH;

b) o valor provável dessa relação, determinado com base em sua média móvel,
observada em prazo fixado pelo Conselho de Administrado do próprio BNH.

Com a extinção do BNH, pelo artigo 7º do Decreto-lei n° 2.291, de 21/11/1986, foi


atribuída competência ao Conselho Monetário Nacional para regulamentar o
Sistema Financeiro da Habitação. No exercício dessa competência, aquele
Conselho editou, por intermédio do Banco Central do Brasil, a Circular nº 1.278,
de 05/01/1988, que em seu item 1, letra “l” estabeleceu para cálculo da prestação
inicial dos contratos vinculados ao Plano de Equivalência Salarial por Categoria
Profissional – PES/CP – a aplicação do CES de 15%. O texto é o seguinte:

17
“O Coeficiente de Equiparação Salarial (CES) utilizado para fins de cálculo
de prestação mensal do financiamento será de 1,15 (um inteiro e quinze
centésimos), o qual incidirá inclusive, no prêmio mensal dos seguros
previstos na apólice do Seguro Habitacional.”

Os agentes do SFH, para os contratos com indexador do valor das prestações


baseado no PES/CP, aplicaram a majoração de 15%. A partir da prestação assim
aumentada, procedem à sua atualização monetária em cada mês.

Este procedimento, previsto desde 1969 por regulamento do extinto BNH - Banco
Nacional da Habitação, não havia sido objeto de lei até 1993. É por isso que os
senhores advogados pugnaram pela sua ilegalidade - para os contratos firmados
antes de 1993 - pois se tratava de um procedimento previsto em norma infralegal.

A Lei nº 8.692, de 28 de julho de 1993, assim dispôs:

“Art. 8º No Plano de Equivalência Salarial o encargo mensal, conforme


definido no parágrafo único do artigo 2º, desta Lei, acrescido do Coeficiente
de Equivalência Salarial (CES), será reajustado no mesmo percentual e na
mesma periodicidade dos aumentos salariais da categoria profissional do
mutuário, aplicável no mês subseqüente ao de competência do aumento
salarial.”

Normalmente, os contratos de financiamento da casa própria apresentam mutatis


mutandis, a seguinte cláusula:

“As prestações, inclusive a primeira, os prêmios de seguros e o saldo devedor


terão seus valores atualizados monetariamente mediante a aplicação de
índices idênticos aos considerados como remuneração básica ou correção ou
atualização monetária dos depósitos de poupança livre para pessoas físicas,
com crédito previsto para o dia de assinatura do presente contrato, em cada
um dos meses de sua vigência...”

A nossa opinião é no sentido de que a aplicação do aumento de 15% no valor das


prestações mensais, tal como vimos quando abordamos o Sistema SACRE de
amortização do saldo devedor (veja capítulo 10), ajuda a equilibrar a amortização
do capital dos contratos cujas prestações são corrigidas pela variação anual do
salário do mutuário, especialmente quando esta variação salarial ocorra em
percentual inferior ao indexador do saldo devedor do contrato. A inclusão do CES
no plano de pagamentos, sem dúvida, mitiga o saldo residual ao final da série de
pagamentos. Mas NÃO poderia incidir sobre o prêmio mensal dos seguros
previstos na apólice do Seguro Habitacional porque o prêmio é uma despesa
fixa e irrecuperável. Somos de opinião que é lícito, do ponto de vista matemático
e moral, que o mutuário seja induzido a acelerar o pagamento do capital para evitar
o constrangimento de se encontrar, ao final de tantos anos de pagamento de
18
prestações mensais, devendo um valor residual exagerado que, em muitos casos,
superar o valor comercial do imóvel, mas é imoral aplicar um aumento de 15%
sobre uma despesa definitiva e irrecuperável.

Exemplo
Dados do exemplo:
Valor do financiamento ............................................................... $ 2.570.895,68;
Prazo do contrato ................................................................. 336 meses (28 anos);
Taxa de juros ao ano (nominal).................................................................. 7,60%;
Taxa de juros ao mês (efetiva) ............................. 0,633333% (dízima periódica);
Fator da Tabela Price no prazo de 336 meses à taxa de 7,6% a. a. ... 0,00719596;
CES ............................................................................................................. 15%;
MIP – Prêmio de Seguro (Morte e Invalidez Permanente) do Mutuário =
0,0009298% do valor financiado;
DFI – Prêmio de Seguro (Danos Físicos ao Imóvel) = 0,0001548% do valor
financiado.

Cálculos:

1) Do valor fixo da prestação, ainda sem qualquer reajuste pela Equivalência


Salarial:
Valor da prestação = Valor financiado * Fator da TP * CES, ou seja: $ 2.570.895,68 *
0,00719596 * 1,15 = $ 21.275,06

2) Do valor fixo da mensalidade do MIP, sem qualquer reajuste pela Equivalência


Salarial:
Valor da mensalidade = Valor financiado * percentual fixado pela SUSEP * CES, ou seja:
R$ 2.570.895,68 * 0,0009298 * 1,15 = $ 2.748,97

3) Do valor fixo da mensalidade do DFI, sem qualquer reajuste pela Equivalência


Salarial:
Valor da mensalidade = Valor financiado * percentual fixado pela SUSEP * CES ou seja:
R$ 2.570.895,68 * 0,0001548 * 1,15 = $ 457,66

No exemplo supra, elaborado em conformidade com uma enorme quantidade de


contratos, o CES de 15% foi aplicado aos prêmios mensais de seguro. Com este
procedimento não concorda o autor, pois o valor do prêmio dos seguros não
compõe o valor financiado.

==========================================================

A este respeito, pronunciou-se o E. Primeiro Tribunal de Alçada Civil:

TUTELA ANTECIPADA - Requisitos - Pretensão à revisão do valor da


prestação do financiamento da casa própria - Alegação de descumprimento
da forma de reajuste do saldo devedor e das prestações - Exclusão da parcela
19
do CES que, por ora, é correta, não havendo, ao que tudo indica, autorização
legal para a exigência ao tempo do contrato - Verossimilhança da alegação
evidenciada - Impossibilidade, todavia, de se alterar o indexador, neste
momento processual, sem amplo debate da questão, não havendo prova
inequívoca do direito que justificou a antecipação dos efeitos da tutela -
Decisão agravada que não impede a execução - Recurso parcialmente
provido para manter a correção do saldo devedor pelo índice contratado. (...)

A exclusão da parcela do CES, por ora, também é correta. Ao que tudo


indica, não havia autorização legal para a exigência, ao tempo do contrato,
em novembro de 1989, havendo verossimilhança na alegação. Agravo de
Instrumento n.º 924.792-3, 3ª Câmara, Relator Juiz CARVALHO VIANA, j.
16/5/2000.

A manutenção no PES das inconsistências financeiras do Plano „A‟, ou seja,


critérios diferenciados para reajuste da dívida e das prestações, aliada à
fixação do número de prestações, levaram à criação do Coeficiente de
Equiparação Salarial (CES). Esse coeficiente consiste num fator numérico
multiplicador da prestação inicial, visando aumentar a capacidade de
amortização das prestações e, dessa forma, amenizar resíduos da dívida
decorrentes das características do plano de reajuste adotado. (JOÃO
BATISTA GATTI, in: O Sistema Financeiro da Habitação em seus 30 anos de
existência, 1994- ABECIP, pág. 39.)

12.7 – Atualizar Monetariamente o Saldo Devedor ANTES ou DEPOIS de


abater a amortização do período?

Resposta:

O Novo Código Civil estabeleceu a ordem de preferência para amortizar principal


e juro de uma dívida, como segue:
Art. 352. A pessoa obrigada por dois ou mais débitos da mesma natureza, a um
só credor, tem o direito de indicar a qual deles oferece pagamento, se todos forem
líquidos e vencidos.
Art. 353. Não tendo o devedor declarado em qual das dívidas líquidas e vencidas
quer imputar o pagamento, se aceitar a quitação de uma delas, não terá direito a
reclamar contra a imputação feita pelo credor, salvo provando haver ele cometido
violência ou dolo.
Art. 354. Havendo capital e juro, o pagamento imputar-se-á primeiro nos juros
vencidos, e depois no capital, salvo estipulado em contrário, ou se o credor passar
a quitação por conta do capital.
Art. 355. Se o devedor não fizer a indicação do art. 352, e a quitação for omissa
quanto à imputação, esta se fará nas dívidas líquidas e vencidas em primeiro

20
lugar. Se as dívidas forem todas líquidas e vencidas ao mesmo tempo, a imputação
far-se-á na mais onerosa.

Como se vê, o procedimento legal é pelo pagamento dos juros em primeiro lugar e
o que sobrar do valor entregue ao credor será usado para reduzir o principal da
dívida. Esta norma legal está em total consonância com a matemática, pois é
exatamente assim que funcionam os sistemas de amortização de empréstimos em
prestações mensais conhecidos nas atividades bancárias.

Há que se considerar também que alguns advogados pleiteiam que a atualização


monetária do saldo devedor seja feita DEPOIS de deduzir-se o valor do principal
pago. Mas este desejo não tem respaldo na matemática financeira e na lógica dos
sistemas de amortização seja ele Tabela Price, Sacre ou qualquer outro, pois, como
se sabe, a atualização monetária não é ganho do agente financeiro, mas, apenas
uma tentativa de repor o poder aquisitivo do valor do capital mutuado.

Veja abaixo a comparação das duas situações acima relatadas:

ANEXO Nº 01
Esta planilha prova que um financiamento de R$ 8.530,20, a juros de 3% ao mês, para ser pago em 10
(dez) meses, com atualização monetária de 10% ao mês, para atingir o saldo zero, DEVE ter as
prestações mensais abatidas DEPOIS de ser atualizado o saldo devedor.

Índice Amortização
Valor Valor Saldo
n.º de Valor da do Valor NOVO
atualizado Financiado e devedor Juros de
Presta atualizaç Prestação Financiado, SALDO
da Saldo atualizado 3% ao mês
ção ão Mensal corrigido em DEVEDOR
Prestação Devedor ANTES
mensal 10% ao mês

3%
1 1,1 1.000,00 1.100,00 8.530,20 9.383,22 281,50 818,50 8.564,72
2 1,1 1.100,00 1.210,00 8.564,72 9.421,19 282,64 927,36 8.493,82
3 1,1 1.210,00 1.331,00 8.493,82 9.343,21 280,30 1.050,70 8.292,50
4 1,1 1.331,00 1.464,10 8.292,50 9.121,75 273,65 1.190,45 7.931,31
5 1,1 1.464,10 1.610,51 7.931,31 8.724,44 261,73 1.348,78 7.375,66
6 1,1 1.610,51 1.771,56 7.375,66 8.113,22 243,40 1.528,16 6.585,06
7 1,1 1.771,56 1.948,72 6.585,06 7.243,57 217,31 1.731,41 5.512,16
8 1,1 1.948,72 2.143,59 5.512,16 6.063,37 181,90 1.961,69 4.101,68
9 1,1 2.143,59 2.357,95 4.101,68 4.511,85 135,36 2.222,59 2.289,26
10 1,1 2.357,95 2.593,74 2.289,26 2.518,19 75,55 2.518,20 (0,01)
17.531,17 2.233,32 15.297,85

Valor do empréstimo atualizado em 10% ao mês Juros pagos


após abater, em cada mês, o principal pago e Principal pago
acrescer juros de 3% sobre o saldo
remanescente

ANEXO Nº 02

21
Esta planilha prova que um financiamento de R$ 8.530,20, a juros de 3% ao mês, para ser pago em
10 (dez) meses, com atualização monetária de 10% ao mês, para atingir o saldo zero, NÃO PODE
ter as prestações mensais abatidas ANTES de ser atualizado o saldo devedor, pois o mútuo seria
liquidado no oitavo mês e não no décimo como foi contratado e, obviamente, os juros não seriam
pagos conforme contrato.

Amortização
Índice de Valor Valor Saldo
n.º Valor da do Valor
atualizaç atualizado Financiado devedor Juros de 3%
Prest Prestação Financiado,
ão da e Saldo atualizado ao mês
ação Mensal corrigido em
mensal Prestação Devedor APÓS
10% ao mês.
3%
8.530,20 8.454,72
1 1,1 1.000,00 1.100,00 8.454,72 8.248,19 255,91 844,09
2 1,1 1.100,00 1.210,00 8.248,19 7.881,10 253,64 956,36
3 1,1 1.210,00 1.331,00 7.881,10 7.318,78 247,45 1.083,55
4 1,1 1.331,00 1.464,10 7.318,78 6.520,62 236,43 1.227,67
5 1,1 1.464,10 1.610,51 6.520,62 5.439,14 219,56 1.390,95
6 1,1 1.610,51 1.771,56 5.439,14 4.018,96 195,62 1.575,94
7 1,1 1.771,56 1.948,72 4.018,96 2.195,53 163,17 1.785,54
8 1,1 1.948,72 2.143,59 2.195,53 (178,66) 120,57 2.023,02
Neste ponto a dívida estaria quitada com um excedente de R$ 178,66. Vejam, a seguir, as parcelas
que não foram pagas.
9 1,1 2.143,59 2.357,95
10 1,1 2.357,95 2.593,74

A soma dos pagamentos: principal de R$ 10.887,13 mais juros de R$ 1.692,35


totaliza R$ 12.579,48. Logo, falta pagar R$ 4.951,69. Esta incongruência prova
que é um absurdo matemático querer que os juros sejam apurados e contabilizados
ANTES de se calcular e contabilizar a atualização monetária do saldo devedor.

12.8 – A Alternativa de amortização do mútuo habitacional pelo Método (ou


Sistema) Gauss

O cientista Johann Karl Friedrich Gauss (*30.04.1777 +23.02.1855), matemático,


astrônomo e físico alemão, não teve como objetivo estudar um sistema de
amortização (1) de empréstimos. Todavia, seus trabalhos com a Progressão
Aritmética (PA), realizados no âmbito da Teoria Estatística, permitiu que se
desenvolvesse um método para determinar a soma dos termos de uma progressão
aritmética que passou a ser requerido pelos mutuários do SFH como uma
alternativa para calcular a amortização de um financiamento usando juros simples
em contraposição à Tabela Price em que o cálculo da prestação acontece usando
juros compostos.

Na prática, o Método Gauss de Amortização (MGA) é a aplicação da média


aritmética para a distribuição de juros simples, calculados sobre o capital inicial, ...
(1)
Segundo Paulo Sandroni (Dicionário de Economia. Ed. Best Seller, 5ª ed), amortização é a
“redução gradual de uma dívida por meio de pagamentos periódicos (...)”.

22
... ao longo do período (ao longo dos meses contratados para a devolução do
principal e pagamento de juros, em parcelas mensais). Gauss apresentou estudos
sobre a “distribuição normal” de erros estatísticos em estudos de probabilidade e
nunca se referiu a estudos de matemática financeira. Assim sendo, esse método
serve para apresentar uma série de pagamentos de valor constante, agregando
capital e juros em cada prestação em que os juros são calculados de forma linear,
como se fossem um elemento de avaliação estatística usando a média
aritmética.

Vejamos um exemplo:

Valor emprestado: R$ 100.000,00


Taxa nominal: 18% a.a
Tempo: 12 meses
Pagamento em 12 parcelas iguais
Sistema de amortização: TP (Tabela Price)

A) Solução, usando o critério de radiciar (extrair a raiz de um número) a taxa nominal


ao ano por doze meses.

Fazendo:

12

1,18 = 1,013888, subtraindo-se a unidade e multiplicando-se


por 100, encontramos a taxa de 1,388843% ao mês.

Índice da taxa de juros contratada = 1,01388843^12 = 1,18, logo, subtraindo-se


a unidade e multiplicando-se por 100, retorna-se à taxa contratada, ou seja: 18% ao
ano do contrato.

No final, o financiado pagará R$ 109.255,65, correspondentes a R$ 100.000,00 de


capital amortizado e de R$ 9.255,65 de juros remuneratórios do contrato e
proporcionará, usando o sistema de amortização TP, em face da reaplicação da
renda recebida mensalmente, mais R$ 985,60 de juros, totalizando R$ 10.241,25.

O autor entende que, tecnicamente, é mais fácil aplicar a Tabelas Price (TP) que o
Método Gauss de Amortização (MGA). No que tange à existência de “anatocismo”
mediante a aplicação da TP ou do SACRE, é verdade. Ou seja, é verdade que em
ambos os caso TP e SACRE ocorre a capitalização dos juros. A diferença é que na
TP a capitalização é mensal e no SACRE é anual. O que ocorre com a aplicação do
MGA, como acima demonstrado, é o não o reinvestimento dos juros recebidos pelo
financiador, em seu próprio favor, nem mensal e nem anualmente. Por isso

23
considera-se, no meio forense, que o MGA consiste em um método de juros
simples.

E como seria a amortização pelo MGA?

Resposta:
A fórmula da Progressão Aritmética é a seguinte:

n*(a1 + an)
SPA – (menos) -----------------
2

Onde: SPA = soma dos elementos da progressão aritmética (PA)


a1 = primeiro termo da PA
an = último termo da PA

Progressão Aritmética é toda sequência de números em que a diferença entre


cada um, a partir do segundo e o termo imediatamente anterior, é sempre
constante. A este valor constante dá-se o nome de razão da PA. Costuma-se
representar o valor da razão de uma PA por r.

Então, se r > 0; então a PA é crescente e se r < 0; então a PA é decrescente.

O nosso caso (financiamento habitacional de longo prazo) sempre corresponde a


uma PA crescente, logo, sendo r a razão de tal progressão, temos:
a1 = a1
a2 = a1 + r
a3 = a2 + r, logo a3 = a1 + 2 r,
a4 = a3+ r, logo a4 = a1 + 3 r,
e, assim, até a12 (por que o nosso exemplo é de 12 prestações mensais)

Para os casos em que a quantidade de mensalidades é grande, digamos, 30 anos, ou


seja, 360 meses, ou qualquer outra quantidade de meses, a fórmula do termo geral
a ser aplicada é:

an = a1 + (n-1)*r

Demonstração de como funciona a PA no nosso caso:

SPA = a1 + (a12 – a1) = 1 + (12 - 1) = 1 + 11 = 12 termos


SPA = a1+ (a12 – a2) = 1 + (12 - 2) = 2 + 10 = 12 termos
SPA = a1 + (a12 – a3) = 1 + (12 - 3) = 3 + 9 = 12 termos
SPA = a1 + (a12 – a4) = 1 + (12 - 4) = 4 + 8 = 12 termos
SPA = a1 + (a12 – a5) = 1 + (12 - 5) = 5 + 7 = 12 termos
SPA = a1+ (a12 – a6) = 1 + (12 - 6) = 6 + 6 = 12 termos
24
SPA = a1 + (a12 – a7) = 1 + (12 - 7) = 7 + 5 = 12 termos
SPA = a1 + (a12 – a8) = 1 + (12 - 8) = 8 + 4 = 12 termos
SPA = a1 + (a12 – a9) = 1 + (12 - 9) = 9 + 3 = 12 termos
SPA = a1 + (a12 – a10) = 1 + (12 -10) = 10 + 2 = 12 termos
SPA = a1 + (a12 – a11) = 1 + (12 -11) = 11 + 1 = 12 termos
SPA = a1 + (a12 – a12) = 1 + (12 -12) = 12 + 0 = 12 termos

Logo, se:

n*(a1 + an)
SPA – (menos) ----------------
2
então,

SPA = (1+12) + (2+11) + (3+10) + (4+9) + (5+8) + (6+7)

portanto:
12*13
SPA = 6*13 = 78. Ou usando a notação algébrica da PA: SPA = -------- = 78
2

O número 12 representa a quantidade de termos e o número 13 representa a soma


dos termos.

A soma dos termos também resulta em 78.


Veja: (1 + 2 + 3 + 4 + 5 + 6 + 7 + 8 + 9 + 10 + 11 + 12) = 78.

Vamos, agora, demonstrar com duas tabelas a diferença entre aplicar-se a TP ou o


MGA, para amortizar o financiamento do nosso exemplo.

Tabela nº. 1

O objetivo desta tabela: provar que a TP gera renda adicional ao ente financiador.
Dados do problema:
Valor do empréstimo ou PV R$ 100.000,00
Prazo do financiamento em meses ou n = 12
Taxa nominal de juros = 18% ao ano
Taxa equivalente (radiciada) de juros ao mês ou i = 1,388843%
Valor da prestação mensal ou PMT = R$ 9.104,64
Fator de Acumulação de Capital ou FCC = 1,01388843

25
Taxa
nominal Taxa equivalente ao mês ou Fator de
18% 1,013888
juros a.a. Acumulação de Capital – FCC >>>>>>>>
>>>>>
Caso o
Juros
pagamento Renda
Valor da pagos no Amortização
fosse feito, Mensal
prestação mês. Renda periódica Saldo Juros
Períodos FCC de uma vez do
mensal = mensal (mensal) do Devedor (*)
só, no final, Financia
PMT para o capital
o mutuário - dor
financiador
pagaria
0 100.000,00
12 1 9.104,64 1.388,84 7.715,80 92.284,20 1,163836 10.596,31 1.388,84 227,54
11 2 9.104,64 1.281,68 7.822,96 84.461,25 1,147894 10.451,16 1.281,68 189,55
10 3 9.104,64 1.173,03 7.931,61 76.529,64 1,132170 10.308,00 1.173,03 155,04
9 4 9.104,64 1.062,88 8.041,76 68.487,88 1,116661 10.166,80 1.062,88 124,00
8 5 9.104,64 951,19 8.153,45 60.334,43 1,101365 10.027,53 951,19 96,42
7 6 9.104,64 837,95 8.266,69 52.067,74 1,086278 9.890,17 837,95 72,30
6 7 9.104,64 723,14 8.381,50 43.686,24 1,071398 9.754,69 723,14 51,63
5 8 9.104,64 606,73 8.497,91 35.188,33 1,056722 9.621,07 606,73 34,42
4 9 9.104,64 488,71 8.615,93 26.572,40 1,042247 9.489,28 488,71 20,65
3 10 9.104,64 369,05 8.735,59 17.836,81 1,027970 9.359,29 369,05 10,32
2 11 9.104,64 247,73 8.856,91 8.979,89 1,013888 9.231,09 247,73 3,44
1 12 9.104,64 124,72 8.979,92 (0,03) 1,000000 9.104,64 124,72 -
0

109.255,68 9.255,65 100.000,03 118.000,03 9.255,65 985,30

SOMA capital + juros 118.511,33

Prova: PV = 100.000,00
i equivalente = 1,388843%
n= 12
Portanto, FV = 118.000,00

(*) Juros adicionais gerados por essa renda aplicando-se a mesma taxa

Tabela nº. 2

Objetivo desta tabela: provar que o MGA liquida a dívida em parcelas iguais e
consecutivas, cobrando juros simples e NÃO gera renda adicional ao ente
financiador.
Dados do problema:
Valor do empréstimo ou PV R$ 100.000,00
Prazo do financiamento em meses ou n = 12
Taxa nominal de juros = 18% ao ano
Taxa proporcional (dividida) de juros ao mês ou i 1,5%

Procedimento do cálculo em 5 passos:

1º passo: cálculo do período n = 12 e n-1 = 11

2º passo: cálculo do índice correspondente a n-1, logo: 1 + (0,015*11) = 1,165000.

3º passo: cálculo do Ponto Médio da série uniforme.


26
Portanto: {[1+(0,015*11)]+1}/2
= {[1+0,165]+1}/2
= 2,165/2
= 1,082500

4º passo: cálculo do capital remunerado


[100.000,00 * (0,015*12) + 100.000,00]
= [100.000,00 *0,18 + 100.000,00]
= 18.000,00+100.000,00
= 118.000,00.

5º passo: cálculo das parcelas de valor constante:


[118.000,00 /(1,082500*12)
= Valor da prestação linear mensal R$ 9.083,91.

6º passo:
Considerando que o valor da prestação mensal foi obtido de modo inverso ao que
se calcula conforme TP, ou seja, partiu-se do valor final (capital mais juros) de R$
118.000,00 para, então, conhecer o valor da prestação mensal necessária para
alcançar, ao final de 12 pagamentos, esse mesmo valor de R$ 118.000,00, é
necessário conhecer as apropriações periódicas de juros (no caso, apropriações
mensais). Para tal propósito é necessário calcular o Índice de Ponderação da soma
dos prazos.

Fórmula: IP = (PMT * n-VP) / SPA dos n; onde:

PMT = prestação linear;


n = quantidade de períodos;
VP = principal ou capital inicial;
SPA dos n = Soma dos Termos de uma Progressão Aritmética;
Portanto:
IP =[(9.083,91*12) -100.000,00] / 78,
logo, [109.006,92 - 100.000,00] /7 8 =115,473333.

Ponto Médio da Progressão Aritmética (Juros


Tx. nominal juros
18% simples ou lineares) >>>>>>> 1,082500
ao ano.>>>>>>
Caso o
Valor da Índice de Amortização
Meses FCC a pagamento fosse
prestação Ponderação periódica
Períodos de Juros Saldo Devedor juros feito, de uma vez
mensal = de Juros - (mensal) do
juros simples só, no final, o
PMT (IPJ) capital
mutuário pagaria
(1) (2) (3) (4) (5) = (2*4) (6) = (3-5) (7) = SDn-1 - na
100.000,00
1 12 9.083,91 115,473333 1.385,68 7.698,23 92.301,77 1,165000 10.582,76
2 11 9.083,91 115,473333 1.270,21 7.813,70 84.488,07 1,150000 10.446,50
3 10 9.083,91 115,473333 1.154,73 7.929,18 76.558,89 1,135000 10.310,24
4 9 9.083,91 115,473333 1.039,26 8.044,65 68.514,24 1,120000 10.173,98
5 8 9.083,91 115,473333 923,79 8.160,12 60.354,12 1,105000 10.037,72
6 7 9.083,91 115,473333 808,31 8.275,60 52.078,52 1,090000 9.901,46

27
7 6 9.083,91 115,473333 692,84 8.391,07 43.687,45 1,075000 9.765,20
8 5 9.083,91 115,473333 577,37 8.506,54 35.180,91 1,060000 9.628,94
9 4 9.083,91 115,473333 461,89 8.622,02 26.558,89 1,045000 9.492,69
10 3 9.083,91 115,473333 346,42 8.737,49 17.821,40 1,030000 9.356,43
11 2 9.083,91 115,473333 230,95 8.852,96 8.968,44 1,015000 9.220,17
12 1 9.083,91 115,473333 115,47 8.968,44 (0,00) 1,000000 9.083,91
78
109.006,92 9.006,92 100.000,00 117.999,99
SOMA capital + juros 109.006,92

Prova: PV = 100.000,00
i= 1,5%
n= 12
Portanto, FV = 118.000,00

O MGA não gera renda adicional para o financiador e atende ao pedido para que as amortizações
sejam feitas mediante a aplicação de juros simples.

Observa-se que os juros (total de R$ 9.006,92) e os saldos devedores foram obtidos


em função do valor da prestação determinada como sendo de valor constante.
Logo, os juros foram fixados, aritmeticamente, pela diferença entre o valor da
amortização e o valor constante da prestação. Assim sendo, o MGA, por ser um
método estatístico não se presta para cálculos financeiros porque insere um
sofisma aritmético visto que para que se possa falar em juros, estes só podem ser
determinados a partir de uma taxa (um percentual) aplicada sobre um capital (valor
emprestado) na data zero.

Como se vê, a metodologia de Gauss não pode ser aplicada como sistema de
amortização às operações de empréstimos para pagamento em parcelas mensais,
mais precisamente, aos financiamentos do principal de longo prazo. Com a
intenção de afastar a capitalização, na verdade, promove uma distribuição das
médias dos juros do financiamento como se eles fossem calculados a partir de
dados estatísticos incluindo um redutor ao valor da prestação. Isto é feito com o
objetivo de encontrar valores médios dos juros e da amortização do principal para
que eles tenham um comportamento estatístico normal. Obviamente não se
trata de um método de amortização do principal mutuado e cobrança de juros.

Conclusões:

1ª) É evidente que o MGA, não sendo um método para calcular juros sobre
capitais, atende ao pedido de quem pretende:
(i) que a amortização de um financiamento seja feita mediante a aplicação
da média dos elementos capital e juros simples, estes calculados segundo
o conceito de elemento que compõe a própria média aritmética;
(ii) que os pagamentos mensais, excluído efeito da aplicação de algum
indexador monetário, sejam por um valor fixo;
(iii) que ocorra a redução dos juros para a metade do que seria cobrado pela
Tabela Price mediante a ilusão de que se trata de um sistema que
computa juros simples.
28
Jackson Ciro Sandrini, em sua dissertação de mestrado “Sistemas de Amortização
de Empréstimos e a Capitalização de Juros: análise dos impactos financeiros e
patrimoniais”, Curitiba; 2007, ao citar um dos autores por ele consultados disse:

“... juro sempre foi entendido, pelo mais comum dos mortais, como sendo a
aplicação de uma taxa sobre um valor emprestado. (...) o denominado
Método de Gauss não utiliza este conceito na apuração dos juros.”

Disse ainda que o referido autor refere-se a esse sistema como método da soma dos
dígitos e complementa dizendo:

“não se trata de um sistema de amortização e sim de uma forma de


diferimento de juros;(...).”

... mas, há juízes que mandam o perito calcular a dívida do mutuário pelo
Método Gauss de Amortização e, uma determinação judicial deve ser
prontamente atendida pelo auxiliar da Justiça.

12.9 - Pontos para Verificação do Perito

1) Verificar se o contrato terá o saldo devedor corrigido:


(a) pelo mesmo índice de atualização monetária aplicado aos depósitos em
cadernetas de poupança, no dia do vencimento da parcela mensal, que a
partir de 1º/03/1991 passou a ser a TR;
(b) pelo PES/CP ou
c) - por outro índice.

2) Verificar se durante a vigência do contrato foi alterado o índice de correção


monetária e se esta mudança foi pactuada mediante aditivo ao contrato original
ou foi feita por decisão unilateral do agente financeiro.

3) Verificar se houve aplicação da Medida Provisória nº. 168, de 15.03.90, adotada


pela Lei 8024/90, popularmente conhecida como ”PLANO COLLOR I”. Esta
Medida Provisória determinou que a atualização monetária dos saldos das
cadernetas de poupança depositados à ordem do BACEN, ou feitos a partir de
16/03/1990, fossem calculados com base na variação do BTNF. Esta orientação
legal foi adotada para atualizar o SALDO DEVEDOR dos empréstimos do SFH
e levou a duas interpretações, como segue:
a) interpretação do Banco: aumento de 84,32% do saldo devedor com base
na variação do IPC;
b) interpretação do Mutuário: aumento de 41,28% do saldo devedor com
base na variação do BTNF.
Esse assunto foi tratado no Capítulo 06.
29
4) Verificar se os juros foram aplicados em percentual acima do:
a) limite legal aplicável às operações do SFH de 10% ao ano;
b) efetivamente contratado.

5) Verificar se a taxa juros contratada foi nominal e/ou taxa efetiva ou ambas.

Pergunta: Qual é a taxa de juros do limite legal aplicável às operações do SFH?

Resposta: 10% ao ano conforme alínea “e” do artigo 6º da Lei nº 4.380/1964.

Pergunta: Por que pode ser de 10% ao ano?

Resposta: Porque os juros da Caderneta de Poupança são de 6% ao ano, mais


spread e risco de crédito avaliado pelo Sistema Financeiro em 4% ao ano.
Somando ambas tem-se a taxa de 10% ao ano. Vide caput e alínea “d” do artigo
2º do Decreto Federal nº. 63.182/1968. Posteriormente, a Lei nº. 8.692/1993,
em seu artigo 25, estabeleceu a taxa de juros efetiva máxima nessas operações,
em 12% ao ano. Em 2004, o STJ revogou este entendimento.

6) Verificar se foi feita a cobrança de “taxas adicionais” que podem ser


contratadas, mas são ilegais ou, então, são cobradas sem terem sido contratadas.

7) Verificar a fixação da data-base ou “data do aniversário do contrato” e sucessiva


manutenção porque pode ocorrer ter sido alterada no curso do contrato, isto, em
benefício do agente financeiro.

12.10 - Orientação Técnica

Considerando que as questões levantadas em ações que envolvem o SFH são, em


sua grande maioria, pertencentes ao mérito, o perito oficial apresentará o seu
Laudo Pericial Contábil atendendo ao que foi determinado no r. despacho judicial,
nos quesitos, desde que não impugnados ou, alternativamente, na sentença.

Na ausência de orientação judicial a respeito de como deve proceder aos cálculos,


o perito-contador apresentará o mínimo de 8 (oito) alternativas, como segue:

1º) considerada a taxa pactuada em contrato, apresentará um cálculo baseado no


conceito de juros simples e capitalização anual, com amortização da parcela
mensal APÓS a atualização do saldo devedor; e outro

30
2º) considerada a mesma taxa, efetuando o cálculo de juros compostos,
conforme regime de capitalização constante em contrato, geralmente Tabela
Price, com amortização da parcela mensal APÓS a atualização do saldo
devedor, conforme consta em todos os contratos pesquisados.

Em seguida, caso se discuta a taxa de juros, se 10% ou se 12% ao ano, o


profissional apresentará os outros dois cálculos, ou seja:

3º) com base na taxa de 10% ao ano, efetuando o cálculo de juros simples e
capitalização anual, com amortização da parcela mensal APÓS a atualização
do saldo devedor e outro;

4º) considerada a mesma taxa de 10% ao ano, efetuando o cálculo de juros


compostos, conforme regime de capitalização constante em contrato,
geralmente mensal, com amortização da parcela mensal APÓS a atualização
do saldo devedor, conforme consta em todos os contratos pesquisados;

5º e 6º) repetirá os mesmos procedimentos para a taxa de 12% ao ano.

Em seguida, apresentará a evolução do saldo devedor do contrato de duas


maneiras:

7ª) considerada a taxa pactuada em contrato, apresentará um cálculo baseado no


conceito de juros simples e capitalização anual, atualizando o saldo devedor
ANTES de deduzir a mensalidade paga; e

8ª) considerada a mesma taxa supracitada, efetuando o cálculo de juros


compostos, conforme regime de capitalização contratado e atualizando o
saldo devedor ANTES de deduzir a mensalidade paga.

Para esclarecer as questões debatidas nos autos bem como responder aos quesitos
formulados, o profissional precisará organizar os trabalhos como segue:

1. pesquisa junto ao Banco Central do Brasil – Setor de Informações Técnicas –


Normas e resoluções vigentes para o financiamento de imóveis no âmbito do
Sistema Financeiro da Habitação, ou seja, até 5.000 VRF’s e conforme as
regras para financiamentos de valores acima de 5.000 VRF’s, celebrados
pela Carteira Hipotecária Habitacional do agente financeiro, tendo por base
as “taxas de mercado”;

2. elaboração de planilhas de cálculo contemplando as teses jurídico-financeiras


defendidas pelos Requerentes não entrando no mérito de sua legalidade,
tarefa de responsabilidade do MM. Juiz do feito;

31
3. elaboração de planilha da evolução do financiamento, contemplando as
cláusulas e condições pactuadas em contrato e os procedimentos técnicos
aplicáveis ao caso, ou seja, conforme Tabela Price ou SACRE;

4. oferta de respostas aos quesitos, tomando-se por base as situações acima;

5. apresentação das considerações finais.

No que tange ao IOF (Imposto sobre Operações Financeiras), o profissional deve


levar em conta que as operações de crédito imobiliário estão isentas deste tributo.
O Decreto-lei nº. 2.407, de 5 de janeiro de 1988, em seu art. 1º diz claramente:

“Ficam isentas do Imposto sobre Operações de Crédito, Câmbio e


Seguro e sobre Operações Relativas a Títulos e Valores Mobiliários -
IOF as operações de crédito para fins habitacionais, inclusive as
destinadas à infraestrutura e saneamento básicos relativos a
programas ou projetos que tenham a mesma finalidade.”

NOTA: Podem caber, dependendo de cada caso, segundo o que constar em


contrato e o que for pleiteado nos autos, alternativas de cálculo, além das oito
supracitadas. Por isso, o ideal é que os assuntos de mérito sejam definidos antes
de se proceder aos cálculos periciais. Quando os cálculos periciais são
delimitados em seus critérios por decisão judicial, o trabalho torna-se mais
rápido e menos custoso à parte que deve arcar com o ônus dos honorários do
perito.

Lembretes:
1) Taxa Efetiva de Juros ao ano: Ao contrário da Taxa Nominal que serve apenas
como referência, esta é a taxa que efetivamente incide sobre o valor financiado.
É a Taxa Efetiva que revela o custo do financiamento para o mutuário e que
corresponde à renda auferida pelo ente financiador.
2) Custo Efetivo Total em % ao ano: Este custo, em porcentagem ao ano,
corresponde ao desembolso efetivo do mutuário incluindo juros remuneratórios
(juros efetivamente auferidos conforme acima), mais seguros, mais encargos
quando financiados e, se aplicável porque contratados, o CES – Coeficiente de
Equiparação Salarial.
3) Teste do Total das Prestações a Pagar: Para comparar o significado financeiro de
um plano de financiamento com o outro é necessário somar o valor de cada uma
das prestações geradas por cada plano, sem incluir o indexador monetário. A
soma de todas as prestações de um plano de financiamento habitacional será
diferente de outro, segundo:
(i) o sistema de capitalização,
(ii) a taxa de juros e
(iii) demais encargos financiados, inclusive o CES. Aquele cuja soma das
prestações for menor indica a decisão a ser tomada pelo mutuário.
32
4) Planos de financiamentos com características diferenciadas: Tais planos de
financiamento habitacional serão encontrados, por exemplo: quando o
financiamento for feito por uma entidade de seguros de previdência privada do
tipo PREVI ou por entidade ligada à produção e oferta de casas populares do
tipo CDHU do Estado de São Paulo.

12.11 – Um exemplo de Laudo sobre contrato do SFH

EXCELENTÍSSIMO SR. DR. JUIZ DE DIREITO DA 124ª VARA CÍVEL DO FORO


CENTRAL DA CAPITAL - SP

(reserve o espaço para o r. despacho judicial)

PROCESSO nº: 000.01.010101-01


AÇÃO: ORDINÁRIA DE REVISÃO CONTRATUAL
Requerente: U.
Requerida: Agente financeira do SFH

REMO DALLA ZANNA, contador e economista nomeado às


fls. 450 para a honrosa missão de perito-contador, vem, mui respeitosamente à presença de V.
Exa. para APRESENTAR o resultado de seu trabalho, nos termos do presente

LAUDO PERICIAL CONTÁBIL

... para o qual requer sua juntada aos autos

Termos em que
Pede Deferimento
São Paulo, 19 de setembro de 2005.

I - BREVE HISTÓRICO DESTE PROCESSO


SEGUNDO O ESCOPO DA PERÍCIA

1) Trata-se de Ação de Revisão Contratual com Pedido Antecipado de Tutela ajuizada em


27/06/2001 que visa contrato de financiamento habitacional celebrado em de 01/11/1989, no
valor financiado de NCz$ 195.580,00, a ser restituído em 240 meses, pela Tabela Price, com
juros de 10% ao ano, pagamento mensal de prêmios de seguros para cobrir acidentes pessoais
do mutuário e danos físicos ao imóvel; com primeiro vencimento em 01/12/1989 e
atualização monetária conforme Plano de Equivalência Salarial por Categoria Profissional -
PES/CP.

2) Por entender que há diversas irregularidades e ilegalidades na composição e cálculo dos


valores das prestações mensais e saldo devedor, o autor requereu a revisão do contrato, de
suas cláusulas e dos cálculos elaborados pelo banco. Em resumo, alegou que:
a) as prestações vêm sendo corrigidas pela TR, que é taxa de juros. Pleiteou sua
substituição pelo PES/CP, de acordo com o que determina o contrato e a legislação
correlata;

33
b) o juro efetivo cobrado pelo banco excedeu em muito ao limite estabelecido na
Resolução 1446/88 do BACEN. O contrato deve ser recalculado desde a primeira
parcela considerando a taxa prevista na Resolução;
c) houve a inclusão de um plus de 15% no cálculo da primeira prestação, não previsto no
contrato, razão pela qual deve ser o mesmo excluído. Trata-se do CES – Coeficiente
de Equiparação Salarial;
d) não houve a conversão das prestações para o real em julho de 1994, da mesma forma
que foram convertidos os salários. Os salários foram convertidos em URV em março
de 1994 pela média dos 4 meses anteriores, enquanto as prestações foram convertidas
pelo pico;
e) a atualização do saldo devedor está ocorrendo antes da amortização da parcela. A
amortização do saldo devedor só pode ser contabilizada após a amortização da
parcela, conforme o artigo 6º alínea “c” da Lei 4380/64;
f) o saldo devedor está sendo atualizado pela TR. A TR não guarda paridade com a
inflação, por que é taxa de juros. O saldo devedor há que ser atualizado pelo PES/CP.

3) Juntou Parecer Técnico chamado de TESES PLEITEADAS PELO MUTUÁRIO (fls. 17/64),
planilha de evolução do financiamento fornecida pelo banco requerido (65/83), cópia do
contrato (86/100), termos aditivos e outros documentos.

4) O banco requerido apresentou sua contestação (fls. 250/317), onde alegou, em síntese:
I. O reajuste das prestações encontra-se previsto contratualmente e a operacionalização
desta regra é efetuada pela aplicação de índices padrão ditados pela legislação do
SFH, cabendo ao mutuário sua revisão, se observada a superação destes índices em
relação aos aumentos salariais.
II. O saldo devedor está sendo corrigido pelos índices de atualização aplicados aos
depósitos de poupança. A aplicação da TR como índice de atualização está
devidamente legalizada pela Lei nº 8177/1991.
III. A atualização monetária do saldo devedor deve preceder a dedução da parcela de
amortização porque é este o critério contratado em conformidade com a Tabela Price.
IV. Com relação aos juros cobrados, os juros legais nos contratos bancários são os
contratados, já que o banco Réu é uma instituição financeira e o contrato firmado não
se sujeita à lei da usura.
V. Por último, disse que o cálculo da primeira prestação foi feito corretamente e sobre ela
vem sendo praticado o reajuste definido em contrato.

II - RESPONSABILIDADE PROFISSIONAL E METODOLOGIA

O escopo da prova pericial contábil é comunicar às partes


interessadas, em linguagem simples, os fatos observados
sob a ótica da Ciência Contábil (uma das ciências
humanas), dentro de uma filosofia que permita aproveitar
os fatos observados, mercê dos exames procedidos, para o
esclarecimento dos pontos dúbios e revelar a verdade que
se quer conhecer.

01 - O trabalho investigativo que permitiu produzir esta prova foi conduzido, no que foi possível
e aplicável, dentro dos limites técnicos determinados pelas Normas Brasileiras de
Contabilidade - NBC-T13 - DA PERÍCIA CONTÁBIL e - NBC-P2 - NORMAS
PROFISSIONAIS DE PERITO CONTÁBIL, aprovadas, respectivamente, pelas Resoluções
n.º 858/99 e 857/99 do CONSELHO FEDERAL DE CONTABILIDADE, ambas datadas de
34
21.10.1999. Os procedimentos adotados tiveram como objetivo fundamental a elaboração
deste Laudo Pericial Contábil, abrangendo, pois, segundo a natureza e a complexidade da
matéria aqui tratada, o exame, a indagação, a investigação, a mensuração, a avaliação e a
certificação, como previsto na NBC -T13 supracitada.

02 - Na parte econômica desta prova pericial, foi dada a devida atenção à Lei 1.411, de 13 de
Agosto de 1.951 com a nova redação dada pela Lei Federal n.º 6.021, de 03 de Janeiro de
1974, ao Decreto n.º 31.794, de 17 de Novembro de 1.952, que tratam da profissão do
Economista; e às posteriores resoluções do COFECON - Conselho Federal de Economia.

03 - Analisou-se o sistema de argumentação e contra-argumentação usado nesta lide, a sua lógica


e a sua coerência com a prática e com os usos e costumes aplicados a investigações periciais
de cunho contábeis, financeiros, econômicos, em casos congêneres.

04 - As partes foram notificadas, por carta, do início dos trabalhos conforme preceitua o Art.
431-A do CPC e foram convidadas a participar dos trabalhos periciais contribuindo com o
levantamento de informações, fornecimento de documentos e apresentação de argumentos
técnico/contábeis que entendessem oportunos fazer a este auxiliar de V. Exa., para que o
Laudo pudesse apresentar os requisitos intrínsecos (qualitativos) de “ser completo”, “ser
claro e funcional”, “ser delimitado ao objeto de perícia” e “ser fundamentado” evitando-se,
assim, se possível for, a fase instrutória dos “esclarecimentos”.

05 - Deve ficar patente que a perícia judicial com naturezas contábil, financeira, econômica e
fiscal, tem seu fundamento legal na escrituração contábil das Pessoas Jurídicas, quando
empresas ou sociedades civis assemelhadas; nos documentos de controle pessoal e nas
declarações de rendimentos das Pessoas Físicas, quando de pessoas naturais; e nos
documentos acostados aos autos do processo. Na ausência destas condições técnicas previstas
na legislação comercial e fiscal, o Perito Judicial, para atingir seu escopo, vale-se das
prerrogativas inscritas no Art. 429 do CPC e passa a usar as alternativas nele previstas, como
neste caso, em que se cuida de apurar, principalmente, o exato valor devido pelo Autor
segundo duas posturas técnicas. A primeira para atender às teses jurídico/financeiras
esposadas pelo ilustre causídico que atendem aos interesses do Requerente e a segunda para
atender ao conceito de “pacta sunt servanda”.

06 - Apresentamos no quadro abaixo a relação dos DOCUMENTOS e ANEXOS que fazem


parte e integram a presente prova pericial contábil.

Número do
DOCU - Assunto(s) tratado(s) em cada um
MENTO
Carta enviada ao i. patrono do autor para atender ao que determina o art. 431-A
01
da Lei nº 10.358, de 27/12/2001.
Carta enviada à i. patrona do banco réu para atender ao que determina o art. 431-
02
A da Lei nº 10.358, de 27/12/2001.
Número dos
Assunto(s) tratado(s) em cada um
ANEXOS
1 Apuração da evolução salarial do mutuário autor
1.1 Apuração da prestação no período de implantação das URVs – MP 434/94
Evolução do financiamento, segundo os critérios estabelecidos pelo mutuário
2
autor.
3 Apuração de diferença de prestações, conforme solicitado pelo mutuário autor.
35
Evolução do financiamento segundo critérios estabelecidos no contrato em cujos
4 termos não foi contratado o “plus” de 15% do CES incidindo sobre o valor da
prestação mensal

III - CONSIDERAÇÕES ACERCA DO CONTRATO


CELEBRADO ENTRE AS PARTES

Este auxiliar considerou importante revelar a V. Exa. sua interpretação técnica a respeito das
cláusulas financeiras que estabelecem os critérios de evolução das prestações e do saldo devedor.
A transcrição abaixo não é “ipsis litteris”, mas interpretação técnica.

Trata, este processo judicial, do Contrato Particular de Compra e Venda, Mútuo e Hipoteca nº
3.361.324-92 assinado entre o autor e o banco réu. Segundo os termos estabelecidos
inicialmente, o banco cedeu ao mutuário autor um crédito no valor de Cz$ 195.580,00 em
01/11/1989, a ser pago em 240 prestações mensais, juros de 10% ao ano, amortizado pela Tabela
Price - TP.

REAJUSTAMENTO DO SALDO DEVEDOR


CLÁUSULA SEXTA - O saldo devedor do financiamento seria atualizado mensalmente, na data
prevista para pagamento das prestações, mediante a aplicação dos mesmos coeficientes de
atualização monetária utilizados para o reajustamento dos depósitos de poupança livre.

REAJUSTE DAS PRESTAÇÕES MENSAIS


CLÁUSULA SÉTIMA - A prestação mensal e seus acessórios, exceto a Taxa de Cobrança e
Administração - TCA que seria calculada sobre o saldo devedor atualizado, seriam reajustados
no segundo mês subsequente ao aumento salarial da categoria profissional do devedor.
§ Único: sempre que houvesse reajuste automático de salário previsto na
legislação em vigor, ou quaisquer majorações salariais determinadas na
política salarial, ou dispositivos que viessem a alterá-la, implicaria, esta
ocorrência, no reajuste automático da prestação mensal vincenda no
segundo mês subsequente à sua ocorrência, pelo mesmo índice de
majoração.

ENCARGOS MORATÓRIOS
CLÁUSULA VIGÉSIMA QUARTA - Ocorrendo impontualidade na satisfação de qualquer
obrigação de pagamento, a quantia a ser paga seria atualizada monetariamente, mediante
aplicação do coeficiente utilizado para reajustamento dos depósitos de poupança livre, acrescidas
de juros de mora calculados à taxa que vigorar à data de pagamento, de acordo com
regulamentação do Conselho Monetário Nacional - CMN ou de quem este indicar.

DO QUADRO RESUMO
Valores:
Avaliação do imóvel (13): ........................................................ NCz$ 244.476,16
Preço total de venda (06): ....................................................... NCz$ 244.500,40

Preço de venda e forma de pagamento:


Com recursos próprios (7a): ...................................................... NCz$ 48.920,40
Valor do financiamento (7e): ................................................. NCz$ 195.580,00

36
Condições do Financiamento:
Sistema de amortização (9a): ..................................................... Tabela Price - TP
Prazo de amortização (9b): ................................................... 20 anos = 240 meses
Taxa anual de juros – Nominal (9c) .......................................................... 10,00%
Valor da Prestação (9c) ................................................................. NCz$ 2.170,49
Taxa de Cobrança e Administração – TCA ........................................ NCz$ 48,89
Seguro Morte ou Invalidez Permanente - MIP (9f) ............................ NCz$ 324,50
Seguro Danos Físicos ao Imóvel - DFI (f) ........................................... NCz$ 67,52
Encargo Mensal (9h) ................................................................... NCz$ 2.611,40
Vencimento da 1ª prestação (9j): .......................................................... 01/12/1989
Contribuição ao FUNDHAB (parcela única) ............................. NCz$ 3.911,60

COMPOSIÇÃO DA RENDA FAMILIAR:


U. xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx NCz$ 8.024,00 - 100%
Categoria profissional básica (5b): Trabalhadores Inds. Constr. e Mobiliário

IV – QUESITOS FORMULADOS PELO AUTOR


(FLS. 390)

QUESITO 1
Transcreva o Sr. Perito a letra “d” do item VIII e o item XII da Resolução nº 1.446 do
BACEN, de 05/10/1988, D.O.U. de 06/01/1988.

Resposta:

Em atendimento ao quanto acima solicitado, segue transcrição:

VIII – Estipular as seguintes condições para os financiamentos a que se refere a alínea "c" do
item II:
(...)
d) remuneração efetiva máxima, compreendendo juros, comissões e outros
encargos, limitada à taxa anual equivalente à capitalização mensal das taxas
anuais máximas fixadas no item XII desta Resolução;

XII – Determinar que os financiamentos e refinanciamentos habitacionais no Sistema


Financeiro da Habitação (SFH), serão realizados com observância das seguintes condições:

a) as taxas máximas de juros aplicáveis nos financiamentos aos mutuários finais serão
obtidas de acordo com o quadro abaixo, desprezando-se a decimal a partir da segunda
casa:

VALOR DO FINANCIAMENTO EM OTN PRAZO MÁXIMO (ANOS)


Até 2.500 25
De 2.501 a 2.750 24
De 2.751 a 3.000 23
De 3.001 a 3.250 22
De 3.251 a 3.500 21
De 3.501 a 5.000 20

VF = Valor do Financiamento em OTNs.


37
b) na aplicação dos recursos às taxa estipuladas na alínea anterior não poderá ser obtida
rentabilidade média inferior ao custo de remuneração dos recursos;

c) os prazos máximos para amortização dos financiamentos aos mutuários finais serão
obtidos segundo o quadro abaixo e, caso inferiores, deverão ser em número inteiro de
anos:

VALOR DO FINANCIAMENTO EM PRAZO MÁXIMO (ANOS)


d) OTN
e) Até 2.500 25
De 2.501 a 2.750 24
De 2.751 a 3.000 23
De 3.001 a 3.250 22
De 3.251 a 3.500 21
De 3.501 a 5.000 20

d) a concessão de financiamento encontra-se vinculada à comprovação de que o primeiro


encargo mensal, incluindo amortização, juros, prêmios de seguros e taxas, não
representará percentual, da renda familiar bruta do mutuário final, superior ao obtido de
acordo com o quadro a seguir, nos quais será considerada apenas a primeira casa decimal,
com arredondamento:

VALOR DO FINANCIAMENTO (VF) PERCENTUAL DO PRIMEIRO


EM OTN ENCARGO MENSAL
Até 300 15
a) De 301 a 900 (VF/60) + 10
b) De 901 a 1.800 (VF/180) +20
De 1.801 a 3.500 (VF+8.400)/340
De 3.501 a 5.000 35

VF = Valor Financiado

e) as operações com lastro em recursos do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS)


não poderão exceder 2.500 (duas mil e quinhentas) OTN por unidade habitacional.

QUESITO 2
A partir da última OTN divulgada, qual seja, Cz$ 6.170,19 (seis mil, cento e setenta cruzados
e dezenove centavos), em janeiro/1989, evolua o valor nominal aplicando o IPC do IBGE até
a data de assinatura do contrato.

Resposta:

Pede-se verificar o quadro abaixo que demonstra a evolução da OTN, conforme solicitado.

Mês OTN IPC


jan/89 6.170,19 70,28%
fev/89 10,5066 3,60%
mar/89 10,8848 6,09%
38
abr/89 11,5477 7,31%
mai/89 12,3919 9,94%
jun/89 13,6236 24,83%
jul/89 17,0064 28,76%
ago/89 21,8974 29,34%
set/89 28,3221 35,95%
out/89 38,5039 37,62%
nov/89 52,9890 41,42%
dez/89 74,9371 53,55%

QUESITO 3
Com base no valor da OTN atualizada nos termos do quesito anterior, calcule o Sr. Perito a
taxa de juro remuneratório aplicando tabela própria contida na Resolução nº 1.446/88 do
BACEN.

Resposta:

Para atender adequadamente ao acima perquirido, foram feitos os cálculos solicitados em


duas etapas, a saber:

1) Apuração da taxa anual máxima - Item XII, alínea “a”


Financiamento em OTN = NCz$ 195.580,00 / 52,9890 = 3.690,95 OTN
Taxa anual = VF/1250 + 6,5 Taxa anual = (3.690,95/1250) + 6,5 = 9,45% (taxa nominal)

2) Apuração da Remuneração efetiva máxima anual – Item VIII, alínea “d”


Remuneração efetiva anual = capitalização mensal da taxa indicada no item 1 acima.
Taxa mensal = Taxa anual máxima / 12, ou seja: 9,45% / 12 = 0,7877%

Taxa efetiva anual = (1,00787512 –1) /100 = 9,87% ao ano

QUESITO 4 A partir da taxa de juro efetivo apurada no quesito anterior, calcule o Sr. Perito
a taxa de juro remuneratório nominal.

Resposta:

Pede-se verificar a resposta dada ao quesito anterior que atende ao aqui solicitado.

QUESITO 4
A partir da taxa de juro efetivo apurada no quesito anterior, calcule o Sr. Perito a taxa de juro
remuneratório nominal.

Resposta:

Pede-se verificar a resposta dada ao quesito anterior que atende ao aqui solicitado.

QUESITO 5
Com base nas taxas de juros ora apuradas recalcule o valor do encargo mensal inicial,
tomando-se por base o valor do financiamento, o prazo de amortização, sistema de
39
amortização e taxa de juros apurada do quesito anterior, e evolua mês a mês, segundo os
reajustes salariais outorgados aos Trabalhadores nas Indústrias da Construção e do
Mobiliário de Santos, fls. 102 a 119 e, a partir de junho/1993 pelos reajustes salariais
outorgados aos Empregados Terrestres em Transportes Aquaviários e Operadores Portuários
do Estado de São Paulo, fls. 101.

Resposta:

Responde-se ao presente quesito em duas etapas, conforme segue:

1) Apuração do valor da prestação, conforme critérios acima


1.1) Dados para cálculo
Financiamento = NCz$ 195.580,00
Prazo = 240 meses
Taxa efetiva mensal = 0,7877%
Fator da TP = 0,00929048
1.2) Apuração do valor da prestação
Valor da prestação = NCz$ 1.817,03
Seguros = NCz$ 340,89
Encargo total = NCz$ 2.157,92.

2) No que se refere à evolução do financiamento, elaboramos as seguintes planilhas

Anexo 1 - Apuração e evolução dos índices salariais informados pelos sindicatos de classe.

Anexo 1.1 - Apuração das prestações no período de implantação da URV.

Anexo 2 - Evolução das prestações e do saldo devedor, conforme os critérios estabelecidos


pelo mutuário.

QUESITO 6
Excluído o Coeficiente de Equiparação Salarial – CES, calcule o Sr. Perito a parcela paga a
maior pelo mutuário relativo aos prêmios de seguros (MIP e DFI) – por conta do C.E.S. – e
que em nada refletiu em amortização do saldo devedor.

Resposta:

Em atendimento ao acima solicitado procedeu-se à exclusão do CES de 15% dos prêmios de


seguros, cujo resultado está, a seguir, exposto.

MIP (sem CES) = NCz$ 324,50 / 1,15 = NCz$ 282,17


DIF (sem CES) = NCz$ 67,50 / 1,15 = NCz$ 58,71

QUESITO 7

40
Apurar as diferenças entre os encargos calculados pelo Plano de Equivalência Salarial por
Categoria Profissional – PES/CP e os cobrados pelo agente financeiro, atualizando-as pelo
INPC do IBGE.

Resposta:

Em atendimento ao solicitado pelo autor, elaborou-se a planilha contida no Anexo 3. Esta


planilha demonstra a evolução das diferenças mensais havida entre os encargos cobrados
pelo agente financeiro e os encargos apurados no Anexo 02.

As diferenças mensais encontradas foram atualizadas, mensalmente, pela variação do INPC.

QUESITO 8
Transcreva o Sr. Perito a Lei 4.380/64, artigo 6º, letra “c”.

Resposta:

Segue-se transcrição solicitada.

LEI N. 4.380, DE 21 DE AGOSTO DE 1964.


Art. 6° O disposto no artigo anterior somente se aplicará aos contratos de venda,
promessa de venda, cessão ou promessa de cessão, ou empréstimo que satisfaçam às
seguintes condições:
(...)
c) ao menos parte do financiamento, ou do preço a ser pago, seja amortizado em
prestações mensais sucessivas, de igual valor, antes do reajustamento, que incluam
amortizações e juros;

QUESITO 9 Com base na Lei mencionada no quesito anterior, combinado com entendimento
do Egrégio Superior Tribunal de Justiça, que diz que:

“Há de ser considerada sem eficácia e efetividade cláusula contratual que


implica em reajustar o saldo devedor e as prestações mensais assumidas pelo
mutuário, pelos índices aplicados às cadernetas de poupança, adotando-se,
consequentemente, a imperatividade e obrigatoriedade do Plano de Equivalência
Salarial, vinculando-se aos vencimentos da categoria profissional do
mutuário.” (REsp. nº 101.061-PB – Rel. Min. JOSÉ DELGADO) (grifo nosso)

... proceda a evolução do saldo devedor do financiamento, à taxa de juros apurada no quesito
4 desta série, através dos idênticos índices outorgados à categoria profissional do mutuário,
amortizando os valor das prestações recalculadas e os valores efetivamente pagos ao agente
financeiro, informando o valor atual.

Resposta:

1. Como se vê, a formulação deste quesito com as palavras “Com base na Lei mencionada
no quesito anterior, combinado com o entendimento do Egrégio Superior Tribunal de
Justiça, ...” aborda uma questão jurídica e não técnica. Além disso, o texto citado cuida de
aspectos subjetivos relacionados com a interpretação de lei que é matéria diversa da
matemática financeira. Por isso, a interpretação solicitada na formulação desse quesito
somente poderá ser feita por operadores do direito e não por este auxiliar.
41
2. Tendo por base o que acima foi informado e de acordo com as argumentações
apresentadas na peça “Inicial”, este auxiliar entendeu que o mutuário defende a tese que (i)
as prestações devem ser amortizadas ANTES da atualização monetária do saldo
devedor, e que (ii) os índices de atualização monetária, tanto para as prestações como para o
saldo devedor, devem ser os mesmos que os aplicados indicados pelos sindicatos de classe.

3. Quanto ao item (i): considerada a verdade matemática, o Sistema Tabela Price não
combina com a tese de que as prestações devem ser amortizadas antes da atualização
monetária. Na TP, as prestações devem ser amortizadas depois de ter sido atualizado o saldo
devedor.

4. Quanto ao item (ii): considerada a verdade matemática, no Sistema Tabela Price, para que
o saldo seja nulo (zero) ao final da 240ª prestação paga, não pode ter indexadores diferentes
para as prestações mensais, ou seja: evolução dos salários; da correção monetária do saldo
devedor, ou seja: caderneta de poupança; pois quando coexistem indexadores diferentes o
saldo final nunca será nulo. Ou seja, sempre haverá um resíduo que pode ser favorável ou
desfavorável ao mutuário segundo o grau de descasamento da evolução do valor das
prestações em comparação com a evolução do saldo devedor.

5. Porém, no sentido de subsidiar o mutuário em suas teses, na planilha contida no Anexo 2


elaborou-se a evolução do saldo devedor sob os critérios citados no item 2 acima e
observados em sua peça “Inicial”. Frisa-se que os cálculos realizados não refletem a
interpretação deste auxiliar com relação aos textos legais indicados.

V - QUESITOS FORMULADOS PELO


AGENTE FINANCEIRO REQUERIDO
(FLS. 418)

1) Queira o Sr. Perito informar se o contrato está formalmente correto?

Resposta:

Resposta prejudicada. Além das várias questões técnicas sobre as quais a perícia tem se
manifestado e manifestar-se-á no curso deste laudo, existem, na formulação deste quesito,
questionamentos a respeito da legalidade de cláusulas contratuais que abordam a
interpretação – adequada ou correta, ou vice-versa – de textos legais. Por envolverem matéria
de direito, este auxiliar não está apto a opinar sobre o tema perguntado.

2) Os encargos assumidos pelo Autor, eram de conhecimento do mesmo


no ato da celebração do contrato?

Resposta:

Resposta prejudicada. A postura do mutuário no momento da assinatura do contrato bem


como as circunstâncias sociais, motivacionais, psicológicas, pessoais etc. que o levaram a
celebrar o contrato, foi ou era uma situação de caráter estritamente subjetivo, que não pode
ser aquilatada por este profissional: contador, economista e mestre em administração de
negócios. Portanto, este auxiliar não está apto a opinar sobre o que foi perquirido acima.

42
3) Apure o Sr. Expert se as taxas aplicadas estão de acordo com o previsto
no Contrato firmado entre as partes.

Resposta:

O cálculo da primeira prestação, nos termos anotados no contrato, se calcula como segue:

Taxa de juros = (VF/1250) + 6,5


Onde VF = Valor do Financiamento em OTNs

Valor do financiamento conforme contrato = 3.850 OTN (vide fls. 291)


Ou 3.850 VRF (vide fls. 294)

Taxa de juros nominais = (3.850/1250) + 6,5 = 9,58% ao ano


Taxa de juros efetivos = 9,58% / 12 meses = 0,798333% ao mês, que, capitalizada em 12
meses resulta em (1,0079833312 -1) /100 = 10,012035% ao ano.

Conclusões:
1. No que tange à taxa de juros, nominal e efetiva, positiva é a resposta pois, como acima
demonstrado, a taxa de juros aplicada ao financiamento em tela, está de acordo com o
previsto no contrato firmado entre as partes.
2. Já no que tange à aplicação do CES de 15%, seja sobre o valor da prestação mensal, como
sobre os acessórios (prêmios de seguro e TCA), está em desacordo como o previsto no
Contrato firmado entre as partes, pois este adicional não foi inscrito nos termos do
contrato.
3. No mais, os cálculos apresentados pelo banco Réu às fls. 289/290 apresentam incorreções.

4) Informe, ainda, o que julgar conveniente para a elucidação da matéria.

Resposta:

Vide, por gentileza, o próximo capítulo desta prova pericial.

VI – COMENTÁRIOS TÉCNICOS e
CONSIDERAÇÕES FINAIS

O Sistema Financeiro da Habitação - SFH - sofreu várias alterações ao longo de sua história.
Após a criação do Plano de Equivalência Salarial por Categoria Profissional – PES/CP -, que
estabeleceu a equivalência entre a prestação e a renda do mutuário, os critérios de
reajustamento das prestações sofreram inúmeras alterações, baseadas tanto em normas
emanadas do Poder Legislativo, quanto do Conselho Monetário Nacional. Todavia, a
equivalência prestação/renda, para os contratos vinculados ao PES/CP, foi mantida e
garantida ao mutuário que, por ação própria e espontânea, poderia requerer, a qualquer
tempo, a revisão dos índices que haviam sido aplicados para reajustar o valor das prestações.
Por várias razões sobre as quais não cabe discorrer nesta prova pericial, o que se observa hoje
é que, na prática, estas revisões, por ação direta e espontânea dos mutuários, ou não ocorriam
ou, quando aconteciam, era em intervalos de tempo muito grande.

Os mutuários têm recorrido ao Poder Judiciário para requerer, dentre outras coisas, a revisão
dos valores de suas prestações, pois, na maioria dos casos, essas prestações foram corrigidas
pelos índices ditados pela legislação que regulava a “política nacional de salários”. Por outro
43
lado, somente uma pequena parte dos sindicatos de classe tem seus reajustes salariais
“monitorados” pelo SFH.

Estas questões, quando trazidas ao processo judicial, assumem características eminentemente


interpretativas, porque o que se discute, como praxe, é a predominância e legalidade de
algumas normas sobre outras ou, até, sobre técnicas matemáticas aplicáveis aos sistemas de
amortização contratados.

Visando oferecer subsídios às partes litigantes, a perícia optou por manifestar-se somente
sobre questões estritamente técnicas. Assim sendo, apresenta todos os cálculos necessários
para atender às teses defendidas pelo Autor e também para apurar os valores em
conformidade com os termos contratualmente definidos.

01 - SOBRE O CÁLCULO DA PRIMEIRA PRESTAÇÃO

Um dos temas debatidos está relacionado à legalidade do fator multiplicador (CES) no


cálculo da primeira prestação.

Observou-se que, embora não constem nem nas cláusulas contratuais, nem no Quadro
Resumo, tanto a prestação inicial de amortização e juros quanto os prêmios de seguro estão
acrescidos do percentual de 15% (fator 1,15).

Tendo em vista que não identificamos, no contrato, este acréscimo, os cálculos realizados
para apuração do valor inicial do encargo mensal, nos termos contratados, não contaram com
o acréscimo deste fator.

02 - SOBRE OS REAJUSTAMENTOS DAS PRESTAÇÕES MENSAIS

O mutuário Autor reclamou que suas prestações mensais não foram reajustadas pelos índices
de aumentos salariais percebidos pela sua categoria profissional.

As informações prestadas nos autos indicam que houve alteração de sua categoria
profissional durante o período de vigência contratual.

Portanto, nos cálculos feitos para atender ao Autor, foram apurados os índices salariais,
conforme segue:

Período 11/1989 a 06/1993


Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias da Construção e do Mobiliário
de Santos

O exame da carta juntada revelou algumas distorções com relação aos percentuais apontados
quando comparados com a rubrica “Piso Qualificado”, item que, salvo melhor juízo, melhor
representa os reajustes obtidos pelo mutuário, um engenheiro.

Diante deste fato, a apuração dos reajustes mensais para o período supra, foi calculada em
função da evolução dos valores mensais indicados na coluna “Piso Qualificado”

Período de 07/1993 a 01/2000


Sindicato dos Empregados Terrestres em Transportes Aquaviário e
Operadores Portuários do Estado de São Paulo

44
Os reajustes mensais para o período em questão foram obtidos pela aplicação dos percentuais
mensais indicados na carta. Para os meses em que os índices são retroativos, realizamos a
dedução das antecipações concedidas.

03. QUANTO À EVOLUÇÃO DO SALDO DEVEDOR

Não obstante as questões jurídicas discutidas nesta lide pelas quais este auxiliar guarda um
profundo respeito e admiração, é certo que a metodologia para apurar os juros, o valor da
primeira prestação da série de pagamento, a correção monetária e o saldo devedor segundo o
sistema de amortização contratado, é uma questão de cunho técnico/financeiro, ou seja, é um
assunto matemático.

O signatário entende que nenhum ato legal (de Leis) que regulamenta as relações financeiras,
deve ser interpretado à revelia dos procedimentos técnicos (procedimentos de matemática
financeira) aplicáveis a cada caso. Assim, as normas reguladoras dos Contratos Financeiros
(leis, resoluções do BACEN etc.) não encerram em si mesmas todos os procedimentos
técnicos usados para dar-lhe realidade econômica e financeira, ou seja, as “ferramentas de
trabalho” usadas para contabilizar o que foi contratado.

As distorções anotadas nos contratos ligados ao SFH estão relacionadas, fundamentalmente,


às disparidades havidas entre os índices escolhidos para corrigir duas das três variáveis do
sistema:
(i) a correção das prestações (nem sempre mensal); e
(ii) a correção do saldo devedor (sempre mensal).
Além dessa distorção, outra altamente relevante, é a que determina como no caso presente,
que o valor da prestação mensal seja reajustado por um critério e o saldo devedor por outro.

A correção monetária tem a função de atenuar os efeitos da escalada inflacionária em face da


corrosão do poder aquisitivo da moeda. Assim, a atualização monetária, de toda e qualquer
dívida, deve preceder a aplicação dos juros contratados e a dedução das prestações.

Para melhor demonstrar os efeitos deste procedimento, a perícia elaborou e apresenta abaixo
um exemplo hipotético, no qual se considera a atualização monetária das prestações e saldo
devedor pelo mesmo índice, mas com as seguintes diferentes posturas:

No primeiro caso – Quadro 1 – apresentamos a Evolução do Saldo Devedor com


atualização monetária precedendo a amortização da parcela paga. Este é método
matematicamente correto e universalmente praticado, pois é assim que funciona a Tabela
Price e só assim o saldo devedor é zerado ao fim do plano de pagamentos uniformes.

No segundo – Quadro 2 – apresentamos a Evolução do Saldo Devedor com


atualização monetária calculada DEPOIS de baixar a parcela paga. Este
método (inominado) não encontra suporte na matemática financeira. Se aplicado,
por óbvio, não estará sendo aplicada a Tabela Price e, no final do plano de
pagamentos, o saldo será credor a favor do mutuário.

Exemplo Hipotético

Condições contratuais
Valor Financiado 12.000,00
Taxa de juro mensal: 1%
Prazo (em meses): 12
Correção monetária mensal (prestação e saldo devedor) 0,50%
45
Prestação mensal pela TP 1.066,19
Quadro 1
Evolução do Saldo Devedor com atualização monetária
precedendo a amortização da parcela paga
SD
Nro SD anterior Juros Prestação SD final
atualizado
0 1.066,19 12.000,00
1 12.000,00 12.060,00 120,60 1.071,52 11.109,08
2 11.109,08 11.164,63 111,65 1.076,87 10.199,40
3 10.199,40 10.250,40 102,50 1.082,26 9.270,64
4 9.270,64 9.317,00 93,17 1.087,67 8.322,50
5 8.322,50 8.364,11 83,64 1.093,11 7.354,64
6 7.354,64 7.391,42 73,91 1.098,57 6.366,76
7 6.366,76 6.398,59 63,99 1.104,07 5.358,51
8 5.358,51 5.385,30 53,85 1.109,59 4.329,57
9 4.329,57 4.351,22 43,51 1.115,13 3.279,59
10 3.279,59 3.295,99 32,96 1.120,71 2.208,24
11 2.208,24 2.219,28 22,19 1.126,31 1.115,16
12 1.115,16 1.120,74 11,21 1.131,95 0,00

Quadro 2
Evolução do Saldo Devedor amortizando a parcela paga
antes da a atualização monetária
SD SD
Nro SD anterior Juros Prestação
amortizado atualizado
0 1.066,19 12.000,00
1 12.000,00 120,00 1.071,52 11.048,48 11.103,73
2 11.103,73 111,03 1.076,87 10.137,89 10.188,58
3 10.188,58 101,88 1.082,26 9.208,21 9.254,25
4 9.254,25 92,54 1.087,67 8.259,12 8.300,42
5 8.300,42 83,00 1.093,11 7.290,31 7.326,76
6 7.326,76 73,26 1.098,57 6.301,46 6.332,96
7 6.332,96 63,33 1.104,07 5.292,23 5.318,69
8 5.318,69 53,18 1.109,59 4.262,29 4.283,60
9 4.283,60 42,83 1.115,13 3.211,30 3.227,36
10 3.227,36 32,27 1.120,71 2.138,92 2.149,62
11 2.149,62 21,49 1.126,31 1.044,80 1.050,02
12 1.050,02 10,50 1.131,95 (71,42) (71,78)

Como se vê, a amortização da parcela paga, ANTES de se proceder à atualização do saldo


devedor, gera um saldo credor de 71,28; incorreto, portanto. Esta figura - saldo credor em
apenas 12 meses de cálculo - gera uma visão equivocada sobre o que seja a aplicação da
Tabela Price do Sistema Francês de Amortização, mormente quando se trata de muitos meses
de cálculo.

NOTA RELEVANTE: Independentemente dos comentários acima, fundados


apenas e exclusivamente na matemática financeira, este auxiliar atendeu a
todos os cálculos pugnados pelo Autor, fazendo-os em conformidade com
suas teses jurídico/financeiras. Ou seja, apresenta nos Anexos que
correspondem, à dedução da parcela de amortização ANTES da
46
apropriação da atualização monetária e dos juros mensais no saldo
devedor.

04. SOBRE A APLICAÇÃO DAS TAXAS DE JUROS ANUAIS E ADOÇÃO DA TR,


OU SEJA, ATUALIZAÇÃO DO SALDO DEVEDOR PELO RENDIMENTO
LÍQUIDO DAS CADERNETAS DE POUPANÇA ou, alternativamente, PELA
VARIAÇÃO MENSAL DO INPC/IBGE

A legalidade das taxas de juros aplicadas nos contratos de financiamento imobiliários e a


adoção da TR como indexador monetário, têm sido matéria de muitas discussões em nossos
tribunais. Por se tratar de matéria jurídica, este profissional não pode manifestar qualquer
opinião a respeito.

VII - VALORES APURADOS PELA PERÍCIA

O objetivo do presente trabalho foi o de apurar os valores das prestações e do saldo devedor
conforme os termos contratuais e também conforme as teses jurídico/financeiras defendidas
pelos Embargantes. Para atender a este escopo foram adotados os procedimentos técnicos
aplicáveis ao presente caso, ainda que em desacordo com os princípios da matemática financeira.
Assim, ressalvados os temas jurídicos objeto de exame judicial, a perícia apresenta, a seguir, o
resultado numérico de suas apurações.

As contas foram atualizadas até 01/01/2001, data de atualização da planilha juntada na inicial.

01. TERMOS CONTRATUAIS – ANEXO 04

Dados para cálculo da primeira prestação


Valor do financiamento (7e): ..................................................... NCz$ 195.580,00
Sistema de amortização (9a): ........................................................................... TP
Prazo de amortização (9b): ................................................................... 240 meses
Taxa anual de juros – Nominal (9c) .......................................................... 10,00%
Taxa Cobrança e Administração ........................................................ NCz$ 48,89

Apuração do encargo mensal


Prestação líquida = Financiamento x fator TP
Prestação Líquida = 195.580,00 x 0,0096502165 = NCz$ 1.887,39
1. Seguro MIP = Financiamento x 0,0014427544
Seguro MIP = 195.580,00 x 0,0014427544 = NCz$ 282,17
2. Seguro DFI = Avaliação x 0,0002401586
Seguro DFI = 244.456,16 x 0,0002401586 = NCz$ 58,71

Encargo = Prestação + seguros + TCA


Encargo = 1.887,39 + 282,17 + 58,71 + 48,89 = NCz$ 2.277,16

Evolução das prestações: atualização das prestações pelos índices aplicados a categoria
profissional do mutuário.
47
Evolução do Saldo Devedor - Atualização pelos índices aplicados aos depósitos de poupança
livre.

Valores apurados pela perícia em 01/2001

Prestação R$ 441,73
Soma: valor do prêmio mensal dos seguros R$ 62,96
TCA R$ 15,89
Encargo total R$ 520,58
Saldo devedor em 01/01/2001 R$ 94.320,37

Valores anotados na planilha do banco em 01/2001


Prestação R$ 445,76
Soma: valor do prêmio mensal dos seguros R$ 61,03
TCA R$ 27,42
Encargo total R$ 534,21
Saldo devedor em 01/01/2001 R$ 110.160,66

02. TESES DEFENDIDAS PELOS AUTORES

Critérios considerados

Evolução das prestações mensais: variação mensal pelos índices salariais indicados pelos
sindicatos.
Evolução do saldo devedor: Atualização mensal pelos índices aplicados à categoria profissional
do autor, com dedução da prestação antecedendo a correção do saldo devedor (atualização
monetária e juros), com aplicação da taxa efetiva anual de 9,87%.

Valores Apurados

Prestação R$ 441,73
Soma: valor do prêmio mensal dos seguros R$ 62,96
TCA R$ 0,00
Encargo total R$ 504,70
Saldo devedor em 26/04/2002 R$ 12.248,54

Resumo:
Valores em R$ Encargo Saldo
Critérios mensal Devedor
Valor segundo o conceito “pacta sunt servanda” no que foi
possível à perícia certificar, ou seja, segundo a posição do banco 520,59 94.320,57
revisada por este auxiliar.
Valor anotado na planilha elaborada pelo banco Réu 534,21 110.160,66
Valor segundo as teses jurídico/financeiras esposadas pelo
504,70 12.248,54
Autor

VIII - ENCERRAMENTO

48
São inassumíveis responsabilidades sobre documentos controversos, que fazem parte dos autos
deste processo, se ainda não apreciados pelo MM. Juízo. Inassumíveis também responsabilidades
sobre documentos que podem estar em poder de pessoas físicas e jurídicas, seja do AUTOR ou
do banco RÉU, ou ainda, de outros cidadãos interessados no deslinde deste caso, que a nós não
foram consignados até a data da conclusão deste Laudo. Por fim, são também inassumíveis
responsabilidades sobre matéria jurídica a que tenha, eventualmente e sem intenção determinada,
se referido, inclusive quando este referimento tivesse ocorrido por indução contida -
intencionalmente ou não - na formulação dos quesitos, excluídas, obviamente, as
responsabilidades de sua profissão.

Nada mais havendo a oferecer dá-se por concluído o presente LAUDO PERICIAL CONTÁBIL,
composto de 36 (trinta e seis) folhas datilografadas por processamento eletrônico de dados, de
um só lado, todas rubricadas, com exceção desta que segue assinada para os devidos fins.

São Paulo, 19 de setembro de 2005.

=====================================================================
Seguem as planilhas que fazem parte do laudo acima.
Veja planilhas que acompanharam este laudo: Anexos nºs 1, 1.1, 2, 3, e 4.

49
ANEXO Nº 01
Apuração da Prestação Mensal para atender duas teses jurídicas: (a) descontar a parcela antes de atualizar o saldo devedor; e
(b) proceder à capitalização dos juros em base anual

Valor do Financiamento NCz$ 5.000.000,00 Prazo de amortização 180 meses


Taxa anual nominal 10,50% ou 0,875% ao mês Valor da prestação inicial NCz$ 55.269,95
Taxa anual efetiva 11,02% ou 12 Valor inicial dos seguros NCz$ 10.970,50
1,00875

Prestação
Juros Saldo Devedor
Maturação Mensal
acumulados a Principal atualizado Saldo Principal + Seguro VALOR DO
n.º Venci - Índice Saldo atualizado mensal dos atualizada pelo
apropriar após deduzir a Juros no final do atualizado pelo ENCARGO
meses mento INPC pelo INPC juros = 11,02% INPC deduzida
anualmente ao prestação mensal ano INPC MENSAL
ao ano do saldo antes
saldo devedor atualizada
de atualizá-lo

d = (d anterior - g
a b c e = d * 0,00875 f = f anterior + e g = g anterior * c h = d-g i = f+h j = j anterior * c k = g+j
anterior) * c
0 06/12/1990 0 5.000.000,00 55.269,95 5.000.000,00 10.970,50 66.240,45
1 06/01/1991 1,19390 5.903.513,21 51.655,74 51.655,74 65.986,79 5.837.526,41 13.097,68 79.084,47
2 06/02/1991 1,18479 6.916.242,92 60.517,13 112.172,87 78.180,49 6.838.062,43 15.518,00 93.698,49
3 06/03/1991 1,20200 8.219.351,04 71.919,32 184.092,19 93.972,95 8.125.378,08 18.652,64 112.625,59
4 06/04/1991 1,11790 9.083.360,16 79.479,40 263.571,59 105.052,36 8.978.307,80 20.851,78 125.904,15
5 06/05/1991 1,05010 9.428.121,02 82.496,06 346.067,65 110.315,49 9.317.805,53 21.896,46 132.211,94
6 06/06/1991 1,06680 9.940.234,94 86.977,06 433.044,70 117.684,56 9.822.550,38 23.359,14 141.043,70
7 06/07/1991 1,10830 10.886.332,58 95.255,41 528.300,11 130.429,80 10.755.902,79 25.888,93 156.318,73
8 06/08/1991 1,12140 12.061.669,38 105.539,61 633.839,72 146.263,98 11.915.405,41 29.031,85 175.295,83
9 06/09/1991 1,15620 13.776.591,73 120.545,18 754.384,90 169.110,41 13.607.481,32 33.566,63 202.677,04
10 06/10/1991 1,15620 15.732.969,90 137.663,49 892.048,39 195.525,46 15.537.444,45 38.809,73 234.335,19
11 06/11/1991 1,21080 18.812.737,74 164.611,46 1.056.659,84 236.742,22 18.575.995,51 46.990,83 283.733,05
12 06/12/1991 1,26480 23.494.919,12 205.580,54 1.262.240,38 299.431,56 23.195.487,56 24.457.727,94 59.434,00 358.865,56
Novo ano 23.195.487,56 299.431,56 59.434,00 358.865,56
13 06/01/1992 1,24150 28.797.197,81 251.975,48 251.975,48 371.744,28 28.425.453,52 73.787,31 445.531,59
14 06/02/1992 1,25920 35.793.331,08 313.191,65 565.167,13 468.100,40 35.325.230,68 92.912,98 561.013,38
15 06/03/1992 1,24480 43.972.847,15 384.762,41 949.929,54 582.691,38 43.390.155,77 115.658,08 698.349,46
16 06/04/1992 1,21620 52.771.107,45 461.747,19 1.411.676,73 708.669,25 52.062.438,19 140.663,36 849.332,61
17 06/05/1992 1,20840 62.912.250,31 550.482,19 1.962.158,92 856.355,93 62.055.894,39 169.977,60 1.026.333,53
18 06/06/1992 1,24500 77.259.588,51 676.021,40 2.638.180,32 1.066.163,13 76.193.425,39 211.622,11 1.277.785,24
19 06/07/1992 1,20850 92.079.754,58 805.697,85 3.443.878,17 1.288.458,14 90.791.296,44 255.745,32 1.544.203,46
20 06/08/1992 1,22080 110.838.014,70 969.832,63 4.413.710,80 1.572.949,70 109.265.065,00 312.213,89 1.885.163,59
21 06/09/1992 1,22380 133.718.586,55 1.170.037,63 5.583.748,43 1.924.975,84 131.793.610,71 382.087,36 2.307.063,20
22 06/10/1992 1,23980 163.397.718,55 1.429.730,04 7.013.478,47 2.386.585,04 161.011.133,51 473.711,91 2.860.296,95

1 de 2
Prestação
Juros Saldo Devedor
Maturação Mensal
acumulados a Principal atualizado Saldo Principal + Seguro VALOR DO
n.º Venci - Índice Saldo atualizado mensal dos atualizada pelo
apropriar após deduzir a Juros no final do atualizado pelo ENCARGO
meses mento INPC pelo INPC juros = 11,02% INPC deduzida
anualmente ao prestação mensal ano INPC MENSAL
ao ano do saldo antes
saldo devedor atualizada
de atualizá-lo

d = (d anterior - g
a b c e = d * 0,00875 f = f anterior + e g = g anterior * c h = d-g i = f+h j = j anterior * c k = g+j
anterior) * c
23 06/11/1992 1,26070 202.986.736,02 1.776.133,94 8.789.612,41 3.008.767,77 199.977.968,25 597.208,60 3.605.976,37
24 06/12/1992 1,22890 245.752.925,18 2.150.338,10 10.939.950,51 3.697.474,71 242.055.450,47 252.995.400,98 733.909,65 4.431.384,36
Novo ano 252.995.400,98 3.697.474,71 733.909,65 4.431.384,36
25 06/01/1993 1,25580 317.711.624,55 2.779.976,71 2.779.976,71 4.643.288,74 313.068.335,81 921.643,74 5.564.932,48
26 06/02/1993 1,28700 402.918.948,19 3.525.540,80 6.305.517,51 5.975.912,61 396.943.035,58 1.186.155,49 7.162.068,10
27 06/03/1993 1,24790 495.345.214,10 4.334.270,62 10.639.788,13 7.457.341,35 487.887.872,75 1.480.203,44 8.937.544,78
28 06/04/1993 1,27580 622.447.348,06 5.446.414,30 16.086.202,43 9.514.076,09 612.933.271,97 1.888.443,55 11.402.519,63
29 06/05/1993 1,28370 786.822.441,23 6.884.696,36 22.970.898,79 12.213.219,47 774.609.221,75 2.424.194,98 14.637.414,45
30 06/06/1993 1,26780 982.049.571,34 8.592.933,75 31.563.832,54 15.483.919,65 966.565.651,69 3.073.394,40 18.557.314,05
31 06/07/1993 1,30370 1.260.111.640,10 11.025.976,85 42.589.809,39 20.186.386,05 1.239.925.254,06 4.006.784,27 24.193.170,32
32 06/08/1993 1,31010 1.624.426,08 14.213,73 56.803,54 26.446,18 1.597.979,89 5.249,29 31.695,47
33 06/09/1993 1,33340 2.130.746,39 18.644,03 75.447,57 35.263,34 2.095.483,04 6.999,40 42.262,74
34 06/10/1993 1,35630 2.842.103,65 24.868,41 100.315,98 47.827,67 2.794.275,98 9.493,29 57.320,96
35 06/11/1993 1,34120 3.747.682,95 32.792,23 133.108,20 64.146,47 3.683.536,47 12.732,40 76.878,87
36 06/12/1993 1,36000 5.009.609,61 43.834,08 176.942,29 87.239,20 4.922.370,40 5.099.312,69 17.316,06 104.555,26

E assim sucessivamente.

NOTA: O ato de deduzir a parcela paga antes de atualizar o saldo devedor e o ato de capitalizar os juros anualmente, contrariam as cláusulas contratadas
pelo mutuário com o SFH / CEF. Este procedimento, que tem amparo nas nossas leis, gera vantagem financeira para o mutuário e contraria as técnicas
de cálculo preconizadas pelo Método Francês de Amortização e o Método da Tabela Price, ou seja, em parcelas de valor constante, do começo ao fim
do período contratado.

2 de 2
Planilha de Verificação dos Cálculos do BANCO NOSSA CAIXA

Exemplo didático de amortização negativa do saldo devedor por efeito do PES

Índice
Índice Saldo Devedor Juros de 9,9% Amortização
N.º Valor da Valor Atualizado Prestação Saldo Devedor atualização Novo Saldo
Data atualização Seguros Atualizado ao ano = Efetiva do
Prest. Prestação Prestação Líquida (Valor Financiado) saldo Devedor
prestação (ANTES) 0,825% ao mês Mútuo
devedor

0,825%
28/03/1989 32.849,00 1,183499 38.876,76
28/03/1989 1 1,000000 427,86 427,86 65,82 362,04 320,73 41,31 38.835,45

28/04/1989 38.835,45 1,198099 46.528,72


28/04/1989 2 1,000000 427,86 427,86 65,82 362,04 383,86 (21,82) 46.550,54

28/05/1989 46.550,54 1,109600 51.652,48


28/05/1989 3 1,000000 427,86 427,86 65,82 362,04 426,13 (64,09) 51.716,57

28/06/1989 51.716,57 1,099399 56.857,15


28/06/1989 4 1,080716 462,40 462,40 71,13 391,26 469,07 (77,81) 56.934,95

28/07/1989 56.934,95 1,248300 71.071,90


28/07/1989 5 1,000000 462,40 462,40 71,13 391,27 586,34 (195,08) 71.266,98

28/08/1989 71.266,98 1,287599 91.763,29


28/08/1989 6 1,099092 508,22 508,22 78,18 430,04 757,05 (327,01) 92.090,30

28/09/1989 92.090,30 1,293399 119.109,50


28/09/1989 7 1,472702 748,46 748,46 115,14 633,32 982,65 (349,33) 119.458,84

28/10/1989 119.458,84 1,359499 162.404,17


28/10/1989 8 1,226286 917,82 917,82 141,19 776,63 1.339,83 (563,20) 162.967,37

28/11/1989 162.967,37 1,376200 224.275,70


28/11/1989 9 1,231810 1.130,58 1.130,58 173,92 956,66 1.850,27 (893,61) 225.169,31

28/12/1989 225.169,31 1,414199 318.434,22


28/12/1989 10 1,498849 1.694,57 1.694,57 260,68 1.433,89 2.627,08 (1.193,19) 319.627,41

28/01/1990 319.627,41 1,535500 490.787,88


28/01/1990 11 1,310667 2.221,02 2.221,02 341,67 1.879,35 4.049,00 (2.169,65) 492.957,53

28/02/1990 492.957,53 1,561100 769.556,00


28/02/1990 12 1,346857 2.991,40 2.991,40 460,18 2.531,22 6.348,84 (3.817,62) 773.373,62

Primeiro reajuste pela equivalência salarial


28/03/1990 773.373,62 1,727799 1.336.234,17
28/03/1990 13 2,747375 8.218,49 8.218,49 1.264,28 6.954,21 11.023,93 (4.069,72) 1.340.303,90

28/04/1990 1.340.303,90 1,843200 2.470.448,14


28/04/1990 14 1,486762 12.218,94 12.218,94 1.879,68 10.339,25 20.381,20 (10.041,95) 2.480.490,09

28/05/1990 2.480.490,09 1,000000 2.480.490,09

1/9
Planilha de Verificação dos Cálculos do BANCO NOSSA CAIXA

Exemplo didático de amortização negativa do saldo devedor por efeito do PES

Índice
Índice Saldo Devedor Juros de 9,9% Amortização
N.º Valor da Valor Atualizado Prestação Saldo Devedor atualização Novo Saldo
Data atualização Seguros Atualizado ao ano = Efetiva do
Prest. Prestação Prestação Líquida (Valor Financiado) saldo Devedor
prestação (ANTES) 0,825% ao mês Mútuo
devedor

28/05/1990 15 1,814190 22.167,47 22.167,47 3.410,11 18.757,37 20.464,04 (1.706,68) 2.482.196,77

28/06/1990 2.482.196,77 1,053810 2.615.763,77


28/06/1990 16 1,000000 22.167,47 22.167,47 3.410,11 18.757,37 21.580,05 (2.822,69) 2.618.586,46

28/07/1990 2.618.586,46 1,096100 2.870.232,62


28/07/1990 17 1,000000 22.167,47 22.167,47 3.410,11 18.757,37 23.679,42 (4.922,05) 2.875.154,67

28/08/1990 2.875.154,67 1,107899 3.185.380,99


28/08/1990 18 1,053800 23.360,08 23.360,08 3.593,57 19.766,51 26.279,39 (6.512,88) 3.191.893,87

28/09/1990 3.191.893,87 1,105800 3.529.596,24


28/09/1990 19 1,096100 25.604,98 25.604,98 3.938,91 21.666,07 29.119,17 (7.453,10) 3.537.049,33

28/10/1990 3.537.049,33 1,128499 3.991.556,64


28/10/1990 20 1,107900 28.367,76 28.367,76 4.363,92 24.003,84 32.930,34 (8.926,50) 4.000.483,14

28/11/1990 4.000.483,14 1,137099 4.548.945,37


28/11/1990 21 1,105800 31.369,07 31.369,07 4.825,62 26.543,45 37.528,80 (10.985,35) 4.559.930,72

28/12/1990 4.559.930,72 1,166399 5.318.698,64


28/12/1990 22 1,128500 35.400,00 35.400,00 5.445,71 29.954,28 43.879,26 (13.924,98) 5.332.623,62

28/01/1991 5.332.623,62 1,193904 6.366.640,67


28/01/1991 23 1,137100 40.253,34 40.253,34 6.192,32 34.061,01 52.524,79 (18.463,77) 6.385.104,44

28/02/1991 6.385.104,44 1,127710 7.200.546,13


28/02/1991 24 1,166400 46.951,49 46.951,49 7.222,72 39.728,77 59.404,51 (19.675,74) 7.220.221,86

Segundo reajuste pela equivalência salarial


28/03/1991 7.220.221,86 1,090001 7.870.049,05
28/03/1991 25 1,737345 81.570,94 81.570,94 12.548,36 69.022,58 64.927,90 4.094,67 7.865.954,38

28/04/1991 7.865.954,38 1,080656 8.500.390,80


28/04/1991 26 1,127710 91.988,36 91.988,36 14.150,92 77.837,45 70.128,22 7.709,23 8.492.681,57

28/05/1991 8.492.681,57 1,085153 9.215.855,11


28/05/1991 27 1,000000 91.988,36 91.988,36 14.150,92 77.837,45 76.030,80 1.806,64 9.214.048,47

28/06/1991 9.214.048,47 1,102589 10.159.304,39


28/06/1991 28 1,000000 91.988,36 91.988,36 14.150,92 77.837,45 83.814,26 (5.976,81) 10.165.281,20

28/07/1991 10.165.281,20 1,091648 11.096.908,89


28/07/1991 29 1,000000 91.988,36 91.988,36 14.150,92 77.837,45 91.549,50 (13.712,05) 11.110.620,94

2/9
Planilha de Verificação dos Cálculos do BANCO NOSSA CAIXA

Exemplo didático de amortização negativa do saldo devedor por efeito do PES

Índice
Índice Saldo Devedor Juros de 9,9% Amortização
N.º Valor da Valor Atualizado Prestação Saldo Devedor atualização Novo Saldo
Data atualização Seguros Atualizado ao ano = Efetiva do
Prest. Prestação Prestação Líquida (Valor Financiado) saldo Devedor
prestação (ANTES) 0,825% ao mês Mútuo
devedor

28/08/1991 11.110.620,94 1,116089 12.400.436,88


28/08/1991 30 1,000000 91.988,36 91.988,36 14.150,92 77.837,45 102.303,60 (24.466,16) 12.424.903,03

28/09/1991 12.424.903,03 1,177412 14.629.232,69


28/09/1991 31 1,000000 91.988,36 91.988,36 14.150,92 77.837,45 120.691,17 (42.853,72) 14.672.086,41

28/10/1991 14.672.086,41 1,168762 17.148.181,94


28/10/1991 32 1,000000 91.988,36 91.988,36 14.150,92 77.837,45 141.472,50 (63.635,05) 17.211.816,99

28/11/1991 17.211.816,99 1,311726 22.577.193,45


28/11/1991 33 1,403600 129.114,87 129.114,87 19.862,22 109.252,64 186.261,85 (77.009,20) 22.654.202,65

28/12/1991 22.654.202,65 1,288699 29.194.436,98


28/12/1991 34 1,000000 129.114,87 129.114,87 19.862,22 109.252,64 240.854,11 (131.601,46) 29.326.038,44

28/01/1992 29.326.038,44 1,233587 36.176.205,12


28/01/1992 35 1,230000 158.811,29 158.811,29 24.430,54 134.380,75 298.453,69 (164.072,94) 36.340.278,06

28/02/1992 36.340.278,06 1,293093 46.991.359,17


28/02/1992 36 1,000000 158.811,29 158.811,29 24.430,54 134.380,75 387.678,71 (253.297,96) 47.244.657,13

Terceiro reajuste pela equivalência salarial


28/03/1992 47.244.657,13 1,230233 58.121.912,66
28/03/1992 37 2,939765 466.867,87 466.867,87 71.772,65 395.095,22 479.505,78 (84.410,56) 58.206.323,22

28/04/1992 58.206.323,22 1,201117 69.912.575,22


28/04/1992 38 1,000000 466.867,87 466.867,87 71.772,65 395.095,22 576.778,75 (181.683,53) 70.094.258,75

28/05/1992 70.094.258,75 1,212198 84.968.120,27


28/05/1992 39 1,295000 604.593,89 604.593,89 92.945,58 511.648,30 700.986,99 (189.338,69) 85.157.458,96

28/06/1992 85.157.458,96 1,210283 103.064.624,90


28/06/1992 40 1,000000 604.593,89 604.593,89 92.945,58 511.648,30 850.283,16 (338.634,85) 103.403.259,75

28/07/1992 103.403.259,75 1,213602 125.490.402,84


28/07/1992 41 1,778853 1.075.483,65 1.075.483,65 165.336,53 910.147,12 1.035.295,82 (125.148,70) 125.615.551,55

28/08/1992 125.615.551,55 1,253331 157.437.827,15


28/08/1992 42 1,000000 1.075.483,65 1.075.483,65 165.336,53 910.147,12 1.298.862,07 (388.714,95) 157.826.542,10

28/09/1992 157.826.542,10 1,238274 195.432.424,68


28/09/1992 43 1,235000 1.328.222,31 1.328.222,31 204.190,61 1.124.031,70 1.612.317,50 (488.285,81) 195.920.710,49

28/10/1992 195.920.710,49 1,251809 245.255.269,49


28/10/1992 44 1,000000 1.328.222,31 1.328.222,31 204.190,61 1.124.031,70 2.023.355,97 (899.324,28) 246.154.593,77

3/9
Planilha de Verificação dos Cálculos do BANCO NOSSA CAIXA

Exemplo didático de amortização negativa do saldo devedor por efeito do PES

Índice
Índice Saldo Devedor Juros de 9,9% Amortização
N.º Valor da Valor Atualizado Prestação Saldo Devedor atualização Novo Saldo
Data atualização Seguros Atualizado ao ano = Efetiva do
Prest. Prestação Prestação Líquida (Valor Financiado) saldo Devedor
prestação (ANTES) 0,825% ao mês Mútuo
devedor

28/11/1992 246.154.593,77 1,259490 310.029.249,31


28/11/1992 45 1,838362 2.441.753,42 2.441.753,42 375.376,26 2.066.377,16 2.557.741,31 (491.364,15) 310.520.613,46

28/12/1992 310.520.613,46 1,204090 373.894.889,67


28/12/1992 46 1,000000 2.441.753,42 2.441.753,42 375.376,26 2.066.377,16 3.084.632,84 (1.018.255,68) 374.913.145,35

28/01/1993 374.913.145,35 1,287110 482.554.570,99


28/01/1993 47 1,300000 3.174.279,44 3.174.279,44 487.989,14 2.686.290,30 3.981.075,21 (1.294.784,91) 483.849.355,90

28/02/1993 483.849.355,90 1,294689 626.434.670,99


28/02/1993 48 1,000000 3.174.279,44 3.174.279,44 487.989,14 2.686.290,30 5.168.086,04 (2.481.795,73) 628.916.466,72

Quarto reajuste pela equivalência salarial


28/03/1993 628.916.466,72 1,221144 767.997.255,38
28/03/1993 49 1,868203 5.930.198,37 5.930.198,37 911.662,77 5.018.535,60 6.335.977,36 (1.317.441,76) 769.314.697,13

28/04/1993 769.314.697,13 1,269350 976.529.610,81


28/04/1993 50 1,000000 5.930.198,37 5.930.198,37 911.662,77 5.018.535,60 8.056.369,29 (3.037.833,69) 979.567.444,49

28/05/1993 979.567.444,49 1,307407 1.280.693.147,78


28/05/1993 51 1,366700 8.104.802,11 8.104.802,11 1.245.969,51 6.858.832,61 10.565.718,47 (3.706.885,86) 1.284.400.033,65

28/06/1993 1.284.400.033,65 1,281999 1.646.599.544,45


28/06/1993 52 1,000000 8.104.802,11 8.104.802,11 1.245.969,51 6.858.832,61 13.584.446,24 (6.725.613,64) 1.653.325.158,09

28/07/1993 1.653.325.158,09 1,300084 2.149.461.419,50


28/07/1993 53 1,932496 15.662.497,67 15.662.497,67 2.407.826,55 13.254.671,12 17.733.056,71 (4.478.385,59) 2.153.939.805,09

Divisão por 1.000 - Nova Moeda


28/08/1993 2.153.939,81 1,343599 2.894.031,37
28/08/1993 54 1,000000 15.662,50 15.662,50 2.407,83 13.254,67 23.875,76 (10.621,09) 2.904.652,46

28/09/1993 2.904.652,46 1,323701 3.844.891,36


28/09/1993 55 1,404590 21.999,39 21.999,39 3.382,01 18.617,38 31.720,35 (13.102,98) 3.857.994,34

28/10/1993 3.857.994,34 1,387301 5.352.199,40


28/10/1993 56 1,192600 26.236,47 26.236,47 4.033,38 22.203,09 44.155,65 (21.952,56) 5.374.151,96

28/11/1993 5.374.151,96 1,362499 7.322.276,67


28/11/1993 57 1,735933 45.544,75 45.544,75 7.001,68 38.543,07 60.408,78 (21.865,71) 7.344.142,38

28/12/1993 7.344.142,38 1,331803 9.780.950,86


28/12/1993 58 1,251700 57.008,37 57.008,37 8.764,01 48.244,36 80.692,84 (32.448,49) 9.813.399,34

4/9
Planilha de Verificação dos Cálculos do BANCO NOSSA CAIXA

Exemplo didático de amortização negativa do saldo devedor por efeito do PES

Índice
Índice Saldo Devedor Juros de 9,9% Amortização
N.º Valor da Valor Atualizado Prestação Saldo Devedor atualização Novo Saldo
Data atualização Seguros Atualizado ao ano = Efetiva do
Prest. Prestação Prestação Líquida (Valor Financiado) saldo Devedor
prestação (ANTES) 0,825% ao mês Mútuo
devedor

28/01/1994 9.813.399,34 1,453701 14.265.748,44


28/01/1994 59 1,249200 71.214,85 71.214,85 10.948,00 60.266,85 117.692,42 (57.425,57) 14.323.174,01

28/02/1994 14.323.174,01 1,422799 20.378.997,66


28/02/1994 60 1,248900 88.940,23 88.940,23 13.672,96 75.267,27 168.126,73 (92.859,46) 20.471.857,12

Quinto reajuste pela equivalência salarial


28/03/1994 20.471.857,12 1,376850 28.186.676,47
28/03/1994 61 1,805427 160.575,09 160.575,09 24.685,52 135.889,57 232.540,08 (96.650,51) 28.283.326,98

28/04/1994 28.283.326,98 1,482900 41.941.345,58


28/04/1994 62 1,302500 209.149,06 209.149,06 32.152,90 176.996,16 346.016,10 (169.019,94) 42.110.365,52

28/05/1994 42.110.365,52 1,465800 61.725.373,78


28/05/1994 63 1,408541 294.595,02 294.595,02 45.288,67 249.306,35 509.234,33 (259.927,98) 61.985.301,77

28/06/1994 61.985.301,77 1,451499 89.971.603,53


28/06/1994 64 1,421964 418.903,52 418.903,52 64.398,86 354.504,66 742.265,73 (387.761,07) 90.359.364,60

Divisão por 2.750 - Nova Moeda = Real


28/07/1994 32.857,95 1,093270 35.922,61
28/07/1994 65 1,416868 215,83 215,83 33,18 182,65 296,36 (113,71) 36.036,32

28/08/1994 36.036,32 1,024814 36.930,53


28/08/1994 66 1,466025 316,41 316,41 48,64 267,77 304,68 (36,91) 36.967,44

28/09/1994 36.967,44 1,023986 37.854,14


28/09/1994 67 1,000000 316,41 316,41 48,64 267,77 312,30 (44,53) 37.898,67

28/10/1994 37.898,67 1,026925 38.919,09


28/10/1994 68 1,000000 316,41 316,41 48,64 267,77 321,08 (53,31) 38.972,40

28/11/1994 38.972,40 1,024965 39.945,35


28/11/1994 69 1,000000 316,41 316,41 48,64 267,77 329,55 (61,78) 40.007,13

28/12/1994 40.007,13 1,030575 41.230,35


28/12/1994 70 1,000000 316,41 316,41 48,64 267,77 340,15 (72,38) 41.302,73

28/01/1995 41.302,73 1,023524 42.274,33


28/01/1995 71 1,000000 316,41 316,41 48,64 267,77 348,76 (80,99) 42.355,33

28/02/1995 42.355,33 1,023155 43.336,06


28/02/1995 72 1,000000 316,41 316,41 48,64 267,77 357,52 (89,75) 43.425,82

Sexto reajuste pela equivalência salarial

5/9
Planilha de Verificação dos Cálculos do BANCO NOSSA CAIXA

Exemplo didático de amortização negativa do saldo devedor por efeito do PES

Índice
Índice Saldo Devedor Juros de 9,9% Amortização
N.º Valor da Valor Atualizado Prestação Saldo Devedor atualização Novo Saldo
Data atualização Seguros Atualizado ao ano = Efetiva do
Prest. Prestação Prestação Líquida (Valor Financiado) saldo Devedor
prestação (ANTES) 0,825% ao mês Mútuo
devedor

28/03/1995 43.425,82 1,015903 44.116,42


28/03/1995 73 1,923564 608,64 608,64 93,57 515,07 363,96 151,11 43.965,31

28/04/1995 43.965,31 1,042536 45.835,42


28/04/1995 74 1,000000 608,64 608,64 93,57 515,07 378,14 136,93 45.698,49

28/05/1995 45.698,49 1,028525 47.002,04


28/05/1995 75 1,000000 608,64 608,64 93,57 515,07 387,77 127,30 46.874,73

28/06/1995 46.874,73 1,029107 48.239,12


28/06/1995 76 1,000000 608,64 608,64 93,57 515,07 397,97 117,10 48.122,02

28/07/1995 48.122,02 1,031495 49.637,62


28/07/1995 77 1,000000 608,64 608,64 93,57 515,07 409,51 105,56 49.532,06

28/08/1995 49.532,06 1,024748 50.757,86


28/08/1995 78 1,000000 608,64 608,64 93,57 515,07 418,75 96,32 50.661,54

28/09/1995 50.661,54 1,023612 51.857,76


28/09/1995 79 1,000000 608,64 608,64 93,57 515,07 427,83 87,24 51.770,52

28/10/1995 51.770,52 1,017319 52.667,13


28/10/1995 80 1,000000 608,64 608,64 93,57 515,07 434,50 80,57 52.586,56

28/11/1995 52.586,56 1,014045 53.325,14


28/11/1995 81 1,000000 608,64 608,64 93,57 515,07 439,93 75,14 53.250,00

28/12/1995 53.250,00 1,014289 54.010,89


28/12/1995 82 1,000000 608,64 608,64 93,57 515,07 445,59 69,48 53.941,41

28/01/1996 53.941,41 1,011450 54.559,03


28/01/1996 83 1,000000 608,64 608,64 93,57 515,07 450,11 64,96 54.494,07

28/02/1996 54.494,07 1,011417 55.116,23


28/02/1996 84 1,000000 608,64 608,64 93,57 515,07 454,71 60,36 55.055,87

Sétimo reajuste pela equivalência salarial


28/03/1996 55.055,87 1,008641 55.531,60
28/03/1996 85 1,266324 770,73 770,73 118,49 652,25 458,14 194,11 55.337,49

28/04/1996 55.337,49 1,007260 55.739,24


28/04/1996 86 1,000000 770,73 770,73 118,49 652,25 459,85 192,40 55.546,84

28/05/1996 55.546,84 1,004652 55.805,25


28/05/1996 87 1,000000 770,73 770,73 118,49 652,25 460,39 191,85 55.613,39

6/9
Planilha de Verificação dos Cálculos do BANCO NOSSA CAIXA

Exemplo didático de amortização negativa do saldo devedor por efeito do PES

Índice
Índice Saldo Devedor Juros de 9,9% Amortização
N.º Valor da Valor Atualizado Prestação Saldo Devedor atualização Novo Saldo
Data atualização Seguros Atualizado ao ano = Efetiva do
Prest. Prestação Prestação Líquida (Valor Financiado) saldo Devedor
prestação (ANTES) 0,825% ao mês Mútuo
devedor

28/06/1996 55.613,39 1,008297 56.074,82


28/06/1996 88 1,000000 770,73 770,73 118,49 652,25 462,62 189,63 55.885,19

28/07/1996 55.885,19 1,003903 56.103,28


28/07/1996 89 1,000000 770,73 770,73 118,49 652,25 462,85 189,39 55.913,89

28/08/1996 55.913,89 1,005215 56.205,48


28/08/1996 90 1,000000 770,73 770,73 118,49 652,25 463,70 188,55 56.016,93

28/09/1996 56.016,93 1,007640 56.444,87


28/09/1996 91 1,000000 770,73 770,73 118,49 652,25 465,67 186,58 56.258,29

28/10/1996 56.258,29 1,004731 56.524,43


28/10/1996 92 1,000000 770,73 770,73 118,49 652,25 466,33 185,92 56.338,51

28/11/1996 56.338,51 1,008615 56.823,87


28/11/1996 93 1,000000 770,73 770,73 118,49 652,25 468,80 183,45 56.640,42

Alteração da data de vencimento, opção para o dia 29/11/1996


28/12/1996 56.640,42 1,007665 57.074,57
28/12/1996 94 1,000000 770,73 770,73 118,49 652,25 470,87 181,38 56.893,19

28/01/1997 56.893,19 1,007440 57.316,46


28/01/1997 95 1,000000 770,73 770,73 118,49 652,25 472,86 179,39 57.137,08

28/02/1997 57.137,08 1,009165 57.660,74


28/02/1997 96 1,000000 770,73 770,73 118,49 652,25 475,70 176,55 57.484,19

Oitavo reajuste pela equivalência salarial


28/03/1997 57.484,19 1,006262 57.844,14
28/03/1997 97 1,095835 844,60 844,60 129,84 714,75 477,21 237,54 57.606,60

Alteração da data de vencimento, opção para o dia 16/04/1997


28/04/1997 57.606,60 1,005399 57.917,62
28/04/1997 98 1,000000 844,60 844,60 129,84 714,75 477,82 236,93 57.680,68

28/05/1997 57.680,68 1,007229 58.097,66


28/05/1997 99 1,000000 844,60 844,60 129,84 714,75 479,31 235,45 57.862,21

28/06/1997 57.862,21 1,006825 58.257,12


28/06/1997 100 1,000000 844,60 844,60 129,84 714,75 480,62 234,13 58.022,98

28/07/1997 58.022,98 1,004994 58.312,73


28/07/1997 101 1,000000 844,60 844,60 129,84 714,75 481,08 233,67 58.079,05

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Planilha de Verificação dos Cálculos do BANCO NOSSA CAIXA

Exemplo didático de amortização negativa do saldo devedor por efeito do PES

Índice
Índice Saldo Devedor Juros de 9,9% Amortização
N.º Valor da Valor Atualizado Prestação Saldo Devedor atualização Novo Saldo
Data atualização Seguros Atualizado ao ano = Efetiva do
Prest. Prestação Prestação Líquida (Valor Financiado) saldo Devedor
prestação (ANTES) 0,825% ao mês Mútuo
devedor

28/08/1997 58.079,05 1,007700 58.526,26


28/08/1997 102 1,000000 844,60 844,60 129,84 714,75 482,84 231,91 58.294,35

28/09/1997 58.294,35 1,006170 58.654,03


28/09/1997 103 1,000000 844,60 844,60 129,84 714,75 483,90 230,86 58.423,17

28/10/1997 58.423,17 1,005155 58.724,34


28/10/1997 104 1,000000 844,60 844,60 129,84 714,75 484,48 230,28 58.494,06

28/11/1997 58.494,06 1,008580 58.995,94


28/11/1997 105 1,000000 844,60 844,60 129,84 714,75 486,72 228,04 58.767,90

28/12/1997 58.767,90 1,014236 59.604,52


28/12/1997 106 1,000000 844,60 844,60 129,84 714,75 491,74 223,02 59.381,50

28/01/1998 59.381,50 1,011091 60.040,10


28/01/1998 107 1,000000 844,60 844,60 129,84 714,75 495,33 219,42 59.820,68

28/02/1998 59.820,68 1,010730 60.462,56


28/02/1998 108 1,000000 844,60 844,60 129,84 714,75 498,82 215,94 60.246,62

Nono reajuste pela equivalência salarial


28/03/1998 60.246,62 1,004179 60.498,39
28/03/1998 109 1,097846 927,24 927,24 142,55 784,69 499,11 285,58 60.212,81

28/04/1998 60.212,81 1,002252 60.348,41


28/04/1998 110 1,000000 927,24 927,24 142,55 784,69 497,87 286,82 60.061,60

28/05/1998 60.061,60 1,005445 60.388,63


28/05/1998 111 1,000000 927,24 927,24 142,55 784,69 498,21 286,48 60.102,15

28/06/1998 60.102,15 1,004593 60.378,20


28/06/1998 112 1,000000 927,24 927,24 142,55 784,69 498,12 286,57 60.091,63

28/07/1998 60.091,63 1,003970 60.330,19


28/07/1998 113 1,000000 927,24 927,24 142,55 784,69 497,72 286,97 60.043,22

28/08/1998 60.043,22 1,004860 60.335,03


28/08/1998 114 1,000000 927,24 927,24 142,55 784,69 497,76 286,93 60.048,11

28/09/1998 60.048,11 1,005310 60.366,96


28/09/1998 115 1,000000 927,24 927,24 142,55 784,69 498,03 286,66 60.080,30

28/10/1998 60.080,30 1,013528 60.893,07

8/9
Planilha de Verificação dos Cálculos do BANCO NOSSA CAIXA

Exemplo didático de amortização negativa do saldo devedor por efeito do PES

Índice
Índice Saldo Devedor Juros de 9,9% Amortização
N.º Valor da Valor Atualizado Prestação Saldo Devedor atualização Novo Saldo
Data atualização Seguros Atualizado ao ano = Efetiva do
Prest. Prestação Prestação Líquida (Valor Financiado) saldo Devedor
prestação (ANTES) 0,825% ao mês Mútuo
devedor

28/10/1998 116 1,000000 927,24 927,24 142,55 784,69 502,37 282,32 60.610,75

28/11/1998 60.610,75 1,011015 61.278,37


28/11/1998 117 1,000000 927,24 927,24 142,55 784,69 505,55 279,14 60.999,23

28/12/1998 60.999,23 1,001360 61.082,19


28/12/1998 118 1,000000 927,24 927,24 142,55 784,69 503,93 280,76 60.801,43

28/01/1999 60.801,43 1,007409 61.251,90


28/01/1999 119 1,000000 927,24 927,24 142,55 784,69 505,33 279,36 60.972,54

28/02/1999 60.972,54 1,012840 61.755,43


120 1,000000 927,24 927,24 142,55 784,69 509,48 275,21 61.480,22

Décimo reajuste pela equivalência salarial


28/03/1999 61.480,22 1,009050 62.036,62
28/03/1999 121 1,077938 999,50 999,50 153,66 845,85 511,80 334,05 61.702,57

28/04/1999 61.702,57 1,004845 62.001,52


28/04/1999 122 1,000000 999,50 999,50 153,66 845,85 511,51 334,33 61.667,19

28/05/1999 61.667,19 1,006052 62.040,40


28/05/1999 123 1,000000 999,50 999,50 153,66 845,85 511,83 334,01 61.706,38

28/06/1999 61.706,38 1,000977 61.766,67


28/06/1999 124 1,000000 999,50 999,50 153,66 845,85 509,58 336,27 61.430,40

9/9
Anexo 1 - Apuração da Evolução Salarial do mutuário autor
Sindicato Ind. Constr Mob Santos Sindicato SETTAPORT
Mês Vencimento Índices apurado Evolução da Renda Índices aplicados
base dos Encargos no mês informada pelo Banco
Piso qualificado Percentuais Percentuais OBSERV.

out/89 01/12/89 870,39 35,89% 1,35892 8.024,00 1,000000


nov/89 01/01/90 1.198,34 37,68% 1,37679 11.047,32 1,000000
dez/89 01/02/90 1.694,69 41,42% 1,41420 15.623,10 1,346857
jan/90 01/03/90 2.602,20 53,55% 1,53550 23.989,31 1,462381
fev/90 01/04/90 4.062,29 56,11% 1,56110 37.449,67 1,721113
mar/90 01/05/90 7.018,82 72,78% 1,72780 64.705,49 1,727800
abr/90 01/06/90 7.018,82 0,00% 1,00000 64.705,49 1,000000
mai/90 01/07/90 7.018,82 0,00% 1,00000 64.705,49 1,233797
jun/90 01/08/90 7.018,82 0,00% 1,00000 64.705,49 1,053800
jul/90 01/09/90 15.828,00 125,51% 2,25508 145.916,05 1,096100
ago/90 01/10/90 15.828,00 0,00% 1,00000 145.916,05 1,107900
set/90 01/11/90 15.828,00 0,00% 1,00000 145.916,05 1,105800
out/90 01/12/90 15.828,00 0,00% 1,00000 145.916,05 1,128500
nov/90 01/01/91 31.000,00 95,86% 1,95855 285.784,53 1,137100
dez/90 01/02/91 31.000,00 0,00% 1,00000 285.784,53 1,166400
jan/91 01/03/91 31.000,00 0,00% 1,00000 285.784,53 1,193900
fev/91 01/04/91 31.000,00 0,00% 1,00000 285.784,53 1,202100
mar/91 01/05/91 31.000,00 0,00% 1,00000 285.784,53 1,000000
abr/91 01/06/91 31.000,00 0,00% 1,00000 285.784,53 1,000000
mai/91 01/07/91 44.950,00 45,00% 1,45000 414.387,57 1,302565
jun/91 01/08/91 47.647,00 6,00% 1,06000 439.250,83 1,000000
jul/91 01/09/91 50.505,82 6,00% 1,06000 465.605,88 1,000000
ago/91 01/10/91 54.546,29 8,00% 1,08000 502.854,35 1,000000
set/91 01/11/91 63.273,69 16,00% 1,16000 583.311,04 1,403600
out/91 01/12/91 63.273,69 0,00% 1,00000 583.311,04 1,000000
nov/91 01/01/92 130.020,00 111,11% 2,11110 1.231.427,94 1,230000
dez/91 01/02/92 130.020,00 0,00% 1,00000 1.231.427,94 1,000000
jan/92 01/03/92 200.321,00 54,07% 1,54069 1.897.253,32 1,540674
fev/92 01/04/92 200.321,00 0,00% 1,00000 1.897.253,32 1,000000

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Anexo 1 - Apuração da Evolução Salarial do mutuário autor
Sindicato Ind. Constr Mob Santos Sindicato SETTAPORT
Mês Vencimento Índices apurado Evolução da Renda Índices aplicados
base dos Encargos no mês informada pelo Banco
Piso qualificado Percentuais Percentuais OBSERV.

mar/92 01/05/92 259.415,70 29,50% 1,29500 2.456.943,10 1,295000


abr/92 01/06/92 259.415,70 0,00% 1,00000 2.456.943,10 1,000000
mai/92 01/07/92 500.500,00 92,93% 1,92934 4.740.268,31 2,321272
jun/92 01/08/92 500.500,00 0,00% 1,00000 4.740.268,31 1,000000
jul/92 01/09/92 618.118,60 23,50% 1,23500 5.854.241,78 1,235000
ago/92 01/10/92 618.118,60 0,00% 1,00000 5.854.241,78 1,000000
set/92 01/11/92 1.136.325,00 83,84% 1,83836 10.762.208,57 1,838362
out/92 01/12/92 1.136.325,00 0,00% 1,00000 10.762.208,57 1,000000
nov/92 01/01/93 1.590.853,00 40,00% 1,40000 15.067.073,05 1,300000
dez/92 01/02/93 1.590.853,00 0,00% 1,00000 15.067.073,05 1,000000
jan/93 01/03/93 2.679.365,00 68,42% 1,68423 25.376.441,56 1,813785
fev/93 01/04/93 2.679.365,00 0,00% 1,00000 25.376.441,56 1,000000
mar/93 01/05/93 3.751.111,00 40,00% 1,40000 35.527.018,19 1,366700
abr/93 01/06/93 3.751.111,00 0,00% 1,00000 35.527.018,19 1,000000
mai/93 01/07/93 7.570.640,00 101,82% 2,01824 71.702.027,73 1,990472
jun/93 01/08/93 9.075.154,00 19,87% 1,19873 85.951.378,46 1,000000
jul/93 01/09/93 22,04% 1,22041 104.895.921,78 1,404590
ago/93 01/10/93 21,87% 1,21870 127.836,66 1,192600
set/93 01/11/93 190,79% sobre 05/93 1,61864 206.921,15 1,735933
out/93 01/12/93 24,70% 1,24700 258.030,68 1,251700
nov/93 01/01/94 24,53% 1,24530 321.325,60 1,249200
dez/93 01/02/94 25,30% 1,25300 402.620,98 1,248900
jan/94 01/03/94 2496,11% sobre 01/93 1,63628 658.800,34 1,752841
fev/94 01/04/94 33,21% 1,33210 877.587,93 1,302500
mar/94 01/05/94 URV 1,40275 1.231.033,68 1,408541
abr/94 01/06/94 URV 1,44928 1.784.116,15 1,421964
mai/94 01/07/94 URV 1,39335 2.485.906,42 1,459374
jun/94 01/08/94 URV 1,49077 3.705.903,24 1,466025
jul/94 01/09/94 1,00000 1.347,60 1,000000
ago/94 01/10/94 1,00000 1.347,60 1,000000

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Anexo 1 - Apuração da Evolução Salarial do mutuário autor
Sindicato Ind. Constr Mob Santos Sindicato SETTAPORT
Mês Vencimento Índices apurado Evolução da Renda Índices aplicados
base dos Encargos no mês informada pelo Banco
Piso qualificado Percentuais Percentuais OBSERV.

set/94 01/11/94 1,00000 1.347,60 1,000000


out/94 01/12/94 1,00000 1.347,60 1,000000
nov/94 01/01/95 1,00000 1.347,60 1,000000
dez/94 01/02/95 1,00000 1.347,60 1,000000
jan/95 01/03/95 22,07% 1,22070 1.645,02 1,000000
fev/95 01/04/95 1,00000 1.645,02 1,000000
mar/95 01/05/95 1,00000 1.645,02 1,000000
abr/95 01/06/95 1,00000 1.645,02 1,000000
mai/95 01/07/95 1,00000 1.645,02 1,868741
jun/95 01/08/95 1,00000 1.645,02 1,000000
jul/95 01/09/95 1,00000 1.645,02 1,000000
ago/95 01/10/95 1,00000 1.645,02 1,000000
set/95 01/11/95 1,00000 1.645,02 1,000000
out/95 01/12/95 1,00000 1.645,02 1,000000
nov/95 01/01/96 1,00000 1.645,02 1,000000
dez/95 01/02/96 1,00000 1.645,02 1,000000
jan/96 01/03/96 24,00% 1,24000 2.039,82 1,000000
fev/96 01/04/96 1,00000 2.039,82 1,000000
mar/96 01/05/96 1,00000 2.039,82 1,000000
abr/96 01/06/96 1,00000 2.039,82 1,000000
mai/96 01/07/96 1,00000 2.039,82 1,000000
jun/96 01/08/96 1,00000 2.039,82 1,000000
jul/96 01/09/96 1,00000 2.039,82 1,000000
ago/96 01/10/96 1,00000 2.039,82 1,000000
set/96 01/11/96 1,00000 2.039,82 1,000000
out/96 01/12/96 1,00000 2.039,82 1,000000
nov/96 01/01/97 1,00000 2.039,82 1,000000
dez/96 01/02/97 1,00000 2.039,82 1,000000
jan/97 01/03/97 1,00000 2.039,82 1,000000
fev/97 01/04/97 12,00% 1,12000 2.284,60 1,000000

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Anexo 1 - Apuração da Evolução Salarial do mutuário autor
Sindicato Ind. Constr Mob Santos Sindicato SETTAPORT
Mês Vencimento Índices apurado Evolução da Renda Índices aplicados
base dos Encargos no mês informada pelo Banco
Piso qualificado Percentuais Percentuais OBSERV.

mar/97 01/05/97 1,00000 2.284,60 1,000000


abr/97 01/06/97 1,00000 2.284,60 1,000000
mai/97 01/07/97 1,00000 2.284,60 1,084714
jun/97 01/08/97 1,00000 2.284,60 1,000000
jul/97 01/09/97 1,00000 2.284,60 1,000000
ago/97 01/10/97 1,00000 2.284,60 1,000000
set/97 01/11/97 1,00000 2.284,60 1,000000
out/97 01/12/97 1,00000 2.284,60 1,000000
nov/97 01/01/98 1,00000 2.284,60 1,000000
dez/97 01/02/98 1,00000 2.284,60 1,000000
jan/98 01/03/98 5,00% 1,05000 2.398,83 1,000000
fev/98 01/04/98 1,00000 2.398,83 1,000000
mar/98 01/05/98 1,00000 2.398,83 1,000000
abr/98 01/06/98 1,00000 2.398,83 1,000000
mai/98 01/07/98 1,00000 2.398,83 1,101163
jun/98 01/08/98 1,00000 2.398,83 1,000000
jul/98 01/09/98 1,00000 2.398,83 1,000000
ago/98 01/10/98 1,00000 2.398,83 1,000000
set/98 01/11/98 1,00000 2.398,83 1,000000
out/98 01/12/98 1,00000 2.398,83 1,000000
nov/98 01/01/99 1,00000 2.398,83 1,000000
dez/98 01/02/99 1,00000 2.398,83 1,000000
jan/99 01/03/99 1,78% 1,01780 2.441,53 1,000000
fev/99 01/04/99 1,00000 2.441,53 1,000000
mar/99 01/05/99 1,00000 2.441,53 1,000000
abr/99 01/06/99 1,00000 2.441,53 1,000000
mai/99 01/07/99 1,00000 2.441,53 1,079584
jun/99 01/08/99 1,00000 2.441,53 1,000000
jul/99 01/09/99 1,00000 2.441,53 1,000000
ago/99 01/10/99 1,00000 2.441,53 1,000000

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Sindicato Ind. Constr Mob Santos Sindicato SETTAPORT
Mês Vencimento Índices apurado Evolução da Renda Índices aplicados
base dos Encargos no mês informada pelo Banco
Piso qualificado Percentuais Percentuais OBSERV.

set/99 01/11/99 1,00000 2.441,53 1,000000


out/99 01/12/99 1,00000 2.441,53 1,000000
nov/99 01/01/00 1,00000 2.441,53 1,000000
dez/99 01/02/00 1,00000 2.441,53 1,000000
jan/00 01/03/00 10,00% 1,10000 2.685,68 1,000000
fev/00 01/04/00 1,00000 2.685,68 1,000000
mar/00 01/05/00 1,00000 2.685,68 1,000000
abr/00 01/06/00 1,00000 2.685,68 1,000000
mai/00 01/07/00 1,00000 2.685,68 1,033232
jun/00 01/08/00 1,00000 2.685,68 1,000000
jul/00 01/09/00 1,00000 2.685,68 1,000000
ago/00 01/10/00 1,00000 2.685,68 1,000000
set/00 01/11/00 1,00000 2.685,68 1,000000
out/00 01/12/00 1,00000 2.685,68 1,000000
nov/00 01/01/01 1,00000 2.685,68 1,000000

Observações

1- Conforme solicitação do mutuário, realizamos a evolução do financiamento segundo critérios por ele estabelecidos.
2 - De 11/1989 a 06/1993 foram aplicados os índices do Sindicato Ind. Construção Mob. De Santos
3 - Devido a divergências observadas em alguns índices, optamos por apurar os índices mensais com base na evolução dos valores
indicados na coluna "Piso Qualificado", opção que, segundo pudemos observar, melhor representa a progressão salarial

4 - A partir de 07/1993 aplicamos os percentuais indicados pela SETTAPORT deduzindo as antecipações quando necessário

Apuração do reajuste liquido para 09/1993 Settaport


Índice bruto - 190,79% sobre 05/93

Meses antecipações
Reajuste liquido = índice bruto - antecipações

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Anexo 1 - Apuração da Evolução Salarial do mutuário autor
Sindicato Ind. Constr Mob Santos Sindicato SETTAPORT
Mês Vencimento Índices apurado Evolução da Renda Índices aplicados
base dos Encargos no mês informada pelo Banco
Piso qualificado Percentuais Percentuais OBSERV.

jun/93 20,79% Reajuste Liquido = 2,9079 / 1,2187 / 1,2204 / 1,2079


jul/93 22,04% Reajuste liquido = 1,6186 ou 61,86%
ago/93 21,87%

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Anexo 1.1 - Aplicação da MP 434/94

Salário base Salário base em


Mês base URV Ultimo dia Variação Observações:
em URV CR$

nov/93 238,32 1.348,29 321.325,60 Salário 03/94 = Média dos salários em URV, de 11/93 a 02/94
dez/93 327,90 1.227,88 402.620,98 1,25300 Salário 04/94 = salário 03/94 + URV
jan/94 458,16 1.437,93 658.800,34 1,63628 Salário 05/94 = salário 04/94 + URV
fev/94 637,64 1.376,31 877.587,93 1,33210 Salário 06/94 = salário 05/94 + URV
mar/94 913,50 1.347,60 1.231.033,68 1,40275 Salário 07/94 = salário 06/94 / URV
abr/94 1.323,92 1.347,60 1.784.116,15 1,44928
mai/94 1.844,69 1.347,60 2.485.906,42 1,39335
jun/94 2.750,00 1.347,60 3.705.903,24 1,49077

Conforme determina aquela norma, a variação mensal foi apurada pela correspondência do
salário percebido em CR$, moeda que serviu como meio de pagamento até 30/06/94. A
partir de 01/07/94 houve a conversão de CR$ para R$.

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Anexo 2 - Evolução do Financiamento
Critérios do mutuário - Quesitos 05 e 09

Índices
Reajuste aplicados Saldo
Nro Vcto Prestação Seguros Encargo Saldo anterior Juros Saldo atualizado
Salarial ao saldo amortizado
devedor

A B C D E = C+D-A F=E xB

0 01/11/89 1.817,03 340,89 2.157,92 195.580,00


1 01/12/89 1,00000 1.817,03 340,89 2.157,92 1,000000 195.580,00 1.477,61 195.240,58 195.240,58
2 01/01/90 1,00000 1.817,03 340,89 2.157,92 1,000000 195.240,58 1.475,04 194.898,59 194.898,59
3 01/02/90 1,41420 2.569,64 482,09 3.051,73 1,414198 194.898,59 1.472,46 193.801,41 274.073,56
4 01/03/90 1,53550 3.945,69 740,24 4.685,93 1,535502 274.073,56 2.070,63 272.198,50 417.961,35
5 01/04/90 1,56110 6.159,61 1.155,59 7.315,20 1,561098 417.961,35 3.157,70 414.959,45 647.792,49
6 01/05/90 1,72780 10.642,56 1.996,63 12.639,19 1,727799 647.792,49 4.894,07 642.044,00 1.109.322,88
7 01/06/90 1,00000 10.642,56 1.996,63 12.639,19 1,000000 1.109.322,88 8.380,93 1.107.061,26 1.107.061,26
8 01/07/90 1,00000 10.642,56 1.996,63 12.639,19 1,000000 1.107.061,26 8.363,85 1.104.782,54 1.104.782,54
9 01/08/90 1,00000 10.642,56 1.996,63 12.639,19 1,000000 1.104.782,54 8.346,63 1.102.486,61 1.102.486,61
10 01/09/90 2,25508 23.999,83 4.502,57 28.502,39 2,255080 1.102.486,61 8.329,29 1.086.816,08 2.450.857,10
11 01/10/90 1,00000 23.999,83 4.502,57 28.502,39 1,000000 2.450.857,10 18.516,23 2.445.373,50 2.445.373,50
12 01/11/90 1,00000 23.999,83 4.502,57 28.502,39 1,000000 2.445.373,50 18.474,80 2.439.848,47 2.439.848,47
13 01/12/90 1,00000 23.999,83 4.502,57 28.502,39 1,000000 2.439.848,47 18.433,06 2.434.281,70 2.434.281,70
14 01/01/91 1,95855 47.004,97 8.818,52 55.823,49 1,958554 2.434.281,70 18.391,00 2.405.667,74 4.711.631,27
15 01/02/91 1,00000 47.004,97 8.818,52 55.823,49 1,000000 4.711.631,27 35.596,37 4.700.222,68 4.700.222,68
16 01/03/91 1,00000 47.004,97 8.818,52 55.823,49 1,000000 4.700.222,68 35.510,18 4.688.727,90 4.688.727,90
17 01/04/91 1,00000 47.004,97 8.818,52 55.823,49 1,000000 4.688.727,90 35.423,34 4.677.146,27 4.677.146,27
18 01/05/91 1,00000 47.004,97 8.818,52 55.823,49 1,000000 4.677.146,27 35.335,84 4.665.477,15 4.665.477,15
19 01/06/91 1,00000 47.004,97 8.818,52 55.823,49 1,000000 4.665.477,15 35.247,68 4.653.719,86 4.653.719,86
20 01/07/91 1,45000 68.157,20 12.786,86 80.944,06 1,450000 4.653.719,86 35.158,85 4.620.721,52 6.700.046,20
21 01/08/91 1,06000 72.246,63 13.554,07 85.800,70 1,060000 6.700.046,20 50.618,85 6.678.418,42 7.079.123,52
22 01/09/91 1,06000 76.581,43 14.367,32 90.948,75 1,060000 7.079.123,52 53.482,78 7.056.024,87 7.479.386,36
23 01/10/91 1,08000 82.707,94 15.516,70 98.224,64 1,080000 7.479.386,36 56.506,76 7.453.185,18 8.049.440,00
24 01/11/91 1,16000 95.941,21 17.999,37 113.940,59 1,160000 8.049.440,00 60.813,52 8.014.312,30 9.296.602,27
25 01/12/91 1,00000 95.941,21 17.999,37 113.940,59 1,000000 9.296.602,27 70.235,83 9.270.896,89 9.270.896,89
26 01/01/92 2,11110 202.541,50 37.998,48 240.539,97 2,111100 9.270.896,89 70.041,63 9.138.397,01 19.292.069,94
27 01/02/92 1,00000 202.541,50 37.998,48 240.539,97 1,000000 19.292.069,94 145.751,59 19.235.280,03 19.235.280,03
28 01/03/92 1,54069 312.054,42 58.544,01 370.598,43 1,540694 19.235.280,03 145.322,54 19.068.548,15 29.378.792,75
29 01/04/92 1,00000 312.054,42 58.544,01 370.598,43 1,000000 29.378.792,75 221.956,78 29.288.695,11 29.288.695,11

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Anexo 2 - Evolução do Financiamento
Critérios do mutuário - Quesitos 05 e 09

Índices
Reajuste aplicados Saldo
Nro Vcto Prestação Seguros Encargo Saldo anterior Juros Saldo atualizado
Salarial ao saldo amortizado
devedor

A B C D E = C+D-A F=E xB

30 01/05/92 1,29500 404.110,48 75.814,50 479.924,98 1,295000 29.288.695,11 221.276,09 29.105.860,73 37.692.090,37
31 01/06/92 1,00000 404.110,48 75.814,50 479.924,98 1,000000 37.692.090,37 284.763,74 37.572.743,63 37.572.743,63
32 01/07/92 1,92934 779.664,82 146.271,63 925.936,45 1,929336 37.572.743,63 283.862,08 37.076.940,89 71.533.869,82
33 01/08/92 1,00000 779.664,82 146.271,63 925.936,45 1,000000 71.533.869,82 540.438,39 71.294.643,39 71.294.643,39
34 01/09/92 1,23500 962.887,77 180.645,79 1.143.533,55 1,235002 71.294.643,39 538.631,03 70.870.386,65 87.525.083,27
35 01/10/92 1,00000 962.887,77 180.645,79 1.143.533,55 1,000000 87.525.083,27 661.252,00 87.223.447,51 87.223.447,51
36 01/11/92 1,83836 1.770.135,12 332.092,13 2.102.227,25 1,838361 87.223.447,51 658.973,15 86.112.285,54 158.305.449,57
37 01/12/92 1,00000 1.770.135,12 332.092,13 2.102.227,25 1,000000 158.305.449,57 1.195.997,67 157.731.312,12 157.731.312,12
38 01/01/93 1,40000 2.478.186,05 464.928,40 2.943.114,45 1,399998 157.731.312,12 1.191.660,06 156.444.786,13 219.022.425,23
39 01/02/93 1,00000 2.478.186,05 464.928,40 2.943.114,45 1,000000 219.022.425,23 1.654.714,42 218.198.953,61 218.198.953,61
40 01/03/93 1,68423 4.173.839,43 783.047,13 4.956.886,55 1,684232 218.198.953,61 1.648.493,09 215.673.607,27 363.244.319,09
41 01/04/93 1,00000 4.173.839,43 783.047,13 4.956.886,55 1,000000 363.244.319,09 2.744.310,83 361.814.790,49 361.814.790,49
42 01/05/93 1,40000 5.843.375,20 1.096.265,98 6.939.641,17 1,400000 361.814.790,49 2.733.510,74 358.704.926,04 502.186.896,46
43 01/06/93 1,00000 5.843.375,20 1.096.265,98 6.939.641,17 1,000000 502.186.896,46 3.794.022,00 500.137.543,27 500.137.543,27
44 01/07/93 2,01824 11.793.330,03 2.212.527,19 14.005.857,21 2,018239 500.137.543,27 3.778.539,14 492.122.752,38 993.221.526,65
45 01/08/93 1,19873 14.137,02 2.652,22 16.789,24 1,198730 993.221,53 7.503,79 986.588,30 1.182.653,08
46 01/09/93 1,22041 17.252,96 3.236,80 20.489,76 1,220410 1.182.653,08 8.934,94 1.174.335,06 1.433.170,26
47 01/10/93 1,21870 21.026,18 3.944,69 24.970,87 1,218700 1.433.170,26 10.827,60 1.422.971,67 1.734.175,58
48 01/11/93 1,61864 34.033,76 6.385,02 40.418,78 1,618637 1.734.175,58 13.101,70 1.713.243,52 2.773.119,43
49 01/12/93 1,24700 42.440,10 7.962,12 50.402,21 1,247000 2.773.119,43 20.950,92 2.751.630,25 3.431.282,92
50 01/01/94 1,24530 52.850,65 9.915,22 62.765,88 1,245300 3.431.282,92 25.923,34 3.404.355,61 4.239.444,04
51 01/02/94 1,25300 66.221,87 12.423,78 78.645,64 1,253000 4.239.444,04 32.029,00 4.205.251,18 5.269.179,73
52 01/03/94 1,63628 108.357,46 20.328,76 128.686,23 1,636279 5.269.179,73 39.808,65 5.200.630,92 8.509.684,18
53 01/04/94 1,33210 144.342,98 27.079,95 171.422,92 1,332100 8.509.684,18 64.290,66 8.429.631,87 11.229.112,62
54 01/05/94 1,40275 202.476,65 37.986,31 240.462,96 1,402747 11.229.112,62 84.835,95 11.111.471,91 15.586.581,88
55 01/06/94 1,44928 293.445,96 55.052,91 348.498,88 1,449283 15.586.581,88 117.756,63 15.410.892,54 22.334.744,23
56 01/07/94 1,39335 148,68 27,89 176,58 1,393355 8.121,73 61,36 8.034,40 11.194,77
57 01/08/94 1,49077 221,65 41,58 263,23 1,490765 11.194,77 84,58 11.057,70 16.484,44
58 01/09/94 1,00000 221,65 41,58 263,23 1,000000 16.484,44 124,54 16.387,33 16.387,33
59 01/10/94 1,00000 221,65 41,58 263,23 1,000000 16.387,33 123,81 16.289,48 16.289,48

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Anexo 2 - Evolução do Financiamento
Critérios do mutuário - Quesitos 05 e 09

Índices
Reajuste aplicados Saldo
Nro Vcto Prestação Seguros Encargo Saldo anterior Juros Saldo atualizado
Salarial ao saldo amortizado
devedor

A B C D E = C+D-A F=E xB

60 01/11/94 1,00000 221,65 41,58 263,23 1,000000 16.289,48 123,07 16.190,90 16.190,90
61 01/12/94 1,00000 221,65 41,58 263,23 1,000000 16.190,90 122,32 16.091,57 16.091,57
62 01/01/95 1,00000 221,65 41,58 263,23 1,000000 16.091,57 121,57 15.991,50 15.991,50
63 01/02/95 1,00000 221,65 41,58 263,23 1,000000 15.991,50 120,82 15.890,66 15.890,66
64 01/03/95 1,22070 270,57 50,76 321,33 1,220700 15.890,66 120,05 15.740,15 19.214,00
65 01/04/95 1,00000 270,57 50,76 321,33 1,000000 19.214,00 145,16 19.088,60 19.088,60
66 01/05/95 1,00000 270,57 50,76 321,33 1,000000 19.088,60 144,21 18.962,24 18.962,24
67 01/06/95 1,00000 270,57 50,76 321,33 1,000000 18.962,24 143,26 18.834,93 18.834,93
68 01/07/95 1,00000 270,57 50,76 321,33 1,000000 18.834,93 142,30 18.706,67 18.706,67
69 01/08/95 1,00000 270,57 50,76 321,33 1,000000 18.706,67 141,33 18.577,43 18.577,43
70 01/09/95 1,00000 270,57 50,76 321,33 1,000000 18.577,43 140,35 18.447,21 18.447,21
71 01/10/95 1,00000 270,57 50,76 321,33 1,000000 18.447,21 139,37 18.316,01 18.316,01
72 01/11/95 1,00000 270,57 50,76 321,33 1,000000 18.316,01 138,38 18.183,82 18.183,82
73 01/12/95 1,00000 270,57 50,76 321,33 1,000000 18.183,82 137,38 18.050,64 18.050,64
74 01/01/96 1,00000 270,57 50,76 321,33 1,000000 18.050,64 136,37 17.916,44 17.916,44
75 01/02/96 1,00000 270,57 50,76 321,33 1,000000 17.916,44 135,36 17.781,23 17.781,23
76 01/03/96 1,24000 335,50 62,94 398,45 1,240000 17.781,23 134,34 17.580,07 21.799,28
77 01/04/96 1,00000 335,50 62,94 398,45 1,000000 21.799,28 164,69 21.628,47 21.628,47
78 01/05/96 1,00000 335,50 62,94 398,45 1,000000 21.628,47 163,40 21.456,37 21.456,37
79 01/06/96 1,00000 335,50 62,94 398,45 1,000000 21.456,37 162,10 21.282,97 21.282,97
80 01/07/96 1,00000 335,50 62,94 398,45 1,000000 21.282,97 160,79 21.108,26 21.108,26
81 01/08/96 1,00000 335,50 62,94 398,45 1,000000 21.108,26 159,47 20.932,23 20.932,23
82 01/09/96 1,00000 335,50 62,94 398,45 1,000000 20.932,23 158,14 20.754,87 20.754,87
83 01/10/96 1,00000 335,50 62,94 398,45 1,000000 20.754,87 156,80 20.576,17 20.576,17
84 01/11/96 1,00000 335,50 62,94 398,45 1,000000 20.576,17 155,45 20.396,12 20.396,12
85 01/12/96 1,00000 335,50 62,94 398,45 1,000000 20.396,12 154,09 20.214,71 20.214,71
86 01/01/97 1,00000 335,50 62,94 398,45 1,000000 20.214,71 152,72 20.031,93 20.031,93
87 01/02/97 1,00000 335,50 62,94 398,45 1,000000 20.031,93 151,34 19.847,76 19.847,76
88 01/03/97 1,00000 335,50 62,94 398,45 1,000000 19.847,76 149,95 19.662,21 19.662,21
89 01/04/97 1,12000 375,76 70,50 446,26 1,120000 19.662,21 148,55 19.434,99 21.767,19

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Anexo 2 - Evolução do Financiamento
Critérios do mutuário - Quesitos 05 e 09

Índices
Reajuste aplicados Saldo
Nro Vcto Prestação Seguros Encargo Saldo anterior Juros Saldo atualizado
Salarial ao saldo amortizado
devedor

A B C D E = C+D-A F=E xB

90 01/05/97 1,00000 375,76 70,50 446,26 1,000000 21.767,19 164,45 21.555,88 21.555,88
91 01/06/97 1,00000 375,76 70,50 446,26 1,000000 21.555,88 162,85 21.342,97 21.342,97
92 01/07/97 1,00000 375,76 70,50 446,26 1,000000 21.342,97 161,25 21.128,45 21.128,45
93 01/08/97 1,00000 375,76 70,50 446,26 1,000000 21.128,45 159,63 20.912,31 20.912,31
94 01/09/97 1,00000 375,76 70,50 446,26 1,000000 20.912,31 157,99 20.694,54 20.694,54
95 01/10/97 1,00000 375,76 70,50 446,26 1,000000 20.694,54 156,35 20.475,13 20.475,13
96 01/11/97 1,00000 375,76 70,50 446,26 1,000000 20.475,13 154,69 20.254,05 20.254,05
97 01/12/97 1,00000 375,76 70,50 446,26 1,000000 20.254,05 153,02 20.031,31 20.031,31
98 01/01/98 1,00000 375,76 70,50 446,26 1,000000 20.031,31 151,34 19.806,88 19.806,88
99 01/02/98 1,00000 375,76 70,50 446,26 1,000000 19.806,88 149,64 19.580,76 19.580,76
100 01/03/98 1,05000 394,55 74,02 468,57 1,050000 19.580,76 147,93 19.334,14 20.300,85
101 01/04/98 1,00000 394,55 74,02 468,57 1,000000 20.300,85 153,37 20.059,67 20.059,67
102 01/05/98 1,00000 394,55 74,02 468,57 1,000000 20.059,67 151,55 19.816,66 19.816,66
103 01/06/98 1,00000 394,55 74,02 468,57 1,000000 19.816,66 149,71 19.571,83 19.571,83
104 01/07/98 1,00000 394,55 74,02 468,57 1,000000 19.571,83 147,87 19.325,14 19.325,14
105 01/08/98 1,00000 394,55 74,02 468,57 1,000000 19.325,14 146,00 19.076,59 19.076,59
106 01/09/98 1,00000 394,55 74,02 468,57 1,000000 19.076,59 144,12 18.826,16 18.826,16
107 01/10/98 1,00000 394,55 74,02 468,57 1,000000 18.826,16 142,23 18.573,84 18.573,84
108 01/11/98 1,00000 394,55 74,02 468,57 1,000000 18.573,84 140,33 18.319,61 18.319,61
109 01/12/98 1,00000 394,55 74,02 468,57 1,000000 18.319,61 138,40 18.063,47 18.063,47
110 01/01/99 1,00000 394,55 74,02 468,57 1,000000 18.063,47 136,47 17.805,38 17.805,38
111 01/02/99 1,00000 394,55 74,02 468,57 1,000000 17.805,38 134,52 17.545,35 17.545,35
112 01/03/99 1,01780 401,58 75,34 476,91 1,017800 17.545,35 132,56 17.276,33 17.583,85
113 01/04/99 1,00000 401,58 75,34 476,91 1,000000 17.583,85 132,85 17.315,12 17.315,12
114 01/05/99 1,00000 401,58 75,34 476,91 1,000000 17.315,12 130,82 17.044,36 17.044,36
115 01/06/99 1,00000 401,58 75,34 476,91 1,000000 17.044,36 128,77 16.771,56 16.771,56
116 01/07/99 1,00000 401,58 75,34 476,91 1,000000 16.771,56 126,71 16.496,69 16.496,69
117 01/08/99 1,00000 401,58 75,34 476,91 1,000000 16.496,69 124,63 16.219,75 16.219,75
118 01/09/99 1,00000 401,58 75,34 476,91 1,000000 16.219,75 122,54 15.940,71 15.940,71
119 01/10/99 1,00000 401,58 75,34 476,91 1,000000 15.940,71 120,43 15.659,57 15.659,57

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Anexo 2 - Evolução do Financiamento
Critérios do mutuário - Quesitos 05 e 09

Índices
Reajuste aplicados Saldo
Nro Vcto Prestação Seguros Encargo Saldo anterior Juros Saldo atualizado
Salarial ao saldo amortizado
devedor

A B C D E = C+D-A F=E xB

120 01/11/99 1,00000 401,58 75,34 476,91 1,000000 15.659,57 118,31 15.376,30 15.376,30
121 01/12/99 1,00000 401,58 75,34 476,91 1,000000 15.376,30 116,17 15.090,90 15.090,90
122 01/01/00 1,00000 401,58 75,34 476,91 1,000000 15.090,90 114,01 14.803,33 14.803,33
123 01/02/00 1,00000 401,58 75,34 476,91 1,000000 14.803,33 111,84 14.513,60 14.513,60
124 01/03/00 1,10000 441,73 82,87 524,61 1,100000 14.513,60 109,65 14.181,51 15.599,67
125 01/04/00 1,00000 441,73 62,96 504,70 1,000000 15.599,67 117,86 15.275,79 15.275,79
126 01/05/00 1,00000 441,73 62,96 504,70 1,000000 15.275,79 115,41 14.949,46 14.949,46
127 01/06/00 1,00000 441,73 62,96 504,70 1,000000 14.949,46 112,94 14.620,68 14.620,68
128 01/07/00 1,00000 441,73 62,96 504,70 1,000000 14.620,68 110,46 14.289,40 14.289,40
129 01/08/00 1,00000 441,73 62,96 504,70 1,000000 14.289,40 107,96 13.955,63 13.955,63
130 01/09/00 1,00000 441,73 62,96 504,70 1,000000 13.955,63 105,43 13.619,33 13.619,33
131 01/10/00 1,00000 441,73 62,96 504,70 1,000000 13.619,33 102,89 13.280,49 13.280,49
132 01/11/00 1,00000 441,73 62,96 504,70 1,000000 13.280,49 100,33 12.939,09 12.939,09
133 01/12/00 1,00000 441,73 62,96 504,70 1,000000 12.939,09 97,75 12.595,11 12.595,11
134 01/01/01 1,00000 441,73 62,96 504,70 1,000000 12.595,11 95,16 12.248,54 12.248,54

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Anexo 3 - Apuração de diferenças de prestações
(Quesito 07 do Autor)
Encargo apurado Diferença acumulada
n.º Vcto Encargo cobrado Diferença histórica INPC Diferença atualizada
(anexo 02) atualizada

a b c=a-b d e=cxd

1 01/12/1989 2.631,68 2.157,92 473,76 51,28% 716,70 716,70


2 01/01/1990 2.668,76 2.157,92 510,84 68,20% 859,23 2.064,73
3 01/02/1990 3.617,71 3.051,73 565,98 74,00% 984,81 4.577,44
4 01/03/1990 5.335,75 4.685,93 649,82 82,20% 1.183,97 9.524,07
5 01/04/1990 9.221,12 7.315,20 1.905,92 14,70% 2.186,09 13.110,19
6 01/05/1990 15.545,93 12.639,19 2.906,74 10,10% 3.200,32 17.634,64
7 01/06/1990 15.576,19 12.639,19 2.937,00 8,80% 3.195,45 22.381,94
8 01/07/1990 19.141,43 12.639,19 6.502,24 12,60% 7.321,52 32.523,58
9 01/08/1990 20.206,36 12.639,19 7.567,17 12,20% 8.490,36 44.981,82
10 01/09/1990 22.156,71 28.502,39 (6.345,68) 14,30% (7.253,12) 44.161,10
11 01/10/1990 24.565,31 28.502,39 (3.937,08) 14,40% (4.504,02) 46.016,28
12 01/11/1990 27.193,98 28.502,39 (1.308,41) 16,90% (1.529,53) 52.263,49
13 01/12/1990 30.729,04 28.502,39 2.226,65 19,10% 2.651,94 64.897,76
14 01/01/1991 35.011,74 55.823,49 (20.811,75) 21,00% (25.182,22) 53.344,07
15 01/02/1991 40.892,47 55.823,49 (14.931,02) 20,20% (17.947,09) 46.172,49
16 01/03/1991 48.620,49 55.823,49 (7.203,00) 11,80% (8.052,95) 43.567,89
17 01/04/1991 58.242,08 55.823,49 2.418,59 5,00% 2.539,52 48.285,80
18 01/05/1991 58.421,10 55.823,49 2.597,61 6,70% 2.771,65 54.292,60
19 01/06/1991 58.619,02 55.823,49 2.795,53 10,80% 3.097,45 63.253,65
20 01/07/1991 75.877,57 80.944,06 (5.066,49) 12,10% (5.679,53) 65.227,81
21 01/08/1991 76.140,78 85.800,70 (9.659,92) 15,60% (11.166,87) 64.236,47
22 01/09/1991 76.486,57 90.948,75 (14.462,18) 15,60% (16.718,27) 57.539,09
23 01/10/1991 77.030,29 98.224,64 (21.194,35) 21,10% (25.666,36) 44.013,47
24 01/11/1991 107.374,53 113.940,59 (6.566,06) 26,50% (8.306,06) 47.370,98
25 01/12/1991 108.755,83 113.940,59 (5.184,76) 24,20% (6.439,47) 52.395,29
26 01/01/1992 134.120,78 240.539,97 (106.419,19) 25,60% (133.662,51) (67.854,02)
27 01/02/1992 136.036,14 240.539,97 (104.503,83) 24,50% (130.107,27) (214.585,53)
28 01/03/1992 207.026,30 370.598,43 (163.572,13) 21,60% (198.903,71) (459.839,72)
29 01/04/1992 210.011,77 370.598,43 (160.586,66) 20,90% (194.149,28) (750.095,50)
30 01/05/1992 270.804,61 479.924,98 (209.120,37) 24,50% (260.354,86) (1.194.223,76)
31 01/06/1992 274.537,27 479.924,98 (205.387,71) 20,90% (248.313,74) (1.692.130,26)

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Anexo 3 - Apuração de diferenças de prestações
(Quesito 07 do Autor)
Encargo apurado Diferença acumulada
n.º Vcto Encargo cobrado Diferença histórica INPC Diferença atualizada
(anexo 02) atualizada

a b c=a-b d e=cxd

32 01/07/1992 613.019,07 925.936,45 (312.917,38) 22,00% (381.759,21) (2.446.158,13)


33 01/08/1992 619.481,36 925.936,45 (306.455,09) 22,40% (375.101,03) (3.369.198,58)
34 01/09/1992 765.154,62 1.143.533,55 (378.378,93) 24,00% (469.189,88) (4.646.996,12)
35 01/10/1992 775.830,32 1.143.533,55 (367.703,23) 26,00% (463.306,07) (6.318.521,18)
36 01/11/1992 1.396.162,26 2.102.227,25 (706.064,99) 22,89% (867.683,26) (8.632.513,94)
37 01/12/1992 1.411.654,74 2.102.227,25 (690.572,51) 25,58% (867.220,96) (11.707.931,96)
38 01/01/1993 1.830.756,38 2.943.114,45 (1.112.358,07) 28,77% (1.432.383,48) (16.508.687,47)
39 01/02/1993 1.858.226,67 2.943.114,45 (1.084.887,78) 24,79% (1.353.831,46) (21.955.022,56)
40 01/03/1993 3.300.992,25 4.956.886,55 (1.655.894,30) 27,58% (2.112.589,95) (30.122.807,73)
41 01/04/1993 3.343.812,84 4.956.886,55 (1.613.073,71) 28,37% (2.070.702,72) (40.739.351,00)
42 01/05/1993 4.553.977,65 6.939.641,17 (2.385.663,52) 26,78% (3.024.544,22) (54.673.893,42)
43 01/06/1993 4.631.551,43 6.939.641,17 (2.308.089,74) 30,37% (3.009.056,60) (74.287.411,45)
44 01/07/1993 8.985.471,65 14.005.857,21 (5.020.385,56) 31,01% (6.577.207,13) (103.901.144,86)
45 01/08/1993 9.123,93 16.789,24 (7.665,31) 33,34% (10.220,93) (148.762,71)
46 01/09/1993 12.777,74 20.489,76 (7.712,02) 35,63% (10.459,81) (212.226,68)
47 01/10/1993 15.364,80 24.970,87 (9.606,07) 34,12% (12.883,66) (297.522,09)
48 01/11/1993 26.286,18 40.418,78 (14.132,60) 36,00% (19.220,33) (423.850,37)
49 01/12/1993 33.072,19 50.402,21 (17.330,02) 37,73% (23.868,64) (607.637,75)
50 01/01/1994 41.564,73 62.765,88 (21.201,15) 41,32% (29.961,46) (888.675,13)
51 01/02/1994 52.385,21 78.645,64 (26.260,43) 40,57% (36.914,29) (1.286.124,91)
52 01/03/1994 90.471,33 128.686,23 (38.214,90) 43,08% (54.677,88) (1.894.865,40)
53 01/04/1994 118.515,15 171.422,92 (52.907,77) 42,86% (75.584,05) (2.782.588,76)
54 01/05/1994 167.394,88 240.462,96 (73.068,08) 42,73% (104.290,07) (4.075.879,01)
55 01/06/1994 238.608,75 348.498,88 (109.890,13) 48,24% (162.901,12) (6.204.984,16)
56 01/07/1994 126,71 176,58 (49,87) 7,75% (53,73) (2.484,96)
57 01/08/1994 182,02 263,23 (81,21) 1,85% (82,72) (2.613,64)
58 01/09/1994 182,27 263,23 (80,96) 1,40% (82,10) (2.732,33)
59 01/10/1994 182,55 263,23 (80,68) 2,82% (82,96) (2.892,34)
60 01/11/1994 182,86 263,23 (80,37) 2,96% (82,75) (3.060,70)
61 01/12/1994 183,22 263,23 (80,01) 1,70% (81,37) (3.194,11)
62 01/01/1995 183,58 263,23 (79,65) 1,44% (80,80) (3.320,90)

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Anexo 3 - Apuração de diferenças de prestações
(Quesito 07 do Autor)
Encargo apurado Diferença acumulada
n.º Vcto Encargo cobrado Diferença histórica INPC Diferença atualizada
(anexo 02) atualizada

a b c=a-b d e=cxd

63 01/02/1995 183,88 263,23 (79,35) 1,01% (80,15) (3.434,60)


64 01/03/1995 184,15 321,33 (137,18) 1,62% (139,40) (3.629,64)
65 01/04/1995 184,48 321,33 (136,85) 2,49% (140,26) (3.860,27)
66 01/05/1995 184,96 321,33 (136,37) 2,10% (139,23) (4.080,57)
67 01/06/1995 185,44 321,33 (135,89) 2,18% (138,85) (4.308,38)
68 01/07/1995 335,67 321,33 14,34 2,46% 14,69 (4.399,67)
69 01/08/1995 336,12 321,33 14,79 1,02% 14,94 (4.429,60)
70 01/09/1995 336,53 321,33 15,20 1,17% 15,38 (4.466,05)
71 01/10/1995 336,86 321,33 15,53 1,40% 15,75 (4.512,82)
72 01/11/1995 337,16 321,33 15,83 1,51% 16,07 (4.564,90)
73 01/12/1995 337,43 321,33 16,10 1,65% 16,37 (4.623,85)
74 01/01/1996 337,69 321,33 16,36 1,46% 16,60 (4.674,76)
75 01/02/1996 337,95 321,33 16,62 0,71% 16,74 (4.691,21)
76 01/03/1996 338,16 398,45 (60,29) 0,29% (60,46) (4.765,27)
77 01/04/1996 338,36 398,45 (60,09) 0,93% (60,65) (4.870,24)
78 01/05/1996 338,53 398,45 (59,92) 1,28% (60,68) (4.993,26)
79 01/06/1996 338,70 398,45 (59,75) 1,33% (60,54) (5.120,21)
80 01/07/1996 411,57 398,45 13,12 1,20% 13,28 (5.168,37)
81 01/08/1996 411,72 398,45 13,27 0,50% 13,34 (5.180,87)
82 01/09/1996 411,88 398,45 13,43 0,02% 13,44 (5.168,47)
83 01/10/1996 412,05 398,45 13,60 0,38% 13,65 (5.174,46)
84 01/11/1996 412,24 398,45 13,79 0,34% 13,84 (5.178,21)
85 01/12/1996 412,44 398,45 13,99 0,33% 14,04 (5.181,26)
86 01/01/1997 412,66 398,45 14,21 0,81% 14,33 (5.208,90)
87 01/02/1997 412,85 398,45 14,40 0,45% 14,47 (5.217,87)
88 01/03/1997 413,04 398,45 14,59 0,68% 14,69 (5.238,66)
89 01/04/1997 413,22 446,26 (33,04) 0,60% (33,24) (5.303,33)
90 01/05/1997 413,41 446,26 (32,85) 0,11% (32,89) (5.342,05)
91 01/06/1997 413,59 446,26 (32,67) 0,35% (32,78) (5.393,54)
92 01/07/1997 447,23 446,26 0,97 0,18% 0,97 (5.402,27)
93 01/08/1997 447,42 446,26 1,16 -0,03% 1,16 (5.399,49)

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Anexo 3 - Apuração de diferenças de prestações
(Quesito 07 do Autor)
Encargo apurado Diferença acumulada
n.º Vcto Encargo cobrado Diferença histórica INPC Diferença atualizada
(anexo 02) atualizada

a b c=a-b d e=cxd

94 01/09/1997 447,61 446,26 1,35 0,10% 1,35 (5.403,54)


95 01/10/1997 447,80 446,26 1,54 0,29% 1,54 (5.417,67)
96 01/11/1997 448,00 446,26 1,74 0,15% 1,74 (5.424,05)
97 01/12/1997 448,38 446,26 2,12 0,57% 2,13 (5.452,84)
98 01/01/1998 448,72 446,26 2,46 0,85% 2,48 (5.496,70)
99 01/02/1998 449,03 446,26 2,77 0,54% 2,78 (5.523,60)
100 01/03/1998 449,21 468,57 (19,36) 0,49% (19,46) (5.570,13)
101 01/04/1998 449,48 468,57 (19,09) 0,45% (19,18) (5.614,37)
102 01/05/1998 449,66 468,57 (18,91) 0,72% (19,05) (5.673,84)
103 01/06/1998 449,85 468,57 (18,72) 0,15% (18,75) (5.701,11)
104 01/07/1998 483,36 468,57 14,79 -0,28% 14,75 (5.670,40)
105 01/08/1998 493,56 468,57 24,99 -0,49% 24,86 (5.617,75)
106 01/09/1998 493,73 468,57 25,16 -0,31% 25,08 (5.575,26)
107 01/10/1998 493,91 468,57 25,34 0,11% 25,36 (5.556,02)
108 01/11/1998 494,19 468,57 25,62 -0,18% 25,57 (5.520,45)
109 01/12/1998 494,42 468,57 25,85 0,42% 25,96 (5.517,68)
110 01/01/1999 494,68 468,57 26,11 0,65% 26,28 (5.527,27)
111 01/02/1999 494,89 468,57 26,32 1,29% 26,66 (5.571,92)
112 01/03/1999 495,18 476,91 18,27 1,28% 18,50 (5.624,74)
113 01/04/1999 495,55 476,91 18,64 0,47% 18,72 (5.632,45)
114 01/05/1999 495,79 476,91 18,88 0,05% 18,89 (5.616,38)
115 01/06/1999 496,04 476,91 19,13 0,07% 19,14 (5.601,17)
116 01/07/1999 533,73 476,91 56,82 0,74% 57,24 (5.585,39)
117 01/08/1999 533,90 476,91 56,99 0,55% 57,30 (5.558,81)
118 01/09/1999 534,07 476,91 57,16 0,39% 57,38 (5.523,11)
119 01/10/1999 534,24 476,91 57,33 0,96% 57,88 (5.518,25)
120 01/11/1999 534,40 476,91 57,49 0,94% 58,03 (5.512,10)
121 01/12/1999 534,55 476,91 57,64 0,74% 58,06 (5.494,82)
122 01/01/2000 534,73 476,91 57,82 0,61% 58,17 (5.470,17)
123 01/02/2000 534,89 476,91 57,98 0,05% 58,01 (5.414,90)
124 01/03/2000 535,06 524,61 10,45 0,13% 10,47 (5.411,47)

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Anexo 3 - Apuração de diferenças de prestações
(Quesito 07 do Autor)
Encargo apurado Diferença acumulada
n.º Vcto Encargo cobrado Diferença histórica INPC Diferença atualizada
(anexo 02) atualizada

a b c=a-b d e=cxd

125 01/04/2000 516,55 504,70 11,85 0,09% 11,86 (5.404,48)


126 01/05/2000 516,69 504,70 11,99 -0,05% 11,99 (5.389,79)
127 01/06/2000 516,86 504,70 12,16 0,30% 12,20 (5.393,76)
128 01/07/2000 533,31 504,70 28,61 1,39% 29,01 (5.439,72)
129 01/08/2000 533,46 504,70 28,76 1,21% 29,11 (5.476,43)
130 01/09/2000 533,63 504,70 28,93 0,43% 29,06 (5.470,93)
131 01/10/2000 533,77 504,70 29,07 0,16% 29,12 (5.450,56)
132 01/11/2000 533,92 504,70 29,22 0,29% 29,31 (5.437,06)
133 01/12/2000 534,07 504,70 29,37 0,55% 29,53 (5.437,43)
134 01/01/2001 534,21 504,70 29,51 0,00% 29,51 (5.407,92)

Diferença acumulada atualizada para 01/2001 (pro Réu) (5.407,92)

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Anexo 4 - Evolução do Financiamento
Critérios estabelecidos no contrato mas não contem 15% de CES porque não foi contratado

TAC - Taxa Índices


Reajuste Adminis - aplicados Saldo anterior
Nro Vcto Prestação Seguros Encargo Juros Saldo atualizado
Salarial tração ao saldo atualizado
Crédito devedor

0 01/11/89 1.817,03 340,89 48,89 2.206,81 195.580,00


1 01/12/89 1,00000 1.817,03 340,89 69,14 2.227,06 1,414199 276.589,04 2.304,82 277.076,83
2 01/01/90 1,00000 1.817,03 340,89 106,16 2.264,08 1,535499 425.451,19 3.545,28 427.179,45
3 01/02/90 1,41420 2.569,64 482,09 165,73 3.217,46 1,561100 666.869,83 5.557,03 669.857,22
4 01/03/90 1,53550 3.945,69 740,24 286,35 4.972,29 1,727799 1.157.378,63 9.644,44 1.163.077,38
5 01/04/90 1,56110 6.159,61 1.155,59 527,81 7.843,01 1,843200 2.143.784,23 17.864,15 2.155.488,78
6 01/05/90 1,72780 10.642,56 1.996,63 527,81 13.167,00 1,000000 2.155.488,78 17.961,69 2.162.807,90
7 01/06/90 1,00000 10.642,56 1.996,63 556,20 13.195,40 1,053800 2.279.166,97 18.992,30 2.287.516,70
8 01/07/90 1,00000 10.642,56 1.996,63 609,66 13.248,85 1,096100 2.507.347,06 20.893,72 2.517.598,22
9 01/08/90 1,00000 10.642,56 1.996,63 675,44 13.314,63 1,107899 2.789.244,55 23.242,77 2.801.844,77
10 01/09/90 2,25508 23.999,83 4.502,57 746,90 29.249,29 1,105800 3.098.279,94 25.817,97 3.100.098,08
11 01/10/90 1,00000 23.999,83 4.502,57 842,88 29.345,27 1,128500 3.498.460,69 29.152,67 3.503.613,54
12 01/11/90 1,00000 23.999,83 4.502,57 958,43 29.460,83 1,137100 3.983.958,95 33.198,33 3.993.157,46
13 01/12/90 1,00000 23.999,83 4.502,57 1.117,92 29.620,31 1,166400 4.657.618,86 38.811,94 4.672.430,97
14 01/01/91 1,95855 47.004,97 8.818,52 1.334,68 57.158,17 1,193900 5.578.415,33 46.484,93 5.577.895,30
15 01/02/91 1,00000 47.004,97 8.818,52 1.604,42 57.427,91 1,202100 6.705.190,02 55.874,35 6.714.059,40
16 01/03/91 1,00000 47.004,97 8.818,52 1.716,73 57.540,22 1,070000 7.184.043,56 59.864,63 7.196.903,23
17 01/04/91 1,00000 47.004,97 8.818,52 1.862,65 57.686,14 1,085000 7.808.640,00 65.069,40 7.826.704,43
18 01/05/91 1,00000 47.004,97 8.818,52 2.028,99 57.852,48 1,089300 8.525.629,14 71.044,07 8.549.668,24
19 01/06/91 1,00000 47.004,97 8.818,52 2.211,39 58.034,88 1,089900 9.318.283,42 77.649,26 9.348.927,71
20 01/07/91 1,45000 68.157,20 12.786,86 2.419,26 83.363,32 1,094000 10.227.726,91 85.227,65 10.244.797,36
21 01/08/91 1,06000 72.246,63 13.554,07 2.662,40 88.463,10 1,100500 11.274.399,50 93.949,57 11.296.102,44
22 01/09/91 1,06000 76.581,43 14.367,32 2.980,56 93.929,30 1,119500 12.645.986,68 105.379,01 12.674.784,26
23 01/10/91 1,08000 82.707,94 15.516,70 3.480,69 101.705,34 1,167800 14.801.613,05 123.341,84 14.842.246,95
24 01/11/91 1,16000 95.941,21 17.999,37 4.168,83 118.109,41 1,197700 17.776.559,17 148.132,07 17.828.750,03
25 01/12/91 1,00000 95.941,21 17.999,37 5.441,15 119.381,74 1,305200 23.270.084,53 193.909,61 23.368.052,93
26 01/01/92 2,11110 202.541,50 37.998,48 6.987,53 247.527,50 1,284200 30.009.253,58 250.067,11 30.056.779,19
27 01/02/92 1,00000 202.541,50 37.998,48 8.767,95 249.307,92 1,254800 37.715.246,53 314.281,15 37.826.986,18
28 01/03/92 1,54069 312.054,42 58.544,01 11.013,42 381.611,85 1,256100 47.514.477,34 395.938,14 47.598.361,06
29 01/04/92 1,00000 312.054,42 58.544,01 13.686,38 384.284,81 1,242700 59.150.483,29 492.900,98 59.331.329,85
30 01/05/92 1,29500 404.110,48 75.814,50 16.571,46 496.496,44 1,210800 71.838.374,18 598.629,17 72.032.892,87

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Anexo 4 - Evolução do Financiamento
Critérios estabelecidos no contrato mas não contem 15% de CES porque não foi contratado

TAC - Taxa Índices


Reajuste Adminis - aplicados Saldo anterior
Nro Vcto Prestação Seguros Encargo Juros Saldo atualizado
Salarial tração ao saldo atualizado
Crédito devedor

31 01/06/92 1,00000 404.110,48 75.814,50 19.854,27 499.779,25 1,198100 86.302.608,95 719.159,64 86.617.658,11
32 01/07/92 1,92934 779.664,82 146.271,63 24.033,60 949.970,05 1,210500 104.850.675,14 873.720,68 104.944.730,99
33 01/08/92 1,00000 779.664,82 146.271,63 29.727,15 955.663,60 1,236900 129.806.137,77 1.081.674,55 130.108.147,49
34 01/09/92 1,23500 962.887,77 180.645,79 36.629,80 1.180.163,35 1,232200 160.319.259,34 1.335.940,39 160.692.311,96
35 01/10/92 1,00000 962.887,77 180.645,79 45.926,44 1.189.459,99 1,253800 201.476.020,74 1.678.899,68 202.192.032,65
36 01/11/92 1,83836 1.770.135,12 332.092,13 57.440,20 2.159.667,45 1,250700 252.881.575,24 2.107.262,17 253.218.702,28
37 01/12/92 1,00000 1.770.135,12 332.092,13 70.818,02 2.173.045,27 1,232900 312.193.338,05 2.601.507,09 313.024.710,01
38 01/01/93 1,40000 2.478.186,05 464.928,40 87.778,94 3.030.893,39 1,239500 387.994.128,06 3.233.155,07 388.749.097,08
39 01/02/93 1,00000 2.478.186,05 464.928,40 111.268,58 3.054.383,03 1,267600 492.778.355,45 4.106.322,04 494.406.491,44
40 01/03/93 1,68423 4.173.839,43 783.047,13 140.643,49 5.097.530,04 1,264000 624.929.805,18 5.207.540,07 625.963.505,82
41 01/04/93 1,00000 4.173.839,43 783.047,13 176.943,58 5.133.830,13 1,258100 787.524.686,67 6.562.443,21 789.913.290,46
42 01/05/93 1,40000 5.843.375,20 1.096.265,98 226.877,05 7.166.518,23 1,282200 1.012.826.821,03 8.439.885,90 1.015.423.331,73
43 01/06/93 1,00000 5.843.375,20 1.096.265,98 291.945,39 7.231.586,56 1,286800 1.306.646.743,27 10.888.287,31 1.311.691.655,39
44 01/07/93 2,01824 11.793.330,03 2.212.527,19 379.762,56 14.385.619,78 1,300800 1.706.248.505,33 14.218.168,79 1.708.673.344,10
45 01/08/93 1,19873 14.137,02 2.652,22 495,10 17.284,34 1,303700 2.227.597,44 18.562,57 2.232.022,99
46 01/09/93 1,22041 17.252,96 3.236,80 660,16 21.149,92 1,333400 2.976.179,45 24.800,50 2.983.727,00
47 01/10/93 1,21870 21.026,18 3.944,69 888,71 25.859,58 1,346200 4.016.693,28 33.471,11 4.029.138,20
48 01/11/93 1,61864 34.033,76 6.385,02 1.213,36 41.632,13 1,365300 5.500.982,39 45.839,69 5.512.788,32
49 01/12/93 1,24700 42.440,10 7.962,12 1.652,10 52.054,32 1,361600 7.506.212,58 62.549,27 7.526.321,75
50 01/01/94 1,24530 52.850,65 9.915,22 2.260,08 65.025,95 1,368000 10.296.008,15 85.796,64 10.328.954,14
51 01/02/94 1,25300 66.221,87 12.423,78 3.196,66 81.842,30 1,414400 14.609.272,73 121.739,07 14.664.789,93
52 01/03/94 1,63628 108.357,46 20.328,76 4.470,84 133.157,07 1,398600 20.510.175,20 170.911,29 20.572.729,03
53 01/04/94 1,33210 144.342,98 27.079,95 6.341,89 177.764,81 1,418500 29.182.416,13 243.177,07 29.281.250,23
54 01/05/94 1,40275 202.476,65 37.986,31 9.257,26 249.720,22 1,459700 42.741.840,96 356.167,76 42.895.532,07
55 01/06/94 1,44928 293.445,96 55.052,91 13.556,33 362.055,20 1,464400 62.816.217,16 523.447,54 63.046.218,73
56 01/07/94 1,39335 148,68 27,89 7,24 183,82 1,468754 33.672,49 280,59 33.804,40
57 01/08/94 1,49077 221,65 41,58 7,60 270,84 1,050262 35.503,47 295,85 35.577,67
58 01/09/94 1,00000 221,65 41,58 7,77 271,00 1,021312 36.335,90 302,79 36.417,04
59 01/10/94 1,00000 221,65 41,58 7,96 271,19 1,024391 37.305,28 310,86 37.394,50
60 01/11/94 1,00000 221,65 41,58 8,16 271,39 1,025551 38.349,97 319,57 38.447,89
61 01/12/94 1,00000 221,65 41,58 8,40 271,63 1,029210 39.570,95 329,74 39.679,04

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Anexo 4 - Evolução do Financiamento
Critérios estabelecidos no contrato mas não contem 15% de CES porque não foi contratado

TAC - Taxa Índices


Reajuste Adminis - aplicados Saldo anterior
Nro Vcto Prestação Seguros Encargo Juros Saldo atualizado
Salarial tração ao saldo atualizado
Crédito devedor

62 01/01/95 1,00000 221,65 41,58 8,64 271,87 1,028731 40.819,06 340,15 40.937,56
63 01/02/95 1,00000 221,65 41,58 8,82 272,05 1,021013 41.797,78 348,30 41.924,43
64 01/03/95 1,22070 270,57 50,76 8,98 330,31 1,018531 42.701,33 355,83 42.786,60
65 01/04/95 1,00000 270,57 50,76 9,19 330,52 1,022998 43.770,60 364,74 43.864,78
66 01/05/95 1,00000 270,57 50,76 9,51 330,84 1,034667 45.385,44 378,20 45.493,07
67 01/06/95 1,00000 270,57 50,76 9,82 331,15 1,032471 46.970,27 391,40 47.091,11
68 01/07/95 1,00000 270,57 50,76 10,10 331,43 1,028863 48.450,30 403,74 48.583,47
69 01/08/95 1,00000 270,57 50,76 10,39 331,72 1,028461 49.966,20 416,37 50.112,00
70 01/09/95 1,00000 270,57 50,76 10,66 331,99 1,026045 51.417,17 428,46 51.575,06
71 01/10/95 1,00000 270,57 50,76 10,87 332,19 1,019393 52.575,26 438,11 52.742,80
72 01/11/95 1,00000 270,57 50,76 11,05 332,37 1,016540 53.615,16 446,78 53.791,37
73 01/12/95 1,00000 270,57 50,76 11,20 332,53 1,014387 54.565,27 454,69 54.749,39
74 01/01/96 1,00000 270,57 50,76 11,35 332,68 1,013400 55.483,03 462,34 55.674,81
75 01/02/96 1,00000 270,57 50,76 11,50 332,82 1,012526 56.372,19 469,75 56.571,37
76 01/03/96 1,24000 335,50 62,94 11,61 410,05 1,009625 57.115,87 475,95 57.256,31
77 01/04/96 1,00000 335,50 62,94 11,70 410,15 1,008139 57.722,32 481,00 57.867,82
78 01/05/96 1,00000 335,50 62,94 11,78 410,23 1,006597 58.249,57 485,39 58.399,46
79 01/06/96 1,00000 335,50 62,94 11,85 410,30 1,005888 58.743,32 489,51 58.897,33
80 01/07/96 1,00000 335,50 62,94 11,92 410,37 1,006099 59.256,54 493,78 59.414,82
81 01/08/96 1,00000 335,50 62,94 11,99 410,44 1,005851 59.762,46 498,00 59.924,95
82 01/09/96 1,00000 335,50 62,94 12,07 410,51 1,006275 60.300,98 502,49 60.467,97
83 01/10/96 1,00000 335,50 62,94 12,15 410,59 1,006620 60.868,27 507,22 61.039,98
84 01/11/96 1,00000 335,50 62,94 12,24 410,68 1,007419 61.492,83 512,42 61.669,75
85 01/12/96 1,00000 335,50 62,94 12,34 410,78 1,008146 62.172,11 518,08 62.354,69
86 01/01/97 1,00000 335,50 62,94 12,44 410,89 1,008717 62.898,23 524,13 63.086,86
87 01/02/97 1,00000 335,50 62,94 12,54 410,98 1,007440 63.556,23 529,61 63.750,34
88 01/03/97 1,00000 335,50 62,94 12,62 411,06 1,006616 64.172,11 534,75 64.371,35
89 01/04/97 1,12000 375,76 70,50 12,70 458,96 1,006316 64.777,92 539,79 64.941,95
90 01/05/97 1,00000 375,76 70,50 12,78 459,04 1,006211 65.345,31 544,52 65.514,07
91 01/06/97 1,00000 375,76 70,50 12,86 459,12 1,006354 65.930,34 549,40 66.103,98
92 01/07/97 1,00000 375,76 70,50 12,94 459,20 1,006535 66.535,97 554,44 66.714,65

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Anexo 4 - Evolução do Financiamento
Critérios estabelecidos no contrato mas não contem 15% de CES porque não foi contratado

TAC - Taxa Índices


Reajuste Adminis - aplicados Saldo anterior
Nro Vcto Prestação Seguros Encargo Juros Saldo atualizado
Salarial tração ao saldo atualizado
Crédito devedor

93 01/08/97 1,00000 375,76 70,50 13,03 459,29 1,006580 67.153,63 559,59 67.337,46
94 01/09/97 1,00000 375,76 70,50 13,11 459,37 1,006270 67.759,66 564,64 67.948,54
95 01/10/97 1,00000 375,76 70,50 13,19 459,45 1,006474 68.388,44 569,88 68.582,55
96 01/11/97 1,00000 375,76 70,50 13,28 459,54 1,006553 69.031,98 575,24 69.231,46
97 01/12/97 1,00000 375,76 70,50 13,48 459,74 1,015334 70.293,05 585,75 70.503,04
98 01/01/98 1,00000 375,76 70,50 13,66 459,92 1,013085 71.425,57 595,19 71.645,00
99 01/02/98 1,00000 375,76 70,50 13,82 460,08 1,011459 72.465,98 603,86 72.694,07
100 01/03/98 1,05000 394,55 74,02 13,88 482,45 1,004461 73.018,36 608,46 73.232,27
101 01/04/98 1,00000 394,55 74,02 14,00 482,58 1,008995 73.890,99 615,73 74.112,18
102 01/05/98 1,00000 394,55 74,02 14,07 482,64 1,004720 74.461,99 620,49 74.687,93
103 01/06/98 1,00000 394,55 74,02 14,13 482,71 1,004543 75.027,23 625,20 75.257,88
104 01/07/98 1,00000 394,55 74,02 14,20 482,78 1,004913 75.627,62 630,20 75.863,28
105 01/08/98 1,00000 394,55 74,02 14,28 482,85 1,005503 76.280,75 635,65 76.521,85
106 01/09/98 1,00000 394,55 74,02 14,33 482,91 1,003749 76.808,73 640,05 77.054,22
107 01/10/98 1,00000 394,55 74,02 14,40 482,97 1,004512 77.401,89 644,99 77.652,33
108 01/11/98 1,00000 394,55 74,02 14,53 483,10 1,008892 78.342,81 652,83 78.601,09
109 01/12/98 1,00000 394,55 74,02 14,62 483,19 1,006136 79.083,39 659,00 79.347,84
110 01/01/99 1,00000 394,55 74,02 14,72 483,30 1,007434 79.937,71 666,12 80.209,28
111 01/02/99 1,00000 394,55 74,02 14,80 483,37 1,005163 80.623,40 671,83 80.900,68
112 01/03/99 1,01780 401,58 75,34 14,92 491,84 1,008298 81.572,00 679,74 81.850,16
113 01/04/99 1,00000 401,58 75,34 15,10 492,01 1,011614 82.800,77 689,98 83.089,17
114 01/05/99 1,00000 401,58 75,34 15,19 492,10 1,006092 83.595,35 696,60 83.890,38
115 01/06/99 1,00000 401,58 75,34 15,28 492,19 1,005761 84.373,67 703,09 84.675,18
116 01/07/99 1,00000 401,58 75,34 15,32 492,24 1,003108 84.938,35 707,79 85.244,57
117 01/08/99 1,00000 401,58 75,34 15,37 492,28 1,002933 85.494,59 712,43 85.805,44
118 01/09/99 1,00000 401,58 75,34 15,41 492,33 1,002945 86.058,14 717,12 86.373,68
119 01/10/99 1,00000 401,58 75,34 15,46 492,37 1,002715 86.608,19 721,71 86.928,32
120 01/11/99 1,00000 401,58 75,34 15,49 492,41 1,002265 87.125,21 726,01 87.449,65
121 01/12/99 1,00000 401,58 75,34 15,52 492,44 1,001998 87.624,38 730,17 87.952,98
122 01/01/00 1,00000 401,58 75,34 15,57 492,48 1,002998 88.216,66 735,11 88.550,19
123 01/02/00 1,00000 401,58 75,34 15,60 492,52 1,002149 88.740,49 739,47 89.078,39

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Anexo 4 - Evolução do Financiamento
Critérios estabelecidos no contrato mas não contem 15% de CES porque não foi contratado

TAC - Taxa Índices


Reajuste Adminis - aplicados Saldo anterior
Nro Vcto Prestação Seguros Encargo Juros Saldo atualizado
Salarial tração ao saldo atualizado
Crédito devedor

124 01/03/00 1,10000 441,73 82,87 15,64 540,24 1,002328 89.285,76 744,02 89.588,05
125 01/04/00 1,00000 441,73 62,96 15,67 520,37 1,002242 89.788,90 748,21 90.095,38
126 01/05/00 1,00000 441,73 62,96 15,69 520,39 1,001301 90.212,60 751,74 90.522,60
127 01/06/00 1,00000 441,73 62,96 15,73 520,43 1,002492 90.748,19 756,20 91.062,66
128 01/07/00 1,00000 441,73 62,96 15,77 520,46 1,002140 91.257,53 760,45 91.576,25
129 01/08/00 1,00000 441,73 62,96 15,79 520,49 1,001547 91.717,92 764,29 92.040,47
130 01/09/00 1,00000 441,73 62,96 15,82 520,52 1,002025 92.226,85 768,53 92.553,65
131 01/10/00 1,00000 441,73 62,96 15,84 520,54 1,001038 92.649,72 772,05 92.980,03
132 01/11/00 1,00000 441,73 62,96 15,86 520,56 1,001316 93.102,40 775,82 93.436,49
133 01/12/00 1,00000 441,73 62,96 15,88 520,58 1,001197 93.548,33 779,54 93.886,13
134 01/01/01 1,00000 441,73 62,96 15,89 520,59 1,000991 93.979,18 783,13 94.320,57

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ANEXO Nº 01
Apuração da Prestação Mensal para atender duas teses jurídicas: (a) descontar a parcela antes de atualizar o saldo devedor; e
(b) proceder à capitalização dos juros em base anual

Valor do Financiamento NCz$ 5.000.000,00 Prazo de amortização 180 meses


Taxa anual nominal 10,50% ou 0,875% ao mês Valor da prestação inicial NCz$ 55.269,95
Taxa anual efetiva 11,02% ou 12 Valor inicial dos seguros NCz$ 10.970,50
1,00875

Prestação
Juros Saldo Devedor
Maturação Mensal
acumulados a Principal atualizado Saldo Principal + Seguro VALOR DO
n.º Venci - Índice Saldo atualizado mensal dos atualizada pelo
apropriar após deduzir a Juros no final do atualizado pelo ENCARGO
meses mento INPC pelo INPC juros = 11,02% INPC deduzida
anualmente ao prestação mensal ano INPC MENSAL
ao ano do saldo antes
saldo devedor atualizada
de atualizá-lo

d = (d anterior - g
a b c e = d * 0,00875 f = f anterior + e g = g anterior * c h = d-g i = f+h j = j anterior * c k = g+j
anterior) * c
0 06/12/1990 0 5.000.000,00 55.269,95 5.000.000,00 10.970,50 66.240,45
1 06/01/1991 1,19390 5.903.513,21 51.655,74 51.655,74 65.986,79 5.837.526,41 13.097,68 79.084,47
2 06/02/1991 1,18479 6.916.242,92 60.517,13 112.172,87 78.180,49 6.838.062,43 15.518,00 93.698,49
3 06/03/1991 1,20200 8.219.351,04 71.919,32 184.092,19 93.972,95 8.125.378,08 18.652,64 112.625,59
4 06/04/1991 1,11790 9.083.360,16 79.479,40 263.571,59 105.052,36 8.978.307,80 20.851,78 125.904,15
5 06/05/1991 1,05010 9.428.121,02 82.496,06 346.067,65 110.315,49 9.317.805,53 21.896,46 132.211,94
6 06/06/1991 1,06680 9.940.234,94 86.977,06 433.044,70 117.684,56 9.822.550,38 23.359,14 141.043,70
7 06/07/1991 1,10830 10.886.332,58 95.255,41 528.300,11 130.429,80 10.755.902,79 25.888,93 156.318,73
8 06/08/1991 1,12140 12.061.669,38 105.539,61 633.839,72 146.263,98 11.915.405,41 29.031,85 175.295,83
9 06/09/1991 1,15620 13.776.591,73 120.545,18 754.384,90 169.110,41 13.607.481,32 33.566,63 202.677,04
10 06/10/1991 1,15620 15.732.969,90 137.663,49 892.048,39 195.525,46 15.537.444,45 38.809,73 234.335,19
11 06/11/1991 1,21080 18.812.737,74 164.611,46 1.056.659,84 236.742,22 18.575.995,51 46.990,83 283.733,05
12 06/12/1991 1,26480 23.494.919,12 205.580,54 1.262.240,38 299.431,56 23.195.487,56 24.457.727,94 59.434,00 358.865,56
Novo ano 23.195.487,56 299.431,56 59.434,00 358.865,56
13 06/01/1992 1,24150 28.797.197,81 251.975,48 251.975,48 371.744,28 28.425.453,52 73.787,31 445.531,59
14 06/02/1992 1,25920 35.793.331,08 313.191,65 565.167,13 468.100,40 35.325.230,68 92.912,98 561.013,38
15 06/03/1992 1,24480 43.972.847,15 384.762,41 949.929,54 582.691,38 43.390.155,77 115.658,08 698.349,46
16 06/04/1992 1,21620 52.771.107,45 461.747,19 1.411.676,73 708.669,25 52.062.438,19 140.663,36 849.332,61
17 06/05/1992 1,20840 62.912.250,31 550.482,19 1.962.158,92 856.355,93 62.055.894,39 169.977,60 1.026.333,53
18 06/06/1992 1,24500 77.259.588,51 676.021,40 2.638.180,32 1.066.163,13 76.193.425,39 211.622,11 1.277.785,24
19 06/07/1992 1,20850 92.079.754,58 805.697,85 3.443.878,17 1.288.458,14 90.791.296,44 255.745,32 1.544.203,46
20 06/08/1992 1,22080 110.838.014,70 969.832,63 4.413.710,80 1.572.949,70 109.265.065,00 312.213,89 1.885.163,59
21 06/09/1992 1,22380 133.718.586,55 1.170.037,63 5.583.748,43 1.924.975,84 131.793.610,71 382.087,36 2.307.063,20
22 06/10/1992 1,23980 163.397.718,55 1.429.730,04 7.013.478,47 2.386.585,04 161.011.133,51 473.711,91 2.860.296,95

1 de 2
Prestação
Juros Saldo Devedor
Maturação Mensal
acumulados a Principal atualizado Saldo Principal + Seguro VALOR DO
n.º Venci - Índice Saldo atualizado mensal dos atualizada pelo
apropriar após deduzir a Juros no final do atualizado pelo ENCARGO
meses mento INPC pelo INPC juros = 11,02% INPC deduzida
anualmente ao prestação mensal ano INPC MENSAL
ao ano do saldo antes
saldo devedor atualizada
de atualizá-lo

d = (d anterior - g
a b c e = d * 0,00875 f = f anterior + e g = g anterior * c h = d-g i = f+h j = j anterior * c k = g+j
anterior) * c
23 06/11/1992 1,26070 202.986.736,02 1.776.133,94 8.789.612,41 3.008.767,77 199.977.968,25 597.208,60 3.605.976,37
24 06/12/1992 1,22890 245.752.925,18 2.150.338,10 10.939.950,51 3.697.474,71 242.055.450,47 252.995.400,98 733.909,65 4.431.384,36
Novo ano 252.995.400,98 3.697.474,71 733.909,65 4.431.384,36
25 06/01/1993 1,25580 317.711.624,55 2.779.976,71 2.779.976,71 4.643.288,74 313.068.335,81 921.643,74 5.564.932,48
26 06/02/1993 1,28700 402.918.948,19 3.525.540,80 6.305.517,51 5.975.912,61 396.943.035,58 1.186.155,49 7.162.068,10
27 06/03/1993 1,24790 495.345.214,10 4.334.270,62 10.639.788,13 7.457.341,35 487.887.872,75 1.480.203,44 8.937.544,78
28 06/04/1993 1,27580 622.447.348,06 5.446.414,30 16.086.202,43 9.514.076,09 612.933.271,97 1.888.443,55 11.402.519,63
29 06/05/1993 1,28370 786.822.441,23 6.884.696,36 22.970.898,79 12.213.219,47 774.609.221,75 2.424.194,98 14.637.414,45
30 06/06/1993 1,26780 982.049.571,34 8.592.933,75 31.563.832,54 15.483.919,65 966.565.651,69 3.073.394,40 18.557.314,05
31 06/07/1993 1,30370 1.260.111.640,10 11.025.976,85 42.589.809,39 20.186.386,05 1.239.925.254,06 4.006.784,27 24.193.170,32
32 06/08/1993 1,31010 1.624.426,08 14.213,73 56.803,54 26.446,18 1.597.979,89 5.249,29 31.695,47
33 06/09/1993 1,33340 2.130.746,39 18.644,03 75.447,57 35.263,34 2.095.483,04 6.999,40 42.262,74
34 06/10/1993 1,35630 2.842.103,65 24.868,41 100.315,98 47.827,67 2.794.275,98 9.493,29 57.320,96
35 06/11/1993 1,34120 3.747.682,95 32.792,23 133.108,20 64.146,47 3.683.536,47 12.732,40 76.878,87
36 06/12/1993 1,36000 5.009.609,61 43.834,08 176.942,29 87.239,20 4.922.370,40 5.099.312,69 17.316,06 104.555,26

E assim sucessivamente.

NOTA: O ato de deduzir a parcela paga antes de atualizar o saldo devedor e o ato de capitalizar os juros anualmente, contrariam as cláusulas contratadas
pelo mutuário com o SFH / CEF. Este procedimento, que tem amparo nas nossas leis, gera vantagem financeira para o mutuário e contraria as técnicas
de cálculo preconizadas pelo Método Francês de Amortização e o Método da Tabela Price, ou seja, em parcelas de valor constante, do começo ao fim
do período contratado.

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2ª VARA
PROCESSO nº. 000 APÊNDICE "C2"
Classe-Assunto: Execução de Título Extrajudicial - SFH
Autora: Caixa – PREVI
Ré: M. Aparecida
Critérios aplicados ao saldo devedor na fase da inadimplência, por favor, veja condições do
contrato ao fim desta planilha.

Juros
Índice de Correção remune - F.Q.M. de
Data de Nº pres - Saldo Devedor
Correção do Monetária ratórios 1% ao ano
Referência tação Atualizado
SD Mensal mensais de sobre SD
8% a. a.

Saldo Devedor (SD) anterior depois de


01/03/03 65.314,45
quitar 101 parcelas
01/04/03 102 0,278069 181,62 65.496,07 435,43 54,58
01/05/03 103 0,309039 202,41 65.698,48 436,64 54,75
01/06/03 104 0,276872 181,90 65.880,38 437,99 54,90
01/07/03 105 0,363204 239,28 66.119,66 439,20 55,10
01/08/03 106 0,268365 177,44 66.297,10 440,80 55,25
01/09/03 107 0,223571 148,22 66.445,32 441,98 55,37
01/10/03 108 0,213535 141,88 66.587,21 442,97 55,49
INCORPORAÇÃO JUROS E FQM 70.047,65 3.075,01 385,44
01/11/03 109 0,118032 82,68 70.130,33 466,98 58,44
01/12/03 110 0,126207 88,51 70.218,84 467,54 58,52
01/01/04 111 0,085068 59,73 70.278,58 468,13 58,57
01/02/04 112 0,030438 21,39 70.299,97 468,52 58,58
01/03/04 113 0,118165 83,07 70.383,04 468,67 58,65
01/04/04 114 0,058086 40,88 70.423,92 469,22 58,69
01/05/04 115 0,102747 72,36 70.496,28 469,49 58,75
01/06/04 116 0,117036 82,51 70.578,78 469,98 58,82
01/07/04 117 0,129729 91,56 70.670,35 470,53 58,89
01/08/04 118 0,133252 94,17 70.764,52 471,14 58,97
01/09/04 119 0,114842 81,27 70.845,78 471,76 59,04
01/10/04 120 0,073637 52,17 70.897,95 472,31 59,08
INCORPORAÇÃO JUROS E FQM 77.237,20 5.634,25 704,99
01/11/04 121 0,076163 58,83 77.296,02 514,91 64,41
01/12/04 122 0,159504 123,29 77.419,31 515,31 64,52
01/01/05 123 0,188000 145,55 77.564,86 516,13 64,64
01/02/05 124 0,096200 74,62 77.639,48 517,10 64,70
01/03/05 125 0,263500 204,58 77.844,06 517,60 64,87
01/04/05 126 0,200300 155,92 77.999,98 518,96 65,00
01/05/05 127 0,252700 197,11 78.197,09 520,00 65,16
01/06/05 128 0,299300 234,04 78.431,13 521,31 65,36
01/07/05 129 0,257500 201,96 78.633,09 522,87 65,53
01/08/05 130 0,346600 272,54 78.905,63 524,22 65,75
01/09/05 131 0,263700 208,07 79.113,71 526,04 65,93
01/10/05 132 0,210000 166,14 79.279,84 527,42 66,07
INCORPORAÇÃO JUROS E FQM 86.303,66 6.241,88 781,94
01/11/05 133 0,192900 166,48 86.470,14 575,36 72,06
01/12/05 134 0,226900 196,20 86.666,34 576,47 72,22
01/01/06 135 0,232600 201,59 86.867,92 577,78 72,39
01/02/06 136 0,072500 62,98 86.930,90 579,12 72,44
01/03/06 137 0,207300 180,21 87.111,11 579,54 72,59
01/04/06 138 0,085500 74,48 87.185,59 580,74 72,65
01/05/06 139 0,188800 164,61 87.350,20 581,24 72,79

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2ª VARA
PROCESSO nº. 000 APÊNDICE "C2"
Classe-Assunto: Execução de Título Extrajudicial - SFH
Autora: Caixa – PREVI
Ré: M. Aparecida
Critérios aplicados ao saldo devedor na fase da inadimplência, por favor, veja condições do
contrato ao fim desta planilha.

Juros
Índice de Correção remune - F.Q.M. de
Data de Nº pres - Saldo Devedor
Correção do Monetária ratórios 1% ao ano
Referência tação Atualizado
SD Mensal mensais de sobre SD
8% a. a.

01/06/06 140 0,193700 169,20 87.519,40 582,33 72,93


01/07/06 141 0,175100 153,25 87.672,64 583,46 73,06
01/08/06 142 0,243600 213,57 87.886,21 584,48 73,24
01/09/06 143 0,152100 133,67 88.019,89 585,91 73,35
01/10/06 144 0,187500 165,04 88.184,92 586,80 73,49
INCORPORAÇÃO JUROS E FQM 96.031,37 6.973,23 873,22
01/11/06 145 0,128200 123,11 96.154,48 640,21 80,13
01/12/06 146 0,152200 146,35 96.300,83 641,03 80,25
01/01/07 147 0,218900 210,80 96.511,63 642,01 80,43
01/02/07 148 0,072100 69,58 96.581,22 643,41 80,48
01/03/07 149 0,187600 181,19 96.762,41 643,87 80,64
01/04/07 150 0,127200 123,08 96.885,49 645,08 80,74
01/05/07 151 0,168900 163,64 97.049,13 645,90 80,87
01/06/07 152 0,095540 92,72 97.141,85 646,99 80,95
01/07/07 153 0,146900 142,70 97.284,55 647,61 81,07
01/08/07 154 0,146600 142,62 97.427,17 648,56 81,19
01/09/07 155 0,035200 34,29 97.461,46 649,51 81,22
01/10/07 156 0,114200 111,30 97.572,76 649,74 81,31
INCORPORAÇÃO JUROS E FQM 106.285,99 7.743,94 969,28
01/11/07 157 0,059000 62,71 106.348,69 708,57 88,62
01/12/07 158 0,064000 68,06 106.416,76 708,99 88,68
01/01/08 159 0,101000 107,48 106.524,24 709,45 88,77
01/02/08 160 0,024300 25,89 106.550,12 710,16 88,79
01/03/08 161 0,040900 43,58 106.593,70 710,33 88,83
01/04/08 162 0,095500 101,80 106.695,50 710,62 88,91
01/05/08 163 0,073600 78,53 106.774,03 711,30 88,98
01/06/08 164 0,114600 122,36 106.896,39 711,83 89,08
01/07/08 165 0,191400 204,60 107.100,99 712,64 89,25
01/08/08 166 0,157400 168,58 107.269,57 714,01 89,39
01/09/08 167 0,197000 211,32 107.480,89 715,13 89,57
01/10/08 168 0,250600 269,35 107.750,23 716,54 89,79
INCORPORAÇÃO JUROS E FQM 117.358,48 8.539,58 1.068,67
01/11/08 169 0,161800 189,89 117.548,37 782,39 97,96
01/12/08 170 0,214900 252,61 117.800,98 783,66 98,17
01/01/09 171 0,184000 216,75 118.017,73 785,34 98,35
01/02/09 172 0,045100 53,23 118.070,96 786,78 98,39
01/03/09 173 0,143800 169,79 118.240,74 787,14 98,53
01/04/09 174 0,045400 53,68 118.294,43 788,27 98,58
01/05/09 175 0,044900 53,11 118.347,54 788,63 98,62
01/06/09 176 0,065600 77,64 118.425,18 788,98 98,69
01/07/09 177 0,105100 124,46 118.549,64 789,50 98,79
01/08/09 178 0,019700 23,35 118.573,00 790,33 98,81
01/09/09 179 0,000000 - 118.573,00 790,49 98,81

2 de 4
2ª VARA
PROCESSO nº. 000 APÊNDICE "C2"
Classe-Assunto: Execução de Título Extrajudicial - SFH
Autora: Caixa – PREVI
Ré: M. Aparecida
Critérios aplicados ao saldo devedor na fase da inadimplência, por favor, veja condições do
contrato ao fim desta planilha.

Juros
Índice de Correção remune - F.Q.M. de
Data de Nº pres - Saldo Devedor
Correção do Monetária ratórios 1% ao ano
Referência tação Atualizado
SD Mensal mensais de sobre SD
8% a. a.

01/10/09 180 0,000000 - 118.573,00 790,49 98,81


INCORPORAÇÃO JUROS E FQM 129.207,51 9.452,00 1.182,51
01/11/09 181 0,000000 - 129.207,51 861,38 107,67
01/12/09 182 0,053300 68,87 129.276,38 861,38 107,73
01/01/10 183 0,000000 - 129.276,38 861,84 107,73
01/02/10 184 0,000000 - 129.276,38 861,84 107,73
01/03/10 185 0,079200 102,39 129.378,76 861,84 107,82
01/04/10 186 0,000000 - 129.378,76 862,53 107,82
01/05/10 187 0,051000 65,98 129.444,75 862,53 107,87
01/06/10 188 0,058900 76,24 129.520,99 862,96 107,93
01/07/10 189 0,115100 149,08 129.670,07 863,47 108,06
01/08/10 190 0,090900 117,87 129.787,94 864,47 108,16
01/09/10 191 0,070200 91,11 129.879,05 865,25 108,23
01/10/10 192 0,047200 61,30 129.940,35 865,86 108,28
INCORPORAÇÃO JUROS E FQM 141.590,75 10.355,36 1.295,03
01/11/10 193 0,033600 47,57 141.638,32 943,94 118,03
01/12/10 194 0,140600 199,14 141.837,46 944,26 118,20
01/01/11 195 0,071500 101,41 141.938,88 945,58 118,28
01/02/11 196 0,052400 74,38 142.013,25 946,26 118,34
01/03/11 197 0,121200 172,12 142.185,37 946,76 118,49
01/04/11 198 0,036900 52,47 142.237,84 947,90 118,53
01/05/11 199 0,157000 223,31 142.461,15 948,25 118,72
01/06/11 200 0,111400 158,70 142.619,85 949,74 118,85
01/07/11 201 0,122900 175,28 142.795,13 950,80 119,00
01/08/11 202 0,207600 296,44 143.091,58 951,97 119,24
01/09/11 203 0,100300 143,52 143.235,10 953,94 119,36
01/10/11 204 0,062000 88,81 143.323,90 954,90 119,44
INCORPORAÇÃO JUROS E FQM 156.132,68 11.384,30 1.424,48
01/11/11 205 0,064500 100,71 156.233,39 1.040,88 130,19
01/12/11 206 0,093700 146,39 156.379,78 1.041,56 130,32
01/01/12 207 0,086400 135,11 156.514,89 1.042,53 130,43
01/02/12 208 0,000000 - 156.514,89 1.043,43 130,43
01/03/12 209 0,106800 167,16 156.682,05 1.043,43 130,57
01/04/12 210 0,022700 35,57 156.717,62 1.044,55 130,60
01/05/12 211 0,046800 73,34 156.790,96 1.044,78 130,66
01/06/12 212 0,000000 - 156.790,96 1.045,27 130,66
01/07/12 213 0,014400 22,58 156.813,54 1.045,27 130,68
01/08/12 214 0,012300 19,29 156.832,83 1.045,42 130,69
01/09/12 215 0,000000 - 156.832,83 1.045,55 130,69
01/10/12 216 0,000000 - 156.832,83 1.045,55 130,69
INCORPORAÇÃO JUROS E FQM 170.927,68 12.528,24 1.566,61
01/11/12 217 0,000000 - 170.927,68 1.139,52 142,44
01/12/12 218 0,000000 - 170.927,68 1.139,52 142,44

3 de 4
2ª VARA
PROCESSO nº. 000 APÊNDICE "C2"
Classe-Assunto: Execução de Título Extrajudicial - SFH
Autora: Caixa – PREVI
Ré: M. Aparecida
Critérios aplicados ao saldo devedor na fase da inadimplência, por favor, veja condições do
contrato ao fim desta planilha.

Juros
Índice de Correção remune - F.Q.M. de
Data de Nº pres - Saldo Devedor
Correção do Monetária ratórios 1% ao ano
Referência tação Atualizado
SD Mensal mensais de sobre SD
8% a. a.

01/01/13 219 0,000000 - 170.927,68 1.139,52 142,44


01/02/13 220 0,000000 - 170.927,68 1.139,52 142,44
01/03/13 221 0,000000 - 170.927,68 1.139,52 142,44
01/04/13 222 0,000000 - 170.927,68 1.139,52 142,44
01/05/13 223 0,000000 - 170.927,68 1.139,52 142,44
01/06/13 224 0,000000 - 170.927,68 1.139,52 142,44
SALDO DEVEDOR 181.183,34 9.116,14 1.139,52
Juros de Mora de 1% ano ao (10,17 anos) 18.426,35
SOMA 199.609,69
Pena Convencional (multa de 10%) 19.960,97
SALDO DEVEDOR com encargos inadimplência 219.570,66

1) Correção monetária conforme índice previsto no Regulamento da Carteira Imobiliária da PREVI e no


contrato, ou seja: o mesmo que atualizou (e atualiza) os depósitos em Cadernetas de Poupança = TR
(Taxa Referencial).
2) Juros de mora de 1% ao ano calculados sobre o montante inadimplido.

3) Pena convencional (multa) de 10% sobre o montante do débito, inclusive acessórios, mais custas e
honorários de advogado.

4) O V. Acórdão determinou que cada parte arque com as despesas do processo e honorários dos
respectivos advogados.

FQM = Fundo de Quitação por Morte.

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2ª VARA
PROCESSO nº. 000 APÊNDICE "C1"
Classe-Assunto: Execução de Título Extrajudicial - SFH
Requerente: Caixa – PREVI
Requerida: M. Aparecida
Por favor, veja condições do contrato e critérios de cálculo ao fim desta planilha.
Informações da PREVI
Variação F.Q.M. Correção Saldo Índice de
Data de Nº pres - Valores Amorti - Juros Acumu - F.Q.M. de
da Juros Acumulado Monetária Devedor Correção do % da TR TR (fator)
Referência tação pagos zação do SD lados 1% ao ano
prestação no ano Mensal Atualizado SD

27.10.1994 - - - - - - - 64.948,97 -
31.10.1994 0 0,00% 0,00 0,00 43,43 43,43 0,00 0,00 202,34 65.151,31 0,00% 9,40%
01.11.1994 1 0,00% 528,72 528,72 325,76 369,19 54,34 54,34 54,71 64.677,30 0,08% 2,55%
01.12.1994 2 0,00% 528,72 528,72 323,39 692,58 55,47 111,40 1.888,58 66.037,16 2,92% 2,92%
02.01.1995 3 0,00% 528,72 528,72 330,19 1.022,76 56,61 171,20 1.895,27 67.403,71 2,87% 2,87%
01.02.1995 4 0,00% 528,72 528,72 337,02 1.359,78 57,38 232,26 1.449,18 68.324,17 2,15% 2,1500%
01.03.1995 5 6,00% 560,44 560,44 341,62 1.701,40 57,99 294,55 1.264,00 69.027,72 1,85% 1,8500%
01.04.1995 6 0,00% 560,44 560,44 345,14 2.046,54 58,85 360,17 1.587,64 70.054,92 2,30% 2,3000%
01.05.1995 7 0,00% 560,44 560,44 350,27 2.396,82 60,40 433,07 2.430,91 71.925,39 3,47% 3,4700%
01.06.1995 8 0,00% 560,44 560,44 359,63 2.756,44 61,89 509,03 2.337,58 73.702,52 3,25% 3,2500%
01.07.1995 9 0,00% 560,44 560,44 368,51 3.124,96 63,19 586,94 2.130,00 75.272,09 2,89% 2,8900%
01.08.1995 10 0,00% 560,44 560,44 376,36 3.501,32 64,60 669,09 2.250,64 76.962,28 2,99% 2,9900%
01.09.1995 11 18,90% 666,34 666,34 384,81 3.886,13 65,80 752,29 2.001,02 78.296,96 2,60% 2,6000%
01.10.1995 12 0,00% 666,34 666,34 391,48 4.277,61 66,09 828,08 1.010,03 78.640,65 1,29% 1,2900%
INCORPORAÇÃO JUROS E FQM 4.277,61 828,08 83.746,34 OBS: POR DECISÃO DA DIRETORIA, FOI.
01.11.1995 13 0,00% 666,34 666,34 418,73 4.696,34 70,56 70,56 921,21 84.001,21 1,10% 1,1000% ALTERADA FORMA DE CÁLCULO DA COR -
01.12.1995 14 0,00% 666,34 666,34 420,01 5.116,35 70,67 141,91 806,41 84.141,29 0,96% 0,9600% REÇÃO DO SALDO DEVEDOR, PASSANDO
02.01.1996 15 0,00% 666,34 666,34 420,71 5.537,06 70,74 213,91 748,86 84.223,80 0,89% 0,8900% O ÍNDICE PARA TR.
01.02.1996 16 0,00% 666,34 666,34 421,12 5.958,18 70,77 286,46 699,06 84.256,52 0,83% 0,8300% COMO HAVIA-SE UTILIZADO A TR-CHEIA
01.03.1996 17 0,00% 666,34 666,34 421,28 6.379,46 70,66 358,95 539,24 84.129,42 0,64% 0,6400% PARA O PERÍDO DE SET/95 A FEV/96,
01.04.1996 18 0,00% 666,34 666,34 420,65 6.800,10 70,49 431,38 454,30 83.917,38 0,54% 0,5400% EM SET/96 ATUALIZOU-SE O SALDO
01.05.1996 19 3,36% 688,72 688,72 419,59 7.219,69 70,24 503,51 369,24 83.597,90 0,44% 0,4400% DEVEDOR PELA DIFERENÇA DOS ÍNDICES
01.06.1996 20 0,00% 688,72 688,72 417,99 7.637,68 69,94 575,41 326,03 83.235,21 0,39% 0,3900% ACUMULADOS (0,70%).
01.07.1996 21 0,00% 688,72 688,72 416,18 8.053,86 69,65 647,42 341,26 82.887,75 0,41% 0,4100%
01.08.1996 22 0,00% 688,72 688,72 414,44 8.468,30 69,34 719,29 323,26 82.522,30 0,39% 0,3900%
01.09.1996 23 1,00% 695,60 695,60 412,61 8.880,91 69,06 791,37 346,59 82.173,29 0,42% 0,4200% 1,004200 100,42%
01.10.1996 24 0,00% 695,60 695,60 410,87 9.291,77 68,78 863,63 361,56 81.839,25 0,44% 0,4400% 1,004400 100,86%
INCORPORAÇÃO JUROS E FQM 5.014,16 863,63 87.717,04
01.11.1996 25 0,00% 695,60 695,60 438,59 9.730,36 73,46 73,46 429,81 87.451,25 0,49% 0,4900% 1,004900 101,35%
01.12.1996 26 0,00% 695,60 695,60 437,26 10.167,62 73,27 147,12 472,24 87.227,89 0,54% 0,5400% 1,005400 101,90%

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2ª VARA
PROCESSO nº. 000 APÊNDICE "C1"
Classe-Assunto: Execução de Título Extrajudicial - SFH
Requerente: Caixa – PREVI
Requerida: M. Aparecida
Por favor, veja condições do contrato e critérios de cálculo ao fim desta planilha.
Informações da PREVI
Variação F.Q.M. Correção Saldo Índice de
Data de Nº pres - Valores Amorti - Juros Acumu - F.Q.M. de
da Juros Acumulado Monetária Devedor Correção do % da TR TR (fator)
Referência tação pagos zação do SD lados 1% ao ano
prestação no ano Mensal Atualizado SD

02.01.1997 27 0,00% 695,60 695,60 436,14 10.603,75 73,11 221,09 505,92 87.038,21 0,58% 0,5800% 1,005800 102,48%
01.02.1997 28 0,00% 695,60 695,60 435,19 11.038,95 72,89 295,06 426,49 86.769,10 0,49% 0,4900% 1,004900 102,98%
01.03.1997 29 0,00% 695,60 695,60 433,85 11.472,79 72,63 368,98 381,78 86.455,28 0,44% 0,4400% 1,004400 103,43%
01.04.1997 30 0,00% 695,60 695,60 432,28 11.905,07 72,35 442,88 363,11 86.122,80 0,42% 0,4200% 1,004200 103,86%
01.05.1997 31 0,00% 695,60 695,60 430,61 12.335,68 72,06 516,76 353,10 85.780,30 0,41% 0,4100% 1,004100 104,29%
01.06.1997 32 0,00% 695,60 695,60 428,90 12.764,58 71,78 590,71 360,28 85.444,98 0,42% 0,4200% 1,004200 104,72%
01.07.1997 33 0,00% 695,60 695,60 427,22 13.191,81 71,51 664,76 367,41 85.116,79 0,43% 0,4300% 1,004300 105,16%
01.08.1997 34 0,00% 695,60 695,60 425,58 13.617,39 71,24 738,93 374,51 84.795,70 0,44% 0,4400% 1,004400 105,62%
01.09.1997 35 1,00% 702,55 702,55 423,98 14.041,37 70,96 812,99 356,14 84.449,30 0,4200% 0,4200% 1,004200 100,42%
01.10.1997 36 0,00% 702,55 702,55 422,25 14.463,62 70,68 887,17 363,13 84.109,88 0,43% 0,4300% 1,004300 100,85%
INCORPORAÇÃO JUROS E FQM 5.171,84 886,19 90.167,91
01.11.1997 37 0,00% 702,55 702,55 450,84 14.914,46 75,47 75,47 396,74 89.862,10 0,44% 0,4400% 1,004400 101,29%
01.12.1997 38 0,00% 702,55 702,55 449,31 15.363,77 75,65 151,89 916,59 90.076,14 1,02% 1,0200% 1,010200 102,32%
02.01.1998 39 0,00% 702,55 702,55 450,38 15.814,15 75,72 228,93 783,66 90.157,26 0,87% 0,8700% 1,008700 103,21%
01.02.1998 40 0,00% 702,55 702,55 450,79 16.264,93 75,70 306,37 685,20 90.139,90 0,76% 0,7600% 1,007600 103,99%
01.03.1998 41 0,75% 707,81 707,81 450,70 16.715,63 75,34 382,63 270,42 89.702,51 0,30% 0,3000% 1,003000 104,30%
01.04.1998 42 0,00% 707,81 707,81 448,51 17.164,15 75,20 460,13 538,22 89.532,92 0,60% 0,6000% 1,006000 104,93%
01.05.1998 43 0,00% 707,81 707,81 447,66 17.611,81 74,84 536,39 277,55 89.102,66 0,31% 0,3100% 1,003100 105,25%
01.06.1998 44 0,00% 707,81 707,81 445,51 18.057,32 74,51 612,78 311,86 88.706,71 0,35% 0,3500% 1,003500 105,61%
01.07.1998 45 0,00% 707,81 707,81 443,53 18.500,86 74,17 688,97 292,73 88.291,63 0,33% 0,3300% 1,003300 105,95%
01.08.1998 46 -0,74% 702,55 702,55 441,46 18.942,32 73,81 764,99 282,53 87.871,61 0,32% 0,3200% 1,003200 106,28% 1,0614
01.09.1998 47 1,00% 709,57 709,57 439,36 19.381,67 73,41 840,31 219,68 87.381,72 0,25% 0,2500% 1,002500 100,25%
01.10.1998 48 0,00% 709,57 709,57 436,91 19.818,58 73,04 915,87 262,15 86.934,30 0,30% 0,3000% 1,003000 100,30%
INCORPORAÇÃO JUROS E FQM 5.354,97 914,19 93.203,45
01.11.1998 49 0,00% 709,57 709,57 466,02 20.284,60 78,13 78,13 549,90 93.043,78 0,59% 0,5900% 1,005900 100,89%
01.12.1998 50 0,00% 709,57 709,57 465,22 20.749,82 77,85 156,30 381,48 92.715,69 0,41% 0,4100% 1,004100 101,31%
02.01.1999 51 0,00% 709,57 709,57 463,58 21.213,40 77,64 234,71 454,31 92.460,43 0,49% 0,4900% 1,004900 101,80%
01.02.1999 52 0,00% 709,57 709,57 462,30 21.675,70 77,31 312,82 314,37 92.065,23 0,34% 0,3400% 1,003400 102,15%
01.03.1999 53 0,00% 709,57 709,57 460,33 22.136,03 77,14 391,68 506,36 91.862,01 0,55% 0,5500% 1,005500 102,71%
01.04.1999 54 0,00% 709,57 709,57 459,31 22.595,34 77,14 471,84 707,34 91.859,78 0,77% 0,7700% 1,007700 103,50%

2 de 5
2ª VARA
PROCESSO nº. 000 APÊNDICE "C1"
Classe-Assunto: Execução de Título Extrajudicial - SFH
Requerente: Caixa – PREVI
Requerida: M. Aparecida
Por favor, veja condições do contrato e critérios de cálculo ao fim desta planilha.
Informações da PREVI
Variação F.Q.M. Correção Saldo Índice de
Data de Nº pres - Valores Amorti - Juros Acumu - F.Q.M. de
da Juros Acumulado Monetária Devedor Correção do % da TR TR (fator)
Referência tação pagos zação do SD lados 1% ao ano
prestação no ano Mensal Atualizado SD
01.05.1999 55 13,19% 803,14 803,14 459,30 23.054,63 76,86 550,58 367,44 91.424,08 0,40% 0,4000% 1,004000 103,91%
01.06.1999 56 0,00% 803,14 803,14 457,12 23.511,75 76,48 629,15 347,41 90.968,35 0,38% 0,3800% 1,003800 104,31%
01.07.1999 57 0,00% 803,14 803,14 454,84 23.966,60 75,97 706,44 191,03 90.356,25 0,21% 0,2100% 1,002100 104,53%
01.08.1999 58 0,00% 803,14 803,14 451,78 24.418,38 75,44 783,22 171,68 89.724,78 0,19% 0,1900% 1,001900 104,73%
01.09.1999 59 1,00% 811,17 811,17 448,62 24.867,00 74,91 859,54 161,86 89.075,48 0,1804% 0,1804% ( EXCLUÍDO ÍNDICE MÊS SET/98)
01.10.1999 60 0,00% 811,17 811,17 445,38 25.312,38 74,34 935,18 134,06 88.398,36 0,1505% 0,1505%
INCORPORAÇÃO JUROS E FQM 5.493,80 933,27 94.825,43
01.11.1999 61 0,00% 811,17 811,17 474,13 25.786,51 73,77 73,77 125,93 87.713,12 0,1328% 0,1328%
01.12.1999 62 0,00% 811,17 811,17 438,57 26.225,07 73,24 147,16 174,72 87.076,68 0,1992% 0,1992%
02.01.2000 63 0,00% 811,17 811,17 435,38 26.660,46 72,67 220,03 124,35 86.389,85 0,1428% 0,1428%
01.02.2000 64 0,00% 811,17 811,17 431,95 27.092,40 72,10 292,48 133,65 85.712,33 0,1547% 0,1547%
01.03.2000 65 0,00% 811,17 811,17 428,56 27.520,97 71,53 364,45 127,71 85.028,87 0,1490% 0,1490%
01.04.2000 66 0,00% 811,17 811,17 425,14 27.946,11 70,92 435,68 73,55 84.291,25 0,0865% 0,0865%
01.05.2000 67 0,00% 811,17 811,17 421,46 28.367,57 70,36 506,76 139,59 83.619,67 0,1656% 0,1656%
01.06.2000 68 0,00% 811,17 811,17 418,10 28.785,67 69,78 577,26 118,91 82.927,40 0,1422% 0,1422%
01.07.2000 69 0,00% 811,17 811,17 414,64 29.200,30 69,18 647,04 85,25 82.201,48 0,1028% 0,1028%
01.08.2000 70 0,00% 811,17 811,17 411,01 29.611,31 68,59 716,50 110,64 81.500,96 0,1346% 0,1346%
01.09.2000 71 2,76% 833,52 833,52 407,50 30.018,81 67,96 784,96 56,24 80.723,67 0,0690% 0,0690%
02.10.2000 72 0,00% 833,52 833,52 403,62 30.422,43 67,33 852,97 70,63 79.960,78 0,0875% 0,0875%
INCORPORAÇÃO JUROS E FQM 5.110,05 850,95 85.921,79
01.11.2000 73 0,00% 833,52 833,52 429,61 30.852,04 71,66 71,66 68,39 79.195,66 0,0796% 0,0796%
01.12.2000 74 0,00% 833,52 833,52 395,98 31.248,02 66,04 137,75 52,19 78.414,33 0,0659% 0,0659%
02.01.2001 75 0,00% 833,52 833,52 392,07 31.640,09 65,40 203,28 71,36 77.652,17 0,0910% 0,0910%
01.02.2001 76 0,00% 833,52 833,52 388,26 32.028,35 64,73 268,05 19,02 76.837,67 0,0245% 0,0245%
01.03.2001 77 0,00% 833,52 833,52 384,19 32.412,54 64,10 332,46 88,06 76.092,21 0,1146% 0,1146%
01.04.2001 78 0,00% 833,52 833,52 380,46 32.793,00 63,48 396,28 78,15 75.336,83 0,1027% 0,1027%
01.05.2001 79 0,00% 833,52 833,52 376,68 33.169,69 62,86 459,62 91,46 74.594,77 0,1214% 0,1214%
01.06.2001 80 0,00% 833,52 833,52 372,97 33.542,66 62,22 522,29 72,28 73.833,53 0,0969% 0,0969%
01.07.2001 81 0,00% 833,52 833,52 369,17 33.911,83 61,63 584,76 119,76 73.119,77 0,1622% 0,1622%
01.08.2001 82 0,00% 833,52 833,52 365,60 34.277,43 61,07 647,17 166,97 72.453,23 0,2284% 0,2284%

3 de 5
2ª VARA
PROCESSO nº. 000 APÊNDICE "C1"
Classe-Assunto: Execução de Título Extrajudicial - SFH
Requerente: Caixa – PREVI
Requerida: M. Aparecida
Por favor, veja condições do contrato e critérios de cálculo ao fim desta planilha.
Informações da PREVI
Variação F.Q.M. Correção Saldo Índice de
Data de Nº pres - Valores Amorti - Juros Acumu - F.Q.M. de
da Juros Acumulado Monetária Devedor Correção do % da TR TR (fator)
Referência tação pagos zação do SD lados 1% ao ano
prestação no ano Mensal Atualizado SD
01.09.2001 83 3,05% 858,92 858,92 362,27 34.639,69 60,44 708,31 78,32 71.672,63 0,1081% 0,1081%
01.10.2001 84 0,00% 858,92 858,92 358,36 34.998,06 59,84 769,53 138,76 70.952,47 0,1936% 0,1936%
INCORPORAÇÃO JUROS E FQM 4.575,62 767,46 76.295,55
01.11.2001 85 0,00% 858,92 858,92 381,48 35.379,53 59,21 59,21 97,73 75.534,36 0,1281% 0,1281%
01.12.2001 86 0,00% 858,92 858,92 377,67 35.757,21 63,03 122,31 99,55 74.775,00 0,1318% 0,1318%
02.01.2002 87 0,00% 858,92 858,92 373,87 36.131,08 62,42 184,95 128,76 74.044,84 0,1722% 0,1722%
01.02.2002 88 0,00% 858,92 858,92 370,22 36.501,30 61,75 246,84 57,61 73.243,53 0,0778% 0,0778%
01.03.2002 89 0,00% 858,92 858,92 366,22 36.867,52 61,11 308,24 85,55 72.470,16 0,1168% 0,1168%
01.04.2002 90 0,00% 858,92 858,92 362,35 37.229,87 60,49 369,21 113,49 71.724,72 0,1566% 0,1566%
01.05.2002 91 0,00% 858,92 858,92 358,62 37.588,50 59,85 429,58 100,20 70.966,00 0,1397% 0,1397%
01.06.2002 92 0,00% 858,92 858,92 354,83 37.943,33 59,20 489,23 74,59 70.181,67 0,1051% 0,1051%
01.07.2002 93 0,00% 858,92 858,92 350,91 38.294,23 58,59 548,68 123,87 69.446,62 0,1765% 0,1765%
01.08.2002 94 0,00% 858,92 858,92 347,23 38.641,47 57,97 607,55 114,51 68.702,21 0,1649% 0,1649%
01.09.2002 95 6,08% 911,14 911,14 343,51 38.984,98 57,33 665,67 89,24 67.880,31 0,1299%
01.10.2002 96 0,00% 911,14 911,14 339,40 39.324,38 56,67 723,56 124,90 67.094,07 0,1840%
INCORPORAÇÃO JUROS E FQM 4.326,32 671,46 72.091,86
01.11.2002 97 0,00% 911,14 911,14 360,46 39.684,84 56,02 55,82 126,67 66.309,60 0,1757%
01.12.2002 98 0,00% 911,14 911,14 331,55 40.016,39 55,39 111,34 159,05 65.557,50 0,2399%
02.01.2003 99 0,00% 911,14 911,14 327,79 40.344,18 54,81 166,51 212,53 64.858,90 0,3242%
01.02.2003 100 0,00% 911,14 911,14 324,29 40.668,47 54,20 221,17 177,42 64.125,18 0,2735%
01.03.2003 101 0,00% 911,14 911,14 320,63 40.989,10 53,57 275,29 161,21 63.375,25 0,2514%
INCORPORAÇÃO JUROS E FQM pro rata 1.664,72 274,49 65.314,45
Última parcela paga SALDO DEVEDOR EM 01/03/2003 65.314,45

Matrícula 7.003.079-0 Total do Financiamento 64.948,97 Índice mês escritura 2,44%


Nome M. OLIVEIRA Prestação Inicial 528,73 Índice mês seguinte escritura 2,55%
Fundo de Liquidez (2%) 0,00 Dias decorridos escritura/final do mês 4
Data Escritura 27.10.1994 Taxa de Juros 6,00 %ªª Nº de dias do mês da escritura 31
Prazo Pagto 240 MESES F.Q.M.(Seguro) 1,00 % ªª Nº de dias do mês seguinte 30
Nº Contrato 631.295 Reajuste "Pro-rata" escritura/final mês 202,34

4 de 5
2ª VARA
PROCESSO nº. 000 APÊNDICE "C1"
Classe-Assunto: Execução de Título Extrajudicial - SFH
Requerente: Caixa – PREVI
Requerida: M. Aparecida
Por favor, veja condições do contrato e critérios de cálculo ao fim desta planilha.
Informações da PREVI
Variação F.Q.M. Correção Saldo Índice de
Data de Nº pres - Valores Amorti - Juros Acumu - F.Q.M. de
da Juros Acumulado Monetária Devedor Correção do % da TR TR (fator)
Referência tação pagos zação do SD lados 1% ao ano
prestação no ano Mensal Atualizado SD
FQM: calculado s/ o saldo devedor + correção monetária e apropriado anualmente. Saldo Devedor final mês escritura 65.151,31
Regime de capitalização dos juros do financiamento: anual sobre saldo devedor. Juros "Pro-rata" de implantação 43,43
Correção Monetária sobre o Saldo Devedor: incorpora-se no último dia de cada mês.

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Objetivo desta tabela: provar que a Tabela Price gera renda adicional ao ente financiador

Exemplo: Valor do empréstimo ou PV 100.000,00


Prazo do financiamento em meses ou n 12
Taxa nominal de juros ao ano 18%
Taxa equivalente (radiciada) de juros ao mês ou i 1,388843%
Valor da prestação mensal ou PMT 9.104,64
Fator de Acumulação de Capital ou FCC 1,01388843

Demonstração
Tx.
Taxa equivalente ao mês ou Fator de
nominal 18% 1,013888
Acumulação de Capital - FCC
a.a.
Caso o
Juros pagos pagamento
Valor da Amortização Renda
no mês. fosse feito,
Período prestação periódica Saldo Mensal do
Renda FCC de uma vez Juros (*)
s mensal = (mensal) do Devedor Financia -
mensal para só, no final, o
PMT capital dor
o financiador mutuário
pagaria
0 100.000,00
12 1 9.104,64 1.388,84 7.715,80 92.284,20 1,163836 10.596,31 1.388,84 227,54
11 2 9.104,64 1.281,68 7.822,96 84.461,25 1,147894 10.451,16 1.281,68 189,55
10 3 9.104,64 1.173,03 7.931,61 76.529,64 1,132170 10.308,00 1.173,03 155,04
9 4 9.104,64 1.062,88 8.041,76 68.487,88 1,116661 10.166,80 1.062,88 124,00
8 5 9.104,64 951,19 8.153,45 60.334,43 1,101365 10.027,53 951,19 96,42
7 6 9.104,64 837,95 8.266,69 52.067,74 1,086278 9.890,17 837,95 72,30
6 7 9.104,64 723,14 8.381,50 43.686,24 1,071398 9.754,69 723,14 51,63
5 8 9.104,64 606,73 8.497,91 35.188,33 1,056722 9.621,07 606,73 34,42
4 9 9.104,64 488,71 8.615,93 26.572,40 1,042247 9.489,28 488,71 20,65
3 10 9.104,64 369,05 8.735,59 17.836,81 1,027970 9.359,29 369,05 10,32
2 11 9.104,64 247,73 8.856,91 8.979,89 1,013888 9.231,09 247,73 3,44
1 12 9.104,64 124,72 8.979,92 (0,03) 1,000000 9.104,64 124,72 -
0
109.255,68 9.255,65 100.000,03 118.000,03 9.255,65 985,30
SOMA capital + juros 118.511,33
Prova:
PV = 100.000,00
i equivalente = 1,388843%
n= 12
Portanto, FV = 118.000,00

(*) Juros adicionais gerados por essa renda aplicando-se a mesma taxa
Objetivo desta tabela: provar que o MGA liquida a dívida em parcelas iguais e
consecutiva, cobrando juros simples e NÃO gera renda adicional ao ente financiador

Exemplo: Valor do empréstimo ou PV 100.000,00


Prazo do financiamento em meses ou n 12
Taxa nominal de juros ao ano ou rendimento total contratado 18%
Taxa proporcional (dividida) de juros ao mês ou i 1,5%

Procedimento do cálculo em 5 passos:


1º passo: cálculo do período n = 12 e n-1 = 11
2º passo: cálculo do índice correspondente a n-1 1+(0,015*11
) 1,165000
3º passo: cálculo do Ponto Médio da série uniforme. {[1+(0,015*11)]+1}/2 =
{[1+0,165]+1}/2 = 2,165/2 =1,082500 1,082500
4º passo: cálculo do capital remunerado: 100.000,00 * (0,015*12) + 100.000,00 =
100.000,00 *0,18 + 100.000,00 = 18.000,00+100.000,00 = 118.000,00. 118.000,00
5º passo: cálculo das parcelas de valor constante: 118.000,00 /(1,082500*12) = Valor da
prestação mensal 9.083,91
6º passo: considerando que o valor da prestação mensal foi obtido de modo inverso ao
que se calcula conforme TP, ou seja, partiu-se do capital já remunerado (FV) de R$
118.000,00; para conhecer o valor da prestação mensal necessária para alcançar, ao final
de 12 pagamentos, esse mesmo valor de R$ 118.000,00, é necessário conhecer as
apropriações periódicas de juros (no caso, apropriações mensais). Para tal propósito é
necessário calcular o Índice de Ponderação da soma dos prazos. Fórmula: IP = (PMT * n-
VP) / SPA dos n; onde PMT = prestação linear; n = quantidade de períodos; VP = principal
ou capital inicial;SPA dos n = Soma dos Termos de uma Progressão Aritmética, no caso em
estudo, SPA dos prazos. Portanto: IP =[(9.083,91*12) -100.000,00]/78, logo, [109.006,92 -
100.000,00]/78 =115,473333. 115,473333

Demonstração
Tx. nominal Ponto Médio da Progressão Aritmética
18% 1,082500
a.a. (Juros simples ou lineares)

Caso o
pagamento
Valor da Índice de Amortização
Meses fosse feito, de
Perío prestação Ponderação periódica Saldo FCC a juros
de Juros uma vez só,
dos mensal = de Juros - (mensal) do Devedor simples
juros no final, o
PMT (IPJ) capital
mutuário
pagaria

(7) = SDn-1 -
(1) (2) (3) (4) (5) = (2*4) (6) = (3-5)
na
100.000,00
1 12 9.083,91 115,473333 1.385,68 7.698,23 92.301,77 1,165000 10.582,76
2 11 9.083,91 115,473333 1.270,21 7.813,70 84.488,07 1,150000 10.446,50
3 10 9.083,91 115,473333 1.154,73 7.929,18 76.558,89 1,135000 10.310,24
4 9 9.083,91 115,473333 1.039,26 8.044,65 68.514,24 1,120000 10.173,98
5 8 9.083,91 115,473333 923,79 8.160,12 60.354,12 1,105000 10.037,72
6 7 9.083,91 115,473333 808,31 8.275,60 52.078,52 1,090000 9.901,46
7 6 9.083,91 115,473333 692,84 8.391,07 43.687,45 1,075000 9.765,20
8 5 9.083,91 115,473333 577,37 8.506,54 35.180,91 1,060000 9.628,94
9 4 9.083,91 115,473333 461,89 8.622,02 26.558,89 1,045000 9.492,69
10 3 9.083,91 115,473333 346,42 8.737,49 17.821,40 1,030000 9.356,43
11 2 9.083,91 115,473333 230,95 8.852,96 8.968,44 1,015000 9.220,17
12 1 9.083,91 115,473333 115,47 8.968,44 (0,00) 1,000000 9.083,91
78
109.006,92 9.006,92 100.000,00 117.999,99
SOMA capital + juros 109.006,92
Prova: PV = 100.000,00
i= 1,5%
n= 12
Portanto, FV = 118.000,00

O MGA não gera renda adicional para o financiador e atende ao pedido para que as amortizações
sejam feitas mediante a aplicação de juros simples.
Anexo 4 - Evolução do Financiamento
Critérios estabelecidos no contrato mas não contem 15% de CES porque não foi contratado

TAC - Taxa Índices


Reajuste Adminis - aplicados Saldo anterior
Nro Vcto Prestação Seguros Encargo Juros Saldo atualizado
Salarial tração ao saldo atualizado
Crédito devedor

0 01/11/89 1.817,03 340,89 48,89 2.206,81 195.580,00


1 01/12/89 1,00000 1.817,03 340,89 69,14 2.227,06 1,414199 276.589,04 2.304,82 277.076,83
2 01/01/90 1,00000 1.817,03 340,89 106,16 2.264,08 1,535499 425.451,19 3.545,28 427.179,45
3 01/02/90 1,41420 2.569,64 482,09 165,73 3.217,46 1,561100 666.869,83 5.557,03 669.857,22
4 01/03/90 1,53550 3.945,69 740,24 286,35 4.972,29 1,727799 1.157.378,63 9.644,44 1.163.077,38
5 01/04/90 1,56110 6.159,61 1.155,59 527,81 7.843,01 1,843200 2.143.784,23 17.864,15 2.155.488,78
6 01/05/90 1,72780 10.642,56 1.996,63 527,81 13.167,00 1,000000 2.155.488,78 17.961,69 2.162.807,90
7 01/06/90 1,00000 10.642,56 1.996,63 556,20 13.195,40 1,053800 2.279.166,97 18.992,30 2.287.516,70
8 01/07/90 1,00000 10.642,56 1.996,63 609,66 13.248,85 1,096100 2.507.347,06 20.893,72 2.517.598,22
9 01/08/90 1,00000 10.642,56 1.996,63 675,44 13.314,63 1,107899 2.789.244,55 23.242,77 2.801.844,77
10 01/09/90 2,25508 23.999,83 4.502,57 746,90 29.249,29 1,105800 3.098.279,94 25.817,97 3.100.098,08
11 01/10/90 1,00000 23.999,83 4.502,57 842,88 29.345,27 1,128500 3.498.460,69 29.152,67 3.503.613,54
12 01/11/90 1,00000 23.999,83 4.502,57 958,43 29.460,83 1,137100 3.983.958,95 33.198,33 3.993.157,46
13 01/12/90 1,00000 23.999,83 4.502,57 1.117,92 29.620,31 1,166400 4.657.618,86 38.811,94 4.672.430,97
14 01/01/91 1,95855 47.004,97 8.818,52 1.334,68 57.158,17 1,193900 5.578.415,33 46.484,93 5.577.895,30
15 01/02/91 1,00000 47.004,97 8.818,52 1.604,42 57.427,91 1,202100 6.705.190,02 55.874,35 6.714.059,40
16 01/03/91 1,00000 47.004,97 8.818,52 1.716,73 57.540,22 1,070000 7.184.043,56 59.864,63 7.196.903,23
17 01/04/91 1,00000 47.004,97 8.818,52 1.862,65 57.686,14 1,085000 7.808.640,00 65.069,40 7.826.704,43
18 01/05/91 1,00000 47.004,97 8.818,52 2.028,99 57.852,48 1,089300 8.525.629,14 71.044,07 8.549.668,24
19 01/06/91 1,00000 47.004,97 8.818,52 2.211,39 58.034,88 1,089900 9.318.283,42 77.649,26 9.348.927,71
20 01/07/91 1,45000 68.157,20 12.786,86 2.419,26 83.363,32 1,094000 10.227.726,91 85.227,65 10.244.797,36
21 01/08/91 1,06000 72.246,63 13.554,07 2.662,40 88.463,10 1,100500 11.274.399,50 93.949,57 11.296.102,44
22 01/09/91 1,06000 76.581,43 14.367,32 2.980,56 93.929,30 1,119500 12.645.986,68 105.379,01 12.674.784,26
23 01/10/91 1,08000 82.707,94 15.516,70 3.480,69 101.705,34 1,167800 14.801.613,05 123.341,84 14.842.246,95
24 01/11/91 1,16000 95.941,21 17.999,37 4.168,83 118.109,41 1,197700 17.776.559,17 148.132,07 17.828.750,03
25 01/12/91 1,00000 95.941,21 17.999,37 5.441,15 119.381,74 1,305200 23.270.084,53 193.909,61 23.368.052,93
26 01/01/92 2,11110 202.541,50 37.998,48 6.987,53 247.527,50 1,284200 30.009.253,58 250.067,11 30.056.779,19
27 01/02/92 1,00000 202.541,50 37.998,48 8.767,95 249.307,92 1,254800 37.715.246,53 314.281,15 37.826.986,18
28 01/03/92 1,54069 312.054,42 58.544,01 11.013,42 381.611,85 1,256100 47.514.477,34 395.938,14 47.598.361,06
29 01/04/92 1,00000 312.054,42 58.544,01 13.686,38 384.284,81 1,242700 59.150.483,29 492.900,98 59.331.329,85
30 01/05/92 1,29500 404.110,48 75.814,50 16.571,46 496.496,44 1,210800 71.838.374,18 598.629,17 72.032.892,87

Prof. Remo Dalla Zanna


Contador e Economista
Fone/Fax: 6942-0806
Página 1 de 5 e-mail: rdzpericias@uol.com.br
Anexo 4 - Evolução do Financiamento
Critérios estabelecidos no contrato mas não contem 15% de CES porque não foi contratado

TAC - Taxa Índices


Reajuste Adminis - aplicados Saldo anterior
Nro Vcto Prestação Seguros Encargo Juros Saldo atualizado
Salarial tração ao saldo atualizado
Crédito devedor

31 01/06/92 1,00000 404.110,48 75.814,50 19.854,27 499.779,25 1,198100 86.302.608,95 719.159,64 86.617.658,11
32 01/07/92 1,92934 779.664,82 146.271,63 24.033,60 949.970,05 1,210500 104.850.675,14 873.720,68 104.944.730,99
33 01/08/92 1,00000 779.664,82 146.271,63 29.727,15 955.663,60 1,236900 129.806.137,77 1.081.674,55 130.108.147,49
34 01/09/92 1,23500 962.887,77 180.645,79 36.629,80 1.180.163,35 1,232200 160.319.259,34 1.335.940,39 160.692.311,96
35 01/10/92 1,00000 962.887,77 180.645,79 45.926,44 1.189.459,99 1,253800 201.476.020,74 1.678.899,68 202.192.032,65
36 01/11/92 1,83836 1.770.135,12 332.092,13 57.440,20 2.159.667,45 1,250700 252.881.575,24 2.107.262,17 253.218.702,28
37 01/12/92 1,00000 1.770.135,12 332.092,13 70.818,02 2.173.045,27 1,232900 312.193.338,05 2.601.507,09 313.024.710,01
38 01/01/93 1,40000 2.478.186,05 464.928,40 87.778,94 3.030.893,39 1,239500 387.994.128,06 3.233.155,07 388.749.097,08
39 01/02/93 1,00000 2.478.186,05 464.928,40 111.268,58 3.054.383,03 1,267600 492.778.355,45 4.106.322,04 494.406.491,44
40 01/03/93 1,68423 4.173.839,43 783.047,13 140.643,49 5.097.530,04 1,264000 624.929.805,18 5.207.540,07 625.963.505,82
41 01/04/93 1,00000 4.173.839,43 783.047,13 176.943,58 5.133.830,13 1,258100 787.524.686,67 6.562.443,21 789.913.290,46
42 01/05/93 1,40000 5.843.375,20 1.096.265,98 226.877,05 7.166.518,23 1,282200 1.012.826.821,03 8.439.885,90 1.015.423.331,73
43 01/06/93 1,00000 5.843.375,20 1.096.265,98 291.945,39 7.231.586,56 1,286800 1.306.646.743,27 10.888.287,31 1.311.691.655,39
44 01/07/93 2,01824 11.793.330,03 2.212.527,19 379.762,56 14.385.619,78 1,300800 1.706.248.505,33 14.218.168,79 1.708.673.344,10
45 01/08/93 1,19873 14.137,02 2.652,22 495,10 17.284,34 1,303700 2.227.597,44 18.562,57 2.232.022,99
46 01/09/93 1,22041 17.252,96 3.236,80 660,16 21.149,92 1,333400 2.976.179,45 24.800,50 2.983.727,00
47 01/10/93 1,21870 21.026,18 3.944,69 888,71 25.859,58 1,346200 4.016.693,28 33.471,11 4.029.138,20
48 01/11/93 1,61864 34.033,76 6.385,02 1.213,36 41.632,13 1,365300 5.500.982,39 45.839,69 5.512.788,32
49 01/12/93 1,24700 42.440,10 7.962,12 1.652,10 52.054,32 1,361600 7.506.212,58 62.549,27 7.526.321,75
50 01/01/94 1,24530 52.850,65 9.915,22 2.260,08 65.025,95 1,368000 10.296.008,15 85.796,64 10.328.954,14
51 01/02/94 1,25300 66.221,87 12.423,78 3.196,66 81.842,30 1,414400 14.609.272,73 121.739,07 14.664.789,93
52 01/03/94 1,63628 108.357,46 20.328,76 4.470,84 133.157,07 1,398600 20.510.175,20 170.911,29 20.572.729,03
53 01/04/94 1,33210 144.342,98 27.079,95 6.341,89 177.764,81 1,418500 29.182.416,13 243.177,07 29.281.250,23
54 01/05/94 1,40275 202.476,65 37.986,31 9.257,26 249.720,22 1,459700 42.741.840,96 356.167,76 42.895.532,07
55 01/06/94 1,44928 293.445,96 55.052,91 13.556,33 362.055,20 1,464400 62.816.217,16 523.447,54 63.046.218,73
56 01/07/94 1,39335 148,68 27,89 7,24 183,82 1,468754 33.672,49 280,59 33.804,40
57 01/08/94 1,49077 221,65 41,58 7,60 270,84 1,050262 35.503,47 295,85 35.577,67
58 01/09/94 1,00000 221,65 41,58 7,77 271,00 1,021312 36.335,90 302,79 36.417,04
59 01/10/94 1,00000 221,65 41,58 7,96 271,19 1,024391 37.305,28 310,86 37.394,50
60 01/11/94 1,00000 221,65 41,58 8,16 271,39 1,025551 38.349,97 319,57 38.447,89
61 01/12/94 1,00000 221,65 41,58 8,40 271,63 1,029210 39.570,95 329,74 39.679,04

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Anexo 4 - Evolução do Financiamento
Critérios estabelecidos no contrato mas não contem 15% de CES porque não foi contratado

TAC - Taxa Índices


Reajuste Adminis - aplicados Saldo anterior
Nro Vcto Prestação Seguros Encargo Juros Saldo atualizado
Salarial tração ao saldo atualizado
Crédito devedor

62 01/01/95 1,00000 221,65 41,58 8,64 271,87 1,028731 40.819,06 340,15 40.937,56
63 01/02/95 1,00000 221,65 41,58 8,82 272,05 1,021013 41.797,78 348,30 41.924,43
64 01/03/95 1,22070 270,57 50,76 8,98 330,31 1,018531 42.701,33 355,83 42.786,60
65 01/04/95 1,00000 270,57 50,76 9,19 330,52 1,022998 43.770,60 364,74 43.864,78
66 01/05/95 1,00000 270,57 50,76 9,51 330,84 1,034667 45.385,44 378,20 45.493,07
67 01/06/95 1,00000 270,57 50,76 9,82 331,15 1,032471 46.970,27 391,40 47.091,11
68 01/07/95 1,00000 270,57 50,76 10,10 331,43 1,028863 48.450,30 403,74 48.583,47
69 01/08/95 1,00000 270,57 50,76 10,39 331,72 1,028461 49.966,20 416,37 50.112,00
70 01/09/95 1,00000 270,57 50,76 10,66 331,99 1,026045 51.417,17 428,46 51.575,06
71 01/10/95 1,00000 270,57 50,76 10,87 332,19 1,019393 52.575,26 438,11 52.742,80
72 01/11/95 1,00000 270,57 50,76 11,05 332,37 1,016540 53.615,16 446,78 53.791,37
73 01/12/95 1,00000 270,57 50,76 11,20 332,53 1,014387 54.565,27 454,69 54.749,39
74 01/01/96 1,00000 270,57 50,76 11,35 332,68 1,013400 55.483,03 462,34 55.674,81
75 01/02/96 1,00000 270,57 50,76 11,50 332,82 1,012526 56.372,19 469,75 56.571,37
76 01/03/96 1,24000 335,50 62,94 11,61 410,05 1,009625 57.115,87 475,95 57.256,31
77 01/04/96 1,00000 335,50 62,94 11,70 410,15 1,008139 57.722,32 481,00 57.867,82
78 01/05/96 1,00000 335,50 62,94 11,78 410,23 1,006597 58.249,57 485,39 58.399,46
79 01/06/96 1,00000 335,50 62,94 11,85 410,30 1,005888 58.743,32 489,51 58.897,33
80 01/07/96 1,00000 335,50 62,94 11,92 410,37 1,006099 59.256,54 493,78 59.414,82
81 01/08/96 1,00000 335,50 62,94 11,99 410,44 1,005851 59.762,46 498,00 59.924,95
82 01/09/96 1,00000 335,50 62,94 12,07 410,51 1,006275 60.300,98 502,49 60.467,97
83 01/10/96 1,00000 335,50 62,94 12,15 410,59 1,006620 60.868,27 507,22 61.039,98
84 01/11/96 1,00000 335,50 62,94 12,24 410,68 1,007419 61.492,83 512,42 61.669,75
85 01/12/96 1,00000 335,50 62,94 12,34 410,78 1,008146 62.172,11 518,08 62.354,69
86 01/01/97 1,00000 335,50 62,94 12,44 410,89 1,008717 62.898,23 524,13 63.086,86
87 01/02/97 1,00000 335,50 62,94 12,54 410,98 1,007440 63.556,23 529,61 63.750,34
88 01/03/97 1,00000 335,50 62,94 12,62 411,06 1,006616 64.172,11 534,75 64.371,35
89 01/04/97 1,12000 375,76 70,50 12,70 458,96 1,006316 64.777,92 539,79 64.941,95
90 01/05/97 1,00000 375,76 70,50 12,78 459,04 1,006211 65.345,31 544,52 65.514,07
91 01/06/97 1,00000 375,76 70,50 12,86 459,12 1,006354 65.930,34 549,40 66.103,98
92 01/07/97 1,00000 375,76 70,50 12,94 459,20 1,006535 66.535,97 554,44 66.714,65

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Anexo 4 - Evolução do Financiamento
Critérios estabelecidos no contrato mas não contem 15% de CES porque não foi contratado

TAC - Taxa Índices


Reajuste Adminis - aplicados Saldo anterior
Nro Vcto Prestação Seguros Encargo Juros Saldo atualizado
Salarial tração ao saldo atualizado
Crédito devedor

93 01/08/97 1,00000 375,76 70,50 13,03 459,29 1,006580 67.153,63 559,59 67.337,46
94 01/09/97 1,00000 375,76 70,50 13,11 459,37 1,006270 67.759,66 564,64 67.948,54
95 01/10/97 1,00000 375,76 70,50 13,19 459,45 1,006474 68.388,44 569,88 68.582,55
96 01/11/97 1,00000 375,76 70,50 13,28 459,54 1,006553 69.031,98 575,24 69.231,46
97 01/12/97 1,00000 375,76 70,50 13,48 459,74 1,015334 70.293,05 585,75 70.503,04
98 01/01/98 1,00000 375,76 70,50 13,66 459,92 1,013085 71.425,57 595,19 71.645,00
99 01/02/98 1,00000 375,76 70,50 13,82 460,08 1,011459 72.465,98 603,86 72.694,07
100 01/03/98 1,05000 394,55 74,02 13,88 482,45 1,004461 73.018,36 608,46 73.232,27
101 01/04/98 1,00000 394,55 74,02 14,00 482,58 1,008995 73.890,99 615,73 74.112,18
102 01/05/98 1,00000 394,55 74,02 14,07 482,64 1,004720 74.461,99 620,49 74.687,93
103 01/06/98 1,00000 394,55 74,02 14,13 482,71 1,004543 75.027,23 625,20 75.257,88
104 01/07/98 1,00000 394,55 74,02 14,20 482,78 1,004913 75.627,62 630,20 75.863,28
105 01/08/98 1,00000 394,55 74,02 14,28 482,85 1,005503 76.280,75 635,65 76.521,85
106 01/09/98 1,00000 394,55 74,02 14,33 482,91 1,003749 76.808,73 640,05 77.054,22
107 01/10/98 1,00000 394,55 74,02 14,40 482,97 1,004512 77.401,89 644,99 77.652,33
108 01/11/98 1,00000 394,55 74,02 14,53 483,10 1,008892 78.342,81 652,83 78.601,09
109 01/12/98 1,00000 394,55 74,02 14,62 483,19 1,006136 79.083,39 659,00 79.347,84
110 01/01/99 1,00000 394,55 74,02 14,72 483,30 1,007434 79.937,71 666,12 80.209,28
111 01/02/99 1,00000 394,55 74,02 14,80 483,37 1,005163 80.623,40 671,83 80.900,68
112 01/03/99 1,01780 401,58 75,34 14,92 491,84 1,008298 81.572,00 679,74 81.850,16
113 01/04/99 1,00000 401,58 75,34 15,10 492,01 1,011614 82.800,77 689,98 83.089,17
114 01/05/99 1,00000 401,58 75,34 15,19 492,10 1,006092 83.595,35 696,60 83.890,38
115 01/06/99 1,00000 401,58 75,34 15,28 492,19 1,005761 84.373,67 703,09 84.675,18
116 01/07/99 1,00000 401,58 75,34 15,32 492,24 1,003108 84.938,35 707,79 85.244,57
117 01/08/99 1,00000 401,58 75,34 15,37 492,28 1,002933 85.494,59 712,43 85.805,44
118 01/09/99 1,00000 401,58 75,34 15,41 492,33 1,002945 86.058,14 717,12 86.373,68
119 01/10/99 1,00000 401,58 75,34 15,46 492,37 1,002715 86.608,19 721,71 86.928,32
120 01/11/99 1,00000 401,58 75,34 15,49 492,41 1,002265 87.125,21 726,01 87.449,65
121 01/12/99 1,00000 401,58 75,34 15,52 492,44 1,001998 87.624,38 730,17 87.952,98
122 01/01/00 1,00000 401,58 75,34 15,57 492,48 1,002998 88.216,66 735,11 88.550,19
123 01/02/00 1,00000 401,58 75,34 15,60 492,52 1,002149 88.740,49 739,47 89.078,39

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Anexo 4 - Evolução do Financiamento
Critérios estabelecidos no contrato mas não contem 15% de CES porque não foi contratado

TAC - Taxa Índices


Reajuste Adminis - aplicados Saldo anterior
Nro Vcto Prestação Seguros Encargo Juros Saldo atualizado
Salarial tração ao saldo atualizado
Crédito devedor

124 01/03/00 1,10000 441,73 82,87 15,64 540,24 1,002328 89.285,76 744,02 89.588,05
125 01/04/00 1,00000 441,73 62,96 15,67 520,37 1,002242 89.788,90 748,21 90.095,38
126 01/05/00 1,00000 441,73 62,96 15,69 520,39 1,001301 90.212,60 751,74 90.522,60
127 01/06/00 1,00000 441,73 62,96 15,73 520,43 1,002492 90.748,19 756,20 91.062,66
128 01/07/00 1,00000 441,73 62,96 15,77 520,46 1,002140 91.257,53 760,45 91.576,25
129 01/08/00 1,00000 441,73 62,96 15,79 520,49 1,001547 91.717,92 764,29 92.040,47
130 01/09/00 1,00000 441,73 62,96 15,82 520,52 1,002025 92.226,85 768,53 92.553,65
131 01/10/00 1,00000 441,73 62,96 15,84 520,54 1,001038 92.649,72 772,05 92.980,03
132 01/11/00 1,00000 441,73 62,96 15,86 520,56 1,001316 93.102,40 775,82 93.436,49
133 01/12/00 1,00000 441,73 62,96 15,88 520,58 1,001197 93.548,33 779,54 93.886,13
134 01/01/01 1,00000 441,73 62,96 15,89 520,59 1,000991 93.979,18 783,13 94.320,57

Prof. Remo Dalla Zanna


Contador e Economista
Fone/Fax: 6942-0806
Página 5 de 5 e-mail: rdzpericias@uol.com.br
PERÍCIA CONTÁBIL EM MATÉRIA FINANCEIRA – Prof. Remo Dalla Zanna (MS)

PF 13 – edição pessoal para fins de estudo e venda em PDF

Revisado em maio/2019.

13º - MÓDULO

CONSÓRCIOS

13.1 – Conceito
13.2 – Regras contábeis para o funcionamento de um Grupo de
Consórcio.
13.3 – Motivos mais comumente alegados pelos consorciados para
agir, judicialmente, contra a administradora e vice-versa.
13.4 – Orientação Técnica
13.5 – Dois exemplos de laudo em ação que cuida de consórcio.

13.1 – Conceito

Consórcio, para os fins deste trabalho, é a reunião de pessoas físicas e/ou jurídicas
que leva o nome de Grupo de Consórcio ou de Grupo Consortil. Pela união
entre si e cotização mensal de cada membro do grupo, forma-se o capital
necessário à compra do bem que, de maneira comum, é objeto de desejo das
pessoas consorciadas e interessa a todas elas. Esse objeto pode ser um automóvel,
um caminhão, uma motocicleta, uma máquina agrícola ou de outro tipo, uma casa,
um apartamento e até direitos de uso e consumo como, por exemplo, ocupar um
apartamento em hotel em cidade balneária durante, digamos, 15 dias por ano, etc.
Um consórcio legalmente constituído implica em delegar a uma empresa
Administradora de Consórcios as tarefas de recolher as cotas mensais dos
membros do grupo, proceder à entrega do bem ao consorciado contemplado e
prestar contas ao grupo. Por exercer uma atividade financeira, a Administradora
está sujeita à fiscalização do BACEN e, pelos seus serviços, recebe uma taxa de
administração.

13.2 – Regras contábeis para o funcionamento de um Grupo Consortil.

O funcionamento de um grupo de consórcio pauta-se, basicamente, pelos seguintes


procedimentos contábeis e administrativos:
a) os membros do grupo fazem um aporte mensal, continuado, - um tipo de
poupança programada - do valor que corresponde à sua cota-parte no grupo;
b) o valor da cota-parte é reajustado mensalmente com base no valor de
mercado do bem ou com base em uma “cesta” de bens equivalentes;
1
PERÍCIA CONTÁBIL EM MATÉRIA FINANCEIRA – Prof. Remo Dalla Zanna (MS)

c) mensalmente ou em períodos de tempo predeterminados em contrato,


precede-se à entrega do bem por sorteio e/ou por lance. No caso do lance,
sairá vencedor o que der o maior valor. Caso o consorciado não necessite do
bem imediatamente, existem contratos que possibilitam a transformação do
lance em antecipação de cotas;
d) dependendo da sorte ou das condições financeiras do consorciado, alguns
receberão o bem antes e outros, depois, mas, no final, todos receberão o bem
para o qual contribuíram. Excluem-se desta afirmação os que desistiram, os
que abandonaram o grupo e outros eventos que afetam a vida das pessoas
principalmente quando se considera que o Grupo Consortil é um contrato
de longo prazo;
e) o valor da cota mensal é composto por quatro itens principais, como segue:
1. rateio do valor atualizado do bem objeto de consórcio,
2. fundo de reserva (1),
3. prêmio de seguro, e...
4. taxa de administração.

13.3 - Motivos mais comumente alegados pelos consorciados para agir,


judicialmente, contra a administradora e vice-versa.

Os motivos que levam um consorciado a procurar o Poder Judiciário para ver os


seus direitos reconhecidos, são principalmente:
 obtenção da “carta de crédito” a que tem direito por sorteio, por lance
vencedor ou pelo fato de ter pago todas as parcelas contratadas;
 obtenção da prestação de contas da Administradora que não lhe
forneceu, no tempo certo, as Demonstrações Contábeis previstas em
Circular do BACEN;
 nos casos em que o consorciado desistir de sua participação antes do
encerramento do grupo ou ficar inadimplente e por causa disso for
afastado, terá direito de receber, em devolução, os pagamentos
conforme preveem as regras emanadas do BACEN;
 obter a devolução da cota-parte que lhe cabe no fundo de reserva
quando do término das operações do grupo.
 nos casos em que o consorciado foi contemplado e parou de pagar as
cotas mensais, a Administradora requer a busca e apreensão do bem e
pagamento de encargos conforme contrato.
(1)
O fundo de reserva tem a finalidade de cobrir a inadimplência de alguns consorciados, fato
que sempre ocorre, em qualquer grupo. Quando do encerramento do grupo, o saldo do Fundo de
Reserva, mediante rateio, deve ser devolvido aos consorciados.
Notas:

2
PERÍCIA CONTÁBIL EM MATÉRIA FINANCEIRA – Prof. Remo Dalla Zanna (MS)

(1) Há Administradoras que não fazem o encerramento do grupo sob as mais


variadas alegações e, por isso, não procedem ao rateio e pagamento do saldo do
fundo de reserva a cada consorciado.
(2) O fundo de reserva deve ser restituído também ao consorciado desistente, em
proporção ao valor por ele pago.

13.4 - Orientação Técnica

A postura profissional do perito restringe-se, basicamente, à contabilidade do


Grupo Consortil ao qual pertence o Consorciado. Examinando todas as
Demonstrações Contábeis desde a primeira, em paralelo com as Atas das
Assembleias, o perito conhecerá a real situação de cada consorciado e, obviamente,
do Autor. Haverá casos em que terá que examinar profundamente a escrituração
contábil, mês a mês, para rastrear a situação de cada consorciado, entrega do bem
por sorteio e por lance, utilização do fundo de reserva, aplicação financeira do
eventual excedente de caixa após a aquisição do bem contemplado etc., de maneira
tal que possa certificar, ao final, os valores adimplidos, inadimplidos e a utilização
do fundo de reserva. Mas podem ocorrer situações em que o i. magistrado requeira
do auxiliar apenas determinadas informações e não uma devassa na contabilidade
do grupo consorciado. Neste caso, o perito oficial apresentará o seu Laudo
atendendo ao que foi determinado no r. despacho judicial ou na sentença.

13.5 – Dois exemplos de laudo em ação que cuida de consórcio.

1º exemplo
EXCELENTÍSSIMA SRA. DRA. JUÍZA DE DIREITO DA 4ª VARA CÍVEL DA COMARCA
DE GUARULHOS - SP
(reservar o mínimo de 10 espaços para o r. despacho judicial)

PROCESSO N.º: 1.404/404.1


Ação : BUSCA e APREENSÃO convertida em DEPÓSITO
Autora : Administradora de Consórcios S/C Ltda.
Réu : Val Frias

REMO DALLA ZANNA, Contador e Economista, nomeado no r.


despacho às fls. 114 para a honrosa missão de Perito Judicial Contábil, vem, mui
respeitosamente à presença de V. Exa. para APRESENTAR o resultado de seu trabalho, nos
termos do presente

LAUDO PERICIAL CONTÁBIL


para o qual requer sua juntada aos autos
3
PERÍCIA CONTÁBIL EM MATÉRIA FINANCEIRA – Prof. Remo Dalla Zanna (MS)

Termos em que
Pede Deferimento
G., 21 de Dezembro de 2006.

I - BREVE HISTÓRICO DESTE PROCESSO


SEGUNDO O ESCOPO DA PERÍCIA

1 – A Autora, uma administradora de consórcios, em 02/01/2000, propôs uma AÇÃO DE BUSCA E


APREENSÃO contra o Réu, residente em Presidente Prudente – SP, alegando, em síntese, que o
mesmo, em abril de 1998, aderiu ao Grupo Consortil 233, tendo adquirido a cota 015 e ter a
posse der uma motocicleta, marca Honda, tipo CBX 200 STRADA, cor vermelha, que, no
momento da assinatura da proposta de adesão, valia R$ 4.920,00. O prazo de duração do
grupo era de 50 meses de forma que o valor da prestação mensal correspondia a 2% do valor do
bem segundo preço de venda do fabricante. Compunham o valor da prestação mensal mais as
seguintes verbas: (i) 5% de fundo de reserva; (ii) 10% de taxa de administração, ambas
calculadas sobre o valor de 2% como acima citado, perfazendo, antes do prêmio de seguro, o
percentual 2,30% sobre o preço fornecido pelo fabricante. O valor do prêmio de seguro de vida
correspondeu a 4,067669% do preço de venda do fabricante.

2 – Ocorre que o requerido parou de pagar as prestações mensais a partir da 14ª mensalidade,
inclusive. Segundo a peça Inicial, ficou devendo a quantia de R$ 6.191,00 pela qual assinou uma
Nota Promissória à vista, que não tendo sido paga, foi protestada. Outra informação constante na
Inicial é que ficou devendo o equivalente a 74,1711% do valor do bem.

3 – O Réu foi contemplado, assinou o CONTRATO DE ALIENAÇÃO FIDUCIÁRIA EM GARANTIA COM


PACTO ADJETO DE FIANÇA em 21/09/1998 e recebeu o bem no dia 01/01/1998 pelo valor de R$
4.920,00. No dia 02/02/2000, assinou Nota Promissória de R$ 6.191,00 com vencimento à vista.
É este o valor atribuído a esta causa. Esta Nota Promissória foi protestada na cidade de
Presidente Prudente no dia 11/02/2000; nove dias após ter sido assinada e não paga. A garantia
da Autora é a alienação fiduciária do bem e, para que a busca e apreensão fosse concretizada,
pediu a expedição de Carta Precatória à Comarca de Presidente Prudente – SP.

4 – No cumprimento do mandado de busca e apreensão, a senhora oficial de Justiça informou a


não localização da motocicleta porque teria sido furtada no dia 22 de dezembro de 1999 (data
anterior à assinatura da Nota Promissória objeto de protesto e desta ação), não tendo sido
encontrada até a data em que procedeu à diligência, ou seja, 14/08/2000. Em face do ocorrido, a
presente ação foi convertida em AÇÃO DE DEPÓSITO – vide r. despacho às fls. 41. Nova carta
precatória foi expedida à comarca de Presidente Prudente – SP. O Réu, por fim, foi citado no dia
27/02/2002 – vide fls. 68.

5 – Em Contestação à ação supracitada, o Réu alegou desconhecer a composição do saldo


devedor de R$ 6.191,00 pelo qual foi citado e objeto de Nota Promissória por ele assinada. Disse
que por causa disso ficou impedido de defender-se. Pediu que a Autora apresentasse, em Juízo,
demonstrativo de débito do valor objeto da Nota Promissória por ele assinada.

6 – Mediante Réplica, a Autora, aos fins desta prova pericial contábil, disse:
- o que se cobra com esta ação é a devolução do bem ou o equivalente em dinheiro,

4
PERÍCIA CONTÁBIL EM MATÉRIA FINANCEIRA – Prof. Remo Dalla Zanna (MS)

- que o crédito da Autora tem como suporte a Nota Promissória assinada e juntada às fls.
12,
- quanto à alegação do Réu de que o valor cobrado pela Autora está desacompanhado de
demonstrativo de cálculo, disse que também ele não informou qual seria, segundo seu
entendimento, o valor correto e por que.

7 – Após ter sido superada a questão dos honorários a que tem direito o perito judicial,
profissional autônomo, em casos de perícia gratuita, a PGE reservou a quantia bruta de R$
373,08 (vide fls. 175) para pagar este trabalho. Em seguida, com seu r. despacho às fls. 176, a
MMª. Juíza determinou a confecção desta prova pericial contábil.

II - RESPONSABILIDADE PROFISSIONAL E METODOLOGIA

O escopo da prova pericial contábil é comunicar às partes interessadas,


em linguagem simples, os fatos observados sob a ótica da Ciência
Contábil (uma das ciências humanas), dentro de uma filosofia que
permita aproveitar os fatos observados, mercê dos exames procedidos,
para o esclarecimento dos pontos dúbios e revelar a verdade que se quer
conhecer.

01 - O trabalho investigativo que permitiu produzir esta prova foi conduzido, no que foi
possível e aplicável, dentro dos limites técnicos determinados pelas Normas Brasileiras de
Contabilidade NBC T 13 - DA PERÍCIA CONTÁBIL e NBC P 2 - NORMAS
PROFISSIONAIS DE PERITO CONTÁBIL, aprovadas, respectivamente, pelas Resoluções nºs
858/99 e 857/99 do CONSELHO FEDERAL DE CONTABILIDADE, ambas datadas de
21.10.1999. Os procedimentos adotados tiveram como objetivo fundamental a elaboração deste
Laudo Pericial Contábil, abrangendo, pois, segundo a natureza e a complexidade da matéria aqui
tratada, o exame, a mensuração e a certificação, como previsto na NBC T 13 supracitada.

02 - Na parte econômica desta prova pericial, foi dada a devida atenção à Lei nº 1.411, de 13
de Agosto de 1951 com a nova redação dada pela Lei Federal nº 6.021, de 03 de Janeiro de 1974,
ao Decreto nº 31.794, de 17 de Novembro de 1.952, que tratam da profissão do Economista, e às
posteriores resoluções do COFECON - Conselho Federal de Economia.

03 - Analisou-se o sistema de argumentação e a contra argumentação usada nesta lide, a sua


lógica e a sua coerência com a prática e com os usos e costumes aplicados a investigações
periciais de cunho contábil, financeiro, econômico e fiscal, em casos congêneres, ou seja:
apuração de eventual débito do Réu que ensejasse e/ou justificasse a emissão, de sua parte, da
Nota Promissória de R$ 6.191,00 com vencimento à vista, bem como a Ação de Busca e
Apreensão do veículo convertida, em face do furto do bem, em Ação de Depósito.

04 - As partes foram notificadas, por carta, do início dos trabalhos conforme preceitua o Art.
431-A do CPC (vide, por gentileza, documentos nºs 01 e 02) expedidas em 10/07/2003; muito
antes de ser resolvida a questão dos honorários periciais a serem providenciados pela
Procuradoria de Assistência Judiciária conforme prevê a Resolução PGE nº 63, de 03/12/2003; e
foram convidadas a participar dos trabalhos periciais, contribuindo com o levantamento de
informações, fornecimento de documentos e apresentação de argumentos técnico/contábeis que
entendessem oportunos fazer a este auxiliar de V. Exa., para que o Laudo pudesse apresentar os
requisitos intrínsecos (qualitativos) de “ser completo”, “ser claro e funcional”, “ser delimitado
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ao objeto de perícia” e “ser fundamentado” evitando-se, assim, se possível for, a fase instrutória
dos “esclarecimentos”.

05 - Em atenção ao item acima, este auxiliar recebeu do Dr. I. L. R., ilustre Advogado da Autora,
carta datada de 28/07/2003 com, em anexo, a planilha, atualizando os cálculos até essa mesma
data. Aproveitou a missiva para fazer duas perguntas a este auxiliar, como segue:
1º) A planilha que ora se junta encontra harmonia com aquilo que foi pactuado
contratualmente pelas partes?
2º) Qual o saldo devedor apurado pelo Sr. Expert em estrita consonância com o Contrato
Embasador? (ipsis litteris).
(Vide, por gentileza, documentos nºs 03 e 04).

06 – Diligências externas, junto às Partes, não foram feitas, pois, em face dos documentos
juntados aos autos, dos que foram enviados pelo ilustre Dr. I. L. R. conforme acima reportado e
diante dos quesitos apresentados pelo Réu às fls. 121/122, este auxiliar entendeu que dispunha de
tudo que necessitava para produzir esta prova.

07 - Foram considerados os r. despachos e os documentos constantes nos autos deste processo


entendidos como sendo suficientes para elaborar esta prova pericial.

08 - Deve ficar patente que a perícia judicial com naturezas contábil, financeira, econômica e
fiscal, tem seu fundamento legal na escrituração contábil das Pessoas Jurídicas, quando empresas
ou sociedades civis assemelhadas; nos documentos de controle pessoal e nas declarações de
rendimentos das Pessoas Físicas, quando de pessoas naturais; e nos documentos acostados aos
autos do processo. Na ausência destas condições técnicas previstas na legislação comercial e
fiscal, o Perito Judicial, para atingir seu escopo, vale-se das prerrogativas inscritas no Art. 429 do
CPC e passa a usar as alternativas nele previstas, como neste caso, em que se cuida de apurar,
principalmente, o exato valor devido pelo Sr. Val Frias.

III - CONSIDERAÇÕES SOBRE O SISTEMA DE PREÇOS, REAJUSTE


E COMPOSIÇÃO DAS PRESTAÇÕES MENSAIS
NOS CONTRATOS DE CONSÓRCIO.

01.1- O sistema de reajustes adotado é o Sistema de Preços Ponderados. Por este sistema, o
preço do bem e as parcelas são transformados em percentuais do preço do próprio bem.
Sendo, no caso atual, o pagamento em 50 (cinquenta) meses, o percentual mensal de
contribuição de cada consorciado, corresponde a 2% (dois centésimos). Desta forma,
todos os consorciados contribuiriam, no prazo de 50 (cinquenta) meses, com 100% (cem
centésimos) do valor atualizado. A atualização do valor do bem objeto de contrato de
consórcio se dá pelo seu preço de mercado, no estado de novo. Portanto, toda vez que o
preço total do bem sofre reajuste no mercado (reajuste de preços no comércio), a
contribuição mensal é alterada na mesma proporção.

01.2- A prestação mensal (conceito diferente de contribuição mensal) é composta de


contribuição mensal para aquisição do bem, que é a divisão de 100% pela quantidade de
meses de duração do grupo de consórcio:
- mais taxa de administração, que representa a remuneração recebida pela administradora
pela prestação dos serviços;

6
PERÍCIA CONTÁBIL EM MATÉRIA FINANCEIRA – Prof. Remo Dalla Zanna (MS)

- mais fundo de reserva, que representa uma garantia financeira para assegurar eventuais
necessidades do grupo face às eventuais faltas de disponibilidades (falta de caixa),
causadas, principalmente, pela inadimplência de parte dos consorciados;
- mais prêmio de seguro de vida em grupo.

01.3- Quando o consorciado deseja pagar as prestações normais antecipadamente ou em forma


de lance, pode fazê-lo. Nesta circunstância, são quitadas sempre as últimas prestações,
cujo valor é fixado na primeira Assembleia Geral seguinte ao pagamento.

IV – QUESITOS APRESENTADOS PELA AUTORA.

Comentários introdutórios:

 Em atenção à missiva enviada ao i. patrono da Autora: vide documento n°. 01, este
auxiliar recebeu como resposta à carta que está sendo juntada a esta prova pericial na
forma do documento nº. 03 com a qual veio o documento n° 04 (com duas folhas)
também em anexo.

 Com a carta supracitada, foram feitas duas perguntas que este auxiliar entendeu serem
dois quesitos e como tal passa a respondê-los.

1º) A planilha que ora se junta encontra harmonia com aquilo


que foi pactuado contratualmente pelas partes?

RESPOSTA:

Positiva é a resposta, pois considerando que o Réu deveria efetuar o pagamento das prestações,
mês por mês, as contas apresentadas pela Autora se encontram em harmonia com aquilo que foi
pactuado pelas partes. Ou seja, consideram a motocicleta como existente. Todavia, considerando
que o consorciado ficou inadimplente e que o bem dado em garantia não mais existe, ou se existe
está em local incerto e não sabido, unicamente sob o ponto de vista técnico sem adentrar nas
questões de mérito, este auxiliar entende que as seguintes verbas são indevidas a partir do
momento em que o consorciado deixou de pagar as prestações:

Verbas indevidas em face da


ausência do bem que, se existisse Fundamentação
poderia ser apreendido.
Multa e juros nas parcelas Não tendo pago as parcelas, uma a uma, e tendo sido
encerrado o grupo, cabe imputar ao inadimplente a multa
de 10% prevista no item e) da cláusula VIII do contrato.

1 – Prêmio de Seguro 1 – Nada é devido em termos de prêmio de seguro, pois


nada há para ser segurado ou, então, a Nota Promissória
de R$ 6.191,00 com a qual foi instruída a Inicial desta
ação, perde sentido. Ou uma coisa ou outra. Ou a dívida é
a Nota Promissória que acompanha a Inicial ou é o
conjunto das parcelas impagas, aí sim, os prêmios de
seguro incluídos.

2 – Fundo de Reserva 2 – Nada é devido a título de Fundo de Reserva, pois o

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PERÍCIA CONTÁBIL EM MATÉRIA FINANCEIRA – Prof. Remo Dalla Zanna (MS)

grupo já está encerrado. Além disso, novamente, qual é o


sentido da Nota Promissória de R$ 6.191,00 com a qual
foi instruída a Inicial desta ação? – Mas seja qual for a
resposta a esta pergunta, a realidade é que prescreveu o
motivo para que o Fundo de Reserva fosse constituído.

3 – Valor do bem considerado nas 3 - Mas o valor do bem dado em garantia no mês em que
contas da Autora foi de R$ o consorciado parou de pagar as prestações, ou seja, em
6.960,00. Ou seja, o valor em julho/1999, era de R$ 5.290,00.
30/04/2003.

Todavia, outras verbas são devidas, pois o Réu ficou inadimplente. Tais verbas são:
I. - atualização monetária do débito com base nos fatores da Tabela Prática do Tribunal de
Justiça de São Paulo; e
II. - juros de mora de 0,5% ao mês enquanto vigorou o CC antigo e 1% ao mês a partir da
vigência do Novo Código Civil, pois, sem dúvida para este auxiliar, o consorciado é um
consumidor dos serviços prestados pela Administradora Autora.

O valor atualizado da Nota Promissória juntada à Exordial, mais juros é o seguinte:

a. Valor histórico da Nota Promissória R$ 6.191,00


b. Data de emissão e vencimento, pois emitida “à vista”: 02/02/2000
c. Divisor em fevereiro de 2000 = 21,410406
d. Multiplicador em dezembro de 2006 = 35,375427
e. Valor atual da Nota Promissória R$ 10.229,10
f. Juros de mora de 0,5% ao mês contados de março/2000 até dezembro/2002 = 17% = R$
1.738,94
g. Juros de mora de 1% ao mês contados de janeiro/2003 até dezembro/2006 = 48% = R$
4.909,97
Dívida total em dezembro/2006 = R$ 16.878,01

2º) Qual o saldo devedor apurado pelo Sr. Expert em estrita


consonância com o Contrato Embasador? (ipsis
litteris).

RESPOSTA:

Considerando a estrita consonância com o Contrato, o saldo devedor do consorciado, em 28 de


Julho de 2003, é o “quantum” apresentado pela Autora nos documentos 03 e 04 que juntados a
esta prova pericial, com ela se integram e a completam.

V – QUESITOS APRESENTADOS PELO RÉU

A – Que se digne o Sr. Perito a elaborar novamente os cálculos ora feitos


pelo autor, sem se esquecer de mencionar os valores dados pelo autor na
oportunidade de sua elaboração, da mesma forma após a realização dos
cálculos do Sr. Perito mencionar os valores utilizados para seus cálculos,
levando em conta a base de cálculos os valores das mensalidades e seus
respectivos vencimentos.

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PERÍCIA CONTÁBIL EM MATÉRIA FINANCEIRA – Prof. Remo Dalla Zanna (MS)

RESPOSTA:

Em face da ausência de detalhes, nos autos deste processo, sobre a composição do valor
atribuído à Nota Promissória de R$ 6.191,00, assinada pelo Réu e que serviu para instruir a
Inicial desta ação, a resposta a este quesito ficou prejudicada. No mais, tudo o que acima está
solicitado encontra-se demonstrado no ANEXO “A” que integra esta prova pericial.

B – Que sejam atualizados da mesma forma os valores já pagos pelo réu


com relação a todas as parcelas e, desta forma, deduzindo do valor que o
mesmo possivelmente ainda deve para o autor.

RESPOSTA:

Com todo respeito ao que acima foi solicitado, este auxiliar da Justiça (e não das partes!) informa
que não é possível atender ao quanto perquirido porque no caso de consórcios este procedimento
não encontra amparo técnico. Todavia, nada impede que o próprio perquirente apresente os seus
cálculos, ou seja, os que considerar adequados, segundo seu entendimento do contrato e segundo
as hipóteses financeiras que defende. Mas, do ponto de vista técnico, este quesito tem a
resposta prejudicada.

C – A verificação do Sr. Perito, se no caso em tela não houve


(anatocismo), ou seja, juros sobre juros o que é vedado por Lei.

RESPOSTA:

Negativa é a resposta, pois não foi observada a aplicação de juros sobre juros até porque nos
contratos de consórcios, ressalvada a circunstância em que o consorciado se torna inadimplente,
inexiste a figura dos juros.

VI - ENCERRAMENTO

São inassumíveis responsabilidades sobre documentos controversos, que fazem parte dos Autos
deste Processo, se ainda não apreciados pelo E. Juízo. Inassumíveis também responsabilidades
sobre documentos idôneos e válidos que podem estar em poder de pessoas físicas e jurídicas,
seja do/a Autor/a ou do/a Ré/u, ou ainda, de outros cidadãos interessados no deslinde deste caso,
que a nós não foram consignados até a data da conclusão deste Laudo ou foram desentranhados
dos autos deste processo, conforme r. decisão judicial.

Por fim, são também inassumíveis responsabilidades sobre matérias jurídicas a que tenha,
eventualmente e sem intenção determinada, se referido, inclusive quando este referimento tivesse
ocorrido por indução contida - intencionalmente ou não - na formulação dos quesitos
apresentados à perícia, excluídas nestas, obviamente, as responsabilidades implícitas para o
exercício de sua profissão, estabelecida em Leis, Códigos e Regulamentos própria.

Nada mais havendo a oferecer dá-se por concluído o presente LAUDO PERICIAL
CONTÁBIL, composto de 14 (quatorze) páginas impressas pelo sistema de processamento de
dados, somente no anverso, todas numeradas e rubricadas, com exceção desta que segue assinada
para os devidos fins. Fazem parte desta prova pericial e com ela se integram, 2 (dois)

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PERÍCIA CONTÁBIL EM MATÉRIA FINANCEIRA – Prof. Remo Dalla Zanna (MS)

DOCUMENTOS numerados de 01 a 02 e 3 (três) ANEXOS, numerados de 01 a 03, também


rubricados como de praxe.

G., 21 de Dezembro de 2006.

2º exemplo

EXCELENTÍSSIMO SR. DR. JUIZ DE DIREITO DA 515ª VARA CÍVEL DO FORO


CENTRAL DA CAPITAL - SP.

(Deixe, pelo menos, 10 espaços para o r. despacho judicial)

PROCESSO ORDINÁRIO de Busca e Apreensão nº 000.02.090909-9,


que tem o apenso processo nº 000.01.303030-3, uma Ação Consignatória
REQUERENTE: Administradora de Consórcios Ltda.
REQUERIDA : Z. Viagens

REMO DALLA ZANNA, Contador e Economista, nomeado às


fls. 197/198 para a honrosa missão de Perito Contador, vem, mui respeitosamente à presença de
V. Exa. para APRESENTAR o resultado de seu trabalho, nos termos do presente LAUDO
PERICIAL CONTÁBIL para o qual requer sua juntada aos autos.

Termos em que
Pede Deferimento
São Paulo, 12 de Dezembro de 2003.

I - BREVE HISTÓRICO DESTE PROCESSO


SEGUNDO O ESCOPO DA PERÍCIA.

1 - A Ré, em 14 de janeiro de 2001, propôs uma AÇÃO DE CONSIGNAÇÃO EM


PAGAMENTO, alegando, em síntese, que em maio de 1998 aderira a um grupo de consórcio,
visando à aquisição de veículo tipo automóvel, marca Mercedez Bens, modelo C 180 Classic,
com prazo de duração de 100 meses. Todavia, em janeiro de 1999, optou por veículo de menor
valor, marca Mercedes Benz, modelo 310 Sprinter, ano 1998. Em face dos valores que diz ter
pago e em razão das diferenças dos bens em questão, sustenta ser devedora de apenas R$ 130,00
(Cento e trinta reais) valor que já teria sido objeto de depósito judicial.

2 - Em Contestação à ação supracitada, a Consignatória – vide fls. 98 – a Administradora do


grupo requerido alega que não se recusou a receber os valores devidos e que o valor depositado
não é integral já que o saldo devido por ela é superior ao depositado, incorrendo em alguns
equívocos. Denuncia que os cálculos juntados pela Autora contêm vários erros de conceito.
Afirma que não há lugar para recálculos, pois são da própria natureza dos contratos de consórcio,
contratos de adesão, os seguintes pontos financeiros e contábeis:
- as parcelas são corrigidas na mesma proporção da variação do valor do bem objeto do
contrato e não do bem de valor menor, caso tenha sido esta a opção do consorciado;
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PERÍCIA CONTÁBIL EM MATÉRIA FINANCEIRA – Prof. Remo Dalla Zanna (MS)

- que o bem objeto de contrato não foi descontinuado pelo fabricante,


- que os valores pagos a mais têm a função de reduzir as últimas prestações do contrato;
- portanto, de forma indireta, por ter optado por um bem de valor inferior ao bem de
referência (bem objeto), o “lance” foi feito com recursos do próprio consórcio.

3 - Em seu despacho saneador, às fls. 180 da AÇÃO DE CONSIGNAÇÃO EM PAGAMENTO,


o MM. Juiz abriu vistas às Parte para apresentação de propostas e/ou provas que pretendessem
produzir. Após petição de ambas, deu o feito por saneado, deferiu a prova pericial contábil e
recomendou que formulassem quesitos à perícia e indicassem Assistentes Técnicos. As Partes
não atenderam à oportunidade facultada pelo i. Magistrado.

II - RESPONSABILIDADE PROFISSIONAL E METODOLOGIA

O escopo da prova pericial contábil é comunicar às partes interessadas,


em linguagem simples, os fatos observados sob a ótica da Ciência
Contábil (uma das ciências humanas), dentro de uma filosofia que
permita aproveitar os fatos observados, mercê dos exames procedidos,
para o esclarecimento dos pontos dúbios e revelar a verdade que se quer
conhecer.

01 - O trabalho investigativo que permitiu produzir esta prova foi conduzido, no que foi
possível e aplicável, dentro dos limites técnicos determinados pelas Normas Brasileiras de
Contabilidade - NBC-T13 - DA PERÍCIA CONTÁBIL e - NBC-P2 - NORMAS
PROFISSIONAIS DE PERITO CONTÁBIL, aprovadas, respectivamente, pelas Resoluções n.º
858/99 e 857/99 do CONSELHO FEDERAL DE CONTABILIDADE, ambas datadas de
21.10.1999. Os procedimentos adotados tiveram como objetivo fundamental a elaboração deste
Laudo Pericial Contábil, abrangendo pois, segundo a natureza e a complexidade da matéria aqui
tratada, o exame, a mensuração e a certificação, como previsto na NBC -T13 supra citada.

02 - Na parte econômica desta prova pericial, foi dada a devida atenção à Lei 1.411, de 13 de
Agosto de 1.951 com a nova redação dada pela Lei Federal n.º 6.021, de 03 de Janeiro de 1974,
ao Decreto n.º 31.794, de 17 de Novembro de 1.952, que tratam da profissão do Economista; e
às posteriores resoluções do COFECON - Conselho Federal de Economia.

03 - Analisou-se o sistema de argumentação e contra argumentação usada nesta lide, a sua


lógica e a sua coerência com a prática e com os usos e costumes aplicados a investigações
periciais de cunho contábil, financeiro, econômico e fiscal, em casos congêneres, ou seja:
apuração de eventual débito da Ré que ensejasse e/ou justificasse a Ação de Busca e Apreensão
do veículo, marca Mercedes Benz, modelo 310 Sprinter, ano 1998.

04 - As partes foram notificadas, por carta, do início dos trabalhos conforme preceitua o Art.
431-A do CPC (vide, por gentileza, DOCUMENTOS Nº. 01 e 02) e foram convidadas a
participar dos trabalhos periciais contribuindo com o levantamento de informações, fornecimento
de documentos e apresentação de argumentos técnico/contábeis que entendessem oportunos
fazer a este auxiliar de V. Exa., para que o Laudo pudesse apresentar os requisitos intrínsecos
(qualitativos) de “ser completo”, “ser claro e funcional”, “ser delimitado ao objeto de perícia”
e “ser fundamentado” evitando-se, assim, se possível for, a fase instrutória dos
“esclarecimentos”.

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PERÍCIA CONTÁBIL EM MATÉRIA FINANCEIRA – Prof. Remo Dalla Zanna (MS)

05 – Diligências locais, junto às Partes, não foram feitas, pois, em face ao silêncio absoluto das
ambas quanto às missivas a elas enviadas (DOCUMENTOS nºs. 01 e 02), foi intuído o
desinteresse em proporcionar, à perícia, outras provas que não aquelas que já constam nos autos.

06 - Foram considerados os r. despachos e os documentos constantes nos autos deste processo


entendidos como sendo suficientes para elaborar esta prova pericial.

07 - Deve ficar patente que a perícia judicial com naturezas contábil, financeira, econômica e
fiscal, tem seu fundamento legal na escrituração contábil das Pessoas Jurídicas, quando empresas
ou sociedades civis assemelhadas; nos documentos de controle pessoal e nas declarações de
rendimentos das Pessoas Físicas, quando de pessoas naturais; e nos documentos acostados aos
autos do processo. Na ausência destas condições técnicas previstas na legislação comercial e
fiscal, o Perito Judicial, para atingir seu escopo, vale-se das prerrogativas inscritas no Art. 429 do
CPC e passa a usar as alternativas nele previstas, como neste caso, em que se cuida de apurar,
principalmente, o exato valor devido pela Sra. Z. Viagens.

III - CONSIDERAÇÕES TÉCNICAS

01 - Considerações sobre o sistema de preços, reajuste e composição das prestações


mensais nos contratos de consórcio.

01.1- O sistema de reajustes adotado é o Sistema de Preços Ponderados. Por este sistema, o
preço do bem e as parcelas são transformados em percentuais do preço do próprio bem.
Sendo, no caso atual, o pagamento em 100 (cem) meses, o percentual mensal de
contribuição de cada consorciado, corresponde a 1% (um centésimo). Desta forma, todos
os consorciados contribuiriam, no prazo de 100 (cem) meses, com 100% (cem
centésimos) do valor atualizado. A atualização do valor do bem objeto de contrato de
consórcio se dá pelo seu preço de mercado, no estado de novo. Portanto, toda vez que o
preço total do bem sofre reajuste no mercado (reajuste de preços no comércio), a
contribuição mensal é alterada na mesma proporção.

01.2- A prestação mensal (conceito diferente de contribuição mensal) é composta de


contribuição mensal para aquisição do bem, que é a divisão de 100% pela quantidade de
meses de duração do grupo de consórcio:
- mais taxa de administração, que representa a remuneração recebida pela administradora
pela prestação dos serviços,
- mais fundo de reserva, que representa uma garantia financeira para assegurar eventuais
necessidades do grupo face às eventuais faltas de disponibilidades (falta de caixa),
causadas, principalmente, pela inadimplência de parte dos consorciados,
- mais prêmio de seguro de vida em grupo.

01.3- Quando o consorciado deseja pagar as prestações normais antecipadamente ou em forma


de lance, pode fazê-lo. Nesta circunstância, são quitadas sempre as últimas prestações,
cujo valor é fixado na primeira Assembléia Geral seguinte ao pagamento.

02 – Considerações acerca dos contratos assinados entre as partes

Apresenta-se a seguir todos os contratos celebrados pelas partes.

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PERÍCIA CONTÁBIL EM MATÉRIA FINANCEIRA – Prof. Remo Dalla Zanna (MS)

19/05/1998 - Contrato de Adesão, Instrumento de Procuração e


Regulamento Padrão (fls. 17/20)

CONTRATO DE CONSÓRCIO nº 01

Grupo VM2 Cota: 008-00 Contrato n.º: 2472


Bem objeto: Automóvel Mercedes Benz, modelo C 180 Classic
Valor: R$ 61.009,50
Prazo: 100 meses
Contribuição mensal: 1%
Taxa de Adesão: nihil
Taxa de Administração: 18,00%
Fundo de Reserva: nihil
Seguro de vida: 0,084%

08/02/1999 - Contrato de Abertura de Crédito com Alienação Fiduciária


(fls. 21)

Alienação Fiduciária em Garantia do bem obtido em CONSÓRCIO

Grupo: VM2 Cota: 008-00


Bem entregue: Micro Ônibus Mercedes Benz, modelo 310 Sprinter
Chassi - 8AC690341WA529580
Ano/modelo: 1998/1999
Valor a financiar: R$ 68.204,60
Valor da nota fiscal: R$ 45.381,68 (NF 110.234)
Este é o bem objeto de Busca e Apreensão

11/06/2001 - Contrato de Adesão, Instrumento de Procuração e


Regulamento Padrão (fls. 24/26) – Contrato chamado, nos autos, de
“Contrato de Gaveta”

CONTRATO DE CONSÓRCIO nº 02.

Grupo: CLA1 Cota: 112-01 Contrato n.º: 14202


Bem objeto: Caminhão Mercedes Benz, modelo 712 C/37
Valor: R$ 57.826,97
Duração do grupo: 60 meses
Participação : 36 meses pois este grupo já se encontrava em andamento
Contribuição mensal: 2,7778% (100% divididos por 36 meses)
Taxa de Adesão: 1%
Taxa de Administração: 9,00%
Fundo de Reserva: nihil
Seguro de vida: 0,0880%
Nota Relevante: deste contrato de consórcio nenhuma mensalidade foi paga.
Vide, por gentileza, o ANEXO Nº. 03.

25/05/2000 - Termo de Acordo (fls. 138/9) no qual não consta a assinatura


da Sra. Z. Viagens

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PERÍCIA CONTÁBIL EM MATÉRIA FINANCEIRA – Prof. Remo Dalla Zanna (MS)

Acordo de parcelamento das prestações 17, 18, 19, 20, 21 e 22, mais encargos contratuais, custas
e despesas judiciais, que somam R$ 14.700,00.

31/08/2001 - Contrato de Abertura de Crédito com Alienação Fiduciária


(fls. 28), SOBRE O MESMO BEM do contrato assinado em 08/02/1999

Alienação Fiduciária em Garantia do bem obtido em CONSÓRCIO

Grupo: CLA1 Cota: 112-01


Bem entregue: Micro Ônibus Mercedes Benz, modelo 310 Sprinter
Chassi - 8AC690341WA529580
Ano/modelo: 1998/1999
Valor a financiar: R$ 61.356,15.

IV- CRITÉRIOS DE CÁLCULOS

01 - Visto não terem sido apresentados quesitos por nenhuma das Partes, com o propósito de
bem servir a V. Exa. em suas apreciações, este auxiliar optou por ordenar seu trabalho da
seguinte forma:

01.1- Análise e descrição dos contratos celebrados entre as partes, para identificação das
condições estabelecidas, identificados no capítulo III acima.

01.2- Evolução técnica de cada contrato para identificação de seu encadeamento,


objetivando confirmação/verificação das alegações prestadas pelas Partes.

01.3 - Evolução técnica de cada contrato para levantamento de possíveis saldos devedores,
consoante os critérios que permeiam os contratos de consórcio.

01.4 – Entendimento de que os contratos de alienação fiduciária foram feitos apenas e tão
somente para que sobre o bem obtido em consórcio - Micro Ônibus Mercedez Benz,
modelo 310 Sprinter – no caso da Sra. Z. Viagens viesse a se tornar inadimplente com as
mensalidades do grupo ao qual se consorciara, pudesse ser objeto de busca e apreensão.

V - CONSIDERAÇÕES ACERCA DOS EXAMES FEITOS

01 - A análise dos demonstrativos anexados ao processo revelou que, embora tivessem sido
celebrados contratos de adesão a dois grupos de consórcio para veículos diferentes (automóvel
um e caminhão o outro), o veículo efetivamente faturado, entregue, apreendido pela prefeitura e
retirado pelo MERCABENCO – mediante Ação de Busca e Apreensão - foi o Micro Ônibus 310
Sprinter que se destinava ao transporte escolar e/ou, coletivo de passageiros.

02 - Houve, em janeiro de 1999, contemplação da quota da Autora, tendo como opção, a


compra do veículo supracitado. A diferença entre o valor do bem de referência constante no
contrato de consórcio (bem objeto) e o valor do veículo efetivamente faturado e entregue, foi
dado como lance.

Valor do Crédito na data da Assembleia: R$ 60.635,37


Valor do bem entregue: R$ 45.381,68
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PERÍCIA CONTÁBIL EM MATÉRIA FINANCEIRA – Prof. Remo Dalla Zanna (MS)

Diferença considerada como Lance R$ 15.253,70

O valor acima, considerado como lance, serviu para quitar parcelas futuras, as últimas.

03 - Houve em junho de 1999, adesão ao grupo CLA1, no valor R$ 57.826,97, e em setembro


de 1999, liquidação do contrato referente ao grupo VM2 pelo valor total de R$ 57.826,97. O
exame dos extratos, feito em conjunto (fls. 108/112), indica que o valor do bem do grupo VM2,
foi liquidado pela adesão ao grupo CLA1.

VI - DESCRIÇÃO DOS ANEXOS ELABORADOS PELA PERÍCIA

01 - Apresentamos no quadro abaixo a relação dos ANEXOS que fazem parte e integram a
presente prova pericial contábil.

DOCU –
MENTO Assunto(s) tratado(s) em cada um
n.º
01 Cópia da carta enviada ao i. patrono da empresa MERCABENCO
Cópia da carta enviada ao i. patrono da Sra. Zélia, devolvida pelo Correio sob a
02
alegação de que o destinatário era desconhecido no local. Vide fls. ___ dos autos.
Número do
Assunto(s) tratado(s) em cada um
ANEXO
01 Evolução do Contrato de Consórcio GRUPO VM2 - Cota: 008-00
02 Evolução do Contrato de Consórcio GRUPO CLA1 - Cota: 112-01
03 Posição Financeira das parcelas impagas relativas ao GRUPO CLA1 - Cota: 112-01

VII - VALORES APURADOS PELA PERÍCIA

Vide QUADRO RESUMO da DÍVIDA no ANEXO Nº 03, feito apenas e tão somente dentro do
conceito pacta sunt servanda.

VIII - ENCERRAMENTO

São inassumíveis responsabilidades sobre documentos controversos, que fazem parte dos Autos
deste Processo, se ainda não apreciados pelo E. Juízo. Inassumíveis também responsabilidades
sobre documentos idôneos e válidos que podem estar em poder de pessoas físicas e jurídicas,
seja do/a Autor/a ou da Ré/u, ou ainda, de outros cidadãos interessados no deslinde deste caso,
que a nós não foram consignados até a data da conclusão deste Laudo ou foram desentranhados
dos autos deste processo, conforme r. decisão judicial.

Por fim, são também inassumíveis responsabilidades sobre matérias jurídicas a que tenha,
eventualmente e sem intenção determinada, se referido, inclusive quando este referimento tivesse
ocorrido por indução contida - intencionalmente ou não - na formulação dos quesitos
apresentados à perícia, excluídas nestas, obviamente, as responsabilidades implícitas para o
exercício de sua profissão, estabelecida em Leis, Códigos e Regulamentos própria.

15
PERÍCIA CONTÁBIL EM MATÉRIA FINANCEIRA – Prof. Remo Dalla Zanna (MS)

Nada mais havendo a oferecer, dá-se por concluído o presente LAUDO PERICIAL
CONTÁBIL, composto de 14 (quatorze) páginas impressas pelo sistema de processamento de
dados, somente no anverso, todas numeradas e rubricadas, com exceção desta que segue assinada
para os devidos fins. Fazem parte desta prova pericial e com ela se integram, 2 (dois)
DOCUMENTOS numerados de 01 a 02 e 3 (três) ANEXOS, numerados de 01 a 03, também
rubricados como de praxe.

São Paulo, 12 de dezembro de 2003.

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ANEXO N.º 01

Administradora: Adesão ao Grupo: VM2 Cota: 008-00

Dados da adesão ao Consórcio Bem efetivamente faturado

Data: 19/05/1998 Troca do bem: de MB C180 para Micro ônibus 310 Sprinter
Bem objeto do Contrato: Contribuição mensal: 1% do valor do bem Data: 05/02/1999
Automóvel MB C 180 Classic Taxa de Adesão: não houve Novo bem entregue: Micro Ônibus 310 SPRINTER 1998/1999
Valor: R$ 45.381,68 # Nota Fiscal as fls. 22, objeto de busca e
Prazo: 100 meses Taxa de Administração: 18,00% apreensão
Valor: R$ 61.009,50 Seguro de Vida em grupo: 0,0840% por mês Chassi: 8AC690341WA529580
NOTA: - Valore em Reais
RATEIO DO VALOR PAGO
% de Categoria =
Data de Evolução do Taxa de Prêmio de
Par - contribuição valor do bem Parcela a Amortização % de Amorti -
Entrada ou valor do Bem Histórico Valor Pago Adminis - Multa paga seguro
cela definida em + taxas pagar do valor devido zação
Pag_to em Reais tração paga pago
Assembléia administração

1 1,0000% 25/05/1998 61.628,50 72.721,63 Parcela normal 787,69 777,43 607,59 109,37 60,47 0,98590
2 1,0000% 31/08/1998 61.082,43 72.077,27 Parcela normal 781,32 807,57 620,24 111,64 15,14 60,55 1,01541
3 1,0000% 18/09/1998 61.082,43 72.077,27 Parcela normal 781,32 781,32 610,83 109,95 60,54 1,00000
4 1,0000% 27/10/1998 60.635,37 71.549,74 Parcela normal 776,56 788,00 616,05 110,89 61,06 1,01599
5 1,0000% 25/11/1998 60.635,37 71.549,74 Parcela normal 847,15 760,00 532,50 95,85 131,65 0,87820
6 1,0000% 10/12/1998 60.635,37 71.549,74 Parcela normal 847,15 847,14 606,35 109,14 131,65 0,99999
4 29/01/1999 Contemplada por lance 45.381,67 (45.381,67) (e substituição do bem como acima citado) 0,00000
4 29/01/1999 75.957,64 89.630,02 Antecipação por Lance - 15.253,70 12.926,86 2.326,84 - 17,01852
7 1,0000% 02/02/1999 85.305,00 100.659,90 Parcela normal 1.178,69 1.084,00 756,60 136,19 19,12 172,09 0,88694
9 1,0000% 05/04/1999 85.305,00 100.659,90 Parcela normal 1.199,87 1.365,00 973,08 175,16 23,49 193,27 1,14071
8 1,0000% 09/04/1999 85.305,00 100.659,90 Parcela normal 1.199,87 411,14 155,64 28,01 34,22 193,27 0,18245
8 1,0000% 16/04/1999 85.305,00 100.659,90 Diferença de prestação 411,14 348,42 62,72 0,40844
8 1,0000% 23/04/1999 85.305,00 100.659,90 Diferença de prestação 411,14 348,42 62,72 0,40844
10 2,0582% 26/05/1999 88.805,50 104.790,49 Parcela normal 2.358,18 2.427,00 1.833,68 330,06 61,88 201,38 2,06482
11 2,0582% 04/06/1999 77.571,20 91.534,02 Parcela normal 2.085,33 595,51 293,15 52,77 48,21 201,38 0,37791
11 2,0582% 11/06/1999 77.571,20 91.534,02 Diferença de prestação 595,51 504,67 90,84 0,65059
11 2,0582% 18/06/1999 77.571,20 91.534,02 Diferença de prestação 595,51 504,67 90,84 0,65059
11 2,0582% 25/06/1999 77.571,20 91.534,02 Diferença de prestação 595,51 504,67 90,84 0,65059
12 2,0582% 29/07/1999 80.341,60 94.803,09 Parcela normal 2.049,84 800,00 542,59 97,67 61,14 98,60 0,67536

Página 1 de 3
ANEXO N.º 01

Administradora: Adesão ao Grupo: VM2 Cota: 008-00

Dados da adesão ao Consórcio Bem efetivamente faturado

Data: 19/05/1998 Troca do bem: de MB C180 para Micro ônibus 310 Sprinter
Bem objeto do Contrato: Contribuição mensal: 1% do valor do bem Data: 05/02/1999
Automóvel MB C 180 Classic Taxa de Adesão: não houve Novo bem entregue: Micro Ônibus 310 SPRINTER 1998/1999
Valor: R$ 45.381,68 # Nota Fiscal as fls. 22, objeto de busca e
Prazo: 100 meses Taxa de Administração: 18,00% apreensão
Valor: R$ 61.009,50 Seguro de Vida em grupo: 0,0840% por mês Chassi: 8AC690341WA529580
NOTA: - Valore em Reais
RATEIO DO VALOR PAGO
% de Categoria =
Data de Evolução do Taxa de Prêmio de
Par - contribuição valor do bem Parcela a Amortização % de Amorti -
Entrada ou valor do Bem Histórico Valor Pago Adminis - Multa paga seguro
cela definida em + taxas pagar do valor devido zação
Pag_to em Reais tração paga pago
Assembléia administração

12 2,0582% 09/08/1999 80.341,60 94.803,09 Diferença de prestação 681,00 577,12 103,88 0,71833
13 2,0582% 16/08/1999 80.341,60 94.803,09 Parcela normal 2.049,84 681,00 447,26 80,51 54,63 98,60 0,55670
13 2,0582% 23/08/1999 80.341,60 94.803,09 Diferença de prestação 681,00 577,12 103,88 0,71833
13 2,0582% 30/08/1999 80.341,60 94.803,09 Diferença de prestação 681,00 577,12 103,88 0,71833
13 2,0582% 06/09/1999 80.341,60 94.803,09 Diferença de prestação 681,00 577,12 103,88 0,71833
14 2,0541% 08/10/1999 84.005,00 99.125,90 Parcela normal 2.134,75 1.000,00 707,79 127,40 66,21 98,60 0,84255
14 2,0541% 15/10/1999 84.005,00 99.125,90 Diferença de prestação 1.045,83 886,30 159,53 1,05505
15 2,0541% 22/10/1999 84.005,00 99.125,90 Parcela normal 2.139,24 1.045,83 748,31 134,70 59,73 103,09 0,89080
16 2,0541% 04/11/1999 84.005,00 99.125,90 Parcela normal 2.139,24 1.045,00 756,24 136,12 49,55 103,09 0,90023
16 2,0541% 12/11/1999 84.005,00 99.125,90 Diferença de prestação 1.046,00 886,44 159,56 1,05522
18 2,0541% 22/05/2000 90.306,00 106.561,08 Parcela normal 2.291,96 1.806,00 1.317,18 237,09 148,64 103,09 1,45857
17 2,0541% 24/05/2000 90.306,00 106.561,08 Parcela normal 2.291,96 2.094,00 1.549,17 278,85 162,89 103,09 1,71547
24 1,5881% 21/06/2000 90.306,00 106.561,08 Parcela normal 1.795,39 1.080,00 827,89 149,02 103,09 0,91676
25 1,5549% 20/07/2000 90.306,00 106.561,08 Parcela normal 1.760,01 1.080,00 827,89 149,02 103,09 0,91676
26 1,5549% 20/07/2000 90.306,00 106.561,08 Diferença de prestação 610,00 516,95 93,05 0,57244
26 1,5549% 31/08/2000 90.306,00 106.561,08 Diferença de prestação 1.700,00 1.440,68 259,32 1,59533
27 1,5826% 07/11/2000 91.309,40 107.745,09 Parcela normal 1.809,41 1.700,00 1.307,53 235,36 52,87 104,24 1,43198
28 1,5826% 07/12/2000 91.309,40 107.745,09 Parcela normal 1.809,41 1.230,00 908,78 163,58 53,40 104,24 0,99528
28 1,5826% 07/12/2000 91.309,40 107.745,09 Diferença de prestação 450,00 381,36 68,64 0,41765

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ANEXO N.º 01

Administradora: Adesão ao Grupo: VM2 Cota: 008-00

Dados da adesão ao Consórcio Bem efetivamente faturado

Data: 19/05/1998 Troca do bem: de MB C180 para Micro ônibus 310 Sprinter
Bem objeto do Contrato: Contribuição mensal: 1% do valor do bem Data: 05/02/1999
Automóvel MB C 180 Classic Taxa de Adesão: não houve Novo bem entregue: Micro Ônibus 310 SPRINTER 1998/1999
Valor: R$ 45.381,68 # Nota Fiscal as fls. 22, objeto de busca e
Prazo: 100 meses Taxa de Administração: 18,00% apreensão
Valor: R$ 61.009,50 Seguro de Vida em grupo: 0,0840% por mês Chassi: 8AC690341WA529580
NOTA: - Valore em Reais
RATEIO DO VALOR PAGO
% de Categoria =
Data de Evolução do Taxa de Prêmio de
Par - contribuição valor do bem Parcela a Amortização % de Amorti -
Entrada ou valor do Bem Histórico Valor Pago Adminis - Multa paga seguro
cela definida em + taxas pagar do valor devido zação
Pag_to em Reais tração paga pago
Assembléia administração

29 1,5375% 02/01/2001 91.309,40 107.745,09 Parcela normal 1.768,64 1.300,00 960,40 172,87 54,67 112,06 1,05181
30 1,5375% 12/01/2001 91.309,40 107.745,09 Parcela normal 1.768,64 1.300,00 967,89 174,22 45,83 112,06 1,06001
31 1,5375% 15/03/2001 90.548,62 106.847,37 Parcela normal 1.749,22 600,00 369,37 66,49 57,70 106,44 0,40793
31 1,5375% 15/03/2001 90.548,62 106.847,37 Diferença de prestação 450,00 381,36 68,64 0,42116
32 1,5375% 11/04/2001 92.931,48 109.659,15 Parcela normal 1.797,13 1.200,00 872,19 157,00 59,69 111,12 0,93854
33 1,5375% 09/05/2001 92.931,48 109.659,15 Parcela normal 1.800,06 750,00 487,98 87,84 60,13 114,05 0,52510
33 1,5375% 09/05/2001 92.931,48 109.659,15 Diferença de prestação 200,00 169,49 30,51 0,18238
33 1,5375% 09/05/2001 92.931,48 109.659,15 Diferença de prestação 150,00 127,12 22,88 0,13679
Baixa das prestações 34
a 39 em razão de adesão
a outro contrato
34 1,5375% 12/09/2001 98.507,37 116.238,70 (caminhão). 10.723,02 11.739,10 9.948,39 1.790,71 10,09913
Transferência de dívida
deste plano para outro, o
40 1,5375% 12/09/2001 98.507,37 116.238,70 do caminhão. 41.829,23 35.448,50 6.380,73 35,98563

53.568,33
Despesas jurídicas pela transferência de bem e troca de contrato 4.258,64
SOMA 57.826,97

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ANEXO N.º 02

Administradora: Adesão ao Grupo CLA1 - Cota 112-01

Dados da Adesão ao Consórcio com início na 25ª parcela O bem efetivamente faturado não foi o caminhão

Troca do bem: de MB C180 para Micro ônibus 310 Sprinter


Data da Adesão: 11/06/2001 Data: 05/02/1999
Objeto: Caminhão M.B.B modelo 712 C/37 Novo bem entregue: Micro Ônibus 310 SPRINTER 1998/1999
Valor: R$ 45.381,68 # Nota Fiscal as fls. 22, objeto de busca
Valor: R$ 57.826,97 (vide saldo devedor ANEXO N.º 01)
e apreensão
Taxa de Administração: 9,00% Chassi: 8AC690341WA529580

RATEIO DO VALOR PAGO

% de
Evolução do Categoria = Taxa de Prêmio de
Par - contribuição Data de Entrada Parcela Amortização do % de Amorti -
valor do Bem valor do bem Histórico Valor Pago Adminis - Multa paga seguro
cela definida em ou Pag_to a pagar valor devido zação
em Reais + taxas administração tração paga pago
Assembléia

30 2,7778% 12/06/2001 57.826,97 63.031,40 Diferença de prestação 110,00 100,92 9,08


25 2,7778% 12/06/2001 57.826,97 63.031,40 Antecipação 1.640,00 1.504,59 135,41
30 2,7778% 12/06/2001 57.826,97 63.031,40 Prestação normal 1.750,89 1.696,11 1.505,18 135,47 55,47 2,38797893
32 2,7778% 31/08/2001 58.408,63 63.665,41 Diferença de prestação 1.042,00 955,96 86,04
31 2,7778% 31/08/2001 58.408,63 63.665,41 Quitação de Parcelas 3.537,00 2.682,00 2.365,32 212,88 103,80 3,715237558
Registro contábil da
30 2,7778% 12/09/2001 58.415,52 63.672,92 57.826,97 (57.826,97)
transferência do crédito
33 2,7778% 01/10/2001 58.415,52 63.672,92 Prestação normal 1.768,71 1.825,00 1.674,31 150,69 2,629551167
31 2,7778% 10/10/2001 Estorno (3.537,00) (2.682,00) (2.365,32) (212,88) (103,80) -3,715237558
31 2,7778% 10/10/2001 58.408,63 63.665,41 Quitação de Parcelas 3.537,00 2.682,00 2.460,55 221,45 3,864815425
34 2,7778% 07/11/2001 58.415,52 63.672,92 Prestação normal 1.768,71 700,00 599,47 53,95 46,58 0,941480177
34 2,7778% 07/11/2001 58.415,52 63.672,92 Diferença de prestação 1.115,00 1.022,94 92,06 1,606547699

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ANEXO N.º 02

Dados da Adesão ao Consórcio com início na 25ª parcela O bem efetivamente faturado não foi o caminhão

Troca do bem: de MB C180 para Micro ônibus 310 Sprinter


Data da Adesão: 11/06/2001 Data: 05/02/1999
Objeto: Caminhão M.B.B modelo 712 C/37 Novo bem entregue: Micro Ônibus 310 SPRINTER 1998/1999
Valor: R$ 45.381,68 # Nota Fiscal as fls. 22, objeto de busca
Valor: R$ 57.826,97 (vide saldo devedor ANEXO N.º 01)
e apreensão
Taxa de Administração: 9,00% Chassi: 8AC690341WA529580

RATEIOTotal
DO amortizado
VALOR PAGOneste contrato 11,4303734

Falta amortizar 88,5696266


Correspondente a R$ 56.394,86
Vide no ANEXO N.º03 a atualização desse valor

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ANEXO N.º 03

Administradora: Adesão do Grupo CLA1 Cota 112-01 - PARCELAS IMPAGAS

Posição financeira das parcelas em aberto

Encargos
Contribuição
Vecto. conf. Valor da Valor da parcela Contribuição do valor Taxa de Adm. moratórios Prêmio de
Parcela definida em Valor do Bem Histórico Valores Totais
Merca - benco Categoria impaga devido correspon- dente conforme Seguro
Assembléia
Mercabenco

35 2,7778% 09/11/2001 58.822,31 64.116,32 Prestação normal 1.781,02 1.531,57 137,84 111,61 1.892,63
36 2,7778% 07/12/2001 58.822,31 64.116,32 Prestação normal 1.781,02 1.547,91 139,31 93,80 1.874,82
37 2,7778% 11/01/2002 58.822,31 64.116,32 Prestação normal 1.781,02 1.566,97 141,03 73,02 1.854,05
38 2,7778% 08/02/2002 58.822,31 64.116,32 Prestação normal 1.781,02 1.582,77 142,45 55,81 1.836,83
39 2,7778% 08/03/2002 58.822,31 64.116,32 Prestação normal 1.781,02 1.597,47 143,77 39,78 1.820,80
40 2,7778% 12/04/2002 58.822,31 64.116,32 Prestação normal 1.781,02 1.633,97 147,06 1.781,02
374,01

Q U A D R O R E S U M O da D Í V I D A

Valor da categoria Março/2002 100,000000% 64.116,32


Amortizado 11,430373% 7.328,73
Saldo 88,569627% 56.787,58
Encargos moratórios 374,01
DÍVIDA CONSOLIDADA segundo o conceito "pacta sunt servanda" 57.161,60

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ANEXO N.º 03

Administradora: Adesão do Grupo CLA1 Cota 112-01 - PARCELAS IMPAGAS

Posição financeira das parcelas em aberto

Encargos
Contribuição
Vecto. conf. Valor da Valor da parcela Contribuição do valor Taxa de Adm. moratórios Prêmio de
Parcela definida em Valor do Bem Histórico Valores Totais
Merca - benco Categoria impaga devido correspon- dente conforme Seguro
Assembléia
Mercabenco

35 2,7778% 09/11/2001 58.822,31 64.116,32 Prestação normal 1.781,02 1.531,57 137,84 111,61 1.892,63
36 2,7778% 07/12/2001 58.822,31 64.116,32 Prestação normal 1.781,02 1.547,91 139,31 93,80 1.874,82
37 2,7778% 11/01/2002 58.822,31 64.116,32 Prestação normal 1.781,02 1.566,97 141,03 73,02 1.854,05
38 2,7778% 08/02/2002 58.822,31 64.116,32 Prestação normal 1.781,02 1.582,77 142,45 55,81 1.836,83
39 2,7778% 08/03/2002 58.822,31 64.116,32 Prestação normal 1.781,02 1.597,47 143,77 39,78 1.820,80
40 2,7778% 12/04/2002 58.822,31 64.116,32 Prestação normal 1.781,02 1.633,97 147,06 1.781,02
374,01

Q U A D R O R E S U M O da D Í V I D A

Valor da categoria Março/2002 100,000000% 64.116,32


Amortizado 11,430373% 7.328,73
Saldo 88,569627% 56.787,58
Encargos moratórios 374,01
DÍVIDA CONSOLIDADA segundo o conceito "pacta sunt servanda" 57.161,60

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PERÍCIA CONTÁBIL EM MATÉRIA FINANCEIRA – Prof. Remo Dalla Zanna (MS)

PF 14 – edição pessoal para fins de estudo e venda em PDF

Revisado em maio/2019.

14º - MÓDULO

COOPERATIVA DE CRÉDITO

14.1 – Conceito
14.2 – Brevíssima comparação entre o banco e a cooperativa de crédito.
14.3 – Os empréstimos aos cooperados e as SOBRAS.
13.4 - Orientação Técnica
13.5 – Exemplo de laudo em ação que cuida de cooperado e cooperativa de
crédito.

14.1 – Conceito

O espírito do cooperativismo é a união de esforços para favorecimento dos


cooperados. A filosofia cooperativista tem origem no ideal socialista (socialismo em
oposição ao capitalismo imperialista) que, segundo os seus teóricos, deveria se
repartir em dois ramos independentes e que conviveriam harmoniosamente: (i)
comunismo; e (ii) cooperativismo.

As cooperativas são fundadas para atender necessidades específicas de seus


associados e, por isso, identificam-se como cooperativas de consumo, cooperativas
de crédito, cooperativas agrícolas, etc. Mas uma cooperativa pode ser criada para
atender interesses difusos de uma determinada comunidade, tal como uma
cooperativa dos “Moradores de Serro Azul” que envolve a compra de insumos, o
compartilhamento de tecnologias, a produção de roupas (por exemplo) e a
correspondente venda de forma unificada ou cooperada. Portanto, o cooperativismo
tem finalidade social e, no caso de Cooperativas de Crédito, não existe a cobrança
de juros, mas de um percentual de encargos destinado a custear a administração da
própria cooperativa.

Entende-se por cooperativa bem administrada a que proporcionar, ao longo do


tempo, bons serviços para os cooperados dentro de seu ramo de especialização e, ao
mesmo tempo, oferecer-lhes estabilidade socioeconômica. Por exemplo, uma
cooperativa de agricultores ocupa-se em oferecer-lhes as melhores oportunidades de
trabalho desde o preparo da terra até a venda dos produtos e garantir a continuidade
do negócio (tornar perene a atividade agrícola local). Obviamente, a educação dos
cooperados e de suas famílias faz parte das preocupações da administração da
1
PERÍCIA CONTÁBIL EM MATÉRIA FINANCEIRA – Prof. Remo Dalla Zanna (MS)

cooperativa. Contribuem para essa boa administração as corretas decisões da


Assembleia Geral, pois é ela que elege os membros do Conselho de Administração
e do Conselho Fiscal. Os membros do Conselho Fiscal devem ser, obrigatoriamente,
cooperados.

No caso de Cooperativas de Crédito, objeto deste capítulo, o percentual de


encargos destinado a custear a administração da cooperativa é fixado pela
Assembleia Geral. Quando o percentual não é suficiente para fazer frente aos custos
administrativos é aumentado com base em nova decisão assemblear. Quando, ao
contrário, o total arrecadado for suficiente e ainda deixar SOBRAS, dependendo de
decisão assemblear, estas serão repartidas entre os cooperados ou constituírem um
“fundo de reserva” mediante a aplicação financeira em algum Fundo de
Investimento de baixo risco.

Nota: As SOBRAS não sendo lucros, não dão causa à tributação


pelo Imposto de Renda.

O artigo 4º, inciso VII da Lei nº 5.764/71, diz:

“Art. 4º - As cooperativa são sociedades de pessoas, com forma e


natureza jurídica próprias, de natureza civil, não sujeitas à falência,
constituídas para prestar serviços aos associados, distinguindo-se das
demais sociedades pelas seguintes características”:

“VII – retorno de sobras líquidas do exercício, proporcionalmente às


operações realizadas pelo associado, salvo deliberação em contrário
da Assembléia Geral”.

O artigo 5º, desta mesma lei informa:

“As sociedades cooperativas poderão adotar por objeto qualquer


gênero de serviço, operação ou atividade, assegurando-se-lhes o
direito exclusivo e exigindo-se-lhes a obrigação do uso da expressão
“cooperativa” em sua denominação.”.

Parágrafo único: “É vedado às cooperativas o uso da expressar


“banco”.

Os Estatutos Sociais de uma Cooperativa de Crédito, mutatis mutandis, contêm,


geralmente, a seguinte cláusula:

A Cooperativa, com base na colaboração recíproca a que se obrigam


os associados, tem por objetivo:
2
PERÍCIA CONTÁBIL EM MATÉRIA FINANCEIRA – Prof. Remo Dalla Zanna (MS)

I – proporcionar, pela mutualidade, assistência financeira aos


associados através de suas atividades específicas;
II – o desenvolvimento de programa de poupança, de uso
adequado do crédito e de prestação de serviços, praticando
todas as operações ativas, passivas e acessórias próprias de
Cooperativas de Crédito;
III – promover o aprimoramento técnico, educacional e social
de seus dirigentes, associados, seus familiares e
empregados;
IV – o estímulo ao desenvolvimento econômico e interesses
comuns dos associados.

14.2 – Brevíssima comparação entre o banco e a cooperativa de crédito.

Enquanto os bancos captam dinheiro no mercado, a custos variáveis (pagando juros


aos investidores) segundo o tipo de investimento que oferecem tais como: CDB,
RDB, Letras de Câmbio e Fundos de Investimentos com vários tipos e riscos,
captando, inclusive, recursos a custo zero como no caso de depósitos em contas
correntes de simples movimento, as Cooperativas de Crédito recebem de seus
associados:
a) no momento em que a pessoa - física ou jurídica - se torna um cooperado: um
aporte em “cotas sociais”, ou seja, o novo cooperado contribui com a
formação dos fundos que serão objeto de administração pela diretoria da
cooperativa; e ...
b) poderá fazer, quando quiser “depósitos voluntários em contra corrente”,
tudo conforme fixado em Assembleias Gerais.

Sobre estes aportes dos sócios, a Cooperativa de Crédito, geralmente, não paga
juros. Quando ocorre o pagamento de juros para o cooperado, a base de cálculo
corresponderá à parte de seus aportes representada por “aplicações financeiras”.
Neste caso, os cooperados/aplicadores receberão uma remuneração (juros) em
percentual fixado pela Assembleia Geral. Logo, as Cooperativas de Crédito estão
legalmente impedidas de captarem fundos de terceiros não associados.

O patrimônio da Cooperativa de Crédito pode ser formado, pelo menos em parte,


por doações. O valor das doações não pertence aos cooperados; assim, os Estatutos
devem definir a quem irão esses fundos doados caso a Cooperativa de Crédito
venha a ser extinta. O controle contábil das doações deve ser feito em contas
separadas, uma para cada caso.

Enquanto a receita do banco é formada por juros, tarifas, taxas e comissões, a


cooperativa recebe “encargos” cobrados sobre empréstimos concedidos,
3
PERÍCIA CONTÁBIL EM MATÉRIA FINANCEIRA – Prof. Remo Dalla Zanna (MS)

exclusivamente aos associados. Os “encargos” se destinam ao pagamento das


despesas de funcionamento e reaplicação em empréstimos.

14.3 – Os empréstimos aos cooperados e as SOBRAS.

Tomar emprestado do monte comum, ação apenas permitida aos cooperados, gera,
entre outras, as seguintes situações peculiares às cooperativas de crédito:
1. o custo do empréstimo não guarda relação alguma com os custos praticados
no mercado financeiro, pois a cooperativa de crédito não se insere na
categoria de “mercado financeiro”;
2. a quantia emprestada a um associado deixará de ser emprestada a outro
enquanto o monte comum dos cooperados não for recomposto; ou:
(i) por novos aportes dos próprios associados, ou
(ii) pelo ingresso de novos associados; ou ainda
(iii) pela devolução, ainda que em parcelas mensais, do valor
emprestado aos associados que já foram beneficiados com
empréstimos; e
3. sempre existe “fila” de associados esperando a vez de serem aquinhoados
com empréstimos.

No que tange à destinação das SOBRAS, os Estatutos Sociais, geralmente,


estabelecem:

“Das sobras apuradas ao final de cada semestre serão, antes de


qualquer outra destinação, subtraídos os valores destinados aos
seguintes fundos, no mínimo:
I – 10% (dez por cento) para o Fundo de Reserva;
II – 5% (cinco por cento) para o Fundo de Assistência Técnica,
Educacional e Social (FATES).”.

Enquanto os bancos têm lucros brutos destinados a cobrir seus custos e despesas e,
no final, distribuir dividendos aos seus acionistas, as Cooperativas de Crédito não
visam o lucro. Cobram de seus associados, tomadores de empréstimos, uma taxa de
administração e, ao final do semestre ou de um ano de atividade, depois de abatidas
as despesas operacionais, apuram a SOBRA. Em havendo SOBRA, o valor será
distribuído aos associados proporcionalmente à sua participação nas operações.
Mas pode ocorrer que, ao fim de cada exercício social, não sejam apuradas
SOBRAS, mas FALTAS. Neste caso os recursos disponíveis no Fundo de Reserva
serão usados para compensar as FALTAS apuradas. Na hipótese dos recursos do
Fundo de Reserva serem insuficientes para cobrir o “buraco”, os cooperados que
foram beneficiados com empréstimos, deverão comparecer ao monte comum e,
proporcionalmente, dar cobertura ao “buraco” contabilizado.
4
PERÍCIA CONTÁBIL EM MATÉRIA FINANCEIRA – Prof. Remo Dalla Zanna (MS)

A este respeito o artigo 89 da Lei nº 5.764/71, estabelece:

“Os prejuízos no decorrer do exercício serão cobertos com recursos


provenientes do Fundo de Reserva e, se insuficiente este, mediante
rateio, entre os associados, na razão direta dos serviços usufruídos,
ressalvada a opção prevista no parágrafo único do art. 80.”

13.4 - Orientação Técnica

A postura profissional do perito restringe-se, basicamente, à contabilidade da


Cooperativa de Crédito. Examinando a movimentação de empréstimos apurará a
eventual existência de “encargos” cobrados em percentuais diferentes entre os
cooperados. Fará um exame das despesas administrativas para certificar-se sobre a
adequacidade do percentual de encargos frente ao volume de despesas e se essas
despesas correspondem, responsavelmente, à atividade de administração de uma
cooperativa de crédito. Verificará se as Demonstrações Contábeis revelam as
SOBRAS ou as FALTAS com propriedade e quais as decisões que a Assembleia
Geral tomou em face do fechamento do balanço. Mas podem ocorrer situações em
que o i. magistrado requeira do auxiliar apenas determinadas informações e não uma
devassa na contabilidade da Cooperativa. Neste caso, o perito oficial apresentará o
seu Laudo atendendo ao que foi determinado no r. despacho judicial ou na sentença.

13.5 – Exemplo de laudo em ação que cuida de cooperado e cooperativa de


crédito

EXCELENTÍSSIMA SRA. DRA. JUÍZA DE DIREITO DA 44ª VARA CÍVEL DO FORO DA


COMARCA DE GUARULHOS - SP

(sempre deixar espaço para o r. despacho judicial)

PROCESSO nº 2222/22 apensado aos autos 1111/11


AÇÕES : ORDINÁRIA e EXECUTIVA, respectivamente
Requerente/Executada: E.
Requerida/Exeqüente : COOPERATIVA DE CRÉDITO DE G.

REMO DALLA ZANNA, Contador e Economista, nomeado às


fls. 348 da Ação Ordinária, para a honrosa missão de Perito Contador, vem, mui respeitosamente,
à presença de V. Exa. para APRESENTAR o resultado de seu trabalho, nos termos do presente
LAUDO PERICIAL CONTÁBIL para o qual requer juntada aos autos.
5
PERÍCIA CONTÁBIL EM MATÉRIA FINANCEIRA – Prof. Remo Dalla Zanna (MS)

Termos em que
Pede Deferimento
G., 10 de Fevereiro de 2006.

ÌNDICE

Capítulos página
I – Breve histórico deste processo segundo o escopo da perícia 3
II – Metodologia e Critérios de Trabalho 7
III – Quesitos da Autora 12
III – Quesitos da Cooperativa Ré 13
IV – Conclusões Técnicas 25
V – Encerramento 27

I - BREVE HISTÓRICO DESTE PROCESSO


SEGUNDO O ESCOPO DA PERÍCIA

01 – A Cooperativa de Crédito de G. apresentou, em 08/05/2003 ação de Execução por Quantia


Certa contra a Dra. E. e seu marido, Dr. A. Disse que era credora de R$ 35.952,44 e que esse
valor já incluía atualização monetária calculada conforme índices da TPTJ mais juros de 0,5% ao
mês. Esse valor representa a utilização de crédito pessoal de R$ 32.000,00 com vigência mensal.
Esta utilização era garantida, ao longo dos meses para os quais foram apresentados extratos de
conta corrente – vide autos da Ação Declaratória -, por Nota Promissória renovada mensalmente.

02 - A Nota Promissória objeto da ação executiva está vinculada ao contrato de empréstimo


nº. 101010; de R$ 33.120,00. Os encargos (juros) no valor de R$ 1.120,00 foram descontados no
ato do empréstimo de modo que o valor devido um mês depois era de R$ 32.000,00. Tendo
vencido em 26/01/2002 não foi paga e nem renovada como vinha ocorrendo ao longo de anos.
Foi protestada e deu ensejo à Ação de Execução por Quantia Certa.

03 - A Requerente apresentou, em 03/07/03, Ação Declaratória com a qual – aos efeitos desta
aprova pericial - disse:
- que é cooperada da Cooperativa de Crédito de G. na qual mantém (ou matinha) a conta-
corrente nº. 010101-0;
- que para cobrir saldo devedor nessa conta-corrente tomou o empréstimo que gerou a
Nota Promissória objeto de ação executiva;
- que a Cooperativa pratica a capitalização de juros – uma técnica matemática - que chama,
sob a ótica jurídica, de anatocismo, ou seja, juros sobre juros;
- que a Cooperativa faz empréstimos com percentual de juros acima de 20% da taxa paga
na captação e que isto se constitui em aumento arbitrário de lucro.
- Ao final pediu:
 inversão do ônus da prova,
 recálculo da dívida conforme parâmetros defendidos em suas teses
jurídico/financeiras,
6
PERÍCIA CONTÁBIL EM MATÉRIA FINANCEIRA – Prof. Remo Dalla Zanna (MS)

 a condenação da Cooperativa ao pagamento de R$ 85.852,25 a título de


repetição de indébito – valor apurado até maio/2003.

04 – A Cooperativa apresentou a Contestação em 29 de julho de 2003, fls. 243 a 254, onde


alegou que:
- a Requerente é cooperada desde 05/07/1972 (há, aproximadamente, 33 anos), e que
participou – ativamente - das assembleias realizadas;
- a Nota Promissória não se originou de saldo devedor de conta corrente e sim de Contrato
de Empréstimo nº. 010101-0, de 26/12/2002; e que na data em que tomou o empréstimo
de R$ 32.000,00 pelo qual pagou encargos de R$ 1.120,00, o saldo da conta corrente
era credor;
- não houve capitalização de juros (conceito matemático) nem tampouco anatocismo
(conceito jurídico);
- não ocorreu o chamado aumento arbitrário de lucro.
- Quanto ao “Parecer Técnico Contábil” juntado com a peça Inicial, disse ser tendencioso e
inverídico pelas seguintes razões:
 conforme estatuto, a Cooperativa de Crédito não tem “lucro” e sim “sobras” que
são devolvidas aos cooperados proporcionalmente aos valores desembolsados, ao
fim de cada exercício social, ou seja, semestralmente;
 a Cooperativa de Crédito não capta dinheiro no mercado financeiro, pois não é
“banco”,
 disse, enfaticamente, que a Cooperativa de Crédito não opera como se fosse banco
e por isso não existe a figura do spread em suas operações,
 deu a entender, por fim, que o subscritor do “Parecer” juntado com a petição
Inicial confundiu (i) a atuação de um banco com a de uma cooperativa de crédito e
confundiu (ii) operação de crédito pessoal suportado por Nota Promissória - que
é o caso da Ação de Execução por Quantia Certa – com um eventual contrato de
“limite de crédito em conta corrente, popularmente conhecido como ‘cheque
especial’”. A perícia constatou que, nos autos destes dois processos NÃO
foi(ram) juntado(s) contrato(s) de eventual conta garantida para saques a
descoberto mediante a emissão de cheques especial e/ou outras movimentações
deste tipo.

05 – Às fls. 344/346, a Cooperativa requereu prova pericial e juntada de novos documentos. A


finalidade da prova pericial, segundo suas palavras, seria a de
“... comprovar que o trabalho técnico apresentado pelos Autores não se presta
para o fim desejado e é tendencioso, pois além de embutir o chamado ‘spread’
não praticado pela Requerida, apurou, a título de juros capitalizados, valores que
em hipótese alguma representam a verdade.”
Como pontos controvertidos, a Cooperativa sugeriu o exame das seguintes questões:
a) – se a Requerida pratica o alegado “spread”;
b) – se o título executado deriva de empréstimo necessário para a cobertura de conta
corrente que ficou negativa em razão de juros capitalizados lançados a débito.

Em seguida, apresentou 11 (onze) quesitos à perícia.

7
PERÍCIA CONTÁBIL EM MATÉRIA FINANCEIRA – Prof. Remo Dalla Zanna (MS)

06 – A prova pericial foi deferida em r. despacho às fls. 348. O abaixo assinado teve a honra de
ser nomeado para produzi-la.

07 – A Autora apresentou Réplica às fls. 371/381. Foi protocolada em 17/11/2003. Também


pediu a realização de prova pericial – vide fls. 380. Como pontos controvertidos para o exame
pericial, sugeriu:
a) – a constatação da prática de capitalização dos juros nos contratos firmados entres as
partes,
b) o spread abusivo cobrado pela Requerida,
c) o encadeamento de contratos que resultou na dívida cobrada na execução em apenso.

... mas não apresentou quesitos à perícia.

II - METODOLOGIA E CRITÉRIOS DE TRABALHO

O escopo da prova pericial contábil é comunicar às partes


interessadas, em linguagem simples, os fatos observados sob
a ótica da Ciência Contábil (uma das ciências humanas),
dentro de uma filosofia que permita aproveitar os fatos
observados, mercê dos exames procedidos, para o
esclarecimento dos pontos dúbios e revelar a verdade que se
quer conhecer.

01 – DEFINIÇÃO DE TERMOS

As peculiaridades e as circunstâncias dos fatos narrados nesta ação se refletem no trabalho


pericial que está sendo apresentado e, para melhor entendê-lo, requerem a definição de termos
usados nos autos e neste laudo. Enfatiza-se que a definição de termos abaixo tem, apenas e
tão-somente, utilidade contábil e matemática, não se confundindo e nem substituindo a
correspondente interpretação jurídica.
Nota: As informações abaixo foram obtidas em sites
pesquisados e dicionários técnicos.

Cooperativa – é uma sociedade de pessoas, com forma e natureza jurídica própria, sem
fins lucrativos e constituída para prestar serviços aos associados.

Cooperado – é toda pessoa que é sócio ativo ou passivo da cooperativa.

Juros – Remuneração do capital: preço pago pelo uso de fundos tomados por
empréstimo; pode referir-se também a um valor adicional, incidente sobre as parcelas de
pagamento ou sobre o montante total, cobrado ao consumidor nos casos de compra a
prazo no comércio varejista, ou nos casos de aquisição de máquinas, equipamentos e
insumos em instituições de crédito e financiamento, públicas ou privadas; expressado
geralmente por uma percentagem anual, semestral, trimestral ou mensal. Seu cálculo
considera três variáveis: (i) o valor do capital inicial (ou do bem adquirido), (ii) o prazo
ou série de pagamentos, uniformes ou não com o qual será saldado, e o (iii) montante
8
PERÍCIA CONTÁBIL EM MATÉRIA FINANCEIRA – Prof. Remo Dalla Zanna (MS)

representado pela soma do capital inicial mais juro. Quando calculado sobre o principal,
denomina-se juro simples. Quando calculado sobre o principal, mais juros vencidos ao fim
do período e não pagos na data de vencimento, denomina-se juro capitalizado. A palavra
juros também é usada para identificar a renda paga aos investidores em ativos financeiros,
como, por exemplo, juros pagos pelo sistema financeiro quando vende, por exemplo, de
Certificados de Depósito Bancário – CDBs - ou Recibos de Depósito Bancário – RDBs.
Surgem, então, os conceitos de juros ativos assim chamados os que geram renda e juros
passivos os que geram custo para o sistema bancário.

Sobras – Conceito aplicável às cooperativas de crédito para designar valores apurados ao


final de cada semestre ou de cada ano, referentes à diferença entre os ingressos e a saída
de recursos. Correspondem às receitas líquidas obtidas com suas operações tais como: (i)
integralização de capital de cooperados, (ii) taxas cobradas por serviços prestados aos
cooperados e (iii) outras fontes conforme definido nos estatutos da cooperativa de
crédito.

“Spread” - é a diferença entre os a taxa de juros pagos quando da captação de recursos


mediante a venda, por exemplo, de Certificados de Depósito Bancário – CDBs - ou
Recibos de Depósito Bancário – RDBs - e a taxa de juros recebidos pela concessão de
empréstimos e financiamentos. Tendo como certo que a taxa de juros cobrados nos
financiamentos e empréstimos é maior que a taxa de juros paga quando da captação de
recursos, o “spread” representa o ganho bruto do banco, antes da dedução das despesas
operacionais e impostos.

Captação de Recursos – Designação dada ao ato de vender títulos, geralmente RDBs e


CDBs, por parte de bancos para conseguir fundos junto ao mercado.

Encargos – São as taxas, os juros, as multas e a atualização monetária constantes em


cláusulas de contrato de financiamento ou de empréstimos. Há, ainda, os encargos por
inadimplência que constam em cláusula contratual separada dos encargos principais da
operação.

Saldo Devedor – Representa o valor do principal da dívida, em determinado momento,


após a dedução do valor já pago a título de amortização. Tomando-se como exemplo o
caso de conta corrente garantida, conhecida como “cheque especial”, quando os encargos
são pagos pari-passu ao seu vencimento, o saldo devedor representa o valor do principal
emprestado, menos parcelas eventualmente pagas. Quando os encargos NÃO são pagos
pari-passu ao seu vencimento, o saldo devedor representa a soma do principal
emprestado, mais os encargos não adimplidos, menos as parcelas eventualmente pagas.

Prestação – É o valor definido para amortizar um empréstimo em parcelas, geralmente


mensais, geralmente consecutivas e geralmente de valor igual. A prestação é composta de
dois elementos: (i) principal e (ii) encargos. O valor da prestação bem como sua
composição, depende do plano de amortização contratado.

02 - O trabalho investigativo que permitiu produzir esta prova foi conduzido, no que foi possível
e aplicável, dentro dos limites técnicos determinados pelas Normas Brasileiras de Contabilidade -
NBC-T13 - DA PERÍCIA CONTÁBIL e - NBC-P2 - NORMAS PROFISSIONAIS DE PERITO
CONTÁBIL, aprovadas, respectivamente, pelas Resoluções nº. 858/99 e 857/99 do CONSELHO
FEDERAL DE CONTABILIDADE, ambas datadas de 21.10.1999. Os procedimentos adotados
9
PERÍCIA CONTÁBIL EM MATÉRIA FINANCEIRA – Prof. Remo Dalla Zanna (MS)

tiveram como objetivo fundamental a elaboração deste Laudo Pericial Contábil, abrangendo, pois,
segundo a natureza e a complexidade da matéria aqui tratada, o exame e a vistoria de documentos
juntados, a indagação e a pesquisa, a mensuração e a certificação, como previsto na NBC -T13
supra citada.

03 - Analisou-se o sistema de argumentação e contra-argumentação usado nesta lide, a sua


lógica e a sua coerência com a prática e com os usos e costumes aplicados a investigações
periciais de cunho contábil, financeiro, econômico e comercial, em casos congêneres.

04 - Foram consideradas as determinações judiciais pertinentes à perícia contábil constantes no


r. despacho às fls. 348, bem como os documentos constantes nos autos deste processo. Esse
material e as pesquisas feitas sobre o tema ventilado neste processo foram considerados
suficientes para elaborar esta prova pericial. Assim sendo, foi possível formar a convicção técnica
que permitiu responder às questões formuladas às fls. 344 a 346 pela Ré.

NOTAS:
1) Houve necessidade de diligência à Cooperativa para obter documentos e
informações necessários à conclusão dos exames contábeis,
2) As partes foram notificadas, por carta, do início dos trabalhos conforme
preceitua o Art. 431-A do CPC (vide, por gentileza, DOCUMENTOS nº. 01 e
02).

05 – DEMONSTRATIVOS DE CÁLCULOS

Os ANEXOS “A” e “B” foram elaborados para revelar as variáveis de cálculo adotadas para
conhecer a dívida cobrada pela Cooperativa Ré, como segue:
- ANEXO “A” – Demonstração do Valor Original Cobrado pela Cooperativa. Revela o
valor da Nota Promissória, taxa de administração (conceito de cooperativa de crédito) ou
taxa de juros (conceito do sistema financeiro) de 3,5% ao mês, correspondendo à taxa
nominal anual de 42%. Por se tratar de uma operação de desconto de título (desconto de
Nota Promissória), os juros são cobrados na frente. Portanto, para um empréstimo de R$
33.120,00 a tomadora auferiu o líquido de R$ 32.000,00 e pagou R$ 1.120,00 de
encargos.
- ANEXO “B” – Demonstrativo do Débito Atualizado até 31/01/2006. Valor da Nota
Promissória supracitada, acrescido dos encargos contratuais previstos na cláusula 6ª para
o caso de inadimplência.

06 – Também fazem parte desta prova pericial os 05 (cinco) DOCUMENTOS abaixo


relacionados.

Número do
DOCU - Assunto(s) tratado(s) em cada um
MENTO

01 Cópia da carta expedida ao i. patrono da Ré


02 Cópia da carta expedida aos i. patronos da Autora
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PERÍCIA CONTÁBIL EM MATÉRIA FINANCEIRA – Prof. Remo Dalla Zanna (MS)

03 Ranking das Taxa de Operações de Crédito obtida no site do Banco Central do


Brasil e correspondente à semana de 19 a 25/01/2006. A tentativa de conhecer as
taxas praticadas no mês de Dezembro de 2002, mês em que foi assinado o
contrato que deu origem à Nota Promissória cobrada na Ação de Execução por
Quantia Certa, foram frustradas.
04 Cópia xérox da página do relatório produzido pela Cooperativa entregue à perícia
quando de nossa diligência, chamado “Valores do Retorno Anual Referente a
2002”, no qual consta o nome da Autora como beneficiária da quantia líquida de
R$ 3.583,83.
05 Cópia xérox da página com a qual é feito o controle da conta da
Associada/Autora (Associada nº 02020202) entregue à perícia quando de nossa
diligência, na qual se identifica que o valor supracitado de R$ 3.583,83 foi-lhe
creditado na Conta de Capital.

07 - Os textos dos quesitos formulados pela Cooperativa estão literalmente transcritos neste
Laudo com os eventuais defeitos de linguagem que apresentam nas respectivas petições. Portanto,
este Perito Judicial se responsabiliza pelas respostas técnicas a eles (quesitos) fornecidos, até o
limite de seu entendimento lógico, decorrente de análise sintática aplicada, quando necessário, ao
texto apresentado. Isto posto, seguem-se as respostas oferecidas aos quesitos formulados e
pertinentes à perícia de natureza contábil.

III - QUESITOS DA REQUERENTE

Não há.

IV - QUESITOS DA REQUERIDA
(Fls. 345/346)

Quesito nº 1: A Requerida pratica o alegado “spread”, com


empréstimo em percentuais acima de 20% do valor pago na
captação?

Resposta:

Considerando que as fontes de captação de recursos de uma Cooperativa de Crédito são


diferentes das fontes de captação de recursos do sistema bancário e considerando que o conceito
de “spread” aplica-se ao sistema bancário, fica prejudicada a resposta a este quesito, pois
inaplicável, no caso presente, o conceito de “spread”.

Quesito nº 2: A Requerida faz captação de recursos? De onde


provêem os recursos de empréstimos?

Resposta:

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PERÍCIA CONTÁBIL EM MATÉRIA FINANCEIRA – Prof. Remo Dalla Zanna (MS)

Tomando-se por base o conceito de que fazer captação de recursos significa, no sistema bancário,
vender RDBs e CDBs, negativa é a resposta.

A Requerida não faz captação de recursos como se banco fosse. Faz captação de recursos na sua
condição de Cooperativa de Crédito. Portanto, os recursos por ela captados provêem de
investimento em cotas-partes de seus associados, tudo como previsto em seus estatutos sociais e
conforme prevê o Art. 4º item IV da Lei nº 5.764, de 16 de dezembro de 1971.

Quesito nº 3: Os percentuais cobrados pela Requerida, que os


Requerentes chamam de “juros”, são extorsivos se comparados aos
praticados no mercado?

Resposta:

A primeira parte deste quesito tem a resposta prejudicada, pois o ilustre perquirente não
indicou os parâmetros de comparação a serem usados por este auxiliar. Como se sabe, não é
possível deixar ao alvedrio do perito judicial comparar “Os percentuais cobrados pela
Requerida, que os Requerentes chamam de ‘juros’” com quaisquer outros percentuais, à sua
escolha. A escolha dos elementos de prova para comparação solicitada é tarefa de quem perquire.

Todavia, com o único propósito de bem servir a V. Exa. este auxiliar apresenta as seguintes
informações:

1. Valor do principal emprestado: R$ 32.000,00.


2. Data do empréstimo: 26/12/2002.
3. Data do vencimento da Nota Promissória: 26/01/2003.

Nota relevante: O documento encartado às fls. 13 dos autos Ação de Execução por
Quantia Certa apresenta um vício de emissão que corresponde à data de
vencimento efetivamente grafada, ou seja: 26 de Janeiro de 2002; quando, por
óbvio, o certo é 26/01/2003, ou seja, um mês depois de sua emissão. O Termo de
Protesto encartado às fls. 14 considerou como vencimento do dia 26/01/2003.

4. Tempo para o vencimento: 31 dias ou um mês.


5. Valor do montante na data do vencimento: R$ 33.120,00
6. Acréscimo em 31 dias: R$ 1.120,00.
7. Taxa de acréscimo: 3,5% no período de 31 dias ou de um mês.

Para conhecer as taxas de juros para empréstimos pessoais que estavam sendo praticadas no dia
26/12/2002 em instituições financeiras em geral, este auxiliar fez pesquisas nos sites disponíveis
com destaque para o site do Banco Central, mas não teve êxito. Conseguiu conhecer as taxas
praticadas no mês de janeiro/2006 época em que procedeu à pesquisa. As taxas de juros para
empréstimos pessoais estão reveladas no DOCUMENTO nº. 03 que completa a resposta a este
quesito.

A segunda parte deste quesito também tem a resposta prejudicada, pois não cabe ao auxiliar do
juízo manifestar opinião sobre tema pertencente ao mérito do que se discute nos autos deste
processo. Ou seja, não cabe ao expert do juízo opinar sobre negócios financeiros entabulados

12
PERÍCIA CONTÁBIL EM MATÉRIA FINANCEIRA – Prof. Remo Dalla Zanna (MS)

entre as Partes, ou seja, sobre se “Os percentuais cobrados pela Requerida, que os Requerentes
chamam de ‘juros’, são extorsivos se comparados aos praticados no mercado” (g.n.).

Quesito nº 4: Após o crédito derivado das “sobras” anuais, qual o


percentual efetivamente cobrado?

Resposta:

Prejudicada a resposta a este quesito por não existir relação direta de causa e efeito entre o que
é cobrado quando da concessão de empréstimo ao cooperado e o que lhe é devolvido conforme
sistema de rateio das sobras anuais, rateio, este, proporcional às cotas sociais de cada um.

A resposta a este quesito fica prejudicada também pelo fato do valor creditado a título de
“sobras” nenhuma relação tem com o valor objeto de Ação Executiva de Cobrança por Quantia
Certa, nenhuma relação tem com o que se discute nos autos da Ação Declaratória e nem com a
movimentação financeira da conta corrente da Autora. As “sobras”, no caso presente, foram
transformadas em CAPITAL dos cooperados. Não foram pagas como se renda fosse de maneira
que, em sendo abatidas do que pagaram pelo empréstimo, pudessem ser consideradas como uma
redução da taxa de encargos pagos.

Quesito nº 5: A nota promissória objeto da execução em apenso


(proc. nº 2222/22), deriva de empréstimo para cobertura de saldo
negativo em conta corrente, decorrente de lançamentos a débito de
juros capitalizados?

Resposta:

Negativa é a resposta, pois a Nota Promissória objeto da execução em apenso (proc. nº


1111/11), NÃO deriva de empréstimo para cobertura de saldo negativo em conta corrente. Não
há provas nos autos de que o empréstimo de R$ 32.000,00, garantido pela Nota Promissória
cobrada na Ação de Execução por Quantia Certa, tivesse sido feito para cobrir saldo negativo em
conta corrente da Autora. O que os extratos revelam é que desde a data em que foram juntados à
Ação Declaratória, todos os meses a Autora renovava a Nota Promissória de R$ 32.000,00. Isto
ocorreu até 26/01/2003 quando não mais a renovou e também não a pagou.

A Nota Promissória inadimplida refere-se ao Contrato de Empréstimo nº. 010101, no valor de


R$ 32.000,00, firmado em 26/12/2002 e com vencimento em 26/01/2003.

No que tange aos “... lançamentos a débito de juros capitalizados” conforme acima perquirido,
este auxiliar informa que a resposta é positiva. Ou seja, é verdade que os juros lançados na conta
corrente da Autora com o nome de “JUROS SOBRE SALDO NEGATIVO”, por não terem
sido saldados a cada momento em que foram debitados, foram incorporados ao saldo devedor
preexistente formando um novo capital sobre o qual novo juro foi calculado. A este
procedimento matemático dá-se o nome de capitalização de juros.

Quesito nº 6: A taxa administrativa cobrada pela Requerida quando


do empréstimo, que os Requerentes chamam de “juros”, foi lançada
13
PERÍCIA CONTÁBIL EM MATÉRIA FINANCEIRA – Prof. Remo Dalla Zanna (MS)

a débito da Requerente ou o respectivo valor foi solvido mediante


depósito em conta corrente?

Resposta:

Positiva é a resposta, pois em operações de desconto de títulos, os juros são cobrados no ato ou
“na frente” com se diz no jargão bancário. O depósito de R$ 1.300,00, feito na conta corrente no
mesmo dia em que foi assumido o empréstimo de R$ 32.000,00 com vencimento para o dia
26/01/2003, destinou-se ao pagamento dos encargos dessa mesma operação. Tanto isto é verdade
que a divida líquida para o dia 26/01/2003 era de R$ 32.000,00.

Quesito nº 7: Os valores efetivamente debitados em conta corrente


estão de acordo com as normas do Banco Central e taxas fixadas
pelo Conselho de Administração?

Resposta:

Prejudicada a resposta a este quesito, pois inexistem, nos autos deste processo, contratos,
permitindo saques a descoberto na conta corrente da Autora nos quais figurariam, se tivessem
sido juntados, as condições para operar saques a descoberto na conta corrente.

A Ausência de contratos impede que o perito conheça os encargos a que estava sujeita a Autora
para a cobrança, por exemplo, de “JUROS SOBRE SALDO NEGATIVO”. Além disso, os
extratos juntados, não impugnados pela Cooperativa, iniciam em 31/12/1996 com o saldo
devedor de R$ 10.052,83, impossibilitando o conhecimento das operações anteriores a essa data
que deram origem a esse saldo devedor.

Como se vê, as condições supracitadas impedem à perícia dizer se os valores efetivamente


debitados em conta corrente estão de acordo com as normas do Banco Central e taxas fixadas
pelo Conselho de Administração.

Quesito nº 8: A Requerida tem fins lucrativos? É considerada


Banco?

Resposta:

Conforme art. 3º da Lei 5764/71, a Requerida não tem fins lucrativos. Vide abaixo.

“Art. 3º Celebram contrato de sociedade cooperativa as pessoas que


reciprocamente se obrigam a contribuir com bens ou serviços para o
exercício de uma atividade econômica, de proveito comum, sem objetivo
de lucro”.

Conforme dispõe a Lei nº 5764/71 em seu art. 5º, parágrafo único, a Requerida não é banco.

“Art. 5º As sociedades cooperativas poderão adotar por objeto qualquer


gênero de serviço, operação ou atividade, assegurando-se-lhes o direito

14
PERÍCIA CONTÁBIL EM MATÉRIA FINANCEIRA – Prof. Remo Dalla Zanna (MS)

exclusivo e exigindo-se-lhes a obrigação do uso da expressão


‘cooperativa’ em sua denominação.

Parágrafo único. É vedado às cooperativas o uso da expressão ‘Banco'”.

Quesito nº 9: As taxas e demais encargos cobrados através de


empréstimos, serviços, etc., visam apenas fazer frente às despesas
administrativas?

Resposta:

As taxas e demais encargos cobrados através de empréstimos, serviços, etc., visam atender a tudo
que está previsto nos Estatutos Sociais.

Quesito nº. 10: No final do exercício, as sobras financeiras são


creditadas aos cooperados que tomaram empréstimos,
proporcionalmente aos valores efetivamente pagos?

Resposta:

Vamos responder a este quesito atendendo aos pontos nele ventilados, pela ordem:

1. Quanto a dizer se “No final do exercício, as sobras financeiras são creditadas aos
cooperados que tomaram empréstimos,...” informa-se que a resposta é positiva. Isto está
comprovado nos DOCUMENTOS nºs. 04 e 05 que fazem parte desta prova pericial e a
completam. Como se vê nesses dois documentos as “sobras” convertem-se em “aumento
de capital” e não se prestam para deduzir custos suportados pelo cooperado quando da
obtenção de empréstimos. Este é um conceito contábil. Ou seja: juros pagos são despesas
para o cooperado e “sobras” distribuídas, como neste caso, são aumentos de capital que o
favorece.

2. Já no que tange a dizer se as sobras financeiras são calculadas “... proporcionalmente aos
valores efetivamente pagos”, está prejudicada a resposta, pois a este auxiliar não foi
revelado o cálculo de rateio praticado pela Cooperativa. O que este perito pode afirmar é
que esta condição social está capitulada nos Estatutos, mas os cálculos do(s) rateio(s)
feitos aos cooperados não foram exibidos.

Quesito nº 11: A Requerida prestou contas anualmente como


determina a lei?

Resposta:

Conforme cópia de atas às fls. 264 a 325 dos autos sabe-se que a prestação de contas se dá
através de Assembleias. Portanto, positiva a resposta.

IV - RESUMO e CONCLUSÃO TÉCNICA


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PERÍCIA CONTÁBIL EM MATÉRIA FINANCEIRA – Prof. Remo Dalla Zanna (MS)

A Autora, em Réplica às fls. 371/381, sugeriu os seguintes pontos controvertidos para o exame
pericial. A resposta a cada um é a seguinte:

Pontos controvertidos sugeridos Resposta deste auxiliar

1. a constatação da prática de A prática de capitalização dos juros, um conceito


capitalização dos juros nos contratos matemático, foi constatada na evolução da conta
firmados entre as partes. corrente da Autora. NÃO foi constatada a prática de
capitalização de juros nos empréstimos pessoais
fundados em Notas Promissórias.
2. o spread abusivo cobrado pela A ausência de contratos para fazer saques a descoberto
Requerida. em conta corrente, ou seja, usar o “cheque especial”,
impediu à perícia conhecer as taxas usadas para cobrar
“JUROS SOBRE SALDO NEGATIVO” conforme
se lê nos extratos. Além disso, como já foi dito
precedentemente, o conceito de “spread” não se aplica
à captação de recursos feita pelas cooperativas de
crédito.
3. o encadeamento de contratos que Tendo examinado a seqüência de Notas Promissórias
resultou na dívida cobrada na execução lançadas nos extratos de conta corrente encartados,
em apenso. tem-se o conhecimento de que houve encadeamento de
Notas Promissórias. Já quanto a dizer se a dívida
cobrada resulta desse encadeamento, este auxiliar nada
pode informar, pois os extratos juntados aos autos
iniciam com um saldo devedor de R$ 10.052,83, em
31/12/1996; sendo desconhecida a movimentação que
lhe deu origem. No mais, o que está sendo cobrada é
uma única Nota Promissória inadimplida na data de seu
vencimento.

Sob a ótica econômico/financeira que o presente caso apresenta e considerando tudo que dos
autos consta; sem adentrar no mérito de tudo que se debate nesta Ação, este auxiliar opina
tecnicamente no seguinte sentido:
(i) As teses apresentadas pela Requerente têm o escopo de revisar os
lançamentos feitos na conta corrente do tipo “conta garantida” ou
“cheque especial”, mas nenhum contrato foi juntado para exame pericial.
(ii) A cobrança feita pela Cooperativa está suportada em Nota Promissória
inadimplida na data de seu vencimento enquanto que nenhum débito a
Autora tem na conta corrente naquela data.
(iii) A movimentação da conta corrente apresenta a cobrança de juros
capitalizados, pois a cobrança dos juros sucessivos é calculada sobre o
saldo que já incorporou juros não pagos na data de seu vencimento.
(iv) A cobrança de juros nos contratos suportados com Notas Promissórias,
foi de juros simples.

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PERÍCIA CONTÁBIL EM MATÉRIA FINANCEIRA – Prof. Remo Dalla Zanna (MS)

(v) Nas operações das cooperativas de crédito, inexiste a figura da


“captação de recursos” e de spread como conceituada para as operações
dos bancos.
(vi) Considerando os termos do contrato cuja Nota Promissória é objeto da
Ação Executiva por Quantia Certa, a Requerente deve a Requerida à
importância de R$ 103.142,40 (Cento e três mil, cento e quarenta e dois
reais e quarenta centavos) atualizados até 31/01//2006. Vide Anexo
“B”.

V - ENCERRAMENTO

São inassumíveis responsabilidades sobre documentos controversos, que fazem parte dos Autos
deste Processo, se ainda não apreciados pelo MM. Juízo. Inassumíveis também responsabilidades
sobre documentos idôneos e válidos que podem estar em poder de pessoas físicas e jurídicas, seja
da AUTORA ou da RÉ, ou ainda, de outros cidadãos interessados no deslinde deste caso, que a
nós não foram consignados até a data da conclusão deste Laudo.

Por fim, são também inassumíveis responsabilidades sobre matéria jurídica a que tenha se referido
por indução contida - intencionalmente ou não - na formulação dos quesitos, ou face às
circunstâncias do caso, excluídas, obviamente, as responsabilidades de sua profissão.

Nada mais havendo a oferecer, dá-se por concluído o presente LAUDO PERICIAL CONTÁBIL,
composto de 27 (vinte e sete) folhas digitadas por processamento eletrônico de dados, de um só
lado, todas rubricadas, com exceção desta que segue assinada para os devidos fins, mais 5 (cinco)
DOCUMENTOS de números 01 a 05 e mais 2 (dois) ANEXOS, identificados pelas letras de A
e B, todos rubricados por este auxiliar e que integram esta prova pericial.

São Paulo, 10 de Fevereiro de 2006.

ANEXO “A”

DEMONSTRAÇÃO DO VALOR ORIGINAL COBRADO PELA COOPERATIVA

Custo para o tomador do empréstimo (juros): 3,5% ao mês equivalente a 42% ao ano de taxa nominal.
Valores em Reais
VALOR DEVIDO
PARCELA
REAJUSTE DA PRESTAÇÃO
ÚNICA Não ACRÉSCIMO no VALOR do PRINCIPAL
Sem reajuste no prazo de um mês
há prestações PRAZO de UM COBRADO pela
MÊS COOPERATIVA
Nº DATAS ÍNDICE VALOR DO EMPRÉSTIMO

26/12/02 33.120,00
00

01 26/01/03 1,000000 33.120,00 32.000,00


1.120,00
Valor descontado no ato da
Data de vencimento
concessão do empréstimo
Data da concessão do empréstimo

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PERÍCIA CONTÁBIL EM MATÉRIA FINANCEIRA – Prof. Remo Dalla Zanna (MS)

ANEXO “B”

DEMONSTRATIVO DO DÉBITO ATUALIZADO ATÉ 31/01/2006.


Penalidades: vide fls. 256 dos autos. Cláusula 6ª:
(i) comissão de permanência de 6% ao mês e
(ii) multa de 2% sobre o valor devido.

Valores em Reais
COMISSÃO DE
VALOR DATA TOTAL
VENCTO HISTÓRICO PERMANÊNCIA DE 6% AO
TOTAL BASE DEVIDO
MÊS
MESES % VALOR

26/1/2003 Saldo Devedor 32.000,00 31/1/2006 36 216,00% 69.120,00 101.120,00


Sub total 101.120,00
Multa de 2% 2.022,40
Total 103.142,40

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PERÍCIA CONTÁBIL EM MATÉRIA FINANCEIRA – Prof. Remo Dalla Zanna (MS)

PF 15 – edição pessoal para fins de estudo e venda em PDF

Revisado em maio/2019.

15º - MÓDULO

TREZENTOS E VINTE QUESITOS

15.1 - Quesitos relacionados com demandas que envolvem a conta corrente


garantida, cheque especial, capital de giro e operações de desconto.
15.1.1 - Apresentados pelo cliente do banco, pessoa física ou jurídica.
15.1.2. - Apresentados pelo banco.
15.2. Quesitos relacionados com demandas que envolvem o SFH - Sistema
Financeiro da Habitação
15.2.1. Apresentados pelo Autor ou Embargante em ação executiva.
15.2.2. Apresentados pelo Réu ou Embargado (o banco) em ação executiva.
15.2.3. Apresentados pelo magistrado
15.3 – Quesitos relacionados com operações de leasing.
15.4 – Quesitos apresentados em operação financeira entre pessoas físicas
equivalente à agiotagem.
15.4.1. Quesitos apresentados pelo Embargante/executado em ação de
embargos à execução.
15.4.2. Quesitos apresentados pelo Embargado/exeqüente na mesma ação de
embargos à execução.
15.5 – Quesitos apresentados em operação financeira com cartão de crédito.
15.5.1. Quesitos apresentados pelo associado portador do cartão
15.5.2. Quesitos apresentados pela administradora do cartão.
15.6 – Quesitos apresentados em ação em que se cuida de financiamento de
terreno.
15.6.1. Quesitos da empresa requerente, a que vendeu o terreno financiado
por ela mesma.
15.6.2. Quesitos apresentados pelos adquirentes/financiados requerido
15.7 – Quesitos apresentados em ação em que a Autora pede a reposição dos
expurgos inflacionários praticados em sua caderneta de poupança.
15.7.1. Quesitos da poupadora
15.7.2. Quesitos do banco

15.1 - Quesitos relacionados com demandas que envolvem a conta corrente


garantida, cheque especial, capital de giro e operações de desconto.

15.1.1 - Apresentados pelo cliente do banco, pessoa física ou jurídica.


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PERÍCIA CONTÁBIL EM MATÉRIA FINANCEIRA – Prof. Remo Dalla Zanna (MS)

1. Pede-se ao Expert Judicial relacionar a sequência de contratos


firmados com a Instituição Financeira, informando data, valores e
condições, assim como especificar quais garantias foram dadas para
cada contrato firmado.
2. Em continuidade ao quesito precedente, solicita-se informar quais
contratos foram liquidados e quais ficaram pendentes.
3. No levantamento realizado é possível constatar se a Instituição
Financeira possui o hábito de entregar aos clientes cópias dos contratos
pactuados como este, bem como, devolver eventuais garantias (Notas
Promissórias, etc.) quando da liquidação de cada contrato?
4. Tomando-se por base o primeiro contrato firmado entre as partes em
.../../..., no valor de R$ xxx,00; que representa o efetivo desembolso da
Instituição Financeira creditado na conta corrente do Autor (ou
Embargante) pede-se demonstrar a evolução da dívida original até a
data da propositura desta ação, com base nos seguintes parâmetros:
4.1. para calcular a atualização monetária do débito, usar a evolução
mensal do INPC do IBGE,
4.2. aplicar sobre o saldo devedor mensal, corrigido como acima, a
taxa de juros remuneratórios de 1% (um por cento) ao mês de
forma linear (não capitalizada) cuja soma deverá ser incorporada
ao saldo devedor ao final de cada ano afim de configurar a
capitalização anual dos mesmos,
4.3. aplicar sobre o saldo devedor mensal, corrigido como acima, a
taxa de juros moratórios de 1% (um por cento) ao ano, de forma
linear (não capitalizada) cuja soma deverá ser incorporada ao
saldo devedor, no final dos cálculos.
5. Alternativamente, tomando-se por base o primeiro contrato firmado
entre as partes em .../../...., no valor de R$ xxx,00; que representa o
efetivo desembolso da Instituição Financeira creditado na conta
corrente do Autor (ou Embargante) pede-se demonstrar a evolução da
dívida original até a data da propositura desta ação, com base no
conceito “pacta sunt servanda” e esses outros parâmetros:
5.1 . para calcular a atualização monetária do débito, usar a o índice
contratado,
5.2 . calcular os juros remuneratórios conforme taxa e regime de
capitalização previstos em contrato,
5.3 . aplicar sobre o saldo devedor mensal, corrigido como acima, a
taxa de juros moratórios de 1% (um por cento) ao mês, de forma
linear (não capitalizada) cuja soma deverá ser incorporada ao saldo
devedor, no final dos cálculos.
6. Pede-se ao Senhor Perito que descreva as operações bancárias
celebradas pelas partes e objeto desta lide, especificando o valor de
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PERÍCIA CONTÁBIL EM MATÉRIA FINANCEIRA – Prof. Remo Dalla Zanna (MS)

cada uma delas, a forma e condições de pagamento, as taxas de juros e


forma de seu pagamento e os critérios utilizados para atualização
monetária da dívida.
7. Pede-se ao ilustre Perito esclarecer o que consta no contrato em tela
para casos de inadimplência.
8. As parcelas do empréstimo, tanto relativas aos juros mensais
capitalizados quanto as relativas à amortização, foram pagas em dia?
9. Pede-se ao Senhor Perito que informe se há cláusula contratual em que
as partes convencionaram a aplicação de juros sobre juros, ou seja,
anatocismo.
10. Queira o Senhor Perito informar o seguinte: aplicando-se os índices
praticados pelo Banco Réu, quanto pagou a autora, em valor
atualizado, por conta dos contratos de financiamento em todo o
período?
11. Queira ao Senhor Perito atualizar os valores indevidamente pagos,
entendidos estes como aqueles pagamentos efetuados após a quitação
da dívida, pelo índice da Tabela Prática para Cálculo de Atualização
Monetária dos Débitos Judiciais do Tribunal de Justiça.
12. Qual a taxa de juros efetivamente cobrada, levando-se em conta os
extratos anexos à inicial do feito, levando-se em conta outros
documentos juntados ou a juntar nos autos?
13. Houve cumulação de cobrança de comissão de permanência e
correção monetária? - Quais os índices a elas referentes?
14. Houve efetiva cobrança da multa contratual de 10% (dez por cento) do
valor devido? - Se positiva a resposta, em que época ocorreu?
15. Tendo em vista o pactuado a título de tarifas e encargos diversos, as
contas apresentadas pelo autor (O Banco) estão corretas?
16. E as contas apresentada pela Ré (Empresa que está sendo executada)
estão corretas?
17. Destaque, o Senhor Perito, quais os contratos ou operações firmadas
entre as partes, declinando todas as características e informando: a)
valor do crédito concedido; b) datas de pactuação e vencimento; c)
natureza das operações; d) novações; e) outras informações que
entender pertinentes ao caso presente.
18. Qual a origem do débito da Autora?
19. Quais os encargos previstos, quer a título remuneratório, quer a título
moratório? Os encargos previstos em contratos assinados são pré ou
pós-fixados?
20. Os juros pactuados estão dentro do usualmente utilizado no mercado
financeiro e autorizado pelo Banco Central do Brasil?
21. Os contratos prevêem a aplicação de comissão de permanência? - Em
que circunstâncias? - Qual é a taxa de comissão de permanência e deve
ser calculada sobre que base?
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PERÍCIA CONTÁBIL EM MATÉRIA FINANCEIRA – Prof. Remo Dalla Zanna (MS)

22. Na apuração do débito apresentado pelo Banco há cumulação de


comissão de permanência com correção monetária?
23. Qual é o período em que as operações objeto desta ação ocorreram? -
Qual é o período considerado para caracterizar a mora do Embargante?
- Qual é o valor de suas pendências perante o Banco Embargado?
24. Queira o Senhor Perito, descrever a conta corrente na qual se realizou
a movimentação financeira entre as partes, tendo sido lançados nela as
operações de crédito decorrentes de empréstimos.
25. Queira o Senhor Perito, descrever os empréstimos realizados pelo
Embargante no período de ---/---/---, citando sua natureza, valores,
taxas de juros e tudo o mais que neles foi pactuado.
26. Informe, a Perícia, se registrando todo o relacionamento financeiro
entre as partes, havia apenas uma conta corrente de movimento ou, de
outra forma, se existiam outras contas abertas para a movimentação
das linhas de crédito operadas.
27. Queira o Senhor Perito, confirmar se as linhas de crédito operadas
pelo Embargante, junto ao Banco Embargado, eram as seguintes: a)
Contrato de Empréstimo para Capital de Giro com Cessão de Direitos
Creditórios - Desconto de cheques pré-datados e de Duplicatas
Mercantis; b) Abertura de Crédito em Conta Corrente Garantida -
Cheque Especial.
28. Queira o Senhor Perito, descrever: a) em que consiste um Contrato de
Abertura de Crédito em Conta Corrente denominado “Cheque
Empresarial” e b) em que consiste um Contrato de Desconto de Títulos
- “Cheques de Terceiros”.
29. Requer-se, ao i. Perito, que determine quais são as características de
cada uma das operações contratadas entre as partes no período de
199x a 200x, mencionando: a) período do contrato, b) taxa de juros e
demais encargos contratados, c) valor de cada título - duplicata ou
cheque - descontado, d) data do desconto e de vencimento de cada um,
e) taxa de juros aplicada na operação de desconto de cada título, f)
valor líquido creditado na conta corrente do Embargante
correspondente a cada título e, por subtração, o valor do desconto
praticado pelo Banco Embargado. Apresentar um quadro
demonstrativo de todas as operações realizadas.
30. Queira a Perícia, determinar a metodologia de cálculo inerente à
modalidade de crédito via Desconto de Títulos. Requer-se a
demonstração didática mediante a apresentação das fórmulas de
cálculo.
31. Queira o Senhor Perito, esclarecer qual foi a metodologia de cálculo
aplicada pelo Banco Embargado quando da celebração de cada um dos
contratos de empréstimos para capital de giro com cessão de direitos
creditórios - Desconto de Cheques pré-datados -, demonstrando a
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PERÍCIA CONTÁBIL EM MATÉRIA FINANCEIRA – Prof. Remo Dalla Zanna (MS)

similaridade ou não com o que foi apresentado na resposta ao quesito


precedente. Pede-se especificar se o cálculo do desconto foi aplicado
em cada título (cheque pré-datado) individualmente, ou se o Banco
Embargado procedeu de outra maneira.
32. Queira o Senhor Perito confirmar se o Banco Embargado procedeu ao
cálculo do valor descontado mediante a aplicação da taxa fixada em
contrato, considerando o tempo decorrido da data do crédito em conta
corrente de movimento até a data de vencimento de cada cheque pré-
datado, ou seja: se considerou o tempo a decorrer, diferente para cada
cheque; o se considerou o valor total do borderô, pela data mais futura
(mais distante), em relação à data do crédito em conta corrente. Pede-
se demonstrar os cálculos mediante quadro analítico, operação por
operação, cheque por cheque.
33. Nos contratos em que duplicatas ou cheques pré-datados apresentaram
data de vencimento superiro a 30 (trinta) dias; a taxa de desconto
aplicada foi linear ou foi exponencial?
34. Pede-se justificar a resposta oferecida ao quesito supra, ou seja, pede-
se apresentar a diferença do valor descontado em cada título, no caso
de se adotar a taxa de juros linear e, alternativamente, no caso de se
adotar à taxa de juros capitalizados. Pede-se, complementarmente, que
o Senhor Perito esclareça a razão dos valores descontados serem
diferentes quando comparados os dois métodos de cálculo e apresentar
esta diferença para cada título e no total.
35. Assumindo-se a hipótese de que parte dos títulos descontados
(duplicatas e/ou cheques pré-datados) não foi paga pelos devedores
nas datas de vencimento, pede-se descrever quais foram os
procedimentos adotados pelo Banco Embargado, nestes casos. Estes
procedimentos estavam contemplados em cláusula contratual? - No
caso de resposta positiva pede-se reproduzir tal cláusula. - Foram
debitados juros pelo prazo decorrido da data do vencimento à data do
débito em conta da empresa Embargante? - No caso de resposta
positiva, informar quais foram as taxas em base mensal e anual.
36. O Banco Embargado, tendo feito débito na conta corrente da empresa
Embargante dos títulos inadimplidos pelos respectivos devedores
(duplicatas e cheques pré-datados) teria ficado, essa conta, com saldo
devedor? - No caso de resposta positiva, informar qual o valor dos
juros debitados na conta corrente por ter, ela, ficado com saldo
devedor, mencionando datas entre períodos, taxas de juros praticadas
pelo Banco Embargado, em base mensal e anual.
37. Os juros debitados na conta corrente da empresa Embargante foram
incorporados ao saldo devedor e sobre ele (novo saldo devedor
contendo juros) foram calculados novos juros? - Em caso de resposta
positiva, informar qual o valor dos juros debitados, mencionando data
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PERÍCIA CONTÁBIL EM MATÉRIA FINANCEIRA – Prof. Remo Dalla Zanna (MS)

entre períodos, taxas de juros praticadas pelo Banco Embargado, em


base mensal e anual.
38. Pede-se, ao Senhor Perito que esclareça a respeito das operações em
Contrato de Abertura de Credito - Cheque Empresarial, ou Cheque
Especial; ou Conta Corrente Garantida ou outro nome similar, se,
quando não existe saldo positivo (credor) do cliente, os débitos de
juros calculados sobre seu saldo devedor, aumentando-o, representam
a capitalização de juros face aos novos juros que serão calculados,
agora, sobre o novo saldo devedor aumentado.
39. Pede-se, ao Senhor Perito que apresente um quadro demonstrativo
contendo as seguintes informações: a) o custo de captação praticado
pelo Banco Embargado, mediante a colocação de CDBs. com taxas
prefixadas, na mesma data em que concedeu o desconto de títulos à
empresa Embargante; b) o imposto incidente sobre operações
financeiras; c) o juro cobrado na operação de desconto e o diferencial,
ou seja o “spread” por ele praticado. E, em seguida, considerando que
o “spread” não pode ser superior a 20% (vinte por cento) do custo,
indicar quanto o Banco Embargado cobrou a mais em cada operação
de desconto de títulos.
40. Pede-se à Perícia que: a) recalcule os juros da conta corrente garantida
- cheque especial - usando o Método Hamburguês, ou seja, o cálculo
dos juros lineares, mensais, sobre o saldo devedor e sua incorporação
ao principal (capital) somente uma vez por ano; b) aplique como taxa
de desconto a resultante da taxa de captação em CDBs. (taxa pré-
fixada) praticada pelo Banco Embargado na mesma data do desconto
de cada um dos títulos, acrescida do percentual de 20%, apenas.
41. Considerada resposta ao quesito acima, apresentar uma tabela na qual
fique demonstrada a diferença entre os juros que deveriam ter sido
cobrados conforme critério supra referido e o valor efetivamente
descontado. Em seguida, proceder à atualização monetária dos valores
encontrados usando-se, para tal cálculo, as mesmas taxas aplicadas
para remunerar os depósitos em Caderneta de Poupança, desde as
datas em que cada desconto foi contabilizado até a data da conclusão
da prova pericial, apresentando, no final, a soma do valor apurado.
42. Queira o Senhor Perito esclarecer quantos e quais foram os contratos
mantidos entre as partes litigantes, descrevendo seus valores, as datas
de aberturas, vencimentos e respectivos juros contratados.
43. Queira o Senhor Perito esclarecer se o Banco réu registrou sempre
com exatidão todas as operações havidas entre as partes, através de
conta corrente, por onde transitavam todos os valores.
44. Queira o Senhor Perito esclarecer ainda se tudo quanto foi pactuado
entre as partes foi respeitado pelo Banco réu.

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PERÍCIA CONTÁBIL EM MATÉRIA FINANCEIRA – Prof. Remo Dalla Zanna (MS)

45. Queira o Senhor Perito esclarecer se o Banco exigiu principal e


encargos nas formas e épocas corretas dos contratos.
46. Queira o Senhor Perito esclarecer se houve qualquer novação ou um
conjunto único e homogêneo de contratos.
47. Queira o Senhor Perito discriminar, em quadro demonstrativo, sobre
quais valores incidiu juros e correção monetária.
48. Queira o Senhor Perito esclarecer se os juros cobrados refletem a
média utilizada no mercado financeiro e se há nesse mercado alguma
limitação legal para a aplicação dos mesmos.
49. Primeiramente, pede-se ao Sr. Expert Judicial relacionar a sequência
de contratos firmados com a Instituição Financeira, informando datas,
valores e condições, assim como, especificar quais garantias foram
dadas para cada contrato firmado.
50. Em continuidade, solicita-se esclarecer quais contratos foram
liquidados e quais ficaram pendentes.
51. No contrato de mútuo que dá origem à presente demanda, qual foi a
garantida ofertada pelo mutuário, ora Embargante?
52. Qual é o contrato que originou a Nota Promissória levada a protesto
pela instituição financeira, conforme provam os documentos nº. 01, 02
e 03 anexados à Exordial destes Embargos? - Pede-se esclarecer qual o
contrato que a originou, bem como mencionar se o contrato foi
liquidado ou não.
53. Queira o Senhor Perito declinar as taxas de juros praticadas pelo
Banco Requerido que incidiram sobre os saldos médios mensais
devedores apresentados na conta corrente.
54. Queira o Senhor Perito realizar quadro comparativo entre as taxas de
juros cobradas pelo Banco sobre os saldos devedores médios mensais
apresentados na conta corrente do Autor e as taxas de captação das
instituições financeiras no mesmo período, objetivando demonstrar
qual foi o spread alcançado pelo Banco Requerido.
55. Informe o Senhor Perito se durante toda a movimentação constante na
conta corrente, durante todo o período, ocorreu a prática de
capitalização de juros (anatocismo).
56. Queira o Senhor Perito, elaborando cálculo sobre toda a
movimentação entre as partes, objetivando apurar o quantum
efetivamente correto do saldo da conta corrente, excluir as tarifas sob
diversas nomenclaturas debitadas indevidamente.
57. Tendo em vista os débitos indevidos relativos às contas de consumo
de energia elétrica, apontadas na inicial, relativas ao período de
21/07/97 a 24/08/98, cujo valor total estornado, em 27/11/98,
correspondeu somente a soma dos valores principais (R$ xxx,00),
queira o Senhor Perito aplicar mensalmente, em idêntica proporção às
taxas cobradas pelo Banco, levando a crédito a favor do Autor.
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PERÍCIA CONTÁBIL EM MATÉRIA FINANCEIRA – Prof. Remo Dalla Zanna (MS)

58. Queira o Senhor Perito, ao final, apresentar o saldo correto da conta


corrente com exclusão das taxas abusivas aplicadas pelo Banco, não
permitidas pela Legislação Federal, bem como, excluindo a
capitalização mensal de juros, tarifas indevidas, verbas e débitos não
autorizados, tudo como pleiteado na inicial.
59. Pede-se ao Perito Judicial que descreva todas as características e
condição do CONTRATO DE ABERTURA DE CRÉDITO EM
CONTA CORRENTE – CHEQUE ESPECIAL – PESSOA FÍSICA;
livremente celebrado entre as partes, objeto da presente ação.
60. Em face à proposta e ao contrato acima pede-se informar qual conta
corrente era movimentada pelo autor, qual os saldos que referida conta
apresentou na sua movimentação. Ocorreram saldos negativos? – Em
caso de resposta afirmativa, quais as razões desses saldos e quais os
valores dos encargos que incidiram sobre referidos saldos devedores?
– Demonstrar.
61. Qual a previsão contratual para ingresso dos citados encargos na conta
corrente?
62. Restou ajustado entre as partes a possibilidade de alteração das taxas
e encargos a serem cobrados? – Em que termos?
63. Ocorreram efetivamente referidas alterações? – O Banco comunica
aos seus clientes as alterações de taxas?
64. Em caso de inadimplemento, quais as penas convencionadas entre as
partes?
65. Pede-se ao Perito Judicial informar se no período de relacionamento
existente entre as partes ocorreram alterações nas taxas praticadas pelo
mercado em virtude da política adotada pelo Governo Federal.
Justificar a resposta.

15.1.2. - Apresentados pelo banco.

66. Pede-se ao Perito Judicial descrever o tipo de contrato firmado entre


as partes, as principais características, valores e datas.
67. Em face ao contrato acima, os autores se beneficiaram com o
numerário que lhes era colocado à disposição? Apresentar planilha
demonstrativa.
68. Os autores honraram o referido contrato efetivando o devido
pagamento, e consequente quitação? Em caso negativo justificar.
69. Pede-se ao Perito calcular o débito até a presente data, seguindo
rigorosamente as cláusulas contratuais ajustadas entre as partes.
70. Informar se na celebração do contrato ora analisado houve o
oferecimento de alguma garantia. Em caso positivo qual?
71. Pede-se, ainda, ao Perito Judicial que descreva o que constava no
referido contrato em caso de inadimplência.
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PERÍCIA CONTÁBIL EM MATÉRIA FINANCEIRA – Prof. Remo Dalla Zanna (MS)

72. Solicita-se ao perito esclarecer se a afirmação de que o Réu seguiu


rigorosamente todas as cláusulas constantes no contrato, ora
analisadas, está correta. Justificar.
73. Qual é a resolução do Banco Central do Brasil que autoriza as
instituições financeiras a contratarem empréstimos por taxas de juros
de mercado?
74. Os encargos financeiros aplicados pelo banco (Exequente,
Embargado, Réu, etc.) se encontram dentro dos padrões permitidos
pelo Banco Central do Brasil?
75. Existem nos autos documentos que demonstrem terem os Autores
(Executados, Embargantes, etc.) alguma vez reclamado ao banco a
respeito da cobrança de encargos indevidos, anteriormente à
interposição desta ação?

15.2. Quesitos relacionados com demandas que envolvem o SFH - Sistema


Financeiro da Habitação

15.2.1. Apresentados pelo Autor ou Embargante em ação executiva.

76. Partindo-se do valor inicial do contrato, e a cada pagamento, pode-se


concluir pela ocorrência de capitalização de juros? Qual a taxa
efetiva? Qual o reflexo nos pagamentos? Referida capitalização, nas
parcelas, atinge o seguro? Em que proporção?
77. Qual a relação do saldo devedor com a “pulverização” (rateio) das
majorações capitalizadas?
78. Qual a base legal para se aplicar a capitalização?
79. Qual o valor atualizado da hipoteca?
80. Qual o valor atualizado dos valores já pagos?
81. Considerando que a partir de março/90 o índice de atualização dos
saldos dos depósitos em cadernetas de poupança passou a orientar-se
de acordo com a variação do Bônus do Tesouro Nacional, queira
informar:
81.1. se o critério de reajustamento monetário utilizado pelo Banco
Escolar S/A referente aos meses de março/abril/1990, foi idêntico
ao verificado no saldo dos depósitos de Cadernetas de Poupança, ou
seja, de acordo com a variação diária ou mensal dos Bônus do
Tesouro Nacional?
81.2. em caso de resposta negativa, se o percentual aplicado pelo
Banco Escolar S/A no empréstimo contraído pelo Autor foi
superior? - Em quanto?
82. O Banco Escolar S/A, (Embargado) pagou aos poupadores o
correspondente à correção monetária incidente sobre os valores
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disponíveis em caderneta de poupança sacados antes das respectivas


datas de aniversário, em especial nos meses de março/abril/1990?
83. Qual o critério de atualização das prestações de amortização do saldo
do financiamento praticado pelo Banco Escolar S/A na contratação
com o Autor?
84. O Banco Embargado praticou o anatocismo? - Em caso de resposta
positiva quais foram os reflexos no saldo do empréstimo em pauta?
85. Considerando o suposto débito em trato, queiram informar acerca da
cobrança:
85.1. da taxa de juros constante do quadro resumo fornecido pelo
Banco Escolar S/A;
85.2. da taxa total de juros na contratação com o Autor;
85.3. dos prêmios de seguro em valores superiores aos efetivos
devidos em face do inchaço dos valores das prestações mensais
exigidas pelo Banco Escolar S/A;
85.4. da taxa de contribuição ao Fundo de Assistência Habitacional
(FUNDHAB) na operação de empréstimo ajustada com o Autor.
- Em caso de resposta positiva, indique a operação
correspondente.
86. Foi observada e praticada pelo Banco Requerido, no período de
março/abril/1990, a atualização monetária de acordo com o Bônus do
Tesouro Nacional? - Qual o percentual relativo à taxa de juros cobrada
pelo Financiador (Réu)?
87. Quais são os montantes e as respectivas datas das amortizações do saldo
devedor relativos ao empréstimo em tela, realizadas pelo Financiado
(Autor)?
88. O Autor, uma vez que o saldo devedor estava “inchado” por efeito das
irregularidades cometidas pelo Banco Escolar S/A, efetuou pagamentos
em importes superiores ao efetivamente devidos? - Teria ele (Autor) por
causa disto, feito amortizações antecipadas?
89. Em caso de resposta afirmativa, queiram informar se o Banco Escolar S/A
observou a redução proporcional dos encargos em relação às importâncias
amortizadas antecipadamente, nos moldes do disposto no parágrafo 2º do
artigo 52 da Lei nº 8.072/90.
90. Queira, com embasamento nas respostas dadas aos quesitos formulados,
elaborar demonstrativo (planilha de cálculo) contendo a evolução da
marcha de cálculos do saldo devedor e prestações de amortização do
financiamento considerando as seguintes hipóteses:
90.1. observando o reajustamento monetário do saldo devedor de acordo
com o estabelecido para as operações do Sistema Financeiro da
Habitação e à luz do disposto no artigo 6º, parágrafo 2º da Lei nº
8.024/90;

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PERÍCIA CONTÁBIL EM MATÉRIA FINANCEIRA – Prof. Remo Dalla Zanna (MS)

90.2. mediante a aplicação - (em compartimentos próprios ou em colunas


distintas da planilha de cálculo) - (1)- da taxa de juros estipulada
legalmente para operações do Sistema Financeiro da Habitação, (2)- da
constitucional de 12% ao ano e (3)- das contratuais;
90.3. com a redução proporcional de encargos por efeito das amortizações
antecipadamente efetuadas pelo Autor;
90.4. com o expurgo de todos os encargos relativos à pseuda mora do
Autor.
91. Uma vez expurgados todos os reflexos das violações perpetradas pelo
Banco Escolar S/A na apuração do saldo devedor do empréstimo em
questão, pode se dizer que há diferenças a favor (a crédito) do Auto?
92. Em caso de resposta positiva ao quesito anterior, quais os distintos
montantes, tendo em conta as diversas alternativas decorrentes das teses
suscitadas pelo Autor?
93. Quais os valores devidos ao Autor pelo Banco Escolar S/A em
decorrência da aplicação à hipótese do preceituado no artigo 1531 do
Código Civil Brasileiro e parágrafo único do artigo 42 da Lei nº 8.078/90?
94. Queira, observados os expurgos dos excessos das irregularidades
cometidas pelo Banco Escolar S/A, elaborar e apresentar demonstrativos
contendo a evolução dos montantes das prestações mensais de
amortização do financiamento concedido aos Autores desde o início da
contratação.
95. Esclareça, o Senhor Perito, os termos e objeto do Instrumento Particular
de Compra e Venda, firmado entre as partes em 00/00/00.
96. Esclareça, o Senhor Perito, com base na data em que foi firmado o
contrato objeto desta ação, qual a base de renda declarada pelo Autor
(Embargante) e quanto ela representava (em nível de percentual) sobre o
valor do encargo mensal previsto no contrato.
97. Esclareça, o Senhor Perito, em nível de percentual, a quanto equivale o
valor da primeira prestação paga, levando-se em consideração a renda
declarada pelo Embargante.
98. Qual o critério estabelecido contratualmente para o reajuste mensal das
prestações?
99. Informe o Senhor Perito se os pagamentos efetuados até a YYª prestação
foram feitos levando-se em conta a equivalência salarial e a renda familiar
e em que percentual?
100. Esclareça, o Senhor Perito, qual foi o critério utilizado pelo Banco
Embargado para aumentar o valor das prestações mensais a partir da YYª
parcela em comparação com o aumento encontrado calculado levando-se
em consideração o valor pago até a citada YYª parcela.
101. Esclareça, o Senhor Perito, segundo os critérios de reajuste estabelecidos
no contrato, qual o valor efetivamente devido pelo Embargante, a partir da
YYª prestação.
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PERÍCIA CONTÁBIL EM MATÉRIA FINANCEIRA – Prof. Remo Dalla Zanna (MS)

102. Informe, o Senhor Perito, levando-se em consideração o reajuste


contratual, qual o valor devido pelo Embargante, quando da propositura da
Ação Executiva de Cobrança.
103. Informe, o Senhor Perito, quais os critérios utilizados para calcular a
atualização do montante do saldo devedor do financiamento atualizado.
104. Informe, o Senhor Perito, quais são os índices de correção adotados pelo
Banco Exequente (ora Embargado), especialmente no mês de
março/abril/1990, quando da implantação do Plano Collor, se 41,28% ou
84,32%.
105. Qual seria o índice correto, para esse período, se o artigo 6º, parágrafo 2º
da Lei Federal nº 8024 de 12.04.1990, que aprovou a M.P. nº 168 de
15.03.1990, determinou a aplicação do BTNF para os contratos cujos
reajustes deveriam ser procedidos de forma idêntica aos índices aplicados
às Cadernetas de Poupança?
106. Nos valores apresentados pelo Banco Exequente, atual embargado;
existem juros capitalizados e acima de 12% a.a., contrariando as
disposições legais e constitucionais vigentes?
107. Além das matérias questionadas, pode, o Senhor Perito, informar se
existem, embutidos nos valores apresentado pelo Banco Embargante,
outros cálculos e índices considerados indevidos e ilegais, como por,
exemplo, a contribuição para o FUNDHAB ?
108. Tendo em vista as respostas dadas aos quesitos anteriores, houve
cobranças a maior das parcelas concernentes ao Seguro?
109. É incontroverso que os recursos utilizados no financiamento concedido
aos Embargantes foram captados junto aos depósitos em caderneta de
poupança. Tendo em vista que o índice de atualização dos saldos dos
depósitos das cadernetas de poupança, a partir de março/1990, passou a
orientar-se de acordo com a variação do Bônus do Tesouro Nacional
Fiscal, nos termos do art. 6º da Lei nº 8.024/90. Queiram informar:
109.1. o critério de reajustamento monetário utilizado pelo Embargado no
financiamento concedido aos Embargantes, referente ao período
março/abril/1990, foi idêntico ao verificado nos saldos dos
depósitos de Caderneta de Poupança, ou seja, de acordo com a
variação diária ou mensal do Bônus do Tesouro Nacional Fiscal?
109.2. em caso de resposta negativa, o índice percentual aplicado pela
Embargada em março/abril/1990 ao débito assumido pelos
Embargantes junto ao Embargado foi superior? Em quanto?
110. Queiram informar os índices percentuais de atualização monetária até
fevereiro de 1.991 aplicados pelo Embargado para a atualização
monetária do saldo da contratação, bem como se nestes estavam
computados os juros remuneratórios aos saldos dos depósitos das
cadernetas de poupança.

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PERÍCIA CONTÁBIL EM MATÉRIA FINANCEIRA – Prof. Remo Dalla Zanna (MS)

111. Os valores atinentes à contratação em apreço passaram a ser atualizados


de acordo com a variação da Taxa Referencial da (TR) a partir de março
de 1.991?
112. Como se apura o cálculo da Taxa Referencial (TR)? Queiram informar se
houve incidência de juros sobre o saldo devedor apurado a partir da
aplicação da Taxa Referencial de Juros operando capitalização de juros?
113. Queiram elaborar quadro comparativo entre os índices de Taxa
Referencial (TR) aplicados pelo Embargado como índice de correção
monetária e os (índices) do INPC nesse período.
114. Quais as repercussões na apuração do saldo devedor do financiamento
habitacional em tela segundo a aplicação dos índices da Taxa Referencial
a partir de março de 1.991? E de acordo com a aplicação do INPC?
115. Qual a remuneração mensal nominal e efetiva do financiamento
habitacional em questão?
116. Queiram explicar qual a razão de existirem dois tipos de taxa de juros
(“nominal” e “efetiva”) com montantes distintos, bem como qual a razão
da taxa de juros “efetiva” ser superior à nominal.
117. A taxa de remuneração mensal do empréstimo habitacional concedido
vem sendo cobrada na forma de juros simples ou forma de juros
compostos?
118. Os juros compensatórios incidentes na operação em tela têm sido
aplicados mês a mês sobre o valor atualizado do passivo existente?
119. Na apuração do valor mensal das prestações de amortização do
empréstimo “sub judice” o Embargado se valeu da aplicação antecipada
da taxa de juros compensatórios sobre o montante financiado?
120. Queiram informar quais os montantes e respectivas datas das
amortizações do saldo devedor relativo ao empréstimo em realce,
realizadas pelos Embargantes.
121. A alínea “c” do art. 6º da Lei nº 4.380/64 determina que as amortizações
mensais do saldo devedor do financiamento habitacional devem preceder
à aplicação dos índices de atualização monetária e de juros sobre esse
mesmo saldo devedor. Queiram informar se o Embargado procedeu na
conformidade do citado preceito legal ou se o mesmo, ao arrepio da lei,
determinou primeiro a atualização mensal do débito, com juros e correção
monetária, e somente após deduziu o montante equivalente à amortização
do valor pago?
122. Tendo em conta a resposta do quesito anterior, queiram elaborar uma
planilha de evolução do saldo devedor, com as respectivas amortizações
operadas segundo a sistemática de apuração adotada pelo Embargado e
outra segundo o preceitua a alínea “c” do art. 6º da Lei nº 4.380/64.
123. O Embargado, após a amortização mensal produzida pelos Embargantes,
determina novo recalculo do saldo devedor do empréstimo habitacional
em realce sobre o qual incidirá novamente correção monetária e taxa de
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PERÍCIA CONTÁBIL EM MATÉRIA FINANCEIRA – Prof. Remo Dalla Zanna (MS)

juros compensatórios? O mesmo ocorre em relação às prestações de


amortização, ou seja, são recalculadas com base no saldo devedor sobre o
qual incidirá novamente correção monetária e juros?
124. Tendo em conta a resposta do quesito anterior em relação às prestações,
Queiram informar se o Embargado está então aplicando cumulativamente
a “Tabela Price” e o “Método Hamburguês”, máxime quando os valores
das prestações que já foram inicialmente definidos pela “Tabela Price” e,
ainda assim, são recalculadas mensalmente com base no saldo resultante
das amortizações mensais realizadas pelos Embargantes (“Método
Hamburguês”)?
125. Quais os encargos exigidos pelo Embargado na operação “sub judice”,
entendido como tal juros, comissão de concessão de crédito e tudo mais
que sirva, por uma ou outra forma, à remuneração do Embargado.
126. Queiram informar se os prêmios de seguros estão sendo cobrados em
montantes superiores aos efetivos devidos em face do “inchaço” dos
valores do saldo devedor ou das prestações mensais exigidas pelo
Embargado.
127. Queiram informar – para o período março/abril/90 – observada a
atualização monetária de acordo com a variação do Bônus do Tesouro
Nacional e a praticada pelo Embargado – qual o percentual relativo à taxa
de juros cobrada pelo Financiador (Embargado), entendido como tal o
excesso de correção monetária derivado da indevida aplicação do IPC
(84,32%) ao invés do BTN/BTNF?
128. Queiram informar se os valores das prestações de amortização do saldo
da operação “sub judice” cobrados pelo Embargado foram superiores aos
apurados a partir da observância da variação dos índices salariais da
respectiva categoria profissional, quantificando os excedentes apurados.
129. Pode-se afirmar que, se o saldo devedor estava “inchado” por efeito das
irregularidades cometidas pela Embargada, estava se operando a
amortização do saldo devedor em valores maiores que os efetivamente
devidos? Em caso de resposta afirmativa, queiram informar se o
Embargado observou a redução proporcional dos encargos em relação às
importâncias amortizadas antecipadamente, nos moldes do disposto no
parágrafo 2º do artigo 52 da Lei nº 8.078/90.
130. Queiram informar-se, dentre os documentos que instruíram a exordial da
ação executiva, o Embargado apresentou demonstrativo abrangendo a
composição e evolução de dito débito com a discriminação dos índices de
correção monetária e juros aplicados em sua apuração.

15.2.2. Apresentados pelo Réu ou Embargado (o banco) em ação executiva.

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PERÍCIA CONTÁBIL EM MATÉRIA FINANCEIRA – Prof. Remo Dalla Zanna (MS)

131. Apresente o Senhor Perito, discriminadamente, o valor da prestação


referente ao mês de março de 1990, considerando o reajuste dos índices
da caderneta de poupança livre e os juros contratados.
131. Considerando que foi contratado o índice de atualização do contrato de
acordo com as contas de poupança e que estas em março de 1990 eram
remuneradas pelo IPC, informe o Senhor Perito o índice do IPC daquele
mês.
133. Os valores ofertados com a peça inicial são corretos em face do que foi
pactuado entre as Partes? - Se negativa a resposta, pede-se esclarecer com
detalhes.
134. A correção monetária pugnada está em conformidade com o que foi
pactuado?
135. Pede-se ao Senhor Perito que apresente cálculos e outros dados
importantes ao deslinde da presente ação.
136. Qual o valor do imóvel e do financiamento contratado pelos autores? A
quantas VRF’s correspondiam na data do financiamento?
137. Considerando o disposto do Decreto-Lei nº 2.349 de 29 de julho de 1987,
nas Resoluções nºs 1.361/87, 1.446/88 e 1.278/88, qual o limite do
financiamento fixado para a cobertura do F.C.V.S. – Fundo de
Compensação das Variações Salariais?
138. Em razão do valor do imóvel e da quantia financiada, está legalmente
correta a adoção da forma de reajuste das prestações e saldo devedor
pactuada no contrato?
139. Quais as condições estabelecidas para financiamentos contratados acima
de 5.000 VRF’s, inseridas no item VIII, da Resolução nº 1.446 de 5 de
janeiro de 1988 do Banco Central do Brasil?
140. A cobrança da contribuição do FUNDHAB, prevista na cláusula oitava da
Escritura de Compra e Venda objeto da ação, tem amparo na lei? Em caso
positivo indicar o fundamento legal.
141. Como são constituídos os recursos do FUNDHAB?
142. É o agente financeiro o credor da importância cobrada a título de
FUNDHAB? Em caso negativo, a quem é repassada essa taxa?
143. A contribuição do FUNDHAB é devida somente nos casos de contratos
quem têm a cobertura do Fundo de Compensação de Variação Salarial –
FCVS?
144. Pelo que pode observar, pede–se ao Sr. Perito que informe se o Banco réu
esta cumprindo o contrato pactuado?
145. O Banco réu aplicou corretamente os índices de variação previstos
legalmente?
146. O Contrato firmado entre as partes está enquadrado como financiamento
habitacional quanto à forma de correção das prestações?
147. Durante a evolução do Contrato houve alteração de Categoria Profissional
e de data base? Quais as Categorias Profissionais do Devedor desde o
15
PERÍCIA CONTÁBIL EM MATÉRIA FINANCEIRA – Prof. Remo Dalla Zanna (MS)

início do Contrato, como aptas a fornecer os índices aplicáveis ao


reajustamento das prestações? Quais as respectivas datas-bases?
148. Qual a data do último pedido de revisão administrativa (previsto no artigo
22 da Lei 8.004/90, no artigo 2º da Lei n.º 8100/90, no artigo 24 da Lei
n.º 8.177/91), feito pelo Autor junto à Caixa Econômica Federal, antes do
ajuizamento da Ação?
149. O Autor fez opção pela não comprovação de rendimentos para a tomada
do financiamento, na forma da CR BACEN 1834/90, que permite a
dispensa do comprometimento da renda familiar?
150. O Autor firmou declaração alegando ter capacidade financeira para
assunção do encargo mensal?
151. Qual o valor e a data da última prestação paga diretamente ao Agente
Financeiro - CEF?
152. Qual a data do 1º (primeiro) Depósito Judicial? Quantas e quais
prestações foram consignadas nessa data? O valor ofertado pelos
Autores, nesse dia, foi suficiente para pagar as prestações (com encargos
da mora), pelo valor obtido em perícia até aquela data? Indicar
separadamente os componentes dos valores das prestações e acréscimos.
153. Os valores depositados pelos Autores, em continuação, a título de
prestações vincendas, à disposição do Juízo são suficientes para cobrir o
montante apurado, obtido em perícia, com dos devidos acréscimos legais
e contratuais, corretamente calculado no mesmo período? Indicar na
forma acima.
154. Os valores das prestações cobrados pela CEF, foram calculados
obedecendo: as Cláusulas Contratuais, a Legislação/Política Salarial, a
Categoria Profissional e sua alteração? Nas datas-bases foram
obedecidos os índices aplicáveis às respectivas Categorias?
155. Queira o Senhor Perito prestar outros esclarecimentos que entender
necessários ao deslinde da presente questão.

15.2.3. Apresentados pelo magistrado

156. Qual foi o índice de reajuste concretamente praticado no mês de março de


1.990, no que se refere ao contrato?
157. Qual foi o índice de reajuste concretamente praticado no mês de março de
1990, no que se refere às cadernetas de poupança?
158. Considerando os valores das prestações, qual a taxa de juros, nominal e
efetiva, praticada pelo agente financeiro? - Há capitalização de juros?
159. Qual o valor total dos pagamentos feitos pelo Autor a título de
contribuição ao FUNDHAB?
160. Adotando-se o índice de reajuste para março de 1990 pretendido pelos
autores, os valores dos depósitos satisfazem as prestações vincendas ao
longo da demanda? - Indicar o montante da diferença.
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PERÍCIA CONTÁBIL EM MATÉRIA FINANCEIRA – Prof. Remo Dalla Zanna (MS)

15.3 – Quesitos relacionados com operações de leasing.

161. Queira o senhor perito indicar:


161.1. qual o valor original do bem objeto do contrato de “leasing”
celebrado,
161.2. qual foi o índice de correção monetária pactuado e incidente no
período,
161.3. qual a variação do valor original do bem, determinada pela
variação desse índice, desde o momento da celebração do
contrato até a data da propositura da presente ação.
162. Além da correção monetária, calculada com base na variação cambial do
dólar norte-americano, houve incidência de outros encargos, a título de
juros contratuais ou comissão de permanência? - No caso de resposta
afirmativa, quais foram tais índices no período decorrido da data da
celebração do contrato até a data de pagamento da última parcela, a título
de VRG - Valor Residual Garantido?
163. A remuneração da instituição financeira/arrendante constitui-se no
pagamento de quais valores? - Tal remuneração foi também corrigida
monetariamente em conformidade com os índices da variação cambial
tomando por base o dólar norte-americano?
164. Foi realizado empréstimo, pela instituição financeira Ré, junto ao credor
estrangeiro, para a realização do contrato de leasing? Tal empréstimo foi
pago pela instituição financeira Ré ao credor estrangeiro? Em caso de
resposta positiva, em qual data? Tal data é anterior ou posterior àquela
final prevista no contrato celebrado com o Autor, a título de valor residual
garantido?
165. Quais foram as condições de contratação dos fundos estrangeiros: valor,
prazo, taxa de câmbio aplicada na venda dos recursos no ato da sua
entrada no Brasil, taxa de juros, regime de pagamento dos juros, período
para repatriação dos recursos; em fim, qual é o custo dos recursos
captados pela instituição financeira/arrendante, para obter os fundos
necessários à operação de “leasing” objeto desta lide?
166. Tal empréstimo foi pago (repatriado) pela instituição financeira/
arrendante ao credor estrangeiro? - Em caso de resposta positiva queira
responder, complementarmente: em que data e dizer se essa data é
anterior ou posterior àquela que corresponde à liquidação da última
parcela da operação de “leasing” objeto desta lide.
167. Houve pagamento antecipado do VRG - Valor Residual Garantido? -
Qual o montante desse pagamento? - O que representou, em termos
percentuais, esse valor em relação ao valor total do bem?

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PERÍCIA CONTÁBIL EM MATÉRIA FINANCEIRA – Prof. Remo Dalla Zanna (MS)

168. Qual seria o valor total a ser pago pelo arrendatário tomando por base as
clausulas do contrato, inclusive os encargos previstos para o caso de
inadimplência?
169. Qual seria o valor total a ser pago pelo arrendatário tomando por base a
variação do INPC do IBGE, no mesmo período considerado na resposta
ao quesito precedente, expurgando-se os encargos previstos para o caso
de inadimplência?
170. A cláusula xx do contrato celebrado implica na cumulação de comissão de
permanência com a atualização monetária das parcelas, bem como na
possibilidade de cobrança de juros compostos sobre o valor da pretensa
dívida?
171. A ARRENDATÁRIA será considerada automaticamente em mora se não
for paga nos respectivos vencimentos qualquer quantia devida. Nesta
hipótese, o débito do vencimento ao efetivo pagamento ficará sujeito a
juros de mora de 1% (um por cento) ao mês ou fração de mês, comissão
de permanência, calculada à taxa de mercado, de acordo com
regulamentação específica, e multa de 2% (dois por cento) sobre o total
devido.
172. Houve pagamento antecipado - juntamente com as parcelas devidas em
função do arrendamento - do valor residual garantido? Qual foi o
montante desse pagamento e o que representou percentual - mente, quanto
ao valor total do bem?
173. Qual seria o valor total do bem arrendado, fosse feita a atualização do
preço pela variação do dólar-norte americano, acrescendo-se os demais
encargos contratuais? E o valor total do bem arrendado, fosse feita a
atualização do preço pela variação do INPC, expurgando-se a comissão
de permanência e a cobrança de juros compostos?
174. Pede-se ao Senhor Perito que apresente um quadro resumo comparando
os valores apurados segundo os termos contratuais e segundo as teses
jurídico/financeiras esposadas pelo arrendatário.

15.4 – Quesitos apresentados em operação financeira entre pessoas físicas


equivalente à agiotagem.

15.4.1. Quesitos apresentados pelo Embargante/executado em ação de embargos à


execução.

175. Queiram os Srs. Peritos informar, mediante a análise do extrato bancário


anexado à inicial dos Embargos, qual o valor efetivamente entregue pelo
credor endossante ao Embargante, em 05/02/96.
176. Queiram os Srs. Peritos informar, mediante a análise dos extratos
bancários do credor endossante, se há qualquer referência ao valor de R$
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PERÍCIA CONTÁBIL EM MATÉRIA FINANCEIRA – Prof. Remo Dalla Zanna (MS)

60.000, 00 (sessenta mil reais), correspondente à diferença entre o valor


que o Embargado alega ter sido mutuado e aquele entregue ao
Embargante em 05/02/96.
177. Queiram os Srs. Peritos informar, mediante a análise das declarações de
rendimento do credor endossante, a disponibilidade de numerário para a
realização do empréstimo, em 05/02/96, no valor de R$ xxx,00
(xxx...xxx).
178. Queiram os Srs. Peritos informar, mediante a análise dos extratos
bancários do credor endossante, a existência de outros pequenos
empréstimos, além daquele realizado em 05/02/96.
179. Queiram os Srs. Peritos informar, mediante a análise das declarações de
rendimento do credor endossante, a disponibilidade de numerário para a
realização dos alegados “outros pequenos empréstimos”, além daquele
realizado em 05/02/96.
180. Queiram os Srs. Peritos informar qual o valor efetivamente pago pelo
Embargante, como amortização do débito, representado pelos cheques e
comprovantes de depósito anexados aos Embargos.
181. Em harmonia com as respostas aos quesitos anteriores, queiram os Srs.
Peritos informar qual o saldo do contrato de mútuo celebrado entre o
Embargante e o credor endossante, que deu origem ao título objeto da
execução.

15.4.2. Quesitos apresentados pelo Embargado/exequente na mesma ação de


embargos à execução.

182. Qual o montante financeiro auferido pelos pais do Exequente-Embargado


com a venda dos imóveis apontados nos itens 4 e 5 da impugnação aos
Embargos à Execução (fls. nº 59/115) ?
183. Quanto representa, em termos percentuais, a suposta “grande fortuna”
dos pais do Exequente-Embargado, se comparada com o patrimônio dos
Executados-Embargantes (confira-se declaração de bens copiada a fls. -
doc. 3 da impugnação aos Embargos)?
184. O patrimônio dos Executados-Embargantes permitiria a obtenção de
empréstimos em estabelecimentos bancários ou instituições similares, no
valor do título cambial exequendo?
185. Houve outros empréstimos realizados pelo pai do Exequente-Embargado
aos Executados-Embargantes? Caso positivo, de que valores? Foram
saldados a tempo?
186. Os cheques depositados pelo Executado-Embargante em conta corrente
do pai do Exequente-Embargado referem-se a ditos empréstimos de
valores menores? Houve devolução das respectivas Notas Promissórias?
Quando o pagamento era parcial, havia a entrega de recibo?
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PERÍCIA CONTÁBIL EM MATÉRIA FINANCEIRA – Prof. Remo Dalla Zanna (MS)

187. Os referidos cheques foram emitidos em datas anteriores ao vencimento


da Nota Promissória objeto da Execução?
188. Houve a emissão de algum recibo de pagamento parcial do título cambial
exequendo? Houve exigência, de algum modo, de quitação formal desse
título por parte dos Executados-Embargantes?

15.5 – Quesitos apresentados em operação financeira com cartão de crédito.

15.5.1. Quesitos apresentados pelo associado portador do cartão

189. Nas faturas apresentadas pela Administradora, houve incidência de juros


sobre juros?
190. Quais os critérios utilizados pela Administradora para cobrança dos
"encargos"?
191. Em referidos "encargos" houve incidência de juros sobre juros?

15.5.2. Quesitos apresentados pela administradora do cartão.

192. Qual a origem do saldo devedor dos cartões de crédito, antes do início
da cobrança de encargos?
193. Através da verificação dos extratos juntados, pode o Sr. Perito
identificar em que data ocorreu o último pagamento total do saldo
devedor constante das faturas dos cartões? Queira relacionar o valor e
data de ocorrência.
194. Consta na fatura mensal o percentual de encargos contratuais incidentes
no período, no caso do titular optar por financiar o saldo devedor?
Consta, ainda, o percentual de encargos para o período seguinte, inclusive
para o caso de saques de dinheiro em caixas eletrônicos (saques Cash)?
195. Quais as multas previstas contratualmente em caso de inadimplência?
Quais as multas que foram efetivamente aplicadas segundo as faturas
mensais?
196. Quais as taxas de juros praticadas no mercado, no período em litígio,
comparando-se àquelas oferecidas pelo comércio em geral, Cheque
Especial e os encargos dos cartões de crédito? Favor relacioná-las,
mensalmente, a partir do primeiro mês em que a autora optou pelo
parcelamento dos débitos de seus cartões.
197. Queira o Sr. Perito relacionar, por ordem cronológica, as compras e os
saques Cash, em moeda corrente, efetuados pela autora, até a data do
último pagamento?
198. Queira o Sr. Expert indicar quando e qual o valor do último pagamento e
relacionar compras e eventuais saques em moeda corrente, que porventura
tenham sido realizados após o último pagamento?
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PERÍCIA CONTÁBIL EM MATÉRIA FINANCEIRA – Prof. Remo Dalla Zanna (MS)

199. A Cláusula Décima do contrato celebrado com a autora, titular do cartão


trata do mandato outorgado para a administradora obter o financiamento
em nome dele, junto a Instituições Financeiras. Queira o Sr. Perito
transcrever tal cláusula, explicando quais os itens que compõem os
encargos contratuais?
200. Queira o Sr. Perito apurar o montante do Custo do financiamento que foi
repassado mensalmente ao titular, bem como o valor das remunerações de
administração de financiamento e de garantia.
201. Queira o Sr. Perito comparar o Custo do financiamento, apurado segundo
o quesito anterior, com as taxas de cheque especial ?
202. Considerando uma hipotética compra de mercadoria no valor de R$
100,00, favor comparar o pagamento da mesma pelo Cartão de Crédito e
de Cheque Especial, incluindo as hipóteses do cartão se pago na
totalidade ou parcelado , com vistas a detectar as melhores oportunidades
de ganho.
203. O "valor do pagamento mínimo" fixado nas faturas mensais é sempre
superior ao montante de encargos contratuais incidentes no período?
204. Ocorreram pagamentos a menor que o "pagamento mínimo"? Queira
relacionar o(s) período(s) da ocorrência, valor pago e valor do
"pagamento mínimo" definido na fatura?
205. Queira o Sr. Perito verificar se houve cobrança de encargos para as
faturas, cujos valores foram integralmente quitados nas respectivas datas
de vencimentos?
206. Pode o Sr. Expert Judicial demonstrar o cálculo dos encargos contratuais,
tomando como exemplo uma hipotética compra de R$ 100,00,
considerando a aplicação de juros simples?
207. Pode o Sr. Perito demonstrar o cálculo dos encargos contratuais, tomando
como exemplo uma hipotética compra de R$ 100,00, considerando a
aplicação de juros compostos?
208. As opções de pagamento que, contratualmente, são asseguradas pelas
Cláusulas Treze e Dezesseis, são elas Direitos ou Obrigações do Titular?
Há alguma imposição contratual para que o titular faça opção por
financiar o saldo devedor de sua fatura ou trata-se de manifestação
espontânea da vontade única e exclusiva do titular do cartão?
209. Pode o Sr. Perito afirmar que quando a autora optou pelo parcelamento
dos débitos de seus cartões, exercendo, assim, seu direito assegurado
contratualmente, conhecia antecipadamente o percentual dos encargos
contratuais que incidiram sobre a sua opção.
210. Queria o Sr. Perito apurar o saldo devedor, considerando a aplicação das
condições pactuadas até o cancelamento do cartão. Queira, ainda,
atualizar o saldo devedor, a partir do cancelamento do cartão até a data
atual, considerando a atualização monetária pelo IGP-M, acrescido de
juros simples de 1% ao mês.
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PERÍCIA CONTÁBIL EM MATÉRIA FINANCEIRA – Prof. Remo Dalla Zanna (MS)

211. Queira o M. D. Perito do Juízo, transcrever os itens “h” (agá) e “l” (ele)
da Cláusula Treze – Direitos do Titular.
212. Queira o M. D. Perito do Juízo, verificar junto ao Réu se este manifestou
oposição ao financiamento, Cláusula Treze – Direitos do Titular, item “l”
(ele), nos termos da Cláusula Décima. Queira juntar cópia da
manifestação ou declaração da não ocorrência.
213. Queira o M. D. Perito do Juízo, verificar confrontando a redação da
Cláusula Quinze – Prestação de Contas, do Contrato de Prestação de
Serviços de Cartão de Crédito se constam na fatura mensal, juntada pelo
Réu, todas as informações expressas na referida cláusula. Queira
relacionar as informações faltantes.
214. Queira o M. D. Perito do Juízo, transcrever o item 16.1 da Cláusula
Dezesseis Opções de Pagamento do Saldo Devedor.
215. Queira o M. D. Perito do Juízo, verificar no Contrato de Prestação de
Serviços de Cartão de Crédito se há alguma imposição contratual pelo
pagamento parcial do saldo da fatura?
216. Queira o M. D. Perito do Juízo, verificar no Contrato de Prestação de
Serviços de Cartão de Crédito se há alguma imposição contratual pelo
pagamento parcial do saldo da fatura?
217. Queira o M. D. Perito do Juízo, verificar no Contrato de Prestação de
Serviços de Cartão de Crédito, em especial nas Cláusulas Treze,
Quatorze, Quinze e Dezesseis, se há opções de pagamento de importância
inferior ao valor do “pagamento mínimo”.
218. Queira o M. D. Perito do Juízo, transcrever o item 16.2, da Cláusula
Dezesseis – Opções de Pagamento do Saldo Devedor, do Contrato de
Prestação de Serviços de Cartão de Crédito.
219. Queira o M. D. Perito do Juízo, verificar se há cobrança de encargos para
as faturas de bens e serviços pagas integralmente no vencimento?
220. Queira o M. D. Perito do Juízo, transcrever a Cláusula Dezenove –
Instrumentos do Contrato, letras “a” e “b”, do Contrato de Prestação de
Serviços de Cartão de Crédito.
221. Queira o M. D. Perito do Juízo, transcrever a Cláusula Doze –
Obrigações da Credicard, especificamente as letras “e” e “g” (ge)?
222. Queira o M. D. Perito do Juízo, transcrever o item “k” (cá) da Cláusula
Catorze – Obrigações do Titular.
223. Queira o M. D. Perito do Juízo, verificar se consta na fatura mensal a taxa
dos encargos mensais a serem cobrados no caso de pagamento parcial do
saldo da fatura, bem como a taxa máxima prevista o mês subseqüente?
224. Queira o M. D. Perito do Juízo, transcrever a Cláusula Quarta do Termo
de Ajustamento e Conduta, firmado entre o Ministério da Justiça, através
da Secretaria de Direito Econômico – Departamento de Proteção e Defesa
do Consumidor e a ABESCS – Associação Brasileira de Empresas de
Cartão de Crédito.
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PERÍCIA CONTÁBIL EM MATÉRIA FINANCEIRA – Prof. Remo Dalla Zanna (MS)

225. Queira o M. D. Perito do Juízo, verificar no teor da Cláusula Quarta do


Termo de Ajustamento e Conduta qual a finalidade da informação prévia
dos encargos contratuais?
226. Pode o M. D. Perito do Juízo, afirmar que quando o Titular - Réu optou
pelo pagamento parcial do saldo da fatura, exercendo o direito assegurado
contratualmente, conhecia as taxas dos encargos que incidiram sobre a
sua opção?
227. Queira o M. D. Perito do Juízo, verificar nos meses em que houve
incidência de multa se foi calculada corretamente, em consonância com os
termos contratuais.
228. Queira o M. D. Perito do Juízo, verificar nos meses em que houve
incidência de juros de mora se foi calculado corretamente e em
consonâncias com os termos contratuais.
229. Queira o M. D. Perito do Juízo, declinar se o valor do “pagamento
mínimo” foi sempre superior ao somatório dos encargos contratuais e de
mora (quesito anterior).
230. Queira o M. D. Perito do Juízo, verificar se consta na Cláusula Dezesseis
– Opções de Pagamento do Saldo Devedor, do Contrato de Prestação de
Serviços de Cartão de Crédito, a opção de pagamento de importância
menor que o valor do “pagamento mínimo”, ou o “não pagamento” –
inadimplência. Em caso afirmativo, queira transcrever a referida cláusula.
231. Queira o M. D. Perito do Juízo, transcrever o Art. 354 do Novo Código
Civil.
232. Queira o M. D. Perito do Juízo, declinar se o método de cobrança dos
encargos contratuais e de mora permite a capitalização destes encargos.
233. Queira o M. D. Perito do Juízo, transcrever o Artigo 3, da Circular n.º
2.044, do Banco Central do Brasil, editada em 25 de setembro de 1991.
234. Queira o M. D. Perito do Juízo, diligenciar junto ao Banco Central do
Brasil e verificar se as Administradoras de Cartão de Crédito são
equiparadas à Bancos Comerciais, segundo as normas e legislação
específicas emanadas pelo Conselho Monetário Nacional e editadas pelo
Banco Central do Brasil.
235. Queira o M. D. Perito do Juízo, transcrever a Cláusula Primeira –
Definições, especificamente a letras “l” (ele)?
236. Queira o M. D. Perito do Juízo, transcrever a Cláusula Décima – Opção
de Financiamento, especificamente os itens 10.2, 10.4 e 10.5.
237. Qual a origem do saldo devedor do cartão, antes do início da cobrança de
encargos?
238. Queira o M. D. Perito do Juízo, demonstrar, comparando mensalmente o
montante consumido pelo Réu, através do(s) cartão(ões) de crédito com a
renda mensal do Réu, informada por ocasião da solicitação do cartão de
crédito.

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PERÍCIA CONTÁBIL EM MATÉRIA FINANCEIRA – Prof. Remo Dalla Zanna (MS)

239. Queira o M. D. Perito do Juízo, demonstrar, comparando mensalmente o


montante consumido pelo Réu, através do(s) cartão(ões) de crédito com
os pagamentos mensais realizados pelo Réu.
240. Conforme demonstrado no quesito anterior, em moeda da época, os
pagamentos realizados pelo Réu, foram suficientes para quitar o montante
consumido, desconsiderando quaisquer encargos contratuais ou de mora?
241. Queira o M. D. Perito do Juízo, demonstrar a movimentação do Réu,
segundo as condições pactuadas.
242. Queira o M. D. Perito do Juízo, demonstrar mês a mês as datas de
vencimento da fatura, do pagamento, o saldo a ser pago, o valor pago e
com quantos dias de atraso foi efetuado o pagamento. Queira demonstrar
mês a mês o montante financiado pela Autora.
243. Por determinação do Banco Central do Brasil, através da Circ. Nº. 2.700,
de 28.06.96, estabeleceu que as instituições financeiras estavam obrigadas
a recolherem ao Banco Central do Brasil 75% dos recursos depositados a
vista e sobre aviso. Hipoteticamente, se no período de fevereiro de 1997
até junho de 1998, o banco oferecesse ao aplicador a taxa de remuneração
mensal de 1% ao mês por um período de 30 dias, qual seria a taxa que o
banco deveria cobrar de um tomador de recursos, a fim de que pudesse
gerar recursos suficientes para pagar o aplicador? Queira o M. D. Perito
do Juízo, trazer aos Autos cópia da referida circular.

15.6 – Quesitos apresentados em ação em que se cuida de financiamento de


terreno.

15.6.1. Quesitos da empresa requerente, a que vendeu o terreno financiado por ela
mesma.

244. Em que consiste a prova pericial determinada?


245. O débito pleiteado pelo autor na notificação encontra-se correto tendo em
vista o teor do contrato firmado entre as partes?
246. Os réus estão depositando corretamente o valor do débito, na forma
pleiteada na notificação, inclusive devidamente atualizado até a data dos
depósitos?
247. Caso não estejam corretos os depósitos feitos, qual o valor da diferença
apurada e devida à favor da autora ?
248. Informem os Srs. Peritos: Judicial e Assistente Técnico, em que consiste o
objeto da presente ação, descrevendo-o em conformidade com a
documentação apresentada nos autos (área de terreno, dimensões, quadra,
lote, situação pormenorizada, melhoramentos, etc.).

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PERÍCIA CONTÁBIL EM MATÉRIA FINANCEIRA – Prof. Remo Dalla Zanna (MS)

249. Após vistoria local, informem os senhores técnicos se o objeto da


presente ação está em conformidade com as descrições e caracterizações
técnicas consignadas nos documentos relacionados à transação comercial
objeto da presente rescisão. Em caso de desconformidade, favor
especificar.
250. É a requerente a primeira e original compromissária compradora do
terreno em questão? Informem os Srs. Perito Judicial e Assistente
Técnico, de acordo com a documentação dos autos, as condições e prazos
referentes à transação comercial objeto da presente rescisão,
especificando: valor total pactuado, entrada, prestações, períodos,
reajustes e índices de correção.
251. Informem os Srs. Perito Judicial e Assistente Técnico (i) número de
parcelas devidamente pagas pelos compromissários compradores, até a
data da propositura da presente ação; (ii) número de parcelas que
deveriam ter sido quitadas até a data da propositura da presente ação; (iii)
o percentual das prestações efetivamente pagas em relação ao número de
parcelas pactuadas.
252. O instrumento particular objeto da presente rescisão específica o
acréscimo ou cobrança de juros sobre o valor das prestações mensais
originariamente pactuadas? Tal condição vem sendo respeitada pela
requerida?
253. O instrumento particular objeto da presente rescisão prevê a atualização
monetária sobre as prestações pactuadas? Qual o índice de correção
pactuado? Tal condição vem sendo respeitada pela requerida? A partir da
data contratual inicial, este índice é aquele que, efetivamente, menos
onerou os contratos sob tal cláusula (correção monetária)?
254. Existem edificações no imóvel objeto da presente ação? Descreve-las,
especificando sua área construída, cômodos e dependências,
características construtivas, padrão, materiais aplicados, etc.
255. Tais benfeitorias foram edificadas conforme as posturas e
regulamentações pertinentes à espécie? Foram regularmente aprovadas e
licenciadas? Encontram-se regularizadas quanto aos encargos trabalhistas
e previdenciários? Possuem planta aprovada, “Habite-se”? Trata-se de
obras clandestinas?
256. Quem as teria edificado: a autora ou seus antecessores? Qual a idade
desta benfeitoria? Há quanto tempo vem sendo ocupada, até a data do
laudo? É a edificação efetivamente ocupada pela autora e seus familiares
ou se destina à exploração de rendimentos de aluguéis?
257. Informem os Srs. Peritos se o imóvel em questão encontra-se
regularmente em dia quanto ao pagamento de tributos ou encargos
municipais? Em caso de resposta negativa, é possível especificar o total
de débitos até a data do laudo?

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PERÍCIA CONTÁBIL EM MATÉRIA FINANCEIRA – Prof. Remo Dalla Zanna (MS)

258. O plano de parcelamento das prestações mensais proporcionado a


requerente, pelas suas particularidades (prestações amplamente facilitadas
e prazo de mais de 12 anos), efetivamente viabilizou à compradora a
edificação de sua casa própria e consequente economia com o não
pagamento de aluguéis?
259. Com relação a valores, informem os Srs. Técnicos: (i) em quanto importa
o valor locativo mensal do imóvel vistoriado? (ii) tendo em vista as
respostas fornecidas aos quesitos anteriores (prazo referente à suspensão
de pagamentos e à ocupação do imóvel) informem os Srs. Peritos em
quanto importa a economia proporcionada a requerente, correspondente
ao não dispêndio de aluguéis por todo o período de ocupação, até a data
do laudo?
260. Com relação a valores, informem os Srs. Técnicos: Qual o valor das
benfeitorias existentes no imóvel? (i) Refere-se a valor de mercado ou
custo de reprodução? (ii) Tal valor considera o fato das mesmas estar ou
não regularmente aprovadas e licenciadas.
261. Qual o valor das benfeitorias existentes no imóvel? (i) Refere-se a valor
de mercado ou custo de reprodução? (ii) Tal valor considera o fato das
mesmas estar ou não regularmente aprovadas e licenciadas?
262. Do exame da documentação referente à rescisão pretendida, informem os
Srs. Técnicos se a requerida descumpriu alguma cláusula contratual então
pactuada.
263. Do exame da documentação referente à rescisão pretendida, informem os
Srs. Técnicos se a requerente descumpriu alguma cláusula contratual em
relação a requerente, especificando em caso de resposta positiva.

15.6.2. Quesitos apresentados pelos adquirentes/financiados requerido

264. Diga o Senhor Perito Judicial se os laudos de fls. 23 a 36 e 84 (ambos


ínsitos nos autos) estão incorretos?
265. Em caso positivo, apontar as incorreções, procedendo a cálculo
discriminado e atualizando o “quantum debeatur”.
266. Diga o Sr. Expert, qual o valor real do lote, individualizado, o valor de
venda à vista, e o valor de venda financiado?
267. Em havendo saldo devedor remanescente, qual o valor, e se tal
remanescente se caracteriza por resíduo;
268. Diga o Sr. Perito qual a forma de amortização aplicada no financiamento?
269. Existindo amortização, qual a fórmula aplicada, e, como obteve o valor
das parcelas e o valor financiado?
270. Existem registro e averbação das promitentes compradoras em Cartório
do lote nº. 14?

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PERÍCIA CONTÁBIL EM MATÉRIA FINANCEIRA – Prof. Remo Dalla Zanna (MS)

271. Tendo sido o lote adquirido em 30.08.1994, porque está atribuído a ele o
nº. 14 A?
272. Do financiamento qual foi à taxa de juros aplicada, e quanto pagou de
juros?
273. Do total pago financiado, quando amortizou do principal?
274. Qual o valor do saldo devedor principal, sem juros do financiamento?
275. Esclareça o Sr. Expert, se a forma de amortização aplicada ao
financiamento é a TABELA PRICE?
276. Qual é o valor de venda do terreno e da prestação inicial atualizado até
a presente data, com aplicação do mesmo índice contratual que prevê a
correção das prestações?
277. Qual é a somatória de todos os valores pagos pelo autor, inclusive a
entrada registrada no contrato, com aplicação do mesmo índice
contratual que prevê a correção das prestações? E esse mesmo resultado
com juros compensatórios de 1,00% ao mês?
278. Pelo exame do contrato o Sr. Perito poderá informar se está registrado no
contrato a taxa de juros reais cobrada pela vendedora? O contrato é
omisso a respeito? Da mesma forma, pergunta-se no contrato consta o
valor a vista e o valor a prazo do imóvel que fora vendido, ou somente o
valor a prazo.
279. Considerando a média de um comprador – pessoa simples – teria ela,
sozinho, condições de descobrir e avaliar qual a taxa de juros cobrada?
280. A omissão do registro da taxa de juros no contrato, considerando uma
pessoa simples, sem conhecimentos de contabilidade e economia,
prejudica o exame do risco do negócio?
281. Qual é o saldo devedor do contrato atualizado nesta data pelo mesmo
índice previsto no contrato, excluindo os valores pagos pelo comprador?
282. Qual é a soma dos valores pagos e o saldo devedor, atualizados pelo
índice contratual, com e sem juros compensatórios de 1,00%?
283. O resultado do item anterior e o valor final pelo qual o autor esta
realmente pagando pelo terreno? (somatória dos valores pagos com o
saldo devedor).
284. Considerando que o valor real de mercado á época da venda é o valor
apontado na exordial e o valor de venda registrado no contrato, pode-se
afirmar que foi inserido percentual a título de juros futuros? Ou como se
pode titular a importância inserida a mais do que o valor real de mercado
na data histórica do contrato. Se não for inserção de juros, o que é então?
285. Qual é o percentual mensal, anual e total de juros aplicados a considerar o
valor real de mercado acima comentado e informado na exordial?
286. Os juros que foram embutidos sofreram reajuste e ou correção monetária
no decorrer desses anos juntamente com as prestações? Esse fenômeno é
a capitalização de juros, ou seja, juros sobre juros? Se não for
capitalização de juros, o que é então?
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PERÍCIA CONTÁBIL EM MATÉRIA FINANCEIRA – Prof. Remo Dalla Zanna (MS)

287. Considerando o acima exposto, existe capitalização de juros no contrato e


nos pagamentos efetuados? Os juros inseridos sofreram reajustes
juntamente com o saldo devedor?
288. Examinando todos esses dados acima, e considerando a simplicidade do
imóvel situado na periferia de Guarulhos, cujo valor de mercado hoje está
em torno de R$ 18.000,00, conforme laudos e anúncios existentes no
processo pode-se afirmar a existência de excessiva onerosidade no
contrato? Ou seja, o comprador estaria a pagar um valor muito elevado
pelo objeto da compra e venda? Ou seja, o comprador está a pagar 5 x 1?
289. Considerando a prática de mercado no ramo imobiliário, qual é a taxa
média de juros praticados, que não se confunde com a correção
monetária? Seria a taxa média 9 a 12% ao ano no máximo? O presente
contrato está fora desse padrão médio de 9 a 12% ao ano, sim ou não?
290. No mercado imobiliário, ao se adquirir imóvel através de financiamento, o
valor que deverá constar como ponto de partida é o valor real de venda
sem inclusão de qualquer outro valor ou juros?
291. O contrato guerreado neste processo ao embutir percentual absurdo a
título de juros futuros, difere da prática usual do mercado?
292. Na prática do mercado, se que adquirir um imóvel pelo valor de R$
20.000,00, para pagamento em 150 parcelas, com correção e ou reajuste
pelo IGP ou outro índice, qual é o valor que vai constar no contrato? Vai
constar R$ 20.000,00 (Valor real de venda), ou vai constar R$ 40.000,00
ou R$ 60.000,00?
293. No exemplo do quesito anterior, caso seja registrado um valor superior ao
valor real de venda – no caso R$ 20.000,00 – há que se entender que o
valor excedente é o valor inserido a título de juros futuros?
294. Nesse caso, o valor excedente ao valor real de venda e mercado sofrendo
os mesmos reajustes das parcelas e do saldo devedor, caracteriza-se a
existência de anatocismo e juros sobre juros e, portanto a capitalização de
juros?
295. Ao examinar os valores matemáticos do contrato, (saldo devedor +
valores pagos atualizados) poderá se afirmado que se trata de valores
finais muito elevados, considerando a simplicidade do meio lote de
terreno em questão cujo valor atual de mercado está na faixa de R$
18.000,00 a 20.000,00.
296. Examinando o contrato ora guerreado, além do reajuste mensal, o que se
entende como reajuste normal de correção monetária, existe juros a cada
20 parcelas?
297. Os juros extras existentes a cada 20 parcelas não é correção monetária,
pois a correção monetária já está prevista no contrato. O MD perito
queira informar se tal assertiva é verdadeira, se não, queira justificar.
298. O reajuste previsto a cada 20 parcelas, como é aplicado? Reflete também
nas parcelas normais e mensais?
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299. Considerando a existência de dois reajustes – a cada 12 meses e o


juros/reajuste a cada 20 parcelas com o índice pré-fixado, podemos
afirmar a existência de duplo reajuste contratual? Como podemos
qualificar o fato de um reajuste incidir sobre o outro?
300. Melhor exemplificando... Considerando as duas formas de reajustes
previstas, haverá um momento em que as prestações sofreram um reajuste
extra além do reajuste normal?
301. Computando-se a correção monetária e excluindo os juros a cada 20
parcelas, o Sr. Perito poderia afirmar que o valor atual da prestação, pela
lógica, deveria ser o mesmo valor inicial corrigido pelo mesmo índice? No
mesmo critério, qual é o saldo devedor?
302. Qual é o valor atual da prestação inicial corrigido pelo mesmo índice
contratual, sem aplicação do reajuste/acréscimo a cada 20 parcelas? Qual
é o valor atual da prestação inicial com a aplicação do acréscimo a cada
20 parcelas?
303. Estabelecendo uma relação entre os valores encontrados no anterior, o Sr.
Perito poderia afirmar que o reajuste extra a cada 20 parcelas contribuiu
para a elevação excessiva da prestação?
304. O que mais contribuiu para a onerosidade excessiva que se apresenta no
contrato – os juros/ reajuste extra a cada 20 parcelas ou o inclusão de
juros futuros no inicio do contrato?
305. Aplicando-se a tabela price e o sistema SAC, com juros legais de 0,5%,
qual seria o valor das prestações no período e saldo devedor?
306. O Sr. Perito diante do exame de todos os dados, valores pagos, saldo
devedor, e considerando o valor de mercado atual do terreno (R$
18.000,00) poderia afirmar que existe uma onerosidade excessiva contra o
comprador? Ou seja, está o comprador a pagar em valor atual e
considerando o valor de mercado apresentado na exordial, estará o
comprador a pagar 5 x 1, ou a ótica do MD. Perito, em qual proporção?
307. Em face da existência de juros embutidos no inicio e juros a cada 20
parcelas, capitalização de juros, qual é o percentual que se pode atribuir a
título de onerosidade excessiva, que deverá ser extirpada para
restabelecer o equilíbrio contratual, considerando a melhor pratica do
mercado, dentro dos parâmetros normais e legais, correção monetária pelo
mesmo índice do contrato, com juros máximos de 12 ao ano?
308. Qual o critério que o MD perito entende como correto considerando a
pratica do mercado imobiliário, em aquisição de imóvel a prazo?
309. Dentro desse critério do item 33.1. Quais seriam os valores que o
comprador deveria pagar a partir da data histórica do contrato, ou seja,
queira o MD perito apresentar um cálculo de financiamento, dentro do
critério que o mesmo entende como pratica do mercado, considerando o
valor de mercado na data histórica do contrato informado na exordial e o
mesmo valor inserido pela vendedora.
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310. O laudo extrajudicial de perito contábil apresentado nos autos esta a


afirmar da existência de capitalização de juros, onerosidade excessiva e
lucro exorbitante, o faz com acerto ou desacerto? – Se existir desacerto,
queira o DD perito apontar.
311. Para se estabelecer o percentual de capitalização de juros e a onerosidade
excessiva, o parâmetro contábil seria o valor excedente cobrado pela
vendedora, que se resume na fórmula - valor de venda com subtração do
valor de mercado sem inclusão de juros futuros – ambos na data histórica
do contrato?
312. Considerando o parâmetro do item anterior e estabelecendo a relação com
valores já pagos, e a exclusão do valor que se possa considerar como
excedente, (valor de venda com subtração do valor de mercado em
inclusão de juros futuros), existe a possibilidade matemática do imóvel já
ter sido pago totalmente á vendedora?
313. Sr. Perito excluindo-se a inserção de juros a título de juros futuros,
capitalização de juros existente, aplicando-se os juros legais de 0,5% ao
mês, corrigindo-se as prestações somente a cada 12 meses, pelo índice
contratual, e descontando-se todos os valores pagos, inclusive a entrada,
qual o saldo devedor que se apresenta?
314. O mesmo quesito do item anterior, porém aplicando-se também o reajuste
a cada 20 parcelas previsto no contrato, qual é o saldo devedor que se
apresenta?

15.7 – Quesitos apresentados em ação em que a Autora pede a reposição dos


expurgos inflacionários praticados em sua caderneta de poupança.

15.7.1. Quesitos da poupadora

315. Queira o Sr. Perito identificar os parâmetros financeiros determinados


pela sentença judicial nos seguintes pontos:
(a) QUANTO À APURAÇÃO DE DIFERENÇAS:
(i) Datas das apurações das diferenças entre o valor devido por
força de sentença e aquele efetivamente creditado na conta
poupança 9164.406305-3.
(ii) Qual o critério de correção monetária definido para apuração
de diferença.
(b) QUANTO À ATUALIZAÇÃO DAS DIFERENÇAS APURADAS:
(i) Correção monetária – a aplicação da tabela do TJSP está em
harmonia ou conflita com a sentença se for aplicada?
(ii) Juros devidos (percentuais e período de incidência).
(c) QUANTO ÀS “CUSTAS” E “HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS”.

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PERÍCIA CONTÁBIL EM MATÉRIA FINANCEIRA – Prof. Remo Dalla Zanna (MS)

316. Queira o Sr. Perito apontar nas seguintes datas se o percentual do


IPC/IBGE corresponde aos seguintes valores e justificativas: (a) IPC
Junho/87: 26,06%; (b) IPC Janeiro/89: 42,72% conforme já pacificado em
jurisprudências do STJ e praticado na tabela do TJSP; (c) IPC de
fevereiro/90 a fevereiro/91:

mês de apuração IPC % IPC/IBGE data crédito


fevereiro/1990 72,78% 15/03/90
março/1990 84,32% 15/04/90
abril/1990 44,80% 15/05/90
maio/1990 7,87% 15/06/90
junho/1990 9,55% 15/07/90
julho/1990 12,92% 15/08/90
agosto/1990 12,03% 15/09/90
setembro/1990 12,76% 15/10/90
outubro/1990 14,20% 15/11/90
novembro/1990 15,58% 15/12/90
dezembro/1990 18,30% 15/01/91
janeiro/1991 19,91% 15/02/91
fevereiro/1991 21,87% 15/03/91
Daí para diante o IPC-IBGE foi extinto

317. Queira o Sr. Perito calcular os seguintes valores conforme a sentença e os


índices devidos para a conta poupança 9164.406305-3:
(a) A diferença entre o valor devido por força de sentença e aquele
efetivamente creditado em
(i) De junho/87 até julho/87;
(ii) De janeiro/89 até fevereiro/89;
(iii) De fevereiro/90 até março/91.
(b) Queira o Sr. Perito atualizar monetariamente cada um dos valores
apurados até a data do depósito em juízo.
(c) Queira o Sr. Perito sobre cada uma das parcelas de diferença
atualizadas até a data do depósito em juízo aplicar os juros devidos
pela sentença de forma simples e totalizar o valor de condenação.
(d) Queira ainda o Sr. Perito apurar o valor de custas e honorários até a
data do depósito judicial (utilizar Tabela TJSP para atualizações).
(e) Queira o Sr. Perito apurar o montante global na data do depósito
judicial e comparar com o valor depositado, indicando eventual
diferença, em valores e em percentual.
318. Queira ainda o Sr. Perito esclarecer se os cálculos apresentados pela
embargada guardam a devida correspondência com os comandos da
sentença e os índices efetivos do IPC/IBGE.

15.7.2. Quesitos do banco

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PERÍCIA CONTÁBIL EM MATÉRIA FINANCEIRA – Prof. Remo Dalla Zanna (MS)

319. Esclareçam os peritos se os valores dos prejuízos afirmados (que não


existiam nas contas de poupança) foram transferidos para o Banco Central
do Brasil por força da Medida Provisória nº. 168?
320. Conferindo os cálculos apresentados pela embargada esclareçam se os
mesmos estão corretos?

Estes são apenas alguns exemplos de quesitos que podem surgir, de forma
semelhante, mas nunca iguais, para que o perito ofereça suas elucidações. Na
realidade, cada advogado esmera-se em elaborá-los de maneira a conduzir o
trabalho pericial e, por via de consequência, conduzir o entendimento do i.
magistrado, no sentido jurídico e legal que favoreça ao seu cliente.

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