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CAPÍTULO 9 - COBERTURAS

CONSTRUÇÕES I
CAPÍTULO 9 - COBERTURAS

ÍNDICE DO CAPÍTULO

Pág.

9.1 - Coberturas 9.3


9.2 - Caracterização 9.4
9.3 - Telhados (Coberturas inclinadas) 9.8
9.4 - Terraços (Coberturas planas) 9.16
9.5 - Legislação específica 9.32
9.6 - Bibliografia específica 9.32

9.1
9.2
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CAPÍTULO 9 - COBERTURAS

9.1 COBERTURAS

COBERTURA é o conjunto dos elementos construtivos, planos ou inclinados,


fazendo parte da envolvente construtiva, que compõem a parte superior de um
edifício e que se destinam a proteger as pessoas e o ambiente artificial interior, de
variações e perturbações atmosféricas, nomeadamente chuvas, queda de neve,
incidência solar, etc.

Significa isto que os elementos mais importantes da cobertura são aqueles que
asseguram a estanquecidade à água, garantindo uma completa
impermeabilização sob o efeito combinado de chuva, neve, gelo, vento, etc.

O grau de importância e influência de uma cobertura em relação ao conjunto da


envolvente construtiva depende fundamentalmente da forma da edificação e do
seu número de pisos.

Fig. 9.1

9.3
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9.2 CARACTERIZAÇÃO

As coberturas caracterizam-se em ordem a:

a) Funções
b) Inclinação
c) Resistência mecânica
d) Ventilação
e) Materiais
f) Estanquecidade
g) Forma, cor, textura
h) Resistência ao envelhecimento
i) Imputrescibilidade
j) Resistência ao fogo
k) Segurança (intrusão)
l) Acessibilidade
m) Manutenção, substituição

9.2.1 Caracterização funcional

As coberturas cumprem as funções de:

a) Proteção - acústica
- higrométrica - temperatura
- humidade relativa
- agentes atmosféricos - vento
- poeiras
- chuva
- neve
- insolação
- granizo

9.4
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b) Planos de utilização - em terraço


- instalação de equipamentos
- acções de manutenção (acesso a chaminés,
antenas)

c) Iluminação zenital - em telhados


- em terraços
- em “sheds”

b) Comparticipação na imagem - da edificação


- da envolvente construída
- do tecido urbano

9.2.2 Caracterização em ordem à inclinação (ou pendente)

Em ordem à inclinação, distinguem-se:

Até 5% : Coberturas planas (ou em terraço)


Acima de 5% : Coberturas inclinadas (ou em telhado), normalmente
com inclinação entre 15 e 60%

Observe-se no entanto que estes limites não são rígidos, antes variam consoante
as diversas fontes de informação consultadas, bem assim como conforme a idade
das edificações ou até o regime de pluviosidade dos locais ou a respectiva cultura
construtiva.

As pendentes dependem igualmente do tipo de clima, observando-se que em


zonas de chuva e neve são construídas coberturas bastante inclinadas, enquanto
que em climas secos elas tendem a ser planas.
Por norma, quanto menos eficaz for o material da cobertura e quanto maiores e
em maior número forem as respectivas juntas, tanto maiores (mais inclinadas)
devem ser as pendentes.
Ou seja, os materiais de revestimento também condicionam a inclinação, como
adiante se verá.
9.5
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9.2.3 Caracterização em ordem à resistência mecânica

As coberturas dimensionam-se em função de:

- peso próprio (peso dos materiais estruturais e de revestimento)


- sobrecargas normais de utilização
- sobrecargas acidentais : vento (pressão, sucção)
chuva
neve, etc.
- eventuais deformações da estrutura

Para efeitos de cálculo, as sobrecargas a considerar encontram-se devidamente


definidas na legislação aplicável e em vigor.

9.2.4 Caracterização em ordem à ventilação

No que respeita a eventual entrada de ar, as coberturas classificam-se em:

a) de obturação , normalmente em construção monolítica, do tipo


lajes de esteira (p. ex. em betão armado)
b) de respiração , como sejam todas as coberturas inclinadas
revestidas com elementos finitos (p. ex. telhas)
assentes sobre estrutura
- telhados de telha vã -

9.6
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9.2.4 Caracterização em ordem aos materiais

As coberturas caracterizam-se igualmente em ordem aos materiais (estruturais e


de revestimento) que as compõem e que podem ser de pequenas dimensões
como chapas metálicas perfiladas, etc.

Como atrás se referiu, os materiais, nomeadamente os de revestimento, também


condicionam a inclinação das coberturas.

Assim:

INCLINAÇÃO INCLINAÇÃO INCLINAÇÃO USUAL

DESIGNAÇÃO MÍNIMA MÁXIMA

graus p/metro graus p/metro graus p/metro

Terraços
2 3 cm 4 7 cm 3 5 cm
Telha canudo
20 36 cm 90 vertical 24 44 cm
(tipo mouriscado)
Telha marselha
20 36 cm 60 1,73 cm 26 48 cm
Chapa ondulada
18 32 cm 90 vertical 25 47 cm
de ferro zincado
Vidro
10 17 cm 90 vertical 20 a 30 36 a 57 cm
Ardósia
16 30 cm 90 vertical 28 53 cm
Chapa ondulada
16 30 cm 90 vertical 20 a 22 36 a 40 cm
de fibrocimento

Quadro 9.I - Inclinações em coberturas

9.7
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DISTÂNCIA SECÇÃO MÍNIMA DOS


ELEMENTOS DA ESTRUTURA
MÁXIMA ENTRE ELEMENTOS
Só para inclinações entre 20º e 45º
EIXOS
(altura x largura)

Madres 2,00 m 16 x 8 cm
Varas para telha Marselha 0,50 m 10 x 5 cm
Varas para telha canudo 0,40 m 14 x 7 cm
Ripas para telha marselha Comprimento da telha 3 x 2,5 cm

Quadro 9.II - Secções e afastamentos máximos de elementos de uma cobertura

9.3 TELHADOS (COBERTURAS INCLINADAS)

9.3.1 Definição

TELHADO é, no sentido genérico do termo, uma cobertura constituída por uma ou


mais superfícies inclinadas (planas ou eventualmente curvas), designadas por
“águas” e que fazem normalmente com o plano horizontal, ângulos entre 30º e 60º
(embora com excepções acima e abaixo dos valores indicados).

Fig. 9.2 - Terminologia


9.8
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O telhado é executado em duas fases, a estrutural e a de revestimento,


normalmente utilizando materiais distintos em cada uma.

9.3.2 Caracterização formal

Quando não há caleiras convém projectar francamente para fora as abas do


telhado ou beirados, para evitar infiltrações nas paredes. Este prolongamento é
normalmente de 0,20 até 0,50 m, embora possa ser maior, recorrendo a apoios
de madeira ou metálicos.
O “contrafeito de sanca”, actualmente em desuso, destinava-se igualmente a
lançar longe as águas da chuva, evitando o mais possível contactos com as
paredes.

Fig. 9.3

9.9
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9.3.3 A estrutura

Uma cobertura em telhado pode ser construída de várias maneiras, por exemplo
recorrendo a:

- estruturas metálicas
- estruturas de madeira
- lajes de betão armado, maciças ou aligeiradas

a) Estruturas de madeira

A cumieira é constituída por uma viga horizontal de madeira, chamada madre


ou fileira, na qual apoia o varedo, conjunto de varas que na outra extremidade
assentam em vigas frechais, paralelas à madre. Sobre o varedo, assenta o
ripado ou conjunto de ripas, que suportam as telhas.

O afastamento “A” depende do tipo de telha:

Fig. 9.4 - Estrutura de madeira (asna) de um telhado de 2 águas

9.10
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Fig. 9.5 - Asna com linha

Definindo:

a) Madre ou fileira
Elemento principal da fase estrutural, disposto perpendicularmente ao
sentido pendente (ou seja, longitudinal) e no ponto mais alto do telhado.

b) Frechais
Elementos da fase estrutural, dispostos sobre as paredes,
perpendicularmente ao sentido pendente e que recebem as varas.

9.11
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c) Varas
Elementos da fase estrutural, dispostos paralelamente ao sentido
pendente e que dão apoio ao ripado.

d) Ripas
Elementos da fase estrutural, dispostos perpendicularmente ao sentido
pendente e que dão apoio aos elementos de revestimento.

e) Terças
Elementos da fase estrutural, dispostos perpendicularmente ao sentido
pendente, desde que a dimensão do vão o justifique.

f) Barbate
Última ripa, junto ao frechal.

g) Guarda-pó
Solução antiga, constituída por um forro de madeira colocado entre o
ripado e o varedo, de modo a evitar a poeira e melhorar o isolamento
térmico.

b) Estruturas em “asna”

Uma asna simples é fundamentalmente constituída por duas “pernas”,


dispostas segundo a pendente do telhado, um “pendural” que as liga à “linha”,
a qual trava as extremidades, e ainda duas escoras inclinadas.

Fig. 9.6 - Asna simples


9.12
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As pernas recebem depois o ripado e, em seguida, o revestimento.

Fig. 9.7 - Diversos tipos de asnas

9.13
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VÃO LINHA PERNAS ESCORAS PENDURAL CONTRA- MADRE FILEIRA VARAS*


FRECHAL
(m) (cm) (cm) (cm) (cm) (cm) (cm) (cm) (cm)

4,0 16 x 8 16 x 8 - 16 x 8 14 x 8 - 18 x 6 10 x 5
6,0 18 x 10 18 x 10 14 x 10 20 x 10 14 x 8 16 x 10 18 x 6 10 x 5
7,5 24 x 12 16 x 12 14 x 12 20 x 12 14 x 10 16 x 10 20 x 6 10 x 7
9,0 26 x 14 20 x 14 16 x 14 20 x 14 16 x 12 18 x 12 24 x 8 12 x 8
10,0 28 x 16 22 x 14 18 x 14 26 x 16 16 x 14 18 x 12 28 x 8 14 x 8
* para telha canudo a dimensão mínima das varas é 14 x 7 cm

Quadro 9.III - Dimensões mínimas de asnas de madeira, afastadas de 3m

9.3.4 Os revestimentos

O revestimento de uma cobertura inclinada é a sua pele. Como revestimentos, é


possível usar os seguintes materiais:

Peso / m2
a) Pedras: chapa de ardósia
xisto
lioz
b) Cerâmicos: telha de barro vermelho
barro, adobe
c) Madeira: maciça, em tábua
melhorada, em chapa de
contraplacado ou MDF
d) Aglomerados: chapa perfilada de fibrocimento
telha de cimento

9.14
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Peso / m2
e) Metais: chapa perfilada de zinco e
zinco/titânio (nº 12) 5,0 Kgs
alumínio (7 / 10) 2,2 Kgs
aço galvanizado
aço inox
cobre (4 / 10) 3,5 Kgs
chumbo (e=3mm) 35 Kgs
f) Fibras vegetais: colmo, estorno 25 Kgs
g) Vidro: chapa de vidro simples ou duplo
armado
temperado
laminado
h) Plásticos: chapas de acrílicos
policarbonatos
G.r.p
i) Revestimento
flexíveis planos: telas inorgânicas betuminosas
membranas sintéticas
emulsões

9.3.5 Conforto ambiental

a) As coberturas inclinadas, também chamadas “com desvão”, constituem a


maioria das coberturas construídas em Portugal e as trocas térmicas
através delas representam mais de 30% das trocas térmicas totais da
envolvente construtiva.

b) O seu comportamento térmico caracteriza-se em função de três


componentes fundamentais, o revestimento superior, o desvão
propriamente dito e o tecto.

9.15
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c) Analisando os dados relativos a:


- absorção de radiação solar, do revestimento superior
- transmissão térmica do revestimento exterior
- transmissão térmica da laje de tecto
- resistência térmica do desvão
- emissividade da face superior da laje de tecto para as situações de
Verão e Inverno

d) Retiram-se as seguintes conclusões (para climas equivalentes a Portugal):


- o desvão deve ser ventilado, reduzindo assim os ganhos de calor no
Verão, sem significativo aumento das percas de calor no Inverno
- o isolamento térmico deve ser colocado sobre a laje de tecto, pois
assim a ventilação do desvão não reduz a eficácia do isolamento
- o revestimento exterior deve ser de cor tão clara quanto possível,
pois o efeito de absorção da radiação solar é sensível no Verão mas
desprezável no Inverno

9.4 TERRAÇOS (COBERTURAS PLANAS)

9.4.1 Definição

TERRAÇO é, no sentido genérico do termo, uma cobertura “plana”, horizontal,


aliás levemente inclinada mas nunca fazendo com o plano horizontal um ângulo
superior a 5%.

9.4.2 Caracterização funcional

Este tipo de coberturas coloca problemas potencialmente mais delicados que os


telhados, porque:

9.16
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- tem fracas inclinações (pendentes)


- está mais sujeito à acção do trabalho da estrutura da edificação
- os materiais de revestimento estão mais expostos ao envelhecimento e
alterações de comportamento

Recomenda-se fortemente que os terraços disponham sempre de uma pendente


mínima, já que se forem realmente horizontais, nunca o serão rigorosamente, o
que conduzirá forçosamente ao empoçamento, susceptível de originar:

- dilatações térmicas diferenciais entre as partes secas e molhadas do


terraço
- depósitos ácidos derivados da evaporação da água da chuva contendo
poluentes (anidridos carbónicos e sulforoso)

Recomenda-se igualmente atenção aos grandes vãos estruturais, susceptíveis de


criar contraflechas que propiciem o empoçamento.

Lembra-se adicionalmente que os materiais de revestimento dos terraços devem


resistir a:

- riscos específicos da edificação, como movimentos estruturais ou do


suporte
- riscos específicos desses materiais, como deficiências de fabrico e (ou)
colocação
- riscos subjectivos de utilização, como os estragos mecânicos ou térmicos
devidos a pregos ou pedras e pontas de cigarro a arder
- riscos objectivos ambientais, como os raios UV (ultravioletas) presentes
na radiação solar

9.17
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9.4.3 Os componentes

Basicamente, uma cobertura plana ou em “terraço” é constituída por:

Fig. 9.8 - Componentes de uma cobertura plana

Vamos analisar cada um destes componentes isoladamente.


Assim:

a) Suporte
Existem várias estruturas de suporte, p. ex. em madeira maciça, perfilados
metálicos, vigas de betão armado (normal ou pré-esforçado) e lajes de
betão armado (maciças, aligeiradas ou pré-esforçadas).

De um modo geral devem ser protegidas contra a humidade, niveladas e


isoladas termicamente e o seu cálculo deve prevenir a ocorrência de
movimentos susceptíveis de danificar os materiais de revestimento.

9.18
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b) Barreira de vapor (tela “quente”)


O seu objectivo é evitar o atravessamento (de dentro para fora) do vapor
de água e a sua eventual condensação superficial intersticial nas camadas
seguintes, como por exemplo o isolamento térmico, o que eventualmente
originaria o seu apodrecimento.
Servem de barreira de vapor os feltros e papéis betuminosos, cartões
asfálticos, lâminas de cobre ou alumínio, filmes de polietileno ou até
pinturas betuminosas, de alumínio ou de látex (borracha).

Recomenda-se que não sofram com eventuais tracções, flexões, roturas,


etc.

c) Camada de forma
Quando o suporte é rigorosamente horizontal (caso das lajes de betão
armado), torna-se necessário criar uma inclinação que facilite o
escoamento das águas pluviais.
Assim, a camada de forma (ou pendente) é normalmente um elemento que
se pretende o mais leve possível, como por exemplo uma betonilha gasosa
ou com inertes leves (granulado de cortiça, argila expandida ou esferovite).
A sua inclinação (de 0 a 5%) é um compromisso entre a eficácia do
escoamento, o peso e o custo.

Recomenda-se que esteja completamente seca antes da colocação do


componente seguinte.

d) Isolamento térmico
Recomenda-se a sua localização por fora da estrutura de suporte, de modo
a protegê-la das variações de temperatura, bem assim como a sua
estanquecidade total, uma vez que a humidade pode conduzir ao seu
aumento de volume e apodrecimento.

9.19
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Servem de isolamento térmico as mantas e placas de fibras minerais (lã de


vidro, lã de rocha), as placas rígidas de poliestireno e de poliuretano, ou o
aglomerado negro de cortiça.

e) Complexo impermeabilizante contínuo


Recomenda-se que os materiais do complexo impermeabilizante tenham
elevada elasticidade e grande resistência ao envelhecimento.

Deve-se igualmente prever o seu revestimento com uma proteção


mecânica que evite nomeadamente queimaduras ou perfurações.

Os materiais de impermeabilização são basicamente:

- feltros betuminosos orgânicos, ou seja, estruturas de juta, algodão, lã ou


cartão, impregnadas de betume asfáltico sintético e cujo envelhecimento é
devido à evaporação lenta dos hidrocarbonetos e consequente
apodrecimento da matéria orgânica

- feltros betuminosos inorgânicos, ou seja, telas de fibra de vidro ou de


polipropileno, impregnadas de betume asfáltico sintético e cujo
envelhecimento deriva da evaporação lenta de hidrocarbonetos

- betumes asfálticos sintéticos, aplicados a quente, por pintura e cujo


envelhecimento e fissuração se deve à evaporação dos hidrocarbonetos

- membranas de PVC ou de borracha sintética, butílica (derivada da


copolimerização do isobutileno com pequenas quantidades de isoprene),
aplicada em rolos, com sobreposição de margens e sua colagem

- emulsões sintéticas (p. ex. borracha clorada) aplicados por pintura

9.20
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Os dois primeiros materiais referidos definem-se por referências como por


exemplo:

- 2 F / 7, ou seja, 2 feltros com o peso total de 7 Kgs / m2

O terceiro material constitui uma solução de baixa qualidade, pelo que não se
recomenda a sua aplicação.

A quarta solução - PVC ou borracha butílica - constitui actualmente o melhor tipo


de impermeabilizantes disponível no mercado, requerendo no entanto particulares
cuidados de aplicação e proteção.

Recomenda-se, de um modo geral, a definição rigorosa do complexo


impermeabilizante a aplicar, no que se refere ao número de componentes, sua
densidade ou peso, tipo e modo de aplicação e ensaios de qualidade.

f) Proteção mecânica
A proteção mecânica do complexo impermeabilizante evita danos
resultantes de perfuração ou queimadura, bem assim como contribui para
aumentar a longevidade do referido complexo.

Conforme a cobertura em terraço for ou não acessível permanentemente,


assim se aplicará uma proteção mecânica sólida para o trânsito dos
utilizadores (betonilha armada, lajetas de betão, tijoleiras, etc.) ou apenas
uma proteção ligeira (feltros betuminosos com sarrisca colada, feltros
cobertos a folha de alumínio ou de cobre, etc.)

9.21
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9.4.4 Variantes à concepção básica e pormenores importantes

a) Cobertura acessível
Para que uma cobertura em terraço seja utilizável por pessoas (esplanada,
bar, etc.), é importante que a proteção mecânica do complexo
impermeabilizante seja tão robusta quanto possível.

Fig. 9.9 - Cobertura em terraço acessível

b) Cobertura “invertida”
Basicamente a solução da cobertura “invertida” consiste em trocar as
posições relativas entre o complexo impermeabilizante e o isolamento
térmico, que assim passa para cima, protegendo o complexo.

9.22
CONSTRUÇÕES I
CAPÍTULO 9 - COBERTURAS

Como vantagem assinala-se a excelente proteção mecânica do complexo


impermeabilizante, enquanto que a desvantagem principal reside no facto
de a eficácia do isolamento térmico ficar seriamente reduzida de Inverno,
quando chove (a água fria circula por baixo do isolamento térmico).

Fig. 9.10 - Cobertura “invertida”

c) Cobertura de água
Consiste na construção de um plano de água, com as consequentes
precauções de cargas, isolamentos, evacuação de excessos de água e sua
reposição em caso de evaporação.
Dispensa a camada de forma mas não prescinde de isolamento térmico e,
obviamente, complexo impermeabilizante.

9.23
CONSTRUÇÕES I
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Fig. 9.11 - Cobertura de água

d) Cobertura de terra ou “em jardim”


A realização de uma superfície verde (relva, arbustos ou árvores) impõe
igualmente precauções específicas, no que respeita a carga, a drenagem
de águas pluviais e a forma de impedir a progressão das raízes, e
evitando-se assim furar as camadas inferiores.

9.24
CONSTRUÇÕES I
CAPÍTULO 9 - COBERTURAS

Fig. 9.12 - Cobertura de terra

e) Barreira de vapor
A existência de barreira de vapor é fundamental para evitar condensações
superficiais sob o complexo impermeabilizante (assunto já tratado no
Cap. 2).
Deve ser ponderada a sua colocação sob ou sobre a camada de forma.

9.25
CONSTRUÇÕES I
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Fig. 9.13 - Barreira de vapor

f) Remates verticais
Há várias formas de rematar o complexo impermeabilizante contra
superfícies verticais, pelo que deverá ser cuidadosamente ponderada,
seleccionada e especificada a solução mais adequada para cada caso
específico.

9.26
CONSTRUÇÕES I
CAPÍTULO 9 - COBERTURAS

Fig. 9.14 - Remates verticais

Fig. 9.15 - Remates verticais


9.27
CONSTRUÇÕES I
CAPÍTULO 9 - COBERTURAS

Fig. 9.16 - Remates verticais

g) Cobre - muretes
O cobre - muretes é um capeamento que remata as guardas ou cimalhas
da cobertura, integrando e protegendo o complexo impermeabilizante.
Pode ser executado em chapa de aço galvanizada, chapa zincor, alumínio,
zinco - titânio, chapa de aço inox ou ainda em pedra natural, peças de
betão pré-fabricado, etc.

9.28
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Fig. 9.17 - Cobre - muretes

h) Ligação a tubos de queda


O escoamento das águas pluviais da cobertura processa-se através de
tubos de queda, cuja posição no edifício é importante determinar, uma vez
que todas as diversas hipóteses têm, de uma maneira ou de outra, algum
impacto (visual, construtivo, funcional).

Fig. 9.18 - Ligação a tubo de queda


9.29
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Fig. 9.19 - Ligação a tubo de queda (exterior)

9.30
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Fig. 9.20 - Ligação a tubo de queda (interior)

9.31
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9.5 LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA

A principal legislação em vigor e aplicável consta de:

- RGEU, Regulamento Geral de Edificações Urbanas


(ver artº 35º até 44º)
- REBA, Regulamento de Estruturas de Betão Armado
(ver artº 19º)
- RSEP, Regulamento de Solicitações em Edifícios e Pontes
(ver artº 13º até 16º)
- Disposições camarárias (ver caso a caso)

9.6 BIBLIOGRAFIA ESPECÍFICA

Os temas introduzidos e os conceitos apresentados são, de uma maneira geral,


esquemáticos e sucintos.
Para uma abordagem mais aprofundada recomenda-se a consulta da seguinte
bibliografia:

- GOMES, Ruy J.
Coberturas em terraço.
Lisboa, ed. LNEC - ITE1, 1968
- Coberturas de edifícios.
Lisboa, ed. LNEC - CPP516, 1976
- LOPES, J. M. Grandão
Anomalias em impermeabilizações de coberturas em terraços.
Lisboa, ed. LNEC - ITE33, 1994
- LOPES, J. M. Grandão
Revestimentos de impermeabilização de coberturas em terraço.
Lisboa, ed. LNEC - ITE34, 1994

9.32
CONSTRUÇÕES I
CAPÍTULO 9 - COBERTURAS

- LOPES, J. M. Grandão
Contribuição do LNEC para a melhoria da qualidade das
impermeabilizações de coberturas em Portugal.
Lisboa, ed. LNEC - COM11, 1998
- LOPES, J. M. Grandão
Flatproof waterproofing systems in Portugal...
Lisboa, ed. LNEC - COM18, 1998
- LOPES, J. M. Grandão
Modelo de inquérito - tipo para avaliação do desempenho de
coberturas em terraço.
Lisboa, ed. LNEC - COM69, 2000
- LOPES, J. M. Grandão
Sistemas de impermeabilização tradicionais de coberturas em
terraço...
Lisboa, ed. LNEC - NS66, 1992
- LOPES, J. M. Grandão
Sistemas de impermeabilização tradicionais de coberturas de
terraços - jardins...
Lisboa, ed. LNEC - NS70, 1994

9.33

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