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Módulo 6

PRONOMES

Sumário

Pronomes ............................................................................................................................................................. 3
Pronomes pessoais .............................................................................................................................................. 4
Pronomes de tratamento ................................................................................................................................... 6
Pronomes possessivos ......................................................................................................................................14
Pronomes demonstrativos ................................................................................................................................16
Pronomes indefinidos .... ..................................................................................................................................18
Pronomes relativos ............................................................................................................................................ 20
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PRONOMES

Observe os pronomes desta frase:

Pegue o seu ônibus; eu pegarei o meu.

É um pronome que É um pronome que substitui o nome (ônibus)


acompanha o nome
(ônibus)

Portanto, pronome é uma palavra que acompanha ou substitui o nome, relacionando-o


a uma das três pessoas do discurso.

Dependendo da função de substituir ou acompanhar o nome, o pronome é,


respectivamente, pronome substantivo ou pronome adjetivo.

Os pronomes são classificados como pessoais, possessivos, demonstrativos,


indefinidos, interrogativos e relativos.
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PRONOMES PESSOAIS

Indicam as três pessoas do discurso:

 a que fala eu, nós

 a com quem se fala tu/você; vós, vocês

 a de quem se fala ele, ela; eles, elas

Observação:

Chamamos de 2ª pessoa indireta os pronomes que, embora se refiram à pessoa com

quem se fala, levam o verbo para a 3ª pessoa. A ela pertencem, além de você, vocês,

vários pronomes de TRATAMENTO, como senhor, senhora, Vossa Senhoria, Vossa

Excelência, Vossa Alteza, Vossa Majestade, etc. A maioria dos pronomes de tratamento

se escreve abreviadamente.
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Pessoas Pronomes Pronomes Oblíquos


Retos
Tônicos com Átonos
preposição. sem
preposição.

1ª pessoa eu mim, me
comigo

2ª pessoa tu ti, contigo te


direta singular

2ª pessoa você ----- -----


indireta

3ª pessoa ele, ela a ele, a ela, si, se, o, a, lhe


consigo

1ª pessoa nós conosco, nos ----

2ª pessoa vós convosco, vos -----


direta
plural

2ª pessoa vocês ------ -----


indireta

3ª pessoa eles, elas a eles, a elas, se, os, as,


si, consigo lhe
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Pronomes de tratamento

Breve história dos pronomes de tratamento

O uso de pronomes e locuções pronominais de tratamento tem larga tradição na língua


portuguesa. De acordo com Said Ali, após serem incorporados ao português os pronomes
latinos tu e vos, “como tratamento direto da pessoa ou pessoas a quem se dirigia a
palavra”, passou-se a empregar, como expediente linguístico de distinção e de respeito, a
segunda pessoa do plural, no tratamento de pessoas de hierarquia superior. Prossegue o
autor:

Outro modo de tratamento indireto consistiu em fingir que se dirigia a palavra a um


atributo ou qualidade eminente da pessoa de categoria superior, e não a ela
própria. Assim aproximavam-se os vassalos de seu rei com o tratamento de vossa
mercê, vossa senhoria [...]; assim usou-se o tratamento ducal de vossa excelência e
adotaram-se na hierarquia eclesiástica vossa reverência, vossa paternidade, vossa
eminência, vossa santidade.

A partir do final do século XVI, esse modo de tratamento indireto já estava em voga
também para os ocupantes de certos cargos públicos. Vossa mercê evoluiu para vosmecê,
e depois para o coloquial você. E o pronome vós, com o tempo, caiu em desuso. É dessa
tradição que provém o atual emprego de pronomes de tratamento indireto, como forma de
dirigirmo-nos às autoridades civis, militares e eclesiásticas.

Concordância com os pronomes de tratamento

Os pronomes de tratamento (ou de segunda pessoa indireta) apresentam certas


peculiaridades quanto à concordância verbal, nominal e pronominal. Embora se refiram à
segunda pessoa gramatical (à pessoa com quem se fala, ou a quem se dirige a
comunicação), levam a concordância para a terceira pessoa. É que o verbo concorda com
o substantivo que integra a locução como seu núcleo sintático: “Vossa Senhoria nomeará o
substituto”; “Vossa Excelência conhece o assunto”.
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Da mesma forma, os pronomes possessivos referidos a pronomes de tratamento são


sempre os da terceira pessoa: “Vossa Senhoria nomeará seu substituto” (e não “Vossa...
vosso...”).

Já quanto aos adjetivos referidos a esses pronomes, o gênero gramatical deve coincidir
com o sexo da pessoa a que se refere, e não com o substantivo que compõe a locução.
Assim, se nosso interlocutor for homem, o correto é “Vossa Excelência está atarefado”,
“Vossa Senhoria deve estar satisfeito”; se for mulher, “Vossa Excelência está atarefada”,
“Vossa Senhoria deve estar satisfeita”.

Em comunicações oficiais, está abolido o uso do tratamento digníssimo (DD) às


autoridades arroladas na lista anterior. A dignidade é pressuposto para que se ocupe
qualquer cargo público, sendo desnecessária sua repetida evocação.

Vossa Senhoria é empregado para as demais autoridades e para particulares.

Como se depreende do exemplo acima, fica dispensado o emprego do superlativo


ilustríssimo para as autoridades que recebem o tratamento de Vossa Senhoria e para
particulares. É suficiente o uso do pronome de tratamento Senhor.

Acrescente-se que Doutor não é forma de tratamento, e sim título acadêmico. Evite usá-lo
indiscriminadamente. Como regra geral, empregue-o apenas em comunicações dirigidas a
pessoas que tenham tal grau por terem concluído curso universitário de doutorado. Nos
demais casos, o tratamento Senhor confere a desejada formalidade às comunicações.

Veja os pronomes de tratamento e seu uso:


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DESTINATÁRI TRATAMENTO ABREV. VOCATIVO ENVELOPE


O

Presidente da Vossa Não se Excelentíssimo Excelentíssimo


República; Excelência usa Senhor Senhor Presidente
Vice- Presidente da da República
Presidente da República Federativa do
República Brasil

Chefe do Vossa V. Exa. Excelentíssimo Exmo. Sr.


Gabinete Civil Excelência Senhor Fulano de Tal...
e Chefe do Chefe do...
Gabinete
Militar da
Presidência
da República;
Ministro de
Estado;
Chefes
Militares

Membros do Vossa V. Exa. Excelentíssimo Exmo. Sr.


Congresso Excelência Senhor Deputado...
Nacional e do Câmara dos
Senado Deputados

Governador Vossa V. Exa. Excelentíssimo Excelentíssimo


de Estado, Excelência Senhor Senhor
Territórios e Governador do
Distrito Estado
Federal

Prefeitos; Vossa V. Exa. Exmo. Sr.


Presidentes Excelência Deputado...
de Presidente da
Assembleias Assembleia
Legislativas e Legislativa do
Câmaras Estado
Municipais (só
para
presidentes)

Outras Vossa Senhoria V. Sa. Prezado Senhor


pessoas e Fulano de Tal...
demais
autoridades.
Diretores;
Chefes de
Seção;
Capitão;
Tenente

Reitor de Vossa Não há Magnífico Reitor Excelentíssimo


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Universidade Magnificência Senhor


(Vossa Prof. Fulano de
Excelência) Tal
Magnífico Reitor
da Universidade...

Bispos e Vossa V. Exa. Reverendíssimo Reverendíssimo


Arcebispos Excelência Senhor Bispo ou Senhor
Reverendíssima Arcebispo Dom...
Bispo...

Monsenhores; Vossa V. Reverendíssimo Reverendíssimo


Cônegos; Reverendíssima Revmª Senhor Senhor Padre
Padres e Reverendíssima
Freiras Senhora

Presidente e Vossa V. Exa. Excelentíssimo Exmo. Sr.


Membros do Excelência Senhor Fulano de Tal
Supremo Presidente Presidente do
Tribunal Egrégio Tribunal
Federal; Regional do
Presidente e Trabalho
Membros do
Tribunal
Federal de
Recursos;
Presidente e
Membros do
Tribunal
Superior
Eleitoral;
Presidente e
Membros do
Tribunal
Superior do
Trabalho

Juízes em Vossa V. Exa. Meritíssimo Exmo. Sr.


geral e Excelência Fulano de Tal
Auditores da Juiz de...
Justiça Militar

Procurador- Vossa V. Exa. Excelentíssimo Exmo. Sr.


Geral da Excelência Senhor Fulano de Tal
República; Procurador-Geral Procurador-Geral
Procurador- da
Geral dos República
Tribunais;
Embaixadores
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Sugestão de leitura:

Decreto 9758/19 | Decreto nº 9.758, de 11 de abril de 2019


Dispõe sobre a forma de tratamento e de endereçamento nas
comunicações com agentes públicos da administração pública federal.
https://presrepublica.jusbrasil.com.br/legislacao/697347352/decreto-9758-19)

Emprego dos pronomes pessoais

1. Como esses pronomes sempre substituem as pessoas do discurso, eles sempre são
pronomes substantivos.

2. Os pronomes retos funcionam quase sempre como sujeito.

3. Os pronomes oblíquos funcionam como complemento.

4. Quando o pronome oblíquo estiver na pessoa do pronome reto, é chamado de


reflexivo. Ex.: Ela admirava-se no espelho = a si mesma (pronome reflexivo).

5. Os pronomes oblíquos o, a, os, as assumem as formas lo, la, los, las e no, na, nos,
nas depois de formas verbais terminadas em -r, -s, -z ou -m, -ão, -õe. Ex.: Queria
preservar (+ o) = queria preservá-lo. Fez (+ o) = fê-lo. Pôs (+ o)= pô-lo. Conduziram (+
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os) = conduziram-nos. Dão (+ a) como certa = dão-na como certa. Põe (+ os) sobre a
mesa = põe-nos sobre a mesa.

Observação:
Por uma questão de eufonia, o s também cai nas formas verbais da primeira pessoa do
plural (nós) diante do pronome oblíquo nos.

Ex.:
Oferecemos-nos a prestar-lhe socorro. = Oferecemo-nos a prestar-lhe socorro.

Importante:

a) Só podemos empregar as formas oblíquas o, a, os, as quando o verbo pedir objeto


direto, e somente usaremos os oblíquos lhe e lhes quando o verbo reclamar objeto
indireto. Foge, portanto, ao padrão culto quem diz “eu lhe felicito”, uma vez que o verbo
felicitar, sendo transitivo direto, pede objeto direto. O oblíquo que deve ser usado é,
pois, o. Por outro lado, foge à regra quem diz “eu o obedeço”, porque o verbo obedecer
é transitivo indireto, já que quem obedece obedece a alguém.

b) Me, te, se, nos e vos podem ser tanto objetos diretos como indiretos. Funcionarão
como objetos diretos se os pudermos substituir pelos oblíquos o, a, os, as e, como
objetos indiretos, quando for possível substituí-los pelos oblíquos lhe ou lhes.

c) Os pronomes eu e tu, em linguagem padrão, não devem ser acompanhados de


preposição. Assim, deve-se escrever: “Entre mim e ti...” e não “Entre eu e tu...”. Isso
porque as formas pronominais eu e tu funcionam sempre como sujeito e não podem vir
regidas de preposição.

d) Nós e vós, quando usados com a preposição com, assumem a forma conosco e
convosco. Porém, se estão acompanhados por um modificador, como outros, próprios
ou um numeral, não se modificam. Ex.: Ele brincou conosco ontem. Ele brincou com nós
dois.
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e) Me, te, lhe, nos e vos também podem ser empregados com valor possessivo,
equivalendo a meu, teu, seu, dele, nosso e vosso. Ex.: Quebraram-me os dentes.
(Quebraram os meus dentes.). Louvei-lhe a atitude. (Louvei a atitude dele.).

Colocação correta dos pronomes átonos

Na língua escrita, o uso dos bons escritores vem, desde muito tempo, estabelecendo
certas normas, às vezes diferentes do que ocorre na língua falada, para a colocação dos
pronomes átonos em relação ao verbo. Para escrever com correção, nesse particular,
você deve observar estas regras:

1. Não se começa uma frase com pronome átono. O adequado é: “Esperei-te longo
tempo, procurei-te por toda a parte e fui-me embora.”

Observação:
Na língua FALADA, usa-se a anteposição (próclise) do pronome: “Me diga uma coisa”

2. Se houver uma palavra NEGATIVA na frase (não, nunca, ninguém, nada. etc.), o
pronome se coloca ANTES do verbo. Assim: “Não ME aborreça!”; “Nunca O vi tão
alegre!”; “Ninguém TE chamou!”; “Nada ME detém”.

3. Também se coloca o pronome átono ANTES do verbo, se este vier precedido de


pronome relativo (que, quem, cujo, onde...), ou de conjunção subordinativa (que,
porque, como, se, embora, ainda que, mesmo que, antes que, para que etc.). Veja:
“Desejo que TE saias bem no exame a que TE submeteste”; “Mesmo que ME convides,
não poderei ir”.

4. O pronome fica igualmente ANTES do verbo nas frases começadas com os pronomes
e os advérbios interrogativos (que, quem, como, quando, onde, por que, quanto).
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Observe: “Quem TE chamou?”; “Que LHE aconteceu?”; “Como TE arranjaste?”;


“Quando O verei outra vez?”.

5. Também costuma o pronome anteceder o verbo, se a frase contiver certos pronomes


indefinidos e advérbios, como: tudo, alguém, cada um, cada qual, bastante, muito,
pouco, sempre, já, aqui, hoje, amanhã, também, talvez, só, somente, etc.
Assim: “Devagar SE vai ao longe”; “Sempre O admirei”; “Já TE disse...”; Só TE peço
uma coisa”; “Tudo NOS une, nada NOS separa”.

6. Nas frases que exprimem desejo (= optativas), fica também o pronome ANTES do
verbo. Veja: “Deus TE acompanhe”; “Que a sorte O ajude”.

7. Nunca se coloca um pronome átono depois de um futuro (do presente ou do


pretérito); se for possível (regras 2ª a 6ª), coloca-se antes: “Nunca TE esquecerei”; “O
pedido que TE faria...”. Se não for possível, então, se intercala o pronome no verbo
(= mesóclise): “Esquecer-ME-ás um dia?”; “Pedir-TE-ia um favor”.

8. Nunca se coloca um pronome átono depois de um particípio. Escreve-se, pois,


“Tenho-TE procurado” ou “Tenho TE procurado” (esta última forma, que é a colocação
brasileira, injustificavelmente, não é aceita por alguns);
“Ele ME havia feito uma observação” ou “Ele havia-ME feito uma observação”.

9. Sempre é correto colocar um pronome átono depois de infinitivo não flexionado,


mesmo em casos em que se usa também a anteposição.
Assim, poderá escrever-se: “Por que descuidar-SE do estudo” ou “Por que SE descuidar
do estudo?”

10. É indiferente a colocação quando o sujeito, em orações declarativas, é um pronome


pessoal ou um substantivo. Observe: “Ela ME disse” ou “Ela disse-ME”.

Observação:
A anteposição do pronome ao verbo chama-se PRÓCLISE, a posposição, ÊNCLISE; a
interposição, MESÓCLISE.
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PRONOMES POSSESSIVOS

Pronomes possessivos são os que indicam posse em relação às três pessoas do


discurso.

Concordância dos pronomes possessivos

a) Concordam em gênero e número com a coisa possuída, em pessoa, com o


possuidor.

Eu guardo meus segredos.


Nós recordamos nossas conquistas.

b) Quando o pronome possessivo se refere a mais de um substantivo, ele concordará


com o mais próximo.

Gosto de ouvir meus discos e gravações.


Gosto de ouvir minhas gravações e discos.

Emprego dos pronomes possessivos

1. O normal é o pronome possessivo vir antes do substantivo a que se refere; nada


impede, porém, que ele venha depois do substantivo, podendo ocorrer mudança de
sentido.

Recebi suas notícias. Recebi notícias suas.

2. O emprego do possessivo de terceira pessoa (seu e flexões) pode deixar a frase


ambígua.
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Maria saiu com sua bolsa. Nesse caso, deve-se reforçar o possessivo por meio da forma
dele (e flexões). Maria saiu com a bolsa dela.

3. Em certos casos, o pronome possessivo não exprime ideia de posse. Ele indica
aproximação, afeto ou respeito.

Aquele homem deve ter seus 60 anos.


Meu caro professor, ainda não entendi.
Minha senhora, queira sentar-se.

4. Não se deve usar o possessivo antes de termos que indiquem partes do corpo,
quando estes forem complementos do verbo.

Quebrei o braço. (e não: Quebrei meu braço.)

5. A palavra seu que vem antes de nomes de pessoas não é pronome possessivo, mas
uma corruptela de senhor.

Seu Manuel, o senhor conhece meu irmão?


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PRONOMES DEMONSTRATIVOS

São os pronomes que indicam a posição dos seres em relação às pessoas do discurso.

Este, esta, isto: referem-se à primeira pessoa do discurso.


Esse, essa, isso: referem-se à segunda pessoa do discurso.
Aquele, aquela, aquilo: referem-se à terceira pessoa do discurso.

Importante:

O, a, os e as passam a ser pronomes demonstrativos sempre que puderem ser


substituídos por isto, aquilo, aquele(s), aquela(s).

Você sabe o que lhe convém? (= aquilo)


Os que têm persistência vencem. (= aqueles)
Das estações eu prefiro a do verão (= aquela)
Ele te pediu em casamento. Não o sabias? (= Não sabias isso?)

Também podem ser demonstrativos:

a) mesmo(s), mesma(s), próprio(s), própria(s) – quando reforçam pronomes pessoais


ou servem de identificação:

Elas mesmas passaram no concurso.


Ele fez o próprio exame.

b) tal, tais, semelhante(s) – quando equivalem a esse(s), essa(s):

Não digas tais asneiras. (= essas)


Semelhante disposição nunca vi.
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Os demonstrativos servem para indicar a posição temporal, denotando proximidade ou


afastamento no tempo, em relação à pessoa que fala.

Este, esta e isto denotam tempo presente ou próximo do momento em que se fala:

Esta noite é agradável para sair.

Esse, essa e isso denotam tempo passado, relativamente próximo ao momento em que
se fala:

O mês passado foi muito bom: nesse mês completei meu curso.

Aquele, aquela e aquilo denotam tempo remoto ou bastante vago:

Meu pai formou-se em 1952. Naquele tempo as coisas eram bem diferentes.

Os demonstrativos podem indicar ainda o que vai ser falado e o que já foi falado.

Este (e variações) quando queremos nos referir a alguma coisa que ainda vai ser
falada:

A relação das filhas é esta: Carolina, Luciana, Mariana e Laura.

Esse (e variações) quando queremos nos referir a alguma coisa já falada:

Carolina, Luciana, Mariana e Laura: são essas as filhas citadas.

Usamos este (e variações) em oposição a aquele (e variações) quando queremos nos


referir a elementos já mencionados:

O amor e o ódio são sentimentos opostos: este destrói, aquele constrói.


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PRONOMES INDEFINIDOS

Pronomes indefinidos são os que indicam a terceira pessoa e têm sentido indefinido,
impreciso.

Ex.: Alguém passou no corredor.

Alguns desses pronomes são variáveis em gênero e número; outros são invariáveis.

Variáveis: algum, nenhum, todo, outro, muito, pouco, certo, vário, tanto, quanto,
qualquer.

Invariáveis: alguém, ninguém, tudo, outrem, algo, quem, nada, cada.

Podemos caracterizar assim os pronomes indefinidos:

a) Quem, ninguém, nada, alguém, outrem, algo: sempre são pronomes substantivos.

Ninguém tem o direito de poluir o ambiente.


Quem luta vence.

b) Certo: sempre é pronome adjetivo.

Ela estava com um certo olhar triste.

c) Os demais podem ser pronomes substantivos ou adjetivos.

Todos conseguiram chegar ao final da corrida. (pron. substantivo)


Todos os minutos são importantes. (pron. adjetivo)
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Observação: Existem grupos de palavras que equivalem a um pronome indefinido, sendo


então chamados locução pronominal indefinida: cada um, cada qual, quem quer que,
todo aquele que, seja quem for, seja qual, etc.

Emprego dos pronomes indefinidos

a) Algum, posposto ao nome, assume um valor negativo, equivalendo a nenhum.

Motivo algum (= nenhum) me impedirá de ir à festa.


Ação alguma (= nenhuma) me desviará de meu objetivo.

b) Qualquer, quando posposto ao substantivo, assume um valor pejorativo.

Era um livro qualquer.

c) Cada não deve ser empregado desacompanhado de um substantivo ou numeral.

Ganharam cem mil reais cada um. (e não: cem mil reais cada)

d) Certo, quando vem depois de um substantivo, passa a ser adjetivo.

Certo dia, encontraram-se no bar. (pron. indefinido)


No dia certo, encontraram-se no bar. (adjetivo)

e) Todo e toda (no singular), sem o artigo, significam qualquer; com o artigo, dão a ideia
de inteiro.

Todo homem é mortal. (qualquer homem)


Todo o mundo exige justiça. (o mundo inteiro)
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PRONOMES RELATIVOS

“Aves, animais e homens vinham a minha sombra colher os frutos, que se espalhavam
pelo chão.”

“Colocaram-me em uma prensa, da qual saí enfardado para uma longa viagem.”

“Nasci no Brasil, cujo futuro ainda será mais glorioso que o passado.”

“Ama e respeita teus pais, a quem deves tudo quanto és.”

“Ela, que é minha irmã, não se parece comigo.”

“Aquela é a casa onde morava.”

Repare agora nas equivalências que a seguir mostramos:

Que se espalhavam = os frutos se espalhavam


Da qual saí enfardado = saí da prensa enfardado
Cujo futuro será glorioso = o futuro do Brasil será glorioso
A quem deves tudo = a teus pais deves tudo
Quanto és = és tudo
Que é minha irmã = ela é minha irmã
Onde morava = morava naquela casa

Podemos concluir:

As palavras que, a qual, cujo, quem, onde e quanto, que evitam a repetição de um
substantivo ou pronome citado anteriormente, ligando, relacionando, ao mesmo tempo,
esses substantivos ou pronomes a uma declaração que a respeito deles se faz — são
chamadas pronomes relativos. O pronome relativo tem sempre um antecedente.
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Observação:

 Quem, assim como que, equivale a “o qual”, “a qual”, e flexões, mas só se usa
para pessoas.

Como pronome relativo, quem vem sempre precedido de preposição monossilábica.

Ex.: As pessoas de quem (= das quais) dependo...


Eis a professora a quem (= à qual) devo minha formação.

 Onde equivale a em que; e por incluir uma preposição no seu significado, mais
acertadamente se classificaria como advérbio relativo.

 Quanto tem sempre como antecedente um pronome indefinido “tudo, todos”.


Daí o seu caráter também indefinido.

 Cujo indica posse; tem sempre um consequente substantivo, a que serve de


adjunto e com o qual concorda em gênero e número; é o único pronome relativo
adjetivo. Vem muitas vezes precedido de preposição pedida pelo verbo que a
segue.

Ex.: Surgiram borboletas cujo colorido me encantou.


É difícil a matéria a cujo estudo me dedico.
É uma pessoa de cuja honestidade não se duvida.
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Como usar o relativo?

O uso do pronome relativo pode cair em abuso e daí as incorreções ou o mau gosto.

Uma causa bastante comum do mau uso do pronome relativo consiste em posicioná-lo
muito afastado de seu antecedente, gerando imprecisões ou ambiguidades:

Ex.:
Vou indicar um capítulo deste livro que me parece muito interessante.
“De hoje em diante fica proibido amarrar os burros aqui fora para não incomodar os que
estão lá dentro.”

Outra razão do mau uso é o esquecimento da preposição pedida pelo verbo da frase
relativa:

Este é o esporte de que gosto. (e não: Este é o esporte que gosto)

No terreno do mau gosto, o problema mais frequente é o excesso:

Vi seu irmão que me deu notícias de sua tia que está doente desde o acidente que teve
quando ia à festa que se realizou no domingo.
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Em caso de supressão do pronome relativo, pode-se pensar nas seguintes


técnicas:

 Emprego de um substantivo como aposto, geralmente seguido de complemento:


O exército que libertou a cidade...
O exército, libertador da cidade,...

 Emprego de um adjetivo sem complemento:


Dois acontecimentos que ocorreram ao mesmo tempo.
Dois acontecimentos simultâneos.

 Emprego de um adjetivo com complemento:


O professor que perdoa facilmente os erros dos alunos.
O professor indulgente com os alunos.

 Emprego de preposições:
O livro que tem muitas folhas.
O livro de muitas folhas.

 Emprego de formas reduzidas:


O livro que comprei no sábado...
O livro comprado no sábado...
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Referências:

ALI, M. Said. Gramática Histórica da Língua Portuguesa, 6 ed. São Paulo: Melhoramentos,
1966.

ANDRÉ, Hildebrando. Gramática ilustrada. 4. ed. São Paulo: Moderna, 1990.

BECHARA, Evanildo. Lições de português pela análise sintática. 16. ed. Rio de Janeiro: Lucerna,
2001.

CADORE, Luís Agostinho. Curso prático de Português: literatura/gramática/redação.. 8. ed. São


Paulo: Ática. 2000.

CEGALLA, Domingos Pascoal. Novíssima gramática da língua portuguesa. 30. ed. São Paulo:
Nacional, 1998.

CUNHA, Celso; CINTRA, Lindley. Nova gramática do português contemporâneo. Rio de Janeiro:
Nova Fronteira, 1985.

EPSTEIN, Isaac. Gramática do poder. São Paulo: Ática, 1993.

KURY, Adriano da Gama. Português básico. 16. ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1990. Nova
Fronteira.

LIMA, Carlos Henrique da Rocha. Gramática normativa da língua portuguesa. 42. ed. Rio de
Janeiro: José Olympio, 2002.

TERRA, Ernani. Curso prático de gramática. edição revista e ampliada. São Paulo: Scipione, 1996.

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