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MÓDULO III

PORTUGUÊS
Pronomes: Usos e Dificuldades

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Português – Módulo III

1. PRONOMES PESSOAIS

São três tipos:

a) caso reto – exerce a função de sujeito:

1ª pessoa do singular: eu 1ª pessoa do plural: nós

2ª pessoa do singular: tu 2ª pessoa do plural: vós

3ª pessoa do singular: ele, ela 3ª pessoa do singular: eles, elas

b) caso oblíquo átono – exerce a função de complemento ou de adjunto:

1ª pessoa do singular: me 1ª pessoa do plural: nos

2ª pessoa do singular: te 2ª pessoa do plural: vos

3ª pessoa do singular: se, o, a, lhe 3ª pessoa do singular: se, os, as, lhes

c) caso oblíquo tônico – exerce a função de complemento ou de adjunto e sempre vem


preposicionado:

1ª pessoa do singular: mim 1ª pessoa do plural: nós

2ª pessoa do singular: ti 2ª pessoa do plural: vós

3ª pessoa do singular: si, ele, ela 3ª pessoa do singular: si, eles, elas

Observação¹ – Há ainda as formações: comigo, contigo, consigo, conosco e convosco.

Observação² – As formas ele(s), ela(s), nós e vós funcionam tanto no caso reto, como no
oblíquo tônico.

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2. ALGUNS USOS DOS PRONOMES PESSOAIS

1. eu, mim

O eu sempre funciona como sujeito e o mim, em oposição, nunca será sujeito

a) Não era para eu fazer isso. (eu = função de sujeito)

b) Não ocorreram brigas entre você e mim. (mim = função de adjunto)

É errada a construção: Não ocorreram brigas entre você e eu.

2. com você, contigo, consigo

a) Precisamos falar com você. = usa-se quando tratamos a pessoa por “você”

b) Precisamos falar contigo. = usa-se quando tratamos a pessoa por “tu”

c) Ela levou a bolsa consigo. = só se usa de forma reflexiva.

É errada a construção: Precisamos falar consigo.

3. conosco, com nós

a) Vieram falar conosco. = é usado quando não houver palavra reforçativa

b) Vieram falar com nós todos. = só pode ser usado quando houver palavra reforçativa

As palavras reforçativas são: com nós mesmos; com nós próprios; com nós três
(numeral); com nós, os pais (aposto). Isso também vale para a dupla convosco / com vós.

4. mande ela, mande-a

As orações infinitivo-latinas são usadas geralmente com os verbos deixar, mandar,


fazer, ver, ouvir, sentir e outros. Tais verbos têm como complemento uma oração com
verbo no infinitivo e o uso pronominal merece atenção, pois a forma adequada é a do
pronome oblíquo:

errado: Deixem nós sairmos. correto: Deixem-nos sair.

errado: Vi eles chegarem. correto: Vi-os chegar.

errado: Mande ela sair. correto: Mande-a sair.

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3. PRONOMES DE TRATAMENTO

Os pronomes de tratamento exigem verbos e pronomes sempre na terceira pessoa:

Vossa Senhoria trouxe seu livro. Vossa Santidade, abençoe seu rebanho.

PRONOME ABREVIATURA USADO PARA

Vossa(s) Alteza(s) V.A. (VV.AA.) príncipes e duques

Vossa(s) Eminência(s) V.Em.a (V.Em.as) cardeais

Vossa(s) Excelência(s) V.Ex.a (V.Ex.as) vide abaixo*

Vossa(s) Magnificência(s) V.Mag.a (V.Mag.as) reitores de universidade

Vossa(s) Majestade(s) V.M. (VV.MM.) reis e imperadores

Vossa(s) Meritíssima(s) sempre por extenso juízes de direito

Vossa Paternidade V.P. superiores de convento,


abades

Vossa(s) Santidade(s) sempre por extenso papa

Vossa(s) Senhoria(s) V.S.a (V.S.as) vide abaixo**

Vossa(s) Reverendíssima(s) V.Rev.ma (V.Rev.mas) sacerdotes e religiosos em


geral

senhor(es) Sr. (Srs.) indicar respeito

senhora(s) Sr.a (Sr.as) indicar respeito

senhorita(s) Sr.ta (Sr.tas) moças solteiras

você(s) v. indicar intimidade, informa-


lidade

* Vossa Excelência – usado para: deputados, senadores, embaixadores, ministros de


Estado, governadores, secretários de Estado, presidente da República, oficiais (superiores
a coronel), juiz e outras altas autoridades.

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** Vossa Senhoria – pronome de tratamento genérico, em geral usado para aqueles que
não se encaixam nos demais pronomes.

Observação — Para bispos e arcebispos usa-se: Vossa(s) Excelência(s)


Reverendíssima(s). A abreviatura é V.Ex.aRev.ma (V.Ex.asRevm.mas).

O uso de Vossa Excelência ou Sua Excelência depende da situação de comunicação.


Quando se fala diretamente com a pessoa, um juiz, por exemplo, usa-se Vossa. Quando o
juiz se torna apenas o assunto sobre o qual se está falando, põe-se Sua. Se escrevo uma
carta para o presidente da República, uso Vossa Excelência. Quando, porém, escrevo a
carta para alguém, mas o assunto do qual tratamos é o presidente da República, aí se
usará Sua Excelência.

4. PRONOMES PESSOAIS DO CASO OBLÍQUO ÁTONO

Entre os pronomes pessoais, destacamos os pronomes do caso oblíquo átono: me,


te, nos, vos, se, o, a, os, as, lhe, lhes. Para o uso correto, a depender do pronome
trabalhado, três informações serão relevantes: tipo, colocação, adaptação.

4.1 Tipo

Na norma culta, os pronomes me, te, se, nos e vos não causam grandes
dificuldades devido à forma única correspondente às pessoas do discurso, o que evita
conflitos. Cabe, porém, aos pronomes o, a, os, as, lhe, lhes a concentração das dúvidas e
incertezas, por causa da necessária classificação da função sintática para determinar a
forma.

Os pronomes pessoais o, a, os, as funcionam essencialmente como objeto direto,


portanto aparecem na complementação dos verbos transitivos diretos:

Nós vimos a revista => Nós a vimos.

Deus ajude o rapaz => Deus o ajude.

Conheci a empresa ontem => Conheci-a ontem.

Eles visitaram as irmãs => Eles as visitaram.


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Os representantes elegeram os diretores => Os representantes os elegeram.

Já os pronomes lhe, lhes têm mais detalhes e outras possibilidades de uso:

. funcionam como objeto indireto (portanto vinculado ao verbo transitivo indireto), mas
seu uso concentra-se no objeto indireto introduzido pela preposição A (ou PARA e mais
raramente EM) e, em geral, introduz o destinatário:

Obedeci ao professor => Obedeci-lhe.

Enviei o presente para o jovem => Enviei-lhe o presente.

O prêmio já foi entregue ao jogador => O prêmio já lhe foi entregue

Acertaram um tapa no homem => Acertaram-lhe um tapa.

. também funciona como adjunto adnominal e, então, indicará posse, podendo ser trocado
por pronomes possessivos:

Roubaram a sua bolsa => Roubaram-lhe a bolsa.

Aquele fato matou as suas esperanças => Aquele fato matou-lhe as esperanças.

Beijei a sua face => Beijei-lhe a face.

Vale lembrar que os pronomes o, a, os, as, lhe, lhes podem ser trocados pela forma
do caso oblíquo tônico, o que corresponde ao uso de ele, ela, eles e elas preposicionados:

Não vimos o livro => Não o vimos => Não vimos a ele.

Acertei o alvo => Acertei-o => Acertei a ele.

Paguei ao homem => Paguei-lhe => Paguei a ele. Paguei ao homem.

Obedeço aos mais velhos => Obedeço-lhes => Obedeço a eles.

4.2 Colocação

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A colocação dos pronomes átonos ao redor do verbo sempre foi e é um assunto


controvertido e isso ocorre há tempos. Há o clássico poema de Oswald de Andrade que já
nos deu a dica do problema um século atrás.

Dê-me um cigarro Mas o bom negro e o bom branco


Diz a gramática Da Nação Brasileira
Do professor e do aluno Dizem todos os dias
E do mulato sabido Deixa disso camarada
Me dá um cigarro

O primeiro contato deve ser feito com a matéria-prima, ou seja, os pronomes


pessoais do caso oblíquo átono, ou simplesmente os pronomes átonos: me, te, se, o, os, a,
as, lhe, lhes, nos e vos. Eles sempre estão vinculados a um verbo e de acordo com a
posição recebem a seguinte classificação:

. Próclise - anterior ao verbo: O homem não se ateve ao fato.

É a colocação mais usada pelo brasileiro e na maioria das vezes está também
correta, desde que não inicie o período. Será obrigatória quando houver palavra atrativa.

. Ênclise - posterior ao verbo: Informei-lhes todos os problemas.

Colocação que deve ser usada genericamente, desde que não haja palavra atrativa.
É obrigatória no início dos períodos, mas proibida quando o verbo estiver sendo usado no
futuro do indicativo ou no particípio.

. Mesóclise - no meio do verbo: Dar-lhe-emos os presentes.

Essa colocação é usada com o futuro do presente ou futuro do pretérito (do


indicativo) em duas hipóteses: o verbo que inicia o período está no futuro ou o verbo no
futuro não está acompanhado de palavra atrativa.

O estudo da colocação pronominal, antes de se desgastar em divergências e


polêmicas, deve centrar o foco em quatro regras absolutas, que, combinadas e
respeitadas, garantem uma colocação pronominal coerente e correta:

4.2.1 Não iniciar período com pronome átono

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Quando o verbo está abrindo um período, não devem os pronomes átonos ser
antepostos ao verbo. Sendo proibida a próclise, será feito uso da mesóclise ou da ênclise:

Diga-me toda a verdade Recomenda-se cautela. Pedir-se-á silêncio.

4.2.2 Respeitar as palavras atrativas

Há grupo de palavras e expressões que exigem a anteposição do pronome ao


verbo. O uso obrigatório da próclise ocorre graças às palavras atrativas:

a) palavras com sentido negativo: não, nunca, jamais, ninguém, nada, nenhum, nem, etc.

Nunca se meta em confusões. Você não os viu nem os chamou. Nada nos deterá.

Observação — Quando há palavra com sentido negativo e o verbo está no infinitivo,


passa a ser facultativa a colocação do pronome, pois pode-se antepor ou pospor:

Confirmei o horário para não me atrasar.

Confirmei o horário para não atrasar-me.

Solicitei notícias a todos, pois tive medo de não os rever.

Solicitei notícias a todos, pois tive medo de não revê-los.

b) advérbios (sem vírgula): aqui, ali, só, também, bem, mal, hoje, amanhã, ontem, já,
nunca, jamais, apenas, tão, talvez, etc.

Ontem a vi na aula. Aqui se trabalha muito. Ele sempre se referiu ao Brasil.

Com a vírgula, cessa a atração: Ontem, vi-a na aula. Aqui, trabalha-se muito.

c) pronomes indefinidos: todo, tudo, alguém, ninguém, algum, etc.

Tudo se tornou esclarecido para nós. Alguém nos chamou. Ninguém o conhece

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d) pronomes ou advérbios interrogativos (o uso destas palavras no início da oração


interrogativa atrai o pronome para antes do verbo): O que ? Quem ? Por quê ? Quando ?
Onde? Como ? Quanto ?

Quem a vestiu assim? Por que se fez tanto escândalo? Onde nos colocaram?

e) pronomes relativos: que, o qual, quem, cujo, onde, quanto, quando, como.

Havia ideias que se tornaram importantes. Era bela a igreja na qual se casaram.

f) conjunções subordinativas: que, uma vez que, já que, embora, ainda que, desde que,
posto que, caso, contanto que, conforme, quando, depois que, sempre que, para que, a fim
de que, à proporção que, à medida que etc.

Ele entenderá melhor o fato caso o reanalise. Quando se notou o problema, já era tarde.

g) em + gerúndio

Em se tratando de corrupção, há muito. Há troca em se observando defeito.

h) orações optativas (são as que exprimem desejo):

Vá pela sobra! Deus os abençoe! Raios o partam!

4.2.3 Não pospor pronomes átonos ao particípio

A ênclise é totalmente proibida aos particípios. O uso correto passa a limitar-se a


duas situações básicas:

a) se o particípio está sozinho (portanto não compõe uma locução verbal), os pronomes
átonos devem ser substituídos pelos tônicos:

Feito a mim o convite, tive de recusá-lo.

Despachado a eles o registro, conseguiram ficar mais tranquilos.

O belo presente, enviado a nós com antecedência, foi recebido com alegria.

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b) se o particípio estiver acompanhado de verbo auxiliar, deve o pronome átono ser


vinculado ao auxiliar:

A mulher tinha-se queixado, mas pouca atenção recebeu.

Não se tem dado ao problema uma solução definitiva.

No Brasil, no caso de o particípio vir acompanhado de verbo auxiliar, é muito


comum a colocação entre os dois:

O autor havia se referido corretamente ao conceito.

Tal procedimento tem se tornado comum entre nós.

As pessoas tinham me chamado para ajudá-los.

4.2.4 Não pospor pronomes átonos aos verbos conjugados no futuro do indicativo

A ênclise é totalmente proibida ao futuro. O uso correto passa a limitar-se a duas


situações básicas:

- não havendo palavra atrativa, pode-se usar a mesóclise: O Brasil tornar-se-á produtor de
tecnologia.

- havendo palavra atrativa, a próclise é obrigatória: Ele não se referirá a todos vocês.

O futuro do indicativo é formado de infinitivo mais desinências, algo que mostra


uma estruturação constante para todos os verbos (exceto estes: dizer, fazer, trazer e
derivados) e que tende a simplificar o entendimento da montagem da mesóclise. Observe
a receita:

a) separe o infinitivo da desinência: estudar / ei visitar / emos

analisar / ia obedecer / íamos

b) “fixe” o pronome após o infinitivo e, se houver necessidade, faça as devidas


adaptações:

estudá-lo / ei visitá-las / emos

analisar-se / ia obedecer-lhe / íamos

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c) agora una a desinência ao pronome:

estudá-lo-ei visitá-las-emos

analisar-se-ia obedecer-lhe-íamos

4.3 Adaptação

A aproximação entre alguns verbos e os pronomes átonos o, a, os e as, às vezes,


exige uma pequena adaptação para que o som fique sempre agradável. Isso ocorre
exatamente em três situações:

a) verbos terminados em R, S ou Z + pronomes o, os, a, as = os verbos perdem a letra R,


S ou Z e o pronome recebe o acréscimo da letra l:

estudar + o = estudá-lo fiz + as = fi-las

fizemos + as = fizemo-las construir + as = construí-las

traz + o = trá-lo quis + os = qui-los

repartir + as = reparti-la diz + os = di-los

repôs + as = repô-las

Observação — Na mesóclise, situação em que o pronome é posto no meio do verbo,


observe o procedimento de construção e a adaptação que o verbo e o pronome sofrem:

avistaremos o futuro / avistar + o + emos = avistá-lo-emos


infinitivo + pronome + desinência

estudarei a lição / estudar + a + ei = estudá-la-ei


infinitivo + pronome + desinência

b) verbo terminado em som nasal (terminado em m ou til) + pronomes o, os, a, as =


somente se acrescenta a letra n ao pronome: dispõe + os = dispõe-nos; recebem + as
= recebem-nas; chamam + a = chamam-na.

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Observação — Há a possibilidade de confusão nessa construção, pois os pronomes os e


nos podem assumir a mesma forma. Observe a ambiguidade:

Põe os livros na prateleira. Põe a nós em um bom lugar.

Põe-nos na prateleira. Põe-nos em um bom lugar.

põe + os = põe-nos põe + nos = põe-nos.

3.ª pessoa 1.ª pessoa

O contexto tende a solucionar tal ambiguidade, mas o ideal é sempre evitá-la.

c) Os verbos conjugados na primeira pessoal plural (nós) perdem o -s final quando


recebem, em ênclise, o pronome nos:

referimos + nos = referimo-nos identificamos + nos = identificamo-nos

queixamos + nos = queixamo-nos amemos + nos = amemo-nos

Atenção — Os pronomes lhe e lhes nunca exigirão uma adaptação do verbo, ou seja, este
não sofrerá cortes nem acréscimos: Enviamos-lhe o documento. Demos-lhes novas
chances. Ensinávamos-lhes a mesma lição.

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5. PRONOME DEMONSTRATIVO

5.1 Referência ao próprio texto

Na produção textual, muitas vezes se quer fazer referência a elementos já


mencionados ou a ser introduzidos. Para tal tarefa de referência dentro do próprio texto,
usa-se o pronome demonstrativo, criando movimentos de regressão e progressão. As
possibilidades são as seguintes:

a) Projeção (a informação vai ser enunciada)

Para citar algo: este(s), esta(s), isto.

Exemplos: O total era este: R$ 10,00. Estes são os artigos definidos: o, a, os, as.

Esta é a solução para muitos problemas brasileiros: educação.

Estes são dois problemas graves: desemprego e violência.

b) Regressão geral (a informação vai ser retomada)

Para resgatar algo citado: esse(s), essa(s), isso.

Exemplos: Os documentos foram enviados ontem. Esses documentos não lhes pertenciam.

O desemprego e a violência aumentaram. Esses problemas caminham juntos.

O pronome tal/tais também funciona nesse resgate.

A inscrição para o concurso termina hoje. Tal inscrição exige documentos.

c) Regressão específica (há mais de uma informação a ser retomada separadamente)

Para dar exatidão: este(s), esta(s), isto para o termo mais próximo e aquele (s),
aquela (s) e aquilo para o termo mais distante.

Exemplos: O Brasil e o Chile fizeram novo acordo. Este aceitou a proposta, aquele a fez.

Maria saiu, mas sua irmã ficou. Esta faria o trabalho enquanto aquela passearia.
Observação – Deve-se observar que os pronomes este, esta e isto só retomam
algo já citado no texto para dar precisão, por isso retoma-se apenas a última informação.
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É um recurso especial. Não havendo a necessidade de exatidão, usam-se sempre


corretamente os pronomes esse, essa e isso para retomar os elementos já citados.

5.2 Referência a algo externo ao texto

Também se usa o pronome demonstrativo para indicar o lugar no espaço em que


um ser ou um objeto está. As hipóteses de construção têm como base as pessoas do
discurso:

Perto da Perto da Distante


1a pessoa 2a pessoa de ambos
(pessoa que falar) (pessoa que ouve)
este esse aquele
esta essa aquela
isto isso aquilo

Exemplo: Essa sua camisa é diferente desta camisa que visto, mas aquela na
vitrine merece elogios.

Por favor, pegue essa caneta aí. Esta aqui não presta mais.

Esses seus cabelos ficaram lindos. Acho lindo esse seu sorriso.

Olhe aquele objeto no céu.

Não deixe de notar a correlação entre esses pronomes e os advérbios de lugar:

Pegue este livro aqui / cá. Pegue esse livro aí. Pegue aquele livro ali.

Não ali, lá. Não lá, acolá.

Há palavras que são um misto de pronome indefinido e advérbio, que também


trazem noções espaciais: algures (em algum lugar), alhures (em outro lugar) e nenhures
(em nenhum lugar). São classificadas como advérbios de lugar.

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5.3 Referência ao tempo

O pronome demonstrativo pode fazer referência ao tempo vivido e a viver. Ao


presente sempre indica com muita exatidão, porém o passado e o futuro trarão noções
imprecisas:

presente

passado este futuro

esta

mais distante mais próximo isto mais próximo mais distante

aquele esse esse aquele

aquela essa essa aquela

aquilo isso isso aquilo

Naquele tempo, Adão vivia no Éden (passado distante).

Recebeu a notícia por esses dias (passado próximo).

O recado chegou agora, neste minuto (presente).

Neste século, o homem terá muitas preocupações energéticas (presente).

O salário virá por esses dias (futuro próximo).

Ele estava escrevendo uma ficção científica e naquele tempo o homem estava em
extinção (futuro distante).

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EXERCÍCIOS

1. (FCC) Meus olhos estão bastante usados, mas não considero meus olhos inaptos
para ver as miragens que seduzem meus olhos, e não atribuo a meus olhos o poder de
alguma autêntica revelação.
Evitam-se as repetições da frase acima substituindo-se os elementos sublinhados
por, respectivamente,
a) não lhes considero / que seduzem-os / não lhes atribuo
b) não considero-os / que seduzem-nos / não os atribuo
c) não os considero / que lhes seduzem / não atribuo-lhes
d) não os considero / que os seduzem / não lhes atribuo
e) não lhes considero / que os seduzem / não lhes atribuo

2. (FCC) Foi para defender essas propostas e para informar a sociedade brasileira
sobre seu direito inalienável de receber informação livre que criamos a RDLI.
As expressões sublinhadas poderiam ser correta e respectivamente substituídas, no
caso da utilização de pronomes, por:
a) defendê-las / lhe informar / criamo-lhe
b) defender-lhes / informá-la / lhe criamos
c) as defender / informar-lhe / lhe criamos
d) defendê-las / informá-la / a criamos
e) lhes defender / informar-lhe / criamo-la

3. (FCC) As crianças amam a água, têm a água como amiga, aproveitam a água como
um presente dos céus, extraem da água todos os prazeres que ela oferece.
Evitam-se as repetições viciosas da palavra água da frase acima substituindo-se os
elementos sublinhados, respectivamente, por
a) têm-lhe / aproveitam-lhe / extraem-lhe
b) têm-na / lhe aproveitam / extraem dela
c) a têm / a aproveitam / extraem-na
d) lhe têm / aproveitam-na / extraem a ela

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e) têm-na / aproveitam-na / extraem dela

4. (FCC) O homem sempre criou instituições; implementando as instituições, o


homem atribui às instituições o papel que cabe às instituições desempenhar como
elemento fundamental para a organização da sociedade, pois, sem contar com a
organização, imperará a barbárie.
Evitam-se as viciosas repetições do período acima substituindo-se os elementos
sublinhados, respectivamente, por
a) implementando-as / atribui-lhes / lhes cabe desempenhar / com esta
b) implementando-as / as atribui / lhes cabe desempenhar / com a mesma
c) implementando-lhes / lhes atribui / as cabe desempenhar / com essa
d) as implementando / lhes atribui / à elas cabe desempenhar / com ela
e) implementando-lhes / atribui-lhes / cabe-lhes desempenhar / com aquela

5. (FCC) Devaneios, quem não tem devaneios? Têm devaneios as crianças e os


jovens, dão aos devaneios menos crédito os adultos, mas é impossível abolir os
devaneios completamente.
Evitam-se as indesejáveis repetições da frase acima substituindo-se os elementos
sublinhados, na ordem dada, por:
a) os tem – Têm-lhes – dão-lhes – abolir-lhes.
b) tem eles – Têm-nos – dão-lhes – abolir-lhes.
c) os tem – Têm eles – dão-nos – aboli-los.
d) tem a eles – Os têm – dão a eles – abolir a eles.
e) os tem – Têm-nos – dão-lhes – aboli-los.

6. (FCC) Jeffrey Johnson realizou uma pesquisa, e o autor do texto, ao comentar


essa pesquisa, acrescentou a essa pesquisa elementos de sua convicção pessoal, que
tornam essa pesquisa ainda mais instigante aos olhos do público.
Evitam-se as viciosas repetições da frase acima, substituindo-se os elementos
sublinhados, segundo a ordem em que se apresentam, por
a) comentá-la / acrescentou-lhe / a tornam
b) a comentar / lhe acrescentou / lhe tornam
c) comentar-lhe / acrescentou-lhe / tornam-a
d) comentá-la / acrescentou-a / tornam-na

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e) a comentar / acrescentou-lhe / tornam-lhe

7. (FCC) Em 11 de setembro ocorreu a tragédia que marcou o início deste século, e o


mundo acompanhou essa tragédia pela TV. A princípio, ninguém atribuiu a essa
tragédia a dimensão que ela acabou ganhando, muitos chegaram a tomar essa
tragédia como um grave acidente aéreo.
Evitam-se as viciosas repetições da frase acima substituindo-se os elementos
sublinhados, na ordem dada, por
(A) acompanhou-a - a atribuiu - lhe tomar
(B) acompanhou-a - lhe atribuiu - tomá-la
(C) lhe acompanhou - lhe atribuiu - tomar-lhe
(D) acompanhou-a - a atribuiu - tomá-la
(E) lhe acompanhou - atribuiu-lhe - a tomar

8. (FCC) Não é preciso amar os princípios de convivência, como também não se deve
ignorar esses princípios, pois quem não dá fé a esses princípios impede que os
contraventores levem a sérios esses princípios
Evitam-se as viciosas repetições da frase acima substituindo-se os elementos
sublinhados por
a) ignorá-los – lhes dá fé – os levem a sério
b) ignorar-lhes – dá-lhes fé – levem-lhes a sério
c) lhes ignorar – lhes dá fé – os levem a sério
d) ignorá-los – dar fé a eles – levem-lhes a sério
e) os ignorar – os dá fé – levem-nos a sério

9. (FCC) Quando de plano identificamos um indivíduo com sua função, não vemos
mais esse indivíduo como indivíduo, consideramos esse indivíduo um número, um
arquivo, um posto, uma sigla, e assim destituímos esse indivíduo de toda a sua
humanidade.
Evitam-se as abusivas repetições da frase, substituindo-as por:
a) não vemos mais este / consideramo-lo / destituímo-lhe
b) não o vemos mais / consideramo-lhe / destituímo-lo
c) não o vemos mais / consideramo-lo / o destituímos
d) não lhe vemos mais / o consideramos / destituímo-lhe
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e) não vemos mais a ele / lhe consideramos / o destituímos

10. (FCC) “Sempre gostei das viagens de ônibus, mas atualmente considero as
viagens de ônibus uma verdadeira provação, pois o que vem caracterizando as
viagens de ônibus é uma profusão de ruídos de toda espécie, o que torna as viagens de
ônibus um desafio aos nervos de um pacato passageiro.”

Evitam-se as viciosas repetições da frase acima substituindo-se os elementos


sublinhados, na ordem dada, por

a) considero-as - as vem caracterizando - as torna

b) considero-as - vem-nas caracterizando - lhes torna

c) as considero - vem-lhes caracterizando - torna-las

d) considero-lhes - lhes vem caracterizando - as torna

e) considero-lhes - vem caracterizando-as - torna-as

11. (FCC) “No interior das famílias, costuma-se manejar os velhos, tratar os velhos
como seres passivos, negar aos velhos a oportunidade de escolha, manter os velhos
imobilizados num canto qualquer.”

Evitam-se as viciosas repetições do texto acima substituindo-se os elementos


sublinhados, respectivamente, por:

(A) tratar-lhes negar-lhes manter-lhes

(B) tratá-los negá-los mantê-los

(C) tratá-los negar-lhes mantê-los

(D) tratar-lhes negá-los manter-lhes

(E) os tratar lhes negar lhes manter

12. (FCC) Segundo pesquisas, os adolescentes consomem doces e refrigerantes em


excesso.

Considerados os necessários ajustes, a substituição do segmento grifado pelo


pronome correspondente foi realizada de modo correto em:

a) consomem-nos c) nos consomem e) o consomem

b) consomem-lhes d) consomem-lhe

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13. (FCC) As eleições são importantes, mas não se empreste às eleições um valor
absoluto, ainda que muitos ainda vejam as eleições como finalidade última do
processo democrático, sem falar nos que consideram as eleições uma aborrecida
obrigação.
Evitam-se as viciosas repetições do texto acima substituindo-se os elementos
sublinhados, respectivamente, por:
(A) se lhes empreste as vejam as consideram
(B) se as empresta as vejam lhes consideram
(C) se empreste-lhes vejam-nas lhes consideram
(D) se empreste a elas lhes vejam as consideram
(E) se lhes empreste vejam-lhes consideram elas

14. (FCC) O prêmio Nobel é consagrador, quem conquista o prêmio Nobel e desfruta
do prestígio que advém de um prêmio Nobel percebe, também, que todos atribuem ao
prêmio Nobel um extraordinário peso político.
A alternativa que substitui corretamente é:
a) lhe conquista / lhe advém / lhe atribuem
b) conquista-o / o advém / lhe atribuem
c) o conquista / lhe advém / atribuem-no
d) o conquista / dele advém / lhe atribuem
e) lhe conquista / advém dele / atribuem-no

15. (FCC) Crônicas? Muita gente está habituada a ler crônicas, mas nem todos concedem
às crônicas um valor equivalente ao de outros gêneros; alegam faltar às crônicas a altitude
de um romance, e deixam de reconhecer as crônicas como vias de acesso imediato à poesia
do dia a dia.
A alternativa que substitui corretamente é:
(A) as ler lhes concedem faltar-lhes lhes reconhecer
(B) lê-las lhes concedem faltar-lhes reconhecê-las
(C) ler a elas as concedem lhes faltar reconhecê-las
(D) lê-las concedem-nas faltar a elas as reconhecer

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Pronomes: Usos e Dificuldades| Professor: João Bolognesi

(E) as ler concedem-lhes lhes faltar reconhecer-lhes

16. (FCC) A substituição do elemento grifado pelo pronome correspondente, com


os necessários ajustes, foi realizada de modo INCORRETO em:

a) acreditava incutir o ardor = acreditava incuti-lo

b) Nada superará a beleza = Nada lhe superará

c) não correspondera a seu sonho = não lhe correspondera

d) resolve o problema da vida = resolve-o

e) para ilustrar essa perplexidade = para ilustrá-la

17. (FCC) A teoria unificada é uma velha obsessão humana, buscam a teoria unificada
tanto os físicos como os teólogos, todos veem a teoria unificada como a meta final do
conhecimento, todos atribuem à teoria unificada a virtude de uma totalização definitiva.

A alternativa que substitui corretamente é:

(A) buscam-lhe / veem-na / lhe atribuem

(B) buscam-na / veem-lhe / atribuem-lhe

(C) a buscam / veem-na / atribuem-na

(D) buscam-na / a veem / lhe atribuem

(E) a buscam / veem-na / a atribuem

18. (FCC) A substituição do termo grifado por um pronome, com as necessárias


alterações, foi efetuada de modo INCORRETO em:

a) fazer o novo = fazê-lo

b) revela uma nova beleza = revela-a

c) usar objetos do cotidiano = usá-los

d) os que tomaram esse rumo = os que tomaram-lhe

e) facilitaram a ida das pessoas ao campo = facilitaram-na

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Português – Módulo III

19. (FCC) A moderação não é fácil de alcançar; há quem veja a moderação como sinal
de fraqueza; consideram outros a moderação um atributo dos tímidos – sem falar nos
que atribuem à moderação a pecha da covardia.

A alternativa que substitui corretamente é:

(A) a veja consideram-na outros lhe atribuem

(B) lhe veja a consideram outros atribuem-na

(C) a veja consideram-lhe outros atribuem-na

(D) veja a ela consideram-na outros atribuem-lhe

(E) veja-a a consideram outros a atribuem

20. (FCC) “O velho gaúcho foi ajudar, no posto mais próximo do hotel em que se
hospedara, o serviço de assistência aos desabrigados pelo temporal.... Anima a uns e
outros, não quer ver ninguém triste demais da conta. Suspende no ar o garotinho que
não fala nem chora, porque ficou idiotizado de terror, puxa-lhe o queixo, dá-lhe uma
pancadinha no traseiro, e diz-lhe: Estás que nem carancho em tronqueira, piazito!
Toma lá este regalo.”

Considerando-se os pronomes grifados acima, está correto o que se afirma em:

a) Os três são exemplos de pronomes pessoais átonos de 3ª pessoa, empregados com


idêntica função sintática.

b) O antecedente comum a todos os três pronomes é ninguém triste demais da conta.

c) Nos dois últimos exemplos, identifica-se função sintática idêntica dos pronomes.

d) Nos dois primeiros exemplos, os pronomes estão empregados como possessivos,


diferentemente do último, empregado como pronome pessoal.

e) Nos dois últimos exemplos, os pronomes referem-se ao garotinho que não fala nem
chora e, no primeiro, ao velho gaúcho.

21. (FCC) “Literatura é um organismo vivo que não cessa de receber subsídios. Felizes
os que, contribuindo com essa coisa inquietante que é escrever, revigoram-lhe o
lastro.”

O emprego do pronome “lhe” em “revigoram-lhe o lastro” imprime a esse


pronome valor de possessivo, pois equivale a “revigoram seu lastro” ou, de outro modo,
“revigoram o lastro da literatura”.
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Pronomes: Usos e Dificuldades| Professor: João Bolognesi

22. (ESAF) Quanto à correção gramatical, julgue o item abaixo.

Seria errôneo afirmar que nem o empenho maior do pensamento filosófico grego
sujeitaria-se ao objetivo de querer trocar os limites do acaso pelo alcance da
racionalidade.

23. (CESPE) “pode-se supor que a sociedade tecnológica seria caracterizada por
um contexto no qual o trabalho passaria a ser uma necessidade exclusiva da classe
trabalhadora”

Mantém-se a noção de voz passiva, assim como a correção gramatical, ao se


substituir “seria caracterizada” por “caracterizaria-se”.

24. (CESPE) Quanto à correção gramatical, julgue o item abaixo.

Deveria-se nomear a imaginação comum de exigente, referindo-se à capacidade de


superar os limites reais e de penetrar no mundo possível.

25. (CESPE) Reforça-se a idéia de possibilidade, coerente com a argumentação


desenvolvida no texto, e mantém-se sua correção gramatical, ao se utilizar, em lugar
de “Pode-se dizer”, o tempo verbal de futuro do pretérito, da seguinte forma:
“Poderia-se dizer”.

26. (CESPE) “Tratarei a mim mesmo como um objeto.”

A função sintática exercida por “a mim mesmo”, em “Tratarei a mim mesmo”


corresponde a me e, por essa razão, também seria gramaticalmente correta a seguinte
redação: “Tratarei-me”.

27. (CESPE) “Se há algumas décadas, livros, filmes e animações nos levavam a
imaginar um mundo em que o simples ato de apertar um botão nos daria acesso a
uma gama infinita de serviços, hoje isso já está sendo, em parte, possível.”

Seriam mantidas a correção gramatical do texto acima e a coerência entre seus


argumentos caso se deslocasse o pronome para depois do verbo em “nos daria”.

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Português – Módulo III

28. (CESPE) “A divisão e a desigualdade fariam parte da estrutura ontológica de


qualquer sociedade e a dominação política lhe seria consubstancial.”

Apesar da alteração nas relações de sentido, preservam-se a coerência entre os


argumentos e a correção gramatical do texto ao se substituir “lhe seria” por “seria-lhe”.

29. (ESAF) “O segundo ponto é que a crise atual, como todas as anteriores,
acabará, mais cedo ou mais tarde, por ser corrigida. E, quando isso ocorrer, se
voltará às fórmulas neoliberais apenas com regulamentação mais estrita da
atividade bancária.”

Seriam respeitadas as regras gramaticais e as relações entre os argumentos ao


empregar o verbo em “se voltará” no plural, escrevendo “voltarão-se”.

30. (CESPE) “No universo unificador da mídia, os políticos não se destacam por
sua experiência”.

A colocação do pronome “se” logo após a forma verbal “destacam” atenderia à


prescrição gramatical.

31. (CESPE) Sem prejuízo para a correção gramatical do texto, o trecho “Os países
que se mostram como vozes dissonantes” pode ser reescrito da seguinte forma: As
nações que mostram-se como vozes discordantes.

32. (CESPE) Quanto à correção gramatical, julgue o item abaixo.

“Para Rodgers, um elenco importante é o que faz-se com o bolo depois que ele
cresceu”

33. (CESPE) “Nas nove partes de Tristes Trópicos, de Claude Lévi-Strauss, as


reflexões sobre os índios brasileiros se concentram entre a quinta e a oitava partes
do livro.”

A colocação do pronome após o verbo em “se concentram” desrespeitaria regra da


língua padrão.

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Pronomes: Usos e Dificuldades| Professor: João Bolognesi

34. (ESAF) “O processo civilizatório se constitui a partir da conquista de territórios


e posições ocupados pela barbárie. Tal processo se dá de forma contínua, num
movimento insistente”
As estruturas sintáticas do texto permitem o deslocamento do pronome átono em
“se constitui” e “se dá” para depois do verbo, escrevendo-se, respectivamente, constitui-
se e dá-se, sem que com isso se prejudique a correção ou a coerência do texto.

35. (CESPE) “Atualizando um pouco a distinção, poder-se-ia dizer que é como se os


animais viessem com um software instalado, de fábrica, o qual os condiciona e limita
durante toda a existência.”
A substituição de “poder-se-ia dizer” pela forma menos formal “poderia se dizer”
preservaria a correção gramatical do texto, desde que fosse respeitada a obrigatoriedade
de não se usar hífen, para se reconhecer que o pronome “se” está antes do verbo “dizer”,
e não depois do verbo “poderia”.

36. (ESAF) “Antes de recorrer à Justiça comum, o contribuinte pode-se defender


em duas instâncias da esfera administrativa”
A expressão “pode-se defender” admite a colocação “pode defender-se”.

37. (ESAF) Quanto à norma culta, em relação aos termos grifados, assinale a opção
correta.

Para que a intervenção governamental se justifique é preciso, primeiro, que se


prove a existência de uma distorção que faça com que o mercado não aloque
eficientemente os recursos. Segundo, que se pondere as alternativas para corrigir aquela
distorção à luz de seus custos e benefícios.

Pode-se concluir pela adoção de medidas corretivas, e de que tipo devem ser,
somente após esta análise. Dada a realidade brasileira, é provável que essas tendam a ser
muito mais relativas à natureza da política econômica do que da política industrial. Esta
última ainda precisa ser muito melhor embasada. (Adaptado de Cláudio Haddad)
a) Todas as ocorrências de “se” admitem mudança de colocação.
b) Em “se justifique”, a próclise do “se” está em desacordo com a norma culta.
c) Em “se prove”, a norma culta admite a ênclise do “se”.
d) Em “se pondere”, a próclise do “se” é facultativa.
e) Em “Pode-se”, a ênclise do “se” justifica-se por ser início de oração.

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Português – Módulo III

38. (ESAF) Marque o item sublinhado que represente impropriedade vocabular, erro
gramatical ou ortográfico.

Há(A) tempos está em tramitação no Congresso proposta para reforma do sistema


financeiro que concede independência plena ao Banco Central. São fortes as pressões para
que a matéria seja aprovada ainda sob(B) o atual governo. A iniciativa contempla
contradição insanável(C). Não existe fórmula política capaz de aumentar a independência
do BC. Nenhuma agência governamental superaria-o(D) em matéria de liberdade. Atua
independentemente(E) de qualquer controle externo. (Baseado em Josemar Dantas)

39. (FGV) Assinale a alternativa em que a colocação do pronome oblíquo átono seja
inadequada segundo a norma culta.
a) Tenho-me permitido estas regalias. d) Estas regalias me têm sido permitidas.
b) Tenho me permitido estas regalias. e) Estas regalias têm-me sido permitidas.
c) Tenho permitido-me certas regalias.

40. (FCC) A substituição do elemento grifado pelo pronome correspondente, com os


necessários ajustes, foi realizada de modo INCORRETO em:
a) O tratamento que é dado aos temas = O tratamento que lhes é dado
b) que circunscreve seus míticos personagens = que os circunscreve
c) para começar a entender Guimarães Rosa = para começar a entendê-lo
d) sua obra criou um âmbito próprio = sua obra criou-o
e) Guimarães Rosa mantém seu estilo próprio = Guimarães Rosa lhe mantém

41. (FCC) Muitos se dizem a favor da pena de morte, mas mesmo os que mais
ardorosamente defendem a pena de morte não são capazes de atribuir à pena de
morte o efeito de reparação do ato do criminoso que supostamente mereceria a pena
de morte.
Evitam-se as viciosas repetições da frase acima substituindo-se os elementos
sublinhados, respectivamente, por:
a) a defendem - lhe atribuir - a mereceria.
b) a defendem - atribui-la - lhe mereceria.
c) defendem-na - atribui-la - merecer-lhe-ia.
d) lhe defendem - lhe atribuir - mereceriam-na.

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Pronomes: Usos e Dificuldades| Professor: João Bolognesi

e) defendem-lhe - atribuir-lhe - a mereceria.

42. (FCC) Considerados os necessários ajustes, a substituição do elemento grifado


pelo pronome correspondente foi realizada de modo INCORRETO em:
a) Atingimos [...] a consciência de nossa força = Atingimo-la.
b) cada eclipse acarreta [...] despesas suplementares = cada eclipse as acarreta.
c) que são [...] estranhos às nossas lutas = que lhes são estranhos.
d) jamais desempenharão qualquer papel = jamais o desempenharão.
e) Mas isso seria abordar a questão = Mas isso seria abordar-lhe.

43. (FCC) A substituição do elemento grifado pelo pronome correspondente, com os


necessários ajustes, foi realizada corretamente em:
a) tratam o forasteiro = tratam-lo
b) espiava o Brasil = espiava-lhe
c) que cria laços = que nos cria
d) Não impostava a voz = Não lhe impostava
e) manejar a lâmina = manejá-la

44. (FCC) A substituição do elemento grifado pelo pronome correspondente, com os


necessários ajustes, foi realizada de modo INCORRETO em:
a) mostrando o rio = mostrando-o.
b) como escolher sítio = como escolhê-lo.
c) transpor [...] as matas espessas = transpor-lhes.
d) viu uma dessas marcas = viu uma delas.
e) Às estreitas veredas [...] nada acrescentariam = nada lhes acrescentariam.

45. (FCC) A substituição do segmento grifado pelo pronome correspondente, com os


necessários ajustes, foi realizada corretamente em:
a) contingência de ocupar empregos medíocres = contingência de lhes ocupar
b) que recebeu a denominação geral de O tempo e o vento = que recebeu-na
c) passou a exercer uma intensa atividade literária = passou a exercê-la
d) demonstram a solução ideal = demonstram-la

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Português – Módulo III

e) outra que compreende o romance cíclico O tempo e o vento = outra que lhe compreende

46. (FCC) A substituição do elemento grifado pelo pronome correspondente foi realizada
de modo INCORRETO em:

a) sem levar em consideração os rótulos = sem levá-los em consideração

b) capaz de abstrair um conceito geral = capaz de abstraí-lo

c) suprissem suas necessidades = suprissem-nas

d) conferem “consciência” a criaturas = conferem-lhes consciência

e) que reconhecem seus parentes consanguíneos = que lhes reconhecem

47. (FCC) A substituição do segmento grifado pelo pronome correspondente, com os


necessários ajustes, foi realizada corretamente em:

a) contingência de ocupar empregos medíocres = contingência de lhes ocupar

b) que recebeu a denominação geral de O tempo e o vento = que recebeu-na

c) passou a exercer uma intensa atividade literária = passou a exercê-la

d) demonstram a solução ideal = demonstram-la

e) outra que compreende o romance cíclico O tempo e o vento = outra que lhe
compreende

48. (FCC) Fazendo-se as alterações necessárias, o segmento grifado foi corretamente


substituído, de acordo com a norma-padrão da língua portuguesa, por um pronome
em:

a) Aprenderia a fazer contorcionismo = Aprenderia a fazer-lhe

b) Usaria minhas habilidades = usaria-lhes

c) Dependuraria os sonhos = dependuraria-nos

d) Aprenderia a engolir fogo = aprenderia a engoli-lo

e) ...ou entreter o público = ou entreter-no

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Pronomes: Usos e Dificuldades| Professor: João Bolognesi

49. (Vunesp) A forma de tratamento empregada está correta em:

a) Senhor Presidente da República: se Sua Excelência assim o desejar, convocaremos outra


reunião.

b) Atendendo a despacho de S. Exª, o Meritíssimo Juiz da 2ª Vara Cível desta Comarca,


anexamos a certidão ao processo.

c) Propusemos a V. Sª., o Governador, adiamento da audiência com membros do Sindicato.

d) De ordem de V. Emª., o novo Senhor Ministro, convidamos todos os funcionários para a


solenidade de posse da diretoria do Conselho Nacional de Obras.

e) Senhor Chefe de Seção: encaminhamos à consideração de Vossa Excelência pedido para


entrar em gozo de férias.

50. (FCC) O tratamento pronominal adequado varia conforme a natureza da


instituição e do cargo que alguém nela ocupa. Estão corretos, por exemplo, a forma
de tratamento e a concordância verbal na seguinte frase, dirigida a um senador da
República:

a) Pediríamos que Vossa Excelência vos digneis apreciar a proposta ora encaminhada.

b) Gostaríamos que Vossa Eminência se dignasse apreciar a presente reivindicação.

c) Vimos solicitar a Sua Excelência que vos digneis apreciar esta recomendação.

d) Solicitamos que Vossa Excelência se digne apreciar esta proposta.

e) Vimos à presença de Sua Excelência para que considere nossa proposta.

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Português – Módulo III

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Pronomes: Usos e Dificuldades| Professor: João Bolognesi

GABARITO

1. D 18. D 35. Correto

2. D 19. A 36. Correto

3. E 20. D 37. E

4. A 21. Correto 38. D

5. E 22. Errado 39. C

6. A 23. Errado 40. E

7. B 24. Errado 41. A

8. A 25. Errado 42. E

9. C 26. Errado 43. E

10. A 27. Errado 44. C

11. C 28. Errado 45. C

12. A 29. Errado 46. E

13. A 30. Errado 47. C

14. D 31. Errado 48. D

15. B 32. Errado 49. B

16. B 33. Errado 50. D

17. D 34. Correto

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Português – Módulo III

DIFERENÇA ENTRE TU E VOCÊ

(Texto veiculado na internet, autor anônimo)

Segue um pequeno exemplo que ilustra muito bem a diferença entre TU e VOCÊ:

O Diretor-Geral de um Banco estava preocupado com um jovem e brilhante Diretor, que


depois de ter trabalhado durante algum tempo com ele, sem parar nem para almoçar, começou a
ausentar-se ao meio-dia.

Então, o Diretor-Geral do Banco chamou um detetive e disse-lhe:

— Siga o Diretor Lopes durante uma semana no horário de almoço.

O detetive, após cumprir o que lhe havia sido pedido, voltou e informou:

— O Diretor Lopes sai normalmente ao meio-dia, pega o seu carro, vai a sua casa
almoçar, faz amor com a sua mulher, fuma um dos seus excelentes charutos cubanos e regressa
ao trabalho.

Responde o Diretor Geral:

— Ah, bom, antes assim. Não há nada de mal nisso.

Logo em seguida, o detetive pergunta:

— Desculpe. Posso tratá-lo por TU?

— Sim, claro! Respondeu o Diretor surpreendido!

— Bom, então vou repetir: O Diretor Lopes sai normalmente ao meio-dia, pega o teu
carro, vai a tua casa almoçar, faz amor com a tua mulher, fuma um dos teus excelentes charutos
cubanos e regressa ao trabalho

Todos os direitos reservados. É terminantemente proibida a reprodução


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violação dos direitos autorais caracteriza crime descrito na legislação em
vigor, sem prejuízo das sanções civis cabíveis.

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