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Módulo 5

OCORRÊNCIA DA CRASE

Sumário

Ocorrência da crase ............................................................................................................................................. 3


Crase da preposição com o artigo definido feminino ......................................................................................... 4
Crase diante de nomes de lugar ........................................................................................................................ 5
Crase nas expressões adverbiais femininas ....................................................................................................... 6
Crase com os pronomes demonstrativos aquele, aquela e aquilo .................................................................... 7
Situações em que não ocorre crase ................................................................................................................... 7

Casos Especiais ..................................................................................................................................................... 9


Casos em que a crase é facultativa..................................................................................................................... 10
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OCORRÊNCIA DA CRASE

Para você entender bem o fenômeno da crase, é fundamental dominar a regência, sobretudo
dos verbos e dos pronomes que exigem a preposição a.

A crase é a fusão da preposição a com um outro a. BMas não é só isso, é muito mais.

Para indicar, na escrita, que ocorreu a junção (crase) dos dois as, utilizamos o acento grave ( ` ).

Observe:

Vou a escola.
Vou à escola.

No exemplo, temos a ocorrência de dois as: o primeiro é a preposição a exigida pelo verbo ir, o
segundo é o artigo a, que aparece determinando o substantivo feminino escola. Quando essas
duas vogais se encontram, elas se fundem, e a fusão delas é indicada pelo acento grave.
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CRASE DA PREPOSIÇÃO COM O ARTIGO DEFINIDO FEMININO

Sempre que a regência do termo antecedente exigir a preposição a e o termo posterior admitir o
artigo definido feminino a (ou as ), ocorrerá a crase.

Amanhã devo ir à praia.

Observe que o termo antecede (ir), pela sua regência, exige a preposição a, e o termo posterior
(praia) admite a anteposição do artigo a; portanto, se temos dois as, eles se fundem, ocorrendo
a crase. Veja mais exemplos:

Eu me dirigi a a aluna daquela sala. - Eu me dirigi à aluna daquela sala.


Fiz referência a as pessoas interessadas. - Fiz referência às pessoas interessadas.

Evidentemente, se o termo antecedente não exigir a preposição a, ou o termo posterior não


aceitar o artigo definido feminino a (ou as), a crase não ocorrerá.

Veja:

Conheço a cidade.

Nesse exemplo, não ocorre a crase porque o verbo conhecer não exige a preposição a. Lembre-
se de que quem conhece conhece alguém ou alguma coisa (verbo transitivo direto); logo, temos,
no exemplo, um único a (o artigo definido a), que determina o substantivo cidade.
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O diretor fez referência a ela.

Nesse exemplo, também não ocorre a crase, porque o pronome pessoal ela não é precedido de
artigo. Portanto, temos ali apenas a preposição a, exigida pelo nome referência. Como não
existe artigo, não pode ocorrer crase.

CRASE DIANTE DE NOMES DE LUGAR

Os nomes de lugar podem aparecer ou não precedidos de artigo. Para saber se um nome de
lugar vem precedido do artigo feminino a, construa uma frase com esse nome de lugar
precedido do verbo vir. Se obtiver a contração da (preposição de + artigo a), é óbvio que ocorreu
o artigo e, consequentemente, haverá crase com aquele nome de lugar.

Veja:

Vou à Bahia. - Vou à Itália.

Utilizando o verbo vir:

Venho da Bahia. - Venho da Itália.

Verifique que os nomes de lugar Bahia e Itália vêm precedidos do artigo a.

Como o termo antecedente vou exige a preposição a, ocorre a crase.


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CRASE NAS EXPRESSÕES ADVERBIAIS FEMININAS

Utilizamos o acento indicativo da crase no a que abre as locuções adverbiais femininas: às claras,
às pressas, às cotoveladas, à proporção que, à cata de, às ocultas, às escuras, à vontade...

Chegou à tarde e saiu à noite.


Ele comprou o relógio à vista.
Ando à procura de uma solução para o caso.
Às vezes, fico preocupado com a situação do país.
Caminhava, às pressas, pela rua.
Fez um gol à moda de Pelé.

Observação importante: com a expressão adverbial feminina à moda de, ocorre o acento
indicativo da crase mesmo que a palavra moda fique subtendida.

Fez um gol à Pelé.


No restaurante, pediram um filé à Camões.
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CRASE COM OS PRONOMES DEMONSTRATIVOS


AQUELE, AQUELA E AQUILO

Ocorrerá crase com os pronomes demonstrativos aquele(s), aquela(s) e aquilo, sempre que o
termo antecedente, por sua regência, exigir a preposição a.

Chegamos àquela cidade.


Assisti àquele filme que você recomendou.
Prefiro isto àquilo.

SITUAÇÕES EM QUE NÃO OCORRE CRASE

1ª - Antes de substantivos masculinos.


Ex.: Graças a Deus.
Vendas a prazo.
Ando mais a pé do que a cavalo.
Percorri o Brasil de norte a sul.

2ª - Antes de infinitivo de verbos.


Ex.: Começou a chover.
Preços a partir de R$20,00.

3ª - Antes do artigo indefinido uma

Ex.: Foi submetido a uma cirurgia.

O prêmio coube a uma aluna do 2º ano.

Obs.: Como numeral, uma admite a crase: À uma hora, serviu-se o almoço.
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4ª - Antes dos pronomes que não podem vir precedidos do artigo a:

a) Pessoais: a mim, a ti, a si, a ela, a nós, a eles.


b) De tratamento: você, Vossa Senhoria, Vossa Excelência,...

Obs.: Entre os pronomes de tratamento, excetuam-se senhora e senhorita, já que admitem


artigo.
Ex.: Peço à senhora que fique mais um pouco.

c) Indefinidos: alguma, nenhuma, cada, pouca, certa, toda, muitas, vária, alguém, ninguém,
qualquer outra, quantas, tal, uma determinada.
Ex.: Avistei-o a pouca distância.

d) Demonstrativos: esta(s), essa(s):


Ex.: Aferrava-se ora a esta, ora àquela opinião.

e) Relativos: cuja(s), quem:


Ex.: A única pessoa a quem obedecia era a mãe.

5ª - Não se acentua o a antes da expressão Nossa Senhora ou de nomes de santas.


Ex.: Recorria a Nossa Senhora e a Santa Rita.

6ª - Não se acentua o a sozinho que antecede palavra no plural.


Ex.: Não respondo a perguntas tolas (compare: não respondeu às perguntas formuladas).

7ª - Não se acentua o a antes de numerais cardinais.


Ex.: de 15 a 20 deste mês.
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8ª - Não se acentua o a que precede substantivos femininos tomados em sentido geral,


indeterminado.

Ex.: Foi submetido a operação delicada.

CASOS ESPECIAIS

1. Com a palavra CASA: Quando indica lar, morada, não admite a crase.
Ex.: Chegou cedo a casa.

Quando aparece uma especificação depois da palavra CASA, haverá crase.


Ex.: Voltou à casa paterna.

Usada na acepção de prédio, edifício, estabelecimento, dinastia, qualquer instituição ou


sociedade, haverá crase.
Ex.: Pedro II pertencia à Casa de Bragança.

2. Com a palavra TERRA: Quando se opõe a bordo, ao elemento químico, não se usa crase:
Ex.: Os marinheiros voltaram a terra.

Nos demais casos, usa-se a crase:


Ex.: Voltou à terra onde nascera
O agricultor tem apego à terra.
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3. Com nomes de MULHER: Usa-se a crase quando essa mulher for familiar a quem escreve.
Se for estranha, não.
Ex.: Dei um presente à Joana (pessoa familiar).
Entreguei uma carta a Joana (pessoa estranha).

4. Com a palavra DISTÂNCIA: Seguida da preposição de, haverá crase; caso contrário, não.
Ex.: Ele parou à distância de três metros.
Ele ficou observando a distância.

5. Antes de substantivos masculinos, quando houver um substantivo feminino subentendido:


Ex.: Comi um filé à Rossini (à moda de).

6. Não se usa crase antes de expressões formadas por palavras repetidas: cara a cara, face a
face, etc.
Ex.: Uma a uma, todas as pessoas se retiraram.

CASOS EM QUE A CRASE É FACULTATIVA

1. Antes dos possessivos


Ex.: Obedecia a sua mãe.
Obedecia à sua mãe.

2. Depois da locução até a


Ex.: Leu o artigo até a última frase.
Leu o artigo até à última frase.
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Referências:

ANDRÉ, Hildebrando. Gramática ilustrada. 4. ed. São Paulo: Moderna, 1990.

BECHARA, Evanildo. Lições de português pela análise sintática. 16. ed. Rio de Janeiro: Lucerna,
2001.

CADORE, Luís Agostinho. Curso prático de Português: literatura/gramática/redação.. 8. ed. São


Paulo: Ática. 2000.

CEGALLA, Domingos Pascoal. Novíssima gramática da língua portuguesa. 30. ed. São Paulo:
Nacional, 1998.

CUNHA, Celso; CINTRA, Lindley. Nova gramática do português contemporâneo. Rio de Janeiro:
Nova Fronteira, 1985.

EPSTEIN, Isaac. Gramática do poder. São Paulo: Ática, 1993.

FERNANDES, Márcia. Disponível em: https://www.todamateria.com.br/exercicios-de-crase/. Acesso


em: 18 out. 2021.

KURY, Adriano da Gama. Português básico. 16. ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1990. Nova
Fronteira.

LIMA, Carlos Henrique da Rocha. Gramática normativa da língua portuguesa. 42. ed. Rio de
Janeiro: José Olympio, 2002.

TERRA, Ernani. Curso prático de gramática. edição revista e ampliada. São Paulo: Scipione, 1996.

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