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INSTITUTO FEDERAL DA BAHIA - IFBA

BACHARELADO EM ENGENHARIA CIVIL

TÁCIO MARTINS DE ARAÚJO

RESENHA CRÍTICA: “Canivete: Eu Já Era Mais Ou


Menos Conhecido Entre Os Canalhas”

Vitória da Conquista – BA

2020
TÁCIO MARTINS DE ARAÚJO

RESENHA CRÍTICA: “Canivete: Eu Já Era Mais Ou


Menos Conhecido Entre Os Canalhas”

Trabalho da disciplina de Português como requisito


avaliação parcial da II unidade.

Orientador(a): Prof. João Rodrigues Pinto

Vitória da Conquista – BA

2020
RODRIGUES-PINTO, João. Canivete: Eu Já Era Mais Ou Menos Conhecido Entre
Os Canalhas”. 2 janeiro, 2018.

A obra Canivete foi produzida pelo escritor e professor João Rodrigues,


formado em Letras pela Universidade Federal do Espírito Santo (UFES) e Doutorado
em Linguística pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais/PUC-Minas. É
autor de outros livros como “Gado Bravo” e “Espelho do Tempo” e teatros como
“Cindagorda” e “O Chapéu do Lobo”.

1 RESUMO DA OBRA

A obra tem perspectiva da literatura Realística de dramaturgia, porém não


deixa de ter o romance tradicional brasileiro, dando ênfase no amor incondicional e na
tragicidade da vida.
O livro é composto de 18 capítulos e 238 páginas que contam a história de
vida do personagem principal, Tomás, ou Canivete, e em tudo a sua volta. Vida
sofrida, o livro inicia com o período em que Tomás já está preso e apresenta um
pouco da sua aflição. No início da história, nos é apresentada a família de Tomás no
momento do seu nascimento, seu pai Sebastião, sua mãe Maria e suas irmãs Cida e
Estela.
Por conta da grande pobreza que sua família estava, o pai viu o mundo da
bandidagem como uma solução rápida para por a comida na mesa. Dessa forma
nasce Bastião Pilantra, um terrível bandido odiado e temido por muitos, inclusive por
sua própria família. Após alguns anos, Bastião achou que seria o momento certo para
colocar seu filho no seu mundo, o rebatizou como Canivete e levou-lhe para seu
primeiro furto.
Canivete, após nutrir anos de ódio pelo seu pai, se viu em uma situação de
extrema fúria. Bastião chegou bêbado em casa e começou a agredir Maria e as
meninas, a um ponto que a morte da mãe seria certa. Em um ato de proteção,
Canivete mata seu pai e salva as pessoas que ele mais ama. O sentimento de culpa
e incerteza o assola.
A partir deste ponto a obra se desenrola, bem resumidamente, com a entrada
de vez de Canivete no crime, o trágico acontecimento da dizimação da sua família, a
promessa de vingança, os amores com Bete e Jane, a prisão, e o encontro com seu
filho.
2 TESES DESENVOLVIDAS NA OBRA

Diante de tamanho sofrimento e tragédia, não há como negar o Realismo da


obra, presente em muitos momentos, é o principal gerador da história e, como é
curioso ver a série de acontecimentos externos à Tomás que acarretam em
consequências extremas e um rumo de vida caótico.
Foi levado ao ápice a teoria do Filósofo Rousseau, “O homem é produto do
meio.”, quase sem escolhas Canivete é levado ao crime, depois mata seu pai e
depois promete vingança, essas são consequências que resultaram de
acontecimentos passados e inevitáveis para o personagem. É possível salientar
também, que nem mesmo a sua paixão foi propriamente dita escolha sua, já que a
presença do “Complexo de Édipo” é fortíssima na história, pelo grande ódio ao seu
pai e apego pela sua mãe, ele inconscientemente buscou uma mulher que tivesse as
características da sua mãe.
A dupla personalidade, pauta principal tratada na obra, tem relevância
gigantesca na história e é justificada pelo dilema tratado acima, o lado carinhoso da
sua mãe o fez Tomás e o lado desprezível do seu pai o fez Canivete.

3 CRÍTICA

Tomás ou Canivete? É incrível como isso pode causar conflito na mente do


leitor de forma positiva, em muitos momentos me peguei pensando em qual das duas
personalidades estava presente naquele momento. A forma em que esse tema foi
abordado é satisfatória, é sutil, não é uma história forçada e que surge sem
construção de base.
A ambientação da obra não deixou a desejar, entretanto senti falta de um
melhor detalhamento dos locais, como a favela, principalmente. A prisão foi bem
ambientada, a experiência de visitar uma foi fielmente representada no livro.
O tipo de escrita da obra é excelente, o autor busca por diálogos realistas, tais
como o uso de palavrões, gírias, e linguagem diatópica, tornando assim de fácil
compreensão para os leitores. Dessa forma fica claro as intenções de não leitura do
público mais jovem.
João Rodrigues além de professor é um autor sublime, esta foi sem dúvidas
uma obra que agregou muito em meu repertório social e pensamento de vida. Apesar
da leitura rápida, eu me sentia na cronologia do livro, a imersão foi gigante. A minha
falta de vivência dos acontecimentos trouxe uma perspectiva de auto interpretação,
acabei imaginando da forma senti e esse não é um aspecto ruim.
Em suma, a obra representa não só uma história trágica e sofrida de um
garoto, representa a vida de inúmeras pessoas no país. Pais alcoólatras e ausentes,
fome, medidas extremas de sobrevivência como crime e prostituição. É realmente um
livro indispensável para o brasileiro.

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