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GABARITO de Fundamentos da Ondulatória e Termodinâmica

Profs. Arnaldo Cavalcanti, Augusto Otávio, Ivan Leitão e Marcone Sena


Nome:
CPF: Turma: Data: 18/set/2023
Prova: Segunda Chamada do Exercício Escolar

Segunda Chamada do Primeiro Exercício Escolar de 2023.1

Orientações:
• Os cálculos necessários devem ser realizados na folha de resposta.
• É permitido o uso de calculadora.

1ª) (2,5 pontos) Dois tubos delgados de mesmo diâmetro, um retilíneo e


outro na forma de cotovelo, estão imersos em um escoamento horizontal
de água. A diferença entre os níveis de água entre os dois tubos é h =
10, 0 cm. Determine a velocidade v de escoamento. Considere a gravidade
local g = 10, 0 m/s2 .

Resolução da 1ª) questão

Considere que perto da saída do tubo delgado vertical, a velocidade de escoamento da água seja v e pressão
p. À frente da saída do tubo em cotovelo tem um ponto de estagnação, o que implica uma velocidade
Vestag ≈ 0 e pressão pestag .
Aplicando a equação de Bernoulli para os pontos próximos das saídas dos tubo delgados, temos que

2* ≈0 s
Vestag
ρágua ρágua v2 2 ( pestag − p)
+ pestag + 0 = + p+0 → v= (i) (1,0 ponto)
2 2 ρágua

Tomando a diferença de pressão entre dois pontos no interior dos tubos delgados ao mesmo nível da equação
de Stevin, temos que

∆p ≡ pestag − p = ρágua g h (ii) (1,0 ponto)

Substituindo a eq.(i) na eq.(ii), escrevemos a vazão volumétrica Q como

p
v= 2gh (0,50 ponto)

2ª) (2,5 pontos) Um disco homogêneo de massa M e diâmetro ℓ é suspenso verticalmente por um ponto O de sua
borda conforme a figura ao lado. Se o disco é ligeiramente deslocado da sua configuração de equilíbrio, determine
o período para pequenas oscilações. Considere a gravidade local igual a g e o momento de inércia do disco em
1
relação ao seu centro de massa como ICM = M (ℓ/2)2 .
2
Resolução da 2ª) questão

b) Aplicando a 2a lei de Newton para rotações, temos que


=0
I α = −τP + 
τ
F
> (0,50 ponto)

onde α é a aceleração angular e IO é o momento angular do disco em relação ao pivô O e O torque da força
peso em relação ao pivô O é dado por τP = M g (ℓ/2) sin θ (0,50 ponto).
Assim, denotamos a equação de movimento para pequenas oscilações (sin θ ≈ θ), como

M g (ℓ/2) 4 g
α = − Ω2 θ onde Ω2 ≡ = . (0,75 ponto)
IO 3 ℓ

3
Do teorema dos eixos paralelos, obtemos o momento de inércia IO = M (ℓ/2)2 + ICM = M (ℓ/2)2 .
2
s
2π 3ℓ
O período de uma oscilação é T = =π (0,75 ponto).
Ω g

3ª) (2,5 pontos) Um sistema binário é formado por duas estrelas ligadas gravitacionalmente uma à outra, que
orbitam em torno do centro de massa comum. A maioria das estrelas está em sistemas binários ou em sistemas tiplos
ou mesmo múltiplos. Considere o sistema Alfa Centauro formado por duas estrelas que orbitam em trajetórias
circulares e estão separadas de 35, 6 × 1011 m de seus centros com período de revolução de 79, 92 anos. Determine a
massa do sistema binário. Considere a constante gravitacional G = 6, 67 × 10−11 m3 · kg−1 · s−2 .

Resolução da 3ª) questão

1ª maneira: A partir da 3ª lei de Kepler

R3 GMtotal R3 4π 2 (35, 6 × 1011 m)3


= → Mtotal = 4π 2 = = 4, 20 × 1030 kg ,
T2 4π 2 GT 2
6, 67 × 10 − 11 m · kg−1 · s−2 × (79, 92 × 365 × 24 × 3600 s)2
3

onde R = r1 + r2 = 35, 6 × 1011 m.


2ª maneira: Aplicando a 2ª lei de Newton para cada uma das estrelas,
obtemos

G M1 M2 G M1 M2
M1 ω 2 r1 = , (i) M2 ω 2 r2 = , (ii)
R2 R2

combinando as equações, M2 × (i) + M1 × (ii), temos

 2  2 G M1 M2


M2 M1 ω r1 + 
M1 M2 ω r2 = ( M1 + M2 )
 

R 2
G ( M1 + M2 ) G ( M1 + M2 )
ω 2 (r1 + r2 ) = 2
→ ω2 = ,
| {z } R R3
=R

4π 2 R3
assim, a massa total Mtotal = M1 + M2 é Mtotal = = 4, 20 × 1030 kg .
G T2

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4ª) (2,5 pontos) Em um laboratório de ensino de física é mon-
tado um aparato experimental com um fio de densidade linear
desconhecida. Para determinar a sua densidade linear, o fio é
preso por uma das extremidades a um oscilador vibrante com
amplitude de 1, 0 cm e frequência de 50 Hz. O fio passa pela
roldana até a outra extremidade que é presa por um corpo de
massa 300 g, conforme a figura ao lado. Quando o oscilador vibrante é posicionado a 2, 4 m da roldana, é observado
a formação do segundo harmônico da onda estacionária.
a) (1,5) Determine o comprimento de onda desenvolvido, a velocidade de propagação da onda no fio e a densidade
linear da corda.
b) (1,0) Escreva o deslocamento transversal, y, em função do tempo t de um ponto da corda distante de x da
extremidade oscilante, após a formação da onda estacionária.

Resolução da 4ª) questão

a)
λ
• O padrão de onda estacionária no 2º harmônico atende à condição 2 × = Lfio → λ = 2, 4 m . (0,50)
2
• a velocidade de propagação é v = λ f = 2, 4 m × 50 Hz = 120 m/s (0,50).
s
T T 300 g × 10, 0 m/s2
• A partir de v = obtemos a densidade linear µ = 2 = = 0, 21 g/m (0,50)
µ v (120 m/s)2

b) O padrão de onda estacionária pode ser produzida pela superposição de uma onda propagante para a
direita e para a esquerda na forma de

y( x, t) = ym sin(kx − ωt) + ym sin(kx + ωt) = 2 ym cos(ωt) sin(k x )

onde

• ym = 1, 0 cm = 1, 0 × 10−2 m é a amplitude da onda. (0,25 ponto)


2π 2π 5π −1
• k= = = m é o número de onda (0,25 ponto)
λ 2, 40 m 6
• ω = 2π f = 2π × 50 Hz = 100π Hz é a frequência angular (0,50 ponto)
 

Assim, a eq. da onda estacionária é y( x, t) = 2, 0 × 10−2 m cos (100π t) sin x (0.50) com x em
6
metro e t em segundo.

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Segunda Chamada do Segundo Exercício Escolar de 2023.1

Orientações:
• Os cálculos necessários devem ser realizados na folha de resposta.
• É permitido o uso de calculadora.
• Dados: g = 10 m/s2 , R = 8, 31 ℓ · kPa · mol−1 · K−1 = 2, 0 cal · K−1 · mol, Lfusão = 80 cal/g, 1 cal =
4, 18 J, 1 ℓ = 103 cm3 e 1 atm = 1, 0 × 105 Pa.

1ª) (2,5 pontos) Em um laboratório de física, é realizado um experimento com 1 mol de um gás diatômico, o qual
é confinado a um volume V = 1, 0 m3 , e sujeito a uma pressão variável externa variável. O gás absorve uma
quantidade de calor Q = 200, 0 cal. Determine a variação da temperatura e da pressão sofridos pelo gás.

Resolução da questão 1º)

Temos que Q = CV ∆T, onde CV = 5n R/2 = 5, 0 cal/K é a capacidade calorífica a volume constante para 1
mol de gás diatômico. Ou seja, ∆T = Q/CV = 200, 0/5, 0 K = 40, 0 K ou 40, 0 ºC . (1,0).

A partir da eq. geral dos gases, temos que

n R ∆T nR Q/CV 2Q/5 2 × 200, 0 cal × 4, 31 J/cal


V ∆p = n R ∆T → ∆p = = = = = 334, 4 Pa (1,0 )
V V V 5 × 1, 0 m3

2ª) (2,5 pontos) O volume de 240 mℓ de café são servidos à 90ºC em uma xícara de porcelana de 150 g em uma noite
fria de 10ºC. Considere que o calor específico do café seja igual ao da água, isto é, cágua = 1, 0 cal/g · ºC, e o calor
específico da porcelana seja cinco vezes menor que à da água. Quando o sistema alcançar o equilíbrio, determine a
temperatura de equilíbrio e a variação de entropia sofrida pelo sistema. Comente o resultado à luz da segunda lei
da termodinâmica. Considere a densidade do café aproximadamente igual à da água, isto é, 1, 0 g/cm3 .

Resolução da questão 2º)

O conjunto café + xícara possui uma capacidade calorífica dada por


1, 0
Cconj = mcafé cágua + mxícara cxícara = 240 g × 1, 0 cal/g · ºC + 150 g × cal/g · ºC = 270, 0 cal/ºC ← (0,25)
5

O conjunto café + xícara alcançará o equilíbrio térmico com o ambiente a Teq = 10ºC = 283, 15 K ← (0,25).
cal
O calor que o conjunto cede ao ambiente − Q = Cconj ∆T = 270, 0 × (90ºC − 10ºC) = 21, 6 kcal. ← (0,25).
ºC
−Q 21, 6 kcal × 4, 18 J/cal
A variação de entropia sofrida pelo ambiente é ∆Samb = = = +318, 87 J/K ← (0,50).
Teq 283, 15 K

A variação de entropia sofrida pelo conjunto é ↓ (0,50)


Z
(dQ)conj Z Teq
dT Teq cal J 283, 15
∆Sconj = = Cconj = Cconj ln = 270, 0 × 4, 18 × ln = − 280, 84 J/K
T Ti T Ti K cal 363, 15

A variação da entropia do conjunto é ∆Samb + ∆Sconj = (+318, 87 − 280, 84) J/K = 38, 03 J/K > 0 ← (0,50).

Está de acordo com a 2ª lei da termodinâmica na forma de ∆S > 0 para um processo irreversível. ← (0,25).

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3ª) (3,0 pontos) Uma máquina térmica com 1 mol de um gás
monoatômico realiza um ciclo que é representado por um dia-
grama P × V conforme a figura ao lado.
a) (0,5 ponto) Determine o trabalho realizado em um ciclo pela
máquina.
b) (0,75 ponto) Determine as temperaturas nos pontos A, B e C. Aponte as temperaturas mais alta e mais baixa.

c) (1,25 ponto) Determine os calores absorvidos ou cedidos nas etapas A 7→ B, B 7→ C e C 7→ A.

d) (0,5 ponto) Determine a eficiência térmica da máquina e compare-a com a eficiência de uma máquina de Carnot
que opera entre as temperaturas mais alta e mais baixa. Comente o resultado.

Resolução da questão 3º)

40 m3 × 50 Pa
a) Da área do diagrama P × V, obtemos o trabalho do ciclo Wciclo = = 1 kJ ← (0,50) .
2

b) • Temperatura em A: TA = p A VA = 50 Pa × 10 m3
= 30, 08 ºC ≈ 303 K . ← (0,25).
nR 2 mol × 8, 31 ℓ · kPa · mol−1 · K−1

p B VB 100 Pa × 70 m3
• Temperatura em B: TB = = = 421, 18 ºC ≈ 694 K . ← (0,25).
nR 2 mol × 8, 31 ℓ · kPa · mol−1 · K−1

pC VC 50 Pa × 50 m3
• Temperatura em C: TC = = = 150, 42 ºC ≈ 424 K . ← (0,25).
nR 2 mol × 8, 31 ℓ · kPa · mol−1 · K−1

• Assim podemos estabelecer as desigualdades TA < TC < TB .

A temperatura mais alta ocorre no ponto B e a mais baixa no ponto A .


3
c) • Na etapa A 7→ B, o trabalho realizado é WAB = (50 Pa + 100 Pa) × 60 m = 4, 5 kJ. A variação da
2
3nR( TB − TA ) 3 ( p B VB − p A VA )
energia interna é ∆E AB = = = 9, 75 kJ ← (0,15).
2 2
A partir da 1ª lei, obtemos o calor absorvido como Q AB = ∆E AB + WAB = 14, 25 kJ ← (0,25).

(50 Pa + 100 Pa) × 20 m3


• Na etapa B 7→ C, o trabalho realizado na contração é WBC = − = −1, 5 kJ. A
2
3nR( TC − TB ) 3 ( pC VC − p B VB )
variação da energia interna é ∆EBC = = = −6, 75 kJ ← (0,15).
2 2
A partir da 1ª lei, obtemos o calor absorvido − Q BC = −(∆EBC + WBC ) = 8, 25 kJ ← (0,25)

• Na etapa C 7→ A, o trabalho realizado é WCA = 50 Pa × 40 m3 = 2, 0 kJ. A variação da energia interna


3nR( TC − TA ) 3 ( pC VC − p A VA )
é ∆ECA = = = 3, 0 kJ ← (0,15).
2 2
A partir da 1ª lei, obtemos o calor absorvido como QCA = ∆ECA + WCA = 5, 0 kJ ← (0,25).

c) É absorvido calor nas etapas AB e CA na quantidade de Qquente = Q AB + QCA = 19, 25 kJ quando produz
Wciclo
o trabalho Wciclo = 1, 0 kJ por ciclo. A eficiência da máquina vale η = = 5, 19%. Uma máquina de
Qquente
T
Carnot entre os mesmos extremos de temperatura oferece uma eficiência de ηCarnot = 1 − A = 56, 38%.
TB

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patm patm
⃗g
4ª) (2,0 pontos) Considere o experimento hipotético de 2 mols
de gás ideal diatômico confinado inicialmente em um volume
V0 = 10, 0 ℓ com um revestimento isolante (que não permite a
troca de calores com o ambiente). Inicialmente, o êmbolo ideal ρ h
(sem massa) é equilibrado pela pressão atmosférica, patm = 1, 0 × êmbolo
105 Pa, e a pressão do gás conforme a Fig. (a). Em seguida, um V0
líquido de densidade volumétrica ρ = 10, 0 kg/ℓ é despejado gás
lentamente sobre o êmbolo até alcançar uma coluna de altura
h = 20, 0 cm sobre o mesmo conforme a Fig. (b). Assuma que (a) (b)
o gás sofre uma compressão adiabática.
a) (1,0 ponto) Determine a variação da pressão e do volume do gás ao final da compressão.
b) (1,0 ponto) Qual é o trabalho realizado sobre o gás ao final da compressão (em Joule).

Resolução da questão 4º)

a) Ao final da compressão, o gás é submetido a uma pressão devido à coluna de fluido acima do êmbolo

p f = patm + ρ g h = 1, 0 × 105 Pa + 10, 0 kg/ℓ × 10, 0 m/s2 × 0, 20 m → p f = 1, 2 × 105 Pa = 1, 2 atm

A variação da pressão é ∆p = 0, 2 × 105 Pa ← (0,5) !1/γ


γ γ patm CP f +2 7
No processo temos que p f Vf = patm V0 → Vf = V0 ≈ 8, 78 ℓ, onde γ = = =
pf CV f 5
f =5
Assim a variação do volume ocupado pelo gás é ∆V = Vf − V0 = −1, 22 ℓ ← (0,5).

b) Durante a compressão adiabática o calor trocado com o ambiente é nula (Q = 0), assim o trabalho reali-
=0
zado pelo gás é determinado a partir da 1ª lei da termodinâmica como W = 
Q7− ∆Eint = −CV ∆T ← (0,25),

ou seja

p f Vf − patm V0
 
5
W = −CV = − (1, 2 × 8, 78 − 1, 0 × 10, 0) × 105 Pa · ℓ · 10−3 m3 /ℓ → W = −134 J , (0,5)
nR 2

f
onde usamos CV = nR com f = 5.
2

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