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Inventar-se outro era para Fernando Pessoa um impulso ou - sabendo da


sua atração pelo esoterismo e pela astrologia - arriscamos dizer, uma
inevitabilidade. Seria com certeza um jogo lúdico, labiríntico, constante,
que lhe servia o génio inesgotável. Por trás do homem tímido, que
apreciava a solidão, havia um poeta a querer ser muitos, a fragmentar-
se. Todas as vozes que criou ajudam a contar a história do maior poeta do
século XX português. Mas apenas as mais importantes tiveram direito a
biografia completa: Álvaro de Campos, Ricardo Reis, Alberto Caeiro e
Bernardo Soares. É delas que falamos aqui.

Fernando Pessoa escreveu como se fosse muitos. Fragmentou-se em mais


de uma centena de heterónimos e personalidades literárias, num processo de
criação que envolveu alguma ficção. A primeira personagem deste universo
plural é Chevalier de Pas, inventada com apenas seis anos. Aos 11 tinha um
novo amigo, Alexander Search. Pessoa nunca mais abandonará o jogo de
“querer ser outro”, de se desdobrar nas suas criaturas e de lhes dar vidas,
formas, sonhos, pensamentos e estilos que não podiam caber numa só
identidade.

Neste labirinto heteronímico encontramos Alberto Caeiro, Álvaro de


Campos, Ricardo Reis e Bernardo Soares, as vozes mais íntimas e
conhecidas do poeta. A cada uma foi dada uma história com biografia
pormenorizada, definidos os traços físicos, apontadas as características
morais, estudada e apresentada a respetiva carta astrológica. Todos
coexistem no mesmo tempo cronológico e até discordam entre si. O
exercício completa-se e supera-se nos versos de cada um, a decifrar o
mistério que os distinguia e os unia nesse “trajeto poético próprio”, com
assinaturas diferentes.
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