Você está na página 1de 1

2012 | # 05

A importância do design de sinalização ambiental


Por Cynthia Araújo*

Num mundo guiado cada vez mais pela pressa, o design de sinalização ambiental tornou-se fundamental em
locais onde há grande fluxo de pessoas. Hoje, não basta criar elementos de sinalização visando apenas chamar a
atenção do público para posicioná-lo ou direcioná-lo de maneira adequada, mas associar a essa funcionalidade
um caráter estético que irá resultar em uma sensação de acolhimento.
No meio corporativo, já se sabe que incluir a nova estética visual aos negócios é ter em mãos uma
ferramenta que vai contribuir para reforçar a imagem da empresa e favorecer resultados positivos no relacionamento
com o público, já que é a partir da aparência que as pessoas traçam o perfil do que lhes é oferecido.
Embora a estética dos elementos de sinalização possa variar de país para país, os princípios são
geralmente os mesmos. Há casos nos quais a criatividade do designer deve ceder à padronização, a fim de que
uma determinada informação seja compreendida universalmente. Um exemplo são as saídas de emergência que
utilizam o mesmo pictograma, na cor verde, normatizado pela ABNT, que serve para não confundir com o alerta
vermelho de extintores e hidrantes.
A Associação dos Designers Gráficos (ADG) afirma que “projetos de sinalização costumam ser
implantados em edifícios complexos, tais como shopping centers, supermercados, terminais de transporte, hospi-
tais, museus. Sua principal tarefa é otimizar – por vezes até viabilizar – o funcionamento desses edifícios”. Em
outras palavras, a sinalização ambiental tem a função de complementar o projeto de arquitetura, quando este não
consegue indicar caminhos ou a finalidade de um determinado espaço.
Desenvolver um código visual, proporcionar o rápido entendimento das informações e determinar uma
hierarquia para a orientação do usuário são funções do design de sinalização ambiental, que vem ganhando visibilida-
de entre designers, arquitetos e empresários que passaram a reconhecer a importância de um sistema de sinalização
ambiental em seus empreendimentos, seja pelo caráter estético, seja para reforçar a imagem institucional.
Para ilustrar, alguns projetos desenvolvidos pela minha equipe.
O Residencial Bernini, condomínio da Barra da Tijuca (RJ), tinha como objetivo exaltar a suntuosidade,
tradição e requinte, a começar pela homenagem a grandes expoentes da pintura, cujos nomes foram dados a cada
um dos residenciais. O projeto foi pensado como uma obra de arte a fim de que o traço marcante do pintor home-
nageado fosse percebido nos elementos de sinalização. A sinalização foi inspirada em Netuno, obra do arquiteto,
escultor e pintor Bernini (1598–1680), localizada na Fonte dos Quatro Rios (Roma). Para suscitar o predomínio das
linhas curvas nos totens e a pintura com efeitos ilusionistas foi utilizado o aço inox, um material maleável e de alta
durabilidade, e vidro tingido para revelar a imagem de Netuno.
Essa tendência não se limita a empreendimentos comerciais e condomínios. Cada vez mais hospitais
e centros médicos investem nessa nova estética visual para acabar com aquela antiga frieza e simetria típicas
desses locais e facilitar a recuperação de pacientes. Segundo o arquiteto Luis González Sterling, que participou da
construção de novos hospitais da Comunidade de Madri, "o entorno é um elemento que influi na cura do paciente".
A frieza do antigo Centro Médico Barra Shopping foi quebrada ao utilizarem suas paredes como
suporte de informação. Para tornar o ambiente mais agradável, melhorar o fluxo e o entendimento do espaço, o
centro médico foi segmentado em quadrantes de cores que resultaram em espaços coloridos e visualmente
distintos.

Centro Médico Barra Shopping

E eis uma lição de como conservar o contraste sem afetar o estilo. A linha mestra de inversão da reali-
dade foi mantida, ou seja, para que determinados animais sejam observados em seus ambientes, é preciso que o visi-
tante transite pela Passarela. Ou seja, causar a impressão de que as pessoas é que estão limitadas a um espaço.
Como os animais podem ser facilmente identificados, a opção por pictogramas em duas cores é
ideal. E já que o solo do Zoológico é resistente a determinados microorganismos, a melhor opção foi utilizar o
eucalipto autoclavado (tratado à base de calor para evitar fungos e dar resistência), em lugar da madeira
ecológica (ecowood).

Passarela da Fauna

Um detalhe relevante no conceito deste projeto é a sua versatilidade. Ele tanto pode atender a
iniciativas e a ações voltadas para a educação ambiental, como ser implantado em outros locais, como foi feito
no Parque Estadual dos Três Picos — PETP, maior parque estadual do Rio de Janeiro, entre os municípios de
Cachoeiras de Macacu, Teresópolis, Nova Friburgo, Silva Jardim e Guapimirim.
Nessa região já foi possível a utilização da madeira ecológica, além do eucalipto autoclavado.

Formação profissional
Ainda não existe uma disciplina específica de sinalização ambiental ou de fluxo nos cursos de design.
A profundidade da abordagem vai variar de escola para escola. É importante que o aluno interessado leia artigos,
livros e principalmente procure estar em contato com fornecedores de materiais, pois são eles que darão a noção
exata de quais matérias-primas são adequadas, os processos, os preços e as ferramentas. Um projeto de sinaliza-
ção precisa de design gráfico para cuidar da parte bidimensional (suporte e elementos gráficos de apoio) e do
design de produto para atender à parte tridimensional (como o projeto desenvolvido), afirma o designer gráfico e
professor da UFRJ Gilberto Strunck.

Cynthia Araújo
Formada pela UFRJ, lecionou projeto de sinalização de 1999 a 2004 na Universidade Estácio de Sá. Em 1991 fundou a CLA
Programação Visual, após integrar durante seis anos a direção do A3 Programação Visual. Seus trabalhos foram publicados em
revistas especializadas: PRINT, NOVUM, Revista Design & Interiores, Communication Arts, Revista da Abigraf e Design Gráfico.
Recebeu diversos prêmisos como "Rio com Design ”e Prêmio Colunistas 1989 em duas categorias. À frente da CLA foi convida-
da para dar uma palestra no evento "7XDesign", em 2001. Participou nas bienais de Design Gráfico da ADG de 1998 e 2000; na
exposição “Brasil faz Design” (Milão) e no Museu da Casa Brasileira; “Icograda” (Lisboa) e “Legítimos só Brasileiros” (São
Paulo). Integrou as exposições “12 Brasilianer” (Frankfurt) e “Gráfica 89” (MAM).

O conteúdo do INFOPAPER é de responsabilidade do autor. A reprodução total ou parcial deste material, só é permitida mediante autorização.
Para mais informações, entre em contato: (11) 3146-7698.
O objetivo da Série INFOPAPER é o de aumentar os conhecimentos, que sejam capazes de resultar em avanço, para as empresas.
GN
ESI

SENA
IS
ÃO
D

PA U L O

SENAI SÃO PAULO DESIGN


Av. Paulista, 1313 • 1º andar • São Paulo • SP • Fones: 11_3146-7696 / 7697 • www.sp.senai.br/spdesign

Você também pode gostar