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Revisões de Energia Renovável e Sustentável 33 (2014) 736–741

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Revisões de energia renovável e sustentável

página inicial do jornal: www.elsevier.com/locate/rser

Digestores domésticos de biogás de pequena escala: uma opção para o aquecimento global
mitigação ou uma potencial bomba climática?
b c
Sander Bruun a,n , Lars Stoumann Jensen , Van Thi Khanh Vu uma

, Sven Sommer
uma

Departamento de Plantas e Ciências Ambientais, Universidade de Copenhague, Thorvaldsensvej 40, DK-1871 Frederiksberg C., Dinamarca
b
Instituto Nacional de Ciências Animais, Thuy Phuong, Tu Liem, Hanói, Vietnã
c
Instituto de Engenharia Química, Biotecnologia e Tecnologia Ambiental, Universidade do Sul da Dinamarca, Campusvej 55, 5230 Odense M, Dinamarca

informações do artigo abstrato

Historia do artigo: Há uma série de vantagens na produção de biogás em pequena escala nas fazendas, incluindo economia de lenha ou
Recebido em 23 de maio de 2013 combustíveis fósseis e redução de odores e emissões de gases de efeito estufa. Por essas razões, governos e
Recebido em forma revisada
as agências de ajuda ao desenvolvimento apoiaram a instalação de digestores de biogás. No entanto, os digestores de biogás são
3 de janeiro de 2014 muitas vezes mal geridos e faltam sistemas de distribuição adequados para o biogás. Isso resulta em metano
Aceito em 22 de fevereiro de 2014
sendo liberado inadvertidamente através de vazamentos em digestores e tubulações, e intencionalmente quando a produção excede
exigem. Como o metano tem um potencial de aquecimento global 25 vezes maior do que o dióxido de carbono, este
Palavras-chave: compromete as vantagens ambientais dos digestores. Os cálculos realizados neste artigo indicam que a
Gases de efeito estufa ponto de equilíbrio em que o metano liberado tem um impacto tão grande no aquecimento global quanto o combustível que
Aquecimento global
substituído ocorre quando entre 3% e 51% do biogás produzido é liberado, dependendo do tipo de
Metano
combustível que foi substituído. As informações limitadas disponíveis sobre o vazamento de metano de pequenas
Estrume
digestores de biogás em países em desenvolvimento indica que as emissões podem chegar a 40%. Com a melhor
Produção de biogás
Combustíveis de cozinha
estimativas do número global de digestores de pequena escala e sua produção de biogás, isso corresponde ao metano
Ásia perdas de 4,5 Tg ano ou1cerca de 1% das emissões globais ou 10% das emissões da produção de arroz. Mais longe
a poliferação de digestores de pequena escala poderia, portanto, contribuir significativamente para as emissões globais de metano. Isso é
Portanto, é importante que os governos e as agências de ajuda ao desenvolvimento imponham requisitos mais rigorosos aos digestores
manutenção e manuseio do biogás antes da criação de incentivos e da legislação para a instalação de
digestores de biogás de pequena escala.
& 2014 Elsevier Ltd. Todos os direitos reservados.

Conteúdo

1. Introdução ........................................................................................................ 736

2. Números, tipos e produção de digestores domésticos de biogás de pequena escala . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 737
3. Uso de biogás e substituição de outros combustíveis 4. Análise . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 737
do ponto de equilíbrio das emissões de biogás 5. Qual é a ................................................................................. 738
probabilidade de perda de uma fração do biogás? . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 739
6. Quanto CH4 poderia ser emitido globalmente por digestores domésticos? . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 740
7. Como garantir o correto funcionamento dos digestores domésticos de biogás?. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 740
8. Exigência de maiores conhecimentos e regulamentos. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 740
9. Conclusões ........................................................................................................ 741
Agradecimentos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 741
Referências . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 741

1. Introdução

Digestão de estrume animal e excrementos humanos em

n
Autor correspondente. Tel.: þ45 353 32481. biodigestores de biogás, é recomendado como forma de gestão de estrume
Endereço de e-mail: sab@plen.ku.dk (S. Brun).

http://dx.doi.org/10.1016/j.rser.2014.02.033
1364-0321 & 2014 Elsevier Ltd. Todos os direitos reservados.
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S. Bruun et ai. / Revisões de energia renovável e sustentável 33 (2014) 736–741
em pequenas propriedades [1,2]. A produção de biogás reduz a necessidade de
combustíveis fósseis e lenha, cria empregos, reduz o odor e produz
menos fumaça interna do que os outros tipos de combustível usados no desenvolvimento
países [3–5]. Devido a esses efeitos benéficos, o biogás em pequena escala
digestores têm sido amplamente promovidos e apoiados financeiramente
por governos e doadores de ajuda ao desenvolvimento em grande parte
da Ásia, incluindo China, Índia, Vietnã, Bangladesh, Tibete e
Paquistão [6,7].
Uma importante vantagem adicional da produção de biogás em pequena escala
e um dos principais objetivos do apoio governamental à
um número crescente de digestores na Ásia, é que, quando corretamente
gerenciada, essa tecnologia é um método econômico de reduzir
emissões de gases de efeito estufa (GEE) do esterco animal [8]. Isto
consegue isso em parte fornecendo combustível que pode substituir outros combustíveis
de origem fóssil, e em parte pela redução dos GEE liberados ao longo do
toda a cadeia de manejo de estrume animal, desde o animal até o uso final
em campos ou em tanques de peixes. A economia foi calculada em
avaliações durante vários estudos de digestores na China [3,9],
Índia [10] e América do Sul [11]. No entanto, as vantagens de
digestores de biogás podem não ser tão bons quanto parecem inicialmente
porque os digestores também liberam metano (CH4) através de vazamentos
a partir das entradas e saídas [12-14]. Em muitas áreas, intencionalmente
as liberações de biogás excedentes também podem ser significativas [15,16].
Este artigo analisa a implantação de biogás em pequena escala
digestores em países em desenvolvimento com foco especial na
possíveis fontes de gases de efeito estufa associadas a eles. o
objetivos são os seguintes: 1) realizar uma análise do ponto de equilíbrio
que estima a quantidade de CH4 que pode ser perdida do
digestores antes que o impacto em termos de aquecimento global se anule
as economias com a redução da queima de combustível tradicional, e 2)
estimar perdas realistas de CH4 de digestores domésticos para
determinar se eles provavelmente estarão acima ou abaixo do ponto de equilíbrio. A
perda de CH4 é comparada com as emissões de CH4
de outras fontes, a fim de determinar o significado em um
escala global e para ver se a proliferação do biogás
digestores é uma potencial bomba climática.
2. Números, tipos e produção de pequenos agregados familiares
digestores de biogás
A história e o desenvolvimento dos digestores domésticos nos países em
desenvolvimento foram revistos várias vezes nos últimos anos
[17,18]. Aproximadamente 35 milhões de biogás doméstico de pequena escala
digestores foram construídos até hoje em países em desenvolvimento,
principalmente na China e na Índia, mas também números significativos em outros
países (Tabela 1). A China tem planos para aumentar o número de
digestores domésticos para 80 milhões até 2020 e a Índia também
planeja aumentar o número de digestores como parte de sua
planos ambiciosos para as energias renováveis [19,20]. Digestores domésticos
também são promovidos por organizações de ajuda em desenvolvimento em muitas partes
da Ásia [7]. A maioria dos digestores de biogás de pequena escala são construídos
abaixo do solo e o biogás é usado principalmente para cozinhar (Fig. 1).
tabela 1
Número de digestores de biogás em países em desenvolvimento.
País e ano das estatísticas de biogás Número de digestores de biogás Referências
China, 2010 3,1 107
Índia, 2006 3,9 106
Tibete, 2009 2,5 105
Vietnã, 2012 2,0 105
Bangladeche, 2010 6,0 104
África, 2009 Linda Linda
Peru, 2010
uma
Diz-se que apenas um pequeno número de digestores está em operação aqui.
737
Fig. 1. Imagem de um fogão típico usando biogás e o topo de um biogás
digestor com saída para biogás.
Existem dois projetos básicos de digestores de biogás usados em pequenas
fazendas, o digestor de cúpula e o digestor de tambor flutuante (Fig. 2,
[18]). No digestor de cúpula, o estrume é adicionado através de uma entrada para um
cúpula grande que normalmente tem 2 a 10 m3 de tamanho. Microrganismos
anaeróbios na cúpula convertem a matéria seca do esterco em
CH4 e dióxido de carbono (CO2). O biogás se acumula, gradativamente
aumentando a pressão no headspace acima do esterco. este
aumento de pressão desloca o estrume da cúpula até que alguns dos
o gás é consumido. O estrume digerido é removido através de um
câmara ligada por um tubo a uma abertura abaixo do estrume
superfície na cúpula. O biogás pode ser extraído do headspace
através de um tubo. No digestor de tambor flutuante, o biogás é
contidos em um tambor flutuando sobre o esterco que está sendo digerido. este
significa que o peso do tambor que cria a pressão é
constante, enquanto o volume do gás varia.
A produção de biogás depende da matéria-prima, tempo de residência,
e temperatura. Os digestores domésticos de biogás rurais na China
são principalmente digestores de cúpula fixa e são operados usando porco
estrume. O tamanho do digestor é geralmente entre 6 e 10 m3 [4,20].
Jiang et ai. [20] estimou que os digestores de biogás rurais produzem
entre 0,1 e 0,3 m3 de gás por m3 de volume do digestor por dia.
Isso significa que os digestores na China produzem em média cerca de
1 1.
2,4 m3 dia ou 880 m3 ano Os
digestores usados na Índia são geralmente digestores de tambor flutuante e são
menores que os da China, variando entre 2,5 e
5 m3 de tamanho [18]. Na Índia, o esterco de gado e cavalo é usado como
substratos. A produção de biogás por kg de esterco úmido misto
de gado e cavalos está na faixa de 21,9-29,5 L [27],
correspondente à produção de cerca de 0,3 m3 de biogás por m3
de digestor por dia. Isso resulta em uma produção de cerca de
1 1.
1 m3 dia ou 380 m3 ano
3. Uso de biogás e substituição de outros combustíveis
O biogás produzido nas áreas rurais é usado principalmente para cozinhar,
aquecimento e iluminação e, portanto, substitui as fontes de energia comumente
usadas para esses fins no lar, como madeira,
esterco seco, carvão ou gás liquefeito de petróleo (GLP, principalmente propano).
[20]
[21]
Como esses combustíveis têm impactos diferentes no meio ambiente, é
[22] importante saber quais combustíveis o biogás realmente substitui.
[16] Na China, o biogás é usado principalmente para cozinhar, substituindo principalmente
[23]
biomassa e carvão [3]. Na China rural, biomassa e carvão cobrem 67% da
[24,25]
a energia utilizada para cozinhar e aquecer, da qual a palha contribui com 26–33%,
[26]
lenha 14–21% e carvão 27–34% [4,28]. O combustível
substituído pela energia do biogás é a palha (33%), lenha (24%), carvão
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738 S. Bruun et ai. / Revisões de energia renovável e sustentável 33 (2014) 736–741

Digestor de cúpula fixa Digestão de cúpula flutuante

Saída de biogás
Vazamento de rachadura

Saída de biogás Biogás

Entrada de estrume Entrada de estrume
Saída de estrume
Biogás Saída de estrume

Pasta
Pasta

Fig. 2. Esquerda: digestor de cúpula; à direita: digestor de tambor flutuante.

(32%), eletricidade (8%), óleo refinado (2%), GLP (1%), gás natural (o1%)
e gás de carvão (o1%) [3].
Na Índia, o biogás produzido nas áreas rurais substitui principalmente
energia de biomassa [21]. Em 2001, a biomassa cobriu 72% da energia
utilizados nas residências, dos quais a lenha contribuiu com 52%,
mesa 2
Conteúdo energético dos combustíveis (menor poder calorífico) e emissões de GEE durante a combustão de
diferentes combustíveis em fogões domésticos comuns usados em países em desenvolvimento para
cada tipo de combustível [3,18,19,32].
Conteúdo energético do combustível Emissão de gás por MJ de energia entregue

resíduos 10% e esterco de vaca 10% [21,29]. Na última década,

1
(MJkg ) gCO2 mg CH4 g CO mg N2O
O consumo de GLP aumentou na Índia, enquanto o uso de esterco
diminuiu significativamente, uma tendência que reflete o aumento da riqueza de Biogás 17,7 81,5 57 0,11 5.4
pequenas famílias agrícolas. Carvão 24,9 682 1300 26,2 1,4
GLP 45,8 139 8,9 0,82 6,0
Madeira 532 600 14 4.3
Estrume 885 7100 39 270
4. Análise de equilíbrio das emissões de biogás

Como o CH4 é um potente gás de efeito estufa, as emissões causadas por

vazamentos de biogás e liberações intencionais representam um grande problema que
ameaça anular as vantagens dos digestores de biogás em termos
de mitigar o aquecimento global.
Ao avaliar os efeitos da produção de biogás e
perdas para a atmosfera, é importante levar em conta a energia
fonte substituída pelo biogás. Por isso o aquecimento global
potenciais devido às emissões de CH4 dos digestores de biogás e CO2,
As emissões de CH4, N2O e CO durante a combustão do biogás foram
comparação com as emissões desses gases durante a combustão de
os combustíveis que estão sendo substituídos. O objetivo da análise foi
encontrar o ponto de equilíbrio em que as emissões de CH4 do biogás
produção dão origem ao mesmo potencial de aquecimento global que o
combustíveis sendo substituídos pelo biogás. Fig. 3. Impacto no aquecimento global das emissões de CH4 da produção de biogás. O mundo
O CO2 emitido durante a combustão de combustíveis biogênicos potencial de aquecimento é dado em equivalentes de CO2 de CO2, CO, N2O e CH4 produzidos
ao aquecer a água em 1 MJ.
como madeira e resíduos de culturas foi recentemente fixado por fotossíntese
quando as plantas estavam crescendo. Esses combustíveis são, portanto, às vezes
considerados neutros em CO2. Este é também o Subsequentemente, a quantidade de CH4 perdido por unidade de energia
caso para o biogás derivado de esterco, porque o carbono no gás entregue é o seguinte:
provém da ração ingerida pelos animais. No entanto, em
Mlðf lÞ ¼ f lMpðf lÞ
Além de CO2, pequenas quantidades de CH4, N2O e CO são
liberados durante a queima de combustíveis, todos Finalmente, o potencial de impacto do aquecimento global por unidade de energia
potencial de aquecimento climático [3,30]. As emissões potenciais de entregue pode ser calculado da seguinte forma:
esses gases ao fornecer 1 MJ de energia térmica para um pote de
água são mostrados na Tabela 2. IPBGWðf lÞ Mlðf lÞCFCH4 ECBCH4 CFCH4
þECBN2OCFN2O þECBCO2 CFCO2 þECBCOCFCO
Se uma fração significativa do gás produzido for perdida, então uma maior
quantidade de biogás precisa ser produzida para satisfazer a mesma energia onde CF é o fator de caracterização para CH4, N2O, CO e CO2
demanda quanto a um sistema sem vazamentos. A quantidade de CH4 que 1 1
que são considerados 25 g CO2 eqv. g para CH4, 1,9 g CO2 eqv. g para CO e
precisa ser produzida por unidade de energia fornecida para aquecer a água 1
295 g CO2 eqv. g para N2O [31], e ECB é emissões
pode ser calculado usando a seguinte equação: durante a combustão do biogás que são dadas na Tabela 2.
1 Uma equação semelhante pode ser usada para calcular o potencial de impacto de
Mpðf lÞ 1 emissões dos combustíveis substituídos, que não estão associadas a
59ðMJ kg Þ0:57ð1 f lÞ
as mesmas perdas de CH4 durante a produção:
onde fl é a fração de biogás perdida por vazamento ou
1 IPRGW ¼ ECRCH4 CFCH4 þECRN2OCFN2O
liberação intencional, 59 MJ kg é o conteúdo energético de CH4 e
0,57 é a eficiência do fogão funcionando com biogás [29]. þECRCO2 CFCO2 þECRCOCFCO
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S. Bruun et ai. / Revisões de energia renovável e sustentável 33 (2014) 736–741
Fig. 4. Ponto de equilíbrio para perda de biogás onde a perda de CH4 no biogás dá
origem ao mesmo potencial de aquecimento global do combustível substituído pelo
biogás.
onde ECR são as emissões durante a combustão dos combustíveis substituídos
que também são dadas na Tabela 2.
A Fig. 3 compara os impactos do biogás com aqueles associados ao uso do
carvão em função da fração de CH4 produzida que é perdida durante a produção
do biogás. Pode-se ver no diagrama que o ponto de equilíbrio para o efeito
climático da substituição do carvão por biogás ocorre quando 51% do biogás
produzido é perdido.
O ponto de equilíbrio para o potencial de aquecimento global foi determinado
da mesma forma quando o biogás substituiu esterco, lenha, carvão e GLP (Fig.
4). Embora o CO2 emitido pela combustão de madeira e esterco seja
frequentemente considerado neutro em CO2, a madeira é extraída de forma
insustentável em muitas partes do mundo e, portanto, pode não ser realista supor
que a floresta voltará a crescer dentro de um período razoável. Para tanto, foram
realizados dois cálculos: um em que a madeira foi considerada neutra em CO2 e
outro em que não. A partir da Fig. 4, é evidente que as perdas de biogás podem
ser substanciais antes de atingirem o impacto de alguns combustíveis. Para o
esterco, o ponto de equilíbrio ocorreu em 28% do biogás produzido. Para o GLP,
o ponto de equilíbrio foi consideravelmente menor em cerca de 16% das perdas
de biogás. Já para a madeira considerada neutra em CO2, as perdas de biogás
tiveram que ser muito pequenas (em torno de 3%) para atingir o ponto de
equilíbrio, enquanto poderiam ser consideravelmente maiores (em torno de 44%)
quando não foi considerada neutra em CO2.
Fogões de biomassa e carvão têm eficiência térmica substancialmente menor
do que os fogões que usam combustível líquido e gasoso. Como resultado, as
emissões de CO2 e GEE por unidade de energia fornecida são consideravelmente
maiores para fogões de biomassa e carvão do que para fogões a gás e
combustível líquido, assim como seu efeito na qualidade do ar interno.
As famílias, portanto, tendem a omitir as fontes de energia pobres e poluentes se
puderem comprar GLP. Assim, a escolha das fontes de energia pode ser
classificada de combustíveis de qualidade inferior a superior, ou seja, diminuição
das emissões e aumento da eficiência térmica na seguinte ordem: esterco,
resíduos de colheita, madeira, carvão, querosene e GLP [32].
Na Ásia, as famílias sobem na escada da energia para cozinhar à medida que
seu nível de renda melhora, uma tendência que melhora a qualidade do ar
interno, a eficiência do uso de energia e a conveniência [30]. Como pode ser visto
na Fig. 4, também é evidente que os combustíveis de alta qualidade têm os
menores impactos no aquecimento global, pelo menos se a madeira não for
considerada neutra em CO2.
5. Qual é a probabilidade de perda de uma fração do biogás?
Com base nas informações apresentadas acima sobre os pontos de equilíbrio
para perdas de biogás dependendo do tipo de combustível substituído, é
importante determinar quanto do biogás produzido provavelmente será perdido
nas condições reais do digestor de biogás.
Infelizmente, muito pouca informação está disponível sobre as perdas de
CH4 de digestores de biogás de pequena escala nos países em desenvolvimento.
No entanto, existem várias fontes conhecidas de tais perdas. No
739
No caso dos digestores de cúpula, a entrada e a saída são abertas e qualquer
gás produzido nestes é perdido para a atmosfera. Nos digestores de tambor
flutuante, há um volume de esterco ao redor do tambor e qualquer gás produzido
nesse volume também é liberado para a atmosfera, além das emissões da
entrada e saída (Fig. 2).
Além disso, o corpo e a tubulação do digestor podem apresentar rachaduras e
potencialmente vazar. Finalmente, sempre que a produção excede o consumo, o
biogás se acumula no digestor e deve ser descartado de alguma forma. Isso
pode ser feito por queima ou liberação direta. Esta última opção pode envolver a
liberação de grandes quantidades de CH4 para a atmosfera.
Em relação às emissões das entradas e saídas do digestor, Khoiyangbam et
al. [13] calcularam as emissões anuais de digestores de biogás de domo fixo de
2 m3 em 53,2 kg CH4 em regiões com clima quente e 22,3 kg CH4 em climas
mais frios. Este cálculo foi baseado na produção assumida de 0,4 m3 de biogás
por m3 de digestor por dia. Assumindo essa taxa de produção e metade dessa
quantidade no digestor em altitudes elevadas, isso equivale a perdas de 17% e
14% do biogás produzido, respectivamente. Khoiyangbam et ai. [12] perdas
anuais estimadas de 22–98 kg CH4 nas entradas e saídas de digestores de
tambor flutuante de 3–9 m3 . Usando as mesmas premissas em relação à
produção, isso equivale a perdas de 5 a 8% do CH4 produzido.
Um estudo na China concluiu que as emissões fugitivas de CH4 de
vazamentos são insignificantes porque os digestores usados para as medições
eram bem conservados [33]. No entanto, as emissões fugitivas, mesmo de
digestores de biogás bem conservados, foram estimadas em até 3,1% da
produção de CH4 sob operação normal [34]. Além disso, a maioria dos digestores
de biogás provavelmente não terá boa manutenção. Um estudo recente constatou
que a falta de mão de obra qualificada nas regiões rurais pode levar ao manuseio
inadequado dos biodigestores [20]. Além disso, Chen et al. [4] estimou que
apenas 60% dos digestores na China estavam operando de forma eficiente. Esta
impressão é apoiada por pesquisas do Vietnã, que encontraram tampas de
digestores de cúpula quebradas e válvulas de gás que não eram herméticas,
resultando em vazamento de gás para a atmosfera [16]. Um estudo do Paquistão
encontrou digestores de biogás com problemas persistentes de vazamento e
infiltração de rachaduras nas paredes causadas por variações de temperatura
[14]. Com base nisso, pode-se supor que as perdas por vazamentos podem ser
substanciais – até 10% do biogás produzido em média ou até mais.
Uma fonte potencialmente maior de GEE dos digestores vem da liberação
intencional do excesso de biogás [15,16]. Quase nenhuma informação sobre esta
fonte de GEE está disponível na literatura, embora a liberação intencional de
biogás tenha sido identificada como um problema para pequenas usinas de
biogás na Tailândia, onde a liberação e queima foram estimadas em 15% do gás
produzido [35]. ]. Uma pesquisa não publicada de quatro províncias diferentes
(Binh Dinh, Dong Nai, Gia Lai e Tra Vinh) no sul do Vietnã [36] mostrou que 140
de 216 domicílios (65%) com um biodigestor de biogás tinham excesso de biogás
que não podiam usar no verão. Dessas 140 fazendas com excesso de biogás, 68
(48,6%) o liberavam diretamente na atmosfera, enquanto o restante o entregava
ou vendia para um vizinho ou o queimava. Assumindo que não há diferenças na
quantidade de excesso de gás nas fazendas que liberaram biogás ou o utilizaram
para outros fins, a proporção de excesso de biogás que foi liberada também foi
de 48,6%. Na mesma pesquisa, para 93 das 216 fazendas (43%) que usavam
GLP antes de instalar biodigestores de biogás, os agricultores indicaram que
economizaram em média 8,97 kg de gás GLP por causa do biogás consumido.
Esta economia em GLP corresponde a 21,7 kg ou 17,9 m3 de biogás, assumindo
um conteúdo energético de 45,8 MJ kg para GLP e 17,7 MJ kg para biogás e uma
eficiência térmica para GLP e fogões a biogás de 53,6% e 57,4% respectivamente
1
[29]. O tamanho médio do digestor de biogás no levantamento foi de 12,03 m3 .
1
Assumindo uma produção média de a0,2
dia [20], m3 de biogás
produção portorno
seria em m3 dededigestor e por
72 m3 por mês.
Isso significa
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740 S. Bruun et ai. / Revisões de energia renovável e sustentável 33 (2014) 736–741

que apenas 24,7% do biogás produzido é utilizado na fazenda e 75,3% é digerir [39], e por sua vez para mais efeitos negativos do digestor de biogás sobre
excedente. Uma vez que cerca de 48,6% do excesso é liberado diretamente, a o aquecimento global.
proporção do total de biogás produzido liberado diretamente ao meio ambiente é Um pré-requisito para evitar a liberação intencional de biogás e para o uso
de 36,6%. Este valor provavelmente será menor no inverno, quando a produção eficiente de digestores de biogás em geral é a confiabilidade do fornecimento de
é menor e, portanto, o excesso é menor. Em áreas com climas mais frios e para energia. É importante para o proprietário que a produção de gás seja confiável e
aqueles que usam digestores menores e com menos porcos, a liberação relativamente constante, para que o consumo possa ser ajustado para evitar
intencional provavelmente será muito menor. excesso de produção, valendo a pena manter o digestor e evitar vazamentos. Um
saco de armazenamento de biogás operacional feito de material de tecido flexível
No geral, as perdas totais de CH4 dos digestores de biogás podem chegar a pode melhorar significativamente a eficiência e a segurança do sistema. Também
40% da quantidade produzida se as emissões da entrada e saída, vazamentos e poderia permitir flutuações na produção e consumo de biogás e compensar as
liberações intencionais forem somadas. Esta é provavelmente uma estimativa de mudanças de volume relacionadas à temperatura. Um dos principais problemas
pior caso, mas localmente as perdas provavelmente variam de consideravelmente que afetam a confiabilidade da produção de biogás é que as variações sazonais
abaixo desse valor até consideravelmente acima dele. de temperatura afetam a taxa de produção em digestores de pequena escala não
isolados. Assim, no inverno, quando a demanda por biogás é tipicamente alta, as
baixas temperaturas limitam a produção em muitas áreas não tropicais. Cerca de
60% da perda de calor ocorre a partir do topo do digestor [40]. Uma solução
6. Quanto CH4 poderia ser emitido globalmente por digestores
simples poderia, portanto, ser isolar o topo do digestor com material orgânico, por
domésticos?
exemplo, palha, grama ou composto seco. Isso reduziria a influência das variações
da temperatura do ar ambiente, tornando a temperatura dos digestores enterrados
Usando os números acima, é possível estimar a liberação potencial de
mais próxima da temperatura do solo razoavelmente constante. Painéis simples
digestores domésticos de biogás de pequena escala em todo o mundo.
de energia solar também podem ser usados para fornecer calor ao digestor em
Com cerca de 31 milhões de digestores na China e uma produção média de 880
1 regiões ensolaradas. Alternativamente, a água quente aquecida pelo biogás pode
m3 ano de cada umresto
desses
do mundo
digestores,
comeuma
cerca
produção
de 4 milhões
de 380dem3
digestores
ano, issono
1 ser circulada através do digestor.
corresponde a uma produção total de todos os digestores de cerca de 2,8 1010 ,
m3 ano responde à produção de CH4 de aproximadamente 11 Tg anos de CH4
1
são 40% como estimado . Assumindo
acima como
umavalor
concentração
máximo, isto
de corresponde
CH4 de 60%,aesta
4,5 Tg
1 No entanto, em algumas áreas com baixas temperaturas no inverno, pode ser
ano Isto constitui aproximadamente 1% das emissões globais que.foram estimadas
muito difícil fazer o digestor funcionar e a tecnologia pode não ser aplicável.
em cerca de 550 Tg ano cerca de 10% das emissões associadas à produção de
1. Melhores previsões de produção de gás e técnicas para alinhar produção e
arroz, 3% das emissões associadas à fermentação
causadas por cupinsentérica
[37,38].ou 13%
Com umdas emissões
aumento
1 ou consumo de gás devem ser desenvolvidas sem sacrificar a simplicidade da
projetado em números para cerca de 100 milhões até 2020, as emissões podem,
tecnologia, tornando-a aplicável em áreas rurais de países em desenvolvimento.
chegar a 12 Tg ano, o que corresponderia a mais de 2% das emissões globais.
Novos projetos não devem, portanto, introduzir muita complexidade, aumentar
Como o CH4 é o gás de efeito estufa mais importante depois do CO2, contribuindo
custos ou adicionar demandas aos gerentes. Propõe-se, portanto, que os governos
com cerca de 0,7 W m de um forçamento radiativo total de cerca de 2,77 W m
apoiem iniciativas de pesquisa e desenvolvimento desenvolvendo soluções
[38], isso não é insignificante.
1 simples para melhorar a tecnologia do biodigestor de biogás.
,

2
2 Outra forma de evitar que o excesso de biogás seja liberado no meio ambiente
é um sistema eficiente de distribuição do gás. Compartilhar com os vizinhos é
Considerando que mesmo 100 milhões de digestores de biogás é um número
uma escolha óbvia, mas muitas vezes se mostrou difícil e só é possível em áreas
pequeno em comparação com o número potencial que poderia ser instalado em
densamente povoadas. A atualização ou purificação do gás e compressão em
todo o mundo, a proliferação futura descontrolada sem algum tipo de mecanismo
frascos é caro, mas também oferece uma oportunidade para os proprietários
para garantir o funcionamento correto poderia constituir uma bomba climática
gerarem renda [41]. O desenvolvimento de sistemas de distribuição deve, portanto,
virtual.
ser um foco chave para pesquisas e desenvolvimentos futuros.

7. Como garantir o correto funcionamento dos digestores domésticos

de biogás? 8. Exigência de mais conhecimento e regulamentos

Os digestores de biogás de pequena escala podem ser uma ferramenta de
gestão de dejetos muito útil e podem ajudar a reduzir os impactos do aquecimento
global se usados adequadamente. No entanto, a análise acima mostra que,
quando utilizados de forma inadequada, podem resultar em grandes emissões de
GEEs. Assim, é absolutamente crucial garantir que eles sejam operados
adequadamente.
Da análise acima, parece que o maior problema é a liberação intencional de
biogás. As libertações deliberadas devem-se, em parte, à rápida expansão da
produção pecuária asiática, com uma produção mais especializada e intensiva.
As fazendas especializadas usam ração comercial em vez de ração caseira, que
muitas vezes era cozida com biogás na fazenda. Assim, os digestores de biogás
recebem mais esterco e produzem mais gás, enquanto menos gás é usado para
o pré-tratamento da ração. Além disso, as fazendas especializadas estão
frequentemente localizadas longe das residências e, portanto, não é conveniente
usar o gás em outras residências. O aumento da produção pecuária também
reduz o tempo de retenção de biomassa nos digestores, levando a maiores
emissões de CH4 dos
A análise simplificada realizada aqui é útil para ilustrar os problemas causados
por vazamentos e pela liberação intencional de biogás.
No entanto, é evidente que há um conhecimento muito limitado sobre as emissões
de vazamentos e a liberação intencional de biogás de digestores de biogás de
pequena escala. Portanto, é imperativo aumentar o conhecimento disso com
medições empíricas de um grande número de digestores de diferentes países.
Além disso, é necessária uma análise mais refinada que inclua também as
emissões durante o armazenamento de esterco e as emissões a jusante e as
emissões durante a produção dos combustíveis substituídos. No entanto, a
análise ilustra claramente que é crucial que os governos e as agências de ajuda
ao desenvolvimento instituam requisitos para a manutenção do digestor e
manuseio do biogás antes de apoiar, criar incentivos e introduzir legislação relativa
à instalação de biodigestores de pequena escala. Educar os agricultores sobre a
manutenção e operação do digestor pode melhorar a produção de biogás [4]. No
entanto, também é provável que possa ajudar os agricultores a evitar as emissões
de CH4 decorrentes de vazamentos e, certamente, da ação intencional
Machine Translated by Google
S. Bruun et ai. / Revisões de energia renovável e sustentável 33 (2014) 736–741
liberação de biogás. A análise mostra que as vantagens ambientais de um
digestor dependem do combustível que está sendo substituído e, portanto,
isso deve ser considerado antes de apoiar a construção de um digestor de
biogás. Também é importante avaliar se há probabilidade de haver grandes
quantidades de biogás em excesso e se existe um sistema de distribuição
adequado ou sistema para se livrar do excesso de biogás. Por exemplo, pode
não ser viável queimar grandes quantidades de biogás em um bairro residencial
e formas alternativas de eliminar ou utilizar o excesso de biogás devem ser
planejadas antes que um digestor de biogás seja suportado em tal área.
9. Conclusões
Os cálculos apresentados aqui mostram que as emissões de CH4 das
entradas e saídas de digestores de biogás de pequena escala, de vazamentos
e de liberações intencionais, provavelmente serão substanciais devido à
manutenção deficiente e manuseio inadequado do biogás. Em muitos casos,
o impacto do aquecimento global deste CH4 pode ser maior do que os
impactos evitados pela substituição de outros combustíveis para cozinhar e
outros fins. Em particular, a observação de que grandes quantidades de
biogás podem ser liberadas intencionalmente quando a produção de biogás
excede o consumo é motivo de preocupação.
Os digestores de biogás de pequena escala podem ser uma ferramenta
muito útil de gerenciamento de dejetos e podem ajudar a reduzir os impactos
do aquecimento global se usados adequadamente. No entanto, se usado de
forma inadequada, sua proliferação pode constituir uma bomba climática
virtual. Portanto, é crucial que as agências de ajuda ao desenvolvimento e os
formuladores de políticas introduzam requisitos para manutenção de digestores
e manuseio de biogás antes de apoiar, criar incentivos e introduzir legislação
sobre a instalação de biodigestores de pequena escala.
Reconhecimentos
A revisão atual foi realizada em conexão com
o projecto SUSANE II financiado pela Danida, a Cooperação Dinamarquesa para
o Desenvolvimento.
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