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A partir desse contexto, a questão que norteou esse estudo foi: Quantos
procedimentosdolorosos foram realizados pelos profissionais de saúde responsáveis pelo
cuidado dos recém-nascidos e como a escala NIPS foi aplicada? Como objetivo: Avaliar a
ocorrência dos procedimentos dolorosos em recém-nascidos prematuros internados em
unidades neonatais.
O objetivo desse estudo torna-se bastante relevante, tanto para o ponto de vista clínico,
como epidemiológico dos pacientes internados na UTIN, pois estão expostos a diversos tipos
de estímulos que desencadeiam sensações dolorosas, sendo observado, como fomento
importante não somente para a criação de novas pesquisas, mas também para o efetivo
controle desse problema em ambiente hospitalar, viabilizando a descoberta de novas
percepções da compreensão dos profissionais de saúde frente ao processo doloroso do RNPT
e com isso seu manejo adequado.
MATERIAIS E MÉTODOS
Trata-se de uma revisão integrativa, exploratória de caráter bibliográfico baseada nos
artigos científicos publicados sobre o desmame precoce. Esta pesquisa trouxe como questão
norteadora, “o que os artigos publicados em base de dados, relatam sobre a dor neonatal:
procedimentos em relação ao manejo da dor em recém-nascidos nas UTIN?”
Esse estudo foi realizado nos meses de fevereiro a maio do corrente ano, considerando
publicações de artigos científicos, selecionados e publicados no período de 2012 a 2022,
disponíveis eletronicamente em texto completo, nos idiomas português e inglês nas referidas
bases de dados LILACS, MEDLINE e BDENF.
Para a triagem dos artigos foram postos os seguintes critérios de escolha: Base de
dados, País de origem, Título em português, tipo de estudo, autores, periódico e ano de
publicação, leitura do título e dos resumos que considerassem o assunto. Para exclusão, foram
considerados artigos fora do período demarcado, não disponíveis em texto completo, livros e
aqueles cujos temas não atendiam à questão norteadora da pesquisa ou não apresentavam
relação com o escopo da pesquisa. Empregou-se os respectivos descritores: dor neonatal,
recém-nascido, manejo da dor, enfermagem e unidade de terapia intensiva. Todos os artigos
escolhidos foram submetidos à uma atenta leitura, feita em duas etapas: primeiramente foi
realizada a síntese dos dados de identificação e a distinção da amostra e, depois, a análise do
teor dos artigos.
A presente pesquisa, concretizada com dados secundários, está regularizada nas
normas éticas envolvidas nas resoluções n◦ 510/16 e 466/12 inerentes à pesquisa, por ser
embasada em dados secundários disponíveis gratuitamente nas bases de dados e não ser
diretamente realizada com seres humanos, ela não precisouser encaminhada ao Comitê de
Ética.
Neste estudo foram analisados artigos e delimitados conforme com os critérios de inclusão
e exclusão.
Dos artigos selecionados 99 foram excluídos e foram incluídos 9 artigos como se pode
ver na tabela a seguir:
Excluídos (99)
Amostra Final (09)
RESULTADOS
Os artigos foram dispostos e expostos em forma de quadro, para auxiliar a leitura e a
conferência entre eles, sendo organizados conforme o título, autores, ano de publicação e
resultados, e após uma leitura minuciosa 09 artigos foram selecionados e analisados na integra
expostos no Quadro2.
Fonte: Os autores.
A análise dos textos em busca das respostas para a questão que orientou esta revisão,
procedeu na construção de quatro categorias de análise, as quais foram assim expostas: A
revisão dos textos resultou na construção de três categorias de análise: Identificação e
tratamento da dor no recém-nascido; os procedimentos e manejo da dor aplicados em recém-
nascidos internados em unidade de terapia intensiva; e o conhecimento dos profissionais no
manejo da dor, em específico o enfermeiro. Estas categoriais surgiram da comparação e
discussão dos dados apresentados nos diferentes artigos estudados. Os artigos apontam os
fatores que desencadeiam a dor neonatal e os estudos demonstram que apesar das estratégias
existentes, ainda é necessário melhorá-las.
DISCUSSÕES
Diante dos artigos que foram selecionados, os profissionais com os cuidados ao RN
enfermo que permanece internado na UTI Neonatal precisam estar aptos a interpretar a
linguagem de dor própria dessa faixa etária, afim de que possa cumprir a sua função como
profissionais de saúde: diminuir o sofrimento do paciente.
Com relação ao reconhecimento da dor, segundo o estudo trazido por Santos et al.,
100% dos participantes deste estudo acenaram que acreditavam no fato do recém-nascido
prematuro sentir este processo. Este dado também foi encontrado em estudos nacionais20.
Com relação ao reconhecimento da dor como o quinto sinal vital, esse estudo
demonstrou que 83,3% dos cooperadoresavaliavam a dor como o quinto sinal vital a ser
reconhecido no RNPT, enquanto que 16,7% não a avaliavam como uma variável a ser medida
em conjunto com outros parâmetros clínicos pela equipe multiprofissional 20. Diante dos dados
obtidos esse estudo demonstrou que o não reconhecimento da dor como uma variável vital a
ser analisada na prática clínica diária é preocupante20.
De tal modo, nos últimos anos, grandes avanços aconteceram em relação à avaliação
da dor, que hoje podem ser utilizados em diferentes locais. Foi importante a padronização da
dor como quinto sinal vital, pela Joint Commission onAccreditationof Healthcare
Organizations (JCAHO). Para a JCAHO, a avaliação da dor inclui a localização, a intensidade
da dor baseada em escalas comportamentais, parâmetros fisiológicos entre outras20.
Para Spasito et. al. no que se refere aos dispositivos utilizados ao longo da primeira
semana de internação na UTIN, na prática clínica nota-se que, ainda a inserção de dispositivos
possa provocar dor, mantê-los também causa incômodo nos recém-nascidos sobretudo em
decorrência de manipulação21. Em uma revisão sistemática, envolvendo 18 estudos
observacionais sobre dor procedural em recém-nascidos internados em UTIN, identificou-se
média entre 7,5 e 17,3 procedimentos invasivos por RN, para cada dia de internação21.
Quanto à aplicação da escala NIPS na UTINavaliada, ainda que tenha exibido alta
frequência, menos de 4% do total correspondeu à pontuação equivalente a dor. Esse dado,
possivelmente não cogita a condição vivenciada pelos recém-nascidos, levando em
consideração a quantidade de procedimentos sofridos e dispositivos em uso. Em estudo
brasileiro feito com profissionais atuantes em unidade neonatal da Região Centro-Oeste,
notou-se que, embora a maioria dos profissionais terem referido conhecer alguma escala de
avaliação da dor, somente 24% indicaram sempre utilizá-la21.
O estudo ainda, destaca que a principal medida farmacológica utilizada foi o fentanil
contínuo (49%). Outro estudo demonstrou que a principal medida farmacológica utilizada foi
o fentanil intermitente (72%)23. Já em outra pesquisa, a intervenção farmacológica mais usada
foi a combinação de midazolam e fentanil (37,8%)23.
Em relação ao elevado número de procedimentos dolorosos, em 21,1% dos
prontuários, qualquer medida não farmacológica foi documentada entre a admissão e o
terceiro dia de internação. As estratégias não farmacológicas mais utilizadas foram redução de
luminosidade (28%) e o aconchego no leito/aninhamento(26%), intervenções que não são
analgésicas, porém contribuem para o alívio da dor e conforto neonatal, principalmente
quando combinadas a outras intervenções. Resultados semelhantes foram encontrados em
outro estudo, em que as medidas não farmacológicas mais frequentemente realizadas
incluíram o aconchego no leito/aninhamento (26%) e controle de ambiente pela redução de
luminosidade (20%)23.
No que se refere ao controle da dor, os dados demonstram que a equipe tem usado,
maiormente, estratégias não farmacológicas de controle da dor como recurso terapêutico
(98,1%). As medidas não farmacológicas mais frequentemente empregues incluíram o
posicionamento em ninho (25,8%), controle de ambiente através da redução de luminosidade
(20,4%) e ruídos (18,8%), manejo mínimo (12,5%) e contenção facilitada (11,4%). Tais
estratégias apresentam baixo ou nenhum risco de complicação24.
Medidas não farmacológicas podem ser seguidas de forma isolada como abordagem
única nos casos de dor leve, ou como táticascombinadas nos casos de dor moderada a intensa.
Pesquisas apontam que a associação de mais de uma medida não farmacológica pode oferecer
efeito sinérgico protetor, como acontecenos casosdo uso de sucção não nutritiva e solução
oral de glicose24.Medidas comprovadamente eficazes nos procedimentos para alívio da dor no
recém-nascido, contudo, foram pouco usadas. Muitos resultados de revisões metódicas
apoiam a eficácia e a segurança da amamentação como medida analgésica24.
O parâmetro indicado com unanimidade pela equipe de enfermagem da UTIN onde foi
realizada a pesquisa, foi o choro, sendo um sinal considerado mais importante para analisar a
dor no neonato26. O uso da avaliação do choro de modo independente, na prática, é muito
questionável, porque o choro pode abranger outras incitações que não sejam o doloroso, como
fome, sono, desconforto, frio, angústia, as cólicas abdominais, a agitação, entre
outros22.Assim sendo, o choro não fornece isoladamente subsídios para a decisão terapêutica
apropriada a respeito da necessidade de analgesia na prática clínicajá que a oferta de leite, o
banho ou a retirada do bebê da incubadora, foram expostas como medidas de alívio para Dor
Máximaou nada era feito26-28.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Foi observado através dos estudos que os enfermeiros consideravam a dor neonatal
como um evento real, entretanto não realizavam avaliação ou tratamento da dor no recém-
nascido de modo sistematizado. É imprescindível implementar estratégias de tradução do
conhecimento para aperfeiçoar o manejo da dor de recém-nascidos.
Em suma é necessário expandir as discussões sobre essa temática a partir da
sistematização e educação permanente nos serviços de cuidados intensivos ao neonato.
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