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MARIOLOGIA

A Mariologia é a parte da Teologia que estuda a figura, o mistério, a missão e


o significado de Maria na história da salvação.
CONHECENDO MARIA
Como nos diz Frei Ignacio Larrañaga, em seu livro Encontro – Manual de
Oração: “Nunca a comunicação é tão profunda como quando não se diz nada; e nunca o silêncio é tão
eloqüente como quando nada se comunica”. (LARRAÑAGA, 1991, p.87)

Para fazermos um perfil de Maria, a Senhora do Silêncio, é necessário


entendermos que o mesmo silêncio de Maria nunca foi alienação, distração, mas sim, uma
meditação profunda sobre sua missão. O que mais desejamos mostrar aqui é o perfil de
uma mulher ativa, entregue totalmente às mãos de Deus.
Queremos citar Paulo na Carta aos Efésios 1, 11 onde vemos que em Cristo
fomos todos predestinados, para louvor de sua glória, a colocarmos somente nele nossa
esperança. E assim o fez Maria. Ela, a santa, a mãe da esperança, que confiante se lançou
por inteiro no projeto do Senhor. Desde a anunciação, Maria não se negou a assumir sua
parte de responsabilidade na construção do Reino.
Sendo chamada no evangelho de Lucas “mãe do Filho do Altíssimo”, não se
resignou a ser servida por todos, mas colocou-se a caminho da casa de Isabel para servir.
Aí está o grande segredo: Maria não se deixa levar por títulos. Sabendo-se agraciada não
se acomoda, mas se move em direção ao outro. O seu fiat é sinal de comprometimento.
Quando o anjo lhe diz para não temer, sentimos em nós o eco dessa resposta,
Não temer significa que, como Maria, devemos nos libertar de todas as regras estipuladas
e seguir o Senhor em seu projeto. E isso, nos dias atuais, significa romper com as
estruturas estabelecidas e ir ao encontro dos que realmente precisam de nós. Na certeza
de estar agindo com o Espírito que a cobriu com sua sombra, Maria vai ao encontro de
Isabel para ajudá-la e dar a ela seu apoio.
Novamente, por ação do Espírito, Maria é saudada como bendita entre as
mulheres, mas isso não lhe desfoca a visão. Sua resposta, baseada no cântico de Ana,
mãe do profeta Samuel, além de demonstrar o quanto ela sentia em relação ao povo de
Israel, é um grito de liberdade e vontade de seguir a Deus. Embora fosse uma mulher
simples, proveniente de uma pequena aldeia e, por certo, tachada de ignorante e visionária
pela maioria dos que a cercavam, ela demonstra sua espiritualidade no grande cântico do
Magnificat.
Ela sabia “pensar” e usava sua voz para declarar o que muitos não tinham
coragem para fazer: “Santo é o Senhor que toma conta dos pequeninos e fez grandes
coisas para salvar seu povo”! Fica claro que, para Maria, a atividade de construção do
Reino é uma via de mão dupla, onde Deus se revela, mas espera que cada um assuma a
sua parte. Ela se faz auxílio de Isabel durante a gravidez.
Sua hora chega. Ela será Mãe. Estão fora, ela e José, do seu ambiente, de sua
casa. Caminhavam para fazer um recenseamento. Não encontram pousada. Abrigam-se em
uma gruta. O Salvador do mundo vem à luz num lugar pobre e desprovido de qualquer
conforto. Mais uma vez, Maria medita tudo em seu coração.
A história segue e vemos Maria, já mãe, receber visitas: pastores, magos,
curiosos… Se pensarmos assim poderíamos presumir que ela, daí em diante, fosse
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simplesmente esperar por honrarias, mas ela retoma sua vida, cumpre suas obrigações
como cidadã daquela época indo fazer o recenseamento. Quando o Menino completa oito
dias, José e ela levam-no ao templo e aí, nas palavras de Simeão, Maria vê de relance o
quanto teria ainda que crescer na fé e o que teria de enfrentar. Queixou-se? Não! Guardou
tudo em seu coração e continuou sua missão.
De repente, a notícia fria, a perseguição, o medo. É preciso proteger o Menino
(mas Ele não é Filho do Altíssimo???). José e Maria, ambos preocupados com o desfecho
da história não se deixam dominar. Fogem e vão viver num lugar onde o pequeno esteja
são e salvo. Mais uma vez, a pressa em acudir o que precisa de proteção é patente. Maria
participa de tudo ativamente, na certeza de que assim se constrói o Reino, meditando
sobre as coisas que guardava em seu coração,
Em outra ocasião, quando da visita anual obrigatória ao templo de Jerusalém,
José e ela percebem que o menino não havia voltado com eles na caravana. Ambos se
põem no caminho de volta para Jerusalém para procurar o Menino. As palavras de Maria
para seu Filho são as palavras de qualquer mãe que repreende porque ama, mas o que ela
escuta em resposta, lhe abre a mente para uma realidade maior e ainda desconhecida.
Jesus começa sua vida pública e incansável percorre territórios, anda com
gente que não é bem vista, fala de Seu Pai e não é compreendido. Mas os simples O
adoram e O seguem. Na verdade, não o deixam por um segundo! Maria novamente toma a
iniciativa. Com os seus vai procurá-lo e novamente tem que escutar a resposta dura:” é
preciso antes fazer a vontade do Pai” sem se incomodar com laços afetivos, parentesco;
sem se incomodar com comer, dormir…
Ela cresce no aprendizado de sua missão e se prepara, sempre recordando as
palavras de Simeão. Há também ocasiões felizes, festas. Ela está lá servindo com todas as
outras mulheres e percebe o perigo da festa acabar, pois o vinho da festa havia terminado.
Rapidamente recorre a Jesus e espera dele a solução para o problema. A resposta vem fria
e dura: “a hora ainda não era aquela”, mas confiante, mostrando o quanto conhecia de Seu
Filho, simplesmente toma de novo a iniciativa e diz aos servos:” FAZEI TUDO O QUE ELE
MANDAR”. Já aprendera a confiar e a caminhar do jeito de Seu Filho.
Assim, ela persiste na sua missão, acompanha seu Filho até as últimas
loucuras (Onde já se viu uma coisa dessas? Dar a própria vida para em Si recapitular todas
as coisas!). Mas quem ama entende o Amor e seus desígnios e só pode pensar em
contribuir, ajudar da melhor maneira possível para que o plano de Deus se realize por
inteiro. Ela, a simples mulher nazarena, está com Ele até o fim. Em pé, diante da cruz, ainda
uma vez aceita continuar sua missão: mãe e animadora da comunidade. É preciso mantê-
los em unidade, conservá-los na esperança. É preciso que sejam adotados como filhos e
tratados como tal.

Maria persevera, ora e espera. Recebe a notícia da ressurreição e sabe onde a


fé a levou. Feliz por ter colaborado com seu Menino, o Espírito a encontra em sintonia com
Ele em Pentecostes. Ela, a mãe, a mulher ativa que não se deixou abater embora sofresse
com tudo que passou, estava e estaria sempre lá, com seus outros filhos, intercedendo
ativamente, orando conosco e por nós, para que cada um possa desempenhar seriamente
seu papel na construção do Reino.

QUATRO VERDADES SOBRE MARIA


1) Maria é imaculada, em virtude dos méritos de Jesus Cristo. Ela foi salva por
antecipação, tendo em vista sua missão de Mãe do Salvador.
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2) Maria é Mãe de Deus. (Jesus é a 2ª pessoa da SS.Trindade).
3) Maria é Virgem.
4) Maria foi assumida por Deus sem restrições. Ela está no céu, junto dos
outros santos, mas um pouco superior a eles, Por isso acreditamos na
Assunção de Maria e a chamamos Virgem Santíssima.

O termo “dogma” provém da língua grega, “dógma”, que significa “opinião”e


“decisão”. No Novo Testamento, é empregado no sentido de decisão comum sobre uma
questão, tomada pelos apóstolos (cf. At 15,28). Os Padres da Igreja, antigos escritores
eclesiásticos, usavam dogma para designar o conjunto dos ensinamentos de Jesus e
também uma decisão da Igreja.

As proclamações dos dogmas marianos são belos testemunhos do


pensamento do Magistério vivo e do fervor dos fiéis, desde os primeiros séculos do
Cristianismo. O surgimento das primeiras heresias e o surto de amor à verdade que se
insurgiu contra elas vai dar uma oportunidade única ao desenvolvimento da Doutrina
Cristã, fomentando a reflexão teológica e propiciando as intervenções do Magistério da
Igreja, vigilante salvaguarda da Fé.

O mistério não contradiz a razão humana, mas a excede. Entre os teólogos


favoráveis à imaculada conceição de Maria devemos mencionar o Bem-aventurado Duns
Scotus, que argumentava assim: Deus podia criá-la sem mancha, porque a Deus nada é
impossível (Lc 1,37); convinha que Deus a criasse sem mancha, porque ela estava
predestinada a ser a Mãe do Filho de Deus e, portanto, ter todas as qualidades que não
obnubilassem o filho; se Deus podia, se convinha, Deus a criou isenta do pecado original, ou

seja, imaculada antes, durante e depois de sua conceição no seio de sua mãe. O dogma da
Imaculada Conceição, proclamado pelo Papa Pio IX em 1854, teve como pano de fundo a
luta que na época a Igreja travava contra o racionalismo. Essa corrente negava a
possibilidade de forças sobrenaturais agirem no mundo. O dogma da Imaculada realça
justamente a intervenção direta de Deus no mundo ao preservar Maria do pecado original.

MATERNIDADE DIVINA : Cristo é pessoa divina e Maria é a Sua mãe. Foi


declarado no Concílio de Éfeso, em 431. Na época a Igreja vivia uma profunda polêmica
interna causada pelos nestorianos, corrente muito popular entre as comunidades cristãs
do Oriente. Segundo eles, Jesus tinha duas naturezas, uma humana e outra divina, mas
pouco ligadas. Maria seria mãe apenas de Cristo como homem. Para combater esse
pensamento, a Igreja outorgou-lhe o título de Theotokos (Teótokos), expressão grega que
significa “Mãe de Deus”.

VIRGINDADE PERPÉTUA : Maria foi virgem antes, durante e depois do parto.


Foi declarado no segundo Concílio de Constantinopla, em 553. A virgindade de Maria é
uma idéia tradicional, que remonta às origens do cristianismo, mas gerou bastante
polêmica ao longo da história da Igreja. Foi questionada pelos pagãos, que não
compreendiam como uma virgem poderia dar à luz. Há duas palavras nas Escrituras hebraicas
que podem ser traduzidas para nós como virgem: betulah e almah . Betulah é o termo mais
comum no Tanach para virgem, ou seja, pessoa que nunca teve relações sexuais (como
em Isaías 23:12; 37:22; 47:1; 62:5 etc.). Almah, muitas vezes nas Escrituras não é traduzida
para o Português como virgem, mas sim, como “moça”, “jovem”, “donzela”(como
podemos ver nas demais traduções desta palavra: Gênesis 24:43;Êxodo 2:8; Salmos
68:25; Provérbios 30:19; Cantares 1:3; 6:8).

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ASSUNÇÃO DA VIRGEM MARIA: Após a morte Maria subiu ao Céu em corpo
e alma. Depois de Cristo, ela foi a única criatura que teve esta distinção. Foi declarado por
Pio XII no pós-guerra, em 1950. Após a maciça mortandade da Segunda Guerra, o dogma
fala da santidade da vida e da dignidade dos corpos humanos, ao lembrar que eles também
estão destinados à Ressurreição. Na Constituição Apostólica Munificentissimus Deus, o
Pontífice afirmou que, depois de terminar o curso terreno de sua vida, ela foi assunta de
corpo e alma à glória celeste. Mais de 200 teólogos, em todas as partes da Igreja,
demonstraram interesse e entusiasmo pela definição dogmática. Imaculada e assunta aos
céus, Maria é a realização perfeita do projeto de Deus sobre a humanidade. A Assunção
manifesta o destino do corpo santificado pela graça, a criação material participando do
corpo ressuscitado de Cristo, e a integridade humana, corpo e alma, reinando após a
peregrinação da história (CNBB /2013 Catequese renovada, no 235).

O QUE DIZEM OS APÓSTOLOS E OS PADRES DA IGREJA SOBRE OS DOGMAS

Os santos padres, desde os tempos apostólicos, foram unânimes a respeito


destas questões.

Santo André diz: "Maria é mãe de Deus, resplandecente de tanta pureza, e radiante de tanta
beleza, que, abaixo de Deus, é impossível imaginar maior, na terra ou no céu." (santo
Andreas apost. in transitu b. v., apud amad.).

São João evangelista diz: "Maria é verdadeiramente mãe de Deus, pois concebeu e gerou
um verdadeiro Deus, deu à luz, não um simples homem como as outras mães, mas Deus
unido à carne humana." (s. joão apost. ibid).

S. Tiago: "Maria é a santíssima, a imaculada, a gloriosíssima mãe de Deus" (s. jac. in


liturgia).

S. Dionísio areopagita: "Maria é feita mãe de Deus, para a salvação dos infelizes." (s. dion.
in revel. s. brigit.)

S. Jerônimo:"Maria é verdadeiramente mãe de Deus“. (s. j. in serm. ass. b. v.).

Santo Agostinho: "Maria é mãe de Deus, feita pela mão de Deus". (s. agost. in orat. ad
heres.).

São Tiago Menor. O Santo Apóstolo não se limita a isso, mas torna a sua fé mais
expressiva ainda. Após a consagração e umas preces, ele faz dizer ao Celebrante:
"Prestemos homenagem, principalmente, a Nossa Senhora, a Santíssima, Imaculada,
abençoada acima de todas as criaturas, a gloriosíssima Mãe de Deus, sempre Virgem
Maria.

O evangelista São Marcos, na Liturgia que deixou às igrejas do Egito, serve-se de


expressões semelhantes: "Lembremo-nos, sobretudo, da Santíssima, intemerata e bendita
Senhora Nossa, a Mãe de Deus e sempre Virgem Maria".

Santo Hipólito, bispo de Porto e mártir, escreveu em 220: "O Cristo foi concebido e tomou
o seu crescimento de Maria, a Mãe de Deus toda pura". Mais além ele diz: "Como o
Salvador do mundo tinha decretado salvar o gênero humano, nasceu da Virgem Maria".

Terminamos o primeiro século com as palavras de Santo André, apóstolo,


expondo a doutrina cristã ao pró-cônsul Egeu, passagem que figura nas atas do martírio
do mesmo santo, e data do primeiro século: "Tendo sido o primeiro homem formado de
uma terra imaculada, era necessário que o homem perfeito nascesse de uma Virgem
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igualmente imaculada, para que o Filho de Deus, que antes formara o homem, reparasse a
vida eterna que os homens tinham perdido" (Cartas dos Padres de Acaia).

A doutrina da Imaculada Conceição era conhecida no primeiro século e por


todos admitida. No século segundo, os escritos dos Santos Padres falam da Imaculada
Conceição como um fato indiscutível. Entre os escritores e oradores deste século,
contamos: São Justino, apologista e mártir; Tertuliano e Santo Irineu.

Orígenes, que viveu em 226 e pareceu resumir a doutrina e as tradições de sua época,
escreveu: "Maria, a Virgem-Mãe do Filho único de Deus, é proclamada a digna Mãe deste
digno Filho, a Mãe Imaculada do Santo e Imaculado, sendo ela única, como único é o seu
próprio Filho."

No século quarto, aparecem inúmeros escritos sobre a Imaculada Conceição, cada vez
mais explícitos e em maior número. Temos diante de nós as figuras incomparáveis de
Santo Atanásio, de Santo Efrem, de S. Basílio Magno, de Santo Epifânio, e muitos outros,
que constituem a plêiade gloriosa dos grandes Apóstolos do culto da Virgem Santíssima e,
de modo particular, de sua Imaculada Conceição.

PARA BOM ENTENDEDOR, MEIA PALAVRA BASTA!

Quanto a Martinho Lutero e sua devoção à Virgem Maria, eis o que


encontramos em muitos de seus sermões:

“Cristo era o único filho de Maria. Das entranhas de Maria, nenhuma criança além dEle. Os
‘irmãos’ significam realmente ‘primos’ aqui: a Sagrada Escritura e os judeus sempre
chamaram os primos de irmãos” (Martinho Lutero – Sermões sobre João 1-4, 1534-39)

“Cristo, nosso Salvador, foi o fruto real e natural do ventre virginal de Maria. Isto se deu
sem a cooperação de um homem, permanecendo virgem depois do parto” (Martinho
Lutero, idem.)

“Deus diz: ‘o filho de Maria é meu Filho somente.’ Desta forma, Maria é a Mãe de
Deus”(Martinho Lutero, Ibidem)

“É uma opinião doce e piedosa que a infusão da alma de Maria ocorreu sem o pecado
original; de modo que, ao infundir a sua alma imune ao pecado original, foi adornada com
presentes de Deus, recebendo uma alma pura, infusa por Deus; assim, desde o primeiro
momento em que começou a viver ela esteve livre de todo o pecado” (Sermão: “No dia da
concepção da Mãe de Deus,” Dezembro de 1527 [?].

No seu sermão em 15 de agosto de 1522, quando pregava pela última vez na festa da
Assunção, afirmou: “Não se pode haver nenhuma dúvida que a Virgem Maria está no céu.
Como isso aconteceu, nós não sabemos. E já que o Espírito Santo não nos revelou nada
sobre isso, não podemos fazer disso um artigo de fé. É suficiente sabermos que ela vive
em Cristo”

Lutero era favorável à pratica devocional da veneração a Maria e expressou


isso em inúmeras ocasiões com veemência:

“A veneração de Maria está inscrita no mais profundo do coração humano” (Martinho


Lutero – Sermão em 1º de setembro de 1522)

“Maria é a mulher mais elevada e a pedra preciosa mais nobre no Cristianismo depois de
Cristo… Ela é a nobreza, a sabedoria e a santidade personificadas. Nós não poderemos
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jamais honrá-la o bastante. Contudo, a honra e os louvores devem ser dados de tal forma
que não ferem a Cristo nem às Escrituras” (Martinho Lutero – Sermão na festa da Visitação
em 1537)

“Devemos honrar Maria como ela mesma desejou e expressou no Magnificat. Louvou a
Deus por suas obras. Como, então, podemos nós exaltá-la? A honra verdadeira de Maria é
a honra a Deus, louvor à graça de Deus. Maria não é nada para si mesma, mas para a
causa de Cristo. Maria não deseja com isso que nós a contemplemos, mas, através dela,
Deus” (Martinho Lutero – Explicação do Magnificat – em 1521).

“Maria é a Mãe de Jesus e a Mãe de todos nós, embora fosse só Cristo quem repousou no
colo dela… Se ele é nosso, deveríamos estar na situação dele; lá onde ele está, nós
também devemos estar e tudo aquilo que ele tem deveria ser nosso. Portanto, a mãe dele
também é nossa mãe.”(Martinho Lutero – Sermão de Natal de 1529)

MARIA SANTÍSSIMA NO CORÃO E NO ISLAMISMO

Maomé conheceu os escritos bíblicos assim como tradições judaicas e cristãs.


Ao redigir o Corão, deixou transparecer grande estima por Maria SS., à qual dedicou o
capítulo (Sura) 19, versos 16-34 do seu livro, além de fazer várias outras referências a
Maria SS.

Maria é mencionada trinta e quatro vezes no Corão, sendo a única mulher


designada por seu nome pessoal. Outras mulheres, como Khadija, Aisha e Fátima são
indicadas por algum título seu ou pelo relacionamento que tiveram com Maomé.

Mais: entre os semitas, que são também os árabes, as crianças são


designadas como filhas de seu pai, e não de sua mãe. Todavia os maometanos chamam
Jesus “o filho de Maria” – o que exprime a estima que consagram a Maria SS. O próprio
capítulo 19 do Corão tem por título “Maria” e é considerado como um dos mais
comoventes capítulos do Livro. No Corão, Maria é apresentada, por vezes, em termos
semelhantes aos que designam o “Profeta”. Tanto Maria como Maomé são tidos como
pranchas virginais sobre as quais Deus escreveu a sua Palavra (Kalima, em árabe); Maria é
dita “a Mãe da Palavra”. Tanto Maria como Maomé receberam a visita do arcanjo Gabriel,
que lhes insuflou o Santo Espírito ou a Palavra de Deus. Esta Palavra tornou-se em Maria
uma criança, e em Maomé um livro. Em conseqüência, dizem alguns comentadores, o
Corão representa Jesus sob a forma de livro, e Jesus representa o Corão sob a figura de
um homem. O apreço devotado pelo Corão a Maria SS. explica que no Médio Oriente os
muçulmanos, principalmente as mulheres, visitem santuários marianos, a fim de venerar a
Virgem Maria e pedir a sua assistência. É o que se dá com especial interesse em Éfeso,
onde se encontra a casa tida como residência de Maria, hoje chamada em língua turca
Meryem Ana; lá vão rezar grupos de estudantes, militares e famílias muçulmanos.

OUTROS ESCRITORES ANTIGOS

Há escritores que nos legaram livros completos sobre a Virgem Maria. Outros
deixaram partes, breves ou longas, em seus escritos. Suas reflexões marianas
contribuíram no desenvolvimento da Mariologia e do culto de Nossa Senhora.

Severiano de Gábala (+ 408), escritor da patrística oriental, ressaltou a intercessão da Mãe


de Deus em favor da Igreja. Em uma de suas homilias, preconizava: “Também agora não
falta a Deus Débora, não falta a Deus Jael. Temos também a nós a santa Virgem e Mãe de
Deus Maria que intercede por nós”.

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São Jerônimo (347-420), monge e escritor eclesiástico, destacou-se pelo estudo das
Sagradas Escrituras. É conhecido principalmente por sua tradução da Bíblia para o latim,
chamada Vulgata. No culto mariano mostrou a importância da imitação da Mãe de Jesus.
Afirmava: “Propõe-te como modelo a Santíssima Virgem, cuja pureza foi tanta que mereceu
ser a Mãe do Senhor”.

O Papa Leão Magno (+ 461), que governou a Igreja de 440 a 461, é conhecido pela sua
defesa da ortodoxia e pela manutenção da unidade do povo de Deus. Pontuava: “O Filho
de Deus, que é Deus como seu Pai, e que recebe do Pai sua mesma natureza, Criador e
Senhor de tudo, que está presente em toda parte e transcende o universo inteiro, na
seqüência dos tempos, que de sua providência dependem escolher para si este dia, para
em prol da salvação do mundo, nele nascer da Bem-aventurada Virgem Maria,
conservando intacto o pudor de sua Mãe. A virgindade de Maria não foi violada no parto
como não fora maculada na conceição”. Leão Magno também comparou a fonte batismal
ao seio da Mãe de Jesus Cristo, o Salvador da humanidade. Sua afirmação lapidar é a
seguinte: “Deus concedeu à água batismal o mesmo poder que concedeu à Mãe, o de gerar
Cristo no coração dos fiéis”.

No século VII São Sofrônio exaltou a superioridade de Nossa Senhora em relação aos
anjos e homens. Com entusiasmo dizia: “Quem ousará, ó Virgem Maria, competir
convosco? Deus nasceu de vós. Haverá alguém que se não reconheça inferior a vós, e
mais ainda, não vos conceda alegremente a primazia e a superioridade? Por isso ao
contemplar as vossas eminentes prerrogativas, que superam as de todas as criaturas, eu
vos aclamo com todo o entusiasmo: Ave, cheia de graça, o Senhor é convosco. Por meio
de vós foi concedida a alegria não somente aos homens, mas também aos anjos do céu”.
No século VIII Santo André de Creta, bispo, ao meditar sobre a festa da Natividade de
Nossa Senhora, asseverava: “Era absolutamente necessário ao esplendor e à evidência da
vinda de Deus aos homens uma introdução jubilosa, antecipando para nós o grande dom
da salvação. Este é o sentido da solenidade de hoje que tem início na natividade da Mãe de
Deus, cuja conclusão perfeita é a predestinada união do Verbo com a carne. Agora a
Virgem nasce, é alimentada com leite, plasmada e preparada como mãe para o Deus e rei
de todos os séculos”.

São João Damasceno (675-749), conhecido como “orador de ouro”, escreveu cerca de 150
obras. Os estudiosos mostram que ele é uma das testemunhas mais autorizadas da
tradição patrística e teológica que reconhece a Assunção da Virgem Maria. Em uma de
suas homilias, dizia a respeito da Mãe de Jesus: “Os Apóstolos, juntamente, levaram-te
aos ombros, a ti, verdadeira arca, como em tempos os sacerdotes levaram a arca
figurativa, e depuseram-te no túmulo: então através do túmulo, qual outro Jordão, fizeram-
te chegar à verdadeira Terra prometida, quero dizer, à ‘Jerusalém celeste’, a mãe de todos
os crentes, ‘de quem Deus é o arquiteto e o construtor”.

São Bernardo de Claraval (1091-1153), abade e escritor, encarnou o gênio religioso de sua
época, cuja obra combinou espiritualidade com dedicação à Igreja. Seus “Louvores à
Virgem Maria” constituem o clássico livro sobre a devoção mariana. Escreveu: “Em Maria
existe algo ainda maior que se deve admirar: a fecundidade unida à virgindade. De fato,
jamais se ouviu dizer que uma mulher fosse, ao mesmo tempo, mãe e virgem”.
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No século XII Santo Elredo, abade, abordou, com muita precisão, vários aspectos da
devoção mariana. Dizia: “Aproximemo-nos da esposa do Senhor, aproximemo-nos de sua
ótima serva. (...) Mas que faremos? Que presentes lhe ofereceremos? E se pudéssemos, ao
menos, dar-lhe de volta o que por justiça lhe devemos?! Nós lhe devemos honra, nós lhe
devemos serviço, nós lhe devemos amor, nós lhe devemos louvor. Honra, porque é a Mãe
de nosso Senhor. Quem não honra a mãe, sem dúvida alguma, despreza o filho. E a
Escritura diz: ‘Honra teu pai e tua mãe’ (Dt 5,16)”.

Santo Anselmo de Cantuária (1033-1109), bispo e teólogo, defendia que a fé é ponto de


partida para a pesquisa. Deixou-nos belíssimas meditações sobre Nossa Senhora. Afirmou
da Virgem Maria: “O céu e as estrelas, a terra e os rios, o dia e a noite, e tudo quanto
obedece ou serve aos homens, congratulam-se, ó Senhora, porque a beleza perdida foi por
ti de certo modo ressuscitada e dotada de uma graça nova e inefável”.

Ainda no século XII Santo Amadeu, bispo de Lousane, refletia, em um de seus sermões,
sobre Nossa Senhora como rainha: Maria, “assentada no mais alto cume das virtudes,
repleta do oceano dos carismas divinos, do abismo das graças, ultrapassando a todos,
derramava largas torrentes ao povo fiel e sedento. Concedia a saúde aos corpos e às
almas, podendo ressuscitar da morte da carne e da alma. Quem jamais partiu de junto dela
doente ou triste ou ignorante dos mistérios celestes? Quem não voltou para casa contente
e jubiloso, tendo impetrado de Maria, a Mãe do Senhor, o que queria?”.

Os antigos escritores, que ajudaram promover a devoção mariana na Igreja,


demonstraram muito amor e veneração para com a Mãe do Salvador. Seus textos, que
apresentam um valor inestimável, atravessam os séculos e chegando até nós.

São Bernardo (1091-1153), monge cisterciense, doutor da Igreja, diz: “Que o nome de Maria
nunca saia dos teus lábios nem do teu coração. […] Seguindo-a, não te perderás; rezando-
lhe, não desesperarás; pensando nela, evitarás enganar-te no caminho. Se Ela te agarrar
pela mão, não te afundarás; se Ela te proteger, nada temerás; conduzido por Ela, ignorarás
a fadiga; sob a sua proteção, chegarás ao objetivo. E compreenderás, pela tua própria
experiência, como são verdadeiras essas palavras: «O nome da virgem era Maria».”

Santo Afonso Maria de Ligório, Doutor da Igreja e padroeiro dos confessores e moralistas:
“Maria é aquela torre de Davi, de que fala o Espírito Santo nos sagrados Cânticos: ‘Ao
redor dela se elevam fortalezas; ali se vêem suspensos mil escudos e todas as armas dos
valentes’ (Ct 4,4). Vós sois, portanto, Virgem Santíssima – como diz Santo Inácio Mártir –
‘um escudo inexpugnável para aqueles que andam empenhados no combate’”.

São Francisco de Assis: “Salve ó Senhora Santa, Rainha Santíssima, Mãe de Deus, ó
Maria… Em vós residiu e reside toda plenitude da graça e todo o bem”.

São Luís Maria Grignion de Montfort, autor de vários livros marianos, entre eles o “Tratado
da Verdadeira Devoção à Santíssima Virgem” :“Sou todo teu, Maria, e tudo o que é meu te
pertence”. “A quem Deus quer fazer muito santo, o faz muito devoto da Virgem Maria”.

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São João Bosco, grande propagador da devoção a Maria Auxiliadora :“Um sustentáculo
grande para vós, uma arma poderosa contra as insídias do demônio, tendes na devoção à
Maria Santíssima”

Santa Teresa de Jesus, mística e Doutora de Igreja: “Grande coisa é o que agrada a Nosso
Senhor qualquer serviço que se faça à sua Mãe”.
Santa Teresa de Lisieux, Doutora da Igreja e Padroeira das missões: “Com a prática fiel
das virtudes mais humildes e simples, tornaste, minha Mãe, visível a todos o caminho reto
do Céu”.
Santa Teresa dos Andes, carmelita descalça latino-americana: “Maria, és a Mãe do
Universo. Quem não se anima ao ver-te tão pura, tão terna, tão compassiva, a revelar seus
íntimos tormentos? Se é pecador, tuas carícias o enternecem. Se é teu fiel devoto, somente
tua presença acende a chama viva do amor divino”.
São João Paulo II, o Papa das famílias:“Nos deste a Tua Mãe como nossa, para que nos
ensine a meditar e adorar no coração. Ela, recebendo a Palavra e colocando-a em prática,
fez-se a mais perfeita Mãe”. “Dai-nos vossos olhos, ó Maria, para decifrar o mistério que se
esconde nos frágeis membros do Filho. Ensinai-nos a reconhecer a sua face nas crianças
de toda raça e cultura”.

AS PRÉFIGURAÇÕES DE MARIA NO ANTIGO TESTAMENTO

Maria é prefigurada no Antigo Testamento de diversas formas: Ela é a nova


Eva, que por sua obediência nos dará a chance de Salvação. É também comparada ao
Monte de Sião, a morada de Deus. O coração de Maria, seu manto, foi e continua sendo até
hoje a Arca da Salvação para todos aqueles que a procuram (Gn 7). A Virgem, predestinada
desde toda a eternidade, é o penhor da reconciliação entre Deus e o homem, trazendo a
paz e a bonança, por isso é comparada ao arco-íris. A Virgem abrigou dentro de si, sem ser
consumida, o fogo divino do Espírito Santo e acolheu em seu seio o Verbo de Deus
encarnado, então é prefigurada na sarça ardente. Maria é a Arca da Nova Aliança, que foi
sempre imaculada. Maria era animada pelo fogo da caridade divina, que entre as virtudes é
o mesmo que o ouro entre os metais. Maria guardou em seu seio Jesus Cristo. É, ainda,
prefigurada no cedro do Líbano, na nuvem de Elias e em algumas mulheres do Antigo
Testamento: Abigail, Judite, Jael, Débora, Ester e Noemi. Assim, Sião, a sarça ardente, a
arca da aliança, a nuvem e outros símbolos, e as gloriosas mulheres do Antigo Testamento
são imagens da Mãe de Cristo. Nossa Senhora, por vontade do Pai e por obra do Espírito
Santo, foi templo santo de Jesus (cf. Lc 1, 26-38). Por sua cooperação no mistério da
salvação, Nossa Senhora tornou-se nossa Mãe na ordem da graça (cf.
ConstituiçãoDogmática Lumen Gentium, 61), Mãe da Igreja. Depois de elevada ao céu,
Maria não abandonou esta missão salvadora.

ORAÇÕES E DEVOÇÕES A MARIA

A oração mais antiga dirigida a Maria é conhecida com o nome “Sub tuum
praesidium” (À vossa proteção). No ano de 1927, no Egito, foi encontrado um fragmento de
papiro que remonta ao século III. Neste fragmento estava escrito: “À vossa proteção
recorremos Santa Mãe de Deus. Não desprezeis as nossas súplicas em nossas
necessidades, mas livrai-nos sempre de todos os perigos, ó Virgem gloriosa e bendita!”.

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Entre tantas outras orações e devoções, citamos as mais conhecidas : o terço,
o rosário, o Ofício da Imaculada, a reza das três Ave-Marias, da Salve Rainha, do Magnificat
e a recitação do poema Ave Maris Stella, do Angelus e Regina Caeli. É comum o uso do
escapulário, da medalha milagrosa e menos freqüente, o uso da correia de Nossa Senhora.
Há também a consagração à Mãe de Deus que pode ser feita inclusive com o método de
São Luis Maria Grignion de Montfort. Lembremos ainda a recitação das coroas das dores e
das alegrias da Santa Mãe.
Para finalizar, colocamos aqui o poema do Cardeal Dom Augusto Álvaro da
Silva, que traduz em versos a histórica criação da imagem pela qual a Igreja venera a
Imaculada Conceição.
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“Anda, pois!”… E ela foi. O artista satisfeito
A Conceição de Murillo
Tem-na diante de si, a coma em ondas solta,
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O olhar fitando o céu, as mãos em cruz no peito
Já não era criança; um maranhal de fios
Aos quando murmurando: — “Então!…Meu pai não volta?”
Grisava-lhe a fronte cismadora e rude,
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Onde seus olhos profundos, tépidos, sombrios
Quando tudo acabou, nervosamente ufano,
Punham tons de mistério e indícios de virtude.
Tomou-a pela mão e alçando a voz lhe disse:
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— “Agora vem comigo. Ouviste: o soberano
Desde muito era visto a andar pelas esquinas
Garantiu-me pagar o preço que eu pedisse.”
A olhar curiosamente a turba circunstante,
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E, até, fazer parar donzelas e meninas
Quando chegaram lá, era o palácio em festa;
P’ra mirar-lhes de perto as linhas do semblante.
Clero, nobreza e povo, a fina flor da Espanha
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À mera exposição de um quadro novo, empresta,
Teria enlouquecido? O Rei crente e piedoso
Todos agora ali, solenidade estranha.
Ordenara-lhe um dia desse execução
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Ao seu desejo ardente: — em quadro primoroso
Ia-se inaugurar a “Virgem de Murilo”!…
A cópia mais fiel da imácula Conceição.
Quando um “Oh!” de repulsa, em meio à sala estoira;
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– ‘Stava junto ao pintor impávido, tranquilo,
Por isso é que ele andava inquieto, apreensivo
Inquieta e perturbada a pobrezinha moira!
Fitando a todo mundo, olhando a toda gente,
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A ver se achava, enfim, concretizado e vivo
Nisto corre a cortina e esplêndido, aparece
Modelo ao ideal que brinca-lhe na mente.
O retrato fiel da moira ali presente,
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O olhar fitando o céu, mimosa a boca em prece,
— Esta?… Não serve!… Aquela?… Causa pena vê-lo
Onde brinca o sorriso ingênuo de inocente.
Na angustia em que se agita essa alma torturada
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Por não achar nenhures, pálido modelo
Ao correr da cortina a sala estruge em palmas
Que possa traduzir ess’alma imaculada.
E os olhares se vão da moira à tela. O Rei
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Ao pintor genial que assim retrata as almas:
Junto às prisões do Estado, em pedra úmida e fria,
— “Pede quanto quiseres”, diz, “que t’o darei.”
Das ruas de Madrid; o sol ia já posto,
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Uma pobre menina, em pranto, escondia
— “Senhor, se meu trabalho algum valor alcança,
Na noite de seu véu a aurora do seu rosto.
Se m’o quereis pagar,” Murillo principia,
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“Então dai liberdade ao pai desta criança
Murilo aproximou-se e delicadamente:
Em honra da beleza e em honra de Maria!”
— “Porque choras assim? Levanta-te, sê forte!”
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Ela volveu-lhe o rosto e disse simplesmente:
E as duras férreas portas das prisões do Estado
— “Meu pai ‘stá preso ali. ‘Stá condenado à morte.”
Abriram par em par. E da prisão sombria
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Viu-se sair então, liberto, um condenado
Ao contemplar desnuda a fronte peregrina,
Louvando a Conceição sem mancha de Maria.
Artista, ele estacou, e arrebatado vai
Tomando-a pela mão, dizendo-lhe: — “Menina,
Anda daí comigo e eu livrarei teu pai!”
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— “Meu pai, senhor, é mouro e o Rei que nos persegue
É bárbaro e cruel, pesar de ser cristão…
Dos nossos nem um só que foi-lhe um dia entregue,
Senão para morrer, saiu desta prisão!”
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“Menina, vem comigo, eu juro, a liberdade
Será dada a teu pai, herege ou criminoso,
Que o rei que dizes mau e afeito à crueldade,
Tem o sangue espanhol ardente e generoso.
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“Vem; vamos daqui. Partamo-nos depressa,
Que teu pai será livre! Esta esperança é um fato,
Porque o rei cumprirá, fiel, sua promessa
De dar-me o que eu pedir, a troca de um retrato.
12 La Inmaculada Concepción – Bartolomé Esteban Perez Murillo (1617-
“Sim! O Rei prometeu, se eu lhe pintasse a gosto 1682)
A Conceição sem mancha, espórtula avultada.
E, criança, tu tens nos traços do teu rosto
Os traços mais fieis de um’ alma imaculada.

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