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Aula 3 – Maria: Mãe, Rainha e Corredentora

 Como encontrar Maria na Sagrada Escritura?


o Toda a piedade e teologia mariana, apoiam-se fundamentalmente na existência, no Antigo
Testamento, de uma teologia da mulher profundamente consolidada e imprescindível para a
sua construção geral.
o EVA: a mulher pode se tornar tentação para o homem, embora ao mesmo tempo seja a mãe
de toda a vida, e é daí que vem o seu nome; Ela conserva o mistério da vida, o poder
antagônico à morte, que por sua vez, enquanto potência do nada, é a antítese de Iahweh, o
Criador da vida, e o Deus dos vivos. Ela, que oferece o fruto da morte, e cuja missão é
misteriosamente irmanada à morte, é, no entanto, também a guardiã do selo da vida, e a
antítese da morte. A mulher, que carrega as chaves da vida, toca desse modo diretamente no
mistério do Ser, o Deus vivo, do qual em última instância vem toda a vida, e que justamente
por isso é chamado de Vida, de Vivente. A figura da mulher é indispensável para a estrutura
da fé bíblica. Ela expressa a realidade da Criação, e expressa a fecundidade da graça.
o REBECA, LIA, ANA: a mulher estéril acaba provando ser sempre a abençoada, enquanto a
fértil fica habitualmente para trás, ou chega mesmo a ter de lutar contra a maldição do
repúdio, de não ser amada.
o ESTER E JUDITE: A infertilidade terrena transforma-se em verdadeira fecundidade. Ambas,
porém, incorporam igualmente a indestrutível força espiritual de Israel, que não é capaz de
triunfar à maneira de uma potência mundial, e justamente por isso consegue zombar dos
poderosos e vencê-los. Assim a mulher, enquanto redentora, enquanto personificação da
esperança de Israel, coloca-se ao lado da mãe abençoada/não abençoada. É significativo que
desde sempre a mulher, com efeito, jamais figure como sacerdotisa, mas como profetisa e
como juíza/redentora no pensamento e na fé de Israel, e desse modo se apresenta o seu
elemento específico, e o lugar que lhe é destinado. Com isso repete-se e é reforçado aquilo
que já foi dito: aquela que é estéril, aquela que é impotente, torna-se redentora, pois ali está o
lugar da revelação para o poder de Deus. A mulher permanece, após a queda do pecado, “mãe
da vida”.
o As grandes mulheres de Israel representam aquilo que esse próprio povo é. A história dessas
mulheres se torna teologia do povo de Deus e ao mesmo tempo, com isso, teologia da
Aliança. Presumivelmente, o conceito de aliança foi, em primeiro lugar, extensamente
marcado pelo modelo dos pactos de vassalagem do antigo Oriente, de acordo com os quais o
grande rei distribui direitos e obrigações. Esse conceito político-jurídico, entretanto, é cada
vez mais aprofundado e superado na teologia profética: a relação de aliança entre Iahweh e
Israel consiste em uma aliança de amor matrimonial, que o próprio Iahweh (assim apresenta
Oseias de modo grandioso) aprofunda e ultrapassa: ele amou Israel, a jovem donzela, com um
amor que se mostra indestrutível e eterno.
o Nas mulheres de Israel, nas mães e nas redentoras, em sua esterilidade fecunda, manifesta-se
de modo mais puro e profundo aquilo que vem a ser a Criação e a Eleição, aquilo que “Israel”
é, enquanto povo de Deus. Uma vez, porém, que eleição e revelação se identificam,
manifesta-se aqui, e somente aqui, enfim, quem e o que é Deus em sua verdadeira
profundidade.
o A partir do momento em que, no Novo Testamento, os esquemas abstratos da esperança de
uma intervenção de Deus em favor do seu povo recebem um nome concreto e personificado
na figura de Jesus Cristo, é ressaltada, também, a figura da mulher, considerada apenas
tipologicamente, até então, em Israel, e certamente personalizada de modo provisório nas
grandes mulheres de Israel, com um nome, e como síntese do princípio da mulher, de modo
que o princípio só é real na pessoa, mas a pessoa, precisamente enquanto indivíduo, aponta
para além de si mesma, para aquela amplitude que carrega consigo, e que ela representa:
Maria. se em Cristo está presente a novidade da sua palavra, da sua vida, da sua Paixão, de
sua cruz e ressurreição, que marca também a diferenciação e o rompimento, Maria incorpora,
por sua vez, a continuidade no silêncio e na fé, que se consuma nos pobres de Israel, naqueles
a quem são dirigidas as bem-aventuranças: felizes são os pobres “em espírito". As bem-
aventuranças são, fundamentalmente, apenas uma variação da parte central do Magnificat:
expulsou dos tronos os poderosos e elevou os humildes. Esse trecho central do Magnificat é,
ao mesmo tempo, e acima de tudo, o centro da teologia bíblica do Povo de Deus. É também a
partir daí que deve ser analisada a estrutura especial dos dogmas marianos.
o O mais antigo dogma mariano, e o mais fundamental, afirma: Maria é virgem (ἀεὶ παrϑέυος:
Symbola DS 10-30; 42/64; 72; 150) e mãe, e pode, com efeito, ser chamada de “Mãe de
Deus” (Τεοτóχος: DS 251, Concílio de Éfeso). As duas coisas estão estreitamente ligadas:
quando ela é chamada de Mãe de Deus, isso constitui, antes de tudo, uma expressão da
unidade entre ser-Deus e ser-homem em Cristo, que é tão profunda que não se pode, para os
eventos carnais, como aquele do seu nascimento, construir um Cristo meramente humano,
separado da totalidade de sua existência pessoal.
o A fé da Igreja, em conformidade com o testemunho de Mateus e Lucas, percebeu o caráter
particular dessa maternidade, que requer o homem como um todo naquele que ali nasce, na
unidade entre ser-mãe e ser-virgem, unidade na qual, ao mesmo tempo, a associação vetero-
testamentária entre abençoada e não abençoada, fértil e estéril, se mostra uma figura de
significado perene. O estado de solteiro e a infertilidade, até então a maldição de ter ficado
sozinho e, dessa forma, sem futuro e, portanto, sem presente, pode agora, enquanto
virgindade, apresentar o mistério da renúncia e da fecundidade como sempre válido, e junto
com o matrimônio, para o qual aponta, manifestar a particularidade do Deus que busca o
homem e o abençoa, na Criação e na Redenção.
o Gebirah: Rainha-mãe (1Rs 2, 20) - Maria, Corredentora e Medianeira de Todas as Graças.
 Quem era Maria para a Primeira Comunidade Cristã?
o Maria foi uma grande pregadora e anunciadora de Seu Filho, mas, diferentemente dos
Apóstolos, ela o fez de maneira oculta. Acredita-se que os relatos sobre a infância de Jesus
foram, primeiramente, relatados a um pequeno e íntimo círculo feminino. A veneração por
Maria brotou, quase desde o primeiro momento, nas primeiras comunidades. Muitos
estudiosos afirmam que as primeiras comunidade cristãs sentiam uma devoção especial e
notória pela Mãe do Senhor”.
o Padre Inácio Larrañaga relata: “Quem era ela para a comunidade? Como a chamavam? Não
seria pelo nome Maria. Esse nome era tão comum... (...) Precisavam de um nome que
especificasse melhor sua identidade pessoal. Qual seria esse nome?
A comunidade vivia permanentemente na presença do Senhor Jesus. A Jesus dirigiam o
louvor e a súplica. Ora, uma comunidade que vive com Jesus e em Jesus, como haveria de
identificar ou denominar aquela mulher? A resposta é evidente: era a Mãe de Jesus. É assim
que o Evangelho se expressa sempre.
Mas, na Realidade, Maria era mais do que a mãe de Jesus. Era também a mãe de João. E era
também – por que não? – a mãe de todos os discípulos e até mesmo de todos os que
acreditavam no nome de Jesus. Não era essa a missão que recebera dos lábios do Redentor
moribundo? Então, era simplesmente a Mãe, sem especificação adicional. Temos a impressão
que, desde o primeiro momento, Maria foi identificada e diferenciada por essa função e,
possivelmente, por esse precioso nome. É o que parece deduzir-se da denominação que os
quatro evangelistas dão a Maria, sempre que ela aparece em cena.
o Muito interessante perceber também que Jesus – assim como o Pai fez com o Povo de Israel –
conduz Maria, mediante a uma pedagogia desconcertante e dolorosa, de uma maternidade
meramente humana a uma maternidade na fé e no Espírito.

 As aparições de Maria como prova de sua Maternidade


o Primeiramente: as demais aparições da Virgem Maria, pertencem àquele gênero de revelações
que a Igreja chama de "privadas". Uma vez que não fazem parte do depósito da fé, nenhum
católico é obrigado a aceitá-las, embora sejamos docilmente convidados a "discernir e
guardar o que nestas revelações constitui um apelo autêntico de Cristo ou dos seus santos à
Igreja". Como resume o Catecismo, o papel delas "não é 'aperfeiçoar' ou 'completar' a
Revelação definitiva de Cristo, mas ajudar a vivê-la mais plenamente, numa determinada
época da história". No que precisa crer o fiel católico? Na Revelação de Deus, encerrada com
a morte do último apóstolo, e transmitida pela Igreja, quer por via oral, quer por escrito.
o A primeira aparição mariana de que se tem notícia é a de Zaragoza, Espanha, ainda nos
tempos apostólicos. Os relatos dão conta de que Nossa Senhora aparecera a São Tiago para
confortá-lo acerca da conversão dos espanhóis, que se mostrava muito difícil. Essa aparição
deu origem ao título de Nossa Senhora do Pilar, proclamada padroeira da Espanha.
o Basicamente, as aparições marianas sempre tiveram uma conotação apologética. Na maior
parte de suas mensagens, a Virgem pede por uma conversão dos costumes e pela reparação às
ofensas contra Seu Filho Jesus, num contexto em que algum artigo da sã doutrina cristã se
encontra visivelmente ameaçado. Como citamos anteriormente, o papel das "revelações
privadas", quando verdadeiras, é fazer com que o depósito da fé seja acolhido e vivido "mais
plenamente, numa determinada época da história". Não se trata de uma nova revelação ou
dogma, mas de um incentivo a uma vida mais coerente com o Evangelho revelado.
o Conversão, penitência e oração: eis, pois, o centro do Evangelho e o núcleo da mensagem de
Fátima – e também o de todas as outras recentes aparições da Virgem Maria. Ainda hoje, não
existe outra escada por onde subir ao Céu – nem outro caminho para chegar à paz.
o Percebemos que, quanto mais o mundo se perde, mais Maria aparece pedindo essa conversão
de costumes e retorno ao Evangelho. É impressionante, porque as Aparições marianas no
século XX e XIX em muito superam as que aconteceram em quaisquer séculos anteriores.

 Devoções
o Consagração ao Nosso Senhor Jesus Cristo pelas Mãos de Maria Santíssima;
o Os sábados consagrados à Nossa Senhora. Os membros das Confrarias do Rosário
consagravam especialmente a Nossa Senhora quinze sábados consecutivos de cada ano
litúrgico. Em 1889, o papa Leão XIII concedeu a todos os fiéis uma indulgência plenária a ser
ganha durante um desses quinze sábados”. Entretanto, foi com o grande Papa São Pio X que a
devoção dos primeiros sábados foi aprovada e encorajada pelo Vaticano, que em 10 de julho
de 1905 indulgenciou pela primeira vez esta devoção. Alguns anos mais tarde, em 13 de
junho de 1912, São Pio X concedeu “indulgência plenária, aplicável às almas dos defuntos,
no primeiro sábado de cada mês, por todos aqueles que, nesse dia, se confessarem,
comungarem, cumprirem exercícios particulares de devoção em honra da bem-aventurada
Virgem Maria, em espírito de reparação”. Fátima pede apenas 5 sábados em reparação às 5
espécies de ofensas e blasfêmias contra o Imaculado Coração de Maria: blasfêmias contra a
Imaculada Conceição, contra a Sua virgindade; contra a Maternidade Divina, recusando, ao
mesmo tempo, recebê-La como Mãe dos homens; procuram publicamente infundir, nos
corações das crianças, a indiferença, o desprezo, e até o ódio para com esta Imaculada Mãe; e
ultrajar diretamente nas suas sagradas Imagens. Nesses dias, precisamos viver: Confissão,
Comunhão, oração do rosário, e 15 minutos de meditação sobre os mistérios do Rosário;

 Resumo da vida de Maria


o "Quereis oferecer-vos a Deus para suportar todos os sofrimentos que Ele quiser mandar-vos,
em ato de reparação pelos pecados com que Ele é ofendido, e de súplica pela conversão dos
pecadores?" (Pergunta de Nossa Senhora aos Pastorinhos de Fátima em sua primeira
aparição).

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