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POR QUE A VIRGEM MARIA NÃO DEVE SER ADORADA? (At 4.

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INTRODUÇÃO: Belém está envolvida na maior festa religiosa do Brasil – O
Círio de Nazaré, apelidado de “o natal dos paraenses”. Uma época
reconhecidamente constrangedora para quem professa ser evangélico. Aqui
cabe fazer uma pergunta clássica: “Por que os crentes não adoram Maria?”
Algumas respostas:
1. PORQUE O LUGAR DE MARIA NAS ESCRITURAS É NOTAVELMENTE
DISCRETO E NADA INDICA QUE ELA DEVA SER ADORADA – Se um
dos pilares da fé cristã é o respeito pelo ensino bíblico, parece justo
investigar o lugar que a mãe de Jesus ocupa na teologia dos apóstolos,
conforme pode ser feito verificando-se os textos do Novo Testamento.
(1) Suas últimas palavras registradas se acham no episódio do
casamento em Caná da Galiléia (Jo 2.1-11) – Não há nada de especial
na sua fala. Além disso, na qualidade de co-redentora não há instruções
doutrinárias por ela transmitida que justifiquem esse alegado papel.
(2) Há uma única referência indireta à sua pessoa nos evangelhos (Mt
12.46-50)
(3) Sua última aparição nos evangelhos se dá na crucificação de Jesus
(Jo 19.25-27) – A terceira palavra de Cristo na cruz faz referência a ela.
(4) Sua última menção no Novo Testamento se acha no início do livro de
Atos – Em Jerusalém, quando a Igreja está reunida antes do Pentecostes
(At 1.14). Essa informação é deveras intrigante. Como pode uma pessoa
importantíssima para a devoção da Igreja, conforme se verifica na história,
não ser mencionada em nenhuma das 21 cartas doutrinárias do NT? A
resposta a essa pergunta se vê na segunda razão a seguir.

2. PORQUE O CULTO À MARIA É UMA DEGENERAÇÃO QUE SE


INTRODUZIU AO LONGO DA HISTÓRIA DA IGREJA – Isto significa que
mesmo sem qualquer apoio bíblico ou apostólico para promover Maria à
posição que hoje ela ocupa, a tradição católico-romana se encarregou de
elevá-la a um status que merece ser investigado. Eis alguns dados:
(1) Maria começa a ser tratada como segunda Eva por volta do século II
– “A desobediência da virgem Eva foi expiada pela obediência da virgem
Maria” (Irineu, Bispo de Lião, 130-202 d.C.). Uma lenda: O anjo Gabriel
teria trocado as letras do nome Eva para Ave → Ave Maria. Tertuliano
(160-220 d.C.) foi radicalmente contra tal elaboração.
(2) Maria foi reconhecida como “mãe de Deus” tardiamente, por ocasião
do 3º Concílio Ecumênico, em Éfeso (431 d.C.) – Convém lembrar aqui
que o Edito de Milão, promulgado por Constantino, tornando a fé cristã
uma religião lícita se deu em 313 d.C. Uma multidão de pagãos idólatras
invadiu a Igreja atrás das benesses do Estado agora liderado por um
imperador supostamente cristão.
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(3) Maria foi lentamente divinizada ao longo da Idade Média – Diversos


dogmas foram discutidos durante esse período de aproximadamente dez
séculos. Basta aqui mencionar a contribuição do mais importante teólogo
católico, Tomás de Aquino (1225-1274 d.C.), nessa questão. Ele
sustentava que Maria havia sido completamente purificada para conceber
Jesus, o Salvador, e assim compartilhar da sua natureza divina.
(4) Maria é premiada com o dogma da Imaculada Conceição – Em 8 de
Dezembro de 1854, o Papa Pio IX declara que “Maria nasceu sem a
natureza corrompida, permaneceu virgem após dar à luz a Jesus e
permaneceu sem pecado durante a vida toda (impecabilidade)”. Segundo
as Escrituras, tais afirmações são falsas: José e Maria tiveram outros
filhos (Mt 13.54-56; Mc 6.3) – 4 filhos e 3 filhas. Os católicos dizem que
são primos de Jesus. Porém a palavra grega para primos é anepsios (Cl
4.10) e nos textos dos evangelhos aparece adelfós (irmão).
(5) Maria é coroada com o dogma da Assunção de Maria – Em 01 de
Novembro de 1950, o Papa Pio XII decretou que “três dias após sua
morte, Maria ressurgiu dos mortos e foi levada pelo próprio Jesus para o
seu trono nos céus”. Não há qualquer evidência histórica disso.

3. PORQUE O CULTO À MARIA FERE OS DOIS PRIMEIROS


MANDAMENTOS DO DECÁLOGO – O primeiro mandamento trata do
culto que deve ser prestado exclusivamente a Deus (Ex 20.3) e o
segundo mandamento estabelece a proibição enfática de representar
materialmente a divindade, o objeto de culto. Quanto ao segundo, parece
incontestável que o objeto de culto é a imagem de Maria, esculpida,
fundida, pintada, retratada, etc... A polêmica jaz no primeiro mandamento.
(1) Os católicos recorrem ao artifício duvidoso de distinguir adoração de
veneração – Dizem eles que não adoram, algo que só é devido a Deus,
mas veneram, tal como muitos fazem diante de fotos dos antepassados.
 Latria – Adoração suprema devotada somente a Deus.
 Dulia – Um tipo de veneração secundária dada aos santos e a anjos.
 Hiperdulia – Um tipo mais elevado de veneração devotado à Virgem
Maria.
(2) Os protestantes insistem que há elementos consistentes de adoração
na devoção à Maria – Numa verificação honesta, à luz da teologia bíblica,
facilmente se chega à conclusão de que não é veneração, mas adoração.
 Títulos divinos são empregados para identificá-la – Semelhantemente
à divindade feminina do paganismo antigo, Maria recebe a designação de
“Rainha dos céus” (Jr 7.18; 44.17-19;25). Ela é largamente tratada como
“Nossa Senhora”, o correspondente feminino de “Nosso Senhor”,
expressão que denota a divindade do Salvador (kurios). O Papa Paulo VI,
em 21/11/1964, designou Maria como “Mãe da Igreja”.
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 Atributos divinos são creditados a ela – Há traços no caráter de Deus


que são exclusivos da Divindade, não compartilhados com nenhuma
criatura, homens ou anjos: Onipresença, Onisciência e Onipotência. Na
devoção mariana, a mãe de Jesus tem todos eles.
 Obras divinas são interpretadas como manifestações do seu poder –
Milagres variados e impressionantes estão no vultuoso catálogo das suas
operações. Não apenas realizações portentosas, mas há uma longa
história de aparições majestáticas em vários lugares: La Salette (1846);
Lourdes (1858); Fátima (1917); Beauraing (1932); Mejugorje (1968).
 Culto divino é prestado à sua pessoa – Maria recebe louvores, atende
orações que lhe são dirigidas e tem sido reconhecida como intercessora.
Santuários são dedicados à sua honra. Chama atenção a desproporção
entre as Igrejas dedicadas à Maria e aquelas consagradas ao Filho.
Conclusão: Quando uma pessoa demonstra todo o seu apreço diante da foto
de uma pessoa querida e falecida, regra geral, não atribui a ela nomes
divinos, atributos divinos, obras divinas e culto divino.

4. PORQUE O CULTO À MARIA USURPA O PAPEL EXCLUSIVO DE


CRISTO NA SALVAÇÃO – Quando Maria é adorada, o culto que se
presta à sua pessoa é como corredentora. Talvez algum católico,
querendo se eximir da responsabilidade, diga que não age assim. Isso não
muda nada, uma vez que a posição oficial da Igreja coloca Maria como
mediadora da salvação. O próprio título já mencionado, Nossa Senhora,
já diz tudo – Há uma figura feminina divina e salvadora nos céus, igual ou
superior ao Nosso Senhor. Lamentavelmente, não há qualquer exagero
nisso, basta consultar algumas extravagâncias relacionadas ao caso,
extraídas do livro “Glórias de Maria” (Santo Afonso Maria de Ligório, 1696-
1787, Editora Santuário, 2013). Que ninguém se escandalize!
“Frequentemente obtemos muito mais rapidamente o que pedimos
invocando o nome de Maria, do que invocando o de Jesus [...] Muitas
coisas são pedidas a Deus, mas não são recebidas; são pedidas à Maria e
são obtidas [...] Aquele que não recorre à Maria fracassa e está perdido
[...] O caminho da salvação não se abre a ninguém a não ser através de
Maria”. O que dizer sobre tais afirmações:
(1) Isso contraria o claro ensino das Escrituras – Só há um Mediador entre
Deus e os homens (1Tm 2.5); Jesus é o único caminho (Jo 14.6); não há
salvação em nenhum outro nome, senão em Jesus (At 4.12); Ele é o
Mediador da nova aliança (Hb 9.15); Jesus é o único Advogado dos
pecadores (1Jo 2.1); é Jesus quem está à direta de Deus intercedendo
pelos pecadores (Rm 8.34) e é Cristo o único intercessor eficaz (Hb 7.25).
(2) Essa ideia jamais foi profetizada no Antigo Testamento - Em todos os
livros da revelação bíblica só há a figura de um só Messias. Em nenhum
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lugar da Bíblia há menção de uma figura feminina dividindo a


responsabilidade de operar a salvação em favor dos pecadores.
(3) Tais afirmações pervertem a essência do conceito da salvação – A
graça do perdão completo de todos os pecados, a concessão de uma
nova vida e a expectativa das bem-aventuranças eternas são dádivas
inseparavelmente relacionadas ao sacrifício vicário de Cristo na cruz do
Calvário. Se Maria tem alguma participação na obra da redenção, segue-
se que o sacrifício de Jesus não é o único meio de salvação, e se
também não é o único, não é suficiente.
(4) Tais elaborações abrem um precedente estranho – Se Maria redime,
por que José também não pode redimir? E os demais apóstolos? Além
disso, a tentativa de introduzir uma figura feminina no corpo da divindade
é uma influência claramente pagã – Maria corresponde à Astarte ou
Astarote (Deusa da fertilidade dos cananeus, sírios e fenícios – esposa
de Baal). Não há na revelação bíblica um conceito dessa natureza.

Aplicações:

(1) O que vale mais para você, a tradição da Igreja ou o testemunho das
Escrituras? A sua tradição familiar ou a verdade bíblica? A sua opinião
obstinada (“eu nasci na crença e vou morrer nessa crença”) ou a Palavra
de Deus? A simpatia dos parentes e amigos ou a comunhão com Cristo?
Está na moda hoje ser politicamente correto. Se todo mundo está atrás
da berlinda, que erro há em seguir a maioria?

(2) Você conhece alguém que está lutando com a verdade e não consegue se
livrar da idolatria por causa da opinião dos outros? Muitos pensam assim:
Se eu deixar de adorar Maria, o que vão pensar meus amigos e parentes.

(3) Na sua opinião, alguém que sinceramente adora Maria será condenado
por Deus no Juízo Final? Obviamente que sim! A sinceridade, do ponto de
vista bíblico, não é um álibi para alguém que permaneceu comprometido a
vida toda com o erro religioso. Se a sinceridade no erro não isentará
ninguém, quanto mais aqueles que receberam instruções tão claras e
conscientemente rejeitaram a verdade.

(4) Será que emocionar-se com a procissão, sentir-se bem com as inúmeras
manifestações de fé durante a quadra, ouvir os inúmeros relatos de
milagres operados pela Santa e ver tanta gente se sacrificando na romaria
são argumentos válidos para justificar esse tipo de religiosidade?

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