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Os Dogmas Marianos

O dogma é uma verdade de fé proclamada pelo Magistério da Igreja que deve


ser objeto da adesão de todos os fiéis e precisa ter uma conexão necessária ou estar
claramente enunciado na Sagrada Escritura ou na Sagrada Tradição. Os dogmas
referentes ao papel da Virgem Maria na história da salvação, são profundamente
coerentes entre si e expressam a beleza da ação de Deus para resgatar o gênero humano.
Este texto intenta fornecer uma exposição simples dos dogmas marianos ressaltando,
apenas, o que neles há de essencial.

Primeiro dogma: A Maternidade Divina


No III Concílio Ecumênico de Éfeso, em 431, a Igreja proclamou que a Virgem
Maria é Mãe de Deus (Theotókos) para combater Nestório que não percebeu que Jesus
Cristo é uma única pessoa na qual devemos reconhecer a natureza humana e a natureza
divina, porém sem confusão, mudança, divisão e separação.
Este dogma mariano salvaguardou a unidade da pessoa de Jesus e a eficácia da
salvação que Ele operou com o derramamento do Seu sangue (Col 1, 19-20). Isabel
antecipou o dogma quando disse: ‘Donde me vem que a mãe do meu Senhor me visite’
(Lc 1, 43). O grande erro de Nestório foi negar a humanidade de Jesus e, na prática,
negar a salvação por Ele trazida.

Segundo dogma: A Virgindade Perpetua de Maria


No Concílio de Latrão, em 649, foi definido o dogma mariano da virgindade
perpetua de Maria. Jesus foi concebido pela ação do Espírito Santo (Lc 1, 34). A
virgindade de Maria não foi violada durante o parto. O Evangelho indica que ‘Maria
deu à luz o seu filho primogênito e o enfaixou e o reclinou em um presépio’ (Lc 2,7),
ação incomum para quem acabou de ter um parto normal.
Deus isentou Maria da punição cominada à Eva: ‘na dor darás à luz filhos’ (Gn
3,16). ‘O Senhor atravessou portas fechadas e veio até nós pelo seio fechado da Virgem
Maria’. Inexistem nos evangelhos referências a outros filhos da Mãe de Jesus. As
referências aos irmãos de Jesus dizem respeito aos filhos de Cleofas, irmão de São José,
e de sua esposa Maria. Maria de Cleofas é apresentada como mãe de Tiago e de José
(Mt 27,56), logo eles são primos de Jesus, embora (Mt 15,35) se refira a eles como
irmãos do Senhor. Trata-se de um uso mais amplo da palavra irmãos para fazer
referência, também, a parentes.
Pouco antes de morrer, o Salvador entregou sua Mãe aos cuidados de João, que
era de outra família (Jo 19, 26-27). Tendo permanecido virgem e sendo mãe de um só
Filho, Maria teve condições de fazer de Jesus o centro absoluto da sua vida. De outro
modo, dispersaria as suas atenções e não realizaria a contento a sua exigentíssima
missão. Deus concedeu a Ela a ventura de ter em São José um dedicadíssimo esposo que
exerceu eximiamente a função de pai adotivo de Jesus.

Terceiro dogma: A Imaculada Conceição de Maria


Em 1854, na Bula Ineffabilis Deus, o Papa Pio IX definiu o dogma da Imaculada
Conceição, segundo o qual a Bem-Aventurada Virgem Maria, ‘por singular graça e
privilégio de Deus Todo-Poderoso e em vista dos méritos de Jesus Cristo, Salvador do
gênero humano’ foi preservada da mancha original que fez os primeiros pais perderem o
estado de justiça original (Gn 3, 1-7) e transmitirem uma natureza decaída aos seus
descendentes.
A Mãe do Senhor foi preservada do pecado original porque é a origem humana
do Corpo de Jesus e seria irrazoável supor a possibilidade de Ela transmitir uma
natureza decaída ao Senhor. O arcanjo Gabriel a chama de ‘cheia de graça’
(Kecharitomene, Lc 1, 28) porque Maria é integralmente preenchida pela graça de Deus,
o que é incompatível com uma natureza decaída, mas Ela continuou sempre dependente
da graça de Deus.

Quarto dogma: A Assunção de Maria


Subjaz ao dogma da Assunção de Maria a noção de que não é razoável presumir
que o corpo virginal do qual o Senhor foi gerado tivesse sido corrompido pela natureza.
A vitória sobre a serpente (Gn 3, 15) implica vitória sobre a morte, que é o salário do
pecado (Rm 4, 25).
Por isso, em 1950, Pio XII declarou solenemente que a Virgem Santíssima ao
terminar o curso desta vida foi elevada por Deus em corpo e alma à glória celeste. Ela
acompanhou Jesus da Anunciação ao Calvário e favoreceu com a sua presença a Igreja
nascente em Pentecostes. A Mãe do Senhor se apresenta agora como uma mulher que
enfrenta os inimigos do Reino de Deus e contribui para gerar o Cristo na vida dos
membros da Igreja (Ap 12, 1ss).

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