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Se eu sigo esta seqüência, e tudo no que me preparo a dizer deveria reconduzir à questão de o
que "seguir" ou "prosseguir" quer dizer, e "ser depois", e à questão do que faço quando "eu
sigo", e digo "eu sou", se eu sigo esta seqüência, aí então me transporto dos "fins do homem",
portanto dos confins do homem, à "passagem das fronteiras" entre o homem e o animaLAg
pa.ssaras frgnteiras ou os fins do homem, chego ao animal: ao animal em si, ao animal em mim
e ao animal em falta de si-mesmo, a esse homem de que Nietzsche dizia, aproximadamente,
não sei mais exatamente onde, ser um animal ainda indeterminado, um animal em falta de si-
mesmo
Mal-estar de um tal animal nu diante de outro animal, assim, poder-se-ia dizer uma espécie de
animal-estar: a experiência original, única e incomparável deste malestar que haveria em
aparecer verdadeiramente nu, diante do olhar insistente do animal, um olhar benevolente ou
impiedoso, surpreso ou que reconhece. Um olhar de vidente, de visionário ou de cego
extralúcido. I~ como se eu tivesse vergonha, então, nu diante do gato, mas também vergonha
de ter vergonha. Reflexão da vergonha, espelho de uma vergonha envergonhada dela mesma,
de uma vergonha ao mesmo tempo especular, injustificável e inconfessável. No centro ótico de
uma tal reflexão se encontraria a coisa - e aos meus olhos o foco dessa experiência
incomparável que se chama nudez. E que se acredita ser o próprio do homem, quer dizer,
estranha aos animais, nus como são,
O animal é a nudez que não se sabe. O homem é a nudez que se sabe nu, na consciência do
mal. Qual mal? P. 17
O animal, o gato dito real enquanto animal, vocês podem lhe falar, ele não responde, não
verdadeiramente, jamais, eis o que concluiu Alice. Exatamente como Descartes, que nós
ouviremos mais tarde