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PARA QUE REZAR MISSA DE SÉTIMO DIA?

A Missa de Sétimo dia é uma tradição Católica brasileira, mas que tem respaldo bíblico:

“fizeram um funeral grandioso e solene e José guardou por seu pai um luto por sete dias”
(Gn, 50, 10).

Os sete dias nos lembram que Deus fez o mundo e descansou no sétimo dia (Gênesis 2, 2),
assim como esperamos descansar desta vida em Deus.

São Paulo chama a morte de descanso sabático, pois descansaremos de nossas obras em Deus:

"Assim, ainda resta um descanso sabático para o povo de Deus;


pois todo aquele que entra no descanso de Deus, também descansa das suas obras, como
Deus descansou das suas.
Portanto, esforcemo-nos por entrar nesse descanso, para que ninguém venha a cair,
seguindo aquele exemplo de desobediência." Hebreus 4:9-11.

O primeiro livro de Samuel afirma que, por ocasião da morte do rei Saul, seus comparsas
guerreiros, numa cerimônia fúnebre, queimaram seu corpo e depois enterraram os ossos
debaixo de uma árvore, fazendo um jejum de sete dias (1 Sm, 31, 13).

Outras duas passagens bíblicas que refere a morte e seus sete dias posteriores estão nos livros
de Judite e Eclesiástico.

O primeiro afirma que, quando morreu Judite, a heroína do povo hebreu, os israelitas fizeram
luto por sete dias (Jd 16, 24):

"24. Ela (Judite) viveu cento e cinco anos na casa de seu marido, e deu liberdade à sua
escrava. Morreu e foi sepultada em Betúlia junto de seu marido.
25. Todo o povo a chorou durante sete dias."

E o livro do Eclesiástico afirma que “o luto pelo morto duram sete dias” (Eclo, 22, 11).
Eclesiástico 22:

"10. Chora sobre um morto, porque ele perdeu a luz; chora sobre um tolo, porque é falho de
juízo.
11. Chora menos sobre um morto, porque ele achou o repouso;
12. a vida criminosa do mau, porém, é pior do que a morte.
13. O luto por um morto dura sete dias, mas por um insensato e um ímpio, dura toda a sua
vida."

O COSTUME DA IGREJA É A MISSA DE CORPO PRESENTE:


O costume, em toda a Igreja Católica, sempre foi o de rezar Missa pelos mortos logo após o
seu falecimento, no mesmo dia do sepultamento. Era a chamada Missa de corpo presente,
ou Missa rezada diante do cadáver da pessoa pela qual se oferecia a Missa.

MISSA DE SÉTIMO DIA É COSTUME BRASILEIRO

Aqui no Brasil, se arraigou o costume de rezar a Missa no sétimo dia após o falecimento,
portanto, a missa de 7.º dia é um ritual BRASILEIRO, não é uma pratica seguida em
outros países, nem consta do Missal Romano ou do Oficio de Defuntos.

O ritual da missa de 7.º dia é exclusivo do Brasil, vem dos tempos coloniais quando não
existiam estradas, nem aviões, nem carros nem ônibus, nem trens, capazes de trazer um
parente do defunto de uma distância grande até o local do velório.

Esse costume vigora ainda hoje até nas grandes cidades. Esta é a oportunidade para que se
reúnam os numerosos parentes e amigos do falecido. Nem sempre os participantes são
pessoas plenamente conscientes do valor da oração e da eucaristia.

As missas de 7º dia podem e devem se tornar momentos de evangelização dos católicos que
vivem afastados da comunidade. O importante é que o ato não seja meramente social,
mas uma manifestação de fé na ressurreição!

PRECISAMOS ORAR PELOS MORTOS

Após à morte somos julgados pelo que fizemos na terra (Heb 9,27) e devemos receber a paga
de tudo o que praticamos de bem ou de mal enquanto estávamos no corpo (II Coríntios 5, 10),
logo, é necessário um lugar de castigos além do inferno (para onde vão os que cometem
pecado mortal).

A Palavra de Deus aponta para castigos temporais na outra vida ( Lc 12, 45-48; Mt
5,22.25-26) (para os salvos (I Cor 3, 10-15) que devem pagar pelas consequências de seus
pecados) destino das que fizeram coisas repreensíveis ( Lc 12, 45-48; Mt 5,22.25-26), o que
chamamos de Purgatório.
São João afirma que se orarmos por alguém que pecou de um pecado que não é para a morte
essa pessoa será salva (1 Jo 5,16), e São Paulo afirma que os cristãos se batizavam pelos
mortos( I Cor 15,29), claro com a intenção de os salvar, assim a Palavra de Deus nos dá o
respaldo e nos aponta a necessidade de orar pelos falecidos.

Já no Antigo Testamento vemos a prática de oferecer um culto de sacrifício para que os


mortos sejam livres de seus pecados. No segundo Livro dos Macabeus lemos:

“Santo e salutar pensamento este de orar pelos mortos. Eis porque ofereceu um
sacrifício expiatório pelos defuntos, para que fossem livres dos seus pecados"
(Mac 12, 41-46)

Orar pelos mortos é um ato de caridade cristã. Lembrando que toda Missa é uma ação de
Graças, também é um culto de agradecimento pela vida da pessoa que se foi.

A maior oração que podemos oferecer é a Santa Missa,pois nela temos a renovação do
sacrifício de Jesus que nos salvou (1 Coríntios 10,16; 2 Coríntios 11, 27-29; 2 Coríntios 11,
26).

Sacrifício feito uma só vez, mas renovado em nossos altares, pois Cristo vive para interceder
por nós (Hebreus 10,10; Hebreus 7,24; Hebreus 7,25; 1 Coríntios 10,16; 2 Coríntios 11, 27-
29; 2 Coríntios 11, 26).

REZA PELOS MORTOS

A reza pelos mortos, diferente do que dizem os protestantes ,


é bíblica e a encontramos em diversas passagens.

São Paulo a menciona ao falar que os cristãos se batizavam


pelos mortos:
"De outra maneira, que intentam aqueles que se batizam em favor dos mortos?
Se os mortos realmente não ressuscitam, por que se batizam por eles?"
(I Coríntios 15,29)

Ora, batizar-se nada mais é que um pedido


que fazemos a Deus, ou seja, uma oração:

“Pois o batismo não serve para limpar o corpo da imundície, mas é um pedido a
Deus para obter uma boa consciência, em virtude da ressurreição de Jesus Cristo.”
(1Pedro 3, 21)

Na II carta a Timóteo (1,16-18), São Paulo também reza por


um amigo que pelo contexto deduzimos ter morrido:

"16. O Senhor conceda sua misericórdia à casa de Onesíforo, que muitas vezes me
reconfortou e não se envergonhou das minhas cadeias!
17. Pelo contrário, quando veio a Roma, procurou-me com solicitude e me encontrou.
18. O Senhor lhe conceda a graça de obter misericórdia junto do Senhor naquele dia. Sabes
melhor que ninguém quantos bons serviços ele prestou em Éfeso."

Por Paulo somente citar Onesíforo no pretérito, por saudar sua família e por pedir misericórdia
para ele "naquele dia" (2 Timóteo 1,18), alguns estudiosos acreditam que Onesíforo já
estivesse morto quando a epístola foi escrita.

Adicionalmente, em 2 Timóteo 4,19, Paulo saúda diretamente Priscila e Áquila e a família de


Onesíforo, mas não ele, evidenciando-se assim que estava morto.

CHORAR OS MORTOS É BÍBLICO E NÃO PRENDE ESPÍRITOS NESTE MUNDO

Alguns espíritas afirmam que não devemos chorar pelos mortos, pois seus espíritos podem
ficar presos nesse mundo.

Essa tese, diante da Bíblia e da doutrina e tradição cristã é totalmente sem cabimento.

Os mortos não podem ficar presos nesse mundo, pois assim que morrem comparecem diante
de Deus e são julgados, pois "está determinado que os homens morram uma só vez, e logo em
seguida vem o juízo" (Hebreus 9,27) indo para o Céu (II Coríntios 5,1; Filipenses 1,23) , o
Purgatório ( Mateus 5, 25-26; 18,34; I Cor 3,13-15) ou Inferno (Lucas 3,17;16,19-26).

A Bíblia nos mostra, em diversas passagens, que podemos chorar nossos mortos e lamentar
sua partida.

Do ponto de vista cristão, quem ama a Deus não teme a morte, mas pelo o contrário a deseja
como São Paulo, pois a morte é vista como uma libertação (II Cor 5,6), um encontro feliz com
o Cristo (Filipenses 1,23).

Desde cedo, os cristãos compreenderam que o dia de nossa morte é a data de nosso
nascimento no céu, por isso a festa de memória dos Santos é celebrada na data em que
morrem.

Aos Santos, lamentamos sua morte apenas como saudade, mas festejamos por saber que estão
com Deus e podem ainda mais intercederem por nós (Apocalipse 6,9,ss; 7,15).

Os primeiros cristãos já oravam, choravam e enterravam seus mortos com devoção como nos
diz os Atos dos Apóstolos sobre o enterro de Santo Estevão:

E uns homens piedosos foram enterrar Estêvão, e fizeram sobre ele grande pranto.
Atos 8,2
Aos fiéis, que não foram tão santos, choramos e oramos para que tenham seus pecados
perdoados e entrem na presença do Senhor (II Macabeus 12,43-46; I Coríntios 15,29).

Nada há na Bíblia afirmando que não podemos chorar pelos mortos, porém a sagrada escritura
nos adverte que não devemos nos deixar levar pela tristeza e que nosso luto deve ser
moderado, como lemos em Eclesiástico (38, 16-24):

"16. Meu filho, derrama lágrimas sobre um morto, e chora como um homem que sofreu
cruelmente. Sepulta o seu corpo segundo o costume, e não descuides de sua sepultura.

17. Chora-o amargamente durante um dia, por causa da opinião pública, e depois consola-
te de tua tristeza;
18. toma luto segundo o merecimento da pessoa, um dia ou dois, para evitar as más palavras.
19. Pois a tristeza apressa a morte, tira o vigor, e o desgosto do coração faz inclinar a
cabeça.
20. A tristeza permanece quando (o corpo) é levado; e a vida do pobre é o espelho de seu
coração.
21. Não entregues teu coração à tristeza, mas afasta-a e lembra-te do teu fim.
22. Não te esqueças dele, porque não há retorno; de nada lhe servirás e só causarás dano a ti
mesmo.
23. Lembra-te da sentença que me foi dada: a tua será igual; ontem para mim, hoje para ti.
24. Na paz em que o morto entrou, deixa repousar a sua memória, e conforta-o no momento
em que exalar o último suspiro."

Podemos lamentar e chorar os mortos, mas não por muito tempo, porém o motivo não é para
que o espírito do morto não fique preso aqui, mas para que os vivos não se deixem levar pela
depressão.
Na Bíblia ( II Samuel 1, 4.11-12.17-27), lemos que Davi ao receber a notícia da morte de seu
amigo Jônatas e de Saul, pai dele, chora e jejua, compondo depois um cântico em honra
deles.

Assim, vemos que lamentar, chorar e permanecer de luto pelos mortos é uma atitude humana
e saudável quando feita com moderação:

24. Que aconteceu?, perguntou Davi. Conta-mo! Ele respondeu: As tropas fugiram do campo
de batalha, e muitos homens do exército tombaram. Saul também, e seu filho Jônatas,
pereceram!

25. Então tomou Davi as suas vestes e rasgou-as, imitando-o nesse gesto todos os que
estavam com ele.
26. Estiveram em pranto, choraram e jejuaram até a tarde por causa de Saul, de seu filho
Jônatas, do exército do Senhor e da casa de Israel, que haviam caído sob a espada.

27. Compôs então Davi o seguinte cântico fúnebre sobre Saul e seu filho Jônatas,
28. ordenando que fosse ensinado aos filhos de Judá. É o canto do Arco, que está escrito no
Livro do Justo:
29. Tua flor, Israel, pereceu nas alturas! Como tombaram os heróis?
30. Não anuncieis em Get nem o publiqueis nas ruas de Ascalon, para que não exultem as
filhas dos filisteus, para que não se regozijem as filhas dos incircuncisos.
31. Montanhas de Gelboé, não haja sobre vós nem orvalho nem chuva! Campos assassinos,
onde foi maculado o escudo dos heróis! O escudo de Saul estava ungido não com óleo,
32. mas, com o sangue de feridos, com a gordura de guerreiros, o arco de Jônatas jamais
recuou, a espada de Saul jamais brandiu em vão!
33. Saul e Jônatas, amáveis e encantadores, nunca se separaram, nem na vida nem na morte,
mais velozes do que as águias, mais fortes do que os leões!
34. Filhas de Israel, chorai por Saul, que vos vestia de púrpura suntuosa, e ornava de ouro
vossos vestidos.
35. Como caíram os heróis? Em pleno combate Jônatas tombou sobre as tuas colinas.
36. Jônatas, meu irmão, por tua causa meu coração me comprime! Tu me eras tão querido!
Tua amizade me era mais preciosa que o amor das mulheres.

37. Como caíram os heróis? Como pereceram os artilheiros de guerra?"


Como diz a Liturgia da Missa de Finados:
"para quem tem fé, a vida não é tirada, mas transformada"

Para lembrar uma linda passagem bíblica (João 11,31-45) sobre chorar os defuntos, recordo
aqui o fato de os judeus pensarem que Maria ia ao sepulcro chorar seu irmão, ou seja,
podemos e devemos visitar o sepulcro de nossos parentes e que até Jesus chorou diante da
partida de seu amigo Lázaro, e isso foi visto como sinal de amor:

"Vendo, pois, os judeus, que estavam com ela em casa e a consolavam, que Maria
apressadamente se levantara e saíra, seguiram-na, dizendo: Vai ao sepulcro para chorar ali.

Tendo, pois, Maria chegado aonde Jesus estava, e vendo-o, lançou-se aos seus pés, dizendo-
lhe: Senhor, se tu estivesses aqui, meu irmão não teria morrido.

Jesus pois, quando a viu chorar, e também chorando os judeus que com ela vinham, moveu-se
muito em espírito, e perturbou-se.

E disse: Onde o pusestes? Disseram-lhe: Senhor, vem, e vê.


Jesus chorou.

Disseram, pois, os judeus: Vede como o amava.


E alguns deles disseram: Não podia ele, que abriu os olhos ao cego, fazer também com que
este não morresse?
Jesus, pois, movendo-se outra vez muito em si mesmo, veio ao sepulcro; e era uma caverna, e
tinha uma pedra posta sobre ela.

Disse Jesus: Tirai a pedra. Marta, irmã do defunto, disse-lhe: Senhor, já cheira mal, porque é
já de quatro dias.
Disse-lhe Jesus: Não te hei dito que, se creres, verás a glória de Deus?

Tiraram, pois, a pedra de onde o defunto jazia. E Jesus, levantando os olhos para cima, disse:
Pai, graças te dou, por me haveres ouvido.

Eu bem sei que sempre me ouves, mas eu disse isto por causa da multidão que está em redor,
para que creiam que tu me enviaste.

E, tendo dito isto, clamou com grande voz: Lázaro, sai para fora.

E o defunto saiu, tendo as mãos e os pés ligados com faixas, e o seu rosto envolto num lenço.
Disse-lhes Jesus:

Desligai-o, e deixai-o ir.


Muitos, pois, dentre os judeus que tinham vindo a Maria, e que tinham visto o que Jesus
fizera, creram nele."
Outras passagens bíblicas exemplos de que podemos e devemos chorar e enterrar nossos
mortos com dignidade:

"Meu pai me fez jurar, dizendo: Eis que eu morro; em meu sepulcro, que cavei para mim na
terra de Canaã, ali me sepultarás. Agora, pois, te peço, que eu suba, para que sepulte a meu
pai; então voltarei.
6 E Faraó disse: Sobe, e sepulta a teu pai como ele te fez jurar.

7 E José subiu para sepultar a seu pai; e subiram com ele todos os servos de Faraó, os
anciãos da sua casa, e todos os anciãos da terra do Egito."
Gênesis 50, 5-7

"Então Davi e o povo que se achava com ele alçaram a sua voz, e choraram, até que neles
não houve mais forças para chorar. "
1 Samuel 30,4

"Disse, pois, Davi a Joabe, e a todo o povo que com ele estava: Rasgai as vossas vestes; e
cingi-vos de sacos e ide pranteando diante de Abner. E o rei Davi ia seguindo o féretro.
E, sepultando a Abner em Hebrom, o rei levantou a sua voz, e chorou junto da sepultura de
Abner; e chorou todo o povo."

2 Samuel 3,31-32

"E o sepultaram, e todo o Israel o pranteou, conforme a palavra do Senhor, a qual dissera
pelo ministério de seu servo Aías, o profeta."
1 Reis 14,18

Os protestantes usam erradamente e fora do contexto o versículo "Jesus, porém, disse-lhe:


Segue-me, e deixa os mortos sepultar os seus mortos." (Mateus 8,22) para tentar afirmar que
não devemos orar, nem chorar os mortos.

O versículo citado por eles não é uma crítica de Jesus ao enterro dos mortos, mas uma crítica
aos que procuram segui-lo, mas sempre têm uma desculpa para adiar esse seguimento. Nesse
versículo, mortos possui dois significados, em primeiro plano os que não aderiram o
evangelho, mortos espiritualmente, e, em segundo, os que morreram corporalmente.

Mas a nossa cidade está nos céus, de onde também esperamos o Salvador, o Senhor Jesus
Cristo,
Filipenses 3,20

Mas de ambos os lados estou em aperto, tendo desejo de partir, e estar com Cristo, porque
isto é ainda muito melhor.
Filipenses 1,23
CUIDAR DOS SEPULCROS, TÚMULOS DOS MORTOS, É BÍBLICO

Sempre que comemoramos Finados, muitas pessoas visitam o túmulo de seus parentes
queridos, enquanto outros teimam em dizer que isso não é bíblico e desnecessário.

Jesus deixa claro que era costume judáico adornar o túmulo dos profetas e justos, ou seja,
já existia a veneração dos Santos, dos familiares, dos queridos sim:

" Ai de vós, escribas e fariseus hipócritas! Edificais sepulcros aos profetas, adornais os
monumentos dos justos." (Mateus 23,29)

Jesus não critica essa prática, critica a atitude falsa deles, que elogiavam pessoas santas, mas
não praticavam viturdes.

Jesus menciona o respeito que os judeus tinham aos mortos, fazendo túmulos em memória dos
profetas.

Apesar de criticar os fariseus por não viverem a Palavra de Deus em verdade e espírito, Jesus
não critica a prática de respeito aos mortos.

Veja São Mateus ( 23,27-31):

38. Ai de vós, escribas e fariseus hipócritas! Sois semelhantes aos sepulcros caiados: por
fora parecem formosos, mas por dentro estão cheios de ossos, de cadáveres e de toda espécie
de podridão.
39. Assim também vós: por fora pareceis justos aos olhos dos homens, mas por dentro estais
cheios de hipocrisia e de iniqüidade.
40. Ai de vós, escribas e fariseus hipócritas! Edificais sepulcros aos profetas, adornais os
monumentos dos justos
41. e dizeis: Se tivéssemos vivido no tempo de nossos pais, não teríamos manchado nossas
mãos como eles no sangue dos profetas...

42. Testemunhais assim contra vós mesmos que sois de fato os filhos dos assassinos dos
profetas.

Visitar o túmulo dos falecidos é uma prática cristã que nos recorda a visita das mulheres ao
sepulcro de Jesus para prestar-lhe as honras, que ele não teve antes de ser enterrado na
correria das vésperas do sábado, no qual não podiam trabalhar:
E, no fim do sábado, quando já despontava o primeiro dia da semana, Maria Madalena e a
outra Maria foram ver o sepulcro.
(Mateus 28,1)

E, no primeiro dia da semana, foram ao sepulcro, de manhã cedo, ao nascer do sol.


(Marcos 16,2).
É verdade que também algumas mulheres dentre nós nos maravilharam, as quais de
madrugada foram ao sepulcro;
(Lucas 24,22)

E no primeiro dia da semana, Maria Madalena foi ao sepulcro de madrugada, sendo ainda
escuro, e viu a pedra tirada do sepulcro. (João 20,1)

Uma passagem do Evangelho de São João narra que os judeus ao verem a irmã de Lázaro
correndo para ver Jesus, pensaram que ela corria para ir chorar no túmulo do irmão e deixa
claro que esse costume de visitar os túmulos dos parentes é algo absolutamente natural e
saudável, pois nos recorda que um dia todos que morreram ressurgirão (Ezequiel 37, 1-14):

"Vendo, pois, os judeus, que estavam com ela em casa e a consolavam, que Maria
apressadamente se levantara e saíra, seguiram-na, dizendo: Vai ao sepulcro para chorar
ali." João 11,31.

Para os cristãos, a sepultura é um lugar sagrado, assim como o foi a de Jesus, pois ele é as
primícias dos que morreram (1 Coríntios 15,20).

Visitar os túmulos dos mortos e orar por eles ( I Cor 15,29) é uma prática cristã e bíblica, pois
assim como o profeta Ezequiel foi transportado por Deus para um cemitério para nos lembrar
que Deus, um dia, nos trará de voltar à vida (Ezequiel 37, 1-14), assim também somos
chamados a meditar nesse mistério da ressurreição e da nossa passagem desta vida para a
outra com Cristo.

Os mortos não precisam de visita, mas sim os vivos, para que lembrem que um dia também
irão para lá.

A Bíblia nos fala da necessidade de respeitar e zelar pelo túmulo dos mortos e seus corpos.

No Gênesis ( 23,1-2.7-9.19-20), lemos como ao falecer Sara, Abrão busca sepultá-la com toda
dignidade:

Sara viveu cento e vinte e sete anos: tal foi a duração de sua vida.
43. Ela morreu em Quiriat-Arbé, hoje Hebron, na terra de Canaã. Abraão veio para a
prantear e chorar.
44. Então Abraão levantou-se e, prostrando-se diante do povo daquela terra, os filhos de Het,
45. disse-lhes: “Se me permitis trazer minha defunta e enterrá-la, ouvi-me: Intercedei por
mim junto de Efrom, filho de Seor,

46. para que ele me ceda a caverna de Macpela que lhe pertence, e que se encontra na
extremidade de sua terra. Que ele ma ceda em vossa presença, por seu justo valor, a fim de
que eu me torne o proprietário dessa sepultura.”
47. E Abraão sepultou Sara, sua mulher, na caverna de Macpela, defronte de Mambré, hoje
Hebron, na terra de Canaã.

48. A terra e a caverna que nela se encontra passaram, pois, dos filhos de Het para
propriedade de Abraão, a título de lugar de sepultura.

O enterro de Santa Luzia,


virgem e mártir dos primeiros séculos,
pelos cristãos romanos.
Quando Abraão morre, ele também é enterrado na mesma caverna da sepultura da Sara,
tornando-se a caverna de Macpela como que num mausoléu da família:

Gênesis (25,7-10):
Eis a duração da vida de Abraão: Ele viveu cento e setenta e cinco anos,
49. e entregou sua alma, morrendo numa ditosa velhice, em idade avançada e cheio de dias, e
foi unir-se aos seus.

50. Isaac e Ismael, seus filhos, enterraram-no na caverna de Macpela, situada na terra de
Efrom, filho de Seor, o hiteu, defronte de Mambré,
51. a terra que Abraão tinha comprado aos filhos de Het. É lá que ele foi enterrado, com
Sara, sua mulher.

Lá, também foi enterrado Jacó:

Gênesis (49,29-33):

52. Em seguida, fez-lhes esta recomendação: “Eis que vou ser reunido aos meus. Enterrai-me
junto de meus pais na caverna da terra de Efrom, o hiteu,
53. na caverna da terra de Macpela, defronte de Mambré, na terra de Canaã, essa caverna
que Abraão havia comprado a Efrom, o hiteu, ao mesmo tempo que a terra, para ter a
propriedade de uma sepultura.
54. Foi aí que enterraram Abraão e Sara, sua mulher; foi aí que enterraram Isaac e Rebeca,
sua mulher; e foi aí que enterrei Lia”.
55. (Essa propriedade, bem como a caverna que nela se encontra, foram compradas aos
filhos de Het.)
56. E, tendo Jacó dado aos seus filhos esta última recomendação, recolheu os pés em sua
cama, e expirou. E foi reunido aos seus.

A Bíblia afirma que enterrar os mortos é uma obra de misericórdia, como lemos em II Samuel
(2,4-5):

57. Os homens de Judá foram ali e sagraram Davi rei da casa de Judá. Foi anunciado ao rei
que os homens de Jabes em Galaad haviam sepultado Saul.

58. Davi mandou-lhes mensageiros, dizendo: Benditos sejais pelo Senhor, por terdes feito
esta obra de misericórdia para com o vosso senhor Saul, sepultando-o!

Não ter seu corpo sepultado junto com sua família, ou mesmo sem ser enterrado é algo
apresentado pela Bíblia como um castigo, como afirma I Reis (13,20-22):
59. Enquanto estavam à mesa, o Senhor falou ao profeta que o tinha feito voltar,

60. e este interpelou o homem de Deus, vindo de Judá, nestes termos: Eis o que diz o Senhor:
Desobedeceste à palavra do Senhor e não cumpriste a ordem que o Senhor, teu Deus, te havia
dado:
61. voltaste e comeste num lugar do qual Deus te dissera: Não comerás pão ali, nem beberás
água. Por isso teu cadáver não será levado ao sepulcro de teus pais.

O respeito ao cemitério, aos corpos e túmulos dos mortos, nos é apresentado em II Reis
(23,16-19), ao mostrar que Josias respeita o corpo do homem de Deus, o profeta, mas não os
corpos dos idólatras, como que castigando-os, queimando seus ossos em profanação ao altar
dos deuses estrangeiros:

62. Josias, olhando em torno de si, viu os túmulos que havia sobre a colina; mandou buscar
os ossos dos sepulcros e queimou-os no altar. Este altar foi assim profanado, segundo o
oráculo que o Senhor tinha proferido pelo homem de Deus que havia predito essas coisas.

63. E o rei perguntou: Que monumento é esse que eu vejo? Os habitantes da cidade
responderam-lhe: É o túmulo do homem de Deus que veio de Judá, e que predisse tudo o que
fizeste ao altar de Betel.
64. Deixai-o, disse o rei; paz aos seus ossos. E os seus ossos ficaram intactos, assim como
os ossos do profeta que tinha vindo de Samaria.

A Igreja sempre teve cuidado com o corpo de seus fiéis e ,muito cedo, os cristãos
compreenderam a necessidade de respeitar o túmulo de seus irmãos mais santos.

Durante as perseguições romanas, eram nos cemitérios (as catacumbas romanas) que se
celebravam as Missas, fazendo dos túmulos dos santos, o altar da celebração eucarística.

imagem de uma Catacumba romana,


com desenhos de cristãos em oração.
A Bíblia nos mostra que os corpos dos Santos (Atos 19,11-12), mesmo depois de mortos, ainda são cheios do
poder de Deus, como podemos conferir na passagem de II Reis (13, 20-21):

65. Eliseu morreu e foi sepultado. Guerrilheiros moabitas faziam cada ano incursões na
terra.
66. Ora, aconteceu que um grupo de pessoas, estando a enterrar um homem, viu uma turma
desses guerrilheiros e jogou o cadáver no túmulo de Eliseu. O morto, ao tocar os ossos de
Eliseu, voltou à vida, e pôs-se de pé.

Túmulo de vidro com os restos mortais


de Santa Luzia, virgem e mártir.

Jesus menciona o respeito que os judeus tinham aos mortos, fazendo túmulos em memória dos
profetas. Apesar de criticar os fariseus por não viverem a Palavra de Deus em verdade e
espírito, Jesus não critica a prática de respeito aos mortos.

Veja São Mateus ( 23,27-31):

67. Ai de vós, escribas e fariseus hipócritas! Sois semelhantes aos sepulcros caiados: por fora
parecem formosos, mas por dentro estão cheios de ossos, de cadáveres e de toda espécie de
podridão.
68. Assim também vós: por fora pareceis justos aos olhos dos homens, mas por dentro estais
cheios de hipocrisia e de iniqüidade.
69. Ai de vós, escribas e fariseus hipócritas! Edificais sepulcros aos profetas, adornais os
monumentos dos justos
70. e dizeis: Se tivéssemos vivido no tempo de nossos pais, não teríamos manchado nossas
mãos como eles no sangue dos profetas...
71. Testemunhais assim contra vós mesmos que sois de fato os filhos dos assassinos dos
profetas.

Enterrar os corpos dos cristãos com dignidade e respeitar seus túmulos, zelando por eles é
uma prática que nos lembra que todos somos outros cristos e merecemos ter um sepulcro,
como o Cristo teve (São Mateus 27,57-60):
À tardinha, um homem rico de Arimateia, chamado José, que era também discípulo de Jesus,

72. foi procurar Pilatos e pediu-lhe o corpo de Jesus. Pilatos cedeu-o.


73. José tomou o corpo, envolveu-o num lençol branco
74. e o depositou num sepulcro novo, que tinha mandado talhar para si na rocha. Depois
rolou uma grande pedra à entrada do sepulcro e foi-se embora.

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