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A Bíblia afirma que Deus arrebatou o Profeta Ezequiel em espírito e o transportou para uma
planície coberta de ossos, um cemitério (Ezequiel 31,1), e nele, o Senhor fez uma revelação
ao seu servo.
O cemitério é esse lugar onde devemos ir para ouvir a Palavra de Deus, como Ezequiel
ouviu.
Vejamos o trecho que nos fala da visita de Ezequiel a um cemitério na Bíblia (Ezequiel 37,
1-14):
"1. A mão do Senhor desceu sobre mim. Ele me arrebatou em espírito e me colocou no
meio de uma planície, que estava coberta de ossos.
2. Ele fez-me circular em todos os sentidos no meio desses ossos numerosos que jaziam na
superfície. Vi que estavam inteiramente secos.
3. Disse-me o Senhor: filho do homem, poderiam esses ossos retornar à vida? Senhor
Javé, respondi, só vós o sabeis.
4. Ele disse-me então: Profere um oráculo sobre esses ossos. Ossos dessecados, dir-lhes-ás
tu, escutai a palavra do Senhor:
5. Eis o que vos declara o Senhor Javé: vou fazer reentrar em vós o sopro da vida para vos
fazer reviver.
6. Porei em vós músculos, farei vir carne sobre vós, cobrir-vos-ei de pele; depois farei
entrar em vós o sopro da vida, a fim de que revivais. E sabereis assim que eu sou o Senhor.
7. Profetizei, pois, assim como tinha recebido ordem. No momento em que comecei, um
barulho se fez ouvir, em seguida um ruído ensurdecedor, enquanto os ossos se vinham unir
aos outros.
8. Prestando atenção, vi que se formavam sobre eles músculos, que nascia neles carne e que
uma pele os recobria. Todavia, não tinham espírito.
9. Profetiza ao espírito, disse-me o Senhor, profetiza, filho do homem, e dirige-te ao
espírito: eis o que diz o Senhor Javé: vem, espírito, dos quatro cantos do céu, sopra sobre
esses mortos para que revivam.
10. Proferi o oráculo que ele me havia ditado, e daí a pouco o espírito penetrou neles.
Retornando à vida, eles se levantaram sobre seus pés: um grande, um imenso exército.
11. Então o Senhor me disse: filho do homem, esses ossos são toda a raça dos israelitas.
Eles dizem: nossos ossos estão secos, nossa esperança está morta; estamos perdidos!
12. Por isso, dirige-lhes o seguinte oráculo: eis o que diz o Senhor Javé: ó meu povo, vou
abrir os vossos túmulos; eu vos farei sair deles para vos transportar à terra de Israel.
13. Sabereis então que eu é que sou o Senhor, ó meu povo, quando eu abrir os vossos
túmulos e vos fizer sair deles,
14. quando eu meter em vós o meu espírito para vos fazer voltar à vida e quando vos hei
de restabelecer em vossa terra. Sabereis então que sou eu o Senhor, que o disse e o
executei - oráculo do Senhor."
A Bíblia, no Novo Testamento, afirma que os cristãos também oravam pelos mortos:
"De outra maneira, que intentam aqueles que se batizam em favor dos mortos? Se os
mortos realmente não ressuscitam, por que se batizam por eles? " ( I Cor 15,29)
A VISITA AO SEPULCRO
Visitar o túmulo dos falecidos é uma prática cristã que nos recorda a visita das mulheres ao
sepulcro de Jesus para prestar-lhe as honras, que ele não teve antes de ser enterrado na
correria das vésperas do sábado, no qual não podiam trabalhar:
É verdade que também algumas mulheres dentre nós nos maravilharam, as quais de
madrugada foram ao sepulcro;
(Lucas 24,22)
Uma passagem do Evangelho de São João narra que os judeus ao verem a irmã de Lázaro
correndo para ver Jesus, pensaram que ela corria para ir chorar no túmulo do irmão e deixa
claro que esse costume de visitar os túmulos dos parentes é algo absolutamente natural e
saudável, pois nos recorda que um dia todos que morreram ressurgirão (Ezequiel 37, 1-14):
"Vendo, pois, os judeus, que estavam com ela em casa e a consolavam, que Maria
apressadamente se levantara e saíra, seguiram-na, dizendo: Vai ao sepulcro para
chorar ali."
João 11,31
A SEPULTURA É SAGRADA
Para os cristãos, a sepultura é um lugar sagrado, assim como o foi a de Jesus, pois ele é as
primícias dos que morreram (1 Coríntios 15,20).
Visitar os túmulos dos mortos e orar por eles ( I Cor 15,29) é uma prática cristã e bíblica.
Assim como o profeta Ezequiel foi transportado por Deus para um cemitério para nos
lembrar que Deus, um dia, nos trará de voltar à vida (Ezequiel 37, 1-14), assim também
somos chamados a meditar nesse mistério da ressurreição e da nossa passagem desta vida
para a outra com Cristo.
Os mortos não precisam de visita, mas sim os vivos, para que lembrem que um dia também
irão para lá.
A Bíblia nos fala da necessidade de respeitar e zelar pelo túmulo dos mortos e seus corpos.
No Gênesis ( 23,1-2.7-9.19-20), lemos como ao falecer Sara, Abrão busca sepultá-la com
toda dignidade.
Quando Abraão morre, ele também é enterrado na mesma caverna da sepultura da Sara,
tornando-se a caverna de Macpela como que num mausoléu da família Gênesis (25,7-10).
A Bíblia afirma que enterrar os mortos é uma obra de misericórdia, como lemos em II
Samuel (2,4-5).
Não ter seu corpo sepultado junto com sua família, ou mesmo sem ser enterrado é algo
apresentado pela Bíblia como um castigo, como afirma I Reis (13,20-22).
O respeito ao cemitério, aos corpos e túmulos dos mortos, nos é apresentado em II Reis
(23,16-19), ao mostrar que Josias respeita o corpo do homem de Deus, o profeta, mas não os
corpos dos idólatras, como que castigando-os, queimando seus ossos em profanação ao altar
dos deuses estrangeiros.
A Bíblia nos mostra que os corpos dos Santos (Atos 19,11-12), mesmo depois de mortos,
ainda são cheios do poder de Deus, como podemos conferir na passagem de II Reis (13, 20-
21).
Jesus menciona o respeito que os judeus tinham aos mortos, fazendo túmulos em memória
dos profetas. Apesar de criticar os fariseus por não viverem a Palavra de Deus em verdade e
espírito, Jesus não critica a prática de respeito aos mortos ( São Mateus 23,27-31)
Enterrar os corpos dos cristãos com dignidade e respeitar seus túmulos, zelando por eles é
uma prática que nos lembra que todos somos outros cristos e merecemos ter um sepulcro,
como o Cristo teve (São Mateus 27,57-60).
A Igreja sempre teve cuidado com o corpo de seus fiéis e ,muito cedo, os cristãos
compreenderam a necessidade de respeitar o túmulo de seus irmãos mais santos.
Durante as perseguições romanas, eram nos cemitérios (as catacumbas romanas) que se
celebravam as Missas, fazendo dos túmulos dos santos, o altar da celebração eucarística.
E assim como Jó orou por seus familiares para serem purificados de seus pecados (Jó 1,5) e
o Apóstolo São João afirma que podemos orar para que Deus perdoe os pecados do próximo
(I João 5,15).
Podemos e devemos orar pelos falecidos.
São Paulo, em outra passagem bíblica, também ora por uma amigo que, segundo o que
podemos concluir de sua carta, já era falecido (II Timóteo 1,16-18; 4,19).
A oração pelos falecidos também é mencionada no Antigo Testamento em II Macabeus 12,
42-46.
Ao orarmos pelos falecidos pedimos que eles sejam livres de suas faltas e compareçam
puros e santos diante da face de Deus, pois o Senhor nos disse que há pecados que podem
ser perdoados no outro mundo (Mateus 12,32) e São Paulo nos diz que algumas almas, no
dia de seu julgamento (Hebreus 9,27), são salvas passando por um fogo (I Coríntios 3,13-
15), que denominamos de Purgatório.
As flores e as velas são apenas símbolos materiais de nossa oração diante de Deus.
A Missa, que é o sacrifício de Jesus feito uma só vez, mas renovado em nossos altares
( Lucas 22,19; I Coríntios 10,16), pois ele vive para interceder (Hebreus 7,25) , é a nossa
maior e mais importante oração que pode livrar as almas de suas culpas.
A Igreja, que é "a coluna e firmeza da verdade" 1 Timóteo 3,15, recebeu de Cristo
autoridade para ligar e desligar ( e tudo o que ligares na terra será ligado nos céus, e tudo o
que desligares na terra será desligado nos céus. São Mateus 16,19) e por isso definiu um
dia específico para os cristãos católicos orarem e comemorarem os fiéis defuntos.
Para nós, todos estão vivos em Deus (Lucas 20,38; Romanos 14,8).
E por eles ofereceremos a Santa Missa, o sacrifício de Cristo, para que livres de suas culpas
possam ver a Deus (Deut 32, 51-52).
§1056 Seguindo o exemplo de Cristo, a Igreja adverte os fiéis acerca da "triste e lamentável
realidade da morte eterna, denominada também de "inferno".
§1371 O Sacrifício Eucarístico é também oferecido pelos fiéis defuntos "que morreram em
Cristo e não estão ainda plenamente purificados", para que possam entrar na luz e na paz
de Cristo:
"Enterrai este corpo onde quer que seja! Não tenhais nenhuma preocupação por ele! Tudo
o que vos peço é que vos lembreis de mim no altar do Senhor onde quer que estejais."
Santa Mônica. Em seguida, oramos [na anáfora] pelos santos padres e Bispos que
faleceram, e em geral por todos os que adormeceram antes de nós acreditando que haverá
muito grande benefício para as almas, em favor das quais a súplica é oferecida, enquanto
se encontra presente a santa e tão temível vítima. (...) Ao apresentarmos a Deus nossas
súplicas pelos que adormeceram, ainda que fossem pecadores, nós (...) apresentamos o
Cristo imolado por nossos pecados, tomando propício, para eles e para nós, o Deus amigo
dos homens.