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UNIDADE I

AS ORIGENS DA POLÍCIA MILITAR DE MINAS GERAIS

Com a formação dos primeiros núcleos sociais e o aparecimento das primeiras normas de convivência, os
direitos de cada um dos indivíduos que constituíam a sociedade foram limitados.

Terminavam justamente onde começava o direito do outro. Em consequência surgiram os primeiros


choques de interesses e foi necessário então um poder que limitasse as ambições desmedidas. A Polícia
nasceu da necessidade social e quer no espaço quer no tempo tem evoluído concomitantemente com a
sociedade e não é possível fixar no tempo a data exata do surgimento da polícia.

Em civilizações remotas existiam, não como hoje, mas em estado embrionário, instituições policiais
destinadas a vigilância e a manter a ordem assegurando a evolução da sociedade.

Os sistemas policiais europeus e a opção portuguesa no Sec.XV

O termo polícia aqui usado não se refere a uma instituição armada, uniformizada e separada do Exército
e das instituições judiciárias, mas como um conceito: “ a ordem estabelecida para a tranquilidade e o
sossego públicos.”

Isso significa que, ao estudar a polícia do passado, você deve fazê-lo em sintonia ao tempo e o contexto
da época. Lembre-se que, as leis mudam com o tempo. A Força Pública em muitos eventos aparecerá
atuando como um exército, com táticas, técnicas e armamento de exército mesmo.

Portugal ao estabelecer políticas relativas à polícia no coração da América Portuguesa, no início do século
XVIII, criou um sistema diferente das concepções posteriormente idealizadas pela França e Inglaterra e
mesmo após a institucionalização desses sistemas na Europa, eles não foram reapropriados para a
realidade brasileira dos finais do século XVIII e início do XIX.

O processo de implementação das Políticas da Ordem, o arranjo institucional hierárquico-militar mostrou-


se adequado aos interesses de Portugal perante o Brasil e que as instituições militares foram eleitas em
virtude do conjunto de práticas e valores que integravam a tradição militarista lusitana, durante o
processo de expansão do Império Ultramarino.

França e Inglaterra: os paradigmas europeus

Nos sistemas policiais estabelecidos pela França absolutista do século XVIII e pela Inglaterra liberal do
século XIX, a polícia seria caracterizada por :“ Possuir um corpo profissional separado do exército e das
instituições judiciárias, uniformizado, armado, equipado responsável por patrulhar as cidades como
instituição resultante dos esforços de construção de uma concepção de Estado orientada pela ambição
iluminista de produzir e sustentar a paz através de meios pacíficos e civilizados.”

Apesar de utilizarem conceitos de polícia parecidos, França e Inglaterra adotaram na prática, posturas
bem diferentes. A ideia de polícia como força pública foi concebida com as mudanças ocorridas na França
em meados de 1789.
Conceitos de Polícia nos tempos Grécia, Roma, Idade Média e Idade
Contemporânea
Com a formação dos primeiros núcleos sociais e o aparecimento das primeiras normas de convivência, os
direitos de cada um dos indivíduos que constituíam a sociedade foram limitados. Terminavam justamente
onde começava o direito do outro. Em consequência surgiram os primeiros choques de interesses e foi
necessário então um poder que limitasse as ambições desmedidas. A Polícia nasceu da necessidade social
e quer no espaço quer no tempo tem evoluído concomitantemente com a sociedade e não é possível fixar
no tempo a data exata do surgimento da polícia.

Em civilizações remotas existiam, não como hoje, mas em estado embrionário, instituições policiais
destinadas a vigilância e a manter a ordem assegurando a evolução da sociedade.

GRÉCIA

O Grego não tinha individualidade, era antes de tudo espartano, ateniense, ninguém trabalhava para si,
mas para a cidade. Na Grécia a Polícia confundia-se com o conjunto de instituições que formavam a
cidade. Entendiam os gregos, aliás com admirável justeza, que um Estado bem policiado era aquele em
que a lei, de um modo geral assegurava a prosperidade e o equilíbrio social. A polícia confundia-se com o
conjunto das instituições que formavam a cidade.

ROMA

Na civilização latina já não há aquela consagração do cidadão a pólis. A dicotomia ordem pública e ordem
privada era uma demonstração de que não existia mais a identificação entre o indivíduo e a coletividade.
A ordem jurídica reconhece, pela primeira vez na história, a esfera do particular, do privado, em contra-
posição ao geral, ao público.

Em Roma a liberdade individual, a propriedade particular, a faculdade de exercer atividades lucrativas,


introduziram o desequilíbrio social. A função policial passa a ter relevância jurídica como mantenedora do
equilíbrio entre o indivíduo e o bem comum.

De início, as funções policiais confundiam-se com as de judicatura. Na civilização romana é que a atividade
policial alcança maior semelhança com a estrutura e função dos órgãos policiais das sociedade
contemporâneas.

IDADE MÉDIA

Na idade média havia o que chamamos de Estado Policial, a noção de polícia se circunscrevia a boa ordem
na sociedade civil presidida pela autoridade estatal, ficando a ordem moral e religiosa a cargo da
autoridade religiosa. O Príncipe como guardião do bem comum era dono e senhor. Tinha poder absoluto
sobra a vida e as atividades de seus súditos. Todos deveriam curvar-se diante a autoridade do Príncipe,
representante de Deus na Terra para fazer o bem.

IDADE CONTEMPORÂNEA

Luiz XIV disse: “ Deveis estar persuadidos de que os reis são senhores absolutos e tem a plena disposição
de todos os bens, sejam da igreja ou dos seculares, para usá-los em qualquer tempo como os sábios
ecônomos, isto é, segundo a necessidade e o interesse geral do seu Estado.”

No século XVIII, a teoria do Estado-Polícia entra em crise. A teoria da separação dos poderes, a liberdade
individual, desconhecida pela autocracia e pelo despotismo, vão destruindo as bases do Estado absoluto.
A Revolução Francesa com a criação do Estado de Direito, calcado na juricidade e na pessoa humana,
redimensionou a função policial, atribuindo-lhe a missão de proteger a ordem jurídica e de manter a
segurança.

A Polícia não reside na vontade do monarca, mas na vontade legislativa.

O Art. 2º da Declaração dos Direitos do Homem e do cidadão (1789) estabelecia:

“a garantia dos Direitos Humanos e os do cidadão requer uma força pública; esta é, portanto, instituída
em benefício de todos, e não para utilidade particular daqueles a quem ela é confiada.”

O Estado Moderno no bojo das ideias liberais, ao reconhecer o indivíduo sua vontade livre, seus direitos
naturais e invioláveis, fez recair contra a polícia a repulsa e a desconfiança do indivíduo, que via na
instituição uma ameaça constante a sua liberdade.

Este problema surgido na época da Revolução Francesa, permanece até hoje no seio do Estado
Contemporâneo.

Os teóricos do liberalismo difundem a liberdade abstrata, ideal, impossível de realizar-se concretamente


porque viver em sociedade significa a submissão ao ordenamento criado por ela. A liberdade abstrata
levou e tem levado a concepção errônea de que a vontade livre individual tenha que ser respeitada até o
último dos extremos. lsso seria a destruição completa da sociedade. Haverá sempre o interesse coletivo,
se se quer uma sociedade que prevalece sobre qualquer. A liberdade individual deve submeter-se aos
limites impostos pela ordem social.

Esquecido o interesse coletivo, a polícia, em sua atividade limitadora de direitos, é sempre vista como
excressência do poder estatal. Os direitos humanos são sempre invocados, mesmo quando a finalidade
da atividade policial é a proteção do interesse geral.

O Estado Moderno trouxe contribuição inigualável à convivência social, no que tange aos direitos e
garantias individuais e às limitações dos poderes do Estado. Porém, pecou por não ver na instituição
policial o mais poderoso instrumento estatal de preservação daqueles direitos tão arduamente
conquistados.

O Modelo Francês: Corpo de Cavalaria – A Escola da Gendarmarie


Francesa/Tenente de Polícia

O modelo Francês reside essencialmente em dois pilares: Maréchausseé nos campos e Tenencia de
Polícia em Paris.

De origem puramente militar a Maréchausseé é territorializada a partir do século XVI. Suas ligações com
as autoridades militares se afrouxam, ela recupera a competência de polícia civil nos campos; repressão
das pilhagem, contrabandos, vigia populações itinerantes, prende vagabundos, desertores. Após a
Revolução Francesa é transformada em Guarda Civil, a organização e o funcionamento dessa polícia
militar permanecerão quase imutáveis desde o século XVIII até hoje.

Em 1667 Luiz XIV cria o ofício de tenente de polícia de Paris para confederar e por em ação sob o seu
nome todo o conjunto de tarefas ligadas a administração da cidade. O Tenente de Polícia de Paris tem
competências muito amplas, desde a repressão a criminalidade até o controle de gazetas de livrarias. A
partir de uma rede de informações o Tenente de Paris apresenta diariamente ao Rei um boletim político
e um boletim moral.

Ao se desviar do seu projeto inicial (garantia dos direitos humanos e do cidadão) a força pública francesa
tornar-se-ia os olhos, ouvidos e braços do soberano. O sistema francês agregaria numa única instituição
as atribuições de polícia de fronteiras, de costumes, polícia investigativa, judiciária, ostensiva, polícia
política, ação interna, defesa territorial, serviço secreto e contraespionagem.

Assim norteada pelos princípios da Constituição Francesa de 1791, surgiria a Gendermerie Nationale,
instituída para garantir contra qualquer outra força, os direitos do homem e do cidadão. Não poderia ser
colocada à disposição e uma autoridade para fins particulares.

A Revolução Francesa importou instituições jurídicas de origem anglossaxônica, mas conservou e


exportou o sistema policial gerado pelo absolutismo.

“ Polícia francesa constituiria, supostamente, o modelo para uma “polícia autoritária, preocupada com a
segurança das instituições do Estado, e sujeita a um rígido controle central”. A Polícia à moda francesa,
segundo os ingleses, uma ameaça à liberdade."

Modelo Inglês

Para os reformadores da polícia britânica era preciso policiais bem visíveis para que pudessem ser
controlados pela população e não parecerem uma polícia secreta e também era preciso que seus
uniformes e armamentos não lembrem os policiais das gendarmarias devendo ser civil e cortês com
qualquer cidadão.

Em 1829, foi concebida a New Police, em Londres. Uma força civil estruturada sob os princípios da
hierarquia e disciplina militares, com uma administração centralizada e autonomia regional. Prática
cotidiana centrada no indivíduo. Polícia dos súditos, do Parlamento e nunca do Estado. “O sistema inglês
sugeria uma polícia sob maior controle dos cidadãos, preocupada principalmente com a segurança
individual.”

O Ministro do Interior da Inglaterra, Sir Robert Peel, após realizar ampla reforma dos sistemas criminal e
penal, concebeu a New Police.

O processo da construção de uma instituição policial moderna resultaria da distinção entre o máximo
emprego de violência para abalar a coesão do inimigo na guerra e o uso mínimo de força necessário para
compelir a obediência individual e coletiva nos tempos de paz.

Conceitos de polícia e sistemas policiais e o controle da violência.

O conceito de polícia se ampliou até abranger toda atividade da administração, quer dirigida para prevenir
os males e as desordens da sociedade, quer para zelar, através dos serviços públicos, pelo bem estar físico
econômico e intelectual da população.

O conceito de polícia entendido num primeiro momento em Portugal como a ordem estabelecida para a
boa e harmônica convivência dos vassalos estaria dependente do controle da violência privada e,
consequentemente ausência de desordem.

A competência da polícia é o uso da força e o Estado é visto como aquela comunidade que tem o
monopólio da força física legitimada e cuja autoridade implica na complementariedade entre a força e a
legitimidade como formas básicas do exercício do poder político. Para o direito português, a violência
estaria relacionada a certas características a ação, como, por exemplo, a convocação de homens armados
para uma ação violenta. O que estaria em jogo seria a violação do monopólio do uso da força exercido
pela Coroa.
Para os franceses a segurança pública seria o afastamento, por meio de organizações próprias, de todo o
perigo ou de todo o mal que pudesse afetar a ordem pública.

Segundo Aristóteles, a politéia é uma forma de governo que tem por base a presunção de igualdade, com
origem na ideia de que sendo todos iguais sob determinados aspectos, também o serão em outros. Polícia
geral de uma cidade seria o conjunto de regras estabelecidas para a defesa dos interesses públicos e da
organização social.

Contemporaneamente a polícia é vista como uma instituição que possui um corpo profissional
especializado, selecionado e treinado apropriadamente, separado do exército e das instituições
judiciárias. Ela desempenha um importante papel de controle social formal, pois, como parte do Estado,
detém o monopólio do uso legítimo e consentido da força em prol da coletividade, sob o Império da
Lei.

A Polícia Moderna
Naquela época Paris tinha a mais conhecida, melhor organizada e mais bem paga força policial na época,
dentro de princípios de proteção da cidade. A chamada Polícia de Paris. A Grã-Bretanha estava em guerra
com a França (1793-1815), e durante a maior parte desse tempo, a França tinha uma polícia secreta e
políticos ardilosos. Portanto, muitos londrinos não gostavam da ideia de ter os franceses por referência,
por causa da associação com a França.

Nesta época o público inglês acreditava que o trabalho da polícia deveria ter uma participação da
sociedade e não do Governo Nacional. Robert Peel (Primeiro Ministro do Reino Unido por duas vezes no
século XIX) em sua gestão buscou estabelecer princípios de ordem e organização as cidades londrinas. O
conceito de policiamento profissional, o principal na área de segurança pública, foi implementado com o
Ato de 1829, onde a Polícia Metropolitana de Londres passou a atuar em tempo integral, como
organização profissional e uma força policial organizada em defesa da cidade, dentro de princípios
conceituais e doutrinários, fundamentos no respeito e na relação com o morador da Capital Londrina.

Mais de 180 anos depois os princípios são definidos como instruções gerais para uma polícia que deseja
ser moderna e próxima ao cidadão em uma cidade. Resumem as ideias de Sir Robert Peel para definir
uma força policial ética e democrática. A abordagem expressa nestes princípios é comumente conhecido
como o policiamento comunitário, desenvolvido nos países do Reino Unido (Inglaterra, Canadá, Austrália
e Nova Zelândia).

Neste modelo de policiamento, os policiais são considerados como cidadãos pelo seu relacionamento com
a comunidade, usando um uniforme. Exerçam os seus poderes para policiar seus concidadãos, com o
consentimento implícito desses concidadãos. "Policiamento por consentimento" indica que a legitimidade
do policiamento nos olhos do público é baseado em um consenso geral de apoio que decorre
transparência sobre seus poderes, sua integridade no exercício das suas competências e da sua
responsabilidade por isso.

Pelo princípios policiais, Sir Robert Peel é considerado o pai do policiamento moderno. Ajudou a criar o
moderno conceito de força policial, e, por conta disto, os policiais metropolitanos ingleses são conhecidos
como Bobbies.

O nome de Peel, é evocado não pelo fato de que Robert Peel tenha elaborado o texto, mas em decorrência
de que enunciou, na conceituação de uma força policial ética, o “espírito” destes princípios.

A lista abaixo, princípios norteadores da ação policial, indica, um caminho ético a qualquer organização
de segurança no mundo, seja nacional, estadual e, principalmente municipal, sobretudo, aos
administradores públicos, eleitos pelo povo, que têm a responsabilidade da administração também da
Segurança Pública durante o seu mandato.

PRINCÍPIOS CENTENÁRIOS DE ROBERT PEEL

o A razão de existência da Polícia é a prevenção do crime e da desordem.


o O desempenho policial, no exercício de suas funções, deve ser reconhecido, positivamente, pelo
público.
o Para obter e manter o respeito do público a Polícia deve incentivar a cooperação da população
e a observância voluntária da lei.
o Quanto maior a cooperação do público menor será a necessidade do uso de força física, pela
Polícia.
o A confiança da população na Polícia não está relacionada a agradar a opinião pública, mas sim
pela demonstração constante de imparcialidade absoluta à lei, no serviço diário.
o A necessidade de uso de força física, pela Polícia, só ocorre quando o diálogo, aconselhamento e
alertas falharam.
o Os policiais devem manter, o tempo todo, seu bom relacionamento com a comunidade, a ponto
de fazer valer a tradição histórica de que a Polícia é a População e a População é a Polícia; policias
constituem-se unicamente de membros da comunidade que assumem, em tempo integral e
profissionalmente, os deveres que incumbem a cada cidadão, no interesse do bem-estar da
comunidade.
o Policiais devem sempre agir em acordo às suas funções legais e nunca usurpar os poderes do
Judiciário.
o O bom desempenho nos trabalhos policiais é validado pela ausência de crimes e desordem, e
não nas evidências visíveis (prisões, por exemplo) da ação policial ao lidar com estas questões.

Minas Gerais no período colonial – situação econômica e política (séc.


XVII)

Minas Gerais se relaciona literalmente por abrigar campos de extração de inúmeros minérios,
principalmente ouro denominadas "minas gerais", em oposição às minas particulares ou por sua
variedade de tipos de minério. No início do século XVIII, a região era simplesmente denominada
Minas. Em 1710, surge a capitania de São Paulo e Minas de Ouro e, em 1720, desmembra-se dela
a capitania de Minas Gerais.

Portugal começou, desde o início do século XVIII, a se inquietar com as minas. É datada de 7 de fevereiro
de 1701 carta régia de dom Pedro II que proíbe completamente a Artur de Sá e Menezes comunicação e
comércio entre a Capitania da Bahia e o que chama "minas de São Paulo", isto é, a região mineira dos
Cataguás, Caeté e Rio das Velhas. Pensava a Corte poder resolver as fraudes ao Quinto ocasionadas com
comércio muito ativo - mas como aplicar a lei com rigor em região tão vasta, tão deserta, sem soldados
nem funcionários? Ficou porém proibida a passagem de escravos de Pernambuco e Bahia para o Sul, e
tampouco era permitida a entrada de mais gente para as Minas. Os infratores achados em caminho
deveriam ser presos e punidos com penas severas de cárcere e deportação, além de ter confiscada sua
fazenda. Foi o início de tentativas desesperadas de "fechar" as minas.

Não havia estrutura judiciária em Minas. Os ouvidores gerais residiam no Rio e em São Paulo, e visitavam
em correição, o que significa em viagem de inquéritos e julgamentos, mas se limitavam a ir aos principais
arraiais. Só após as graves desordens de 1709, com a sublevação de Manuel Nunes Viana, a divisão
da Capitania de São Vicente nas capitanias de São Paulo e Minas de Ouro e na do Rio de Janeiro. Só a
chegada de um governador na nova Capitania de São Paulo e Minas de Ouro fez montar uma estrutura
administrativa e judiciária conveniente, o que se deu após 1710-1711.

Em 1714, foram criadas as comarcas:


 Comarca de Ouro Preto, com sede em Vila Rica;
 Comarca do Rio das Mortes, com sede na recém-criada Vila de São João del-Rei;
 Comarca do Rio das Velhas com sede na Vila de Sabará.

"Os aventureiros que concorriam", diz um cronista, "eram tão pobres que conduziam às costas quanto
possuíam. Graças à caridade dos Paulistas, logo que entravam uns achavam cama e mesa nas casas destes
descobridores: outros recebiam o mantimento somente, mas todos obtinham introdução nas lavras, até
que ajuntando ouro se habilitassem para viverem às suas expensas". Mas, na linguagem popular dos
mineiros, logo "forasteiro" passa a sinônimo de adversário. Os portugueses e seus aliados, os baianos
sobretudo, seriam chamados "emboabas"".

Em 18 de abril de 1701, um ato do governador Artur de Sá e Menezes criou, para o fisco (para a
arrecadação do tributo do Quinto sobre o ouro), os cargos de Superintendentes, escrivães, tesoureiros e
registros nos caminhos dos campos gerais para o Rio de Janeiro, São Paulo, Pernambuco e para a Bahia,
proibindo a circulação e a saída de qualquer pessoa de Minas sem guia do ouro pela qual mostrasse haver
pago o tributo de um quinto.

Foram as primeiras providências sobre policiamento das minas e concessão dos terrenos: cobrança do
quinto, recebedorias, guias.

Ao final de 1770 e início de 1780, Minas Gerais possuía uma sociedade com grande potencial de riqueza.
Entretanto, encontrava-se empobrecida. O surto do ouro criou um mercado interno para produtos até
então apenas exportados. Foi também instalado um tipo especial de propriedade territorial que
combinava o engenho de açúcar com a mina de ouro, ou esta com a pecuária. Mesmo assim
os colonos não conseguiam superar os problemas advindos do esgotamento do ouro aluvial.

Nessa época, a população da Capitania das Minas Gerais, excluídos os índios, era superior a 300 mil
habitantes. Ela representava 20% de total de habitantes da América portuguesa, e constituía a maior
concentração populacional da Colônia. Os escravos eram a maioria, e o restante dividia-se, com equilíbrio,
entre brancos e pardos. A sociedade mineradora, eminentemente urbana, segundo o historiador Kenneth
Maxwell, compunha "um complicado mosaico de grupos e raças, de novos imigrantes brancos e de
segunda e terceira gerações de americanos natos, de novos escravos e de escravos nascidos em
cativeiros"(...). Os grandes proprietários negociavam e moravam nas cidades, não se isolando no interior
de suas terras. Essa situação provocava uma maior elasticidade social e política. Minas foi a primeira
região do Brasil onde os mulatos puderam ocupar cargos burocráticos. Entretanto, o preconceito racial
existia.

Insatisfeitas com a aparente mobilidade social, as autoridades do Governo adotaram medidas restritivas,
como a de proibir o acesso de negros e mulatos às igrejas e irmandades e ordens dos brancos, fazendo
com que aqueles fundassem suas próprias irmandades. Estabeleceu-se, então, uma nítida divisão social
em Minas Gerais: mulatos e negros escravos de um lado, brancos e ricos de outro.

Expedições no interior / Entradas e bandeiras

De maneira geral, considera-se que:

 As chamadas entradas tinham a finalidade de expandir o território, eram financiadas pelos cofres
públicos e com o apoio do governo colonial em nome da Coroa de Portugal, ou seja, eram
expedições organizadas pelo governo de Portugal.
 As bandeiras foram iniciativas de particulares, que, com recursos próprios, buscavam a obtenção
de lucro. Seus membros ficaram conhecidos como bandeirantes.
No desenvolvimento do processo de colonização do Brasil, a organização de expedições pelo interior teve
objetivos diversos. A busca por metais e pedras preciosas, o apresamento de indígenas, a captura de
escravos africanos fugitivos e o encontro das drogas do sertão são apenas alguns dos aspectos que
permeiam a motivação desses deslocamentos. Em suma, as expedições pelo interior do território
estiveram divididas entre a realização das entradas e bandeiras.

As entradas envolviam a organização do governo português na realização de expedições que buscavam a


apresamento de índios e a prospecção de minérios. Chegando ao século XVII, momento em que o açúcar
vivia uma acentuada crise e o governo português se recuperava do domínio espanhol, as autoridades
coloniais incentivavam tais ações exploratórias na esperança de descobrirem alguma outra atividade
econômica capaz de ampliar os lucros da Coroa.

Além da ação oficial, a exploração do território colonial aconteceu pelas mãos de particulares interessados
em obter riquezas, buscar metais preciosos e capturar escravos. Conhecidos como bandeirantes, essas
figuras do Brasil Colonial irrompiam pelos sertões ultrapassando os limites impostos pelo Tratado de
Tordesilhas e saíam, geralmente, das regiões de São Paulo e São Vicente. De fato, ao longo do tempo,
vemos que o bandeirantismo se dividiu em diferentes modalidades.

No chamado bandeirantismo apresador, os participantes da expedição tinham como grande alvo o


aprisionamento e a venda de índios como escravos. Esse tipo de atividade gerava bons lucros e atraia a
atenção dos bandeirantes às proximidades das reduções jesuíticas. Afinal de contas, essas comunidades
religiosas abrigavam um grande número de nativos a serem convertidos à condição de escravos. Como
resultado dessa ação, a Igreja entrou em conflito com os praticantes desse tipo de bandeirantismo. No
bandeirantismo prospector, observamos a realização de expedições interessadas na busca por metais e
pedras preciosas pelo interior. Por não ter garantias sobre o descobrimento de regiões auríferas, o
bandeirantismo prospector era realizado paralelamente à captura de nativos, extração de drogas do
sertão ou realização de qualquer outra espécie de atividade. Nos fins do século XVII, a prospecção
bandeirantista instaurou a exploração de ouro na região de Minas Gerais.

Descoberta do ouro em Minas - 1695

As grandes jazidas de ouro foram descobertas em Minas Gerais, Goiás e Mato Grosso, onde foram
divididas em forma de lavras (lotes auríferos para exploração, a exemplo das sesmarias latifundiárias
de monocultura).

Durante o auge deste ciclo, no século XVIII, foi gerado um grande fluxo de pessoas e mercadorias nas
regiões citadas, desenvolvendo-as intelectual (chegada de ideias iluministas trazidas pela elite recém
intelectualizada) e economicamente (produção alimentar para subsistência e pequenas manufaturas).

Nesse período, estima-se que a população brasileira tenha passado de 300 mil para cerca de 3 milhões de
pessoas

Com o advento da exploração aurífera, esta atividade passou a ser a mais lucrativa na colônia, o que
acarretou a transferência da capital colonial de Salvador para o Rio de Janeiro, de modo a assegurar a
fiscalização das regiões de mineração que se acercavam.

Por fim, o ciclo do ouro perdurou até o ocaso do século XVIII, quando se esgotaram as minas,
aproximadamente em 1785, em pleno desenrolar da Revolução Industrial.

Os principais mecanismos de controle da exploração no Brasil foram:

 Quinto – 20% de toda a produção do ouro caberiam ao rei de Portugal;


 Derrama – uma quota de aproximadamente 1.500 kg de ouro por ano que deveria ser atingida
como meta pela colônia, caso contrário, penhoravam-se os bens dos senhores de lavras;
 Capitação – imposto pago pelo senhor de lavras por cada escravo que trabalhava em seus lotes.

Percebemos que os altos impostos, as taxas, as punições e os abusos de poder político exercido pelos
portugueses sobre o povo que vivia na região e no Brasil como um todo, gerava conflitos que culminariam
em várias revoltas e, concomitantemente em que essa economia trouxera um crescimento demográfico
ao país e desenvolvera uma economia baseada na atividade pecuária em diversas regiões isoladas do
território brasileiro.

As revoltas nas Minas do Brasil Colônia (Emboabas, Felipe dos Santos-


1707-1709

Os bandeirantes paulistas, responsáveis pelas primeiras descobertas, acreditavam que a exploração das
minas deveria ser reservada aos pioneiros da região. Em contrapartida, a Coroa Portuguesa enxergava o
feito como mais uma excelente oportunidade de negócio capaz de sanar a vida do Estado Lusitano. Dessa
forma, a região de Minas Gerais, entre 1708 e 1709, acabou se transformando em palco de um conflito
que acabou conhecido como a Guerra dos Emboabas.

A utilização do termo “emboaba” era pejorativamente dirigida aos estrangeiros que tentaram controlar a
região tardiamente. Na língua tupi, essa expressão era originalmente utilizada pelos indígenas para fazer
menção a todo tipo de ave que tinha sua perna coberta de penas até os pés. Com o passar do tempo, os
bandeirantes paulistas a reinterpretaram para se referir aos forasteiros que, calçados de botas,
alcançavam a região interiorana atrás dos metais preciosos.

Sob a liderança de Manuel Nunes Viana, os emboabas organizaram diversas expedições em que buscavam
enfraquecer a hegemonia dos paulistas nas regiões mineradoras. Entre as lutas mais intensas, o combate
desenvolvido no Capão da Traição ficou conhecido pela morte de 300 paulistas pela mão dos emboabas.
Tendo em vista a situação de confronto, os colonizadores portugueses buscaram formas para reafirmar
sua autoridade no local.

No ano de 1709, a Coroa Portuguesa determinou a imediata separação territorial das capitanias de Minas
Gerais, Rio de Janeiro e São Paulo. Ao fim da guerra, os bandeirantes buscaram outras jazidas nas regiões
de Mato Grosso e Goiás. Alguns destes bandeirantes, beneficiados com o ganho da atividade mineradora,
aproveitaram para formar unidades agrícolas que abasteceriam os núcleos urbanos que surgiram naquela
mesma época.

Organização militar nas Minas do século XVIII

Em 09 de novembro de 1709, foi criada a Capitania de Minas e São Paulo, o que se conhecia de
organização militar, no Brasil, eram as TROPAS DE LINHA, as Milícias e as ORDENANÇAS. A história da
institucionalização de um corpo militar responsável pela polícia nas Minas do Ouro inicia-se em 1719, com
a chegada dos Dragões em Vila Rica (atual Ouro Preto). Cotta, 2006, diz que essa tropa regular e paga pela
Coroa portuguesa teria sofrido um processo de especialização precoce. Tendo em vista a necessidade de
controle do território, das pessoas e da arrecadação dos impostos, a Coroa portuguesa construiu,
gradativamente e ao sabor das exigências locais, um conjunto de políticas da ordem para as Minas.

O Sistema Luso- Brasileiro de Polícia tinha como tripé: a ideia de Ordem; a pluralidade de estratégias de
controle e a força das instituições militares na operacionalização de suas políticas. Em Minas Gerais o
primeiro ponto a destacar é a especialização policial precoce das instituições militares em virtude de
aspectos geopolíticos sui generis. Tal característica se deve às funções exercidas, desde os primeiros anos,
pelos corpos militares em Minas:
 controle da arrecadação dos tributos;
 repressão aos extravios de ouro e diamantes;
 controle das violências coletiva e interpessoal;
 vigilância dos caminhos, estradas e rios;
 prisão de infratores.

Minas era para Portugal o coração da América Portuguesa. O processo de construção das ordens social,
jurídica e pública nas Minas teria a participação dos governadores, militares, magistrados, clero,
poderosos locais, comerciantes, lavradores e das comunidades. Em um ambiente marcado pela violência,
tanto interpessoal quanto coletiva, e pela imprevisibilidade, seria necessário desenvolver estratégias e
mecanismos que possibilitassem construir um ambiente para a polícia dos habitantes.

O conceito luso-brasileiro de polícia para o início do século XVIII estaria relacionado à ordem estabelecida
para a segurança e comodidade pública dos habitantes bem como à boa ordem que se observa as leis que
a prudência estabeleceu para a sociedade nas cidades. No coração da América Portuguesa, o conceito de
polícia receberia vernizes diversos, mas em seu cerne guardaria a ideia de ordem estabelecida. Naquela
época o conflito entre os governadores e funcionários tornaram impossível " o exercício pleno do poder
metropolitano". O poder estabelecido nas Minas embasava-se, principalmente, no exercício da violência,
como forma de manter a ordem e submeter o povo.

Mesmo com a chegada dos Dragões Del Rey (1719) o Conde Assumar, governador da Capitania de
São Paulo e Minas do Ouro (1717-1721), e seus sucessores continuaram a depender das ordenanças e dos
corpos auxiliares para a manutenção da tranquilidade e sossego públicos. Naquele tempo, a
multiplicidade de patentes militares passadas aos poderosos locais funcionaria de forma a possibilitar o
controle das facções contrárias.Em dado momento um poderoso estaria ao lado da Coroa; em outro,
deveria ser combatido. Os vassalos viam as patentes militares como uma das possibilidades para
aumentarem seu poder e prestígio pessoal, além de lhes servirem para usufruírem das prerrogativas e
isenções atinentes aos postos.

A estrutura dos corpos militares estaria dividida em:

 Regulares ( também chamados de tropa paga ou de linha).


 Milícias.
 Ordenanças.

A tropa regular e paga: os Dragões de El Rey (1719)

A tropa regular e paga: os Dragões de El Rey – 1ª linha.

Considerados Tropas de 1ª Linha, em princípio eram recrutadas em Portugal. Constituíam a FORÇA


REGULAR E PAGA a serviço dos interesses da metrópole. Sua formação ocorreu em consequência da
descoberta do ouro, e dos vários levantes que se verificaram em Minas Gerais. Para reprimí-los e garantir
a arrecadação do “quinto” do ouro à Coroa, o Rei de Portugal, D. João V fez partir para a colônia (Brasil)
um contingente de Dragões constituídos por duas Companhias. Em fins de 1719 já estavam agindo
em Minas.

Os Dragões

Os Dragões portugueses, que para as Minas se deslocaram em 1719 a pedido do Conde de Assumar, não
eram “tropa para pelejar em campo aberto contra o inimigo”. Originalmente, um dragão era um tipo
de soldado que se caracterizava por se deslocar a cavalo, mas combater a pé. Inicialmente e até meados
do século XVIII, as unidades de dragões constituíam assim uma espécie de infantaria montada. Contudo,
posteriormente, os dragões transformaram-se, passando de infantaria montada a tropas de genuína
cavalaria.

“As missões dos Dragões se restringiriam inicialmente à guarda dos governadores, ao comboio da Fazenda
de Sua Majestade e ao socorro contra os poderosos, que se faziam fortes com seus escravos, e à atuação
em lugares intricados”.

A conveniência de se empregarem dragões residia no fato de que “o principal exercício deles é o manejo
de infantaria”.

Devido ao elevado custo de vida o vencimento dos Dragões das Minas era arbitrado em quatro vezes mais
do que se pagava em Portugal. As duas primeiras companhias de Dragões das Minas se formaram em
virtude da carta régia de 09 de fevereiro de 1719. Seu efetivo era composto de Portugueses, exceção feita
aos soldados tambores (músicos), originários da África. Houve problemas com deserção. A terceira
companhia foi criada em 08 de dezembro de 1729.

As atividades desenvolvidas pelos Dragões estavam diretamente vinculadas ao processo de imposição do


poder pela Coroa portuguesa sobre os poderosos locais, manutenção da arrecadação dos impostos e
conservação da ordem e sossegos públicos.

Os Dragões possuíam um estandarte e nele estava desenhada uma mão com um raio que rompia entre
uma nuvem, suspensa no ar, como ameaçando a uns montes que estavam embaixo. Estava
escrito: “cedere, aut caedi” que quer dizer, “ceder ou ser ferido.”

Os governadores da época do Brasil colônia acreditavam que as redes clientelares dariam certa ordenação
e estabilidade ao sistema de controle social. Havia interesse dos poderosos por obter patentes militares
devido a posição que passavam a ocupar nas redes de poder. A chegada do Conde de Assumar trouxe
medo, por parte dos poderosos de Vila Rica possuidores de patentes militares.

A chegada dos Dragões para as Minas Gerais trouxe sérias dificuldades, pois não haviam quartéis e foi
adotado o sistema de aboletamento. Esse sistema gerou revolta nos moradores que queriam que as
companhias de dragões pagassem seu sustento. Em 1721 a Câmara de Vila do Carmo cedeu aos Dragões
terras para pasto dos cavalos e posteriormente os Dragões se instalaram em Cachoeira do Campo.

O envelhecimento da tropa provocou a falta de efetivo. Entre 1729 e 1768 houve a diminuição do efetivo
em função da criação do corpo de Dragões da Colônia de Sacramento e da reforma de alguns dragões. O
efetivo das três companhias de dragões nunca passou de 200 homens. Esta situação abre espaço para
aumentar a importância dos corpos auxiliares e as ordenanças, cujos chefes eram os poderosos locais.

Corpos auxiliares e irregulares


Corpos auxiliares e irregulares: as milícias e as ordenanças.

No século XVIII os homens negros estariam militarmente agrupados em quatro espécies de milícias:

 as companhias auxiliares de infantaria;


 as companhias de ordenanças de pé;
 os corpos de pedestres;
 os corpos de Homens-do-mato.

Os corpos auxiliares ou milícias


Os corpos auxiliares, "aproveitando todas as possibilidades das capitanias seriam armados, exercitados e
disciplinados, não somente para operar com tropa regular, mas também para substituí-la quando aquela
fosse chamada para fora do seu território. Na prática, devido a insuficiência de corpos regulares, os
auxiliares desempenhavam atividades internas e externas.

As milícias, eram recrutadas entre a população colonial (brasileiros) – soldados graduados e aos primeiros
postos do oficialato.

Para preenchimento do quadro de oficiais superiores e generais só concorriam os portugueses. Assim


como as ordenanças, o serviço era sem remuneração. Estavam divididas em auxiliares de infantaria de
homens pardos e pretos libertos. Havia também a tropa de homens-do-mato.

Tendiam para a organização permanente, ausentavam de suas atividades civis (período de instrução ou
guerra) para atuarem como reservas (auxiliares da 1ª linha). As Milícias ou Auxiliares, esses regimentos
auxiliares seriam os corpos militares formados pelos Vassalos não pertencentes à tropa regular ou às
ordenanças. Atuavam na defesa de fronteiras.

Seus integrantes não recebiam soldo, fardamento, equipamento ou armamento. Seriam organizados
pelos poderosos locais e sua estrutura hierárquica assemelhava-se aos corpos regulares.

Todo homem branco ou dado como tal, que possuísse um cavalo e um escravo que lhe tratasse do
sustento seria considerado idôneo para o alistamento nos regimentos de cavalaria. Quando empobrecia,
era transferido para a infantaria. Os regimentos de infantaria congregavam corpos separados, homens
brancos, pardos e negros libertos.

Ordenanças ou corpos irregulares

Ordenanças

Eram compostas de toda população masculina, exceção do Clero e dos funcionários reais. Todos
permaneciam em suas atividades e só em caso de invasão do território nacional, abandonariam suas
atividades. Armavam-se por conta própria e só eram remunerados quando em ação de guerra.

Homens de pé

Homens a cavalo.

Também conhecidos como paisanos armados, um grupo de homens que não possuía instrução militar
regular, mas que foi utilizado em missões de caráter militar. O efetivo de cada ordenança seria formado
por moradores locais que permaneciam em suas atividades particulares e somente no caso de
perturbação da ordem seriam acionados. Em cada localidade havia um capitão-de-distrito e o
comandante supremo de um conjunto de ordenanças seria o capitão-mor.

Atuariam localmente para preservar a tranquilidade e o sossego públicos, de forma semelhante aos
corpos auxiliares, não recebiam soldos, armamentos ou equipamentos.

Os Terços de Pardos e Pretos Libertos

Infantaria Auxiliar Homens pretos libertos (Terço)


As companhias auxiliares de infantaria de pretos libertos poderiam atuar tanto na destruição de
quilombos e repressão aos índios, quanto na defesa das fronteiras marítimas e terrestres em auxílio às
tropas regulares da capitania de Minas Gerais ou de outras capitanias.

Se composta por soldados e cabos negros, seus oficiais seriam negros, no caso de serem pardos seus
capitães e alferes seriam pardos.

Homens-do-mato : a metamorfose do modelo de quadrilheiros


portugueses

Em Portugal os quadrilheiros foram instituídos para o povo viver em boa polícia. Eram fundamentalmente
urbanos e civis. Nas Minas, a despeito de existirem focos urbanos, o cargo de quadrilheiro não foi
institucionalizado. Na América Portuguesa ocorreu a metamorfose da função de quadrilheiro, tipicamente
urbana e policial, para a de caçador de escravos fugidos. O nome foi modificado para capitão-do-mato.

Em Minas Gerais no século XVIII os homens-do-mato possuíam uma hierarquia composta por:

 capitão-mor-do-mato,
 sargento-mor-do-mato,
 capitão-do-mato,
 cabo-do-mato,
 soldado-do-mato.

A ideia de um capitão-do-mato a aventurar-se sozinho em busca de homens fugidos da escravidão não


corresponde às informações da época. Os negros aquilombados ofereciam resistência e aplicavam
técnicas bélicas contra seus algozes.

Os homens-do-mato tinham como tarefas específicas a recaptura de negros fugidos, a destruição de


quilombos e a repressão aos índios bravos. Eram homens pardos, libertos e mesmo escravos.

Os homens-do-mato ficaram conhecidos por: capitães-do-mato, capitães-majores-do-mato, capitães-do-


campo, capitães-das-entradas, capitães-de-assalto, capitães-das-entradas-do-mato e capitães-das-
entradas e assaltos. As denominações variam no tempo e no espaço.

Pedestres

Os corpos de soldados pedestres subordinavam-se diretamente aos Dragões, e posteriormente, aos


cavalarianos do Regimento Regular, eram seus auxiliares em diversas missões e eram compostos por
soldados negros e pardos, cativos ou libertos. Atuavam em locais de extração de ouro e diamante, postos
de cobranças de impostos, nas patrulhas pelos matos e nos enfrentamentos com índios bravios e negros
fugidos. Os soldados cativos poderiam ser alforriados como recompensa pelos serviços prestados.

Instituições policiais luso-brasileiras

Em Portugal o conceito de polícia se ampliaria até abranger, em suas atribuições, matérias econômicas,
funéreas, sanitárias, criminais, urbanísticas, educativas, de precedência e de etiqueta. A noção de polícia
passou a ser plural, englobando o sentido de aparelho administrativo vocacionado para a manutenção da
ordem, e arte da gestão urbana e símbolo dos povos civilizados.
No início do século XVIII, em Portugal, a polícia era " a boa ordem que se observa e as leis que a prudência
estabeleceu para a sociedade nas cidades".

De acordo com o Major João Crisóstomo do Couto e Melo, em 1830, a polícia se dividia em civil e militar.
A polícia civil é a ordem estabelecida para a segurança e comodidade pública dos habitantes. A polícia
militar é a ordem estabelecida para a segurança e comodidade dos indivíduos de um Corpo Militar.

Em meados do século XIX o termo polícia era entendido como governo e boa administração do Estado,
da segurança dos cidadãos, da salubridade e subsistência. A polícia era atrelada à ideia de limpeza,
iluminação, e à vigilância sobre os vagabundos, mendigos, ladrões, facinorosos e facciosos.

A Intendência Geral em Lisboa (1760) e a Guarda Real de Polícia de


Lisboa

A Intendência Geral e a Guarda Real de Polícia de Lisboa

A Intendência Geral nasceu em 1760 das necessidades estruturais da centralização do Estado Pombalino,
dirigia e coordenava os atos dos corregedores e juízes do crime, comissários de polícia, juízes de fora e
juízes ordinários.

Era responsável pela segurança, iluminação, limpeza calçamentos, arborização, transportes, controle de
estrangeiros, teatros, Casa Pia, casas de correção e academias de Lisboa.

Após a criação da Intendência de Polícia a escravidão em Portugal foi extinta. Em 19 de setembro de 1761,
foi proibido o transporte de pretos e pretas de qualquer rincão do Império Português, fosse este da África,
Ásia ou América, para o Reino de Portugal. No inicio do século XIX, a Intendência Geral de Polícia viu a sua
eficácia aumentada com a descontração técnica e política das suas funções, mediante a criação da Guarda
Real de Polícia (1801).

A Guarda Real de Polícia de Lisboa

Criada em 1801, inspirada no modelo francês, institucionalizada para a segurança de Lisboa, subordinada
ao General das Armas para assuntos de natureza militar e ao Intendente da Polícia para assuntos
referentes a execução de ordens e requisições de polícia.

Sua inspiração era a Maréchaussé (polícia montada) e les guett (vigias) franceses.

O Regimento Regular de Cavalaria de Minas: Célula Mater da Polícia


militar (1775)

O Regimento Regular de Cavalaria de Minas: célula mater da Polícia Militar

Em meados de 1721 a Câmara da Vila do Carmo teria adquirido e cedido terras aos Dragões para pasto
dos cavalos e algum tempo depois as companhias de Dragões estavam sediadas em Vila Rica. Os cavalos
foram levados para Cachoeira do Campo, local onde seria construído o primeiro Quartel dos Dragões. O
efetivo dos Dragões não era mais suficiente para atender as missões a eles confiadas.

O processo de formação e composição.


Soldado dos Dragões

A institucionalização do Regimento Regular de Cavalaria de Minas foi permeada por questões de


racionalização administrativa e financeira. O orçamento destinado a cobrir os gastos com as três
companhias que inicialmente vieram para o Brasil deveria ser suficiente para arcar com as despesas de
oito companhas do novo Regimento, nesse sentido, os soldos pagos aos oficiais e soldados foram
reduzidos.

Com a racionalização administrativa toda aquisição para o novo Regimento passou a ter um custo bem
menor. Houve a padronização de arreios, uniformes e armamentos. Uma inovação foi a inserção de
especialistas no estado-maior, seguindo os mesmos Regulamentos de Portugal.

Após tais modificações, em 1776, Dom Antônio pode enviar para a Casa das Armas no Rio de Janeiro
especialistas que teriam fabricado as primeiras espingardas inteiramente confeccionadas no Brasil. Foram
reformados os militares que estavam com idade avançada, pois havia militar com idade entre 70 e 80
anos de idade ainda na ativa.

Foram autorizadas as pessoas mais capazes da Capitania e que pudessem se empregar no posto de
Capitão a formação de companhias as suas custas. Isso permitiu que se formassem companhias com fortes
laços de parentesco possibilitando o estabelecimento de redes clientelares no interior do Regimento de
Dragões.

Ao analisar a formação do Regimento de Cavalaria de Minas verifica-se que seus oficiais tinham fortes
laços com as Minas. Estariam inseridos em redes de parentesco e compadrio, tudo permeado por
interesses econômicos. Vários deles pertenciam às antigas companhias de Dragões, alguns possuíam
terras, desempenhavam ofícios em Minas e alguns possuíam patentes de oficiais das cavalarias auxiliares
da própria capitania.

Até o ano de 1992 era considerada como data de criação da Corporação o ano de 1831 e para que
Tiradentes fosse considerado integrante da Corporação era preciso retroagir essa data.

Atualmente é reconhecida como data da fundação do Regimento Regular de Cavalaria de Minas o dia 09
de junho de 1775, a primeira tropa paga pela Capitania e integrada por Mineiros. O regulamento da
época previa que o soldado não se fixasse por muito tempo em determinado destacamento, pois segundo
o Governador Dom Antônio, havia o risco do envolvimento com extraviadores e comerciantes ilegais.

Analisando o período histórico em que ocorreu a criação do Regimento Regular de Cavalaria de Minas –
RRCM é possível constatar que era um período de carestia e para autorizar o provimento de alguns oficiais
o Conselho Ultramarino em Portugal exigia a baixa de alguns provimentos, sendo argumentado que tal
medida poderia desanimar aqueles que haviam ou haveriam de servir a sua majestade.

Um Oficial Comandante do Regimento se destacou naquela época tendo o vice-rei Marques do Lavradio
feito o seguinte elogio: “O Tenente – Coronel Francisco de Paula Freire de Andrade é muito moço, porém
tem comandado as companhias que estão debaixo da sua ordem com muito acerto.(...)”.

Outros autores e visitantes das Minas Gerais na época também fizeram elogios aos soldados do RRCM em
vários documentos da época.

As dificuldades de recrutamento eram muitas conforme diz POSSAMAI, 2004:

“(...) Se, a princípio, todos os homens solteiros, entre os 17 e 30 anos, estavam aptos a serem inscritos
nas tropas regulares portuguesas, uma série de privilégios concedidos pela Coroa a determinadas
profissões e devoções religiosas oferecia refúgio a muita gente contra a atuação dos recrutadores (Costa
1998: 972). A disseminação dos privilégios que, muitas vezes se estendiam aos subordinados dos
detentores dos mesmos (Costa 1995: 130), permitiu a criação de amplas redes de proteção contra o
recrutamento compulsório (Costa 1996: 15), fazendo com que o alvo principal dos recrutadores recaísse
sobre os vagabundos, malfeitores, trabalhadores itinerantes e todos aqueles que não contavam com a
proteção das comunidades locais (Costa 1995: 126). Via de regra, esta era uma situação bastante comum
na Europa durante o Antigo Regime, quando as monarquias buscavam evitar o recrutamento dos
privilegiados e das camadas produtivas da sociedade. Como exemplo podemos citar o que ocorreu na
Bahia em 1762, quando o governo interino informou a Coroa sobre as dificuldades que encontrava para
completar o Terço de auxiliares, “sendo a causa desta grande falta o grande número de privilegiados que
tem esta terra”. Entre os privilegiados listavam se os pedidores da S. S. Trindade, Santo Antônio e Meninos
Órfãos, Tesoureiros da Bula da Santa Cruzada, familiares do Santo Ofício, moedeiros, relojoeiros,
tanoeiros, carvoeiros, marinheiros, carpinteiros e calafates. Quanto aos “homens de negócio e seus
caixeiros só querem alistar-se nas ordenanças, querendo entrar no número dos privilegiados, o que tudo
faz um grande número de homens com que não só se podia completar o Terço de Auxiliares, mas ainda
fazer outro”. Não é de se estranhar que se buscasse antes a incorporação aos corpos de ordenança que
às tropas auxiliares, uma vez que as ordenanças não só asseguravam um certo status social, como
também garantiam a seus membros que não seriam enviados em missões para fora da área de atuação
do regimento."

No Rio de Janeiro, também era grande o número de pessoas isentas do serviço militar, englobando os que
serviam ou serviram nos cargos eleitos da governança, os senhores de engenho e seus criados,
os moedeiros, os familiares do Santo Ofício e os Cavaleiros das Ordens Militares. Por sua vez, os
desprivilegiados não hesitavam em fugir para o mato cada vez que se ameaçava com o recrutamento
compulsório, não restando ao governador outra alternativa senão ordenar o alistamento dos vadios. Além
da dificuldade em conseguir novos soldados, as autoridades cariocas tinham de combater contínua
deserção dos soldados que, desde inícios do século XVIII, fugiam para o sertão, atraídos pelas riquezas de
Minas Gerais (Bicalho 1997: 210 a 233). Na época intensificaram-se os delitos que eram atribuídos aos
negros fugidos e índios bravios.

As atividades, quartéis, postos e destacamentos.

As atividades, quartéis, postos e destacamentos.

A vida nos quartéis da época não era fácil. Os primeiros Dragões exerciam as seguintes atividades:

- vigiavam as fronteiras para impedir o contrabando de ouro e diamantes.

- impediam a extração ilegal no distrito Diamantino.

- anualmente levavam para o Rio de Janeiro os diamantes.

- transportavam para as intendências o ouro em pó.

- recebiam o contrato dos dízimos.

Santo usado para contrabando de ouro o que deu origem ao nome “Santo do Pau Oco”. A abertura atrás
da imagem possibilitava carregar ouro e burlar a fiscalização.

Os novos Dragões herdaram dos antigos as atividades de manutenção da ordem pública. A existência de
desordem prejudicava os interesses da coroa Portuguesa e na época era necessário que o ouro fluísse
para os cofres do rei.

A institucionalização dos antigos Dragões ocorreu num universo cheio de conflitos relacionados a
insatisfação contra o aumento dos preços dos alimentos, desabastecimento e a elevação dos impostos. A
rotina dos Dragões consistia no combate a inimigos internos, medo de levante escravo, combate a
quilombos e extraviadores, garimpeiros ilegais e contrabandistas.

Os destacamentos eram compostos por cerca de seis soldados e a composição das patrulhas variava
conforme a missão.

Os novos Dragões (RRCM) encontraram um ambiente nas Minas bem diferente. A partir de meados do
século XVIII, não havia revoltas espetaculares patrocinadas por grandes poderosos locais, elas “tornaram-
se surdas, constantes, disseminadas cotidianas”. O que foi intensificado foram as ações de tentativa de
controle social e a repressão ao extravio contrabando e quilombos.

No início do século XIX, agravou-se a situação de perturbação da ordem pública nas principais vilas das
Minas. Em decorrência dos conflitos bélicos no sul da América Portuguesa, no período de 1808 a 1812, os
Dragões se viam constantemente empenhados na missão de auxiliar no recrutamento de homens a serem
enviados para o front.

Para entender o que ocorria naquele período é preciso lembrar a Guerra da Sucessão Espanhola (1701-
1714) que colocaria Portuga l e Espanha em campos opostos na Europa, resultando no desencadeamento
das hostilidades no Rio da Prata. De fato, a guerra entre as Coroas ibéricas logo chegou aos seus domínios
americanos e, na madrugada de 18 de outubro de 1704, as tropas espanholas acamparam à vista das
muralhas de Colônia.

Participação do RRCM na Inconfidência Mineira - 1789

O Regimento de Dragões atrela-se diretamente à história da Inconfidência Mineira, uma vez que o seu
comandante e diversos soldados participaram do movimento conspiratório contra a Coroa Portuguesa no
século XVIII. À época dos acontecimentos, o regimento foi colocado sob suspeita, sendo as Minas Gerais
policiadas pelos regimentos portugueses de infantaria de Moura e Bragança, que estavam estacionados
no Rio de Janeiro em função das Guerras contra os espanhóis no sul do Brasil.

Tiradentes, alcunha que era conhecido, chamava-se Joaquim José da Silva Xavier, veio ao mundo no dia
16 de agosto de 1746, na propriedade de mineração, hoje cidade de Tiradentes/ MG, na fazenda do
Pombal, situada na circuncisão territorial da Vila de São João del-Rei.

Era o quarto filho do casal. Com onze anos ficou órfão vindo a ser adotado pelo tio e padrinho, Sebastião
Ferreira que era cirurgião, aprendendo assim os conhecimentos da odontologia, a profissão de dentista
prático, habilidade que muito ajudou escravos e agregados humildes das fazendas. Com quatorze anos,
já trabalhava no serviço de tropa, indo frequentemente nas províncias do Rio de Janeiro e da Bahia.

Em 1769, com vinte três anos, assentou praça na Cia de Cavalaria dos Vice- Reis. Em 1775, com a fusão
das antigas Cias de Dragões, foi criado o Regimento de Cavalaria Regular, hoje Polícia Militar de Minas
Gerais, sendo promovido no ano seguinte ao posto de “Alferes”, posto que atualmente não existe na
PMMG.

A partir do ano de 1786, quando os preparativos para a Inconfidência Mineira já estavam em andamento,
registram-se no conselho ultramarino várias viagens para o Rio de Janeiro, inclusive uma licença para

Nos preparativos para o levante, Tiradentes fez parte do grupo dos ativistas composto por mazombos,
filhos de portugueses nascidos no Brasil ou filhos naturais da terra. Era um grupo o qual as pessoas eram
responsáveis pela concretização da eclosão do movimento. Tiradentes, no dia do levante, na derrama,
seria o responsável por executar e mostrar a cabeça do governador para o povo, quando todos estivessem
na praça e fossem cercados pela tropa da Cavalaria.
Depois que foi preso, já no processo conhecido na História, como os “Autos da Devassa”, no quarto
interrogatório, assumiu toda responsabilidade pela tentativa do levante, não tendo a sua pena de morte,
comutada em degredo perpétuo, ele foi o único condenado a forca e teve a pena executada.

Após ter sido enforcado, na manhã de 21 de abril de 1792, no Largo da Lampadosa defronte a igreja da
Lampadosa no Rio de Janeiro, o seu corpo foi dividido em quatro partes, que foram expostas nos principais
trechos do caminho do Rio de Janeiro para as Minas Gerais, onde ele fazia suas pregações revolucionarias,
até que o tempo as consumisse.

O Comandante do RRCM era o tenente-coronel Francisco de Paula Freire de Andrade, pouco antes de
assumir o comando do RRCM servira, como capitão, no que “foi incumbido em algumas diligências do
serviço pelo Marquês Vice-rei do Estado; e de todas deu muito boa conta”. Francisco Freire de Andrade
nasceu no Rio de Janeiro e era filho do segundo Conde de Bobadela e de Maria do Bom Sucesso Correia
de Sá Benevides. Seu pai e seu tio foram governadores de Minas e sua mãe pertencia a uma das mais
distintas famílias da América Portuguesa. Sua trajetória militar iniciara quando tinha apenas doze anos de
idade, ao ser admitido como cadete no Regimento de Infantaria do Rio de Janeiro.

Chegada ao Brasil da Família Real Portuguesa -1808

No dia 29 do mês de novembro de 1807 a Família Real Portuguesa com mais 10.000 aristocratas,
ministros, eclesiásticos e criados, vieram para o Brasil, fugindo das tropas de Napoleão. Em 1808 se
estabeleceu a sede do governo na cidade do Rio de Janeiro. Neste mesmo ano foi criado o cargo de
Intendente Geral de Polícia da Corte e do Estado do Brasil, da mesma forma e jurisdição que tinha em
Portugal. Um ano depois foi implantada a Divisão Militar da Guarda Real da Polícia.

Uma polícia para a capital do Império Brasileiro (1808)

A intendência Geral da Polícia e a Divisão Militar da Guarda Real da Polícia na cidade do Rio de Janeiro

A Divisão Militar da Guarda Real da Polícia era uma força policial de tempo integral, organizada
militarmente e com ampla autoridade para manter a ordem e perseguir criminoso. A Intendência Geral
de Polícia cuidou de diversas ações, como: aterrar pântanos, calçar ruas, construir pontes, aquedutos e
fonte públicas; iluminação da cidade e também dos festejos públicos e realizou o controle social.

Inicialmente a Intendência da Polícia preocupou-se em controlar os roubos, desordens e fugas, já nos seus
últimos anos de funcionamento, os olhares se voltaram, com maior intensidade para os capoeiras e
escravos armados.

Nos primeiros anos da polícia no Rio de Janeiro, tentou-se conciliar os ideais da polícia enquanto
civilização com ideias de Ordem. Tal conciliação mostrara-se bem sucedida em Portugal onde fora
proibida a escravatura, como forma de alinhamento aos paradigmas da nobreza europeia dos finais do
século XVIII. A fórmula tornara-se desarranjada quando se acrescenta a ela a dinâmica escravista da
sociedade luso-brasileira do século XIX, em que os direitos do homem e do cidadão não são para todos,
sim para a minoria.

A Multifacetada transição: o século XIX

Com a chegada da família real ao Brasil, o Príncipe Regente, em 13 de maio de 1808, criou o Primeiro
Regimento de Cavalaria, com parada no Rio de Janeiro, composto de um esquadrão de cavalaria da
Guarda dos Vice-Reis e duas Companhias do Regimento de Cavalaria Regular de Minas, que ali estavam
destacadas. Nessa época o Regimento de Cavalaria de Minas passaria a denominar-se Regimento de
Cavalaria de Linha. Portanto a Tropa Paga de Minas, além de concorrer com duas companhias para a
formação do Exército, no Rio de Janeiro, formou ainda outro corpo, mais adiante denominado Segundo
Regimento de Cavalaria, situado em Minas Gerais.

Após a proclamação da Independência do Brasil, o Regimento Regular da Imperial Cidade de Ouro Preto
foi incluído na organização do Exército Nacional, com exceção de três companhias que ali permaneceram
com o objetivo de atender às necessidades policiais da Província.

O Corpo de Guardas Municipais Permanentes

Em 13 de maio de 1808, com a chegada da família real ao Brasil o Príncipe Regente criou o Primeiro
Regimento de Cavalaria. O Regimento Regular de Cavalaria de Minas passaria a denominar-se Regimento
de Cavalaria de Linha. A tropa Paga de Minas concorreu com duas companhias para a formação do
Exército no Rio de Janeiro, formou-se ainda um outro corpo, mais adiante denominado Segundo
Regimento de Cavalaria, Regimento de Cavalaria Regular da Imperial Cidade de Ouro Preto foi incluído na
organização do Exército Nacional, com exceção de três companhias que ali permaneceram como objetivo
de atender às necessidades policiais da província.

Em 24 de novembro de 1830 publica-se a lei que reorganiza o Exército. Utilizando o excedente de oficiais
e praças que existia no regimento foi criado o Corpo de Guardas Municipais Permanentes.

No ano de 1831 quando o Padre Diogo Antônio Feijó assumiu o Ministério da Justiça a situação política
do Brasil era conturbada. O radicalismo partidário entrava nos quartéis, ocasionando revoltas e motins.
Nesse contexto de revoltas e rebeliões foram extintas as milícias e ordenanças.

Feijó determinou que os Oficiais e Praças do Primeiro Corpo de Cavalaria fossem aproveitados nos Corpos
de Guardas Municipais Permanentes, assim Minas ficou sem tropas de cavalaria, pois o Corpo de Guardas
Municipais Permanentes era composto somente de Infantaria.

O Corpo Policial de Minas.

Em 15 de dezembro de 1835 o presidente da província de Minas Gerais ordenou a execução da Lei


Provincial de 28 de março de 1835 que tratava do regulamento do Corpo Policial. O alistamento e
nomeação dos indivíduos que quisessem engajar ficaram a cargo do Major Comandante do Corpo Policial.
As longas e penosas distâncias a serem vencidas nas diligências policiais no interior da Província e mesmo
o patrulhamento da Capital fizeram com que fosse introduzida no Corpo Policial uma Seção de Cavalaria.

A Força Policial auxiliaria as justiças, manteria a polícia, a boa ordem e a seguranças públicas, tanto na
capital da província e seus subúrbios, como nas comarcas, através de seus destacamentos. Em Ouro Preto,
o Corpo Policial seria empregado na guarnição de cadeias, estações públicas e no serviço referente a
polícia e à conservação da segurança e tranquilidade, de acordo com as determinações do Presidente da
Província e do Juiz de Direito da Comarca. Nenhuma praça poderia ser conservada em destacamento por
mais de um ano.

Em 1841, o presidente da província de Minas, Marechal Sebastião Barreto Pereira Pinto, organizou um
contingente de tropa mineira para lutar nas Guerras do Sul. A tropa de Minas seguiu para os Pampas e
atuou na Repressão à Revolução Farroupilha e meados de 1843 sob as ordens do então Barão de Caxias.
Em 1865, a tropa de Minas, ao lado das suas coirmãs do Império Brasileiro, tomou parte da Guerra do
Paraguai coma denominada Brigada Mineira; partiu no dia 10 de maio de 1865. Enfrentaram a Retirada
da Laguna.

Um dos elementos aglutinadores do Corpo de Guardas Municipais e posteriormente Corpo Policial de


Minas seria o espírito de religiosidade.

Em regra os soldados nunca deixavam de assistir a missa e comungar nos dias determinados pelos seus
superiores. A fim de suprimir a carência de efetivo foram criados corpos auxiliares e dissolvidos ao sabor
dos interesses políticos e jogos de poder. Em 1840 havia sido criada a Guarda Municipal composta de
indivíduos excluídos do alistamento da Guarda Nacional, por falta de renda.

A instrução da tropa no período era assunto desconhecido do comando e administração provincial.


Somente eram estabelecidas penalidades e sem nunca educar o soldado à disciplina militar resultando na
ausência total do espírito militarista na tropa.

Além das Guardas Municipais foram criados outros corpos como Esquadra de Pedestres, Guarda Urbana,
conforme já dito, tudo conforme os interesses políticos da época.

A participação na Guerra do Paraguai – 1865 a 1870.

Em 1841, o presidente da província de Minas organizou um contingente de tropa mineira, integrada, entre
outros, por homens do Corpo Policial, para lutar nas Guerras do Sul. A tropa de Minas atuou na repressão
da Revolução Farroupilha.

Em 1865, a tropa de Minas, ao lado das suas co-irmãs do Império Brasileiro, tomou parte da Guerra do
Paraguai, com a denominação de Brigada Mineira; partiu a 10 de maio de 1865. Enfrentou a Retirada da
Laguna, os mineiros sobreviveram a retirada de Chaco e ainda se recompuseram e tomaram parte na
queda de Assunção.

A Guerra do Paraguai foi o maior conflito armado internacional ocorrido na América do Sul no século 19.
Rivalidades platinas e a formação de Estados nacionais deflagraram o confronto, que destruiu a economia
e a população paraguaias.

É também chamada Guerra da Tríplice Aliança (Guerra de la Triple Alianza) na Argentina e Uruguai e de
Guerra Grande, no Paraguai.

A Guerra do Paraguai durou seis anos. Teve seu início em dezembro de 1864 e só chegou ao fim no ano
de 1870, com a morte de Francisco Solano Lopes, em Cerro Cora.

Antes da guerra, o Paraguai era uma potência econômica na América do Sul. Além disso, era um país
independente das nações europeias. Para a Inglaterra, um exemplo que não deveria ser seguido pelos
demais países latino-americanos, que eram totalmente dependentes do império inglês.

Foi por isso, que os ingleses ficaram ao lado dos países da tríplice aliança, emprestando dinheiro e
oferecendo apoio militar. Era interessante para a Inglaterra enfraquecer e eliminar um exemplo de
sucesso e independência na América Latina.

Após este conflito, o Paraguai nunca mais voltou a ser um país com um bom índice de desenvolvimento
econômico, pelo contrário, passa atualmente por dificuldades políticas e
econômicas.
Tendo o Paraguai invadido o Brasil, pela fronteira do Mato Grosso, tornou-se necessária a formação de
um Corpo Policial para expulsar os invasores, uma vez que não havia leis que dessem ao governo Imperial
condições de convocar forças provinciais para lutarem no Paraguai. Em Ouro Preto o presidente da
Província Saldanha Marinho e o Bispo de Mariana concitaram os Mineiros a se apresentarem como
voluntários e os membros do Corpo Policial também foram conclamados a se incluírem no Batalhão de
Voluntários de Pátria, que ficou conhecido como o 17º Batalhão de Voluntários da Pátria. A tropa ficou
constituída de:

 Indivíduos do Corpo Policial.


 Voluntários Civis
 Indivíduos recrutados da Guarda Nacional
 Unidades Paulistas.

Essa tropa seguiu para o front a 10 de maio de 1865 com destino a Uberaba chegando lá em 20 de junho
de 1865. Após seis meses de marcha forçada chegou a frente de operações em 24 de dezembro de 1865.

A retirada da Laguna ficou conhecida como um episódio heroico de resistência do soldado Mineiro e até
hoje é estudada nas academias militares. Diante de tanto sofrimento, inimigo numeroso, perda de vidas
humanas o militar mineiro lutou com honra.

A Guarda Republicana muda de nome – 1891

O movimento que proclamou a República repercutiu no interior do Brasil com medidas radicais. Para
afastar qualquer reação armada que a fidelidade e o devotamento ao velho imperador pudessem
provocar, reformularam-se as corporações policiais. Em Minas Gerais, o Corpo Policial foi dissolvido. Em
seu lugar criou-se a Guarda Republicana, comandada por um coronel e com a atribuição de auxiliar o
governo na manutenção da ordem pública, defesa do solo pátrio e da causa republicana. Em 1890, o
presidente do Estado de Minas Gerais elencou uma série de entraves na Policia de Minas: efetivo
insuficiente e a nomeação de paisanos sem nenhum preparo ou aptidão para o desempenho de funções,
contribuindo para o desprestígio da Polícia.

Promulgada a Constituição Mineira, em 1891, a Guarda Republicana foi transformada em Força Pública.
Em 1893 a Força Pública recebeu a denominação de Brigada Policial.

A corporação em Belo Horizonte – 1896

Após longas discussões e acalorados debates no Congresso Mineiro, ficou definido, em 17 de dezembro
de 1893, que o local mais adequado para se construir a capital do Estado de Minas Gerais era a região do
Curral Del'Rei, já habitada desde os primórdios do séc. XVIII. A capital, inicialmente chamada de "Cidade
de Minas", foi inaugurada no dia 12 de dezembro de 1897 por Bias Fortes, presidente de Minas (1894-98)

A primeira cidade planejada do país foi construída a partir de uma concepção urbanística elaborada pelo
engenheiro paraense Aarão Reis. Ele queria enfatizar a modernidade e a desenhou prevendo separar os
setores urbano e suburbano, delimitados pela avenida do Contorno.

Grandes avenidas, ruas largas, quarteirões simétricos, um parque central... Tudo que lembrasse Paris,
Washington, e colocasse Belo Horizonte entre as grandes cidades do mundo. A realidade foi maior que o
sonho e muitas previsões estavam erradas. A cidade cresceu além do esperado.

Surgiu então a possibilidade de elaborar um plano de treinamento para a Tropa. O Governo adquiriu
centenas dos conceituados fuzis Mauser e com a sua característica cada vez mais militar a corporação
passou a contar com órgãos assistenciais próprios. Em 1911 a Previdência Social, Caixa Beneficente e em
1914, o Hospital Militar.

Durante as duas primeiras décadas de 1900 a estrutura da Corporação foi modificada deixando em
condições de defender a estrutura Republicana.

Na década de 1910, a Força Pública contava com bons conhecimentos de instrução individual, tiro, pleno
domínio dos Regulamentos de Guerra, Conhecimentos Táticos (combates) e técnicos, grande
adestramento nos exercícios de flexibilidade e emprego de armamento. Em 1920 é criada uma seção que
iria dar à Corporação condições de possuir pelo menos uma formação básica consistente: a Seção de
Metralhadoras, dotada de armamento específico tipo MAXIM.

Seu conceito, como novidade militar, transpõe as fronteiras, desfilando, varas vezes, na capital federal
Rio de Janeiro, e impressionando toda a população e a Fração Militar Federal nela sediada. Era a Tropa
que se firmava no contexto e, agora, com autêntica personalidade militar, colocava o Estado de Minas na
hegemonia perante os outros Estados, dando firmeza aos seus representantes para fazerem valer todas
as suas posições e atitudes tomadas tanto no âmbito estadual como no nacional.

Surge nessa época o primeiro decreto tentando subordinar a Força Pública ao Exército, colocando-a como
força auxiliar de Primeira Linha (Dec. Nº 4.926 de 29 de janeiro de 1918).

O clima político da década de 1920 e 1930 justificava o treinamento militar das Forças Estaduais, pois
depois do período regencial ele foi um dos mais conturbados.

UNIDADE II

O PROCESSO DE INSTUCIONALIZAÇÃO E CONSOLIDAÇÃO DA POLÍCIA


MILITAR DE MINAS GERAIS E AS REFORMULAÇÕES PEDAGÓGICA
Desde o início do século XX, a Força Pública não possuía prédios próprios para os seus destacamentos e
aluguel era contratado anualmente. Os praças eram movimentados constantemente e nas cidades onde
não existiam ferrovias, os soldados saiam das sedes de batalhões rumo ao destacamentos, viajavam a pé,
durante dias, semanas ou meses. Dormiam em lapas ou em cima de árvores ou ranchos de tropa, quando
encontrados.

“Sua mulher pobremente vestida, descalça, carregava no colo o filho recém-nascido. Os filhos maiores de
três anos nunca eram carregados, tinham de caminhar. Tempos depois chegavam ao destacamento, sujos,
muitas vezes doentes e deprimidos. ”

No ano de 1926, o coronel da Força Pública de Minas e deputado Federal Otávio Campos do Amaral,
escrevia sobre as condições dos quartéis:

“(...) maus quartéis, sem asseio, sem conforto, vencimentos insuficientes, vida cara em toda a parte,
viagens dispendiosas tornavam indesejável a vida do policial e contribuíam para um ambiente ao suborno
e à desonestidade."

Geraldo Tito da Silveira(1957), afirmava que alguns destacamentos não tinham quartéis e os soldados
viviam alojados nas cadeias. Repelido pela sociedade como gente de classe desprezível, e assim
maltratado pelo governo, o policial deixava de tomar a serio os apelos que lhe faziam par que fosse
honesto, generoso, abnegado, desprezando o que o seu regulamento lhe indicava de vem e não havia
estímulo que pudesse lançar mão e elevar-lhe o moral. Com os salários baixos, atrasados, o soldado se
comprometia com dívidas e com os poderoso

Se um soldado ou oficial comissionado em defesa da ordem adotassem qualquer procedimento que os


comprometessem com os lideres políticos locais, os seus dias no destacamento estavam contados. Logo
viria a sua transferência determinada pelo Secretário de Segurança. Para ingresso na Corporação bastava
saber assinar o nome e ter boa saúde.

Rui Barbosa, no Manifesto em Maio de 1887, falava de cidadãos fardados, aos quais não poderia negar o
direito de participar da vida política do Brasil. “A ideia do soldado cidadão tinha uma dupla finalidade:
servia de instrumento de afirmação militar e refletia o sentimento de marginalidade e o ressentimento
dos oficiais em relação à sociedade civil, especialmente a elite política. O soldado por ser militar, era um
cidadão de segunda classe e que devia assumir a cidadania plena sem deixar de ser militar.

Para a concepção do soldado profissional era necessário o afastamento dos militares da política e dos
cargos públicos. Exigia-se neutralidade, pois o envolvimento de militares quebraria o princípio da
disciplina.

Durante toda a primeira república, a Força Pública era um exército estadual. Seus manuais, cerimônias,
treinamento, processos de formação e atividades eram de natureza bélica.

Organização, assistência e cotidiano policial. (CBPM/IPSM)


O movimento que proclamou a República repercutiu no interior do Brasil com medidas radicais. Para
afastar qualquer reação armada que a fidelidade e devotamento ao velho imperador pudessem provocar,
reformularam-se as corporações policiais. Em Minas Gerais o Corpo Policial foi dissolvido. Em seu lugar
criou-se a Guarda Republicana.

Em 1890, o presidente do Estado de Minas Gerais, João Pinheiro da Silva, ao tratar da situação da Polícia
em Minas, elencou uma série de entraves: efetivo insuficiente, impossibilidade de impor-lhe disciplina,
dificuldade de fiscalização, comunicação, "paisanos" nomeados sem nenhum preparo ou aptidão para o
desempenho das funções policiais, exíguos vencimentos.

Em 1891 a Guarda Republicana foi transformada em Força Pública. Em 1893 a Força Pública recebeu a
denominação de Brigada Policial.

Em 1909 foi criada a Guarda Civil. Compunha-se de 200 homens divididos em três classes. Competia a
Guarda Civil a vigilância, a garantia da ordem, a segurança e a tranquilidade pública. Servia na Capital do
Estado, era subordinada ao Secretário do Interior e estaria às ordens do Chefe de Polícia.

Vida cara e dispendiosa em toda parte do Estado, as condições dos quartéis eram péssimas, viagens eram
dispendiosas o que tornava indesejável a vida do policial e contribuiriam para um ambiente de corrupção.

Criação do Corpo de Bombeiros – 31 de agosto de 1911


As obras e construções da nova capital do Estado de Minas Gerais, que foi oficialmente inaugurada em
1887, fizeram surgir as primeiras considerações e advertências sobre possíveis vulnerabilidades e riscos
aos quais a nova cidade estava exposta. Quatro meses após sua inauguração oficial, a nova capital
registrou seu primeiro incêndio, curiosamente no local destinado a abrigar a força policial, mais
especificamente no Quartel da Brigada Policial. Naquele evento os trabalhos de combate as chamas
funcionaram de forma rudimentar. Contou-se apenas com a coragem de militares da Brigada policial e de
alguns moradores, além de duas bombas manuais de combate a incêndios. No entanto, o lado bom foi o
de ter despertado as autoridades da época para a necessidade de se criar um serviço organizado de
extinção de incêndios.

Em 31 de agosto de 1911, o Presidente do estado de Minas Gerais, Júlio Bueno Brandão, criou através da
lei 557 a Seção de Bombeiros. De acordo com a legislação, o efetivo previsto para servir na futura Seção
de Bombeiros deveria ser retirado da Guarda Civil. Constam nos registros que daquela Corporação saíram
onze guardas civis, em maio de 1912, que partiram em direção à Capital federal, à época rio de Janeiro,
com a difícil tarefa de se tornarem bombeiros. O período previsto para o treinamento dos guardas no
Corpo de Bombeiros da capital federal era de quatro meses. O treinamento abrangeu os meses entre
maio a agosto de 1912 e, por ocasião de seu término, os guardas foram elogiados a pedido do coronel
Comandante do corpo de Bombeiros do Rio de Janeiro.

Apesar desse elogio, durante o treinamento, ocorreu pelo menos um fato que possivelmente repercutiu
na mudança de planos quanto ao aproveitamento dos guardas no serviço de bombeiros. É que, em
documento, José Ignácio Martins, encarregado dos guardas em treinamento no corpo de Bombeiros do
Rio de janeiro, escreveu ao chefe de polícia de Minas, noticiando que os guardas tinham bom
aproveitamento nos treinamentos, já sendo, até mesmo, enviados para ocorrências em que podiam
aplicar os conhecimentos adquiridos. No mesmo documento, narrou desentendimento protagonizado
entre um sargento daquele Corpo e o guarda civil, Rodrigo José Murta. De acordo com o relato, o guarda
Murta se desentendeu com o primeiro sargento Guimarães ao observar que ele reprimia o guarda José
de Freitas Dungas, além do fato de chamar toda a turma de guardas civis de " indisciplinados ". Houve
uma discussão entre os dois, e esse fato foi comunicado ao comandante do batalhão que, por seu turno,
adotou medida disciplinar em desfavor do guarda, com aplicação de dez dias de prisão como pena. Em
seu relato, Rodrigo Murta insurge não aceitando a sanção.

Logo após o término dos treinamentos no Rio de janeiro, os onze guardas estavam prontos para
exercerem as funções de bombeiros, fato que não se consolidou oficialmente. Eles voltaram às suas
antigas funções de guardas civis e não puderam desempenhar de imediato o trabalho de bombeiro, tendo
em vista duas situações: não havia ainda sido organizada a Seção de Bombeiros e, além disso, a partir de
outubro daquele mesmo ano, quinze novos alunos, desta vez retirados da Força Pública partiriam, a
exemplo dos onze guardas, para treinamento no Rio, com o objetivo de se tornarem bombeiros.
Inicialmente houve uma pequena disputa entre a extinta Guarda Civil, segmento uniformizado da Polícia
Civil, e a Força Pública do Estado, atual Polícia Militar, sobre o controle da nova Corporação. Prevaleceu a
versão militarizada, sendo efetivada uma Companhia de Bombeiros anexa ao 1º Batalhão da Força Pública
em 1913.

No período ditatorial de Getúlio Vargas o Corpo de Bombeiros foi desvinculado da PM; voltando a ser
reintegrado em 1966.

Em 1999 o CBMMG adquiriu autonomia da Polícia Militar, passando a dispor de


estrutura administrativa e financeira próprias. Houve também, na mesma época, a mudança do nome de;
Corpo de Bombeiros da Polícia Militar para Corpo de Bombeiros Militar de Minas Gerais. O fardamento
da Corporação foi completamente reformulado, com vistas a diferenciá-la da Polícia Militar.

Criação da Caixa Beneficente – CBPM – Atualmente IPSM – Instituto de


Previdência dos Servidores Militares de Minas Gerais – 1911
Por volta do ano de 1903, um grupo de sargentos da Força Pública do Estado de Minas Gerais (antiga
denominação da Polícia Militar de Minas Gerais) começou a organizar uma sociedade de amparo às
famílias dos militares. Naquela época, como hoje em dia, era comum os óbitos no cumprimento do dever
e, geralmente, viúva e filhos dos militares ficavam numa situação financeira bem difícil, já que naquela
época dificilmente a mulher estava inserida no mercado de trabalho e dependiam geralmente do salário
do marido militar.
O Comando aderiu à ideia, o que resultou na aprovação da Lei Estadual nº 565, em 19 de setembro de
1911, quando foi criada a Caixa Beneficente da Força Pública do Estado de Minas Gerais, com a finalidade
de "prover a subsistência das famílias dos oficiais e praças que falecerem ... ". Esta lei estabelecia a
obrigação de cada militar contribuir mensalmente com um dia de soldo; isentava, contudo, o Estado do
ônus de custear parte dos benefícios. Não houve, portanto, participação de recurso público na criação
da Caixa Beneficente.

Sem a participação financeira do Estado a Instituição enfrentou diversas dificuldades, sua sobrevivência
neste período só foi possível graças ao empenho de seus Comandantes e seus administradores.

Em 1934, o Estado passou a contribuir para a previdência dos militares, a partir do Decreto nº 11.324, de
11 de maio, que trazia o seguinte texto em seu primeiro artigo: "A Caixa Beneficente da Força Pública
receberá do Estado a contribuição anual de 300:000$ (trezentos contos de réis) que lhe será paga em
prestações mensais de 25:000$000 (vinte e cinco contos de réis), a partir de julho do corrente ano”. Apesar
de um avanço, a contribuição do Estado era limitada e não supria efetivamente a diferença entre as
despesas da “Caixa Beneficente” e sua arrecadação.

Em 1946, o Decreto-Lei nº 1.730, publicado em 4 de maio do mesmo ano, estabeleceu em seu segundo
artigo: " O Estado entrará mensalmente com a importância que faltar à receita ordinária da Caixa
Beneficente daquela Corporação, para completar a despesa decorrente de pensões”.

Em 1978 “A Caixa Beneficente” passou a ser uma autarquia estadual vinculada à Polícia Militar, de acordo
com a Lei nº 7.290 de 4 de julho. Com esta nova lei as pensões passaram a ter valores compatíveis com a
dignidade de viúvas e órfãos pensionistas, embora ainda não de forma integral. Passou-se a vincular à
remuneração do militar falecido e se estabeleceu a contribuição patronal e dos segurados.

A partir daí, puderam ser ampliados os benefícios a cargo da “Caixa Beneficente”, através do auxílio-
natalidade, auxílio-funeral, auxílio-reclusão e pecúlio. A assistência à saúde dos militares, pensionistas e
dependentes passou a constituir também uma modalidade de serviço.

A “Caixa Beneficente” foi transformada no Instituto de Previdência dos Servidores Militares do Estado de
Minas Gerais – IPSM, através da Lei nº 10.366, de 28 de dezembro de 1990, com incorporação de novos
conceitos de seguridade social, permitindo maior abrangência e melhoria na assistência prestada aos seus
segurados, dependentes e pensionistas. Na execução da política previdenciária do Estado, em relação aos
militares estaduais, o IPSM presta os serviços e benefícios previstos em sua lei básica a mais de 208.000
beneficiários, abrangendo militares da ativa, da reserva e reformados, pensionistas e respectivos
dependentes.

Destacam-se hoje, dentre os benefícios, a pensão por morte do segurado, desde a publicação da Lei nº
13.962/2001, de 27 de julho de 2001, no valor integral da remuneração ou proventos que recebia, e a
assistência à saúde, prestada por meio da rede orgânica de saúde da Polícia Militar e do Corpo de
Bombeiros Militar e também por extensa e operante rede de prestadores de serviços credenciados,
integrada por hospitais, clínicas médicas e odontológicas, laboratórios, óticas e farmácias, ao alcance de
todos os beneficiários.

A Lei Delegada 085/2003, publicada em 29 de janeiro de 2003, formatou a finalidade institucional do


IPSM, que além da assistência previdenciária que originou o órgão, inclui prestação de assistência médica
e social aos seus beneficiários. A assistência à saúde, como anteriormente enfocado, foi prestada como
uma modalidade de serviço mesmo antes do advento da Lei Delegada.

A contratação do Cel Drexler – 24 de dezembro de 1912


O Capitão do Exército Suíço, Roberto Drexler que foi comissionado na Força Pública de Minas trouxe várias
modificações na instrução e formação da tropa.
Entre 1912 a 1927 foram criados diversos corpos de ensino. O primeiro regulamento datado de 1894
previa a instrução da força nas chamadas Escolas de Recrutas. A instrução compreenderia desde a posição
do recruta em forma até a escola de pelotão, o manejo de armas e tiro ao alvo, a nomenclatura de todas
as partes das armas e o método de conservá-las limpas. O ensino não se prolongaria por mais de seis
meses.

Em virtude das reformas do coronel Drexler, a cor do fardamento da Força Pública de Minas Gerais foi
modificada para o brim prussiano.

Por influência do Cel. Drexler, em 11 de maio de 1915 foi promulgado o Decreto 4380 que regulava a
instrução da Força Pública. A instrução seria dividida em: moral, intelectual e técnica.

A fundação do Hospital Militar – HPM – 1914


No início do século XX a força Pública do Estado de Minas Gerais, hoje denominada Polícia Militar de Minas
Gerais, era predominantemente uma tropa aquartelada, que atuava em missões de combate. Em razão
da peculiaridade da profissão policial militar, evidenciou-se a necessidade de maior controle da saúde da
tropa, a fim de controlar as doenças profissionais, reduzir o absenteísmo e a incidência de licenças e
dispensas médicas.

No intuito de atender a essa necessidade, o Hospital Militar foi criado durante o governo de Bueno
Brandão, através da Lei 597 do dia 30 de agosto de 1913, tendo como seu primeiro comandante o Maj
QOS Benjamim Targini Moss.

Até o ano de 1946, o hospital funcionou em um prédio localizado à rua Manaus, tendo sido transferido
para o atual espaço físico da av. do Contorno, 2787, Santa Efigênia.

Desde sua origem o Hospital Militar sempre contou com um corpo clínico de renomados especialistas,
entre eles o Cel QOS Juscelino Kubitschek de Oliveira, que foi chefe do Laboratório de Análises Clínicas e
da Clínica Cirúrgica. Em homenagem a esse profissional, através da Lei 6.967 de 21 de dezembro de 1976,
o HPM passou a denominar-se Hospital Juscelino Kubitscheck de Oliveira.

O Hospital possui equipamentos modernos que o capacitam a fazer vários tipos de procedimentos
médicos, melhorando a sua prestação de serviço em termos qualitativos e quantitativos, mas o destaque
maior é o seu Corpo de Servidores, que hoje está na casa de 1083 funcionários. Sendo ele militares, civis,
estagiários e terceirizados que desenvolvem suas atividades com o objetivo único de prestar assistência
integral aos policiais militares e bombeiros militares do Estado de Minas e seus dependentes. Destaca-se
o alto grau de conhecimento técnico científico do corpo clínico, que constitui um grande diferencial em
relação à grande maioria dos nosocômios do nosso Estado.

A Escola de Graduados, de Recrutas e Tática – 1915


A Força Pública de Minas além de exercer o policiamento por intermédio dos destacamentos mantinham
efetivos aquartelados em condições de emprego emergencial em caso de guerra externa. Quanto ao
processo pedagógico do militares mineiros, o primeiro regulamento do período republicano (1894) dedica
um capítulo para tratar das escolas de recrutas. Ela determinava que cada comandante nomearia os
oficiais mais competentes e habilitados para instruir as praças.

A formação do soldado baseava-se na transmissão de alguns conhecimentos básicos inerentes à


infantaria: posição do recruta em forma até a escola de pelotão; manejo das armas e o método de
conservá-las limpas. O período de formação dos soldados não poderia ultrapassar seis meses.
No período de 1912 a 1927 a então Força Pública de Minas Gerais passou por um processo de revitalização
do treinamento militar, de matriz prussiana, o que lhe proporcionou reconhecimento nacional durante
embates bélicos ocorridos nas décadas de 1920 e 1930.

Nesse período foram criados diversos estabelecimentos de ensino militar na região localizada no Bairro
Prado em Belo Horizonte, MG.

 Corpo Escola e sua Escola de Graduados, Escola de Instrução e Escola de Sargentos(1927) esta
escola foi extinta e fundou-se o Departamento de Instrução(1934).

Escola de Instrução

A Escola de Instrução era dividida em três modalidades:

 Escola de Graduados
 Escola de Recrutas
 Escola Tática.

O Corpo Escola

Este corpo destinava-se ao preparo técnico do pessoal da Força Pública de Minas Gerais e suas
instruções seriam ministradas por oficiais e praças segundo o programa organizado pelo Comandante do
Corpo Escola e aprovado pelo conselho técnico.

A participação da Polícia Militar nos diferentes movimentos armados


A força pública de Minas Gerais atuou em diversos movimentos armados ocorridos em meados das
décadas de 1920 e 1930 entre eles podemos citar:
Cangaço foi um fenômeno do banditismo brasileiro ocorrido no nordeste do país em que os membros do
grupo vagavam pelas cidades em busca de justiça e vingança pela falta de emprego, alimento e cidadania,
causando o desordenamento da rotina dos camponeses.

Revolução Constitucionalista de 1932, também conhecida como Revolução de 1932 ou Guerra Paulista,
foi o movimento armado ocorrido nos estados de São Paulo, Mato Grosso do Sul e Rio Grande do Sul,
entre julho e outubro de 1932, que tinha por objetivo derrubar o governo provisório de Getúlio Vargas e
convocar uma Assembleia Nacional Constituinte.

Combate ao Cangaço no Norte de Minas.


Em 1910 o nome do cangaceiro Antônio Dó começou a aparecer juntamente com outros companheiros
que assolavam o norte de Minas, na Região do Vale do São Francisco. O grupo ganhou fama tendo
inclusive aliciado um militar desertor da força pública. Após intensos combates a Força Pública conseguiu
aniquilar os cangaceiros.

No ano de 1923, no estado da Bahia as forças mineiras juntamente como Exército combateram o
latifundiário João Duque.

Levantes de 1924-1925-1926 – Coluna Prestes


Durante a crise de 1924 após a ação das Tropas Federais em São Paulo, os remanescentes dos revoltosos
embrenharam-se pelas matas de Goiás e Mato Grosso. Depois se reuniram com remanescentes dessa
revolta no Rio Grande do Sul e formaram a famosa Coluna Prestes que seria esfacelada em 1929. Essas
tropas enfrentaram as tropas mineiras no estado de São Paulo. Esse movimento grassou tanto em São
Paulo, como também no Rio Grande do Sul. Sentindo-se vencidos em São Paulo os revoltosos retiraram-
se, rumando para Goiás, lá encontrando a outra parcela que procedia do Estado do Rio Grande do Sul,
sob o Comando do Capitão Luiz Carlos Prestes, formaram a famosa Coluna Prestes.

Na época foi criado o 6º Batalhão Provisório em Belo Horizonte/MG constituído de integrantes do 5º


Batalhão.

Em meados de 1925 os revoltosos reiniciaram suas atividades tornando necessária a mobilização de


Tropas Mineiras do 5º Batalhão de Infantaria. A tropa mineira dirigiu-se para o Mato Grosso, logrando
êxito em sua missão.

No ano de 1926 as tropas mineiras lutaram em Pernambuco, Sergipe e Pernambuco em apoio ao Governo
Federal Brasileiro.

Escola de Sargentos – 1927


A Escola de Sargentos foi criada em 1927 por influencia do Tenente do Exército Nacional, José Carlos
Campos Cristo o que daria condições as praças de serem promovidas ao Oficialato. A Escola nasce num
período político conturbado, os oficiais da força se debruçavam sobre estratégias e táticas de guerra, os
praças passavam o dia a limpar as metralhadoras Hotchiss, Madsem, FMZB e Stokes. Num tempo em que
os capacetes de aço, as baionetas e a evoluções militares eram realidades cotidianas, assim, o estudo de
humanidades representava uma avanço considerável, principalmente para os praças.

O acesso ao oficialato via mérito intelectual seria consolidado com a criação do Departamento de
Instrução em 1934.

O espírito militar da época pode ser assim demonstrado nas palavras do Tenente Santos Ferreira
Cavalcanti: “A profissão militar exige hoje conhecimentos múltiplos e variados, porque os meios de matar
têm evoluído paralelamente com o desenvolvimento da ciência e da indústria. (...)”

O exército de Minas: a Primeira República e os anos 30


Durante toda a primeira República, a Força Pública era um exército estadual. Seus manuais, cerimônias,
treinamentos, processos de formação e atividades eram de natureza bélica. Portanto respeitadas as
especificidades de cada força, a ideologia de intervenção construída para o Exército encontraria eco nas
diversas intervenções da Força Pública e seriam apropriadas e reelaboradas nas décadas subsequentes.
A Revolução de 1930

O presidente Washington Luiz indicou para ser candidato um paulista Luiz Prestes. Naquela época seria a
vez de Minas Gerais indicar um mineiro, diante do ocorrido era o fim da política café com leite. Em 03 de
outubro de 1930, uniram-se os estados de Minas Gerais, Rio Grande do Sul e Paraíba contra essa decisão.

No dia 03 de outubro, em Belo Horizonte, os efetivos da Força Pública receberam a ordem de tomar o 12º
RI(Capital) e outras importantes unidades do Exército no interior de Minas. No dia 09 de outubro, após
alguns dias de luta, o 12º RI hasteou a bandeira branca alterando a situação revolucionária.

Revolução de 1930 foi o movimento armado, liderado pelos estados de Minas Gerais, Paraíba e Rio
Grande do Sul, que culminou com o golpe de Estado, o Golpe de 1930, que depôs o presidente da
república Washington Luís em 24 de outubro de 1930, impediu a posse do presidente eleito Júlio
Prestes e pôs fim à República Velha.

Com a quebra da Bolsa de Nova Iorque, ocorrida em outubro de 1929, iniciou-se uma crise econômica de
escala mundial, esmagando todas as economias com alguma participação nos mercados internacionais,
caso do Brasil e suas exportações de café. Em 1929, lideranças da oligarquia paulista romperam a aliança
com os mineiros, conhecida como política do café com leite, e indicaram o paulista Júlio Prestes como
candidato à presidência da República. Em reação, o presidente de Minas Gerais, Antônio Carlos Ribeiro de
Andrada apoiou a candidatura oposicionista do gaúcho Getúlio Vargas.

Em 1 de março de 1930, foram realizadas as eleições para presidente da República que deram a vitória ao
candidato governista, que era o presidente do estado de São Paulo, Júlio Prestes. Porém, ele não tomou
posse, em virtude do golpe de estado desencadeado a 3 de outubro de 1930, e foi exilado. Assim, Júlio
Prestes passou a ser o único político eleito presidente da república do Brasil pelo voto popular a ser
impedido de tomar posse.

Getúlio Vargas assumiu a chefia do "Governo Provisório" em 3 de novembro de 1930, data que marca o
fim da República Velha no Brasil

A tomada do 12º RI
O presidente Washington Luiz indicou para ser candidato um paulista Luiz Prestes. Naquela época seria a
vez de Minas Gerais indicar um mineiro, diante do ocorrido era o fim da política café com leite. Em 03 de
outubro de 1930, uniram-se os estados de Minas Gerais, Rio Grande do Sul e Paraíba contra essa decisão.

No dia 03 de outubro, em Belo Horizonte, os efetivos da Força Pública receberam a ordem de tomar o 12º
RI(Capital) e outras importantes unidades do Exército no interior de Minas. No dia 09 de outubro, após
alguns dias de luta, o 12º RI hasteou a bandeira branca alterando a situação revolucionária.

A criação do Batalhão Escola – 1931 – Atual Escola de Formação de


Soldados (EFSD)
Em 1931 o Corpo Escola foi transformado em Batalhão Escola e em substituição ao Curso da Escola de
Sargentos surgiria o Curso de Educação Militar. No Bairro Prado foi instalado o Departamento de Instrução
(DI) onde passou a ser realizado o Curso de Oficiais.

Com a contratação do Capitão do Exército suíço Roberto Drexler, comissionado no posto de coronel, no
período de 1912 à 1923 a corporação sofreu mudanças no que se refere a formação, foi dotada de
manuais e sistematizados procedimentos relativos ao treinamento militar.

O Decreto n° 4.380 de 11 de maio de 1915 regulamentou a Instrução na Força Pública do Estado de Minas
Gerais. Assim a corporação passou a ter uma Escola de Instrução. Ela seria dividida em três modalidades:
Escola de Graduados, Escola de Recrutas e Escola Tática.

Todos os recrutas deveriam passar pelo Corpo Escola, cumprindo o que foi determinado pela Presidência
do Estado. Esse corpo ministrava instrução a oficiais e Praças.

Segundo Cotta (2005), em 1927, através do decreto estadual 7.712 de 16 de junho de 1927, por influência
do então tenente José Carlos Campos Cristo, do Exército Nacional (que estava em comissão na então
Força Pública de Minas Gerais), o Presidente do Estado de Minas Gerais, Dr. Antônio Carlos Ribeiro de
Andrada, criou a Escola de Sargentos. Poderiam ser matriculados na Escola os Sargentos e Cabos de boa
conduta com menos de 35 anos de idade que fossem admitidos em exame específico.

O curso da Escola de Sargentos possibilitaria as praças da corporação o acesso ao oficialato.

A pesquisa feita no livro de Registro de Assentamento das Praças do Batalhão Escola, aberto na década
de 1930, Boletim Geral da Força Pública de Minas Gerais e fotos do acervo atualmente arquivado no
Centro de Pesquisa e Pós – graduação - CPP, não deixam dúvidas de que o Batalhão Escola realmente
existiu na década de 1930.
Cabe aqui um alerta para a conservação de tais documentos, que atualmente se encontram em sala
fechada e totalmente desprotegidos da ação de insetos e da umidade. Tal situação, se persistir,
certamente levará à total destruição de um importante acervo histórico.

No ano de 1931 o Corpo Escola foi transformado em Batalhão Escola através do Decreto Estadual n° 9867
de 20 de fevereiro de 1931. Eram previstas instruções de Cavalaria, infantaria, comunicações, telegrafia,
automobilismo, educação física e armas automáticas. No dia 03 de março de 1931 foi publicado no
Boletim do Comando Geral, fls. 227, o referido decreto. A partir de tal data é possível encontrar várias
publicações referente ao Batalhão Escola – BE.

O Boletim Geral da Força Pública, datado de 13 de março de 1931, fls. 274, informa que foi designado
como Comandante do Batalhão Escola, o Ten Cel Jacinto Rodrigues da Costa (Minas 13/03/931).

Em 13 de março de 1931, foi publicado, na página 280 do Boletim do Comando Geral as seguintes
designações:

“Fiscal: Maj Manoel Neves da Silva


Ajudante: Cap Jacinto Alves do Sacramento
Secretário: 1º Ten João Ferreira Coelho
Intendente: 1º Ten Neactor de Oliveira
Contador -pagador: 1º Ten José Augusto de Moura
Instrutores de Infantaria

2º Ten Euclydes de Souza Leite


2º Ten Pedro de Freitas Santos

1ª Cia

Cap José Maria Baptista da Silva


1º Ten Marino Brandão
2º Ten Mario Rodrigues Romão
2º Ten Miguel Braga

2ª Cia
2º Ten João José Vieira”

Serviu no Batalhão Escola na década de 1930, um Oficial que se tornou um importante nome da história
da PMMG e do Brasil. No dia 18 de março de 1931, fls. 302, Boletim Geral da Força Pública, foi publicada
a designação do Capitão Médico Dr. Juscelino Kubitschek.

A Revolução de 1932
A revolução constitucionalista eclodiu em 09 de julho de 1932 e o objetivo de São Paulo era o retorno à
velha política do “café – com – leite”. O Povo paulista aderiu ao movimento e também as tropas federais
sediadas na Capital. Os paulistas invadiram o território mineiro e tomaram as cidades de Guaxupé, Ouro
Fino e Jacutinga.

Ocorreram combates na divisa com São Paulo. No dia 30 de julho de 1932 o Ten. Cel. Fulgêncio de Souza
Santos, na época Comandante do 8º Batalhão de Infantaria - BI tombou mortalmente ferido no local que
ficou conhecido como Túnel da Mantiqueira.

“O Coronel Fulgêncio é um vulto expressivo de militar, cujo semblante enérgico encarna a imagem da
bravura e do heroísmo, símbolo expoente e característico da Força Pública de Minas”.
A Serra da Mantiqueira constitui-se num baluarte por sua posição estratégica. Após intensos combates os
Paulistas abandonaram a região do Túnel e as tropas de Minas avançam e conquistam a cidade de
Cruzeiro, sendo encerradas as operações na região do Túnel. Em 29 de setembro de 1932 ocorreu a
deposição das armas pelos paulistas. Terminada a Revolução Constitucionalista seus principais chefes civis
e militares foram exilados em Lisboa.

Entrando em vigência o regime ditatorial do Estado Novo (1937), as Forças Públicas passaram a ser órgãos
dependente de controle único do poder executivo e subordinado ao Governo Federal nos assuntos
relacionados a defesa interna.

A Lei nº 192, de 17 de janeiro de 1936, definiu a posição das polícias estaduais perante a união,
discriminando-lhes os deveres e direitos e considerando-as reservas de primeira linha do Exército
Nacional. Como tal, elas eram inspecionadas semestralmente pelos Comandos das Regiões Militares, que
tinham como atribuição instruir-lhes militarmente.

Em dezembro de 1939, a Força Pública passou a denominar-se Força Policial. Somente em 1946 a Força
Policial recebe a sua designação atual: Polícia Militar do Estado de Minas Gerais.

Criação do Departamento de Instrução – 1934 (criação do Curso de


Oficiais e do Curso de Sargentos)
A conturbada década de 1920 e especialmente a Revolução de 30, da qual participou ativamente a força
policial mineira, reforçaram na oficialidade da Força Pública a certeza de que era necessário que os oficiais
se aperfeiçoassem e se especializassem.

Assim, a partir de pequenos cursos dados por especialistas, por solicitação de comandantes,
principalmente a partir do Curso Técnico Militar e Propedêutico, ministrado pelo Professor João Batista
Mariano, foi criado oficialmente, em 3 de março de 1934, pelo Decreto nº 11.252, o Departamento de
Instrução (DI). Ainda segundo Almeida Júnior. “A nova unidade destinava-se basicamente a ministrar
conhecimentos fundamentais às praças, requisito que passou a ser exigido para acesso ao primeiro posto,
e, aos Oficiais, conhecimentos complementares, sem os quais não mais seria possível a promoção ao
superior” (p. 19).

Na década de 30 foi criado o Departamento de Instrução – DI que veio a dar origem à Academia de Polícia
Militar. Em substituição ao curso da Escola de Sargentos surgiria o Curso de Educação Militar, o professor
João Batista Mariano, que ministrava instruções aos oficiais do 5º Batalhão de Caçadores, atual 5º
Batalhão de Polícia Militar, elaborou o plano de um Curso Técnico Militar e Propedêutico, que foi
aprovado e ministrado a todas as Unidades da Capital, que seria o ponto de partida para a criação do
Departamento de Instrução, situado no bairro Prado, em Belo Horizonte, onde já funcionava o Corpo
Escola. O Instituto Propedêutico, idealizado pelo prof. Mariano, se tornou o Curso de Formação de
Oficiais. Em 16 de abril de 1934 iniciaram-se as aulas.

“O Departamento de Instrução ministrava o Curso de Formação de Oficiais (CFO) e o Curso Especial. O


CFO, com duração de três anos, era dividido em dois períodos: um de adaptação, com duração de um
ano; outro denominado Curso Geral, com duração de dois anos. Este curso tinha a finalidade de
proporcionar aos sargentos aprovados em exames de habilitação promoção a 2º tenente. O Curso
Especial, com duração de um ano, destinava-se aos segundos tenentes comissionados, proporcionando-
lhes o direito à efetivação no posto e ascensão na carreira até o posto de capitão. Poderiam ainda ser
matriculados nesse curso os primeiros sargentos aprovados em exames de habilitação à promoção à
segundo tenente. (COTTA, 2005)”

Em fevereiro de 1935, o Departamento de Instrução recebeu 41 alunos para a sua primeira turma do
Curso de Formação de Sargentos. Havia instrutores que eram oficiais do Exército Brasileiro, tinham
recebido instrução da Escola Francesa e agora substituíam a Escola Prussiana de Drexler. O Curso de
Formação de Sargentos era predominantemente militar.
É então que surge o Curso de Formação de Oficiais, cuja criação, constitui “o marco da transformação da
Força Pública em uma Corporação moderna”.

De 1934 até agora, tanto a escola quanto o CFO passaram por várias transformações, sempre no sentido
de aprimorar a formação do Oficial, além de, em etapa posterior, partir para seu aperfeiçoamento e
especialização.

A denominação inicial da nova instituição de ensino militar - Departamento de Instrução - teve vida longa.
Só foi alterada em 18 de julho de 1975, quando, por força da Lei nº 6.624, passou a denominar-se Escola
de Formação e Aperfeiçoamento de Oficiais (EsFAO). A denominação Academia de Polícia Militar (APM)
veio com a Lei nº 7.625, de 21 de dezembro de 1979.

Posteriormente recebeu o nome de Centro de Ensino de Graduação - CEG e atualmente EFO – Escola de
Formação de Oficiais.

As décadas de 40 e 50
Na década de 50 havia uma preocupação com o ensino na corporação e por isso uma equipe da Diretoria
Técnica de Ensino Policial, do Departamento de Instrução da PM encaminhou uma coletânea de textos
intitulada Lições de Instrução Policial, preocupando-se em estabelecer as diretrizes para a instrução nos
destacamento.

A instrução seria responsabilidade do comandante do destacamento. Na época os policiais de acordo com


sua capacidade intelectual seriam destinados aos serviços de guarda do quartel, guarda de cadeia,
investigação de crimes e policiamento em estações de trem. A instrução policial seria ministrada de terça
a sexta-feira.

A instrução policial tinha caráter e finalidade diferente da militar. A instrução policial em principio seria
ministrada mais em sala, não exigindo comandos e execuções, podendo por isso tornar-se monótona e
desinteressante. Enquanto a instrução militar era data em praças ou campos a vista do público, fator de
grande influência, pro provocar o entusiasmo e desejo de perfeição. Havia também grande preocupação
com a formação dos instrutores.

Nesse caminho de desenvolvimento é criado então o Colégio Tiradentes que passou a funcionar no
Departamento de Instrução no Bairro Prado e a primeira turma foi diplomada em 1952.

O Policiamento Ostensivo nas ruas de Belo Horizonte.


Em julho de 1955 criou-se a companhia de Policiamento Ostensivo, anexa ao Batalhão de Guardas e com
atribuição de exercer o policiamento ostensivo de Belo Horizonte. A companhia seria comandada pelo
então, Capitão Antônio Norberto dos Santos.

Na execução do policiamento ostensivo seriam observadas as leis, regulamentos e instruções policiais do


Estado. A admissão de policiais nas fileiras da companhia seria feita mediante seleção rigorosa. A fim de
atualizar os policiais da companhia eles seriam submetido a um período intensivo de instrução. O
policiamento seria executado no âmbito distrital patrulhadas por duplas de soldados.

Na época havia apelo da comunidade e da imprensa pela presença mais ostensiva da PM nas ruas e foi
observado que para que a Companhia de Policiamento Ostensivo tivesse êxito era necessário nunca
esquecer que ela precisava de apoio moral, por isso o soldado nela destacado receberia uma gratificação
por lidar diretamente com o povo.

O treinamento de dois meses desses policiais consistia em lições de:


Ação policial; armas e instrumentos de crime, ataque e defesa, boas maneiras, conhecimento básico de
leis, instrução militar(instrução geral e armamentos, noções de técnica policial, noções gerais de trânsito,
organização policial, policia de assistência e policiamento.

O policiamento de Belo Horizonte foi organizado nos moldes das duplas conhecidas por Cosme e Damião
e seria dividido em policiamento de área, radiopatrulha e patrulhamento de trânsito.

Essas patrulhas deveriam em suas relações com o público deveriam seguir regras de boa convivência,
entre elas:

Ser acessível, justo e imparcial, tratar com maior urbanidade o povo em geral, tratar com atenção todo
cidadão, falar pouco e somente no desempenho do serviço entre outras.

SEGUNDA GUERRA MUNDIAL (Curso de Comandos da Força Pública de


Minas – 1942)
A história das atividades de Operações Especiais na Polícia Militar de Minas Gerais inicia-se em 1942 com
a realização do Curso de Comandos, cujo turno foi composto por dez Oficiais e 30 Sargentos.

O objetivo do curso, que durou seis meses seria preparar um pequeno grupo da então Força Pública de
Minas Gerais para missões durante a Segunda Guerra Mundial, mais especificamente para a tomada do
Arquipélago dos Açores.

Entre o treinamento policial e o militar.


Na década de 50 havia uma preocupação com o ensino na corporação e por isso uma equipe da Diretoria
Técnica de Ensino Policial, do Departamento de Instrução da PM encaminhou uma coletânea de textos
intitulada Lições de Instrução Policial, preocupando-se em estabelecer as diretrizes para a instrução nos
destacamento.

A instrução seria responsabilidade do comandante do destacamento. Na época os policiais de acordo com


sua capacidade intelectual seriam destinados aos serviços de guarda do quartel, guarda de cadeia,
investigação de crimes e policiamento em estações de trem. A instrução policial seria ministrada de terça
a sexta-feira.

A instrução policial tinha caráter e finalidade diferente da militar. A instrução policial em principio seria
ministrada mais em sala, não exigindo comandos e execuções, podendo por isso tornar-se monótona e
desinteressante. Enquanto a instrução militar era data em praças ou campos a vista do público, fator de
grande influência, pro provocar o entusiasmo e desejo de perfeição. Havia também grande preocupação
com a formação dos instrutores.

Nesse caminho de desenvolvimento é criado então o Colégio Tiradentes que passou a funcionar no
Departamento de Instrução no Bairro Prado e a primeira turma foi diplomada em 1952.

UNIDADE III

O GOVERNO MILITAR E A BRECHA POLICIAL NA PMMG


Na ótica dos civis e militares que tramaram o golpe o controle das polícias era uma necessidade. Era
preciso retirar-lhes o poder bélico, promover seu desarmamento e desmobilização. Esta mesma estratégia
foi usada na Primeira República e no governo Vargas.

O novo modelo introduzido pelo Exercito acabou com o pluralismo policial existente na época e deixou a
PM com o policiamento ostensivo fardado e a Polícia Civil com as investigações criminais, atividades
cartorais e burocráticas.

Para operacionalizar o projeto de controle o Exercito instituiu a Inspetoria Geral das Polícias Militares
(IGPM), órgão do Estado Maior do Exército com competência para dirigir diretamente as polícias militares.

Até o início da década de 80, o treinamento dos policiais militares era baseado em manuais do Exército,
não possuindo especificidades policiais. Somente em 1982 a IGPM elaborou o Manual Básico de
Policiamento Ostensivo – MBPO e que foi utilizado para: padronizar terminologias, ensejar
procedimentos homogêneos, ainda que adequados pelas peculiaridades regionais, subsidiar as polícias
militares com fonte de consulta e constituir referência bibliográfica.

A IGPM (Inspetoria Geral das Polícias Militares) foi criada pelo Decreto-Lei 317, de 13 de março de 1967,
como diretoria do Exército Brasileiro. Com base do Ato Institucional nº 5, em 2 de julho de 1969, o
Decreto-Lei 667, assinado pelo General Costa e Silva, reorganizou as polícias militares dando-lhes a
exclusividade do policiamento ostensivo e as subordinou à IGPM. O controle das polícias pelo Exército
atingiu todas as áreas (ensino, logística, efetivo, emprego operacional). No caso de Minas, a partir da
década de 1980 observa-se uma “brecha policial”, por meio da qual ocorreram diversas inovações de
natureza policial, que podem ser observadas na criação de manuais, unidades especiais de policiamento
preventivo e estratégias de controle do crime.

A Revolução de 31 de março de 1964.


Em 29 de março de 1964, representantes do governo de Minas, oficiais do Exército e da PM se reuniram
em Juiz de Fora para acerto de detalhes sobre o Movimento. Estabeleceu-se que o dia "D" seria 31 de
março de 1964. A ordem para o deslocamento das tropas seria feita pelo governador de Minas Magalhães
Pinto e pelo General Olímpio Mourão Filho, comandante da 4ª Região Militar, sediada em Juiz de Fora,
MG.

Nesta época, o efetivo da PM, cerca de 18.000 homens, foi colocado de prontidão, acelerou-se o período
de recrutamento, atualizaram-se as relações de endereço dos policiais da reserva para convocação,
recolheram-se os delegados especiais bem como os contingentes dos destacamentos e postos policiais,
cassaram-se férias, suspenderam-se os cursos de aperfeiçoamento de oficiais e as principais rodovias
foram colocadas sob vigilância.

Na madrugada de 31 de março para 1º de abril de 1964, líderes civis e militares conservadores derrubaram
o presidente João Goulart. Diversos fatores levaram ao golpe, alguns circunstanciais e outros que se
arrastavam havia décadas, como mostra a página ao lado. Mas, resumidamente, dá para dizer que o
movimento surgiu para afastar do poder um grupo político, liderado por João Goulart, que, na visão dos
responsáveis pelo movimento, levava o Brasil para o “caminho do comunismo”.

É preciso lembrar o clima de radicalismo político que o país vivia. Até as Forças Armadas estavam
rachadas, dividas em duas chapas que se enfrentavam nas eleições do Clube Militar desde os anos 50. Em
1964, a temperatura política no país havia subido tanto que, meses antes de ser deposto, João Goulart
tentou declarar “estado de sítio”, medida que ampliaria seus poderes. Muitos militares e líderes
conservadores passaram a acreditar que o presidente daria um golpe para instalar uma ditadura de
esquerda.
O objetivo aqui não é discutir detalhadamente o que ocorreu em 1964, mas, provocar debate e reflexão
sobre as mudanças que ocorreram nas polícias militares, em específico na PMMG, Polícia Militar de Minas
Gerais, após a data de 31 de março de 1964. As tropas mineiras atuaram nesse evento ao lado das forças
que depuseram o Governo de João Goulart. Após o evento diversas mudanças foram colocadas em
prática, entre elas o controle das polícias militares pelo Governo Federal.

O Batalhão Escola (atualmente EFSD) passa a se chamar Batalhão


Voluntários da Pátria – 10 de março de 1965
O órgão de divulgação do Clube dos Oficiais, denominado Polícia Militar em Revista, no ano de 1965,
noticiou que no dia 02 de agosto foi instalado o 13º Batalhão de Infantaria, criado através da lei nº 3.179.
de 19 de agosto de 1964, pelo Governador do Estado, Drº José Magalhães Pinto. Funcionalmente a
unidade seria chamada de BATALHÃO ESCOLA receberia a denominação de “BATALHÃO VOLUNTÁRIOS
DA PÁTRIA”, dada através do decreto 8.300 de 10 de março de 1965. O que confirma a informação de
que na década de 60 a unidade também era chamada de Batalhão “Voluntários da Pátria”, homenagem
feita ao Batalhão de Voluntários Mineiros que lutou na Guerra do Paraguai (1864 -1870).

Na década de 60 o Batalhão Escola funcionava onde atualmente funciona o CET, por algum tempo o local
também foi utilizado pelo Batalhão de Choque.

A Guerrilha do Parque Nacional do Caparaó.

Nos anos subsequentes, o Brasil experimentaria a resistência armada. E ela viria inicialmente de Minas.
Após 1964 ocorreu uma crescente militarização da sociedade e um consequente enfraquecimento de suas
instituições civis. Em decorrência desse quadro, surgiram projetos, formulados por alguns setores da
oposição, propondo o confronto armado mediante ações de guerrilha. Como sintoma desse processo,
ocorreria o abandono da proposta de atuação de militantes no interior dos sindicatos e demais
instituições e uma nova orientação com vistas ao enfrentamento direto e imediato ao regime.

Como reflexo do recrudescimento das relações entre os atores sociais e o Estado ocorreria o
redirecionamento de parte dos militantes da chamada esquerda brasileira para uma modalidade de
enfrentamento direto e imediato, baseado não apenas no embate de palavras e ideias.

"A Cultura Bélica, essa velha conhecida dos brasileiros desde o período colonial, seria novamente
acionada e vivenciada por alguns por meio da forma de confronto bélico conhecida como Guerrilha. O
local de atuação deveria ser de difícil acesso e controle por parte do governo, teoricamente uma boa
escolha recairia sobre as terras altas e as zonas de fronteira, localizadas nas áreas rurais e deveria contar
com o apoio da comunidade rural.

Depois de deliberado e aprovado pelo Movimento Nacional Revolucionário, em novembro de 1966,


instalou-se na divisa entre os estados de Minas e Espírito Santo a primeira tentativa de luta armada no
Brasil após o Movimento de 1964. Sua ação restringiu-se a movimentos e treinamentos na região do Pico
da Bandeira. O principal objetivo era espalhar, a partir daquele núcleo, a luta armada pelo Brasil.

Os integrantes dessa guerrilha eram, na maioria, egressos das Forças Armadas, militantes de lutas
nacionalistas e influenciados pelas ideias definidas pelo Instituto Superior de Estudos Brasileiros. No local
situa-se o Parque Nacional do Caparaó, local de difícil acesso tendo como ponto de destaque o Pico da
Bandeira, com 2890 m de altitude. Condições climáticas adversas entre outros fatores dificultavam e
muito o acesso ao local.

Os guerrilheiros foram denunciados a Polícia Militar que por sua vez acionou o Exército Brasileiro. Tropas
do 11º Batalhão de Infantaria da Polícia Militar localizado em Manhuaçu, ,e os destacamentos de Caparaó
Velho e Espera Feliz conseguiram obter informações sobre o acampamento. Tropas do Exército e da
PMMG conseguiram localizar o acampamento e em 05 de abril de 1967 integrantes das polícias militares
do Espírito Santo e de Minas Gerais prenderam 14 guerrilheiros, levando ao desmoronamento do núcleo
sediado em Caparaó e da direção do movimento no Rio de Janeiro. Encerrou-se assim a primeira tentativa
de resistência armada após o Movimento de 1964.

O Batalhão de Radiopatrulhamento – 1972

Com a promulgação da constituição de 1946, a Força Pública passou a ser denominada Polícia Militar,
encarregada de exercer três atividades básicas: o policiamento militar preventivo, repressivo e educativo.

A partir de 1955, foi criada, na Capital de Minas, a Cia de Policiamento, anexa ao 1º BPM, no Bairro Santa
Efigênia. E, em 1957, o 5º BPM, situado no Bairro de Santa Tereza, passou a lançar, diariamente, nas ruas
da Capital, duplas de policiais militares que foram denominadas de “Cosme e Damião”.

Incontinenti a essa época, foi criado um grupamento motorizado, denominado Patrulha Volante. Com o
decorrer dos anos, a Patrulha Volante evoluiu para “Esquadrão Motorizado”. Este foi o embrião do que
seria no futuro o Batalhão de Rádio Patrulhamento - BRP, hoje denominado 16º BPM. Atendia ocorrências
em Belo Horizonte, tendo como delimitação de área a parte interna da Avenida do Contorno.

Com a promulgação do Decreto 317, em 1967, que foi aperfeiçoado pelo Decreto 667, criaram-se as
Inspetorias das Polícias Militares, que introduziram mudanças no desempenho das missões amparadas,
ainda, pelo Decreto 1072. Esse Decreto havia extinguido todos os outros órgãos de Policiamento
Ostensivo, reconhecendo apenas uma polícia fardada no Brasil, as “ Polícias Militares”.

Percebe-se que os decretos mencionados deram caráter policial às Instituições Militares Estaduais que, a
partir de então, passaram a executar o policiamento ostensivo com exclusividade.

Cumpre aqui fazer um esclarecimento acerca das “missões policiais”. A PMMG, desde sua criação, ainda
em Vila Rica, executava missões de policiamento ao escoltar o ouro que ia para o porto de Paraty, no Rio
de Janeiro. E, ao longo da sua história, no interior do estado, executava policiamento nos rincões mais
longínquos. Advém daí a verdadeira origem do “Policiamento Comunitário”.

No início dos anos 70, Belo Horizonte, embora jovem, já tinha saído das limitações da Avenida do
Contorno, evidenciando, de maneira tangível, o assustador crescimento populacional e físico da cidade.

Demonstrando, na prática, sua vocação para zelar pelos interesses da sociedade, o Estado-Maior refez os
planejamentos de policiamento e criou um Batalhão exclusivo, para executar o policiamento motorizado.
Nascia, assim, o BRP, em 12 de dezembro de 1972, pelo Decreto 15.048, de 16 de dezembro daquele ano.
Seu primeiro Comandante foi o Cel PM Waldir Soares.

A área de responsabilidade abrangia toda a região metropolitana de Belo Horizonte. Os oficiais e praças
eram escolhidos com rigor, fazendo história e ditando doutrinas de radiopatrulhamento que serviriam,
como servem até hoje, de base para as condutas operacionais da Polícia Militar.

Na década de 80, com a rearticulação das áreas de atuação operacional, extinguiu-se o BRP, criando-se o
16º BPM. Ficou este Batalhão responsável por todo o policiamento da zona leste de Belo Horizonte. Ainda
nesta década foram criados o Batalhão de Choque, em 1980, e as Cias Rotam, em 1981.

Criação das ESFAO e CFAP – 1975


Em 1975, o Departamento de Instrução passou a denominar-se Escola de Formação e Aperfeiçoamento
de Oficiais (EsFAO) . Nessa época, criou-se o Centro de Formação e Aperfeiçoamento de Praças (CFAP).
Isso implicou a separação física e estrutural da formação de oficiais da de praças.

Quatro anos depois, criou-se a Academia de Polícia Militar, extinguindo-se a EsFAO e o CFAP. Criou-se,
dentro da estrutura da nova escola, um corpo para a formação de oficiais (1º Corpo de Alunos) e outro
para a de sargentos (2º Corpo de Alunos), centralizando novamente a formação de oficiais e praças. No
início da década de 1990, separou-se a formação de oficiais da de praças.

DI (Departamento de Instrução) passa a se chamar APM – extinção da


ESFAO e CFAS - 1979

*Importante ressaltar que você estudou na unidade II sobre a criação do Departamento de Instrução (DI)
e este tópico ressalta as mudanças de nomes ocorridas durante a sua existência. Fique atento, pois,
existem diferenças nas unidades no que se refere aos cursos ministrados. Portanto, DI - Departamento de
Instrução tornou-se hoje a Academia de Polícia Militar e subordinadas a ela estão: a EFSd - Escola de
Formação de Soldados (antigo Batalhão Escola), a Escola de Formação de Sargentos (EFAS) criada em
2010, Escola de Formação de Oficiais (EFO), Centro de Pesquisa e Pós Graduação (CPP), Centro de
Treinamento Policial (CTP), Centro de Educação Física.

Em 1931, ocorreu nova reorganização do ensino na Força Pública e o Corpo- Escola foi transformado em
Batalhão-Escola. Em substituição ao Curso da Escola de Sargentos, surgiria o Curso de Educação Militar.
O decreto de criação determinava que fosse organizado e instalado o Curso de Educação Militar, o que
funcionaria em conformidade com o regulamento em vigor, a Escola de Sargentos.

O professor João Batista Mariano, que ministrava instruções aos oficiais do 5º Batalhão de Caçadores,
atual 5º BPM, elaborou o plano de um Curso Técnico Militar e Propedêutico, que foi aprovado e
ministrado a todas as Unidades da Capital. O presidente Olegário Maciel, entusiasmado com o progresso
alcançado nomeou João Batista Mariano professor complementar da Força Pública e estabeleceu as bases
de um curso que beneficiasse a todos os oficiais e sargentos. Em consequência dessa iniciativa, criou-se
o Departamento de Instrução, em 3 de março de 1934, por meio do decreto 11.252, data em que se
comemora o Aniversário da Academia de Polícia Militar.

Na década de 1970, a lei 5.692 determinou que o ensino militar tivesse regulamentação própria. Em
decorrência, instituiu-se o Sistema de Ensino da PMMG e estabeleceu-se que o ensino profissional seria
ministrado pelo Departamento de Instrução, Batalhão Escola e Centros de Aperfeiçoamento Profissional.

Em 1975, o Departamento de Instrução passou a denominar-se Escola de Formação e Aperfeiçoamento


de Oficiais (EsFAO) . Nessa época, criou-se o Centro de Formação e Aperfeiçoamento de Praças (CFAP).
Isso implicou a separação física e estrutural da formação de oficiais da de praças.

Quatro anos depois, criou-se a Academia de Polícia Militar, extinguindo-se a EsFAO e o CFAP. Criou-se,
dentro da estrutura da nova escola, um corpo para a formação de oficiais (1º Corpo de Alunos) e outro
para a de sargentos (2º Corpo de Alunos), centralizando novamente a formação de oficiais e praças. No
início da década de 1990, separou-se a formação de oficiais da de praças.

Em 24 de outubro de 2001, através da Resolução 3.628/2000, a Academia de Polícia Militar seria


transformada em Instituto de Educação de Segurança Pública (IESP).

Faziam parte do IESP o Centro de Pesquisa e Pós-graduação, Centro de Ensino de Graduação, Centro de
Ensino Técnico e Centro de Treinamento Policial. Para dar-lhes suporte administrativo, foi criado o Centro
de Administração de Ensino. As Escolas, embora tivessem vínculos entre si e com o Instituto, mantinham-
se autônomas, de acordo com a modalidade de ensino ou treinamento de cada uma.
Em 2003, com a Resolução n. 3.726 de 03 de julho 2003, o Instituto de Educação de Segurança Pública
volta a denominar-se Academia de Polícia Militar (APM). Todavia, a estrutura do IESP permanece

As salas de aula da Academia de Polícia Militar estão abertas não somente aos componentes da Polícia
Militar de Minas e suas Coirmãs estaduais, mas também aos integrantes de Instituições civis e militares
de diversas partes do Brasil e da América Latina.

No ano de 2005, a Academia de Polícia Militar foi credenciada, por Decreto Governamental, como
Instituição de Ensino Superior, e o Curso de Formação de Oficiais, como Bacharelado em Ciências
Militares, com base no Parecer nº 862, de 26 de setembro de 2005, do Conselho Estadual de Educação,
homologado pelo Secretário de Estado de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior.

A criação do COPOM atual CICOp (1976)

Através do Decreto – Lei nº 1072, de 30/12/69, o policiamento ostensivo passou a ser executado
exclusivamente pela Policia Militar de Minas Gerais, sendo percebido então a necessidade de existência
de uma Unidade operacional responsável pela coordenação e o controle dos recursos humanos e
materiais empregados e, assim, em 1969 passou a funcionar o embrião do COPOM/BH (Centro de
Operações da PM).

Em 19 de maio de 1976 o COPOM foi oficialmente criado a partir da Resolução nº 387.

A Polícia Militar recebeu, em 1988, o Prédio do Quartel do Comando Geral, localizado na Rua da Bahia
2115, Lourdes, onde, além de seções do Estado-Maior e do Comando de Policiamento da Capital (CPC)
passou a funcionar o COPOM, na época considerado o mais moderno da América Latina.

Em 1993, foi implantada a terceira versão do COPOM com novas tecnologias em hardware, software e
comunicação, passando o telefone de emergência 190 a funcionar com 20 cabines distribuídas em
colunas e separadas por divisórias.

Em 2001, através da Resolução nº 3580 de 19 de março, foi criado o CICOp (Centro Integrado de
Comunicações Operacionais), que acabou por absorver o GEGECOP (Centro Geral de Comunicações
Operacionais), CCR (Centro de Comunicações Regionais, da 7º RPM) e o COPOM, de forma a facilitar a
harmonização dos esforços e comunicações operacionais.

Ainda em 2006, sob a coordenação da Secretaria Estadual de Defesa Social (SEDS), teve-se a finalização
operacional do SIDS (Sistema Integrado de Defesa Social), que passou a contar com 50 cabines do
telefone de emergência e 08 cabines de recebimento para disque-denúncia, sendo utilizado para a
produção de estatísticas o call center, através da interface gráfica. Contou igualmente nesse mesmo
período, com a contratação de funcionários civis para atuarem nas funções de tele atendimento e
operadores de câmera.

Nas instalações físicas do CICOp, que foi substituído pelo Centro Integrado de Atendimento e
Despacho (CIAD), ocorre a integração operacional dos principais órgãos de defesa social (PMMG, Policia
Civil e Corpo de Bombeiros) que, trabalhando em um mesmo espaço físico, somam forças para conter o
avanço da criminalidade na região metropolitana de Belo Horizonte.

Em 13 de janeiro de 2010, com o criação da Diretoria de Apoio Operacional pela a Resolução nº 4062, o
CICOp foi incorporado à sua estrutura.

Hoje são atendidas diariamente, cerca de 17.500 ligações coordenadas e controladas pelo Centro
Integrado de Comunicações Operacionais.
A criação do Batalhão de Polícia de Choque – 1979
A Unidade de controle de distúrbios foi instalada em nosso Estado quando a Polícia Militar de Minas Gerais
(PMMG) estava preocupada em se especializar para enfrentar os problemas sociais no contexto de um
país que borbulhava em protestos e greves no final da década de setenta. Minas Gerais foi palco de
grandes manifestações, como a greve dos metalúrgicos e dos operários da construção civil. Esta última
foi a que mais se destacou por causa da violência e do radicalismo de sua natureza, o que transformou
Belo Horizonte em puro caos, tendo ocorrido em 30 de julho de 1979.

Havia na época, como resposta a esse tipo de ocorrência, apenas as companhias de Polícia de Choque do
1° e 7° Batalhões e alguns pelotões de choque das Unidades operacionais. Em meio a esse período de
constantes mudanças, além da turbulência social, econômica e política, a PMMG não possuía na sua
estrutura organizacional uma Unidade especializada de policiamento de choque com valor de Batalhão.

Dos fatos, compreendeu-se que o principal fator que levou a criação do Batalhão de Polícia de Choque
(BPChq) foi uma sensação de incapacidade institucional para fazer frente a movimentos tão complexos e
de tamanho impacto na sociedade. Desse modo, constata-se que o movimento dos operários da
construção civil, ocorrido em Belo Horizonte, em 30 de julho de 1979, foi o principal fator determinante
na criação do BPChq, a partir de 21 de dezembro de 1979, e sua instalação, a partir de 1° de janeiro de
1980.

Anos depois, com a modificação do contexto social e econômico de nosso país, tem-se a necessidade de
adequação aos novos tempos. Começa-se a pensar na potencialização dos esforços das Unidades
Especializadas da PMMG. Com a chegada do século 21, é criada uma nova articulação do efetivo. No dia
31 de dezembro de 1999, torna-se extinto o BPChq, dando lugar provisoriamente a outros novos
Batalhões. Surge então o Batalhão de Missões Especiais (BME), que passou a englobar as Rondas Táticas
Metropolitanas (ROTAM) ao seu efetivo, juntamente com o Grupamento de Ações Táticas Especiais
(GATE). As Companhias de Choque do extinto Batalhão passaram a formar o Batalhão de Polícia de
Eventos (BPE), também provisoriamente.

Em 20 de dezembro de 2000, o Decreto 41.478, que aprovava o detalhamento e desdobramento do


quadro de organização e distribuição da Polícia Militar de Minas Gerais (DDQOD), extinguiu
definitivamente o BPChq e criou o BPE. De acordo com o documento anterior, o BPE assumia as demandas
correlatas a manifestações populares culturais e sociais e operações de controle de distúrbios. Um dos
principais eventos que exigiram a atuação maciça do BPE foi a greve dos perueiros em 2001 e os protestos
reivindicatórios violentos no período da Copa das Confederações em 2013.

Em 7 de janeiro de 2015, por meio da Resolução 4365, é alterado novamente o DDQOD da PMMG em que
finalmente é resgatada a histórica nomenclatura da Unidade, deixando de ser BPE e passando a ser
Batalhão de Polícia de Choque. Sob essa denominação, o BPChq atuou de forma exemplar no maior
evento esportivo do mundo: os primeiros Jogos Olímpicos de Verão da América do Sul.

Missão do BPChq

A Diretriz Geral para Emprego Operacional da PMMG (DGEOp) estabelece que o BPChq é uma Unidade
especial subordinada ao Comando de Policiamento Especializado (CPE) destinada a atuar em casos de
graves perturbações da ordem, em ocorrências que extrapolem a capacidade de atendimento pelas
Unidades de Emprego Operacional (UEOp) e/ou Regiões de Polícia Militar (RPM) ou exijam o emprego de
técnicas especiais.

A Unidade faz parte das Forças de Reação do Comando Geral e desenvolve ações/operações táticas e de
recobrimento nas situações emergentes no campo da segurança pública em todo território mineiro,
mediante acionamento do Comandante-Geral ou Subcomandante Geral, representando, no modelo
supra-territorial, os 2º e 3º esforços de recobrimento.
É uma Unidade dotada com recursos materiais peculiares compatíveis com sua missão e cujo efetivo
possui treinamento específico e características inerentes aos militares de forças especiais. O Caderno
Doutrinário 10 – Manual de Operações de Controle de Distúrbios estabelece que o policial militar
operador de controle de distúrbios deve possuir o seguinte perfil:

 Compromisso com a Instituição;


 Resistência a psicofadiga;
 Resiliência;
 Autocontrole
 Disciplina técnica, tática e hierárquica e
 Higidez física.

Trata-se de Unidade especial para execução de atividades de restauração da ordem pública. Deverá estar
ECD emprego em todo o Estado, promovendo constante treinamento de sua tropa com vistas à atuação
preventiva e/ou repressiva, nos locais e áreas onde ocorra ou haja incidência de perturbação da ordem,
cabendo-lhe, como missão principal a atuação nas operações de:

- controle de distúrbios;

- ocupação, defesa e retomada de pontos sensíveis;

- intervenção em conflitos relativos à posse e ao uso da terras e imóveis rurais e urbanos;

- repressão à rebelião e motins em presídios.

Como missão secundária, realizará o policiamento ostensivo geral em shows artísticos, eventos
desportivos, festas religiosas e similares, de grande porte, e o emprego, em 2º e 3º esforços, no
recobrimento de ZQC e locais críticos na RMBH.

Polícia Feminina (1981)

As atividades cotidianas do policiamento ostensivo necessitavam de apoio feminino devido as ocorrências


envolvendo menores, crianças, mulheres envolvidas em delitos e para atender essa demanda foi criada
a Companhia de Policia Feminina, através do decreto 21.339 de 29 de maio de 1981 e tinha como missão
realizar o policiamento ostensivo.

Em 1991 foi extinta a Companhia de Polícia Feminina devido ao fato de que seu efetivo trabalhava
descentralizado e subordinado a outros batalhões.

Manuais de Procedimentos (1960 – 1988)

Na ótica dos civis e militares que tramaram o golpe o controle das polícias era uma necessidade. Era
preciso retirar-lhes o poder bélico, promover seu desarmamento e desmobilização. Esta mesma estratégia
foi usada na Primeira República e no governo Vargas.

O novo modelo introduzido pelo Exercito acabou com o pluralismo policial existente na época e deixou a
PM com o policiamento ostensivo fardado e a Polícia Civil com as investigações criminais, atividades
cartorais e burocráticas.

Para operacionalizar o projeto de controle o Exercito instituiu a Inspetoria Geral das Polícias Militares
(IGPM), órgão do Estado Maior do Exército com competência para dirigir diretamente as polícias militares.
Até o início da década de 80, o treinamento dos policiais militares era baseado em manuais do Exército,
não possuindo especificidades policiais. Somente em 1982 a IGPM elaborou o Manual Básico de
Policiamento Ostensivo – MBPO e que foi utilizado para: padronizar terminologias, ensejar procedimentos
homogêneos, ainda que adequados pelas peculiaridades regionais, subsidiar as polícias militares com
fonte de consulta e constituir referência bibliográfica.

A PMMG ao longo dos anos lançou os seguintes manuais:

1960 – Manual de Policiamento


1976 – Manual de Policiamento Ostensivo e Radiopatrulhamento
1979 – Manual de Munição Química
1981 – Manual de Abordagem, Busca e Identificação
1982 – Condução de Presos e Escoltas Diversas
1987 – Casos de prisão
1987 – Manual Básico de Emprego do Armamento, Munição Química e Equipamento Policial
1987 – Manual Técnico do Soldado PM/BM
1988 – Manual de Policiamento de Carnaval
1988 – Manual Básico de Policiamento Rodoviário

UNIDADE IV

REDEMOCRATIZAÇÃO E A CONSTITUIÇÃO DE 1988

O período de 15 anos da presidência de Getúlio Vargas foi marcado por dois momentos. O primeiro
iniciado em 1930 foi marcado pelo Tenentismo e o segundo momento caracterizou-se pelo golpe de
Estado, que culminou com o Estado Novo(1937-1945), marcado pela centralização do poder,
nacionalismo, anticomunismo e autoritarismo. Após a 2ª Grande Guerra Mundial em 1946, houve um
processo de democratização do Brasil e nova denominação foi dada aos corpos militares de policia,
tornaram-se Polícias Militares. De 45 a 64 ocorreram experiências ligadas a uma prática policial de
proximidade social. Como um arcabouço de liberdades individuais a Constituição de 1946 representou a
possibilidade de avanço, voltou o foco das instituições de segurança para a segurança do cidadão.

Após o ano de 1964 foi acarretada nova identidade para os corpos militares de polícia. Diante de tal
proposta assistiu-se o afastamento gradual da instituição policial militar de sua Sociedade, o que fez criar
a segregação entre o mundo do civil e o mundo do policial militar. Na formação dos futuros policiais
militares sob a égide da Inspetoria Geral das Polícias Militares foram inculcados valores tidos como ideais
dentro da ideologia ou Doutrina de Segurança Nacional. Atrelou-se isto uma pedagogia do dia a dia,
constituída por práticas que seriam apreendidas, compartilhadas e vivenciadas pelos integrantes do
sistema policial em um regime exceção. Permaneceria então a lógica repressiva de manutenção da ordem
pública, em detrimento de ações de cunho preventivo e de proximidade com a comunidade durante os
anos de 60, 70 e 80.

A Polícia Militar e a constituição de 1988


Empossado o governo da Nova República, as atenções se voltaram para a Assembleia Nacional
Constituinte, houve a participação de diversos segmentos sociais. Levantaram-se argumentos que
apontavam para a inadequação das polícias militares diante do novo segmento histórico. As polícias
militares foram acusadas de serem violentas e ineficientes, e sua ligação com a estrutura do poder do
período anterior inviabilizaria sua permanência numa sociedade democrática.

A proposta de um novo texto constitucional foi sugerido :

“ A Polícia Militar de cada Estado, Território e do Distrito Federal, instituída como força policial
permanente e regular, organizada sob autoridade direta dos Governadores respectivos, destina-se à
manutenção da ordem pública e é força auxiliar, reserva do Exército Brasileiro.”(Cotta, 2006)

O texto apresentado demonstrava que não havia a intenção de romper com a estrutura anterior. Algumas
propostas sugeriam a exclusão da condição de reserva do Exército em razão de outra destinação
profissional das Polícias Militares. Justificava-se tal proposta alegando que a Polícia Militar é Polícia,
organizada sob hierarquia e disciplina militar, porém para o exercício de uma atividade de segurança
nitidamente civil. A sua profissionalização não pode desviar-se desse entendimento.

A Constituição de 1988 manteve o pretenso modelo de segurança pública estabelecido pelo Regime
Militar de 1964. Os legisladores consideraram que o modelo de 64 atendia os requisitos de um Estado de
Direito democrático, ou essa contradição não foi percebida. A Constituição não apostou na inovação. Ela
não encerrou os debates sobre o caráter militar da polícia ostensiva e a dicotomia polícia civil/polícia
militar.

Um dos reflexos dessas discussões foi o lançamento, em 1988, do Policiamento Distrital. Sua estratégia
combinava a ideia da malha protetora metropolitana com a experiência do policiamento comunitário já
praticado em pequenos municípios do interior. O policial, um sargento ou cabo, deveria conhecer os
moradores do bairro e ser conhecido por eles. Eram feitas reuniões para definir metas para o policiamento
do distrito. Em 1991 o projeto foi desativado.

Os anos 90 do século XX

Década de 1980

Teoria da malha Protetora do Policiamento Ostensivo

Era uma estratégia de policiamento preventivo que partia da seguinte premissa: ocupando-se os “espaços
vazios de segurança”, suprimiam-se as oportunidades para a atuação de infratores.

Para tal, as unidades policiais de área, descentralizadas e destacadas, atuariam em espaços físicos de
responsabilidade operacional, no policiamento a pé e motorizado.

Policiamento Distrital (1988-1991)

 Sua estratégia operacional era resultado da combinação da ideia da MALHA


PROTETORA metropolitana com a experiência do POLICIAMENTO COMUNITÁRIO, já praticado
em pequenos municípios.
 O policial deveria conhecer os moradores do bairro e ser conhecido por eles.
 Um grupo de policiais seria responsável pela segurança em uma localidade e, ali resolveria tudo
por estar integrado à comunidade.
 Realizavam reuniões para se definir as metas e planos para o policiamento do distrito.

Distrito
Divisão territorial de uma cidade a cargo de uma autoridade administrativa, judicial ou fiscal e que
abrange um ou mais bairros, não possuindo administração própria, isto é, sem autonomia administrativa.

Policiamento Distrital

Alocação em todos os pontos (distritos) de Belo Horizonte, de recursos humanos e materiais, visando a
manutenção da ordem e da tranquilidade pública, através de ações e/ou operações policiais militares.

Sub Setor

Menor espaço geográfico da Capital, no qual a Polícia Militar tem perfeito controle sobre o atendimento
de ocorrências e cadastro de logradouros, constitui a base do “Policiamento Distrital”.

Metodologia

Os policiais militares e os recursos materiais existentes nas sub-áreas dos 1º, 5º, 13º e 16º BPM foram
divididos pelos 320 subsetores existentes, utilizando-se de métodos estatísticos e matemáticos, o que deu
um caráter científico aos estudos preliminares realizados.

De posse das necessidades de cada subsetor fez-se uma adequação de modo que os homens e viaturas
fossem distribuídos racionalmente juntando-se subsetores contíguos que tinham baixo atendimento de
ocorrências e índice de avaliação, formando-se, assim, os chamados polisubsetores, acarrentando melhor
emprego dos talentos humanos e recursos logísticos.

Alguns subsetores, com índice de avaliação elevado foram subdivididos em microsubsetores, objetivando
uma distribuição racional dos recursos.

As viaturas administrativa, caminhões, microônibus e C-10, permaneceram hipotecados ao batalhão.

As kombis foram distribuídas às Companhias com responsabilidade de sub área.

As radiopatrulhas modelo Opala, FIAT e motos foram distribuídas aos comandantes de setores, e as que
sobraram foram empregadas no radiopatrulhamento dos subsetores.

Os policiais das Companhias Tático Móvel e PCS (Pessoal de Comando e Serviço) não foram objeto de
distribuição.

Em cada subsetor existiam, pelo menos um Terceiro-Sargento, um Cabo e quatro soldados.

Os policiais eram empregados exclusivamente dentro de suas respectivas porções territoriais e somente
em casos excepcionais e de comprovada necessidade um policial ou contingente poderia ser empenhado
em desacordo com esse princípio.

O policial morava na região em que trabalhava.

A comunidade devia participar ativamente na discussão, decisão e solução dos problemas do distrito,
suplementando ou promovendo, manutenção de recursos necessários ao policiamento local.

Orientações ao policial

“O policial ao assumir o serviço em seu distrito, pela primeira vez, deverá se apresentar às pessoas
representantes daquela comunidade procurando diálogo onde será evidenciado: ‘Bom dia (boa tarde), eu
sou o policial … desse distrito. Gostaria de saber como está o nosso policiamento e se é suficiente. Caso o
(a) Sr. (a) necessite, eu estou sempre policiando esse distrito. Deixo para caso de urgência os telefones …
e ….

Polícia Comunitária - 1993

Busca mudar a missão básica, tradicionalmente reativa e focada no chamado


"combate ao crime” para um novo paradigma - comunidade, polícia e demais órgãos do sistema de
defesa social integrados na busca de soluções para os graves problemas da segurança pública no país.

A interação procura dar respostas a uma extensa gama de "problemas comunitários de segurança
pública", incluindo não só o "controle" do crime e da delinquência, mas outros fatores de "promoção da
segurança", aí incluindo a neutralização da "sensação de insegurança" trazida pelo "medo da desordem"
e das consequências da "degradação de áreas urbanas", via de regra prevalentes em regiões periféricas
de grandes centros urbanos.

O Movimento de Minas - 1997

A partir de meados da década de 1990 assistiu-se uma gradual politização dos policiais, mudança de
percepção de sua função social e transformações institucionais. Essas mudanças não seriam somente
reflexos de determinações legais. É necessário entender alguns aspectos da cultura organizacional.
Nesse sentido emergiu o Movimento Reivindicatório perpetrado por praças (soldados, cabos, sargentos e
subtenentes) da Polícia Militar de Minas Gerais, em junho de 1997 (COTTA, 1998). Ele foi plural,
abrangendo diversas dimensões. Do ponto de vista psicológico o Movimento de 1997 pode ser
interpretado como uma catarse coletiva que modificou o modo como os militares se viam. O conflito
serviu de impulso para emancipação daqueles sujeitos. Desde então, os militares passaram por uma
redefinição identitária, que fez mover a Instituição internamente que refletiu na formação e diretrizes de
atuação. A tomada de consciência de seus lugares como sujeitos de direitos e de suas funções sociais
deu lugar à interpretação do trabalho policial do militar a partir de uma redefinição, no campo prático.

O “Movimento de Minas” gerou um “efeito cascata” que atingiu diversas polícias no Brasil. Por sua vez,
as rupturas provenientes dos movimentos reivindicatórios dos policiais geraram uma verdadeira crise,
gerando instabilidade, incerteza e medo por parte dos governos estaduais e federal. Diante desse
quadro, o governo federal, criou a Secretaria Nacional de Segurança Pública (SENASP). A SENASP
representou uma quebra da hegemonia do Exército sobre as polícias, que realizava a coordenação e
controle por meio da Inspetoria Geral das Polícias Militares. A SENASP, idealizada e composta por
pesquisadores das Ciências Sociais emergiu como agente central promotor das reformas das polícias no
Brasil.

Como consequência, percebeu-se um conflito sobre a identidade policial militar. As mudanças


decorrentes das exigências sociais, legais e culturais impactaram a forma de fazer polícia. O universo
militar clássico da polícia se viu confrontado por demandas relacionadas não mais à “defesa” (da pátria
conta “inimigos” internos e externos) e sim à “segurança” (do cidadão e proteção dos seus direitos). Isso
seria reflexo, entre outras variáveis, do enfraquecimento da instrumentalização das forças policiais na
dinâmica da ideologia ou doutrina de Segurança Nacional. As polícias militares continuam sendo
constitucionalmente reserva do Exército, mas agora com maior foco e especialização nas atividades
de segurança do cidadão.

Além da questão do distanciamento do Exército, a mudança do perfil do militar está associada à própria
tomada de consciência dos sujeitos, uma vez que eles passam a se ver nesse processo o seu lugar social
como servidores públicos com status diferenciado em virtude de sua vinculação a uma legislação
específica de natureza castrense (Código Penal Militar e Código Penal Militar), do seu Código de Ética (que
a despeito dos avanços permanece com dispositivos ligados à conduta militar do policial), além das
demais normas internas com características militares, tais como o Regulamento de Uniformes e Insígnias.

A Constituição Federal de 1988, tendo como foco a perspectiva de proteção dos direitos e promoção da
cidadania trouxe questões importantes para a auto percepção das polícias militares e dos policiais,
enquanto trabalhadores e cidadãos. Nos anos que se seguiram à Constituição Cidadã diversos grupos
sociais minoritários, em situação de vulnerabilidade se organizaram em torno da luta pelo cumprimento
dos seus direitos, já reconhecidos. Desse modo, a Carta Magna representou, para toda sociedade
brasileira, um importante instrumento de luta política em busca da cidadania. No caso dos policiais, não
foi diferente. Eles também foram afetados pelas mudanças. O que se percebe em 1997, durante
o Movimento foi a “percepção tardia da titularidade de direitos”, sendo que a saída dos militares para as
ruas representou a expressão pública dessa percepção. Sobre esse aspecto Cotta (2006) esclarece que:

[...] ao se verem como cidadãos, respeitados em seus direitos, os policiais tomariam consciência do seu
papel social: ser garantia dos direitos dos demais membros da sociedade. [...] Se os direitos dos policiais
são castrados, se não são vistos como cidadãos, se não há essa percepção cidadã ou mesmo a construção
da noção de cidadania em seus universos mentais e em suas práticas cotidianas, as diversas normas
que colocam o policial como promotor dos direitos humanos se tornam ineficazes. Seriagualmente
ineficiente a tentativa de se estabelecer um ideal de proximidade social entre polícia e comunidade.
(COTTA, 2006, p. 226).

O Movimento dos Policiais em 1997 resultou em mudanças em diversos níveis:

1º) eleição de representantes da polícia para mandatos em nível federal e estadual (1998);
2º) reestruturação do processo de formação com a criação do Curso Técnico em Segurança
Pública (1999) em substituição ao Curso de Formação de Soldados;
3º) criação de um Código de Ética e Disciplina dos Militares Estaduais (2002)10,
em substituição ao Regulamento Disciplinar (1983)11, cópia do Regulamento Disciplinar do
Exército (1977)12;
4º) fortalecimento e criação de diversas associações de policiais e bombeiros militares;
5º) erradicação do subjetivismo no texto das transgressões disciplinares;
6º) busca de tratamento igualitário e justo entre oficiais e praças;
7º) preservação da hierarquia como mecanismo de controle disciplinar objetivo, e não uma
forma de dominação arbitrária;
8º) elaboração de parâmetros de avaliação conceitual e de demissão, observando-se as
garantias da ampla defesa e do contraditório; entre outros.

Polícia de Resultados – 1999

GEOPROCESSAMENTO

 É aplicado com a finalidade de visualizar no mapa o comportamento criminal em uma


determinada localidade.

 Essas informações geográficas podem conter dados como: endereço, estabelecimentos
comerciais, escolas, bancos, aglomerados etc.

De posse desses dados é possível racionalizar e potencializar o emprego dos talentos e recursos
materiais, buscando-se a redução das taxas de crimes. Para tanto, é necessário a participação da
Comunidade e dos demais órgãos que compõem o Sistema de Defesa Social.

Esse sistema de informação de dados proporciona a verificação da concentração de crimes (por ano, dia
do mês, da semana e faixa horária); formulação de hipóteses sobre determinados delitos; estudo
do comportamento do cidadão infrator ou grupos infratores; estudo socioeconômico e cultural da
população e acompanhamento do Crime Organizado.

Estratégia de Polícia de Proximidade Social


Programa Polícia para Cidadania
Mudança de nome da APM para IESP e mudança do nome CFAP para
CET- 2001 Muda o nome de IESP para APM – 2003

Em 1975, o Departamento de Instrução passou a denominar-se Escola de Formação e Aperfeiçoamento


de Oficiais (EsFAO) . Nessa época, criou-se o Centro de Formação e Aperfeiçoamento de Praças (CFAP).
Isso implicou a separação física e estrutural da formação de oficiais da de praças.

Quatro anos depois, criou-se a Academia de Polícia Militar, extinguindo-se a EsFAO e o CFAP. Criou-se,
dentro da estrutura da nova escola, um corpo para a formação de oficiais (1º Corpo de Alunos) e outro
para a de sargentos (2º Corpo de Alunos), centralizando novamente a formação de oficiais e praças. No
início da década de 1990, separou-se a formação de oficiais da de praças

Em 24 de outubro de 2001, através da Resolução 3.628/2000, a Academia de Polícia Militar seria


transformada em Instituto de Educação de Segurança Pública (IESP).

Faziam parte do IESP o Centro de Pesquisa e Pós-graduação, Centro de Ensino de Graduação, Centro de
Ensino Técnico e Centro de Treinamento Policial. Para dar-lhes suporte administrativo, foi criado o Centro
de Administração de Ensino. As Escolas, embora tivessem vínculos entre si e com o Instituto, mantinham-
se autônomas, de acordo com a modalidade de ensino ou treinamento de cada uma.

Em 2003, com a Resolução n. 3.726 de 03 de julho 2003, o Instituto de Educação de Segurança Pública
volta a denominar-se Academia de Polícia Militar (APM). Todavia, a estrutura do IESP permanece.

As salas de aula da Academia de Polícia Militar estão abertas não somente aos componentes da Polícia
Militar de Minas e suas Coirmãs estaduais, mas também aos integrantes de Instituições civis e militares
de diversas partes do Brasil e da América Latina.

No ano de 2005, a Academia de Polícia Militar foi credenciada, por Decreto Governamental, como
Instituição de Ensino Superior, e o Curso de Formação de Oficiais, como Bacharelado em Ciências
Militares, com base no Parecer nº 862, de 26 de setembro de 2005, do Conselho Estadual de Educação,
homologado pelo Secretário de Estado de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior.

Emergência do Militar de Novo Tipo

Estudaremos agora sobre uma nova categoria conceitual, que se apresenta no século XXI,
denominada “militar de novo tipo”.

A atividade policial em Minas Gerais (a mais antiga do Brasil) teve início do século XVIII e se estruturou
sobre a matriz militar, com foco na “razão de Estado” português. Nessa primeira fase os corpos militares
eram responsáveis pela polícia, entendida enquanto a “ordem estabelecida para a tranquilidade e
sossego públicos”, assim, a polícia não era uma instituição separada do exército e do aparato
judiciário. Esses militares da polícia recebiam treinamento formal com base em princípios bélicos, uma
vez que a polícia como instituição foi uma invenção posterior da Europa Contemporânea, com a
Revolução Francesa. Durante o século XIX a hegemonia militar permaneceu nos corpos policiais no
Império Brasileiro. Somente em meados do século XX, em virtude da democratização iniciada com o fim
do Estado Novo (1937-45) ocorreu uma profissionalização policial.

Com o advento do Movimento de 1964, o governo dos militares (1964-1985) atrelou as polícias à Doutrina
de Segurança Nacional, sob a coordenação do exército por meio da Inspetoria Geral das Polícias Militares.
Com a redemocratização, sob a égide da Constituição de 1988, novas exigências sociais se colocaram para
as instituições do Estado. A sociedade civil organizada exigiu mudanças.

Em mais de dois séculos da atividade policial em Minas foram criadas diversas identidades, o
que impactou no perfil e modus operandi do policial. Entretanto, a estrutura e a formação
militar permaneceram em todos os momentos.

Para o entendimento do conceito proposto, em virtude da riqueza de pesquisas já realizadas, optou-se


por lança-se o olhar sobre o caso de Minas Gerais, o primeiro corpo militar instrumentalizado para as
atividades de polícia ainda na época do Brasil colônia, momento em que nem mesmo existia o
Exército Brasileiro (COTTA, 2004). A matriz militar, de corte prussiano, foi instituída em Minas em meados
de 1775 e permaneceu nos corpos militares responsáveis pela polícia durante os séculos XVIII e XIX
(COTTA, 2014). A partir de 1912, o paradigma prussiano é reforçado com a contração do Capitão Roberto
Drexler, que desenvolveu intenso treinamento militar transformando o Corpo Policial de Minas
em verdadeiro exército estadual (COTTA, 2001). Em 1930, durante o processo revolucionário, a Força
Pública de Minas chegou a enfrentar o 12º Regimento de Infantaria do Exército Nacional e, em 1932
travou guerra de trincheira na região da Serra da Mantiqueira contra o exército de São Paulo (COTTA,
2006). Somente nos finais da década de 1940, com a Constituição de 1946 e num momento
de democratização do Brasil, ocorreu uma legítima profissionalização de natureza policial na então Força
Policial, que passou a denominar-se Polícia Militar de Minas Gerais (COTTA, 2007).

Com o processo de redemocratização do Brasil, iniciado com o fim do governo dos militares, e que
culminou com a Constituição de 1988, novas diretrizes se apresentaram para todas as instituições de
Estado, entre elas, as polícias, e em especial para aquelas de caráter militarizado. Elas permanecem com
a dupla função: exercer atividades policiais e ser reserva do Exército.

Sendo o processo sociocultural feito de permanências e mudanças, propõe-se o seguinte problema de


pesquisa, que norteará o presente artigo: passados aproximadamente 30 anos da Constituição Cidadã
(1988), haveria mudanças no perfil militar do “policial de rua” (aquele responsável pela prevenção
criminal e resposta imediata a violação de direitos) em Minas Gerais ou sua maneira de agir seria um
exemplo de permanências na longa duração?

A emergência de um novo perfil profissional no qual o indivíduo não pode abandonar traços
característicos do anterior, mas que os (re) significa é algo paradoxal que exige uma abordagem que inclua
as duas dimensões: 1) instrumentalização da instituição policial e 2) foco no policial e em suas
práticas laborais. Daí a relevância do presente artigo, no sentido de investigar o fenômeno (emergência
do “Militar de Novo Tipo”) a partir da interação das propostas interpretativas dos dois grupos. Uma
literatura de matriz crítica percebe a natureza militar dos corpos policiais responsáveis pela prevenção
criminal como sendo oriunda da ideologia ou doutrina de segurança nacional por meio do Decreto-Lei
667/69, que deu exclusividade do policiamento ostensivo às polícias militares e as atrelou à Inspetoria
Geral das Polícias Militares (órgão do Exército Brasileiro). Para tal corrente interpretativa o processo de
redemocratização do Brasil e a Constituição de 1988 não foram capazes de romper com a ideia de
“defesa” em sua dimensão simbólica e repressiva, focada na ideia de “inimigo interno” e no uso de
estratégias bélicas para sua neutralização (PINHEIRO, 1983).

Na esteira das transformações que ocorreram no período pós Constituição de 1988 a década de 1990
inaugurou um novo ciclo de formação para o policial-militar de Minas Gerais.

Em 1993, a polícia militar instituiu formalmente a filosofia de atuação denominada polícia comunitária,
experiência que estava sendo construída pelo menos desde meados da década de 1980.

A perspectiva de trabalho da polícia ou mais tecnicamente do policiamento comunitário seria atuar


preventivamente para assegurar o gozo dos diretos dos cidadãos. De acordo com Cotta (2006), essa
orientação somente seria bem sucedida se a comunidade pudesse participar na identificação dos
problemas locais e no planejamento das soluções. Essa estratégia de aproximação com a comunidade
deveria alicerçar-se no estabelecimento de laços e parcerias. A aproximação entre o militar e a população
promoveria o “encontro cidadão”. Mas para que isso ocorresse era necessária a construção
compartilhada.

O processo educativo foi especialmente importante para a emergência de um “Militar de Novo Tipo”. A
partir de 1999 ocorreram transformações que impactaram os currículos dos cursos da polícia: cursos
iniciais de acesso (soldado, sargento e oficiais); exames de aptidão profissional e cursos de
aperfeiçoamento e especialização (sargentos, tenentes, capitães); cursos de especialização em
nível estratégico (majores e tenentes-coronéis); e, sobretudo, nos treinamentos policiais básicos bianuais
em que participam todos os policiais, de soldado ao coronel. Nesse treinamento policial básico, com
duração de uma semana, todos os policiais são submetidos a avaliações práticas e teóricas.

No século XXI o policial de rua, responsável pela atividade de prevenção criminal de natureza ostensiva
emerge como um “militar de novo tipo”. Ele se percebe como um militar estadual a serviço da cidadania
no cumprimento do “mandato policial”, proveniente da autorização da sociedade, sendo exercido
de forma legal, legítima e consentida.

Ele está submetido a um arcabouço militar que rege sua conduta, composto pelos códigos penal e
processual penal militar; Regulamento de Continências, Honras, Sinais de Respeito e Cerimonial Militar;
Regulamento de Uniformes e Insígnias e Código de Ética e Disciplina dos Militares do Estado de Minas
Gerais. Esse militar não é um militar das Forças Armadas, pois sua missão primeira é atuar internamente
na “segurança” e não na “defesa”. Não é um militar forjado em uma “instituição total”, pois interage
cotidianamente com as comunidades em suas atividades policiais. Essa interação é uma exigência
constitucional, desdobrada nas diretrizes da Instituição em termos de centralidade do fazer policial. O
incentivo à criatividade e o respeito à dignidade da pessoa humana no desempenho das atividades
policiais fazem parte de recomendações, normas institucionais e de treinamentos realizados no Centro
de Treinamento Policial e em outras unidades de ensino, por meio de cursos de especialização,
atualização e de exames de aptidões profissionais compulsórios como forma de progressão na carreira e,
consequentemente de melhoria salarial e de auto realização.

Desmilitarização das Polícias Militares e unificação das polícias


As discussões sobre a segurança pública no Brasil,frequentemente, se concentram sobre os órgãos de
segurança pública e, em particular sobre as Polícias Militares, buscando a sua desmilitarização ou a
sua extinção e a criação, somente no âmbito dos Estados, de uma só polícia de natureza civil
promovendo o ciclo completo de polícia.

Falsos são os argumentos que clamam pela extinção das Polícias Militares:

 Foram criadas pela ditadura militar”,


 Foram militarizadas pela ditadura militar”,
 Por serem militares, são violentas e letais e a letalidade decorre do treinamento para guerra, que
é feito para matar”,
 Por serem militares, representam um modelo falido e anacrônico de fazer segurança pública”,
 São militarizadas porque são subordinadas ao Exército”,
 A militarização das Polícias Militares e a compartimentação do sistema de policiamento entre
elas e as Polícias Civis é fruto da ditadura militar, quando aquelas foram transformadas em forças
auxiliares e reservas do Exército, visando à segurança do Estado em nome da segurança
nacional”,
 Estão falidos os sistemas de segurança pública nos quais coexistem diversas polícias”,
 Em uma democracia não há presença militar no sistema policial”, “em uma democracia não se
admite polícia sob o controle militar”.

Tudo isso sob:

 Forte patrulhamento ideológico.


 Intenso cerco internacional estabelecido contra as forças militares de polícia do Brasil.
 Falsas informações e com a manipulação da realidade,
 Mitos negativos para influenciar a opinião pública e o poder de decisão das autoridades
brasileiras.

A origem das polícias as gendermarias - o sistema Francês de Polícia


Em todos os povos e em todos os tempos sempre houve encarregados de manutenção da ordem social,
bastando lembrar que, no episódio do Bezerro de Ouro, para restabelecer a ordem entre o povo de Israel
no caminho da Terra Prometida, Moisés mandou passar a fio de espada três mil dos seus que persistiam
na rebelião (Êxodo 32).

A origem recente de todas as polícias, civis e militares, está na França medieval e é de natureza militar.

Durante a Guerra dos Cem Anos (1337–1453) existiram cavaleiros encarregados de:

 Manter a ordem nos exércitos do rei e de policiar as estradas, capturar desertores.


 Proteger estradas de saques e de outros delitos cometidos por soldados do rei.
 Acumulavam atribuições policiais e judiciais.

Essa polícia uniformizada de natureza militar deixou de ser uma força policial do exército francês para
tornar-se uma polícia de preservação da ordem pública.

Competência ampliada:

Além dos crimes praticados por militares nas estradas, passou a garantir a paz pública no reino através do
policiamento preventivo, da investigação e do julgamento dos salteadores, ladrões e assassinos que
aterrorizaram a zona rural e escapavam dos tribunais das cidades.
Com o nascimento do Estado de Direito surgiu a necessidade de uma organização, melhor do que os
exércitos, para a preservação da ordem interna e para a pacificação das relações sociais em momentos
tão conturbados como aqueles.

Os exércitos relutavam em cumprir as missões de segurança interna, pois seus meios (armas de fogo e
sabre) e métodos resultavam em força desmedida e cada vez mais em mortos e feridos.

Na Revolução Francesa de 1789, a força policial militar, a Connétablie et Maréchaussée foi renomeada
para Gendarmerie Nationale (Gendarmaria Nacional), invocando as forças militares (gens d’armes) que
promoviam o policiamento desde a Idade Média, mas perdeu algumas das atribuições judiciais para que
fosse repeitada a separação dos poderes.

A Gendarmerie Nationale é um corpo totalmente militar, a quarta força armada da França, estruturada
em regimentos e legiões, com formação em academias e escolas militares e subordinada diretamente ao
Ministério da Defesa.

Esse modelo dual da polícia francesa, a partir do final do século XVIII e início do século XIX, propagou-se
por todo o mundo e serviu de inspiração para mais de meia centena de forças militares destinadas ao
policiamento civil que, hoje, se espalham pelo mundo, ainda que nem todas mantenham a palavra
gendarmaria em suas denominações. Podemos citar:

 Arma dei Carabinieri di Itália, considerada a quarta força armada da Itália.


 Arma Del Carabineri - Itália

 Guardia Civil da Espanha, que é militar.

 A Guarda Nacional Republicana de Portugal, a gendarmaria lusitana, teve origem na Guarda Real
da Polícia de Lisboa, em 1801.

Na América do Sul, devem ser citadas como típicas gendarmarias:

Carabineros de Chile.

Gendarmería Nacional Argentina

Europa mais exemplos:

A Turquia Jandarma Genel Komutanligi (Comando-Geral da Gendarmaria).

Jandarma Genel Komutanligi

A Polônia e a Lituânia, por sua vez, são parceiras através da Żandarmeria Wojskowa (Gendarmaria
Militar).

Żandarmeria Wojskowa

Na Inglaterra, foi criada a Metropolitan Police Force for London (Polícia Metropolitana de Londres), em
1829, uma polícia uniformizada de natureza civil, uma estrutura organizacional definida a partir da
encontrada nas forças armadas e também o seu sistema de comando, hierarquia e disciplina. Hoje, no
Reino Unido, coexistem 43 corporações policiais.

A Real Polícia Montada do Canadá, embora civil, desde a sua criação sempre foi fortemente militarizada,
realizando o ciclo completo, do policiamento ostensivo à investigação.
Cuba, o “paraíso socialista” incensado por muitos dos que clamam pela desmilitarização ou extinção das
nossas Polícias Militares, tem a sua estrutura de segurança pública e de inteligência completamente
militar.

Alguns países, como o Reino Unido, os Estados Unidos e a Alemanha as suas múltiplas polícias executam
o ciclo completo de policiamento.

Nos Estados Unidos, existem aproximadamente 18 mil corporações.

Forças Militares no Brasil- Colônia Reino Unido e Império

As atribuições policiais nas colônias se davam de forma descentralizada pelas cidades, vilas e lugares, tudo
girando em torno das Câmaras Municipais, com os colonos se organizando em milícias que defendiam o
litoral e promoviam o policiamento.

O crescimento das cidades e da criminalidade levou à criação de corporações melhor estruturadas: Corpo
de Pedestres, Corpo dos Guardas Vigilantes, Guarda Montada e corpos militares pagos como o Regimento
Regular de Cavalaria de Minas.

Com a chegada da Família Real ao Brasil(1808), foram criadas:

 Intendência-Geral de Polícia da Corte(1808) e do Estado do Brasil, embrião da polícia judiciária;


 Divisão Militar da Guarda Real de Polícia do Rio de Janeiro (Guarda Real da Polícia-1809), embrião
da polícia ostensiva, composta por três companhias de infantaria e uma de cavalaria.

Reproduziu, nas Américas, pela primeira vez, o modelo francês de polícia dual, pois havia o braço civil,
representado pela Intendência-Geral, e o braço militar copiava a Guarda Real da Polícia de Lisboa, que
fora criada com base na Gendarmerie Nationale francesa, mas não havia ainda a uma corporação civil de
polícia.

Foram criadas as Guardas Nacionais, de base local e com natureza militar, com a subordinação mudando
conforme o local em que as tropas fossem reunidas, deviam ser empregadas dentro e fora dos Municípios
e como força auxiliar do Exército:

 Defesa interna do Estado e dos Poderes constituídos.


 Preservação da segurança pública.
 A defesa externa.

Na prática, a Guarda Nacional colocou o Exército em plano secundário, não tão confiável para as
autoridades regenciais, e passou a ser a principal força de que dispunha o Governo central para pacificar
as revoltas que se espalhavam pelo Império e manter a unidade territorial.

A Polícia, como corporação civil, só veio a surgir pelo Decreto Imperial nº 3.598, de 27 de janeiro de 1866,
que dividiu a força policial da Corte em um corpo paisano ou civil (Guarda Urbana), subordinada, primeiro,
ao Chefe de Polícia, e, depois, ainda ao Poder Judiciário, e um corpo militar (Corpo Militar de Polícia da
Corte), que já existia e era conhecido como Corpo Policial. A primeira, para a vigilância contínua da cidade
e o Corpo Policial para auxiliar no que fosse solicitado por aquela e para promover as diligências policiais.

Essa Polícia Civil da Corte serviu, depois de proclamada a República, de modelo para a criação da Guarda
Civil do Distrito Federal e de outras unidades da Federação.

A Guerra da Tríplice Aliança (1864-1870) influenciou a organização e o funcionamento das forças de


segurança pública, pois, muitas unidades de Guardas Nacionais e Corpos Policiais foram empregados
como Corpos de Voluntários da Pátria, o que serviu para o fortalecimento do espírito de corpo das
corporações policiais e dos seus vínculos com o Exército. Só após a guerra, pela Lei nº 2.033, de 20 de
setembro de 1871, é que a Polícia Civil foi separada da Justiça e aos juízes foi vedado exercer atribuições
policiais, salvo se não as acumulassem com a função jurisdicional.

Forças Militares de Polícia na República

Com a Proclamação da República, as antigas Províncias, agora Estados, passaram a dispor de maior
autonomia política, podendo, inclusive, criar Guardas Cívicas, de natureza militar.

Ainda que com novas estruturas e denominações variadas, peculiares a cada Estado, foi mantido o sistema
de polícia dual francês que havia atravessado o Império. Na cidade do Rio de Janeiro, então Distrito
Federal, a Lei nº 947, de 29 de dezembro de 1902, reformou o serviço policial, dividindo-o em Polícia Civil
e Polícia Militar, como esta atribuição sendo exercida pela Brigada Policial.

A Polícia Civil, subordinada ao Chefe de Polícia, era exercida por delegados, inspetores seccionais, agentes
de segurança e por uma Guarda Civil, encarregada dos serviços de ronda e vigilância e de todos os
encargos que até então eram da Polícia Militar, sugerindo que esta foi, então, retirada do policiamento
ostensivo.

Com a República, os Corpos Policiais dos Estados passaram a ser denominados Corpos Militares de Polícia,
pois, até então, a palavra “militar” só se aplicava ao Corpo Militar de Polícia da Corte. Estes, no curso da
autonomia obtida, foram se distanciando entre si, cada um assumindo características muito particulares
quanto à organização, nomenclaturas e armamentos, entre outros aspectos. Os mais ricos passaram a
transformar seus Corpos Policiais em verdadeiros exércitos, até como meio de prevenir futuras
intervenções federais, favorecendo, ainda mais, as oligarquias locais.

A Força Pública de São Paulo, em particular, de 1906 a 1914 e, depois da 1ª Guerra Mundial, de 1919 a
1924, teve a presença de Missão Francesa de Instrução Militar, trazendo militares do exército francês
experientes em missões policiais.

Em 1913, antes mesmo do próprio Exército, passou a ser dotada de uma aviação militar, tornando-se um
verdadeiro exército composto por batalhões de infantaria, batalhão de bombeiros-sapadores, regimentos
de cavalaria, peças de artilharia e esquadrilha de aviação.

As dificuldades enfrentadas pelo Exército na Campanha do Contestado (1912-1916) e a Primeira Guerra


Mundial (1914-1918) despertaram a necessidade de reformulações nas Forças Armadas brasileiras.

Por isso, a Lei nº 3.216, de 3 de Janeiro de 1917, que fixou as forças de terra para o exercício de 1917,
reforçou, de forma ainda mais expressa, o papel da Brigada Policial e do Corpo de Bombeiros do Distrito
Federal e das forças militares estaduais como forças auxiliares do Exército, chegando a utilizar a expressão
“polícias militarizadas dos Estados” e a permitir que pudessem ser incorporadas à Força Terrestre no caso
de mobilização ou de grandes manobras anuais.

Até a década de 1960, era comum as forças militares estaduais permanecerem aquarteladas, com a Polícia
Civil conduzindo o ciclo completo de policiamento, uma vez que existiam as Guardas Civis fazendo o
policiamento ostensivo fardado. A partir da Carta de 88 e passada a ameaça dos grupos da esquerda
armada, embora mantido vigente o DL 667/69, os esforços foram redirecionados para uma Polícia Militar
mais voltada para a segurança da sociedade.

De qualquer modo, hoje, nos termos dos §§ 5º e 6º do art. 144 da Constituição Federal, às Polícias
Militares compete atuar:

o Permanentemente como polícia ostensiva;


o Permanentemente na preservação da ordem pública;
o Eventualmente, como forças auxiliares e reserva do Exército.

Desconstruindo mitos

O percurso feito pela história, dentro e fora do Brasil, permite concluir que a origem das forças militares
de polícia no policiamento ostensivo, as gendarmarias, não está no Brasil. Remonta à Idade Média, na
França, que criou o sistema de polícia dual que até hoje é modelo para mais de cinquenta países do
mundo, não só para a própria França, mas também para outras democracias modernas, como Espanha,
Portugal e Itália.

Pelo que já se viu nos modelos externos, não faltam exemplos de países em plena vigência democrática
nos quais suas gendarmarias são subordinadas ou vinculadas aos respectivos Ministérios da Defesa.
Portanto, não é a natureza militar das Polícias Militares que compromete a atuação delas.

Algumas diferenças há entre a maior parte das gendarmarias citadas como exemplos e as nossas Polícias
Militares, pois, em face da coexistência de várias polícias, em regra, cada uma delas promove, nas
respectivas jurisdições, o ciclo completo de polícia: enquanto, aqui no Brasil o policiamento ostensivo
ficou a cargo das Polícias Militares e a investigação das Polícias Civis.

A segunda diferença está no fato de que as gendarmarias, em geral, têm atuação nacional, mas isso pode
ser resultado de dois fatores: o diminuto tamanho desses outros países diante da extensão territorial do
Brasil e a opção de o nosso Poder central deixar a segurança pública ostensiva a cargos das polícias
estaduais, poupando-se do ônus financeiro e do custo político.

Questões contemporâneas

É indiscutível que o nosso sistema de segurança pública, no seu todo, e não apenas o segmento policial,
precisa, urgentemente, ser reestruturado, não só para conter a microcriminalidade, como sempre o fez,
mas também a macrocriminalidade em todas as suas facetas: crimes do “colarinho branco”, tráfico de
drogas, de seres humanos, de armas, biopirataria e outros delitos assemelhados, que se dão em uma
velocidade muito maior do que aquela em que se movimentam as forças do Estado.

Não se pode desconhecer todo um aparato oficial e atores não-oficiais que contribuem para as condições
críticas a que foi levada a segurança pública no País, desde a família, passando por medidas que seriam
profiláticas que deveriam ser adotadas em todos os níveis da Administração Pública – federal, estadual e
municipal –, pela edição de leis penais e processuais penais na mesma velocidade das mudanças sociais e
consentâneas com realidade dos novos tempos, até chegar a uma atividade jurisdicional que deveria se
dar de forma oportuna e na justa medida para cada delito e delinquente.

Um polícia britânica para o povo e para o infrator britânicos; uma polícia sueca para o povo e para o
infrator suecos; uma polícia brasileira para o povo e para o infrator brasileiros.

E a letalidade das Polícias Militares, em comparação com as das polícias de outros países, não pode ser
considerada de forma isolada. Uma estatística honesta também deveria comparar as taxas de mortes
ocorridas no Brasil pelas ações criminosas com as de outros países; os mortos por ações violentas com os
policiais mortos em virtude da condição de policial; os mortos pelas ações policiais com o total de mortos
por ações violentas.

Parâmetros corretamente utilizados revelariam que temos uma polícia violenta em um País no qual as
taxas de crimes letais e de outros crimes violentos (sequestros, roubos, lesões graves etc.) refletem uma
das sociedades mais violentas do mundo. E não é a polícia a causa disso tudo. Ela é tão vítima quanto as
pessoas de bem que constituem a sociedade; até mais vítima, pois seu trabalho incide diretamente sobre
a face mais violenta dela. A formação militar não pode se confundir com a natureza das missões que
serão executadas. Aquela precede estas.

A formação militar pressupõe a assimilação de valores que envolvem o sentimento do dever a ser
cumprido, o culto à hierarquia e disciplina, a obediência às ordens recebidas e ao ordenamento jurídico,
ética, civismo, tudo se materializando em ritos, solenidades, formalismos, gestos e atitudes que são muito
próprios dessa formação.

Em face de ameaças à Defesa Nacional e de graves comprometimentos da ordem pública, a


desmilitarização das Polícias Militares acarretaria diversos reflexos negativos para as Forças Armadas,
pois:

 Haveria a perda de uma expressiva reserva pronta para imediata mobilização;


 Aumentaria consideravelmente o emprego das Forças Armadas em missões tipicamente
policiais, desviando-as e descaracterizando-as ainda mais da sua atividade-fim;
 Nas operações de garantia da lei e da ordem, o controle operacional dos órgãos de segurança
pública, nos termos da Lei Complementar nº 97/1999, seria mais difícil em se tratando de uma
corporação de natureza civil;
 Nas hipóteses da decretação de estado de sítio, estado de defesa ou de intervenção federal, não
haveria corporação militar estadual a ser passada ao controle operacional da força federal.
 Especificamente quanto à Defesa Nacional, os efetivos das nossas Forças Armadas são
insignificantes diante da extensão territorial do Brasil e das suas dimensões geopolítica e
estratégica, com uma eventual mobilização nacional tendo por pressuposto o emprego das
Polícias Militares como reserva imediata da Força Terrestre. Extintas as Polícias Militares, estará
perdida uma reserva de 500 mil homens em condições de pronto emprego.

Após a desmilitarização das Polícias Militares e na falta destas, certamente as Forças Armadas seriam
chamadas para suprir as lacunas deixadas, desviando-se ainda mais de suas precípuas atribuições
constitucionais e agravando a nossa já frágil Defesa Nacional, tudo conforme a estratégia traçada pelos
países tecnificados para os de menor expressão militar e econômica, que teriam transformadas suas
forças armadas em meras polícias.

Desmilitarização das Polícias Militares e a unificação das Polícias - prós e


contras
Perguntas interessantes:
Qual seria a taxa de atrito entre os integrantes oriundos das diferentes polícias?
Se alguma das corporações for extinta, o que fazer com os seus integrantes?
As Polícias Civis seriam menos truculentas e letais realizando o policiamento ostensivo?
Será que uma polícia “civilizada”, depois colocada no policiamento ostensivo, será realmente
menos letal e truculenta?
É verdade que a unificação das polícias deverá resultar em unidade doutrinária, mas essa
unidade doutrinária será estadual ou nacional?
De que centro emanaria essa unidade doutrinária? Uma mesma corporação civil realmente
teria unidade doutrinária para as diferentes atribuições de cada segmento seu?
A doutrina para as atividades investigativas é a mesma para as atividades de policiamento
ostensivo?
A doutrina para o policiamento ostensivo é a mesma para as operações de contenção de
distúrbios?
Como será uma polícia ostensiva sem o rigor da hierarquia e disciplina militares?

Nas discussões que se travam, a prioridade é desmilitarizar as Polícias Militares. A unificação seria
consequência, mas, inevitavelmente, resultaria, no âmbito dos Estados e do Distrito Federal apenas, em
uma polícia de ciclo completo, isto é, em uma só corporação policial realizando o policiamento ostensivo
(fardado) e as atividades de investigação (polícia judiciária).

Há a tradição das corporações policiais militares, particularmente as do Rio Grande do Sul, São Paulo, Rio
de Janeiro e Minas Gerais, que colecionam efemérides ao longo de suas histórias e não abririam mão de
assim subsistirem.

O Governo federal, por sua vez, dificilmente abdicaria da poderosa reserva do Exército, por volta de uns
500 mil homens, representada pela soma das Polícias Militares em todo País, muito maior que a Marinha,
o Exército e a Aeronáutico juntos.

No País, hoje, não faltam doutores em segurança pública que nunca foram além do lustrar os bancos
acadêmicos e as poltronas dos seus gabinetes, meros “pilotos” de dados estatísticos – nem sempre
confiáveis –, e que jamais teriam a coragem física de acompanhar uma ronda policial, de enfrentar um
briga de torcida organizada, de entrar, sob tiroteio, para pacificar uma favela e, muito menos, de ingressar
em uma penitenciária amotinada. Todavia, estão ditando o que deve ser feito nessa seara.

Os problemas que afligem a segurança pública no Brasil devem ter as respostas buscadas em outros
lugares, e não no estatuto ou na disciplina castrenses das forças militares de polícia.

Óbices a desmilitarização das Polícias Militares e a Unificação

Há a tradição das corporações policiais militares, particularmente as do Rio Grande do Sul, São Paulo, Rio
de Janeiro e Minas Gerais, que colecionam efemérides ao longo de suas histórias e não abririam mão de
assim subsistirem.

O Governo federal, por sua vez, dificilmente abdicaria da poderosa reserva do Exército, por volta de uns
500 mil homens, representada pela soma das Polícias Militares em todo País, muito maior que a Marinha,
o Exército e a Aeronáutico juntos.

No País, hoje, não faltam doutores em segurança pública que nunca foram além do lustrar os bancos
acadêmicos e as poltronas dos seus gabinetes, meros “pilotos” de dados estatísticos – nem sempre
confiáveis –, e que jamais teriam a coragem física de acompanhar uma ronda policial, de enfrentar um
briga de torcida organizada, de entrar, sob tiroteio, para pacificar uma favela e, muito menos, de ingressar
em uma penitenciária amotinada. Todavia, estão ditando o que deve ser feito nessa seara.

Os problemas que afligem a segurança pública no Brasil devem ter as respostas buscadas em outros
lugares, e não no estatuto ou na disciplina castrenses das forças militares de polícia.

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