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Capítulo 1

Do átomo à Tabela Periódica

IQI-Cap. 1 1
Átomo e partículas subatómicas
• Átomo
– A menor unidade de um elemento capaz de existência,
quer isolado, quer em combinação química com outros.

• Partículas fundamentais
– As partículas fundamentais que constituem o átomo
são os PROTÕES, ELETRÕES e NEUTRÕES .
– Representação simbólica de um elemento (E):

Número de massa A Nº atómico= Z= nº protões no núcleo


Z E Nº de massa= Z + nº neutrões no núcleo
Número atómico

IQI-Cap. 1 2
Alguns filósofos e
cientistas que
contribuíram para
o desenvolvimento
da teoria atómica
Demócrito (c. 450-370 a.C.) John Dalton (1776-1844)

J.J. Thomson (1856-1940) Ernest Rutherford (1871-1937)


Prémio Nobel da Física 1906 Prémio Nobel da Química 1908
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Demócrito (c. 460 a.C. — 370 a.C.)
Matéria consistia em partículas muito pequenas, indivisíveis, que designou
por átomo

John Dalton (1766-1844)


Início da era moderna da Química tal como a conhecemos hoje
relativamente à estrutura da matéria:

1. A matéria é constituída por partículas extremamente pequenas a que


chamou átomo
Átomos do mesmo elemento são exatamente iguais (dimensão, massa e
propriedades químicas)
Átomos de elementos diferentes são diferentes

2. Os compostos são constituídos por átomos de mais de um elemento e


a razão entre eles é um nº inteiro

3. Uma reação química envolve apenas a separação, combinação ou


rearranjo de átomos. Não há criação nem destruição de átomos
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J.J. Thomson (1856-1940)
Usou uma ampola de raios catódicos e o seu conhecimento da teoria
eletromagnética para determinar a razão carga/massa do eletrão (1897).

No início do séc. XX sabia-se que o átomo era eletricamente neutro e


continham eletrões. Por isso, deveriam ter um nº igual de cargas positivas e
negativas. Modelo do “pudim de passas”: eletrões dispersos numa massa
de carga positiva (1904)

Ernest Rutherford (1871-1937)


(Experiência da folha de ouro bombardeada com partículas α)

Considerou que a maior parte do átomo deveria ser espaço vazio.


Propôs que as cargas positivas se encontravam concentradas no núcleo, a
parte interior e densa do átomo.

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Propriedades das partículas subatómicas

IQI-Cap. 1 6
Isótopos e massa atómica relativa
• Isótopos são átomos de um mesmo elemento que
diferem no nº de neutrões presentes no núcleo, i.e. têm
diferentes números de massa.

• A unidade de massa atómica relativa é definida como


1/12 da massa do átomo de carbono 12

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Teoria quântica
e Mecânica Ondulatória

IQI-Cap. 1 8
Comecemos pelas propriedades das ondas

Comprimento de onda (l) é a distância entre pontos idênticos em ondas


sucessivas.
Amplitude é a distância vertical entre a linha média da onda e o seu pico.
Frequência (n) é o nº de ondas que passa através de um ponto particular
em cada segundo (mede-se em Hz = 1 ciclo/s)

Velocidade da onda v=lxn (depende do meio onde a onda se propaga)

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James Maxwell (1873) propôs que a luz seria constituída por
ondas eletromagnéticas.

A radiação eletromagnética são campos elétricos


e magnéticos oscilantes que se propagam pelo
espaço transportando energia de um local para
outro.

James Clerk Maxwell


(1831-1879)

Velocidade da luz (c) no vácuo = 3,00 x 108 m/s

Para toda a radiação eletromagnética:


lxn=c
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A natureza da radiação eletromagnética

Uma onda eletromagnética tem uma componente de campo elétrico e uma


componente de campo magnético

Estas duas componentes têm


o mesmo comprimento de
onda e a mesma frequência,
e por isso a mesma
velocidade, mas propagam-se
em planos perpendiculares
entre si.

IQI-Cap. 1 11
Espetro da radiação eletromagnética

12
108 nm

106 nm

103 nm

102 nm

10-3 nm

13
10-4 nm
A frequência de um fotão é 6,0×104 Hz. Converta esta frequência
em comprimento de onda (nm). Esta frequência está na região do
visível?

l×n=c
l
l = c/n
l = 3,00 x 108 m/s / 6,0×104 Hz n

l = 5,0×103 m Ondas de rádio

l = 5,0×1012 nm

l = 5,0×1012 nm (região das ondas de rádio)

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• Planck (1900): a energia (radiação) é emitida e absorvida
pelos corpos em unidades discretas (quantum/quanta).

Menor quantidade de energia que


pode ser emitida (ou absorvida) na
forma de radiação eletromagnética

E=hxn
h = 6,63 x10-34 J.s (constante de Planck)
Max Planck (1858-1947)

De acordo com a teoria quântica a energia é emitida em múltiplos inteiros de hn

Prémio Nobel da Física em 1918.


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Einstein (1905) e o efeito fotoelétrico

Albert Einstein (1879-1955)


Prémio Nobel de Física 1921

o Quando radiação incide num metal podem ser


emitidos eletrões, desde que a energia da
radiação seja superior a um valor limiar EL.
o A energia cinética dos eletrões emitidos (Ec) é tal
que:
hn = Ec + EL
EC - energia cinética do eletrão
EL- energia limiar (é a energia de ligação do eletrão ao
metal e depende deste)

o Logo, a luz tem natureza ondulatória mas também


se comporta como uma partícula (fotão). 16
Modelo atómico de Bohr (1913)
1. Os eletrões só podem ter valores
específicos (quantizados) de energia

2. É emitida radiação quando um eletrão


passa de um nível de maior energia para
outro de menor energia Niels Bohr (1885-1962)
Prémio Nobel da Física 1922
3. A energia de cada um dos níveis é dada
por:

En = - RH( 1 )
n2
n (nº quântico principal) = 1,2,3,…
RH (Constante de Rydberg) = 2,18 x 10-18J

IQI-Cap. 1 17
O modelo de Bohr permitiu explicar o espetro de emissão
de riscas do hidrogénio e as suas várias séries

Espetro de emissão de riscas do átomo de hidrogénio


(emissão de luz apenas em comprimentos de onda específicos)

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Espetros de emissão

Observam-se quando há fornecimento de energia a uma amostra de matéria,


quer sob a forma de energia térmica quer sob outra forma, por ex., descarga
eléctrica de alta voltagem se a amostra for gasosa (caso anterior do hidrogénio)

- Espetro de emissão do Sol ESPETROS CONTÍNUOS – todos os


- Espetro de emissão de um sólido aquecido comprimentos de onda da luz estão representados

Ex: ferro incandescente


Luminosidade (cor vermelha) corresponde à região do
espetro de emissão captada pelo olho humano - visível
Calor sentido a uma certa distância corresponde a outra
região do seu espetro de emissão – região do infra-
vermelho

Os ESPETROS DE EMISSÃO DOS ÁTOMOS EM FASE GASOSA não apresentam uma


gama contínua de comprimentos de onda. Produzem riscas brilhantes em partes diferentes do
espetro visível – ESPETROS DE RISCAS
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As séries de riscas do espetro de emissão do hidrogénio

Efotão = DE = Ef – Ei
1
Ef = –RH ( 2 )
nf
1
Ei = –RH ( 2 )
ni
1 1
DE = RH ( 2 2
)
ni nf

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Espetros de riscas de outros elementos

IQI-Cap. 1 21
Calcule o comprimento de onda (em nm) de um fotão emitido por
um átomo de hidrogénio quando o seu eletrão passa do nível n =
5 para o nível n = 3.

1 1
Efotão = DE = RH ( )
n2 n2
i f
Efotão = 2,18 × 10–18 J × (1/25 – 1/9)

Efotão = DE = –1,55 × 10–19 J

Efotão = h × c / l
l = h × c / Efotão

l = 6,63 × 10–34 (J.s) × 3,00 × 108 (m/s)/1,55 x 10–19J

l = 1280 nm
IQI-Cap. 1 22
Hipótese de de Broglie (1924)

o perímetro da
orbita é igual a um
Louis de Broglie (1892-1987) nº inteiro de c.d.o
Prémio Nobel da Física 1927
órbita
De Broglie formulou a hipótese de permitida

o eletrão ser simultaneamente


partícula e onda

o perímetro da
orbita não é igual
a um nº inteiro de
2p r = n l l = h/mu c.d.o
r = raio da órbita órbita
proibida
n = 1,2,3, ….
u = velocidade do e-
m = massa do e- 23
IQI-Cap. 1
A hipótese de de Broglie foi confirmada por Davisson e Germer
(1927) através de experiências de difração de eletrões
(fenómeno característico das ondas) através de folhas metálicas
finas

IQI-Cap. 1 24
Os passos seguintes para descrever o
modelo atual do eletrão no átomo ...

• Heisenberg e o
princípio da
incerteza …
h
Dp.Dx ³
4p
(p = massa x velocidade)

Werner Heisenberg (1901-1976)


Prémio Nobel da Física 1932 25
IQI-Cap. 1 26
• Schrödinger postulou a equação de
onda em 1925 (equação que descreve
simultaneamente a natureza ondulatória
e corpuscular do eletrão no átomo de
hidrogénio)

• Função de onda, Y (solução da


equação de onda):
– a energia de um eletrão
– A probabilidade de encontrar um
eletrão num dado volume de espaço
Erwin Schrödinger (1887-1961)
Prémio Nobel da Física 1933.

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Função de onda Y

Número Número Número


quântico quântico quântico
x principal de momento magnético
angular

(Coordenadas polares)

IQI-Cap. 1 28
Números quânticos
• O nº quântico principal (n) determina o “tamanho” da orbital:
n = 1, 2, 3, 4,…
• O nº quântico azimutal (ou de momento angular) (l) determina a
“forma” da orbital:
l = 0, 1, 2, 3, … n-1
• O nº quântico magnético (m) determina a “orientação” da orbital:
ml = -l, …., 0, …. +l

• Os valores acima indicados mostram que só existem determinadas


combinações possíveis dos números quânticos: l depende de n e ml
depende de l.
IQI-Cap. 1 29
l = 0 (orbitais s)

l = 1 (orbitais p)

IQI-Cap. 1 30
l = 2 (orbitais d)

IQI-Cap. 1 31
Relação entre números quânticos e orbitais
atómicas
Camada Subcamada Orbital

IQI-Cap. 1 32
Termos associados aos números quânticos

• Camada: conjunto de eletrões com o mesmo nº quântico


principal
• Subcamada: conjunto de eletrões com os mesmos
valores de n e l.
• Orbital: função de onda com os mesmos valores de n, l e
ml, correspondendo a uma região do espaço onde podem
existir até dois eletrões.

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Princípio da exclusão de Pauli
• Este princípio é uma consequência da Mecânica Quântica: num
dado átomo não podem coexistir dois eletrões com o mesmo
conjunto de números quânticos, embora possam existir dois
eletrões na mesma orbital, isto é, com os mesmos valores de n, l e
ml.
• O quarto nº quântico é o de “spin” (ms), que assume valores +1/2 e
-1/2 (rotações do eletrão em sentidos opostos):

Dois eletrões da mesma orbital podem


ser separados num campo magnético
IQI-Cap. 1 34
A energia das orbitais em átomos monoeletrónicos
depende apenas do nº quântico principal, n, de acordo
com a equação de Rydberg

n=3

n=2

1
n=1 En = -RH ( )
n2
IQI-Cap. 1 35
A energia das orbitais em átomos polieletrónicos depende
de n e l

etc.

n=3, l = 2

n=3 l = 1
n=3 l = 0

n=2 l = 1
n=2 l = 0

n=1 l = 0

IQI-Cap. 1 36
Princípios de preenchimento de orbitais em átomos
polieletrónicos e configurações eletrónicas

IQI-Cap. 1 37
• Princípio de Aufbau: os
eletrões são colocados nas
orbitais disponíveis de menor
energia.

• Regra de Hund: o arranjo


mais estável de eletrões em
subcamadas é o que tem
maior nº de spins paralelos
(desemparelhados).

• A distribuição de eletrões
pelas orbitais atómicas, de
acordo com estas regras é a
configuração eletrónica.
(Regra prática para
preenchimento de orbitais)

1s < 2s < 2p < 3s < 3p < 4s < 3d < 4p < 5s < 4d < 5p < 6s……

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Exemplo: átomo de hidrogénio (Z=1)

Nº de eletrões na
A. Configuração orbital ou subcamada
eletrónica
1s1
Nº quântico Nº quântico de
principal n momento angular l

B. Diagrama
orbital
1s1

IQI-Cap. 1 39
Outros exemplos de
configurações eletrónicas

IQI-Cap. 1 40
Qual é a configuração eletrónica do Mg?
Mg 12 eletrões

1s < 2s < 2p < 3s < 3p < 4s

1s2 2s2 2p6 3s2 2 + 2 + 6 + 2 = 12 electrões

Abreviado [Ne]3s2

Quais são os números quânticos possíveis para o último


eletrão (mais afastado do centro) no Cl?
Cl 17 electrões 1s < 2s < 2p < 3s < 3p < 4s

1s2 2s2 2p6 3s2 3p5 2 + 2 + 6 + 2 + 5 = 17 electrões

O último electrão é adicionado à orbital 3p

n=3 l=1 ml = –1, 0 ou +1 ms = ½ ou –½


IQI-Cap. 1 41
Subcamada mais afastada do centro
sendo preenchida com eletrões

IQI-Cap. 1 42
Grupos e famílias na Tabela Periódica

IQI-Cap. 1 43
Configurações eletrónicas e Tabela Periódica
Blocos na TP
• A TP tem 7 períodos (1-7)
• O nº do período é igual ao nº quântico principal mais elevado na
configuração eletrónica dos elementos nele incluídos (no seu
estado fundamental).
• Cada período começa com o preenchimento das orbitais ns e termina
com o preenchimento das orbitais np.
• Portanto:
– O 1º período tem 2 elementos;
– O 2º e 3º períodos têm 8 elementos;
– No 4º período aparecem os elementos correspondentes ao preenchimento
das orbitais 4s (2); como as orbitais seguintes de menor energia são as 3d,
seguem-se 10 elementos; no final do período encontramos 6 elementos em
que estão a ser preenchidas as orbitais 4p.
– No 5º período observa-se um padrão similar compreendendo as orbitais 5s,
4d e 5p, respetivamente; cada um destes períodos tem 18 elementos.
• Nos 6º e 7º períodos estão inseridos os elementos dos blocos 4f
(lantanídeos) e 5f (actinídeos)

IQI-Cap. 1 44
Substâncias paramagnéticas e diamagnéticas

• As configurações
eletrónicas dos átomos
permitem prever as
propriedades magnéticas
das substâncias:
– As substâncias
paramagnéticas contêm
átomos com eletrões
desemparelhados (spins
Paramagnetic Diamagnetic paralelos)
– As substâncias
diamagnéticas são
2p 2p constituídas por átomos
que têm todos os
Exemplos eletrões emparelhados
IQI-Cap. 1 45
Conceitos essenciais do Cap. 1
• Natureza das partículas sub-atómicas
• Nº atómico (Z)
• Unidade de massa atómica relativa
• Isótopos
• Propriedades da radiação eletromagnética: comprimento
de onda, frequência e energia
• Espetro eletromagnético e espetro visível
• Fotão e efeito fotoelétrico
• Equação de Rydberg e séries de riscas do átomo de
hidrogénio
• Hipótese e equação de de Broglie
• Princípio da incerteza e equação correspondente

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Grupos e famílias na Tabela Periódica
• A TP tem 18 grupos (1-18), numerados sequencialmente da esquerda
para a direita.
• Alguns grupos de elementos têm designações específicas:
– Grupo 1 (excepto o hidrogénio): metais alcalinos;
– Grupo 2 : metais alcalino-terrosos;
– Grupo 16: calcogéneos;
– Grupo 17: halogéneos;
– Grupo 18: gases nobres.
• Os elementos dos grupos 3 a 11 designam-se, genericamente, metais
de transição.
• Os elementos do bloco f pertencem todos ao grupo 3:
– Os lantanídeos ocupam a casa do lantânio, e os actinídeos a casa do
actínio.

IQI-Cap. 1 47
• Aspetos qualitativos da equação de onda
• Significado de “função de onda”
• Significado dos nºs quânticos
• Correspondência entre números quânticos e orbitais
• Princípio da exclusão de Pauli e significado do nº
quântico de spin
• Energias relativas de orbitais em átomos
monoeletrónicos e polieletrónicos
• Princípios da configuração eletrónica dos átomos
• Relação entre a estrutura da tabela periódica e
configurações eletrónicas
• Paramagnetismo e diamagnetismo
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