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DEUS FEZ O ARCO-ÍRIS


CONSIDERAÇÕES SOBRE A
HOMOAFETIVIDADE E O ESPÍRITO

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SUMÁRIO

Uma palavrinha antes de começar --------------------------------------------------- 5


Do começo ------------------------------------------------------------------------------------ 8
O Espírito Revela
Do Princípio---------------------------------------------------------------------------------- 11
Jesus ------------------------------------------------------------------------------------------- 14
Todos à mesa -------------------------------------------------------------------------------- 15
É sobre a intenção ------------------------------------------------------------------------- 18
A samaritana no poço e o gay no ponto de ônibus ------------------------------- 20
Os improváveis ----------------------------------------------------------------------------- 22
O Conhecimento Alcança
Eis a questão -------------------------------------------------------------------------------- 25
Levítico: o tiro no pé----------------------------------------------------------------------- 27
Gênesis 19: uma palavra, um sinônimo e muita ignorância ----------------- 30
Gênesis: de ser vivente a espírito vivificante ------------------------------------- 33
Romanos: os destinatários de Paulo ------------------------------------------------- 37
Romanos 1: 21-32 -------------------------------------------------------------------------- 40
1 Coríntios 6: as palavras malakoi e arsenokoitai ------------------------------- 43
1 Timóteo 1----------------------------------------------------------------------------------- 47
Justificados
O Espírito convence ----------------------------------------------------------------------- 51
O que Jesus diz sobre quem O aceita ------------------------------------------------ 52
Sabedoria versus convicções pessoais: Romanos 14----------------------------- 57
O porquê de Jesus aceitar morrer por mim e por você: João 17 ------------- 59
Bibliografia ---------------------------------------------------------------------------------- 61

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“Este livro não é para os superespirituais. Não é para acadêmicos que aprisionam
Jesus na torre de marfim. Não é para gente barulhenta que manipula o cristianismo a ponto
de torná-lo um simples apelo ao emocionalismo. Não é para os místicos de capuz que querem
mágica na sua religião. Não é para os cristãos "aleluia", que vivem apenas no alto da
montanha e nunca visitaram o vale da desolação. Não é para os destemidos que nunca
derramaram lágrimas (...). Não é para os que ostentam sobre os ombros um sacolão de
honras, diplomas e boas obras, crendo que efetivamente chegaram lá. Não é para os
legalistas, que preferem entregar o controle da alma a regras a viver em união com Jesus.
Ele é para os sobrecarregados que vivem ainda mudando o peso da mala pesada de
uma mão para a outra. E para os vacilantes e de joelhos fracos, que sabem que não se bastam
de forma alguma e são orgulhosos demais para aceitar a esmola da graça admirável (...) E
para homens e mulheres pobres, fracos e pecaminosos com falhas hereditárias e talentos
limitados (...) E para os recurvados e contundidos que sentem que sua vida é um grave
desapontamento para Deus. E para gente inteligente que sabe que é estúpida, e para
discípulos honestos que admitem que são canalhas. É um livro para quem quer que tenha
ficado cansado e desencorajado ao longo do Caminho”.

Trecho extraído e adaptado de


“O Evangelho Maltrapilho”, de Brennan Manning

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“UMA PALAVRINHA ANTES DE COMEÇAR”

Começo este livro não apenas da mesma forma que Manning, filósofo e
teólogo norte-americano, fez em “O Evangelho Maltrapilho”, mas também
compartilhando uma história que ouvi em uma de suas ministrações e que vem
de encontro à essência que este trabalho carrega e pretende compartilhar.

Por que nos juntamos nos cultos? Algumas pessoas, por medo, com o receio
de que vão perder algo. Outros, por hábito, por ser uma atividade cristã ir à igreja
aos domingos.

Mas talvez a maioria de nós está aqui nesta manhã porque nós gostamos
de chegar um pouco mais perto, mas não perto demais, da totalidade do amor de
Deus, de quem é o Deus vivo. Nós gostamos de ficar perto o suficiente para nos
mantermos aquecidos, mas não queremos entrar com tudo, porque sabemos que
vamos sair queimados, intensamente transformados, e a vida nunca mais será a
mesma.

É disso que se trata o Cristianismo? É esta a boa notícia de Jesus? Este é o


reino que Ele proclamou? Uma comunidade de homens e mulheres que vão ao
culto no domingo, leem suas bíblias de vez em quando, veementemente se opõem
ao aborto, não vão ao cinema ver filmes para maiores de 18 anos, não dizem
palavrão, pessoas que sorriem bastante e seguram a porta para outras pessoas?
Foi para isso que Jesus foi para o sombrio e sangrento Calvário? Para isso que
Ele ressurgiu em glória esmagadora de sua ressurreição? Para isso que Ele
derramou Seu Santo Espírito sobre a igreja? Foi meramente para criar “homens
e mulheres legais e com moral melhor”?

O evangelho é absurdo e a vida de Jesus insignificante, a menos que


saibamos que ele viveu, morreu e viveu de novo com apenas um propósito em
mente: para derramar o Espírito sobre nós. Não para fazer pessoas legais com
moral melhor, mas criações novas em folha, uma comunidade de profetas e
amantes (amados) profissionais. Homens e mulheres que se entregariam ao

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mistério do Espírito que queima em nós, que entrariam no centro de tudo, no
próprio coração e mistério de Cristo, no meio daquela chama que consome,
purifica e inflama tudo com paz, alegria, ousadia e amor extravagante, que é o
que realmente significa reivindicar o nome “cristão”.

Nunca podemos começar com “o que fazemos para Deus”, tudo começa com
o que Deus fez por nós. E tudo o que Ele pede é que você fique atônito com o quanto
Ele se importou com você. A próxima vez que olhar para a cruz e entender a que
preço você é amado, tudo o que Deus pede é que você se maravilhe, fique
admirado, fique deslumbrado e comece a respirar fundo.

Se você quiser tirar o maior proveito do louvor eu sugeriria que, a partir


desse momento, você saiba que o foco de sua vida pessoal repousa em apenas uma
verdade: a surpreendente e deslumbrante verdade de que Deus ama você assim
como você é e não como você deveria ser, porque ninguém é como deveria ser.

Deus ama você. A verdade é que Deus ama você de tal forma que ele
preferiria morrer a ficar sem você.

Difícil acreditar que você vale a morte de alguém, não é? Ainda mais do
Deus Altíssimo.

Neste momento você vê que Deus te ama incondicionalmente como você é e


não como deveria ser? A maioria diz que sim, claro. Mas se sim, qual o motivo de
viverem vidas de ansiedade, medo, vergonha, culpa, baixa autoestima, remorso,
autocondenação e ódio a si mesmo?

Você sinceramente crê que é amado com todos os caminhos errados que
você pegou no passado, os erros, os desvios, os momentos de pecado, egoísmo,
desonestidade, de amor degradado? Sinceramente crê que Deus te ama além, que
ele te ama durante o sol da manhã e durante a chuva da tarde, sem precaução,
arrependimento, fronteiras, limites ou crédito? Não importa o que tenha partido,
Ele não consegue parar de te amar.

Se você não crê plenamente nisso você está vivendo uma vida de ilusão,
superstição, covardia, projetando em Jesus os seus próprios sentimentos de ódio

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a si mesmo, presumindo que ele sente por você o mesmo que você sente por si
próprio, e estão adorando um Deus de fabricação humana. Há um Deus revelado
no Cristo Jesus que neste momento caminha diretamente ao seu assento, olha
diretamente nos seus olhos e diz “eu tenho uma coisa para te dizer: eu conheço a
história toda da sua vida, eu sei de cada porcaria que você guardou, eu sei de
cada situação de pecado, vergonha, desonestidade e amor degradado que é
obscuro em seu passado. Nesse momento eu conheço sua fé rasa, sua vida de
oração fraca. Nada está escondido do meu olhar, e a minha palavra é: Eu te
desafio a acreditar que eu te amo assim como você está e não como você deveria
estar, porque você nunca vai estar como deveria estar”.

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DO COMEÇO

Durante algum tempo fiquei em dúvida sobre para quem eu deveria


direcionar esse texto: se para as pessoas que conhecem a Cristo e estão dentro
das igrejas ou se para as pessoas que, por amarem quem amam, estão longe do
amor de Deus por ouvirem - daquelas primeiras - que Ele as condena por sua
forma de amar.

Percebi então que essa preocupação não me levaria muito longe, visto que
o papel de convencer não é meu. Não tenho esse poder, ainda mais se tratando
de um tema com convicções tão enraizadas.

Então qual a intenção?

Amor.

Da mesma forma que durante séculos usaram passagens bíblicas e


usaram o nome de Deus para condenar a homoafetividade, o objetivo é mostrar,
através das mesmas passagens, do mesmo Deus, que nossa visão esteve
desfocada durante todo esse tempo. É uma tentativa de mostrar que o amor, o
verdadeiro amor, que é altruísta, que cuida, que une, não é errado. Errado é não
amar.

E eu gostaria de fazer isso usando apenas a essência dos ensinamentos de


Jesus, pois ela por si só já revela essa verdade. Contudo, em determinado
momento dessa conversa, teremos que olhar para alguns versículos específicos
da Bíblia que tradicionalmente são usados para alegar que o amor entre pessoas
do mesmo gênero é condenado por Deus. Vamos analisar o texto e o contexto, o
significado de cada palavra-chave para a compreensão do que o texto bíblico
realmente quer dizer.

Mas antes de chegarmos a esse ponto - ponto em que usaremos de


conhecimentos humanos de interpretação de texto, etimologia e fatos históricos
- vamos nos lançar sobre as palavras e os comportamentos do próprio Cristo,
porque assim perceberemos como Ele se portaria diante dessa questão e, quem

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sabe, cheguemos à verdade não por recursos intelectuais humanos, mas através
da revelação do Espírito.

A proposta, portanto, é uma construção. Não se trata – e nem seria eficaz


– de impor uma “verdade”. O que esse livro se propõe é fornecer informações que
vão se aprofundando e suscitar reflexões que irão possibilitar que você mesmo
chegue a uma conclusão.

Então, antes de iniciarmos efetivamente, eu faço um convite. Convido a


Igreja - não Igreja no sentido "templo", mas Igreja "eu" e "você" - a exercitar a
confiança na promessa de que o Espírito nos ensinaria e revelaria a verdade, e
pedir que Ele revele se as palavras que se seguirão vêm Dele ou não.

E convido todas as pessoas que possuem sentimentos por outras pessoas


do mesmo gênero a darem uma chance a Jesus. Todas as vezes que usaram as
palavras de Deus para dizer que vocês não podem amar quem amam, fizeram
isso apenas reproduzindo o que sempre ouviram, sem o cuidado e o interesse de
olhar além da interpretação do homem. Jesus te ama e ama o fato de você amar,
seja quem for.

“Pois eu lhes darei palavras e sabedoria a que nenhum dos seus


adversários será capaz de resistir ou contradizer”

Lucas 21:15

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O ESPÍRITO REVELA
“Nós, porém, não recebemos o espírito do mundo, mas o Espírito
procedente de Deus, para que entendamos as coisas que Deus nos tem dado
gratuitamente. Delas também falamos, não com palavras ensinadas pela
sabedoria humana, mas com palavras ensinadas pelo Espírito, interpretando
verdades espirituais para os que são espirituais. Quem não tem o Espírito não
aceita as coisas que vêm do Espírito de Deus, pois lhe são loucura; e não é capaz
de entendê-las, porque elas são discernidas espiritualmente. Mas quem é
espiritual discerne todas as coisas, e ele mesmo por ninguém é discernido; pois
“quem conheceu a mente do Senhor para que possa instruí-lo? ”. Nós, porém,
temos a mente de Cristo. ”

1 Coríntios 2:12-16

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DO PRINCÍPIO

Certa vez assisti a uma ministração em que o preletor, Alessandro Villas


Boas, fazia uma pergunta extremamente pertinente: Por que Deus criou o
Homem? Para que, afinal, Deus nos fez?

Pare por alguns segundos e reflita. O que você acha?

A resposta que mais ouço é que fomos criados para adorar a Deus. Isso
não está errado, mas pensemos: a Palavra nos ensina que Jesus é louvado
incessantemente pelos anjos - “ (...) dia e noite repetem sem cessar: Santo, santo,
santo é o Senhor, o Deus todo-poderoso, que era, que é e que há de vir.”
(Apocalipse 4:8). Logo, a adoração é uma consequência da grandiosidade de Sua
presença, é nosso espírito sendo aquilo que Ele mais ama ser: adorador. Então,
antes mesmo de existirmos, Cristo já dispunha de toda a adoração. Assim, fomos
feitos para algo que vai mais além.

Nas Escrituras vemos que Deus nos criou com o objetivo de sermos Sua
imagem e semelhança (Gênesis 1: 26, 27). Assim, sendo imagem e semelhança,
fomos criados para sermos extensão de Deus na Terra, para vivermos aqui o que
o Pai vivia nos céus. E o que Deus fazia nos céus?

Pensemos novamente.

A resposta mais comum é que Deus reinava. Mas o que é reinar?

Onde Cristo habita não há pecado, doença, morte, tristeza, então não
imagino, e nisso acho que todos concordamos, que Deus passasse dia e noite
dando ordens aos anjos quanto a como proceder. Logo, reinar também significa
algo mais.

Deus vive Ele mesmo (Salmos 90:1). Deus, que é trino, que é Pai, Filho e
Espírito, vivia – e vive – família nos céus.

É assim que Ele reina e para isso que fomos criados.

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E essa intimidade que há entre Pai, Filho e Espírito, esse amor
imensurável e totalmente além da capacidade do entendimento humano, é o que
fomos criados para ter, ser e multiplicar na Terra. Deus nos criou para vivermos
família com Ele.

Temos, agora, condições de perceber que a concepção de Deus sobre


família não é igual à concepção terrena de família.

Casar e ter filhos, portanto, não significa necessariamente ter família, e


os dias atuais nos mostram isso de forma inquestionável. Aliás, não apenas os
dias de hoje, marcados pelo abandono parental, mas em todos os tempos em que
os lares eram compostos pelo pai e pela mãe, mas onde não se via amor, respeito,
fidelidade. Então casar e ter filhos é sim uma forma de se viver família, mas não
é única forma e nem a garantia que se viverá o conceito de Deus de família.

Não se esqueça que precisamos parar de enxergar Deus através de nossas


concepções, mas antes, devemos adotar a concepção de Deus acerca das coisas.

Família é, portanto, reproduzir entre nós a intimidade e o amor


que o Pai tem com o Filho.

Se analisarmos a visão terrena e religiosa de família, veremos o quanto


ela é distante do que o próprio Deus vive, afinal, bíblica e originalmente a família
era:

Endógama: preferência por casamentos entre parentes consanguíneos.


Um exemplo desta prática é o servo de Abraão, que viaja para a terra de origem
de seu senhor com a missão de procurar uma esposa para Isaac (“e jure pelo
Senhor, o Deus dos céus e o Deus da terra, que não buscará mulher para meu
filho entre as filhas dos cananeus, no meio dos quais estou vivendo, mas irá à
minha terra e buscará entre os meus parentes uma mulher para meu filho Isaque”
- Gênesis 24:3-4);

Polígama: Ou seja, um homem vivia com várias mulheres (esposas e


escravas). Saul tinha várias esposas; David, ”depois que saiu da cidade de
Hebrom, arranjou mais concubinas e esposas em Jerusalém e com elas teve mais
filhos e filhas” (2 Samuel 5:13). O rei Salomão casou com 700 princesas e 300

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concubinas (1º Reis 11:3). Jacó casou-se com Lia e Raquel (Gênesis 29:27).

Não surpreende que esta situação resultasse, muitas vezes, em ciúmes e


rivalidades, especialmente entre esposas que tinham muitos filhos e outras que
eram estéreis (Sara e Agar, Raquel e Lia, Ana e Penina).

Você pode estar dizendo a si mesmo que isso era aceitável naquele
contexto específico, mas que agora os tempos são outros e que por isso não se
aplica mais. Se você está pensando assim, peço que você continue a adotar esse
mesmo modo de pensar sobre toda a Escritura, caso contrário, estaria caindo na
prática da interpretação da Palavra de Deus por conveniência.

Lembre-se que esse contexto familiar era considerado natural.

Mas a pergunta é: em que momento Deus manifestou na Terra o seu


padrão de família?

Jesus.

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JESUS

Impressionante como encontramos TODAS as respostas Nele.

A família, que até então era determinada por laços de sangue humano,
passa a ser determinada pelo sangue de Jesus. Como?

Na cruz.

Eis que na Cruz:

“'Perto da cruz de Jesus estavam sua mãe, a irmã dela, Maria, mulher de
Clopas, e Maria Madalena. Quando Jesus viu sua mãe ali, e, perto dela, o
discípulo a quem ele amava, disse à sua mãe: “Aí está o seu filho”, e ao discípulo:
“Aí está a sua mãe”. Daquela hora em diante, o discípulo a recebeu em sua
família” (João 19:25-27).

Já não se trata mais de ter um sangue em comum, se trata de ter “O”


sangue.

Ali, na cruz, Jesus decretou, entre tantas outras coisas, que família é
amor, independente de laços de sangue ou tipo de vínculo social.

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TODOS À MESA

Há pouco tempo atrás, durante uma ministração do pastor e escritor Dino


Rizzo, me encantei com a revelação que foi passada acerca da parábola do
banquete, presente no livro de Mateus e também no livro de Lucas.

A parábola conta a história de um rei que preparou um banquete de


casamento para seu filho. O rei enviou seus servos até os convidados, mas estes
negaram o convite, priorizando outros compromissos. O rei então ordenou que
seus servos saíssem às ruas e convidassem a todos que encontrassem pelo
caminho.

A palavra de Dino Rizzo foi sobre como Jesus sempre abria espaço para
as pessoas se aproximarem. Foi assim com o cego que gritou seu nome, com
Zaquel, com as crianças, com o fariseu Nicodemus, com a samaritana, com
leprosos, entre outras incontáveis pessoas que estiveram com Ele. E é assim
ainda hoje, pois Jesus Cristo é o mesmo, ontem, hoje e para sempre (Hebreus
13:8).

Mas vamos fazer uma pausa para conhecermos a história na íntegra e,


posteriormente, extrairmos mais desse ensinamento.

Jesus lhes falou novamente por parábolas, dizendo: O Reino dos céus é
como um rei que preparou um banquete de casamento para seu filho. Enviou seus
servos aos que tinham sido convidados para o banquete, dizendo-lhes que
viessem; mas eles não quiseram vir. De novo enviou outros servos e disse: Digam
aos que foram convidados que preparei meu banquete: meus bois e meus novilhos
gordos foram abatidos, e tudo está preparado. Venham para o banquete de
casamento! Mas eles não lhes deram atenção e saíram, um para o seu campo,
outro para os seus negócios. Os restantes, agarrando os servos, maltrataram-nos
e os mataram. O rei ficou irado e, enviando o seu exército, destruiu aqueles
assassinos e queimou a cidade deles. Então disse a seus servos: O banquete de
casamento está pronto, mas os meus convidados não eram dignos. Vão às
esquinas e convidem para o banquete todos os que vocês encontrarem. Então os
servos saíram para as ruas e reuniram todas as pessoas que puderam encontrar,
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gente boa e gente má, e a sala do banquete de casamento ficou cheia de
convidados. Mas, quando o rei entrou para ver os convidados, notou ali um
homem que não estava usando veste nupcial. E lhe perguntou: Amigo, como você
entrou aqui sem veste nupcial? O homem emudeceu. Então o rei disse aos que
serviam: Amarrem-lhe as mãos e os pés, e lancem-no para fora, nas trevas; ali
haverá choro e ranger de dentes. Pois muitos são chamados, mas poucos são
escolhidos. (Mateus 22:1-14).

Achei por bem colocar a parábola na íntegra, pois sei, por minha
experiência cristã, que muitas pessoas já estão focando nos últimos versículos,
nos quais um homem é expulso da festa por não estar vestido com as vestes
nupciais. É exatamente esse tipo de comportamento que as impede de
compreender a essência das Escrituras, é essa prática de buscar versículos
isolados que possam ser usados como condenação, como instrumento para acusar
o outro e destacar seus erros. Se isso fosse feito com uma interpretação correta,
não haveria grandes desdobramentos, mas o que vemos é a utilização totalmente
inadequada do significado da mensagem. E isso acontece exatamente porque se
isola a passagem bíblica de todo o restante do contexto.

Nessa parábola Jesus nos mostra que o Pai, por amor a Ele, convida
pessoas para serem parte da festa promovida para seu Filho (que representa a
nossa salvação). Mas muitos convidados recusam o convite (não aceitam o amor
de Jesus) e, por isso, essas pessoas sofrem as consequências dessa escolha (que
é a perda da salvação e o sofrimento). Entretanto, o Pai chama novos convidados
(assim como estendeu a salvação para os gentios lá no passado, estende para
todos hoje).

Perceba que aqueles primeiros convidados eram mais “seletos”,


aparentemente dignos, mas o rei (Deus) observou as intenções (o coração) deles
e constatou que não mereciam sentar-se à mesa. Posteriormente, vendo que
outras pessoas desejavam tal convite (colocavam Jesus como prioridade),
chamou-as para a mesa. Antes, claro, o Pai preparou essas pessoas para a festa,

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cuidou delas, as lavou, limpou e deu novas vestes. As novas vestes é o Espírito
Santo de Deus, que passa a habitar em nós.

Sendo assim, aquele homem foi expulso da festa não por não ter se livrado
de seus pecados, mas sim por não se poder ver nele o Espírito de Deus, a marca
de que somos novas criaturas em Cristo, que recebemos quando O aceitamos
verdadeiramente.

Sempre seremos pecadores, logo, não é a ausência do pecado que


nos faz dignos de sentar à mesa do rei, mas sim o amor do rei ao seu
filho Jesus.

Essa é a maravilhosa graça.

“A última palavra perfeita, a graça contém a essência do Evangelho como


uma gota de água pode conter a imagem do Sol”.1 Graça significa que não há
nada que possamos fazer para Deus nos amar mais – nenhuma porção de
calistênicos espirituais e renúncias, nenhuma quantidade de conhecimento
recebido em seminários e faculdades de teologia, nenhuma quantidade de
cruzadas em benefício de causas justas. E a graça significa que não há nada que
possamos fazer para Deus nos amar menos — nenhuma quantidade de racismo
ou orgulho, pornografia ou adultério, ou até mesmo homicídio. A graça significa
que Deus já nos ama tanto quanto é possível um Deus infinito nos amar2.

“Mas onde aumentou o pecado transbordou a graça”


Romanos 5:20

“Sendo justificados gratuitamente por sua graça, por meio da redenção


que há em Cristo Jesus.” Romanos 3:24

“que nos salvou e nos chamou com uma santa vocação, não em virtude
das nossas obras, mas por causa da sua própria determinação e graça. Essa
graça nos foi dada em Cristo Jesus desde os tempos eternos”
2 Timóteo 1:9

“Deu-nos vida com Cristo quando ainda estávamos mortos em


transgressões - pela graça vocês são salvos”.
Efésios 2:5

1.Philip YANCEY. Maravilhosa Graça. Editora Vida, 2007, p. 11


2.Philip YANCEY. Maravilhosa Graça. Editora Vida, 2007, p. 65
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É SOBRE A INTENÇÃO

Deus sonda o coração das pessoas. Nada que é fruto de classificação


humana importa para Deus. Quando nos classificamos, nos dividimos, e objetivo
de Jesus é a unidade.

“Não ficarei mais no mundo, mas eles ainda estão no mundo, e eu vou para
ti. Pai santo, protege-os em teu nome, o nome que me deste, para que sejam um,
assim como somos um” (João 17:11).

Nossos pensamentos (coração), determinam muito mais do que


imaginamos. Eles são o alicerce de nossas escolhas, ações e palavras. É onde
planos são gerados.

“Acima de tudo, guarde o seu coração, pois dele depende toda a sua vida”
(Provérbios 4:23).

São inúmeras as passagens em que isso nos é ensinado.

“O Senhor, contudo, disse a Samuel: "Não considere sua aparência nem


sua altura, pois eu o rejeitei. O Senhor não vê como o homem: o homem vê a
aparência, mas o Senhor vê o coração” (1 Samuel 16:7).

“Esconde o rosto dos meus pecados e apaga todas as minhas iniquidades.


Cria em mim um coração puro, ó Deus, e renova dentro de mim um espírito
estável. Não me expulses da tua presença nem tires de mim o teu Santo Espírito”
(Salmos 51:9-11).

O que trazemos em nosso coração é o que determina se somos ou não


aprovados por Deus:

“Bem-aventurados os puros de coração, pois verão a Deus” (Mateus 5:8).

“O objetivo desta instrução é o amor que procede de um coração puro, de


uma boa consciência e de uma fé sincera” (1 Timóteo 1:5).

18
É o coração.

19
A SAMARITANA NO POÇO E O GAY NO PONTO DE
ÔNIBUS

“Ele chegou a uma cidade da Samaria, chamada Sicar, que ficava perto
das terras que Jacó tinha dado ao seu filho José. Ali ficava o poço de Jacó. Era
mais ou menos meio-dia quando Jesus, cansado da viagem, sentou-se perto do
poço. Uma mulher samaritana veio tirar água, e Jesus lhe disse: — Por favor,
me dê um pouco de água. (Os discípulos de Jesus tinham ido até a cidade
comprar comida.) A mulher respondeu: — O senhor é judeu, e eu sou samaritana.
Então como é que o senhor me pede água? (Ela disse isso porque os judeus não se
dão com os samaritanos) ”. João 4:5-9

Deus, como eu amo essa história!

Existia uma rivalidade e um preconceito históricos entre judeus e


samaritanos. O povo de Samaria era considerado inferior e apenas o fato de
entrar em Samaria era algo impensável para qualquer judeu. Jesus não só foi
para aquela terra, mas também falou com uma mulher. Como se não bastasse,
tal mulher era malvista pela própria comunidade por conta de sua vida marcada
por seis maridos diferentes, sendo o último alguém com quem vivia sem o vínculo
do casamento. E Jesus pediu água a ela.

Durante a leitura do capítulo, nota-se que em nenhum momento Jesus lhe


diz explicitamente para se afastar do pecado, nem a perdoa por qualquer
comportamento ilícito. Tudo o que Ele faz é revelar a ela a Sua verdadeira
natureza, sabendo que no fim ela iria reconhecê-lo.

O “gay” no ponto de ônibus hoje é a samaritana no poço de ontem. Não


precisamos insinuar que eles mudem, nem nos preocuparmos se mudarão ou
não, precisamos apenas promover o encontro dessas pessoas com Jesus e
permitir que essas vidas sejam inundadas pelo Seu amor. Deixe que
posteriormente o Espírito mude o que deve ser mudado e que Ele mantenha o
que pode ser mantido. Não decida sobre isso, não queira fazer o papel de Deus.

20
Apenas promova o encontro, deixe que Jesus assuma a conversa daí por
diante.

O fim da história foi que muitas pessoas creram por conta da iniciativa
daquela mulher, que ao reconhecer ali, em Jesus, algo maravilhoso, correu para
partilhar as boas novas de salvação com aqueles que até então a rejeitavam.

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OS IMPROVÁVEIS

Jesus ama escolher e agir através dos “improváveis”.

Como o pastor Carlito Paes afirma em seu excelente “Encontros com


Jesus”, “muitas vezes, Jesus quebrou paradigmas da época e viveu de forma
nada convencional para os padrões de seu tempo, deixando explícito seu
relacionamento pessoal com Deus e mostrando que pessoas são mais
importantes que coisas, tradições e religiões”.

“Pois Deus enviou seu filho ao mundo, não para condenar o mundo,
mas para que este fosse salvo por meio Dele” (João 3.17)

“Quem tem o filho tem a vida” (1 João 5.12)

As escrituras nos dão vários exemplos de como Jesus escolhia fazer suas
obras através de pessoas que eram, de alguma forma, ou malvistas ou detentoras
de personalidades questionáveis.

Mateus, um dos 12 discípulos, era um publicano. Os publicanos eram os


cobradores de taxas e impostos do Império Romano. Essa classe de
trabalhadores era desprezada pelos demais judeus, que os viam praticamente
como traidores de seu próprio povo.

Pedro, outro discípulo, era um simples pescador, de pouca instrução e


extremamente impulsivo. Diversas vezes é repreendido nas Escrituras. Negou
Jesus três vezes.

Paulo foi um dos maiores perseguidores de cristãos. O livro de Atos dos


Apóstolos informa que quando Estêvão foi apedrejado, suas vestes foram
depositadas aos pés de Paulo (Saulo até então) (Atos 7:58). O próprio Paulo
afirma que “respirava ameaça e morte contra os discípulos do Senhor” (Atos 9:1).
Paulo perseguia e assolava a Igreja de Deus (Gálatas 1:13). Ele fazia isso
acreditando que estava servindo a Deus e preservando a Lei.

“Sansão era co-dependente, Raabe era imoral, Davi teve uma amante e
todo tipo de problema familiar, Elias tinha tendências suicidas, Jeremias era
22
depressivo, Jonas era relutante (...), Pedro era impulsivo e temperamental, Marta
se preocupava demais, a mulher samaritana teve vários casamentos fracassados,
Zaqueu era indesejado, Tomé tinha dúvidas(...). Aí está uma boa variedade de
desajustes, mas Deus usou cada um deles a seu serviço”.1

A História revela em quem esses improváveis se transformaram.

Notemos que Saulo perseguia os seguidores de Jesus acreditando estar


servindo à Deus desta forma. Não estaríamos nós agindo como Saulo, bem-
intencionados, mas totalmente equivocados?

Paulo precisou perder a visão física para poder ver Jesus. Não estaríamos
nós também precisando “fechar” nossos olhos para o mundo físico e tudo que ele
indica como verdade para, assim, podermos ter os olhos espirituais abertos por
Jesus?

1.Rick WARREN. Uma Vida Com Propósitos. São Paulo: Editora Vida, 2003, p. 202
23
O CONHECIMENTO ALCANÇA
“E foi isso mesmo que ele disse em todas as suas cartas quando escreveu
a respeito disso. Nas cartas dele há algumas coisas difíceis de entender, que os
ignorantes e os fracos na fé explicam de maneira errada, como fazem também
com outras partes das Escrituras Sagradas. E assim eles causam a sua própria
destruição. ”

2Pedro 3:16

24
EIS A QUESTÃO

Como mencionei na introdução, meu desejo era conseguir demonstrar


apenas através da essência dos ensinamentos de Jesus que o amor verdadeiro
não é pecado. Entretanto, se fazem necessários conhecimentos na área da
História, investigações na parte da etimologia e interpretação de texto - de todo
o texto, e não de partes, como é habitual entre certos grupos - para
fundamentarmos ainda mais o que começou a ser revelado até aqui.

Infelizmente, na prática, as pessoas são mais convencidas por argumentos


“lógicos” que pelo Espírito de Deus. E sabemos, por isso, que uma quantidade
imensurável de pessoas foi incapaz de ser tocada por tudo que foi dito até agora
porque ensinamentos enraizados em suas mentes fizeram de seus corações
terras impenetráveis para receber uma nova semente.

Por essa razão, chegamos ao ponto mais delicado desse estudo: encarar o
que as Escrituras demonstram acerca do assunto homossexualidade.

Temos que nos direcionar a dois tipos de pessoas diferentes: as que apenas
reproduzem o que sempre ouviram como verdade, e aquelas que de fato
conhecem as Escrituras e apontam versículo por versículo para embasar sua
convicção.

Comecemos com as pessoas que se enquadram no primeiro caso, visto que


não se faz necessário muito tempo para mostrar a inconsistência de convicções
alicerçadas na areia.

Paremos para analisar:

Quando perguntamos a um cristão se a homoafetividade é aceita por


Deus, o que ele responde? Em 99% das vezes, que não, e que a Bíblia condena
claramente a homossexualidade.

25
Mas quando pedimos para nos mostrar na Bíblia onde estão tais
condenações, grande parte desse percentual não consegue abrir as Escrituras e
fundamentar essa afirmação.

Mas então por que alegam tão fervorosamente ser errado?

Porque lhes foi passado assim, e essas pessoas nunca pararam para
meditar sobre o que ouviram. Assim, há um repasse, uma hereditariedade
nociva e ignorante de “ensinamentos bíblicos”. E isso contraria a própria Bíblia,
pois 1 Timóteo diz “Cuide de você mesmo e tenha cuidado com o que ensina.
Continue fazendo isso, pois assim você salvará tanto você mesmo como os que o
escutam” (1Timóteo 4:16). Em Josué temos “Não deixe de falar as palavras deste
Livro da Lei e de meditar nelas de dia e de noite, para que você cumpra fielmente
tudo o que nele está escrito. Só então os seus caminhos prosperarão e você será
bem-sucedido” (Josué 1:8).

Contudo, esse é o menor dos problemas.

O maior e mais perigoso problema, que levou à construção de um


preconceito histórico, que causou incontáveis mortes, homicidas e suicidas, que
divide lares, que leva famílias a renegar seus filhos, e que mantém milhões de
vidas afastadas da presença e do amor de Jesus por não se sentirem dignas e
aceitas, é o erro de traduções e suas consequentes interpretações distorcidas da
Palavra de Deus.

Então, vamos aos versículos.

26
LEVÍTICO: O TIRO NO PÉ

“Não se deite com um homem como quem se deita com uma mulher; é
repugnante ” (Levítico 18:22).

Sabe aquelas frases que de tão repetidas acabam virando estampas de


camiseta? Pois bem, o versículo acima poderia gerar toda uma grife.

É sempre o primeiro versículo a ser sacado do coldre cristão para


derrubar rapidamente qualquer argumento que se inicie com o prefixo “homo”.
Entretanto, essas pessoas se esquecem – ou não sabem – que este versículo faz
parte de um conjunto de textos cujo objetivo é doutrinar um povo específico, num
momento específico, para tomarem posse de algo mais específico ainda. Também
desconsideram que existe uma distância abismal entre o entendimento que
temos hoje sobre a relação sexual – e seu significado - e a forma com que o sexo
era entendido no Antigo Testamento.

Vimos que o povo hebreu era um povo polígamo, o que já nos diferencia e
afasta quanto à compreensão da sexualidade. Além disso, o sexo no Antigo
Testamento tinha a finalidade exclusiva de procriação (isso para as mulheres,
visto que os homens tomavam mulheres apenas para satisfação de impulsos
sexuais, mas não vamos nos aprofundar nesse mérito), de tal forma que as
relações sexuais que não possibilitassem a multiplicação eram vistas como
antinaturais (dessa premissa, inclusive, vem a oposição de algumas igrejas
cristãs em relação ao uso de métodos contraceptivos).

Ao garantir a procriação o sexo garantia a hereditariedade desse povo.


Por isso vemos inúmeras passagens bíblicas em que esposas estéreis oferecem
servas aos seus maridos, para que estas o sirvam sexualmente e lhes gerem
filhos. Outra prática que corrobora tal fato é a lei descrita em Deuteronômio 25.
Segundo ela, a mulher cujo marido falecesse sem deixar herdeiros, deveria ser
entregue ao irmão de seu esposo para que a descendência do falecido fosse
garantida.

Além disso tudo, estamos falando de um povo e de um contexto em que o

27
adultério, por exemplo, era tratado mais como uma violação proprietária do que
moral1. Estamos falando de textos que previam que se uma moça fosse estuprada
dentro de uma cidade, ela morreria junto com o estuprador, mas que teria sua
vida poupada se o abuso fosse cometido no campo. A lógica é que ( e isso você
pode ver abrindo em Deuteronômio 22, versos 23 a 25), dentro da cidade, alguém
ouviria a mulher gritando por socorro. Se ninguém ouviu é porque ela não gritou,
e se não gritou é porque cometeu o crime também – o de consentir. No campo
não dá para saber se a moça gritou ou não e, por essa dúvida, morreria só o
homem então.

Então não é prudente nem inteligente assumirmos apenas um versículo de


Levítico. Se assumirmos umas das leis dos hebreus, temos que assumir as demais
leis passadas por Moisés. Assim, temos que guardar o sábado (“e todos guardem
o sábado. Eu sou o Senhor, o Deus de vocês” - Levítico 19:3); temos que esquecer
a combinação jeans com camiseta (“Não vistam roupas feitas de tipos diferentes
de tecidos”- Levítico 19:19); os homens não poderão cortar seus cabelos (“Não
cortem o cabelo dos lados da cabeça, nem aparem a barba” - Levítico 19:27).

A Lei existiu para um momento específico e para cumprir um propósito


específico de Deus naquelas circunstâncias. Nenhum homem foi capaz de
cumprir a Lei, exceto aquele que veio para cumpri-la e nos libertar dela: Jesus.

Sobre a validade da Lei sobre nós, que Paulo nos ensine:

“Assim, meus irmãos, vocês também morreram para a Lei, por meio do
corpo de Cristo, para pertencerem a outro, àquele que ressuscitou dos mortos, a
fim de que venhamos a dar fruto para Deus” (Romanos 7:4).

“E então? Vamos pecar porque não estamos debaixo da Lei, mas debaixo
da graça? De maneira nenhuma! ” (Romanos 6:15).

A Lei foi introduzida para que a transgressão fosse ressaltada. Mas onde
aumentou o pecado transbordou a graça, a fim de que, assim como o pecado
reinou na morte, também a graça reine pela justiça para conceder vida eterna,
mediante Jesus Cristo, nosso Senhor” (Romanos 5:20-21).

“Ora, o Senhor é o Espírito e onde está o Espírito do Senhor ali há

1. Êxodo 20:17
28
liberdade. E todos nós, que com a face descoberta contemplamos a glória do
Senhor, segundo a sua imagem estamos sendo transformados com glória cada
vez maior, a qual vem do Senhor, que é o Espírito. Ele nos capacitou para sermos
ministros de uma nova aliança, não da letra, mas do Espírito; pois a letra mata,
mas o Espírito vivifica” (2 Coríntios 3:6,17-18).

Mas se mesmo diante dessa enorme graça que temos por meio de Cristo
Jesus alguns insistirem em andar pela Lei, que fique aqui mais um verso para
seguir:
“'e eles castigarão o homem. [em caso de acusação injusta contra a moça
com a qual se casar] Aplicarão a ele a multa de cem peças de prata, que serão
dadas ao pai da moça, pois aquele homem prejudicou a reputação de uma virgem
israelita. E ele não poderá divorciar-se dela enquanto viver. “Se, contudo, a
acusação for verdadeira e não se encontrar prova de virgindade da moça, ela será
levada à porta da casa do seu pai e ali os homens da sua cidade a
apedrejarão até a morte. Ela cometeu um ato vergonhoso em Israel,
prostituindo-se enquanto estava na casa de seu pai. Eliminem o mal do meio de
vocês.” Deuteronômio 22:18-21

Mas aconselho seguir as palavras de Jesus:

“Se algum de vocês estiver sem pecado, seja o primeiro a atirar pedra nela”
(João 8:7).

Por fim, Paulo nos mostra:

“Vocês, que procuram ser justificados pela Lei, separaram-se de Cristo; caíram
da graça” Gálatas 5:4

29
GÊNESIS 19: UMA PALAVRA, UM SINÔNIMO E
MUITA IGNORÂNCIA

Os dois anjos chegaram a Sodoma ao anoitecer, e Ló estava sentado à porta


da cidade. Quando os avistou, levantou-se e foi recebê-los. Prostrou-se com o rosto
em terra e disse: “Meus senhores, por favor, acompanhem-me à casa do seu servo.
Lá poderão lavar os pés, passar a noite e, pela manhã, seguir caminho”.

“Não, passaremos a noite na praça”, responderam.

Mas ele insistiu tanto com eles que, finalmente, o acompanharam e


entraram em sua casa. Ló mandou preparar-lhes uma refeição e assar pão sem
fermento, e eles comeram.

Ainda não tinham ido deitar-se, quando todos os homens de toda parte da
cidade de Sodoma, dos mais jovens aos mais velhos, cercaram a casa. Chamaram
Ló e lhe disseram: “Onde estão os homens que vieram à sua casa esta noite?
Traga-os para nós aqui fora para que tenhamos relações com eles”.

Ló saiu da casa, fechou a porta atrás de si e lhes disse: “Não, meus amigos!
Não façam essa perversidade! Olhem, tenho duas filhas que ainda são virgens.
Vou trazê-las para que vocês façam com elas o que bem entenderem. Mas não
façam nada a estes homens, porque se acham debaixo da proteção do meu teto”.

“Saia da frente! ”, gritaram. E disseram: “Este homem chegou aqui como


estrangeiro, e agora quer ser o juiz! Faremos a você pior do que a eles”. Então
empurraram Ló com violência e avançaram para arrombar a porta. Nisso, os
dois visitantes agarraram Ló, puxaram-no para dentro e fecharam a porta.
Depois feriram de cegueira os homens que estavam à porta da casa, dos mais
jovens aos mais velhos, de maneira que não conseguiam encontrar a porta.

Os “homossexuais” de Sodoma e Gomorra, quem nunca ouviu falar deles?


“Sodomitas”, termo usado como sinônimo de homossexuais em algumas
traduções das Escrituras (detalhe: em algumas traduções, o que significa que
em outras versões são usadas outras palavras...). Mas será mesmo que Sodoma

30
e Gomorra foi destruída pelo pecado da homossexualidade? Não é o que a leitura
das Escrituras nos mostra.

O pecado de Sodoma nada tem a ver com a existência de amor entre duas
pessoas do mesmo sexo, mas sim com a xenofobia, orgulho, crueldade e egoísmo
daquele povo.

Eles exigiam que os estrangeiros (anjos em forma humana) que ali


estavam fossem postos para fora a fim de que fossem abusados (v. 5); sua
intenção era fazer o mal, era forçar uma relação sexual, ou seja, cometer um
abuso e usar de extrema violência física para atingir tal ato. Chamaram Ló e lhe
disseram: “Onde estão os homens que vieram à sua casa esta noite? Traga-os
para nós aqui fora para que tenhamos relações com eles”. Caso nítido de estupro
coletivo.

“Olhem, tenho duas filhas que ainda são virgens. Vou trazê-las para que
vocês façam com elas o que bem entenderem. Mas não façam nada a estes homens,
porque se acham debaixo da proteção do meu teto”.

Aqui, uma breve observação: a atitude de Ló deixa claro o valor que as


mulheres e o sexo tinham (não tinham no caso), mas o intrigante é que ela nunca
é criticada.

“Saia da frente! ”, gritaram. E disseram: “Este homem chegou aqui como


estrangeiro, e agora quer ser o juiz! Faremos a você pior do que a eles”. Então
empurraram Ló com violência e avançaram para arrombar a porta.

Aqui, xenofobia, ameaça, violência física.

“Ora, os homens de Sodoma eram extremamente perversos e pecadores


contra o Senhor” (Gênesis 13:13).

“Ora, este foi o pecado de sua irmã Sodoma: ela e suas filhas eram
arrogantes, tinham fartura de comida e viviam despreocupadas; não ajudavam
os pobres e os necessitados. Eram altivas e cometeram práticas repugnantes
diante de mim. Por isso eu me desfiz delas, conforme você viu” (Ezequiel 16:49-
50).

31
Sendo assim, quando dizemos “sodomita” estamos nos referindo à pessoas
perversas, violentas, arrogantes, egoístas, altivas e xenofóbicas.

Então é correto mesmo usar o termo “homossexual” como sinônimo de


sodomitas? Mais: é correto associar o termo “sodomita” a uma pessoa que
expressa amor por outra do mesmo gênero?

32
GÊNESIS: DE SER VIVENTE A ESPÍRITO
VIVIFICANTE

“Irmãos, eu declaro a vocês que carne e sangue não podem herdar o Reino
de Deus nem o que é perecível pode herdar o imperecível” (1 Coríntios 15:50).

“Assim será com a ressurreição dos mortos. O corpo que é semeado é


perecível e ressuscita imperecível; é semeado em desonra e ressuscita em glória;
é semeado em fraqueza e ressuscita em poder; é semeado um corpo natural e
ressuscita um corpo espiritual. Se há corpo natural, há também corpo
espiritual” (1 Coríntios 15:42-44).

Uma das regras da hermenêutica diz que a Bíblia explica a própria Bíblia.
Preciso então que todos se disponham a meditar sobre o que Paulo nos ensina
nos versos acima para avançarmos na leitura de Gênesis. Essa meditação é
essencial para que haja revelação e compreensão ao que vai se seguir, e não
reações de revolta e rejeição intencional.

Paulo nos ensina sobre o corpo da ressurreição. Ele chama de insensato


aquele que se preocupa com a forma de nosso corpo ressurreto, pois o que somos
hoje é transitório.

“Mas alguém dirá: Como ressuscitam os mortos? E em que corpo vêm?


Insensato! O que semeias não nasce, se primeiro não morrer”

1Coríntios 15:35-36.

“é semeado um corpo natural e ressuscita um corpo espiritual. Se há


corpo natural, há também corpo espiritual. Assim está escrito: “O primeiro
homem, Adão, tornou-se um ser vivente”; o último Adão, espírito vivificante.
Assim como tivemos a imagem do homem terreno, teremos também a imagem
do homem celestial”.

1 Coríntios 15:44-45,49.

33
O cumprimento da promessa é sermos revestidos com um corpo
semelhante ao de Cristo.

Tendo essa promessa em nós, compreendendo que nossa natureza é


espiritual, podemos prosseguir no texto.

Existem duas formas de fazer o homem compreender algo: através da


sensibilidade para ouvir o Espírito, que ensina, e através da capacidade
intelectual que Deus nos concedeu. Uma não anula a outra. Ao menos não
deveria.

O que vemos na prática, entretanto, são pessoas que confiam mais em


achados arqueológicos do que na revelação que ela mesma pode ter ao meditar
sobre a Palavra de Deus. Acreditam que o pastor que prega na televisão tem
revelações de Deus, mas não crê que o irmão que senta ao seu lado na igreja tem
igual capacidade para ser usado. Se agarram à palavras isoladas, à convicções
pessoais e, por isso, não conseguem ser sensíveis à Palavra que se revela.
Pessoas literais jamais contemplarão um Deus que amava ensinar por
parábolas. Por esta razão que a primeira parte deste livro buscou a essência de
Cristo, e não dissecar versículos e tirar de suas entranhas seu significado. Mas,
se também não fizermos isso, os versículos que tradicionalmente são repetidos
para acusação continuarão a se sobrepor a qualquer verdade.

Pois bem, então aqui vamos usar a interpretação de texto e demonstrar


que Gênesis não comprova de forma alguma que a heterossexualidade é o padrão
divino para a sexualidade humana. Na verdade, a heterossexualidade é mais
uma consequência do pecado original, fruto da queda do homem.

Calma, não reaja a essa afirmação como algo absurdo sem nem ao menos
ler o que se segue. Desconfie de mim, mas confie no Espírito de Deus e Ele,
usando Paulo, nos deixou claro que “Quem não tem o Espírito não aceita as coisas
que vêm do Espírito de Deus, pois lhe são loucura; e não é capaz de entendê-las,
porque elas são discernidas espiritualmente. Mas quem é espiritual discerne

34
todas as coisas, e ele mesmo por ninguém é discernido; pois “quem conheceu a
mente do Senhor para que possa instruí-lo? ” Nós, porém, temos a mente de
Cristo” (1 Coríntios 2:14-16).

Vamos ver o que as Escrituras narram.

“Então disse Deus: “Façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa


semelhança (...)” Gênesis 1:26

“Criou Deus o homem à sua imagem, à imagem de Deus o criou; homem


e mulher os criou” (Gênesis 1:27).

Creio que todos estamos de acordo que discutir o gênero de Deus não é
algo produtivo, pois Ele é Espírito. Visto que fomos criados à sua imagem e
semelhança e que nossa real natureza é espiritual, já começamos a sentir que a
condição de gênero nessa vida material é apenas uma condição, assim como a
cor dos olhos, assim como a cor da pele ou qualquer outra característica física.
Esse corpo corruptível será substituído por um incorruptível no dia de Cristo.

Ser homem ou ser mulher é uma condição transitória, pois somos Espírito.
Como Jesus mesmo disse:

“Vocês estão enganados, pois não conhecem as Escrituras nem o poder de


Deus! Quando os mortos ressuscitam, não se casam nem são dados em
casamento, mas são como os anjos nos céus” (Marcos 12:24-25).

Não fomos criados para sermos seres sexuais, nem mesmo durante nossa
passagem humana, o que fica claro em 1 Coríntios 7, onde Paulo nos mostra que
o matrimônio é uma concessão à incapacidade de homens conterem seus desejos.

“Quanto aos assuntos sobre os quais vocês escreveram, é bom que o homem
não toque em mulher” (1 Coríntios 7:1).

“Gostaria que todos os homens fossem como eu; mas cada um tem o seu
próprio dom da parte de Deus; um de um modo, outro de outro. Digo isso como
concessão, e não como mandamento” (1 Coríntios 7:6-7).

35
“Digo, porém, aos solteiros e às viúvas: É bom que permaneçam como eu.
Mas, se não conseguem controlar-se, devem casar-se, pois é melhor casar-se do que
ficar ardendo de desejo” (1 Coríntios 7:8-9).

Através das Escrituras percebemos também que o sexo entre homem e


mulher não existia antes da queda. A primeira vez que Adão e Eva se relacionam
sexualmente é descrito em Gênesis 4, ou seja, logo após serem expulsos do
jardim.

“Coabitou o homem com Eva, sua mulher. Esta concebeu e deu à luz a
Caim; então, disse: Adquiri um varão com o auxílio do Senhor” (Gênesis 4:1).

Quanto ao “Sejam férteis e multipliquem-se! ”, já tratamos sobre o real


sentido do que Deus gostaria que multiplicássemos aqui na Terra. Contudo,
também é extremamente simples percebermos que havia outras formas de
homem e mulher se reproduzirem que não pela forma sexual. Isso fica claro
quando o Senhor diz à mulher:

À mulher, ele declarou: “Multiplicarei grandemente o seu sofrimento na


gravidez; com sofrimento você dará à luz filhos. Seu desejo será para o seu
marido, e ele a dominará” (Gênesis 3:16).

Nitidamente, pela leitura do versículo, vemos que 1) a gravidez não era


como a conhecemos hoje; 2) O desejo da mulher passou, apenas a partir daquele
momento, a ser para seu marido, que a dominaria.

Acha improvável que houvesse outra forma de se gerar filhos que não pelo
contato sexual? O que dizer então da primeira multiplicação, que aconteceu ao
adormecer de Adão? E da própria gestação de Jesus? Duas formas em que a
multiplicação se deu sem qualquer contato sexual. Por favor, nossa fé nos leva a
crer que uma serpente falou com Eva, nossa fé não alcançaria a capacidade
divina de gerar vida de outras formas que não a sexual? Não sejamos infantis,
não limitemos o poder criativo de Deus. Está tudo nas Escrituras.

Sexo, desejo, é carne. E tudo que é carne é oposto ao que é do Espírito.


Jesus é nosso padrão para tudo, certo? E o que observamos acerca da sexualidade
de Jesus? A sexualidade é mais uma consequência da nossa queda.

36
ROMANOS: OS DESTINATÁRIOS DE PAULO

Não existe texto sem contexto.

Quem eram os Romanos para os quais Paulo escreveu? Qual o objetivo das
cartas paulinas?

Em suas cartas Paulo procurava doutrinar a Igreja recém-nascida e


também respondia à inúmeras dúvidas que chegavam até ele sobre como
proceder nas mais diversas situações.

Paulo ditou a carta aos Romanos a seu amigo Tércio (Rm 16:22), por volta
do ano 57 d.C., quando residia em Corinto.

A cidade de Corinto era colônia romana, mas sua população era bem
diversificada. Essa gama populacional, que ia de gregos, passando por judeus à
egípcios, favoreceu em Corinto um estilo de vida desregrado, e a cidade passou
a ser sinônimo de uma vida de prazeres desenfreados. Seus habitantes eram
declaradamente inclinados a satisfazer os seus desejos, independente de que
espécie eles fossem.

“A lei que regia a cidade era o desejo em prol de si mesmo, onde o


negociante conseguia o lucro por meios escusos, o amante de prazeres entregava-
se às luxúrias e o atleta era orgulhoso de sua força física. Esses foram os
verdadeiros tipos coríntios, seres humanos numa cidade em que o homem não
reconhecia nenhum superior e nenhuma lei, senão os seus desejos”, descreve
Rodrigo de Aquino em seu estudo “Porneia na Compreensão de Paulo a partir de
1 Coríntios 6: 12-20”.

Em Atenas, homens adultos tinham o direito de se prostituir. A lei proibia


a venda dos filhos à prostituição, mas se por ventura o adolescente quisesse
seguir o rumo da prostituição voluntariamente, “servindo” a homens ricos e mais
velhos em troca de moradia e educação, não era reprimido, mesmo porque, essa
oportunidade de educação era ímpar a um rapaz de família pobre.

37
Entre os romanos, esses ideais eram semelhantes aos dos gregos, mas com
um componente hierárquico mais forte. A pederastia, nome dado a essa relação
entre um homem adulto e um rapaz mais jovem, tinha por regra o mais velho
ser obrigatoriamente o ativo na relação sexual. No entanto, se a ordem fosse
subvertida e um homem mais velho mantivesse relações sexuais com outro,
estava estabelecida sua desgraça. Os adultos passivos eram encarados com
desprezo por toda a sociedade, a ponto serem impedidos de exercer cargos
públicos.

Era contra esse tipo de relação que Paulo se manifestava nas Escrituras.
Era contra essa prática socialmente aceita que o apóstolo se posicionava e
disciplinava, prática em que homens adultos se relacionavam sexualmente com
jovens e meninos, seja por fins de “educação”, exploração social ou satisfação
exclusiva de desejo sexual. Não por acaso, Paulo designa, no texto original, dois
termos em Coríntios 1: um para caracterizar o homem ativo da relação, e outro
termo para caracterizar o passivo, deixando claro que, embora a sociedade
romana considerasse a prática aceitável quando respeitado os papéis do homem
mais velho e do mais novo, que ambos estavam prostituindo seus corpos.

Steve Chalke, um reconhecido líder evangélico do Reino Unido, em


entrevista ao Huffington Post, explica que Paulo viveu numa época em que era
comum que pessoas das classes sociais mais baixas – escravos, prostitutas,
gladiadores e refugiados – fossem exploradas e abusadas sexualmente pelos
cidadãos romanos ricos e poderosos.

O pastor britânico afirma que era normal e até mesmo esperado que os
homens romanos tivessem "brinquedos" sexuais além de suas mulheres. Isso
significava ter relações sexuais com concubinas e meninos. Algumas mulheres
romanas também usavam pessoas de classes inferiores para obter prazer sexual.
As classes superiores da época usavam o sexo de uma maneira que ignorava a
humanidade daqueles que as serviam.

Note que as referências em 1 Timóteo e 1 Coríntios a homens que fazem


sexo com outros homens são parte de uma lista maior de exploradores –
assassinos, mentirosos, ladrões, gananciosos, difamadores, estelionatários.

38
Chalke acredita que Paulo esteja alertando a nascente Igreja para os
relacionamentos humanos baseados em exploração, abuso e corrupção.

Assim, temos Paulo preocupado em orientar os novos cristãos que se viam


imersos nesse estilo de vida, desregrado sexualmente, que utilizava o outro como
objeto, que era cercado por idolatria e que, como consequência desta, tornava-se
distante de Deus.

Agora que conhecemos um pouco das circunstâncias sociais que cercavam


o apóstolo Paulo e os destinatários iniciais de suas cartas, já conseguimos
perceber o quão mais amplas e assertivas as mensagens se tornam quando
contextualizadas.

Podemos agora ler Romanos 1, uma das passagens bíblicas que faz
referência à homossexualidade.

39
ROMANOS 1: 21-32

“ Porque, tendo conhecido a Deus, não o glorificaram como Deus, nem lhe
renderam graças, mas os seus pensamentos tornaram-se fúteis e o coração
insensato deles obscureceu-se. Dizendo-se sábios, tornaram-se loucos e trocaram
a glória do Deus imortal por imagens feitas segundo a semelhança do homem
mortal, bem como de pássaros, quadrúpedes e répteis. Por isso Deus os entregou
à impureza sexual, segundo os desejos pecaminosos do seu coração, para a
degradação do seu corpo entre si. Trocaram a verdade de Deus pela mentira, e
adoraram e serviram a coisas e seres criados, em lugar do Criador, que é bendito
para sempre. Amém. Por causa disso Deus os entregou a paixões vergonhosas.
Até suas mulheres trocaram suas relações sexuais naturais por outras, contrárias
à natureza. Da mesma forma, os homens também abandonaram as relações
naturais com as mulheres e se inflamaram de paixão uns pelos outros.
Começaram a cometer atos indecentes, homens com homens, e receberam em si
mesmos o castigo merecido pela sua perversão. Além do mais, visto que
desprezaram o conhecimento de Deus, ele os entregou a uma disposição mental
reprovável, para praticarem o que não deviam. Tornaram-se cheios de toda sorte
de injustiça, maldade, ganância e depravação. Estão cheios de inveja, homicídio,
rivalidades, engano e malícia. São bisbilhoteiros, caluniadores, inimigos de
Deus, insolentes, arrogantes e presunçosos; inventam maneiras de praticar o mal;
desobedecem a seus pais; são insensatos, desleais, sem amor pela família,
implacáveis. Embora conheçam o justo decreto de Deus, de que as pessoas que
praticam tais coisas merecem a morte, não somente continuam a praticá-las, mas
também aprovam aqueles que as praticam” (Romanos 1:21-32).

Neste capítulo temos a idolatria como origem, ponto inicial, de todas as


ações imorais que se seguem (“ Dizendo-se sábios, tornaram-se loucos e trocaram
a glória do Deus imortal por imagens feitas segundo a semelhança do homem
mortal, bem como de pássaros, quadrúpedes e répteis. Por isso Deus os entregou
à impureza...”, “Por causa disso Deus os entregou a paixões vergonhosas”).

40
“Até suas mulheres trocaram suas relações sexuais naturais por outras,
contrárias à natureza”.

Vimos que as mulheres também usavam pessoas para fins de prazer


sexual. Além do mais, a palavra “natural” dizia respeito a função exclusiva do
sexo para a mulher, que seria a reprodução. Logo, ao buscar apenas o prazer, a
mulher estaria trocando sua relação natural por uma contrária à natureza.

A chave encontra-se na compreensão do que é “ natural”. Natural não era


o que decorria da natureza e sua dinâmica, mas o que estava de acordo com uma
determinada tradição ou convenção social, independentemente de ela remontar
à criação. Por exemplo, 1 Co 11.4: “ A própria natureza não ensina que é desonra
para o homem portar cabelo comprido? ”. Na compreensão moderna, diríamos
que cortar o cabelo é interferir na dinâmica da natureza? Porém, na
compreensão antiga, o cabelo comprido é antinatural para o homem, pois atenta
contra a convenção social que estabelece uma diferenciação entre os sexos por
meio desse instrumento. A mesma lógica se aplica à sexualidade.

Segundo a tradição judaica baseada no relato do Gênesis (1.26-28), Deus


criou homem e mulher para que se multiplicassem e enchessem a terra de
descendentes. A sexualidade em função da procriação é vista como o “natural” e
isso consequentemente leva à rejeição de todas as formas de sexualidade que não
estejam orientadas para a procriação.

“Da mesma forma, os homens também abandonaram as relações naturais


com as mulheres e se inflamaram de paixão uns pelos outros. Começaram a
cometer atos indecentes, homens com homens, e receberam em si mesmos o
castigo merecido pela sua perversão”. Aqui, como já vimos, Paulo condena a
mentalidade social, os costumes de toda uma sociedade que tinha como foco a
busca pela satisfação de desejos, comumente alcançada através de relações
marcadas por alguma forma de exploração. Além disso, também temos a
presença do sexo sem a finalidade de procriação.

Nota-se também que se tratava de uma relação marcada por desejo, sem
nenhum tipo de estima, amor – “inflamaram de paixão uns pelos outros”. Paulo

41
se refere às pessoas que “Tornaram-se cheios de toda sorte de injustiça, maldade,
ganância e depravação. Estão cheios de inveja, homicídio, rivalidades, engano e
malícia. São bisbilhoteiros, caluniadores, inimigos de Deus, insolentes,
arrogantes e presunçosos; inventam maneiras de praticar o mal; desobedecem a
seus pais; são insensatos, desleais, sem amor pela família, implacáveis”
(Romanos 1:29-31).

São essas as pessoas condenáveis diante de Deus.

42
1 CORÍNTIOS 6: AS PALAVRAS MALAKOI E
ARSENOKOITAI

Nos capítulos anteriores conhecemos o contexto em que Paulo escreveu


suas epístolas e percebemos o quanto o conhecimento dessas circunstâncias é
fundamental para o pleno entendimento da mensagem.

Agora vamos trabalhar com outra questão de igual importância: o


problema das traduções.

1Coríntios 6:9-11 (Almeida Revisada e Atualizada - ARA):

“Ou não sabeis que os injustos não herdarão o reino de Deus? Não vos
enganeis: nem impuros, nem idólatras, nem adúlteros, nem efeminados, nem
sodomitas, nem ladrões, nem avarentos, nem bêbados, nem maldizentes, nem
roubadores herdarão o reino de Deus. Tais fostes alguns de vós; mas vós vos
lavastes, mas fostes santificados, mas fostes justificados em o nome do Senhor
Jesus Cristo e no Espírito do nosso Deus”.

1Coríntios 6:9-11 (Nova Almeida Atualizada):

“Ou vocês não sabem que os injustos não herdarão o Reino de Deus? Não
se enganem: nem imorais, nem idólatras, nem adúlteros, nem afeminados, nem
homossexuais, nem ladrões, nem avarentos, nem bêbados, nem maldizentes,
nem roubadores herdarão o Reino de Deus. Alguns de vocês eram assim. Mas
vocês foram lavados, foram santificados, foram justificados no nome do Senhor
Jesus Cristo e no Espírito do nosso Deus”.

1 Coríntios 6:9-11 (Nova versão Internacional - NVI):

“Vocês não sabem que os perversos não herdarão o Reino de Deus? Não se
deixem enganar: nem imorais, nem idólatras, nem adúlteros, nem homossexuais
passivos ou ativos, nem ladrões, nem avarentos, nem alcoólatras, nem
caluniadores, nem trapaceiros herdarão o Reino de Deus. Assim foram alguns

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de vocês. Mas vocês foram lavados, foram santificados, foram justificados no
nome do Senhor Jesus Cristo e no Espírito de nosso Deus”.

Comparando os versículos e fazendo a correspondência direta entre os


termos que designam aqueles que não herdarão o reino de Deus, o que se pode
notar logo num primeiro momento? Nota-se que o único termo que não há
consenso entre as diferentes traduções é a palavra que tradicionalmente faz
menção à homossexualidade. Nas três passagens vemos a presença dos imorais,
idólatras, adúlteros, ladrões e avarentos. Já os bêbados, os maldizentes e os
roubadores encontram sinônimos diretos, variações que não lhes altera o
significado: alcoólatras, caluniadores e trapaceiros.

Mas por que existe essa dificuldade de tradução nesse trecho específico?
Que palavras Paulo usou no original?

No original, o apóstolo usa as palavras gregas malakoi e arsenokoitai.


Malakoi é um adjetivo que significa fino, macio ou mole, e ocorre mais duas vezes
nas Escrituras (em Marcos 11:8 e Lucas 7:25) para descrever, em ambos os casos,
as vestes de quem frequenta palácios.

“Ou, o que foram ver? Um homem vestido de roupas finas? Ora, os que
vestem roupas esplêndidas e se entregam ao luxo estão nos palácios” (Lucas 7:25)
– Nova Versão Internacional (NVI).

O termo arsenokoitai originalmente não existia no grego, foi um


neologismo empregado por Paulo, algo comum nos escritos do apóstolo. A
palavra arsenokoitês (forma do singular) é um substantivo composto dos radicais
arsen (“macho”) e koitês (“aquele que se deita”).

Assim, seguindo uma lógica simplista e ignorando o contexto da sociedade


para qual Paulo escrevia, as traduções bíblicas foram variando o termo
empregado, mas mantiveram o sentido distorcido, ocultando os reais alvos das
acusações: os que se prostituíam, os praticantes da pederastia já vistos por nós.

“Lutero parece ter compreendido a expressão arsenokoitai nesse contexto,


razão pela qual a traduziu para o alemão como “Knabenschaender”, “aqueles

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que abusam de crianças”, afirma Milton L. Torres, estudioso e professor nas
áreas da Linguística, Teologia e Arqueologia.

Em 1966, a Today’s English Version contraiu arsenokoitai e malakoi em


uma única expressão: “homossexuais pervertidos”, decisão que foi seguida pela
New English Bible, de 1970. Em 1973, a Nova Versão Internacional propôs
“homossexuais”, para 1 Co 6:9, e “pervertidos”, para 1 Ti 1:9-10. A New Standard
American Bible simplesmente optou por “homossexuais” em ambos os casos. A
partir de 2005, a Sociedade Bíblica de Portugal também optou pela tradução
“homossexuais”.

Fica nítido a despreocupação com o estudo das sociedades envolvidas e,


mais nítido ainda, o preconceito presente nessas traduções.

O próprio uso de dois termos diferentes – malakoi e arsenokoitai - ajuda


a corroborar a ideia de que Paulo estava mais uma vez condenando a prática
sexual baseada em exploração. A pederastia, como vimos, possuía uma rígida
regra hierárquica na qual obrigatoriamente o homem mais velho deveria ser o
ativo, sendo inadmissível o contrário. Assim, ao utilizar os dois termos, Paulo
deixa claro que nenhuma das formas, seja o homem mais velho o ativo ou o
passivo, é admitida.

Como se não bastassem as práticas sexuais por motivações de desejo e


poder, eram comuns atos sexuais no contexto de alguns cultos da época, em que
jovens de ambos os sexos eram consagrados por meio de ritos sexuais, o que
colocaria o tema no contexto da idolatria, como é mencionado em Romanos.

As cidades de Corinto e Éfeso, onde Timóteo vivia, eram reconhecidos


centros das religiões de fertilidade. Em Corinto, adorava-se Afrodite (ou Vênus);
em Éfeso, Artemisa. Na época de apogeu do culto, os sacerdotes de Artemisa
eram castrados e vestidos com roupas femininas.

A conduta sexual da sociedade romana era motivo de preocupação para


Paulo. Não por acaso ele exorta a igreja de Corínto repetidas vezes acerca desse
assunto.

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“Agora estão dizendo que há entre vocês uma imoralidade sexual tão
grande, que nem mesmo os pagãos seriam capazes de praticar. Fiquei sabendo
que certo homem está tendo relações com a própria madrasta! Como é que vocês
podem estar tão orgulhosos? Pelo contrário, vocês deviam ficar muito tristes e
expulsar do meio de vocês quem está fazendo uma coisa dessas”.

1Coríntios 5:1-2

“Será que vocês não sabem que o corpo de vocês faz parte do corpo de
Cristo? Será que eu vou pegar uma parte do corpo de Cristo e fazer com que ela
seja parte do corpo de uma prostituta? É claro que não! Ou será que vocês não
sabem que o homem que se une com uma prostituta se torna uma só pessoa com
ela? As Escrituras Sagradas afirmam: “Os dois se tornam uma só pessoa. ” Porém
quem se une com o Senhor se torna, espiritualmente, uma só pessoa com ele.
Fujam da imoralidade sexual! Qualquer outro pecado que alguém comete não
afeta o corpo, mas a pessoa que comete imoralidade sexual peca contra o seu
próprio corpo. Será que vocês não sabem que o corpo de vocês é o templo do
Espírito Santo, que vive em vocês e lhes foi dado por Deus? Vocês não pertencem
a vocês mesmos, mas a Deus, pois ele os comprou e pagou o preço. Portanto, usem
o seu corpo para a glória dele”.

1Coríntios 6:15-20

“Quanto aos assuntos sobre os quais vocês escreveram, é bom que o homem
não toque em mulher, mas, por causa da imoralidade, cada um deve ter sua
esposa e cada mulher o seu próprio marido”.

1 Coríntios 7:1-2

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1Timóteo 1

“Tendo em vista que não se promulga lei para quem é justo, mas para
transgressores e rebeldes, irreverentes e pecadores, ímpios e profanos, parricidas
e matricidas, homicidas, impuros, sodomitas, raptores de homens, mentirosos,
perjuros e para tudo quanto se opõe à sã doutrina”.

1Timóteo 1:9-10 (Almeida Revista e Atualizada)

“Sabendo isto: que a lei não é feita para o justo, mas para os injustos e
obstinados, para os ímpios e pecadores, para os profanos e irreligiosos, para os
parricidas e matricidas, para os homicidas, para os fornicadores, para os
sodomitas, para os roubadores de homens, para os mentirosos, para os perjuros
e para o que for contrário à sã doutrina”

1Timóteo 1:9-10 (Almeida Revista e Corrigida)

“Também sabemos que ela não é feita para os justos, mas para os
transgressores e insubordinados, para os ímpios e pecadores, para os profanos e
irreverentes, para os que matam pai e mãe, para os homicidas, para os que
praticam imoralidade sexual e os homossexuais, para os sequestradores, para os
mentirosos e os que juram falsamente; e para todo aquele que se opõe à sã
doutrina”.

1 Timóteo 1:9-10 (Nova Versão Internacional)

Fazendo a correspondência direta entre as palavras, temos, na Almeida


Revista e Atualizada, Almeida Revista e Corrigida e Nova Versão Internacional,
respectivamente:

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Almeida Revista e Almeida Revista e Nova Versão
Atualizada Corrigida Internacional
transgressores e
transgressores e rebeldes injustos e obstinados
insubordinados
irreverentes e pecadores ímpios e pecadores ímpios e pecadores
ímpios e profanos profanos e irreligiosos profanos e irreverentes
para os parricidas e
Parricidas e matricidas que matam pai e mãe
matricidas
homicidas homicidas homicidas
os que praticam imoralidade
Impuros fornicadores
sexual
Sodomitas Sodomitas homossexuais
mentirosos mentirosos mentirosos
Perjuros Perjuros juram falsamente
Tudo quanto se opõe à sã o que for contrário à sã todo aquele que se opõe à sã
doutrina doutrina doutrina.

Aqui em Timóteo temos o mesmo problema de tradução da palavra grega


“arsenokoitai”. Nas versões bíblicas mais tradicionais é utilizado o termo
“sodomita” como sinônimo mais próximo e, nas traduções mais atuais, como a
NVI e a NTLH, o termo “homossexual” aparece como sinônimo de sodomia.
Contudo, creio que tenha ficado claro o quão equivocado e injusto é chamar uma
pessoa homoafetiva de sodomita.

Ainda bem que já tratamos de todas essas questões anteriormente. Então,


aqui, sabemos que Paulo está novamente orientando o povo quanto a uma das
práticas mais comuns da sociedade romana: o uso do sexo como moeda de troca,
como forma de opressão sexual, como meio de exclusiva satisfação de desejos,
como ritual religioso em templos pagãos e/ou como parte da educação de jovens
romanos.

Então é certo usar a palavra “homossexual” como sinônimo disso tudo?


Não seriam todas essas práticas, e aquelas presentes em Sodoma, passíveis
também de pessoas heterossexuais?

O estupro coletivo, o orgulho, a xenofobia de Sodoma e Gomorra, o uso de


pessoas como objeto sexual, a busca por satisfações carnais, os abusos sexuais
de menores não são praticados por heterossexuais?

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A relação heterossexual na bíblia era tão contaminada quanto a
homossexual. Porque não se trata do gênero envolvido na relação, mas sim das
intenções e das formas que essas relações aconteciam.

A mulher era apenas objeto e só tinha valor se fosse capaz de gerar filhos.
O sexo não era para prazer, era apenas meio para se reproduzir. A relação sexual
entre um homem e uma mulher era também um costume, uma prática que
visava uma finalidade e que independia de sentimento.

Olhando para vários trechos das Escrituras nos deparamos com essas
verdades.

“Prestem atenção! Tenho duas filhas que ainda são virgens. Vou trazê-las
aqui fora para vocês. Façam com elas o que quiserem. Porém não façam nada
com esses homens, pois são meus hóspedes, e eu tenho o dever de protegê-los”
(Gênesis 19:8).

“Um dia, a filha mais velha disse à mais jovem: “Nosso pai já está velho,
e não há homens nas redondezas que nos possuam, segundo o costume de toda a
terra. Vamos dar vinho a nosso pai e então nos deitaremos com ele para preservar
a sua linhagem” (Gênesis 19:31-3).

“Segundo o costume de toda a terra”.

“Ora, Sarai, mulher de Abrão, não lhe dera nenhum filho. Como tinha
uma serva egípcia, chamada Hagar, disse a Abrão: “Já que o Senhor me impediu
de ter filhos, possua a minha serva; talvez eu possa formar família por meio dela”.
Abrão atendeu à proposta de Sarai. Ele possuiu Hagar, e ela engravidou. Quando
se viu grávida, começou a olhar com desprezo para a sua senhora” (Gênesis 16:1-
2,4).

“Mas, quando a noite chegou, deu sua filha Lia a Jacó, e Jacó deitou-se
com ela. Labão respondeu: “Aqui não é costume entregar em casamento a filha
mais nova antes da mais velha. Deixe passar esta semana de núpcias e daremos
a você também a mais nova, em troca de mais sete anos de trabalho”. Jacó
concordou. Passou aquela semana de núpcias com Lia, e Labão lhe deu sua filha
Raquel por mulher” (Gênesis 29:23,26-28).

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JUSTIFICADOS

“Portanto, agora já não há condenação para os que estão em Cristo Jesus”

Romanos 8:1

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O ESPÍRITO CONVENCE

Eu creio verdadeiramente no poder de convencimento do Espírito Santo


de Deus. Creio que ele nos revela, nos ensina. Por isso, proponho que mais um
espaço seja dado aqui para Sua ação exclusiva em nossa mente.

A primeira parte deste livro buscou revelar a verdade através da essência


dos ensinamentos de Jesus. Entretanto, tendo o homem, muitas vezes, o coração
duro e a mentalidade presa em convicções religiosas, acredito que muitos só
foram efetivamente impactados na segunda parte dos textos, na qual nos
deparamos com fatos referentes ao contexto histórico do período bíblico,
etimologia, semântica e análise textual.

Então quero dar mais uma oportunidade de sermos tocados pelo Espírito.
Porque não me é vantagem que ninguém tenha sido convencido pelas minhas
palavras. O ego ganharia, mas o Reino se revelaria fraco, pois se mostraria
influenciado pelo o que os homens dizem e insensível ao que o Espírito diz.
Amanhã outra pessoa pode aparecer, apresentar outro texto, sobre qualquer
assunto, e levar muitos a acreditarem em inverdades. O Reino sendo levado de
um lado para o outro (alguém consegue contar quantas doutrinas religiosas já
existiram e existem professando coisas incompatíveis entre si?).

Mas se o conhecimento aqui revelado for ratificado e consolidado por uma


revelação espiritual, aí sim, aí teremos a segurança de que estamos no caminho
certo.

Além de ouvirmos o que o Espírito tem a dizer a nós, cristãos, os textos


que se seguirão mostrarão àqueles que ainda não conhecem Jesus quem eles são
perante o Pai, como são amados e como são vistos por Deus.

Vamos, Jesus está à porta e bate.

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O QUE JESUS DIZ SOBRE QUEM O ACEITA

Agora esqueça tudo o que você pensa sobre a pessoa que senta ao seu lado
na igreja. Apenas olhe para ela e se pergunte: “o que Jesus diz sobre ela? ”.

O que importa é o que Jesus pensa, e sua Palavra diz:

“Se você confessar com a sua boca que Jesus é Senhor e crer em seu coração
que Deus o ressuscitou dentre os mortos, será salvo” - Romanos 10:9

Diz que ela será salva.

“Como diz a Escritura: Todo o que nele confia jamais será envergonhado.
Não há diferença entre judeus e gentios, pois o mesmo Senhor é Senhor de todos
e abençoa ricamente todos os que o invocam, porque todo aquele que invocar o
nome do Senhor será salvo”. - Romanos 10:11-13

Diz que se a pessoa ao teu lado confia em Jesus e invoca Teu nome, o Pai
não fará distinção entre você e ela.

“Tendo sido, pois, justificados pela fé, temos paz com Deus, por nosso
Senhor Jesus Cristo, por meio de quem obtivemos acesso pela fé a esta graça na
qual agora estamos firmes; e nos gloriamos na esperança da glória de Deus”.
Romanos 5:1-2

Se a pessoa ao teu lado tem Jesus, ela é justificada, ela tem paz com Deus.

“Não! Judeu é quem o é interiormente, e circuncisão é a operada no


coração, pelo Espírito, e não pela Lei escrita. Para estes o louvor não provém dos
homens, mas de Deus. Não é judeu quem o é apenas exteriormente, nem é
circuncisão a que é meramente exterior e física”. - Romanos 2:28-29

Assim, se a pessoa vive Cristo dentro do seu coração, não importa se ela
tem ou não as mesmas características que você tem, nem se ela segue o mesmo
padrão humano que você.

Porque Jesus olha para o interior:

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“E aquele que sonda os corações conhece a intenção do Espírito, porque o
Espírito intercede pelos santos de acordo com a vontade de Deus”. - Romanos 8:27

Como olhar para a pessoa ao lado e afirmar algo se só Deus conhece o


coração?

No fim, somos todos indignos:

“Como está escrito: “Não há nenhum justo, nem um sequer; não há


ninguém que entenda, ninguém que busque a Deus. Todos se desviaram,
tornaram-se juntamente inúteis; não há ninguém que faça o bem, não há nem um
sequer. Pois todos pecaram e estão destituídos da glória de Deus, sendo
justificados gratuitamente por sua graça, por meio da redenção que há em Cristo
Jesus. Deus o ofereceu como sacrifício para propiciação mediante a fé, pelo seu
sangue, demonstrando a sua justiça. Em sua tolerância, havia deixado impunes
os pecados anteriormente cometidos; mas, no presente, demonstrou a sua justiça,
a fim de ser justo e justificador daquele que tem fé em Jesus”. - Romanos 3:10-
12,23-26

Somos todos justificados por meio de Jesus e seu gesto de dar Sua própria
vida por amor a nós:

“Mas Deus demonstra seu amor por nós: Cristo morreu em nosso favor
quando ainda éramos pecadores. Como agora fomos justificados por seu sangue,
muito mais ainda, por meio dele, seremos salvos da ira de Deus! Se quando
éramos inimigos de Deus fomos reconciliados com ele mediante a morte de seu
Filho, quanto mais agora, tendo sido reconciliados, seremos salvos por sua vida!”
Romanos 5:8-10

Precisamos de uma vez por todas entender que não se trata do que
fazemos ou do que o outro faz, mas sim do que Jesus fez:

“Consequentemente, assim como uma só transgressão resultou na


condenação de todos os homens, assim também um só ato de justiça resultou na
justificação que traz vida a todos os homens. Logo, assim como por meio da
desobediência de um só homem muitos foram feitos pecadores, assim também por

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meio da obediência de um único homem muitos serão feitos justos”. Romanos
5:18-19

Mas se mesmo assim você insistir em lançar afirmações em direção à


pessoa que está ao seu lado:

“Sabemos que Deus age em todas as coisas para o bem daqueles que o
amam, dos que foram chamados de acordo com o seu propósito. Aquele que não
poupou seu próprio Filho, mas o entregou por todos nós, como não nos dará com
ele, e de graça, todas as coisas? Quem fará alguma acusação contra os escolhidos
de Deus? É Deus quem os justifica. Quem os condenará? Foi Cristo Jesus que
morreu; e mais, que ressuscitou e está à direita de Deus, e também intercede por
nós. Romanos 8:28,32-34

Quem fará acusações?

Quem irá escolher permanecer com o que sempre “ouviu dizer” ao invés
de se abrir para a verdade?

“Essas regras têm, de fato, aparência de sabedoria, com sua pretensa


religiosidade, falsa humildade e severidade com o corpo, mas não têm valor
algum para refrear os impulsos da carne. Já que vocês morreram com Cristo para
os princípios elementares deste mundo, por que, como se ainda pertencessem a
ele, vocês se submetem a regras: “Não manuseie! ”, “Não prove! ”, “Não toque! ”?
Todas essas coisas estão destinadas a perecer pelo uso, pois se baseiam em
mandamentos e ensinos humanos”. Colossenses 2:20-23

A pessoa ao teu lado é diferente de você? Muito diferente? Você a olha e


pensa que jamais seria como ela? Tudo bem, porque Deus não chamou vocês para
um mesmo propósito, Ele a chamou para um propósito único, e ela possui o
direito, em Cristo Jesus, de se achegar a Ele e dizer “Pai”:

''O próprio Espírito testemunha ao nosso espírito que somos filhos de Deus.
Pois vocês não receberam um espírito que os escravize para novamente temerem,
mas receberam o Espírito que os torna filhos por adoção, por meio do qual
clamamos: “Aba, Pai”. Romanos 8:15-16

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''Sabemos que Deus age em todas as coisas para o bem daqueles que o
amam, dos que foram chamados de acordo com o seu propósito. Que diremos,
pois, diante dessas coisas? Se Deus é por nós, quem será contra nós? Aquele que
não poupou seu próprio Filho, mas o entregou por todos nós, como não nos dará
com ele, e de graça, todas as coisas? Romanos 8:28,31-32

Assim sendo, vamos continuar apegados ao que pensamos e ignorando o


que o Espírito nos diz? Vamos ousar afirmar qualquer coisa a respeito de outras
pessoas?

Se a pessoa ao meu lado, seja ela quem for ou como for, aceitou Jesus em
sua vida e O confessa em verdade e em Espírito, quem sou eu para afirmar o
contrário de tudo isso que vimos aqui?

“Pois estou convencido de que nem morte nem vida, nem anjos nem
demônios, nem o presente nem o futuro, nem quaisquer poderes, nem altura nem
profundidade, nem qualquer outra coisa na criação será capaz de nos separar do
amor de Deus que está em Cristo Jesus, nosso Senhor. Romanos 8:38-39

O nosso Deus age de formas misteriosas, escolhe os improváveis...

“E Isaías diz ousadamente: “Fui achado por aqueles que não me


procuravam; revelei-me àqueles que não perguntavam por mim”. Romanos 10:20

Assim, temos apenas que promover o encontro entre as pessoas e o amor


de Cristo Jesus. Temos que nos esvaziar completamente de quem somos, temos
que nos livrar de tudo aquilo que possa constituir um obstáculo no caminho entre
as pessoas e esse Amor.

Afinal, o que vale mais: nossas convicções morais ou uma vida para Jesus?

Veja o exemplo de Paulo:

“Porque, embora seja livre de todos, fiz-me escravo de todos, para ganhar
o maior número possível de pessoas. Tornei-me judeu para os judeus, a fim de
ganhar os judeus. Para os que estão debaixo da Lei, tornei-me como se estivesse
sujeito à Lei (embora eu mesmo não esteja debaixo da Lei), a fim de ganhar os

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que estão debaixo da Lei. Para os que estão sem lei, tornei-me como sem lei
(embora não esteja livre da lei de Deus, e sim sob a lei de Cristo), a fim de ganhar
os que não têm a Lei. Para com os fracos tornei-me fraco, para ganhar os fracos.
Tornei-me tudo para com todos, para de alguma forma salvar alguns. Faço tudo
isso por causa do evangelho, para ser coparticipante dele. 1 Coríntios 9:19-23

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SABEDORIA VERSUS CONVICÇÕES PESSOAIS:
ROMANOS 14

“Aceitem o que é fraco na fé sem discutir assuntos controvertidos. Um crê


que pode comer de tudo; já outro, cuja fé é fraca, come apenas alimentos vegetais.
Aquele que come de tudo não deve desprezar o que não come, e aquele que não
come de tudo não deve condenar aquele que come, pois Deus o aceitou. Quem é
você para julgar o servo alheio? É para o seu senhor que ele está em pé ou cai. E
ficará em pé, pois o Senhor é capaz de o sustentar. Há quem considere um dia
mais sagrado que outro; há quem considere iguais todos os dias. Cada um deve
estar plenamente convicto em sua própria mente. Aquele que considera um dia
especial para o Senhor assim o faz. Aquele que come carne para o Senhor come,
pois dá graças a Deus; e aquele que se abstém para o Senhor se abstém, e dá
graças a Deus. Pois nenhum de nós vive apenas para si, e nenhum de nós morre
apenas para si. Se vivemos, vivemos para o Senhor; e, se morremos, morremos
para o Senhor. Assim, quer vivamos, quer morramos, pertencemos ao Senhor.
Por esta razão Cristo morreu e voltou a viver, para ser Senhor de vivos e de
mortos. Portanto, você, por que julga seu irmão? E por que despreza seu irmão?
Pois todos compareceremos diante do tribunal de Deus. Porque está escrito:
“ ‘Por mim mesmo jurei’, diz o Senhor, ‘diante de mim todo joelho se dobrará e
toda língua confessará que sou Deus’ ”. Assim, cada um de nós prestará contas
de si mesmo a Deus. Portanto, deixemos de julgar uns aos outros. Em vez disso,
façamos o propósito de não pôr pedra de tropeço ou obstáculo no caminho do
irmão. Como alguém que está no Senhor Jesus, tenho plena convicção de que
nenhum alimento é por si mesmo impuro, a não ser para quem assim o considere;
para ele é impuro. Se o seu irmão se entristece devido ao que você come, você já
não está agindo por amor. Por causa da sua comida, não destrua seu irmão, por
quem Cristo morreu. Aquilo que é bom para vocês não se torne objeto de
maledicência. Pois o Reino de Deus não é comida nem bebida, mas justiça, paz e
alegria no Espírito Santo; aquele que assim serve a Cristo é agradável a Deus e
aprovado pelos homens. Por isso, esforcemo-nos em promover tudo quanto

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conduz à paz e à edificação mútua. Não destrua a obra de Deus por causa da
comida. Todo alimento é puro, mas é errado comer qualquer coisa que faça os
outros tropeçarem. É melhor não comer carne nem beber vinho, nem fazer
qualquer outra coisa que leve seu irmão a cair. Assim, seja qual for o seu modo
de crer a respeito destas coisas, que isso permaneça entre você e Deus. Feliz é o
homem que não se condena naquilo que aprova. Mas aquele que tem dúvida é
condenado se comer, porque não come com fé; e tudo o que não provém da fé é
pecado”. Romanos 14:1-23

“Portanto, aceitem-se uns aos outros, da mesma forma com que Cristo os
aceitou, a fim de que vocês glorifiquem a Deus. ”

Romanos 15:7

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O PORQUÊ DE JESUS ACEITAR MORRER POR
MIM E POR VOCÊ: JOÃO 17

“Depois de dizer isso, Jesus olhou para o céu e orou: “Pai, chegou a hora.
Glorifica o teu Filho, para que o teu Filho te glorifique. Pois lhe deste autoridade
sobre toda a humanidade, para que conceda a vida eterna a todos os que lhe
deste. Esta é a vida eterna: que te conheçam, o único Deus verdadeiro, e a Jesus
Cristo, a quem enviaste. Eu te glorifiquei na terra, completando a obra que me
deste para fazer. E agora, Pai, glorifica-me junto a ti, com a glória que eu tinha
contigo antes que o mundo existisse. “Eu revelei teu nome àqueles que do mundo
me deste. Eles eram teus; tu os deste a mim, e eles têm obedecido à tua palavra.
Agora eles sabem que tudo o que me deste vem de ti. Pois eu lhes transmiti as
palavras que me deste, e eles as aceitaram. Eles reconheceram de fato que vim
de ti e creram que me enviaste. Eu rogo por eles. Não estou rogando pelo mundo,
mas por aqueles que me deste, pois são teus. Tudo o que tenho é teu, e tudo o
que tens é meu. E eu tenho sido glorificado por meio deles. Não ficarei mais no
mundo, mas eles ainda estão no mundo, e eu vou para ti. Pai santo, protege-os
em teu nome, o nome que me deste, para que sejam um, assim como somos um.
Enquanto estava com eles, eu os protegi e os guardei no nome que me deste.
Nenhum deles se perdeu, a não ser aquele que estava destinado à perdição, para
que se cumprisse a Escritura. “Agora vou para ti, mas digo estas coisas enquanto
ainda estou no mundo, para que eles tenham a plenitude da minha alegria. Dei-
lhes a tua palavra, e o mundo os odiou, pois eles não são do mundo, como eu
também não sou. Não rogo que os tires do mundo, mas que os protejas do
Maligno. Eles não são do mundo, como eu também não sou. Santifica-os na
verdade; a tua palavra é a verdade. Assim como me enviaste ao mundo, eu os
enviei ao mundo. Em favor deles eu me santifico, para que também eles sejam
santificados pela verdade. “Minha oração não é apenas por eles. Rogo também
por aqueles que crerão em mim, por meio da mensagem deles, para que todos
sejam um, Pai, como tu estás em mim e eu em ti. Que eles também estejam em

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nós, para que o mundo creia que tu me enviaste. Dei-lhes a glória que me deste,
para que eles sejam um, assim como nós somos um: eu neles e tu em mim. Que
eles sejam levados à plena unidade, para que o mundo saiba que tu me enviaste,
e os amaste como igualmente me amaste. “Pai, quero que os que me deste
estejam comigo onde eu estou e vejam a minha glória, a glória que me deste
porque me amaste antes da criação do mundo. “Pai justo, embora o mundo não
te conheça, eu te conheço, e estes sabem que me enviaste. Eu os fiz conhecer o
teu nome e continuarei a fazê-lo, a fim de que o amor que tens por mim esteja
neles, e eu neles esteja”.

João 17:1-26

60
BIBLIOGRAFIA
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por Paulo Purim. — São Paulo: Mundo Cristão, 2005.

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CHOURAQUI, ANDRÉ. A vida quotidiana dos hebreus no tempo da Bíblia.


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