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Projeto Pessoal de Leitura - sinopses

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A mulher que prendeu a chuva e outras histórias, Teolinda Gersão

O fio condutor desta coletânea de catorze contos breves, distinguida com o


Prémio Máxima de Literatura e com o Prémio Fundação Inês de Castro, é o
poder transformador das histórias, vividas, narradas ou sonhadas, sendo por
vezes esbatidas as fronteiras entre estas categorias. Por exemplo, logo no
primeiro conto, “Cavalos noturnos”, a morte do homem amado rompe o espaço
e o tempo, deixando a narradora mergulhada num pesadelo em que as palavras
já não fazem sentido, mas continuam a ser procuradas […]. É através do poder
evocativo das palavras que uma aldeia africana é transportada para o interior
de um hotel lisboeta, no conto que dá título ao livro. É com uma ligeira
distorção da realidade que uma criança lida com um trauma, em “A ponte na
Califórnia”. É com ilusões, para si próprio e para os outros, que um idoso
procura dar sentido ao tempo que lhe resta de vida, em “As tardes de um viúvo
aposentado”.

Longa pétala de mar, Isabel Allende

Espanha, final da década de 1930. A vitória iminente das tropas franquistas na


Guerra Civil obriga milhares de pessoas a abandonar o país, numa perigosa
viagem através dos Pirenéus. Entre eles, Roser Bruguera, uma jovem viúva, e
Víctor Dalmau, médico e irmão do falecido marido de Roser.

Em França, conseguem embarcar no Winnipeg, um navio fretado pelo poeta


Pablo Neruda que transportou mais de 2 mil espanhóis até ao Chile – essa
“longa pétala de mar, de vinho e de neve” –, onde são recebidos como heróis.

Víctor e Roser integram-se com sucesso na vida social do país de acolhimento,


durante várias décadas, até ao golpe de Estado que derruba Salvador Allende,
parceiro de xadrez de Víctor Dalmau. Os dois amigos de toda uma vida são de
novo forçados ao exílio, mas, como diz a autora, “se vivermos o suficiente, todos
os círculos se fecharão”.

O Ano da Morte de Ricardo Reis, José Saramago

Um tempo múltiplo. Labiríntico. As histórias das sociedades humanas. Ricardo


Reis chega a Lisboa em finais de dezembro de 1935. Fica até setembro de 1936.
Uma personagem vinda de uma outra ficção, a da heteronímia de Fernando
Pessoa. E um movimento inverso, logo a começar: “Aqui onde o mar se acaba e a
terra principia”; o virar ao contrário o verso de Camões: “Onde a terra acaba e o
mar começa.” Em Camões, o movimento é da terra para o mar; no livro de
Saramago temos Ricardo Reis a regressar a Portugal por mar. É substituído o
movimento épico da partida. Mais uma vez, a história na escrita de Saramago. E
as relações entre a vida e a morte. Ricardo Reis chega a Lisboa em finais de
dezembro e Fernando Pessoa morreu a 30 de novembro. Ricardo Reis visita-o ao
cemitério. Um tempo complexo. O fascismo consolida-se em Portugal.
Poemas completos, Herberto Helder

Poemas Completos é o novo título para o livro que passa a reunir a


poesia de Herberto Helder. Esta obra segue a fixação empregue na edição
anterior, Ofício Cantante, e inclui já os esgotados Servidões – considerado por
grande parte da crítica especializada como o livro do ano em 2013 – e A Morte
sem Mestre.

Almoço de Domingo, José Luís Peixoto

Um romance, uma biografia, uma leitura de Portugal e das várias gerações


portuguesas entre 1931 e 2021. Tudo olhado a partir de uma geografia e de uma
família.
Com este novo romance de José Luís Peixoto acompanhamos, entre 1931 e
2021, a biografia de um homem famoso que o leitor há de identificar — em paralelo
com história do país durante esses anos. No Alentejo da raia, o contrabando é a
resistência perante a pobreza, tal como é a metáfora das múltiplas e imprecisas
fronteiras que rodeiam a existência e a literatura. Através dessa entrada, chega-se
muito longe, sem nunca esquecer as origens. Num percurso de várias gerações,
tocado pela Guerra Civil de Espanha, pelo 25 de Abril, por figuras como Marcelo
Caetano ou Mário Soares e Felipe González, este é também um romance sobre a
idade, sobre a vida contra a morte, sobre o amor profundo e ancestral de uma
família reunida, em torno do patriarca, no seu almoço de domingo.

Contra mim, Valter Hugo Mãe

“Estamos sempre à procura das nossas grandes crianças. Essas que


começámos por ser e que se tornam paulatinamente inacessíveis, como irreais
e até proibidas. Crianças que caducaram, partiram, tantas por ofensa, tantas
apenas por esquecimento.

Na vida de alguns escritores tudo parece conspirar para a inevitabilidade da


escrita. Cada detalhe, por mais errático ou disfarçado de desimportante, já é a
construção do fascínio pelo texto, algo que se confunde com a sobrevivência,
com toda a dificuldade e alegria.

Valter Hugo Mãe, num "ano introspetivo", como diz, regressa com a história
da sua própria infância e a magia profunda de crescer fazendo das palavras
alimento, companhia, lugar, espera ou bocados de Deus.

Este livro é uma criança às páginas. Um escritor em menino.

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