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COLETA SELETIVA EM
ESTABELECIMENTO DE SAÚDE COMO
FERRAMENTA DE TECNOLOGIA
LIMPA
Kelly cristina Dantas dos Santos (UFRN)
dantaskelly@rn.gov.br
Manoel Alexandre D. limeira Neto (UFRN)
limeiradiniz@rn.gov.br
Carlos Henrique Catunda Pinto (UFRN)
chcp@rn.gov.br
Regina Coeli D. de Oliveira Silva (UFRN)
coeli@oi.com.br
Ana Karina Guedes (UFRN)
karinapep@yahoo.com.br
RESUMO
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XXVIII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO
A integração de cadeias produtivas com a abordagem da manufatura sustentável.
Rio de Janeiro, RJ, Brasil, 13 a 16 de outubro de 2008
1. INTRODUÇÂO
O lixo pode ser definido como todo e qualquer resíduo que resulte das atividades diárias do
homem e sociedade (LIMA, 2004). Vários destinos podem ser dados à sua disposição final,
todavia, o pior deles é o “lixão”, definido como o local no qual se deposita o lixo, sem projeto
ou cuidado com a saúde pública e o meio ambiente, sem tratamento e sem qualquer critério de
engenharia (BRAGA et al., 2002). Essa prática é a mais prejudicial ao homem e ao meio
ambiente.
Uma das preocupações deste século é com o manejo e a destinação final dos Resíduos Sólidos
Urbanos (RSU), onde dependendo da forma como forem dispostos, podem ocasionar diversos
problemas, sejam de ordem ambiental ou social, podendo gerar a perda da qualidade de vida e
doenças à população, de forma direta ou indireta.
A geração e adoção de tecnologias que sejam baseadas na compatibilidade com o meio
ambiente e que atendam à demanda nos diversos setores, permite que os processos sejam eles
industriais ou não, se tornem cada vez mais eficientes, econômicos e ambientalmente corretos.
Contudo, nem sempre as tecnologias mais limpas conseguem atingir 100% de seu objetivo,
que é o impacto ambiental zero, mas elas sempre serão menos agressiva do que a tecnologia
existente, fazendo com que os sistemas de produção sejam mais compatíveis com o meio
ambiente e possibilitando que o desenvolvimento sustentável ocorra dentro de um modelo
sustentável.
Segundo Young (1998), a grande vantagem das tecnologias “limpas” está na possibilidade de
reverter um custo em benefício, ou seja, o que seria antes tratado como um problema (gastos
adicionais para evitar emissões ou para pagar compensações, caso a redução de emissões não
seja técnica ou economicamente viável, passa a ser uma vantagem (ganhos de rendimento ou
produtividade). As circunstâncias que levam à adoção das tecnologias limpas e otimização de
processos estão normalmente associadas a indústrias de processo contínuo, onde a redução de
efluentes pode representar uma economia considerável de custos (menor desperdício = maior
lucro).
Não tão diferente dos resíduos sólidos urbanos, os RSS (Resíduos Sólidos de Serviços de
Saúde), também são dispostos no solo em lixões ou dentro da área externa dos limites do
estabelecimento de saúde.
Atualmente, existem várias formas de destinação final dos RSS, são elas: lixões; aterro
sanitário; aterro controlado, tratamentos térmicos (incineração, autoclave) e reciclagem.
Entretanto, em nosso país, a mais utilizada é a destinação em lixões (figura 1).
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Os resíduos hospitalares, apesar de representarem apenas 1% desse total, tem sido bastante
discutido por diversos autores, e ainda há controvérsias sobre as reais dimensões de sua
periculosidade e das formas de tratamento que deve receber.
Estudos realizados pela OPAS/OMS, relatam que a média de resíduos produzidos por
unidades de saúde na América Latina varia de 1,0 kg à 4,5 kg/leito/dia, dependendo da
complexidade e freqüência dos serviços, da tecnologia utilizada e da eficiência dos
responsáveis pelos serviços.
Mattos Silva e Carrilho (1998), concluem em seus estudos que apenas 10% do lixo hospitalar
é infectante, enquanto outros autores (FNS; Santos ; Castilho e Soares ; Ferreira), consideram
até 30%. O restante é considerado como lixo "comum", semelhante aos resíduos domésticos,
dos quais, segundo Mattos, Silva e Carrilho (1998), cerca de 20% poderiam ser recicláveis.
Há algum tempo atrás, bem como atualmente, os resíduos de serviços de saúde eram
denominados de “Resíduos Hospitalares”, por fazer referência explicitamente aos resíduos
gerados por aquele tipo de estabelecimento. Verificou-se, contudo, que outros tipos de
estabelecimentos também geravam resíduos com características similares aos gerados em
hospitais, estes últimos eram em sua maioria os estabelecimentos prestadores de serviços de
saúde, seja humana ou animal – criou-se então a denominação aceita no meio técnico e
cientifico de Resíduos de Serviços de Saúde (RSS).
Assim, além dos hospitais, outros estabelecimentos tais como: farmácias e drogarias;
laboratórios de análises clínicas, de patologia clínica, de hematologia clínica, de anatomia
patológica, de citologia e congêneres; consultórios médicos e odontológicos; clínicas e
hospitais veterinários; bancos de sangue e congêneres, também geram RSS. Vale salientar que
nos domicílios também pode haver produção de resíduos considerados de risco, como as
agulhas e seringas utilizadas por diabéticos que se auto aplicam diariamente doses de insulina,
porém, considerando a quantidade gerada, não há lógica em nos preocuparmos com esses
pormenores, que pode até inviabilizar quais quer proposta racional para o gerenciamento de
resíduos cuja característica o torna um pouco diferente do resíduo comum.
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NBR 12808, e pelo Conselho Nacional do Meio Ambiente – CONAMA (1993), na Resolução
Nº 5, de 5 de agosto de 1993 .
Há diferentes legislações que classifica de forma diferenciada os resíduos sólidos de saúde.
Temos Resolução CONAMA nº 5/93 do Ministério do Meio Ambiente, as normas da ABNT.
A RDC nº 33 entrou em vigor em 15.07.2004, sendo esta a legislação que os geradores de
“RSS” estarão buscando se adequar.
Os Resíduos Sólidos de Saúde, quanto aos riscos potenciais poluidores do meio ambientes e
prejudiciais a saúde pública são agrupados em classes com termos técnicos e essa definição
está conforme a RDC nº 33, a saber:
− Grupo A – Potencialmente Infectantes (A 1 , A 2 , A 3, A 4, A 5, A 6 e A 7) ;
− Grupo B – Químicos (B 1, B 2, B 3, B 4, B 5, B 6, B 7 e B 8);
− Grupo C – Rejeitos radioativos;
− Grupo D – Resíduos comuns;
− Grupo E – Perfuro cortantes.
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Entretanto, em todos os grupos de resíduos gerados, cada um tem o órgão responsável pelo
seu gerenciamento adequado. Na tabela a seguir, observamos os responsáveis pelo
gerenciamento das diferentes classes de resíduos:
Fonte: Leite et al. (2002).
Tabela 1 - . Responsabilidade pelo gerenciamento de cada tipo de resíduo
Diante da panorâmica do destino final dos RSS, começaram então a ser discutidos e
analisados em todo o Brasil os melhores métodos para o tratamento deste tipo de resíduo,
dentre os quais: a) térmicos (microondas, autoclave, incineração, plasma térmico); b)
químicos (tratamento com cloro, derivados de cloro); c) radioativos (tratamento com
ultravioleta, cobalto 60 e infravermelho); e d) mecânicos (disposição em valas sépticas).
Todas essas técnicas têm vantagens e desvantagens, se confrontados seus custos com a
eficiência do tratamento. Na cidade do Natal-RN, em 2002, foi promulgada a Lei n° 187/02
(Lei Hermano Morais) que segundo Barbosa (2003), quanto à classificação e tratamento do
lixo hospitalar no Município de Natal-RN, reproduziu a Resolução CONAMA e assim como
em outros Municípios, como Recife-PE, optou-se pela incineração, método de eliminação
estabelecido na Lei Orgânica de Limpeza Pública e Código do Meio Ambiente do Município.
A Resolução CONAMA nº 358/2005, que dispõe sobre o tratamento e disposição final dos
resíduos de serviços de saúde, determina que os resíduos do grupo A ( A1, A2 e A3) devem
ser submetidos a processo de tratamento em equipamento que promova a redução de carga
microbiana compatível com o nível III de inativação e em seguida encaminhados para aterros
sanitários licenciados, cemitérios, incineração ou cremação ou local devidamente licenciado
para disposição final de resíduos dos serviços de saúde (art. 15, 16 e 17). Os resíduos do
grupo A4 podem ser encaminhados sem tratamento prévio para local devidamente licenciado
Tipos de Lixo Responsável
Domiciliar Prefeitura
Comercial Prefeitura
De serviços Prefeitura
Industrial Gerador (Indústrias)
Serviços de saúde Gerador (Hospitais, etc.)
Portos, aeroportos e terminais ferroviários e Gerador (Portos, etc.)
rodoviários
Agrícola Gerador (Agricultor)
Entulho Gerador
Radioativo CNEN (Comissão Nacional de Energia
Nuclear)
para a deposição final de resíduos de serviços de saúde (art. 18). Já os resíduos do grupo A5
devem ser submetidos a tratamento específico orientado pela Agência Nacional de Vigilância
Sanitária- ANVISA. O Art. 20 da referida resolução, rege que os resíduos do grupo A não
podem ser reciclados, reutilizados ou reaproveitados, inclusive para alimentação animal. Os
resíduos pertencentes ao grupo B, com características de periculosidade, quando não forem
submetidos a processo de reutilização, recuperação ou reciclagem, devem ser submetidos a
tratamento e disposição final específicos, quando no estado sólido, devem ser dispostos em
aterro de resíduos perigosos - Classe I; quando no estado líquido não devem ser
encaminhados para disposição final em aterros (Art. 21). Os resíduos ainda do Grupo B, sem
características de periculosidade, não necessitam de tratamento prévio, quando no estado
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sólido, podem ter disposição final em aterro licenciado e no estado líquido, podem ser
lançados em corpo receptor ou na rede pública de esgoto, desde que atendam respectivamente
as diretrizes estabelecias pelos órgãos ambientais, gestores de recursos hídricos e de
saneamento competentes.
4.Metodologia
Assim sendo, como objetivo desse trabalho é apresentar a experiência do Hospital Público
Monsenhor Walfredo Gurgel na questão da Gestão Ambiental de RSS com a segregação
criteriosa desses resíduos na fonte, considerando a coleta seletiva para reciclagem como uma
das alternativas para a redução do volume a ser destinado à incineração e lançado ao solo.
Para a realização do trabalho, foi realizada visita ao referido estabelecimento de saúde, com
obtenção de dados, levantamento fotográfico e entrevista com funcionários. Para a
implantação da coleta seletiva dentro do próprio estabelecimento de saúde, foi necessário
inicialmente a elaboração e implantação do PGRSS – Plano de Gestão dos Resíduos de
Serviços de Saúde; realização de trabalho de educação ambiental com a comunidade
diretamente inserida no plano (profissionais da saúde, pessoal do setor administrativo, pessoal
da higienização, pacientes e visitantes); separação (segregação) dos resíduos por classe,
conforme norma ABNT NBR - 10.004; acondicionamento adequado; melhoria das instalações
(acondicionamento dos coletores internos e externos); transporte interno (figura 2) e externo,
e por fim monitoramento e avaliação do PGRSS.
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5. Resultados
Antes da implantação do PGRSS, implantado em abril de 2004, o Hospital Walfredo Gurgel
produzia em média 41 ton/mês de resíduo infectante, atualmente, com a coleta seletiva no
próprio hospital (figuras 3 e 4), produz 22 ton/mês de resíduo infectante que são
encaminhados à empresa de incineração, tendo uma redução de quase 50% .
Com o lucro da coleta seletiva, o hospital adquiriu equipamentos que são utilizados para a
melhoria da gestão dos resíduos e na capacitação dos funcionários na área ambiental, servindo
ainda de referência para outros estabelecimentos de saúde.
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4.Conclusão
Conforme consta na resolução CONAMA nº 358/2005, Art. 14. “É obrigatória a segregação
dos resíduos na fonte e no momento da geração, de acordo com suas características, para fins
de redução do volume dos resíduos a serem tratados e dispostos, garantindo a proteção da
saúde e do meio ambiente.”
É sabido que não é todo o resíduo gerado num determinado estabelecimento de saúde que
pode ser reciclado ou reutilizado, devido as suas características, no entanto, pode ser feita a
coleta seletiva dos resíduos que não foram gerados nos setores infectocontagiosos, como por
exemplo: papel (setor administrativo), vidros de medicamentos, caixas de papelão, plástico
(garrafas de água, frascos de soro, bombonas, frascos de água sanitária), metais (latas de
refrigerantes e suplementos alimentícios e equipamentos inutilizados), fixador e revelador de
raios- x , películas de raios- x e madeira .
Lembramos ainda que essa prática trás benefícios de ordem ambiental e social, pois diminui
os riscos de acidentes de trabalho, reduz o número de infecção hospitalar; e reduz os custos
referentes ao manejo, bem como o lucro pode ser revertido em favor da melhoria do PGRSS.
No entanto, não podemos deixar de lembrar que a educação ambiental é imprescindível para o
desenvolvimento de projetos de saneamento ambiental, bem como os hospitais precisam ter
seus planos de gerenciamento de resíduos aprovados pelos órgãos fiscalizadores competentes,
contemplando, não apenas os fatores estéticos e de controle de infecção hospitalar, mas
considerando as questões ambientais tão importantes para a geração atual e futura.
5. REFERÊNCIAS
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