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A qualidade ambiental está vinculada à qualidade total como condição necessária para
que as organizações se mantenham competitivas e garantam suas posições num mercado
globalizado e cada vez mais envolvido com as questões ambientais. Este conceito busca
inserir as questões ambientais nas relações entre as organizações. Neste contexto, as empresas
devem prever, já na fase de aquisição de um produto, as soluções para os resquícios gerados
ao longo da sua utilização, além de controlar os impactos gerados pelas operações da empresa
sobre o meio ambiente externo, eliminando os riscos de lançamento de resíduos sobre áreas
vizinhas, o despejo de efluentes contaminados e a propagação de ruídos (FLECK, 2008).
4.HOSPITAL E SUSTENTABILIDADE:
Um hospital realiza funções diversas, dentre as quais podem-se destacar, o
tratamento, o ensino, a pesquisa, a reabilitação, a promoção da saúde e a prevenção da
doença. Esta amplitude de atuação o torna uma instituição bastante complexa, principalmente
por estar inserido em um sistema de saúde, e regulado pelo Ministério da Saúde (DIAS,
2004).
O hospital do ponto de vista empresarial situa-se no grupo de empresas que assumem
com a coletividade um papel na produção de serviços. Nesta ótica, uma organização
hospitalar geralmente está subdividida em unidades que prestam serviços especializados. Os
serviços, por razões de risco sanitário, devem estar delimitados fisicamente no interior destes
estabelecimentos. Esta delimitação física determina, também, os pontos de geração de
resíduos. Pela complexidade e variedade das atividades cotidianas dos diversos serviços que
se prestam em um estabelecimento de saúde, estes por sua vez produzem uma apreciável
quantidade de resíduos, alguns com características que podem representar riscos à saúde da
comunidade hospitalar e a população em geral (ALVES, 2010).
Os resíduos, e seu posterior abandono no meio ambiente, podem originar sérios
problemas ambientais, favorecendo a incorporação de agentes contaminantes na cadeia
trófica, interagindo em processos físico-químicos naturais. O maior desafio para o segmento
hospitalar é a manutenção do equilíbrio numa difícil equação que envolve a melhoria da
qualidade dos serviços prestados com o menor custo econômico, ambiental e social, presente
em todas as etapas, por menos complexas que sejam (ESTEVES, 2007).
Os hospitais, tanto públicos como privados, encontram-se premidos pela necessidade
de se viabilizar como um negócio, adotando práticas que os tornem eficientes o suficiente para
garantir sua perenidade. A gestão dos recursos vai exigir uma preocupação maior com a
sustentabilidade, levando seus gestores a considerar como prioritária a aquisição de
equipamentos e materiais com possibilidade de reciclagem, economia energética e reutilização
(BITENCOURT, 2006).
Há no Brasil, mais de 30 mil unidades de saúde produzindo resíduos e, na maioria das
cidades a questão da destinação final de resíduos urbanos não está resolvida. Predominam
vazadouros a céu aberto e a questão que se coloca é o nível de periculosidade dos resíduos
hospitalares (CAMPOS, 2008).
Segundo Machiline, em estudo realizado em 2006, cerca de 10% dos hospitais não
efetuavam qualquer segregação dos vários tipos de resíduos, juntando indiscriminadamente
todos eles – comuns, infectantes, perfurocortantes e recicláveis – nos mesmos sacos pretos, no
mesmo abrigo externo. 80% deles efetuavam segregação dos comuns e infectantes (esses junto
com os químicos)e apenas 10% efetuavam segregação completa de todos os tipos e possuiam
um programa de reciclagem.
Grande parte dos hospitais não possui indicadores gerenciais relativos aos resíduos de
modo que inexiste a possibilidade de haver um gerenciamento efetivo do sistema. Gerenciar
pressupõe conscientização plena, liderança e envolvimento das autoridades do primeiro escalão
na gestão dos resíduos. Talvez pelo fato de os hospitais públicos e a maioria dos hospitais
privados não serem cobrados pelo tratamento e a disposição final dos resíduos, em geral
subsidiados pelos municípios, o problema não preocupa a diretoria, que o delega ao segundo
escalão (MACHLINE, 2006).
Confortin (2001), quantificou os resíduos de vários setores do Hospital Regional do
Oeste (HRO) em Santa Catarina, considerando os resíduos comuns, os perfurocortantes, os
infectantes e os recicláveis. A taxa média de geração kg /leito.dia encontrada para o HRO foi
de 1,081 e o setor que apresentou a maior taxa de geração foi a UTI, concluindo que quanto
mais complexos os cuidados que o paciente necessita, maior é a geração de resíduos.
Segundo Salkin (2001), a segregação dos resíduos na fonte de geração minimizará a
quantidade de materiais potencialmente infecciosos que inevitavelmente atingirão o solo,
ressaltando ainda que, existem várias medidas que já poderiam ser executadas a fim de reduzir
uma carga importante de doenças.
Rebello (2003) ressalta que o gerador de resíduos de serviços de saúde ao cumprir as
normas de biossegurança estará prevenindo acidentes ao ser humano e ao meio ambiente. De
acordo com a Organização Pan-Americana da Saúde, o gerenciamento dos RSS deve alcançar
dois objetivos fundamentais: um relacionado ao controle dos riscos para a saúde através da
exposição a resíduos infectantes e perigosos, e outro visando a reciclagem, tratamento,
armazenamento, transporte e disposição final dos RSS adequados.
8.METODOLOGIA
O estudo se caracteriza, quanto à abordagem, como qualitativo e quantitativo. Para uma
abordagem inicial do assunto, visando verificar o estágio de desenvolvimento da gestão de
resíduos no hospital, buscou-se, através de uma análise qualitativa, a caracterização do
Programa de Gerenciamento de Resíduos no Hospital estudado.
A análise quantitativa buscou verificar o número de ampolas de medicamentos
oncológicos descartados na Unidade de Assistência de Alta Complexidade (UNACON) do
Hospital e o número de pacientes atendidos nos anos de 2009, 2010 e 2011 a fim de avaliar o
o potencial de geração de resíduos por esta atividade. A coleta de dados foi realizada através
de pesquisa no sistema informatizado de gerenciamento do estoque.
20766
18274
11987
2009Número de pacientes2010
Gráfico1. atendidos em 2009,20102011
e 2011
12000
10611
10000 8433 8832
8000
6000
3951 4974
4000 3667
2000
0
2009
2010
2011
11. CONCLUSÃO
O aumento do número de atendimentos hospitalares tem impactado diretamente no
incremento de resíduos de saúde gerados, fazendo com que o tema gestão de resíduos de saúde
se torne indispensável. Resíduos estes que podem gerar além do impacto ao meio ambiente
pela forma como são manejados durante toda a sua cadeia logística, mas também toxicidade
aos profissionais que os utilizam nas suas atividades, desde o preparo até o descarte.
Configura-se então como um dos grandes desafios do setor hospitalar incorporar as
questões de qualidade ambiental e sustentabilidade as suas práticas, ferramentas estas que se
tornarão fundamentais a gestão de recursos cada vez mais escassos e que a perenidade destes
recursos não influenciem no nível de atendimento ofertado pelo hospital e possam até mesmo
possibilitar um aumento do nível de serviço oferecido.
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