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Jesus Cristo aboliu a Antiga Aliança

Defendendo a Fé Cristã / 30 de junho de 2015

A lei do Velho Testamento foi dada à nação de Israel, não aos cristãos em geral. Algumas das leis
visavam ao conhecimento, por parte dos Israelitas, de como obedecer e agradar a Deus (os Dez
Mandamentos, por exemplo); algumas delas tinham como objetivo mostrar como adorar a Deus (o
sistema de sacrifícios); algumas delas simplesmente diferenciar os israelitas de outras nações (as regras
em relação à comida e vestimentas). Nenhuma das leis do Velho Testamento se aplica a nós nos dias de
hoje. Quando Jesus morreu na cruz, Ele aboliu a lei do Velho Testamento (Romanos 7:4; 7:6; 2 Coríntios
3:7-18; Gálatas 3:23-25; Efésios 2:15; Hebreus 8:6-13).
Em substituição à lei do Velho Testamento, nós estamos sob a lei de Cristo (Gálatas 6:2), que é: “‘Ame o
Senhor, o seu Deus de todo o seu coração, de toda a sua alma e de todo o seu entendimento’. Este é o
primeiro e maior mandamento. E o segundo é semelhante a ele: ‘Ame o seu próximo como a si mesmo’.
Destes dois mandamentos dependem toda a Lei e os Profetas.” (Mateus 22:37-40). Se fizermos estas
duas coisas, estaremos cumprindo tudo o que Cristo quer que façamos, “Porque nisto consiste o amor a
Deus: em obedecer aos seus mandamentos. E os seus mandamentos não são pesados.” (1 João 5:3).
Tecnicamente, nem os Dez Mandamentos são aplicáveis aos cristãos: “[Jesus] Aboliu a Lei dos
mandamentos e preceitos” (Efésios 2:15).
Entretanto, 9 dos Dez Mandamentos são repetidos no Novo Testamento (todos, exceto o mandamento
para que se guarde o Sábado). Então, se seguimos esses 9 Mandamentos é porque eles nos foram
novamente ensinados por Cristo, no Novo Testamento, e não porque estão no Antigo Testamento. Afinal,
se nós amamos a Deus, não estaremos adorando a outros deuses ou ídolos. Se amamos aos que nos
cercam, não os mataremos, não mentiremos para eles, não cometeremos adultério contra eles ou
cobiçaremos o que a eles pertence. Portanto, não estamos sob nenhuma das exigências da lei do Velho
Testamento. Nós devemos sim amar a Deus e a nosso próximo. Se com fé cumprirmos estes dois
preceitos, todo o restante se ajustará.
No entanto, uma leitura superficial de alguns versículos apresenta uma dificuldade, até dando a impressão
de uma contradição nas Escrituras. Alguns religiosos aproveitam esta suposta contradição para negar
claras afirmações sobre o anulamento da Lei dada aos israelitas no monte Sinai. Os versículos em questão
são os 17 e 18 de Mateus 5, nos quais Jesus diz que não veio para revogar a Lei nem os Profetas, mas
cumpri-los, e que nem um i ou um til passariam da Lei até que tudo se cumprisse. Faremos uma análise
dos mesmos logo mais. Mas perceba que, se Jesus disse que não veio abolir a Lei nem os profetas, então
Ele próprio se contradisse, pois, logo após dizer isso, Ele aboliu muitas leis (Mateus 5:21-48). Como é
possível uma coisa dessas? Como entender Sua afirmação em Mateus 5:17-18? Vejamos.
“Não penseis que vim revogar a Lei ou os Profetas, não vim para revogar, vim para cumprir. Porque
em verdade vos digo, até que o céu e a terra passem, nem um i ou um til jamais passará da Lei, até que
tudo se cumpra.” (Mateus 5:17-18)
Alguns citam esta afirmação para tentar obrigar as pessoas de hoje a guardarem o sábado e outros
mandamentos da Antiga Aliança. Para compreender esta fala de Jesus, precisamos prestar atenção
especial a três palavras que ele usou. A palavra revogar vem de uma palavra grega que significa derrubar,
subverter ou destruir. Jesus não veio para subverter a Lei, ele veio para cumprir. A palavra traduzida
como cumprir significa completar, levar até o fim, realizar ou obedecer. Jesus não pretendia subverter a
lei, ele pretendia cumpri-la, assim a levando até o seu determinado fim. A terceira palavra importante é a
preposição até. Os céus e a terra poderiam passar, mas a lei não passaria até ser cumprida. Esta palavra
(traduzida até, até que, ou enquanto) significa algo que chega até um certo ponto e termina. Deus falou
para José ficar no Egito até que ele fosse avisado (Mateus 2:13). Na morte de Jesus, houve trevas até à
hora nona (Lucas 23:44). A Lei não perdeu sua força até ser cumprida por Jesus.
O autor de Hebreus usou uma palavra diferente, embora traduzida em algumas Bíblias pela mesma
palavra portuguesa, quando disse: “Portanto, por um lado, se revoga a anterior ordenança, por causa de
sua fraqueza e inutilidade (pois a lei nunca aperfeiçoou coisa alguma), e, por outro lado, se introduz
esperança superior, pela qual nos chegamos a Deus” (Hebreus 7:18-19). Revogar, neste trecho, significa
anular, abolir, ou remover. No mesmo capítulo, ele falou da mudança (ou remoção) da lei (Hebreus 7:12).
Retornando ao texto de Mateus 5:17-18: No versículo 17, Jesus diz que não veio revogar a Lei nem os
Profetas. E isso por quê? Porque a Lei exigia o sacrifício perfeito pelos pecados de todos nós e os Profetas
estavam anunciando que esse sacrifício seria ele. Logo, Jesus não veio abolir a Lei, mas cumpri-la, isto é,
morrer pelos pecados de todos nós (1 João 2:2; 1 Timóteo 2:6; 2 Coríntios 5:14-15; Hebreus 2:9), e
também veio cumprir aquilo que os profetas haviam anunciado sobre ele (Isaías 53:1-12). E no versículo
18, ele diz que nem sequer um i ou um til serão tirados da Lei, até que tudo se cumpra. Isso significa que,
de modo algum, deixaria de se cumprir a exigência da Lei e a predição dos Profetas sobre ele (Sua morte
em favor dos pecadores).
Analisemos agora com calma o que Jesus disse antes de morrer:
“Depois, sabendo Jesus que já todas as coisas estavam terminadas, para que a Escritura se cumprisse,
disse: Tenho sede. Estava, pois, ali um vaso cheio de vinagre. E encheram de vinagre uma esponja, e,
pondo-a num hissopo, lha chegaram à boca. E, quando Jesus tomou o vinagre, disse: Está consumado. E,
inclinando a cabeça, entregou o espírito.” (João 19:28-30)
Estes versículos claramente nos mostram que Jesus veio cumprir a Lei, isto é, morrer por nós. Perceba
que no versículo 18 de Mateus 5, Jesus diz que nada seria retirado da lei até que tudo se cumprisse, isto é,
até que Ele morresse por nós. Perceba também que no versículo 28 de João 19, diz que Jesus sabia
que todas as coisas estavam terminadas, para que se cumprisse a Escritura, ou seja, Ele já estava na cruz,
morrendo por nós. Como tudo já estava, como Ele mesmo disse, “consumado” (v. 30), então a lei já podia
ser revogada. É interessante notar que a lei não foi revogada enquanto Jesus ainda estava vivo. Ela só foi
revogada depois de Sua morte, isto é, depois de estar cumprida.
Então, citar Mateus 5:17-18 para dizer que todas as leis do Antigo Testamento ainda são válidas significa
distorcer o texto e forçar o sentido do mesmo. Cristo revogou, sim, a Lei na cruz, embora a tenha
cumprido em vida. É importante entendermos que, em Mateus 5:17-18, Jesus não disse que todas as leis
do Antigo Testamento valeriam para sempre, mas que Ele veio cumprir o que a Lei exigia: o sacrifício
perfeito pelos pecados de todo o mundo, e o que os Profetas haviam anunciado sobre Ele na Escritura,
isto é, que Ele seria esse sacrifício (Isaías 53). E Ele cumpriu, pagou o preço pelos nossos pecados, isto é,
“cancelou a escrita de dívida, que consistia em ordenanças e que nos era contrária. Ele a removeu,
pregando-a na cruz” (Colossenses 2:14).

Se assim não fosse, isto é, se Cristo não tivesse revogado a Lei de Moisés (após cumpri-la), então como
explicar textos que claramente dizem que Cristo aboliu a lei de Moisés?
Romanos 7:4: “Meus irmãos, o mesmo acontece com vocês: pelo corpo de Cristo, vocês morreram para
a Lei, a fim de pertencerem a outro, que ressuscitou dos mortos, e assim produzirem frutos para Deus.”
Romanos 7:6-7: “Mas agora, morrendo para aquilo que nos aprisionava, fomos libertos da Lei, a fim de
servirmos sob o regime novo do Espírito, e não mais sob o velho regime da letra. Que diremos então? A
Lei é pecado? De maneira nenhuma! De fato, eu não saberia o que é pecado, a não ser por meio da Lei.
Pois, na realidade, eu não saberia o que é cobiça, se a Lei não dissesse: ‘Não cobiçarás’.”
Gálatas 3:21-25: “Então, a Lei opõe-se às promessas de Deus? De maneira nenhuma! Pois, se tivesse
sido dada uma lei que pudesse conceder vida, certamente a justiça viria da lei. Mas a Escritura encerrou
tudo debaixo do pecado, a fim de que a promessa, que é pela fé em Jesus Cristo, fosse dada aos que
creem. Antes que viesse essa fé, estávamos sob a custódia da Lei, nela encerrados, até que a fé que
haveria de vir fosse revelada. Assim, a Lei foi o nosso tutor até Cristo, para que fôssemos justificados
pela fé. Agora, porém, tendo chegado a fé, já não estamos mais sob o controle do tutor [a Lei].”
Efésios 2:15: “[Jesus] Aboliu a Lei dos mandamentos e preceitos.”
2 Coríntios 3:7-18: “O ministério da morte, gravado com letras sobre a pedra, ficou tão marcado pela
glória, que os israelitas não podiam fixar os olhos no rosto de Moisés, por causa do fulgor que nele havia
– fulgor, aliás, passageiro. Quanto mais glorioso não será o ministério do Espírito! Na verdade, se o
ministério da condenação foi glorioso, muito mais glorioso será o ministério da justiça. Mesmo a glória
que aí se verificou, já não pode ser considerada glória, em comparação com a glória atual, que lhe é muito
superior. De fato, se foi marcado pela glória o que é passageiro, com maior razão há de ser glorioso o que
é permanente. Fortalecidos por tal esperança, estamos plenamente confiantes: nós não fazemos como
Moisés que colocava um véu sobre a face para que os filhos de Israel não percebessem o fim daquilo que
era passageiro… No entanto, os espíritos deles se tornaram obscurecidos. Sim, até hoje, quando eles leem
o Antigo Testamento, esse mesmo véu permanece; não é retirado, porque é em Cristo que ele
desaparece. Sim, até hoje, todas as vezes que leem Moisés, há um véu sobre o coração deles. Somente
pela conversão ao Senhor é que o véu cai, pois o Senhor é o Espírito; e onde se acha o Espírito do Senhor
aí existe a liberdade. E nós que, com a face descoberta, refletimos como num espelho a glória do Senhor,
somos transfigurados nessa mesma imagem, cada vez mais resplandecente pela ação do Senhor, que é
Espírito.”
Em Atos dos Apóstolos, capítulo 3, Pedro pregou dizendo que Deus profetizou na Antiga Aliança, por
meio de Moisés, o promulgador da Antiga Aliança, que faria surgir dentre os judeus um profeta
semelhante a ele, que deveria ser ouvido em tudo. Esse profeta é Jesus, o Legislador da Nova Aliança:
“De fato, Moisés afirmou: ‘O Senhor Deus fará surgir, entre os irmãos de vocês, um profeta como eu.
Escutem tudo o que ele disser a vocês. Quem não der ouvidos a esse profeta será eliminado do meio do
povo.’” (Atos dos Apóstolos 3:22-23)
Jesus afirmou claramente ser esse profeta:
“Se vocês cressem em Moisés, creriam em mim, pois ele escreveu a meu respeito.” (João 5:46).
Agora vejamos o que Jesus diz sobre a Antiga Lei:
“A Lei e os profetas chegaram até João; daí para a frente o Reino de Deus é anunciado, e cada um se
esforça para nele entrar, com violência.” (Lucas 16:16)
A Bíblia é clara ao dizer que Deus fez uma nova aliança com o Seu povo, abolindo a antiga:
“Jesus, porém, foi encarregado para um serviço sacerdotal superior, pois é mediador de uma aliança
melhor, que promete melhores benefícios. De fato, se a primeira aliança não tivesse defeito, nem haveria
lugar para segunda aliança. Mas Deus, queixando-se contra o seu povo, diz: ‘Eis que virão dias, fala o
Senhor, nos quais concluirei uma aliança nova com a casa de Israel e com a casa de Judá. Não será como
a aliança que fiz com seus antepassados, no dia em que os tomei pela mão para fazê-los sair da terra do
Egito. Uma vez que eles não foram fiéis à minha aliança, eu também não me preocupei mais com eles, diz
o Senhor. Esta é a aliança que vou concluir com a casa de Israel, depois daqueles dias, fala o Senhor:
Porei minhas leis na mente deles e as imprimirei em seus corações; eu serei o seu Deus, e eles serão o
meu povo. Nenhum deles terá mais o que ensinar ao seu compatriota nem ao seu próprio irmão, dizendo:
‘Conheça o Senhor!’ Pois todos me conhecerão, desde o menor até o maior. Porque eu vou perdoar as
faltas deles e não me lembrarei mais dos seus pecados’. Dizendo ‘aliança nova’, Deus declara que a
primeira ficou antiquada; e aquilo que se torna antigo e envelhece, vai desaparecer logo.” (Hebreus 8:6-
13)
Os cristãos não estão “subordinados” à Lei (Gálatas 3:23-25). Mesmo judeus, que estavam sujeitos à lei,
foram libertados dela (Romanos 7:6). O escrito da dívida foi removido inteiramente na cruz, pois Jesus
cumpriu aquela Lei (Colossenses 2:14). Após a morte do Testador, a Nova Aliança tomou seu lugar
(Hebreus 8:6-13; 9:15-17). Jesus não subverteu a Lei do Antigo Testamento; Ele cumpriu e removeu
aquela e nos deu a Nova Aliança.
Mas muitas pessoas ainda hoje insistem em cumprir a Lei. Vejamos o que a Bíblia diz sobre essas
pessoas:
“Já os que se apoiam na prática da Lei estão debaixo de maldição, pois está escrito: ‘Maldito todo aquele
que não persiste em praticar todas as coisas escritas no livro da Lei’.” (Gálatas 3:10)
Nesse texto, Paulo diz que quem decide guardar a Lei está obrigado a guardá-la por inteira. Assim,
quem se abstêm de guardar todo o conteúdo da lei, guardando apenas partes dela, está debaixo da
maldição, isto é, da condenação, por não cumprir toda a Lei. E Paulo continua, dizendo: “É evidente que
diante de Deus ninguém é justificado pela Lei, pois “o justo viverá pela fé” (Gálatas 3:11). Ou seja, não
adianta querer cumprir a Lei, pois ela não justifica: “Pois sustentamos que o homem é justificado pela fé,
independente da obediência à Lei” (Romanos 3:28). Jesus tomou para si a maldição da Lei ao se fazer
maldição por nós e morrer na cruz no nosso lugar. Agora, não precisamos mais obedecer a Antiga
Aliança (cf. Gálatas 3:13). “Vocês, que procuram ser justificados pela lei, separaram-se de Cristo; caíram
da graça” (Gálatas 5:4).
Na sua carta, Tiago falou da “lei da liberdade”, e até disse que “quem obedece a toda a Lei, mas tropeça
em apenas um ponto, torna-se culpado de quebrá-la inteiramente”. Por isso, o melhor é falar e agir de
acordo como quem vai ser julgado pela “lei da liberdade”, a qual consiste em amar o próximo como a si
mesmo (Tiago 2:8-13).
“Se vocês de fato obedecerem à lei real encontrada na Escritura que diz: ‘Ame o seu próximo como a si
mesmo‘, estarão agindo corretamente. Mas se tratarem os outros com favoritismo, estarão cometendo
pecado e serão condenados pela Lei como transgressores. Pois quem obedece a toda a Lei, mas tropeça
em apenas um ponto, torna-se culpado de quebrá-la inteiramente. Pois aquele que disse: ‘Não
adulterarás’, também disse: ‘Não matarás’. Se você não comete adultério, mas comete assassinato, torna-
se transgressor da Lei. Falem e ajam como quem vai ser julgado pela lei da liberdade; porque será
exercido juízo sem misericórdia sobre quem não foi misericordioso. A misericórdia triunfa sobre o
juízo!” (Tiago 2:8-13)
O fato de a antiga Lei ter sido abolida não significa que agora está “tudo permitido”. Cristo nos resgatou
da maldição da Lei (Gálatas 3:13), não para nos deixar sem lei, mas para nos conduzir à nova, que é a Sua
Lei, a Lei da liberdade (Gálatas 5:13; Romanos 7:6-7), que consiste no amor:
“Um novo mandamento lhes dou: Amem-se uns aos outros. Como eu os amei, vocês devem amar-se uns
aos outros.” (João 13:34)
“Não devam nada a ninguém, a não ser o amor de uns pelos outros, pois aquele que ama seu próximo tem
cumprido a lei. Pois estes mandamentos: ‘Não adulterarás’, ‘não matarás’, ‘não furtarás’, ‘não cobiçarás’,
e qualquer outro mandamento, todos se resumem neste preceito: ‘Ame o seu próximo como a si
mesmo’. O amor não pratica o mal contra o próximo. Portanto, o amor é o cumprimento da lei.”
(Romanos 13:8-10)
“Toda a Lei se resume num só mandamento: ‘Ame o seu próximo como a si mesmo.'” (Gálatas 5:14

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