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UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA - “JÚLIO DE MESQUITA FILHO”

FACULDADE DE CIÊNCIAS E LETRAS DE ARARAQUARA


DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS SOCIAIS

Professor/a Responsável:
Lucas Barbosa de Santana

Disciplina:
LIBERDADE E IGUALDADE NA TEORIA POLÍTICA DOS SÉCULOS
XVIII e XIX

“RESENHA: CONSIDERAÇÕES SOBRE O GOVERNO”


REPRESENTATIVO - STUART MILL

Julia Chmielewski Candido da silva (2211223212)


CIÊNCIAS SOCIAIS – DIURNO

ARARAQUARA, MAIO DE 2023


Embora haja uma crença de que um bom déspota seria capaz de fazer com que a
monarquia fosse a melhor opção de governo, Mill afirma que essa concepção está
extremamente equivocada. Na teoria ao encontrar um bom monarca todos os mecanismo de
governo seriam coordenados com maestria, porém, tal condição não depende apenas de um
bom governante mas de uma onisciência que o permita estar a par de todos os pormenores
referentes à administração. Caso efetivado, esta figura configura todos os aspectos da
atividade mental, deixando para seu povo o exercício da passividade, implícito na ideia de um
poder absoluto.
Qual seria então o papel do povo neste sistema? Talvez houvesse espaço para especulação
desde que não atingisse o âmbito político. A sociedade não perderia seu poder intelectual,
para Stuart, é possível a existência de uma pequena parcela daqueles que cultivam o saber,
seja pelas aplicações necessárias nas atividades diárias ou pelo gosto à pesquisa. No entanto,
a grande maioria do povo continuaria afastada do conhecimento e da política prática, o
acesso, quando existente, seria como fomentador entusiástico.
Além da inteligência, o âmbito moral também pode ser afetado. Quando a ação dos
indivíduos é circunscrita, os sentimentos são diminuídos em mesma proporção, há uma
apatia. Não há um interesse ativo pelo país, se que é que há algum tipo, a inteligência do
povo é abandonado a questão material. A permissividade do déspota em relação ao debate,
nesse sentido,de maneira a propiciar o maior engajamento com os temas públicos. A
delegação local poderia ocorrer sem necessidade de intervenção, a capacidade política e
gestão não seriam rejeitados à nação. Possuindo este lugar de coordenação pública, a
expressão relativa ao governo extenaria com frequência. Assim, como deve o governante se
portar? Surge uma contradição, ao permitir a expressão contra o seu mandato perde o caráter
déspota e se torna rei constitucional.
Desse modo, o autor considera a ditadura, em última instância, aceitável. É
considerado em certas nações livres como um poder concedido aos indivíduos como combate
às ineficiências políticas. Sendo assim, podemos examinar a partir de duas principais
perspectivas: em que medida resulta em uma boa administração pelos aspectos morais e
intelectuais e qual a sua consequência. Um governo ideal não é a reprodução de algo
aplicável em toda instância temporal mas aquilo que é pertinente conforme a necessidade,
um governo popular, dessa forma, pode suprir esses quesitos. Isto porque cumpre por dois
princípios com aplicabilidade universal: a indiferença dos direitos e interesses individuais é
apenas tolerável quando a pessoa é capaz de defendê-los sozinho; em segundo, a
propriedade geral é proporcional às energias empenhadas para promovê-las. Os seres
apenas atingem sucesso na medida em que são auto-suficientes, seja individualmente ou
em coletivo. O poder reside em uma classe, desse modo, é ela a responsável por fazer
valer as vontades, e pode, eventualmente ou majoritariamente se priorizar, já que na
ausência o perigo de de ser negligenciado é iminente.
Qual então o caráter que deve predominar, aquele que se inclina a passividade ou a
reatividade, ao atuar de forma passiva há um ambiente mais favorável à moralidade. Aquele
que é satisfeito não se constitui como perigo, no entanto, é natural do ser humano estar
incontente em diversos âmbitos, e para alcançar um elevado grau intelectual é preciso
ação. De modo que, a inércia e a ausência de almejo por alcançar algo criam um cenário
ineficiente para o progresso, na existência de massas, aquele que possui maior energia
conduz a maioria, é por esta razão que resiste um caráter reativo.
A distância entre sociedade e Constituição causa essa apatia, assim como a
necessidade constante de reivindicar seus direitos. O efeito da liberdade apenas é efetuado
quando é possível que o cidadão possa deter seus privilégios. No entanto, o que deve
ressaltar, para Stuart Mill, é a disciplina com que são convocados para exercer seu papel
como cidadão. O trabalho na rotina é advindo não do amor, mas do interesse em satisfazer
suas necessidades diárias e sentir-se parte do público. Sem o cultivo desse espírito, há uma
dificuldade em fazer valer as leis e submeter-se ao poder governamental, tendo resultados
tanto na moral pública quanto privada. O único governo capaz de prosperar é fazendo com
que haja participação social, garantindo com que a sociedade se desenvolva, de modo que, o
governo ideal é o representativo.
Para que se instaure é necessário aprovação do povo, capacidade de manter sua conservação,
e que exerça as vontades afirmadas pelo governo. É através do executivo que representem
conforme a sociedade, seus anseios e angústias, quando uma menor fração possui grau
interesse político, de modo que, o exercício do sufrágio só ocorrerá quando for meio de
corresponder a seus interesses.

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