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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA

Lucas Raphael de Jesus da Silva

PROJETO DE ELETRÔNICA NÍVEL I: PEDAL DE EFEITO DELAY

Florianópolis, 2022.
RESUMO

Os pedais de distorção estão frequentemente presentes, principalmente pelos guitarristas.


Seu objetivo é fornecer maior recurso para os músicos em suas performances. Seu
funcionamento se dá com a recepção de um som, enviando para um amplificador algo
diferente do que foi reproduzido, seja por meio de distorções analógicas ou alterações que
podem ser realizadas de forma digital. O presente projeto tem como objetivo apresentar
etapas e contextualizações da confecção de um pedal (handmade) de Delay, sendo
apresentadas etapas de levantamento de dados, testagens de bancada, por meio de testes
em protoboard, elucidação do funcionamento de um pedal de delay, etapas de montagem,
e por fim um protótipo realizado numa lata metálica para pronto funcionamento.
1. Introdução

1.1 Contexto histórico

A música está presente no nosso planeta desde os primeiros filósofos, em torno de


3000 a.C. Desde então, movimentos musicais surgem, e revelando grandes nomes, por
exemplo, da música erudita, como Mozart, posteriormente Beethoven, Bach, entre outros
que inspiraram e inspiram por gerações, em suas composições, harmonias e melodias
detalhadas e com muita técnica.

Com o passar dos anos, popularizou-se a música, que até então se tornara um
veículo da classe burguesa. O surgimento do blues, do country e do jazz, deu uma nova
cara ao estilo musical, que alcançou novos patamares. Além disso, o avanço da eletrônica
permitiu novas descobertas e novos sons foram explorados.

Em seguida, a guitarra elétrica ganhou cara, e surgiram nomes no rock n’ roll,


como Jimi Hendrix, Eric Clapton e John Lennon. Embora nesse período fosse muito
comum a utilização de sons que denominados “clean”, ou seja, sem efeitos, Jimi Hendrix
ganha notoriedade principalmente por sua distorção característica, fuzz marcante na
stratocaster.

Hoje, os efeitos de distorção estão presentes em todos os estilos musicais. Em


quase todas as músicas encontramos ao menos um reverb ou um efeito de hall para
ambientar.

1.2 Objetivos

O presente trabalho, da disciplina de Projeto em Eletrônica Nível I, em como


objetivo realizar a montagem de um pedal de Delay, englobando conhecimentos de
eletrônica, que é o objetivo central, juntamente com a área de música. O modelo escolhido
foi o Rebote Delay 2.5, que será comentado posteriormente.

Dessa forma, serão mostrados resultados de montagem, funcionamento,


bibliografias e referências de pedais de Delay que encontramos hoje disponíveis para
aquisição.
2. Levantamento de dados

Para a realização do projeto, foi escolhido o modelo Rebote Delay 2.5, disponível
no site TonePad. O esquemático do circuito está apresentado abaixo, na figura 2.1:

Figura 2.1: Esquemático pedal de efeitos Rebote Delay 2.5

Fonte: Tonepad

O pedal conta com uma entrada e uma saída que serão utilizados plugs P10(típicos
de entrada e saída de instrumentos elétricos). Para o projeto, utilizaremos machos e
fêmeas do tipo mono.
Figura 2.2: Cabo P10 tipo Macho-macho

Fonte: Eletrônica Faria

O esquemático abaixo ilustra como é feita a ligação entre o instrumento, o pedal


de efeito e o amplificador, que será de onde o som sairá para nossos ouvidos:

Figura 2.3: Esquema de ligação instrumento – pedal - amplificador

Fonte: NewtonCBraga.

3. Aspectos construtivos
Para a montagem do pedal, inicialmente será feita a realização da prototipagem,
que será feito utilizando uma placa protoboard. Um modelo inicial, com a inserção do
circuito integrado e de alguns componentes importantes já foram lançados. A imagem
mostra a etapa de montagem:

Figura 3.1: Etapa de montagem na protoboard

Fonte: Autoria Própria.

Após o período de testes em bancada e obtenção dos resultados satisfatórios, será


necessário realizar uma placa PCB, para fixação dos componentes. Além disso, a fim de
se obter uma blindagem de baixas frequências, utilizaremos uma lata de sardinha como
carcaça e proteção de nosso circuito.

Os componentes que estarão do lado de fora, para que se possa manipular serão:
plugs fêmea P10, que serão a entrada e saída do sistema; 3 potenciômetros que darão
autonomia ao músico e versatilidade ao pedal de efeito.
4. Funcionamento

4.1 Efeito Delay

O pedal de Delay está categorizado como um pedal temporizador. Ele produz,


como o nome já diz, um efeito de atraso. É realizada uma gravação, por meio da entrada,
e após um certo período de tempo, que poderá ser ajustado por um dos knobs
(potenciômetro), ele será reproduzido na saída.

Para que haja uma gravação e um sinal de atraso na saída, além da interpretação
dessa informação na entrada, é necessário utilizar um processador digital de sinais. O
atraso ocorrerá de forma digital, com um número de amostras desejadas (considerando
que não há sinal contínuo processado). O sinal atrasado é feito utilizando um Filtro Comb,
que nada mais é um sistema realimentado de atraso da entrada, implementando também
um certo valor de ganho, cujo sinal de saída é:

𝑦[𝑛] = 𝑥[𝑛] + 𝐴𝑥[𝑛 + Δ𝑡]

Figura 4.1: Diagrama de blocos Filtro Comb

Fonte: Souza (2019).


4.2 Funcionamento do Circuito

O controle manual é feito através dos potenciômetros, e com eles é possível alterar
o Delay Time, o Feedback, que é a quantidade de sinal realimentada, e o Mixer, que atua
como se fosse a intensidade do efeito.

Para realização desse pedal, será utilizado o circuito integrado PT2399. Esse CI é
um processador de eco, que utiliza tecnologia CMOS. Além disso, ele conta com um
conversor ADC (analógico-digital), que é utilizado para processar o sinal recebido sonoro
(que é analógico), sendo lido e interpretado numa memória RAM, que suporta até
44KBits, conforme especificação em catálogo.

O mapa de pinos nos instrui a forma correta de ligação, para o pleno


funcionamento do circuito:

Figura 4.2: Mapa de pinos CI PT2399

Fonte: Princeton Technology

Temos no pino 1, o valor de VCC, que será de 5V, através de um regulador de


tensão que será utilizado (7805), pois o CI suporta até 6,5V de entrada. Utilizaremos um
diodo em série, para evitar que haja uma tensão de sinal contrário, podendo danificar os
componentes. O pino 2 será o GND de referência do circuito. O pino 3 é chamado de terra
analógico, enquanto que o pino 4 é o terra digital. O pino 5 é um pino de saída de clock,
e não será utilizado para o circuito.

Já o pino 6, temos um detalhe importante, pois é através dele que controlamos o


tempo de atraso entre máximo e mínimo – valores entre 30ms e 340 ms -. Esse pino é
chamado de VCO (Voltage controlled Oscillator – Oscilador controlado por tensão). Por
essa razão, temos um potenciômetro alocado nesse pino, que será um dos knobs de nosso
pedal.

Os pinos 7 e 8 são de controle de corrente. Os pinos de estágio de entrada do CI


são dados por três AmpOP’s. nos pinos 9 temos a saída deste, e no 10 a entrada, que são
responsáveis pelo filtro passa-baixas da linha de atraso, conforme Souza, (2019). Os pinos
11 e 12 contém as mesmas funções, num segundo Amplificador operacional. Os pinos 13
e 14 são respectivamente saída e entrada de um dos filtros passa baixa, enquanto que os
pinos 15 e 16 tem as mesmas funções, respectivamente, sendo uma segunda possibilidade
da utilização do filtro.

Conforme é possível observar, o sinal de entrada do Delay, entra no pino 16, que
está conectado juntamente ao pino 15, tendo um capacitor entre eles.

5. Modelos comerciais

O efeito de delay é muito utilizado por guitarristas, e pode ser encontrado tanto
em pedaleiras de multi-efeito (praticamente todas), e também por pedais.

5.1 MXR M169 Carbon Copy

É possível encontrar esse pedal de delay da MXR por volta de R$1700,00 no Brasil.
Suas características são: delay de 20ms ate 600ms, com um botão de modulação.
5.2 Boss DD-3 Digital Delay

A Boss é uma grande referência no assunto pedais e pedaleiras. O DD-3 tem três
modos de tempo de delay, com controle “DELAY TIME” incorporado, o que permite
rapidez e ajuste preciso do tempo de delay, numa faixa de 12,5 ms à 800 ms. A exclusiva
função HOLD repete o delay indefinidamente, gerando efeitos mais radicais, conforme
especificado no próprio site da Boss.

O valor que encontra-se esse produto é em torno de R$100,00.


6. Referências bibliográficas

SOUZA, Arthur Rodrigues e. Implementação de Efeito de Reverberação com Circuito


Integrado. 2019. 96 f. TCC (Graduação) - Curso de Engenharia Elétrica, Centro
Tecnológico, Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2019.

NOCETI FILHO, Sidnei. EFEITOS DE ÁUDIO DIGITAIS E ANALÓGICOS


- ASPECTOS PRÁTICOS. Florianópolis: Ufsc, 2020. Disponível em:
http://www.linse.ufsc.br/~sidnei/filtros-efeito-audio.html. Acesso em: 20 maio 2022.

MUSICCLAN. Tipos de pedais de efeito: conheça os mais importantes. Disponível


em: https://musicclan.com.br/blog/tipos-de-pedais-de-efeito/. Acesso em: 21 maio 2022.

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