Você está na página 1de 31

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL

DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA ELÉTRICA


CURSO DE ENGENHARIA ELÉTRICA
SEMESTRE 2023/02

Matheos Ghellar - 00330045


Patrick Riva Lodi Souza dos Santos - 00326618
Turma A e B

Disciplina: Circuitos Eletrônicos II (ENG04078)


Projeto Final: Pedal Phaser

Porto Alegre - RS
2024
SUMÁRIO

1- INTRODUÇÃO..................................................................................................................... 3
2- O EFEITO DO PEDAL PHASER......................................................................................... 4
3- COMPONENTES UTILIZADOS........................................................................................... 5
4- ESQUEMÁTICO DO CIRCUITO UTILIZADO COMERCIALMENTE PELA MXR PHASE
90............................................................................................................................................. 6
5- ALIMENTAÇÃO DO CIRCUITO........................................................................................... 7
6- OSCILADOR DE BAIXA FREQUÊNCIA.............................................................................. 8
7- ENTRADA DO PEDAL......................................................................................................... 9
8- ESTÁGIO DE MUDANÇA DE FASE.................................................................................. 10
8.1 - The Elementary Shifting Unit....................................................................................11
8.2 MXR Phase 90 Shifting Unit....................................................................................... 13
8.2.1 Como mover os “NOTCHES”?.......................................................................... 14
8.3 Usando um JFET (2N5952) como resistor variável................................................... 14
8.4 Frequência de “notches” do MXR Fase 90................................................................ 16
9- SAÍDA DO PEDAL............................................................................................................. 18
9.1 - DETERMINANDO R27............................................................................................ 18
9.2 - DETERMINANDO R_POT3..................................................................................... 20
10- PROJETO DA PLACA DE CIRCUITO IMPRESSO....................................................... 21
11- MONTAGEM E FINALIZAÇÃO....................................................................................... 23
12- ESQUEMÁTICO AMPLIADO.......................................................................................... 29
13- CONCLUSÃO.................................................................................................................. 31
1- INTRODUÇÃO

No vasto panorama de dispositivos destinados a moldar e refinar as experiências


sonoras dos músicos, o pedal MXR Phase 90 destaca-se como um ícone na busca.
Desde a sua introdução na década de 1970, esse dispositivo da MXR solidificou sua
reputação entre guitarristas e músicos, tornando-se um símbolo de Pedal.

Este relatório tem como objetivo aprofundar-se nas complexidades desse lendário
pedal de phaser, desvendando os seus componentes internos e destacando as
características que o tornam uma escolha indispensável para aqueles que buscam
expandir suas possibilidades sonoras. Ao analisar o intricado circuito e a engenharia
sonora do MXR Phase 90, embarcamos em uma jornada para compreender como
esse dispositivo singular continua a deixar sua marca no mundo da música.
2- O EFEITO DO PEDAL PHASER

Um pedal de efeito Phaser separa o sinal da guitarra em duas versões: a primeira


passa por uma mudança de fase de 180° (sendo invertida) em uma frequência
específica, chamada de fphaser. Enquanto que a segunda permanece idêntica à
original. Essas duas versões do sinal são então combinadas novamente, resultando
na formação de um “notch”, onde o sinal é cancelado/atenuado, ocorrendo
exatamente na frequência fphaser.

Figura 1: Diagrama do efeito de fase

Esse cancelamento pode percorrer toda a banda/faixa de frequência, criando um


efeito semelhante ao efeito doppler, como se o som se aproximasse e depois se
afastasse do ouvido. No pedal comercial MXR Phase 45, existe 1 ”notch”. Já no
MXR Phase 90, há 2 “notches”, ou seja, há duas frequências fphaser que a onda é
anulada.

Figura 2: Representação do “Notch”


3- COMPONENTES UTILIZADOS

Para realização desse projeto, foram necessários os seguintes componentes :

● AMPOP_1, AMPOP_2, AMPOP_3, AMPOP_4: TL062;


● D1: diodo de sinal 1N4148;
● Q1, Q2, Q3 e Q4: JFET 2N5952;
● Rtrimmer: trimpot 250kΩ 3296W;
● R_pot1: potenciômetro de 470kΩ;
● R_pot2: potenciômetro de 50kΩ;
● R_pot3: potenciômetro de 10kΩ;
● C1 e C3: 15uF;
● C2, C6, C7, C8, C9 e C10: 47nF;
● C4 e C5: 0.01uF;
● C11, C12, C13 e C14: 150nF;
● R1, R2: 100kΩ;
● R3: 1MΩ;
● R4, R5, R23 e R25: 150kΩ;
● R6, R10: 470kΩ;
● R7, R9, R11, R12, R13, R14, R15, R16,R17, R18, R24 e R26: 10kΩ;
● R8: 3M9kΩ;
● R19, R20, R21 e R22: 22kΩ;
● R27: 120KΩ;
● Entrada e saída de guitarra;
● Conector de alimentação para bateria de 9V.
● Case de alumínio para proteção de ruído eletromagnético.
4- ESQUEMÁTICO DO CIRCUITO UTILIZADO
COMERCIALMENTE PELA MXR PHASE 90.

Figura 3: Esquemático oficial do pedal MXR Phase 90.

Contudo, foram feitas algumas adaptações e modificações. Alterou-se praticamente


toda a alimentação do circuito. No LFO, foi adicionado um resistor R7 em série com
o R_pot1. Ademais, o Buffer de entrada não sofreu modificação e nem no Estágio
de Mudança de Fase. Contudo, foi refeita a saída, substituindo o transistor PNP,
projetado para dar ganho 1 na saída por um AMPOP somador inversor de ganho 1
e adicionalmente colocou-se um mixer que regula a união do som limpo (sem efeito)
com o som sujo (com efeito) e um volume de saída.
A fim de evitar ripples da fonte e ruídos eletromagnéticos gerados pelo meio
externo, foi adicionado na alimentação dos AMPOPS’s capacitores de 150nF,
filtrando qualquer oscilação na alimentação do circuito. Sobre os ruídos, foi
projetado um plano de terra na placa, conectado junto a case/carcaça de alumínio e
o ground (GND) da bateria. Os esquemáticos estarão ampliados no fim do relatório
para melhor análise. Figura 35 e Figura 36.

Figura 4: Esquemático adaptado pelos autores


5- ALIMENTAÇÃO DO CIRCUITO

Este foi o bloco que mais sofreu modificações. Como se está trabalhando como uma fonte
assimétrica, ou seja, 0V ~ 9V, é necessário criar uma tensão de referência para o sinal e
para o AMPOP, onde será essa tensão que simulará um Terra Virtual. A bateria a qual
alimentará o circuito possui 9V. Logo, a tensão de referência deve estar no meio dessa
tensão (4,5 V). O esquemático original utilizou um diodo zener de 5,1V. Isso foi alterado
para um divisor de tensão com R1 e R2 iguais dividindo a tensão pela metade. O capacitor
C2 foi usado para filtrar oscilações da bateria.
O buffer do AMPOP fará de tudo para segurar essa tensão e “jogá-la” para o restante do
circuito. Na saída do Buffer temos um trimpot (Rtrimmer) que servirá para regular a tensão
+Vbias que estará no gate dos JFET’S, buscando maior efeito. Isso será melhor visto
adiante.
O R3 possui valor de resistência elevado para passar apenas tensão aos JFET’S. O
capacitor C2 serve para filtrar oscilações entre Vref e Vbias.

Figura 5: Bloco de alimentação


6- OSCILADOR DE BAIXA FREQUÊNCIA

O oscilador de baixa frequência (LFO) produz uma forma de onda triangular de


sub-áudio, sendo essa forma de onda crucial para comandar a operação de
mudança de fase. O sinal comandará a operação de mudança de fase alterando o
VG (tensão de gate) dos transistores FET e, portanto, a resistência fonte-dreno.

O design do LFO é fundamentado em uma topologia modificada Schmitt


Trigger-Integrator. O capacitor C7 é responsável por aumentar e diminuir a uma taxa
controlada pelo potenciômetro R_pot1, dependendo da corrente que entra e sai
dele.

A saída do amplificador operacional resulta em uma forma de onda quadrada,


enquanto o sinal LFO triangular está presente no ponto +Vbias. Essa configuração
permite ajustar o sinal de décimos de Hertz a alguns Hertz, proporcionando
flexibilidade na modulação.

Figura 6: Bloco do oscilador

Quanto à polarização do LFO na Fase 90, o resistor variável Rtrimmer desempenha


um papel crucial. Ele ajuda a ajustar a saída do LFO para um conjunto específico de
JFETs, garantindo um intervalo máximo de desempenho. É essencial manter a
tensão de polarização em um ponto equilibrado; se estiver muito alta, os JFETs
podem permanecer quase desligados (resistência muito alta ➡ Circuito aberto),
enquanto uma tensão muito baixa pode mantê-los quase sempre ligados
(resistência muito baixa ➡ Circuito fechado).
A tensão de oscilação de saída do LFO deve ser mantida entre 5,1 V e 3,8 V/1,6 V,
dependendo da tensão de corte do lote FET. O sinal ajustado de saída do LFO
geralmente é uma forma de onda triangular centrada em 4V. com uma amplitude de
alguns volts para cima e para baixo, assegurando um desempenho adequado do
FET. Nesse projeto, foi configurado o Vbias para ~4.2V. Esta precisão na
configuração é crucial para garantir a estabilidade e eficácia do efeito Phaser, pois
conforme é regulado o Rtrimmer, é notório a ampliação ou a diminuição do efeito
nos JFET’s.

7- ENTRADA DO PEDAL

A Etapa do Buffer de Entrada consiste em um amplificador operacional de buffer


com ganho unitário, projetado para manter uma alta impedância de entrada e evitar
perda de sinal. Além disso, essa etapa filtra os harmônicos de ruído na entrada por
meio de uma rede RC.

Figura 7: Bloco de entrada

O capacitor C5 de 0.01uF desempenha um papel fundamental bloqueando corrente


contínua (DC) e proporcionando uma filtragem simples de passa-alta. Valores
maiores para esse capacitor permitem a passagem de mais graves no circuito.
Frequências de zumbido abaixo de 33Hz são atenuadas, sendo que a frequência de
corte pode ser calculada pela fórmula:
1 1
𝑓𝑐 = 2π . 𝐶5 . (𝑅10//𝑍𝑖𝑛−𝐴𝑀𝑃𝑂𝑃)
= 2π . 0.01𝑢𝐹 . 470𝑘
= 33 𝐻𝑧.

Sendo o 𝑍
𝑖𝑛−𝐴𝑀𝑃𝑂𝑃
, a impedância de entrada do AMPOP. Como ela possui valor
muito maior que a impedância de R10, seu paralelo dá aproximadamente R10.

O resistor R10 de 470K realiza a polarização da entrada para o terra virtual (+Vref =
4,5V). Essa configuração não apenas estabelece a referência adequada, mas
também contribui para manter a estabilidade e o desempenho eficaz do circuito. A
escolha desses componentes e a consideração da frequência de corte são cruciais
para otimizar a resposta do buffer de entrada, garantindo a fidelidade do sinal e
minimizando interferências indesejadas.

8- ESTÁGIO DE MUDANÇA DE FASE

O componente crucial do circuito é o estágio de deslocamento de fase,


representando o cerne da operação. Esse estágio é construído com base na
replicação da Unidade de Deslocamento Elementar de Sinal, sendo que cada uma
dessas unidades é responsável por alterar a fase do sinal original em até 90°.

Figura 8: As quatro Unidades de Deslocamento Elementar de sinal


8.1 - The Elementary Shifting Unit.

Trata-se de uma configuração RC, onde o sinal V1 é aplicado à entrada do


capacitor, enquanto o sinal V2 (V1 invertido ou V2 deslocado 180°) é alimentado à
entrada do resistor ou o inverso.

Figura 9: Configuração RC

Essa estrutura pode ser analisada como um filtro, podendo operar tanto como um
passa-alta quanto como um passa-baixa. A fase no diagrama de bode para essa
configuração fica:

Figura 10: Comportamento do filtro (R = 24kΩ, C = 47nF e fc = 141Hz)


A linha azul na resposta total permanece constante (etapa 3), indicando ausência de
atenuação no sinal. A linha em vermelho, na frequência de corte, é estabelecido no
ponto em que a reatância capacitiva e a resistência são equivalentes (R = XC),
resultando em um deslocamento de fase de 90° de acordo com a fórmula:

ϕ
ϕ −1 𝑡𝑎𝑛( 2 )
2
= 𝑡𝑎𝑛 (2π . 𝑓. 𝑅𝐶) ⇔ 𝑓 = 2π .𝑅𝐶

Nota: A fase no fcut-off não é de 45°, como em um filtro RC passivo padrão, mas é
dobrada para 90°.

Ao conectar duas dessas redes RC em série, a fase em fphaser é deslocada até 90°
+ 90° = 180°. Se o sinal processado (com deslocamento de fase de 180°) for
somado ao original, o resultado será um sinal com cancelamento de amplitude
apenas em fphaser, criando um “notch” nessa frequência.

Figura 11: Diagrama de blocos do comportamento da fase

Portanto, ao adicionar pares em série de unidades de deslocamento de fase, mais


“notches” serão criados: 2 estágios = 1 “notch”, 4 estágios = 2 “notches”, e assim
por diante. O efeito é aprimorado quando esses cancelamentos se movem ao longo
da frequência.
8.2 MXR Phase 90 Shifting Unit.
Usando o conceito de Unidade de Deslocamento Elementar, o Phase 90 utiliza um
amplificador operacional inversor com o deslocador RC na entrada (+). Na figura
abaixo, o circuito é detalhado com os sinais nos pontos cruciais. O deslocamento de
fase de 90° ocorre no fphaser = fcut-off da rede RC.

Figura 12: Gráfico Vin, Vx e Vout

A forma de onda Vin em azul representa o sinal de entrada, sendo utilizado, por
exemplo, um sinal unitário (módulo 1, fase 0°). A forma de onda Vx em verde
corresponde ao sinal nas entradas do amplificador operacional (-) ou (+). A tensão é
a mesma nos dois terminais devido a presença de uma realimentação negativa no
AMPOP.

Ao considerar o RC como um filtro passa-alta convencional, uma vez que +Vref atua
como um aterramento virtual e pode ser tratado como um ponto de referência GND,
1
o fcut-off é igual a 2π .𝑅𝐶
com uma fase de 45°, e a amplitude é Vin = -3dB, ou
1
seja, (o que explica por que a forma de onda verde é menor que as formas de
2
onda azul e vermelha).

A forma de onda Vout em vermelho representa o sinal de saída, com módulo 1 e


fase +90°. Os cálculos matemáticos por trás dessas formas de onda podem ser
realizados usando números complexos; em uma topologia de amplificador
operacional inversor, a voltagem de saída pode ser calculada como:
8.2.1 Como mover os “NOTCHES”?

A obtenção do efeito de Phasing na guitarra ocorre quando os cancelamentos são


automaticamente deslocados para cima e para baixo na faixa de áudio. Essa
variação é realizada ao modificar o valor de R no ponto de entrada (+), sendo
possível adotar diversas abordagens para essa modificação:

O Magnatone Vibrato consistia no uso de varistores, o qual variava com a tensão


aplicada. Já no EHX Small Stone, utiliza-se os Amplificadores de Transcondutância
Operacional (OTA), sendo seu uso uma abordagem mais complexa. O MXR
Phase-100 tem como ferramenta o LDR (Light Dependent Resistor), o qual varia sua
resistência através da incidência de luz que é aplicado sobre ele.

Neste caso, o MXR Phase90 emprega um FET como resistor variável, colocado em
paralelo a R. O valor do resistor variável está diretamente relacionado à tensão LFO
na porta FET.

Figura 13: Estágio Elementar

8.3 Usando um JFET (2N5952) como resistor variável

O gráfico característico V x I abaixo, mostra que na região linear, a resistência


dreno-fonte é controlada apenas pela tensão gate:
Figura 14: Gráfico V x I do JFET

● Se 𝑉𝐺𝑆=0: 𝑟𝐷𝑆 é mínimo (𝑟𝐷𝑆=𝑉𝐷𝑆/𝐼𝐷𝑆) e vai para a região de saturação;


● Se o 𝑉𝐺𝑆 for aumentado (negativamente para canal n): aumento do valor 𝑟𝐷𝑆;
● Se 𝑉𝐺𝑆 = 𝑉𝐺𝑆(𝐶𝑈𝑇−𝑂𝐹𝐹) ou pinçamento de 𝑉𝐺𝑆 : 𝑟𝐷𝑆 é máximo. Isso leva para a
região do canal fora.

Contudo, há um problema. As tensões de corte 𝑉𝐺𝑆 diferem de um JFET para outro


do mesmo fabricante. O pinçamento ocorre em uma polarização reversa específica
(𝑉𝐺𝑆) da junção porta-fonte. Devido às limitações da fundição, ou seja, devido a sua
natureza intrínseca e fabricação, é muito mais difícil fabricar JFETs consistentes do
que dispositivos bipolares consistentes. O 2N5952 tem garantia de corte completo
entre -1,3V e -3,5V, é uma grande margem, fazendo com que a faixa de tensão para
controlar o FET seja diferente entre os transistores do mesmo circuito.
O melhor desempenho na Fase 90 é quando Todos os JFETs se movem juntos: Eles
devem ter tensão de corte semelhante, com curva e 𝑟𝐷𝑆 semelhantes a um
determinado 𝑉𝐺𝑆 . A melhor maneira de conseguir isso é combinar os JFETs,
comumente chamado de casamento de JFET’s.

O 𝑟𝐷𝑆 varre uma ampla faixa de valores de resistência, de modo que os “notches”
podem ser alterados de maneira justa. O corte VGS deve ser o maior possível,
proporcionando uma amplitude de varredura LFO mais ampla.
Com essas premissas e assumindo que o divisor de tensão de 4,5V está sendo
utilizado (𝑉𝐺=4,5V), a polarização correta do FET deve fazer com que o 𝑉𝐺𝑆 varie de
0 até o corte do 𝑉𝐺𝑆.

● Para fazer 𝑉𝐺𝑆 = 0, 𝑉𝑆 = Vdivisor = 4,5V e 𝑉𝐺 = 4,5V.


● Para fazer corte 𝑉𝐺𝑆 = 𝑉𝐺𝑆, 𝑉𝑆 = Vdivisor = 4,5V e 𝑉𝐺= 4,5V + Vcut-off,
dependendo do FET Vcut-off é de -1,3V a -3,5V, então 𝑉𝐺 = 3,8V a 1,6V. A
maneira mais segura é ajustá-lo para perto de 3,8 Volts, e o transistor irá para
a região do canal desligado com certeza.

A onda triangular gerada pelo LFO é aplicada ao 𝑉𝐺 e deve ser alinhada com este
ponto de polarização utilizando o Rtrimmer de 250K.

Os valores 𝑟𝐷𝑆 estão normalmente entre algumas centenas de ohms e alguns


megaohms. O resistor de 22K paralelo ao FET resultará em uma resistência
combinada menor que 22K, ou seja: (22KΩ // 100Ω)=100Ω e (22KΩ // 2MΩ)= 22KΩ

8.4 Frequência de “notches” do MXR Fase 90.

O Phase 90 opera com base em quatro unidades de deslocamento de fase,


resultando em dois cancelamentos nas frequências fphaser1 e fphaser2. Para gerar
uma saída com deslocamento de 180°, o deslocamento de fase é distribuído da
seguinte forma:

Figura 15: Diagrama de blocos da defasagem do sinal


Observação: Existem duas abordagens possíveis para alcançar a saída desejada de
180° com incrementos de 1/4 (razão pela qual há dois cancelamentos):

1. Fazendo incrementos de 180°/4=45°: 45° - 90° - 135° - 180°;


2. Adicionando 360° e realizando a mesma operação (180°+360°)/4=135° de
incrementos: 135° - 270° - 405° - 540° (540° e 180° apresentam
características de fase idênticas).

A frequência na qual essas atenuações/cancelamentos são posicionados é


calculada usando a fórmula principal, já mostrada anteriormente:

ϕ
𝑡𝑎𝑛( 2 )
𝑓 = 2π .𝑅𝐶

Onde Φ é a fase desejada em cada incremento (45° ou 135°), R =24kΩ e C = 47nF.

A resposta de frequência do MXR Phase-90 apresenta “”notches” em 58 Hz e 340


Hz. Esses cancelamentos contribuem significativamente para a característica
sonora distintiva do pedal, proporcionando uma modulação tonal única na faixa de
frequência especificada.

Figura 16: diagrama de bode das frequências onde há o cancelamento de sinal


9- SAÍDA DO PEDAL

O estágio do Mixer de Saída combina os sinais “limpos”, os quais vêm do buffer de


entrada (Va) com os sinais “sujos”, ou seja, os que sofreram efeito do deslocamento
de fase (Vb) para criar a saída do sinal com as frequências que foram atenuadas
junto com o deslocamento pela banda de frequência para criar um efeito dinâmico.

Figura 17: Módulo de saída

Ademais, foi adicionado ao projeto original do MXR dois potenciômetros. O primeiro,


R_pot2 de 50kΩ, serve para regular o sinal que chegará na entrada inversora do
AMPOP_04 somador inversor. Isso se deu através de uma ligação delta-estrela
(Δ-Y) entres os terminais do resistor R23 com R25. Conforme é variada a
resistência pelo potenciômetro, é possível ter um sinal totalmente limpo, um sinal
totalmente sujo ou a junção dos dois. Para esse último efeito, regula-se de forma
que a resistência fique na metade para ambos os lados.

Observação: O potenciômetro deve ter seu conector central em +Vref e não no GND
(groud), pois +Vref é a tensão de referência do circuito, devido a fonte de
alimentação ser assimétrica (0~9V). Assim, todo o sinal tem +Vref como referência.
Substituir por GND fará que todo o sinal seja drenado pela bateria e não haverá
sinal de saída.

9.1 - DETERMINANDO R27

O cálculo para determinar o valor de R27 foi considerando exatamente a soma por
igual de ambos os sinais vindos de Va e Vb. Portanto:
Figura 18: Esquemático para determinar R27

Figura 19:Resistência equivalente vista pela entrada inversora do AMPOP

𝑅𝐴 .𝑅𝐵 + 𝑅𝐴 . 𝑅𝐶 + 𝑅𝐵 . 𝑅𝐶
𝑅𝑒𝑞𝑢𝑖 = 𝑅𝐶

Sendo Ra = 150kΩ , Rb = 10kΩ e Rc = (Rpot)/2 kΩ

Portanto:

𝑅𝑒𝑞𝑢𝑖 = 220kΩ
Agora, temos o seguinte circuito:

Figura 20: Impedância vista pelo Ampop

𝑉 𝑉𝐵
⎡ 𝐴 ⎤ 2.𝑉
𝑉𝑜 = − 𝑅27 ⎢ 𝑅𝑒𝑞 + ⎥ ⇒ 𝑉𝑜 = − 𝑅27 ⎡ ⎤; 𝑉𝐴 = 𝑉𝐵 = 𝑉
⎢ 𝑅𝑒𝑞 ⎥ ⎣ 𝑅𝑒𝑞 ⎦
⎣ ⎦

Como se quer um ganho 1 do sinal na saída, precisa-se que:

𝑉𝑂
𝑅𝑒𝑞
𝑉𝑖
= 1 ⇔ 𝑅27 = − 2
= 110𝑘Ω

R27 = Rcomercial ~ 120kΩ.

9.2 - DETERMINANDO R_POT3

Não deve existir componente DC na saída do Pedal, portanto foi colocado um capacitor em
série entre a saída do AMPOP com a saída do conector de guitarra. O capacitor escolhido
foi de 47nF. Agora, é necessário projetar um passa-altas para atenuar frequências que não
serão ouvidas. Considerando uma frequência de corte (-3dB no diagrama de bode) em
80Hz, precisamos de um potenciômetro de:

1
𝑓 = 2π .𝑅𝐶
1 1
𝑅 = 2π .𝑓.𝐶
⇒ 2π .(80) . (47𝑛)

R = 10,686 kΩ ⇒ Rpot_3 ~ 10kΩ.

Assim, quando o cursor central do volume estiver na posição A, o sinal será drenado
para o ground. Logo, não há volume. Caso contrário, quando estiver na posição B,
todo sinal irá para a saída. Dessa forma, é possível regular o volume do Pedal.

Figura 21: Configuração do Volume

10- PROJETO DA PLACA DE CIRCUITO IMPRESSO

Foi utilizado o software EasyEDA para modelar e projetar a placa. A placa possui
duas camadas de trilha de cobre, cuja dimensão é 7cm x 9cm. A placa foi projetada
de modo que ficasse evidente os módulos principais do circuito e uma melhor
identificação de cada componente.
Figura 22: Projeto da PCB

Figura 23: Vista superior (TOPPER LAYER)


Figura 24: Vista inferior (BOTTOM LAYER)

11- MONTAGEM E FINALIZAÇÃO

Figura 25: Vista superior (TOPPER LAYER)


Figura 26: Vista inferior (BOTTOM LAYER)

Figura 27: Início da montagem e solda


Figura 28: Finalização da soldagem

Figura 29: Vista superior da case onde ficará o circuito


Figura 30: Vista superior-frontal da case onde ficará o circuito

Figura 31: Vista superior-traseira da case onde ficará o circuito


Figura 32: Finalização da montagem
Figura 33: Vista superior-frontal do Pedal com chave liga/desliga

Figura 34: Vista superior do Pedal com chave liga/desliga


12- ESQUEMÁTICO AMPLIADO

Figura 35: Esquemático Original


Figura 36: Esquemático adaptado
13- CONCLUSÃO

Na conclusão desta análise aprofundada sobre o pedal MXR Phase 90, é possível

destacar a importância técnica que permeia sua estrutura e funcionamento. O

distintivo deslocamento de fase, aliado aos entalhes de frequência variáveis,

ressoam como resultados diretos da engenharia refinada embutida neste

dispositivo, consolidando-o como um paradigma na síntese de efeitos sonoros.

A arquitetura interna do MXR Phase 90 revela uma orquestração técnica meticulosa.

A inclusão de varistores, amplificadores operacionais e resistores variáveis reflete

uma abordagem meticulosa à modulação tonal. A notável resiliência deste pedal ao

longo do tempo é uma prova tangível da maestria técnica empregada em seu

desenvolvimento.

A implementação de componentes como transistores FET e ressonadores LDR

destaca não apenas a adaptação contínua do MXR Phase 90 às demandas

artísticas, mas também sua presença persistente na vanguarda das capacidades

técnicas na engenharia de áudio. Este dispositivo não apenas responde às

necessidades dos músicos, mas molda ativamente a paisagem sonora

contemporânea.

Em última análise, ao avaliarmos a influência técnica do MXR Phase 90, não

estamos apenas examinando um pedal de efeito; estamos reconhecendo um marco

na engenharia de áudio, cujas nuances técnicas continuam a desafiar e inspirar os

profissionais mais exigentes no campo da produção musical e design de som.

Você também pode gostar