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Capelão Vampeta era a única parte que nos agradava daquele ambiente. Ali fomos
éramos nominados por nossos números de quarto: eu era o 67. A comida era escassa e
pouca água potável também nos era oferecida. Não sabia como conseguíam criar
crianças em condições tão cruéis e desumanas. Nem mesmo escravos sofriam tanto...
ao menos eu pensava à época.
Eu e ** continuávamos amigos. Ele era um pouco mais velho que eu, e eu tinha
certeza de que o devia minha vida. Éramos irmão, não de sangue, mas de luta. Nossa
comidas eram compartilhadas. Nossas fronhas eram compartilhadas. Nossos problemas
eram compartilhados... mais do que deveriam. Em determinado momento da nossa vida
supomos nossas idades - eu 7 e ele 10. Ali, depois de sofrermos tanto nas mãos dos
diretores, professores e inspetores, logo chagamos à conclusão: teríamos de fugir.
O regime dracônico imposto pela gerêmncia local assolava qualquer alma que
confabulasse sobre qualquer tipo de escape. O território mais parecia uma prisão do
que um orfanato. Anos depois soube fato alegre - que o prefeito de Logue Town
resolvera descontinuar a prestação de serviço do estabelecimento. Sensato, eu
diria.
Num dia chuvoso, quando os guardas cuidavam de uma infiltração séria na parte
interna das dependências, finalmente conseguimos - a vitória era nossa - fugimos
como dois coelhos saindo da cartola de um mágico. Lembro que corremos como nunca
havíamos corrido. Eu levava meus cadernos - a única coisa que me alegrava, ou ao
menos me fazia menos triste - e ** levava (algum pertence).
Já que docas eram nosso ponto forte, não poderíamos nos furtar de ir novamente para
uma. Dessa vez, ninguém nos salvou. Simplesmente entramos num navio que vimos
atracar secretamente na costa pela madrugada. Mal sabíamos que Logue Town seria
alvo de saqueadores marítimos naquele mesmo dia... e os piratas que a saqueavam
eram os donos do barco em que nos escondemos, não por menos. A vida é incrível!
Entramos no barco inicialmente em busca por comida. A tripulação já não mais se via
à bordo, mas ousamos adentrar as dependências do navio no interesse de encontrar ao
menos o que beliscar. Encontramos, mas não era o que procurávamos. As únicas
refeições ali dispostas se deleitavam dentro de um baú velho. Sua abertura rangia
tanto que, em meio ao ato eu sentia uma calafrio de fato causado pelo ruído. Duas
frutas estavam no fundo desse baú. Uma amarela, em forma de gato, e uma cinza, em
uma tonalidade metálica. Ali foi onde tudo começou.