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Não me lembro nem do nome daquela ilha, apenas me lembro dos tiros, do som das

espadas se embatendo, das chamas queimando e dos choros desesperados. Eu nem sabia
quem era aquela outra criança que eu carregava no colo em direção à costa, longe
das labaredas infernais, longe dos gritos de terror e dor, longe daquele ambiente
ruim. Alguma coisa em mim gritava para salvar aquela criança… Talvez compaixão,
talvez coragem, talvez burrice.

Após algumas horas, quando as chamas começaram a acalmar, quando as espadas já não
cantavam duetos de ódio, quando finalmente parecia que já não havia guerra, um
navio da marinha apareceu para nos “salvar” daquele inferno começado por eles.
Deram para a gente comida e bebida, mas assim que a gente acordou estávamos num
orfanato lixoso em LogueTown.

A sobrevivência naquele orfanato era quase que idêntica à selva. O garoto que eu
havia ajudado a salvar tinha sido colocado no quarto 67 enquanto eu ocupava o
quarto 6. As crianças “problemáticas” ficavam nos números mais baixos para ficarem
mais perto das “salas de correção”.

Eu e Gaiden mantivemos contato todos os dias desde a nossa chegada ao orfanato, por
algum motivo gostava daquele garoto franzino e me preocupava com ele. A gente
bolava alguns planos para “adquirir” mais comida e brinquedos, mas a grande maioria
dos nossos planos falhava e a gente acabava por ser castigado, claro que eu tomava
a iniciativa e limpava a ficha de Gaiden, não importava a idade para as punições no
orfanato: se você tivesse 7 anos, seria punido da mesma forma que um garoto de 14
anos.

Felizmente o nosso plano de fugir deu certo. Quem diria que um martelo e um ferro
poderiam causar tantos estragos na canalização de um orfanato? A gente correu para
longe daquele lugar, a única coisa que a gente carregava era as nossas roupas,
Gaiden os seus cadernos e eu uma máscara de osso que havia roubado do escritório do
Capelão Vampeta, ou parte dela. Não me perguntem o motivo de ter roubado ela,
apenas achei ela bonita e queria ela para mim.

A gente correu até às docas e entrou no primeiro navio que estivesse moscando.
Parecia que os problemas nos seguiam, ou melhor dizendo, andava de mãos dadas com a
gente. Como a nossa fuga havia sido planejada desde cedo, não houve tempo de comer
nem trazer comida para o navio, então a gente decidiu comer a primeira coisa que
aparecesse à frente. Infelizmente parecia que a alimentação daquele navio era
baseada em rum, a única coisa que a gente achou para comer eram duas frutas de
forma estranha. Não sendo a hora de ser estranho, a gente comeu as frutas para
acalmar o estômago e conseguir pensar que desculpa daremos para os donos do navio
para justificar a nossa presença ali.

O navio alvo era nada mais nada menos que a de um bando pirata que decidiu causar o
caos em LogueTown. Todavia, quando a gente percebeu isso já era tarde demais, o
navio já estava se movendo em alta velocidade e aquela fruta estava mexendo com a
minha barriga.

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