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ISSN: 1677-6976 Vol. 3, N° 2 (2003)
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Book Review:” Ecos do Turismo: o turismo ecológico em áreas protegidas” de Giovanni de Farias Seabra
evadir-se do cotidiano capítulos, o livro se inicia de uma
geralmente estressante, violento, maneira agradavelmente
neurastênico com o qual ele didática, apresentando um
convive nos centros urbanos. A panorama histórico que nos
paz, a harmonia e a tranqüilidade que as informa sobre os primórdios do turismo no
paisagens naturais oferecem são atrativos Ocidente, desde a Antigüidade greco-latina
irresistíveis para os habitantes de um país até os dias atuais, com ênfase na história do
com dimensões continentais como o nosso, turismo no Brasil. Essa "viagem" se torna
que apresenta dunas, praias desertas, interessante na medida que o autor não
cachoeiras de águas cristalinas, flora e fauna apenas descreve fatos importantes para o
exuberantes. Entretanto, a procura desenvolvimento da atividade turística no
desenfreada por esses "paraísos tropicais", mundo, como a Revolução Industrial e o
incentivada pela mídia, provoca sérios avanço tecnológico, que permitiram a
impactos sócio-ambientais e culturais, o que democratização do turismo, tornando-o um
www.ivt -rj.net exige reflexões sobre a atividade turística fenômeno mundial de massas, ou ainda, a
nessas áreas, a fim de preservar esse criação do Passaporte Brasil em 1986, que
LTDS patrimônio para as gerações atuais e futuras. possibilitou a construção dos "albergues da
Uma leitura indispensável sobre esse assunto juventude", mas através de sua análise,
Laboratório de Tecnologia e é a do livro Ecos do Turismo: o turismo ajuda-nos a compreender melhor como
Desenvolvimento Social
ecológico em áreas protegidas, editado funcionam as políticas e os órgãos públicos
pela Papirus, em que o professor Giovanni que regulam o turismo, e mais
de Farias Seabra, doutor em Geografia Física especificamente, a prática do turismo
pela Universidade de São Paulo e integrante ecológico em nosso país.
do Departamento de Geociências da
A discussão sobre o que se diz e o que
Universidade Federal da Paraíba, faz um
Regina Baracuhy
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sustentável, turismo ecológico, dentre outros, observações, Seabra se detém no
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as conseqüências que tudo isso acarreta são Considerando que a "turistificação" dos
pontos de reflexão para o leitor que, espaços protegidos traz conseqüências
cúmplice do autor, entende que o turismo danosas e irreversíveis ao nosso patrimônio
ecológico não se limita a uma viagem para ecológico, o último capítulo do livro apresenta
contemplação da natureza, mas que é minuciosamente uma proposta de gestão e
fundamental, nessa forma de lazer, o respeito planejamento ambiental desses espaços
ao meio ambiente e à paisagem humana como uma das soluções viáveis para a
que integram as últimas fronteiras a serem prática saudável do ecoturismo. Saliente-se
preservadas. Seabra também alerta para a abordagem didática e esclarecedora que
a rapidez com que projetos ecoturísticos o autor utiliza para tratar da legislação
Book Review:” Ecos do Turismo: o turismo ecológico em áreas protegidas” de Giovanni de Farias Seabra
estão sendo implantados no país e critica a ambiental no Brasil, revelando que, embora
falta de planejamento da atividade turística haja leis para controle e preservação dos
nas áreas protegidas, que gera a recursos naturais, não há mecanismos
devastação das culturas locais, a eficientes que garantam o cumprimento
massificação do turismo ecológico, além do delas nas áreas protegidas.
forte impacto ambiental. No sentido inverso ao da preservação
No capítulo três, a análise se direciona ambiental, o apelo turístico-publicitário para
para o uso e a ocupação das unidades de o uso das áreas preservadas tem promovido
conservação no Brasil.Segundo o autor, a invasão desordenada de turistas com o
temos quarenta e três parques nacionais afã de desbravar essas "paisagens exóticas"
criados "com o objetivo de preservação da e praticar esportes radicais, como o
vida silvestre, dos monumentos naturais e montanhismo, a canoagem, sem que haja,
dos mananciais hídricos necessários à muitas vezes, a preocupação e o respeito
sobrevivência das espécies vegetais, ao meio ambiente.
animais e do próprio homem", mas a prática Diante dessas considerações, resta-nos
desordenada do turismo nesses santuários o desejo de que o turismo, dito "ecológico",
ecológicos, com o aval dos órgãos públicos que se pratica nos espaços protegidos torne-
e estimulada pela mídia, resulta na se, de fato, uma atividade de base social e
devastação expressiva das riquezas holística ou as gerações futuras terão que se
naturais e põe em risco, até mesmo, a vida contentar apenas com os ECOS DO
dos visitantes. Para exemplificar essas TURISMO.
Regina Baracuhy